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Comportamento Alimentar,

Mindfulness e Mindful Eating na


Prática Clínica

Prof. João Motarelli

Apostila do Curso de Comportamento Alimentar, Mindfulness e Mindful Eating na Prática Clínica


Ensino a Distância
Módulo 1: O que é Mindfulness e Mindful Eating - A teoria e a prática.
Mindful Eating tem sua origem em Mindfulness, portanto, compreender os conceitos
de Mindfulness se torna essencial, para que possa também compreender os diferentes
programas e protocolos de Mindful Eating uma vez que estes programas utilizam as
práticas de Mindfulness como parte de seus protocolos.
Mindfulness possui origem em tradições religiosas orientais, principalmente
budista, porém é uma prática sem qualquer reminiscência religiosa ou cultural, com
uma sólida base científica. Mindfulness é traduzido como “atenção plena” ou
“consciência plena” (AUSIÁS CEBOLLA, JAVIER CAMPAYO, 2016). Não significa
meditação, mas sim um estado da mente humana presente nos indivíduos, em
diferentes níveis de intensidade,(AUSIÁS CEBOLLA, JAVIER CAMPAYO, 2016) que
podem ser identificados como Mindfulness Traço (do termo trait ou dispositional)
considerado uma característica do inata do indivíduo para se estar atento ao momento
presente no cotidiano, ou Mindfulness Estado (do termo state), que remete a um
estado que é treinado durante as práticas formais de Mindfulness e ainda podem ser
praticadas de forma informal ao serem aplicadas em diversos aspectos da vida
(atenção plena ao caminhar ou tomar banho) incluindo a alimentação e o
comportamento alimentar (Mindful Eating - atenção plena ao comer)(JORDAN et al.,
2014; SIEGLING; PETRIDES, 2014; WARREN; SMITH; ASHWELL, 2017).
São diversas as definições para Mindfulness na literatura científica, porém
percebe-se em comum entre as definições os seguintes aspectos: capacidade de estar
atento ao momento presente, intencionalidade (de forma consciente e atenta) e
aceitação (com atitude de curiosidade, abertura, gentileza e sem julgamento) (AUSIÁS
CEBOLLA, JAVIER CAMPAYO, 2016; KIKEN; GARLAND; GAYLORD, 2016). Uma das
definições mais utilizadas se refere a um dos principais nomes da literatura científica,
Jon Kabat-Zinn que define: “Mindfulness é a consciência que surge através da atenção,
de propósito, no momento presente, sem julgamento”. Kabat-Zinn é considerado “pai”
do Mindfulness por ter desenvolvido o Programa de Redução de Estresse Baseado em
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Mindfulness, da sigla em inglês MBSR (Mindfulness Based Stress Reduction) em
meados de 1979 (AUSIÁS CEBOLLA, JAVIER CAMPAYO, 2016; BROWN; RYAN, 2003;
KIKEN; GARLAND; GAYLORD, 2016). Através deste programa surgem as MBI´S
(Mindfulness Based Interventions) ou Intervenções Baseadas em Mindfulness (IBM´s)
que se demonstram eficazes nos diversos âmbitos da saúde tais como: Estresse,
Depressão, Prevenção de recaída e abuso de drogas, obesidade, diabetes e transtornos
alimentares (Anorexia, Compulsão Alimentar e Comer Emocional)(AUSIÁS CEBOLLA,
JAVIER CAMPAYO, 2016; BROWN; RYAN, 2003; KIKEN; GARLAND; GAYLORD, 2016;
STARFIELD et al., 2008).
A literatura científica aponta que Mindful Eating, ou sua tradução literária
Atenção Plena ao Comer, pode ser caracterizado por uma consciência da fome,
saciedade, níveis de energia, emoções e ambiente(KRISTELLER; WOLEVER, 2010).
Mindful Eating pode ser também conceituado como estar consciente do presente
momento enquanto come, prestar atenção ao efeito desses alimentos nos sentidos e
ainda notar as sensações físicas e emocionais em respostas ao ato de comer. Os
princípios do Mindful Eating são bem consistentes na literatura científica, apesar de
não haver uma definição universal (JORDAN et al., 2014; KRISTELLER; WOLEVER, 2010;
WARREN; SMITH; ASHWELL, 2017).
Apesar da não definição concisa na literatura científica, compreende-se que
Mindfulness assim como Mindful Eating, não podem ser chamadas de ferramentas,
uma vez que assim como Mindfulness, Mindful Eating também pode ser considerado
um traço psicológico inerente a capacidade inata do indivíduo(O’REILLY, et al., 2015).

As definições são importantes, mas ainda, restritas em demonstrar a


características importantes do Mindful Eating. Diante disso, os princípios do Mindful
Eating se tornam importantes norteadores para sua compreensão. Segundo o centro
americano The Center for Mindful Eating (TCME) o principal centro de Mindful Eating
mundial e também um órgão regulador, os princípios de comer com atenção plena
são:

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● Permitir a si mesmo a tornar-se consciente das oportunidades positivas e
carinhosas que estão disponíveis através da seleção e preparação dos
alimentos, respeitando a sua própria sabedoria interior.
● Usar todos os seus sentidos na escolha do que comer, para que seja gratificante
para você e nutritivo para o seu corpo.
● Reconhecer respostas aos alimentos (gostos, desgostos ou neutro) sem
julgamento.
● Se tornar consciente da fome e saciedade físicas para guiar suas decisões para
começar e parar de comer.
Estes princípios básicos, ainda não conseguem demonstram a totalidade do que é o
Mindful Eating, porém, são norteadores para que possamos compreender a base com
a qual se propõe. Estes princípios foram traduzidos pelo Centro Brasileiro de Mindful
Eating, um centro sem fins lucrativos que possui como objetivo difundir o
conhecimento teórico e prática de Mindful Eating. Materiais disponíveis em
http://mindfuleatingbrasil.com.br/index.php/2017/06/29/materiais-de-apoio/

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Módulo 2: Contexto histórico, diferentes programas e como me tornar
instrutor.

Como vimos acima, apesar de haver uma reminiscência nas tradições religiosas é
importante desatacar que Mindfulness não remete a nenhuma religião ou
religiosidade. Sabe-se portanto que Jon Kabat-zin, zen budista adaptou as práticas
desta tradição para o seu protocolo de redução de estresse (MBSR)(KABAT-ZINN, 1982,
2003).
O protocolo de MBSR foi o primeiro protocolo a surgir adaptando as práticas
contemplativas e da tradição dentro de um contexto acadêmico, sendo aplicado para
pacientes com estresse crônico(KABAT-ZINN, 1982). Em seguida, Mark Willians, Jonh
Teasdale e Zindel Seagal adaptam o protocolo de MBSR associando Mindfulness a
terapia cognitivo comportamental para o tratamento da depressão, denominando o
protocolo de Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness (MBCT – Mindfulness Based
Cognitive therapy), um dos protocolos com evidências mais robustas na literatura
científica e que modificou as politicas públicas no reino unido ao se mostrar tão eficaz
quanto o tratamento medicamentoso padrão para a depressão(KUYKEN et al., 2015;
TEASDALE et al., 2000).

Uma vez que a aplicabilidade de Mindfulness vem se mostrando eficiente em


populações diferentes, gerou-se o interesse em diversos âmbitos de pesquisa
buscando a sua aplicabilidade nos mais diversos quadros clínicos, outros exemplos são
o Mindfulness Based Relapse Prevention (Mindfulness para prevenção de relapso e
recaída – MBRP) para indivíduos que apresentam comportamento aditivo tais como
drogas, álcool, sexo e compras assim como para manejo da dor (Manuseio da dor
baseado em Mindfulness – MBPE)(BOWEN et al., 2009; DAY et al., 2014).
No ano de 1999 é publicado o protocolo de consciência alimentar baseado em
Mindfulness (MB-EAT – Mindfulness Based Eating Awareness Training) da Psicóloga
Jean Kristeller, para pacientes com compulsão alimentar se mostrando mais efetivo
que a terapia cognitiva comportamental, um protocolo padrão para este tipo de
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tratamento(KRISTELLER; HALLETT, 1999). Além deste, o protocolo denominado “Eat
for life” (Mindfulness Based Eating Solution) publicado mais recentemente (2004)
incluindo além de Mindfulness e Mindful Eating como bases do protocolo, mas
também habilidades do comer intuitivo, também se mostrou eficiente em reduzir o
comer desordenado na população estudada(BUSH et al., 2014).
É importante destacar que MB-EAT assim como o protocolo “Eat for Life” não
são os únicos protocolos de Mindful Eating existentes, mas sendo os dois protocolos
com evidências já estabelecidas na literatura científica, o que conota respaldo técnico
científico para aplicação profissional dessas práticas. Outros protocolos, como o
“Im i Hungry” da Michelle May, Mindful Eating Concious Living da Jan Chozen Bays
(MBCL), Well Nourished da Andrea Liberstein, e Mindful Eating da Dra. Susan Albers
são amplamente difundidos, com publicações literárias disponíveis (livros) apenas na
versão inglês. É importante que o profissional que tenha interesse em se aprofundar
nessa temática possa conhecer os diferentes protocolos e autores afim de encontrar a
abordagem que mais se adequa dentro de sua realidade profissional e pessoal. Vale
destacar que cada autor ressalta sua visão sobre as práticas de Mindful Eating, sendo
possível notar em sua maioria características inerentes a psicologia ou a tradição
budista, sendo na tradição budista, destaque, o monge budista Tich Nhat Hahn, e autor
de diversas obras que nos mostra sua visão do comer com atenção plena pelos olhos
da tradição. Apesar de não ser um protocolo em si, seus ensinamentos podem ser
aplicados em nossas vidas diárias e profissionais.
Os protocolos de Mindfulness e Mindful Eating são consideradas terapias de
terceira geração dentro do contexto da psicologia. Portanto além de Mindfulness e
Mindful Eating os programas baseados em autocompaixão também se mostram
eficazes na melhoria de transtornos alimentares e desordens relacionadas assim como
a terapia de aceitação e compromisso e a dialética comportamental, já estudadas e
com evidências na literatura Científica(BRAUN; PARK; GORIN, 2016; LILLIS; KENDRA,
2014; TELCH; AGRAS; LINEHAN, 2001).
Apesar de existirem diversos protocolos e programas o TCME, principal e mais

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importante órgão regulamentador internacional das práticas, elaborou as diretrizes e
boas práticas para professores e instrutores de Mindful Eating. Essas diretrizes foram
baseadas nas diretrizes já existentes para as práticas de Mindfulness. No Brasil, através
do Centro Brasileiro de Mindful Eating, essas diretrizes já foram traduzidas e pontos
importantes serão destacados abaixo, de suma importância para profissional de saúde
que utiliza ou gostaria de aplicar as práticas.

1. Ter diploma profissional em profissões relacionadas à saúde mental ou física,


educação ou assistência social ou formação em ecologia, biologia ou ciência das
tecnologias alimentares.

2. Ter concluído, como participante, um programa baseado em atenção plena, como


exemplo o “Programa de Redução do Estresse com Base na Atenção Plena (MBSR)”,
Terapia Cognitiva Baseada na Atenção Plena (MBCT) e/ou prática de longo prazo sob a
orientação de um professor sênior numa tradição contemplativa (mínimo 3 anos).

3. Conclusão de uma formação profissional de 5 dias ou mais presencial em Mindful


Eating, com um professor que siga as Diretrizes do TCME para Professores de Mindful
Eating.

4. Ter conhecimento e experiência das populações específicas às quais o programa de


Alimentação Consciente será entregue (pessoas com comportamento alimentar
desordenado, comer em excesso, compulsão alimentar, alimentação extremamente
restritiva, anorexia, bulimia e ortorexia), incluindo experiência de ensino, outros
cuidados com estes grupos e/ou indivíduos.

5. Ter compromisso com uma prática pessoal de atenção plena, através da prática
formal e informal diária. Retiros em silêncio de Mindfulness anuais são recomendados
para manter e aprofundar a prática de um professor de Mindful Eatin.

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6. Compromisso com o desenvolvimento contínuo como professor, através de
formação contínua.

Em suma as diretrizes são norteadores para que se mantenha padrões de


qualidade nas práticas de Mindful Eating e compromisso pessoal dos instrutores com o
ensino.

Para se tornar um instrutor de Mindful Eating, conheça mais os programas, através dos
links:

- Mindfulness Based Eating Awareness Training (MB-EAT): https://www.mb-eat.com/


- Im i Hungry – Michelle May: https://amihungry.com/
- Well Nourished – Andrea Liberstein: http://yourwellnourishedlife.com/
- Mindful Eating Concious Living – Jan Chozen Bays: http://www.me-cl.com/
- Mindful Eating – Dra. Susan Albers - http://eatingmindfully.com/
- *Mindfulness based Eating Solution (Eat for Life) – Lynn Rossy:
http://lynnrossy.com/eat-life-program-registration-open/

*O centro brasileiro anualmente convida um autor para realizar a formação profissional, fornecendo os
matérias traduzidos e tradução simultânea. Para mais informações acesse
https://www.centrobrasileiromindfuleating.com/formacao

Um ponto diferenciado de Mindfulness e Mindful Eating de outras práticas,


abordagens ou terapias é a presença de experiências práticas e vivenciais, onde o
instrutor deverá também saber como manusear e explorar a experiência do
participante através aplicação do inquérito (inquiry) ou partilha.

Através do inquiry, perguntas centrais são utilizadas para explorar a experiência


do participante, como “O que percebeu em sua experiência? Como se relacionou com
isso? Isso é habitual para você?”. Através dessas perguntas, a experiência do
participante é explorada de forma a proporcionar o contato do participante de forma
compreensiva com sua experiência, trazer o conceito aplicado seja de Mindfulness ou
Mindful Eating a experiência relatada. O inquiry é, portanto, peça central uma vez que

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ele proporciona o contato com a experiência realizada e a ressignificação dos
conteúdos mentais relacionados ao comer(CRANE et al., 2013). Os autores Jon Kabat
Zinn, 2013 e Roberta Crane, 2013 ressaltam portanto, que nenhum conhecimento
teórico é capaz de suprir o conhecimento necessário para saber guiar as práticas e
também o Inquiry, destacando a importância da prática pessoal, para que haja
conhecimento, expertise e empatia com o processo(CRANE et al., 2013).

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MÓDULO 3: Porque mindfulness e mindful eating no contexto alimentar
atual?

Provavelmente você já tenha ouvido dizer a seguinte frase “Nunca se falou tanto em
comida e nunca as pessoas estiveram tão acima do peso”. Essa é uma frase da
Nutricionista Sophie Deram que brilhantemente resume o atual cenário relacionado ao
contexto nutricional e epidemiológico.
A obesidade é de fato crescente, e um estudo publicado na renomada revista
The Lancet avaliando ao longo de 33 anos a obesidade em diferentes países,
demonstrou que a obesidade aumentou 27,5% em adultos e 47,1% em crianças
quando comparado o ano de 2013 em relação ao ano de 1980. Além deste dado
crescente, outro dado de extrema relevância e destaque neste estudo é a não eficácia
de nenhum dos países estudados terem reduzido a obesidade nos últimos 33 anos.
Quando comparado este estudo com os últimos dados publicados em 2009 da
Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) avaliando a população brasileira observa-se tendência similar a
observada mundialmente, sendo a projeção para 2022 que o sobrepeso aumente para
65,2% e a obesidade para 24,8%(NG et al., 2014).
Ao observar esse cenário, destaca-se a importância de uma visão integrativa
para o indivíduo afim de auxilia-lo no processo de mudança, pontos estes que ainda
não estão presentes em grande parte das abordagens dos profissionais da área da
saúde. Parte da não visão integrativa nasce de um contexto histórico que será
brevemente abordado a seguir(ANDRÉIA; OLIVEIRA, 2008).
Rene Descartes, Aristóteles e Galileu, esclarecidos filósofos descreviam saúde
como ausência de doença, em outras palavras, estes filósofos compreendiam que

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assim como um relógio que se quebra ao trocar suas peças e concerta-lo ele voltará a
funcionar, em outras palavras, este modelo de saúde é conhecido como mecanicista.
Informações complementares podem ser encontradas no artigo de Andréia e Oliveira
2008.

A falta de uma visão integrativa, tem promovido um tratamento falho no que


condiz a obesidade. Observamos esse processo falho nos diversos dados publicados
relacionados a reganho de peso após o uso de tais intervenções (OMS,2007). Em
especial no que condiz ao contexto nutricional em especial a restrição alimentar como
forma de tratamento para a obesidade ou qualquer desvio nutricional. m 2007 a
Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou que 95% das pessoas que fazem dieta e
conseguem emagrecer, reganham seu peso ou mais em 5 anos (OMS,2007). Além da
OMS o pesquisador Martijn Katan em sua carta editorial escrita ao New England
Journal of Medicine a revista de Maior impacto científico no meio acadêmico destaca
que os fatores comportamentais são os influenciadores maiores para a perda de peso
do que a própria composição de macronutrientes presente na dieta e ainda que
destaca que sentimentos e pensamentos possuí extrema relevância nos
comportamentos dos indivíduos e por isso abordagens para perda de peso devem
incluir o componente comportamental(MARTIJN B, 2009).
A figura 1 abaixo, demonstra como a restrição alimentar pode afetar o
comportamento do indivíduo bem como suas emoções (frustação e tristeza) e
pensamentos. Um comportamento reflexo da restrição pode ser o exagero alimentar
ou chamado de overeating(CURIONI; LOURENÇO, 2005; DONNELLY et al., 2009). O
alimento pode ser utilizado também como forma de lidar com os sentimentos de afeto
negativo decorrentes ou não da alimentação. A restrição seguida de consumo
alimentar exagerado pode causar reflexos metabólicos importantes sendo estas,
características presentes em um comer desordenado(HERMAN, C. PETER AND POLIVY,
1984).

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Outros pontos destacáveis em relação a restrição alimentar é a dificuldade de se
mantê-la ao longo do tempo e a característica da restrição de não englobar os diversos
aspectos que promovem autoeficácia do indivíduo. Segundo bandura autoeficácia é a
confiança que uma pessoa tem na sua própria capacidade para completar uma
determinada tarefa ou resolver um problema(BANDURA, 1977). Na figura 2 adaptado
de Marlat e Donavan criadores do protocolo de prevenção de relapso e recaída
baseado em Mindfulness (MBRP), é possível compreender a diferente entre ter
estratégias de enfrentamento versus a ausência de estratégia de enfrentamento
mediante a uma situação de risco no aumento da autoeficácia(BOWEN et al., 2009).

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Utilizando a figura 1 como exemplo é possível notar que após o processo de
restrição alimentar pode haver a perda de controle e de forma subsequente o exagero
alimentar, mostrando a ausência de estratégia de enfrentamento do indivíduo frente a
situação de risco, no caso uma situação que envolve comida. De modo contrário, ao
fornecer estratégias de enfrentamento o indivíduo passa a lidar com os diversos
aspectos que influenciam a situação alimentar como o desconforto, a pressão social, o
desejo (fissura), expectativa de resutado e etc... A fornecer tais estratégias é possível
promover a autoeficácia e sustentar o comportamento a longo prazo que no exemplo
utilizado seria o não exagero.
Sabe-se então que os aspectos presentes na restrição alimentar como os
sentimentos de afeto negativo (frustação, culpa, cobrança) e a sensação de perda de
controle são componentes que reduzem a autoeficácia e não permitem a sustentação
do comportamento adequado a longo prazo. Por outro lado, Mindfulness e Mindful
Eating promove o ganho de habilidades centrada no indivíduo (habilidades de
enfrentamento) como a manutenção do equilíbrio emocional, não sobre identificação
com pensamentos e emoções, uso das sensações físicas de fome para começar a
comer e saciedade para parar de comer e ainda a preferir a qualidade acima da
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quantidade (KRISTELLER; WOLEVER, 2010) .
Como forma de resgatar os sinais internos de fome, Jean Kristeller desenvolveu
a prática da fome em seu protocolo (MB-EAT) para auxiliar indivíduos com compulsão
alimentar a resgatar seus sinais internos como forma de se alimentar uma vez que
estes indivíduos assim como comedores emocionais e ou desatentos podem comer na
ausência da fome física (KRISTELLER; WOLEVER, 2010).
É importante saber então diferenciar a fome física da fome emocional como
demonstrado na figura 3.

Após compreender a diferença entre os tipos de fome a prática formal auxilia


os indivíduos a se conectarem com sua fome física e ainda a utilizar uma nota para que
possam gerenciá-la.
Na figura 4 está descrito a nota da fome com suas respectivas sensações físicas
emergentes e padrões de pensamentos.

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Após a prática o indivíduo se torna mais hábil a compreender a sua fome e a
utiliza-la como uma das formas que lhe auxilia a começar a comer e tomar as suas
decisões alimentares. É importante salientar que esta prática não é a única utilizada
para fomentar promover habilidades centradas no indivíduo como forma de promover
autoeficácia. No Material complementar é possível observar o cronograma completo
do programa MB-EAT.
Além da habilidade de se utilizar as sensações físicas de fome como guia para
começar a comer, Mindfulness e Mindful Eating podem atuar modificando os sistemas
neurais relacionados ao comer. No estudo de Wijngaarden e colaboradores (2015)
fora demonstrado em obesos a atividade elevada em um região do cérebro chamada
de Amigdala e uma atividade reduzida do córtex pré-frontal. Ambas as regiões
cerebrais são determinantes do comportamento alimentar, sendo o córtex pré-frontal
responsável por escolhas alimentares conscientes e a amigdala por escolhas
alimentares mais inconscientes em resposta a estímulos de sobrevivência, como fome
excessiva por exemplo. Este estudo realizado com ressonância magnética funcional,
padrão ouro para esse tipo de avaliação, nos esclarece uma das possíveis relações
existentes entre a obesidade e os sistemas neurais determinantes do comportamento
alimentar. Mindfulness e Mindful Eating podem atuar nesses sistemas neurais através
do efeito de neuroplasticidade modificando a atividade dessas regiões explicando
parte de seus efeitos no comportamento alimentar(WIJNGAARDEN et al., 2015).
Na revisão sistemática de Gotink e colaboradores (2016) fora demonstrado que
a prática de meditação Mindfulness em 8 semanas pode promover modificações
neurais importantes, similares a meditadores de longa data. Essas modificações atuam
promovendo aumento na atividade do córtex pré-frontal e a redução na atividade da
amigdala(GOTINK et al., 2016). Vale, portanto, ressaltar que os programas de Mindful
Eating possuem como base a prática de Mindfulness e que estes efeitos em nosso
sistema neural podem em partes explicar os benefícios observados nas melhorias
comportamentais do indivíduo(CARRIÈRE et al., 2018; KATTERMAN et al., 2014;
O’REILLY, GILLIAN et al., 2015).

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MÓDULO 4: Desejo alimentar, comer emocional, compulsão e mindful
eating.

Nem toda restrição gera compulsão mas toda compulsão é fruto da restrição.
Não somente a compulsão mas também o comer emocional e o desejo alimentar
podem ser frutos da restrição alimentar. Teorias como a ironia da supressão do
pensamento, o efeito do fruto proibido, e a teoria da restrição alimentar nos ajudam a
compreender como a restrição alimentar pode atuar como gatilhos para esses
comportamentos(HERMAN, C. PETER AND POLIVY, 1984).
Em relação ao comer emocional pode ser compreendido como um forma do ser
humano se autorregular frente suas emoções. As psicólogas Evelyn Tribole e Elyse
Resch o descrevem em um escala de 1 a 5, sendo elas: 1.Gratificação sensorial ou seja
comer para gratificar os seus sentidos; 2. Confort food ou comidas que lhe tragam
algum conforto (exemplo: bolinho de chuva da avó); 3. Distração, ou comer de forma a
se distrair de alguma emoção; 4.sedação (comer a ponto de não ter contato nenhum
com as emoções que queira evitar) 5.Punição (não tem prazer em comer, portanto
comer é uma punição, presente em especial em quadros de bulimia e
anorexia)(TRIBOLE, 2003).
Comer emocional e Compulsão Alimentar podem apresentar traços em comum
que podem ser modificados pelas práticas de Mindful Eating. Para isso, vejamos a
definição de compulsão alimentar presente na DSM-V que a descreve como a ingestão,
em um período limitado de tempo (por exemplo, dentro de um período de duas
horas), de uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das
pessoas consumiria em um período similar, sob circunstâncias similares. Um
sentimento de falta de controle sobre o episódio (por exemplo, um sentimento de não
conseguir parar ou controlar o que ou quanto se come). Além destas descrições para
que seja caracterizado compulsão alimentar os episódios de compulsão alimentar
estão associados a três (ou mais) dos seguintes critérios: Comer muito e mais

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rapidamente do que o normal; Comer até sentir-se incomodamente repleto, Comer
grandes quantidades de alimentos, quando não está fisicamente faminto; Comer
sozinho por embaraço devido à quantidade de alimentos que consome, Sentir repulsa
por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente.
É possível destacar, portanto que tanto no comer emocional quanto na
compulsão alimentar dentre outros fatores ambos possuem em comum a desconexão
com os sinais de fome e saciedade. Mindful Eating portanto pode atuar de diversas
maneiras na compulsão alimentar e no comer emocional, sendo seus efeitos testados
e publicados em 2013 por Kristeller e Wolever em seu estudo clínico randomizado com
150 participantes com média, de 46 anos e IMC de 40kg/m², demonstrando-se
extremamente eficaz para a compulsão alimentar após um programa de 12 sessões de
Mindful Eating(KRISTELLER; WOLEVER, 2010). Em seu estudo Kristeller e Wolever
alocaram os participantes de forma aleatória e os distribuíram em 3 diferentes grupos,
sendo MB-EAT versus intervenção padrão que utilizou técnicas de Psicoeducação e
Cognitivo Comportamental (PECB) ou Lista de espera onde os participantes não
receberam nenhum tipo de intervenção durante o estudo. Os resultados mostraram
que após um mês de intervenção 80% dos participantes do grupo MB-EAT já não
atendiam mais os critérios para compulsão alimentar sendo que 25% reduziram para
zero o número de compulsões alimentares. Os resultados ainda, se mostraram eficazes
quatro meses após a intervenção, onde 95% do grupo MB-EAT já não atendiam aos
critérios diagnósticos para compulsão alimentar. É importante salientar que os
resultados dos grupos PECB foram similares ao do grupo MB-EAT, não apresentando
diferenças estatisticamente significativas.

Os autores ainda realizaram análises com aqueles indivíduos que relataram compulsão
alimentar durante a intervenção, a fim de avaliar o tamanho da porção consumida nos
momentos de compulsão alimentar representado na figura 4.

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Pode-se observar, portanto, que no momento pré os grupos se apresentavam
com as compulsões alimentares (74-87%) em porções médias e grandes e, quatro
meses após a intervenção (F/UP), os participantes do grupo lista de espera ainda
relatavam 85% das compulsões em porções médias e pequenas, enquanto que o grupo
PECB 59% eram médias e o grupo MB-EAT com melhores resultados, onde compulsão
por porções menores eram 60% versus 13% do grupo PECB.

Além dos efeitos sobre fome e saciedade a eficácia dos resultados


demonstrados no estudo MB-EAT se dá pelos mecanismos de mudança projetados que
envolvem a regulação do apetite e processos emocionais, aumentando a sensibilidade
aos processos hedônicos e menor reatividade a comportamentos habituais. Os autores
destacam ainda o desenvolvimento de habilidades relatadas pelos participantes, como
a melhoria substancial em sua capacidade de identificar e usar a fome e saciedade.
Ainda, nota-se entre os participantes uma redução significativa no consumo de
alimentos doces e alimentos ricos em gordura, de forma quantitativa e
qualitativa(KRISTELLER; WOLEVER, 2010).

Um importante destaque é dado pelos autores à prática de Mindfulness


utilizada pelo estudo, que corrobora com outros achados recentes já publicados,
demonstrando que a prática pode auxiliar na reorganização de processos relacionados
à compulsão, aumentando a apreciação e a satisfação de pequenas quantidades de

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alimentos e interrupção de gatilhos que possam desencadear os ciclos compulsivos,
como o ambiente e a exposição ao alimento(KRISTELLER; WOLEVER, 2010).

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MÓDULO 5: Evidências científicas

Ao investigar a literatura científica podemos encontrar alguns estudos de


revisão sistemática e meta-análise, estudos considerados da mais alta relevância no
meio acadêmico e que será abordado nesse capítulo uma vez que estes estudos nos
auxilia a compreender a literatura científica de forma compreensiva e abrangente uma
vez que estes estudos fazem uma análise através da compilação de diversos estudos já
publicados elucidando a variabilidade de resultados bem como a confiabilidade destes
em populações diferente.
No que condiz as práticas de Mindful Eating, este se enquadra dentro das
Intervenções baseadas em Mindfulness (IBM´s). O estudo da Kathryn M. Godfrey,
realizou uma revisão sistemática da literatura e meta-análise onde reúne diversos
artigos para compreender o efeito das IBM´s na compulsão alimentar(GODFREY;
GALLO, 2014).
Em seu estudo Kathryn, quis entender os efeitos dos programas baseados em
Mindfulness (IBM´s) assim como outras práticas baseadas em aceitação como Terapia
de aceitação e compromisso e Comportamental Dialética. Em sua maioria os estudos
incluídos foram conduzidos nos Estados Unidos, porém, apresentam-se ainda, estudos
do Canada, Suíça, Reino Unido e Austrália.
Comum em revisões de meta-análise o gráfico de Forest Plot apresentado na
figura abaixo, demonstra a cada linha o autor do estudo e seu respectivo resultado. A
linha pontilhada representa o efeito médio analisado pela pesquisa de -1.12 do
intervalo de confiança, em outras palavras após a analise dos estudos incluídos nessa
revisão as IBM´s em média podem promover uma redução de 112% na compulsão
alimentar.

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Após analisado os resultados encontrados nos estudos, Kathryn, comenta em
seu artigo que as IBM´s tem grande impacto em reduzir a compulsão alimentar,
podendo ser utilizado como uma forma de tratamento para paciente que se enquadre
dentro dessas condições (Critérios da DSM-V). Essa meta-análise incluiu o estudo de
Kristeller e Wolever comentado no Cápitulo 4 desta apostila.
Um ponto não investigado na meta-análise da Kathryn é variação de peso
apresentada pelos participantes, mas que foi investigada por Carrière e colaboradores
em seu estudo de meta-análise publicado em 2017. Carrière investigou, portanto, os
efeitos da IBM´s na perda de peso e em comportamentos relacionados a obesidade em
indivíduos com sobrepeso e obesidade. Em seu estudo, após a análise de 18 estudo, é
demonstrado que tais intervenções podem promover uma perda média de -3,3% do
peso corporal(CARRIÈRE et al., 2018).
É importante analisar esse resultado com cautela. O autor elucida em seu
estudo que este efeito não fora observado em estudos onde os participantes realizam
apenas práticas informais e observado somente nos participantes que realizavam as
práticas formais e informais (Para saber mais sobre prática forma e informal, vide
capítulo 1 desta apostila). Por outro lado, um ponto valioso deste estudo, é a análise
da manutenção de peso dos estudos avaliados. Os autores ressaltam ao comparar as
IBM´s versus Dieta, os estudos das IBM´s demonstram que os participantes
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continuaram perdendo peso após a intervenção enquanto que os participantes que
realizavam dieta e exercício reganharam (0,4% de peso), sugerindo que as alterações
em perda de peso são moderadas pelas mudanças no comportamento alimentar. O
estudo ainda, analisou a mudança em comportamentos alimentares como comer
emocional, compulsão alimentar e comer restritivo demonstrando que as IBM´s são
eficazes em promover melhorias a esses comportamentos. Os autores destacam o
papel dos exercícios de Mindful Eating como coadjuvante na melhoria de tais
comportamentos, mediada pela percepção da fome e saciedade e satisfação e o papel
da meditação em promover autoregulação aos indivíduos e os auxiliando a se tornar
conscientes dos gatilhos e padrões automáticos responsáveis pelos comportamentos
desordenados.
Os efeitos das IBM´s em comportamentos relacionados a obesidade, são bem
explorados na literatura científica. O estudo publicado por O´reilly e colaboradores
também evidenciou o efeito das IBM`s sobre o comer emocional. Os autores discutem
ainda como as IBM´s podem atuar nos indivíduos em especial em indivíduos obesos
pois estes, podem engajar mais facilmente no comer emocional que indivíduos não
obesos. Os autores explicam que o comer emocional pode ser uma estratégia mal
adaptativa a emoções negativas caracterizadas por impulsos a comida de forma a
suprimir as emoções negativas e que a prática de Mindfulness pode auxiliar esses
indivíduos a não reagirem e aceitarem as emoções negativas de forma habilidosa ao
invés de reagir as emoções negativas e tentar suprimi-las evitando o exagero ao comer
que ocorre quando os indivíduos comem de forma emocional(O’REILLY, GILLIAN A.;
COOK, LAUREN; SPRUIJT-METZ, DONNA; BLACK, 2015).

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