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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E ENGENHARIAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS E DA MADEIRA

DANIEL DE SOUZA RIBEIRO


FLÁVIO RODRIGUES LIMA

Produção de mudas Teca tipo toco

ALEGRE
2021
DANIEL DE SOUZA RIBEIRO
FLÁVIO RODRIGUES LIMA

Produção de mudas Teca tipo toco

Trabalho apresentado ao curso de Engenharia


Florestal do Departamento de Ciências Florestais e
da Madeira do Centro de Ciências Agrárias e
Engenharias da Universidade Federal do Espírito
Santo, como requisito parcial para aprovação na
disciplina Viveiros Florestais.

ALEGRE
2021
Sumário

Introdução 3
Sementes de Teca 3
Obtenção das sementes 4
Quebra de Dormência 4
Semeadura 5
Produção da muda 6
Referências 8
1. Introdução
A teca é uma árvore originária da Ásia de grande valor econômico. Sua madeira é
leve, resistente ao ataque de cupins e fungos e de cor castanho-dourada, sendo utilizada na
construção naval, na fabricação de móveis finos, estruturas, painéis, dormentes entre outros.
Seu crescimento é rápido nos primeiros anos e os melhores resultados econômicos são
alcançados a partir dos 25 anos de plantio (Embrapa, 2005).
Os primeiros plantios comerciais surgiram na década de 1960 no Estado do Mato
Grosso, embora atualmente já ocorram em várias regiões brasileiras. Devido à sua
importância, a espécie tem sido destinada à produção de madeira para reflorestamento
comercial, evitando a exploração inapropriada de espécies nativas. (Embrapa, 2010)
Para produção de mudas a recomendada é a muda tipo toco por ser prática e
econômica. Nada mais é que uma parte da muda de raiz nua, devidamente podada,
compreendendo cerca de 10 a 20 cm da raiz pivotante e 2 a 3 cm do caule. Desta forma,
dispensa recipiente (saco plástico ou tubetes), aspecto que facilita a produção, o transporte e o
plantio (Cáceres Florestal, 2006).

2. Sementes de Teca
O material chamado como “semente” na verdade é o fruto da teca, constituído por um
caroço duro (endocarpo), revestido por um material de textura semelhante ao feltro
(mesocarpo) e envolvido por uma membrana fina, inflada, de fácil remoção (exocarpo). Os
frutos vendidos por empresas e produtores geralmente apresentam o exocarpo removido
durante o beneficiamento. Dentro do caroço existem quatro cavidades, denominadas locos,
onde podem estar alojadas até quatro sementes (figura 1). As sementes da teca são pequenas e
delicadas, daí a dificuldade do seu uso como material de propagação.
Figura 1 – Fruto da teca aspecto externo e corte transversal

Fonte: Cáceres Florestal, 2006

3. Obtenção das sementes


As sementes podem ser obtidas de empresas ou produtores que já realizam seleção de
matrizes. Diversos estudos apontam que o comprimento e deformações do tronco (fuste),
qualidade da madeira, resistência a pragas e doenças, crescimento e até a queda natural dos
ramos são características transmitidas pelas sementes às árvores do futuro plantio. Portanto, é
fundamental obter sementes de matrizes selecionadas.
Outra opção para obtenção das sementes é colher em plantios existentes, para isso
devem ser tomados alguns cuidados durante a coleta:
• Escolher plantios mais velhos (mais de 12 anos) nos quais já tenham ocorrido pelo
menos dois desbastes (retirada das menores árvores ou das árvores atacadas por pragas ou
doenças).
• Escolher matrizes de tronco retilíneo, de forma circular e com maiores diâmetros e
alturas.
• Descartar para matrizes as árvores jovens e com muitos ramos laterais.

Após selecionadas as melhores matrizes, com o uso de uma lona plástica deve-se
cobrir o chão em torno de cada árvore, em seguida, balançar a copa e coletar as sementes que
caíram. A conservação das sementes é muito simples, basta colocá-las num saco de aniagem e
armazená-las em um local fresco, seco e protegido da luz.
4. Quebra de Dormência
A germinação da semente da teca é demorada e irregular, é sugerido mergulhar os
frutos em água corrente por um período de 24 horas, a fim de acelerar e uniformizar a
germinação. As sementes devem ser colocadas dentro de um saco de aniagem, juntamente
com um peso, para que fiquem submersos na água. Caso a água não seja corrente, é
necessário trocá-la a cada 6 horas. Concluído o tratamento, os frutos estarão prontos para
serem semeados.
No entanto, além da umidade, a semente da teca necessita de muito calor para
germinar. Caso o fruto seja umedecido e faltar calor, a semente apodrecerá. Portanto, quando
a temperatura do solo (onde os frutos serão semeados) encontrar-se abaixo de 25°C, será
conveniente estimular a germinação, através de tratamento térmico complementar. Para isso,
deve-se embrulhar o saco com os frutos pré-umedecidos numa lona plástica preta e expô-lo ao
sol forte, por um ou dois dias.

5. Semeadura
A época indicada para iniciar a produção da muda “toco” é em janeiro/fevereiro, onde
as chuvas são freqüentes e a umidade e temperatura elevadas. Em regiões não sujeitas ao frio
do “inverno”, a produção das mudas poderá ser iniciada mais tarde.
Após o tratamento de quebra de dormência, as sementes serão semeadas diretamente
no substrato do canteiro, composto de esterco de curral bem curtido e, se necessário, areia
para facilitar a retirada da muda posteriormente. Os frutos devem ser “semeados” no
espaçamento de 10 x 15 cm, de forma bastante superficial, não será totalmente enterrado no
substrato (figura 2). A parte que apresenta a cicatriz de inserção “umbigo” deve ser
posicionada para baixo (figura 3), pois facilita o desenvolvimento do sistema radicular.
Depois de feita a semeadura, deve-se cobrir o canteiro com uma fina camada de areia ou de
casca de arroz.
 
Figura 2 e 3 – Profundidade e posição correta de semeadura/Germinação e desenvolvimento.

Fonte: Cáceres Florestal, 2006

Em princípio, se a semeadura ocorrer na estação das águas, não haverá necessidade de


irrigação. No entanto, no caso de um veranico forte, os canteiros possam ser molhados por
alguns dias, até que as mudinhas encontrem-se bem estabelecidas.
Não faltando água ou calor, a maior parte das sementes deverá germinar no prazo de
trinta dias (figura 4). No entanto, algumas sementes poderão vir a germinar bem mais tarde,
podendo demorar meses. Um fruto pode dar origem a mais de uma muda, é preciso escolher a
melhor delas e remover as restantes, estas poderão ser replantadas naqueles locais onde
houver falha de germinação. 
Quando as plantinhas de teca estiverem com o terceiro par de folhas, poderá ser feita
uma adubação nitrogenada a cada 15 dias. Para isso, basta colocar a quantidade de uma colher
de sopa de uréia num regador de 10 litros e distribuir a água em 5 metros quadrados de
canteiro.
Com o fim das chuvas, o crescimento das mudas é reduzido, podendo culminar - no
auge da seca - com a queda das folhas. A partir de setembro-outubro, com o retorno das
chuvas, as mudas voltam a enfolhar-se e a crescer. De novembro em diante, as mudas estarão
prontas para serem arrancadas e podadas.

6. Produção da muda
O ideal é que as mudas sejam retiradas e preparadas no dia do plantio, ou pelo menos,
no dia anterior. Inicialmente, o canteiro terá mudas de diversos tamanhos, ou seja, mudas boas
para o plantio e mudas pequenas que deverão permanecer no canteiro ou não ser utilizadas.
Mudas de boa qualidade para o plantio têm o caule na grossura de um dedo, ou seja, pouco
mais de 1 cm.
Figura 4 – Poda da muda e aspecto da muda tipo “toco”.

Fonte: Cáceres Florestal, 2006

● Arrancamento da muda: arrancar a muda a mão, puxando-a pelo caule, quando o


canteiro não oferecer resistência a esta operação. Caso se encontre muito enraizada,
usar um enxadão para soltá-la e para cortar a raiz pivotante numa profundidade de 20 a
25 cm;
● Poda da parte aérea: cortar o caule cerca de 2,5  a 3 cm acima do colo;
● Poda do sistema radicular: cortar a raiz pivotante com 20 cm de comprimento (ou
menos, caso apresente algum dano ou bifurcação), as raízes laterais também devem ser
cortadas.
As mudas podem ser arrumadas em feixes para o transporte até o local do plantio.
Após o preparo devem ser plantadas no mesmo dia. Caso isso não seja possível, as mudas
podem ser conservadas por poucos dias, desde que sejam arranjadas em feixes, e conservadas
em sacos de aniagem e mantidas em local seco e fresco, protegidas do sol.
7. Referências

RAPOSO, A. et al. Produção de Mudas de Teca por Micropropagação. Embrapa; Acre,


2010. Disponível em:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/30857/1/Circular-tec.-56.pdf>. Acesso
em: 16 set. 2021

FIGUEIREDO, E. O. Teca (Tectona grandis L.f.): produção de mudas tipo toco. Embrapa,


Acre, 2005. Disponível em:
<https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/504314/1/doc101.pdf>.
Acesso em: 06 set. 2021.

Manual do Cultivo da Teca. Cáceres Florestal S/A, 2006. Disponível em:


<http://www.caceresflorestal.com.br/Manual_do_cultivo_da_teca-Caceres_Florestal.pdf>.
Acesso em: 06 set. 2021.

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