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JÚLIA RAMOS, MARIA EDUARDA MEDEIROS

PSICOPATOLOGIA – OUVIDORES DE VOZES

RECIFE
2023
O documentário nos traz relatos de pessoas que têm alucinações auditivas
que se fizeram presente durante boa parte da sua vida, e que durante muito tempo
foram incompreendidas e tiveram suas vozes silenciadas por suas psicopatologias,
sendo chamadas de loucas e incapazes. É importante ressaltar que por muito tempo
as pessoas acompanhadas no documentário se sentiam sozinhas, acreditando que
eram as únicas pessoas a ouvir essas vozes, que em algum momento perceberam
que era algo psicopatológico. A partir disso se dá a importância da existência e
divulgação desse tipo de conteúdo, visto que o documentário traz conhecimento
tanto para as pessoas que têm essa patologia como para pessoas que podem estar
próximas de alguém que tenha, podendo adquirir compreensão mínima sobre como
se portar diante dessas situações.
Ressalta-se que o conteúdo das vozes ouvidas é um grande provedor de
sofrimento, sendo muito importante para análise desses pacientes e compreensão
da origem dessas vozes, entendendo as questões que trazem angústia para cada
sujeito dentro de sua subjetividade e relacionando com outros aspecto de seu
cotidiano.
A situação de Reginaldo articula-se bem com o item 2 do capítulo de
alucinações do livro de Ivo Rosas, o paciente tem ciência de suas alucinações ou
pseudo-alucinações, mas o motivo maior de angústia é trazido pelo conteúdo das
vozes ouvidas, que o chamam de coisas como inútil e incapaz. É possível pensar
também, como esse conteúdo, relacionado com o posicionamento de alguns de
seus familiares, como o que disse que acredita que o Reginaldo não se esforça para
melhorar, pode reforçar a aparição dessas vozes, visto que ele afirma que elas
aumentam quando ele se encontra mais deprimido, e quando um familiar se
demonstra com tamanha incompreensão e falando coisas com o mesmo teor dos
conteúdos dessas vozes alucinatórias é possível que essas vozes aumente.
Quando refletimos sobre a situação de Isabel, é importante pensar que suas
alucinações têm um teor religioso porém que não é causado por sua espiritualidade.
O relato de Isabel afirma que uma de suas vozes a manda fazer coisas boas e a
outra voz diz para que ela faça coisas ruins, como matar sua mãe ou seu irmão, o
que leva ela a pensar que a voz boa é do espírito santo e a voz ruim é do diabo.
Suas raízes culturais e espirituais a leva a fazer essa relação religiosa com suas
vozes, visto que entende-se que o espírito santo é algo bom e o diabo é algo que
nos leva a fazer coisas ruins. Ao acompanhar essa situação é importante se atentar
a essas raízes religiosas e perceber o quão presente é o cristianismo presente na
vida desse sujeito para que seja possível uma articulação apropriada, sem negar
seus princípios.

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