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Vamos falar de Perturbações Alimentares

As perturbações alimentares envolvem emoções, atitudes e comportamentos


excessivos em tudo o que se refere ao peso e à comida. São, por isso, perturbações de
natureza emocional e física que podem colocar a vida em risco. As perturbações
alimentares são doenças graves associadas com um nível elevado de morbilidade e
encargo com a doença. Têm um impacto negativo em aspetos físicos, cognitivos,
sociais e psicológicos de saúde e estão associadas com níveis elevados de mortalidade.
(NEDC, 2010; Ordem dos Psicólogos Portugueses, 2014)
Uma perturbação alimentar resulta e é mantida por uma combinação de fatores (e.g.
familiares, pessoais, culturais, genética, biológica, psicológica a ambiental) mas
normalmente inicia-se com uma dieta. Pessoas bastante preocupadas com a forma
corporal e com o peso, raramente se vêm como estando doentes e tentam esconder o
seu comportamento. Pessoas com uma baixa autoestima e perfeccionistas, são
particularmente vulneráveis a uma perturbação alimentar. (Universidade de Coimbra,
2022)
De seguida, importa referir quais as perturbações alimentares existentes segundo a
DSM V:
 Pica: Ingestão persistente de substâncias não nutritivas, não alimentares,
durante um período mínimo de um mês;
 Perturbação de Ruminação: Regurgitação repetida (fazer voltar à boca ou
esófago um alimento que se encontra no estômago) de alimento durante um
período mínimo de um mês. O alimento regurgitado pode ser remastigado,
novamente deglutido ou cuspido;
 Perturbação Alimentar Restritiva/Evitativa: Uma perturbação alimentar (p.
ex., falta aparente de interesse na alimentação ou em alimentos; evitamento
baseado nas características sensoriais do alimento; preocupação acerca de
consequências aversivas alimentar) manifestada por fracasso persistente em
satisfazer as necessidades nutricionais e/ou energéticas apropriadas;
 Perturbação de Compulsão Alimentar: Episódios recorrentes de compulsão
alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado pelos
seguintes aspetos:
o Ingestão, num período determinado (p. ex., dentro de cada período de
duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do
que a maioria das pessoas consumiria no mesmo período sob
circunstâncias semelhantes.
o Sensação de falta de controlo sobre a ingestão durante o episódio (p.
ex., sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e o
quanto se está ingerindo).
Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos
seguintes aspetos: Comer mais rapidamente do que o normal; Comer até se
sentir desconfortavelmente cheio; Comer grandes quantidades de alimento na
ausência da sensação física de fome; Comer sozinho por vergonha do quanto se
está a comer e Sentir-se desgostoso de si mesmo, deprimido ou muito culpado
em seguida.
 Anorexia Nervosa: Restrição da ingesta calórica em relação às necessidades,
levando a um peso corporal significativamente baixo no contexto de idade,
género, trajetória do desenvolvimento e saúde física. Peso significativamente
baixo é definido como um peso inferior ao peso mínimo normal ou, no caso de
crianças e adolescentes, menor do que o minimamente esperado. Envolve um
medo intenso de ganhar peso ou de engordar, ou comportamento persistente
que interfere no ganho de peso, mesmo estando com peso significativamente
baixo. Trata-se de uma perturbação no modo como o próprio peso ou a forma
corporal são vivenciados, influência indevida do peso ou da forma corporal na
autoavaliação ou ausência persistente de reconhecimento da gravidade do
baixo peso corporal atual;
 Bulimia Nervosa: Episódios recorrentes de compulsão alimentar e
comportamentos compensatórios inapropriados recorrentes a fim de impedir o
ganho de peso, como vómitos autoinduzidos; uso indevido de laxantes,
diuréticos ou outros medicamentos; jejum; ou exercício em excesso. Um
episódio de compulsão alimentar é caracterizado pelos seguintes aspetos:
o Ingestão, num período de tempo determinado (p. ex., dentro de cada
período de duas horas), de uma quantidade de alimento
definitivamente maior do que a maioria dos indivíduos consumiria no
mesmo período sob circunstâncias semelhantes;
o Sensação de falta de controlo sobre a ingestão durante o episódio (p.
ex., sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e o
quanto se está a ingerir).
No que diz respeito à prevenção das perturbações alimentares importa salientar duas
das principais:
 Prevenção primária: a mais validade é a da literacia dos média, que promove
uma avaliação crítica do corpo magro ideal e dos ideais de corpo veiculados
pelos média:
 Prevenção secundária: as mais validadas são as cognitivo-comportamentais,
que promovem pensamentos sobre a imagem e a forma do corpo, a
alimentação, o peso, o exercício mais saudáveis e equilibrados. (NEDC, 2010;
Ordem dos Psicólogos Portugueses, 2014)
Em relação ao tratamento, deve ser iniciado o mais precocemente possível. Quando
mais tardio for, mais difícil será alcançar bons resultados. O papel do psicólogo ou
psiquiatra é essencial para um tratamento eficaz das perturbações alimentares. De um
modo geral, esta terapêutica deve envolver uma equipa multidisciplinar para detetar e
tratar os problemas físicos associados às perturbações alimentares e nutricionistas
para desenhar o melhor plano alimentar em cada caso.
Como dicas sobre o que podes fazer perante uma perturbação alimentar, saliento as
seguintes:
 Fazer refeições regulares – pequeno-almoço, almoço e jantar;
 Se o teu peso for muito baixo, faz também pequenos lanches a meio da manhã,
a meio da tarde e à noite;
 Tenta pensar num passo de cada vez para teres uma alimentação mais
saudável. Se não conseguires tomar o pequeno-almoço, tenta sentares-te à
mesa durante a hora do pequeno-almoço e beber apenas um copo de água.
Quando te habituares a isto, começa por comer qualquer coisa, nem que seja
apenas uma tosta, mas fá-lo todos os dias;
 Mantém um diário do que comes, quando comes e o que pensas e sentes ao
longo do dia. Podes utilizar isto para ver se existe relação entre como te sentes,
o que pensas e o que comes;
 Tenta ser honesto(a) sobre o que comes e o que não comes, não só contigo
mesmo(a) como com as outras pessoas;
 Lembra-te que quanto mais peso perdes, mais ansioso(a) e deprimido(a) te
sentes;
 Faz duas listas: uma com o que a tua perturbação alimentar te trouxe, e outra
com o que perdeste com ela;
 Tenta ser gentil com o teu corpo, não o castigues;
 Certifica-te de que sabes qual é um peso ideal razoável para ti, e perceber
porquê;
 Procura ajuda! (Universidade de Coimbra, 2022)
Como conclusão, deixo alguns dados relevantes. As perturbações alimentares são
problemas psicopatológicos sérios que afetam principalmente as mulheres jovens,
sendo o grupo de maior risco as mulheres dos 15 aos 24 anos. (Machado, et al., 2004)
Wittchen et al. (2011) estimam que as perturbações alimentares afetem1,5 milhões de
pessoas na Europa. Todas as perturbações alimentares têm um grau de mortalidade
elevado, acarretam sofrimento pessoal e representam um encargo social e económico
elevado. Wittchen et al. (2011) estimam que, na Europa, o impacto económico atinja
os €827 milhões. (NEDC, 2010; Ordem dos Psicólogos Portugueses, 2014)

Proposta de filmes: To the Bone (2017) e Compulsion (2013)


Proposta de livros: Distúrbios Alimentares de Suzanne Abraham (2010) e Fome de
Perfeição de Diana Mendes (2017)

Bibliografia
American Psychiatnc Association. (2013). DSM-5 - MANUAL DIAGNOSTICO E
ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS. (M. I. Nascimento, Trad.) Artmed.
CUF. (26 de setembro de 2022). Perturbações alimentares. Obtido de CUF:
https://www.cuf.pt/saude-a-z/perturbacoes-alimentares
Machado, P. P., Soares, I., Sampaio, D., Torres, A. R., Gouveia, J. P., Oliveira, C. V., &
Portugal, C. B.-6. (janeiro-março de 2004). Perturbações Alimentares em Portugal:
Padrões de Utilização dos Serviços. revista de informação e divulgação científica do
NDCA, 1(1).
Ordem dos Psicólogos Portugueses. (2014). Contributos da Psicologia no Excesso de
Peso, Obesidade e Perturbações Alimentares. Lisboa.
Universidade de Coimbra. (26 de setembro de 2022). PERTURBAÇÕES ALIMENTARES.
Obtido de
https://www.uc.pt/++preview++/sasuc/ServicosApoioEstudantes/GAP/GAP_DICAS_Per
turbacoes_Alimentares.pdf

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