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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

UNOESC CAMPUS DE CHAPECÓ


CURSO DE FARMÁCIA

BRUNA CAROLINE DA SILVA


GABRIELI GIORDANI
JULIANA BALÉM DOS SANTOS
MARCIANE CANALLE
SILIANDRA LOPES

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA DE QUÍMICA ANALÍTICA:


INVESTIGAÇÃO SOBRE A CAPACIDADE TAMPONANTE DA SALIVA

Chapecó – SC, 2023


1 INTRODUÇÃO

A saliva é um líquido que umedece a cavidade bucal, sendo secretada por


todas as glândulas salivares. Exerce diversas funções no organismo como a
proteção da mucosa bucal e dos dentes, defesa através da lisozima, formação do
bolo alimentar, digestão inicial de polissacarídeos, como o amido e o glicogênio,
regulação do pH do meio bucal a 6,9, pelos tampões salivares, mucina, bicarbonato
e monofosfato, evitando as lesões produzidas pelo excesso de ácidos e bases e
autóclise ou autolimpeza da boca através dos movimentos mastigatórios (BRETAS,
2008).

A potencial de utilidade da análise das secreções salivares no diagnóstico e


prognóstico de possíveis doenças, demostram que os métodos modernos aplicados
a essa secreção podem fornecer informações diferentes das obtidas em outros
fluidos corporais. A saliva é coletada no local de sua fabricação e, portanto, não é
afetada pela coleta ou armazenamento no corpo. É o produto da síntese de
proteínas dentro das glândulas e da maioria dos mecanismos conhecidos de troca
de água e eletrólitos. A composição salivar é afetada por estímulos autonômicos e
hormonais. À medida que a influência específica de cada um desses fatores for
melhor compreendida, os estudos desse fluido fornecerão pistas importantes para o
entendimento da doença e a avaliação da terapia (MANDEL, 1976).

O diagnóstico precoce de pacientes que apresentam uma baixa capacidade


tamponante salivar ou xerostomia de vários graus, ou ainda quando estes dois
fatores estão associados, permite que procedimentos preventivos sejam
corretamente tomados, evitando-se que ocorram danos à saúde do indivíduo
(SPADARO, 1998).

É necessário ter uma amostra favorável para a avaliação média da


capacidade tamponante salivar, isto é, constituída de um número representativo de
elementos em relação à idade e sexo, para que determinados parâmetros
estatísticos sejam significativos. Os fatores mencionados aliados ao clima e
costumes dos povos são decisivos para o traçado do perfil da capacidade
tamponante salivar de uma população (SPADARO, 1998). O manuseio cuidadoso da
coleta e as técnicas analíticas são essenciais para que essas secreções sejam
utilizadas (MANDEL, 1976).
2 OBJETIVO

Esta prática teve como objetivo determinar a capacidade tamponante de uma


amostra de saliva na presença de um ácido forte e uma base forte através da
metodologia de titulação, bem como, correlacionar os resultados com os dados
estabelecidos pela literatura.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS

Para realizar a titulação, foram necessários os seguintes materiais:

 20 mL de amostra de saliva
 pHmetro
 Solução de HCl 0,01 mol/L
 Solução de NaOH 0,01 mol/L
 Pipeta de 10 mL
 Béqueres de 25 mL
 Canetas para identificação das vidrarias

3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

1. Coletar 20 mL de saliva em dois béqueres, sendo 10 mL de amostra para


cada um. Identificar como amostra A e B.
2. Realizar a medição no pHmetro da amostra de saliva pura do béquer A e
anotar o valor correspondente.
3. Titular a amostra A com a solução de HCl 0,01 mol/L com a pipeta de 1 em 1
mL.
4. A cada adição de 1 mL da solução de HCl 0,01 mol/L, agitar o béquer para
homogeneizar a solução, realizar a medição no pHmetro e anotar os valores
correspondentes.
5. Encerrar o experimento quando se aproximar do valor de pH 4,0.
6. Realizar a medição no pHmetro da amostra de saliva pura do béquer B e
anotar o valor correspondente.
7. Titular a amostra B com a solução de NaOH 0,01 mol/L com a pipeta de 1 em
1 mL.
8. A cada adição de 1 mL da solução de NaOH 0,01 mol/L, agitar o béquer para
homogeneizar a solução, realizar a medição no pHmetro e anotar os valores
correspondentes.
9. Encerrar o experimento quando se aproximar do valor de pH 9,0.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após realizar a titulação com as soluções respectivamente de ácido clorídrico
(HCl) e Hidróxido de Sódio (NaOH), foram obtidos os valores descritos na Tabela 1.

Tabela 1- Valores obtidos através de titulação com ácido e base fortes

Titulação com HCl Titulação com NaOH


Volume do titulante PH da Volume do titulante PH da solução
(mL) solução (mL)

1 mL 6,58 1 mL 8,99
2 mL 6,56
3 mL 6,22
4 mL 6,05
5 mL 4,91
6 mL 4,17
Fonte: Os autores (2023)

Na literatura são estabelecidos valores de pH próximos a 7,0 para a saliva. O


pH inicial da amostra era de 6,6. O que se enquadra dentro dos parâmetros pré-
estabelecidos. (KITASAKO,2005).

O gráfico mostrado na (figura 1) abaixo, representa a curva de variação do pH de


cada uma das soluções em função do volume do titulante, em que é possível
determinar a capacidade tamponante da saliva.
Figura 1. Curva de variação do pH

Fonte: Os autores (2023)

Ao analisar o gráfico, observa-se que a capacidade tamponante da saliva é


muito maior na presença de um ácido forte (HCl) do que na presença de uma base
forte (NaOH). Pois o tampão manteve-se do pH inicial de 6,6 até 6,05 onde já
haviam sido adicionados 4 mL de ácido. Por outro lado, na presença de uma
substância básica o tampão não conseguiu manter o pH. Ao adicionar apenas 1mL
de Hidróxido de sódio, o pHmetro já indicou que a solução apresentava pH 8,99.

A capacidade tamponante está relacionada a quantidade de íons hidrônio que


um tampão pode absorver sem uma mudança significativa em seu pH. E essa
capacidade depende de o pH estar próximo ao pKa para ser mais efetiva e também
do nível de concentração do tampão. Quanto mais diluído o tampão, menor sua
capacidade de manter o pH. (MOREIRA; CASTRO; OLIVEIRA, 2021).

Segundo Moreira, Castro e Oliveira (2021, p. 785) “[...] A capacidade da solução de


se comportar como um tampão diminui à medida que a razão das concentrações
das espécies reagentes envolvidas torna-se menor do que 1. Em geral, uma solução
tampão é eficiente dentro do intervalo de -1 ≤ pKa ≤ +1.2”.

Nesse sentido, é provável que a amostra de saliva coletada pelos discentes


apresente um pKa diferente dos valores de referência apresentados na literatura, o
que explica a divergência nos valores de pH encontrados.
5 CONCLUSÃO

Os resultados obtidos e apresentados no gráfico indicam que a saliva tem


importante capacidade tamponante frente a ácidos fortes, uma vez que foi capaz de
manter o pH próximo do valor inicial mesmo com a adição gradual de ácido
clorídrico. Porém, quando exposta a uma base forte (NaOH), a capacidade
tamponante da saliva foi limitada, resultando em um rápido aumento do pH.
Demonstrando que a saliva tem uma capacidade tamponante inferior quando se
trata de neutralizar bases fortes, mas é eficiente na neutralização de ácidos.

Em conclusão, a aula prática de capacidade tamponante da saliva evidenciou a


importância desse fluido biológico na regulação do pH na cavidade bucal, os
resultados destacam a importância da saliva como um sistema tampão natural na
cavidade oral, desempenhando um papel crucial na manutenção do equilíbrio ácido-
base.
REFERÊNCIAS

BRETAS, Liza Porcaro et al. Fluxo salivar e capacidade tamponante da saliva como
indicadores de susceptibilidade à doença cárie. Pesquisa Brasileira em
Odontopediatria e Clínica Integrada, v. 8, n. 3, p. 289-293, 2008.

KITASAKO, Yuichi et al. Teste simplificado e quantitativo de capacidade tampão


salivar usando um medidor de pH portátil. American journal of dentistry , [s. l.], v.
18, ed. 3, p. 147-150, junho 2005. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16158802/. Acesso em: 15 maio 2023.

MANDEL, ID; WOTMAN, S. As secreções salivares na saúde e na


doença. Revisões de ciências orais, n. 8, pág. 25-47, 1976.

MOREIRA, Olivia Brito de Oliveira; CASTRO, Larissa dos Anjos; OLIVEIRA,


Marcone Augusto Leal de. Cálculo e preparo de soluções tampão: guia completo
usando o software PeakMaster®. Química Nova, [s. l.], v. 44, ed. 6, junho 2021. DOI
https://doi.org/10.1016/j.rx.2014.07.001. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/qn/a/W67ZY48q9yJrDC69SDYkLxd/#. Acesso em: 14 maio
2023.

SPADARO, Augusto César Cropanese et al. Método para avaliação clínica da


capacidade tamponante salivar. Revista de Odontologia da Universidade de São
Paulo, v. 12, p. 247-251, 1998.

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