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Vamos falar de Bullying

Bullying é um termo de origem inglesa. Em Portugal, têm sido utilizados termos como
“intimidação”, “prepotência”, “violência escolar entre pares”, entre outros. Bullying é uma
subcategoria do comportamento agressivo; mas de um tipo particularmente prejudicial, uma
vez que é dirigido, com frequência repetidas vezes, a uma vítima que se encontra incapaz de se
defender a si própria eficazmente. (Tarouca & Pires, 2011)
O bullying é um comportamento intencionalmente agressivo e humilhante, que ocorre
repetidamente e que pode incluir ameaçar, espalhar boatos, atacar alguém fisicamente (bater,
arranhar, cuspir, roubar ou partir objetos) ou verbalmente (chamar nomes, provocar, dizer às
outras crianças para não serem amigas de uma delas, fazer troça) ou excluir alguém do grupo
propositadamente. (Ordem dos Psicólogos Portugueses, 2014)
O bullying não faz parte do desenvolvimento normativo de uma criança ou jovem!
Desentendimentos breves são conflitos normais ao desenvolvimento — e desejáveis,
enquanto oportunidades de desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas, e
resolvem-se em pouco tempo. O bullying distingue-se dessas situações pela intencionalidade e
continuidade do comportamento no tempo, numa relação caracterizada por uma diferença de
poder ou força, tornando-se por isso uma forma grave de agressão, sendo causa de grande
sofrimento emocional e dificuldades sociais em crianças e jovens, podendo impedir o
desenvolvimento adequado da sua personalidade e limitar o seu ajustamento psicológico,
além das consequências mais imediatas para o seu bem-estar e segurança. (Ramalho, 2022)
Como condicionantes para o aparecimento deste comportamento, destacam-se:
 Características pessoais, nomeadamente de temperamento;
 Falta de empatia relativamente à outra pessoa;
 Características do ambiente escolar – existência ou não existência de mecanismos de
supervisão, de mecanismos de denúncia e, consequentemente, de intervenção e de
práticas e de projetos anti-bullying;
 Fatores relacionados com a composição e atuação do grupo de pares. Por exemplo, a
existência de observadores/as, que optem por uma posição mais proativa de apoio às
vítimas, constitui um fator essencial na prevenção deste tipo de comportamentos, em
contexto escolar;
 Fatores familiares – presença ou ausência de maior supervisão, de práticas punitivas
no seio familiar ou, por outro lado, de superproteção. (REPÚBLICA PORTUGUESA,
2022)
Relativamente às consequências do bullying para as vítimas, enumeram se as seguintes:
 Sentimentos de mal-estar;
 Maior tristeza;
 Baixa autoestima;
 Frequentes variações de humor;
 Súbitas alterações de comportamento (enurese noturna, tiques, problemas de
sono, pesadelos, perda de apetite, roer as unhas, choro fácil, gaguez…);
 Alguma tendência ao isolamento;
 Maior propensão para comportamentos depressivos e/ou mesmo autolesivos ou
até, em situações mais graves, ideação suicida ou mesmo suicídio;
 Possíveis alterações ao nível do aproveitamento escolar, com uma diminuição da
atenção/concentração, dificuldade na integração do grupo de pares e um número
reduzido de amigos/as;
 Perceção do ambiente escolar como hostil e pouco securizante.
 Problemas a nível das relações íntimas na vida adulta e dificuldade em confiar nos
outros (Gilmartin, 1987);
 Problemas de ajustamento social na adolescência e vida adulta (Parker & Asher,
1987);
 Incapacidade de se relacionarem com os outros em adultos (Besag, 1989; Olweus,
1991; 1993). (REPÚBLICA PORTUGUESA, 2022)
No que diz respeito às consequências para os agressores, salientam se as seguintes:
 Níveis inferiores de empatia, em relação ao sofrimento que provocam;
 Dificuldade em fazer e manter amigos;
 Baixa tolerância à frustração;
 Competências de resolução de problemas pobres ou agressivas;
 Mais impulsivos;
 Intolerância em relação às diferenças;
 Atitudes preconceituosas;
 Adotar comportamentos agressivos e desafiadores, noutros contextos, com pares
e adultos;
 Maior envolvimento em comportamentos de risco para a saúde, tais como fumar,
beber álcool ou usar drogas;
 Previsões pessimistas acerca das futuras capacidades de adaptação social das
crianças com comportamentos de tipo “desviante” ou perturbações da conduta;
 Persistência dessas condutas antissociais em adultos;
 Maior probabilidade de se envolverem, precocemente, em comportamentos de
delinquência, vandalismo ou criminalidade. (REPÚBLICA PORTUGUESA, 2022)
Como conclusão, saliento as diferentes formas de prevenir e lidar com o bullying:
 Desenvolvimento de interações mais positivas entre os jovens;
 Comunicação mais assertiva;
 Resolução construtiva de problemas e conflitos;
 Desenvolver o autocontrolo;
 Estratégias de pensamento reflexivo;
 Desenvolver a empatia;
 Cooperação e respeito pelo outro;
 Capacidade de resiliência;
 Estimular a autoestima;
 Promover a comunicação entre pais e filhos, ajudando a perceber como é o seu dia
a dia, a saber o que o seu filho pensa e quais as suas escolhas e comportamentos
em situações de conflito que vive ou assiste, como é capaz de limitar uma escalada
no conflito ou assumir comportamentos responsáveis e pró-sociais é uma forma
de intervenção. (Ramalho, 2022)

Proposta de filmes: CODA (2021) e Wonder (2017)


Proposta de livros: UM POR TODOS, TODOS CONTRA O BULLYING de Rute Agulhas e Susana
Amorim (2020) e Cyberbullying: Um guia para pais e educadores de Sónia Seixas, Luís
Fernandes e Tito de Morais (2016)

Bibliografia
Ordem dos Psicólogos Portugueses. (20 de outubro de 2014). Dia Mundial do Combate ao Bullying. Obtido de
ORDEM DOS PSICÓLOGOS: https://www.ordemdospsicologos.pt/pt/noticia/1252
Ramalho, S. (29 de setembro de 2022). O bullying tem impacto na saúde? (V. Saúde, Entrevistador) Obtido de
https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/bullying_e_o_impacto_na_saude.pdf
REPÚBLICA PORTUGUESA . (28 de setembro de 2022). Área Governativa da Educação. Obtido de Sem Bullying sem
Violencia: https://www.sembullyingsemviolencia.edu.gov.pt/
Tarouca, A., & Pires, P. (dezembro de 2011). Bullying NÃO: RECURSOS DIGITAIS. Lisboa: Instituto de Apoio à Criança.

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