Você está na página 1de 64

INSTITUTO POLITÉCNICO MAKHETELE

ENSINO MÉDIO TÉCNICO PROFISSIONAL


CV4 EM AGROPECUÁRIA
CAIA

Seleccionar, preparar e
armazenar sementes

Manual do Formando

João Conde Jossefa


Caia, 2024
FICHA TÉCNICA

AUTOR

João Conde Jossefa

_______________________________
(Engenheiro Agrónomo)
Joaoconde4@autlook.com ou joaoconde3@gmail.com

REVISÃO GRÁFICA

Instituto Politécnico Makhetele-Caia; 1ª Edição, 2024

_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

APROVAÇÃO

Orácio Pedro Chaúque (Director Geral)

_________________________________________
(Engenheiro Agrónomo)
Istitutomakhetele2016@gmail.com
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 5
RESULTADO DE APRENDIZAGEM-1 ...................................................... 6
PRODUZIR SEMENTES DE UMA CULTURA NUM DADO CAMPO ............. 6
1.1. PRODUÇÃO DA SEMENTE ............................................................... 7
1.1.1. Conceito da semente ................................................................... 7
1.1.1.1. Diferenças entre semente e grão ............................................ 8
1.1.2. Classificação das sementes ......................................................... 8
1.1.2.1. Diferença entre semente certificada e não certificada ............. 9
1.1.3. Estabelecimento de campo para produção de sementes ............. 11
1.1.3.1. Definição da variedade ........................................................ 11
1.1.3.2. Escolha do local para a produção de semente ...................... 11
1.1.3.3. Isolamento dos campos de produção ................................... 12
1.1.4. Determinação da área e da semente necessária ......................... 13
1.2. SEMENTEIRA E/OU PLANTIO ........................................................ 15
1.2.1. Tipos de sementeira .................................................................. 15
1.2.2. Época de sementeira ou plantio ................................................ 15
1.2.3. Datas de sementeira ................................................................. 16
1.2.4. Densidade de sementeira ou plantação ..................................... 16
1.2.4.1. Compasso adequado ........................................................... 16
1.2.4.2. Relação entre a densidade de plantas e os recursos ambientais
........................................................................................................ 17
1.3. CUIDADOS CULTURAIS A CONSIDERAR NA PRODUÇÃO DE
SEMENTES ........................................................................................... 17
1.3.1. Desbaste ................................................................................... 17
1.3.2. Adubação.................................................................................. 17
1.3.3. Controlo de infestantes ............................................................. 18
1.3.4. Controlo de pragas e doenças .................................................... 18
1.3.5. Roguing ou selecção negativa .................................................... 19
1.3.6. Irrigação ................................................................................... 19
1.3.7. Rotação de culturas .................................................................. 19
1.4. INSPECÇÕES, COLHEITA E MEDIDAS DE HST .............................. 19
1.4.1. Inspeção do campo de produção de sementes ............................ 19
1.4.1.1. Tipos de contaminantes ...................................................... 22
1.4.2. Maturação e colheita das sementes ........................................... 23
1.4.3. Medidas de HST durante a produção de sementes ..................... 24
EXERCÍCIOS DE CONSOLIDAÇÃO ........................................................ 25
RESULTADO DE APRENDIZAGEM-2 .................................................... 27
AVALIAR E CLASSIFICAR A SEMENTE .................................................. 27
2.1. BENEFICIAMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE SEMENTES .................. 28
2.1.1. Beneficiamento de sementes de frutos carnosos ........................ 29
2.1.2. Beneficiamento de sementes de frutos secos ................................ 31
2.1.3. Classificação da semente .......................................................... 33
2.1.3.1. Importância da classificação da semente ............................. 34
2.2. AMOSTRAGEM E TRATAMENTO DE SEMENTE .............................. 35
2.2.1. Conceitos gerais ........................................................................ 35
2.2.1.1. Lote de sementes................................................................. 35
2.2.1.2. Amostra .............................................................................. 36
2.2.1.3. Amostragem de sementes .................................................... 36
2.2.2. Procedimentos de Amostragem ............................................... 36
2.2.3. Análises laboratoriais da semente ............................................. 37
2.2.3.1. Pureza da semente .............................................................. 37
2.2.3.2. Teste de Germinação ........................................................... 38
2.2.3.3. Valor cultural ou agrícola .................................................... 39
2.2.3.4. Vigor da semente................................................................. 41
2.2.3.5. Teste de sanidade da semente ............................................. 42
2.2.4. Tratamento da semente............................................................. 43
2.2.4.1. Procedimentos de tratamento de sementes .......................... 43
2.2.5. Embalagem da semente ............................................................ 46
EXERCÍCIOS DE CONSOLIDAÇÃO ........................................................ 47
RESULTADO DE APRENDIZAGEM-3 .................................................... 49
ARMAZENAR A SEMENTE ..................................................................... 49
3.1. ARMAZENAMENTO DE SEMENTES ................................................ 50
3.1.1. Conceito do armazém ................................................................ 50
3.1.2. Tipos de armazéns de sementes ................................................ 50
3.1.2.1. Armazéns tradicionais ......................................................... 50
3.1.2.2. Armazéns convencionais ..................................................... 52
3.2. COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO DURANTE O ARMAZENAMENTO
............................................................................................................. 55
3.3. CONDIÇÕES DO LOCAL DE ARMAZENAMENTO DE SEMENTES.... 56
3.3.1. Controlo de temperatura ........................................................... 58
3.3.2. Controlo de humidade ............................................................... 58
3.3.3. Controlo de pragas .................................................................... 59
3.3.4. Integridade das embalagens e rótulos ........................................ 59
EXERCÍCIOS DE CONSOLIDAÇÃO ........................................................ 61
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ............................................................... 63
INTRODUÇÃO
A semente é o insumo fundamental para o desenvolvimento da agricultura,
pois é um veículo compacto, resistente e prático, por meio do qual as
culturas são propagadas no tempo e no espaço. É provável que seja o
insumo com maior valor agregado, pois carrega a constituição genética da
variedade da cultura.
A utilização de sementes de boa qualidade proporciona ao agricultor
maiores possibilidades de sucesso da lavoura e, consequentemente, da
produção. A semente de boa qualidade deve ter alta germinação, elevada
pureza física (não conter impurezas) e ser livre de pragas e doenças.
Uma boa fonte de sementes é o primeiro passo para uma germinação
efetiva, crescimento e sobrevivência de mudas de espécies ameaçadas. Após
a colecta de sementes em campo, há um número de etapas que devem
seguir para reduzir a perda de viabilidade destas que incluem, o
beneficiamento, avaliação da viabilidade, condições de armazenamento e a
necessidade ou não, de tratamentos pré-germinativos.
A finalidade desse manual é fornecer ao formando orientações básicas para
melhorar a eficácia de produção, selecção, preparação, armazenamento e
conservação de sementes de espécies vegetais agronómicas.

5
1
RESULTADO DE APRENDIZAGEM
Produzir sementes de uma
cultura num dado campo
Produzir sementes de uma cultura num dado campo
Neste resultado de aprendizagem, os formandos terão oportunidade
de aprender sobre:
a) Produção da semente
✓ Conceito da semente;
✓ Classificação das sementes;
✓ Estabelecimento de campo para a produção de sementes
✓ Determinação da área e da semente necessária.
b) Sementeira
✓ Época de sementeira ou plantio;
✓ Datas de sementeira;
✓ Densidade de sementeira ou plantação.

c) Cuidados culturais a considerar na produção de sementes


✓ Desbaste;
✓ Controlo de pragas, doenças e infestantes;
✓ Adubação do solo;
✓ Irrigação;
✓ Roguing (selecção negativa);
✓ Rotação de culturas.
d) Inspecções, Colheita e medidas de HST

6
1.1. PRODUÇÃO DA SEMENTE
A produção de sementes possui os objectivos de garantir a origem e a
preservação da identidade genética destas, de maneira a proporcionar a
qualidade das que são produzidas. Diante disso, a produção das sementes
é um processo complexo que envolve vários factores e possui fases distintas,
que necessitam seguir, nos campos de produção, padrões estabelecidos.
Neste âmbito, a produção de sementes é definida como “o processo de
propagação, podendo ser a semente de qualquer gênero, espécie ou
variedade, proveniente de reprodução sexuada ou assexuada, que tenha a
finalidade específica de sementeira”.
Assim, neste sistema de produção, as sementes são agrupadas em
categorias específicas, de acordo com a sua origem genética, qualidade e
número de gerações.
1.1.1. Conceito da semente
As sementes apresentam-se como importante insumo à agricultura e, para
atender a demanda de disponibilidade destas. O sistema de produção de
sementes visa, além de produzir, garantir a origem genética e as
características de qualidade das sementes.
A semente botanícamente é definida como sendo o óvulo fecundado e
desevolvido, que nas Angiospermas, está contida no interior de um fruto
que é resultante do desenvolvimento do ovário. Alguns, definem semente
como sendo o ôvulo que contém um embrião, em estado de vida latente,
envolvido por um tegumento protector chamado de casca.
Dentro da agricultura, o conceito de semente tem um sentido bastante
amplo e pode não coincidir sob o ponto de vista botânico, uma vez que, é
comum chamar-se de semente qualquer tipo de agente de propagação da
espécie.
O conceito agrícola de semente é muito vasto, podendo ser toda e qualquer
parte do vegetal, que, quando colocada sob condições satisfatórias é capaz
de dar origem a uma planta com as mesmas características da planta-mãe.
A semente agrícola pode coincidir com a própria semente botânica, também
chamada de semente verdadeira, como a do feijão, manga, etc. ou ser um
órgão vegetativo do vegetal, como estacas de cana-de-açúcar, manivas de
mandioca, batata-reno, etc. ou ainda um fruto semente, como acontece com
as cariopses, cujos exemplos enquadram os cereais no geral (Milho, trigo,
arroz, etc).

7
1.1.1.1. Diferenças entre semente e grão
Para um leigo, qualquer grão colhido de uma planta que for semeado deverá
germinar e resultar numa nova planta, porém, para quem trabalha com a
agricultura, a qualidade das sementes continua sendo fundamental e
indispensável.
Acrescida à qualidade veio a busca por insumos agrícolas responsáveis pela
optimização das produções e plantações. A diferença entre plantar uma
semente de alta qualidade de um grão produzido na propriedade é grande.
Mesmo que detenha baixos custos de orçamento, diante de outros
requisitos indispensáveis, como herbicidas, adubo, dentre outros insumos,
a semente ainda é encarada pelos produtores como o início de uma grande
plantação e a garantia de uma boa produtividade. É indispensável ter
conhecimento sobre a origem das sementes adquiridas, seu grau de pureza
e seu potencial de germinação.
Tabela 01: Principais diferenças entre semente e grão
DIFERENÇAS
Semente Grão
É o que se semeia ou planta-se É o que se colhe
A semente sempre germina O grão pode não germinar
A semente tem identidade
O grão não tem identidade
(variedade, categoria, lote)
Garantias de pureza, qualidade, Não dá nenhuma garantia e, como
porcentagem de germinação, consequência, a produtividade será
origem e a produtividade. comprometida

O agricultor, ao utilizar a sua própria semente, acredita estar economizando


recursos no processo produtivo, uma vez que não há o custo inicial para
sua aquisição. Entretanto, ao adotar esse procedimento, ele deixa de ter
acesso às novas variedades mais produtivas que têm ganhos genéticos e a
segurança da qualidade do produto semeado, que são factores
fundamentais para alcançar níveis superiores de produtividade.
1.1.2. Classificação das sementes
As sementes são classificadas nas seguintes categorias: genética, básica,
certificada de 1ª geração (C1), certificada de 2ª geração (C2), não certificada
de 1ª geração (S1) e não certificada de 2ª geração (S2).
A semente genética é aquela obtida directamente do processo de
melhoramento de plantas, em que são identificados os progenitores, ou seja,
as características de identidade e pureza genética são bem definidas.

8
A partir das sementes genéticas, as empresas (públicas ou privadas) fazem
a reprodução deste material, originando a semente básica. Nesta categoria
de sementes, são mantidas a identidade genética e a pureza varietal. A
identidade genética é o conjunto de carácteres genotípicos e fenotípicos de
determinada cultivar ou variedade. A pureza genética refere-se ao indivíduo
com identidade correspondente a variedade de origem, e, a pureza varietal
é uma característica de um lote de sementes, que contenha apenas uma
única variedade.
As sementes denominadas de certificadas de 1ª geração (C1) podem ser
resultantes tanto da reprodução da semente básica, quanto da reprodução
da semente genética. Já as sementes denominadas de certificadas de 2ª
geração (C2) podem ser resultantes da reprodução de sementes genética,
básica ou de certificada de 1ª geração.
Com relação às sementes não certificadas, duas categorias as compõem: As
de 1ª geração (S1) e as de 2ª geração (S2), anteriormente denominadas de
sementes fiscalizadas, sendo estas amplamente produzidas pelos
produtores de sementes. As sementes da classe S1 podem ser resultantes
da reprodução das sementes certificadas C1, C2, básica e genética.
Enquanto as sementes da classe S2 podem ser resultantes da reprodução
de S1, C1, C2, básica e genética.

Não certificada de
1ª Geração (S1)

Não certificada de
2ª Geração (S2)

Figura 01: Categorias de sementes de acordo ao material de reprodução


Ainda existe a semente para uso próprio, também conhecida como semente
“salva” ou “reservada”, na qual o agricultor separa uma quantidade, a cada
colheita, para semear na época seguinte, exclusivamente, em sua
propriedade, desde que a semente tenha sido produzida das categorias C1,
C2, S1 e S2.
1.1.2.1. Diferença entre semente certificada e não certificada
Apenas as categorias de sementes genética, básica, C1 e C2 podem ser
certificadas. Contudo, as categorias S1 e S2, embora não certificadas,
necessitam ser legalizadas, pois são produzidas sob fiscalização.

9
Desta maneira, a certificação de sementes é compreendida como o processo
de produção, executado mediante controlo de qualidade em toda as etapas
do seu ciclo, incluindo o conhecimento da origem genética e o controlo de
gerações. Deste modo, pode-se afirmar que a certificação atesta a
conformidade da semente com normas específicas, que abrange desde a
produção até a comercialização das sementes, e concomitantemente
assegura a origem genética, a qualidade e o controlo de gerações da
semente.
A avaliação da conformidade é um processo sistematizado, com regras
preestabelecidas, devidamente acompanhado e avaliado, de forma a
propiciar adequado grau de confiança às sementes, mediante o atendimento
aos requisitos do sistema de produção.
Por meio da certificação ocorre o controlo da origem, atestando quantas
gerações a semente foi multiplicada, portanto, garante a identidade genética
das variedades. A Figura 02 ilustra a perda de homogeneidade e capacidade
genética das sementes nas gerações multiplicadas, juntamente ao
comparativo entre sementes certificadas e não certificadas.
Semente certificada Semente não certificada

Figura 02: Perda da homogeneidade e a capacidade genética com gerações


de uso de sementes.
É possível observar que, na produção, a semente C1 é aquela que mantém
a identidade genética seleccionada anteriormente pelos melhoradores,
podendo ser genes que agregam produtividade, resistência a doenças,
resistência às condições adversas ambientais, etc. Contudo, à medida que
as sementes são multiplicadas, há perda progressiva de genes
anteriormente seleccionados e, devido a isso, as categorias S1 e S2 não são
certificadas, mesmo se houver a procedência genética comprovada. Desta
maneira, a perda de homogeneidade genética é uma das diferenças entre
sementes certificadas e não certificadas.

10
1.1.3. Estabelecimento de campo para produção de sementes
O estabelecimento de um campo de produção de sementes requer uma série
de medidas, cujo objectivo principal é evitar que as sementes sofram
contaminação genética ou varietal durante qualquer uma das fases do
processo produtivo. As principais medidas a serem tomadas visando a
produção de sementes são:
✓ Definição da variedade;
✓ Escolha da área;
✓ Isolamento dos campos de produção;
✓ Purificação ou "rouguing".
1.1.3.1. Definição da variedade
A variedade a ser usada para a produção de sementes deve atender à
recomendação técnico-científica. Por ocasião da escolha da variedade, o
produtor deve observar as características agronômicas mais favoráveis, pois
o melhoramento genético das empresas de pesquisa oferece aos produtores
uma série de opções que passam por variedades menos exigentes em
fertilidade do solo e mais tolerantes à deficiência hídrica, até variedades
mais exigentes, mais produtivas e com boa resistência ao acamamento,
sendo essas recomendadas para solos corrigidos e férteis. Dentre as
características desejáveis para uma variedade destacam-se:
✓ Tolerância às doenças, principalmente brusone e manchas-dos-
grãos;
✓ Resistência ao acamamento;
✓ Alta produtividade;
✓ Boa qualidade industrial dos grãos e/ou frutos;
✓ Alto rendimento;
✓ Boa classificação comercial;
✓ Boa qualidade culinária.
1.1.3.2. Escolha do local para a produção de semente
Para a obtenção de produtividade satisfatória de sementes de alta pureza
genética e de alta qualidade física, fisiológica e sanitária, a produção de
sementes deve obedecer a determinados critérios, dentre eles, está a escolha
do local ou área, que por sua vez, inclui:
✓ Facilidade de acesso;
✓ Susceptibilidade de inundação no tempo chuvoso;
✓ Incidências de pragas de difícil controlo como por exemplo, as
térmites;
✓ Incidências de pragas de doenças;
✓ As distâncias de isolamento entre variedades e/ou entre espécies
diferentes;

11
✓ A importância de rotação de culturas nos campos de multiplicação de
sementes.
1.1.3.3. Isolamento dos campos de produção
A possibilidade de ocorrência natural de altas taxas de polinização cruzada
entre genótipos das espécies, requer isolamento dos campos de produção
de sementes, para que a pureza varietal das sementes produzidas seja
preservada. Entretanto, os vários factores capazes de influenciar essas
taxas impossibilitam recomendação uniforme de distâncias de isolamento,
igualmente eficientes para diferentes regiões.

O isolamento pode ser feito pelo espaço e pelo tempo:


✓ Isolamento pelo espaço: Consiste em semear uma certa variedade
de semente num campo bem isolado dum outro da mesma espécie,
com objectivo de evitar a contaminação na altura da floração;
✓ Isolamento pelo tempo: Consiste em semear mais de uma variedade
da mesma espécie, no mesmo campo, usando diferentes datas de
sementeiras.
A tabela 02 apresenta diferentes orientações de distância de isolamento
físico para algumas espécies, de acordo com a categoria de semente,
estabelecida pelas normas de produção de semente.
Tabela 02: Recomendações de distância de isolamento físico para a
produção de sementes de algumas espécies.
Distâncias mínimas (metros)
Cultura/Categoria
Básica C1 C2 S1 e S2
Algodão 250 250 250 250
Canola 200 200 200 200
Girassol 2000 2000 2000 2000
Soja 3 3 3 3
Trigo 3 3 3 3

No entanto, há grande variação entre as recomendações encontradas na


literatura especializada. Um caso extremo é a recomendação de 3 km ou,
preferentemente, 5 km, entre campos de diferentes variedades ou espécies.
Diversos factores climáticos devem ser considerados quando se vai
selecionar uma área para produzir sementes. Baixa luminosidade,
variações bruscas na temperatura e elevada humidade relativa do ar são
desfavoráveis à obtenção de sementes de qualidade e altamente favoráveis
à incidência de doenças.

12
Condições climáticas adversas podem ser amenizadas quando se planta
semente em épocas diferenciadas. A escolha da época de semeadura visa
proporcionar condições para que a cultura apresente nível óptimo de
desenvolvimento durante todas as etapas do seu ciclo, adequando a cultura
às condições climáticas da região, favoráveis à produção em quantidade e
qualidade das sementes.
Antes de definir a área para produção de sementes, deve-se procurar
conhecer o seu histórico, no que se refere às variedades ou culturas
utilizadas anteriormente, para prevenir possíveis misturas varietais pelo
aparecimento de plantas voluntárias, o grau de infestação com plantas
daninhas e o período de pousio. A área a ser utilizada deve ter um plano de
rotação de culturas para reduzir a população de pragas e doenças. É
importante lembrar que, além dos graves prejuízos que as doenças causam
à produtividade e à qualidade, algumas delas podem ser transmitidas pelas
sementes.
1.1.4. Determinação da área e da semente necessária
Para semear-se uma determinada área, deve-se antes, fazer-se uma prévia
planificação, da extensão da aera a ser semeada, do que vai semear-se,
como vai semear-se, quais os gastos dos bens a usar bem como a
quantidade de sementes por forma a prever os rendimentos esperados, por
meio de análise se o que vai produzir-se será viável ou não. A quantidade
de semente é calculada em função do número de plantas que se deseja obter
por metro linear.
𝑁𝑠 ∗ 𝑃1000𝑠
𝑸𝒔(𝑲𝒈) =
1000
✓ Qs: Quantidade de sementes;
✓ Ns: Número de sementes;
✓ P1000s: Peso de 1000 sementes.
O número de sementes é calculado com base na seguinte equação:
Densidade de plantação
𝑵𝑺 =
PG(%) ∗ PF(%) ∗ VA(%)
✓ PG: Poder germinativo da semente;
✓ PF: Pureza física da semente
✓ VA: Valor agrícola ou percentagem de sobrevivência
A densidade de plantação corresponde ao número total de plantas previsto
para uma determinada área e ela é calculada em função do compasso
óptimo definido (espaçamento entre linhas e entre plantas numa linha).
Área (m2 )
Dp =
C
✓ Dp: Densidade de plantação; ✓ C: Compasso de plantação.

13
Por exemplo:
A empresa de citrinos de Macate em Manica quer produzir 10 ha de tabaco
e pede a um técnico que forneça mudas suficientes para esta área, tendo
em conta que:
✓ Peso de 1000 sementes = 150g
✓ Compasso = 90 cm x 30 cm
✓ Comprimento do alfobre = 30 m
✓ Largura do alfobre = 1,20 m
✓ 3 alfobres para cada 1 ha
✓ Separação entre alfobres = 0,5 m
✓ PG = 92 %, PF = 98 % e VA =90 %
a) Calcule a quantidade de sementes para a produção de mudas;
b) Determine a área de cada alfobre;
c) Que área necessitaria para produzir as mudas?

Resolução
a) Quantidade de sementes
Área (𝑚2 ) 10000 m2 100 000 m2
Dp = = = = 370370 plantas
𝐶 0.9 ∗ 0.3 0.27
Densidade de plantação 370370 370370
Ns = = = = 456435.5 sem
PG(%)∗PF(%)∗VA(%) 0.92∗0.98∗0.9 0.81144
𝑁𝑆 ∗ 𝑃1000𝑆 461563.96 ∗ 0.15kg
Qs = = = 68.5kg
1000 1000
R/: Serão necessário aproximadamente 68.5 kg de sementes para uma área
de 10 ha.

b) Área do alfobre
A = (C * L) + separação entre alfobres
A = (30 m * 1.2 m) + (30 m * 0.5 m) = 36 m2 + 15 m2 = 51 m2
R/: Cada alfobre terá que ocupar uma área de 51 m2.

c) Área necessitaria para produzir as mudas


1 ha ------- 3 alfobres 1 alfobres -----51 m2
30 alfobres -----X
10 ha ------X
X = 30 * 51 m2
X = 10 * 3 alfobres
X = 1530 m2
X = 30 alfobres
R/: Será necessário 1530 m2 de área para a produção de mudas

14
1.2. SEMENTEIRA E/OU PLANTIO
A sementeira ou plantio pode ser feita segundo dois (2) métodos básicos:

✓ Método mecânico: Pouco usado na agricultura tradicional, podendo


a semente ser distribuída a lanço, em sulcos ou em linhas por meio
de equipamentos mecânicos (semeadoras ou plantadoras
mecanizadas).
✓ Método manual: Este método é normalmente, usado pelo camponês
de subsistência. Consiste na distribuição das sementes ou plântulas
manualmente.
1.2.1. Tipos de sementeira
a) Sementeira directa: Aquela feita directamente no campo definitivo
(cereais, leguminosas, oleaginosas, etc).
b) Sementeira indirecta: Quando usa sementes pequenas (alface,
couve, tomate, etc.) em alfobres, cujas plântulas são posteriormente
transplantadas no campo definitivo ou em viveiros para futura
enxertia e plantação (como é o caso da maior parte das fruteiras)
c) Plantação directa: Quando faz uso de material vegetativo (estacas,
tubérculos, perfilhos, rizomas, socas, manivas, ramas, etc) plantado
directamente no campo definitivo (cana-de-açúcar, bananeira,
ananás, mandioca, batata-doce, etc).
d) Plantação em viveiros: Para posterior transplante no campo
definitivo (café, cacau, sisal).
1.2.2. Época de sementeira ou plantio
Dentre as espécies cultivadas, cada variedade possui uma época de
semeadura de acordo com a região, com o ciclo da variedade, com a estatura
e com a incidência de pragas.
Existem para cada variedade em cada região os períodos ditos
recomendados em que as condições não são totalmente ideais, mas
toleradas, e existem os períodos ditos preferenciais onde a variedade pode
expressar seu maior potencial de produção, as condições de clima
principalmente são as mais favoráveis possíveis naquela região. As regiões
apresentam factores limitantes para as culturas, esse factores podem ser,
deficiência hídrica e baixas temperaturas principalmente, é a partir desses
aspectos que se determina a época de plantio para cada variedade.
O ciclo da variedade indica dentro da época recomendada se o plantio pode
ser antecipado ou atrasado, pois, o período vegetativo ou de crescimento
será aumentado ou diminuído respectivamente, visto que, o inicio do
florescimento depende do fotoperíodo ou queda de temperatura.

15
A incidência de pragas em plantios antecipados normalmente é menor, pois
as condições antes eram desfavoráveis às pragas, por exemplo, um inverno
com baixas temperaturas no início da primavera haverá bem menos pragas
do que no final da mesma. No geral, a época de sementeira e/ou plantio é
de extrema importância, uma vez que as culturas apresentam exigência
diferente com relação à temperatura, humidade e fotoperíodo, o que faz com
que cada cultura tenha uma época aproximada para o plantio e/ou
sementeira
1.2.3. Datas de sementeira
Algumas culturas (alimentos base) tem prioridade, atrasando a sementeira
das outras. Para além disso, aspectos como carência de mão-de-obra
familiar e falta de semente, podem também levar ao atraso da data de
sementeira. O atraso na sementeira, na agricultura de sequeiro, reduz
normalmente a quantidade de água disponível, o que leva normalmente a
reduções no rendimento.
1.2.4. Densidade de sementeira ou plantação
Densidade de sementeira ou plantação corresponde ao número de plantas
numa determinada área. A densidade adequada é aquela que garante a
menor competição possível entre a cultura e as infestantes com os recursos
do meio (nutrientes, espaço, luz e água) com maior produtividade.
O Espaçamento e a Densidade definem o "padrão" da cultura, a população
de plantas ou número de plantas por unidade de área.
1.2.4.1. Compasso adequado
É aquele que permite o crescimento de folhagem suficiente para utilizar
maximamente a radiação, sem que ocorra excesso de auto-sombreamento,
enquanto que as raízes têm espaço suficiente para absorção de água e
nutrientes. Existe pouca resposta à variação da densidade de sementeira
nas culturas com afilhamento e culturas prostradas, devido à sua grande
plasticidade. Variedades erectas devem ser semeadas em maiores
densidades. Por exemplo, para o amendoim, em Moçambique recomenda-
se a utilização de compassos de:
✓ 45 x 10 cm para as variedades erectas.
✓ 60 x 10 cm para as variedades prostradas.
Plantas perenes semeadas a altas densidades reduzem de rendimento com
a idade devido ao auto-sombreamento, como é o caso dos citrinos e da
bananeira, e também por falta de espaço para o crescimento e
desenvolvimento do sistema radicular. Por vezes, semeia-se apertado para
se fazer um futuro desbaste (em linhas alternas ou plantas alternadas).
Mas, deve-se pensar nos custos.

16
Por vezes esse desbaste é atrasado e efeitos negativos ocorrem. Noutros
casos, removem-se plantas vigorosas e de alto rendimento, deixando-se
outras menos produtivas. O efeito de fertilidade do solo na densidade de
plantação depende da cultura e do local. Solos mais férteis podem suportar
mais ou menos plantas que solos menos férteis, dependendo do tipo de
cultura, do seu crescimento e da tecnologia utilizada. A densidade de
plantação depende de aspectos como: Pragas, doenças, infestantes, Clima,
Solo e Espécie ou variedade da cultura.
Em Fruteiras e em grandes plantações, é preferível plantar em linhas com
distâncias que permitam a circulação de tractores para a realização de
diferentes práticas culturais, como é o caso da sacha e da protecção
fitossanitária. Esta redução da densidade, por aumento da distância entre
linhas, pode ser compensada quando se provoca um aumento do número
de plantas dentro da mesma linha.
1.2.4.2. Relação entre a densidade de plantas e os recursos ambientais
a) A água: Com o aumento da deficiência de água, deve-se reduzir a
densidade, para garantir o suprimento das plantas.
b) Nutrientes: Em solos férteis ou onde a disponibilidade de nutrientes
é alta, podem-se usar densidade mais altas, de forma a atingir
maiores rendimentos.
c) Luz: Com o aumento da densidade, reduz-se a quantidade de luz
disponível por planta, causando um maior sombreamento.
1.3. CUIDADOS CULTURAIS A CONSIDERAR NA PRODUÇÃO DE
SEMENTES
1.3.1. Desbaste
É a eliminação de plantas em excesso na área de cultivo para obtenção do
padrão adequado. O desbaste deve ser feito após as plantas mostrarem o
seu potencial produtivo, porém, antes do início da competição entre elas,
devem ser eliminadas as plantas mais fracas e fora do alinhamento. O
desbaste, na produção de sementes é executado com diferentes finalidades,
entre elas:
✓ O aumento da produção volumétrica;
✓ A melhoria da qualidade física e fisiológica da semente.
1.3.2. Adubação
A adubação consiste em fornecer adubo ou fertilizantes ao solo a fim de
aumentar a disponibilidade de nutrientes, corrigir deficiências existentes
no solo ou na planta, e repor parte desses nutrientes exportados com a
colheita. Assim, o planejamento e maneio adequado são extremamente
importantes, principalmente na produção de sementes.

17
Os adubos orgânicos devem ser aplicados de 30 a 40 dias antes do plantio
e devem ser bem distribuídos e incorporados. Em solos arenosos a dosagem
do adubo orgânico deve ser maior. Os adubos minerais ou químicos são
aplicados no plantio e em cobertura. Eles contêm nutrientes que são
rapidamente disponibilizados para as plantas, com um custo menor que os
orgânicos.
A adubação pode ser realizada junto ao plantio ou em cobertura. A
adubação de cobertura é um reforço à de plantio e proporciona a aplicação
de outros elementos minerais. Recomenda-se parcelar a adubação de
cobertura para proporcionar que o nutriente esteja disponível no momento
exato de sua necessidade e que sua perda no ambiente seja mínima. As
dosagens, número e momento das aplicações variam de acordo com a
espécie.
1.3.3. Controlo de infestantes
Entende por controlo de plantas infestantes, como a intervenção pontual
não estratégica sobre a comunidade infestante a fim de, rapidamente,
eliminá-la ou impedir seu desenvolvimento. Toda planta que se desenvolve
em local inadequado, compete com a cultura por água, luz, nutrientes e
espaço físico e, em algumas vezes, criando problemas na colheita.
O campo de produção de sementes deve ser mantido no limpo, livre da
concorrência das plantas infestantes, pois a competição por água, luz e
nutrientes afecta significativamente a produtividade e a qualidade
fisiológica das sementes. Plantas infestantes são ainda hospedeiras de
vários patógenos causadores de doenças, e suas sementes podem ainda
afectar a qualidade física do lote de sementes a ser colhido. Algumas plantas
infestantes produzem sementes do mesmo tamanho, peso e forma da
semente produzida, e se misturadas, trazem problemas durante o
beneficiamento.
O controlo das plantas infestantes pode ser manual (capinas), tracção
animal ou mecânica (cultivadores) ou químico (herbicidas). As capinas
permitem ainda o rompimento da crosta em alguns tipos de solos,
contribuindo assim para uma melhor aeração e infiltração de água.
1.3.4. Controlo de pragas e doenças
O controlo de pragas e doenças deve ser feito de preferência por meio do
método integrado, buscando-se todos os meios para se manter as
populações dos insectos e o nível de inóculo dos fungos, bactérias e vírus
abaixo do seu limiar de dano económico. Importantes doenças que ocorrem
em hortaliças podem ser transmitidas por sementes. Os insectos podem
causar danos e transmitir certas viroses, como aquelas transmitidas por
pulgões e tripés.

18
1.3.5. Roguing ou selecção negativa
Actividade que consiste em examinar cuidadosa e sistematicamente o
campo de produção de sementes com o objectivo de remover as plantas
indesejáveis. Esta operação, que prevê a eliminação de todas as plantas
contamináveis (atípicas), é de fundamental importância para a obtenção de
sementes de elevado grau de pureza varietal, genética e física).
Nestas ocasiões deve-se observar a arquitetura da planta, tipo de folhas,
coloração das flores e frutos, época de florescimento, ciclo, dentre outras
características.
1.3.6. Irrigação
Para a produção de sementes, não basta a água das chuvas, necessitando
assim de irrigação suplementar. Irrigações leves e frequentes devem ser
aplicadas logo após a sementeira até a completa emergência das plântulas.
As etapas do florescimento e frutificação são as mais críticas quanto ao
défice hídrico, não podendo faltar água nestas duas etapas. Irrigações por
aspersão podem proporcionar um ambiente mais húmido, criando um
microclima favorável ao aparecimento de doenças. A alta humidade na
maturação das sementes prejudica sua qualidade fisiológica e permite o
aparecimento de patógenos nas mesmas. Por conseguinte, deve-se preferir
a irrigação por sulco ou gotejamento nas épocas de floração e maturação
das sementes.

1.3.7. Rotação de culturas


Consiste em variar culturas no mesmo terreno em diferentes épocas, para
manter a fertilidade do solo e reduzir a incidência de pragas e doenças.

1.4. INSPECÇÕES, COLHEITA E MEDIDAS DE HST


1.4.1. Inspeção do campo de produção de sementes
a inspeção ou vistoria é definida como o acompanhamento da produção de
sementes pelo responsável técnico e/ou organismo certificador, em todas
as suas etapas, a fim de verificar a conformidade da produção, com as
normas estabelecidas, quer sejam as sementes certificadas (básica, C1 e
C2) ou não certificadas (S1 e S2).
Sendo assim, o organismo certificador ou fiscalizador efectua vistorias nos
campos de produção e atesta as conformidades e não conformidades dos
requisitos de qualidade, em duas etapas:
✓ Por meio de vistoria em campo;
✓ Por amostragem de sementes para análise (física, fisiológica e
fitossanitária) de fiscalização.

19
Durante as inspeções, o organismo certificador ou fiscalizador também
determina as medidas correctivas a serem adotadas, por meio de
recomendações técnicas e procedimentos. Contudo, além de aprovar os
campos de produção de sementes, também pode condená-los (parcialmente
ou totalmente) se eles não atenderam aos padrões estabelecidos.
As inspeções são delimitadas pela legislação e possuem a finalidade de obter
sementes da mais alta qualidade em termos de pureza genética, física,
sanitária e fisiológica. Resumidamente, as inspeções são realizadas para
verificar os seguintes aspectos dos campos de produção de sementes:
✓ Pureza e origem da semente conhecidas e desejáveis;
✓ A área de produção de sementes deve satisfazer às exigências da
cultura e evitar a contaminação por plantas involuntárias, que
induzam a contaminações físicas e sanitárias;
✓ Isolamento de outros campos, conforme determinação para cada
cultura;
✓ Ausência de plantas indesejáveis (outras cultivares, plantas atípicas,
doentes, silvestres);
✓ Cultivado de acordo com os requisitos do sistema de produção para
a cultura desejada;
✓ Colheita adequada, de maneira a evitar a mistura mecânica com
outras sementes.
Sendo assim, as inspeções são realizadas em fases específicas da cultura,
nas quais as características agronómicas e morfológicas de determinada
variedade são mais evidentes. Por isso, determina-se as inspeções, nos
casos das culturas de propagação sexuada com padrões estabelecidos, para
os períodos de:
a) Período de pós-emergência: Compreende todo o período de
desenvolvimento vegetativo que precede o florescimento das plantas.
Para efeito de inspeção de campo, ele abrange desde a emergência das
plântulas até o início do florescimento.
b) Período de floração: Este período é caracterizado pela fase em que
as flores estão abertas, o estigma, receptivo e a antera, liberando
pólen. Para fins de inspeção, a verificação de 50% ou mais de plantas
florescidas pode ser considerada como já em período de floração plena
e em condições de se realizar a inspeção.
c) Período de pré-colheita: É quando a semente se torna mais dura e
alcança ou se aproxima da maturação fisiológica. Está
completamente formada, mas ainda com alto teor de humidade,

20
devendo ser secada um pouco mais para permitir uma colheita fácil
e segura.
d) Período de colheita: Nesta fase, a semente está fisiologicamente
madura e suficientemente seca, permitindo uma colheita fácil e
segura, ou então fisiologicamente madura e úmida, podendo, no
entanto, ser colhida e secada artificialmente para armazenamento.
No mínimo, são obrigatórias duas inspeções em campo, a primeira no
florescimento e a segunda na pré-colheita, sendo que elas são efectuadas
pelo responsável técnico do produtor, organismo fiscalizador ou
certificador.
Também faz parte do processo de produção de sementes, as inspeções em
unidades de beneficiamento, sendo inspecionadas as operações de recepção,
pré-limpeza, secagem, armazenamento, limpeza, classificação, tratamento,
embalagem, pesagem e identificação.
Nesta fase, o organismo fiscalizador ou certificador, também determina
medidas correctivas, recomendações técnicas e procedimentos, para que as
unidades de beneficiamento atendam aos padrões estabelecidos. Após as
vistorias e amostragens de sementes, é emitido um laudo de vistoria e um
boletim de análise de sementes contendo as conformidades e não
conformidades do sistema de produção de sementes, assim como as
análises de pureza genética, pureza física, pureza fitossanitária e fisiológica.
Quando o produtor está apto a produzir sementes certificadas, o organismo
certificador emite o Certificado de sementes ou Termo de Conformidade. São
critérios para o estabelecimento de campos de sementes:
✓ A origem genética da semente deve ser criteriosamente seleccionada,
delimitando, portanto, se a semente poderá ser certificada ou não
certificada;
✓ Um lote de sementes a ser multiplicado deve atender os seguintes
aspectos: origem genética conhecida, alta pureza genética, alta
qualidade sanitária, qualidade fisiológica e pureza física.
✓ Entretanto, considerando a origem genética, a produção de sementes
não certificadas, S1 e S2, que não tenham origem genética
comprovada, poderá ser realizada, enquanto não houver tecnologia
disponível para produção de sua semente genética;
✓ Um outro critério importante na produção de sementes é a escolha
da área onde deve ser observado o cultivo anterior do local, para,
desta maneira, evitar a contaminação varietal no campo de produção,
pois pode ocorrer de sementes de cultivares anteriores estarem
presentes no solo.

21
A inspeção do campo é considerada a operação mais importante no processo
de produção de sementes, pois é nesta fase que o inspector tem a
oportunidade de observar a população de plantas em diferentes fases de
desenvolvimento. Essas inspeções, quando feitas nas épocas correctas,
asseguram a tomada de medidas eficazes e necessárias para evitar a
contaminação genética e física da cultura.
1.4.1.1. Tipos de contaminantes
Os contaminantes podem ser classificados, em princípio, nas seguintes
categorias:
a) Plantas atípicas
Trata-se de plantas da mesma espécie da cultura, mas que se diferenciam
desta por uma ou mais características, como: Tipo de planta, ramificação,
pigmentação, pintas, pelos na haste ou na base da folha, cor, forma e
tamanho da flor ou partes dela, cor, tamanho e forma do fruto e da semente,
ciclo de maturação etc.
Considera-se ainda planta atípica aquela que libera pólen, incluindo pendão
polinizador, indesejável na produção de linhagens progenitoras de híbridos.
Na contagem de plantas durante a inspeção de campo, uma planta atípica
será sempre classificada como tal, independentemente de seu estágio de
desenvolvimento.
Plantas atípicas que não estejam causando contaminação à época da
inspeção, mas que possam causá-la posteriormente, serão contadas e o
produtor poderá optar pela erradicação desses contaminantes ou pelo
cancelamento do campo para a produção de sementes e,
consequentemente, de sua homologação. No geral, deverão ser
considerados os seguintes conceitos para plantas atípicas:
✓ Planta de outra variedade: Da mesma espécie, mas com
características agronómicas distintas;
✓ Planta de espécie cultivada: É aquela reconhecida como de outra
espécie de interesse agrícola e cuja presença junto às sementes
comerciais é individual ou globalmente limitada, conforme normas e
padrões estabelecidos;
✓ Planta de espécie nociva: É aquela que produz sementes que, por
serem de difícil erradicação no campo, ou de difícil separação e
remoção no beneficiamento, representam risco económico para a
cultura ou ao seu produto, sendo relacionada e limitada, conforme
normas e padrões estabelecidos;

22
✓ Planta de espécie nociva proibida: É aquela que produz semente
cuja presença, por representar risco económico para a cultura, não é
permitida junto às sementes do lote, conforme normas e padrões
estabelecidos;
✓ Planta de espécie nociva tolerada: É aquela que produz semente
cuja presença junto da amostra é permitida, dentro de limites
máximos, específicos e globais, conforme normas e padrões
estabelecidos;
✓ Planta de espécie invasora silvestre: É aquela que produz semente
silvestre reconhecida como invasora e cuja presença junto às
sementes comerciais é individual e globalmente limitada, conforme
normas e padrões estabelecidos.
b) Pragas e doenças
O conceito oficial de praga é estabelecido pela Organização das Nações
Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) como sendo: “qualquer
espécie, raça ou biótipo de vegetais, animais ou agentes patogênicos,
nocivos aos vegetais ou produtos vegetais”.
Para a inspeção de campo, é importante que sejam verificados os sintomas
de pragas e/ou doenças, como fungos, bactérias, vírus ou nematoides, pois
esses agentes podem ser disseminados pelas sementes, o que representa
risco económico para a cultura, e prejudicar a sua qualidade.
Embora existam à disposição medidas económicas e efectivas para o
controlo de várias pragas que acompanham as sementes, alguns agentes
patogênicos que nelas se encontram não podem ser controlados pelo
maneio, via tratamento das sementes. Nesses casos, a transmissão é
evitada fazendo-se com que as possíveis portadoras de agentes patogênicos
não sejam misturadas com sementes sadias, eliminando do campo todas
as plantas com sintomas da praga.
1.4.2. Maturação e colheita das sementes
A maturação das sementes representa o conjunto de transformações que
ocorrem no embrião, desde a sua fertilização até atingir o ponto de máximo
conteúdo de matéria seca. Este ponto, em que se verificam níveis mais
elevados de germinação e vigor, é denominado de “ponto de maturidade
fisiológica”.
Uma vez atingido esse ponto, inicia-se nas sementes um processo de
deterioração natural, que pode ser maior ou menor, de acordo com as
condições ambientais a que as sementes são submetidas. O período de
maturação das sementes é variável em função da espécie e das condições
climáticas da região de produção, o que exige que os conhecimentos

23
específicos sejam adaptados para as situações locais. Algumas espécies
apresentam sinais característicos de maturação das sementes, como
mudança da cor dos frutos, cicatrizes, pilosidade e coloração das sementes,
entre outros. A colheita deve ser efetuada mais próxima possível do ponto
de maturidade fisiológica, assim que o grau de humidade das sementes e
as condições climáticas locais permitirem.
As espécies que apresentam crescimento indeterminado e/ou maturação
desuniforme necessitam ser colhidas parceladamente, retirando apenas os
frutos (tomate, por exemplo) ou umbelas (cenoura, por exemplo) maduros.
No processo mecânico, atenção especial deve ser dada ao teor de água das
sementes bem como à correcta regulagem e à perfeita limpeza das máquinas
e equipamentos para se evitar a ocorrência de injúrias e misturas
mecánicas, respectivamente. Os frutos e/ou as sementes devem ser
colhidos em dias secos e quentes, diminuindo assim a necessidade de
secagem.
A escolha do método de colheita é uma das primeiras e uma das mais
importantes decisões a ser tomada antes mesmo do início da instalação do
campo de produção de sementes. Isso se deve ao facto de que diferentes
métodos apresentam diferentes requisitos para sua utilização eficaz e
eficiente. Nesse caso, há duas opções principais:
✓ A colheita mecanizada;
✓ A colheita manual.
A escolha entre tais opções é condicionada pela adequação da cultura ao
método de colheita, principalmente no que tange ao espaçamento entre
linhas e à época de plantio.
1.4.3. Medidas de HST durante a produção de sementes
Durante a produção de sementes, deve-se ter em consideração as medidas
de protecção individual (uso adequado de equipamentos de protecção
individual como Botas, Chapéu, Capas, Óculos de protecção, Máscaras,
Luvas etc). No entanto, as principais medidas de HST a serem observadas
são:
✓ Não usar desnecessariamente e inadequadamente os instrumentos
de trabalho;
✓ Ao fazer tratamento fitossanitário não fumar nem beber ou comer;
✓ Seleccionar bem a semente tendo em conta tamanho, cor e outros
indicadores;
✓ Ao Armazenar colocar a semente no local fresco, deve-se evitar
contacto com a pele;
✓ Desinfectar as mãos e os pés sempre quando for a entrar e sair do
armazém de semente ou quando for a manusear a semente.

24
EXERCÍCIOS DE CONSOLIDAÇÃO
1. Diferencie semente do grão
2. Quais são as classes ou categorias de sementes existem?
3. Na escolha de um campo para produção de sementes, há alguns critérios
que devem ser observados. Mencione alguns.
4. Explique o Isolamento pelo espaço e pelo tempo
5. Explique o conceito de Rogguing.
6. Em que fase do desenvolvimento vegetativo as inspecções de campo para
a Certificação da Semente, devem ser feita?
7. Que material de protecção recomendaria a um operário que estivesse a
sachar num campo?
8. Necessita-se semear 40 ha de milho de variedade SEMOC 513, sabendo
que a separação entre as plantas é 90 cm x 30 cm e 100 sementes pesam
50g .
a) Determine a quantidades de plantas
b) Calcula a quantidade de semente requerida em kg
9. Sobre sementes diga:
a) A sua definição
b) Tipos
c) Elemento para sua selecção
10. Quais são as medidas tomadas para melhorar a saúde, vigor,
uniformidade da planta e da semente na área seleccionada?
11. Quais são os materiais de protecção pessoal e medidas de HST usado
na produção de semente (da sementeira à colheita)?
12. Durante a maturação das sementes, as mesmas passam por algumas
alterações fisiológicas que se acentuam no ponto de maturidade
fisiológica das sementes.
a) Seleccione a alternativa que contém os indicativos de que a semente
atingiu sua maturidade fisiológica:
I. Acúmulo máximo de matéria seca, capacidade germinativa
máxima, vigor máximo e teor máximo de água.
II. Tamanho máximo da semente, decréscimo máximo na matéria
seca, vigor máximo e dessecação.
III. Acúmulo máximo de matéria seca, capacidade germinativa
máxima, vigor máximo e dessecação
IV. Acúmulo máximo de matéria seca, capacidade germinativa
máxima, decréscimo no vigor e dessecação.

25
V. Decréscimo máximo de matéria seca, capacidade germinativa
máxima, vigor máximo e teor máximo de água.
13. Durante a produção nos campos de sementes, colheita, transporte e
beneficiamento, existem várias fontes de contaminação varietal, e devido
a isto, medidas são adoptadas, de maneira a eliminar o problema.
a) Seleccione a única alterativa que se apresenta como fonte de
contaminação varietal no estabelecimento dos campos de sementes:
I. Colheita, sem qualquer mistura mecânica com outras
sementes.
II. Utilização de equipamentos previamente limpos na sementeira.
III. Distância mínima de isolamento abaixo do especificado para a
cultura.
IV. Eliminação de plantas invasoras ou atípicas no campo de
produção.
V. Beneficiamento, sem qualquer mistura mecânica com outras
sementes.
14. A qualidade fisiológica é variável de acordo com a categoria de
semente produzida.
a) Assinale a alternativa que apresenta a categoria de sementes com
maior qualidade fisiológica:
I. Sementes não certificadas de 1ª geração.
II. Sementes não certificadas de 2ª geração.
III. Sementes certificadas de 1ª geração.
IV. Sementes salvas.
V. Sementes ilegais.
15. As sementes são classificadas, de acordo com a sua origem genética,
qualidade e número de gerações, nas seguintes categorias: genética,
básica, certificada de 1ª geração (C1), certificada de 2ª geração (C2), não
certificada de 1ª geração (S1), não certificada de 2ª geração (S2) e salvas.
a) Seleccione a alternativa que apresenta a categoria de sementes com
maior homogeneidade e identidade genética:
I. Sementes certificadas de 2ª geração.
II. Sementes básicas.
III. Sementes salvas.
IV. Sementes genéticas.
V. Sementes não certificadas de 1ª geração.

26
2
RESULTADO DE APRENDIZAGEM
Avaliar e classificar a
semente
Avaliar e classificar a semente
Neste resultado de aprendizagem, os formandos terão oportunidade
de aprender sobre:
a) Beneficiamento e Classificação de sementes
✓ Sementes de frutos carnosos
✓ Sementes de frutos secos deiscentes
✓ Sementes de frutos secos indeiscentes
✓ Importância da classificação da semente
b) Amostragem e Tratamento de semente
✓ Pureza física
✓ Germinação
✓ Vigor
✓ Tratamento da semente
✓ Embalagem

27
2.1. BENEFICIAMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE SEMENTES
O beneficiamento de sementes compreende vários procedimentos, desde a
colheita até o momento em que um lote de sementes esteja pronto para ser
comercializado.
O beneficiamento de sementes é definido como um conjunto de operações que
visam melhorar, ou aprimorar, as características de um lote de sementes, com
a eliminação das impurezas e características indesejáveis, assim como a
eliminação das sementes de outras espécies e variedades, e posterior
classificação (separação em frações uniformes).
Assim, é importante salientar que o beneficiamento realça e aprimora as
características desejáveis de um lote de sementes, além disso, também está
estritamente relacionado à preservação da sua qualidade. Portanto,
destacam-se aqui dois pontos cruciais:
✓ A importância do beneficiamento na qualidade;
✓ Realização de procedimentos corectos de beneficiamento.
A qualidade das sementes é composta pela soma de atributos genéticos,
físicos, fisiológicos e sanitários, e está estritamente relacionada à produção
de sementes. Sendo assim, é possível afirmar que o beneficiamento actua,
principalmente, na qualidade física e fisiológica das sementes.
Quanto ao beneficiamento ser realizado correctamente, devem ser
empregados princípios e cuidados básicos durante as operações (Figura 3),
para que todos os esforços do melhorador, tecnologista e produtor de
sementes não sejam comprometidos nesta etapa final.

Figura 03: Princípios básicos no beneficiamento para obtenção de sementes


da melhor qualidade.

28
Todas as etapas do beneficiamento são realizadas na Unidade de
Beneficiamento de Sementes, por máquinas projetadas com base em uma
ou mais diferenças nas características físicas do produto e dos
contaminantes a serem retirados. Desse modo, nas operações de remoção
de materiais indesejáveis são removidas:
✓ Impurezas;
✓ Sementes invasoras, imaturas, malformadas, deterioradas e as
atacadas por fungos e/ou insectos.
Sendo assim, o beneficiamento de sementes contempla as seguintes
operações:
✓ Recepção;
✓ Pré-limpeza;
✓ Secagem;
✓ Limpeza;
✓ Classificação;
✓ Tratamento e ensacamento.
Algumas dessas operações mencionadas podem não ser necessárias
durante o beneficiamento, a depender da espécie e da condição em que as
sementes chegaram à Unidade de Beneficiamento de Sementes. Em
contrapartida, a depender da espécie, operações adicionais podem ser
necessárias no beneficiamento.
No geral, os procedimentos de beneficiamento variam de acordo com o tipo
do fruto. Abaixo, destacam-se os procedimentos básicos para três tipos de
frutos:
✓ Frutos Carnosos: Algumas hortaliças como as cucurbitáceas
(pepino, abóbora, melancia, melão) e as solanáceas (tomate, pimento,
berinjela), assim com algumas fruteiras (papaieira, citrinos, ata, etc.);
✓ Frutos Secos deiscentes: Frutos rígidos que se abrem naturalmente
para liberar suas sementes após a maturação;
✓ Frutos Secos indeiscentes: Frutos rígidos que permanecem
fechados mesmo quando maduros.
2.1.1. Beneficiamento de sementes de frutos carnosos
Frutos carnosos precisam que sua polpa seja removida imediatamente após
a colheita, para evitar fermentação e aquecimento. Em geral, a remoção da
polpa pode ser realizada por meio do auxílio de água corrente, pressionando
os frutos sutilmente.
No beneficiamento de poucas sementes e quando providas de polpa macia,
estas podem ser facilmente maceradas com as mãos. A remoção manual da
polpa permite uma melhor qualidade das sementes, pela ausência de danos
mecânicos, além de um maior aproveitamento da polpa dos frutos.

29
Em determinadas espécies, como é o caso da berinjela, recomenda-se bater
ou amassar os frutos com bastão de madeira roliça para soltar
internamente as sementes. Para frutos com polpa rígida aconselha-se a
imersão em água por 12-24 horas (ou mais) até que estejam amolecidas
para a maceração. É importante fazer a troca diária da água. Para
beneficiamento de grande quantidade de sementes, sugere-se macerar os
frutos em peneira com malha de arame sob água corrente.
A etapa seguinte à remoção da polpa é a remoção da sarcotesta, que é a
capa gelatinosa (mucilagem), rica em pectina, que envolve as sementes.
Quando não removida, a mucilagem causa aderência entre as sementes,
formando aglomerados que dificultam o seu manuseio e processamento.
Esta mucilagem remanescente pode ainda servir de substrato para o
crescimento de microrganismos, trazendo com isto prejuízos à qualidade
das sementes, devendo ser eliminada. A remoção pode ser feita por meio da
fermentação natural ou por processos químicos. Melão, melancia, pepino e
tomate são algumas das espécies que apresentam mucilagem envolvendo
as sementes e, assim, necessitam passar por este processo.
Para isto, coloca-se as sementes juntamente com o suco em baldes plásticos
por um dia (épocas mais quentes) a dois dias (épocas mais frias), mexendo
a mistura duas a três vezes ao dia. Neste processo não há a adição de água.
Em períodos mais prolongados de fermentação, as sementes podem
germinar e/ou perder o vigor. Terminada esta fase, as sementes são lavadas
em água corrente e colocadas para secar. Sementes de berinjela, pimentão
e abóboras podem ser extraídas com o auxílio de água, mas não necessitam
de fermentação.
O próximo passo é a secagem das sementes. É importante depositá-las
sobre tecidos em local arejado e sombreado, cobrindo-as com tela ou papel.
As sementes devem ser mexidas periodicamente para que ocorra secagem
homogênea.

Figura 04: Maceração dos frutos à mão (A) e Lavagem das sementes (B)

30
2.1.2. Beneficiamento de sementes de frutos secos
Várias hortaliças possuem frutos secos como é o caso da alface,
brassicáceas (brócolos, couve-flor, repolho), cebola, cenoura, coentro,
leguminosas (ervilha, feijão-vagem), quiabo, milho-doce, dentre outras, que
necessitam ser trilhados para retirar as sementes.
A trilhagem ou debulha pode ser manual, colocando-se plantas ou partes
das plantas sob lonas e golpeando-as com varas. Máquinas próprias
também podem ser utilizadas na trilhagem. Várias dessas espécies podem
ser colhidas mecanicamente, trilhando-se as vagens (leguminosas), espigas
(milho), síliquas (brassicáceas), umbelas (cebola, cenoura e coentro),
panículas (arroz, trigo, mexoeira, mapira) e capsulas (algodão, girassol) nas
próprias máquinas. O cuidado especial nesta etapa é com relação a
ocorrência de danos ou perda das sementes. É recomendável utilizar lonas
plásticas e/ou efetuar uma boa regulagem das máquinas.
Frutos secos deiscentes podem ser induzidos a liberar suas sementes, por
meio dos seguintes métodos:
✓ Reservados em local arejado: Os frutos são distribuídos em
superfície sólida ou se possível em peneiras com malha de arame para
permitir a circulação de ar. Os frutos devem ser mexidos
regularmente.
✓ Exposição solar: Os frutos são espalhados sobre peneira ou em
bandeja (de preferência em local arejado) e são mexidos pelo menos
duas vezes por dia para garantir a secagem homogênea. No período
noturno, os frutos e as sementes devem ser cobertos com lona ou
colocados em ambiente protegido.
✓ Calor artificial: Os frutos são distribuídos em bandejas, colocando-
os em estufas providas de lâmpadas incandescentes ou ventiladores
para circulação de ar quente em torno dos frutos. A temperatura não
deve exceder 50 °C para que não haja mortalidade das sementes. A
secagem em estufa geralmente é precedida pelo período de secagem
do ar.

Figura 05: Fruto seco deiscente

31
Frutos secos indeiscentes devem ser quebrados mecanicamente para
extrair as sementes. Os métodos incluem:
✓ Abrir os frutos manualmente;
✓ Utilizar um cilindro;
✓ Pressionar com um martelo ou barra de metal;
✓ Utilizar tesoura, faca ou canivete para abrí-los;
✓ Esmagar cuidadosamente com auxílio de um pilão;
✓ Colocar os frutos em betoneira.

Figura 06: Fruto seco indeiscente


As principais operações do beneficiamento de sementes estão descritas na
tabela 2 adiante.
Tabela 03: Operações de beneficiamento da Semente
Operação Descrição
Ao chegar à Unidade de Beneficiamento da Semente,
os lotes de sementes são devidamente identificados
1. Recepção e (em sacos ou a granel), podendo ser, logo em seguida,
armazenamento encaminhados para a pré-limpeza ou armazenados
por determinado período de tempo para aguardar as
operações de beneficiamento.
Operação inicial na qual ocorre a remoção dos
materiais maiores, menores e os mais leves do que as
2. Pré-limpeza sementes a serem beneficiadas, por meio de
máquinas de ar e peneiras.
Dependendo do grau de humidade das sementes, a
secagem pode ser necessária, onde são utilizados
3. Secagem
diferentes sistemas de secagem.
Realiza-se a remoção de materiais indesejáveis do
lote de sementes por meio de diferenças físicas entre
4. Limpeza e os componentes do lote e, ao mesmo tempo, ocorre a
classificação classificação por meio da separação das sementes
com base na largura, espessura, no comprimento, na
forma, entre outros aspectos. São removidos

32
nesta etapa, por exemplo, sementes de plantas
indesejadas, sementes imaturas e malformadas,
além de impurezas, como fragmentos vegetais e pó.
Após a limpeza, as sementes podem ser tratadas de
diversas maneiras e para várias finalidades, sendo
considerados tratamentos de sementes a aplicação
5. Tratamento de ingredientes químicos, biológicos, inoculantes,
micronutrientes, reguladores de crescimento,
revestimento de sementes e corantes.
As sementes são acondicionadas em embalagens
6. Ensacamento e específicas para a espécie e armazenadas em
armazenamento condições ambientais ideais para a conservação das
sementes.
2.1.3. Classificação da semente
Em termos práticos, as operações de pré-limpeza, limpeza e classificação
são efetuadas de acordo com as bases de separação das sementes entre si,
ou de outros materiais, em linhas gerais, de acordo com o tamanho, a
forma, o peso e a textura do tegumento, sendo que, para cada uma delas,
existem máquinas específicas.
No processo de pré-limpeza, ocorre a remoção de materiais maiores,
menores e mais leves, ou seja, as impurezas mais grosseiras, por meio da
máquina de ar e peneiras, permitindo a uniformidade da massa de
sementes para as operações subsequentes. Já considerando as operações
de limpeza e classificação das sementes, elas são mais específicas e com
maior precisão. A separação das sementes é baseada no tamanho,
(comprimento, largura e espessura).
Para a separação da largura e espessura, são utilizadas peneiras planas ou
cilíndricas, as quais podem ser de chapas metálicas com crivo circular ou
oblongo (Figura 7-A, B), ou de malhas de arame quadradas ou retangulares;
e para a separação do comprimento, utiliza-se o separador de discos
alveolados (Figura 7-C).

Figura 07: Peneiras de crivo redondo (A), oblongo (B) e separador de discos
alveolados (C).

33
A forma das sementes também é separada durante o beneficiamento, em
sementes arredondadas, achatadas ou de formato irregular. Para tal
finalidade, existe a máquina separadora em espiral, onde as sementes
esféricas rolam com mais facilidade, pela velocidade de descida, por meio
do plano em formato de espiral
Outra característica do beneficiamento é separar as sementes por diferentes
pesos ou densidades, sendo que para tal finalidade é utilizada a mesa de
gravidade. Isso porque, mesmo ocorrendo a separação por tamanho, a
separação por densidade permite identificar sementes atacadas por
insectos e microrganismos, malformadas, imaturas ou chochas, além de
outros materiais com diferentes densidades.
Dessa forma, a mesa de gravidade possui os sistemas de vibração,
inclinação e de entrada de ar, que variam de acordo com as características
do material genético e dos parâmetros de classificação inicial. Sendo assim,
pelo movimento vibratório e pelo grau de inclinação, ocorre a separação das
sementes leves das mais pesadas, enquanto o fluxo de ar estratifica as
camadas, auxiliando no processo.

Figura 08: Máquina separadora em espiral (A) e por pesos (B)


As sementes também podem ser separadas por diferenças na textura do
tegumento, ou seja, quanto ao grau de rugosidade do mesmo. Para tal
finalidade, existem as máquinas separadoras pela textura do tegumento
(lisa ou rugosa), que possuem dois cilindros inclinados, recobertos por um
tecido aveludado ou uma flanela, em que as sementes rugosas ficam
aderidas, enquanto as lisas deslizam entre os cilindros.
2.1.3.1. Importância da classificação da semente
Quando as sementes passam pelo beneficiamento, elas são submetidas a
classificações quanto ao tamanho e forma, sendo assim, um lote de
sementes, após o beneficiamento, estará dentro de um padrão de tamanho
e forma para a sementeira, ou seja, o produtor adequa o tipo e tamanho do
disco da semeadora de acordo com a classificação da semente.

34
Diante disso, fica evidente a importância da classificação das sementes no
beneficiamento, para que as mesmas sejam padronizadas e facilitem o
processo de sementeira.
Contudo, caso o beneficiamento não seja rigoroso ou seja realizado
incorrectamente, ocorrerão problemas para as sementes se encaixarem nos
discos da semeadora, e isso afetará, directamente, a uniformidade da
sementeira, ocasionando falhas no sulco de plantio ou duplas (duas
sementes semeadas em um único lugar)

Figura 09: Uniformidade da sementeira: Semente classificada (A) e não


classificada (B)
Sendo assim, embora outros aspectos influenciem sobre a uniformidade de
sementeira, com a regulagem das semeadoras, por exemplo, deve ser dada
importância ao beneficiamento adequado das sementes, por meio da
classificação e padronização das mesmas. O beneficiamento das sementes
está estritamente relacionado à uniformidade de sementeira mecanizada.
2.2. AMOSTRAGEM E TRATAMENTO DE SEMENTE
2.2.1. Conceitos gerais
2.2.1.1. Lote de sementes
É uma quantidade definida de sementes, identificada por letra, número ou
combinação dos dois, da qual cada porção é, dentro de tolerâncias
permitidas, homogênea e uniforme para as informações contidas na
identificação.

35
2.2.1.2. Amostra
Na produção de sementes, a amostra é tida como a parte representativa de
um lote de sementes. A amostra deve ser obtida de uma população
específica e homogénea por um processo aleatório. A aleatorização é
condição necessária para que a amostra seja representativa da população.
a) Amostra Simples: É uma pequena porção de sementes retirada de
um ponto do lote.
b) Amostra Composta: É a amostra formada pela combinação e mistura
de todas as amostras simples retiradas do lote. Esta amostra é
usualmente bem maior que a necessária para os vários testes e
normalmente necessita ser adequadamente reduzida antes de ser
enviada ao laboratório.
c) Amostra Média: É a própria amostra composta ou subamostra desta,
com tamanho mínimo especificado. É a recebida pelo laboratório para
ser submetida à análise.
d) Amostra de Trabalho: É a amostra obtida no laboratório, por
homogeneização e redução da amostra média até os pesos mínimos
requeridos para os testes.
2.2.1.3. Amostragem de sementes
Amostragem de sementes é a recolha ou colheita aleatória de pequenas
quantidades de sementes (amostras primárias) em diferentes pontos do lote,
para fins de análise laboratorial ou controlo no campo. O objectivo da
amostragem é obter amostra em quantidade para as análises. Esta é a
primeira etapa dentro do processo de análise de sementes e uma das mais
importantes. A amostragem é estabelecida em função da quantidade de
sementes do lote e do tipo de embalagem.
2.2.2. Procedimentos de Amostragem
Os cuidados com a amostragem de sementes iniciam-se logo após o término
do beneficiamento. As sementes que passaram pelo processo de
beneficiamento são acondicionadas em câmara fria com temperatura em
torno de 8ºC e humidade controlada. Antes de serem armazenadas, as
sementes são divididas em lotes, baseado na semelhança de atributos
físicos e fisiológicos, e de acordo com o peso máximo do lote especificado
para as espécies relacionadas.
O lote depositado em câmara fria deve estar acondicionado em sacos de
papel ou aluminizados ou em recipientes selados, etiquetados para
identificação. Nestas etiquetas devem constar nome científico, nome comum
e da variedade e peso. Na maioria das vezes um lote de sementes é composto
por uma quantidade grande de sacos ou recipientes.

36
Os itens listados a seguir são procedimentos obrigatórios, que devem ser
obedecidos durante o processo de amostragem dos lotes de sementes:
✓ Quando uma amostragem é solicitada, o lote de sementes deve ser
disposto de tal maneira que cada recipiente, individualmente ou parte
do lote seja acessível;
✓ Porções aproximadamente iguais devem ser retiradas de cada
recipiente ou de cada parte desse mesmo recipiente;
✓ Dependendo do tamanho do lote, um número determinado de
amostras simples deve ser retirado de cada lote;
✓ Dependendo da quantidade de sacos ou recipientes de um lote, uma
intensidade de fluxo deve ser considerada como exigência mínima;
✓ As amostras simples colectadas devem ser tomadas das partes
superior, média e inferior de cada saco ou recipiente;
✓ Sempre que possível utilizar instrumentos ou aparelhos específicos
para amostragem;
✓ As amostras simples colectadas devem ser unidas para formar a
amostra composta. Esta deve ser ainda dividida para formar a
amostra média;
✓ Logo após o recebimento da amostra média pelo laboratório, a análise
dever ser imediatamente iniciada. Caso isso não ocorra, esta deve ser
armazenada em câmara fria até o início da análise;

✓ A amostra média recebida pelo laboratório necessita, normalmente,


ser reduzida a uma ou mais amostras de trabalho a serem usadas
nas diversas determinações.
2.2.3. Análises laboratoriais da semente
2.2.3.1. Pureza da semente
O objectivo da análise de pureza é determinar a composição da amostra em
exame e, consequentemente, a composição do lote de sementes, e a
identidade das espécies de sementes e das partículas inertes que
constituem a amostra.
A pureza física determina a composição da amostra e a proporção em que
os componentes estão presentes. Na amostra são consideradas:
✓ Sementes puras (%): Da espécie predominante e fragmentos maiores
que ½ do tamanho original da semente, as sementes intactas, as
imaturas, enrugadas e alteradas por microrganismos, desde que
possam ser identificadas como sendo da espécie em análise.

37
✓ Outras sementes (por número): De qualquer espécie diferente da
semente pura;
✓ Material inerte (%): sementes e outros materiais que não são
definidos como sementes puras ou outras sementes.
Outras informações que podem ser obtidas a partir da análise de pureza
física são:
✓ Conhecer melhor as condições de produção e a presença de sementes
de plantas invasoras;
✓ Inferir sobre a ocorrência de doenças, pragas e danos mecânicos;
✓ Direccionar o beneficiamento, estabelecer o preço das sementes,
indicar causas de descarte de lotes, obter subsídios para estabelecer
padrões e auxiliar na fiscalização do comércio.
A determinação da pureza genética é de extrema importância, para garantir
a identidade do lote de sementes. Esta poderá ser realizada através de
características visuais (morfológicas e/ou anatômicas) nas sementes,
plântulas ou plantas.
A determinação da pureza física da semente pode ser feita com base na
seguinte equação:
SP
PF (%) = *100%
Qt
✓ PF: Pureza física (%);
✓ SP: Sementes puras;
✓ Qt: Quantidade total de sementes analisadas.
2.2.3.2. Teste de Germinação
O teste de germinação tem como objectivo principal determinar o potencial
máximo de germinação, ou seja, o poder germinativo de um lote de
sementes, sendo os resultados deste teste usados para comparar a
qualidade entre diferentes lotes, e, também estimar o valor da semente para
o plantio. O teste de germinação pode ser realizado tanto no laboratório
quanto à campo. O teste sob condições de campo é normalmente
insatisfatório, já que os resultados não podem ser repetidos com fidelidade.
A grande vantagem desse teste ser realizado em laboratório é a possibilidade
de repetibilidade. Métodos de laboratório tem sido desenvolvido, para os
quais, as condições externas são controladas para favorecer uma
germinação mais regular, rápida e completa à maioria das amostras de uma
dada variedade.

38
A germinação de sementes em um teste de laboratório corresponde à
emergência e ao desenvolvimento das plântulas, ou seja, a presença de
aspectos nas suas estruturas essenciais que irão indicar a maior ou menor
possibilidade de desenvolver plantas normais sob condições favoráveis.
A porcentagem de germinação irá indicar a proporção do número de
sementes que produzirão plântulas normais sob condições adequadas e
dentro do período padronizado.
O período de duração, o tipo de substrato utilizado, a humidade do
substrato, a temperatura utilizada e os cuidados especiais com frutos
múltiplos variam de acordo com a espécie analisada. A dormência no
período de pós-colheita pode ser acentuada e requerer cuidados especiais,
principalmente em regiões ou períodos de temperaturas altas, pela presença
de dormência secundária em sementes de algumas espécies, como por
exemplo em alface.

Figura 10: Teste de germinação em laboratório


O poder germinativo ou a percentagem de germinação é determinada pela
relação entre as sementes germinadas e a quantidade total da semente
testadas.
SG
PG (%) = *100%
Qt
✓ SG: Número de sementes germinadas;
✓ PG: Poder ou percentagem de germinação da semente (%);
✓ Qt: Quantidade total de sementes testadas.

2.2.3.3. Valor cultural ou agrícola


Os resultados dos testes de vigor indicam quais os lotes com maior potencial
para apresentar melhor desempenho em campo, na produção de mudas em
bandejas ou mesmo, durante o armazenamento, se as condições ambientais
se desviarem das mais favoráveis.

39
Alguns testes de vigor simulam as condições de campo ou da casa de
vegetação (estufas) dentro ou fora do laboratório, tais como o teste de frio,
de velocidade ou da porcentagem de emergência das plântulas, peso da
matéria seca e crescimento das plântulas. Para verificar diferenças de vigor
em lotes de sementes, muitas empresas de sementes têm realizado testes
de emergência em substrato, sob condições de estufa, obtendo assim,
resultados mais próximos daqueles obtidos pelo produtor de mudas.
Outros métodos, realizados em laboratório, procuram correlacionar seus
resultados com o comportamento das plântulas em campo, com a
resistência das sementes às condições de armazenamento, com o
desenvolvimento das plântulas etc. Dentre estes testes podemos citar:
a) Testes de resistência
✓ Envelhecimento Acelerado: Sementes são expostas à temperatura
e humidade relativa de 100% (água) ou de 76% (solução saturada de
sal). O período de exposição e a temperatura são variáveis, em função
da espécie. A avaliação baseia-se no teste de germinação, com
avaliação no dia indicado para a primeira contagem desse teste, para
a espécie em análise. O resultado é indicado em percentagem de
plântulas normais.
✓ De Frio: Sementes são expostas à baixa temperatura (geralmente, 10°
C) e à humidade alta. O período de exposição pode variar em função
da espécie. A avaliação baseia-se no teste de germinação ou de
emergência da plântula e o momento de avaliação é variável, em
função da espécie. O resultado é indicado em percentagem de
plântulas emersas.
✓ Deterioração Controlada: Sementes, previamente humedecidas, são
expostas à alta temperatura e alta humidade relativa. O período de
exposição e a temperatura são variáveis, em função da espécie. A
avaliação baseia-se no teste de germinação, com avaliação no dia
indicado para a primeira contagem desse teste, para a espécie em
análise. O resultado é indicado em porcentagem de plântulas
normais.
b) Testes bioquímicos
✓ Condutividade Elétrica: Sementes previamente pesadas, são
imersas em água destilada. O número de sementes, o tempo de
imersão em água e a temperatura são variáveis, em função da espécie.
A avaliação é por meio da determinação da quantidade de lixiviados
liberados pelas sementes.

40
✓ Tetrazólio: Sementes são hidratadas em água e imersas em solução
de tetrazólio (algumas sementes são seccionadas ou o tegumento é
retirado para a absorção da solução de tetrazólio). A avaliação baseia-
se nas características dos tecidos essenciais da semente. Geralmente,
as sementes são classificadas em: viáveis e vigorosas, viáveis e não
vigorosas e não viáveis.
c) Testes fisiológicos
Baseados na avaliação dos processos de germinação da semente e de
desenvolvimento da plântula:
✓ Quantidade e velocidade de germinação;
✓ Comprimento da plântula e/ou de suas partes;
✓ Massa de matéria seca;
✓ Classificação do vigor da plântula.
A avaliação baseia-se no teste de germinação, com avaliação no dia indicado
para a primeira contagem desse teste, para a espécie em análise. Os
resultados são indicados em percentagem de plântulas normais, índice e
medidas de massa e de comprimento.
No geral, o valor agrícola ou percentagem de sobrevivência é determinada
pela multiplicação do poder germinativo da semente com a respectiva
pureza física.
PG(%) ∗ PF(%)
𝑽𝑨(%) =
100
2.2.3.4. Vigor da semente
A percentagem de germinação determinada pelos laboratórios é obtida sob
condições totalmente favoráveis, condições estas que raramente ocorrem no
campo. Por isso, sempre que possível, deve-se testar o vigor das sementes,
que nada mais é, a capacidade das sementes de germinar e estabelecer
rápida e uniformemente a população desejada, sob as condições adversas
de campo.
Portanto, recomenda-se ao produtor que faça o teste de vigor chamado
População Inicial, que consiste em semear directamente no campo, em
micro-parcelas de 1.0 m x 1.0 m, com quatro repetições de 100 sementes.
Após 28 dias ou mais, dependendo da espécie ou variedade, fazer uma
contagem das plântulas e, por simples cálculo matemático, estabelecer a
germinação média no campo.
O vigor é o conjunto de atributos que confere à semente a capacidade para
germinar, emergir e resultar rapidamente em plântulas normais, mesmo
com ampla diversidade das condições do ambiente.

41
A germinação das sementes pode sofrer alterações por factores internos,
relacionados à longevidade, vigor e também por factores externos, como
água, temperatura e oxigênio.
A avaliação do vigor é alvo de atenção de programas de controlo da
qualidade da semente para complementar as informações obtidas no teste
de germinação como por exemplo:
✓ Tolerância a estreses: Altas e baixas temperatura e humidade;
✓ Desempenho das plântulas: Crescimento e velocidade de
germinação;
✓ Parâmetros bioquímicos: Actividade enzimática, integridade de
membranas celulares.
No geral, são os indicadores de boa qualidade da semente:
✓ Peso por 100 ou 1000 sementes;
✓ Uniformidade da semente;
✓ Percentagem de germinação;
✓ Pureza física;
✓ Vigor da semente.
2.2.3.5. Teste de sanidade da semente
A qualidade sanitária do lote de semente é outra característica que, embora
ainda não seja determinada por força de lei, é de fundamental importância
em determinadas situações, pois sementes contaminadas ou infestadas
podem reduzir a população de plantas, a produtividade e até mesmo servir
como veículo de disseminação de determinadas doenças e pragas.
O objectivo do teste de sanidade é determinar o estado sanitário de uma
amostra de sementes. A análise de sanidade permite identificar e
quantificar os microrganismos associados às sementes, ou seja, presença
ou ausência de agentes patogênicos, tais como fungos, bactérias, vírus,
nematóides e insectos.
Os fungos representam o maior grupo, seguido pelo das bactérias e, em
menor proporção, pelo grupo dos vírus e dos nematóides. Esses
microrganismos podem ser transportados aderidos à superfície da semente,
no seu interior ou como parte do "material inerte" (em fragmentos vegetais,
sementes de plantas invasoras, partículas do solo). Por isso, o teste de
sanidade de sementes é importante, porque visa fornecer informações para
o controlo de patógenos por elas transmitidos, de modo a evitar a introdução
desses agentes no campo ou diminuir suas fontes de inóculo.

42
2.2.4. Tratamento da semente
Tratamento de sementes é a aplicação de ingredientes químicos e/ou
organismos biológicos às sementes, de forma a suprimir, controlar ou
afastar patógenos, insectos ou outras pragas que atacam sementes, mudas
e plantas.
A utilização de tratamento de sementes é uma prática importante para
redução de patógenos que infestam e infectam as sementes, além da
protecção contra patógenos que sobrevivem no solo quando é realizada a
sementeira. No tratamento de sementes diversos produtos podem ser
utilizados, tais como, agroquímicos (fungicidas, insecticidas e
micronutrientes), produtos biológicos (inoculantes e estimulantes). O
tratamento químico baseia-se na existência de produtos eficientes contra
os patógenos, que apresentem baixa fitotoxicidade e sejam pouco tóxicos ao
homem e ao ambiente.
Atenção!
As sementes tratadas são destinadas exclusivamente ao plantio e não a fins
de alimentação humana ou animal.
2.2.4.1. Procedimentos de tratamento de sementes
Muitas das vezes as instituições produtoras de sementes tratam as
sementes antes ou durante o armazenamento. A desvantagem disso é de
impedir que os lotes tratados e não comercializados sejam destinados à
indústria de alimentação humana ou animal.
O mais recomendado e pouco usado é o tratamento de sementes
imediatamente antes da sementeira, uma vez que, para além de permitir
que os lotes não comercializados sejam reutilizados pelas indústrias de
alimentação humana e animal, o agricultor pode fazer o tratamento e a
inoculação da semente numa única operação.
Durante a operação de tratamento, o fungicida sempre deve ser aplicado
antes da inoculação, com Bradyrhizobium japonicum, para garantir boa
cobertura e aderência do fungicida à semente e diminuir os efeitos sobre as
células de B. japonicum. O papel do fungicida é proteger a semente contra
fungos do solo e da própria semente. Assim, é importante que o fungicida
esteja em contacto directo com a semente. O tratamento e a inoculação
podem ser feitos em máquinas específicas de tratar sementes, tanto na
unidade de beneficiamento, como na propriedade do produtor, ou
empregando um tambor giratório com eixo excêntrico (Figura 11).

43
Figura 11: Máquina (A) e Tambor giratório (B) de tratar sementes
Nessas máquinas, a calda do fungicida também deve ser preparada com a
solução açucarada a 15%. Essa calda é colocada no primeiro
compartimento e será a primeira a entrar em contacto com a semente. No
segundo compartimento é colocado o inoculante turfoso, sem adicionar
água ou solução açucarada. O inoculante não deve estar com excesso de
humidade, caso contrário ficará aderido aos mecanismos da máquina e não
será distribuído homogeneamente sobre as sementes.
Se a máquina for bem regulada, as sementes tratadas e inoculadas já saem
prontas para serem semeadas. Quando for utilizado o tambor giratório, com
eixo excêntrico, adicionar 250 ml de solução açucarada a 15% de açúcar
cristal em um litro de água) por 50 kg de semente e dar algumas voltas na
manivela para humedecer uniformemente as sementes.
Após esta operação, o fungicida é acrescentado na dosagem recomendada
(Tabela 4) e o tambor é novamente girado até que haja perfeita distribuição
do fungicida e cobertura das sementes. O inoculante é então adicionado
(500g de inoculante turfoso por 50 kg de semente), dando-se algumas voltas
na manivela. Caso a dose do inoculante recomendada para a região seja
maior que 500g, a quantidade de solução açucarada deve ser maior. Por
exemplo: Para 1000g de inoculante por 50 kg de sementes, deverão ser
usados 500 ml de solução açucarada. Não se aconselha o tratamento da
semente directamente na caixa semeadora, devido à baixa eficiência.
Observação Importante!
Nunca utilizar a solução açucarada como veículo para a inoculação das
sementes, caso não seja efetuado o tratamento com fungicida. A utilização
da solução açucarada sem o fungicida acarreta sérios problemas de
emergência a campo. Isto deve-se ao facto de o açúcar servir como isca para
atrair insectos (em especial as formigas) e microrganismos presentes no
solo, que podem causar a deterioração da semente ou a morte das
plântulas.

44
Tabela 04: Alguns fungicidas e respectivas doses, para o tratamento de
sementes
Nome comercial do Nome técnico ou da Dosagem por 100kg
produto substância activa de sementes
Captan 750 TS Captan 200g
Vitavax-Thiram PM 200g
Carboxin + Thiram
Vitavax-Thiram 200 SC 250ml
Tecto 100 + Captan Thiabendazol +
270g
750 TS Captan
Tecto 100 + Plantacol Thiabendazol + PCNB 300g
Tecto 100 + Thiabendazol +
270g
Rhodiauran 700 Thiram
Rhodiauran 700 Thiram 300g
Rhodiauran 500 SC Thiram 280ml
Rhodiauran 700 +
Thiram + Benomyl 160g
Benlate 50 WP

Para a escolha correcta de um fungicida, o primeiro aspecto que deve ser


considerado é o organismo alvo do tratamento, uma vez que os fungicidas
diferem entre si quanto ao espectro de acção ou à especificidade. A acção
combinada de fungicidas sistêmicos com protectores tem sido uma das
estratégias das mais eficazes no controlo de patógenos das sementes e do
solo, uma vez que o espectro de acção da mistura é ampliado pela acção de
dois ou mais produtos.
Desse modo, verificam-se melhores emergências de plântulas no campo
com a utilização de misturas, em comparação ao uso isolado de
determinado fungicida.
Os fungicidas sistêmicos controlam patógenos que possam ocorrer nas
sementes e os fungicidas de contacto protegem a semente contra patógenos
existentes no solo. O efeito residual dura em torno de 20 dias, o que é
importante para permitir o estabelecimento das plantas e a formação do
estande na produção.
Deve-se destacar que o tratamento não substitui uma semente sadia e de
qualidade e não elimina os danos causados pelo mau preparo do solo,
problemas nutricionais e de disponibilidade hídrica insatisfatória. Também
envolve cuidados especiais na manipulação das sementes tratadas,
incluindo a instalação e avaliação dos testes e o descarte de materiais
contaminados.

45
2.2.5. Embalagem da semente
A embalagem é o recipiente ou invólucro de um produto que se destina a
contê-lo, acondicioná-lo ou protegê-lo.
As embalagens utilizadas para o acondicionamento das sementes e
comercialização devem adequar-se às diferentes espécies e a diferentes
quantidades. Neste aspecto, pode-se encontrar no mercado envelopes
aluminizados (os quais são os mais indicados), latas de diferentes
tamanhos, sacos de papel multifoliados e baldes plásticos.
Geralmente estas embalagens são à prova de humidade, característica
importante por não permitir que as sementes absorvam humidade durante
o armazenamento.
Na falta destes, garrafas plásticas (PET), vidros ou latas podem ser
utilizados, desde que previamente limpos e secos. As sementes ao serem
embaladas devem estar bem secas, para se manterem viáveis durante um
maior período de armazenamento.
As embalagens devem trazer informações sobre a espécie, variedade, data
produção e validade, além de outras informações úteis peso, percentagem
de germinação, tipo de semente, pureza, humidade, tratamento, Lote, Serie,
Origem (empresa produtora), etc.

46
EXERCÍCIOS DE CONSOLIDAÇÃO
1. Como avalia-se adequação de uma dada semente ao local?
2. Quais são os factores que afecta adaptabilidade de uma dada semente a
um local?
3. Que registo de informação pode compilar sobre a variedade produzida?
4. O beneficiamento é um conjunto de técnicas que tem por finalidade a
retirada de materiais indesejáveis, para melhorar a qualidade de
semente.
a) Explica em que consiste o meneficiamento de sementes.
b) Explica os testes básicos de qualidade de semente.
c) Explica a extracção da semente.
d) Explica como é feita a extracção em frutos Deiscentes e Indeiscentes
e) Explica como é feita embalagem com rotulagem apropriada
5. Algumas sementes são classificadas intolerantes ao dessecamento e
mantêm teor elevado de água, enquanto outras perdem elevados teores
de água, pois são tolerantes à dessecação. Um terceiro grupo,
considerado intermediário, apenas não tolera a dessecação a níveis
muito baixos.
a) Seleccione a alternativa que apresenta exemplos de sementes
recalcitrante, intermediária e ortodoxa, nesta ordem:
I. Café arábica, Trigo e cacau.
II. Trigo, Café arábica e Milho.
III. Cacau, Manga e Trigo.
IV. Manga, Café arábica e Milho.
V. Cacau, Feijão e Milho.
6. Considere quatro lotes de sementes de determinada espécie de interesse
agronômico: A, B, C e D. Em condições de laboratório, os lotes
apresentaram os seguintes percentuais germinativos: A – 100%; B –
100%; C – 90%; D – 98%. Contudo, em condições de campo, os lotes
apresentaram em duas condições diferentes (favorável e desfavorável),
os seguintes percentuais de emergência de plântulas, respectivamente:
A – 95% e 95%; B – 95% e 60%; C – 70% e 50%; D – 80% e 87%.
a) Diante do percentual germinativo em laboratório e da emergência de
plântulas em campo, quais lotes de sementes possuem maior vigor?
I. Lotes A e C.
II. Lotes A e B.
III. Lotes B e C.
IV. Lote A e D.
V. Lote B e D.

47
7. O vigor não é um atributo único, mas a soma de atributos que, juntos,
determinam a actividade e performance de lotes de sementes submetidas
à diferentes condições ambientais.
a) Seleccione a alterativa que apresenta os atributos de uma semente
com elevado vigor:
I. Semente colhida no ponto de maturidade fisiológica e apresenta
rápida emergência e plântulas desuniformes, sob condições
ambientais adversas.
II. Semente colhida no ponto de maturidade fisiológica e apresenta
rápida emergência e plântulas uniformes, sob condições
ambientais adversas.
III. Semente colhida após o ponto de maturidade fisiológica e
apresenta rápida emergência e plântulas uniformes, sob condições
ambientais normais.
IV. Semente colhida antes do ponto de maturidade fisiológica e
apresenta lenta emergência e plântulas uniformes, sob condições
ambientais normais.
V. Semente colhida após o ponto de maturidade fisiológica e
apresenta lenta emergência e plântulas desuniformes, sob
condições ambientais adversas.
8. Numa amostra de 1000 sementes de milho, verificou-se 30 sementes
quebradas e após o teste de germinação, constatou-se que apenas 80
sementes não germinaram.

a) Calcule o poder germinativo, pureza física e o valor agrícola do lote


em amostra.
b) Determine o peso dessas sementes em quilogramas (Kg), tendo em
conta que o peso de 1000 sementes é de 350g.

48
3
RESULTADO DE APRENDIZAGEM

Armazenar a semente
Armazenar a semente
Neste resultado de aprendizagem, os formandos terão oportunidade
de aprender sobre:
a) Armazém de sementes
✓ Conceito de armazém;
✓ Tipos de armazéns para semente (tradicionais e convencionais).
b) Comportamento fisiológico durante o armazenamento
✓ Sementes Ortodoxas;
✓ Sementes Recalcitrantes;
✓ Sementes Intermediárias.
c) Condições do local de armazenagem de sementes
✓ Controlo de Temperatura;
✓ Controlo de Humidade;
✓ Controlo de pragas;
✓ Integridade das embalagens e rótulos.

49
3.1. ARMAZENAMENTO DE SEMENTES
3.1.1. Conceito do armazém
O armazém é uma estrutura logística na qual matérias-primas, produtos
semiacabados e acabados são estocados à espera da próxima etapa da
cadeia de distribuição, ou seja, é o local onde os produtos são depositados
visando a sua conservação até que haja uma demanda para a sua
utilização.
3.1.2. Tipos de armazéns de sementes
3.1.2.1. Armazéns tradicionais
Os sistemas tradicionais de armazenamento de sementes ocorrem muitas
vezes ao nível das fazendas ou unidades de produção do pequeno produtor,
podendo ser categorizados em sistemas de armazenamento aberto,
semiaberto e fechado.
a) Armazenamento Aberto
As instalações de armazenamento abertas são geralmente estruturas feitas
em madeira e geralmente indicadas como instalações temporárias para a
secagem de sementes. Às vezes, as sementes podem permanecer durante
períodos mais longos, em cujo caso elas tornam-se estruturas de
armazenamento.
Os sistemas de armazenamento abertos são utilizados em condições
climáticas caracterizadas por muito calor e humidade ou quando a semente
tiver sido colhida a um teor de humidade acima do normal. Quando a
semente for colocada nestas estruturas, ela seca muito rapidamente devido
à sua exposição directa à luz solar e devido à ventilação. A secagem rápida
ajuda a prevenir o desenvolvimento de fungos. Estas estruturas podem ser
facilmente construídas a baixo custo. As principais desvantagens incluem
o facto de ficarem abertas e susceptíveis à invasão de insectos, roedores e
aves e à sobre-exposição ao sol e à chuva que pode danificar a semente.
Existem outras formas de armazenamento aberto que proporcionam melhor
protecção às sementes. Elas incluem pendurar as espigas ou panículos no
tecto, nas alas e estruturas da casa ou em ramos de árvores ou junto a
lareiras para secar e repelir insectos.

Figura 12: Sistemas de armazenamento abertos

50
b) Armazenamento em estruturas semi-abertas
O Armazenamento em estruturas semi-abertas (celeiros tradicionais)
geralmente são feitos de madeira, juncos ou de bambus e são elevadas
utilizando plataformas em pedra ou madeira (como abafadores) para evitar
os prejuízos causados por roedores, térmitas ou pela humidade do solo, e
cobertas de palha para protegê-los contra a chuva ou excessiva radiação
solar e permitir suficiente ventilação. Estas estruturas são normalmente
utilizadas para armazenar espigas ou panículos que ainda requerem
secagem adicional antes da debulha, visto que as aberturas ou as paredes
porosas permitem uma circulação constante de ar durante o
armazenamento.
As estruturas semi-abertas oferecem melhor protecção contra as condições
climáticas ou climatéricas do que as estruturas abertas, mas reduzem a
circulação do ar e não previnem contra a entrada de pragas.

Figura 13: Sistemas semi-abertas


c) Armazenamento em estruturas fechadas
Os Bancos são contentores tradicionais de armazenamento fechado feitos
de lama (muitas vezes com uma mistura de palha cortada ou ramos) ou
entrelaçados com palha, ramos, bambu, etc. e depois isolados com lama
para combater pragas. Os Bancos são utilizados com reconhecido sucesso
em países como Malawi, Moçambique e Tanzânia, para o armazenamento
de sementes de sorgo, mexoeira, leguminosas, milho, arroz e amendoim.
Existem ainda outros contentores pequenos feitos de argila, palha, madeira
ou de pele que às vezes são enterrados ou pendurados nas árvores ou nos
telhados. Em algumas regiões, os armazéns de sementes são construídos
no subsolo para proteger contra roedores e altas temperaturas.
As estruturas de armazenamento fechadas são propícias para armazenar
sementes, por causa da excelente capacidade de isolamento da lama que
permite manter uma temperatura e humidade estáveis no interior do
contentor e previne a deterioração da semente. A semente deve ser colocada
em contentores depois de ter sido devidamente seca a um nível de humidade
apropriado.

51
Figura 14: Sistemas de armazenamento fechados
3.1.2.2. Armazéns convencionais
O armazenamento de sementes é, normalmente, realizado em sacaria, em
armazéns convencionais, principalmente pela vantagem que esse sistema
apresenta, que são condições de manipular quantidades, lotes e tipos
variáveis de produtos. Além disso, pelas normas de comercialização há
necessidade de se conviver com a grande desvantagem do sistema, o elevado
preço da sacaria.
Os armazéns convencionais são amplamente conhecidos e, quando
armazenadas menores quantidades de sementes e sua movimentação
(recepção e expedição) não é grande, podem-se recomendar armazéns de
construção mais simples (tradicionais), desde que atendam a condições
mínimas, como:
✓ Boa ventilação e piso impermeabiiizado concretado em torno de 30
em acima do nível do terreno;
✓ Cobertura perfeita com beiral projetando-se 60 a 70 cm;
✓ Pilhas de sacos erguidas sobre estrados de 10 cm de altura e
afastadas das paredes e proteção contra roedores.
Os cuidados durante o armazenamento devem ser seguidos
sístematícamente, pois os problemas com insectos e roedores no
armazenamento convencional, apesar de relativamente fáceis de resolver,
podem vir a ser sérios. Alguns cuidados são requeridos durante o
armazenamento:
✓ Limpeza e inspeção periódica, com eliminação de varreduras;
✓ Padronização de sacaria e utilização de técnica de empílhamento,
para evitar tombamento de pilhas;
✓ Combate a insectos e roedores: Eliminação de focos de infestação de
insectos, tratamento preventivo e desinfestação do piso, paredes e
teto, repetindo-se as operações quando necessário.
O armazém é dividido em coxias, que correspondem às "águas" do telhado.
As coxias são divididas em quadras, que, por sua vez, são separadas pela
rua principal e travessas. Essas divísões facilitam a separação do produto
em lotes, o acesso a todo o material e os trabalhos de empilhamento,
tratamento de protecção e limpeza.

52
Outra categoria de armazenamento de sementes são os bancos de
germoplasma, que visam formar uma base genética de sementes, bem como
preservar sua viabilidade pelo maior período possível, ou seja, por longos
anos. Sendo assim, os pesquisadores mantêm os bancos de germoplasma
com diferentes “acessos”, ou seja, vários materiais genéticos coletados de
diferentes lugares, os quais serão utilizados em programas de
melhoramento genético. Dessa forma, o armazenamento em bancos de
germoplasma é o tipo de armazenamento que demanda os maiores
cuidados, em termos de temperatura e humidade, visto que as sementes
precisarão ser armazenadas por longo período de tempo.
Os bancos de germoplasma guardam uma variabilidade genética de plantas,
as quais serão utilizadas para o desenvolvimento de novas variedades pelos
pesquisadores melhoristas. Na conservação de sementes em bancos de
germoplasma, normalmente, empregam-se baixas temperaturas e
humidade relativa do ar, sendo também utilizada a criopreservação para
algumas espécies.
Dentre os tipos de armazéns convencionais, os principais são: Celeiros
modernos, Silos metálicos, Sacos herméticos e Pequenos recipientes.
a) Celeiros modernos
O celeiro moderno é uma adaptação do celeiro tradicional. Ele fica assente
numa plataforma de tijolo e construção em madeira para durar mais tempo.
O tecto é sólido e oferece maior protecção ao mesmo tempo que assegura
boa ventilação e arejamento através da rede de metal que circunda a
estrutura. Tal como no celeiro tradicional, podem ser de uma estrutura
semiaberta (propícia para a secagem e armazenamento de espigas) ou
fechada.

Figura 15: Armazenamento da semente em Celeiros modernos.


b) Silos metálicos
São desenvolvidos como sistemas eficientes e de baixo custo para os
agricultores de pequena escala. Estes silos são enchidos a partir do topo e
uma vez fechados ficam inacessíveis a roedores ou insectos e podem ser
devidamente selados para evitar fugas de água. Eles são normalmente
cobertos, erguidos do solo e colocados em plataformas com boa ventilação
para controlar a temperatura e a humidade.

53
Os pequenos silos metálicos também podem ser utilizados para armazenar
sementes, mas eles devem ser colocados num local fresco de baixo de um
teto/telhado ou num estábulo para evitar o sobreaquecimento da semente
que pode reduzir a sua capacidade de germinação. Antes de colocar a
semente no interior dos silos, deve-se garantir que esta esteja seca e a um
nível de humidade adequado. Além de ser efectivo para o armazenamento
de sementes, o silo metálico tem igualmente a vantagem de ser portátil,
requerer pouco espaço e ser fabricado a partir de material e conhecimentos
locais. O silo pode durar muito tempo se a sua manutenção for bem-feita.

Figura 16: Armazenamento da semente em Silos metálicos.


b) Sacos herméticos
Os sacos herméticos são um desenvolvimento relativamente novo. Trata-se
de sacos ou de casulos hermeticamente selados de vários tamanhos (50 kg–
300 toneladas métricas) que oferecem uma alternativa interessante ao
armazenamento tradicional. Os sacos herméticos funcionam com base no
princípio de que a semente liberta dióxido de carbono que rapidamente
substitui o oxigénio existente no recipiente selado. Uma vez esgotado o
oxigénio, as pragas morrem e os fungos não podem propagar-se. Para estas
unidades seladas funcionarem devidamente elas precisam de ser cheias
rapidamente e abertas apenas quando todo o conteúdo tiver de ser utilizado.
O saco hermético é muito adequado para o armazenamento de sementes,
visto que pode ser selado hermeticamente e isso garante a manutenção de
uma condição estável propícia para o armazenamento de sementes. Para
evitar que a semente absorva humidade durante o longo período de
armazenamento, é acrescido gel de sílica para absorver o excesso de
humidade e acrescentar um indicador corante para indicar quando seja
necessário substituí-lo.

Figura 17: Armazenamento da semente em sacos herméticos.

54
d) Pequenos Recipientes
Jarros ou latas hermeticamente fechados podem ser utilizados para
armazenar semente devidamente seca. Esses recipientes são viáveis para
armazenar sementes de hortícolas ou de outras culturas que requerem
pequenas quantidades de sementes.
As garrafas ou latas de produtos vulgares dos agregados familiares
adquiridos nas lojas locais podem ser utilizados para o mesmo fim desde
que sejam hermeticamente selados com cera de velas para criar um
ambiente apropriado para o armazenamento de pequenas quantidades de
semente. Tendo em conta que os recipientes são pequenos, eles podem ser
facilmente manuseados e colocados em local limpo e fresco fora do alcance
de roedores.

Figura 18: Armazenamento da semente em pequenos recipientes.


3.2. COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO DURANTE O ARMAZENAMENTO
Um factor muito importante no armazenamento da semente estabelece o
tempo de armazenamento (a longevidade inerente à espécie), ou seja, o
comportamento fisiológico das sementes durante o armazenamento. Diante
disso, o conhecimento sobre a tolerância à dessecação das sementes, em
que as mesmas são classificadas em ortodoxas, recalcitrantes e
intermediárias, permite relacioná-las com o comportamento fisiológico
durante o armazenamento.
São chamadas de ortodoxas, aquelas sementes que devem ser armazenadas
em condições de baixo teor de humidade (a maior parte de sementes de
hortícolas, cereais e leguminosas). As recalcitrantes, por sua vez, são
aquelas que requerem alto teor de humidade para se manterem viáveis,
pode-se incluir aí as sementes da maior pare das fruteiras (sementes de
citrinos, manga, coco, abacate, macadâmia, cacau, lichia, etc.).
Sendo assim, essas três classes de sementes apresentam comportamentos
fisiológicos distintos entre si durante o armazenamento (tabela 5).

55
Tabela 05: Comportamento fisiológico durante o armazenamento de
sementes ortodoxas, recalcitrantes e intermediárias.
Tipo da
Comportamento fisiológico durante o armazenamento
semente
Em geral, as sementes apresentam elevada longevidade,
podendo ser secas até baixos teores de água (entre 5% e 7%)
e armazenadas em ambientes com baixas temperaturas por
Ortodoxa
longos períodos. A temperatura e o teor de água são factores
determinantes para a manutenção da viabilidade de
sementes ortodoxas ao longo do armazenamento.
Quando dispersas da planta-mãe, as sementes recalcitrantes
apresentam elevados teores de água e não toleram secagem
a baixos teores. Diante disso, devido aos elevados teores de
Recalcitrante
água e à consequente intensificação dos processos
deteriorativos, durante o armazenamento, apresentam
redução da viabilidade em curto período de tempo.
As sementes possuem comportamento intermediário entre a
ortodoxa e a recalcitrante, em que apresentam certa
Intermediária
tolerância à dessecação e pequena resistência ao
armazenamento a baixas temperaturas.
Diante do comportamento fisiológico de cada classe de semente, pode-se
entender que, quanto menor o teor de água nas ortodoxas, menores serão
os processos deteriorativos, o que permite longo período de armazenamento
sem afectar a qualidade das sementes. Em contrapartida, à medida que se
aumenta o teor de água nas recalcitrantes, menor o período de
armazenamento, pois a água está relacionada com a actividade
deteriorativa.
3.3. CONDIÇÕES DO LOCAL DE ARMAZENAMENTO DE SEMENTES
A função do armazenamento é preservar as qualidades iniciais da semente,
evitando sua deterioração. A colheita e o processamento podem provocar
danos às sementes que prejudicam sua qualidade imediatamente ou ao
longo do período de armazenamento. O rompimento no tegumento ou
trincas são, normalmente, portas de entrada para os microrganismos.
A temperatura e a humidade relativa do ar no local de armazenamento
determinarão a velocidade da perda de qualidade do produto devido aos
factores indesejáveis ocorridos durante o processamento anterior (colheita,
trilha, secagem e beneficiamento). Em regiões de clima frio, as condições
são geralmente favoráveis para o armazenamento aberto. Nessas condições,
as sementes da maioria dos cereais são armazenadas por 5 a 9 meses,
podendo permanecer por um a dois anos, sem que apresentem problemas
sérios de deterioração.

56
Existem duas regras empíricas, que podem ser usadas para prever a
velocidade de deterioração das sementes:
✓ Para cada 1% de aumento no teor de humidade da semente sua
longevidade é reduzida à metade, para teores de humidade entre 5 e
14%.
✓ Para cada 5oC de aumento na temperatura de armazenamento a
longevidade da semente é reduzida à metade, para temperaturas
entre 0 e 50 oC.
Convém lembrar que essas regras se aplicam independentemente. Assim,
sementes armazenadas com 11% de humidade e temperatura de 25 °C,
terão a mesma longevidade se forem armazenadas com 12% de humidade,
a 20 oC.
Na prática, dois factores são observados na operação de armazenagem: a
temperatura e o teor de humidade da semente. Dentre os diversos fungos
que atacam os grãos armazenados, a maioria começa seu desenvolvimento
a teores de humidade acima de 13,5% e sob temperaturas abaixo de 10 oC,
alguns não se desenvolvem e outros o fazem muito lentamente.
O Diagrama abaixo ilustra de maneira simplificada as condições em que se
iniciam a perda de poder germinativo, a deterioração e o desenvolvimento
de insectos.
Temperatura da semente (oC)

Humidade relativa do ar (%)


Figura 19: Diagrama geral de conservação de cereais.
A área acima da linha “A” indica condições favoráveis ao desenvolvimento
de insectos. À direita e acima da linha “B”, inicia-se a perda de poder
germinativo e, à direita da linha “C”, inicia-se a deterioração.

57
Segundo esse diagrama, mesmo para teores de humidade de 5% já se tem
perda de germinação com temperaturas acima de 37°C e, a 10% de
humidade, essas perdas começam com 32°C. O armazenamento de
sementes com 13% de humidade e temperatura de 25°C, está no limite
crítico. Portanto, após algum tempo de armazenamento, a germinação
estará em queda acentuada e a deterioração estará iniciada, mesmo que
não seja perceptível.
3.3.1. Controlo de temperatura
O controlo da temperatura ambiente, por ter um custo muito elevado, é
ainda pouco usado para o armazenamento de sementes, com excepção para
pequenas quantidades, bancos de germoplasma e para sementes genéticas.
O controlo de temperatura deve ser efetuado através de um bom projecto
de armazém, uso de materiais adequados e, quando se tem lotes maiores e
para armazenamento temporário, através da utilização de silos com
aeração. A aeração visa manter o produto com a temperatura uniforme e,
sempre que possível, mais baixa que a do ambiente. Isso é conseguido
utilizando-se o equipamento de aeração em horas mais frias.
Todavia, uma faixa específica de temperatura não pode ser generalizada,
pois cada espécie possui uma temperatura ideal de armazenamento. Por
exemplo, como explicado anteriormente, existem diferenças entre as
sementes recalcitrantes e ortodoxas. No geral, as temperaturas baixas são
indicadas apenas para as sementes ortodoxas, pois sementes recalcitrantes
não toleram redução acentuada da temperatura durante o armazenamento.
3.3.2. Controlo de humidade
A uniformidade do teor de humidade do lote de sementes é importante, para
evitar pontos de maior actividade de microrganismos. Uma forma de
contornar o problema é doptar o sistema com uma vazão de ar maior, que,
apesar de diminuir a eficiência do processo (energia gasta por volume de
semente), permite uma secagem mais uniforme, sem grandes gradientes de
humidade. Outro factor de ímportância é o resfriamento do produto antes
de ser retirado do secador.
A fonte de aquecimento de ar deve ser apagada e o ventilador mantido em
funcionamento, soprando ar frio até a semente atingir a temperatura
ambiente. Existindo um sistema extra de resfriamento, não haveria
necessidade de apagar a fonte de calor e resfriar a semente no próprio
secador, que teria, portanto, sua capacidade aumentada.
Nos silos, o resfriamento pode ocorrer por meio de dois métodos:
a) Resfriamento artificial estático: Consiste na insuflação de ar frio
na massa de sementes em repouso até atingir a temperatura
desejada;

58
b) Resfriamento artificial dinâmico: A massa de semente é resfriada
no seu movimento descendente nos silos, em que um ar frio e seco é
conduzido em sentido contrário ao produto.
No geral, os teores de humidade para a conservação de sementes de
diferentes espécies, pelo período de até um ano, variam de
aproximadamente 11 a 14%. Verifica-se, contudo, uma redução da
percentagem de germinação conforme aumenta o teor de humidade. No
entanto, para o armazenamento de sementes em períodos mais longos, as
mesmas devem apresentar teores de humidade inferiores a 11%.
3.3.3. Controlo de pragas
Várias espécies de insetos-pragas atacam as sementes durante o
armazenamento, existindo métodos de controlo deles, tanto preventivos
como curativos. Nas unidades armazenadoras de sementes, pode ser
implementado o maneio integrado de pragas de sementes armazenadas
como alternativa para minimizar as perdas ocasionadas pelas pragas.
Como medidas preventivas ao controlo de insetos-pragas nas unidades de
armazenamento de sementes, destacam-se:
✓ A limpeza e higienização da unidade armazenadora, visando eliminar
os focos de infestação dentro da unidade, como resíduos de sementes,
poeiras e sobras de classificação;
✓ O tratamento periódico de toda a estrutura armazenadora, com
insecticidas protectores de longa duração, de maneira a evitar a
reinfestação de insectos;
✓ O tratamento preventivo das sementes, após o beneficiamento, com
insecticidas protectores de origem química ou natural, visando a
eliminação de qualquer praga durante o armazenamento;
✓ O controlo da temperatura da massa de sementes para menos de
13ºC, que retarda ou elimina a multiplicação de insectos, como
também a diminuição da humidade relativa do ar;
✓ A limpeza das sementes, antes do armazenamento, que proporciona
a remoção física de insetos, por meio da passagem das sementes na
mesa de gravidade.
3.3.4. Integridade das embalagens e rótulos
As embalagens consideradas permeáveis podem ser de papel, algodão ou
polipropileno trançado. As embalagens consideradas semipermeáveis
podem ser de sacos plásticos finos ou de polietileno (de 0,075 a 0,125 mm
de espessura), e sacos de papel multifoliados laminados com polietileno. Já
as embalagens impermeáveis podem ser de sacos de polietileno (acima de
0,125 mm de espessura), pacotes e latas de alumínio, quando bem vedados.

59
Portanto, de acordo com o tempo e com o ambiente de armazenamento das
sementes, é possível realizar a melhor escolha do tipo de embalagem.
As embalagens permeáveis são de baixo custo e podem ser utilizadas para
curtos períodos de armazenamento em regiões de clima seco. Isso porque a
embalagem permite trocas de humidade e temperatura entre a semente e o
ar ambiente do armazém. Diante disso, compreende-se, pelos tópicos
abordados anteriormente, que as sementes terão metabolismo mais activo
e estarão propícias ao desenvolvimento de fungos e ao ataque de insectos,
resultando em menor potencial de armazenamento.
Já nas embalagens impermeáveis, a humidade do interior da embalagem é
determinada pelo teor de água das sementes, visto que não ocorrerão trocas
de humidade entre o interior da embalagem e o ambiente. Portanto, a
impermeabilização da embalagem também reduz a disponibilidade de
oxigênio às sementes, e, em consequência, diminui a perda de matéria seca,
proliferação de insectos e mantém a qualidade fisiológica das sementes por
períodos maiores de armazenamento. Todavia, a desvantagem de
embalagens impermeáveis é que o baixo teor de água das sementes as
predispõe a danificações durante o manuseio.
Por fim, as embalagens semipermeáveis são intermediárias entre as
permeáveis e impermeáveis, podendo ser utilizadas em regiões de humidade
relativa do ar elevada, mas por período limitado de tempo.
Sendo assim, cada tipo de embalagem possui vantagens e desvantagens,
devendo ser escolhidas de acordo com as necessidades específicas de cada
espécie e ao tempo em que se quer armazenar.
As embalagens, utilizadas no armazenamento de sementes, podem ser de
materiais naturais, sintéticos ou qualquer outro que tenha sido,
previamente, aprovado pelo Ministério da Agricultura, devendo obedecer às
seguintes exigências:
✓ Economia de custo e facilidade de manuseio e transporte;
✓ Segurança, protecção, conservação e integridade do produto;
✓ Boa apresentação do produto;
✓ Facilidade de fiscalização da qualidade e das demais características
do produto;
✓ Tamanho, forma, capacidade, peso e resistência;
✓ Facilidade de marcação ou rotulagem.
Toda embalagem ou lote deve conter as especificações qualitativas,
marcadas, rotuladas ou etiquetadas, na vista principal, em lugar de
destaque, de fácil visualização e de difícil remoção.

60
EXERCÍCIOS DE CONSOLIDAÇÃO
1. Quais são os indicadores de boa qualidade da semente?
2. Como se faz a monitoria no armazém de semente
3. Como devemos proceder para manter a capacidade de alta de
germinação da semente?
4. A secagem de sementes é um processo simultâneo de transferência de
calor do ar para as sementes, e de água das sementes para o ar,
permitindo que elas cheguem ao teor de água adequado para o
armazenamento.
a) Seleccione a alternativa que descreve os motivos para o processo de
secagem de sementes:
I. Armazenamento seguro, prevenção ao desenvolvimento de
microrganismos e elevação da taxa respiratória das sementes.
II. Armazenamento seguro, diminuição do vigor e diminuição da taxa
respiratória das sementes.
III. Armazenamento seguro, preservação da qualidade fisiológica e
diminuição da actividade de água das sementes.
IV. Diminuição do processo de deterioração, prevenção ao
desenvolvimento de microrganismos e elevação da taxa
respiratória das sementes.
V. Diminuição da capacidade germinativa, diminuição do vigor e
elevação da taxa respiratória das sementes.
5. O armazenamento das sementes está sujeito a diferentes factores que
influem na sua conservação e delimitam seu potencial de
armazenamento.
a) Seleccione o factor que proporciona elevado potencial de
armazenamento de sementes:
I. Período de armazenamento da semente no campo, dias após a
sua maturidade fisiológica.
II. Planta-mãe vigorosa, que passa suas características às
sementes.
III. Ocorrência de déficit hídrico durante a fase de acúmulo de
matéria seca nas sementes.
IV. Dano latente nas sementes, ocasionado por injúrias mecânicas.
V. Colheita das sementes antes de sua maturidade fisiológica.

61
6. As embalagens para o armazenamento de sementes possuem o objectivo
de conservá-las das variações ambientais (tais como humidade relativa
do ar, temperatura do ar e disponibilidade de oxigênio), podendo, as
mesmas, serem permeáveis, semipermeáveis ou impermeáveis.
a) Assinale a alternativa que apresenta as características correctas da
embalagem quanto à sua permeabilidade e condições de conservação
das sementes:
I. A embalagem de lata de alumínio ou vidro é impermeável às
variações ambientais de temperatura e humidade relativa do ar,
porém, é permeável ao oxigênio.
II. A embalagem de polietileno de maior espessura normalmente é
recomendada para o armazenamento em curto prazo, devido à sua
permeabilidade.
III. A embalagem de juta, que é impermeável, normalmente é
recomendada para regiões com humidade relativa do ar elevada e
para curto período de tempo.
IV. A embalagem de sacos de papel só é recomendada para o
armazenamento de sementes por curto período de tempo e
condições ambientais do local de armazenamento controladas.
V. A embalagem de juta, embora apresente baixo custo e fácil
aquisição, pode ser utilizada para o armazenamento de sementes
em longo prazo.

62
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO.


BRASIL. (2009). Regras para Análise de Sementes. Brasília: MAPA, 2009.

BRASIL. Ministério da Agricultura. (1992). Regras para análise de


sementes. Brasília.

CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. (2000). Sementes: Ciência, Tecnologia e


Produção. 4ª edição. Jaboticabal: Funep.

CASTRO, O. O. (2009). Amostragem é decisiva na busca da qualidade. Seed


News, Pelotas.

CERVIERI FILHO, E. (2011). Curso de Atualização em Beneficiamento e


Armazenamento de Sementes. Passo fundo. Fundação pró-sementes.

CRUZ, J. C. et al. (2006). Produção de milho orgânico na agricultura


familiar. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo.

DELOUCHE, J. C. (2002). Germinação, Deterioração e Vigor da Semente.


Seed News, Pelotas (RS.

HENNING, A. A. (2005). Patologia e tratamento de sementes: noções gerais.


2ª edição. Londrina: Embrapa.

HOSSEN, D. C. et al. (2014). Tratamento químico de sementes de trigo.


Pesquisa Agropecuária Tropical.

KRZYZANOWSKI, F. C.; VIEIRA, R. D., FRANÇA NETO, J. B. (1999). Vigor


de Sementes: Conceitos e Testes. Associação Brasileira de Tecnologia de
Sementes, Comitê de Vigor de Sementes. Londrina: Abrates.

KRZYZANOWSKI, F. C.; VIEIRA, R. D.; FRANÇA NETO, J. B. (1999). Vigor


de sementes: conceitos e testes. Londrina: Abrates.

MAGALDI, M. C. DE S; FONSECA, J. R. (2009). Boas Práticas para


Produção de Sementes. Mato grosso-Brasil.

MARCOS FILHO, J. (2017). Conceituação do vigor de sementes em seus


múltiplos aspectos. In: XX Congresso brasileiro de semente. Resumo.
Londrina: Abrates.

MENTEN, J.O.; MORAES, M. H. D. (2010). Tratamento de sementes:


Histórico, tipos, características e benefício. Londrina: Abrates.

63
PESKE, S. (2003). Embalagem para Sementes. Seed News, Pelotas (RS).

PESKE, S. T.; ROSENTHAL, M. A.; ROTA, G. R. M. (2003). Sementes:


Fundamentos Científicos e Tecnológicos. Pelotas - RS. 1a Edição.

SILVA, F. S.; et al. (2010). Viabilidade do armazenamento de sementes em


diferentes embalagens para pequenas propriedades rurais. Revista de
Ciências Agro-Ambientais, Alta Floresta.

SILVA, F. S.; PORTO, A. G.; PASCUALI, L. C.; SILVA, F. T. C. (2010).


Viabilidade do armazenamento de sementes em diferentes embalagens para
pequenas propriedades rurais. Revista de Ciências Agro-Ambientais.

SILVEIRA, J.F.; VIEIRA, M.G.G.C. (1998). Beneficiamento de sementes.


Informe Agropecuário, Belo Horizonte.

VIEIRA, A. R.; SILVA, E. M. de; RODRIGUES, J. R. de M. (2006). Produção


de sementes. Informe Agropecuário, Belo Horizonte.

VILLELA, F. A; PERES, W. B. (2004). Coleta, beneficiamento e


armazenamento. In: FERREIRA, A. G.; BORGHETTI, F. (Ed.). Germinação:
do básico ao aplicado. PortoAlegre: Artmed Editora.

ZAMBOLIM, L. (2005). Sementes: Qualidade Fitossanitária. Viçosa: UFV;


DFP.

64

Você também pode gostar