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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais - DEBI


Colegiado do Curso de Química - CCQ

Erlan Aragão
Leandro Porto
Lucas Oliveira
Nivaldo Santos
Pedro Kaynnan

Funcionamento de Tampões

Relatório de aula prática apresentada ao


Prof.ª Dr.ª Janaina Freitas como
avaliação parcial para obtenção de
créditos à disciplina de Bioquímica.

Itapetinga – Bahia
05/06/2012
INTRODUÇÃO

Bioquímica compreende o estudo das moléculas da vida ou biomoléculas.


Sabe-se que os atuais processos vitais surgiram dos enormes emaranhados de
biomoléculas. Essas biomoléculas podem ser estudadas individualmente, regidos por
leis físicas e químicas, o universo inanimado. Todos esses processos de reações
inanimadas são os responsáveis pela manutenção e preservação da vida. A Bioquímica,
portanto, tenta explicar as formas e as funções biológicas em termos químicos
(NELSON, 2011).
Compreender alguns conceitos químicos é fundamental para o bom
desenvolvimento dos estudos em Bioquímica. Ácidos e bases, por sua vez, podem ser
definidos de três formas dependendo da sua técnica e aplicação. Ahrrenius define ácido
como toda espécie química capaz de liberar um íon hidrogeneto e uma base é toda
espécie química capaz de liberar um íon hidroxila sendo que o meio deve ser aquoso.
Brönsted-Lowy define ácido como toda substancia capaz de doar um próton (H +) e base
como toda espécie química capaz de receber um próton. Existe outro conceito sobre
ácidos e bases, entretanto, neste estudo é desnecessário (RUSSEL, 1994; NELSON,
2011).
As reações químicas podem ser entendidas em expressão de equilíbrios, estes
por sua vez são dinâmicos em soluções. Como são dinâmicos, podem sofrer
perturbações como variação de temperatura, pressão e concentração. Esses efeitos
podem ser previstos qualitativamente a partir do princípio Le Châtelier, o qual define
que a posição do equilíbrio químico sempre se altera na direção que tende a minimizar o
efeito da perturbação aplicada. (RUSSEL, 1994; SKOOG, 2005).
Uma expressão que representa os equilíbrios químicos pode ser escrita
conhecendo-se os produtos e reagentes. Primeiro interpreta-se uma reação:
aA +bB ⇌ cC+ dD
Num segundo momento basta transformar essa reação em função da constante
de equilíbrio, que é a relação entre produtos sobre reagentes e representada por uma
letra grega kapa ou K acompanhada de um índice que indica a para acidez, b para
basicidade, eq para equilíbrio et cetera (SKOOG, 2003). Daí tem-se a expressão:
C c Dd
Ka=
Aa Bb
Uma substância pode ser classificada como ácido forte se o equilíbrio de
transferência de próton encontra-se fortemente a favor da doação para a água. Então,
uma substância com pKa menor que zero (correspondendo a Ka maior que 1 e
normalmente a Ka muito maior que 1) é um ácido forte. Uma substância com pKa maior
que zero (correspondendo a Ka menor que 1) é classificada como ácido fraco; para tais
espécies, o equilíbrio de transferência de próton encontra-se a favor do ácido não
ionizado (ATKINS, 2006; SKOOG, 2005).
Dentre os processos inanimados o conhecimento das soluções tampão é de
grande relevância para os estudos bioquímicos. Um tampão ou uma solução tampão é
uma solução que sofre apenas pequena variação de pH quando a ela são adicionados
íons H+ ou OH–, ou seja, é uma solução que contém um ácido mais a sua base
conjugada, em concentrações aproximadamente iguais (RUSSEL, 1994).
Segundo Skoog (2005) tampão é uma mistura de um ácido fraco e sua base
conjugada ou uma base fraca e seu ácido conjugado, que resiste a variações no pH.
Tampões são empregados em inúmeras situações envolvendo a química, quando é
desejável manter o pH de uma solução em um valor predeterminado e relativamente
constante.
O pH ou potencial hidrogeniônico é exatamente o logaritmo negativo das
concentrações de uma solução. No caso do tampão a fórmula de Henderson-Hasselbach
é o melhor caminho para se determinar o pH da solução, considerando que se tem duas
soluções (ATKINS, 2006). Segue a Formula:
[Base]
pH= p K a + log
[ Ácido ]
Um exemplo clássico do funcionamento de um tampão está em observar que
acidez do estômago é combatida com um sal contendo ânion de um ácido fraco - por
exemplo, o hidrogenocarbonato (HCO3-), popularmente conhecido como bicarbonato.
Essa base conjugada de ácido fraco provoca um efeito tampão dentro do estômago, de
forma que o pH esteja e permaneça na faixa normal do estômago, mesmo com
alterações naturais do sistema digestivo (SACKHEIM, 2001)

OBJETIVOS
 Conceituar ácidos e bases. Conhecer as razões para a classificação destes
compostos em fortes e fracos.
 Reconhecer a água como uma substancia dissociável e conceituar seu
produto iônico.
 Conceituar tampões, ou soluções tamponantes e explicar como elas
funcionam.

MATERIAIS

Dihidrogenofosfato de Sódio 0,20 mol/L

Hidrogenofosfato de Sódio 0,20 mol/L


Ácido Clorídrico 1,0 mol/L

Ácido Sulfúrico 3,0 mol/L

Hidróxido de Sódio 1,0 mol/L

Fitas de pH;

Balão Volumétrico 0,250 L

Pipeta Graduada 0,01L

Pipetador PI-PUMP

Béquer 0,200L

Tubos de ensaio pequenos

METODOLOGIA

A aula prática foi realizada no Laboratório de Química Analítica e Bioquímica.


A atividade prática foi dividida em três etapas, a primeira foi a investigação do
funcionamento de tampões, a segunda foi investigado a força iônica dos tampões e a
terceira, a capacidade tamponante com proporções sal/ácido constante.
Na primeira etapa, numeraram-se em ordem crescente quatro tubos de ensaio
de aproximadamente 10 ml. Em cada tubo foi inserido uma porção de 2 ml de água ou 2
ml de solução tampão (o tampão fosfato). Com as fitas adequadas foi medido o pH das
amostras iniciais. Nos tubos 1 (com água) e 2 (com tampão) foi adicionado 3 gotas de
solução ácida (ácido clorídrico) em cada um e nos tubos 3 (com água) e 4 (com tampão)
foram adicionadas 3 gotas de solução básica (hidróxido de sódio) em cada tubo. Com as
fitas de pH realizaram as aferições.
Na segunda etapa foi adicionado um tubo de ensaio uma porção de 10 ml de
tampão e em outro tubo 2,5 ml de tampão e 7,5 ml de água. Com as fitas de pH
realizou-se a aferição do pH de cada amostra.
Na terceira etapa utilizou-se os tubos da etapa anterior e adicionou 1 ml de
ácido sulfúrico, homogeneizou o sistema e registrou o pH, adicionou mais 1ml de ácido
e repetiu-se o procedimento até que totalizasse 3 ml de ácido na amostra. Em ambos os
tubos de ensaio o procedimento foi igual.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente foi ser preparada uma solução tampão fosfato com pH 7,7.
Segundo Atkins (2006) o melhor caminho para a preparação é aplicar a equação de
Henderson-Hasselbach que a princípio determina o pH da mistura da solução do sal
com a solução do ácido. Ao retomar a equação obtém-se o volume de solução de ácido
ou base necessários para equilibrar a reação ao pH desejado.

Experimento I – Funcionamento dos Tampões

A água destilada apresentou inicialmente o pH 7, como era de se esperar e para a


solução tampão o pH medido foi 8. Esperava-se um pH 7,7 conforme os cálculos
realizados, como as fitas não apresentam os intervalos decimais os valores ficou como
8.
Após a dição de solução ácida observou-se na água um decaimento expressivo
do pH, que de 7 passou a 4. Com a adição de solução básica o pH aumentou de 8 para 9.
Entretanto nos tubos onde havia o tampão o pH permaneceu invariável como mostra a
tabela 1. Como afirma Atkins e Skoog já afirma que o tampão realmente não deve variar
seu pH se a ele for adicionado soluções ácidas ou básicas em pequenas concentrações.
A água, como solvente universal, na verdade diluía ainda mais as soluções que a ela
eram adicionadas.
Tubo
Reagentes 1 2 3 4

Água Destilada 2 ml - 2 ml -
Solução Tampão - 2 ml - 2 ml
pH 7 8 7 8
Solução Ácida - - 3 gotas 3 gotas
Solução Básica 3 gotas 3 gotas - -
pH 9 8 4 8

Tabela 1 - Variação de pH em soluções.

Experimento II
Quando mediu-se o pH das espécies dos dois tubos de ensaio, percebeu-se que
o pH manteve em 8, isso porque a água pura não interfere no pH de um tampão,
entretanto, o tampão do tubo 2 tende a ficar mais sensível às perturbações, caso algum
ácido perturbe o sistema ele se deslocaria com maior facilidade no sentido de diminuir o
pH e o inverso caso fosse suma base evidenciando os princípios de Lê Châtelier por
Russel (1994). A tabela 2 apresenta os valores obtidos experimentalmente.

Tubos 1 2
Reagentes

Tampão Fosfato 10ml 2,5ml


Água Destilada - 7,5 ml
pH 8 8

Tabela 2 - Força iônica dos tampões.

Experimento III – Capacidade tamponante com proporções sal/ácido


constantes.

Considerando que tampão é uma mistura de um ácido fraco e sua base conjugada
ou uma base fraca e seu ácido conjugado, que resiste a variações no pH (SKOOG, 2006)
e a etapa segunda deste experimento ao ser adicionado 2 ml de ácido sulfúrico
concentrado a 3mol/L nos tubos de ensaio, observou-se os valores indicados na tabela 3.

1 2
Tubo
Reagentes

Ácido Sulfúrico 1ml 1ml


pH 5 7
Ácido Sulfúrico 1ml 1ml
pH 8 3
Ácido Sulfúrico 1ml 1ml
pH 7 1

Tabela 3 – Avaliação da capacidade tamponante.


A partir desta tabela segue o gráfico que demonstra mais claramente os
resultados.

9
8
7
6 Somente
5 o Tampão
pH

4
Tampão
3 25% em
2 água
1
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
Volume Adicionado (ml)

Gráfico 1 – Variação do pH de solução tamponada e de solução tamponada altamente ionizada em meio


aquoso.

No gráfico acima é possível perceber como sistemas tampões se comportam ao


sofrer perturbações por ácidos. Ambas as soluções apresentam a mesma faixa de pH, ao
adicionar 7,5 ml de água destilada a 2,5 ml de solução tamponante (tubo 2) não foi
percebido qualquer variação de pH, entretanto a sensibilidade iônica é aumentada, pois
a adição de água implica na maior dissociação dos íons no meio.

Observando isoladamente o tubo 1, onde havia apenas a solução tamponada, ao


adicionar o primeiro volume de ácido sulfúrico percebeu-se uma grande variação do pH,
de 8 desceu para 5, com a adição do segundo volume de ácido o sistema apresenta pH 7
e ainda com o terceiro volume o pH permanece inalterado em 7. Essa variação tão alta
no início não era de se esperar, pois segundo Russel, Skoog e Nelson, a adição de
pequenas quantidades de ácido não interfere diretamente no equilíbrio do tampão, ou
seja, o pH deste sistema não deveria cair bruscamente, no entanto com a segundo
volume adicionada o pH aumentou para 7 e permaneceu inalterado com a adição do
terceiro volume.

CONCLUSÃO

Uma das propriedades de qualquer sistema biológico é de ser dependente do


pH. Se uma solução tamponada resiste a mudanças de pH quando ácidos e bases são
adicionados ou quando uma diluição ocorre, podemos concluir, portanto, que uma
solução tamponante ideal resiste de maneira eficiente a perturbações.
A diluição de um tampão em água diminui o poder tamponante, permitindo
maior vulnerabilidade a perturbações do meio.

REFERÊNCIA

1. ATKINS, P.; Jones, L. Princípios de Química: Questionado a vida moderna e o


meio ambiente. 3ª Ed., Bookman, Porto Alegre, 2006.
2. NELSON, Deivid L. Princípios de Bioquímica Lehninger. Porto Alegre – RS:
ARTMED EDITORA, 2011.
3. RUSSEL, John. Química Geral 2. MAKRON BOOKS, 1994.
4. SACKHEIM, G. I.; LEHMAN, D. D. Química e bioquímica para ciências
biomédicas. 8ª ed. São Paulo: Manole, 2001

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