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Fluxo de energia e produtividade primária

Saiba mais sobre a produção primária, a (in)eficiência de transferência


de energia entre níveis tróficos e como ler pirâmides ecológicas.
Texto retirado do site Khan Academy, no link

https://pt.khanacademy.org/science/biology/ecology/intro-to-ecosystems/a/energy-flow-
primary-productivity

Pontos Principais:

• Produtores primários (geralmente plantas e outros fotossintetizadores) são a porta de


entrada da energia nas teias alimentares.

• Produtividade é a taxa na qual a energia é adicionada aos corpos de um grupo de


organismos (como os produtores primários) na forma de biomassa.

• Produtividade bruta é a taxa global de captura de energia. A Produtividade líquida é


inferior, ajustada para a energia utilizada pelos organismos na
respiração/metabolismo.

• A transferência de energia entre os níveis tróficos é ineficiente.


Apenas \sim10\%∼10%\sim, 10, percent da produtividade líquida de um nível termina
como produtividade líquida no próximo nível.

• Pirâmides ecológicas são representações visuais do fluxo de energia, acúmulo de


biomassa e número de indivíduos nos diferentes níveis tróficos.

Introdução

Você já se perguntou o que aconteceria se todas plantas do planeta Terra desaparecessem


(junto com outros fotossintetizadores como as algas e bactérias)?

Bem, nosso belo planeta definitivamente pareceria estéril e triste. Também perderíamos nossa
principal fonte de oxigênio (essa coisa importante que respiramos e da qual dependemos para
o metabolismo). O dióxido de carbono já não seria retirado do ar, e como ele prende calor, a
Terra poderia aquecer mais rápido. E, talvez o mais problemático, quase todos os seres vivos
na Terra ficariam eventualmente sem comida e morreriam.

Por que seria este o caso? Em quase todos os ecossistemas, fotossintetizadores são a única
"porta de entrada" para que a energia flua para as teias alimentares (redes de organismos que
comem uns aos outros). Se os fotossintetizadores fossem removidos, o fluxo de energia seria
interrompido, e os outros organismos ficariam sem comida. Desta forma, os
fotossintetizadores estabelecem a base para todos os ecossistemas que recebem luz.

Produtores são a porta de entrada da energia

Plantas, algas e bactérias fotossintetizantes atuam como produtores. Produtores são


autótrofos ou organismos que se "auto-alimentam", que fazem suas próprias moléculas
orgânicas a partir do dióxido de carbono. Fotoautótrofos, como as plantas, utilizam a energia
da luz para construir açúcares a partir do dióxido de carbono. A energia é armazenada nas
ligações químicas das moléculas, que são utilizadas como combustível e material de
construção pela planta.
A energia armazenada em moléculas orgânicas pode ser passada para outros organismos no
ecossistema quando esses organismos comem plantas (ou comem outros organismos que
anteriormente tenham comido plantas). Desta forma, todas os consumidores, ou heterótrofos
(organismos que se "alimentam de outros") de um ecossistema, incluindo herbívoros,
carnívoros e decompositores, dependem dos produtores do ecossistema para energia.

Se as plantas ou outros produtores de um ecossistema fossem removidos, não haveria


maneira de a energia entrar na teia alimentar, e a comunidade ecológica entraria em colapso.
Isso porque a energia não se recicla: em vez disso, ela é dissipada como calor enquanto se
move pelo ecossistema e deve ser constantemente reposta.

Na medida em que os produtores sustentam todos os outros organismos em um ecossistema,


a abundância de produtores, a biomassa (peso seco) e a taxa de captura de energia são
fundamentais para a compreensão de como a energia se move através de um ecossistema e
que tipos e quantidades de outros organismos ela pode sustentar.

Produtividade primária

Em ecologia, produtividade é a taxa pela qual a energia é adicionada aos corpos dos
organismos sob a forma de biomassa. Biomassa é simplesmente a quantidade de matéria que
é armazenada nos corpos de um grupo de organismos. A produtividade pode ser definida para
qualquer nível trófico ou outro grupo, e pode ser representada tanto em unidades de energia
quanto de biomassa. Existem dois tipos básicos de produtividade: bruta e líquida.

Para ilustrar a diferença, vamos considerar a produtividade primária (a produtividade dos


produtores primários de um ecossistema).
• Produtividade primária bruta ou PPB, é a taxa pela qual a energia solar é capturada
em moléculas de açúcar durante a fotossíntese (energia capturada por unidade de
área por unidade de tempo). Produtores como as plantas utilizam parte desta energia
para respiração celular/metabolismo e parte para o crescimento (construção de
tecidos).

• Produtividade primária líquida ou PPL, é produtividade primária bruta menos a taxa


de perda de energia para o metabolismo e manutenção. Em outras palavras, é a taxa à
qual a energia é armazenada como biomassa por plantas ou outros produtores
primários e disponibilizada aos consumidores no ecossistema.

As plantas normalmente capturam e convertem aproximadamente 1,3 a 1,6% da energia solar


que atinge a superfície da Terra e usam cerca de um quarto da energia capturada para o
metabolismo e manutenção. Portanto, em torno de 1% da energia solar que atinge a superfície
da terra (por unidade de área e tempo) termina como produtividade primária líquida.

A produtividade primária líquida varia entre ecossistemas e depende de muitos fatores. Estes
incluem a entrada de energia solar, níveis de temperatura e umidade, níveis de dióxido de
carbono, disponibilidade de nutrientes e interações da comunidade (por exemplo, pastagem
por herbívoros). Esses fatores afetam a quantidade de fotossintetizadores presentes para
capturar a energia da luz e o quão eficientes são em executar sua função.

Em ecossistemas terrestres, a produtividade primária varia de cerca de 2000g por metro


quadrado por ano, em florestas tropicais altamente produtivas e pântanos salinos a menos
que 100 g por metro quadrado por ano em alguns desertos. Podemos ver como a
produtividade primária líquida varia em escalas de tempo mais curtas no mapa dinâmico
abaixo, que mostra variações sazonais e de ano a ano na produtividade primária líquida dos
ecossistemas terrestres em todo o globo.

Crédito da animação: "Net primary productivity," por NASA, domínio público.

Como a energia move-se entre os níveis tróficos?


A energia pode passar de um nível trófico para o seguinte quando as moléculas orgânicas do
corpo de um organismo são comidas por outro organismo. No entanto, a transferência de
energia entre os níveis tróficos geralmente não é muito eficiente.

Quão ineficiente? Em média, apenas cerca de 10% da energia armazenada como biomassa em
um nível trófico (por exemplo, os produtores primários) será armazenada como biomassa no
próximo nível trófico (por exemplo, os consumidores primários). Dito de outra forma, a
produtividade líquida geralmente cai por um fator de dez, de um nível trófico para o próximo.

Por exemplo, em um ecossistema aquático em Silver Springs, Flórida, as produtividades


líquidas (taxas de armazenamento de energia como biomassa) para níveis tróficos:

• Produtores primários, tais como plantas e algas: 7618 kcal/m2 / ano

• Consumidores primários, tais como caramujos e larvas de insetos: 1103 kcal/m2/ano

• Consumidores secundários, tais como peixes e insetos grandes: 111}kcal/m2/anos

• Consumidores terciários, tais como grandes peixes e cobras: 555 kcal/m2\ano


kcal/m2/ano

• A eficiência de transferência varia entre os níveis e não é exatamente 10%, mas


podemos ver que é próxima à estimativa, fazendo alguns cálculos. Por exemplo, a
eficiência de transferência entre os produtores primários e os consumidores primários
é:

Eficiência de transferência = 1103 Kcal/m2/ano dividido por 7618 Kcal/m2/ano X 100

Então a eficiência de transferência é de 14,5%


Produtores (plantas) e consumidores (peixes) de Silver Springs. Crédito da imagemt: "Glass
Bottom Boat ride, Silver Springs Florida," por Katie Yaeger Rotramel, CC BY-NC-SA 2.0.

Por que a transferência de energia é ineficiente? Há várias razões. Uma é que nem todos os
organismos em um nível trófico inferior serão comidos por aqueles em um nível trófico
superior. Outra é que algumas moléculas dos corpos dos organismos que realmente são
comidos não são digeríveis pelos predadores e são perdidas em suas fezes (cocô). Os
organismos mortos e as fezes se tornam jantar para os decompositores. Finalmente, das
moléculas que carregam energia que são absorvidas por predadores, algumas são utilizadas na
respiração celular (em vez de ser armazenada como biomassa)

Quer colocar alguns números concretos por trás desses conceitos? Clique no pop-up para ver
exatamente onde vai a energia enquanto ela se move através do ecossistema de Silver
Springs:

[Diagrama de fluxo de energia total de Silver Springs]

Pirâmides ecológicas

Podemos olhar para números e fazer cálculos para ver como a energia flui através de um
ecossistema. Mas não seria bom ter um diagrama que captasse essa informação de uma forma
fácil de se processar?

As pirâmides ecológicas fornecem um retrato intuitivo, visual de como se comparam os níveis


tróficos de um ecossistema para uma característica de interesse (tais como o fluxo de energia,
biomassa ou o número de organismos). Vamos examinar estes três tipos de pirâmides e ver
como elas refletem a estrutura e função dos ecossistemas.

Pirâmides de energia

As pirâmides de energia representam o fluxo de energia através dos níveis tróficos. Por
exemplo, a pirâmide abaixo mostra a produtividade bruta para cada nível trófico do
ecossistema de Silver Springs. Uma pirâmide de energia mostra geralmente as taxas de fluxo
de energia através dos níveis tróficos, não as quantidades absolutas de energia armazenada.
Podem ser em unidades de energia, tais como kcal/m2\ano ou unidades de biomassa, como
g/m2/ano

Imagem modificada de "Energy flow: Figure 3," por OpenStax College, Biology CC BY 4.0.

Pirâmides de energia são sempre verticais, isto é, mais estreitas a cada nível sucessivo (a
menos que organismos entrem no ecossistema de outros lugares). Este padrão reflete as leis
da termodinâmica, que nos dizem que não se pode criar energia nova, e que uma parte deve
ser convertida em uma forma não útil (calor) em cada transferência.
Pirâmides de biomassa

Outra maneira de visualizar a estrutura do ecossistema é através das pirâmides de biomassa.


Estas pirâmides representam a quantidade de energia que é armazenada no tecido vivo, nos
diferentes níveis tróficos. (Ao contrário de pirâmides de energia, pirâmides de biomassa
mostram quanto de biomassa está presente em um nível, não a taxa na qual ela é adicionada).

Abaixo à esquerda, podemos ver uma pirâmide de biomassa para o ecossistema de Silver
Springs. Essa pirâmide, como muitas pirâmides de biomassa, é vertical. Contudo, a pirâmide de
biomassa mostrada à direita – de um ecossistema marinho no Canal da Mancha – é de cabeça
para baixo (invertida).

Imagem modificada de "Energy flow: Figure 3," por OpenStax College, Biology CC BY 4.0.

A pirâmide invertida é possível em razão da alta taxa de rotatividade do fitoplâncton. Eles são
rapidamente comidos pelos consumidores primários (zooplâncton), portanto sua biomassa é
pequena em qualquer momento. No entanto, eles se reproduzem tão rápido que, apesar do
baixo estado de equilíbrio de sua biomassa, têm alta produtividade primária que pode
sustentar grandes quantidades de zooplâncton.

Pirâmides de números

As pirâmides de números mostram quantos organismos individuais existem em cada nível


trófico. Elas podem estar na vertical, invertidas ou meio irregulares, dependendo do
ecossistema.

Como mostrado na figura abaixo, uma típica pastagem tem, durante o verão, uma base de
numerosas plantas, e os números de organismos diminuem nos níveis tróficos superiores.
Todavia, durante o verão em uma floresta temperada, a base da pirâmide, em vez disso,
consiste em algumas plantas (principalmente árvores) que são amplamente superadas em
número pelos consumidores primários (principalmente insetos). Uma vez que as árvores
individuais são grandes, elas podem dar sustentar os outros níveis tróficos, apesar de seu
pequeno número.

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