Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Como vimos acima, apesar de haver uma reminiscência nas tradições religiosas é
importante desatacar que Mindfulness não remete a nenhuma religião ou
religiosidade. Sabe-se portanto que Jon Kabat-zin, zen budista adaptou as práticas
desta tradição para o seu protocolo de redução de estresse (MBSR)(KABAT-ZINN, 1982,
2003).
O protocolo de MBSR foi o primeiro protocolo a surgir adaptando as práticas
contemplativas e da tradição dentro de um contexto acadêmico, sendo aplicado para
pacientes com estresse crônico(KABAT-ZINN, 1982). Em seguida, Mark Willians, Jonh
Teasdale e Zindel Seagal adaptam o protocolo de MBSR associando Mindfulness a
terapia cognitivo comportamental para o tratamento da depressão, denominando o
protocolo de Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness (MBCT – Mindfulness Based
Cognitive therapy), um dos protocolos com evidências mais robustas na literatura
científica e que modificou as politicas públicas no reino unido ao se mostrar tão eficaz
quanto o tratamento medicamentoso padrão para a depressão(KUYKEN et al., 2015;
TEASDALE et al., 2000).
5. Ter compromisso com uma prática pessoal de atenção plena, através da prática
formal e informal diária. Retiros em silêncio de Mindfulness anuais são recomendados
para manter e aprofundar a prática de um professor de Mindful Eatin.
Para se tornar um instrutor de Mindful Eating, conheça mais os programas, através dos
links:
*O centro brasileiro anualmente convida um autor para realizar a formação profissional, fornecendo os
matérias traduzidos e tradução simultânea. Para mais informações acesse
https://www.centrobrasileiromindfuleating.com/formacao
Provavelmente você já tenha ouvido dizer a seguinte frase “Nunca se falou tanto em
comida e nunca as pessoas estiveram tão acima do peso”. Essa é uma frase da
Nutricionista Sophie Deram que brilhantemente resume o atual cenário relacionado ao
contexto nutricional e epidemiológico.
A obesidade é de fato crescente, e um estudo publicado na renomada revista
The Lancet avaliando ao longo de 33 anos a obesidade em diferentes países,
demonstrou que a obesidade aumentou 27,5% em adultos e 47,1% em crianças
quando comparado o ano de 2013 em relação ao ano de 1980. Além deste dado
crescente, outro dado de extrema relevância e destaque neste estudo é a não eficácia
de nenhum dos países estudados terem reduzido a obesidade nos últimos 33 anos.
Quando comparado este estudo com os últimos dados publicados em 2009 da
Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) avaliando a população brasileira observa-se tendência similar a
observada mundialmente, sendo a projeção para 2022 que o sobrepeso aumente para
65,2% e a obesidade para 24,8%(NG et al., 2014).
Ao observar esse cenário, destaca-se a importância de uma visão integrativa
para o indivíduo afim de auxilia-lo no processo de mudança, pontos estes que ainda
não estão presentes em grande parte das abordagens dos profissionais da área da
saúde. Parte da não visão integrativa nasce de um contexto histórico que será
brevemente abordado a seguir(ANDRÉIA; OLIVEIRA, 2008).
Rene Descartes, Aristóteles e Galileu, esclarecidos filósofos descreviam saúde
como ausência de doença, em outras palavras, estes filósofos compreendiam que
Nem toda restrição gera compulsão mas toda compulsão é fruto da restrição.
Não somente a compulsão mas também o comer emocional e o desejo alimentar
podem ser frutos da restrição alimentar. Teorias como a ironia da supressão do
pensamento, o efeito do fruto proibido, e a teoria da restrição alimentar nos ajudam a
compreender como a restrição alimentar pode atuar como gatilhos para esses
comportamentos(HERMAN, C. PETER AND POLIVY, 1984).
Em relação ao comer emocional pode ser compreendido como um forma do ser
humano se autorregular frente suas emoções. As psicólogas Evelyn Tribole e Elyse
Resch o descrevem em um escala de 1 a 5, sendo elas: 1.Gratificação sensorial ou seja
comer para gratificar os seus sentidos; 2. Confort food ou comidas que lhe tragam
algum conforto (exemplo: bolinho de chuva da avó); 3. Distração, ou comer de forma a
se distrair de alguma emoção; 4.sedação (comer a ponto de não ter contato nenhum
com as emoções que queira evitar) 5.Punição (não tem prazer em comer, portanto
comer é uma punição, presente em especial em quadros de bulimia e
anorexia)(TRIBOLE, 2003).
Comer emocional e Compulsão Alimentar podem apresentar traços em comum
que podem ser modificados pelas práticas de Mindful Eating. Para isso, vejamos a
definição de compulsão alimentar presente na DSM-V que a descreve como a ingestão,
em um período limitado de tempo (por exemplo, dentro de um período de duas
horas), de uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das
pessoas consumiria em um período similar, sob circunstâncias similares. Um
sentimento de falta de controle sobre o episódio (por exemplo, um sentimento de não
conseguir parar ou controlar o que ou quanto se come). Além destas descrições para
que seja caracterizado compulsão alimentar os episódios de compulsão alimentar
estão associados a três (ou mais) dos seguintes critérios: Comer muito e mais
Os autores ainda realizaram análises com aqueles indivíduos que relataram compulsão
alimentar durante a intervenção, a fim de avaliar o tamanho da porção consumida nos
momentos de compulsão alimentar representado na figura 4.
ANDRÉIA, J.; OLIVEIRA, N. DE. Percepção dos obesos sobre o discurso do nutricionista
Percepção dos obesos sobre o discurso do nutricionista. 2008.
BRAUN, T. D.; PARK, C. L.; GORIN, A. Self-compassion, body image, and disordered
eating: A review of the literature. Body Image, v. 17, p. 117–131, 2016.
BROWN, K. W.; RYAN, R. M. The Benefits of Being Present : Mindfulness and Its Role in
Psychological Well-Being. v. 84, n. 4, p. 822–848, 2003.
BUSH, H. E. et al. Eat for life: Awork site feasibility study of a novel Mindfulness-based
intuitive eating intervention. American Journal of Health Promotion, v. 28, n. 6, p.
380–388, 2014.
CURIONI, C. C.; LOURENÇO, P. M. Long-term weight loss after diet and exercise: A
systematic review. International Journal of Obesity, v. 29, n. 10, p. 1168–1174, 2005.
GOTINK, R. A. et al. 8-week Mindfulness Based Stress Reduction induces brain changes
similar to traditional long-term meditation practice – A systematic review. Brain and
Cognition, v. 108, p. 32–41, 2016.
HERMAN, C. PETER AND POLIVY, J. A boundary Model For the regulation of Eating.
Psychiatric annals, v. 13, n. 12, p. 918–927, 1984.
JORDAN, C. H. et al. Mindful Eating : Trait and state Mindfulness predict healthier
eating behavior. PERSONALITY AND INDIVIDUAL DIFFERENCES, v. 68, p. 107–111,
2014.
LILLIS, J.; KENDRA, K. E. Acceptance and commitment therapy for weight control:
Model, evidence, and future directions. Journal of Contextual Behavioral Science, v. 3,
n. 1, p. 1–7, 2014.
MARTIJN B, K. Weight-Loss Diets for the Prevention and Treatment of Obesity. Nejm, v.
369, n. 9, p. 923–925, 2009.
NG, M. et al. Global , regional , and national prevalence of overweight and obesity in
children and adults during 1980 – 2013 : a systematic analysis for the Global Burden of
Disease Study 2013. v. 6736, n. 14, p. 1–16, 2014.
STARFIELD, B. et al. The concept of prevention : a good idea gone astray ? p. 580–583,
2008.
TELCH, C. F.; AGRAS, W. S.; LINEHAN, M. M. Dialectical behavior therapy for binge
eating disorderJournal of Consulting and Clinical Psychology, 2001.
WARREN, J. M.; SMITH, N.; ASHWELL, M. A structured literature review on the role of
Mindfulness , Mindful Eating and intuitive eating in changing eating behaviours :
effectiveness and associated potential mechanisms Nutrition Research Reviews. 2017.