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Universidade de São Paulo

Campus Luiz de Queiroz


Centro de Energia Nuclear na Agricultura

CEN0148
ECOLOGIA DE ECOSSISTEMAS

Fluxo de energia nos ecossistemas:


cadeias e teias alimentares e níveis tróficos
Processos de um ecossistema

Alguns organismos são capazes de elaborar seu próprio alimento a partir de


produtos químicos, utilizando a energia solar no processo de fotossíntese.
Estes organismos são denominados produtores primários ou autótrofos

Ecossistema Autótrofos
Produtores
1 nível trófico
ro

Terrestre

Aquático
Processos de um ecossistema

Certos organismos consomem produtos elaborados pelos produtores, os


consumidores ou heterótrofos

Autótrofos Heterótrofos
Produtores Consumidores Consumidores Consumidores
Ecossistema 1 nível trófico
ro primários secundários terciários
2 nível trófico
do
3ro nível trófico 4to nível trófico

Terrestre

Aquático
Processos de um ecossistema

Os consumidores podem ser herbívoros, carnívoros ou decompositores

Ecossistema Autótrofos Heterótrofos


Produtores Consumidores Consumidores Consumidores Decompositores
1 nível trófico
ro primários secundários terciários ou detritívoros
2 nível trófico
do
3ro nível trófico 4to nível trófico

Terrestre

Aquático
O destino final da E assimilada pelos consumidores pode seguir 4 rotas:
1- respiração,
2- acumulação de biomassa
3- Degradação da matéria orgânica por bactérias e outros decompositores
4- consumo por outros consumidores
Processos em um ecossistema

As relações de alimentação entre produtores, consumidores e


decompositores determinam uma estrutura chamada trófica,
através da qual a energia flui e os nutrientes são reciclados:

a cadeia alimentar ou trófica.


A interação do fenômeno da
cadeia alimentar (isto é, a perda
de E em cada transferência) com
a relação entre tamanho e
metabolismo resulta

As comunidade possuem uma estrutura trófica


definida, a qual muitas vezes caracteriza um
determinado tipo de ecossistema

A estrutura trófica pode ser medida e descrita em termos de:

• Biomassa existente por unidade de área


• Energia fixada por unidades de área e tempo
• Níveis tróficos sucessivos
Níveis tróficos

• A cadeia alimentar é dividida em vários níveis, chamados de


tróficos,
• Estes níveis estão ligados por relações “alimentares” e
sugerem uma ordem particular para a passagem de energia ao
longo da cadeia alimentar.
• Assim como outros modelos, a idéia da cadeia alimentar
permite um fluxo de energia nas comunidades

Herbívoros Carnívoros
Autótrofos
Produtores Secundários Produtores Terciários Etc
Produtores Primários
Consumidores Primários Consumidores Secundários
Nas cadeia alimentares

• ocorre uma transferência de energia e


nutrientes para os níveis tróficos
superiores
• A energia flui através do sistema,
havendo perda por dissipação em cada
passo
• Nutrientes também fluem, mas não
ocorrem perdas necessariamente: ciclos
ao invés de fluxo unico
• Raramente apresentam mais do que 5 ou
6 níveis.
Exemplo: fluxo de E em uma floresta

• RFA = 1.000.000 joules (luz


solar disponível para a
fotossíntese);
• ~ 1 % desta E é
transformada pelos
produtores em biomassa
vegetal
• Ou seja 10 000 J.ano-1 de
biomassa são produzidas.

999.000 joules se perdem como E utilizada no processo de produção.


A eficiência de uso da E solar é, portanto: 1.000/1.000.000 = 1%
A cada nível sucessivo, ~ 10% da E disponível para aquele
nível é convertida em nova biomassa.
Este valor também se aplica a produtores, os quais consomem
90% de sua própria produção para a respiração
A cadeia de pastoreio:
modelo que descreve o fluxo geral de energia em parte do ecossitema

Maioria dos ecossitemas: o modelo inicia com os Produtores Primários, que produzem
açúcares e compostos orgânicos pela fotossíntese. Uma vez produzidos, estes compostos
podem ser usados para criar vários tipos de tecidos vegetais

Consumidores Primários
ou hervívoros: segundo elo
na cadeia de pastoreio,
obtém E pelo consumo dos
produtores primários

Miller, 2001
A cadeia de pastoreio

Consumidores secundários ou carnívoros: terceiro elo na cadeia. Obtém E pelo


consumo de herbívoros.

Consumidores terciários
ou carnívoros
secundários: obtém E
pelo consumo dos
carnívoros primários.

Miller, 2001
Decomposição e a cadeia alimentar de detritos

A cadeia de detritos difere da de pastoreio em várias formas significativas:


1- Os organismos envolvidos são fisicamente menores
2- Os papeis funcionais dos diferentes organismos não são tão bem definidos
em termos de categorias como os níveis tróficos da cadeia de pastoreio
3- Detritívoros vivem em ambientes ricos em material particulado, tendo
menos mobilidade que os herbívoros e os carnívoros
Cadeia e teias alimentares

• Porém, como geralmente ocorre, é mais


complicado do que isso: existem multiplos
predadores para cada presa e vice-versa,
omnivorismo e, em alguns casos,
canibalismo

• Os detritívoros são importantes mas


geralmente pouco estudados, lembrando
que são elementos chave no contrôle da
ciclagem de nutrientes e, portanto, da
dinâmica da população
Teias alimentares:

Descrevem os padrões complexos de


fluxo de E em um ecossitemas pela
modelagem de quem consome quem.
Contudo, se analisadas mais detalhadamente, observa-se que as teias
alimentares são muito mais complexas:
Pirâmides tróficas

Cadeias alimentares: sistemas morfológicos que descrevem o


fluxo de energia
Este fluxo dentro das cadeias alimentares pode ser também
descrito quantitativamente, através de vários modelos
propostos na literatura.
Exemplos:

Modelo de pirâmides de biomassa: quantifica a


biomassa total em cada nível trófico

Modelo de pirâmides de energia: quantifica a


quantidade de energia presente em cada nível
trófico
Pirâmides Ecológicas Forma gráfica de representar a estrutura e
função tróficas

Tipos

Pirâmides de números: são representados o número


de organismos individuais presentes em cada nível

Pirâmides de biomassa: são representados o peso


seco total ou o valor calórico ou outra medida da
quantidade de material vivo

Pirâmides de energia: são representados o fluxo


energético e/ou a produtividade em níveis tróficos
sucessivos
Pirâmides de Números

Odum, 1983)

1- Números variam muito de acordo com o tipo de comunidades, dependendo do


tamanho dos indivíduos
Exemplos:
Florestas: produtores primários - poucos indivíduos grandes
Oceanos: produtores primários – muitos indivíduos, pequenos
2- Muitas vezes os números entre um nível trófico e outro apresentam variações
muito grandes, dificultando sua representação na mesma escala
3- São estáticas: demostram os estados instantâneos
Pirâmides de Biomassa

Odum, 1983)

1- Proporciona um quadro mais claro das relações de biomassa existentes entre os


grupos ecológicos como um todo
2- Espera-se uma pirâmide de inclinação gradativa, desde que o tamanho dos indivíduos
não difira muito
3- Esta pirâmide pode ser invertida quando os indivíduos dos níveis tróficos iniciais são
bem menores do que os dos níveis mais elevados (ex. Lagos e oceanos)
4- São estáticas: demostram os estados instantâneos
Pirâmides de Energia

Odum, 1983)

1- Proporcionam a melhor imagem geral da natureza funcional das comunidades


2- O número e a massa de organismos que podem ser sustentados em um dado nível, em
uma dada situação não dependem da quantidade de E fixada presente, em um dado
momento no nível imediatamente inferior, mas sim da velocidade com que o alimento
está sendo produzido
3- São dinâmicas: demostram a velocidade da passagem da massa alimentar ao longo da
cadeia trófica
4- Forma da pirâmide não é afetada pelo tamanho ou taxas metabólicas
Eficiência ecológica ou …qual energia útil é transferida
entre níveis tróficos?

• Eficiência ecológica ou eficiência da cadeia alimentar: é definida


como o percentual da energia transferido de um nível trófico para o
seguinte:

• Eficiência ecológica: é geralmente apenas 10%, variando entre 5-


20%

Para entender melhor por que isto ocorre é necessário:

• Estudar a utilização da energia dentro de cada


nível trófico
• Levar em conta a dissipação de energia que
ocorre em cada transferência entre níveis
tróficos
Transferências energéticas dentro de cada nível trófico

Envolvem vários componentes:

 Ingestão: energia contida no alimento ingerido

 Excreção: energia contida nos dejetos

 Assimilação: energia contida no alimento ingerido que é


absorvida pelo organismo
 Respiração: energia consumida nos processos de manutenção
vital
 Produção: energia residual utilizada no crescimento e
reprodução
Relações energéticas fundamentais

O balanço energético de um consumidor resulta das seguintes


relações:

ENERGIA INGERIDA - ENERGIA EXCRETADA = ENERGIA ASSIMILADA

ENERGIA ASSIMILADA - RESPIRAÇÃO = PRODUÇÃO


A quantidade de E utilizada e a Eficiências podem ser determinadas

quantidade de E disponível para os


níveis seguintes dependem da eficiência
destes processos

No nível trófico Entre níveis tróficos

Eficiência:
razão entre uma saída (ou
produto definido) e a entrada
(ou custo)
Porque estes valores são tão distintos???
Mamíferos, marsupiais e
pássaros apresentam
taxas metabólicas seme-
lhantes, usam a energia
basicamente para manu-
tenção vital
Largartos em contra-
partida têm metabolismo
muito baixo

Assim para manter

250g um mamífero consome


~320 kJd-1 e um réptil 19
kJd-1
Exemplo de eficiência trófica: em ecossistemas aquáticos a
eficiência trófica é 2 – 24% (média 10%)

~2 milhões de toneladas de atum são pescados anualmente, o que


representa 0,1 g C de atum por km2 de oceano. Assumindo que a eficiência
trófica é de 10%, esta pesca de 0,1g requer:
1 g de peixes pelágicos
10 g de zooplâncton para alimentar os peixes pelágicos
100 g de fitoplâncon para alimentar o zooplâncton
Produtores para Herbívoros:
Herbívoros

PL Produtores/PLHerbívoros = 1478/8833 = 16.7%

Hebívoros para Carnívoros 1rios :

PLHebívoros/PL2donível de Carnívoros = 67/1478 = 4.5%

Carnívoros 1rios para Carnívoros 2rios:

PL2donível de Carnívoros / PL1ronível de Carnívoros = 8/67 = 11.9%

Eficiência média = (16.7+4.5+11.9)/3 = 11.0%, ~ 10%

E Produtores Herbívoros Carnívoros (1o nível) Carnívoros (2o nível)


PPB 20810 3368 383 21
R 11977 1890 316 13
PPL 8833 1478 67 8
A biomassa de um organismos pode ser vista como E armazenada, a
qual pode ser utilizada pelos consumidores, i.e., é a E disponivel para
a ingestão pelos mesmos

Portanto

A eficiência total de um nível trófico determina a quantidade de E


disponível para todos os demais níveis acima dele.

A Eficiência total é obtida pela multiplicação de todas as demais


eficiências:
Eficiência Total = Eficiência de exploração * Eficiência de Assimilação

* Eficiência de Produção = Biomassa/Energia Total


Um dos conceitos mais importantes do balanço energético dos
ecossistemas é:

Materiais essenciais são reciclados nas teias ou cadeias


alimentares, mas a energia flui, unidirecionalmente, não
sendo reciclada;

De um modo geral, ~9/10 da energia potencial é convertida em


entropia (respiração) em cada um dos “elos” da cadeia
alimentar

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