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Agricultura II

aula nº7
(16/03/2022)
Produtividade primária
• É sempre um rácio entre:
uma quantidade material produzida...
• expressa em unidades de massa (kg, t) e, por vezes em
unidades de energia (Mj)
e a quantidade de fator ou recurso, usado ou em que
se baseou
• Área de terra (m2, hectare)
• trabalho (horas)
• material vegetal usado (nº de plantas, sementes, …)
• nutriente (por kg de N, …)
• Água (m3)
• energia consumida (eficiência energética)
Balanços, Fluxos e Eficiência
Balanços
Entradas - Saídas + Δ armazenamento = 0

Fluxos (condutância x gradiente)


Fluxo de calor a taxa de calor que atravessa uma área unitária (J·m−2·s−1);
Fluxo de difusão, a taxa de movimento de moléculas por área unitária (mol·m−2·s−1);
Fluxo volumétrico, a taxa de volume que atravessa área unitária (m3·m−2·s−1);
Fluxo de massa, a taxa de massa que atravessa área unitária (kg·m−2·s−1);
Fluxo radiativo, a quantidade de energia transferida em forma de fótons numa certa
distância da fonte por unidade de área por unidade de tempo (J·m−2·s−1);
Fluxo de energia, a taxa de energia que atravessa unidade de área (J·m−2·s−1). O fluxo
radiativo e o fluxo de calor são casos específicos de fluxo de energia;

Eficiências
E = O / I ou E = Saídas /Entradas
Intensidade/Extensividade
• Produção média atual
– produção média nacional, regional, local
• Produção máxima atual
– melhores produções alcançadas com recurso à melhor
tecnologia disponível
• Produção potencial
– produção passível de ser obtida para uma espécie em
particular, sem qualquer limitação, à parte a
climática (Produtividade líquida primária)
A Agricultura é intensiva se as produções
actuais são próximas das produções potenciais.
FAO
Yield Gap Analysis
• Yield gap is described as the difference between
actual yield and a benchmark: potential or
attainable yield.

• Potential yield represents the maximum


production for a crop when submitted to specific
weather conditions and theoretically achieved
under ideal management, this is, without water
and nutrients restrictions, and biotic stress
effectively controlled.

• Attainable yield is benchmark that has the same


constraints as Potential yield but in adittion to
water and nutrient restricitons.

• Actual yield is determined by the overall reducing


factors. Being usually the achieved yield on a
farmer’s field.
Características de um ecossistema

• Relações tróficas e fluxos de energia


• Ciclos biogeoquímicos / de nutrientes
• Dominância e estabilidade / Diversidade
• Autoregulação
• Distribuição espacial e temporal dos
elementos
Componente biológica

O ecossistema Consumidores

agrícola
Interacções
bióticas
Produtores
Primários Decompositores

Influência dos organismos vivos Influência do ambiente físico


no ambiente nos organismos vivos

Fluxo de energia Fluxos químicos

Interações físicas e químicas

Clima

Componente Ambiental
Fluxos de energia
Uma cadeia trófica num
LUZERNA VACA HOMEM
sistema agrícola simples:
Produtor primário Consumidor primário Consumidor secundário
Produtor secundário
Produtores
primários
LUZERNA INFESTANTES

Consumidores
primários
AFÍDEOS GAFANHOTOS COELHOS VACAS

CARNE LEITE

PARDAIS FAISÕES HOMEM


Consumidores
secundários
RAPOSAS

DECOMPOSITORES
O processo de produção
• PROCESSO (do lat. processus):
– sucessão de ações com o intuito de atingir um
determinado resultado; série de mudanças
graduais em direção a um determinado
objetivo.
– percurso material da origem até ao produto
final.
produção agrícola
Funcionamento - Como se constrói a
produção agrícola

Trocas de água, carbono e translocação


de assimilados numa planta
Radiação – energia base para o
crescimento e produção
A radiação eletromagnética é uma característica central do ambiente das culturas.

A energia da radiação é o fator que determina: a temperatura do solo e do ar; os


movimentos do vento e da evaporação; e, a fotossíntese.

2 tipos de radiação eletromagnética importantes nos ambientes agrícolas:

(1) radiação solar ou radiação de curto comprimento de onda (0,3-3µm) -


proveniente do sol (temperatura aproximada de 6000ºK)

(2) radiação térmica ou radiação de longo comprimento de onda (5 a 100µm) - tem


origem nos objetos da terra, incluindo solo, plantas, e atmosfera.

A maioria dos objetos, incluindo culturas e solo, estão a uma temperatura próxima de
300ºK a que corresponde um λmax≈9,6µm

ºK = ºC + 273,15
Algumas leis e conceitos importantes
Lei de Wien (estima o comprimento de onda da radiação):
λmax(µm) = 2897/T T(ºK)
Lei de Stefan-Boltzmann (estima a energia total emitida por um corpo):
E (Wm-2)= εσT4
0< ε (emissividade) <1;
σ (constante de Boltzmann) = 5,67 x 10-8 Wm-2K-4
O fluxo de energia E é a radiância por unidade de área da fonte (por vezes
designada intensidade).
A irradiância – é a quantidade de energia recebida por unidade de área, a alguma
distância da fonte.
PAR (photosynthetically active radiation): radiação de comprimento de onda
compreendido entre os 0,4 - 0,7 µm (400-700 nm)
unidade mais usual da PAR: mol m-2 s-1
Lei de Wien
Lei de Stephan-Boltzmann
Espectro de radiação eletromagnética

Wavelength

Frequency (Hz)
Energia solar: radiação
• Constante solar
– A radiância solar é de aprox. 56x1026 cal.min-1
– A energia incidente por unidade de área
numa superfície esférica de raio
1,5x1013cm (a distância média
da terra ao sol) é
π
56x1026 / 4 (1,5x1013cm)2
= 1,9806 cal.cm-2. min-1

Irradiância ≈ 2 cal.cm-2. min-1


Balanço de radiação
A temperatura média da terra varia muito pouco de ano para ano porque a
média da radiação solar recebida (≈ 340Wm-2) é equilibrada por um fluxo similar
de radiação de longo comprimento de onda para o espaço.

A atmosfera é relativamente transparente à radiação de curto λ (radiação solar)


mas é quase opaca à radiação de grande λ da terra, devido a forte absorção
pelo vapor de água, CO2 e outros gases (oxigénio, ozono, óxido nitroso,
metano, ...).

Existe uma “janela atmosférica” para a radiação de longo λ entre os 8-14µm,


que permite a perda de radiação de longo λ para o espaço. A emissão
atmosférica de longo λ é direcionada ao acaso e parte da radiação regressa à
terra. O fluxo descendente de radiação térmica é o principal fator responsável
por manter a terra aquecida. Este efeito do CO2, vapor de água, outros gases e
nuvens, em manter a terra aquecida, designa-se geralmente por efeito de
estufa.
Balanço global de radiação
Balanço de radiação de superfície
Balanço de radiação
Balanço no topo
340Wm-2 incidente
105 reflectida 235 Saída/emitida da atmosfera

Espaço 91
14
72 absorvida
Atmosfera

Superfície 177 incidente 75 34


LE H 330 384
163 absorvida
absorvida emitida

Fonte: Loomis e Connor (1996)

No topo da atmosfera: SWincidente - SWreflectido - LWemitido = 0 Se este balanço no topo da atmosfera


não for nulo, a temperatura da terra aumenta ou diminui.
À superfície da terra, outros termos devem ser incluídos no balanço:
(SWincidente-SWreflectido) + (LWincidente - LWemitido) - Rn = 0
A radiação líquida (Rn) é a diferença no fluxo radiante, entre a superfície da terra e a atmosfera.
Representa trocas com outras formas de energia (as mais importantes são aumento da temperatura
do ar e a evaporação). Rn é essencialmente repartida entre a evaporação da água (LE) e o
aquecimento do ar (H). Rn<0 (na atmosfera) onde o ar é frio (arrefecimento) e a água condensa para
formar as nuvens.
Quando a superfície é uma folha
Balanço de energia de uma cultura
Perda de água

Temperatura do ar
Trocas de
CO2 e H2O
Balanço da radiação

líquida e visível

Superfície

do solo

Temperatura do solo
N, P, K, etc. H2O

Calor sensível
H + LE + G + Sp + Sc - Rn = 0
Calor latente Fluxo calor ar Radiação líquida
Fluxo calor solo Fluxo energia
fotossíntese
Balanço de energia nas culturas
Componentes de Rn (radiação líquida):
calor sensível - aumento ou diminuição da temperatura do ar (H), solo, plantas ou água (G);
calor latente (LE) - relacionado com alterações no estado da água. A passagem da água entre
estado sólido (gelo) ↔ estado líquido necessita de (ou liberta) calor latente de fusão da água (F; 334
J g-1 H2O). A passagem da água do estado líquido ↔ ao estado de vapor (evaporação e
condensação), envolve o calor latente de vaporização (L; 2442 J g-1 H2O a 25ºC).
Rn pode ser convertida em energia química na fotossíntese (P) e libertada durante a respiração (R)
como calor sensível ou radiação térmica.
Os conteúdos de calor sensível e latente do ar são transportados com o ar por convexão.

Balanço da energia à superfície da cultura: Rn-H-G-LE-P-R=0


H e G são importantes na determinação da temperatura ambiente na cultura.
LE é um aspecto chave nas relações hídricas (LE - calor latente de vaporização (L) multiplicado pela
quantidade de água evaporada ou condensada (E).
P e R são determinantes da produção primária e do ciclo do carbono.
Convencionou-se que os fluxos que representam ganhos de energia têm sinal + e que representam
perdas de energia sinal -. Ex.: a superfície do solo pode ser aquecida (+G) pelo contacto com o ar
quente (o ar arrefece: -H) ou por condensação da água (-LE).
Nas culturas, G, P e R são geralmente pequenos (1-5% de Rn): G – a sua magnitude é limitada pela
baixa capacidade do solo para conduzir calor, porque o solo é protegido pela cultura). Num ciclo
anual G≈0.
LE e H são as principais trocas entre a superfície da cultura e a atmosfera.
O Balanço da radiação para análises climatológicas limita-se a: Rn-H-LE=0
LE domina em sistemas húmidos; H domina em sistemas secos.
Calor latente (LE)

Calor latente de vaporização H2O 2260 J/g


condensação

Calor latente de fusão H 2O 336 J/g


congelação

1 caloria = 4,184 J
Radiação e Fotossíntese
PAR (photosynthetically active radiation): radiação de comprimento de onda
compreendido entre os 0,4 - 0,7 µm (400-700 nm); unidade mais usual da
PAR: mol m-2 s-1
A produção fotossintética envolve a interceção de radiação pelas folhas, a
geração de transportadores de poder redutor (NADPH) e energia (ATP) ao
nível do cloroplasto e o seu uso na redução de CO2 e outros substratos (por
exemplo, NO3 e SO4).

A fotossíntese é o processo primário de produção das plantas. Fornece
carbono reduzido que serve para:
– Construção de biomassa
– Fonte de energia para o metabolismo
Elevadas taxas de fotossíntese dependem dos investimentos na construção
e manutenção de uma canópia de folhas, suportada pelos caules e raízes.
Espectro da radiação solar

45-50%
Radiação incidente
• Inclinação do ângulo de incidência
– Tempo
• hora do dia
– nascer e pôr do sol
» Movimento de rotação da terra
• dia do ano
– Estações do ano
» Inclinação da eclíptica
– Espaço
• Localização geográfica
A origem das características do ambiente
– Latitude físico aéreo, torna-o variável no tempo,
embora com uma natureza cíclica predizível.
– Declive da superfície Sobrepõe-se a esta variação uma variação de
natureza casual que dá ao clima local uma
– Exposição da encosta grande variabilidade e incerteza
Lei do cosseno
A superfície de incidência: o coberto vegetal
• Absorção da radiação incidente
– Características espectrais das folhas
• Absorção pela folha individual
– maior absorção na zona visível (400-700nm)
» maior reflexão relativa no verde
– menor absorção no infra-vermelho próximo
A superfície de incidência: o coberto vegetal

– Posição relativa e ângulo de inclinação da


superfície de cada folha individual
– Interferência de umas folhas com as outras
• Modificação da quantidade e qualidade de radiação
incidente
– LAI
– Coeficiente de extinção
Arquitectura do coberto vegetal

Padrões típicos de orientação das


folhas em azevém e trevo.
As folhas de trevo tendem para
uma disposição horizontal e a
aglomerarem-se a alguma
distância do solo.
O azevém tem folhas mais eretas
e a sua distribuição em altura é
piramidal.
(Adaptado de Warren Wilson
(1959)
Coeficiente de extinção da luz

Atenuação da luz solar em


comunidades de trevo e azevém em
função do índice de área foliar
atravessado. (Stern and Donald, 1962).

Lei de Beer:

I/Io = e -kLAI

-k = ln (I/Io)/LAI
Sistemas de condução
Sistemas de condução
Síntese do processo fotossintético central

• 2H2O -----> 4e- + 4H+ + O2


–reação luminosa (fotólise da água)

• CO2 + 4e - + 4H+ -----> (CH2O) + H2O


– reacção não-luminosa (redução de C)
• o substracto pode ser outro.
Sistemas Fotossintéticos
Os processos centrais
Reações luminosas - Envolvendo a captura de fotões PAR pelos pigmentos
e o uso da energia assim obtida na fotólise da água (H2O):
2H2O --> 4H+ +4e- +O2
e a produção de transportadores intermediários de energia (ATP) e de
poder redutor (NADPH).
Reações às escuras (não-luminosas) - que envolvem o uso do ATP e NADPH
na redução dum substrato:
CO2 --> CH2O NO3 --> NH2 SO4 --> SH

A biomassa vegetal tem em média 45% de C e apenas 2% de N e 0,2% de S;


por isso, o carbono é o metabolito dominante na fotossíntese e os
fluxos de carbono e de energia estão tão intimamente associados.
Estomas
• A entrada de
CO2 e saída de
H2O
Os processos centrais
Como se pode medir a fotossíntese:
– absorção de CO2 - pode ser medido com um analisador de gás
infravermelho (IRGA), que mede a concentração de CO2 pela
absorção da radiação infravermelha;
– pode ser medido pela libertação de O2;
– pode ser medido pela produção de hidratos de carbono CH2O.

Necessidade quântica - número mínimo de moles de fotões


necessários para gerar suficiente poder redutor para uma mole
de moléculas de CO2 (em média é de 12-16, ou seja 3-4 fotões
por e- - eletrão - energizado).
Eficiência quântica – nº de moles de CO2 fixadas por mole de
fotões absorvida.
A Fotossíntese em C3
Ciclo de Calvin & Benson
A fotossíntese é um processo físico-químico, a nível celular, realizado pelos seres vivos
clorofilados, que utilizam dióxido de carbono (ou outros substratos) e água para obter
glucose através da energia da luz solar, de acordo com a seguinte equação:

Luz solar + 12H2O + 6CO2 → 6O2 + 6H2O + C6H12O6

CICLO DE
+
CALVIN & BENSON 2NADPH 2NADP

Ácido fosfoglicérico 2XC3 Triose-fosfato 2xC3

1/6 C6
2ATP 2ADP+2Pi C5

CO2 Hexose-fosfato
ADP+Pi ATP

Ribulose bifosfato Ribulose monofosfato


A Fotossíntese em C4
Ciclo de Hatch & Slake + Ciclo de Calvin & Benson

VIA DOS ÁCIDOS DICARBOXÍLICOS EM C4

CÉLULA DO MESÓFILO CÉLULA DA BAÍNHA APG

CICLO
DE
CALVIN
CO2 MALATO MALATO CO2 TRIOSE
+ RuBP
+
ASPARTATO ASPARTATO C3
PEP
HEXOSES
C3 C3

AMIDO
SACAROSE
Grupos fotossintéticos plantas C3, C4 e
CAM
Fotossíntese em C3 versus em C4
Características das C4, quando comparadas com as C3:
As plantas do tipo C4 não revelam a existência do fenómeno da fotorrespiração, embora este, de
facto, decorra. Isto é assim, porque nas plantas em C4 a Rubisco está isolada no interior das células
das bainhas dos feixes vasculares, e o CO2 liberto internamente pela fotorrespiração, é prontamente
reciclado pela PEP carboxilase nas células do mesófilo.
Outro facto importante é o de a atividade oxigenase da Rubisco estar muito limitada, dada a baixa
concentração de O2 junto da enzima.
Como resultado final de tudo isto, as plantas em C4 apresentam maiores taxas de fotossíntese do
que as C3, especialmente em situações de altas irradiâncias e de elevadas temperaturas.
Grupos fotossintéticos plantas C3, C4 e CAM
Fotossíntese CAM
As plantas que apresentam este sistema de fixação do CO2 são normalmente carnudas.
A fixação do CO2 ocorre durante a noite (estomas abertos) em ácidos orgânicos em C4,
sendo o C reduzido durante o dia (com os estomas fechados). O ciclo do C é semelhante
ao das plantas em C4 verificando-se contudo, para além da divisão espacial, já presente
naquelas, também uma divisão temporal entre o funcionamento do ciclo de Hatch-Slake
e o de Calvin-Benson.
Plantas de interesse económico com este sistema são o ananás, o sisal e o agave (de que
se faz a tequila mexicana) e várias plantas ornamentais. Quando a H2O não é limitante,
pelo menos o ananás, mantém os estomas abertos durante o dia e funciona como uma
planta C4. O fecho dos estomas durante o dia reduz muito significativamente a
transpiração, pelo que a razão (CO2 ganho)/(perda de água) é muito maior do que nas C3
e C4.
A capacidade fotossintética total é todavia muito limitada pela capacidade de
armazenamento dos ácidos em C4.
Agricultura II

aula nº8
(17/03/2022)
Respiração
• C6H12O6 + 6 O2 -----> 6 CO2 + 6 H2O + 24 e-

• 24 e- -----> 36 ATP ou 12 NADH2


• Glucose
– fornece energia para manutenção e crescimento
• Respiração = Respiração manutenção + Respiração crescimento
– fornece matéria prima (C) para a construção dos diferentes
compostos
– Combustão controlada enzimaticamente produz 24 e- que
podem ser usados para produção de energia (36ATP) ou poder
redutor (12NADH2)
Respiração de manutenção
• Reparação da biomassa existente
– reciclagem de proteínas e lípidos;
– manutenção de gradientes eletroquímicos em
membranas.
• Função da temperatura (Q10= 2)
• Taxas respiratórias de manutenção:
– 0,5% (órgãos de reserva)
– 2,5% (órgãos ricos em proteína e/ou lípidos)
– 1 - 1,5% (valor médio)
Respiração de crescimento
• O C é usado como substrato para novas estruturas
químicas e também como fonte de poder redutor e
energia para a biossíntese.
C6H12O6 ---> ---> ---> ---> lípido
CH2O ---> ---> ---> ---> CH2
O produto não pode pesar tanto como o açúcar inicial
porque perdeu um oxigénio, exceção feita aos ácidos
orgânicos COOH ou CO2H
Valor do produto
Valor do produto = massa do produto / massa de glucose

Composto Valor do Produto


Amido, celulose 0.83
Proteína (a partir de NO3-) 0.40
Proteína (a partir de NH4+) 0.62
Lípido 0.33
Ácidos orgânicos 1.10

50
Estimativa da Produtividade Potencial
É útil ter uma estimativa da produtividade potencial para usar como termo de comparação com as
produtividades máximas alcançadas e com as produtividades reais dos actuais sistemas de Agricultura.
Se o coberto vegetal cobrir 100% da área e não houver limitações de água ou nutrientes e se, ainda,
todas as folhas operarem à máxima eficiência quântica, então o limite teórico da produtividade pode
ser determinado pelo número de quanta na PAR disponível.
Recordemos que:
Eficiência quântica = moles de CO2 assimilado / moles de quanta absorvido
Requerimento quântico = moles de quanta absorvido / moles de CO2 assimilado
A utilização da luz no processo de fotossíntese, numa base quântica, é limitado à região do
espectro entre os 400 e os 700 nm (PAR).
Teoricamente 8 moles de quanta pareceriam suficientes para reduzir 1 mole de CO2 (de acordo com a
bioquímica das reacções luminosas da fotossíntese), donde a eficiência quântica seria de 12,5%. Na
prática observam-se valores de 12-16 moles de quanta para reduzir 1 mole de CO2, donde a eficiência
quântica anda pelos 8 a 6%.
De acordo com a teoria quântica a energia por quanta
E = h√ para uma determinada frequência
em que h= 1.58 x 10-34 cal.s (constante de Plank)
para n quanta: E = nh√
onde n se pode exprimir em moles (Einsteins) de quanta
Luz vermelha: E = nh√ = 40 kcal.mole-1 (menor frequência)
Luz azul: E = nh√ = 80 kcal.mole-1 (maior frequência)
Estimativa da Produtividade Potencial
Integrando a curva obtida a partir dos dados de Moon (retirada de Williams and Loomis, 1963), obtida para
uma atmosfera em condições médias, isto é, 20 mm de vapor de água, 2,8 mm de Ozono e 300 partículas
de poeira por cm2 e com uma espessura a atravessar pela radiação solar de 2 massas de ar, características
das atmosferas da Europa Ocidental e dos Estados Unidos da América durante a Primavera e Verão,
podemos calcular o n.º de Einsteins/caloria recebida = 8.64 µEinsteins/caloria.
A composição média nos valores extremos do espectro solar será de cerca de 28% de luz vermelha e de
14% de luz azul.
Estimativa teórica do máximo da Produtividade Agrícola
Radiação solar incidente no topo da atmosfera (medida na perpendicular aos raios incidentes)
= 2 cal.cm-2.min-1*24h*60min.h-1 2880cal.cm-2.d-1
Duração média da insolação =12h 1440cal.cm-2.d-1
Considerando 50% de perdas (reflexão para o espaço, absorção pelas
partículas e gases da atmosfera) 720 cal.cm-2.d-1
Este valor é apenas aproximado nos desertos a baixa latitude. Valores mais razoáveis para latitudes médias
durante o período de Verão situam-se á volta das 500 cal.cm-2.d-1
Considerando apenas a radiação visível (400 a 700 mµ) identificada com a PAR 40 - 45%
Radiação fotossinteticamente ativa (PAR) 222 cal.cm-2.d-1
N.º de quanta disponível = 222 cal.cm-2.d-1 x 8.64µEinstein. cal-1 = 1918 µEinstein.cm-2.d-1
Perdas por reflexão (aproximadamente 8.3%) -159 µEinstein. cm-2.d-1
Perdas por absorção passiva (10%) -192 µEinstein. cm-2.d-1
N.º de quanta absorvidos por estruturas fotossinteticamente ativas= 1567µEinstein. cm-2.d-1
Estimativa da Produtividade Potencial
Estimativa teórica do máximo da Produtividade Agrícola (continuação)
N.ºde quanta absorvidos por estruturas fotossinteticamente activas= 1567µEinstein. cm-2.d-1
Considerando um requerimento quântico (optimista) de 10µEinstein por mole de CH2O
Produção bruta de carbohidratos 157 µmoles.CH2O cm-2.d-1
Perdas por respiração (33%) -52 µmoles.CH2O cm-2.d-1
Produção líquida de carbohidratos 105 µmoles.CH2O cm-2.d-1
Produção líquida de matéria seca (30g/mole[CH2O]) 31.5 g.m-2.d-1
Conteúdo calórico médio de carbohidratos[CH2O] 3740 cal.g-1

Eficiência do processo relativamente à radiação total incidente


3740 cal.g-1 x 31.5 g.m-2.d-1 / (500 cal. cm-2.d-1 x 10000) = 2.35%

Eficiência do processo relativamente à radiação visível (PAR) incidente


3740 cal.g-1 x 31.5 g.m-2.d-1 / (222 cal. cm-2.d-1 x 10000) = 5.3%
Considerando que a % de Compostos inorgânicos na matéria seca se situa em valores da ordem
dos 8% tem-se que: 31.5 g.m-2.d-1/0.92 = 34.2 g.m-2.d-1 o que nos conduz a valores de
eficiência de 2.55% para a radiação total e de 5.76% para a radiação visível.
Produtividade Real
Alguns valores observados
Taxas de crescimento médias diárias em g.m-2

Climas Período de 4 meses Período de 1 ano


(Maio – Agosto)
Af - Equatorial 24,0 24,0

Aw - Tropical de savana 26,8 17,1

Ca - Subtropical húmido 28,3 24,9

Cb - Temperado marítimo 33,4 23,8


Cs - Mediterrânico 8,0 (sequeiro) 16,2 (26,2 regadio)

Da - Continental quente 31,6 18,5

Db - Continental frio 34,0 17,0

A Taxa de crescimento máxima teórica é de 34,2 g.m-2.dia-1


Produtividade Potencial
Possíveis razões para as diferenças encontradas.

Os dados anteriores demonstram que as culturas são relativamente ineficientes no


uso da radiação solar. Quais poderão ser as possíveis razões?
- Capacidade do sistema fotossintético (limitação enzimática);
- Repartição de assimilados;
- Área foliar (LAI e LAD);
- Arranjo espacial das folhas;
- Disponibilidade de CO2;
- Inibição da fotossíntese pelos produtos finais;
- Stress hídrico

Estimativa da produtividade primária líquida (NPP) – Programa


New_Loc_Clim da FAO
Repartição de assimilados
– descreve o modo como uma cultura usa os produtos recém-
formados da fotossíntese:
– consumo em atividades respiratórias de manutenção e crescimento
– crescimento dos vários órgãos
– armazenamento (reservas: amido, óleos, açúcares)
– está relacionada com:
• Morfologia e fenologia (quais os órgãos com capacidade de crescimento)
• Crescimento
– aumento de peso e tamanho das células já existentes
– Novas células - Biosíntese
• paredes celulares (celulose, lenhina)
• membranas (lípidos, proteínas)
• enzimas
• ácidos nucleicos
Repartição de assimilados
A taxa de crescimento relativo (RGR) providencia um modo conveniente de integração das
"performances" das várias partes da planta. Ela é particularmente útil, a par do crescimento absoluto
(G), quando há necessidade de comparar espécies ou tratamentos diferentes numa base uniforme.
Com efeito a G e o RGR são extraordinariamente dependentes de uma série de fatores dos quais
destacamos: a espécie, a ontogenia da planta e as condições ambientais (níveis de radiação e
temperatura, disponibilidades hídricas e nutricionais, etc.).
É possível dar à fórmula RGR= 1 dW a forma dW = RGR x W
W dT dT

a qual se pode ainda transformar em: G = W x RGRmax x f

Note-se que f toma sempre valores menores do que um, refletindo a influência de diversos fatores
como: a idade da planta, o défice hídrico, o défice nutricional, a temperatura, etc. O produto de
RGRmax por f constitui a RGRreal. Repare-se que quanto menor for o valor de f menor será a
RGRreal num dado instante e por conseguinte menor será G no instante seguinte.
Repartição de assimilados
Como é sabido a produtividade de uma planta (dW/dT) é primariamente dependente da diferença
entre a acumulação de produtos da fotossíntese líquida durante o dia ( + dFn/dT) e da respiração
durante a noite ( - dRd/dT).
Se m fôr a proporção de Fn usada na produção de novo material fotossintético e k a eficiência
média de construção de biomassa, tem-se que:
k x m x Fn representa o aumento de produção de matéria seca fotossinteticamente activa, e
k x (1-m) x Rd representa o consumo respiratório para a manutenção do material de suporte.
Se considerarmos que: n= 1- m e por integração obtém-se:
Influência hipotética de m no crescimento
de uma planta fictícia com biomassa inicial
de 1 g no tempo t considerando Fn constante

Wt= W0 e k (mFn - nRd) t Peso seco


da planta (g)
m = 1.0
120

80
m = 0.5
40
m = 0.0

5 10
Tempo (semanas)
Índice de colheita
• Harvest Index (HI)
– Fracção de biomassa que constitui a produção
economicamente útil.
– Cultura: Trigo
• Grão: 3000 kg/ha
• Palha: 4500 kg/ha (folhas e caules)
• Total: 7500 kg/ha)
• HI = 3000 / (3000+4500) = 0,4
Ideótipo
Comparação entre um trigo
corrente (a) e o ideótipo de
trigo de C. M. Donald
(1968) (b) para cultura com
povoamentos densos e
recursos do solo não
limitantes:
- palha baixa e resistente, um
número reduzido de folhas
erectas e uma espiga longa
- comportamento não
competitivo, alto índice de
colheita e máximo desempenho
em comunidade.
Produção - um processo dinâmico
• Fisologia e ambiente
– As interrelações entre actividades fisiológicas e ambiente acontecem ao
longo de toda a ontogenia, com muitos aspectos comuns, apesar de
mostrarem variações de grau.
Perda de água
A compreensão da formação

Temperatura do ar
Trocas de da produção agrícola implica,
CO2 e H2O portanto, a exploração, em
Balanço da radiação cada momento, das
características das principais
líquida e visível
trocas entre a planta e o seu
ambiente, que quando
Superfície
sobrepostas à evolução da
do solo
cultura no tempo são

Temperatura do solo
grosseiramente evidenciadas
na figura.
N, P, K, etc. H2O
Fenologia
• Fenologia
– Descreve a periodicidade cíclica das transformações
(floração, maturação, etc.) por que passa uma planta
/ cultura, na medida em que são influenciadas pelo
ambiente.
– Fases fenológicas / Estádios de desenvolvimento
• Mudanças de forma ou de aspeto mais notórias, ao
longo do processo contínuo de desenvolvimento.
• Sucedem-se numa sequência pré-definida pelas características
ontogénicas da espécie. A sua duração depende entre outros
fatores, da temperatura.
• Tempo fisiológico
» A medida mais aproximada da duração das fases de
desenvolvimento
Estados fenológicos da videira I

A - Gomo de Inverno E - Folhas livres


B - Gomo no algodão F - Cachos visíveis
C - Ponta verde G - Cachos separados
D - Saída das folhas H - Botões florais separados
Estados fenológicos da videira II

I - Floração M - Pintor
J - Alimpa N - Maturação
K - Bago de ervilha O - Atempamento
L - Cacho fechado P - Queda das folhas
Fases do desenvolvimento de uma gramínea

Alongamento dos entrenós e


desenvolvimento da espiga Enchimento do grão

Crescimento foliar

Crescimento radical

Vegetativa Reprodutiva Maturação


Temperatura e desenvolvimento

• Soma de temperaturas
– Σ (t) = t1+t2+...+tn

• Integral térmica (t0=0ºC)


– Σ (t-to) = (t1-t0)+ (t2-t0)+... +(tn-t0)

• Dias-grau de crescimento
– Σ (t-tb) = (t1-tb)+ (t2-tb)+... +(tn-tb)
Integral
Integral térmica
térmica e dias-grau
e dias-grau de crescimento
de crescimento

450 25
400
350 20 Integral
300 dias-grau
15
250
TºC
ºC

200
10 tmédia
150
100 5 tb
50
0 0
0 5 10 15 20 25 30
Dias
Cálculo dos dias-grau de crescimento
Σ (ti-tb) com tb=12 ºC
80
>tb
20 <=tb
dias-grau 70

18
60

Dias-grau de crescimento
16 50
T (ºC)

40
14

30

12

20

10
10

temperatura-base = 12ºC
8 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Dias
Estádios de desenvolvimento da cevada
Maturação
Calendário cronológico e de dias-grau de crescimento (base 40ºF) (89)
dos diversos estádios de crescimento. (32ºF=0ºC; 40ºF = 4,44 ºC)
Observações sobre uma variedade de cevada de ciclo médio espigamento
em St. Paul,Minnesota (USA). (58)

emergência da
folha bandeira
(38)

encanamento
afilhamento (16,31)
(13,21)
emergência
(10)

Dias após a emergência


12 15 23 28 34 38 41 45 85
Dias-grau de crescimento
170 230 430 500 690 810 885 990 2260
Estádios de desenvolvimento do milho
Ciclos FAO do milho (exigências térmicas)

Classificação Índice FAO Ciclo americano em dias Dias grau de crescimento temp.
base = 10°C
ultra-precoce 100 70 <1307
muito precoce 200 80-85 1307-1470
precoce 300 90-95 1470-1630
semi-precoce 400 100-105 1630-1715
médio 500 105-110 1715-1800
médio 600 115-120 1800-1960
semi tardio 700 120-125 1960-2040
tardio 800 130-135 2040-2205
muito tardio 900 140-145 2205-2370
ultra tardio 1000 145-155 >2370
Calendários culturais
Calendário de sementeiras e colheitas para as principais áreas agrícolas dos Estados Unidos
Calendário de culturas em Portugal
Cultura Sementeira Duração 1998 1999
(dias) Sep Oct Nov Dec Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec

Trigo 1998/11/01 239

Milho 1999/04/01 182

Milho após trigo 1999/07/10 113

Beterraba Out/Inverno 1998/11/01 241

Beterraba de Primavera 1999/02/28 214

Batata-primor 1999/02/01 118

Vinha 1999/03/31 180

Vinha (uva de mesa precoce) 1999/03/31 120


Calendário de operações na cultura do trigo

OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET

Lavoura
Mobilização superficial, adubação de fundo

Sementeira
Herbicida anti-dicotiledóneas

Adubação de cobertura (Afilhamento)

Encanamento

Espigamento Colheita!
Maturação
Agricultura II

aula nº9
(23/03/2022)
O controlo do desenvolvimento pela
vernalização e o fotoperíodo
Em algumas espécies, os meristemas do caule deixam de formar apenas folhas e passam a
formar flores (analogia com um interruptor) em resposta a:
– comprimento do dia (fotoperíodo)
– baixas temperaturas (vernalização)

Há muitas combinações das respostas ao fotoperíodo e à vernalização. Estas respostas


permitem às plantas adaptarem-se às condições ambientais.
A floração das plantas nas regiões temperadas está intimamente ligada ao ritmo das estações -
a floração é induzida pelo Termoperíodo (vernalização) e pelo Fotoperíodo.

DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO
↓↓↓↓
MATURAÇÃO FLORAL

Termoperíodo → INDUÇÃO FLORAL ← Fotoperíodo

INICIAÇÃO FLORAL

Maturação floral - idade e desenvolvimento que a planta deve atingir antes de florir e que varia
consoante a espécie:
Indução Floral - cereais - a indução floral ocorre algumas semanas após a germinação; árvores
de fruto - só ocorre indução floral 5 a 7 anos após a germinação;
Iniciação floral - passagem visível ao nível do ápice, do estado vegetativo para o estado
reprodutivo. A iniciação floral só se dá se a planta já adquiriu maturação e indução floral.
Controlo da floração pelo fotoperíodo
A sincronização das etapas de desenvolvimento faz-se muitas vezes, nas regiões
temperadas, pelo fotoperiodismo (resposta das plantas à duração dos períodos luminosos e
de escuro)  as plantas são capazes de detetar (fitocromo) o comprimento do dia e da noite.

Classificação das plantas segundo o seu comportamento fotoperiódico

Planta de Dias Neutros (PDN) - a floração não é afetada pelo comprimento do dia. A data de
floração é controlada pela temperatura.

Planta de Dias Curtos (PDC) - florescem em resposta a comprimentos do dia menores que um
certo valor máximo (dia crítico- em horas).
– PDC obrigatória - tem exigências exatas para a indução floral fotoperiódica e não
floresce na sua ausência
– PDC facultativa - florescem mais rapidamente ou mais vigorosamente quando
submetidas a dias curtos

Planta de Dias Longos (PDL) - florescem em resposta a comprimentos do dia maiores que um
valor crítico (dia crítico- em horas) .
– PDL obrigatória - exige que o fotoperíodo seja acima do valor crítico e não floresce
se o fotoperíodo não atingir este valor
– PDL facultativa - florescem mais rapidamente ou mais vigorosamente quando o
fotoperíodo está acima do valor crítico
Pode acontecer que a duração do dia crítico (Dc) das (PDL) < Dc (PDC)
Ex.: uma cv de grão de bico (PDL) floresce com comprimento do dia > 8 h
· uma cv. de soja (PDC) só floresce com comprimento do dia <14 h
Controlo da floração pelo fotoperíodo
Numa PDC, quando os dias são longos ela mantém-se no estado vegetativo, mas exige um
período mínimo de luz (fotoperíodo trófico)  a floração ocorre quando o fotoperíodo está
compreendido entre o fotoperíodo trófico e o fotoperíodo crítico.

As PDC possuem um período de escuro crítico (período mínimo de escuro para o qual ainda
há floração) - o que significa que necessitam de um período de escuro contínuo, ou seja sem
interrupções.
Localização da fotoreceção:
A perceção do comprimento da noite (preferencialmente ao comprimento do dia) localiza-se
nas folhas jovens, com atividade fotossintética máxima, mas não tendo ainda terminado o seu
crescimento. O fotorreceptor é um pigmento chamado fitocromo. A folha transmite a
informação ao botão o que permitirá, ou não, a iniciação floral.
Duração do período de indução
As plantas não têm todas as mesmas necessidades quanto ao número de ciclos
fotoperiódicos para que haja indução floral:
– arroz e o azevém italiano necessitam apenas de um ciclo indutivo;
– para a maior parte das espécies são necessários vários ciclos de indução
(beterraba, cereais, soja,..). Esta redundância é um mecanismo de segurança para
garantir a perpetuação da espécie.
A duração da indução depende também de outros fatores ambientais, em particular da temperatura:
para muitas espécies há interação entre o fotoperíodo e a vernalização.
As plantas anuais de Inverno (ex: variedades de trigo e de centeio) e as bienais (cenoura,
couve, etc.) exigem vernalização seguida de dias longos.
Controlo da floração pelo fotoperíodo
Aplicações práticas das respostas ao fotoperíodo

– A manipulação do comprimento do dia com luz artificial é útil em horticultura e floricultura


comercial, mas também o pode ser no melhoramento de plantas.
– É necessário conhecer a resposta das cultivares para usar como conhecimento de base no
melhoramento e para prever o desenvolvimento da cultura no campo.
Ex. da influência do fotoperíodo na adaptação:
– Na soja usa-se a resposta ao fotoperíodo para encontrar cultivares adaptadas ao meio
ambiente. Existem 10 “grupos de maturação” que identificam a zona de adaptação das
cultivares. Se uma cv. De soja for semeada fora da sua zona de adaptação floresce
demasiado tarde se semeada mais para Sul e demasiado cedo se semeada mais para
Norte.
Controlo da floração pelo fotoperíodo
Distribuição natural das respostas ao fotoperíodo

Geralmente:

Plantas da região tropical  PDN ou PDC, sem necessidade de


vernalização

Plantas de latitudes elevadas  PDN ou PDL, muitas vezes com resposta à


vernalização (por exemplo o trigo)

Há exceções:

morangueiro e soja – são PDC provenientes de latitudes médias

girassol – espécie de origem temperada com cultivares PDC, PDN e PDL


Controlo da floração pela vernalização
Vernalização - indução ou aceleração da floração pelas baixas temperaturas
(geralmente entre 7ºC e 0oC).
A vernalização assegura:
- a aquisição da capacidade de florir nas plantas exigentes em frio (resposta
qualitativa ou absoluta)
- a aceleração do aparecimento das flores nas plantas que preferem o frio (resposta
quantitativa ou facultativa)
A vernalização não é a quebra de dormência pelo frio. As transformações não
são visíveis: elas são sub-celulares e não são totalmente conhecidas.
A vernalização é reversível (desvernalização) se as plantas forem submetidas
a temperaturas elevadas (ex. >30oC para o trigo).
(i) temperatura e duração da vernalização
Durante a exposição a baixas temperaturas, o estímulo é reconhecido e
“acumulado” pelos ápices caulinares.

(ii) Local de perceção do frio


O estímulo é reconhecido pelas células em mitoses ativas, em particular os
meristemas caulinares

os botões dormentes não podem ser vernalizados
Controlo da floração pela vernalização
(iii) Exigências em frio - alguns casos típicos:

plantas indiferentes (não necessitam de frio para florir)


ex:
plantas anuais de Primavera
plantas perenes (ex: árvores de fruto) em que as baixas temperaturas sejam
necessárias só para quebrar a dormência

plantas com exigências absolutas


ex:
nos cereais, as variedades de Inverno necessitam de um tratamento de
vernalização para florir. Se não passarem por um período de frio não ocorre a
indução floral. O centeio é o cereal de Inverno com maiores exigências em frio.

plantas facultativas - ainda que a sua exigência não seja absoluta, as baixas
temperaturas aceleram a indução floral.

APLICAÇÕES DA VERNALIZAÇÃO
– escolha de variedades em função do clima
– as necessidades de frio determinam a data limite da sementeira das cultivares de trigo
em função do clima da região
– tratamento de vernalização artificial quando necessário
Exigências térmicas das culturas
Classificação Caracterização Culturas
Borracha natural (Hevea brasiliensis),
Palmeira démdém (Elaeis guineensis),
Culturas multianuais de clima Mandioca (Manihot esculenta), Cacau
quente, com exigências de 25- (Theobroma cacao), Coqueiro (Cocos
Megatérmicas Perenes 28ºC de Temperatura média nucifera), Cana-de-açúcar (Saccharum
anual. Problemas com officinarum), Café (Coffea arabica ou
temperaturas < 15-18ºC robusta), Chá (Camelia sinensis),
Castanha-de-cajú (Anacardium
occidentale), Sisal (Agave sisalana)
Culturas muito exigentes em Algodão (Gossypium sp.), Arroz (Oriza
temperatura mas que têm um
Megatérmicas de época ciclo vegetativo curto
sativa), Milho (Zea mays), Sorgo
(Sorghum bicolor), Soja (Glycine max),
quente (normalmente são plantas de Amendoim (Arachis hypogaea),
dias curtos) Girassol (Helianthus annuus)

Culturas medianamente
exigentes em temperatura com
Mesotérmicas de Verão um ciclo vegetativo curto
Batata (Solanum tuberosum),
Beterraba açucareira (Beta vulgaris),
fresco (normalmente são plantas de Tabaco (Nicotiana tabacum)
dias curtos)

Culturas de Inverno das grandes Trigo (Triticum sp.), Cevada (Hordeum


vulgare), Centeio (Secale cereale),
Microtérmicas latitudes e/ou altitudes, Aveia (Avena sativa), Triticale
exigentes em vernalização (Triticosecale)
Exigências de frio das Fruteiras

Exigências de Horas de frio


Culturas
frio (horas com T<7ºC)
Macieira (Malus pumilus), Pereira
(Pyrus communis), Damasqueiro
europeu (Prunus armeniaca),
Ameixeira europeia (Prunus
Elevadas Mais de 700 horas domestica), Cerejeira (Prunus avium),
Castanheiro (Castanea sativa),
Nogueira (Juglans regia), Vinha (Vitis
vinifera)

Algumas Pereiras, Aveleira, Oliveira


(Olea europeia), Ameixeira japonesa
Médias 400 a 700 horas (Prunus salicina), a maior parte dos
Pessegueiros (Prunus persica)

Alguns Pessegueiros e Ameixeiras,


Damasqueiros africanos, Amendoeira
Baixas Menos de 400 horas (Prunus dulcis), Figueira (Ficus carica)
e Marmeleiro (Malus domestica)
Classificação climática de hortícolas
Comportamento em
Época de Temp. Méd.
Culturas relação às geadas em
cultivo mensais
Portugal
I
couve-galega, couve-troncha, 14-20ºC Resistentes
repolho, bróculos, espinafres
II
Época Alface, chicória-de-folha, couve-
14-20ºC
Tolerantes, salvo entre a
flor, cenouras, ervilha, batata floração e a colheita
fresca temporã

III
Alho comum, alho porro, cebola, 13-24ºC Resistentes a tolerantes
batata tardia

IV
Abóbora, feijão verde, melão, 16-26ºC Sensíveis
Época pepino, pimento doce, tomate

quente V
Batata doce, beringela, Mais de 21º Muito sensíveis
melancia, pimento, quiabo
Crescimento
O crescimento implica biossíntese, isto é,
implica construção de nova biomassa.
Um processo produtivo, de construção, depende
da disponibilidade de factores (de produção).
Numa cultura, a partilha do mesmo espaço por
muitos indivíduos cria condições para que o
crescimento de um indivíduo interfira com o dos
seus vizinhos.
Evolução da biomassa
10000
Grão
9000 Caules
Matéria seca (kg/ha) Folhas
de cada uma das
Raízes abaixo de 15 cm
8000 fracções da planta,
Raízes 0-15cm
amostradas em
datas diferentes; 2086 2994
7000 média de 5 442
variedades de milho
Agron. J., 58:106
6000

5000
kg /ha

4581
4000 4340
3404
4039

3000

1111
2000
344

1000 2222 2204


1832 1925 1724
1356
511
0
-96 -198 -210 -304 -307 -311 -319
-268
-1000
15 de Junho 28 de Junho 7 de Julho 19 de Julho 29 de Julho 9 de Agosto 19 de Agosto
Taxas de crescimento
Curvas medidas em plantas de
milho e suas
de componentes.
(Duncan, 1981. dados de
crescimento Ohio Agric. Exp. Station.
Wooster
no milho
Repartição da produção de açúcar na beterraba em função da
adubação azotada

lbs/A:
libras/acre =
1libra = 0.453 kg
1acre = 0.405 ha
1lb/a = 1,121 kg/ha
Grandezas mensuráveis
Curva de crescimento: logística
120 4

Biomassa
Taxa de crescimento
y = a / (1 + be-cx )
100

Taxa de crescimento
80
Biomassa

60 2

∆y/ ∆ x =
40
= abce-cx/(1+be-cx)2
=cy(a-y)/a 1

20 ∆ y

∆ x
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150

Tempo (dias)
Taxas de crescimento absoluto e
relativo
CGR = δW/δt g.m-2.d-1
RGR = 1/W.δW/δt g.m-2.d-1 x 1/g.m-2 => d-1

δw/δt = µ W
W = Wo e µt
W/Wo = e µt
ln (W/ Wo) = µt
µ = ln (W/Wo) /t
ln - logaritmo natural ou neperiano
e = 2,71828
Taxa de crescimento relativo de duas
plantas de tamanhos diferentes
Quantidade Planta A Planta B
M1 (g) 5 10
M2 (g) 10 20
t2 - t1(semanas) 1 1
∆M 5 10
lnM2-lnM1 2.3-1.6 3.0-2.3
RGR (g.g .sem )
-1 -1
0.7 0.7
RGR = 1/W.δW/δt

RGR =( lnW2-lnW1) / (t2-t1)


Índices usados em análise de crescimento

Índice símbolo Valor Valor médio (t2-t1) Unidade


instantâneo
Taxa relativa de RGR 1/W.dw/dt =(lnW2-lnW1)/(t2-t1) W.W-1.T -1
crescimento
Razão de área foliar LAR LA/W =(LA2/W2+L A1/W1)/2 A.W-1
Área específica de SLA LA/LW =(LA2/L w 2+L A1/L w 1)/2 A.W-1
folha
Peso específico de SLW LW /LA =(L w 2/L A2+L w 1/LA1)/2 W.A-1
folha
Taxa de assimilação NAR 1/LA. dw/dt = (W2-W1)/(t2-t1) . W.A-1.T-1
líquida (lnL A2-lnLA1)/(LA2-LA1)
Índice de área foliar LAI LA. /A (L A2+LA1)/2 . (1/A) -
Taxa de crescimento CGR 1/A . dw/dt = 1/A.(W2-W1)/(t2-t1) W.A-1.T-1
da cultura
Duração de área foliar LAD - (L A2+LA1) . (t2+t1) / 2 A.T
Duração de biomassa BMD - (W2+W1) . (t2+t1) / 2 W.T
Função de produção
Numa primeira aproximação e de um modo teórico a produção
de uma cultura pode ser aproximada por um produto de
diversas condições (ou factores):

Produção = aA . bB . cC . ...

A principal implicação da utilização de um produto em vez de


uma soma é que a ausência de um factor essencial, conduz a
um rendimento nulo.
Tipos de recursos: móveis e
fixos
Móvel Fixo
120
120
Ro
R1 Rinf
The picture can't be display ed.

R2 R2
Rinf R1
100 Ro
100

80
80
Biomassa

Biomassa
60
60

40
40

20
20

0
0
Tempo (dias)
Tempo (dias)

O recurso R é aqui representado O recurso R é inicialmente


por fluxos constantes, mas adequado; os diferentes níveis de
progressivamente menos disponibilidade de recurso
inadequados (por exemplo: luz ou esgotam-se sequencialmente (por
temperatura) exemplo: nutrientes ou água )
Influência da temperatura na taxa de
crescimento (tempo térmico)
A velocidade com que os meristemas produzem órgãos depende de:
– fornecimento de assimilados e da actividade química global (positivamente ligada
com a temperatura).
É necessário distinguir entre idade fisiológica e idade cronológica
Temperatura óptima – a velocidade de desenvolvimento é máxima
Temperatura máxima - temperatura a partir do qual o desenvolvimento cessa
Temperatura mínima (t0) – temperatura acima da qual se inicia o desenvolvimento
Temperatura base (tb) – temperatura a partir da qual a velocidade de desenvolvimento é proporcional à temperatura

Óptimo
Óptimo

Taxa
Taxa

Taxa
Taxa

Mínimo Máximo
Mínimo Máximo
Intervalo de tolerância
Intervalo de tolerância
Temperatura Temperatura
Temperatura Temperatura
Crescimento e temperatura

Temperatura média Temperatura média

Temperaturas cardiais para o feijão, obtidas a Resposta do crescimento à temperatura para (1)
partir de produções observadas em 5 herbáceas temperadas, (2) leguminosas tropicais e
localidades na Améica Latina. (3) gramíneas tropicais. Adaptado de Fitzpatrick
Adaptado de Laing et al. (1983) & Nix (1970).
A ordenada na origem: recurso /
factor – No caso dos recursos
fixos, a ordenada na
origem traduz a
quantidade de
recurso existente no
Produção

ambiente.
– É apenas
identificável quando
colocamos em
abcissas a
? quantidade de factor
/ recurso aplicado.
Nível de recurso aplicado (por ex., N) .
Lei do mínimo ou dos factores
 Liebig (1843) limitantes
– “Todas as terras contêm um máximo de um ou vários elementos
nutritivos e um mínimo de um ou vários outros. É sempre do mínimo
que dependem as produções”.

luz limitante

temperatura limitante
Produção

Água ou nutriente limitante

CO 2
Lei do mínimo: Liebig
CO2

Inimigos da culturas

Factores climáticos

Balanço de nutrientes no solo

Acama
Lei de Mistcherlich
ou dos acréscimos decrescentes
A
A
Y = A (1 - e -cx )
Y = A (1 - e -cx )

Produção
Produção

dy/dx x=0 = cA
dy/dx x=0 = cA
Nível de recurso
Nível de recurso

Curva de saturação
Cinética enzimática (Michaelis-Menten)
Eficiência do emprego de factores de
produção
 Relativamente a cada recurso
podemos avaliar a sua eficiência de Produção
uso o que é apenas possível quando o
recurso é um fator: ponto máximo da
produtividade média
Eficiência média =
Quantidade produzida curva de
------------------------------------- Produção
Quantidade total de fator aplicada y=f(x)

A eficiência média, ou
produtividade média, é igual ao Intensidade do uso de um factor x
declive da reta que parte da
origem e intersecta a curva nesse
ponto
Eficiência do emprego de factores de
produção
Eficiência marginal =
Quantidade produzida
-------------------------------------
última unidade de fator aplicada
 Embora, de certo modo, seja

Produção
contraintuitivo, as maiores
eficiências obtêm-se com menores
níveis de aplicação de fator, e a
máxima produção é obtida com
eficiência zero. Eficiência decrescente

 Também conhecida como Factor aplicado (por ex., N)


produtividade marginal do fator
 (derivada da curva num ponto)
Relação factor-produto

ponto de máximo técnico


y (máxima produtividade)
Produção ponto máximo da
física total produtividade média

ponto de ótimo
técnico curva de ReceitaTotal = y . py = f(x) . py
Produção
y=f(x) Custo Total = x . px + k
Lucro = RT - CT
Lucro = f(x) . py - (x . px + k)
Máx Lucro = f’(x) . py – px = 0
Intensidade do uso de um factor x
1 2 3 px
Máx Lucro => Pmx =
py
1 - zona de acréscimos crescentes
2 - zona de acréscimos decrescentes
3 - zona de decréscimos
Relações fatores-produto
Superfícies de resposta
Curvas de resposta da Superfície de resposta
produção ao N e P da produção à variação de
(curvas de saturação) níveis de N e P (intersecção de
curvas de saturação)

Projecção das A mesma superfície de


curvas de nível resposta
(isoquantas) no com curvas de nível de
plano bi- produção
dimensional N-P
Integrando o clima, o solo e as
exigências das culturas
Carta de solos
• textura
• pH
• espessura efectiva
• declive
• % M.O.
• condutividade eléctrica
Cartas climáticas
Áreas de influência definidas para cada estação

geadas humidade relativa precipitação radiação

temperatura classe de evapotranspiração classe de índice hídrico


Processamento dos dados (informação)
Cultura Variável Aux MIN_RED MIN_MOD MIN_ELV MAX_ELV MAX_MOD MAX_RED

Batata Cond 5 9 12

Batata Declive 3 10 15

Batata Esp 30 45 60

Batata GTextura 1 2 2 3 3 3

Batata pH 4,2 4,8 5,4 6,3 7,4 8,5

Batata Geada 0

Batata IT/DGC 7 1600 2100 2500

Batata Tmax 40

Batata Tmin 7

Grupos de Textura
classe 1 2 3 4 5
Franco-argilosa Argilosa
Arenosa Franco-arenosa Franca Franco - limosa Limosa
Geoprocessamento

GeoProcessamento
geográfico

Cálculo de aptidão
de atributos

Representação
Exemplo de uma carta de aptidão cultural
para a cultura da batata

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