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ÍNDICE PAULISTA DE

VULNERABILIDADE SOCIAL
Governador do Estado
Geraldo Alckmin
Vice-Governador do Estado
Guilherme Afif Domingos
Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Regional
Julio Semeghini

SEADE
Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados

Diretora Executiva Chefia de Gabinete


Maria Helena Guimarães de Castro Ana Celeste de Alvarenga Cruz
Diretora Adjunta Administrativa e Financeira Conselho de Curadores
Silvia Anette Kneip Carlos Antonio Luque (Presidente), Antonio de Pádua Prado
Junior, Geraldo Biasoto Junior, Hubert Alquéres, José Carlos
Diretor Adjunto de Análise e Disseminação de de Souza Braga, José Paulo Zeetano Chahad, Luiz Antonio
Informações Vane, Márcia Furquim de Almeida, Pedro Pereira Benvenuto
Haroldo da Gama Torres e Sérgio Besserman Vianna
Diretora Adjunta de Metodologia e Produção de Dados Conselho Fiscal
Margareth Izumi Watanabe Shigueru Kuzuhara, Mirella Micioni e Nelson Ferreira Simões

SP 2013

Coordenação geral
Maria Paula Ferreira

Coordenação técnica
Marcelo T. Pitta
Edney Cielici Dias (Coordenação da análise do Volume 1: O Estado dos Municípios 2008-2010)
Equipe técnica
Ana Lúcia de Siqueira Brito, Antonio Etevaldo Teixeira Junior, Edna Yukiko Taira, Neuci Arizono,
Carlos Roberto Almeida França, Gustavo de O. Coelho de Souza
O Estado de São Paulo, especialmente nos grandes centros urbanos, apre-
senta enormes desigualdades sociais, com áreas de alto padrão de quali-
dade de vida e outras de extrema miséria. Um crescimento econômico que
não foi capaz de estender seus benefícios a grandes parcelas da popula-
ção tem sido o modelo em nossa história.
É necessário que o poder público tenha em mãos dados precisos e con-
fiáveis para desenvolver políticas públicas específicas para as comunidades
mais vulneráveis. O Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS) forne-
ce muitos dados sobre o desempenho econômico e social dos municípios,
mas não contempla integralmente a questão da desigualdade dentro de-
les e a situação das suas áreas de concentração de pobreza. Para suprir es-
sas lacunas de informação, foi criado o Índice Paulista de Vulnerabilidade
Social (IPVS), o qual leva em conta a complexidade do fenômeno.
Examinar as condições de vida da população exige ter informação não
apenas sobre a renda, mas também sobre a escolaridade, a saúde, as
condições de inserção no mercado de trabalho, o acesso aos serviços
prestados pelo Estado e as oportunidades de mobilidade social. Enfim, a
qualidade de vida é um fenômeno com diversas determinações, as quais
devem ser levadas em conta para construir políticas públicas visando uma
vida mais digna para todos.
A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, com esse importante es-
tudo da Fundação Seade, espera contribuir para o desenvolvimento mais
justo de nosso Estado, ao apresentar os dados atualizados do Índice Pau-
lista de Vulnerabilidade Social (IPVS). Os gestores públicos municipais têm
aqui, como ferramenta para planejar suas ações, um melhor diagnóstico
das comunidades mais vulneráveis das suas cidades. E é certo que a atua-
ção do poder público nesses territórios vulneráveis é fundamental tan-
to para a distribuição mais equitativa de bens e serviços públicos quanto
para o desenvolvimento de ações que contribuam para romper o ciclo da
pobreza.

Deputado Barros Munhoz


Presidente da Assembleia Legislativa
Resultado de um tipo de crescimento econômico excludente e concen-
trador de riquezas, nossos grandes centros urbanos apresentam enormes
desigualdades, com áreas de muita pobreza e condições de vida precá-
rias. Elaborar políticas públicas eficazes para essas localidades demanda
um conhecimento dos problemas específicos das comunidades a serem
atendidas.
Apesar do seu inegável valor como ferramenta de gestão pública, o Ín-
dice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS) não é suficiente para a
compreensão dos determinantes da extrema pobreza dessas áreas. Para
uma melhor análise de concentração de pobreza, a Fundação Seade ela-
borou o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS). Trata-se de um
indicador bem construído, fundamentado em estudos e teorias sobre o
fenômeno da pobreza, que levam em conta não apenas a renda, mas
também os diversos fatores determinantes da situação de vulnerabilidade
social (escolaridade, saúde, arranjo familiar, possibilidades de inserção no
mercado de trabalho, acesso a bens e serviços públicos).
O IPVS é uma tipologia que classifica os municípios do Estado de São Paulo
em grupos de vulnerabilidade social a partir de uma combinação entre as
dimensões demográfica e socioeconômica. Considerando um conjunto de
variáveis, esse indicador permite melhor identificar os fatores específicos
que produzem a deterioração das condições de vida numa comunidade,
auxiliando na definição de prioridades para o atendimento da população
mais vulnerável.
O Instituto do Legislativo Paulista (ILP), em parceria com a Fundação
Seade, apresenta aqui os dados atualizados do IPVS aos pesquisadores,
à sociedade civil e aos gestores públicos. Estamos certos de que se trata
de importante instrumento para subsidiar pesquisas, projetos e políticas
públicas de combate à pobreza.

Maurílio Maldonado
Diretor-presidente do ILP
A Fundação Seade, em parceria com a Assembleia Legislativa do Estado de
São Paulo, apresenta aos gestores públicos e aos cidadãos o Índice Paulista
de Vulnerabilidade Social – IPVS, em sua versão 2010.
O Índice pretende oferecer ao gestor público e à sociedade uma visão mais

localização espacial das áreas que abrigam os segmentos populacionais mais


vulneráveis à pobreza. Este objetivo é alcançado por meio de uma tipologia de
situações de vulnerabilidade que considera, além dos indicadores de renda,

residente.
O IPVS 2010 aprofunda o diagnóstico realizado pela edição 2000, ao
incorporar, como componentes do indicador, a renda domiciliar per
capita, a situação de aglomerado subnormal (favela) do setor censitário

precisão do que a versão anterior parcelas de territórios dos municípios mais


desenvolvidos do Estado, que abrigam segmentos populacionais expostos a
diferentes graus de vulnerabilidade social.

Maria Helena Guimarães de Castro


Diretora Executiva da Fundação Seade
SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................. ........ 06

Aspectos Conceituais ........................................................................................ 08

Aspectos Operacionais ..................................................................................... 11

Considerações quanto à comparação do IPVS 2000 e 2010 .................. 16

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Introdução

Um dos maiores desafios para a formulação e implementação de políticas


públicas relaciona-se à identificação dos locais prioritários para a intervenção do
Estado. Em outras palavras, trata-se de localizar espacialmente as áreas que
concentram a residência dos segmentos populacionais mais frágeis, que deveriam ser,
em princípio, alvos prioritários das políticas públicas.

Para responder a esse desafio – a criação de um instrumento que permitisse


ao gestor público, de forma eficaz e eficiente, a localização de população
potencialmente alvo dos programas de transferência de renda – a Fundação Seade,
atendendo à solicitação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo,
desenvolveu, em 2002, o Índice de Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS), baseado
em informações derivadas do Censo 2000.

Nos seus quase dez anos de existência, o IPVS extrapolou seu objetivo
original, como instrumento de gestão dos programas de transferência de renda,
tornando-se amplamente utilizado pelo conjunto da sociedade, universidade e demais
gestores públicos. Seu uso caracteriza-se pela diversidade – da incorporação em
cadastros de usuários de empresas prestadoras de serviços públicos à utilização em
planejamentos de amostras para inquéritos populacionais nas áreas de saúde e
educação.

Assim, a continuidade do projeto implicou novos desdobramentos empíricos e


metodológicos, no sentido de enriquecer a compreensão da Assembleia e da
sociedade a respeito da realidade do Estado. Na esfera dos novos desafios insere-se
a forma de disponibilização dos dados, dado que a popularidade do IPVS deveu-se,
em grande parte, à disponibilidade das suas informações na web. Agora, dez anos
passados, tem-se o desafio de não apenas divulgar o dado, mas também tornar
possível a visualização do território que o indicador descreve conceitualmente como
vulnerável ou não.

Analogamente ao IPVS 2000, a metodologia de construção é baseada no


conjunto de informações existentes no banco de dados do universo do Censo
Demográfico 2010, que consiste nas informações socioeconômicas e demográficas
investigadas pelo Censo para a totalidade da população brasileira.1 E, dadas as
alterações metodológicas ocorridas no Censo Demográfico 2010, foram realizadas as

1
O IPVS utiliza apenas as informações censitárias contidas no questionário do universo, pois apenas
estas são passíveis de desagregação por setor censitário.

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adaptações necessárias para a construção de um IPVS – versão 2010 que fosse
conceitualmente comparável à versão de 2002.

Entre as principais alterações destaca-se a nova malha de setores censitários


do Estado de São Paulo, que passou de 49.299 setores, em 2000, para 66.096, em
2010. Essa nova segmentação do Estado impossibilita uma comparação direta entre
as versões 2000 e 2010, uma vez que, com as informações disponíveis não é
possível, sem significativa perda de precisão dos resultados, reconstituir os dados do
Censo Demográfico 2000 na malha de setores censitários de 2010, ou vice-versa.
Igualmente importantes foram a exclusão das questões relativas à escolaridade do
responsável pelo domicílio no questionário do universo e a incorporação da renda
domiciliar no mesmo questionário.

Assim, no sentido de identificar com maior precisão do que a versão anterior


parcelas de territórios nos municípios paulistas que abrigam segmentos populacionais
expostos a diferentes graus de vulnerabilidade social e, ao mesmo tempo, preservar
uma comparação conceitual entre as edições de 2000 e de 2010, incorporaram-se ao
indicador a renda domiciliar per capita, a situação do setor censitário como
aglomerado subnormal (favela) e sua localização (urbana ou rural).

A construção do IPVS versão 2010 iniciou-se pela análise do questionário do


universo do Censo Demográfico 2010 e a seleção das variáveis associadas ao
conceito de vulnerabilidade à pobreza adotado pelo indicador e que permitissem a
comparação conceitual com o IPVS versão 2000. Um novo modelo de análise fatorial
foi aplicado aos dados, o que permitiu a operacionalização das dimensões
socioeconômica e demográfica em dois indicadores sintéticos. A partir desses dois
indicadores sintéticos construíram-se os novos grupos do IPVS, sendo que nessa
edição o grupo de alta vulnerabilidade foi segmentado em dois grupos: alta
vulnerabilidade (setores urbanos) e alta vulnerabilidade (setores rurais), constituindo-
se, assim, sete grupos de vulnerabilidade social.

Os setores censitários com pelo menos 50 domicílios particulares permanentes


foram classificados em um dos seis grupos: Grupo 1 – baixíssima vulnerabilidade;
Grupo 2 – vulnerabilidade muito baixa; Grupo 3 – vulnerabilidade baixa; Grupo 4 –
vulnerabilidade média; Grupo 5 – vulnerabilidade alta e Grupo 6 – vulnerabilidade
muito alta. O Grupo 6 (vulnerabilidade muito alta) engloba apenas setores censitários
classificados no Censo Demográfico como aglomerados subnormais com
concentração de população jovem e de baixa renda. Os setores censitários rurais de
baixa renda e com pelo menos 50 domicílios particulares foram classificados no Grupo

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7 – setores censitários rurais de alta ou muito alta vulnerabilidade. A criação desse
grupo se justifica na medida em que a forma de ocupação territorial nesses setores é
totalmente diferente do que nos setores urbanos, implicando políticas públicas
distintas. Outra questão que justifica a criação de um grupo desse tipo é que, apesar
de representarem 8,1% dos setores censitários do Estado, eles concentram apenas
3,7% da população paulista, distribuída em 645 municípios, e nem todos os setores
rurais se caracterizam como de alta ou muito alta vulnerabilidade.

Aspectos conceituais

O IPVS se apoia conceitualmente em dois pressupostos, sendo o primeiro a


constatação de que as inúmeras dimensões da pobreza precisam ser consideradas
em um estudo sobre vulnerabilidade social. Nesse sentido, o IPVS operacionaliza o
conceito de vulnerabilidade social proposto por KATZMAN, 19992 deque a
vulnerabilidade de um indivíduo, família ou grupo social refere-se a sua maior ou
menor capacidade de controlar as forças que afetam seu bem-estar, isto é, a posse de
controles de ativos que constituem recursos requeridos para o aproveitamento das
oportunidades propiciadas pelo Estado, mercado e sociedade. Desse modo, a
vulnerabilidade à pobreza não se limita a considerar a privação de renda, mas também
a composição familiar, as condições de saúde e o acesso aos serviços médicos, o
acesso e a qualidade do sistema educacional, a possibilidade de obter trabalho com
qualidade e remuneração adequadas, a existência de garantias legais e políticas, etc.

O segundo pressuposto em que se apoia o IPVS é a consideração de que a


segregação espacial é um fenômeno presente nos centros urbanos paulistas e que
contribui decisivamente para a permanência dos padrões de desigualdade social. Dito
de outra forma, uma característica importante da pobreza urbana e metropolitana
consiste na segregação espacial como forte condicionante da própria condição de
pobreza. A diferenciação entre áreas intraurbanas, em termos de infraestrutura,
segurança, disponibilidade de espaços públicos, entre outros, influencia os níveis de
bem-estar de pessoas e famílias. A exposição aos ambientes segregados estaria
associada a processos de difusão de comportamentos, com tendência de aumentar a
probabilidade de que uma pessoa apresente determinados comportamentos, ou ainda
a processos de socialização em que determinados valores, metas e expectativas são
transmitidos e influenciam as trajetórias individuais. Em sua forma extrema, a

2
KATZMAN, R. Vulnerabilidad, activos y exclusion social em Argentina y Uruguay. Santiago de Chile, OIT-
Ford. 1999.

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segregação residencial cria “guetos” de famílias pobres ou que comungam de
determinadas características que as tornam vulneráveis à pobreza e, no outro
extremo, produz as áreas que concentram as parcelas da população com altíssimos
níveis de riqueza.

Assim, para a formulação e implantação de políticas públicas nessas áreas,


torna-se fundamental identificar locais prioritários para a intervenção do Estado. Em
outras palavras, trata-se de localizar espacialmente as áreas que concentram os
segmentos populacionais mais vulneráveis, que deveriam ser, em princípio, alvos
prioritários das políticas públicas. Nesse sentido, foi construído o IPVS, que mesmo de
forma limitada possibilita identificar áreas com concentração de populações
vulneráveis à pobreza.

Em decorrência desses parâmetros norteadores, o IPVS consiste em uma


tipologia de situações de exposição à vulnerabilidade, agregando aos indicadores de
renda outros referentes ao ciclo de vida familiar e escolaridade, no espaço intraurbano.
Com efeito, entre as questões investigadas pelo Censo Demográfico 2010 em seu
questionário básico, além das variáveis socioeconômicas (renda e condição de
alfabetização), elegeram-se às relacionadas ao ciclo de vida familiar (presença de
crianças menores, idade e gênero do chefe de família). Os componentes das duas
dimensões do IPVS são descritos a seguir (Figura 1).

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Figura 1

Quadro-resumo das variáveis componentes do IPVS, segundo dimensões

IPVS

Socioeconomica Demográfica

− renda domiciliar per capita - % de pessoas responsáveis de


10 a 29 anos
− rendimento médio da mulher
responsável pelo domicílio − % de mulheres responsáveis
de 10 a 29 anos
− % de domicílios com renda
domiciliar per capita até 1/2 SM − idade média das pessoas
responsáveis
− % de domicílios com renda
domiciliar per capita até 1/4 SM − % de crianças de 0 a 5 anos de
idade
− % de pessoas responsáveis
pelo domicílio alfabetizadas

A edição de 2010, apesar de apresentar alterações importantes, tanto na sua


abrangência territorial quanto em seus componentes, manteve os dois pressupostos e
a forma de operacionalização que orientaram a construção do IPVS em 2000.

Entre as alterações realizadas para a edição de 2010, a mais importante refere-


se à nova segmentação do Estado em setores censitários, que passou de 49.299
setores, em 2000, para 66.096, em 2010, conforme já mencionado.

Já à inclusão da renda domiciliar per capita possibilitou aperfeiçoar a


operacionalização da dimensão da vulnerabilidade relacionada à insuficiência de
renda, que constitui um dos elementos determinante da pobreza. Os novos
indicadores do IPVS relacionados ao nível de renda das famílias são a renda
domiciliar per capita média, a proporção de domicílios com renda per capita de até um

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quarto do salário mínimo e a proporção de domicílios com renda per capita de até
meio salário mínimo. Uma vez que o salário mínimo é referência básica para
caracterizar a insuficiência de renda, podem ser considerados pobres aqueles
domicílios cuja renda per capita é inferior a meio salário mínimo. E, entre os pobres,
são considerados indigentes aqueles cuja renda per capita é inferior a um quarto do
salário mínimo.

As características do local de residência implicam importantes variações em


relação às oportunidades econômicas e sociais e podem conduzir a processos de
exclusão. Em muitos casos, o local de residência pode significar uma barreira de
acesso aos serviços (educação, saúde, transportes, etc.) e ao mercado de trabalho,
além de não permitir o acesso a redes sociais válidas que incrementam esse acesso.
Nesse sentido, incorporou-se explicitamente aos grupos do IPVS a situação de
aglomerado subnormal, que indica se o setor censitário caracteriza-se como favela. Da
mesma forma, a diferenciação da situação urbana ou rural de setores censitários de
baixa renda propicia a identificação de situações igualmente vulneráveis, mas que
demandam políticas públicas distintas.

Já a mudança na forma de captação das informações sobre escolaridade no


questionário do universo do Censo Demográfico 2010 implicou a manutenção da única
informação possível sobre escolaridade − condição de alfabetização − do responsável
pelo domicílio na cesta de indicadores do IPVS.

Aspectos operacionais

Entre os 66.096 setores censitários do Censo Demográfico 2010, o IPVS


classifica 59.773 em um dos sete grupos de vulnerabilidade social: Grupo 1:
Baixíssima vulnerabilidade; Grupo 2: Vulnerabilidade muito baixa; Grupo 3:
Vulnerabilidade baixa; Grupo 4: Vulnerabilidade média; Grupo 5: Vulnerabilidade alta
(urbanos); Grupo 6: Vulnerabilidade muito alta (aglomerados subnormais) e Grupo 7:
Vulnerabilidade alta (rurais).

Entre esses setores, 56.773 estão localizados em áreas urbanas e 3.224 em


áreas rurais e, segundo o Censo Demográfico 2010, abrangem população de
40.545.968 habitantes. Todos os 59.773 setores possuem pelo menos 50 domicílios
particulares permanentes.

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Tabela 1
Setores censitários, por tipo, segundo situação
Estado de São Paulo − 2010

Total de setores censitários Classificados pelo IPVS

Situação Tipo de setor Tipo de setor


Não Não
Total Subnormal Total Subnormal
especial especial
Total 66.096 61.977 4.119 59.773 55.910 3.863
Área urbanizada de cidade ou vila 57.712 53.612 4.100 54.846 50.999 3.847
Área não urbanizada de cidade ou vila 1.662 1.652 10 968 960 8
Área urbana isolada 1.110 1.107 3 493 490 3
Rural de extensão urbana 309 303 6 242 237 5
Rural isolado - povoado 84 84 0 71 71 0
Rural isolado - núcleo 28 28 0 10 10 0
Rural isolado - outros aglomerados 123 123 0 56 56 0
Rural - exclusive aglomerado rural 5.068 5.068 0 3.087 3.087 0
Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010; Fundação Seade.

A seleção dos componentes do IPVS versão 2010 baseou-se no conjunto de


variáveis que compuseram o IPVS versão 2000. As variáveis constantes nos dois
Censos Demográficos – 2000 e 2010 – foram mantidas no indicador e para as novas
variáveis considerou-se como critério de inclusão a sua associação com o conceito de
vulnerabilidade à pobreza e a possibilidade de comparação conceitual entre as duas
versões do indicador (2000 e 2010). O Quadro 1 apresenta o conjunto de variáveis
utilizadas em 2010.

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Quadro 1
Variáveis utilizadas na construção do IPVS versão 2010

Situação do componente do IPVS


Componente do IPVS
2000 2010

% de pessoas responsáveis pelo


Presente Presente
domicílio alfabetizadas
% de pessoas responsáveis de 10 a
Presente Presente
29 anos
Idade média das pessoas
Presente Presente
responsáveis
% de crianças de 0 a 5 anos de
Presente Presente
idade
% de mulheres responsáveis de 10 a
Ausente Presente
29 anos
Rendimento nominal médio do Ausente (não captada no
Presente
responsável pelo domicílio questionário do universo)
% de responsáveis com menos de 3 Ausente (não captada no
Presente
salários mínimos questionário do universo)
Ausente (não captada no
Renda domiciliar per capita Presente
questionário do universo)
Ausente (não
Rendimento médio da mulher disponibilizada para o
Presente
responsável pelo domicílio banco de dados do
questionário do universo)
% de domicílios com renda
Ausente (não captada no
domiciliar per capita de até 1/2 Presente
questionário do universo)
salário mínimo
% de domicílios com renda
Ausente (não captada no
domiciliar per capita de até 1/4 de Presente
questionário do universo)
salário mínimo
% de pessoas responsáveis com Ausente (não captada no
Presente
ensino fundamental incompleto questionário do universo)
Ausente (não captada no
Anos médios de estudo Presente
questionário do universo)
Fonte: Fundação Seade. Índice Paulista de Vulnerabilidade Social – IPVS.

Para o conjunto de nove variáveis selecionadas para compor o IPVS versão


2010 foi realizada uma análise fatorial, que, analogamente a 2000, indicou que 73% da
variabilidade total das variáveis utilizadas na análise poderia ser explicada pela
combinação linear das mesmas em dois fatores: fator socioeconômico e fator
demográfico.

A Tabela 2 apresenta o conjunto de variáveis associadas a cada fator e o valor


da correlação da variável (cargas fatoriais) com o fator correspondente. Assim, ao fator

SEADE 13
socioeconômico estão associadas as variáveis: renda domiciliar per capita, proporção
de domicílios com renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo, proporção
de domicílios com renda domiciliar per capita de até um quarto do salário mínimo,
rendimento médio da mulher responsável pelo domicílio e proporção de pessoas
responsáveis alfabetizadas. Ao fator demográfico estão associadas as variáveis:
proporção de pessoas responsáveis de 10 a 29 anos, proporção de mulheres
responsáveis de 10 a 29 anos, idade média das pessoas responsáveis e proporção de
crianças de 0 a 5 anos de idade.

Tabela 2
Coeficiente de correlação linear entre variáveis originais e fatores
Fatores
Variáveis originais
Socioeconômico Demográfico

Renda domiciliar per capita 0,845 -0,076


% de domicílios com renda domiciliar per capita de -0,821 0,377
até 1/2 salário mínimo
Rendimento médio da mulher responsável pelo 0,806 -0,092
domicílio
% de pessoas responsáveis alfabetizadas 0,748 -0,165
% de domicílios com renda domiciliar per capita de -0,720 0,349
até 1/4 do salário mínimo

% de pessoas responsáveis de 10 a 29 anos -0,190 0,917


% de mulheres responsáveis de 10 a 29 anos -0,071 0,908
Idade média das pessoas responsáveis 0,274 -0,872
% de crianças de 0 a 5 anos de idade -0,528 0,607
Fonte: Fundação Seade. Índice Paulista de Vulnerabilidade Social – IPVS.

A partir da definição dos fatores foram gerados dois escores fatoriais,


representando o fator socioeconômico e o fator demográfico. Os escores fatoriais são
médias ponderadas das variáveis originais, expressos em uma escala com média zero
e variância 1. No fator socioeconômico, valores maiores na escala indicam maior nível
de renda do setor censitário e, no fator demográfico, os maiores valores na escala
indicam a presença de responsáveis jovens e crianças com menos de 5 anos no setor.
Os coeficientes utilizados para o cálculo dos escores de cada setor censitário, em
cada fator, são apresentados na Tabela 3.

SEADE 14
Tabela 3

Coeficientes dos escores fatoriais

Fatores
Variáveis originais
Socioeconômico Demográfico

Renda domiciliar per capita 0,30 0,13


% de domicílios com renda domiciliar per capita de -0,23 0,00
até 1/2 salário mínimo
Rendimento médio da mulher responsável pelo 0,28 0,12
domicílio
% de pessoas responsáveis pelo domicílio 0,25 0,08
alfabetizadas
% de domicílios com renda domiciliar per capita de -0,20 0,01
até 1/4 do salário mínimo
% de pessoas responsáveis de 10 a 29 anos 0,11 0,35

% de mulheres responsáveis de 10 a 29 anos 0,15 0,37


Idade média das pessoas responsáveis -0,07 -0,32
% de crianças de 0 a 5 anos de idade -0,08 0,15
Fonte: Fundação Seade. Índice Paulista de Vulnerabilidade Social – IPVS.

Os grupos do IPVS foram criados a partir de uma análise de agrupamentos


utilizando-se os dois escores fatoriais, cujos resultados foram expressos pelo
cruzamento do fator socioeconômico dividido em três classes e o fator demográfico,
em duas (Quadro 2).

Quadro 2
Operacionalização dos grupos do IPVS 2010 pelo valor dos escores
Fator demográfico

Fator socioeconômico Famílias adultas e idosas Famílias jovens (0,3 ou


(menor que 0,3) mais)

Muito Alto (Maior que 1,3) Baixíssima vulnerabilidade

Médio (-0,4 a 1,3) Vulnerabilidade muito baixa Vulnerabilidade baixa

Vulnerabilidade alta e muito


Baixo (Até -0,4) Vulnerabilidade média
alta
Fonte: Fundação Seade. Índice Paulista de Vulnerabilidade Social – IPVS.

SEADE 15
O cruzamento desses cinco grupos com a informação do tipo de setor
censitário (subnormal ou não especial) e sua localização na área do município (urbano
ou rural) gerou os sete grupos do IPVS versão 2010 (Quadro 3).

Quadro 3
Grupos do IPVS 2010 – setores censitários com mais de 50 domicílios

Dimensões
Situação e tipo de setores
Grupos IPVS2010
Ciclo de vida por grupo
Socioeconômica
familiar

Famílias jovens, Baixíssima Urbanos e rurais


1 Muito alta
adultas e idosas vulnerabilidade não especiais e subnormais

Famílias adultas e Vulnerabilidade Urbanos e rurais


2 Média
idosas muito baixa não especiais e subnormais

Vulnerabilidade Urbanos e rurais


3 Média Famílias jovens
baixa não especiais e subnormais

Famílias adultas e Vulnerabilidade Urbanos


4 Baixa
idosas média não especiais e subnormais

Famílias jovens em Vulnerabilidade Urbanos


5 Baixa
setores urbanos alta não especiais

Famílias jovens
residentes em Vulnerabilidade Urbanos
6 Baixa
aglomerados muito alta subnormais
subnormais

Famílias idosas,
Vulnerabilidade
7 Baixa adultas e jovens em Rurais
alta
setores rurais
Fonte: Fundação Seade. Índice Paulista de Vulnerabilidade Social – IPVS.
Nota: os setores censitários rurais do município de São Paulo foram considerados como
urbanos para classificação nos grupos do IPVS 2010.

Considerações quanto à comparação do IPVS 2000 e 2010

O Censo Demográfico 2010 não coletou informações sobre escolaridade no


questionário do universo como havia feito o censo anterior. Por esse motivo, não foi
possível considerar as mesmas variáveis na construção do indicador em 2010. Esse
fato dificulta uma comparação imediata de resultados dos dois indicadores. Ainda para
efeito de comparação, deve-se salientar que os espaços geográficos nos dois censos

SEADE 16
são distintos: em 2000 existiam pouco mais de 49.000 setores censitários, enquanto
em 2010 esse número passou a pouco mais de 66.000. Essas modificações impedem
a comparação direta entre os resultados de 2000 e 2010. No entanto, ao seguir o
mesmo marco teórico de 2000, é possível realizar uma avaliação, mesmo que
cuidadosa, das alterações ocorridas na década. A Figura 2 apresenta a
correspondência entre os grupos do IPVS versão 2000 e IPVS versão 2010.

Figura 2
Comparação conceitual entre IPVS 2000 e IPVS 2010

Fonte: Fundação Seade. Índice Paulista de Vulnerabilidade Social – IPVS.

SEADE 17

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