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Vai começar o período das chuvas, quais devem ser as minhas decisões?

O retorno das chuvas anuncia o fim do período seco do ano na maioria do país.
No Brasil central, esse período ocorre entre outubro e novembro. A consolidação das
chuvas, o aumento da temperatura e da duração do dia favorecem a rebrota do pasto,
mudando o cenário das pastagens. Contudo, a velocidade da rebrota não está
condicionada somente ao clima. O manejo do pasto na seca, a fertilidade do solo, a
presença de invasoras e/ou pragas também influenciam a capacidade de
restabelecimento do pasto no início das chuvas. Além disso, a taxa de lotação ou
simplesmente a presença de animais nas áreas de pastagens pode impactar
negativamente a rebrota.
O primeiro passo para a tomada de decisão é conhecer a condição do seu pasto
antes do retorno das chuvas. É recomendado que o pasto seja rebaixado até o final da
seca para estimular a rebrotação no início das águas. O pasto alto no retorno das chuvas
prejudica a rebrota, compromete a estrutura do pasto e dificulta a apreensão da forragem
pelo animal, além da queda de qualidade nutricional. Sendo assim, aumentar a taxa de
lotação ou roçar o pasto alto no fim do inverno melhora a rebrota e, consequentemente,
o desempenho animal na estação das águas. Todavia, rebaixar o pasto e manter uma alta
lotação pode levar ao consumo dos brotos, trazendo prejuízos ao crescimento da planta
e ao animal (diarreia).
Durante a rebrota, os animais presentes no pasto começam a comer os brotos,
formados por folhas novas com baixo teor de fibra, alta digestibilidade e elevado
concentração de proteínas solúveis, mudando drasticamente a dieta do animal,
ocasionado a famosa “diarreia do broto”. Além disto, o consumo do broto prejudica o
restabelecimento da área foliar da planta, limitando sua capacidade de crescimento e
esgotando as suas reservas.
Portanto, para evitar prejuízos e auxiliar o pecuarista na tomada de decisão
durante o retorno das chuvas, trouxemos sete dicas:

1 – Rebaixe o pasto até o final da seca: isso vai facilitará a rebrota, promovendo maior
perfilhamento e qualidade nutricional. Nessa etapa, atenção para não rapar o pasto, o
objetivo é reduzir o material morto, seja pelo aumento da taxa de lotação ou com uso da
roçadeira.
2 – Sequestro de animais: consiste em confinar os animais no final do período seco e no
início das águas, pelo menos até a recuperação dos pastos. Nesse sistema, a dieta fica a
cargo da meta e do operacional da fazenda. O período pode variar de 60 a 90 dias. Essa
estratégia difere da recria intensiva no cocho ou do confinamento tradicional, pois o seu
objetivo é dar um fôlego para o pasto. Logo, o desempenho é bem inferior, onde, apenas
a manutenção do peso já se torna interessante.

3 – Venda de animais: consiste em programar a venda de animais pesados no final da


seca, já que possuem maior demanda por forragem, reduzindo a lotação e a pressão
sobre o pasto no início das águas. No geral, animais com peso de abate, boi magro e
vacas vazias são categorias que podem ser comercializadas.

4 – Suplementação de animais em pastejo: é uma ferramenta obrigatória durante o


período seco do ano. Além disso, maiores níveis de suplementação reduzem a demanda
de forragem, podendo ser utilizados para aumentar a taxa de lotação em uma
determinada área, reduzindo a lotação nas demais durante a rebrota. O uso da
suplementação, especialmente com o retorno das chuvas, deve considerar a mudança do
perfil qualitativo do pasto, ajustando assim a sua composição.

5 - Monitoramento de invasoras e pragas: a incidência de invasoras no início das chuvas


pode prejudicar a rebrota do pasto, pois competem por nutrientes com o capim. O
ataque de pragas também pode limitar o crescimento do pasto.

6 – Adubação das pastagens: a adubação, especialmente com nitrogênio, acelera o


crescimento do pasto, minimizando os impactos negativos da lotação sobre a rebrota.

7 – Reforma ou recuperação de pastagens: o início das chuvas é o período de


operacionalização das metas de reforma e recuperação das pastagens, reduzindo a
quantidade de área disponível para o pastejo. Logo, o planejamento deve considerar a
indisponibilidade dessas áreas no início da estação das águas por um período de 60 a 90
dias.

O retorno das chuvas é um período de alegria por parte dos pecuaristas,


principalmente pelo restabelecimento do crescimento do pasto, além da melhora na
qualidade nutritiva da dieta, reduzindo a demanda por alimentos suplementares.
Todavia, erros de planejamento e de manejo nas fases que antecedem esse período
podem prejudicar o desempenho animal nas águas. A produção de animais em pastejo
envolve um conjunto de decisões visando estabelecer um sistema de produção
sustentável, evitando queda de desempenho, produtividade e degradação das pastagens.

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