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Avaliação Psicológica de
Crianças com Dificuldades de Aprendizagem MÓDULO I
Conceito de DAE / Perturbações da Aprendizagem Específica
A 5ª versão do Manual de Diagnóstico Estatístico das Doenças Mentais, propôs a organização dos
problemas de aprendizagem numa única categoria, as Perturbações da Aprendizagem Específica. Assim:
Facilitará a comunicação entre a saúde e educação, pois os especialistas deverão ser cuidadosos em listar
os domínios académicos prejudicados e fornecerão informações mais úteis aos educadores que irão
trabalhar os aspectos de intervenção;
Outra crítica que era feita ao DSM IV TR, tinha a ver com o critério de diferença substancial de 2 desvios
padrão entre as medidas de testes de desempenho (leitura, escrita e matemática) e de testes de
Inteligência (QI). Este critério era adotado para distinguir as dificuldades de leitura causadas por défice
cognitivo, das dificuldades que são de fato decorrentes de uma Perturbação da Aprendizagem Específica.
Dificuldades em aprender e usar as capacidades académicas, como indicado pela presença de pelo menos
1 dos sintomas seguintes, que persistiram pelo menos 6 meses, apesar do fornecimento de intervenções
direcionadas para essas dificuldades:
As capacidades académicas afectadas são substanciais e abaixo das esperadas para a idade cronológica do
individuo e causam interferência significativa no desempenho académico ou ocupacional ou com
actividades da vida diária, como confirmado pela aplicação individual de escalas estandardizadas de
realizações e avaliação clínica completa. Para indivíduos de 17 anos ou mais velhos, uma história
documentada de dificuldades de aprendizagem pode ser substituída pela avaliação estandardizada.
As dificuldades de aprendizagem começam durante os anos escolares, mas podem não se manifestar
completamente até que as exigências para essas capacidades académicas excedam as capacidades
limitadas do individuo.
As dificuldades de aprendizagem não são mais bem explicadas por incapacidade intelectual, acuidade
visual ou auditiva não corrigida, outras perturbações mentais ou neurológicas, adversidade psicossocial,
falta de proficiência na língua da instrução académica ou instrução educacional inadequada.
Características-chave das Perturbações de Aprendizagem Específicas (segundo o DSM-V)
Outra alteração do DSM-V foi a inclusão de uma classificação qualitativa dos níveis de severidade das
Perturbações da Aprendizagem Específica. Esta proposta é interessante e orientadora para o prognóstico e
o trabalho educacional posterior ao diagnóstico.
Não se pode fazer um diagnostico definitivo antes dos 7 anos ou de pelo menos com 1 ano de
escolaridade.
Quando a uma perturbação de leitura está associada a um QI elevado, a criança pode estar no nível dos
seus companheiros durante os primeiros anos escolares (dado ter “reservas”) e esta não se manifestar
completamente antes do 4º ano de escolaridade e por vezes posteriormente.
Graus de Dislexia
A Perturbação de Aprendizagem específica tipicamente persiste na vida adulta. Assim, segundo o DSM-5
são desnecessárias as reavaliações, a menos que sejam requisitadas para propósitos específicos (Ex: avaliar
a evolução – melhoria ou agravamento)
Exemplo: Perturbação da aprendizagem específica, com défice grave na leitura, défice grave no ritmo ou
fluência da leitura e défice grave na compreensão da leitura.
Não existe uma etiologia concreta que justifique a maioria das DA pois são muito heterogéneas, quer na
sua apresentação clínica, quer no seu desenvolvimento. A etiologia é multifactorial.
Existem vários autores que concordam com a existência de factores extrínsecos (ligados ao meio) e
factores intrínsecos (pessoais) que influenciam o baixo rendimento académico.
Factores extrínsecos:
Factores intrínsecos:
“Testes e avaliação psicológica não são sinónimos. Testes são ferramentas usadas no processo de
avaliação. Avaliar é muito mais do que aplicar testes. Avaliar é um processo dinâmico.”
Machado & Morona (2008)
Construção da Anamnese
Dados de identificação:
Nome
Idade
Data de nascimento Ano escolar
Local onde estuda
Família
Irmãos
Pais: idade, habilitações académicas, profissão
Dados clínicos
Gravidez (intercorrências) Tempo / semanas
Tipo de parto: eutócico, fórceps, cesariana Peso ao nascer / Comprimento
Índice de Apgar
Saúde
Vê bem?
Ouve bem?
Já fez rastreio?
Cirurgias / hospitalizações/doenças/acidentes
Antecedentes familiares
Doença mental/física/suicídios Dificuldades de aprendizagem Pais consanguíneos
Desenvolvimento:
Marcha autónoma (média = 12-13 meses) Linguagem
Controle dos esfíncteres (entre os 2 e os 4 anos – controlo das fezes anterior ao da urina). Ter também em
atenção as regressões
Sono
Dorme sozinho/acompanhado/desde que idade/regressão? Pesadelos / terrores nocturnos /
bruxismo / altura de surgimento?
Socialização
Com adultos/com os pares Isolamento?
Percurso escolar:
Frequentou Jardim de Infância? (se não, com quem esteve …) Como foi a adaptação?
Idade de ingresso na escola Revelou dificuldades?
Recebeu/recebe apoio das equipas de ensino especial?
Informação dos professores? (pedir por escrito) Actividades extracurriculares/ Hábitos
Não! Os pais é que são demasiado exigentes! As notas são razoáveis, mas a exigência é tão grande que
aumenta a ansiedade da criança/jovem, conduzindo ao insucesso.
Estes factores podem conduzir a que haja dificuldades no relacionamento com os pares. Para além disso, a
criança/jovem está muitas vezes concentrada nos seus problemas e não nas tarefas escolares, o que pode
levar ao insucesso.
Inteligência
Permite obter:
QI Verbal
QI de Realização
QI de Escala Completa
Matrizes CPM - P
Autor – J. Raven, J.H. Court
Idade: 5-12 anos e adultos com baixa escolaridade (+ 65 anos) Objectivo: Medida da inteligência geral e do
factor g.
As CPM-P são constituídas por 36 itens, divididos em 3 séries de 12, identificadas como: A, AB e B.
Desenho da Figura Humana
Autor – Goodenough (quantitativa)
Objectivo:
Avaliação quantitativa
Visa avaliar o nível de maturidade mental da criança e detectar possíveis atrasos no seu desenvolvimento.
Existem tabelas que fazem a correspondência: idade cronológica – idade mental.
QI = (IM/IC) X 100
Avaliação qualitativa:
Ter em atenção cada um dos elementos do desenho: tamanho do desenho, a cor, a distribuição deste
espaço, o movimento. Para tudo existem referências teóricas a ter em conta.
Aptidões
Pré-Escolar – Provas de diagnóstico Pré-Escolar
Autor – Victoria de La Cruz
Idade: dos 5 aos 7 anos
Objectivo – Dá indicações ao psicólogo sobre a maturidade da criança para a aprendizagem da leitura,
escrita e cálculo. Avaliar as aptidões básicas envolvidas na aprendizagem escolar:
Verbal
Numérica Memória Percepção visual
Coordenação visuomotora
Teste Frostig
Autor – Frostig
Idade: embora esta prova se destine à avaliação de crianças entre os 4 e os 7 anos, poderá ser utilizada
com crianças mais velhas que evidenciem dificuldades ao nível da aprendizagem da leitura.
Objectivos: Esta prova é bastante útil na avaliação da maturidade perceptiva, em crianças com dificuldades
de aprendizagem, uma vez que está comprovado que os problemas ao nível da percepção visual se
reflectem em dificuldades na aprendizagem da leitura. Tem programa de intervenção.
Avalia as seguintes áreas: Coordenação Visuomotora Discriminação Figura-Fundo Constância da Forma
Posições no Espaço Relações Espaciais
Avaliação Emocional
A criança deve escolher 3 de entre 9 cartões para continuar a história (cartões de aflição, fantasia,
realidade). A situação é sempre resolvida com uma cena (cena 10) de modo a evitar que o conflito seja
transportado para a situação seguinte
Teste Bar-I-Lan
Autor – H. Strauss Prova semi-projectiva.
Idade: entre os 4 e os 16 anos
Objetivos: Permite despistar situações reais e significativas, geralmente encontradas no contexto
educacional da criança.
Avalia:
Comportamento interpessoal
Conflitos
Atitudes face aos outros significativos
Sentimentos de competência
Domínio de situações
Reacções emocionais
Motivação
Locus de controlo
Processos de pensamento
Actividade geral
Objetivos: Prova projectiva que se destina a explorar a dinâmica de personalidade da criança, incidindo
sobre os aspectos das primeiras etapas do desenvolvimento. Mecanismos de defesa do EU e as tendências
instintivas. São 19 lâminas com situações protagonizadas por uma família de porcos.
Problemáticas abordadas:
Oralidade
Agressividade /rivalidade Dependência /independência Culpabilidade
Avaliação do desenvolvimento
O examinador recolhe informações relacionadas com o tipo de comportamentos que a criança apresenta
em cada uma das áreas. A análise dos resultados é feita com base no total de itens que a criança executa.
Avaliação Neuropsicológica
Teste Guestáltico Visuomotor de Bender
Autor – L. Bender (estudado por H. Santucci)
Idades: dos 4 anos – 6 anos (baby Bender) A partir dos 6 anos (Bender)
Objetivos: Avalia o nível de maturação da função visuoperceptiva e visuomotora (e possíveis regressões).
Permite detectar alterações do desenvolvimento neurológico, problemas de ajustamento e triagem de
comprometimento orgânico-cerebral.
Objetivos: O TALC avalia as componentes de Compreensão e Expressão da Linguagem, nas seguintes áreas:
Semântica – vocabulário, relações semânticas e frases absurdas Morfossintaxe – frases complexas e
constituintes morfossintácticos) Pragmática – funções comunicativas
Permite identificar crianças que funcionam abaixo dos seus pares relativamente à linguagem, assim como
áreas específicas fortes e fracas. A sua utilização possibilita aos profissionais obter evidências do progresso
da criança em planos de intervenção
Relato de problemas e competências através da informação dos pais (ou substitutos) Descrições de
atividades e competências. Inclui:
Terá de ser autorizado pelo membro do Governo responsável pela área da educação; deve ser apresentado
no agrupamento de escolas ou escola não agrupada pretendido ou, se não for o caso, no estabelecimento
de educação e de ensino que pretende frequentar, até 15 de maio do ano escolar imediatamente anterior
ao pretendido
Tem de ser acompanhado de um parecer técnico fundamentado, o qual integra, obrigatoriamente, uma
avaliação psicopedagógica da criança
Avaliação Psicopedagógica
Equilíbrio emocional:
Entrevista semi-estruturada (pais) SDQ (Goodman) – (3-4 anos) – pais
SDQ (Goodman) – (3-4 anos) – professores Prova Projectiva “Era Uma Vez”
Testes de Desenhos (família e Figura Humana) Aptidões mentais
Provas de Diagnóstico Pré-Escolar ou Teste de Maturidade Escolar
A avaliação depende dos motivos que levaram a enquadrar a criança no regime de NEE de carácter
permanente. O objectivo é caracterizar a situação actual (ex: em termos de desenvolvimento cognitivo,
psicossocial, …) e dar um parecer se aquela criança está apta para enfrentar as exigências do início da
escolaridade.
Efectua-se a avaliação no início do 2º período e facultar os resultados à Educadora para que esta trabalhe
com as crianças as áreas mais fracas. Reavaliar no final do ano lectivo/início do ano lectivo seguinte
Podem-se aplicar as Provas de Diagnóstico Pré-escolar (> 5 anos) ou a Bateria de Aptidões para a
Aprendizagem Escolar (> 6 anos)
Incapacidade intelectual (Perturbação do desenvolvimento Intelectual)
Conceito
Ao avaliarmos a criança com suspeita de dificuldades de aprendizagem, é essencial efectuarmos uma
avaliação cognitiva, já que o insucesso, embora seja multideterminado, pode estar vinculado a dificuldades
na área cognitiva da criança.
Os níveis de gravidade são definidos com base no funcionamento adaptativo e não pelos valores do QI (o
nível adaptativo determina o tipo de suporte necessário).
Os indivíduos com incapacidade intelectual apresentam resultados cerca de 2 desvios- padrão abaixo da
média da população.
Uma pessoa com um QI acima dos 70 pode ter problemas de comportamento adaptativo de tal forma
graves, no discernimento das situações sociais e noutras áreas que o funcionamento cognitivo é
comparável a outro de QI mais baixo. Assim sendo, é sempre necessária uma avaliação e um juízo clínico.
A deficiência mental ligeira é equivalente à categoria pedagógica “educável”.
A deficiência mental moderada é aproximadamente equivalente à categoria pedagógica “treinável”.
A deficiência mental grave – as capacidades conceptuais são limitadas. O individuo tem pouca
compreensão da linguagem escrita ou de conceitos envolvendo números. A nível social, a linguagem é
usada para a comunicação social, e menos para as explicações. As relações com familiares e conhecidos
são uma fonte de prazer e de ajuda. O individuo requer suporte para as actividades da vida diária. Muitas
vezes vive em lares.
Escala de Comportamento Adaptativo (há uma versão Escolar e uma versão Residencial)
CBCL- Child Behavior Checklist - (Achenbach, 1991) Questionário de Comportamentos da Criança (Pais)
Idades: <9 ; >9 anos
Inclui 20 questões sobre a quantidade e qualidade do envolvimento do sujeito em várias actividades e
situações de interacção social
120 itens relativos a diversos problemas de comportamento e/ou perturbações emocionais
Subescalas:
Oposição / Imaturidade Agressividade Hiperactividade / Atenção Isolamento social Ansiedade
Depressão
Problemas sociais/impopular Obsessivo /esquizóide Queixas somáticas
Subescalas:
Oposição / Imaturidade Agressividade Hiperactividade / Atenção Isolamento social Ansiedade
Depressão
Problemas sociais/impopular Obsessivo /esquizóide
Questionários de Auto-avaliação
Provas verbais
Objectivos: é actualmente considerada a bateria mais completa para explicar o funcionamento intelectual.
Operacionalização de conceitos:
Idiota sábio (Idiot savant), mono-sábio (mono-savant) ou Síndrome do Sábio (Savant syndrome)
Exemplo paradigmático de que não é necessário um QI elevado para atingir um desempenho notável num
domínio específico.
Exibem aptidões extraordinárias num dos seguintes domínios: artes visuais (pintura realista), música
(piano), cálculo mental e “cálculo de calendários”. Paralelamente, manifestam um atraso pronunciado nas
outras áreas de desenvolvimento, nomeadamente na competência linguística.
O seu QI varia, habitualmente, entre 40 e 70. Cerca de 1/3 destas crianças são autistas e os restantes 2/3
são deficientes mentais. A sua incidência é seis vezes superior no sexo masculino.
Numa abordagem educativa, esta categoria é pouco relevante.
Criança prodígio
Realizam uma actividade fora do comum para a sua idade (desempenho adulto) sem que tenham tido um
treino intensivo nessas competências. Habitualmente são identificadas em idade pré-escolar e algumas
delas apresentam produtos verdadeiramente criativos antes dos 10 anos. Ex: Mozart e Rossini fizeram
composições musicais antes dessa idade;
É mais frequente no género masculino.
Uma criança prodígio nem sempre mantém a sua genialidade na idade adulta.
Génio
QI extraordinariamente elevado, habitualmente superior a 180.
Esta designação só é atribuída na idade adulta e a indivíduos que já deram um contributo original e de
grande valor a uma área específica, valorizada socialmente. A incidência estatística destes sujeitos é
extremamente reduzida.
Os estudos revelam que estes sujeitos apresentam vantagens do ponto de vista hereditário e ambiental,
elevada motivação intrínseca e autoconfiança. Exs: Voltaire, Freud, Einstein, Picasso, Stravinsky e Gandhi.
Precoce
Diz-se que uma criança é precoce quando antecipa determinados comportamentos, relativamente à idade
em que são esperados.
O comportamento precoce pode ser identificado como excepcional, mas apenas em virtude do seu timing.
Um grande número de crianças sobredotadas é precoce na aquisição de determinados comportamentos
(linguagem, por exemplo), mas muitas manifestarem precocidade sem nunca virem a dar provas de
sobredotação.
Sobredotação intelectual (ou crianças com QI elevado) Inteligência acima da média (de um modo geral
superior a 130).
Habitualmente, estas crianças resolvem os problemas de modo diferente e de diferentes maneiras,
demonstram:
Entusiasmo,
Persistência
Rapidez na aprendizagem;
Curiosidade;
Boa memória
Bom raciocínio lógico-abstracto;
Superioridade nas capacidades metacognitivas;
Interesses bem definidos e quase obsessivos;
Precocidade na aquisição de determinadas competências, nomeadamente no domínio linguístico;
Muitas vezes apresentam problemas no trabalho manuscrito e preferem o uso da máquina de escrever ou
do computador.
Talentoso
Aptidão e/ou desempenho acima da média numa área específica da conduta humana, reconhecida
socialmente: línguas, ciências sociais, ciências naturais, matemática, música, artes plásticas, etc.
O talento é o patamar que se segue à sobredotação, pois, para além da aptidão (potencial) exige a sua
expressão (capacidades manifestas).
Nem todos os sobredotados são necessariamente talentosos.
Há necessidade de uma série de catalisadores para transformarem o sobredotado em talentoso:
interesses, atitudes, auto-estima …
Os alunos sobredotados também podem ter necessidade de algumas adaptações (Educação Inclusiva) e de
uma atenção diferenciada por parte do sistema educativo.
A sobredotação não é um passaporte para o sucesso pelo menos para o sucesso escolar. Se a sobredotação
não for tida em consideração a criança pode enfrentar problemas de inadequação e inadaptação face ao
ensino uma vez que não sendo estimulada com actividades adequadas ao seu nível...
Tipos de sobredotação
Intelectual
Flexibilidade e fluência de pensamento
Capacidade de pensamento abstracto que permite fazer associações
Rapidez de pensamento
Compreensão e memória elevadas
Capacidade para resolver e lidar com problemas
Académico
Evidencia aptidões académicas especificas
Atenção, memória e concentração elevadas
Rapidez de aprendizagem
Gosto e motivação pelas suas áreas de interesse
Criativo
Originalidade
Imaginação
Capacidade para resolver problemas de forma inovadora
Sensibilidade para as questões ambientais
Facilidade em expressar-se
Social
Sensibilidade interpessoal
Atitude cooperativa
Sociabilidade expressiva
Facilidade em estabelecer relações interpessoais
Capacidade para resolver situações sociais complexas
Talento especial
Pode destacar-se em várias áreas (artes plásticas, musicais, dramáticas ou literárias)
Psicomotor
Habilidade e interesse pelas actividades motoras
Agilidade de movimentos
Resistência
Controlo e coordenação motora
Avaliação de Sobredotação Avaliação do sujeito
Cognitiva
WISC-III
Matrizes progressivas de Raven (CPM, SPM, ATM)
Criatividade
Uma medida mais completa para avaliação da criatividade pode ser obtida:
Auto-estima
Escala de Auto-estima de Susan Harter
A partir dos 9 anos (5º - 7º ano), existe adaptação portuguesa
36 itens
6 subescalas
competência escolar
aceitação social
competência atlética
aspecto físico
atitude comportamental
auto-estima global
Autoconceito
PHCHS – Escala de Autoconceito de Piers-Harris
A Escala Piers-Harris é destinada para aplicação a crianças e adolescentes entre o 2º e 12º anos de
escolaridade.
A administração só deve ocorrer no 2º ano se as crianças tiverem pelo menos 7 anos e revelem
competências de leitura.
Pode ser utilizada com adolescentes até aos 18 anos.
A escala deve ser aplicada individualmente ou a pequenos grupos. 60 itens e seis subescalas:
Aspeto comportamental
Estatuto intelectual e escolar
Aparência e atributos físicos
Ansiedade
Popularidade
Satisfação e felicidade
Aceleração escolar
Entrada antecipada no 1º ano do ensino básico
Salto nos anos de escolaridade (dentro do 1º ou 2º ciclos)
Enriquecimento do programa
Exemplos ...
Adaptação de conteúdos e de recursos Adaptação das metodologias Complementar com novos temas
Segregação / Escolas especiais
Constituição de turmas / escolas só para sobredotados
Conceito
A perturbação de Asperger passou a estar incluída nas Perturbações do Espectro do Autismo (DSM-5)
Défices na reciprocidade social-emocional, variando, por exemplo, de uma aproximação social anormal e
fracasso na conversação normal a uma partilha reduzida de interesses, emoções ou afeto a fracasso em
iniciar ou responder a interacções sociais
Défices nos comportamentos comunicativos não verbais usados para a interação social, variando, por
exemplo, de uma comunicação verbal e não verbal pobremente integrada a anomalias no contacto ocular
e linguagem corporal ou défices na compreensão e uso de gestos total falta de expressões faciais e
comunicação não verbal
A gravidade é baseada:
nos défices da comunicação social
nos padrões de comportamento
Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e actividades, manifestados por pelo menos
2 dos seguintes, atualmente ou no passado.
Os sintomas têm de estar presentes no início do período de desenvolvimento (mas podem não estar
completamente manifestas até as exigências sociais excederem as capacidades limitadas ou podem ser
mascaradas mais tarde, com estratégias aprendidas)
Estas perturbações não são mais bem explicadas pela incapacidade intelectual (perturbação do
desenvolvimento intelectual) ou atraso global do desenvolvimento. A Incapacidade intelectual e a
perturbação do espectro do autismo concorrem muitas vezes
Diagnóstico diferencial
Avaliação
Questionários de rastreio
Estudos recentes, indicam que o diagnóstico (para ser fiável) deverá ser feito por volta dos 8 anos. Ainda
assim, existem instrumentos de rastreio para idades mais precoces
CAST – Test Infantil del Síndrome de Asperger Autores: Baron-Cohen, Bolton & Brayne
Idade: Tem-se mostrado útil na identificação precoce de crianças, com idades entre os 4 -11, cujos
comportamentos sugerem um elevado risco de presença de síndrome de Asperger.
Instrumentos de avaliação
Questionários de Hetero-avaliação
Cada questão ou declaração tem uma escala de avaliação, em que 0 representa o nível normal esperado de
uma criança dessa idade.
Se a resposta para a maioria das perguntas é 2 e a pontuação média é entre 2 e 6, considera-se acima do
nível normal, pelo que se deve proceder a uma avaliação mais aprofundada
Questionário para os pais ou cuidadores (CARS2-QPC) - reúne informações para a cotação da CARS2-ST e
CARS2-HF
CARS2-ST e CARS2-HF incluem cada uma, 15 itens relacionados com as seguintes áreas funcionais:
Relacionamento com as pessoas
Imitação (ST); Entendimento Sócio Emocional (HF);
Resposta Emocional (ST); Expressão emocional e regulação das emoções (HF)
Uso do corpo
Uso dos objectos (ST); uso de objectos em jogo (HF)
Adaptação à mudança (ST); Adaptação à Mudança / Interesses restritos (HF)
Resposta Visual
Escuta das Respostas
Gosto, cheiro, a resposta ao toque
Medo ou nervosismo (ST); medo ou ansiedade (HF)
Comunicação Verbal
Comunicação não-verbal
Nível de Actividade (ST); Pensamento / habilidades cognitivas de integração (IC)
Nível e consistência da resposta intelectual
Impressões gerais
Avaliação da Criança
Fazem-se perguntas à criança a respeito do conceito de amizade, e pede-se para que ela fale a respeito de
uma gama de emoções. Detectar sinais de ansiedade, depressão, desordem do défice de atenção
Linguagem
Existe um padrão de linguagem característico das crianças com Asperger. Normalmente (mas nem sempre)
apresentam um atraso na linguagem, e quando começam a falar tendem a fazer muitas perguntas aos pais
e as conversas são unilaterais.
Durante a avaliação faz-se uma anotação com relação a linguagem pragmática, ou seja, o uso da linguagem
no contexto social.
Comummente, quando a criança não sabe bem o que responder, mostra-se relutante em pedir explicações
e admitir que não sabe a resposta.
Tendem a mudar de assunto, geralmente para falar a respeito do seu tópico de interesse ou então
demoram muito tempo para responder.
O vocabulário pode ser rico, mas a escolha das palavras e a construção das frases são esquisitas.
O tom de voz pode parecer estranho.
Faz-se uma anotação de incidentes onde o pronome pessoal é mau empregado (ex.; uso do nome próprio
no lugar do ‘eu’)
Interpretação literal de metáforas
Avaliação cognitiva
Coordenação motora
A coordenação motora é avaliada, por exemplo, pedindo que a criança pegue e chute uma bola, corra,
desenhe e escreva. Anota-se qualquer tipo de movimento estereotipado, tiques ou movimentos
involuntários, especialmente quando a criança está feliz ou ansiosa.
Exemplo:
Universais - d) Promoção do comportamento pró-social
Selectivas - e) Apoio tutorial
Apoiado pelo Centro de Apoio à Aprendizagem?
Avaliação
É apoiado pelo Centro de Apoio à
Aprendizagem?
Critérios de diagnóstico
Dificuldades em aprender e usar as capacidades académicas, como indicado pela presença de pelo menos
1 dos sintomas seguintes, que persistiram pelo menos 6 meses, apesar do fornecimento de intervenções
direccionadas para essas dificuldades:
As capacidades académicas afectadas são substancialmente abaixo das esperadas para a idade cronológica
do individuo e causam interferência significativa no desempenho académico / ocupacional / actividades da
vida diária
Confirmado pela aplicação individual de escalas estandardizadas de realizações e avaliação clínica
completa
Para indivíduos com 17 anos ou mais velhos (história documentada de dificuldades de aprendizagem pode
substituir a avaliação)
As dificuldades de aprendizagem começam durante os primeiros anos escolares, mas podem não se
manifestar completamente até que as exigências excedam as capacidades limitadas do individuo
Exemplo:
Nos testes cronometrados, ler ou escrever relatórios em tempos curtos
Cargas académicas excessivamente pesadas
As dificuldades de aprendizagem não são mais bem explicadas por:
Incapacidade intelectual
Acuidade visual
Acuidade auditiva não corrigida
Outras perturbações mentais ou neurológicas
Adversidade psicossocial
Falta de proficiência na língua da instrução académica Instrução educacional inadequada
Dislexias adquiridas - caracterizam as pessoas que, tendo previamente sido leitoras competentes, perdem
essa habilidade como consequência de uma lesão cerebral
Graus de Dislexia
Médio e severo - são os mais comuns entre as crianças na fase de alfabetização. Essas crianças apresentam
um desfasamento na leitura de cerca de um a dois anos, com disnomia (dificuldade em nomear ou
reconhecer nomes de objetos, coisas, etc.), assim como a parte linguística alterada de forma muito
acentuada.
Leve - Embora os sintomas sejam os mesmos, geralmente só é percebida no indivíduo na fase adulta, uma
vez que os sinais e sintomas são menos acentuados e evidentes.
Avaliação
Segundo vários autores, não se pode falar de dislexia (ou melhor, não se pode fazer um diagnóstico
definitivo) antes dos 7 anos, ou para ser mais rigoroso antes de pelo menos um ano de escolaridade, pois
anteriormente a esta idade, erros similares são banais pela sua frequência.
Quando a uma perturbação da leitura está associada a um Q.I. elevado, a criança pode estar ao nível dos
seus companheiros durante os primeiros anos escolares, e esta não se manifestar completamente antes do
4º ano de escolaridade, ou mesmo posteriormente.
Anamnese
Necessário recolher informação escolar, clínica, familiar, dificuldades específicas de aprendizagem
Cognitiva
Os critérios de dislexia apontam para que as capacidades cognitivas tenham de ser, pelo menos, de nível
médio (QIEC > 80 ou > 90)
Análise das diferenças entre QIV e QIR e existência de discrepâncias estatisticamente significativas (QIV
superior ao QIR):
11 – 15 de diferença – significância para 0.05
≥ 15 pontos de diferença – significância para 0.01
Nos testes de inteligência, uma criança disléxica apresenta desempenhos superiores nas funções não
verbais, comparativamente às funções verbais (valores mais baixos nas subescalas de memória de dígitos,
aritmética e códigos), isto é, um QI de realização superior ao QI verbal.
Perfil ACID
Perfil ACID tem sido considerado como preditivo de desempenho fraco ao nível da leitura, ortografia e
matemática, segundo Fonseca, 1995 & Boder, 1973. É comum em 20% das crianças que apresentam DAE,
Transtorno de Défice de Atenção e Hiperactividade.
As dificuldades de atenção e de sequenciação (Memória de Dígitos e Código) são sinais típicos de
dificuldades de aprendizagem, principalmente de leitura.
Perfil SCAD
Constituem os factores de velocidade de processamento e resistência à distratibilidade. Estes 4 subtestes
avaliam as funções de velocidade para processar informação, memória visual a curto prazo, coordenação
visuomotora (símbolos e código), bem como as funções de habilidade numérica e sequencial (aritmética e
dígitos). Dificuldades nestas habilidades, são comuns em crianças com DAE e Défice de Atenção.
Neuropsicológica
Trata-se de um instrumento complementar às escalas de inteligência de Wechsler uma vez que os testes
da BANC avaliam funções cognitivas distintas das mensuradas pelos subtestes das escalas de inteligência
de Wechsler
A utilização de uma escala de inteligência permite uma avaliação geral do nível cognitivo, passo
fundamental no processo de avaliação Neuropsicológica das crianças e adolescentes. Segundo os autores
da BANC, a utilização da WISC-III ou da WPPSI-R deve funcionar como um primeiro momento na avaliação
do funcionamento neuro cognitivo, que fornecerá suporte para interpretar os resultados relativos a
funções cognitivas mais específicas (BANC)
SUBTESTES:
Função: Orientação
Teste - Orientação Função: Memória
Teste - Reconhecimento de Faces Teste - Memória de Histórias Teste - Figura Complexa de Rey Teste - Lista
de Palavras
Teste - Tabuleiro de Corsi Função: Linguagem
Teste - Nomeação Rápida
Teste - Compreensão de Instruções Teste - Consciência Fonológica
Função: Atenção e Funções Executivas Teste - Fluência Verbal
Teste - Torre
Teste - Cancelamento de Sinais Teste - Trilhas
Função: Lateralidade
Teste - Lateralidade Função: Motricidade
Teste - Tabuleiro de Motricidade
Memória
Figura Complexa de Rey – Osterrieth (já referido)
Atenção D2
Autor: Rolf Brickenkamp
Idade: a partir dos 8 anos
Objectivo: Avalia os vários aspectos da atenção concentrada, capacidade de concentração e análise da
flutuação da atenção.
Lateralidade
Teste Piaget-Head
(adaptação de Galifret – Granjon) Idade: Até aos 8 anos
Reversal Test
Autor: Edfeldt
Idade: a partir dos 6 anos
Objectivo:
Dificuldades perceptivas
Lateralidade
Psicopedagógica
Funções da linguagem
Bateria de Provas Fonológicas
Autor: Ana Cristina Silva Idades: Pré-Escolar e 1º ano
Objectivos: Pretende avaliar a capacidade de a criança explicitar segmentos sonoros da cadeia falada (ao
nível das sílabas e dos fonemas), através de 6 subprovas que incluem 3 tipos de tarefas: classificação,
manipulação e segmentação.
Avaliação da escrita
A avaliação da escrita pode ser feita inicialmente através de provas informais: Produção de um texto
(composição)
Ditado de um texto
Observação de outros materiais escritos pela criança/jovem Escrita de palavras regulares, irregulares,
pseudopalavras Tipologia dos erros
Avaliação da leitura
Leitura de textos com diversos graus de dificuldade Leitura de lista de palavras
Leitura de lista de pseudopalavras
Ter em atenção a tipologia e características dos textos a ler por etapas de escolaridade, como podem ver
no quadro seguinte …
Etapas de Extensão
escolaridade Tipologia de textos (palavras)
2º ano E.B. Textos curtos (narrativas, poemas, instruções sobre o quotidiano) 70-120
Textos literários: (narrativos, poemas e textos de teatro)
4º ano E.B. Textos informativos (de jornais, revistas, enciclopédias, manuais de 250-700
estudo)
Material escrito e gráfico para seguir/cumprir instruções (receitas,
mapas, jogos, construções, experiências)
Textos literários: (narrativas, poemas e textos de teatro)
6º ano E.B. Textos informativos (de jornais, revistas, enciclopédias, manuais de 300-800
estudo)
Material escrito e gráfico para seguir/cumprir instruções (receitas,
mapas, jogos, construções, experiências)
Sim-Sim & Viana (2007)
Ter igualmente em conta, as metas de precisão e fluência leitoras definidas pelo Ministério de Educação e
Ciência (2012), para o 1º e 2º ciclos:
N.º de palavras correctamente lidas/m - N.º de palavras
Ano (fim) Idade lista correctamente lidas/m - texto
1º 6/7 40 55
2º 7/8 65 90
3º 8/9 80 110
4º 9/10 95 125
5º 10/11 110 140
6.º 11/12 120 150
Decifrar – Prova de Avaliação da Capacidade de Leitura
Autor: Emílio Salgueiro
Idades: 6- 13 anos
Objectivo: Pretende averiguar a existência de dificuldades na discriminação fonética e pronúncia, o que vai
permitir tirar conclusões sobre a adequação etária do nível de leitura.
Os alunos com Dislexia podem ter unicamente Medidas Universais, ou então Medidas Selectivas,
consoante a gravidade do caso.
EXAMES:
O Júri Nacional de Exames (JNE) publicou o “Guia para Aplicação de Adaptações na Realização de Provas e
Exames – JNE/2019” para os alunos enquadrados no Decreto Lei n.º/2018 ou com incapacidade física
temporária.
Contempla:
Provas de Aferição (2º,5º e 8º anos) Provas Finais (9º ano)
Exames Finais (11º e 12º anos)
As condições são semelhantes às de 2018 e têm de ser requeridas pela Escola através de uma plataforma
online do JNE, dentro de determinados prazos, neste caso entre 18 de Fevereiro a 18 de Março (9º, 11º e
12º anos) e 8 a 26 de Abril (Provas de Aferição 2º,5º e 8º anos)
Adequações:
É obrigatória a realização de provas de exame nacional
A condição de “Tempo suplementar” não pode ser aplicada aos alunos com Dislexia – usufruem da
tolerância regulamentar aplicável á generalidade dos alunos (30 minutos)
“Tempo suplementar” pode ser apenas aplicada aos Disléxicos que realizem “provas de equivalência à
frequência”. Também aplicável a alunos que tenham prevista esta medida no seu RTP
A Dislexia tem de ter sido diagnosticada/confirmada e o aluno enquadrado no Decreto lei 54/2018 até ao
final do 2º ciclo.
Dislexia Ligeira – utilização da ficha A (Apoio para classificação de provas e exames nos casos de Dislexia)
Dislexia Moderada ou Grave – utilização da ficha A + autorização para utilização de outros métodos
(computador; leitura enunciados; enunciados em formato digital com figuras; execução numa sala à parte)
FICHA A:
A aplicação da Ficha A depende do requerimento /despacho do director da escola (ensino básico) ou da
autorização do Presidente da JNE (ensino secundário).
Fundamentada com base nas adaptações ao processo de avaliação interna (não está escrito que a
utilização da ficha A exija a existência de um RTP).
Nos casos de dislexia moderada ou grave é necessário RTP – como refere a pág. 211). Neste caso podem
também ser necessárias outras adaptações como:
Utilização do computador
Leitura orientada dos enunciados
Enunciados em formato digital com figuras (o que implica que a realização de provas se faça numa sala à
parte)
Estas adaptações devem ser coerentes com as usadas no processo de ensino aprendizagem ao longo do
percurso escolar do aluno. Devem estar fundamentadas no seu processo individual.
A ficha A (como a Nota Explicativa) acompanha cada prova/exame que o aluno realize. Ensino básico –
impressa de acordo com o número de provas realizadas pelo aluno e depois de autorizada pelo director.
Ensino secundário – impressa depois de autorizada pelo JNE. Arquivar um exemplar no processo do aluno.
Vários autores têm sugerido características comuns às crianças com disgrafia. Contudo, é importante saber
que a apresentação de apenas um/dois dos comportamentos que se seguem não é suficiente para
confirmar esta problemática; a criança deverá revelar o conjunto (ou a quase totalidade) das seguintes
condições:
Letra excessivamente grande (macrografia) ou pequena (micrografia);
Forma das letras irreconhecível (por vezes distorcem, inclinam ou simplificam tanto as letras que a
escrita é praticamente indecifrável);
Traçado exagerado e grosso (que vinca o papel) ou demasiado suave e imperceptível;
Grafismo trémulo ou com uma marcada irregularidade, originando variações nos tamanhos dos
grafemas;
Escrita demasiado rápida ou lenta;
Espaçamento irregular das letras ou das palavras, que podem aparecer desligadas, sobrepostas ou
ilegíveis ou, pelo contrário, demasiado juntas;
Erros e borrões que quase não deixam possibilidade para a leitura da escrita (embora as crianças
sejam capazes de ler o que escrevem);
Desorganização geral na folha/texto;
Utilização incorrecta do instrumento com que escrevem
(Ajuriaguerra et al., 1973 e Casas, 1988, cits. por Cruz, 2009; Torres & Fernández, 2001).
Poderão ainda observar-se uma série de outros comportamentos, muitas vezes associados a outras
dificuldades específicas de aprendizagem (Disortografia, Dislexia e Discalculia), abordadas nos restantes
subcapítulos deste artigo.
A disgrafia pode ser abordada em dois contextos, segundo Torres & Fernandez (2001):
Contexto neurológico relativo às afasias – seria uma manifestação da afasia ao nível do grafismo
(equivalente aos problemas articulatórios da linguagem)
Contexto funcional – trata-se de perturbações da escrita que surgem em criança que não corresponde a
nenhuma sequela de lesões cerebrais nem problemas sensoriais
Segundo Selikowitz, existem 3 tipos de dificuldades que podem fazer com que a criança tenha uma escrita
incompreensível:
Dificuldade específica da escrita (algumas palavras estão tão mal escritas que não são
reconhecíveis)
Caligrafia caótica /ilegível
A linguagem utilizada pode estar tão repleta de erros que não faz sentido (ligada a um distúrbio de
linguagem)
Sinais e sintomas
Má organização da página – (margens, espaços entre palavras, escrita ascendente e descendente)
Má organização das letras:
Incapacidade de se submeter às regras caligráficas
Traçado de má qualidade
Hastes de letras deformadas
Letras retocadas
Letras desligadas, sobrepostas ou ilegíveis Letras irregulares nas dimensões
Inclinação na escrita (oscila de baixo para cima ou ao contrário)
Traçado muito grosso ou muito fino
Erros de formas
Grau de limpeza do traçado das letras
Dimensão
Desorganização (letra alongada e comprida)
Letras distorcidas
Outros …
Postura incorrecta de segurar o instrumento
Deficiência de preensão e pressão
Ritmo de escrita muito lento ou muito rápido
Inclinação
Espaçamento de letras e palavras (irregular)
Instrumentos de Avaliação
Esquema Corporal
Teste do Desenho da Figura Humana
Autor: Goodenough
Objectivo: Poderá fornecer uma série de dados qualitativos muito úteis como sejam: Forma de a criança
segurar o lápis,
Postura, Traço, Coordenação,
Concepção do esquema corporal
Coordenação Visuomotora
Teste Gestáltico Visuomotor de Bender (já referido)
Grafismo
Observação e categorização da frequência e do tipo de erros através do ditado e escrita
espontânea.
Forma Tamanho
Inclinação de traços Uniões
Psicomotricidade
Bateria Psicomotora de Vítor da Fonseca
Autor: Vítor da Fonseca
Idade: 4 – 12 anos
Objectivo: é possível verificar o reflexo das experiências vivenciadas no contexto de seu desenvolvimento
pelo perfil psicomotor. Além disso, é possível retractar o desenvolvimento dinâmico por meio da aplicação
de várias avaliações durante um período, acompanhando cada fase do desenvolvimento psicomotor da
criança.
Quadro-resumo dos instrumentos usados para a avaliação da Disgrafia
“Perturbação que afecta as aptidões da escrita e que se traduz por dificuldades persistentes e recorrentes
na capacidade da criança em compor textos escritos. As dificuldades centram-se na organização,
estruturação e composição de textos escritos; a construção frásica é pobre e geralmente curta, observa-se
a presença de múltiplos erros ortográficos e [por vezes] má qualidade gráfica.” (Pereira, 2009, p. 9).
Os erros ortográficos ocorrem de forma sistemática e recorrente, podendo conduzir a uma total
ilegibilidade do material escrito.
Sinais e sintomas
Uma criança com disortografia demonstra, geralmente, falta de vontade para escrever e os seus textos são
reduzidos, com uma organização pobre e pontuação inadequada. A sua escrita evidencia numerosos erros
ortográficos de natureza muito diversa (Torres & Fernández, 2001):
Habitualmente observam-se:
Dificuldades na organização das ideias no texto
Erros ortográficos recorrentes e sistemáticos
Má qualidade da grafia
De uma forma geral, a característica mais comum nas crianças com disortografia é, sem dúvida, a
ocorrência de erros ortográficos, sejam estes de carácter linguístico- perceptivo, viso espacial, viso
analítico, de conteúdo ou referentes às regras de ortografia. No entanto, quando intervimos junto destes
indivíduos, devemos ter a noção de que outros aspectos estão envolvidos no ato da escrita e,
consequentemente, importa trabalhá-los.
Erros de características visuoespaciais - Fazem parte da “ortografia visual” - dependem da memória visual,
incluem:
Substituições de letras que se diferenciam pela sua posição no espaço (Ex: d/p ; p/q)
Substituições de letras semelhantes nas suas características (ex: m/n ; o /a , i/j)
Escrita de palavras/frases em espelho (é raro em dinemas que admitem disortografia)
Confusão em palavras com fonemas que admitem dupla grafia (ch/x ; s/z)
Confusão em palavras com fonemas de duas grafias, em função das vogais (g; c)
Omissão da letra “h”
Erros de caracter visuoanalítico – resultam da dificuldade em fazer a síntese entre fonema e grafema (o
resultado são trocas de letras sem qualquer sentido)
Erros relativos ao conteúdo
União de palavras (ex: acasa / a casa)
Separação de sílabas (ex: es – tá)
União de sílabas pertencentes a duas palavras (ex: estacasa / esta casa)
Erros relativos às regras de ortografia
Não colocar “m” antes do “p” ou do “b”
Infringir regras de pontuação
Não respeitar o uso das maiúsculas
Não hifenizar nas mudanças de linha
Instrumentos de Avaliação
Procedimentos informais
Poderemos iniciar a avaliação com procedimentos mais informais, que incluem a observação dos cadernos
e a sugestão de algumas tarefas como:
Escrita de uma lista de palavras de vocabulário básico adequado à idade
*Cópia * Composição * Ditado *
Nível de leitura
Muitas vezes as dificuldades de leitura transferem-se para a escrita (perceber se a disortografia surge a par
com dislexia). Avaliar com as provas já descritas para este fim.
Cognitiva
WISC- III- Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças – 3ª edição (já referido) Matrizes Progressivas
de Raven (já referido)
Percepção visual
Teste Frostig
Teste Guestáltico Visuomotor de Bender
Memória auditiva
Subteste de Memória de Dígitos (WISC-III)
Memória visual
Figura Complexa de Rey – Osterrieth (já referido)
Atenção
T-P – Toulouse Piéron (já referido) D2 – Teste de Atenção (já referido)
Conceito
Discalculia é o termo alternativo usado para referir um padrão de dificuldades de aprendizagem que se
caracteriza por problemas no processamento de:
Informação numérica
Aprendizagem de factos aritméticos
Realização de cálculos precisos e fluentes
É importante especificar quaisquer dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como dificuldades
no raciocínio matemático ou precisão no raciocínio linguístico.
Etimologicamente, discalculia deriva dos conceitos “dis” (desvio) + “calculare” (calcular, contar).
Indicadores estatísticos dizem-nos que a maior parte dos alunos revela problemas na aprendizagem desta
disciplina. Muitos deles não compreendem os enunciados dos problemas, outros demoram muito tempo a
perceber se precisam de somar/dividir/multiplicar e alguns não conseguem concluir uma operação
aparentemente simples. É importante referir, no entanto, que estas dificuldades podem não estar
associadas a factores como a preguiça/desmotivação/desinteresse (como alguns pais/professores julgam),
mas relacionadas com a discalculia.
No domínio da linguística, Cazenave (1972, cit. por Silva, 2008b) afirma que a compreensão matemática só
é possível com a assimilação da linguagem, que tem um papel fundamental na evolução do intelecto de
cada ser humano. Neste caso, um discalcúlico apresenta deficiente elaboração do pensamento devido às
dificuldades no processo de interiorização da linguagem. Estas crianças revelam défices na compreensão
de relações e também na sua reversibilidade e/ou generalização; apresentam, ainda, dificuldades na
resolução de problemas, mais especificamente no simbolismo numérico (correspondência número-
quantidade), bem como na sua representação gráfica.
Na área da psicologia, as conclusões apontam para o facto dos indivíduos portadores de alterações
psíquicas se tornarem mais propensos a apresentar problemas de aprendizagem, pois o aspecto emocional
interfere no controlo de determinadas funções, caso da memória, da atenção e da percepção, por
exemplo.
Sinais e sintomas
Uma criança discalcúlica pode apresentar dificuldades a vários níveis:
Compreensão e memorização de conceitos matemáticos, regras e/ou fórmulas;
Sequenciação de números (antecessor e sucessor) ou em dizer qual de dois é o maior;
Lateralidade (diferenciação de esquerda/direita) e de direcções (norte, sul, este, oeste);
Compreensão de unidades de medida;
Tarefas que impliquem a passagem de tempo (ver as horas em relógios analógicos);
Tarefa que impliquem lidar com dinheiro;
Resolução de operações matemáticas através de um problema proposto
Correspondência um a um/correspondência recíproca;
Conservação de quantidades;
Utilização do compasso ou até mesmo da calculadora (reconhecimento dos dígitos e símbolos
matemáticos).
Segundo diversos autores, podemos destacar os seguintes factores como facilitadores/ obstáculos para a
aprendizagem do cálculo:
Avaliação
Normalmente esta perturbação é diagnosticada no decorrer, ou após, o segundo ano de escolaridade, já
que só nessa altura são adquiridas as competências de cálculo.
As crianças com discalculia apresentam, em testes de inteligência, desempenhos superiores nas funções
verbais comparativamente às funções não-verbais, isto é, um QI verbal superior ao QI de realização.
São crianças que revelam um ritmo de trabalho muito lento usando, muitas vezes, os dedos para contar.
São ansiosas, desmotivadas e têm receio de fracassar, consequência do menosprezo ou repressão por
parte dos colegas de turma, professores e/ou pais/familiares.
Avaliação da inteligência
WISC-III
Sinais mais evidentes:
QI verbal superior ao QI de Realização
Valores baixos de velocidade de processamento (ritmo de trabalho lento)
Subprova de aritmética – usa os dedos para contar
Avaliação da lateralidade
Piaget – Head (já referido)
Provas informais:
O que significa diferente / igual
O que significa maior /menor
O que significa “mais do que “ / “menos do que “
Perceber se a criança compreende a modificação do valor segundo a alteração de um algarismo (ex: 760 /
607)
Ver as horas num relógio analógico
Contar dinheiro / fazer trocos
Correspondência uma a um / correspondência recíproca – Ex: relacionar os alunos com as mesas
disponíveis
Sequenciação (menor para maior; maior para menor)
Utilização do compasso e da calculadora (dificuldades no reconhecimento de dígitos e símbolos
matemáticos)
Subtestes
Contagem
Princípios de contagem
Reconhecimento do número
Conhecimento do número
Cálculo não-verbal
Problemas verbais
Combinações numéricas
Correia, L.M. (2006). Dificuldades de Aprendizagem Específicas. Contributos para uma definição
portuguesa. Colecção Impacto Educacional. Porto Editora.
Correia, L.M. (2008). A escola contemporânea e a inclusão de alunos com NEE. Considerações para uma
inclusão com sucesso. Porto Editora
Correia, L.M. (2006). Inclusão e Necessidades Educativas Especiais. Um guia para educadores e
professores. Colecção Necessidades Educativas Especiais. Porto Editora
Correia, L.M. (1999). Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas classes regulares. Coleção
Educação Especial. Porto Editora
Fonseca, V. (2010). Dificuldades de Aprendizagem. Colecção obras de Vítor da Fonseca. Âncora Editora
Dockrell, J., McShane, J. (2000). Crianças com dificuldades de aprendizagem. Artmed Machado, M. (2012).
Melhores práticas psicológicas. Maior qualidade de ensino.
Colecção ensaios. Edições Vieira da Silva