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● Conhecer as definições de evaporação,


transpiração, e evapotranspiraçã
● Estimativa da evaporação de uma superfície
líquida com balanço energético (Calor sensível e
Razão de Bowen)
● Estimativa da evaporação de uma superfície
líquida com métodos combinados (Penman e
Priestley-Taylor)

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Evaporação

UFPR – Departamento de Hidráulica e Saneamento


Curso de Engenharia Civil
Notas de aula da disciplina TH027 – Hidráulica e
Hidrologia Experimental
Curitiba, nov/2016
TH027 – Hidráulica e Hidrologia Experimental Prof. Alexandre K. Guetter
Lição 05 – Evaporação e Transpiração

EVAPORAÇÃO E TRANSPIRAÇÃO

Objetivos
● Conhecer as definições de evaporação, transpiração, evapotranspiração e os principais fatores
ambientais
● Estimativa da evaporação com balanço energético (Calor sensível e Razão de Bowen)
● Estimativa da evaporação com métodos combinados (Penman e Priestley-Taylor))
● Estimativa da evapotranspiração real e de referencia para uma superfície com cobertura vegetal

Leituras
● Hidrologia: Ciência e Aplicação – Capítulo 7 (Evaporação e Evapotranspiração)
● Hidrologia Aplicada (Applied Hydrology), Chow, Maidment e Mays, 1988 – Cap 3.5 Evaporação e Cap
3.6 Evapotranspiração

5.1 Introdução
A superfície de um corpo de água (oceano, rio, lago) está sujeita à evaporação, enquanto que a superfície de
solo de uma bacia hidrográfica está sujeita à evaporação da água armazenada na camada superficial do solo e à
transpiração pela vegetação. A evaporação de um corpo de água depende somente dos fatores meteorológicos e
ambientais, principalmente a radiação solar, umidade do ar, temperatura e o vento; enquanto que a evapotranspiração do
solo, além de depender dos fatores ambientais também depende da disponibilidade de água no solo e da fase de
desenvolvimento da vegetação. Após uma estiagem prolongada, a camada superficial do solo se encontra seca, não
havendo água para ser evaporada, mesmo que haja muito sol e vento, então a evaporação do solo será quase nula.
Todavia, após um período de chuva prolongada, a camada superficial do solo se encontra saturada (os poros do solo estão
totalmente preenchidos com água), neste caso a evaporação irá diminuir a umidade do solo, que por sua vez reduzirá a
taxa de evaporação.
A transpiração é função da cobertura vegetal, envolvendo a retirada da água do solo pelas raízes das plantas, o
transporte da água através da planta até as folhas, e a transferência da água (no estado de vapor) para a atmosfera através
dos estômatos da folha. A transpiração é um processo que depende do estado da vegetação e de sua fase de
desenvolvimento. Se for vegetação permanente (matas e florestas com árvores), então a transpiração poderá variar com a
estação do ano, em função da quantidade de folhas e do estado das folhas. Se for uma cultura agrícola, então a
transpiração variará significativamente entre as fases de semeadura, desenvolvimento das plantas, maturidade e colheita.
O “fechamento” do ciclo hidrológico em uma bacia hidrográfica ocorre através do processo da
evapotranspiração, que é o retorno da água precipitada para a atmosfera. A evaporação é dependente da disponibilidade de
água sobre uma superfície e dos fatores ambientais (temperatura, umidade relativa, vento, radiação solar). A evaporação e
a transpiração só ocorrem se houver transferência de energia para o sistema, proveniente do sol, da atmosfera, ou de
ambos. Para a ocorrência da evaporação são necessárias duas condições:
1) que a água líquida esteja recebendo energia para superar o calor latente de evaporação;
2) que o ar acima da superfície que origina o fluxo de vapor de água não esteja saturado.

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Quanto maior for a energia recebida pela água líquida, tanto maior será a evaporação. Da mesma forma, quanto
mais seco estiver o ar acima da superfície (ou seja, mais baixa a concentração de vapor no ar), maior será a taxa de
evaporação.

5.1.1 Definições
As definições associadas aos processos de evaporação e transpiração são:

● Evaporação: é o processo físico no qual um líquido ou sólido passa para o estado gasoso (vapor).
● Transpiração: é o processo pelo qual as plantas retiram a água do solo e a transferem para a atmosfera
sob a forma de vapor. A transpiração ocorre nas folhas através do controle estomatal, dependendo da
fisiologia da planta e dos fatores meteorológicos.
● Evapotranspiração: é o fluxo de vapor de água da superfície do solo para a atmosfera pelo conjunto dos
processos de evaporação e transpiração.
● Evaporação Potencial: é a evaporação de uma superfície saturada de água, isto é, mesmo com o fluxo
de evaporação, todos os poros da superfície permanecem saturados com água líquida. A evaporação
potencial é controlada pelos fatores climáticos, pois a quantidade disponível de água e sua taxa de
reposição são ilimitados.
● Evaporação de Lago: é a evaporação de uma superfície líquida, tipicamente estimada a partir de dados
monitorados em terra (vento, umidade, temperatura, radiação, etc.)
● Evaporação Real: é a evaporação realmente ocorrida quando houver disponibilidade limitada de água no
solo.
● Evapotranspiração Potencial: é a máxima evapotranspiração para as condições atmosféricas
especificadas.
● Evapotranspiração de Referência: é a evapotranspiração de uma superfície extensa de capim verde
(com 8-15 cm) em crescimento ativo, cobrindo totalmente o solo em que há abundância de água.
● Evapotranspiração Real: é a evapotranspiração realmente ocorrida em função da variabilidade do ciclo
da planta e da limitada disponibilidade de água no solo.

5.1.2 Fatores Meteorológicos


Os principais fatores meteorológicos para a evaporação são:
● Radiação solar líquida (Rn) sobre a superfície: varia com a hora do dia e com o dia do ano (estações),
depende da atenuação da atmosfera (poluição, poeira, aerosóis) e da nebulosidade;
● Umidade do ar (Rh), ou então, da pressão de vapor do ar (e) e pressão de saturação (es) para a
temperatura do ar T;
● Temperatura do ar (T);
● Velocidade do vento (vw ou v2)

E  f  Rn, es , e, vw ,T
onde E = taxa de evaporação em [mm/h, mm/dia, mm/mês, ou mm/ano]

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5.2 Estimativa da Evaporação em Função da Radiação


5.2.1.1 Medição da radiação solar
O piranômetro é o instrumento usado para o monitoramento de radiação solar global sobre superfícies planas. A
Figura 5.1 ilustra um piranômetro moderno usado operacionalmente em estações meteorológicas.

Figura 5.1 – Piranômetro para monitoramento de radiação solar global em superfícies planas (Fonte: www.hobeco.net)

Note que a base branca do piranômetro é bem maior do que o hemisfério transparente que abriga o sensor para
medição de radiação. A função da base é evitar que a radiação solar refletida pela superfície seja medida pelo piranômetro.
Portanto, se o dado necessário for a radiação líquida, então se deve excluir a fração da radiação refletida (albedo) da
medição da radiação solar global do piranômetro.

5.2.1.2 Albedo
O albedo é a razão entre as radiações refletida e incidente:

  = albedo
Irefletida 
 ; onde  Irefletida = radiação refletida
Iincidente I
 incidente = radiação incidente
O albedo médio de todo o planeta é =0.34, mas cada material e superfície apresentam um albedo distinto
conforme lista a Tabela 5.1.

Tabela 5.1 - Albedo de superfícies naturais (Fonte: Hydrology, Bras, 1990)


Superfície Albedo Superfície Albedo
Água 0.03-0.40 Área urbanas densa 0.15-0.25
Terra preta seca 0.14 Neve 0.40-0.85
Terra preta úmida 0.08 Gelo marinho 0.36-0.50
Terra marron seca 0.25-0.30 Trigo - desenvolvimento 0.10-0.25
Terra marron úmida 0.10-0.12 Trigo - maduro 0.16-0.23
Areia amarela 0.35 Capim alto 0.18-0.20
Areia branca 0.30-0.40 Grama verde 0.26
Areia de rio 0.43 Copa de árvore- 0.18
Rocha 0.12-0.15 Copa de pinheiro 0.14

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O albedo de superfícies de água varia com a cobertura de nuvens e com a posição do sol, sendo da ordem de
=0.30 nos horários próximos do nascer e por do sol, e se reduz a =0.05 próximo do meio dia.

5.2.2 Estimativa da evaporação devida à radiação - Método do Balanço de Energia


O objetivo do método do balanço de energia é o de estimar a taxa de evaporação diária (E r em mm/dia) em
função da média horária da radiação líquida em um dia (Rn em W/m2) e da temperatura do ar (Tar em C). Note que a taxa de
evaporação é representada pela variação do volume evaporado no tempo (mm/dia), ou seja, de quanto se rebaixa o nível
d’água (em mm) da superfície com área A.

5.2.2.1 Calor específico do ar e calor latente de vaporização da água


Enquanto que no balanço de energia sabemos a radiação líquida que incide sobre a superfície, em W/m 2, que é
quantificada em unidades de energia por área, mas queremos saber a energia disponível para a evaporação da água. A
questão é como se converte a variação de energia, expressa em W/m2, em variação de volume evaporado em mm/dia. Para
tanto é necessário usar propriedades termodinâmicas do ar (calor específico) e da água (calor latente de vaporização) que
são função da temperatura. A Tabela 5.2 mostra a variação do calor específico do ar (a pressão constante) em função da
temperatura do ar.

Tabela 5.2 – Calor específico do ar à pressão constante em função da temperatura (Fonte: Singh and Heldman, 2001)

O valor de referência para o calor latente de vaporização da água é lv=2.496.000 J.kg-1. O ar tem de absorver
calor que foi utilizado para evaporar mais água, aumentando localmente a umidade do ar junto da superfície líquida sem
que haja variações de temperatura.
O calor latente de vaporização da água varia com a temperatura do ar, podendo ser estimado localmente pela
equação:


l  calor latente de vaporização em Jkg
-1
lv  2,501* 106  2370 * Tar ; onde  v Eq (1)

 Tar  temperatura do ar em o C

5.2.2.2 Volume de controle para estimar a evaporação pelo balanço de energia


A Figura 5.2 ilustra um tanque de evaporação que constitui o volume de controle usado para a aplicação da
conservação de massa e de energia para a estimativa da taxa de evaporação associada à radiação l

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Figura 5.2 – Volume de controle de um tanque de evaporação para a estimativa da taxa de evaporação produzida pela
radiação solar com aplicação das equações de conservação de massa e de energia (Fonte: Chow, Maidment & Mays, 1994)

A taxa de evaporação resultante da radiação (E) é obtida medindo-se a taxa de diminuição do nível de água no
tanque com área A. Se considera o volume de controle como sendo o volume de água no tanque e a coluna de ar acima do
tanque. As variáveis da Figura 5.10 são:
 w = massa específica da água [kg.m-3];
 a = massa específica do ar [kg.m-3];
 h = altura da água no tanque [m];
 A = área da base do tanque [m2];
dh
 E = taxa de evaporação [mm/dia];
dt
dmv
  mv   w AE = fluxo de vapor que sai do tanque [kg/s];
dt
 Hs= fluxo de calor sensível, que é o calor transferido da água para o ar, aumentando a temperatura do ar
[Wm-2];
 Rn = radiação líquida [Wm-2];
 G = fluxo de calor transferido da água do tanque para o solo [Wm-2].

5.2.2.3 Conservação de massa


O único fluxo de massa no tanque é a evaporação que reduz a altura de água no tanque, que tem o sinal
negativo por ser um fluxo que sai do volume de controle:

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dmv  dh 
  mv   w A   
dt  dt 
mv   w AE (onde as unidades sao kg.s-1 )

5.2.2.4 Conservação de energia – Taxa da evaporação por balanço de energia


A unidade de energia é o Joule [J]. O fluxo de energia é a energia que entra ou sai do volume de controle por
unidade de tempo, cujas unidades são [J.s-1]. Lembre que potência corresponde ao fluxo de energia e sua unidade é o Watt
[W]. Portanto 1 W = 1 J.s-1.
No volume de controle da Figura 5.10 temos:
 Fluxo de energia que entra: Rn = radiação líquida
 Fluxo de energia que sai:
 Hs= fluxo de calor sensível, transferido da água para o ar;
 G = fluxo de calor transferido da água do tanque para o solo;

 lv mv = fluxo de calor transferido na mudança de fase da água líquida para o vapor

A equação do balanço de energia é:


lv  w AE
Rn  H s  G  lv mv  H s  G 
A
1
E  ( Rn  H s  G )
lv  w
Se admitirmos as duas hipóteses abaixo, então podemos obter a estimativa da taxa da evaporação em função
da radiação::
1) Hs = 0 => desprezamos o fluxo de calor sensível, ou seja, assumimos que a água aquecida pela
radiação solar não altera a temperatura do ar;
2) G = 0 => desprezamos o fluxo de calor da água aquecida para o solo.

Rn
Er  *1000 *86400 Eq (2)
lv  w mmm s dia

A equação acima é chamada de “Taxa de evaporação por balanço de energia”, que é decorrente da radiação solar.
Assumindo-se que as variações da massa específica da água e do calor latente de vaporização com a temperatura do ar
variem pouco, então podemos assumir que as propriedades termodinâmicas de referência sejam:
 Calor latente de vaporização da água: lv em J.kg-1
 Massa específica da águaw = 1000 kg.m-3

Exemplo Resolvido – Taxa de evaporação por balanço de energia


Use o método do balanço de energia para calcular a taxa de evaporação de uma superfície de água, se a radiação líquida
for Rn = 200 Wm-2 e a temperatura do ar for 25 C. Assuma que não existam os fluxos de calor sensível e o fluxo de
transferência de calor do corpo d’água para o solo.
Dados Termodinâmicos:

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 lv=2496 kJ.kg-1
 w = 1000 kg.m-3
Solução:
Rn 200
Er    8, 01*108 ms-1
lv  w 2496*103 *1000
Er  8, 01*108 *1000*86400  6,92 mm dia
mmm s dia

5.3 Estimativa da evaporação devida ao vento – Método Aerodinâmico


Além da radiação solar, que implica na transferência de energia para um corpo d’água, o vento é o segundo
fator que controla a taxa de evaporação de uma superfície de água, transportando o vapor para longe da superfície de
origem. A taxa de evaporação devida ao vento está associada a dois processos:
1) Gradiente de umidade do ar junto à superfície, isto é, a diferença entre as pressões de vapor do ar úmido
em movimento e a pressão de saturação do vapor do ar junto à superfície líquida;
2) Velocidade do vento que afasta da superfície líquida o ar saturado de vapor e o mistura com o ar da
atmosfera.
Esses dois processos são modelados através da solução simultânea das equações de conservação de massa e
de quantidade de movimento do ar no volume de controle situado na coluna de ar logo acima da superfície de água e cuja
base seja a superfície líquida.

5.3.1 Método Aerodinâmico


No caso da análise da evaporação devida à radiação o volume de controle incluía a água e o ar acima da
superfície de água (Figura 5.2). No caso da análise da evaporação devida ao vento, o painel (b) da Figura 5.3 ilustra o
volume de controle que é somente a coluna do ar úmido acima da superfície líquida, limitado na base pela superfície da
água e no topo pela elevação Z.

(a) (b) (c) (d)

Figura 5.3 – (a) Perfil da velocidade do vento; (b) Volume de controle acima da superfície de água; (c) variação da
temperatura do ar com a altura; (d) variação da umidade específica do ar com a altura (Fonte: Chow, Maidment & Mays,
1994)

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É comum que se apresente a taxa de evaporação aerodinâmica como o produto dos dois termos da Eq (3):

Ea  B *  eas  ea  *(1000*86400) Eq (3)


mm dia termo aerodinamico mmm s dia
mm ( dia*Pa ) termo da umidade do ar
Pa

 o termo aerodinâmico, B, depende de:


 u2 =velocidade do vento;
 Z2 =altura em que o vento é medido (Z2=10 m em estações meteorológicas padrão);
 Z0 =altura de rugosidade;
 p = pressão atmosférica (se não for dadada, use o valor de referência p~105 Pa);
 massas específicas do ar e da água na temperatura T (pode-se assumir que sejam constantes).

que resulta na Eq (4):


ms

 ar 0, 622  u2 
B 2 Eq (4)
m  s*Pa  w   z 
2

p * ln  2  
Pa   z0  

A massa específica do ar pode ser calculada pela equação de regressão:


5,264
 Z local 
1  45271 
 ar  353, 4   Eq (5)
273,15  Tar

Onde Zlocal é a elevação do local em relação ao nível médio do mar


 o termo da umidade do ar depende da:
 pressão de saturação de vapor, eas;

 
 17, 27 * Tar 
eas  611*exp   Eq (6)
em Pa  237,3  Tar 
 em C 

 umidade relativa na altura Z2.

 Rh 
 
ea  eas *  %  Eq (7)
 100 
 

Exemplo Resolvido – Taxa de evaporação pelo método aerodinâmico


Use o método aerodinâmico para calcular a taxa de evaporação de uma superfície de água, se a temperatura do ar for 25
C, a umidade relativa de 40%, a pressão do ar de 100 kPa e a velocidade do vento médio diário seja de 3 m/s (que é um
valor alto, sendo incomum no Paraná), medido a uma altura de 2 m. Assuma a altura da rugosidade seja Z0=0,03 cm.

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Solução:
Estimativa do coeficiente aerodinâmico:
ms ms

B  0,102
 u2   0,102
 3  0, 0039 mm  dia*Pa 
2 2
mm ( dia*Pa )   z2     2 
ln    ln  0, 0003  
  z0     
Estimativa da pressão de saturação do vapor:

 

eas  611*exp 
17, 27 * 25 
  3169 Pa
 237,3  25 
 C 
Pa

Estimativa da pressão de vapor:

e  Rh * eas 40*3169
Rh  100  a   ea    1267 Pa
%  eas  100 100
Estimativa da taxa de evaporação pelo Método Aerodinâmico:

Ea  B *  eas  ea   0, 0039*(3169  1267)  7,50 mm dia


mm dia termo aerodinamico
mm ( dia*Pa ) termo da umidade do ar
Pa

5.4 Método Combinado: Aerodinâmico e Balanço de Energia


Normalmente tanto a radiação solar quanto o vento são importantes para a estimativa da evaporação, logo é
necessária uma combinação dos métodos aerodinâmicos e de balanço de energia. No método do balanço de energia é
difícil calcular o fluxo de calor sensível (Hs). Note que na formulação para estimativa da taxa de evaporação devido à
radiação, Er, desprezou-se o fluxo de calor sensível. O fluxo de calor sensível corresponde à energia transferida da água
aquecida pela radiação para o ar, aumentando a temperatura do ar. Portanto, o fluxo de calor sensível é uma “perda” do
balanço energético, ou seja, reduz a energia da radiação solar disponível para a evaporação da água.
Bowen (1926) sugeriu que ao invés de se estimar H s e o calor disponível para evaporação isoladamente, se
pode construir uma função que expresse a razão desses dois fluxos de energia, que tem sido chamada de  = Razão de
Bowen.

5.4.1 Razão de Bowen


A razão de Bowen é:

 Hs = calor sensivel
Hs Hs 
  ; l v = calor latente de vaporizacao da agua
Qe l v m v 
 m v = fluxo de massa de evaporacao
A razão de Bowen se calcula com a solução simultânea das equações de fluxo de massa de vapor e de fluxo de
energia, resultando na (Eq 8):

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A razão de Bowen estima a razão entre os fluxos de calor sensível e de calor para evaporação através da razão
das diferenças de temperatura do ar e da pressão de saturação (que é um indicador da umidade do ar). As diferenças são
calculadas entre uma elevação z2 e a elevação z1 junto à superfície da água. É comum se estimar a razão de Bowen, como
sendo o produto de um coeficiente que depende das propriedades termodinâmicas do ar e da água e das razões das
diferenças das temperaturas e pressão de vapor.

  = constante psicrometrica [ Pa C]
 T2  T1  
   ;  T = temperatura [C]
 e 2  e1  
 e = pressão de vapor [Pa]

A constante psicrométrica, , é função de:


 Cp = calor específico do ar à pressão constante, que varia com a temperatura do ar T (Tabela 5.3);
 lv = calor latente de vaporização da água (lv=2496 kJ.kg-1);
 p = pressão atmosférica

 Kh
 1
Kw
Cp K h p 
 ;  (8)
0,622 * l v K w 
C = 1,012 kJ (kg*C)
 p


5.4.2 Equações do Método Combinado


A equação de Penman (Penman, 1948) é considerada a equação governante do Método Combinado:
 
Ec  Er  Ea (9)
mm dia
  
termo de radiacao termo aerodinamico
mm ( dia ) mm ( dia )

Note-se que os coeficientes somam 1:


 
  1, 0
 
A constante  corresponde ao gradiente da curva de pressão de saturação de vapor para a temperatura do ar T.
A Figura 5.4 ilustra a função de variação da pressão de saturação de vapor em função da temperatura do ar, onde a linha
vermelha é a função para a superfície de água líquida e a linha azul para uma superfície de gelo.

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Figura 5.4 – Variação da pressão de saturação do vapor com a temperatura do ar para uma superfície líquida (linha
vermelha) e para o gelo (linha azul) (Fonte: Wallace & Hobbs, 2006)

A constante  é também pode ser parametrizada pela Eq (10):


Pa

4098* eas
  (10)
 237,3  T 
2
Pa C

O método da combinação é o mais preciso para o cálculo da evaporação quando:


1) Toda a informação meteorológica estiver disponível (temperatura do ar, radiação solar global, velocidade do
ar, pressão, umidade do ar);
2) Informações sobre a superfície estiverem disponíveis (rugosidade e albedo);
3) Que o fluxo de energia seja quase permanente;
4) As mudanças no armazenamento de calor do corpo d’água com o tempo não sejam significativas;
5) Aplicação para áreas pequenas. O corpo d’água não deve ter dimensões muito grandes, pois um lago
grande possui grande capacidade de armazenamento de calor.
As hipóteses (3) e (4) restringem a aplicação do método para intervalos de tempo diários, ou então maiores,
sendo que os dados meteorológicos de entrada devem ser médias diárias, se a resolução for de 1 dia.
A principal hipótese da parte aerodinâmica do método está associada com o coeficiente B (Eq 9). Há vários
trabalhos que propõem variações na formulação de B, com ajustes locais das informações de vento e com inclusão de
outras informações micrometeorológicas.

Exemplo Resolvido – Taxa de evaporação pelo método combinado


Use o método combinado para calcular a taxa de evaporação de uma superfície de água, sujeita à radiação de 200 W/m2,
se a temperatura do ar for 25 C, a umidade relativa de 40%, a pressão do ar de 100 kPa e a velocidade do vento médio
diário seja de 3 m/s, medido a uma altura de 2 m. Assuma a altura da rugosidade seja Z 0=0,03 cm.
Solução:

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Estimativa do constante psicrométrica:

 Kh
 1
Kw

Cp K h p  1,012 *105
 ; para T = 25 C e p=105 Pa     65,18 Pa C
0,622 * l v K w  0,622 * 2496
C = 1,012 kJ (kg*C)
 p


Estimativa da pressão de saturação do vapor:

 

eas  611*exp 
17, 27 * 25 
  3169 Pa
 237,3  25 
 C 
Pa

Estimativa do parâmetro , que é o gradiente da curva de pressão de saturação de vapor para a temperatura T.
Pa

4098* eas 4098*3169 12986,56*103


     188,8
 237,3  T   237,3  25
2 2
Pa C 68801, 29
Dos exemplos anteriores já determinamos:
Rn 200
Er    8, 01*108 ms-1
lv  w 3
2496*10 *1000
Er  8, 01*108 *1000*86400  6,92 mm dia
mmm s dia

Ea  B *  eas  ea   0, 0039*(3169  1267)  7,50 mm dia


mm dia termo aerodinamico
mm ( dia*Pa ) termo da umidade do ar
Pa

Estimativa da taxa de evaporação pelo Método Combinado:


  188,8 65, 2
E  Er  Ea  6,9  7,5
mm dia    188,8  65, 2 188,8  65, 2
termo de radiacao termo aerodinamico 0,743 0,257
mm ( dia ) mm ( dia )

E  5,12  1,95  7, 07 mm dia

5-12

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