Você está na página 1de 45

RESTAURAÇÃO DA SANIDADE BUCAL

x
PLANO DE TRATAMENTO
CÁRIE NA DENTIÇÃO
DECÍDUA

Os dentes decíduos começam a


erupcionar por volta dos 6 meses de
idade e completam a dentição
aproximadamente aos 30 meses
Aos 3 anos de idade, 60% das crianças já tiveram
cárie.
Deve-se iniciar com orientações às gestantes, e
acompanhar a criança desde o nascimento do primeiro
dente.
CÁRIE NA DENTIÇÃO
DECÍDUA

Segundo MASSLER(1975), um dente


recém-erupcionado apresenta o esmalte
imaturo, e completará sua mineralização na
cavidade bucal (3 anos).

pH do meio bucal na criança


CÁRIE NA DENTIÇÃO
DECÍDUA Crescer sorrindo

Há um aumento no número de dentes afetados


entre 1 e 3 anos, o qual acelera-se entre 4 e 5
anos (TOVERUD e colabs.1953; WALTER e
colabs. 1987; GRANER e colabs. 1996;
IMPARATO & SALIM,1998).

Grande ocorrência de lesões de cárie aguda:


cárie rampante

“cárie de mamadeira”
CÁRIE MAMADEIRA

• Ela é uma lesão aguda, extremamente


agressiva, provoca muita sensibilidade, de
evolução rápida, ocasionando grande
destruição dos dentes num curto espaço
de tempo;
• Pode atingir crianças ainda no primeiro
ano de vida;
CÁRIE MAMADEIRA

Inicialmente, uma faixa branca de


descalcificação desenvolve-se no terço gengival
dos incisivos superiores (nos casos de amamentação
com leite materno, a linha se dá no
terço médio do dente).

A cárie progride para uma cor marrom ou preta e, em


casos avançados, as coroas dos dentes frequentemente
fraturam-se na margem gengival (Brossok & Cullen, 2003).
CÁRIE MAMADEIRA

• Clinicamente as lesões iniciam-se com manchas


esbranquiçadas nos incisivos superiores, seguido
dos molares superiores e inferiores que mais
tarde, podem vir a formar grandes cavidades,
muitas vezes comprometendo a polpa desses
dentes e destruindo sua coroa clínica.

• Atinge todas as faces do dente, deixando-o


totalmente destruído.
CÁRIE MAMADEIRA

LOCALIZAÇÃO DA LESÃO
A localização das lesões associa-se ao
percurso do líquido durante a alimentação
(leite ou outros líquidos adocicados), sendo
que os incisivos superiores decíduos são, geralmente,
os mais atingidos (pela posição do
bico da mamadeira), seguidos pela face oclusal
e superfícies livres dos primeiros molares decíduos,
caninos e segundos molares decíduos.
Raramente atinge os incisivos inferiores
decíduos (Corrêa et al.,97).
CÁRIE MAMADEIRA

• Etiologia fortes componentes


sócio- culturais relacionados com
amamentação noturna, e ausência de
limpeza e/ou escovação;
CÁRIE MAMADEIRA

Quando uma criança faz uso da mamadeira noturna ocorrem


vários fatores que agrupados, propiciam o aparecimento
deste tipo de lesão:

- A criança quando adormece tem uma diminuição da


frequência de deglutição e dos movimentos musculares
bucais em geral;
-Além disso, tem uma redução no fluxo salivar que ajudaria a
combater as bactérias.

Todos esses fatores, somados ao tempo que a criança


permanece nesse estado, são suficientes para o
enfraquecimento das superfícies dentais.
Outros fatores que podem determinar aparecimento
da cárie de mamadeira são:
- o aleitamento irrestrito durante o dia/noite;
- adoçar a chupeta com mel ou açúcar para que a
criança acalme e adormeça;
- consumo excessivo de sucos cítricos, refrigerantes,
leite de soja, etc... na mamadeira durante o dia todo.
AVALIAR RISCOS:
O fator de risco consiste em avaliar a maior ou menor
possibilidade de o indivíduo adquirir as lesões de cárie em
função de fatores ambientais e não ambientais.

• FATORES AMBIENTAIS:
1. Ausência/presença de hábitos precoces de higienização e
escovação dos dentes;
2. Ausência/presença de hábitos alimentares inadequados,
como amamentação noturna;
3. Alta/baixa ingestão de carboidratos;
4. Período de contaminação da boca da criança;
5. Ausência/presença de flúor no sistema de
abastecimento público.
• FATORES NÃO AMBIENTAIS:

1. Presença de dentes mais susceptíveis por defeitos


congênitos (defeitos de estrutura ou mineralização);
2. Contagem de microorganismos – S. mutans e
lactobacilos;
3. Ph da placa dental e saliva;
4. Capacidade tampão da saliva;
5. Velocidade de formação de ácido pelos microorganismos
bucais.

Solicitar o diário da dieta alimentar.


CÁRIE MAMADEIRA

CONSEQÜÊNCIAS:
Essa doença causa dor, desconforto à criança, além de
deficiência na mastigação, na fonação (quando implica
perdas dentárias precoces e hábito de interposição de
língua), afeta a estética e influi na auto-estima da criança.
O uso da mamadeira

Possibilidade de adquirir
Amamentação Noturna
cárie

1º ano de vida 9%

24 meses de idade 110%

36 meses de idade 270%

Fonte: Bebê Clínica


CÁRIE MAMADEIRA

O primeiro passo no tratamento deste tipo de cárie, seria a


conscientização da mãe, sugerindo a suspensão da alimentação
noturna por mamadeira, em crianças maiores.
Nas crianças menores, a mãe precisa higienizar a boca da criança
após a mamadeira, com uma gaze com água limpa ou se possível
escovando os dentes da criança.
Antes de nascer o primeiro dentinho, como fazer a limpeza?
A mãe deve usar uma fralda ou uma gaze embebida em água
filtrada ou fervida, enrolada no dedo indicador limpando as
seguintes regiões:
• “rodetes” gengivais
• bochechas
• palato
• língua (no sentido de trás para a frente)
Essa limpeza é indicada uma vez por dia, no horário do banho, pois
é um período de maior relaxamento da criança.
Ao nascer o 1º dente, essa higiene é substituída pela escovação.
De acordo com as normas da American Dental Association (ADA,
1981), a limpeza do dente pode começar antes da erupção.

Esta medida além de tornar a gengiva mais limpa, ainda acostuma


o bebê à manipulação da boca.
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

A questão comportamental é fator


decisivo para o tratamento
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

Assim, adequação do meio, através da


Técnica de Restauração Atraumática (ART),
estaria indicada:

Forma rápida e eficaz de alívio


da dor e redução da flora.
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

Faz parte da fase preparatória do


tratamento:
• dando condições para que o
paciente modifique seus hábitos;
• ocorra melhoria do meio bucal
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

Pacientes portadores de lesões de cárie


aguda devem ser submetidos a um
tratamento preparatório, que vise o
controle do quadro, antes de se iniciar
o tratamento restaurador...
ADEQUAÇÃO DO MEIO BUCAL

A adequação do meio bucal é, antes de


tudo uma filosofia de trabalho que todo
profissional deveria ter em mente ao
iniciar qualquer tratamento.
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL
É um conjunto de medidas que varia
em função das necessidades

• Desde a remoção parcial do tecido cariado


e repleção das cavidades, assim como a
aplicação de agentes cariostáticos à base de
Diamino Fluoreto de Prata;
• (podendo incluir exodontias e
procedimentos endodônticos)
Adequação do meio bucal
estratégias:

Controle placa
Oferta de flúor
Escavação e preenchimento das cavidades
Controle dietético
Remoção das áreas das áreas de retenção
Utilização de substâncias cariostáticas
Plano de Tratamento em
Odontopediatria

sequência adequada:
 emergência
 fase de reequilíbrio bucal - adequação
do meio bucal
 fase restauradora e corretiva
 fase de manutenção de saúde
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

Tratamento - 4 sessões em média com


intervalos de 2 a 7 dias onde procura-se:
• o alívio da dor e a reversão do risco;
• aumento da resistência do dente;
• diminuição da flora bacteriana;
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

Uma vantagem indiscutível seria o


condicionamento psicológico do
paciente frente ao tratamento
odontológico
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

Assim, o tratamento
restaurador poderá ser
postergado até momento mais
oportuno
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL
Tratamento Curativo Primário:
1- identificar, remover e/ou controlar os
fatores da doença;
2- fazer controle da placa (dieta,
escovação, profilaxia profissional);
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

Tratamento Curativo Primário:

3- escavação em massa do tecido cariado


(remoção parcial);
4- aplicação de Diamino Fluoreto de Prata /
repleção das cavidades com ionômero de vidro
ou com cimentos à base de óxido de zinco e
eugenol + aplicação tópica Flúor
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

O uso do Diamino Fluoreto de Prata:

Agente cariostático, vem a ser uma solução


imediata p/ lesões de cárie aguda, em
crianças de pouca idade, devido a grande
dificuldade das manobras restauradoras e a
pouca colaboração do paciente.
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

A ação cariostática do Diamino


Fluoreto de Prata deve-se:

• existência dos íons F e Ag, sendo que:


- íons F comp. minerais
- íons Ag comp. orgânicos
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

O Diamino Fluoreto de Prata promove:

• dessensibilização da dentina hipersensível;


• a formação de precipitados menos solúveis
(ação combinada da Ag e do F formação
de fosfato de prata e fluoreto de cálcio),
que confere maior resistência ao dente;
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

O Diamino Fluoreto de Prata promove ainda:

• inibição da atividade microbacteriana;


• inibição da atividade enzimática do ciclo
fermentativo da placa dental;
• bloqueio de processos cariosos.
Agentes antimicrobianos e
seu potencial de uso na
Odontologia
• fortalece a estrutura dentinária;
• possui ação bactericida contra Streptococos mutans e Lactobacilos;
• impede a aglutinação de dextrano e a atividade da sacarose na placa,
reduzindo a colonização na superfície do esmalte;
• é indicado para estacionar a progressão de lesões cariosas, aplicado
principalmente em cáries rampantes, na impossibilidade de um
tratamento restaurador, interrompendo o processo carioso.
Substâncias
cariostáticas

Diamino Fluoreto de Prata


apresentação comercial
• Bioride 12%
• Cariostatic 10%
• Safluoride de Walter 33%
• Saforide 38%
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

Para a aplicação do Diamino fluoreto de prata,


antes se faz:
• limpeza e profilaxia dos dentes;
• proteção dos lábios e mucosa bucal com
vaselina;
• aplicação do DFP
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

Aplicação do Diamino Fluoreto de Prata:


• isolamento relativo
• aplicação com bolinhas de algodão e pinça
fricção nos dentes por 1 a 3’.

Obs: usar sugador

• aplicação de fluoreto de sódio em


todos os dentes (FNa 0,02%);
Modo de aplicação (Guedes-Pinto e Issáo (1999), antes da
aplicação do diamino fluoreto de prata, deve-se informar os responsáveis que na
região em que o processo da cárie estiver presente, ocorrerá o escurecimento).

1. Profilaxia com pedra-pomes e água;


2. Remoção da dentina amolecida com curetas;
3. Lavagem e secagem;
4. Proteção dos tecidos moles com vaselina ou
manteiga de cacau;
5. Isolamento relativo e secagem do campo
operatório;
6. Aplicação com bolinha de algodão ou cotonete
umedecido, de 1 a 3 minutos.
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

Diamino Fluoreto de Prata - Desvantagens:

• irritante pulpar, segundo alguns autores;


• inconveniente estético.
O uso da Técnica de Restauração
Atraumática com:

• remoção da camada de dentina amolecida


+ cariostático quando possível;
• fechamento das cavidades com Ionômero
de Vidro.

Pode ser mais difícil devido a


sensibilidade dentinária e a maior
dificuldade técnica.
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL
TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO:

• CASEIRO - controle dieta, interposição de


hábitos de higiene bucal, uso de Flúor 0,02%;
• CLÍNICO - consultas retorno regulares - reforço
questão dieta e higiene, aplicação de Flúor a 0,2%,
aplicação do Diamino Fluoreto de Prata, e
curativos necessários.
ADEQUAÇÃO DO MEIO
BUCAL

Além de todas as vantagens citadas a


criança aprende a ver no profissional um
amigo, que lhe propiciou conforto e bem
estar, sem que para isso usasse métodos
traumatizantes.

Você também pode gostar