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A EMPRESA

Startup fundada com o objetivo extensionista, promovendo


conhecimento e capacitação a todo e qualquer público que tenha
interesse na área.

Missão: Disseminar, semear conhecimento e capacitar pessoas que


desejam possuir horta em casa, produzir seu próprio alimento, etc.

Valores: 1º - Pessoas em primeiro lugar; 2º - Integridade; 3º - Amor ao


que fazemos; 4º - Comprometimento; 5º - Ética e transparência; 6º -
Agregar valor.

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Autor

Luís Guilherme Monteiro Ramalho, graduando em


agronomia na Universidade Federal de Uberlândia,
membro da empresa júnior CONTEAGRO.

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Sumário
A EMPRESA ......................................................................................................................... 1
Autor ..................................................................................................................................... 2
Introdução.............................................................................................................................. 4
Sistemas de pastagens ............................................................................................................ 4
As diferenças básicas entre pastejo contínuo e rotacionado ................................................. 4
Pastejo Contínuo ................................................................................................................ 6
Pastejo Rotacionado ........................................................................................................... 7
Manejo de Pastagens .............................................................................................................. 9
Formação da Pastagem......................................................................................................... 11
Escolha da Forrageira ....................................................................................................... 11
Analise de Solo ................................................................................................................ 12
Preparo de solo ................................................................................................................. 13
Forrageira ideal .................................................................................................................... 14
Melhores Forrageiras ........................................................................................................ 16
Adubação de manutenção ..................................................................................................... 18
Taxa de lotação .................................................................................................................... 22
Entendendo o pastejo ........................................................................................................ 23
Lotação rotacionada ......................................................................................................... 24
Lotação contínua .............................................................................................................. 26
Ajustando a taxa de lotação .............................................................................................. 27
Altura do Pasto .................................................................................................................... 28
Manejo do Solo Para Pastagem ............................................................................................ 30
Irrigação de Pastagens .......................................................................................................... 34
Equipamentos de irrigação................................................................................................ 35
Implantação da irrigação................................................................................................... 38
Operação do sistema ......................................................................................................... 39
Referências .......................................................................................................................... 42

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Introdução

A estrutura da pastagem tem sido usualmente definida como a disposição espacial da


biomassa aérea numa pastagem. Laca e Lemaire (2000) a definem como “a distribuição e o
arranjo da parte aérea das plantas numa comunidade”. De forma geral, é descrita por variáveis
que expressam a quantidade de forragem existente de forma bidimensional (e.g. kg de matéria
seca/ha). Nesta forma mais comum de expressão da estrutura da pastagem,como em Milne e
Fischer (1993), as dimensões vertical e horizontal da distribuição da matéria seca (MS) no
perfil da pastagem ressaltam a importância de variáveis como a massa de forragem
disponível, altura, densidade de MS, etc., que têm sido motivo de vários estudos sobre a
influência das características da pastagem sobre a ingestão de forragem.

Sistemas de pastagens

Comparações entre o pastejo contínuo e o pastejo rotacionado sempre aparecem nas mesas de
discussões sobre métodos de manejo do pasto. Muito se fala, mas pouco se aplica com o real
fundamento embasado nos dados de pesquisa.

As diferenças básicas entre pastejo contínuo e rotacionado


Essas são as duas formas mais usuais de métodos de pastejo. Cada uma com suas
particularidades, ambas têm possibilidade enorme de transformação no aumento de
produtividade.
Antes de falarmos sobre essas diferenças um ponto muito importante é o entendimento do
conceito de produtividade.
Só existe uma forma de calcularmos produtividade:

Ganho Peso Vivo por dia (GPV) x Taxa de Lotação (UA/ha)

Esse binômio pode sofrer inúmeras variações, seja do lado esquerdo ou do direito da equação.
Em alguns locais do Brasil, existe ainda a possibilidade de aumento desses multiplicadores
em ambos os lados da equação de forma concomitante; em outras palavras da mesma forma
que aumentamos o ganho individual, aumentamos também a taxa de lotação.

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Se olharmos somente do lado esquerdo da equação, existe a exploração do mérito genético
dos animais. Esse status sempre está relacionado quando o mercado em questão valoriza o
indivíduo, aumentando o seu valor agregado, mas abrindo um pouco mão das taxas de
lotação. Ou seja, maior ganho individual aliado a menores taxas de lotação. Um exemplo de
exploração do mérito genético do indivíduo seria a produção de touros.
Agora se olharmos somente para o lado direito da equação, existe a exploração do mérito
genético da planta forrageira. Esse status está relacionado quando queremos aumentar a
produção por área. Abrimos mão do ganho individual, mas o grupo agora como um todo,
produz mais por área. Ou seja, maior produção de forragem aliada a menores ganhos
individuais.
Entendido isso, independente de que lado da equação estamos junta-se o manejo do pastejo, e
no caso, qual o tipo de método de colheita do pasto que utilizaremos.
A intensificação da produção de matéria seca não produz retornos econômicos sem ser
ajustada a sistemas de utilização e minimizar as perdas devido ao pastejo (eficiência de
pastejo).
Sistemas de utilização seja contínuo ou rotacionado, têm, portanto, dois objetivos principais:
aumentar a eficiência de pastejo (70-80%) do produzido, e oferecer condições adequadas para
a recuperação da planta forrageira após o pastejo.
Ambos os sistemas, pastejo rotacionado ou contínuo, respeitam basicamente o mesmo
princípio fisiológico de recuperação da área foliar após a desfolha. O pastejo rotacionado
promove retirada de forragem pelos animais na área ou piquete, e o pastejo contínuo exerce a
rotação entre as plantas. O pastejo rotacionado para que se tenha uma maior uniformidade de
pastejo, precisa de uma pressão de pastejo maior; menor disponibilidade de forragem por
animal (sem que comprometa desempenho); diminuindo a seletividade e essa uniformidade do
pastejo alcançada. Já o pastejo contínuo aumenta a seletividade, diminui-se a lotação para que
essa uniformidade ocorra.

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Pastejo Contínuo

No pastejo contínuo, por definição, os animais permanecem na mesma área, com pouca ou
quase nenhuma subdivisão, sem um período de descanso forçando a planta forrageira. Isso
significa que a presença constante dos animais na área tem um caráter de desfolha específico.
Nesse caso, o ajuste de carga é muito importante para que a oferta de pasto esteja atrelada à
demanda dos animais. Contudo o controle desse método de pastejo é mais difícil, e o
equilíbrio do pastejo pode ter influência na uniformidade do pasto. Existem por falta de ajuste
de carga, muitas vezes, a presença de áreas sub-pastejadas em detrimento a outras super-
pastejadas. Se a fertilidade dessas áreas for melhor, potencializa-se uma rebrota mais
vigorosa, e os animais acabam “voltando” a pastejar esses locais, mudando assim o perfil da
pastagem, quando nos deparamos com uma área rapada e outra com sobra de pasto, só que de
pior qualidade.
O resultado pode ser pior ainda quando a fertilidade do solo for baixa; porque a produção
passa a ser menor, o ajuste mais severo, as lotações reduzidas e a produtividade
comprometida.

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Contudo, existem trabalhos que mostram que quando o nível de fertilidade é bom, o ajuste de
carga correto e o manejo da área como um todo, respeitando tanto a planta forrageira quanto
os animais em pastejo, há um grande potencial de ganho por hectare. Plantas temperadas ou
de inverno, se comportam bem a esse nível de manejo.
Portanto, esse é um método de controle mais difícil por parte de quem maneja o pasto, mas
também com potencial grande de aumento de produtividade se feito da forma correta.

Pastejo Rotacionado

A potencial superioridade do uso de pastejo rotacionado em relação ao contínuo, baseia-se no


aumento de produção de matéria seca e muito pouco ao nível de perdas. Vale lembrar que
quanto mais o pasto produz, maiores as chances de perdas ou morte de tecidos; e nosso
objetivo é o de minimizar esse processo. Assim nosso principal alvo em termos de utilização
de forragem sob pastejo deve ser aquele de aumentar a produção total; ou seja, procurar uma
forma de otimizar a completa recuperação da planta após a desfolha. Nesse sentido o pastejo
rotacionado proporciona ao perfilho essa capacidade.
Muito se falava antes de que o período de descanso (ou período de rebrota do pasto) estava
atrelado a um número de dias. Em outras palavras, quantos dias depois de exercido o pastejo
os animais voltariam àquele primeiro piquete.
Esse conceito estava fundamentado em recuperação total da área foliar. Cada espécie
forrageira possui geneticamente um número de folhas vivas e uma taxa de aparecimento de

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folhas novas. Assim, a interação entre o número de folhas vivas com a taxa de aparecimento
de folhas é que determinava esse período de descanso em dias. Contudo, se observou nos
últimos anos que todo o processo de rebrota está muito correlacionado à interceptação
luminosa; e que as plantas tinham, independentemente da espécie, um comportamento muito
parecido com relação à essa recuperação da área foliar. Contudo, a velocidade dessa
recuperação está atrelada a fatores climáticos (luz, temperatura, umidade) e a fertilidade do
solo. Portanto, se esses fatores variam ao longo do período de rebrota, não podemos mais
basear nosso manejo do pastejo rotacionado em dias, mas sim na altura referente à 95% da
interceptação luminosa (ponto ótimo de colheita do pasto – abordaremos isso com detalhes
mais para a frente)
Outro aspecto muito importante é que o pastejo rotacionado possibilita um controle muito
mais fácil do ajuste de carga, período de ocupação dos piquetes, visualização completa e
estimada de quanto tempo os animais vão demorar para voltarem ao primeiro piquete.
Como os módulos são em sua maioria constituídos por cercas elétricas, ajustes nos tamanhos
dos piquetes auxiliam ainda mais no manejo do pastejo. Em áreas de elevada produção de
matéria seca, o uso de um número maior de subdivisões ajusta a oferta com a demanda e
potencializa ainda mais a produção do pasto. Em épocas de menor produção do pasto, essa
ferramenta pode deixar de ser usada e os tamanhos dos piquetes redimensionados ou voltarem
ao tamanho original.
Outro ponto que o pastejo rotacionado proporciona, é a possibilidade de redução do período
de descanso quando as taxas de acúmulo se elevam, podendo deixar alguns piquetes sem
serem pastejados para que sejam destinados a processos de conservação de forragem (silagem,
fenação, por exemplo).
Portanto, um método de colheita de pasto que potencializa o mérito genético da planta
forrageira, e mesmo que se observado uma menor produção individual dos animais, o
conjunto produz mais; os controles de pastejo são mais fáceis e o ajuste do modelo de curva
de produção do pasto ajustado inclusive com a possibilidade de alternativas de conservação
do excedido.

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Manejo de Pastagens

Ainda que o montante das pastagens degradadas ou em degradação no Brasil seja um fato
preocupante, essa realidade fomenta expectativas otimistas, pois nessas áreas existe um
imenso potencial para aumento de eficiência da pecuária nacional, pela simples recuperação
dessas pastagens improdutivas.
No entanto, para que esse objetivo seja alcançado, é necessária uma mudança no padrão de
uso de grande parte das áreas de pecuária bovina no Brasil. Para isso, vícios de manejo das
pastagens, herdados do passado e ainda comumente praticados, devem ser abandonados.
Dentre esses vícios, os mais nocivos para a condução de uma pecuária empresarial, isto é,
gerida profissionalmente, são a ausência de adubação para a formação e a manutenção de
pastagens, o uso de sementes de baixa qualidade para a formação de pastagens, o descuido no
controle da pressão de pastejo e, em menor escala de ocorrência, o uso frequente do fogo
(DIAS-FILHO, 2016).
Assim, é urgente que no Brasil se priorize um modelo de manejo das pastagens que seja
eficiente e sustentável. Isto é, um sistema de produção moderno, adaptado à nova realidade de

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um mercado cada vez mais globalizado e exigente, não só em quantidade, mas também em
qualidade. Esse modelo deve estar baseado na eficácia e na alta produtividade, respaldado por
uma gestão predominantemente empresarial.
O objetivo principal seria intensificar de forma racional a produção a pasto, ou seja, produzir
mais carne (ou leite) em menores áreas de pastagem, com coerência aos preceitos
agronômicos, econômicos, ambientais, sociais e de bem-estar animal. Portanto, para se tornar
mais eficiente e competitiva e atingir mercados mais exigentes, a pecuária brasileira deve se
modernizar, ou seja, ser conduzida profissionalmente.
O primeiro passo dessa profissionalização deverá ser a melhoria das condições das pastagens
via reutilização das áreas já abertas que atualmente se encontram improdutivas (abandonadas)
ou com baixaprodutividade (subutilizadas). Essa ação contribuirá para reduzir desmatamentos
e tornar a atividade pecuária conduzida a pasto mais produtiva e sustentável. O segundo passo
é a observação criteriosa de técnicas de manejo para a manutenção de pastagens que ainda
estejam produtivas ou daquelas recentemente recuperadas.
Assim, dentro desse foco, o manejo das pastagens deve também se profissionalizar, ou seja, é
necessário quebrar paradigmas herdados dos primórdios da pecuária brasileira, como o de se
negar às pastagens a qualidade de serem tratadas como uma cultura agrícola, podendo ser
mantidas produtivas sem o aporte de insumos para melhorar a qualidade do solo ou sem a
observância dos princípios básicos de manejo do pastejo.
Desse modo, a recuperação de pastagens degradadas, assim como o manejo responsável e
criterioso (i.e., profissional) das pastagens ainda produtivas e daquelas já recuperadas, deverá
ter papel decisivo nesse processo de profissionalização da pecuária. Tais práticas facilitarão o
crescimento da produção, sem a expansão das áreas de pastagem. Isto é, o incremento da
produtividade e a preservação ambiental deverão ser a base dessaprofissionalização,
conciliando o aumento da segurança alimentar com a redução dos desmatamentos.
Para dar inicio ao manejo de pastagens é preciso fazer uma analise completa sobre como seu
sistema está degradado, de acordo coma Embrapa os seguintes níveis de degradação são:

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Portanto é necessário avaliar e observar sua pastagem atual antes de entrarmos para o próximo
capítulo onde vamos abordar as etapas essenciais para a formação da sua pastagem.

Formação da Pastagem

Escolha da Forrageira

Escolha a forrageira a ser cultivada considerando:


- utilização em pastejo.

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- produção de feno em pé.
- ensilagem.
- fenação

Analise de Solo

Defina a área a ser formada com cada pasto e colete de 5 a 10 subamostras para compor uma
amostra.

As subamostras devem ser retiradas em pontos distribuídos ao acaso em toda a área e


percorridos em zigue-zague. Cave um buraco de 20 cm de profundidade na largura da pá e
retire uma fatia. Aproveite apenas a parte central descartando as laterais.
Taxa de Profundidade
Forrageira semeadura Forrageira de Profundidade do plantio
plantio para um VC de em centímetros
(em) 60%

Xaraés 7,5 3

MaranduPiatã 7,4 4

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Humidieola 6,0 3

Deumbens 6,0 2

Tanzânia,
Mombaça 5,0 3
Massai

Forrageira Altura do Primeiro Pastejo


Mombaça 70-80 cm
Tazânia 55-65 cm
Massai 40 – 50 cm
Xaraés 30 – 40 cm
Marandu 30 – 40 cm
Piatã 30 – 40 cm
Decumbes 20 – 30 cm
Humidicola 10 – 20 cm

Primeiro pastejo deve ser leve, com pouca remoção de forragem (en torno de 50%) para
estimular o perfilhamento

Preparo de solo

Inicialmente é necessário verificar que não possui cupins e formigueiros no local da


implantação da pastagem para que quando foi feito a semeadura e começar a vir a brotas do
capim, essas formigas e cupins não prejudiquem o desenvolvimento da planta.
Para formar uma pastagem, não há muito segredo. Posteriormente, é preciso escolher uma
pastagem que tenha sabor agradável aos animais, evitando que eles consumam menos do que
o necessário. Geralmente, dão preferência a capins com muitas folhas e pouco colmos.

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Espécie Forrageira Produção (t Proteína (%) Digestibilidade (%)
MS/ha)

- Com o auxilio de implementos declividade a área acima de 3% construa terraços de


baselarga ;
- Faça incorporação da vegetação existente (pasto e invasoras) e o calcário recomendado com
uma gradagempesada ,
- Destorroe e nivele o solo com uma gradagem niveladora;
- Aguarde 15 dias para decomposição da vegetação, reação do calcário e germinação das
invasoras;
- Repita a gradagem niveladora para incorporar os fertilizantes recomendados e concluir o
preparo do solo
Após preparar o solo, é hora de plantar as sementes. Recomenda-se plantá- las
preferencialmente na época das chuvas, distribuindo-as uniformemente e em sulcos ou plantio
direto.
Por fim, é preciso cuidar do manejo com as plantas para que consigam se desenvolver
satisfatoriamente.

Forrageira ideal

A forrageira ideal seria aquela que tivesse ótimos atributos quanto à: adaptação
ao clima e solo local, elevada produtividade e ótimo valor nutritivo, resistência em condições
adversas (altas lotações, fogo, baixa reposição de nutrientes via fertilização), à pragas e
doenças, rápida cobertura do solo, facilidade de propagação, tolerância ao pastejo e habilidade
de persistir em condições de manejo não ideais.
Contudo, é impossível reunir em uma única planta forrageira todas essas características.
Embora exista um grande número de plantas forrageiras para a formação de pastagens, a
escolha de determinado capim deve ser baseada nas características de adaptação da planta e
nos objetivos do sistema de produção.
A escolha da espécie deve ser baseada nas respostas às seguintes questões:
 Meu solo é de baixa ou alta fertilidade? Vou adubar? Quanto?
 Quais espécies animais e categorias eu tenho? O valor nutritivo da planta é capaz de
resultar nos ganhos que eu pretendo obter?
 Tenho condições controlar o manejo da pastagem semanalmente ou mensalmente?

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Capim elefante cv. 30-60 13-18 55-65
Espécie Forrageira Produção (t MS/ha) Proteína (%) Digestibilidade (%)
Cameroon
Capim elefante cv. 30-60 15-18 55-75
Napier
Capim mombaça 20-35 9-13 50-60

Capim tanzânia 20-30 9-18 50-70

Capim massai 15-20 8-12 55-60

Capim coastcross 15-30 12-18 50-60

Capim tifton 85 15-25 12-18 50-65

Capim jiggs 15-25 12-18 50-65

Capim marandu 8-16 9-15 55-65

Capim xaraés 8-20 9-15 55-70

Capim piatã 8-15 8-12 50-65

Capim convert 8-15 10-16 55-65

Brachiaria ruziziensis 12-15 10-13 50-57

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Setária 8-12 10-16 50-65

Brachiaria decumbens 8-14 8-12 50-60

Brachiaria dictyoneura 8-10 4-7 55-65

Brachiaria humidicola 5-14 4-8 50-60


cv. Tupi ou Llanero

Capim gordura 6-10 8-10 50-60

Capim andropogon 8-14 6-9 50-58

Pensacola 5-10 5-7 55-60

Todas as espécies possuem uma grande amplitude de variação em produtividade e valor


nutritivo.
O que define os resultados que serão obtidos na propriedade é o quão próximo das condições
ideais de fertilidade de solo e manejo estão submetidas as pastagens.

Melhores Forrageiras

A demanda de nutrientes pelas plantas forrageiras está em função do tipo de solo, níveis de
adubação, espécies utilizadas e intensidade de uso das pastagens. O esgotamento de fósforo,
nitrogênio e potássio, que foram retirados do solo pela pastagem e consumidos pelo animal e
pela ação do tempo provoca queda de vigor e disponibilidade de forragem, aparecimento de
espécies invasoras e menor resistência à pragas e doenças.

Cada espécie forrageira possui um requerimento em termos de fertilidade do solo. Para que o
pasto se mantenha produtivo, a exigência da planta deve ser atendida.
De nada adianta investir na melhoria da fertilidade do solo se descuidar no manejo da
pastagem. Os dois têm que caminhar juntos. A ausência de um deles é o suficiente para
degradar a pastagem (Braga, 2013). A utilização do pasto por longo período, sem descanso ou
sem condições de se recuperar, promove a degradação da forrageira. Também, a sobra
excessiva de material, além de tornar a exploração ineficiente, também prejudica a rebrotação

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da planta. Manter a fertilidade do solo de acordo com a exigência da planta e bom manejo da
pastagem irão garantir alta produção.

Leguminosas
Espécie Forrageira Produção (t MS/ha) Proteína (%) Digestibilidade (%)

Soja perene 5-8 15-22 55-62

Leucena 12-20 21-24 55-70

Alfafa 15-20 20-25 55-65

Lab Lab 5-10 15-20 55-70

Centrosema 4-7 18-20 50-55

Siratro 6-9 14-20 50-60

Guandu 8-14 10-15 50-60

Amendoim forrageiro 11-18 16-20 60-70

Stylozanthes mineirão 10-15 12-18 50-65

Calopogônio 5-10 16-20 55-60

Kudzu tropical 4-6 18-20 60-70

Mucuna 5-12 16-20 60-70

Gramíneas

Alta exigência (Grupo I) Média exigência (Grupo II) Baixa exigência (Grupo III)

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Capins maisprodutivos Capins medianamente Capins menos produtivos
exigem saturação por produtivos exigem saturação exigem saturação por bases
bases acima de60% por bases entre 40 e 60% entre 30 e 45%

Capim-elefante Napier, Capim-marandu e Capim- Capim-decumbens e Basilisk


Cameroon, BRSCanará, xaraés
BRSKurumi
Capim-Tanzânia e Brachiaria brizantha cv. BRS B. dictyoneura
mombaça Piatã
Coastcross e Tiftons B. ruziziensis Capim-gordura

Capim-aruana e massai Convert* HD364 (Mulato II) Setária


– Dow Agrosciences
BRS Tamani e BRS Zuri Pensacola Capim-humidicola cv. Llanero
(Panicum) e Tupi
MG12 Paredão (Panicum) Andropogon
e MG13 Braúna (B.
brizantha) Matsuda
Espécies para feno e
Capineiras

Adubação de manutenção

Caracterizando a adubação de manutenção como sendo a quantidade de nutrientes que é


devolvido ao solo pela extração da planta cultivada, tem-se que ela será em função do
potencial genético em produção de matéria seca da espécie forrageira e de sua composição
bromatológica. Portanto, a adubação de manutenção tem que ser anual devido o ciclo
vegetativo das espécies forrageiras, desde que devidamente exploradas.
A adubação de manutenção está relacionada com aspectos importantes de produção e
produtividade tais como:
1. maior rendimento em carne e leite por hectare

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2. melhor valor nutritivo da forragem
3. composição botânica desejada
4. maior sustentabilidade
A primeira característica se refere ao número de animais por hectare e com a produção
animal. O número de animais por unidade de área está correlacionado com a disponibilidade
de forragem (altura da planta, densidade do dossel foliar etc) no período considerado,
enquanto o desempenho do animal com a composição bromatológica, com a digestibilidade,
com a acessibilidade a forragem, etc.
A segunda está vinculada a composição botânica da pastagem e a quantidade de fertilizante
aplicada. Para se conseguir alteração no valor nutritivo da forragem com fertilizações
elevadas é impossível pelo aspecto financeiro, donde se conclui que o único caminho é
através de leguminosas.
A alteração na composição botânica de uma pastagem é o resultado principalmente da
competição entre plantas, tem-se também a interação de vários fatores relacionados ao
manejo. Como um exemplo, as leguminosas que tem um sistema radicular menos efetivo do
que as gramíneas, respondem mais eficientemente a uma adubação fosfatada, nas condições
dos solos brasileiros, do que as gramíneas. Por outro lado, uma adubação nitrogenada
favorece as gramíneas e deprime as leguminosas.
Em relação a sustentabilidade da pastagem esta está relacionada a várias ações antróficas,
sendo o nível de fertilidade do solo o preponderante. As recomendações de correção da acidez
e da adubação para a manutenção, ou seja, após estabelecimento da pastagem, devem ser
baseadas na análise de solo de amostras coletadas nos 10cm superficiais. No cálculo da
calagem é importante levar em consideração uma profundidade efetiva de incorporação
natural de até 5cm. Para incorporação às camadas mais profundas, quando detectado acidez
ou deficiência de cálcio nestas camadas, deve-se associar a aplicação de silicato de cálcio e
magnésio, e de gesso a estas áreas com pastagens.
Verifica-se que o fósforo de manutenção pode ser fornecido ao solo em função da quantidade
de argila ou do fósforo remanescente.
Recomendação de adubação fosfatada para a manutenção de pastagens considerando a
disponibilidade de fósforo de acordo com a textura do solo ou valor do fósforo remanescente
(P-rem).

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Em pastagens já formadas é aconselhável aplicar o fósforo, menos solúvel em água (fosfatos
naturais reativos) e em cobertura, embora o seu aproveitamento esteja em função da textura
do solo (da ordem de 15%, em solos argilosos). Portanto, seria aconselhável usar doses
maiores de fósforo como corretivo e como formação no plantio e renovar a pastagem de 5 em
5 anos.
Esta renovação far-se-ia mediante o uso de um termofosfato ou de um corretivo de acidez e de
fertilizantes, segundo a análise do solo. Esta operação deve ser feita em novembro, quando o
regime chuvoso estiver estabelecido. Em se tratando de forrageiras que multiplicam por
sementes, recomenda-se proceder a um re-semeio quando o "stand" estiver precário. Caso esta
situação não ocorra, não deve haver preocupação com a recuperação do relvado. O mesmo
deve ser levado em consideração quando a forrageira se multiplica vegetativamente.
O ponto importante a ser considerado neste contexto é a incorporação do fósforo nas
camadas sub-superficiais do solo. Isto porque o fósforo e o cálcio, e este na forma de CaCO3
(calcário), não descem no solo ou seja da camada superficial para as camadas sub superficiais.
Exceção feita ao cálcio na forma Ca (S04)2, (gesso) (SOUSA, 2001), ou na forma de silicato
(KONDORFER et al 2004). Não havendo descida do fósforo e do cálcio para as camadas sub
superficiais, ter-se-á um crescimento direcionado das raízes das plantas forrageiras, para a
camada superficial do solo.
Como consequência, haverá crescimento radicular irregular no perfil deste solo e estas
plantas estarão sujeitas a manifestarem ressecamento da parte aérea, até em pequenos
"déficit" hídricos.
Em relação ao nitrogênio, deve ser aplicada em 4 vezes a quantidade de fósforo recomendada
(Quadro 1), ou seja, variação de 60 a 240kg de N por ano, independente da análise do solo.
Entretanto, muito pouco se sabe sobre a sua recuperação, podendo ser esta quantidade
diferente da real. Outro aspecto a respeito da adubação de manutenção com nitrogênio diz
respeito à sua economicidade. Portanto, a sua viabilização está em função do tempo e do
espaço. O tempo conjuntural é que determina o preço da carne, do leite, do adubo, etc. O

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espaço o viabiliza, à medida que se encontra próximo a grandes centros urbanos, onde se
pratíca uma agricultura mais intensiva.
Quanto ao potássio de manutenção este é fornecido ao solo, em função da análise do solo isso
porque ele é reciclado em grande intensidade, ou seja, do total extraído mediante pastejo, 99%
é devolvido ao solo. Isto se prende ao fato do potássio não ser um elemento que faz parte de
estruturas, ou seja, não é um elemento estrutural.
Quantidades e freqüências de aplicação de potássio, enxofre e nitrogênio a serem usadas nas
adubações de manutenção (CFCEMG, 1999).

Contudo, é questionável a reciclagem de nutrientes no ecossistema de uma pastagem.


Entretanto, se sabe que doses mais elevadas de nitrogênio requerem doses mais elevadas de
potássio e ainda correções da acidez do solo.
VILELA et al (2004) em estudo de adubação de manutenção em pastagem de
Panicummaximum sob pastejo verificaram que nas condições do trabalho a adubação de
manutenção mostrou-se importante a partir do terceiro ano de utilização da pastagem e que o
nível de 20kg de P2O5 e K2O por hectare mostrou-se suficiente para manter a pastagem, ao
longo do tempo, com aproximadamente a mesma composição botânica e o mesmo rendimento
em peso vivo por hectare. Entretanto, o nível de 40kg de P2O5 e K2O por hectare apresentou
aumentos progressivos (P<0,05) nos rendimentos em peso vivo por hectare, ao longo do
tempo.
Por outro lado, alguns cuidados devem ser observados, quando se pratica uma adubação de
manutenção. O primeiro deles seria o fracionamento das quantidades aplicadas, com objetivos
de melhorar a recuperação do adubo aplicado e prevenir absorção de luxo. Contudo, com
estas quantidades recomendadas, não é necessário este cuidado especial, exceto para o
nitrogênio. Outro cuidado a ser tomado é permitir que o adubo entre em contato imediato com
o solo, e isso se consegue com um pastejo intenso da área após aplicação do fertilizante.

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Em relação aos micronutrientes (Zn, B, Cu, Fe, Mo, Co e Mn), uma prática recomendada é
seu monitoramento até a camada sub superficial (15cm) a cada dois anos.

Taxa de lotação

A taxa de lotação pode ser definida pelo número de animais – ou unidades animais (1 UA=
450 kg PV) –, dividido pela a área pastejada. Por exemplo: se tivermos uma área de 50
hectares, com 300 cabeças, a taxa de lotação será de 6 cabeças por hectare. Já a capacidade de
suporte é definida como: a máxima taxa de lotação que uma determinada área aguentaria, sem
comprometer o desempenho dos animais em um determinado período de tempo, respeitando o
ecossistema pastoril. Nesse sentido, a capacidade de suporte pode variar ao longo do ano, em
função das mudanças climáticas – precipitação, temperatura, horas de luz –, tipo do solo,
espécie forrageira e nível de adubação.
Na realidade brasileira, é muito comum observarmos cenários em que a taxa de lotação está
acima ou abaixo da capacidade de suporte da pastagem, o que pode resultar em problemas de
sub-pastejo ou super pastejo.
No caso do sub-pastejo, a taxa de lotação está abaixo da capacidade de suporte do pasto
(menos animais por área), permitindo que o animal selecione as partes mais nutritivas das
plantas e apresente maior consumo, o que resulta em maior ganho individual e menor ganho
por área (Figura 1). Nesse caso, o acúmulo e o excesso de forragem pode comprometer a
estrutura do pasto, resultando em desperdício.
Por outro lado, no super pastejo, a taxa de lotação é mais alta do que a capacidade de suporte,
assim, como a “pressão de pastejo” é maior, o animal não consegue selecionar as melhores
partes da planta e gasta mais tempo para pastejar – o que reflete na redução do consumo –,
comprometendo o desempenho individual dos animais. Precisamos tomar muito cuidado ao
explorar o ganho por área a partir doaumento da taxa de lotação, uma vez que, a partir de
certo ponto, o consumo de forragem pelo animal é comprometido de tal forma que faz com
que o ganho por animal e por área caiam.

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O ajuste da carga animal – taxa de lotação – a ser trabalhada é uma importante ferramenta
para o manejo da pastagem. Quando pensamos nesse fato, devemos ter em mente que estamos
buscando potencializar o ganho de peso de cada animal, explorando também o máximo ganho
por área (faixa ótima de pastejo).

Entendendo o pastejo

Você já parou para observar como os bovinos pastejam?


Eles fazem um movimento de “envolver” as folhas com a língua, puxam e cortam com os
dentes. Sendo assim, sabendo que os animais em pastejo buscam se alimentar de folhas,
quanto mais fácil for sua apreensão, melhor será a formação do bocado do animal, refletindo
em maior eficiência de pastejo. Sabendo que o consumo está relacionado com o desempenho,
quanto melhor for a colheita de forragem, maior o desempenho dos animais.
Um ponto importante que deve ser levado em consideração é o ajuste no pastejo dos animais,
de modo a garantir um número mínimo de folhas residuais para que a planta consiga se
reestabelecer. Nesse caso, a planta precisa ter uma quantidade de folhas para captar luz e

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realizar fotossíntese – processo dependente da luz – para produzir energia e crescer. Assim,
para garantir a persistência da pastagem é preciso entender a fisiologia da planta, respeitando
seu limite para que a rebrota não seja comprometida.
Para que tudo isso que falamos até o momento seja válido e nos auxilie na colheita de
forragem de forma eficiente, devemos considerar o método de pastejo adotado: lotação
rotacionada ou lotação contínua.

Lotação rotacionada

Na lotação rotacionada, a área total que será pastejada é subdividida em piquetes menores,
promovendo momentos de pastejo e de descanso em cada subdivisão – dessa forma, as plantas
passam por períodos em que poderão se recuperar e rebrotar novamente.
Para saber em qual momento os animais serão trocados de piquete, podemos utilizar como
referência a altura da pastagem – altura de entrada e altura de saída.
Quando manejamos a pastagem pela altura, priorizamos o alongamento das folhas, permitindo
que exista uma máxima área possível de captação de luz – importante para o processo da
fotossíntese – sem sombrear e prejudicar as folhas mais abaixo.
Essa captação da luz é conhecida como interceptação luminosa (IL), sendo o ideal uma IL de
95%, pois temos nesse momento – na massa produzida – o máximo acúmulo de folhas verdes.
A partir desse ponto começa ocorrer o acúmulo de outros componentes – colmo,

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inflorescência e material senescente – que via de regra não são consumidos pelo animais,
além de serem estruturas que atrapalham e diminuem a eficiência de pastejo.
Medir a luminosidade que a planta está conseguindo captar não é um procedimento muito
prático de se fazer no campo, por isso estudos foram desenvolvidos e demonstraram que é
possível relacionar o índice de luminosidade com a altura, e ainda estimar as alturas ideais de
manejo para diferentes espécies forrageiras.

Uma grande vantagem que podemos enxergar na lotação rotacionada é o fato da colheita da
forragem ocorrer de forma mais eficiente (normalmente observamos eficiência de pastejo
entre 60 e 80%), uniforme e com melhor aproveitamento.
Um ponto a ser destacado no método de lotação rotacionada é o fato de que o ganho de peso
por animal tende a ser menor, se comparado ao método de lotação contínua (bem manejado)
nas mesmas condições de forragens, uma vez que, em lotação rotacionada, a capacidade de

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seleção de alimento é menor devido a maior competição entre os animais. Aqui, a
suplementação aparece como uma excelente ferramenta para maximizar o ganho de peso por
animal – através do efeito substitutivo e/ou combinado – e assim aumentar o número de
arrobas por hectare.
Como é possível perceber, o período de ocupação e de descanso na nossa conversa está
baseado em altura e não em dias fixos, como costumamos ver com frequência no campo. O
manejo por dias fixos pode funcionar bem nas propriedades, porém ele provavelmente
limitará a eficiência do sistema. Isso porque esse manejo não leva em consideração – por
exemplo – uma desfolhação mais severa, ao ponto que a planta precise de mais dias do que o
fixado para se recuperar; ou uma desfolhação mais leve, não necessitando assim de tantos dias
quanto o fixado, ou ainda, as diferenças climáticas nos diferentes ciclos de pastejo. Em outras
palavras, o manejo deve considerar e respeitar o crescimento da planta e a quantidade de
animais disponíveis para colher, e não os dias que definimos.
A definição da quantidade de forragem disponível ao pastejo pode ser feita a partir do
seguinte cálculo: quantidade de forragem (kg MS/ ha) na altura de entrada dos animais menos
a quantidade de forragem (kg MS/ ha) na altura de resíduo. Como o período de ocupação é
curto, não se considera a taxa de crescimento da forragem nesses dias.

Lotação contínua

Diferente da lotação rotacionada, nesse método de pastejo os animais têm acesso livre a toda
área que será pastejada, não havendo alternância entre dias de descanso e dias de ocupação.
Como já apresentado, a lotação contínua – desde que bem manejada – pode possibilitar maior
ganho de peso por animal, em comparação à rotacionada, devido a maior possibilidade de
seleção e consumo daquilo que será ingerido.
Nesse tipo manejo, temos um menor controle sobre a desfolha e, se mal conduzido,
favoreceremos o comprometimento da estrutura do pasto, o que resulta em menor eficiência
de pastejo – entre 30 e 50%. Devido aos problemas de ajuste de lotação observados com
muita frequência no dia a dia do campo, a lotação contínua é traduzida como um sistema
extensivo de produção (baixa lotação e baixo ganho de peso).
A grande dificuldade em ajustar a lotação no sistema de lotação contínua reside na variação
da taxa de crescimento da planta ao longo do tempo. Essa medida não é simples de ser

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executada e está diretamente relacionada às mudanças climáticas. Durante o período das
águas, podemos observar em pastos de braquiária, por exemplo, uma variação na taxa de
crescimento de 30 a 120 kg MS/ ha/ dia, ilustrando a dificuldade de ajuste de lotação. Na
seca, como o crescimento da planta é praticamente nulo, o ajuste é mais simples e, nesse caso,
o cálculo deve ser feito como na lotação rotacionada, no entanto, o período de ocupação seria
o número de dias que duraria a seca.
Para melhorar o manejo em lotação contínua da pastagem, uma estratégia que pode ser
adotada é trabalhar com lotes e áreas menores. Nesse caso, temos observado – na prática –
melhor uniformidade de pastejo.

Ajustando a taxa de lotação

Já vimos em outro texto como estimar a quantidade de massa de forragem por hectare. Com
esse valor em mãos, e com tudo que discutimos até o momento, podemos ajustar a taxa de
lotação.
O primeiro passo é definir o consumo do animal. Esse é um ponto complicado, uma vez que,
não é fácil estimar o consumo de bovinos mantidos em pastejo, visto que o consumo desses
animais irá variar em função da qualidade e características físicas da forragem, como já
discutimos. Normalmente, adotamos um valor de consumo de matéria seca de 2% do peso
vivo (PV) para animais em pastejo. Para exemplificar, no caso de um animal com peso médio
de 300 kg, a demanda de consumo de matéria seca, nesse caso, seria de 6 kg MS/ animal/ dia
(300 kg x 2% PV). Pensando em um manejo por lotação contínua, durante a seca, com
duração de 120 dias, temos que a demanda por animal é de 720 kg de MS (6 kg MS/ dia x 120
dias) durante o período.
Se assumirmos uma massa de forragem disponível para pastejo de 5.000 kg MS/ ha e uma
eficiência de pastejo de 30%, temos que a forragem consumida pelos animais será de 1.500 kg
MS/ha (5.000 kg MS/ ha x 30%). Sendo assim, visto a quantidade de forragem que será
consumida (1.500 kg MS/ ha) e a demanda de forragem por animal (720 kg MS), calcula-se a
lotação, que nesse caso, seria de 2,08 animais/ ha (1.500 kg MS/ ha ÷ 720 kg MS).
Importante destacar que, dentro dos métodos de pastejo, podemos optar ainda em trabalhar
com a taxa de lotação fixa, na qual a quantidade de animais não muda durante todo o ciclo de
pastejo; ou com a taxa de lotação variável, em que o número de animais varia de acordo com

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as condições da pastagem. Trabalhar com a taxa de lotação variável é mais complicado do
ponto de vista operacional, pois exige outras áreas para alocar os animais que serão retirados
do sistema.

Altura do Pasto

Estima-se que 50 a 60% das áreas de pastagens estão em processo de degradação. Estas áreas
apresentam capacidade de suporte muito inferior àquela que poderia ser alcançada se os
pastos fossem produtivos, o que representaria um aumento importante nos índices zootécnicos
e na capacidade produtiva da área.
Desde o início dos anos 2000, um grupo de pesquisadores de Universidades Federais e
centros de pesquisa tem avaliado as respostas das plantas forrageiras tropicais e dos animais
mantidos em pastagens, com o objetivo de melhorar a eficiência produtiva e reduzir a
degradação dos pastos.
Depois de quase 20 anos de pesquisas aplicadas foi gerada uma recomendação simples de
manejo, que permite melhorar o potencial produtivo das forrageiras, melhorar a eficiência de
colheita da forragem pelos animais em pastejo, e, como consequência, manter a perenidade
das pastagens no sistema de produção. Ainda se observou que havia a possibilidade de
melhoria da utilização dos pastos ao longo do ano, melhorando ganhos no período seco.

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A recomendação do manejo gerada pela pesquisa está baseada no conceito de manutenção da
condição dos pastos. Para isso, utiliza-se a altura do dossel forrageiro como critério para
determinação do momento da tomada de decisão do manejo de um pasto.

Assim, os momentos de entrada e de saída dos animais dos piquetes (pastejo rotacionado)
devem ser baseados em alturas do dossel pré-determinadas . É importante manter os pastos
dentro de faixas de alturas durante todo o ano, quando o pastejo for contínuo .
Para medir a altura dos pastos é necessário utilizar uma régua graduada em centímetros, ou a
régua de manejo de pastagens. A avaliação deve ser realizada semanalmente, para que se
mantenha o controle da condição dos pastos.
Com a experiência do manejador e com o monitoramento frequente, a altura dos pastos pode
ser usada como ferramenta de ajuste de lotação. Assim, mais animais devem ser colocados
nos piquetes quando a altura do pasto estiver acima da meta. Já quando a altura estiver
próxima a meta mínima, menos animais devem permanecer nos piquetes.
É importante frisar que somente o manejo de altura das pastagens não resolve o problema da
baixa produtividade dos pastos ou da redução da capacidade de suporte. A correção e
adubação do sistema de produção também são necessárias, para que as alturas de manejo
possam ser alcançadas e mantidas dentro das metas ao longo do ano todo.
Solos sem correção e com baixa fertilidade influenciam no tempo de recuperação da
pastagem, assim como as plantas daninhas que competem com a forrageira por: água, luz,
espaço e nutrientes. Essa competição é prejudicial e faz com que a forrageira produza abaixo
do seu potencial e leve mais tempo para alcançar a altura ideal para a entrada dos animais
novamente no piquete, impactando diretamente em sua produtividade.
Ou seja, a manutenção das alturas só será alcançada em pastos produtivos, que não estejam
em processo de degradação. Ainda, a altura-meta de entrada dos piquetes, sob pastejo
rotacionado (Tabela 1) só será alcançada na época das águas.
No período seco, recomenda-se que a as alturas mínimas de saída, para pastejo rotacionado
(Tabela 1) e contínuo (Tabela 2) sejam mantidas. Esta prática resultará em uma rebrota mais
rápida dos pastos após as primeiras chuvas, garantindo a recuperação da capacidade de
suporte durante a transição seca-águas.

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O uso da altura de manejo do dossel forrageiro é uma ferramenta simples, que não exige
investimentos ou altas tecnologias, sendo assim, pode ser incorporada facilmente na rotina da
propriedade, servindo como indicador para ajustar a lotação dos pastos.

Manejo do Solo Para Pastagem

A pastagem deve ser considerada como um ecossistema formado pela interação solo-planta-
animal-clima e o homem que a explora. O manejo da fertilidade do solo deste ecossistema
deve ser baseado no balanço entre entrada e saída de nutrientes. A gramínea tropical em
pastagens bem manejadas concentra em 1 tonelada de matéria seca (MS) 15 kg de N; 1,5 kg
de P; 15 kg de K; 1,5 kg de S; 5 kg de Ca; 2,5 kg de Mg e 30 g de Zn. Estes nutrientes são
extraídos basicamente do solo, que é o reservatório natural de nutrientes para as plantas, mas
os solos sob pastagens no Brasil são reconhecidamente de baixa fertilidade natural, como são
os dos Cerrados, onde hoje se explora mais de 60% da pecuária brasileira. Estes solos

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apresentam pH abaixo de 5,5, quando se busca acima de 6,0; fósforo abaixo de 1 mg/dm3,
quando se busca acima de 30 mg/dm3; o K está abaixo de 0,79 mmolc/dm3, quando se deseja
acima de 3,0, sendo assim para outras determinações.

Então, temos uma situação na qual a planta forrageira precisa extrair nutrientes que não são
encontrados nas proporções e quantidades adequadas. Para agravar ainda mais esta situação,
quando colocamos o animal no ecossistema, a reciclagem de nutrientes é totalmente alterada.
Os nutrientes contidos no solo são absorvidos e assimilados pela pastagem, que depois é
consumida pelos animais e, do total de nutrientes que foi extraído do solo, entre 10% (produto
carne) e 25% (produto leite) são exportados pelo animal e 75 a 90% são excretados. Esta
informação sempre levou algumas pessoas a acreditar que não é necessário adubar, ou então
seria preciso adubar pouco, para manter a sustentabilidade e persistência da pastagem, mas
isso não ocorre, porque do total de nutrientes excretados, 35 a até 85% podem ser perdidos ao
final de um ano, por processos como lixiviação, volatilização, fixação, erosão e nos
malhadouros. Estas informações explicam em parte a queda na produtividade das pastagens
ao longo dos anos.
Pode se esperar queda em torno de 40% na capacidade de suporte da pastagem entre o
primeiro e o segundo ano de uso; e deste para o terceiro ano a queda esperada na produção é
de mais 10%, ao passo que, no quinto ano, a produtividade já pode ter caído mais de 50%.
Explorando a pastagem de forma extrativista, se consegue entre 0,6 a 1,2 animal/ha, com
ganho médio diário (GMD) por animal de 0,34 a 0,5 kg/dia e produção de leite/vaca próximo
de 4 litros/dia, dando produtividade anual média por animal de 138 kg (4,6@/ha) e 1.314
litros de leite, ao passo que, manejando a pastagem como uma cultura, se alcança lotações
entre 1,8 a 9 animais/ha, com GMD/animal de 0,45 a 0,75 kg e 8 a 11 litros de leite/vaca/dia,
originando produtividade anual da terra de 296 kg/ha (9,8 @/ha) a 2.463 kg/ha (82 @/ha) e
3.500 a 30.000 litros de leite/ha/ano.
Mais da metade dos ganhos em produtividade é seguramente proveniente do manejo da
fertilidade do solo, e este é dividido em práticas corretivas e práticas de adubação. Entre as
práticas corretivas, se faz a calagem para elevar o pH acima de 6,0; a gessagem, quando na
camada de 20 a 40 cm de profundidade tiver baixos níveis de Ca e altos níveis de Al; a
fosfatagem, com elevação do P no início dos trabalhos para, no mínimo, 10 mg/dm3,
buscando níveis acima de 30 no futuro; o potássio é elevado para 3 a 6% da CTC; o nível de

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micronutrientes é elevado para pelo menos Médio. Normalmente, as práticas corretivas são
feitas por ocasião do plantio ou em uma pastagem formada que não estiver recebendo a
aplicação de corretivos e fertilizantes.
Depois das práticas corretivas adota-se a prática da adubação anual, que pode ser do tipo
química ou orgânica, ou a associação de ambos. O começo do manejo da fertilidade do solo
deve iniciar-se com um bom programa de amostragem de solo, dividindo a propriedade em
áreas homogêneas e amostrando 15 a 20 pontos em cada área homogênea, nas profundidades
de 0-20 e 20-40 cm para implantação da pastagem; 0-5, 0-10, 0-20 e 20-40 cm em pastagens
já implantadas, até de 40-60 cm em pastagens irrigadas. Na fase de interpretação dos
resultados, observam-se os parâmetros de avaliação da fertilidade do solo, classes de
fertilidade e relação de cátions na CTC do solo. Além destes parâmetros, o técnico deve
considerar a produção de MS/ha, a composição da planta, as perdas de forragem e a
reciclagem de nutrientes. Quase sempre é preciso fazer calagem na pastagem buscando faixa
de pH próximo de 6,5. Só para se ter uma idéia, nesta faixa de pH a assimilação dos nutrientes
pela planta chega a 94%, enquanto que na faixa de pH 4,5 a assimilação é de 27%.
Na pastagem já formada, o calcário e os fertilizantes são todos aplicados a lanço sem
incorporação e, neste sentido, há discussões que já se arrastam por mais de duas décadas. Os
conceitos de calagem e adubação superficiais na pastagem são parecidos com os usados no
sistema de plantio direto de lavouras, que trabalha com cobertura morta sobre o solo. A
pastagem de gramínea forrageira é o ecossistema que mais pode produzir massa de forragem
para formar cobertura morta sobre o solo, e o agricultor sabe disso e procura pastagens para
implantar diretamente suas lavouras, então porque os pecuaristas têm que revirar o solo? Eles
pensam que é necessário porque eles conhecem informações de técnicos que fazem
recomendações com base em princípios de manejo da fertilidade de solos de áreas agrícolas
convencionais, onde o solo é revolvido anualmente. A aplicação conjunta de calcário mais
fontes de nutrientes na forma de ânions (cátions de carga negativa), tais como o cloreto (no
KCL), o sulfato (no gesso, no super simples e no sulfato de amônio) e o nitrato (nitrato de
amônio) em solos com boa cobertura morta, dá condições para que o calcário se movimente
até 30 cm por ano no perfil do solo. Então para que incorporá-lo revolvendo o solo? Em
muitos trabalhos em fazendas e em áreas experimentais, desenvolvidos desde 1994, se
demonstrou a eficiência da calagem e adubação superficiais.

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Depois de feita a correção do solo; na fase de adubação, serão aplicados de forma parcelada
os nutrientes N, P, K e S, sendo que para baixas/médias produtividades, a aplicação é feita em
1 a 2 aplicações e, em sistemas intensivos, varia de 4 a 7 aplicações, sempre após o pastejo.
Um fato que chama a atenção é que se usa pouco nitrogênio no Brasil em relação aos outros
nutrientes P e K. Em pastagens nos EUA a relação é de 2 vezes mais nitrogênio em relação a
P e K e na Inglaterra é de 5 vezes mais N em relação aos outros dois nutrientes. No Brasil, a
relação é de quase duas vezes mais P e K em relação a N. Parte desse fato pode ser explicada
pelas recomendações da pesquisa e da extensão de que a dose mais viável de N varia de 40 a
80 Kg/ha/ano, negligenciando os resultados de pesquisas feitas desde a década de 60 em
regiões tropicais de que há resposta linear à aplicação de N até níveis de 400 a 600 kg/ha em
pastagens tropicais. Se a resposta é linear, a produção de MS para cada 1 kg de N aplicado
será a mesma para 40 ou 600 kg/ha/ano. Os baixos níveis de adubação nitrogenada podem ser
a causa da degradação rápida de pastagens, já que a maioria dos solos neste ecossistema é
pobre em matéria orgânica (2,2% nos solos sob Cerrados), que é a reserva de mais de 98% de
todo o N do solo.
No manejo da fertilidade do solo busca-se a resposta máxima do nutriente aplicado e, no caso
da pastagem, esta resposta dependerá de vários fatores que são inerentes mais ao manejo da
pastagem em si do que o manejo da adubação. Neste sentido, torna-se importante o manejo
dos períodos de descanso, dos resíduos pós-pastejo; taxa de lotação e pressão de pastejo;
categoria animal; potencial genético dos animais; valor nutricional da forragem; hábito de
perfilhamento da espécie forrageira, de forma a transformar o máximo da forragem disponível
em produto animal comercializável, tal como leite, carne, bezerros ou lã.
A primeira etapa para ajustar a fertilidade, a fim de atender as exigências da espécie que você
possui, é corrigir as deficiências do solo. O conjunto de práticas a serem implementadas nessa
etapa são denominada práticas corretivas. Essas práticas devem ser adotadas quando se deseja
recuperar pastagens degradadas, por ocasião da implantação de uma nova espécie forrageira
em um solo de baixa fertilidade, ou se a pastagem já formada não recebe nenhum tipo de
correção e adubação há algum tempo
Um fertilizante é toda substância orgânica ou mineral, natural ou sintética, que pode fornecer
um ou mais nutrientes para as plantas. A adubação do solo pode ser feita por meio do uso de
fertilizantes diversos, dependendo da disponibilidade na região. O fertilizante sintético,
também chamado de mineral, são sais inorgânicos de diferentes solubilidades, e podem ser

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simples (uréia), mistos (como as fórmulas comerciais NPK), e complexos (aqueles que
possuem vários nutrientes em um mesmo grânulo).
Adubos verdes são plantas utilizadas para melhoria das condições físicas, químicas e
biológicas do solo. As leguminosas são mais utilizadas porque se decompõe mais rápido, e
são capazes de se associar à bactérias fixadoras que transferem o N para o solo. Fertilizantes
orgânicos são de origem vegetal ou animal, sólidos ou líquidos, como esterco, cama de
aviário, farinhas, cascas e restos de vegetais, e devem passar por um processo de
compostagem, para que os nutrientes possam ser disponibilizados às plantas.
Há diferenças entre os fertilizantes orgânicos e sintéticos quanto sua composição, vantagens e
desvantagens. Os fertilizantes orgânicos irão nutrir o solo e alimentar os microorganismos
contidos nele e que, futuramente, liberarão os nutrientes disponíveis para as plantas. Já nos
fertilizantes sintéticos, os nutrientes se apresentam prontamente disponíveis para as plantas.
Para nutrir um dado tipo de solo, será necessário uma quantidade maior de fertilizantes
orgânicos. Porém, a adubação orgânica contribui para a matéria orgânica e agregação do solo.
Por isso se fala que ela nutre o solo e a planta. Quanto aos fertilizantes sintéticos, deve-se ter
cautela ao utilizar altas dosagens para não salinizar o solo, indisponibilizar alguns nutrientes
ou queimar as estruturas da planta.

Irrigação de Pastagens

Tomada a decisão de investir em irrigação, serão necessários alguns levantamentos. Em


primeiro lugar, um levantamento topográfico planialtimétrico da área a ser irrigada,
necessário para a elaboração e posterior implantação do projeto de irrigação. Em termos de
solo, este levantamento é complementado com um levantamento físico, o qual deve incluir
pelo menos um teste de infiltração de água realizado à campo, e a coleta de amostras
indeformadas em anéis para determinação da curva de retenção de água no solo em
laboratório. O primeiro nos permitirá eleger a lâmina horária de irrigação; a segunda, as
lâminas líquida e bruta (IRN e ITN) e o momento certo de irrigar.
Uma análise do sistema de produção e do manejo adotados no local também deve ser feita.
Ela irá orientar quanto à escolha do equipamento de irrigação mais viável para a propriedade,
e sua operação. A adoção de novas tecnologias, como a fertirrigação, terá de ser considerada
neste momento. O último passo na etapa de pré-projeto é escolha do equipamento. Vários

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métodos e sistemas de irrigação podem ser utilizados na irrigação de pastagens, e a escolha do
mais adequado geralmente esbarra no gosto do produtor, que já possui o seu preferido. Os
critérios lógicos para a escolha seriam a adaptabilidade ao sistema de produção e manejo
adotados e o custo por unidade de área. As características topográficas e físicas do solo
também podem limitar a utilização de alguns métodos.

Equipamentos de irrigação

Dentre os equipamentos de irrigação passíveis de serem utilizados em pastagens, podemos


destacar a aspersão em malha, o pivô central e o autopropelido (VALENTE, 2007). A
aspersão em malha é o método mais utilizado hoje para irrigação de áreas pequenas, de até 40
hectares, em que o custo dos sistemas mecanizados por unidade de área ainda seria muito
oneroso (Figura 17.1). Este sistema derivou dos conjuntos fixos de aspersão convencional,
nos quais é possível selecionar linhas laterais próximas e em números pares para operarem
simultaneamente, e então interligá-las pelas extremidades, o que permite uma melhor
distribuição da pressão hidrostática e a possibilidade de utilizar tubulações mais finas. Por
contar com tubulações suficientes para cobrir toda a área irrigada, permite que as mesmas
sejam enterradas, o que é muito desejável em áreas que serão submetidas ao pastoreio direto,
além de aumentar a durabilidade das tubulações. Neste sistema, a única parte do conjunto que
permanece exposta é o aspersor com seu tubo de subida, que não deve ter mais de 30 cm
acima do nível do solo. Mais alto do que isto, os animais encostam para se coçar. As linhas
podem ser enterradas até 60 cm de profundidade, mais do que isto dificulta a manutenção. O
conjunto normalmente é operado por setores, um de cada vez e durante longos períodos, para
reduzir a vazão horária e consequentemente o diâmetro das tubulações necessárias e a
potência da bomba. Um sistema em malha chega a ser montado 99% em PVC, o que reduz o
desgaste quando é utilizado para aplicação de fertirrigação.

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Para áreas maiores, a aspersão mecanizada começa a se tornar vantajosa. Dentre os sistemas
disponíveis, o mais conhecido hoje é o pivô central. Embora existam pivôs de apenas um
lance capazes de irrigar áreas tão pequenas quanto um hectare, este tipo de equipamento
normalmente só se viabiliza economicamente em áreas superiores a 60 hectares. Já são
produzidos no Brasil conjuntos para a irrigação de até 190 ha. Um pivô central é constituído
basicamente por uma tubulação de condução de água suspensa sobre torres móveis, com
exceção da primeira, que é fixa e se constitui no pivô propriamente dito, em torno do qual
todo conjunto gira (Figura 17.2). Os emissores de água estão pendurados em mangotes, o que
os aproxima da cultura que está sendo irrigada. Além da possibilidade de irrigar grandes
áreas, o pivô também exige pouca mão-de-obra, podendo inclusive ser totalmente
automatizado ou operado à distância. Porém apresenta as desvantagens de só se adaptar a
áreas regulares em termos de forma e relevo, não conseguir irrigar toda a área em função de
se movimentar dentro de um círculo, apresentar consumo de energia elevado pela alta
pressurização da água, e aplicar taxas de irrigação muito elevadas sob as torres externas, o que
pode gerar escoamento superficial.

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Quando se utiliza um pivô para irrigar áreas que serão submetidas ao pastoreio direto, o
piqueteamento normalmente é feito na forma de pizza, utilizando-se até 32 divisões ou
“fatias”, conforme o tamanho do pivô e a lotação utilizada. Neste caso, recomenda-se a
utilização de bebedouros em todos os piquetes, o que onera pouco o custo de instalação, mas
tem a imensa vantagem de evitar o deslocamento constante do gado até a área de lazer,
normalmente localizada junto à torre central do pivô. Pequenos conjuntos podem ser
rebocáveis, sendo puxados por um trator e utilizados para irrigar a partir de várias tomadas de
água. Um equipamento semelhante ao pivô e adequado para a irrigação de áreas retangulares
é a lateral rolante. Neste equipamento todo o conjunto se desloca em uma direção única,
retirando água de um canal no caso dos grandes conjuntos, ou por meio de um tubo flexível
nos conjuntos menores. Já existem equipamentos no Brasil para até 600 ha, com um custo por
hectare bastante interessante, porém existem alguns problemas técnicos a serem resolvidos. O
equipamento tem de retornar ao ponto de partida sem aplicar água após cada irrigação, o que
em alguns casos tem ocasionado déficit hídrico por deficiência de irrigação. Já existe também
um conjunto capaz de fixar uma extremidade e girar em torno dela, permitindo-lhe mudar a
direção de avanço e irrigar uma área com a forma de L.
O autopropelido ou carretel é um equipamento para irrigação de áreas médias, entre 8 e 64 ha.
Constitui-se de um aspersor tipo canhão hidráulico, montado sobre um carrinho que se
desloca por reação hidráulica, orientado por um cabo de aço ou pela própria mangueira. O

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autopropelido irriga uma faixa de terreno por vez, deslocando-se de uma extremidade a outra.
Apesar de apresentar baixo custo por hectare irrigado, este sistema não é muito apreciado
pelos produtores, devido à elevada necessidade de mão de obra para executar as trocas de
faixas, e ao desgaste da mangueira, cuja troca pode necessitar ser feita quase anualmente e
representa cerca de 40% do custo total do conjunto. Sistemas de irrigação localizada, como os
tubos gotejadores, que podem ser estendidos sobre o terreno ou enterrados, dificilmente são
utilizados na irrigação de pastagens, devido ao seu elevado custo por unidade de área.
Constituemse em solução a ser cogitada tão somente quando existe escassez de água e a
economia de 10 a 20% no caudal perdido na aplicação seja considerada necessária.

Implantação da irrigação

Escolhido o sistema que será implantado, é necessário projetá-lo. O projeto de equipamentos


de grande porte, como o pivô e a lateral rolante, é feito pela empresa que os produz, com base
nas informações do levantamento preliminar. A própria empresa monta e testa o conjunto no
local. O autopropelido pode ser adquirido em representações, sendo usual que estas façam o
projeto e entreguem igualmente o equipamento funcionando. Já conjuntos de aspersão em
malha podem ser projetados por técnicos não vinculados às empresas fabricantes. A maior
parte dos conjuntos que estão sendo instalados hoje no Brasil são projetados por técnicos

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vinculados aos órgãos de assistência técnica e extensão rural nos diferentes estados da
federação. Escritórios especializados também podem executar o projeto, sendo importante
lembrar na escolha do responsável técnico que ele não deve apenas dominar a tecnologia que
será empregada: será necessário que conheça também a legislação ambiental e relativa ao uso
e outorga dos recursos hídricos, para que consiga a liberação do projeto para implantação.
Portanto, o próximo passo, após a execução do projeto, é a obtenção da outorga e do
licenciamento ambiental para que o sistema possa ser implantado e posteriormente colocado
em operação. Os órgãos públicos responsáveis pelas liberações variam de estado para estado,
sendo aconselhável que, devido à burocracia envolvida, o produtor se utilize de escritório
especializado para sua obtenção, quando o próprio responsável pelo projeto não o fizer.
Conseguida a liberação, o equipamento será comprado e instalado. Vale lembrar aqui a sábia
máxima popular de que o barato sai caro. O equipamento deve ser adquirido de fornecedor
idôneo, jamais se procurando reduzir custos por meio da redução da qualidade das peças, e
nem trocando partes do sistema por outras de características diferentes. Por exemplo, a
redução do diâmetro de uma tubulação de PVC em um ponto comercial pode reduzir seu
custo em 2/3, mas altera toda a hidráulica do conjunto de aspersão em malha, o qual não irá
funcionar como projetado. Quando se trata de conjuntos de irrigação, é extremamente
complicado consertar erros de projeto ou de execução, pela dificuldade em se alterar a
hidráulica do sistema e pelo fato de boa parte do mesmo estar geralmente enterrado.
Igualmente para se evitar problemas futuros, é altamente desejável que o produtor adquira o
equipamento instalado pelo fornecedor, mesmo que isto onere seu custo de aquisição.Ver o
conjunto funcionar é a melhor garantia inicial de funcionamento que se pode pretender.

Operação do sistema

A aplicação das regas é a parte que cabe ao produtor ou seus agregados realizar, e
corresponde ao ponto em que temos observado o maior número de problemas no campo.
Embora a determinação da lâmina de água a ser aplicada e do momento de sua aplicação
conste do projeto realizado pela empresa ou técnico responsável, sua operacionalização a
campo nem sempre é perfeitamente compreendida pelo produtor.
Irrigação é tecnologia de ponta: ela necessita não apenas de um conjunto de alta qualidade
para ser aplicada, mas principalmente de conhecimento técnico por parte de quem a aplica. Às

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vezes o mais importante não é investir no equipamento, mas nas pessoas. Nenhuma tecnologia
funciona se quem a aplica não possui a necessária qualificação. Esta qualificação deve ser
buscada junto a quem forneceu o equipamento, ou em órgãos de extensão rural, escritórios ou
instituições de ensino e pesquisa.
Lamentavelmente no Brasil, mais de 90% dos produtores rurais que fazem uso de irrigação
ainda utilizam o método do bico de botina para determinar o momento de irrigar. Para quem
não o conhece, consiste em dar uma botinada no solo, e se levantar poeira, está na hora de
irrigar. Esta prática induz normalmente à aplicação de lâminas de irrigação quando não eram
necessárias, com o consequente aumento no consumo de água e de energia e maior desgaste
do conjunto pelo maior uso. Este erro de avaliação prende-se ao fato do “método” só avaliar o
teor de umidade na superfície, a qual se resseca muito mais rapidamente do que o perfil do
solo em profundidade. Para pastagens perenes, que usualmente possuem sistemas radiculares
mais profundos e ramificados do que as culturas anuais, é muito importante considerar a
umidade do perfil em profundidade para evitar perdas desnecessárias.
Existem muitos métodos e equipamentos para realizar a determinação, de forma direta ou
indireta, do teor de umidade do solo e consequentemente do momento de irrigar. Estão
baseados nas mais variadas tecnologias, apresentando níveis diferenciados de exigência
quanto ao conhecimento técnico de seu operador, e principalmente custos altamente
diferenciados. Não existe o melhor método, escolhido por quem entende de irrigação no
Brasil, mas diferentes metodologias sendo recomendadas por cada órgão de pesquisa ou de
extensão, em cada estado ou microrregião.
A prática da irrigação deve sempre priorizar dois objetivos: que ela seja eficaz e eficiente. As
irrigações eficazes produzem a resposta desejada no momento da colheita. As irrigações
eficientes fazem o melhor uso possível da água disponível.
As metodologias utilizadas na determinação do momento mais propício à aplicação da
irrigação podem ser enquadradas em dois grandes grupos: aquele que engloba os métodos de
modelagem do balanço hídrico real da cultura, e o que inclui os métodos de medição direta do
déficit de umidade no solo ou na planta.
O primeiro grupo engloba modelos matemáticos complexos, rodados em computadores, os
quais tentam simular a variação do armazenamento de água na camada agrícola do solo, a
partir de uma estimativa do volume de água que é ganho ou perdido em um intervalo de
tempo. Os ganhos ou entradas são a precipitação e a irrigação na superfície do terreno, e a

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ascensão capilar no limite inferior do perfil do solo considerado. As perdas ou saídas são a
evapotranspiração e o escoamento superficial na superfície do terreno, e a percolação ou
drenagem profunda no limite inferior. Os dados necessários para rodar os modelos são
levantados por estações meteorológicas automáticas, sendo transmitidos para um computador
central que faz a simulação do armazenamento e disponibiliza ao produtor uma estimativa de
quando necessitará irrigar. As vantagens para o produtor seriam não necessitar adquirir e
operar qualquer espécie de equipamento de medição de umidade, já que as estações
meteorológicas geralmente são regionais (não existe a necessidade de instalar uma em cada
lavoura), e as simulações podem ser acessadas pela internet. As desvantagens seriam a
inexistência de sistemas capazes de simular a necessidade de irrigação para culturas de menor
expressão econômica (os sistemas existentes possuem calibração apenas para as chamadas
grandes culturas), o custo financeiro permanente para permanecer como usuário do projeto, e
a confiabilidade das simulações quando se deseja atingir uma alta eficiência na prática da
irrigação.
O segundo grupo engloba os métodos de determinação direta do déficit de água no solo ou na
planta. Os métodos de medição no solo acompanham a depleção da umidade do solo. As
plantas absorvem água do solo do perfil agrícola explorado por suas raízes para atender a
necessidade evapotranspirativas durante o crescimento e desenvolvimento. Enquanto a água
está sendo usada pelas plantas, a umidade no solo alcança eventualmente um nível em que é
necessária irrigação ou a planta entrará em estresse hídrico. Se a irrigação não for aplicada, a
planta continuará a usar a pouca água ainda disponível no solo, e acabará morrendo quando o
nível de umidade se tornar muito baixo.
Deixando de lado equipamentos muito caros ou de nível tecnológico compatível apenas com
as atividades de pesquisa, como a sonda de nêutrons, a atenuação da radiação gama e o TDR,
restam alguns equipamentos de uso mais simples e custo mais acessível, que podem
perfeitamente ser utilizados em nível de propriedade rural com eficiência perfeitamente
aceitável.
Um dos mais simples destes equipamentos ou tecnologias é o tensiômetro, método indireto de
se obter a umidade do solo por meio do potencial de água. Consiste de uma cápsula de
cerâmica porosa, presa à extremidade de um tubo de PVC, lacrado na ponta superior por uma
rolha e tampa rosqueável, abaixo da qual é conectado um manômetro de relógio. O
tensiômetro é instalado em um orifício aberto no solo com trado, de forma que a cápsula fique

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com sua porção média na profundidade em que se deseja determinar o teor de umidade.
Quando corretamente instalado, permite leituras com qualidade aceitável para fins de
irrigação em áreas comerciais, bastando que se estabeleçam os parâmetros de irrigação que
serão adotados.
A última questão a ser considerada no manejo da irrigação é a sua frequência. A melhor
escolha é quando se pode trabalhar com lâmina de irrigação fixa (aquela que foi calculada no
projeto) e frequência variável (irriga-se quando é necessário). Porém em alguns casos, é
necessário adotarse frequência de irrigação fixa. Isto ocorre quando o produtor só tem
disponibilidade de água em determinados dias e horários, ou quando não existe
disponibilidade de mão de obra para irrigar em qualquer dia da semana. Nestes casos, o ideal
seria a utilização de lâmina de irrigação variável, porém isto implica em que exista alguém
capacitado a calculá-la cada vez que houver necessidade de irrigar. Pode ser preferível utilizar
lâmina fixa, mesmo que não se vá repor toda a umidade perdida pelo solo.

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