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CURSO DE

AUTISMO E
SELETIVIDADE
ALIMENTAR - TERAPIA
ALIMENTAR COM
ABORDAGEM ABA

Material de Estudo
AULA 4
Professora Responsável:
Psicopedagoga Jéssica Cavalcante

www.institutoneuro.com.br
AUTISMO E
SELETIVIDADE
ALIMENTAR -
TERAPIA
ALIMENTAR COM
ABORDAGEM ABA
Curso com carga horária de 120 horas.

Elaborado e ministrado por Jéssica Cavalcante.

Disponível em www.institutoneuro.com.br
A autora reserva-se no direito de proibir o
compartilhamento e distribuição desse
documento.
Protegido por direitos autorais. Manuseio
exclusivo dos alunos do curso, vinculados no site
do Instituto Neuro.

Todo o conteúdo apresentado nesse


documento foi baseado em livros renomados e
artigos científicos. Algumas citações são feitas ao
longo do documento, outras estão apresentadas
na seção de Referências, no final do mesmo.

IMPORTANTE:
O OBJETIVO DO CURSO E AS REFERÊNCIAS
EXPOSTAS NESSE REFERIDO MATERIAL DE
APOIO SÃO PERTINENTES A TODO O CONTEÚDO
DE APOIO PRESENTE NA PLATAFORMA.
COMO PODEMOS
INTERVIR
Como podemos intervir?

Antes de começar a discutir aspectos gerais da intervenção, é


importante informar que não existem receitas únicas ou padronizadas
para a intervenção de distúrbios alimentares em crianças com autismo.
Neste curso, ofereceremos critérios, diretrizes e estratégias que deverão
ser testadas e alteradas para se ajustar a cada caso, cada criança e cada
situação específica.
Conhecer as possíveis causas pelas quais um distúrbio alimentar de
uma criança com TEA nos fornece o conhecimento necessário para
basear nossa intervenção em critérios sólidos e fundamentados. Um dos
objetivos, é, portanto, reduzir os comentários que podem ocorrer em
torno do tema do tipo "não come porque não quer“; Intervir sem saber
produz intervenções errôneas com efeitos contrários ao desejado.
COMO INTERVIR ?

POR QUE ? SINTOMATOLOGIA


Finalmente, devemos levar em conta os efeitos colaterais que às
vezes têm a medicação e que também se refletem na dieta. Alguns dos
efeito,s como falta de apetite, função prejudicada gastrointestinal
(náusea, vômito, diarréia), lesões no revestimento intestinal, ou
distúrbios psicológicos / psiquiátricos, como depressão, agitação,
ansiedade, nervosismo, apatia, concentração reduzida, são variáveis que
devemos levar em conta.
Todas as pessoas dentro de nossas casas têm hobbies, costumes que
provavelmente não demonstramos e podemos controlar em outras situações. Em
nossa casa nos sentimos seguros, é o nosso espaço. O mesmo acontece conosco em
relação às pessoas; nós não nos comportamos da mesma forma/Maneira com todos.
De acordo com o que sabemos, o que podemos esperar do outro, então nós nos
comportaremos. O mesmo vale para crianças com autismo. Isso é chamado de
condicionamento. Eles são condicionados em casa a alguns normas, a certos
comportamentos.
Quando começamos a alimentar na terapia, é recomendável que você leve uma
pessoa fora da família e longe de casa exatamente para quebrar esses
condicionamentos criados. Dessa forma, uma nova pessoa em um novo local é uma
nova norma, que facilitará nosso trabalho, pois rompemos o condicionamento. Além
disso, o adulto fora da família estabelece com a criança uma distância emocional, que
muitas vezes permite que seu trabalho seja sistemático e com uma atitude firme.
Quando não é possível que o programa seja
executado por outra pessoa, seja por falta de serviços
da comunidade ou de entidades privadas, por
incompatibilidades, devido a problemas financeiros
ou por qualquer outro motivo, as diretrizes
apresentadas neste curso são igualmente
aplicáveis ​em casa, no entanto, o esforço é maior e os
resultados provavelmente levarão mais tempo para
aparecer.
ATITUDE-ADEQUAÇÃO DO ADULTO

Uma das principais chaves para a criança com autismo


começar a comer é a atitude da pessoa que vai realizar a
terapia de alimentação. É fundamental mostrar uma atitude
segura. Você tem que estar convencido de que a criança vai
acabar comendo, porque senão a insegurança será
manifestada em suas ações e a criança vai entender. Ao
escolher a pessoa para realizar a terapia, devemos valorizar
isso.
Se você é uma pessoa nova, teria que estabelecer um bom
relacionamento com a criança (vinculo terapêutico). A comida,
especialmente no começo, pode ser um momento tenso, então a
criança tem que entender que essa pessoa exigirá certas coisas durante
a refeição, mas também pode ser divertido, amoroso, estável, etc. fora
desses momentos. Com os membros da família, às vezes as crianças
estabelecem relacionamentos muito particulares, como rir sempre que
essa pessoa está zangado porque ele gosta de sua expressão ou ignora
as regras sempre que vêm de um certo adulto. Esses são os fatores que
teremos que evitar no caso de um membro da família estar realizando a
terapia.
“Pouco falador”. Precisamos estabelecer uma comunicação clara,
simples e concisa. Linguagem excessiva cria caos e confusão, além de
clima nervoso.
No momento da refeição, queremos que pare de ser
temido e o transforme em um momento agradável em que se
entende que comer é um ato agradável. Então, começaremos
transmitindo isso, sensação para o adulto. Uma atitude calma
é essencial.
Às vezes, gravar vídeo ajuda a ver como nos comportamos,
já que muitas vezes somos convencidos de estar calmos
diante da situação e, quando nos visualizamos, percebemos
que é fingido e que esse nervosismo é normalmente devido a
falta de segurança.
Finalmente, recomendamos uma atitude firme e amorosa.
Deixar as regras claras não significa gritar, ficar bravo ou
nervoso.
Em muitas ocasiões, encontramos casos de crianças que sabem usar
talheres como uma colher ou um garfo ou para uma intervenção em que
objetivos não foram devidamente priorizados. A autonomia foi ensinada
antes de expandir o menu de comida. O que acontece nesses casos é
que, se a criança come sozinha, temos poucas opções para aumentar o
repertório de refeições e para que o adulto adquira o controle da
situação alimentar.
Em muitos casos, é aconselhável que o adulto alimente a criança,
priorizando comer, para comer sozinho. Em alguns casos isolados,
podemos manter a autonomia da criança, desde que concordem em
permanecer sentados na frente da comida e trabalhando com
negociações firmes nas quais seja claro quem controla a comida e que
você pode acessar.
AMBIENTE

Quando realizamos terapia fora do ambiente familiar, quebramos o condicionamento que


possa existir associado ao local. A ideia é "novo lugar, novas regras ”. No entanto, quando a
intervenção for realizada em casa, essa ruptura não ocorre, precisamos encontrar uma solução
intermediária.
Às vezes é muito eficaz mudar o local onde vamos alimentá-lo: até agora estávamos fazendo
isso na sala de estar, trocando, por exemplo, a cozinha. Outras vezes, a inflexibilidade da criança
evita fazer esse tipo de mudança, pois pode causar grandes problemas de comportamento. Se
assim for, podemos tirar proveito de outras situações naturais para estabelecer novas regras.
Além disso, é importante que o ambiente seja calmo, evitando contextos onde há muito
barulho. Por exemplo, evitaremos iniciar a terapia de alimentação em uma sala de jantar comum
de um centro escolar. Não apenas porque o ruído pode atrapalhar a criança, mas também
porque a situação pode nos provocar insegurança e nervosismo. Em casa, procuraremos um
lugar com pouco ou nenhum tráfego/barulho/movimento usado naquele momento por outros
membros da família.
PRIORIZAR OBJETIVOS

Quando consideramos iniciar a terapia de alimentação, um dos critérios que


temos que estabelecer é uma ordem de objetivos. Geralmente existe muitos aspectos
que precisam ser aprimorados, porém não podemos enfrentá-los tudo de uma vez.
Um desses aspectos importantes é a autonomia. Na maioria dos casos, quando
uma criança tem uma limitação severa dos alimentos que come, o conveniente é que
o adulto o alimente, mesmo que ele consiga lidar. Dessa maneira, podemos
estabelecer "poder" no adulto e não na criança. A ideia é que durante a refeição, o
adulto quem decida "o que“ e “quando". Portanto, proporcione à criança outras
ocasiões em que ela tenha poder de decisão e escolha e, assim, transfira seu controle.
Podemos oferecer-lhe comida depois de horas ou outros elementos.
Do mesmo modo, se a criança tiver dificuldade em permanecer sentada, certo
tempo, começaremos estabelecendo esse comportamento básico antes de introduzir
novos alimentos.
COMO INTERVIR

Quando consideramos intervir com uma criança, uma ideia das mais
frequentes é como me posiciono com relação a isso. Considerando tudo
comentado até agora, queremos acima de tudo que o relacionamento
com a criança seja bom, a atmosfera calma e nossa atitude segura.
Então a melhor coisa é procure um espaço onde possamos ficar na
frente da criança e que ela não tenha chances de fuga. Dessa forma,
controlamos o espaço e os estímulos e, portanto, nos sentiremos mais
seguros. Além disso, podemos estabelecer melhor contato visual com a
criança, especialmente importante ao transmitir firmeza e reforços.
Posicionar a mesa em um lado e não entre os dois, às vezes ajuda a
evitar criança derrama, joga ou joga comida.
ESCOLHA O TEMPO DE INTERVENÇÃO
Sabemos que a situação pode ser muito grave e que o desejo e a necessidade de
resolvê-la é ótimo, no entanto, não é conveniente intervir em todos os momentos da
refeição. Devemos escolher uma única refeição por dia, de acordo com a
disponibilidade e tempo que podemos gastar. Pense de acordo com a hora do dia em
que parece que a criança pode ter um apetite maior.
Especialmente no início da terapia, a criança geralmente ingere pouca comida,
então temos que garantir uma dieta básica no resto das refeições (buscar orientação
nutricional e médica). Além disso, dessa forma, não exporemos a criança a uma
situação de excesso de estresse, produzindo o efeito oposto ao desejado.
Este critério pressupõe que devemos prestar atenção especial ao resto do dia,
para evitar comer entre as refeições ou quantidades maiores que as de sempre.
LEI DO PRATO VAZIO
Um prato vazio é aquele que indicará à criança que o momento da refeição ou que essa
refeição em particular acabou. Após esse auxílio visual, quando vamos começar com a terapia de
alimentação, vamos começar colocando no prato uma quantidade mínima de comida que
queremos introduzir. Imagine a comida que você menos gosta. Se eles te colocarem um prato
cheio desta comida na sua frente na hora do almoço, quando você está com mais fome, o
sentindo-se oprimido, até enjoado o invadiria, aumentando sua aversão a esse alimento. O
mesmo processo ocorre em crianças com autismo com um distúrbio alimentar, só que não é
questão de comida isolada. Por outro lado, além de controlar a quantidade de alimentos que
oferecemos, devemos levar em consideração sua temperatura, respeitando neste caso os gostos
da criança.
Tenha cuidado com esta lei depois de comer tudo! Quando a pessoa já come tudo deve
começar a trabalhar em questões de flexibilidade mental e comunicação adequada, pois devido
às características do distúrbio, pode haver situações em que a pessoa não queira mais comida
devido à falta de apetite ou até dor e sem saber que você pode deixar comida ou comer inferior
ao que está no prato, ocorrendo em alguns casos manifestações alteradas de comportamento.
RITMO QUIETO

Um dos fatores pelos quais escolheremos a hora do dia em que iremos intervir, é
precisamente o tempo que temos, pois é importante que você não crie nervosismo ou
tensão. Devemos evitar correr para criança. O processo leva tempo e tentar acelerá-lo
não avança nos resultados, mas o oposto. Especialmente quando a criança começa a
mastigar, ela o faz a um ritmo devagar, especialmente se você não está acostumado a
isso ou se não mastigou até o momento.

Outro erro que devemos evitar é encher a boca da criança em excesso para forçar
a mastigação ou deglutição. Poderemos oferecer uma nova colherada de comida
sempre que a boca estiver vazia, e também oferecemos ajuda ofertando líquidos,
pequenos pedaços de alimentos favoritos ou até estimulando pontos de reflexo da
deglutição natural, como abaixo da queixo.
COMER É AGRADÁVEL
Essa é a norma que queremos estabelecer na criança. Portanto, atitude calma e
relaxada e ritmo lento. Mas também, devemos prestar atenção em outros aspectos:
Evitar que a criança fique fisicamente desconfortável agradará a criança, por isso
devemos prestar atenção para que não esteja molhada ou manchada, especialmente
naquelas crianças que podem ter dificuldades sensoriais.
Não trapaceie. A decepção cria desconfiança, que é exatamente o oposto do que
nós queremos gerar. Comportamentos como tirar vantagem de se distrair e colocar
comida na boca, esgueirar-se mas concordar, colocar várias vezes a mesma comida
para comer mais ou dizer a ele que ele receberá algo como recompensa e depois não
dar, são estratégias que não devem ser usadas, pois não são eficazes. Não force. Em
muitos casos, há um condicionamento negativo produzido por experiências passadas
de luta. Essas situações criam tensão para ambas partes e faz com que a criança sinta
maior aversão a situações de comida. Controle fisicamente quando absolutamente
essencial, um momento específico e sempre que você já trabalhou no
condicionamento para comer, é um recurso que deve sempre ser analisado em
profundidade de acordo com cada caso.
PACIÊNCIA
A intervenção no transtorno alimentar de uma criança com TEA é uma processo
lento e caro, que não há tempos de referência fixos ou padronizado. Cada caso, cada
criança é diferente, então não tente comparar com outros casos, além de não nos
fornecer informações úteis, não é benéfico. Devemos estar cientes de que a
intervenção será mais eficaz quando respeitarmos esses ritmos. Os pequenos passos
dados serão a base de um sucesso futuro. Desespero por não ver resultados
imediatamente desejados, às vezes nos leva a tentar forçar o ritmo maior ou vamos
nos desesperar e desistir. As chaves do sucesso são paciência e a constância. Esse fator
deve ser levado em consideração quando considerar se somos capacitados naquele
momento para assumir a responsabilidade pela terapia.
Como dissemos anteriormente, não há planos padrão para todos os casos, razão
pela qual teremos que testar e modificar nosso desempenho dentro do critérios de
desempenho, para atender às necessidades de cada criança. Temos uma bolsa muito
grande de ferramentas; nós apenas temos que pegar o que precisamos em cada caso.
Se vemos algo que não funciona, não é que estamos indo para trás, não é a coisa
certa, portanto, é importante ir testando de acordo com a evolução do processo.
ENTENDA A CRIANÇA NA SUA GLOBALIDADE

Quando estamos lidando com um distúrbio alimentar, devemos entender a pessoa


dentro de uma estrutura mais ampla, assim entenderemos que precisa trabalhar com
alimentos de outras áreas de desenvolvimento. Ao fornecermos à criança ferramentas
de comunicação, com sistemas que ajudam a entender, como estratégias de
antecipação e aumentar suas capacidades expressivas, afetará positivamente a
intervenção, pois facilitará qualquer tipo de negociação que vamos estabelecer, assim
como sistemas de reforço e tempos condicionais.
Além disso, a criança aprenderá o valor e o significado das imagens e o ajudará a
confiar neles e, portanto, em nós. Forneça à criança ferramentas comunicativas
porque, entre outros aspectos, reduz a hiperseleção e a inflexibilidade mental.
Ferramentas comunicativas

alimentação

relação

Autonomia

Jogo
Além disso, trabalhar com relacionamento adulto e habilidades lúdicas
facilitará criando o vínculo que precisamos estabelecer durante a refeição, para
que a criança entenda que o adulto pode ser muito divertido, ele pode ter muitas
coisas boas sobre ele, mas ele também é um ser previsível que define padrões
claros que devem ser cumprido.
Promover as habilidades de autonomia da criança em outras áreas significará
que a criança tem a capacidade de controlar e "poder" em momentos
apropriados, não perturbador, onde ele se sente bem consigo mesmo por não
depender de ninguém.
Resumimos a seguir as considerações gerais que devemos lembrar-nos de
intervir:
Considerações gerais para intervir
Pessoa fora da família e longe de casa
Atitude-aptidão adulta
Meio ambiente
Priorizar metas
Como nos colocar
Escolha o horário da intervenção
Lei do prato vazio
Ritmo silencioso
Comer é agradável
Paciência
Compreendendo a criança como um todo

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