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DIFERIMENTO

DE PASTAGEM
FICHA TÉCNICA

2022 – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar

1ª. EDIÇÃO – 2022 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS


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PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO


João Martins da Silva Junior

DIRETOR GERAL
Daniel Klüppel Carrara

DIRETORA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E PROMOÇÃO SOCIAL


Janete Lacerda de Almeida

COORDENADORA DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Ana Ângela de Medeiros Sousa

Equipe Técnica
Carolina Soares Pietrani Pereira
Gabriel Zanuto Sakita
Olá! Seja bem-vindo ao curso de Diferimento de pastagens.

O diferimento de pastagem (também


conhecido como pastejo protelado,
vedação da pastagem ou “feno em pé”)
consiste em realizar uma reserva de capim
suficiente para ser utilizada no período de
estacionalidade da produção de forragem,
o “período seco” – período em que a
quantidade de chuvas é reduzida.

É uma técnica de fácil adoção na


propriedade e com baixo custo.

Durante este curso, você verá:

• Como realizar um bom diferimento de pastagem, apontando: quais capins


são indicados para a vedação, quais os fatores que devem ser considerados no
momento de iniciar a vedação do pasto e por quanto tempo é indicado manter o
pasto vedado.

• Como realizar o dimensionamento da área necessária a ser vedada conside-


rando o rebanho da propriedade.

Diferimento de Pastagem 1
DIFERIMENTO DE PASTAGENS

Foto: Wenderson Araujo - Banco de imagens do Senar

A sazonalidade na produção de forragem é caracterizada em dois momentos:

• pela abundância de forragem no período chuvoso; e

• pela falta de forragem no período seco, resultando em baixos níveis de produtividade.

A falta de forragem em quantidade e qualidade (forragem potencialmente digestível)


leva ao chamado “boi sanfona”, em que o animal ganha peso no período chuvoso e
perde parte do peso que ganhou durante o período da seca, prolongando, assim, o
tempo para alcançar o peso de abate.

A técnica de diferimento de pastagem é uma forma fácil e barata de garantir um


estoque forrageiro para o período seco. Trata-se simplesmente de retirar os animais
de determinados pastos em uma época específica do ano, para que o capim possa
crescer e se desenvolver. Assim haverá acúmulo de massa suficiente para atender
uma quantidade estabelecida de animais durante o período de estacionalidade da
produção de forragem. O produto do pasto diferido é conhecido como “macega” ou
“faixo” e tem por característica um pasto com alta presença de folhas e baixa par-
ticipação da fração colmo e material morto, sendo um grande estoque forrageiro,
porém de baixo valor nutritivo.

Diferimento de Pastagem 2
CRESCIMENTO E CARACTERÍSTICAS DAS PASTAGENS
DIFERIDAS
O podcast transcrito a seguir está presente no AVA em formato interativo. Acesse-o
e veja este conteúdo, que apresenta características sobre as pastagens diferidas.

Acompanhe:

PASTAGENS
DIFERIDAS
Olá, tudo bem? Aqui vamos falar sobre uma perspectiva da
técnica do diferimento de pastagem. Vamos lá!
A técnica do diferimento de pastagem, ao ser utilizada,
permite o crescimento livre do capim. E, por esse motivo,
é importante observar a época de iniciar e finalizar o
diferimento.
Isso acontece porque, quando a pastagem é diferida, o
capim continua os processos de desenvolvimento, com
crescimento das folhas mais novas e morte das folhas
mais velhas.
Para que a gramínea cresça e se desenvolva alguns
fatores são necessários, sendo os principais:
• A disponibilidade de água no solo;
• a fertilidade do solo; e
• temperatura e luminosidade adequadas.
Na ausência de um desses fatores, o crescimento e
desenvolvimento da planta fica prejudicado. E, num
período prolongado, essa escassez ocasiona o processo
de morte dos tecidos.
Dessa maneira, quando a vedação é iniciada no final
do período chuvoso, ainda estão presentes os fatores
necessários para o crescimento e desenvolvimento
do capim.
O capim presente na área vedada rebrota após o último
pastejo, surgindo novas folhas que podem se expandir.

Diferimento de Pastagem 3
O colmo também pode crescer nesse período, mas com
menor intensidade caso sejam escolhidas as gramíneas
mais indicadas para diferimento de pastagem.
E é por esse motivo que a técnica de diferimento
de pastagem não é considerada uma técnica de
conservação de forragem como a silagem ou feno, pois,
com o crescimento e amadurecimento da planta, a massa
seca acumulada terá menor valor nutricional.
Portanto, podemos considerar a técnica do
diferimento de pastagem como uma técnica de
acúmulo de forragem que visa a garantir uma forragem
de fácil apreensão e potencialmente digestível no
período da seca.
De modo que definir de forma correta a época de vedação
e de utilização da pastagem para obter resultados
satisfatórios é de fundamental importância.
Fique atento!

CARACTERÍSTICAS DO PASTO DIFERIDO

Quando realizamos o diferimento de pasta-


gem, buscamos ter um pasto que, ao final da
vedação, tenha altura compatível para o pas-
tejo animal, com maior proporção de folhas
em relação ao colmo (talo) e que a planta não
esteja morta (coloração marrom escuro), mas
seca (coloração marrom claro).

Ao adotarmos a vedação de pastagem, o valor


nutritivo do capim será menor se comparado
ao pasto do período chuvoso, principalmente
em relação ao teor de proteína bruta. Porém,
Pasto de Braquiária Marandu
com 120 dias de vedado no o teor de proteína bruta pode ser facilmente
Triangulo Mineiro corrigido na dieta quando adotamos suple-
mentação com sal ureado, sal proteinado ou
sal proteico energético. Dessa forma, a utili-
zação de suplementos proteicos ou proteico-
-energético é essencial para um bom desem-
penho animal.

Diferimento de Pastagem 4
A diferença entre os tipos de suplementos a serem utilizados será em relação à
meta de ganho de peso diário que o produtor espera, desde a manutenção de peso
até ganhos de 500 a 600 g/cabeça/dia.

O efeito positivo do suplemento irá depender da qualidade do


pasto que será consumido. Recomenda-se buscar um acom-
panhamento técnico, pois vários fatores podem interferir no
desempenho dos animais, como: espaçamento de cocho,
frequência de fornecimento do produto, estratégia de adap-
tação, entre outros.

FATORES QUE AFETAM A MASSA DE FORRAGEM


PRODUZIDA NO DIFERIMENTO DE PASTAGENS
Alguns fatores afetam o diferimento de pastagem, e o conteúdo a seguir apresenta
alguns desses fatores. Veja só!

Lembrete: este conteúdo está disponível de forma interativa no AVA. Não perca a
oportunidade e acesse!

DIFERIMENTO
AFETADO
E aí, como vai? Hoje apresentaremos alguns fatores que
afetam o diferimento de pastagem. Vamos lá!
Dentre os fatores que afetam o diferimento de pastagem,
o primeiro que citaremos é a escolha da espécie ou
cultivar de planta forrageira: é indicado o uso de
gramíneas com baixo acúmulo de colmos e boa retenção
de folhas verdes, pois tornará a massa diferida de melhor
valor nutritivo.

Diferimento de Pastagem 5
Outro ponto é a altura do pasto no início do período de
diferimento. Antes de iniciar a vedação do pasto, deve
ser realizado um último pastejo, rebaixando a planta
para a altura de resíduo pós-pastejo recomendada para a
espécie forrageira. Veja a tabela a seguir:

Capim Altura de resíduo pós-pastejo

B. decumbes (comum ou cv. Basilisk 15 cm

B. brizantha cv Marandu e Piatã 20 cm

Cynodon (capim estrela, coastcross e


10 a 15 cm
tifton 85) e Digitaria (capim-pangola)
Panicum maximum cv. massai e BRS
25 cm
Tamani

Entretanto, se, durante o período chuvoso, o produtor


realizar as adubações de manutenção da pastagem e
ajustar a taxa de lotação com base na oferta de forragem,
o último pastejo poderá ser mais intenso. Porém,
esse tipo de estratégia deve ser adotado apenas quando
ainda há uma boa previsão de chuvas para garantir a
rebrota vigorosa da pastagem, sendo necessário um
acompanhamento técnico para auxiliar na tomada de
decisão.
A redução na altura da pastagem é necessária para
reduzir a quantidade de material morto no final
do diferimento, além de estimular o perfilhamento
basal e reduzir o alongamento do colmo, pois a planta
ainda estará em rebrotação, evitando o surgimento de
inflorescência.
Outro fator é a adubação nitrogenada, cuja
função principal é de proporcionar crescimento e
alongamento celular, ou seja, acelerar o crescimento
e desenvolvimento da planta e, consequentemente,
a produção de forragem esperada é antecipada.
Entretanto, o aceleramento do crescimento e
desenvolvimento da planta também antecipará a
mortalidade das folhas.
No início da vedação, a adubação pode ser utilizada
de forma estratégica. Por exemplo, quando o período
chuvoso está acabando e é preciso um “arranque” rápido

Diferimento de Pastagem 6
na rebrotação para aproveitar as chuvas residuais. Vale
lembrar que a adubação só terá efeito se o solo estiver
úmido.
Se o pasto for vedado quando há um bom regime de
chuvas, a adubação nitrogenada antecipará muito o
tempo de utilização, ou seja, o pasto, que era para ficar
vedado por 120 dias, com a adubação e aceleração do
crescimento da planta, a vedação terá que ser reduzida
para 90 dias. Nesse caso específico, é dispensável o uso
de adubação nitrogenada.
Outro fator importante é a duração do período de
diferimento. O tempo em que o pasto poderá ficar
vedado dependerá da interação de vários fatores como:
espécie forrageira, velocidade de crescimento
e desenvolvimento do capim e altura de resíduo
pós-pastejo. Existem capins que podem ficar de
120 a 150 dias vedados sem perdas acentuadas
relacionadas ao acamamento ou à mortalidade das
folhas, porém é recomendado que o produtor realize o
acompanhamento do diferimento da pastagem para
tomada de decisão.
E, por fim, a subdivisão da área a ser diferida
(diferimento parcial ou escalonado). A qualidade da
massa de forragem diferida para consumo animal variará
de acordo com o tempo em que esse pasto estará em
crescimento livre. Para garantir o consumo de uma boa
forragem diferida, é indicado adotar o escalonamento
no diferimento de forragem.
Esses são alguns dos fatores que influenciam o
diferimento de pastagem. Espero que tenha aproveitado o
conteúdo. Até a próxima!

CAPINS RECOMENDADOS PARA


DIFERIMENTO DE PASTAGENS
Todo capim pode ser diferido! Essa afirmação generalista é real, entretanto alguns
capins apresentam maiores limitações quanto ao tempo de vedação – algumas gra-

Diferimento de Pastagem 7
míneas, por exemplo, têm maior predisposição ao crescimento de colmo. Por isso,
existem capins que são mais indicados para esta finalidade.

O trecho a seguir traz algumas características que o capim deve ter para poder ser
usado no diferimento.

No AVA, você pode dar um play no conteúdo. Fica a dica!

CAPINS
RECOMENDADOS
Olá, tudo bem? Já pensou sobre as diferenças que
cada capim pode oferecer na utilização da técnica de
diferimento de pastagens? Vamos falar sobre isso!
Geralmente, é recomendável escolher capins que tenham
três características:
• Porte baixo;
• colmos finos; e
• alta relação folha colmo.
Essas características estão relacionadas ao valor nutritivo
e à própria estrutura do capim.
Sendo assim, sabemos que a vedação do pasto deve
ocorrer geralmente no final do período de chuvas e, por
esta razão, é importante escolher um capim que tenha
bom acúmulo de folha durante esse período. Assim, não
coincidindo com a época de florescimento do capim.
Capins com predisposição ao crescimento da fração
colmo tendem a ter um alongamento acentuado do colmo,
sendo necessário manter a vedação por no máximo
90 dias.
O colmo alongado faz com que a planta emita menos
folhas, porém mais compridas. E este alongamento do
colmo torna a base da touceira mais sombreada reduzindo
o perfilhamento basal na touceira e aumentando a
mortalidade dos tecidos sombreados.
Um outro detalhe importante a ser observado durante

Diferimento de Pastagem 8
o período de vedação é o acamamento de pastagem. O
capim acamado será pisoteado pelos animais durante o
pastejo da área.
Mas, após o capim ser pisoteado, ele não será consumido
pelos animais. Portanto, tenha atenção sobre isso e
sempre observe a estrutura do pasto vedado.
As características não nutricionais ou estruturais
estão ligadas à ingestão de forragem. E tem relação com
a quantidade de massa de forragem produzida em
quilo por hectare, altura do pasto e a presença ou não de
colmos duros na touceira.
Esses colmos duros, os talos, podem afetar o consumo,
pois pode incomodar ou machucar o rosto do animal.
Sendo assim, variações de 60 a 90% no desempenho
dos animais estão ligados à ingestão de nutrientes
digestíveis e metabolizáveis. E somente 10 a 40% são
atribuídos à digestibilidade desse material.
Portanto, para obter bons desempenhos e sucesso, é
importante produzir um pasto de fácil apreensão e
ingestão para os bovinos. Até a próxima!

PRINCIPAIS CAPINS UTILIZADOS PARA DIFERIMENTO


DE PASTAGENS
Dentre os capins mais comuns, os que atendem aos requisitos e às características
trazidos no vídeo e têm sua utilização indicada são os capins do gênero:

• Brachiaria (B. decumbens, B. brizantha cv. Marandu, B. brizantha cv. Piatã),

• Cynodon (capins-estrela, coastcross e tifton),

• Panicum (P. maximum cv. Massai, P. maximum cv. BRS Tamani),

• e Digitaria (capim-pangola)

Diferimento de Pastagem 9
Não existe uma gramínea melhor ou pior. Prioritariamente,
deve-se trabalhar com a pastagem que a propriedade já
possui, porém, havendo a disponibilidade de alguma das
espécies citadas na fazenda, recomenda-se o uso dela
para diferimento.

DURAÇÃO DO DIFERIMENTO E AS
MELHORES ÉPOCAS DE VEDAÇÃO E
UTILIZAÇÃO
O tempo que você poderá permanecer com o pasto vedado dependerá da época em
que iniciou a vedação, se optou em usar adubação nitrogenada ou não e da altura
residual do último pastejo antes de iniciar o diferimento.

QUANDO REALIZAR A VEDAÇÃO DA PASTAGEM?


O período para realizar a vedação das pastagens ocorre do final do período chuvoso
até o período de transição água-seca – no Brasil Central, seria entre os meses de
janeiro a abril, a fim de serem utilizados entre maio a outubro.

Recomenda-se realizar um estudo do histórico de regime


hídrico da região de atuação para planejar a época ideal de
vedação e utilização da pastagem.

O objetivo de realizar a vedação no período correto é que, no início da vedação, ocor-


ram chuvas suficientes, principalmente para uma boa rebrota dos pastos e cresci-
mento inicial. Posteriormente, é esperada a redução da frequência e da quantidade
de chuvas para que o crescimento e desenvolvimento do capim ocorra de forma
lenta, permitindo que os pastos permaneçam vedados por longos períodos.

Diferimento de Pastagem 10
A B A B A B
PASTO PASTO
VEDADO VEDADO

C D C D C D

Último pastejo Pasto vedado


antes da vedação

A B A B
PASTO PASTO
VEDADO VEDADO

C D C D

Demonstração da vedação do pasto em


sistema de pastejo alternado

A vedação antecipada (precoce) da


pastagem poderá acarretar aumento de
massa morta, maior chance de acamamento
da touceira e maior possibilidade de
ocorrência de inflorescência.

Diferimento de Pastagem 11
Por outro lado, a vedação tardia poderá
ser prejudicada pela menor quantidade
e frequência de chuvas, limitando a
rebrotação do pasto.

Por isso, o produtor deve conhecer bem o


regime hídrico da região para definir onde
seria o intervalo entre final do período
chuvoso e transição água-seca para decidir
as datas de vedação.

POR QUANTO TEMPO O PASTO DEVE FICAR VEDADO?


Dependendo da forma em que for realizado o diferimento de pastagem, é possível
manter o pasto vedado por um período de 120 a 150 dias.

Diferimento de Pastagem 12
Alguns fatores estimulam o crescimento e desenvolvimento do capim, como o uso
de adubos nitrogenados e elevada altura de resíduo do último pastejo antes de ini-
ciar o diferimento.

Esses fatores interagem com a quantidade de chuvas que o capim receberá e pode
ser uma ótima estratégia quando a vedação do pasto for realizada de forma tardia.
Porém, essa estratégia poderá obrigar o produtor a utilizar o pasto antes do tempo
caso a vedação ocorra quando ainda houver uma boa disponibilidade de chuvas.

DIFERIMENTO PARCIAL OU ESCALONADO

O diferimento parcial ou escalonado trata-se


de realizar duas vedações durante o ano, a
fim de melhorar a forragem consumida pelos
animais e evitar acamamento e tombamento
do capim.

Ao realizar uma segunda vedação, que acon-


tece normalmente entre 30 e 40 dias após
a primeira, é possível fornecer um capim de
melhor qualidade no final do período seco
(setembro a outubro).

Por exemplo, caso o produtor realize apenas uma vedação em fevereiro e inicie a
utilização em maio (90 dias de diferimento), ele precisará utilizar o mesmo pasto de
maio a outubro. Ou seja, existe a chance de os animais pastejarem um pasto com
alta quantidade de folha morta e pasto acamado, principalmente nos meses finais.

Porém, caso o produtor opte em realizar duas vedações, uma em fevereiro e outra
em março, ele poderá utilizar a primeira vedação de maio a julho, e a segunda veda-
ção de agosto a outubro, sendo possível ter um pasto com melhor estrutura até o
final do período seco.

Diferimento de Pastagem 13
REPRESENTAÇÃO DO DIFERIMENTO ÚNICO E
DIFERIMENTO ESCALONADO SOBRE O VALOR NUTRITIVO
DO PASTO E O DESEMPENHO ANIMAL DURANTE O
PERÍODO DE SUA UTILIZAÇÃO.

Início do período de pastejo. Período de pastejo intermediário,


no caso do diferimento parcial.

A B
Desempenho animal (kg/animal/dia)

Diferimento único
Diferimento escalonado
Valor nutritivo da forragem

Período de pastejo (dia)

Fonte: Fonseca e Santos (2009).

Término do período de pastejo.

O DIMENSIONAMENTO DE ACORDO
COM O REBANHO DESEJADO
É possível fazer a estimativa da quantidade de volumoso que será necessário para o
diferimento de pastagem e, assim, realizar a vedação de uma área que seja suficien-
te para a produção de forragem.

Diferimento de Pastagem 14
COMO DIMENSIONAR O TAMANHO DA ÁREA A SER VEDADA
PARA DIFERIMENTO
O “sob medida” apresentará um exemplo e trará o passo a passo para o cálculo do
tamanho da área a ser vedada. O cálculo será apresentado por meio do recurso a
seguir. No final da apostila, há uma página para que você possa fazer seus cálculos e
anotações. Aproveite!

No AVA, esse recurso é apresentado de forma interativa. Fica o convite para acessá-lo.

Um produtor pretende realizar uma vedação de pastagem para 100 garrotes


com 300 kg de peso vivo (PV) para alimentá-los por 150 dias, sendo o consu-
mo de matéria seca (CMS) por cabeça de 2% do PV (6 kg de MS/cabeça/dia).

Para calcularmos a demanda de forragem, multiplicamos o número de ani-


mais pelo consumo de MS pelo tempo em dias.

100 animais X 6 kg MS X 150 dias = 90.000 kg de MS

A demanda de forragem nesse caso será de 90.000 kg de MS.

Diferimento de Pastagem 15
Entretanto espera-se uma eficiência de pastejo de 60%, já que o animal ca-
minha no pasto e cerca de 40% da forragem não é consumida pois foi piso-
teada, defecada ou urinada. Portanto, precisamos considerar que os 90.000
kg de MS serão os 60% que os animais consumirão, então temos que

90.000 kg 60%

X kg 100%

(90.000 x 100)
X = = 150.000 kg de MS
60

A produção de forragem esperada é de 4.000 kg de MS/ha, já que será uti-


lizado capim marandu ou “braquiarão”. Assim, a área necessária para veda-
ção será de:

150.000 kg
= 37,5 ha
4.000 kg/ha

O produtor precisará vedar 37,5 ha de capim Marandu para que seja possível
atender à demanda de 100 garrotes de 300 kg por 150 dias.

O ideal é que a área total necessária para o diferimento não exceda 40% da
área de pastagem da fazenda, para que a área que não foi diferida seja sufi-
ciente para manter os animais até o final da época de transição água-seca.

Diferimento de Pastagem 16
Para adotar a estratégia de escalonamento do diferimento de pastagem,
basta vedar apenas 40% da área na primeira vedação e os 60% restantes na
segunda vedação.

Demonstração da área a ser vedada


com ou sem escalonamento de vedação
Área vedada para diferimento
Área destinada ao pastejo
(única ou escalonada)

40%

60%

Área total de pastejo

40% para diferimento Área para animais em pastejo

Fonte: Adaptado de Euclides & Queiroz (2000)

Diferimento de Pastagem 17
A propriedade do nosso exemplo está em Goiás (Brasil Central) e realizará a
vedação escalonada da pastagem. Ele possui uma fazenda de 90 ha, assim
destinará para diferimento 37,5 ha (41,7 % da área total da fazenda), sendo
vedados 15 ha em fevereiro (40% da área destinada ao diferimento) e 22,5
ha em março (os 60% restante da área que foi destinada ao diferimento).

Demonstração da área a ser vedada


com ou sem escalonamento de vedação
Área vedada para diferimento
Área destinada ao pastejo
(única ou escalonada)

15 ha em Fevereiro
(40% da área
a ser diferida)

22,5 ha em Março
(60% da área
a ser diferida)

Área total de pastejo - 90 hectares


37,5 ha
(41,7% da área de pastejo) Área para animais em pastejo

Fonte: Adaptado de Euclides & Queiroz (2000)

CONCLUSÃO
Chegamos ao fim do curso! A adoção do diferimento de pastagem é a forma mais
fácil de garantir estoque forrageiro para o gado e evitar o conhecido “boi sanfona”.
Possuir pastagem suficiente para o rebanho no período das águas e da seca possibi-
lita maiores resultados produtivos e financeiros ao produtor.

A técnica de diferimento de pastagem é a forma mais fácil e prática de realizar um


estoque forrageiro na propriedade. Vale ressaltar que o desempenho obtido na
seca com uso de suplemento dependerá da qualidade do pasto diferido.

Diferimento de Pastagem 18
AGORA É COM VOCÊ!
Agora é com você! Tendo o que é o diferimento de pas-
tagem, os pontos a serem observados para realizar um
diferimento de pastagem correto, os capins mais indi-
cados, épocas de vedação e uso de vedação escalona-
da, você está apto a ter sucesso em sua empreitada.

PRA VOCÊ
O curso de Diferimento de Pastagens trouxe um conteúdo muito importante, não é
mesmo?! Agora, separamos um espaço para que você faça as suas anotações e seus
cálculos. Incentivamos o uso do espaço a seguir.

Diferimento de Pastagem 19
Diferimento de Pastagem 20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Diferimento de Pastagem 21

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