Você está na página 1de 2

ORIENTAÇÕES PARA RECUSA ALIMENTAR INFANTIL

É freqüente entre pais e familiares as queixas sobre a rotina alimentar das crianças,
seu apetite e suas preferências. Muitas mães chegam ao consultório pedindo ajuda
para o filho que “não come nada” ou falando “meu filho come só isso”. Nessa fase é
essencial buscar informações e agir com calma, a fim de tornar a refeição um
momento natural e prazeroso.

A introdução de novos alimentos exige dedicação, para a criança não criar seus
próprios costumes incorretamente.  Nos primeiros anos de vida da criança, é
importante formar bons hábitos alimentares para suprir suas necessidades nutricionais
e garantir um crescimento saudável.

POR QUE ACONTECE A MUDANÇA DE APETITE DURANTE A INFÂNCIA?

É normal a mudança do apetite durante algumas etapas do crescimento. Um bebê


possui um apetite maior, devido ao seu rápido crescimento e metabolismo intenso. À
medida que a criança se desenvolve, e começa a se socializar, a explorar seu espaço
e sua autonomia, a alimentação que era sua única fonte de prazer e atenção, fica em
segundo plano, afinal, ela percebe muitas coisas mais interessantes ao seu redor.
Portanto, é esperado que a criança não sinta tanta fome, desde que isso não
prejudique seu crescimento ou sua saúde.

MAS O QUE FAZER?

É fundamental que os pais e familiares não se desesperem perdendo o controle da


situação.

Brigar ou forçar a criança a comer contribuirá para a recusa do alimento. Assim como
estratégias de chantagem ou oferecer recompensas, como por exemplo, “se comer
todos os legumes, ganha a sobremesa”, reforçando para a criança que os legumes
são “ruins” e gostoso mesmo é o “prêmio”, a sobremesa.  Outro erro frequente é a
oferta de alimentos bem aceitos (como iogurtes, bolachas) quando a criança se recusa
a comer uma refeição completa, apenas para que a mesma não fique sem comer
nada. Essa tática é vantajosa para a criança, e com certeza, ela irá recusar outras
refeições para comer o que prefere.

É um processo natural a criança não aceitar certos alimentos nas primeiras ofertas.
Estudos afirmam que a criança precisa provar o alimento, se acostumar e se
condicionar a gostar, e essa aceitação pode ocorrer somente após experimentar 12
até 15 vezes o mesmo alimento. Ou seja, os pais não podem desistir nesse período
pensando que a criança não gosta do alimento, é a repetição que diminui o medo de
experimentar novos sabores.

OUTRAS DICAS IMPORTANTES NESSA FASE:

O ambiente durante a refeição deve ser agradável, sem barulhos ou TV ligada, para


não distrair a criança;

A criança pode participar da preparação do alimento e montagem do prato, para


estimular sua curiosidade e interesse pelos alimentos;

As refeições devem ser atrativas, com alimentos variados, diversas cores, formatos,
texturas para chamar a atenção da criança. Quanto mais colorida, mais nutritiva e
atrativa.

Não forçar a criança a comer. Se ela recusar, não ofereça outro alimento em troca.
Espere a criança ter fome, e ofereça a mesma refeição;

Estabeleça horários fixos e tempo para a refeição. Não ofereça guloseimas entre as
refeições para não diminuir o apetite da criança na hora da alimentação;

Não demonstrar ansiedade, nervosismo, gritar ou punir a criança quando recusar o


alimento. Essas atitudes reforçam a recusa e desgastam os pais e os filhos.

Evite oferecer bebidas, como sucos, chás, leite ou iogurtes nos intervalos entre as
refeições, pois essas bebidas contêm açúcares e podem diminuir o apetite. Procure
oferecer água nesses intervalos.

A criança logo aprende que os pais ficam felizes quando ela “come tudo”. Porém,
“pratos cheios” desencorajam a criança a iniciar a refeição, pois ela já sabe que não
conseguirá comer tudo e que a reação dos pais será negativa. Então procure oferecer
porções pequenas, assim a criança ao ver o prato terá a expectativa de que
conseguirá “comer tudo” e se sentirá encorajada a fazer a refeição. Inicie com porções
equivalentes ao tamanho da mão fechada da criança e aumente o volume da refeição
somente se ela passar a aceitar tudo.

E o principal, consulte sempre o pediatra ou um nutricionista, para uma avaliação


individual da alimentação e crescimento de seu filho.

REFERÊNCIAS:

RAMOS, M; STEIN, LM. Desenvolvimento do comportamento alimentar infantil. Jornal


de Pediatria, Vol. 76, Supl.3, S229-S237, 2000.
KACHANI, AT; ABREU, CLM; LISBOAS, BH; FISBERG, M. Seletividade alimentar da
criança. Pediatria (São Paulo) 27:48-60, 2005.
 
ABREU, CLM, FISBERG M. A inapetência na infância. Recusa alimentar: o que fazer
com a criança que não come? Alimentação na Infância 2003;2:1-8
PHILIPPI, Sonia Tucunduva; CRUZ, Ana Teresa Rodrigues  and  COLUCCI, Ana
Carolina Almada. Pirâmide alimentar para crianças de 2 a 3 anos. Rev. Nutr. 2003,
vol.16, n.1, pp. 5-19.

Você também pode gostar