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Sumário
CONCEITOS FÍSICOS E QUÍMICOS DO SOLO ............................................................................................ 3
MACRONUTRIENTES ........................................................................................................................... 28
MICRONUTRIENTES ............................................................................................................................ 37
TABELAS DE INTERPRETAÇÃO DE ANÁLISES DE SOLO ........................................................................... 60
CORREÇÃO DO SOLO ........................................................................................................................... 68
FERTILIZANTES .................................................................................................................................... 73
ADUBAÇÃO MINERAL ......................................................................................................................... 78
ADUBAÇÃO ORGÂNICA ....................................................................................................................... 85
ADUBAÇÃO FOLIAR ............................................................................................................................. 94
FERTIRRIGAÇÃO ................................................................................................................................ 109
ADUBAÇÃO VERDE............................................................................................................................ 120
SISTEMA DE PLANTIO DIRETO ........................................................................................................... 129
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................... 139
LITERATURAS CONSULTADAS ............................................................................................................ 140
CONCEITOS FÍSICOS E QUÍMICOS DO SOLO
1. INTRODUÇÃO
Os solos minerais são constituídos por uma mistura de partículas sólidas de
natureza mineral e orgânica, ar e água, formando um sistema trifásico, sólido, gasoso
e líquido.
As partículas da fase sólida variam grandemente em tamanho, forma e
composição química e a sua combinação nas várias configurações possíveis forma a
chamada matriz do solo. Considerando o solo como um corpo natural organizado,
portanto ocupando dado espaço, a recíproca da matriz do solo forma a porosidade
dos solos. Outro fator que interfere diretamente na porosidade dos solos refere-se à
maneira com que as partículas sólidas se arranjam na formação dos solos.
Duas propriedades físicas, hierarquicamente mais importantes, referem-se a
textura do solo, que é definida pela distribuição de tamanho de partículas, e a
estrutura do solo definida pelo arranjamento das partículas em agregados.
A porosidade do solo, por sua vez, é responsável por um conjunto de
fenômenos e desenvolve uma série de mecanismos de importância na física de solos,
tais como retenção e fluxo de água e ar, e, se analisada conjuntamente com a matriz
do solo, gera um grupo de outras propriedades físicas do solo associadas às relações
de massa e volume das fases do sistema solo. Não menos importantes são as
propriedades associadas à reação mecânica do solo à aplicação de forças externas. A
física de solos estuda e define, qualitativa e quantitativamente, as propriedades
físicas, bem como sua medição, predição e controle, com o objetivo principal de
entender os mecanismos que governam a funcionalidade dos solos e seu papel na
biosfera.
A importância prática de se entender o comportamento físico do solo está
associada ao seu uso e manejo apropriado, ou seja, orientar irrigação, drenagem,
preparo e conservação de solo e água. A definição de um solo fisicamente ideal é
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difícil devido ao tipo e natureza das variações físicas dos solos que ocorrem ao longo
da profundidade do solo, na superfície da paisagem e ao longo do tempo. Um
exemplo clássico refere-se ao suprimento de água e ar que variam continuamente
junto com os ciclos de umedecimento e secagem, que ocorrem com a alternância de
chuva e estiagem.
Um solo é considerado fisicamente ideal para o crescimento de plantas quando
apresenta boa retenção de água, bom arejamento, bom suprimento de calor e pouca
resistência ao crescimento radicular. Paralelamente, boa estabilidade dos agregados
e boa infiltração de água no solo são condições físicas importantes para qualidade
ambiental dos ecossistemas. O conceito de um solo fisicamente ideal é complexo e
carece de melhor definição quantitativa.
No entanto, já há indicação clara de uma série de valores quantitativos de
indicadores da qualidade física de um solo, seja valores ideais, críticos ou restritivos
ao crescimento de plantas ou na qualidade ambiental.
2. CONCEITOS FÍSICOS
2.1. TEXTURA DO SOLO
A textura do solo é definida pela proporção relativa das classes de tamanho de
partículas de um solo. A Sociedade Brasileira de Ciência do Solo define quatro classes
de tamanho de partículas menores do que 2 mm, usadas para a definição da classe
de textura dos solos: Areia grossa – 2 a 0,2 mm ou 2000 a 200 µm Areia fina – 0,2 a
0,05 mm ou 200 a 50 µm Silte – 0,05 a 0,002 mm ou 50 a 2 µm Argila – menor do que
2 µm. Desconsiderando a presença da matéria orgânica e de partículas maiores do
que 2 mm no solo, o total de partículas de um solo é igual ao somatório da proporção
de areia, silte e argila, de maneira que um solo pode ter de 0 a 100% de areia, de silte
e de argila. O número possível de arranjamento resultante da combinação das
proporções de classes de partículas é muito grande, o que impulsionou o
desenvolvimento de um sistema de classificação gráfico e funcional
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para definição das classes de textura dos solos. O sistema consta da sobreposição de
três triângulos isósceles que representam a quantidade de argila, silte e areia do solo.
A avaliação da textura é feita diretamente no campo e em laboratório. No campo, a
estimativa é baseada na sensação ao tato ao manusear uma amostra de solo.
A areia manifesta sensação de aspereza, o silte maciez e a argila maciez e
plasticidade e pegajosidade quando molhada. No laboratório, a amostra de solo é
dispersa numa suspensão e, por peneiramento e sedimentação, se determina
exatamente a proporção de areia, argila e por diferença a de silte.
A natureza e a forma das partículas do solo foram elementos chaves para a
definição, que é empírica, das classes de tamanho de partículas e, juntamente com a
experiência prática, da delimitação das classes texturais no TT. Assim, as partículas de
areia e silte, especialmente nos solos do Brasil, são predominantemente de forma
esférica e composição mineralógica formada por quartzo, ao passo que as partículas
de argila são de formato laminar e compostas por minerais de argila (caulinita, ilita,
montmorilonita,...) e óxidos (de Fe, Al,...).
A classe textural é determinada pela distribuição do tamanho de partículas e
juntamente com o tipo de argila marcadamente afetam outras propriedades físicas
como a drenagem e a retenção de água, a aeração e a consistência dos solos.
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Aquece rápido Aquece lentamente
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2.2.1. AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA DO SOLO
A avaliação direta da estrutura do solo é complexa e demanda de modernas
tecnologias tipo ressonância magnética, tomografia, etc., que ainda são de acesso
limitado. Porém, diretamente usa-se a descrição morfológica, que é qualitativa, para
verificar a estrutura do solo quanto ao tipo, tamanho e grau de desenvolvimento dos
agregados. Essa descrição distingue bem a estrutura quando consideradas grandes
diferenças da condição estrutural.
A avaliação quantitativa mais usada na avaliação da qualidade da condição
estrutural é de natureza indireta e mede outras propriedades físicas indiretamente
influenciadas pela estrutura do solo. A avaliação da estabilidade de agregados,
densidade do solo, porosidades e infiltração e retenção de água, considerando a
classe textural, indicam o estado atual da estrutura do solo. Esse tipo de avaliação é
bastante usado para medir-se a evolução da estrutura de um dado solo quando
submetido a diferentes sistemas de manejo.
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Ms = massa de sólidos; Vt = volume total
Vs = volume de sólidos; Vp = volume de poros
Microporos Vol Sólidos Va = volume de água retido à –6 kPa
37.9 35.0
Solo de Ds = Ms/Vt; Dp = Ms/Vs
mato Pt % = (1-Ds/Dp) 100
Macroporos Microporosidade % = 100 Va/Vt
27.1
Macroporosidade = Pt – microporosidade
Microporos
40.7
Vol Sólidos
42.1 4 anos de Microporos
Vol Sólidos
50 anos de
40.2
cultivo 47.0 cultivo
Macroporos
17.2 Macroporo
12.8
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poro diminui. A medida que o solo seca diminui o volume de água retido até que a
lâmina de água fica restrita ‘a superfície das partículas, retida por efeito eletrostático
ou por adesão. Nestes dois processos de retenção, o maior volume de água e o mais
disponível é retido por efeito capilar e o volume menor e fortemente retido no solo é
retido por adsroção.
A textura e a estrutura do solo que definem a área superficial e a arquitetura
do sistema poroso são os principais fatores associados ao armazenamento e
disponibilidade da água nos solos, assim como, com a habilidade dos solos de deixar
passar água na sua matriz para camadas profundas do perfil do solo e da camada
terrestre.
A quantidade de água retida por unidade de massa de sólido é definida como
umidade gravimétrica (Ug) e por unidade de volume do solo (Vt) é definida como
Um solo saturado apresenta toda sua porosidade cheia de água, que após
drenado em condições naturais, os macroporos são drenados e os microporos ficam
preenchidos com água. Neste estado o movimento descendente é pequeno e
tradicionalmente considera- se que o solo apresenta a sua máxima capacidade de
armazenamento de água contra a gravidade e considera-se a umidade deste estado
como sendo a capacidade de campo (CC).
O potencial matricial da água no solo encontra-se na faixa de -10 a -33 kPa,
dependendo da textura e estruturação do solo. Ao contrário, a umidade onde as
plantas murcham permanentemente é chamada de ponto de murcha permanente
(PMP) e apresenta potencial matricial em torno de –1500 kPa. A diferença de umidade
entre a CC e PMP nos indica a faixa de água disponível de um solo, que
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pode ser dada em termos percentuais ou em lâmina de água. Esta última é uma
excelente indicadora da habilidade de um solo reter água a ser utilizada pelas plantas.
A textura, matéria orgânica e a agregação são os principais fatores que afetam a
disponibilidade de água para as plantas.
3. CONCEITOS QUÍMICOS
3.1. FERTILIDADE DO SOLO
3.1.1. FERTILIDADE NATURAL
A fertilidade natural corresponde à fertilidade do solo que ainda não sofreu
nenhum manejo, ou seja, não foi trabalhado e, portanto, não sofreu recente
interferência antrópica. É muito usada na avaliação e classificação de solos onde não
existe atividade agrária. Dá idéia da capacidade que apresenta um solo ou unidade de
classificação para ceder os nutrientes (Lepsch, 1983). Por exemplo, um solo distrófico
(V < 50%) aparentemente apresentaria menor capacidade de ceder os nutrientes, do
que um eutrófico (V \u2265 50%). Na verdade, este índice pouco representa em
termos da real capacidade de ceder nutrientes, já que um solo pode ser distrófico e
ter uma CTC superior, com maiores teores de cátions trocáveis, do que um solo
eutrófico e, portanto, ter condições de fornecer maior quantidade de nutrientes para
as plantas.
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Paulo, o pH é determinado em solução de CaCl2 (0,01 mol/L), que tem por objetivo
reduzir a influência de sais sobre a leitura do pH.
O pH do solo é um indicativo da sua fertilidade atual, isto é, da forma química
em que o alumínio se encontra, se tóxica (Al3+) ou precipitada (Al(OH) 3 ), do nível de
solubilidade dos macro e micronutrientes e da atividade de micro-organismos no solo.
A alteração da disponibilidade de alumínio e dos macro e micronutrientes em
função do pH do solo é apresentada na figura abaixo:
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Em solos ácidos, a solubilidade do Al3+ é muito elevada, causando danos às
raízes das plantas. Com a elevação do pH, ocorre a redução da solubilidade de Al3+,
até pH 5,5, não mais havendo presença da forma tóxica, predominando o alumínio na
forma Al(OH) 3 , que é um precipitado inerte.
O Al3+ causa o engrossamento das raízes, reduz o seu crescimento e impede a
formação de pêlos radiculares, prejudicando a absorção de água e nutrientes. No
entanto, há espécies de plantas com alta tolerância ao Al3+, como diversas espécies
do gênero Eucaliptus.
3.4. H+Al
Também denominada “acidez potencial” ou “acidez total”. As classes de
interpretação para a acidez potencial (H+Al) estimadas pela correlação com o pH
SMP.
Essas classes de interpretação são genéricas e de pouca aplicação prática, uma
vez que a determinação do H+Al tem por objetivo principal o cálculo da CTC Total do
solo (T). Geralmente os valores de H+Al são maiores em solos ricos em matéria
orgânica, principalmente se estes apresentarem baixos valores de pH.
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Para o cálculo da T é necessário que os elementos estejam expressos na mesma
unidade (cmolc/dm³). Assim, os teores de K e Na (expressos em mg/dm³) têm que ser
transformados para cmolc/dm³ , conforme já descrito anteriormente.
A T é uma característica do solo e apresenta valor praticamente constante
(somente pode ser alterada com a aplicação de elevadas doses de matéria orgânica
ou em decorrência de intenso processo erosivo, quando há perda da camada
superficial). Assim, sendo a quantidade total de cargas negativas do solo praticamente
constante, quanto maior a quantidade de Al3+, H+ e Na+ no solo menor é a
quantidade de cargas negativas disponíveis para adsorver as bases K+ Ca2+, Mg2+.
Quando a quantidade de nutrientes catiônicos adicionada via adubação é
superior à CTC do solo, esses nutrientes (K+, Ca2+, Mg2+) podem ser perdidos por
lixiviação. Solos argilosos e/ou com elevado teor de matéria orgânica geralmente
possuem elevada T, isto é, conseguem adsorver grande quantidade de nutrientes
catiônicos. Solos arenosos apresentam baixa T e, mesmo com pequena adição de
bases, estas estão suscetíveis a perdas por lixiviação. Solos de regiões de clima
temperado, menos intemperizados, geralmente apresentam maior T do que solos
de regiões tropicais, devido à mineralogia e aos maiores teores de matéria orgânica
em razão da menor taxa de mineralização proporcionada pelas baixas temperaturas.
Solos que apresentam T abaixo de 4,5 cmolc /dm3 geralmente apresentam
baixa capacidade tampão, isto é, menor resistência à variação do pH.
Pequenas quantidades de calcário geralmente são suficientes para alterar
significativamente o pH. Solos que apresentam CTC (T) acima de 10 cmolc /dm3
geralmente também apresentam elevado poder tampão, isto é, necessitam de maior
quantidade de calcário para alterar o pH. A proporção de ocupação de cada elemento
na T do solo é obtida pela divisão do seu teor pelo valor da T, multiplicando-se o
resultado por 100.
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Solos com boas características de fertilidade geralmente apresentam as
seguintes proporções de nutrientes na CTC:
𝑲+ = 3 a 5%
𝑪𝒂𝟐+= 50 a 70%
𝑴𝒈𝟐+ = 10 a 15%
𝑵𝒂+= < 5%
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3.8. SATURAÇÃO POR BASE (V)
Indica a porcentagem do total de cargas negativas ocupadas por bases (K+ +
Na+ + Ca2+ + Mg2+). É calculada pela divisão da soma de bases (SB) pela T do solo,
multiplicado por 100.
𝐒𝐁
𝐕= 𝐗 𝟏𝟎𝟎
𝐓
𝑨𝒍𝟑+
𝐦= 𝐗 𝟏𝟎𝟎
𝐭
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3.10. Na ISNa
Na é o teor de sódio disponível (trocável) e ISNa é o índice de saturação de
sódio do solo, também denominado Porcentagem de Sódio Trocável (PST).
Mesmo não sendo um nutriente essencial às plantas, sua determinação é
importante em solos halomórficos ou salinos, próximos ao litoral ou que receberam
resíduos de indústrias como efluentes de laticínios, ricos em sais.
Quando presente em alta concentração no solo, o Na pode causar efeito
depressivo sobre a produtividade das culturas por dificultar a absorção de água e
nutrientes pela planta ou pelo seu efeito dispersante sobre as argilas, causando a
desestruturação do solo e reduzindo a infiltração de água, trocas gasosas e
dificultando a penetração de raízes.
Somente a informação do teor de Na disponível do solo não é suficiente para
avaliar os efeitos adversos sobre o crescimento e desenvolvimento das plantas.
É importante conhecer também a proporção em relação aos demais cátions do
solo, como K+ , Ca2+ e Mg2+. O índice de saturação de sódio em relação aos demais
cátions trocáveis na T do solo é expresso pela relação:
𝑵𝒂+ (𝒄𝒎𝒐𝒍𝒄/𝒅𝒎³)
𝐈𝐒𝐍𝐚 = 𝐗 𝟏𝟎𝟎
𝐓 (𝒄𝒎𝒐𝒍𝒄/𝒅𝒎³)
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3.11. MATÉRIA ORGÂNICA (MO)
A matéria orgânica (MO) do solo é formada pelos resíduos da parte aérea e
radicular das plantas, de micro-organismos e exsudados de raízes. É constituída
basicamente por C, H, O, N, S e P. A proporção destes elementos gira em torno de
58% de C, 6% de H, 33% de O e 3% de N, S e P. O teor de MO do solo é calculado
multiplicando-se o teor de carbono do solo (carbono orgânico) pelo fator 1,72 (obtido
pela divisão 100/58).
1. INTRODUÇÃO
2. NITROGÊNIO
3. FÓSFORO
4. POTÁSSIO
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com o S, durante sua assimilação não sofre alteração em seu estado redox,
permanecendo na mesma forma iônica em que foi absorvido.
Seu principal papel é o de ativador enzimático, com participações no
metabolismo protéico, fotossíntese, transporte de assimilados e potencial hídrico
celular. Como principal componente osmótico das células guardas, a transferência de
K dentro e fora destas células regula a abertura e o fechamento dos estômatos. Junto
com Ca e Mg participa da importante função de manutenção do equilíbrio iônico com
os ânions.
Como ativador de inúmeras enzimas, sua deficiência conduz a profundas
alterações no metabolismo. Compostos nitrogenados solúveis acumulam-se,
indicando a redução na síntese protéica. Em condições de deficiência de K, as plantas
tendem a apresentar diminuição da dominância apical, internódios mais curtos e
clorose seguida de necrose das margens e pontas de folhas mais velhas.
Sinal de deficiência:
39
5. CÁLCIO
40
6. MAGNÉSIO
A concentração de Mg nos tecidos dos vegetais pode variar de 0,15 a 1,0 dag/kg
da matéria seca. Mais da metade do Mg contido nas folhas pode estar formando
clorofila, já que esta possui um átomo central de Mg. Além de seu papel na clorofila,
o Mg é ativador das enzimas relacionadas com o metabolismo energético, além de
servir de ligação entre as estruturas de pirofosfato do ATP e ADP. Apresenta
interações com Ca e K.
A deficiência de Mg afeta parte do metabolismo das plantas, sendo a clorose
internerval das folhas velhas o sintoma inicial, seguido da redução da fotossíntese
decorrente da menor síntese de clorofila. Em casos extremos de deficiência, são
observadas necroses inclusive nas folhas novas.
Sinais de deficiência:
41
7. ENXOFRE
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MICRONUTRIENTES
1. INTRODUÇÃO
2. FERRO
O Fe é constituinte de inúmeros metabólitos, podendo ser parte integrante de
proteínas (ferrodoxinas p.e.) e de enzimas mitrocondriais relacionadas com o
transporte de elétrons, ou mesmo cofator de outras enzimas. Participa da redução do
nitrato e do sulfato e da produção de energia. Sendo essencial para a síntese de
clorofila, podem ser observadas correlações significativas entre o teor de Fe e de
clorofila na planta. Esse fato proporciona certa semelhança entre as deficiências de
Mg e de Fe, sendo, contudo, a deste último manifestada inicialmente nas folhas
novas, dada a pouca mobilidade do Fe na planta. Em casos extremos a folha inteira
pode apresentar clorose intensa manifestada por um branqueamento foliar. Sua
concentração normal em plantas cultivadas pode variar de 50 a 150 mg/kg na matéria
seca de folhas.
Elevadas concentrações de P na planta reduzem a solubilidade interna do Fe.
A falta de Fe deprime a produção de ferridoxina, o que, por sua vez, afeta o
transporte de elétrons para estes processos, incluindo a redução de nitrito e de
sulfito, de tal modo que tanto o nitrato quanto o sulfato estão freqüentemente
presentes em níveis elevados em plantas deficientes neste micronutriente.
As várias funções do Fe no desenvolvimento e na função dos cloroplastos
indicam que as causas da clorose não são simplesmente uma expressão da
necessidade de Fe para a biossíntese da clorofila. As menores concentrações de
carboidratos em plantas deficientes em Fe também são indicativas da diminuição da
atividade fotossintética.
As pesquisas mais recentes dos biólogos moleculares es- tão enfocando a
detecção e a sinalização do Fe nas plantas. O Fe é um nutriente modelo para os
biólogos moleculares no estudo dos transportadores regulados por este
micronutriente na planta, que é altamente coordenado. Uma complexa rede de
tráfego de Fe intra e intercelularmente parece conduzir a um nível de distribuição de
Fe de acordo com as necessidades da planta (SCHMIDT, 2003).
O primeiro sintoma visível nas brotações é o desenvolvi- mento de clorose nas
folhas jovens. Na maioria das espécies, a clorose é internerval e um padrão de
reticulado fino pode ser encontrado nas folhas recém-formadas, as nervuras verde-
escuras contrastando bastante com um fundo verde mais claro ou amarelo. As folhas
mais jovens podem ficar totalmente destituídas de cloro- fila. Em cereais, a deficiência
de Fe é evidenciada por faixas verdes e amarelas alternadas. Como 80%
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do Fe das folhas está localizado nos cloroplastos, e este é o sítio primário da função
do Fe, não é de surpreender que a deficiência deste micronutriente cause mudanças
marcantes na ultraestrutura dessas organelas e, sob extrema deficiência, os grana de
tilacóide podem estar ausentes.
O intervalo de deficiência situa-se em torno de 50 mg kg-1 a 100 mg kg-1,
dependendo da espécie de planta e até mesmo da cultivar. No entanto, as folhas das
plantas nas quais as concentrações de Fe são maiores podem mostrar sintomas de
deficiência deste micronutriente em decorrência da inibição do crescimento da folha
em extensão.
O Fe incorporado nos cloroplastos tem mobilidade bastante limitada dentro
das plantas, o que está de acordo com a observação de que os sintomas de deficiência
deste micronutriente são restritos às brotações jovens (TERRY e LOW, 1982).
Entretanto, Rissmüller (1874 citado por MOLISCH, 1892) mostrou, há mais de 100
anos, que o Fe pode ser translocado através do floema durante a senes- cência das
folhas (Tabela 14). Esta mobilidade do Fe dentro da planta foi confirmada mais
recentemente por Zhang et al. (1995) em feijão fava (Vicia faba) submetido a
sombreamento. Além disso, os mesmos autores mostraram que uma alta proporção
de Fe que foi translocada das raízes para as brotações no xilema pode ser
retranslocada pelo floema até os ápices das brotações em crescimento após a
transferência no xilema/floema nas folhas mais velhas sem a necessidade de
senescência como pré-requisito.
Para isso, a transferência no xilema/floema ou o carregamento do floema com
Fe-nicotianamina é obviamente requerido, pois a nicotianamina é quelador de
micronutrientes catiônicos. Esses dados claramente enfatizam que, em princípio, o Fe
é móvel no floema.
Este fato é importante para aplicações foliares deste micronutriente. Porém,
deve-se levar em consideração que, antes de atingir o apoplasto das folhas, o Fe tem
que passar através da parede celular da epiderme, com sua camada cutinizada
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e cera epicuticular e, para atingir isto, é essencial estar em uma forma quelada. O Fe
pode ser facilmente transportado dentro do xilema ou do floema antes que seja
rapidamente desintoxicado por imobilização para evitar danos às folhas por formação
de radicais de oxigênio.
Sinais de deficiência:
3. ZINCO
Há cada vez mais evidências de que o Zn, pelo fato de manter a estrutura e a
integridade da membrana e de controlar a permeabilidade, também protege a planta
contra vários patógenos. Em plantas deficientes neste micronutriente, as membranas
tornam-se permeáveis, de tal modo que os carboidratos e os aminoácidos são
liberados, atraindo patógenos e insetos tanto para as raízes quanto para as brotações.
Concentrações críticas deficientes características para Zn nos tecidos
encontram-se entre 15 mg kg-1 e 30 mg kg-1 e podem ser maiores em plantas com
alto teor de P. Os sintomas visuais mais característicos em dicotiledôneas são os
internódios curtos e a diminuição da expansão foliar (folhas pequenas). Nas
monocotiledôneas, faixas cloróticas se formam em ambos os lados da nervura central,
as quais, posteriormente, tornam-se necróticas. A ocorrência de plantas enfezadas e
especialmente de necrose das folhas mais velhas em plantas deficientes em Zn é
intensificada com alta intensidade luminosa. Em árvores no campo, o lado voltado
para o sol é particularmente afetado, indicando o envolvimento de radicais
superóxido (MARSCHNER e CAKMAK, 1989; CAKMAK, 2000). O Zn também é
requerido para o crescimento generativo e a viabilidade do pólen é altamente
dependente de um adequado suprimento deste nutriente (SHAR- MA et al., 1990).
Pensa-se que a mobilidade do Zn dentro das plantas é baixa e sua translocação
ocorre principalmente durante a senescência, como mostrado na Tabela 15 (WOOD
et al., 1986). No entanto, estudos recentes indicaram que há retranslocação
substancial deste micronutriente via floema em folhas de trigo jovens em
desenvolvimento (ERENOGLU et al., 2002) e em arroz, como mostra a Tabela 18
(HAJIBOLAND et al., 2001). Nesta última cultura, a taxa de retranslocação de Zn
mostrou correlação com a eficiência de Zn observa- da para os genótipos
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estudados. Esta descoberta enfatiza a importância de uma mobilidade interna do Zn
em adição à aquisição pelas raízes na determinação da eficiência deste
micronutriente. A importância da mobilidade do Zn, portanto, deve ser considerada
na obtenção de genótipos melhorados com alta eficiência em Zn.
Sinal de deficiência:
4. MANGANÊS
Com concentração variando entre 20 e 100 mg/kg na matéria seca de folhas, o
Mn atua como ativador de muitas enzimas. Está envolvido em processos de oxidação
e redução no sistema de transporte de elétrons. Sua deficiência tem efeito
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direto na respiração, podendo, ainda, afetar a formação de vários metabólitos. Os
sintomas manifestam-se inicialmente nas folhas novas na forma de clorose
internerval, ou de pequenas manchas necróticas ou mesmo de, até, dimorfismo foliar.
O Mn está presente nas plantas principal- mente na forma divalente (MnII).
Este forma apenas ligações fracas com ligantes orgânicos, nos quais pode ser
prontamente oxidado a Mn(III) e Mn(IV). Além disso, o Mn desempenha um papel
importante nos processos redox, tais como no transporte de elétrons na fotossíntese
e na desintoxicação de radicais livres de oxigênio. O Mn é uma metaloproteína, isto
é, um com- ponente integrante de somente duas enzimas, a enzima que quebra a
molécula da água no fotossistema II (FS II) e a superóxido dismutase que contém Mn.
Também é ativador de várias enzimas.
O papel mais bem documentado e exclusivo do Mn em plantas verdes é aquele
da reação de quebra da molécula da água e do sistema de evolução de O2 na
fotossíntese que ocorre nos cloro- plastos, denominado reação de Hill. Os elétrons
são liberados pela enzima que quebra a água, a qual contém quatro átomos de Mn, e
são transferidos para o FS II. No processo de fotólise, duas moléculas de água liberam
uma molécula de O2 e quatro H com a doação simultânea de quatro elétrons. Em
decorrência desta função-chave na reação de quebra da água, a deficiência de Mn
afeta principal- mente a fotossíntese e a evolução de O.
Até mesmo deficiências leves de Mn afetam a fotossíntese e diminuem o nível
de carboidratos solúveis na planta, mas o re- suprimento deste micronutriente reativa
a evolução fotossintética de oxigênio. Com deficiência mais severa de Mn, entretanto,
ocorre uma quebra na estrutura do cloroplasto que não pode ser revertida. Por causa
da importância fundamental do Mn na cadeia de trans- porte de elétrons durante a
fotossíntese, quando ocorre deficiência deste micronutriente a reação à luz durante
a fotossíntese é seria- mente prejudicada e todas as outras reações associadas com o
transporte de elétrons também o são.
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O Mn também atua como um importante co-fator para várias enzimas-chave
na biossíntese dos metabólitos secundários da planta associados com a via do ácido
chiquímico, incluindo aminoácidos aromáticos fenólicos, cumarinas, ligninas e
flavonóides (BUR- NELL, 1988). Deste modo, concentrações mais baixas de compostos
fenólicos, lignina e flavonóides foram detectadas em tecidos deficientes em Mn, o
que pode, em parte, ser a causa da maior suscetibilidade a doenças das plantas
deficientes neste micronutriente (GRAHAM, 1983).
Esta relação com o metabolismo secundário também provavelmente pode ser
a causa da influência que a deficiência deste micronutriente tem sobre a diminuição
da viabilidade do pólen. Plan- tas de milho deficientes em Mn desenvolveram
sintomas visíveis de deficiência e apresentaram baixo pendoamento e
desenvolvimento tardio das anteras. Tanto a produção de sementes das plantas
deficientes em Mn como a taxa de germinação das sementes produzidas foram
especialmente diminuídas (SHARMA et al., 1991).
Os cloroplastos são as mais sensíveis de todas as organelas celulares à
deficiência de Mn, o que leva à desorganização do sistema lamelar e a sintomas
visíveis de clorose. A deficiência de Mn, portanto, se parece com a deficiência de Mg,
pois em ambas ocorre clorose internerval nas folhas. Porém, em contraste com a
deficiência de Mg, os sintomas da deficiência de Mn são primeiramente visíveis nas
folhas mais jovens, enquanto na deficiência de Mg as folhas mais velhas são afetadas
primeiro. Nas dicotiledôneas, freqüentemente aparecem pequenas manchas
amarelas nas folhas mais jovens. Nas monocotiledôneas, particularmente em aveia,
que é uma cultura-teste, os sintomas de deficiência de Mn aparecem na parte basal
das folhas como manchas ou listras cinza-esverdeadas e é conhecida como “grey
speck”. O nível crítico de deficiência deste nutriente para a maioria das espécies de
plantas situa-se no intervalo de 10 mg kg-1 a 20 mg kg-1.
O Mn, da mesma forma que o Fe, é facilmente translocado através do xilema
das raízes até as brotações, mesmo as localizadas nos ápices da planta (HORST,
51
1976); já a translocação no floema é limitada. Este é particularmente o caso para Mn
aplicado via foliar (EL-BAZ et al., 1990), sendo a retranslocação de Mn quelado como
MnEDTA um tanto melhor do que a de MnSO4. Em contraste com Fe, Zn e Cu, assim
que o Mn é incorporado ou imobilizado nas folhas, não pode mais ser retranslocado,
mesmo sob senescência induzida (WOOD et al., 1986).
Particularmente interessante é a redistribuição a curto prazo do Mn junto com
o Si após ataque de patógenos (LEUSCH e BUCHENAUER, 1988), a qual está
estreitamente relacionada com o aumento da biossíntese de substâncias fenólicas
que aumentam a resistência a doenças (MARSCHNER, 1995). Também está bem
documentado que o Si pode alterar a mobilidade do Mn e o padrão de redistribuição
deste nutriente e, portanto, diminuir os sintomas de toxicidade de Mn quando há alto
suprimento deste micronu- triente (HORST e MARSCHNER, 1978).
Em algumas leguminosas, entretanto, possivelmente duran- te o estádio de
enchimento de vagens, uma concentração relativa- mente alta de Mn já foi relatada
na seiva do floema, o que está estreitamente correlacionado com a ocorrência de
sintomas da desordem denominada “semente partida” em tremoço (CAMPBELL e
NABLE, 1988). Esta descoberta sugere alta dependência da re- translocação de Mn
para o genótipo da planta e o estádio de crescimento e requer pesquisas sistemáticas
adicionais.
5. COBRE
Assim como o Zn, o cobre atua como constituinte e cofator de enzimas,
participa do metabolismo de proteínas e de carboidratos e na fixação simbiótica de
N2. Concentrações foliares normais podem variar de 5 a 30 mg/kg. Dada sua pouca
mobilidade interna, sua deficiência inicialmente manifesta-se como clorose nas
pontas e margens, encurvamento das folhas mais novas, permitindo que as nervuras
fiquem mais salientes. Observa-se, ainda, acúmulo de compostos nitrogenados
solúveis e menor absorção de O2.
52
O cobre pode interferir no metabolismo do Fe, resultando no
desenvolvimento de deficiências de Fe.
O Cu é um pouco semelhante ao Fe, pois forma quelatos altamente estáveis e
permite a transferência de elétrons (Cu2+ + e-
papel comparável ao do Fe em processos fisiológicos redox. No entanto,
diferentemente do Fe, as enzimas que contêm Cu podem reagir com oxigênio
molecular e preferencialmente catalisam processos de oxidação terminais.
Várias proteínas contendo Cu desempenham papel funda- mental em
processos tais como fotossíntese, respiração, desin- toxicação de radicais superóxido
e lignificação. Quando há defi- ciência de Cu, as atividades de todas essas enzimas
ficam drastica- mente reduzidas. O decréscimo do transporte fotossintético de elé-
trons, como conseqüência especialmente dos menores teores da plastocianina, uma
proteína contendo Cu, diminui a taxa de fixação de CO2, de tal modo que o teor de
amido e de carboidratos solúveis (especialmente sacarose) é diminuído. Este é o
principal fator que causa a redução da produção de matéria seca em plantas que so-
frem deficiência de Cu durante o crescimento vegetativo. A falta de suprimento de
carboidratos para os nódulos das leguminosas, cau- sando crescimento restrito e
deficiência de N na planta hospedeira, também parece ser um efeito indireto da
deficiência de Cu, pois não há evidência de que o Cu seja requerido especificamente
no pro- cesso de fixação de N2.
O papel do Cu no metabolismo secundário pode ser mais bem relacionado com
o aparecimento dos sintomas de deficiência. As enzimas polifenoloxidase, ascorbato
oxidase e diamino oxidase contêm Cu, ocorrem nas paredes celulares e
desempenham um papel nas vias biossintéticas desde fenol via quinona até
substâncias melanóticas e lignina.
A deficiência de Cu diminui a atividade dessas enzimas,levando ao acúmulo de
fenóis e à diminuição da lignificação e de substâncias melanóticas. Este papel do Cu
no metabolismo secundário indica uma função importante do elemento para
53
conferir à planta resistência a doenças. A formação da lignina significa uma barreira
mecânica contra a entrada de organismos assim como a produção de substâncias
melanóticas também aumenta a resistência, pois alguns desses compostos são ativos
como fitoalexinas, as quais inibem a germinação de esporos e o crescimento fúngico.
O atraso no florescimento e na senescência, que são freqüentemente
observados em plantas deficientes em Cu (REUTER et al., 1981), parecem ser
causados por concentrações elevadas de ácido indolacético (AIA) resultantes do
acúmulo de certas substância sfenólicas, as quais inibem a ação da IAA oxidase.
A falta de Cu afeta o crescimento reprodutivo (formação de grãos, sementes e
frutos) muito mais do que o crescimento vege- tativo. Nas flores de plantas
adequadamente supridas com Cu, as anteras (contendo pólen) e os ovários têm o
maior teor e demanda deste nutriente . Assim, o pólen proveniente de plantas
deficientes em Cu não é viável (AGARWALA et al., 1980). Outras causas de esterilidade
masculina incluem falta de amido no pólen e inibida liberação dos estames como
resultado de problemas na lignificação das paredes celulares das anteras. Jewell et al.
(1988) também sugerem que o desenvolvimento anormal tanto do tapete quanto dos
micrósporos pode ser uma causa de esterilidade masculina. O efeito marcante da falta
de Cu na diminuição do crescimento reprodutivo do trigo, expresso pela produção de
grãos.
Sintomas típicos de deficiência de Cu são clorose, necrose, distorção foliar e
dieback (seca de ponteiro). Os sintomas ocorrem preferencialmente em tecidos das
brotações e são indicativos de redistribuição pobre de Cu em plantas deficientes
neste nutriente (LONERAGAN, 1981).
Plantas de cereais deficientes apresentam aparência arbustiva, com as pontas
das folhas enroladas e brancas e redução da formação de panículas. As espigas não
se desenvolvem totalmente e podem ficar parcialmente chochas. A redução da
lignificação é outro sintoma típico, o qual é associado com murcha, tombamento
54
das brotações e acama- mento, principalmente em cereais, e baixa resistência a
doenças. A deficiência de Cu reduz drasticamente as produções de frutos e sementes
em decorrência de seu efeito indutor da esterilidade masculina.
A mobilidade do Cu dentro das plantas é limitada e particularmente
dependente do estado nutricional em termos de Cu e de N. Devido a sua forte ligação
com as paredes celulares, a translocação do Cu das raízes para as brotações é lenta.
Além disso, um alto suprimento de N diminui a disponibilidade de Cu dentro das plan-
tas com a conseqüência de um requerimento crítico maior de Cu para a máxima
produtividade de grãos. Em adição a isso, como um alto suprimento de N retarda a
senescência, a possível retranslocação de Cu induzida pela senescência também é
retardada.
55
6. BORO
Existindo nas plantas na forma do ânion borato (BO 3-) o principal papel do B
nas plantas é o de regulador do metabolismo de carboidratos. Acredita-se que seja
importante na síntese de uma das bases que forma o RNA (uracil). Está associado à
germinação do pólen e à formação do tubo polínico. Sua concentração foliar pode
variar de 1 a 6 mg/kg nas monocotiledôneas; de 20 a 70 mg/kg nas dicotiledôneas e
de 80 a 100 mg/kg nas dicotiledôneas produtoras de látex. Sintomas de deficiência
podem ser identificados pela formação de folhas de menor tamanho, com clorose
irregular, deformadas, quebradiças e morte do meristema apical, entre outros.
Elevadas concentrações de Ca na planta podem proporcionar maior requerimento de
B.
56
enzima. É relativamente fácil induzir deficiência de B e os sintomas aparecem
rapidamente, junto com mudanças distintas na atividade metabólica. Ao longo dos
anos, estas mudanças foram sendo investigadas e as funções que se sugere para o B
nas plantas incluem o transporte de açúcar, a lignificação da parede celular, a
estruturação da parede celular, o metabolismo de carboidratos, o metabolismo do
RNA, a respiração, o metabolismo do AIA, o metabolismo dos fenóis, a função da
membrana, a fixação de N2, o metabolismo do ascorbato e a diminuição da toxicidade
de Al. Há evidências crescentes de que alguns destes efeitos são o que Marschner
(1995) descreveu como uma cascata de efeitos secundários originados de falta de B
na parede celular e na interface membrana plasmática/parede celular.
Os papéis do B na germinação do pólen e no crescimento do tubo polínico são
particularmente importantes para a produção das culturas. Ambos os processos são
severamente inibidos pela deficiência deste micronutriente. Para que ocorra o
crescimento do tubo polínico são necessárias altas concentrações de B no estigma e
no estilete para a inativação fisiológica de calose por intermédio da formação de
complexos borato-calose na interface tubo polínico/estilete (LEWIS, 1980). Este alto
requerimento para o crescimento generativo foi observado por vários autores e um
exemplo mostrando o efeito do B sobre o crescimento vegetativo e os vários
parâmetros do crescimento reprodutivo de trevo vermelho são mostrados na Ta- bela
7 (SHERELL, 1983).
As espécies de plantas variam em termos de requerimento de B. As plantas
produtoras de látex, tais como a papoula (plantas do gênero Papaver) e o dente-de-
leão (plantas do gênero Taraxa- cum) apresentam valores de 80-100 mg kg-1; as
dicotiledôneas, de 20-70 mg kg-1; e as monocotiledôneas, de 5-10 mg kg-1. Essas
diferenças provavelmente decorrem de diferenças na composição da parede celular.
Para muitas culturas nas quais a mobilidade do B dentro da planta é baixa, as folhas
mais jovens e as brotações terminais mostram crescimento retardado ou necrose. Os
internódios ficam mais curtos e as lâminas foliares, deformadas. Os diâmetros
57
dos caules e dos pecíolos ficam aumentados e isto pode levar à “rachadura da haste”
em aipo. Áreas encharcadas e queima das pontas são sintomas típicos em alface.
Podridão da coroa e do coração ocorrem em beterraba açucareira, com necrose das
áreas meristemáticas, podendo facilitar a instalação de infecções. A deficiência de B
aumenta a queda de botões florais, flores e frutos em desenvolvimento, bem como o
insucesso do estabelecimento de sementes e de frutos.
Há uma crença generalizada, baseada na literatura mais antiga, de que o B é
imóvel no floema (OERTLI e RICHARDSON, 1970) e isto é realmente verdadeiro para a
maioria das espécies de plantas. Porém, recentemente reconheceu-se que o B é
móvel, em variados graus, no floema de várias espécies de plantas, incluindo uma
grande gama de culturas agrícolas e olerícolas, como por exemplo brássicas, cenoura,
ervilha, aipo e cebola. Nessas espécies, nas quais os álcoois de açúcar e os polióis
(sorbitol, manitol e dulcitol) são as principais formas de exportação de C das folhas, o
B é ligado e transportado na forma de complexos poliol-B (BROWN e SHELP, 1997).
As diferenças em mobilidade do B no floema entre as espécies resulta em um padrão
típico de concentração deste micro- nutriente nas folhas e nos frutos de árvores que
cresceram no campo, com uma distribuição muito mais equânime em espécies nas
quais o B é móvel no floema.
A importância da translocação de B mediada por sorbitol no floema foi provada
em plantas de fumo geneticamente modificadas para sintetizar sorbitol. A síntese de
sorbitol aumentou acentuadamente a mobilidade do B dentro da planta, o que, por
sua vez, aumentou o crescimento da planta e a produtividade pelo fato de ter ajudado
a superar deficiências transitórias de B no solo (BROWN et al., 1999).
7. MOLIBIDÊNIO
59
tecido. Talvez o exemplo mais bem conhecido desta deficiência ocorra em couve- flor,
na qual a lamela foliar não é formada adequadamente e, em casos extremos, somente
as nervuras da folha estão presentes e, por esta razão, a deficiência é conhecida como
“rabo de chicote”.
Alguns aspectos do papel do Mo nas plantas ainda não são completamente
entendidos. Em várias culturas, a deficiência de Mo parece afetar mais a fase
reprodutiva do que o crescimento vegetativo. Em milho apresentando deficiência de
Mo, o estádio de pendoamento é atrasado, uma grande proporção de flores não se
abre e a formação de pólen, tanto em termos de tamanho do grão quanto de
viabilidade, é grandemente reduzida (AGARWALA et al., 1979). Do mesmo modo, o
florescimento pobre e tardio e a viabilidade reduzida dos grãos de pólen também
podem explicar a redução da formação de frutos em plantas de melão deficientes em
Mo cultivadas em solos ácidos (GUBLER et al., 1982 citados por RÖMHELD e
MARSCHNER, 1991).
Há várias outras mudanças metabólicas que não são tão fáceis de explicar em
termos das funções conhecidas do Mo. Por exemplo, em plantas deficientes neste
micro- nutriente, a resistência a baixas temperaturas e a encharcamento é diminuída
(VUNKOVA-RADEVA et al., 1988).
Quando ocorre deficiência de Mo em grãos de milho, o risco de brotação
prematura aumenta e este efeito é acentuado pela aplicação de N (TANNER, 1978).
Parece que o Mo é um componente da aldeído oxidase e funciona na síntese de ABA
(LEYDECKER et al., 1995) e quando há deficiência deste micronutriente,
especialmente quando há alto suprimento de N, então a síntese de ABA é bloqueada.
Não há muitas informações sobre a mobilidade do Mo dentro das plantas e os
poucos relatos existentes ainda são contraditórios. Em leguminosas parece que há
uma alta taxa de retranslocação deste micronutriente durante o estádio de
enchimento de grãos, para garantir um alto armazenamento de Mo nas sementes .
60
As diferenças relatadas em termos de eficiência de Mo em cultivares de feijão fava
(Vicia faba) podem ser atribuídas a diferentes níveis de acúmulo de Mo nos nódulos
e a diferentes taxas de retranslocação das raízes para as vagens e dessas para os grãos
durante o estádio de amadurecimento de grãos (BRODRICK e GILLER, 1991).
8. CLORO
61
severa inibição do crescimento radicular (BERGMANN, 1992). Para uma revisão
bastante útil e mais detalhada sobre o Cl como nutriente de plantas, ver Xu et al.
(2000).
Não há informações específicas disponíveis na literatura a respeito da
mobilidade de Cl ou sobre a relevância deste como micronutriente. Do mesmo modo,
muito pouco se sabe a respeito da mobilidade do Ni dentro das plantas. Entretanto,
o grande acúmulo específico de Ni em sementes, semelhante ao que ocorre para Mo,
provavelmente requer alta regulação da mobilização e da retranslocação de Ni das
folhas mais velhas e durante o estádio de enchimento de grãos.
9. ELEMENTOS BENÉFICOS
9.1. ALUMÍNIO
9.2. COBALTO
O Co pode ser encontrado nas folhas dos vegetais em concentrações que
variam de 0,03 a 1,0 mg/kg de matéria seca. Condições especiais de solos ricos em Co
podem propiciar o acumulo nos tecidos de algumas espécies a teores de 0,2 a 0,4
dag/kg.
Existem evidências de que o elemento seria essencial para leguminosas em
associação simbiótica com bactérias fixadoras de N2 atmosférico. O Co é tido como
elemento importante na síntese de vitamina B12, a qual, provavelmente, é
importante para a síntese da leghemoglobina. Essa proteína possui papel primordial
na manutenção do ambiente redutor nos nódulos, necessário à fixação do N2 pelas
bactérias do gênero Rhizobium.
9.3. NÍQUEL
Diferentes pesquisas têm demonstrado a capacidade do Ni em prevenir e
reduzir a infecção de plantas por fungos que promovem a ferrugem em trigo.
Entretanto, sua utilização como fungicida é restrita pois se trata de um metal pesado.
De acordo com resultados de trabalhos com diferentes espécies submetidas a
soluções com ou sem Ni, e pela detecção desse elemento na urease contida nos
63
tecidos vegetais, alguns autores propuseram a inclusão do elemento na lista dos
essenciais.
Até recentemente, somente os efeitos tóxicos do Ni eram considerados na
nutrição de plantas e especialmente como certas espécies de plantas eram capazes
de tolerar as altas concentrações de Ni presentes em solos serpentinos. Cerca de 30
anos atrás, entretanto, Dixon et al. (1975) fizeram a importante descoberta de que a
urease de feijão de porco (Canavalia ensiformis L.) é uma metaloproteína contendo
Ni. Como mostrado em uma revisão feita por Asher (1991), esta descoberta elevou a
condição do Ni à de nutriente funcional. Shimada e Ando (1980 citados por ASHER,
1991), trabalhando com plantas de tomate e de soja com baixo teor de Ni, puderam
demonstrar que houve acúmulo de uréia nos tecidos concomitantemente com o
desenvolvimento de necrose da ponta da folha. Em plantas de soja com baixo teor de
Ni, dependentes de fixação de N2 ou supridas com N-NO3 e N-NH4, foram
encontradas concentrações extremamente altas de uréia nas pontas das folhas, o que
pôde ser evitado pela adição de Ni (ESKEW et al., 1983; ESKEW et al., 1984). A partir
deste e de outros experimentos semelhantes, porém, não foi possível concluir que o
Ni era um elemento essencial, pois, embora tivesse sido demonstrada sua função na
atividade da urease, não houve nenhuma evidência de que a falta deste nutriente
diminuísse a produção de sementes ou a viabilidade delas.
A confirmação final de que o Ni é um nutriente essencial para as plantas veio a
partir do trabalho de Brown e seus colaboradores, os quais foram capazes de
demonstrar que o Ni é requerido para a viabilidade da cevada (BROWN et al., 1987a).
Cultivando plantas de cevada por três gerações em meio nutritivo sem Ni, as
sementes produzidas apresentaram concentrações extremamente baixas deste
micronutriente. A porcentagem de germinação dessas sementes decresceu
linearmente com concentrações de Ni abaixo do nível crítico de 100 µg kg-1. A
viabilidade dessas sementes defi- cientes em Ni não pôde ser restabelecida por sua
imersão em solução contendo o nutriente, demonstrando que ele é essencial para o
64
desenvolvimento normal das plantas-mãe e, portanto, para que o ciclo de vida da
planta de cevada se complete.Os autores também conseguiram induzir sintomas de
deficiência de Ni em trigo, aveia e cevada mostrando clorose internerval e
similaridades com as deficiências de Fe, Mn, Zn e Cu (BROWN et al., 1987b).
A deficiência de Ni em plantas cultivadas em solo foi relatada em apenas uma
cultura, de árvores de noz-pecan no sudeste dos Estados Unidos, as quais
apresentaram folhas pequenas em forma de concha (“orelha-de-rato”) e madeira
quebradiça (WOOD et al., 2003).
9.4. SELÊNIO
O Se encontra-se nos tecidos vegetais em concentrações inferiores a 1 mg/kg.
Em solos com elevada disponibilidade do elemento, espécies forrageiras podem
apresentar concentrações excessivamente elevadas a ponto de serem constatados
casos de toxicidade em animais.
Quanto a seus efeitos benéficos, existem poucos casos na literatura com relatos
de respostas positivas, os quais se restringem a poucas espécies e em concentrações
muito baixas.
9.5. SILÍCIO
O Si é elemento abundante na litosfera e, por isso mesmo, os trabalhos que
procuram determinar sua essencialidade, ou mesmo efeitos benéficos ao
crescimento, requerem especiais precauções quanto à contaminação.
Grande diversidade de efeitos benéficos do Si tem sido descrita para diferentes
espécies. Resistência à infecção por fungos, a ataques de insetos, e à toxidez de Mn
são exemplos clássicos. A deposição de SiO2 na parede celular de folhas e do caule,
de cana-de-açúcar, de arroz e de sorgo, parece conferir considerável rigidez a essas
estruturas.
65
Ensaios utilizando solo demonstraram efeitos indiretos do Si no crescimento de
plantas. Aumento da disponibilidade de P e decréscimo na solubilidade de Al e de
metais pesados são exemplos. No entanto, evidências claras de sua essencialidade
não foram observadas.
9.6. SÓDIO
O Na não é considerado um nutriente essencial para a maioria das plantas, mas
para algumas espécies pertencentes ao gênero Atriplex encontrados na Austrália
e no Chile sua essencialidade tem sido demonstrada. Alguns trabalhos sugerem
que o Na, quando em baixas concentrações, propicia maior crescimento a plantas C4.
Na realidade, o íon Na+ tem-se mostrado capaz de substituir o K+ em algumas
funções relacionadas com o equilíbrio iônico interno das plantas.
Mais comentários sobre o Na poderão ser encontrados no módulo referente a
correção de solos sódicos.
66
TABELAS DE INTERPRETAÇÃO DE ANÁLISES DE SOLO
1. pH
Acidez
Determinação
Elevada Média Fraca
68
2. ALUMÍNIO (𝑨𝒍𝟑+)
3. H + Al
Classificação
Característica Método Unidade
Baixo Médio Alto
CTC (T) SB + H + Al cmolc /dm³ < 4,5 4,5 – 10 > 10
69
6. CTC EFETIVA (t)
Classificação
Elemento Método Unidade
Baixo Médio Alto
CTC efetiva (t) SB + Al³+ cmolc /dm³ < 2,5 2,5 – 6,0 > 6,0
Classificação
Elemento Método Unidade
Baixo Médio Alto
Saturação em 𝑺𝑩
x 100 % < 50 50 – 70 > 70
bases (V) 𝑻
Classificação
Elemento Método Unidade
Baixo Médio Alto
Saturação em 𝑨𝒍𝟑+
x 100 % < 50 50 – 70 > 70
alumínio (m) 𝒕
Classificação
Elemento Método Unidade
Baixo Médio Alto
Matéria
Colorimétrico dag/kg < 1,5 1,5 - 3,0 > 3,0
orgânica (MO)
70
10.FÓSFORO REMANESCENTE (P–rem)
71
Tabela 14. Classes de interpretação para fósforo disponível em função da cultura e
do fósforo remanescente (P-rem).
Classificação
P–rem
P Método Cultura Baixo Médio Alto
mg/L mg/dm³
< 20 <5 5 – 10 > 10
Perene 20 – 40 < 10 10 – 20 > 20
> 40 < 20 20 – 30 > 30
< 20 < 20 20 – 40 > 40
Mehlich-1 Anual 20 – 40 < 40 40 – 60 > 60
> 40 < 60 60 – 80 > 80
< 20 < 30 30 – 60 > 60
Hortaliça 20 – 40 < 60 60 – 100 > 100
> 40 < 100 100 – 150 > 150
Tabela 15. Classes de interpretação para fósforo disponível pelo extrator Resina
em função da cultura.
Classificação
Método Cultura Muito
72
11.POTÁSSIO DISPONÍVEL (K)
Classificação
Método
Muito Baixo Baixo Médio Alto Muito Alto
Classificação
Elemento Método Unidade
Baixo Médio Alto
Cálcio (Ca) KCl 1 mol/L cmolc /dm³ < 1,5 1,5 – 4,0 > 4,0
Magnésio (Mg) KCl 1 mol/L cmolc /dm³ < 0,5 0,5 – 1,0 > 1,0
73
13.ENXOFRE (S)
Classificação
Elemento Método
Baixo Médio Alto
mg/dm³
14.MICRONUTRIENTES
1. CALAGEM
É recomendada quando o solo apresenta baixa V, elevada acidez e elevado teor
de Al3+. O calcário, constituído por carbonatos de cálcio e magnésio (CaCO3 e MgCO3
), quando aplicado ao solo se dissocia em íons de 𝐶𝑎2+, 𝑀𝑔2+e 𝐶𝑂32-. Este último é o
responsável pela neutralização do H+ , elevando assim o pH do solo.
Com a elevação do pH, ocorre a redução da solubilidade do alumínio, que passa
da forma tóxica Al3+ para a forma insolúvel 𝐴𝑙 (𝑂𝐻)3. Portanto, a calagem eleva o
pH, neutraliza o Al3+ e aumenta a saturação por bases do solo (V) pela elevação dos
teores de Ca e Mg.
A determinação da necessidade de calagem (NC) pode ser feita por diversos
métodos. No Estado do Espírito Santo, o método mais comumente utilizado é o da
saturação por bases, que tem por objetivo elevar a V do solo a um valor adequado à
cultura.
(𝑽𝟐 − 𝑽𝟏) 𝑻
𝑵𝑪 =
𝟏𝟎𝟎
A saturação por bases exigida para cada cultura pode ser encontrada nos
manuais de recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes. De modo geral, o
nível de exigência em bases das culturas pode ser assim classificado:
Hortaliças: V2 = 70% a 80%
76
Culturas anuais e perenes: V2 = 60% a 70%
Espécies florestais: V2 = 50% a 60%
77
toda a área do hectare. Para o caso de aplicação em faixas, a quantidade
recomendada por hectare deve ser corrigida proporcionalmente para a área de
aplicação. Por exemplo: em uma cultura com espaçamento de 3x1m, com aplicação
do calcário nas linhas das plantas em faixas de 1,5 m de largura, a quantidade de
calcário recomendada por hectare deverá ser reduzida pela metade, pois a superfície
de aplicação será de 50% da área de um hectare.
2. GESSAGEM
O uso do gesso agrícola (𝐶𝑎𝑆𝑂4. 𝐻2𝑂) é indicado para solos com elevado teor
de Al3+ e/ou baixos teores de Ca e Mg em camadas subsuperficiais. A aplicação de
gesso deve ser realizada somente para situações em que for comprovada a sua
necessidade, de modo a evitar a lixiviação de bases para profundidade além do
alcance das raízes.
Atenção especial deve ser dada a solos arenosos com baixa CTC, onde há grande
facilidade de lixiviação de nutrientes. Assim, o gesso só deve ser recomendado para
situações em que a análise do solo da camada de 20-40 cm apresentar teor de Al3+
superior a 0,5 cmolc/dm³ e/ou teor de Ca2+ inferior a 0,5 cmolc/dm³. O cálculo da
dose de gesso deve ser baseado na análise do solo da camada de 20-40 cm, sendo a
dose igual a 30% da NC determinada para essa profundidade.
79
FERTILIZANTES
1. INTRODUÇÃO
Esquematicamente, toda a cadeia produtiva de fertilizantes minerais, cujo
complexo produtor envolve atividades que vão desde a extração da matéria-prima
até a composição de formulações aplicadas diretamente na agricultura. O segmento
extrativo mineral fornece as matérias-primas básicas dos fertilizantes, principalmente
o gás natural, o RASF (resíduo asfáltico do petróleo) e a nafta, além da rocha fosfática,
do enxofre e das rochas potássicas. Com base nesses insumos, obtêm-se então as
matériasprimas intermediárias, sobretudo o ácido sulfúrico, o ácido fosfórico, a
amônia anidra e os fertilizantes simples, dos quais resultam os fertilizantes básicos,
como a uréia, o sulfato de amônio, o MAP, o superfosfato simples e o cloreto de
potássio, que, por fim, originam os fertilizantes granulados e as misturas de
formulação NPK, complexos.
2. FERTILIZANTES MINERAIS
82
2.1. NITROGENADOS
A principal fonte de nitrogênio para fertilizantes é a amônia anidra, que é um
gás. Porém, também é possível extrair esse elemento a partir de minerais, como a
nitromagnesita [Mg(NO3)2 . XH2O], que é encontrada em regiões áridas do mundo.
O papel do nitrogênio no crescimento das plantas é como um importante constituinte
de proteínas.
2.2. FOSFATADOS
Os fosfatos são uma classe de minerais com composição bem variada. Embora
sua quantidade em peso na crosta terrestre seja relativamente pequena, tem sido
utilizado extensivamente para produção de fertilizantes. Os produtos obtidos através
das rochas ricas em fosfatos, principalmente do mineral apatita, são os superfosfatos,
termofosfatos e fosfatos acidulados com composição variada.
Dentre estes, os termofosfatos apresentam melhores resultados, logo que são
insolúveis em água, mas solúveis em soluções do solo. O que dificultaria o
escoamento do íon fosfato. E, além disso, micronutrientes como o magnésio podem
ser incorporados diretamente a ele. Sua desvantagem é o alto gasto energético para
sua produção, elevando seu valor.
2.3. POTÁSSICOS
O potássio está presente em numerosos minerais, a maioria com presença
significativa de potássio em sua composição. Mais apenas um pequeno número deles,
constituído por cloretos e/ou sulfatos, são considerados de interesse econômico.
Devido principalmente, ao seu conteúdo em potássio e à sua fácil solubilização.
Geralmente o elemento é obtido das reservas de sais de potássio que ocorrem na
forma do minério silvinita. Uma mistura de silvita (KCl), halita (NaCl), e carnalita
(KMgCl3 . 6H2O), que contêm minerais extremamente solúveis em água. Que podem
fornecer o potássio móvel necessário ao desenvolvimento das plantas.
83
O beneficiamento desse minério é feito em diversas etapas, visando retirar as
impurezas (minerais não desejados) da rocha. Sendo ainda necessário que o minério
possua teor maior que 30% de fosfato (P2O5), para que possa ser beneficiado.
Apesar de os potássicos serem os principais, existem diversos outros tipos de
fertilizantes minerais que são aplicados na agricultura atualmente. Além de estudos
que buscam novas e melhores formas de extraí-los. Assim, a aplicação de fertilizantes
minerais é bastante benéfica para a agricultura, visto que eles são absorvidos
rapidamente pelas plantas e aceleram seu crescimento.
3. FERTILIZANTES ORGÂNICOS
Os fertilizantes orgânicos sólidos e líquidos, são todos aqueles materiais de
procedência vegetal ou animal que podem ser utilizados para fertilizar os solos como
um todo e assim adubar as culturas. Eles devem ter alto valor agregado e baixo custo
de aquisição e produção. Eles podem ser produzidos à partir de matérias primas
próprias ou adquiridos de terceiros e se diferenciam dos adubos convencionais pela
sua atividade e atuação sobre o solo, as plantas e o ambiente, onde normalmente tem
efeitos positivos como um todo, produzindo menores impactos que os convencionais.
Os produtos orgânicos a serem utilizados para a fertilização não podem ser
provenientes de resíduos contaminados por metais pesados e componentes químicos
tóxicos e precisam ser homologados pela legislação e regulamentações das entidades
certificadoras de agricultura orgânica, tanto à nível nacional, quanto internacional.
Vários materiais orgânicos podem ser utilizados como fertilizantes. Os
fertilizantes orgânicos aplicados no solo precisam ser mineralizados, pois as plantas
não absorvem compostos na forma orgânica. Além de contribuir com a melhoria da
fertilidade dos solos, os resíduos orgânicos contribuem com a melhoria da agregação
do solo, da estrutura, da aeração, da drenagem e da capacidade de
84
armazenagem do solo. O adubo orgânico é constituído de resíduos de origem animal
e vegetal que, ao se decompor, vira húmus. O húmus é o fruto da ação de diversos
microorganismos sobre os restos animais e vegetais.
85
ADUBAÇÃO MINERAL
1. INTRODUÇÃO
Fertilizantes são materiais que tem a função de fornecer nutrientes que são
necessários e de grande importância em diversas fases fenológicas às plantas, seja na
germinação, no crescimento, desenvolvimento, produção e reprodução. Os
fertilizantes podem fornecer um ou mais nutrientes.
Os fertilizantes mais usuais no mercado hoje são os chamados químicos, ou
minerais, que são os industriais. Ou seja, os fertilizantes minerais são produzidos por
meio de processos químico-industriais, que tem como objetivo específico serem
usados como fonte de nutrientes para as plantas.
Hoje em dia, os fertilizantes são essenciais nos sistemas de produção agrícola
para reposição de nutrientes extraídos do solo na forma de alimentos (grãos,
forragem, bioenergia, dentre outros).
88
Complexo granulado: É uma mistura de matérias-primas cujo resultado é o
surgimento de novos compostos químicos. Exemplo: NH3 (g) + H2 PO4 (l) + KCl
(pó) NH4H2 PO4 + KCl
Líquidos ou fluídos: São fertilizantes que se encontram no estado líquido. Podem
ser divididos em duas classes: Soluções: são os fertilizantes líquidos que se
apresentam na forma de soluções verdadeiras, isto é, isentas de material sólido.
Suspensões: são os fertilizantes líquidos que se apresentam na forma de
suspensões, isto é, uma fase sólida dispersa num meio líquido. Exemplos:
Aquamônia e URAN.
Gasosos: São os fertilizantes que se apresentam no estado gasoso, nas condições
normais de temperatura e pressão. O único fertilizante que se apresenta nesta
forma é a amônia anidra.
3.1. SOLUBILIDADE
Para avaliação da solubilidade de fertilizantes nitrogenados e potássicos
(Tabela 20), geralmente são utilizados os teores solúveis em água, enquanto que em
fertilizantes fosfatados, são utilizados para recomendação os teores solúveis em água
e em citrato neutro de amônio e ácido cítrico.
89
TABELA 20. Produto de solubilidade de diferentes fertilizantes usados na agricultura.
Fertilizantes Produto da Solubilidade ¹
Ácido fosfórico 45,7
Ácido bórico 5,0
Cloreto de cálcio 60
Cloreto de potássio 34
DAP 40
MAP 22
Gesso 0,241
Nitrato de amônio 190
Nitrato de potássio 31
Sulfato de amônio 73
Sulfato de potássio 11
Superfosfato simples 2
Superfosfato triplo 4
Sulfato de manganês 105
Sulfato de zinco 75
Sulfato de cobre 22
Ureia 100
¹ O produto de solubilidade pode ser definido como a quantidade do fertilizante que pode ser
dissolvida em 100 mL de água.
Fonte:
3.2. HIGROSCOPICIDADE
Refere-se à capacidade do fertilizante absorver água da atmosfera e tem
implicação direta sobre a compatibilidade entre fertilizantes na produção de misturas.
90
Essa tendência do fertilizante em absorver água é expressa pela umidade
relativa crítica (𝑈𝑟𝑐) que é a umidade relativa máxima a que determinado fertilizante
pode ser exposta sem que ocorra absorção de água.
Algumas misturas de fertilizantes são incompatíveis porque ocorre uma
diminuição do valor da (𝑈𝑟𝑐). Um exemplo é a mistura de ureia e nitrato de amônio
que possui 𝑈𝑟𝑐= 18,1%.
Uma das principais maneiras de reduzir o problema da higroscopicidade em
fertilizantes é a granulação. Outra alternativa é o recobrimento dos grânulos com
materiais como caulim, enxofre, parafina, polímeros, formaldeído e fosfatos naturais,
dentre outros.
3.3. SALINIDADE
É caracterizada pelo índice salino (IS) do fertilizante, que é a pressão osmótica
causada pelo fertilizante quando aplicado no solo. A referência é o nitrato de sódio:
NaNO3 (IS = 100); (Tabela 21).
3.4. REAÇÃO
Capacidade de alterar a reação do meio no qual eles são solubilizados (reação
ácida ou alcalina); (Tabela 22).
Reação ácida: expressa em termos da quantidade de CaCO3 necessária para
corrigir a acidez gerada pelo fertilizante.
Reação alcalina: expressa em termos da quantidade de CaCO3 que gera
alcalinidade equivalente à gerada pelo fertilizante.
92
Sulfato de potássio em magnésio 0
Superfosfato simples 0
Superfosfato triplo 0
Termofosfato magnesiano -8
Farelo de algodão 90
Composto de lixo - 70
Caule de planta de fumo - 250
¹ kg de CaCO3 equivalente, em excesso.
Fonte: BOLETIM TÉCNICO – UFLA – 2012
3.5. DENSIDADE
É a característica dos fertilizantes que relaciona massa e volume do produto. O
conhecimento da densidade é importante no dimensionamento de áreas de
armazenamento e de embalagens.
Como exemplos de densidade de fertilizantes sólidos podem ser citados os
valores da ureia: 1,33 g cm-3; fosfato diamônico: 1,78 g cm-3 e; KCl: 1,99 g cm-3 . A
densidade é uma característica muito importante em adubos líquidos porque afeta
diretamente a fluidez e a viscosidade e, consequentemente, a dosagem a ser aplicada
do fertilizante fluído.
Como exemplos de densidade de fertilizantes líquidos podem ser citados os
valores do URAN, 1,326 g cm-3, sulfuran 1,26 g cm-3 e Aquamônia 0,89 g cm -3.
93
ADUBAÇÃO ORGÂNICA
1. INTRODUÇÃO
Fertilizantes orgânicos tanto os sólidos quanto os líquidos, são materiais que
tem origem animal ou vegetal e podem ser utilizados como adubos para fertilização
dos solos como um todo e assim adubar as culturas. Visto disso, esses fertilizantes
devem ter muito valor agregado e baixo custo tanto para a sua aquisição quanto para
a sua produção.
Os adubos orgânicos podem ser produzidos a partir de matérias primas
próprios ou serem adquiridos de terceiros e se diferenciam dos adubos convencionais
pela sua atividade e atuação sobre o solo, as plantas e o ambiente, onde normalmente
tem efeitos positivos como um todo, produzindo menores impactos que os
convencionais.
Os produtos orgânicos destinados à adubação devem ser devidamente
processados para que não haja nenhum tipo de resíduo contaminado por metais
pesados e componentes químicos que sejam tóxicos, além de ser obrigatória a
homologação pela legislação e regulamentação pelas entidades certificadoras de
agricultura orgânica, tanto a nível nacional, quanto a nível internacional.
Vários materiais orgânicos podem ser utilizados como fertilizantes, porém
devem ser mineralizados, pois as plantas não absorvem compostos em forma
orgânica, apenas em forma mineral.
Dessa forma, além de estarem contribuindo para a fertilidade dos solos, os
resíduos orgânicos contribuem com a melhoria dos agregados do solo, da estrutura,
aeração, drenagem e capacidade de armazenamento no solo.
O adubo orgânico é constituído de resíduos de origem animal e vegetal que, ao
se decompor, vira húmus. O húmus é o fruto da ação de diversos microrganismos
sobre os restos animais e vegetais.
Os sistemas agropecuários dão origem a vários tipos de resíduos orgânicos, os
quais, corretamente manejados e utilizados, transformam-se em fornecedores de
nutrientes para a produção de alimentos e melhoradores das condições físicas,
químicas e biológicas do solo.
Quando inadequadamente manuseados e tratados, constituem fonte de
contaminação e agressão ao meio ambiente, especialmente quando direcionados
para os mananciais hídricos. A produção econômica, tanto de grãos quanto de
pastagens, pressupõe a oferta de nutrientes às plantas, oriunda de uma fonte que
não o solo, em quantidade e qualidade compatíveis com a obtenção da produtividade
que se pretende.
Essa fonte são os adubos químicos e orgânicos, que podem ser usados de
maneira exclusiva ou associados. As culturas, especialmente as produtoras de grãos,
após sua colheita, deixam uma grande quantidade de resíduos contendo nutrientes
retirados do solo.
As produções animais recebem seus alimentos através dos concentrados e das
plantas cultivadas e nativas. Somente uma parte desses elementos contidos nos
alimentos ingeridos pelos animais resulta em ganho de peso e crescimento, sendo a
maior parte eliminada através do esterco e da urina.
A transformação dos resíduos em insumos agrícolas de baixo risco ambiental
exige a adoção de adequados processos de manejo, tratamento, armazenamento e
utilização. O princípio da sustentabilidade dos processos se verifica na implantação
dos sistemas de produção pecuários, cujos projetos e programas integram as
construções e equipamentos de manejo dos animais, bem como a estrutura de
armazenamento, manejo, tratamento e utilização dos resíduos gerados.
As dietas, tanto para suínos e aves quanto para bovinos, são oriundas de
sistemas de produção de grãos e forragens, exigindo cuidadoso balanceamento para
um resultado técnico e econômico. Sabe-se que a alimentação representa a maior
parte do custo final da produção.
96
2. RELAÇÃO CARBONO/NITROGÊNIO (C/N)
A proporção C/N na matéria orgânica do solo é fator importante sobre vários
aspectos, dos quais os mais significativos são: uma adição ao solo de resíduos com
relação C/N elevada, motiva a competição pelo N disponível entre os microrganismos;
e as plantas e resíduos com relação C/N baixa (leguminosas), podem favorecer o
desenvolvimento microbiológico no processo de decomposição, implicando em maior
quantidade de N mineralizado.
O húmus se apresenta em forma coloidal e pode influir em diversas
propriedades físicas e químicas do solo, como a melhoria da estrutura do solo,
redução da plasticidade e coesão, aumento da capacidade de retenção de água,
amenização da variação da temperatura do solo, aumento da capacidade de troca
catiônica, aumento do poder tampão, compostos orgânicos atuam como quelato e
matéria orgânica em decomposição é fonte de nutriente.
97
TABELA 23. Composição média dos estercos de suínos, bovinos e frangos.
ESTERCOS Kg 𝒎−𝟑 ou tonelada
pH MS % N 𝑷𝟐𝑶𝟓 𝑲𝟐𝑶
Suínos (líquido integral) 7,2 - 7,8 1,3 - 2,5 1,6 - 2,5 1,2 - 2,0 1,0 - 1,4
Suínos (líquido separado) 7,0 - 7,5 0,1 - 0,3 0,7 - 0,9 0,3 - 0,5 0,6 - 0,8
Bovinos(chorume) 7,0 - 7,5 10 - 15 1,5 - 2,5 0,6 - 1,5 1,5 - 3,0
Bovinos (fezes+urina) 6,8 - 7,5 12 - 15 4,5 - 6,0 2,1 - 2,6 2,8 - 4,5
Bovinos (sólido) 7,0 - 7,5 45 - 70 15 - 25 8 - 12 8 - 15
Aves (cama frango) 6,0 - 7,5 65 - 90 24 - 40 20 - 35 18 - 35
Fonte: Adaptado de vários autores.
98
3.2. ORIGEM VEGETAL
Qualquer material orgânico no solo pode ser eventualmente reduzido em
tamanho por pequenos animais e ser decomposto por organismos já nele presentes,
ou que vem do solo. Sua função de fornecedor de nutrientes, como de quase todos
os outros resíduos, depende basicamente do material empregado em seu preparo.
Deve-se destacar que o efeito do composto como agente condicionador do solo,
melhorando suas características físicas, (retenção de água, plasticidade, porosidade,
etc.), talvez seja mais importante que seu efeito fertilizante.
As principais formas de agregar ao solo adubação orgânica de origem vegetal
são:
100
alta concentração de metais pesados, esses aparecerão em concentração ainda
maior no efluente e poderão estar disponíveis para absorção pelas plantas.
4.1. COMPOSIÇÃO
Uma lavoura de milho pode gerar entre 6 e 12 t ha -1 de resíduos vegetais. As
lavouras com maior produtividade de grãos certamente proporcionam quantidades
maiores de resíduos do que as menos produtivas. Esses resíduos contêm quantidades
apreciáveis de nutrientes que se encontram temporariamente imobilizados.
A taxa de liberação para a cultura subseqüente depende do manejo destes. Se
incorporados ao solo, essa taxa se acelera; se mantidos sobre o solo, como cobertura
morta para plantio direto, ela é retardada, observando-se que, quanto menos picada
for, menor é a taxa de decomposição. Decorrente disso, em sistema de plantio direto
há inicialmente maior demanda de nutrientes, especialmente de nitrogênio.
Depois de estabelecido o sistema, a demanda decresce, pois a reciclagem entra
em equilíbrio, quando, então, os nutrientes imobilizados são liberados às
102
plantas. Em média, pode-se considerar que a palhada de milho imobiliza as
quantidades de nutrientes mostrados na Tabela 24.
6 - 12 30 - 45 4-6 50 - 70 12 - 20 5-7
103
ADUBAÇÃO FOLIAR
1. INTRODUÇÃO
A adubação via foliar é um tipo de aplicação de fertilizantes minerais direto na
folha da planta, através da absorção total, seja ativa ou passiva, com o uso destes
nutrientes por toda planta. Não se limitando a uma terapia local da folha, e assim
suprindo as carências nutricionais sem qualquer lugar da morfologia da planta.
A adubação foliar não se limita à aplicação de soluções nutritivas apenas à
folhagem das plantas, o tratamento pode se estender também para os ramos, sejam
novos ou já adultos e também nas estacas e troncos por meio das pulverizações, o
que é designado de adubação caulinar.
A adubação foliar é utilizada como complemento da adubação via solo, de
forma rápida e eciente. Atualmente, a prática está no planejamento e manejo da
produção de praticamente todas as espécies cultivadas.
Com o alto potencial produtivo das cultivares utilizadas atualmente, adubar via
foliar impulsiona a produtividade e proporciona resposta rápida das plantas
cultivadas.
A recomendação de fertilizantes foliares deve seguir a necessidade nutricional
das plantas na lavoura, que pode ser verificada com a diagnose foliar. A análise da
folha é a maneira mais precisa para identicar falta de nutrientes.
105
superfície das folhas, passando pela penetração desse nutriente nas folhas,
terminando com a distribuição para os demais órgãos da planta:
106
na absorção pelas raízes. No entanto, a absorção pelas folhas é mais dependente de
fatores externos, como a umidade relativa e a temperatura ambiente, do que a
absorção radicular.
108
Esquema ilustrativo da quelatização.
Não são todos os elementos que podem ser quelatizados: o nitrogênio, fósforo,
boro, molibdênio, enxofre e cloro não podem passar por esse processo.
110
TABELA 25. Fatores que influem na eficiência da adubação foliar
Fatores relacionados ao
Fatores relacionados à planta Fatores relacionados à solução
ambiente
O efeito de quaisquer desses fatores varia com as condições tanto do solo como
do ambiente, o que pode tornar a resposta da adubação foliar muito variável e
complexa. O manejo de todos os fatores mencionados determinará a eficiência
agronômica da aplicação.
A adubação foliar poder ser afetada por fatores inerentes à planta, aos
nutrientes, às soluções pulverizantes e por fatores externos. Quanto aos fatores
relacionados à planta, podem-se destacar:
a) A estrutura da folha
Já que condições como cutícula fina, alta frequência de estômatos e número
elevado de ectodesmas podem favorecer a absorção de nutrientes. Além disso, a
absorção é menos intensa na página adaxial do que na abaxial.
111
b) A composição química da folha
Já que cutículas bem hidratadas são bastante permeáveis à água e aos
hidrossolúveis, bem como as substâncias lipoides penetram mais facilmente nas
folhas mais velhas.
c) A idade da folha
Uma vez que a absorção de nutrientes é mais intensa nas folhas novas do que
nas adultas e nas velhas.
a) A mobilidade
Já que os nutrientes podem ser classificados como móveis (nitrogênio, fósforo,
potássio, magnésio, cloro e molibdênio), parcialmente móveis (enxofre, cobre, ferro,
manganês e zinco) e imóveis (cálcio e boro) (Malavolta, 2006);
112
a) A solubilidade dos nutrientes
Já que o conhecimento do grau de solubilidade dos sais evita a formação de
resíduos insolúveis nas folhas (injúrias).
c) Efeitos do pH
Efeitos diretos na absorção e disponibilidade dos elementos.
a) A luz
Já que a energia luminosa é utilizada na absorção iônica pelas células e favorece
também a translocação dos nutrientes. A luz intensifica a produção de cera superficial
da folha;
113
b) A disponibilidade de água no solo
Uma vez que planta com boa disponibilidade de água no solo mantém túrgidas
as células, favorecendo a penetração foliar dos nutrientes.
c) A temperatura
Em geral, a absorção aumenta com a elevação da temperatura e diminui com
seu abaixamento (metabolismo). A temperatura também favorece a evaporação na
superfície das folhas e aumenta a concentração dos nutrientes, o que favorece a
penetração de maior quantidade de íons no apoplasto (pode ser tóxico).
d) A umidade atmosférica
A absorção foliar é favorecida pela elevada umidade atmosférica, pois mantém
a cutícula hidratada. Alta umidade e baixa temperatura podem formar neblina ou
orvalho (a diluição pode inverter o gradiente) e podem prejudicar a absorção. A baixa
umidade favorece a evaporação e eleva a concentração a níveis tóxicos.
5. SOLUÇÃO DE NUTRIENTES
A entrada de um íon ou molécula na superfície da folha é o princípio da
adubação foliar. Além da pressão negativa no estômato e as injúrias nas cutículas das
folhas, a entrada da solução requer outros cuidados, principalmente com relação aos
nutrientes que serão disponibilizados na aplicação.
114
Os princípios para uma boa solução incluem formulação nutritiva, atomização
e transporte das gotículas formadas até a parte externa da planta, molhamento e
espalhamento da superfície da folha, retenção da solução e formação do depósito de
pulverização na planta, penetração e distribuição dos nutrientes.
Em quase todos os casos, a água é a matriz mais usual das adubações foliares.
Com isso, dependendo das características da superfície, o contato das gotas de água
pode ser limitado. Isso ocorre devido à característica hidrofóbica da superfície foliar.
A solução de nutrientes não é só uma mistura de água e sais. A calda aplicada
nas plantas há também agentes que melhoram a permanência da calda na folha e sua
absorção.
115
5.3. AGENTES MOLHANTES E ESPALHANTES
Funcionam como detergentes, pois quebram a tensão supercial da gota da
solução que está sobre a folha. Com a menor tensão supercial, a solução ca mais
aderida à superfície da folha, permitindo o espalhamento da solução e o
umedecimento da superfície foliar. Além desses agentes, podemos citar vários outros,
com diferentes funções e especificidades.
116
6. MÉTODOS DE APLICAÇÃO
Cada espécie vegetal possui características foliares diferenciadas em relação a
absorção foliar. As pulverizações grosseiras que produzem gotas muito grandes, que
molham em excesso a folhagem, provocam um gotejamento excessivo e o
escorrimento da solução para o solo, havendo, portanto, desperdício e diminuição
dos resultados esperados.
O uso de bicos pulverizadores de qualidade pode prevenir a formação de gotas
nas folhas que agem como uma lente para a luz do sol, podendo queimálas. Isso
ajudará também a maximizar a quantidade de gotículas que grudará nas folhas
aumentando a absorção.
Pulverizadores de baixo volume podem perder a eficiência. Diversas técnicas
devem ser utilizadas na tentativa de maximizar a absorção foliar de nutrientes que
depende basicamente do tipo de equipamento pulverizador. Deve-se tentar
pulverizar tanto na superfície inferior quanto a superior da folha, quando possível,
facilitando, assim, a absorção pelos dois lados da folha.
Fertilizantes foliares devem ser aplicados quando a planta não está captando
água em sua máxima potência. A aplicação de micronutrientes via foliar é melhor
realizada quando a planta está túrgida (sem déficit hídrico). Os momentos mais
críticos para a aplicação são momentos de grande esforço da planta que são os
períodos de grande crescimento ou quando a planta está saindo do seu estado
vegetativo e passando para um estado reprodutivo. A maioria das aplicações foliares
deve conter Nitrogênio para agir como um eletrólito carregando os íons de
micronutrientes para dentro da planta. Pequenas quantidades de Fósforo são
recomendadas para a circulação interna.
Para que não ocorra deriva dos produtos aplicados deve-se proceder da
seguinte maneira:
117
Utilizar baixa pressão para reduzir a quantidade de pequenas gotas (menor 100
microns). Em boas condições, regule a pressão entre 40-45psi;
7. VANTAGENS E DESVANTAGENS
A adubação foliar pode ser utilizada com sucesso em agriculturas de baixa,
média e alta tecnologias. Ela ajuda a estabelecer o equilíbrio nutricional das plantas
na lavoura, ajustando os níveis foliares próximos ao ótimo. No entanto, como toda
técnica, a adubação foliar possui vantagens e desvantagens.
7.1. VANTAGENS
Menores doses, quando comparadas a aplicações via solo;
Fácil uniformização e distribuição;
Rápida resposta de absorção;
Correção de deficiências nutricionais no mesmo ciclo da cultura.
118
7.2. DESVANTAGENS
Custo dos produtos e custo da aplicação extra pode ser mais elevado;
Idade da folha: vegetações muito novas, que não estão totalmente desenvolvidas,
não têm a capacidade de absorção dos nutrientes e podem sofrer danos;
Menor poder residual da disponibilidade de nutrientes;
Podem ocorrer incompatibilidades com outros produtos.
FERTIRRIGAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
A fertirrigação é uma técnica que objetiva a aplicação de fertilizantes no solo
via água, ou seja, é uma aplicação simultânea de nutrientes e água, através de
sistemas de irrigação.
A depender da realidade da propriedade, é uma forma um pouco mais
eficiente, tanto em aspectos técnicos, quanto em aspectos econômicos, para aplicar
fertilizantes às plantas, principalmente em regiões de clima árido e semiárido, pois
aplicando-se os fertilizantes em menor quantidade por vez, mas com maior
frequência, é possível manter um teor mais uniforme dos nutrientes no solo durante
todo o ciclo e fases fenológicas da cultura, uma vez que dessa forma é possível
aumentar a eficiência das plantas na absorção e uso dos nutrientes, e
consequentemente o aumento da produtividade.
Em resumo, a fertirrigação viabiliza o uso racional de fertilizantes na
agricultura. Uma vez que aumenta a eficiência do seu uso, reduz a mão de obra e o
custo com máquinas, além de flexibilizar a época de aplicação, podendo ser
fracionada conforme a necessidade da cultura.
Na fertirrigação, o tempo de chegada do fertilizante às raízes das plantas é
significativamente reduzido, em razão de que o fertilizante encontra-se misturado na
água que será aplicada ao solo compondo sua solução nutritiva.
Na aplicação convencional, os nutrientes sólidos são depositados próximo da
planta e na superfície do solo e há necessidade de chuva ou irrigação para entrarem
na solução do solo, podendo ou não ser interceptados pelo sistema radicular. Porém,
muitas vezes esses fertilizantes sólidos são depositados em posições que podem não
corresponder à região do solo de maior concentração de raízes.
2. COMPATIBILIDADE DE FERTILIZANTES
Ao preparar uma solução de fertilizantes que envolvem mais de uma fonte de
nutrientes, é obrigatória a verificação da compatibilidade desses fertilizantes, para
que sejam evitados alguns danos problemáticos, como por exemplo, o entupimento
das tubulações e emissores.
O cálcio, por exemplo, não pode ser injetado com um fertilizante que contém
sulfato. Esses cuidados devem ser ainda maiores, quando a água usada na irrigação
tem pH de neutro a alcalino, ou seja, quando as concentrações de Ca + Mg e de
bicarbonatos são maiores que 50 e 150 ppm, respectivamente. O ácido fosfórico não
pode ser injetado via água de irrigação que contenha mais que 50 ppm de cálcio e
nitrato de cálcio e em água que contenha mais de 5,0 meq.L-1 de HCO3-, pois poderá
formar precipitados de fosfato de cálcio.
122
Os procedimentos adequados para aplicação de fertilizantes via água de
irrigação compreendem três etapas distintas. Durante a primeira etapa, deve
funcionar o sistema de irrigação durante um quarto do tempo de irrigação, para
equilibrar hidraulicamente as unidades de rega como um todo. Na segunda etapa, faz-
se a injeção dos fertilizantes no sistema de irrigação, através de equipamentos
apropriados. Na terceira etapa, o sistema deverá continuar funcionando, visando à
complementação do tempo total de irrigação, lavagem completa do sistema e carrear
os fertilizantes da superfície para camadas mais profundas do solo.
A fertirrigação depende da taxa de injeção de fertilizantes, do tempo de
irrigação por unidade de rega e dos tipos e doses de fertilizantes por unidade de rega.
Visto disso, deve também considerar as variedades utilizadas e suas respectivas fases
fenológicas. Como regra geral, dependendo da complexidade do desenho do sistema
de irrigação com relação à fertirrigação, recomenda-se iniciar o processo com
fertilizante potássico, seguido dos nitrogenados, administrando-se as quantidades
aplicadas por unidade de rega, com base no tempo de irrigação.
As propriedades que utilizam o ácido fosfórico como fonte de fósforo, devem
aplicá-lo no final da fertirrigação, pois pode, também, proporcionar a limpeza do
sistema. Caso os fertilizantes sejam aplicados na forma de mistura, as soluções devem
ser preparadas em separado e misturadas, na proporção desejada, de acordo com as
necessidades nutricionais das plantas.
Uma alternativa mais recente, no sentido de amenizar a complexidade da
injeção de fertilizantes, via água de irrigação, é a utilização de adutoras secundárias,
paralelas às adutoras das unidades de rega, cuja finalidade é transportar a solução ou
mistura concentrada até a entrada da unidade de rega específica.
Porém, é necessário que em cada unidade de rega, a injeção da solução seja
feita nos dois quartos intermediários do tempo de irrigação, pois a permanência do
nitrogênio na tubulação, após a fertirrigação, pode favorecer o desenvolvimento de
microorganismos que causam a obstrução dos emissores.
123
3. ASPECTOS BÁSICOS DA FERTIRRIGAÇÃO
3.1. APLICAÇÃO DE ÁGUA E FERTILIZANTES NA SUPERFÍCIE DO SOLO
O sucesso da fertirrigação depende da distribuição de água às plantas, o que
deve ocorrer do modo mais uniforme possível, isto é, o ideal é que todas as plantas
recebam a mesma quantidade de nutrientes. Isso pode ser possível desde que haja a
menor variação possível entre a vazão dos emissores para uma mesma pressão de
serviço e haja a menor variação possível de pressão nas linhas laterais e entre linhas
laterais de um mesmo setor irrigado. Keller e Karmeli (1975) sugerem uma variação
máxima de 5% na vazão dos emissores.
No uso de fertirrigação em aspersão convencional, deve-se espaçar as linhas
laterais e os aspersores de forma a obter o maior coeficiente de uniformidade de
distribuição e de aplicação de água possível. Na irrigação localizada, o uso de
emissores autocompensantes garante uma vazão uniforme na linha lateral,
minimizando o efeito da variação de pressão.
A fertirrigação se adequa muito melhor ao sistema de gotejamento que ao
sistema de microaspersão, porque no gotejamento o sistema radicular da cultura
coincide com as regiões de maiores valores de umidade do volume molhado gerado
por um ou mais gotejadores, otimizando com isso o aproveitamento dos fertilizantes.
Na microaspersão, o mesmo ocorre quando se usa um microaspersor por planta ou
quando se usa uma faixa molhada contínua; entretanto, é comum o uso de um
microaspersor para quatro plantas no caso de fruteiras como a bananeira e o
mamoeiro, cujo emissor é posicionado no centro das quatro plantas.
A distribuição individual da água próxima ao microaspersor tende a concentrar
água próxima a ele e consequentemente concentrar também os fertilizantes num raio
que, dependendo da vazão do emissor e do espaçamento entre plantas, pode não
promover uma distribuição correta dos fertilizantes, prejudicando a sua absorção
pelas plantas. No uso de um emissor para quatro
124
plantas, deve-se ater-se à escolha de um emissor que tenha um raio de ação
suficiente para aplicar os fertilizantes no entorno das plantas.
3.3.1. NITROGÊNIO
O nitrogênio pode ser aplicado via água de irrigação a partir de diferentes
fontes. Na fonte amídica, a ureia reage com a água (hidrólise), formando amônia
(NH3) e gás carbônico (CO2) pela ação da enzima urease, se estiver presente no solo.
Da hidrólise, resulta o íon amônio (NH4 +), que é adsorvido pelos coloides ou
partículas eletricamente carregadas (negativamente) do solo. O movimento desse íon
depende da sua concentração e da capacidade de troca catiônica do solo (CTC). Se a
CTC do solo for significativa, o próprio solo ajudará na retenção do movimento dos
íons de amônio.
Esses íons reagirão biologicamente no solo resultan do em nitratos, o que pode
ocorrer ao longo de duas a três semanas no solo, a temperaturas entre 25 °C e
125
30 °C. Todas as formas de amônio resultarão em nitratos. A nitrificação se desenvolve
melhor em condições de pH do solo entre 7 e 9,5. A aplicação de fontes amoniacais
em solos alcalinos, a altas temperaturas e umidades do solo baixas, implica
volatilização direta do amônio.
No uso de fontes de nitrogênio amoniacal, deve-se observar que o amônio é
um íon e que, uma vez lançado pelo emissor no volume molhado, o NH4 + será
adsorvido pelos coloides do solo que servirão de freio ao seu movimento, dando
continuação assim que se satisfizer a capacidade de troca catiônica do solo. Outro
ponto a ser observado é que a nitrificação requer a presença de bactérias aeróbicas.
Assim, a nitrificação não ocorre muito próxima do gotejador, onde as condições
tendem a ser anaeróbicas.
A nitrificação ocorrerá a distâncias maiores do emissor. As fontes nítricas, uma
vez aplicadas ao solo via água, hidrolizam-se liberando o NO3 - que é utilizado
diretamente pelas plantas (FASSBENDER, 1986).
Os nitratos são altamente solúveis em água e não são adsorvidos às partículas
do solo, o que os torna altamente móveis tanto por convecção como por difusão no
solo.
Dessa forma, após a transformação do amônio em nitrato, sucessivas irrigações
podem levar esses íons às bordas do volume molhado. Caso a irrigação seja feita de
forma a gerar perda por percolação, certamente haverá lixiviação de nitratos. Exceto
o nitrato de amônio, as demais fontes nítricas são neutras. Um ponto a ser observado
no uso das fontes de nitrogênio comuns em fertirrigação é o balanço catiônico-
aniônico na solução do solo.
Nesse balanço, um tipo de cátion ou ânion em excesso na solução poderá ser
mais absorvido pelas raízes, limitando a absorção de outros cátions importantes
(VIEIRA et al., 2001).
Caso se aplique nitrogênio na forma de NH4 + em excesso, isso provocará uma
redução da absorção dos outros cátions, K+, Ca2+ e Mg2+, bem como absorção
126
acima do normal de fosfatos, sulfatos e cloretos. O aumento de NO3 - na solução do
solo provoca a redução da absorção do fosfato e sulfatos e aumento da absorção de
K+, Ca2+ e Mg2+ (BURT et al., 1995).
As perdas de nitrogênio na fertirrigação podem ocorrer pela lixiviação ou em
razão da denitrificação biológica ou não biológica. Na denitrificação biológica, os
nitratos são reduzidos, convertendo-se em N2 gasoso ou óxido nitroso (N2 O) pela
ação de bactérias anaeróbicas do solo (ROLSTON et al., 1979).
(FASSBENDER, 1986)
127
3.3.2. FÓSFORO
O fósforo tem suas restrições à aplicação via água de irrigação pela sua
característica de adsorção à matriz do solo, com consequente baixa mobilidade e
enorme possibilidade de precipitação dos fosfatos (CHASE, 1985; HAYNES, 1985). Se
aplicado na superfície do solo em forma sólida, não se move mais que 3 cm; porém,
em condições de fertirrigação, pesquisas têm registrado movimento de 0,20 m, tanto
horizontal como vertical em profundidade, a partir de um gotejador, num solo franco-
arenoso (ROLSTON et al., 1979). Rauschkoub et al. (1976) aplicaram ortofosfato em
solo franco-argiloso, via irrigação por gotejamento, e observaram que o mesmo se
moveu à distância horizontal do emissor de 0,25 m e à profundidade de 0,30 m,
concordando com Maciel (1998).
O fósforo requer cuidados na aplicação, principalmente no caso de águas com
alto teor de cálcio e magnésio. O uso de ácido fosfórico, nesses casos, mantém baixo
o pH durante a fertirrigação, evitando formação de precipitados no sistema de
irrigação (ROLSTON et al., 1979).
Os sistemas de irrigação localizados são os mais adequados à aplicação de
fósforo via fertirrigação, principalmente o gotejamento, que localiza ainda mais a
aplicação à zona radicular. De toda forma, o fósforo aplicado via fertirrigação em
gotejamento enterrado tem grandes chances de aumentar o desempenho do
nutriente, uma vez que este é depositado dentro da zona de maior atividade do
sistema radicular (BAR-YOSEF, 1999).
3.3.3. POTÁSSIO
O potássio pode ser usado na fertirrigação sem problemas de entupimentos, a
partir das fontes comumente disponíveis para tal fim, mesmo sólidas. A sua
movimentação no solo vai depender da concentração e da CTC do solo, mas, uma vez
saturadas as superfícies de adsorção, haverá menor impedimento à
128
movimentação dos íons. Pesquisas têm mostrado que o potássio aplicado via
gotejamento tem resultado em avanços laterais e verticais do nutriente de 0,60 m a
0,75 m de distância do emissor (ROLSTON et al., 1979).
Avaliações da distribuição do potássio no volume molhado do solo gerado pela
microaspersão em bananeira mostraram que as maiores incidências do nutriente e as
suas maiores variações com o tempo ocorreram até 0,40 m de profundidade no perfil
do solo (SILVA et al., 2002).
3.3.4. MICRONUTRIENTES
Os micronutrientes, tais como ferro, zinco, cobre e manganês, podem reagir
com os sais da água de irrigação, ocasionando formação de precipitados. Assim, seu
uso deve ser feito na forma de quelatos como o ácido etileno diamino triacético
(EDTA), ácido dietileno triamino penta-acético (DTPA) e outros (ROLSTON et al.,
1979), ficando solúveis e mais móveis que na condição original, uma vez que o uso de
quelatos evita a adsorção e a precipitação dos íons. Mesmo assim, com o uso de
quelatos, há possibilidade de que o micronutriente se desprenda e seja substituído
por outros íons, ficando imóvel no solo.
130
3.5. IMPACTOS NO SOLO
A salinização é um processo com potencialidades em condições de cultivos
protegidos em virtude do uso intensivo da adubação, da falta de chuvas ou irrigação
para lixiviar o excesso de fertilizantes e da contínua evaporação da água do solo (DIAS,
2004).
O manejo inadequado da irrigação e da adubação via água de irrigação constitui
uma das principais causas de salinização nas condições de cultivos protegidos. Dias et
al. (2005) observaram, no período de maior exigência nutricional da cultura do
meloeiro, incrementos de ate 1,60 dS m-1 na salinidade da água de irrigação por causa
da fertirrigação em um Luvissolo cultivado com melão fertirrigado, fato que elevou
significativamente a salinidade do solo.
Medeiros (2001) constatou elevação da salinidade de um solo do nível não
salino para moderadamente salino e salino, respectivamente, pelo uso de
fertirrigação em condições de cultivos protegido
ADUBAÇÃO VERDE
1. INTRODUÇÃO
A adubação verde é uma técnica agrícola que promove a reciclagem de
nutrientes do solo por meio do plantio de determinadas espécies de plantas,
preferencialmente as espécies que pertencem à família das leguminosas, gramíneas,
crucíferas ou de cereais a m de tornar o solo mais fértil. Esta técnica visa recuperar
solos degradados, melhorar solos pobres e conservar os que já são altamente
produtivos.
135
palhada. Já as plantas da família das gramíneas produzem uma biomassa de alta
relação C/N, de difícil degradação. Devido a essa característica, é comum observar a
imobilização de nitrogênio do solo pelos microorganismos durante a decomposição
da palhada, o que pode prejudicar os cultivos agrícolas. Além desses aspectos,
palhadas de maior relação C/N oferecem melhor proteção do solo por ficarem mais
tempo recobrindo sua superfície.
Outra característica importante é a sanidade dos adubos verdes, os quais não
devem possuir pragas e patógenos em comum com a cultura principal. Pelo contrário,
é interessante que contribuam com o controle ou redução da pressão de patógenos,
ajudando a manter a cultura principal protegida. Um exemplo típico é o caso das
crotalárias, que funcionam como plantas armadilha, reduzindo a população de
algumas espécies de nematóides de solo.
137
As gramíneas geram uma cobertura residual mais estável, o que beneficia ao
maior acúmulo de matéria orgânica nos solos.
A utilização das gramíneas mais utilizadas são:
Aveia;
Milheto;
Capim Tanzânia;
Capim Mombaça entre outros.
2.2. BENEFÍCIOS
O cultivo periódico de plantas de cobertura, ou adubos verdes, traz uma série
de benefícios, excepcionalmente no que diz respeito às qualidades físicas, químicas e
biológicas do solo. De acordo com Potafós (2005), o uso da adubação verde apresenta
os seguintes benefícios:
Proteção contra a erosão do solo. Com o terreno coberto com planta ou palha, a
energia das gotas de chuva é dissipada, impedindo a desagregação do solo e
evitando o selamento superficial;
Aumento da infiltração de água no corpo do solo, possibilitando maior
armazenamento e evitando o escorrimento superficial;
Possibilidade de aumentar a matéria orgânica do solo, pelo uso contínuo dessa
prática;
Diminuição da amplitude de variação térmica do solo, mantendo a temperatura
mais amena, o que permite o crescimento dos microrganismos e o retorno da vida
no solo;
Papel de arado biológico, uma vez que as raízes dessas plantas normalmente são
profundas e a sua decomposição futura cria galerias e macroporos, que são
interessantes para promover o crescimento de microrganismos em profundidade
e com isso romper barreiras físicas do solo;
138
Promoção da reciclagem de nutrientes pelo crescimento vigoroso do sistema
radicular, que tem capacidade de explorar um volume maior de solo e com isso
promover eficiente reciclagem de nutrientes;
Promoção de aumento da CTC efetiva do solo e da disponibilidade de macro e
micronutrientes;
Colaboração com a diminuição da acidez potencial do solo, com consequente
aumento na soma de bases e no V%;
Fornecimento de nitrogênio no caso de utilizar leguminosas (Fabaceae), para as
culturas seguintes pelo processo de fixação biológica do nitrogênio;
Atuação na redução da população de plantas daninhas pelos processos de supressão
e alelopatia. Nesse caso, é preciso um conhecimento das relações entre espécies;
Melhoria da eficiência no aproveitamento de adubos minerais pelas culturas
seguintes e diminui a lixiviação de nutrientes, principalmente de nitrogênio;
Promoção da integração das atividades agrícolas, uma vez que algumas plantas de
cobertura podem ser utilizadas como forragem na alimentação de animais;
Atuação no controle de fitonematóides, principalmente aqueles formadores de
galhas e cistos, e na redução de inóculos de doenças e pragas, atuando na quebra
do ciclo.
2.3. CUIDADOS
O emprego dos adubos verdes deve ser bem planejado para evitar possíveis
malefícios ou prejuízos com o seu uso.
As espécies utilizadas não devem apresentar dormência de sementes, sendo
que em seu manejo é importante que sejam eliminadas antes de produzirem
sementes viáveis. É necessário também que sejam de fácil eliminação. Tais cuidados
devem ser tomados para que estas plantas não venham a se tornar plantas
indesejáveis.
139
No caso de serem empregadas como cultivo intercalar, é importante observar
o hábito de crescimento e vigor das plantas, para que não venham competir por
recursos com a cultura agrícola, ou prejudicar a execução de algum trato cultural.
Além disso, as plantas utilizadas devem ter boa sanidade e não hospedar pragas ou
doenças que possam vir a prejudicar a cultivo agrícola.
Deve-se também se atentar ao corte das plantas, já que o corte tardio permite
que as espécies introduzidas produzam sementes que serão liberadas no solo. Essas
sementes vão germinar durante sua safra, transformando em plantas daninhas na sua
lavoura. Assim, ao invés de melhorar a rentabilidade da propriedade, estaremos
prejudicando ainda mais.
Por isso ter um bom manejo de plantas daninhas para este sistema é crucial no
resultado final. Além disso, cortes tardios promovem decomposição mais lenta, pois
altos teores de lignina e celulose estão presentes nas plantas.
Cortes precoces favorecem o processo de decomposição das plantas, pois seus
caules e folhas mais novas contém mais elementos minerais que serão de grande
importância às plantas que serão introduzidas posteriormente.
Atente-se também para época ideal de cultivo para cada espécie:
141
SISTEMA DE PLANTIO DIRETO
1. INTRODUÇÃO
As primeiras informações técnicas, sobre o Sistema de Plantio Direto, geradas
pela pesquisa, que surgiram imediatamente após a introdução do sistema no país
foram relativas à sua elevada eficiéncia no controle de erosão. A partir desses
resultados, somados aos conhecimentos proporcionados pelas experiências
individuais dos produtores, pioneiros adotantes, o plantio direto passou ordenado de
ações, cujo resultado almejado é a sustentabilidade do negdcio agrícola. Portanto, o
sistema plantio direto busca expressar o potencial genético das culturas em sua
plenitude, através da maximizacão do fator ambiente e do fator solo, reduzindo,
contudo, a degradacão dos recursos naturais.
Para tal, o sucesso do sistema plantio direto depende de um conjunto de acões
fundamentais que servem de requisitos para sua implantacão e sua continuidade.
Entre esses requisitos, destacam-se aqueles considerados mais essenciais,
procurando fornecer subsídios ao usuário, de modo que sejam enfocados nas
operacões de implantação e manejo do sistema, na forma mais adequada possível. As
acões consideradas requisitos para sucesso do sistema plantio direto são:
sistematização da lavoura; manejo da fertilidade do solo; planejamento de um
sistema de rotacão de culturas; manejo de restos culturais e de culturas de cobertura
de solo; estrutura de máquinas e implementos; e assistência técnica e atualizacão do
usuário.
2. SISTEMATIZAÇÃO DA LAVOURA
Na grande maioria dos casos, as lavouras nas quais se pretende implantar o
sistema plantio direto apresentam sulcos ou depressões no terreno decorrentes de
processos erosivos que sofreram quando submetidas a métodos de manejo de solo
sob intensa mobilizacão da camada arável. Essas "cicatrizes" de erosão têm como
142
inconvenientes concentrar enxurradas e provocar transtornos ao livre tráfego de
máquinas na lavoura, além de constituírem manchas de solo de menor fertilidade em
relação ao restante da área, cujas conseqüências são a seguir abordadas:
3. DESCOMPACTAÇÃO DO SOLO
A degradação da estrutura de um solo normalmente é expressa pela redução
e/ou descontinuidade de sua porosidade. Tais alteracões físicas no perfil de solo são
conseqüências do emprego de técnicas inadequadas de manejo de solo e de culturas
no sistema de produção. Os métodos de preparo de solo que mobilizam
143
intensamente a camada arável são os principais promotores dessas alterações flsicas,
uma vez que fracionam mecanicamente os macroagregados e debilitam sua
estabilidade; pela elevação da taxa de oxidação da matéria orgânica.
Os processos de fracionamento e de desestabilização de macroagregados,
associados a eluviação de argilas dispersas e ao intenso tráfego de máquinas agrícolas
na lavoura, promovem aproximação das partículas do solo, resultando na eliminação
e/ou descontinuidade de seus poros, conseqüentemente elevando a massa de sólidos
por unidade de volume, ou seja, aumentando sua densidade.
A ocorrência desses processos na camada superficial do solo manifesta-se por
meio de um fenômeno denominado encrostamento superficial, o qual reduz a taxa
de infiltraçáo de água, aumenta a enxurrada, dificulta a livre emergência de plântulas
e eleva os riscos de erosão. Na camada subsuperficial do solo, esses processos são
detectados pela presenga de uma camada de maior densidade no perfil,
normalmente chamada camada compactada. A camada compactada reduz a
capacidade de armazenamento de água, reduz a disponibilidade da água estocada
para plantas, reduz a taxa de mobilização da água no perfil do solo, reduz a taxa de
troca gasosa do solo com a atmosfera e limita o desenvolvimento radicular de
culturas.
Solos que apresentam essas características, além de serem altamente
suscetíveis à erosão, mesmo em períodos curtos de estiagem promovem sintomas de
deficiência hídrica em plantas. A cobertura vegetal permanente do solo, seja por
culturas vivas, seja por restos culturais, associada a redução da intensidade de
mobilizacão do solo, constituem as técnicas mais eficazes para solucionar e prevenir
o fenômeno do encrostamento superficial do solo.
Contudo, para solucionar o problema da camada compactada sáo necessárias
técnicas mais complexas.
144
4. DIAGNÓSTICO DA CAMADA COMPACTADA
A camada compactada de um solo, resultante do manejo agrícola inadequado,
normalmente situa-se na profundidade de 7 a 25 cm. O método mais apropriado para
deteccão de sua presença em determinado solo é o exame do sistema radicular de
plantas. Preferencialmente, esse exame deve ser realizado no estádio de máximo
desenvolvimento vegetativo da cultura, observando-se a morfologia das raízes. Na
camada compactada a densidade de raízes é reduzida e estas podem apresentar
deformacões, como tortuosidade, não característica da planta, e perda da secão
cilíndrica, passando a assumir secões achatadas. Essa sintomatologia corresponde aos
esforços da planta para vencer as restrkões impostas pelas condicões fisicas do solo.
O método mais difundido e mais simples de ser executado, não dependendo
de época apropriada para aplicacão, é o do exame do perfil de solo em pequenas
trincheiras. Em trincheiras, com dimensões de 30 crn de lado por 50 cm de
profundidade, abertas em vários pontos da lavoura, a camada compactada pode ser
identificada por meio do aspecto morfológico da estrutura do solo e/ou pela
resistência que o solo oferece ao toque com qualquer instrumento pontiagudo. Os
toques com o instrumento pontiagudo são efetuados a partir da superfície do solo
até o limite inferior da trincheira, anotando-se as profundidades em que-inicia e
termina a maior resistência do solo ao toque.
Para que a camada compactada seja identificada pela análise morfológica da
estrutura do solo, é indispensável o conhecimento da estrutura natural do solo em
observacão, especialmente quanto ao tipo de estrutura e B forma das unidades
estruturais (macroagregados) desse solo.
A estrutura natural do solo pode ser conhecida realizando-se esse mesmo
procedimento em áreas adjacentes a lavoura, ainda sob vegetação natural e
pertencentes a mesma unidade de solo. O penetrômetro e o penetrógrafo são
instrumentos que podem ser usados para identificacão e localizacão da camada
145
compactada em um perfil de solo. Esses aparelhos são basicamente constituídos por
uma haste metálica e um manômetro. O principio de funcionamento desses
aparelhos, para localização de camada compactada, baseia-se no registro da variação
da força necessária para introdução da haste no solo; na medida em que a haste vai
sendo introduzida no solo, o manômetro vai indicando variacóes de forca despendida,
registrando-se a profundidade de início da camada compactada na qual demanda de
força sofre grande incremento e o fim desta, quando essa forca cessa.
146
Umidade do solo: a operação de descompactação do solo é eficaz quando
realizada com o solo na faixa de umidade equivalente a da friabilidade. Em campo,
essa faixa de umidade pode ser facilmente identificada. Coleta-se, a 10 cm de
profundidade, um torrão de solo de aproximadamente 2 a 5 cm de diâmetro e
exerce-se sobre ele leve pressão entre os dedos polegar e indicador. Se o torrão
desagregar-se, sem oferecer grande resistência e sem moldar-se ao formato dos
dedos, o solo encontrase com umidade na faixa de friabilidade.
156
EMBRAPA. Manejo da fertirrigação. Disponível em:
https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia22/AG01/arvore/AG01_53_
24112005115222.html. Acesso em: 11 mai. 2020.
157
REHAGRO. Adubação verde: benefícios na produção sustentável de alimentos.
Disponível em: https://rehagro.com.br/blog/adubacao-verde-beneficios/.
Acesso em: 5 mai. 2020.
158