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SKY ANGELS ESCOLA DE AVIAÇÃO CIVIL

METEOROLOGIA
INSTRUTOR
Rui Rocha
Definição de Meteorologia

A meteorologia é uma das ciências que estudam a atmosfera


terrestre, tem como foco o estudo dos processos atmosféricos
e a previsão do tempo. Estuda os fenômenos que ocorrem
na atmosfera e as interações entre seus estados dinâmicos,
físico e químico, com a superfície terrestre.
Divisão da Meteorologia
Meteorologia Pura
É o estudo dirigido para o campo da pesquisa. Ex: Dinâmica,
climatológica, sinótica, etc.

Meteorologia Aplicada
É dirigida para uma aérea de aplicação prática. Ex: Meteorologia
aeronáutica, agrícola, marítima, etc.
Meteorologia Aeronáutica
Tem seu foco de atuação voltado especificamente às atividades
aéreas, tendo em vista a economia e a segurança. No Brasil o estudo e as
aplicações da meteorologia aeronáutica é realizado pelo Comando da
Aeronáutica por meio do DECEA, que tem a REDMET como órgão
oficial de divulgação.
O trabalho desses meteorologistas consiste em fazer observações visuais
(quantidade e altura de nuvens, velocidade e direção dos ventos) nos
aeroportos, colher dados de estações e radares meteorológicos, divulgar
esses dados aos pilotos e analisar os dados, produzindo previsões
meteorológicas específicas para a região do aeródromo e rotas aéreas muito
mais detalhadas que as previsões vistas nos telejornais.
Fases
Observação:
Verificação visual e instrumental dos elementos meteorológicos.
Podem ser respectivamente: EMS, EMA e ERM.
Divulgação:
É a transmissão para fins de difusão no meio aeronáutico das observações
feitas.

Coleta:
É a recepção de dados de uma determinada região para o conhecimento
mais amplo das condições reinantes num aeródromo e nos demais
Analise:
É o estudo e a interpretação dos dados coletados.

Centro de Previsão de
Tempo e Estudos Climáticos

Exposição:
É a entrega dos dados para consulta dos usuários. No Brasil a meteorologia
e controlada pelo DECEA através do SRPV e dos CINDACTA. A
REDEMET é o meio oficial de divulgação do COMAER.
Atmosfera Terrestre
Massa de ar gasosa que envolve o globo terrestre. Presa ao Planeta Terra por
meio da força gravitacional, esta massa tem características próprias de circulação.
Sua principal função é fazer a filtragem seletiva da radiação solar, gerando
características propícias para a condição de vida na terra.
COMPOSIÇÃO: É uma massa de ar inodora, incolor e insípida presa a terra
pela ação da gravidade, acompanhando-a em seus movimentos. O ar atmosférico é
uma mistura de diversos gases:
Ar Seco (pesado) : Nitrogênio 78%; Oxigênio 21%; Outros gases 01%;
Vapor d’água 00%
Ar Saturado (leve): Nitrogênio 75%; Oxigênio 20%; Outros gases 01%;
Vapor d’água 04%
OBS: O ar seco contem mais nitrogênio e oxigênio, elementos estes, mais pesados do que o
vapor de água, tornando-o mais denso e mais pesado que o ar úmido.
Umidade do ar
É a quantidade de vapor de água existente no Ar Atmosférico, as principais fontes
de vapor de água são: rios, lagos, pântanos, solos úmidos, vegetação, etc. A
evaporação e o principal responsável pelo suprimento de vapor de água para o ar.
Umidade Relativa (UR): é a relação entre a quantidade de vapor d’água existente
no ar e a quantidade máxima que poderia haver com o ar saturado. A massa de
vapor d’água no ar, varia entre 0% (ar seco) e 100% (ar saturado).

Conforme > a temperatura do ar, a UR < e vice-versa.


Umidade do ar
Umidade Absoluta (UA): é a quantidade de vapor de água por unidade de
volume de ar e exprime-se, regra geral, em gramas por metro cúbico (g/m3). A
Umidade Absoluta máxima é de 4%, a partir disso, as gotículas de água entram
em ponto de orvalho e passam para o estado líquido em virtude de sua saturação.
Portanto temos:
Umidade Absoluta Umidade Relativa

0% = 0%
1% = 25%
2% = 50%
3% = 75%
4% = 100%

Quanto > a temperatura, > será a umidade absoluta e vice-versa.


Vapor D’água Atmosférico
É o nome dado a água (H2O) contida na atmosfera em seu estado gasoso.
Ocorre em suspensão no ar principalmente nas camadas baixas da atmosfera,
cobrindo uma faixa de cerca de 5 km, onde se encontra a troposfera, exercendo o
papel de regulador da entrada de radiação infravermelha na Terra e consequente
controle da temperatura na superfície do planeta. O volume de vapor d’água no ar
atmosférico pode ser:

AR SECO ------------------------- 0% de vapor d’água;


ÚMIDO --------------------------- 0,1% e 3,9% de vapor d’água;
SATURADO --------------------- 04% de vapor d’água.

Temperatura do ponto de orvalho (td): é a temperatura na qual o ar atinge a


saturação. Significa que o vapor de água atingiu a capacitate de 4% de umidade
absoluta que equivale a 100% de umidade relativa.
Temperatura e Calor
Temperatura: é grandeza física que mede a agitação das moléculas, e com
isso, a quantidade de calor que elas produzem.
Calor: é a energia produzida pela maior ou menor agitação entre as
moléculas que compõem a matéria. Maior agitação mais calor, menor agitação
menos calor. O calor nada mais é do que o trânsito da energia térmica de um
corpo para outro.
Processos de Propagação do Calor
Conceito físico que determina a troca de energia térmica entre os corpos. Essa
troca de energia se faz de 4 formas. São:

Radiação: Transferência de calor á distância por meio de ondas eletromagnéticas,


sem contato entre os corpos.

Advecção: Na meteorologia, refere-se ao aquecimento da atmosfera pelo


deslocamento HORIZONTAL de massas de ar aquecido.

Convecção: É o transporte do calor na VERTICAL de massas de ar aquecido.


Sempre a massa mais quente tende a subir (mais leve) e a mais fria tende a descer
(mais pesada).

Condução: Propagação de calor nos sólidos por meio de contato direto (molécula
a molécula).
Processos de Propagação do Calor
Mudanças de Estado da Água
Condensação: gasoso para o líquido.

Sublimação: gasoso para o sólido ou sólido para o gasoso.

Solidificação: liquido para o sólido.

Fusão: solido para o líquido.


Evaporação: líquido para o gasoso.
Estados Físicos da Água
Ciclo da Água
Albedo
Albedo ou coeficiente de reflexão (do latim albedo: 'brancura' ou luz solar refletida;
de albus: 'branco') é o poder de reflexão de uma superfície. É a razão entre
a radiação refletida pela superfície e a radiação que incidente sobre ela.

Clima
O albedo afeta e direciona o clima, que é um resultado do aquecimento irregular da
Terra causado pelo fato de que diferentes áreas do Planeta têm diferentes albedos.
Existem dois tipos de regiões de albedo na Terra: as áreas terrestres e o oceano.
Temperaturas diferentes entre as massas de ar, resultam em diferentes pressões
atmosféricas, desenvolvendo os sistemas de pressão.
Efeitos na insolação
A intensidade do albedo e o nível de insolação depende do local. Nas
regiões árticas e antárticas são frias devido à baixa insolação são áreas de alto
albedo. Áreas como a florestas tropicais e subtropicais têm baixo
albedo e são muito mais quentes pois tem pouca reflexão do calor.
Camadas da Atmosfera Terrestre
450 Km a mais de 1000 Km

70 a 450 Km

19 a 70 Km

03 a 05 Km
07 a 09 Km nos Polos
13 a 15 Km em Latitudes Temperadas
17 a 19 Km no Equador
TROPOSFERA: É a camada mais baixa, onde ocorre a maioria dos
fenômenos atmosféricos e cuja propriedade é a reflexão dos raios solares.
Contém cerca de 80% de toda a massa atmosfera e 99% do vapor de água e
aerossóis. Por causa da grande concentração de unidade (vapor d’água), sofre o
efeito direto do aquecimento da superfície terrestre.
Sua extensão vertical varia com a curvatura da Terra, tendo valores diferentes em
diferentes áreas do Globo. Sendo:

• 07 a 09Km sobre os Polos;


• 13 a 15Km sobre as Latitudes Temperadas;
• 17 a 19Km sobre o Equador (altura máxima).
Obs.: A camada de ar entre a superfície e 600m de altura, onde o vento sofre influência direta de obstáculos em
solo que modificam sua direção e velocidade é chamada de CAMADA DE ATRITO ou FRICÇÃO.

TROPOPAUSA: É o nome dado à camada intermediária entre a troposfera e


a estratosfera, Tropopausa possui uma espessura que varia entre 3 a 5 km, com
temperature média constante de – 56,5°C (isotérmia).
Extensão da Troposfera sobre as
diferentes áreas do Globo
ESTRATOSFERA: Nela é que se inicia a difusão da luz solar (cor azul
do céu). Dentro dela se encontra a maior parte da camada de ozônio
(ozonosfera), cerca de 90% de todo o ozônio de nossa atmosfera. A
Estratosfera é fundamental para vida no planeta, sendo responsável pela
absorção da radiação ultravioleta do sol.

IONOSFERA: Sua principal característica é a ionização, consequência


da absorção dos raios X, gama e ultravioleta emitidos pelo Sol. Sua ionização
a torna ótima condutora de eletricidade, o que afeta a transmissão de ondas
hertzianas.

EXOSFERA: Constitui o limite superior da atmosfera, sendo


confundida gradativamente com o espaço interplanetário. Não atua como
filtro, pois nela, o ar é extremamente rarefeito (coesão molecular). Seus
limites geram muita discussão no meio científico, deixando-os não
claramente definidos.
Atmosfera Padrão
Adotada pela OACI a International Standard Atmosphere (ISA), é
internacionalmente usada como parâmetro padrão no meio aeronáutico para
comparar os desempenhos de uma aeronave sob condições específicas de
pressão e temperatura, considerando o ar como um gás perfeito e seco. Suas
características com base ao Nível Médio do Mar (Middle Sea Level - MSL)
são:
• Pressão: 1013,25 hPa ou 29,92 Pol Hg;
• Temperatura: 15°C ou 59ºF;
• Densidade: 1.225g/m³
• Gradiente vertical térmico: - 0,65°C/100m ou - 2° C/1000ft;
• Velocidade do som: 1.224Km; 660 KT ou 340 m/s;
• Latitude média: 45°
• Temperatura padrão na Tropopausa: - 56,5ºC.
Gradiente Térmico
Gradiente térmico é uma expressão que designa a variação de temperatura com
a altitude. No Gradiente Positivo/Normal, esta temperatura varia em – 2°C a cada
1000ft, isto é, quando subimos 1000ft perdemos 2°C.

POSITIVO: É quando a temperatura diminui com o aumento da altitude,


falamos que o GT (Gradiente Térmico) é POSITIVO (quanto mais alto, menor a
temperatura).

NEGATIVO: É quando a temperatura aumenta com o aumento da altitude,


sendo assim, temos uma inversão térmica (situação anormal) e falamos que o GT é
NEGATIVO.

NULO: É quando a temperatura não varia ou varia pouco com o aumento da


altitude, temos uma ISOTERMIA, e falamos que o GT é NULO.
Temperatura e sua Influência na Aviação
A variação da temperatura é muito importante para a utilização de
qualquer tipo de aeronave, pois exerce influência direta na densidade do
ar, e como sabemos, a densidade é um dos elementos principais para a
obtenção da Sustentação. Com baixas temperaturas a densidade aumenta
possibilitando uma melhor obtenção de sustentação e consequentemente
favorecendo a segurança do voo. Na situação inversa, com o aumento da
temperatura a densidade diminui, o que dificulta a formação da
sustentação, sendo necessário aumentar a altitude e ou a velocidade dos
voos para garantir melhor sustentação, aumentando o consumo de
combustível e diminuindo a autonomia de voo.
Sendo assim, voar em regiões onde as temperaturas são mais baixas é
mais seguro do que voar onde as temperaturas se apresentam
mais altas.
PRESSÃO ATMOSFÉRICA
É a força exercida pelo peso da massa de gases que estão na atmosfera, sobre uma
determinada superfície. A Pressão Atmosférica é exercida em todos os sentidos,
variando sua intensidade de acordo com as características da massa de ar, como:
temperatura, altitude, densidade, o volume da massa, entre outros. É medida por
meio de um equipamento conhecido como barômetro.
100 cm

Barômetro
• A pressão diminui com o aumento da altitude.
• Quanto mais frio o ar, maior a DENSIDADE e PRESSÃO.
• Quanto mais seco o ar, maior o PESO e a PRESSÃO.
• A unidade de medida padrão adotada para a pressão atmosférica é o
HECTOPASCAL (hPa).

Altitude Pressão
SISTEMAS DE PRESSÃO

O ar move-se sempre das regiões de alta pressão para as


regiões de baixa pressão, procurando atingir o equilíbrio. No
entanto, devido às forças de inércia causadas pela rotação da
Terra (chamada de força de Coriolis) o ar não se desloca em
linha reta. Consequentemente, os ventos formam uma espiral
para dentro e para cima nos sistemas de baixa pressão, para
baixo e para fora nos sistemas de alta pressão.
Sistema Baixa Pressão (Ciclone): Criados pelo aumento da temperatura e
a diminuição da densidade ar, elevando o ar quente. Pressões menores
que 1013 hPa, indicam zona de baixa pressão. A movimentação dos
ventos é convergente (de fora para dentro) para o seu centro, circulando
no sentido horário (hemisfério Sul). Caracteriza mau tempo e ventos
fortes.
Sistema Alta Pressão (Anticiclone): Criados pela diminuição da
temperatura e o aumento da densidade ar, fazendo com que o ar frio
desça. Pressões maiores que 1013 hPa, indicam zona de alta pressão. A
movimentação dos ventos é divergente (de dentro para fora) de o seu
centro, circulando no sentido anti-horário (hemisfério Sul). Caracteriza
bom tempo e ventos calmos.
VENTOS
É o movimento do ar que acontece das altas pressões para as baixas pressões.
Em meteorologia, os ventos são classificados de acordo com a sua direção,
velocidade e intensidade ou caráter em que se movimentam. Quando uma região
da Terra aquece, a pressão atmosférica nessa região diminui e o ar eleva-se. Isto cria
uma diferença na pressão atmosférica, fazendo com que o ar envolvente, mais frio,
se desloque da área de maior pressão (anticiclónica) para a área de menor pressão
(ciclónica). Uma vez que a Terra se encontra em rotação o ar é também deslocado
pela força de Coriolis,
CARACTERÍSTICAS DOS VENTOS
DIREÇÃO:
É dada de 10º em 10º, sempre de onde ele flui. Assim, quando dizemos
vento sul, isto significa que o vento vem do sul e sopra para o norte. É dado
em relação ao NV (Norte Verdadeiro), exceto para pouso e decolagem,
quando é dado então em relação ao NM (Norte Magnético).

25012KT
VENTO VARIÁVEL:
O vento é considerado variável quando sua direção varia em 60° ou mais,
ou seja, o que varia é a direção e não a intensidade.

31010KT 280V350
VELOCIDADE:
É dada em nós (KT) e em dois algarismos: 01KT = 01MN = 1.852Km/h.
A velocidade do vento depende da diferença de pressão entre dois pontos.
Quanto maior a diferença, maior a velocidade do vento.

04511KT
RAJADA:
O vento é considerado de rajada quando a variação em sua velocidade
média for de 10KT ou mais, em um curto espaço de tempo (20 seg).

22012G25KT
CARÁTER:
Fluxo contínuo ou descontínuo do vento, é o aspecto como ele sopra.
Lembrando que neste caso, independe a força, mas sim a forma em que
ocorre.
Forças que Atuam sobre o Vento
GRADIENTE DE PRESSÃO: É a diferença de densidade entre duas
massas de ar (pressões diferentes). Dá origem aos ventos, como também,
determina suas velocidades.
CORIÓLIS: É a força que desvia o vento para esquerda no H.S., e
para direita no H.N. Ocorre devido ao movimento de rotação da Terra. É
maior sobre os polos e nula do Equador. Dá sentido horário aos ciclones e
anti-horário aos anticiclones no H.S.
FORÇA CENTRÍFUGA: os ventos que circulam centros fechados de alta e
baixa pressões sofrem efeitos centrífugos. Portanto, nestes movimentos há um
balanço entre força centrípeta e centrífuga que mantêm os ventos paralelos às
isóbaras. A força centrífuga deve ser computada para esse efeito.

FORÇA DE ATRITO: força que oferece resistência dinâmica ao


deslocamento do ar por fricção. Provoca pequeno desvio para o sentido das baixas
pressões, ou seja, no hemisfério Sul, o desvio é para a direita e no hemisfério
Norte, para a esquerda. Esta força diminui a velocidade do vento nas camadas
mais baixas da atmosfera.
Tipos de Ventos
VENTOS DE SUPERFÍCIE: são regidos pela força do gradiente de
pressão e a força de atrito. Eles ventos ocorrem do solo até uma altura de
100m. Recebem interferência do relevo, tendo sua direção e intensidade
constantemente alterados. Principais causadores de turbulência mecânica.
VENTOS BAROSTRÓFICOS: regidos também pela força do gradiente
de pressão e a força de atrito por estar dentro da camada de fricção, se
estende de 100 à 600 metros de altura. Após os 600 metros de altura, a
Força de Atrito não atua, sendo agora, o desvio dos ventos barostróficos
influenciado pela Força de Coriólis.
VENTOS GEOSTRÓFICOS: regidos pela força do gradiente de pressão
e a força de coriólis, atua nos polos e no máximo até a região temperada.
Por estarem livres da força de atrito, são 50% mais velozes que os ventos
de superfície.
VENTOS GRADIENTES: regidos pela força do gradiente de pressão,
força de coriólis e a força centrífuga, sua maior incidência é nas latitudes
temperadas 90°

60°

30°

00°

30°

60°

90°
VENTOS CICLOSTRÓFICOS: regidos pela força do gradiente de
pressão e a força centrífuga, são velozes devido ao efeito centrífugo. Dão
origem aos furacões em algumas áreas do globo terrestre.
Ventos alísios: originam-se nas altas
pressões subtropicais em direção as
regiões de baixa pressão equatoriais. Se
estendem de 600 à 6000 metros,
predominando de Leste para Oeste.
Ventos contra-alísios: surgem em
níveis superiores aos ventos alísios no
retorno das massas de ar deslocadas do
equador para os polos. Deslocam-se do
Equador para os polos predominando
de Oeste para Leste.
Circulação Secundária dos Ventos
Ventos barostróficos ou de superfície, causadores de irregularidade dentro do
sistema de circulação geral dos ventos na atmosfera. Por ocorrerem próximos ao
solo, recebem grande influência do relevo.
VENTOS DE ENCOSTA: Ao encontrar uma montanha ou morro como
obstáculo, o vento flui determinando duas regiões, barlavento, ou seja, o lado da
montanha onde o vento incide, e sotavento, lado oposto. As correntes de ar serão
ascendentes à barlavento e descendentes à sotavento. O lado sotavento é sempre
mais perigoso para o voo em baixas altitudes.
Circulação Secundária dos Ventos
BRISAS: Circulações locais sobre regiões litorâneas, ocorre devido a
diferença de aquecimento entre a superfície da Terra e o Mar.
• Brisas Marítimas: é o fluxo diurno dos ventos de superfície, que sopram no
litoral do mar para a terra devido ao ar no mar estar mais frio do que na terra.
• Brisa terrestre: é o fluxo noturno do vento de superfície que sopra da terra mais
fria para o mar mais aquecido.

MONÇÕES: Semelhante as brisas, porém mais intensas.


Variam com as estações do ano e têm duração aproximada de 06 meses:

• Verão: são quentes e úmidas, do mar para o continente.


• Inverno: São frias e secas, do continente para o mar.
NEVOEIROS
Os nevoeiros são uma consequência da condensação do vapor d’água na
atmosfera próximo ao solo. São constituídos por pequenas gotículas que
flutuam no ar devido ao processo de evaporação.
Sua principal característica é reduzir a visibilidade horizontal a menos de
1.000m. Os nevoeiros são na realidade, nuvens Stratus coladas ao solo, ou
seja, com bases abaixo de 30m (100FT).

CONDIÇÃO PARA FORMAÇÃO:


• Vento calmo ou fraco;
• Umidade relativa alta (97% á 100%);
• Grande número de núcleos de condensação;
• Baixas temperaturas.
TIPOS DE NEVOEIROS
RADIAÇÃO: Mais comum, ocorre principalmente no Inverno. As
condições para sua formação, são:
• Céu claro, radiação terrestre ou resfriamento noturno;
• Vento calmo ou fraco;
• Umidade relativa alta (97% a 100%).
ADVECÇÃO: Massa de ar deslocando-se sobre superfícies sólidas ou
líquidas. Podem ser:
• Nevoeiro de vapor: ar frio em contato com superfícies líquidas aquecidas.
Formam-se sobre rios, lagos, etc;
• Nevoeiro marítimo: ar quente em contato com superfícies líquidas frias.
Formam-se sobre os mares;
• Nevoeiro de brisa: forma-se quando o ar quente e úmido dos oceanos
desloca-se sobre regiões costeiras mais frias;
• Nevoeiro orográfico: formado pela elevação do ar ao longo das encostas,
serras ou montanhas.
NEVOEIROS FRONTAIS: Ocorrem associados aos sistemas frontais.
Surgem pela condensação da umidade evaporada durante a precipitação na
massa de ar fria.
• Nevoeiro pré-frontal: ocorre antes da passagem de uma frente quente;
• Nevoeiro pós-frontal: ocorre após a passagem de uma frente fria;
NEVOA ÚMIDA: Se diferencia do nevoeiro por conter menor umidade
relativa, entre 80 e 90% (nevoeiro muito fino) e apresentar visibilidade
horizontal superior a 1000 metros.
NÉVOA SECA: Formada pela condensação de vapor d'água em
associação com a poeira, fumaça e outros poluentes. Dá um aspecto
acinzentado ao ar. Muito comum nas grandes cidades e metrópoles, sobretudo
nos dias frios de inverno. Umidade relativa inferior a 80%.
Visibilidade horizontal superior a 1.000m.
NUVENS
As nuvens são formadas por um grande numero de gotículas de água ou
cristais de gelo ou até mesmo, ambas misturadas, sustentadas na atmosfera
por correntes de ar ascendentes. Se apresentam sob três tipos principais,
que são:

Estratiforme: apresentam-se em camadas continuas de grande extensão


horizontal, são lisas, a base e o topo têm forma bem definida, ar calmo sem
turbulência.
Desenvolvimento na Horizontal
Cumuliforme: camadas descontinuas de grande extensão vertical, possuem
contornos bem definidos, ar turbulento.
Desenvolvimento na Vertical

Cirriforme: apresenta forma alongada e filamentosa, sem sombra própria, são


brancas e brilhantes e formadas por cristais de gelo.
Classificação das Nuvens por Estrutura
e Altura
NUVENS BAIXAS: São as que apresentam maiores problemas para a
aviação, principalmente nas operações de pousos e decolagens. Ocorrem até 2Km
de altura. Constituição líquida (somente gotículas de água).
• Stratur (St): com a característica de uma camada continua de cor acinzenta, tem
um aspecto turvo e muito uniforme, geralmente ocultam construções altas e
pequenos montes. Se apresenta em uma
Forma fragmentada mais clara quando
proveniente da elevação de um nevoeiro.
É a mais baixa formação de nuvens. Tem
como uma das principais características,
provocar precipitação leve, em forma de
chuvisco.
• Stratocumulus (Sc): nuvens cinzentas ou esbranquiçadas, ou mesmo
ambas dependendo do tamanho das gotículas de água e da quantidade de
luz solar que as atravessa, tendo quase sempre partes sombrias, compostas
de mosaicos, seixos, rolos, etc., de aspecto não fibroso, misturadas ou não
que dão um aspecto de um lençol baixo cobrindo a superfície. Mais alta e
mais densa do que a St, também pode provocar precipitação leve, em
forma de chuvisco.
NUVENS MÉDIAS: Por se formarem nas altitudes onde ocorre a maioria
dos voos, por isso interferem na maioria das operações de vôo. De constituição
mista (gotículas de água e cristais de gelo). Sua bases encontram-se entre:
• 02 á 04Km nos Polos;
• 02 á 07Km nas Latitudes Médias;
• 02 á 08Km no Equador.
• Altocumulus (Ac): são branca-acinzentada, possui sombra própria, dispostas em
mantos ou camadas em grande quantidade, deixa o céu com forma encarneirada.
Acusam presença de turbulência com intensidade fraca a moderada nos níveis
médios.
•Altostratus (As): são nuvens de aspecto
cinzento-azulada, de formato uniforme,
cobrindo quase sempre inteiramente o
céu. Sua espessura oculta parcialmente
(halo) o sol ou a lua. Não é comum, mas
pode ocasiona precipitação leve em
forma de chuva ou neve de caráter
continuo.
Nimbustratus (Ns): nuvem de cor cinza
escuro com pouca luz em seu interior,
apresenta aspecto sombrio devido a
existência de chuva e ou neve em seu
interior, que podem alcançar o solo em
forma de precipitação leve e continua.
Tem espessura o suficiente para ocultar
completamente o sol.
NUVENS ALTAS: Não causa problemas para a aviação por não constituírem
camadas espessas, nem darem origem a precipitação que atinja o solo.
Constituição sólida (somente cristais de gelo). Suas bases em geral, estão acima
de 8km. São:
• Cirrus (Ci): são as nuvens altas mais comuns, apresentam estruturas finas e
alongadas de cor branca brilhante devido a composição exclusiva de cristais de
gelo. Ocorrem no topo da troposfera.
• Cirrostratus (Cs): são visualmente
semelhante às nuvens stratus e
altostratus, diferenciando-se por ser mais
alta e mais fina, mantendo a aparência
de lençol sobre o céu. Permite uma
grande passagem de luz solar e, em
alguns casos, a formação de halos
solares.

• Cirrocumulus (Cc): nuvem de cor


cinza escuro com pouca luz em seu
interior, apresenta aspecto sombrio em
conseqüência de chuva e ou neve em seu
interior que podem alcançar o solo em
forma de precipitação leve e continua.
Tem espessura o suficiente para ocultar
completamente o sol.
NUVENS DE DESENVOLVIMENTO VERTICAL: Suas bases estão no
nível baixo (30m), porém seus topos podem atingir facilmente os níveis médios e
altos (> 8000m). São:
Cumulos (Cu): são nuvens densas, inchadas, de contorno bem delineado, que se
formam em ar instável e sobretudo na baixa troposfera, e que surgem em blocos ou
glóbulos isolados ou agrupados.
• Grande Cumulus (TCU): nuvens
isoladas, de contornos bem definidos. O
topo, apresenta um tom branco brilhante
devido a luz solar e suas bases são
sombrias e horizontais. Podem
ocasionar pancadas de chuva. É o
último estágio de uma Cumulus antes de
se tornar Cumulonimbus.

• Cumulonimbus (Cb): São nuvens


densas de grande desenvolvimento
vertical, apresentando suas bases em um
tom muito escuro. Provocam
precipitação forte (pancadas de chuva
neve, granizo, raios, e até tornados. É a
nuvem que apresenta maior perigo na
atividade aeronáutica.
8000m

2000m
Para Memorizar
Processo de Formação das Nuvens
RADIAÇÃO: Forma nuvens pela perda de calor no solo, devido a
radiação noturna. Nuvens estratiformes.
ADVECÇÃO: Nuvens formadas pelo resfriamento do ar quente em
contato com o ar frio, provocado pelo movimento horizontal das massas
de ar (ventos). Nuvens cumuliformes.
CONVECÇÃO: É o movimento do ar atmosférico. Forma nuvens
cumuliformes pela ascensão do ar em correntes ascendentes.
• No verão, à tarde, sobre a terra;
• No inverno, à noite, sobre os oceanos.
OROGRÁFICAS: Ocorrem a barlavento das montanhas, devido a
elevação do ar (úmido e quente) ao longo das encostas.
DINÂMICAS: Elevação do ar quente, ao longo da rampa frontal
(massa de ar frio). Formam-se linhas de condensação (nuvens frontais).
Massas de Ar
Grande volume de ar que pode entender-se por centenas de
quilômetros horizontalmente, possuindo razoável altura. Uma massa de ar
que permaneça imóvel sobre determinada região adquire a temperatura e
a umidade características da referida região; Quando uma massa de ar é
obrigada a se deslocar na atmosfera conserva durante certo tempo suas
características inicias.

• Quanto à natura: podem ser marítimas ou continentais.

• Quanto à temperatura: podem ser quentes ou frias.


Características das Massas de ar Quanto sua
Temperatura
MASSA FRIA: MASSA QUENTE:
Polares; Equatoriais;
Nuvens cumuliformes; Nuvens estratiformes;
Chuva forte; Chuva leve;
Turbulência; Calmo;
Boa Visibilidade. Depreciação da Visibilidade
Frentes
São zonas de transição entre duas massas de ar com temperaturas e
densidades diferentes. Portanto, quando uma massa de ar quente e uma massa de
ar fria encontram-se, forma-se, entre elas, uma frente, que adquirirá as
características daquela massa que tiver maior intensidade. Toda frente é uma área
de baixa pressão entre duas altas pressões.
Movimento das Frentes no Hemisfério Sul
LEMBRE-SE

As Frentes Frias movimentam-se


de SW (Sudoeste) para NE
(Nordeste);

As Frente Quentes movimentam-se


de NW (Noroeste) para SE
(Sudeste).
FRENTE FRIA: Massa de ar polar, deslocam-se de SW para NE no
H.S. Grande atividade na sua região frontal, com chuvas, trovoadas,
turbulência, possível formação de granizo e saraiva, instabilidade e etc. Na
aproximação de uma frente fria, a temperatura aumenta e a pressão
diminui, após sua passagem, a temperatura diminui e a pressão aumenta.
FRENTE QUENTE: Massa de ar equatorial, move-se de NW para
SE no H.S. Seus fenômenos meteorológicos, não são tão intensos quanto
os da frente fria, provocando chuvas mais brandas e contínuas por vários
dias. A temperatura eleva-se ligeiramente antes da chegada da frente
quente, após sua passagem, a temperatura aumenta e a pressão diminui.
FRENTE ESTACIONÁRIA: É uma frente de massa ar frio ou
quente que parou o seu deslocamento. Há um equilíbrio entre as massas
quente e fria. Devido a ciclones ao longo de uma frente estacionária, pode
haver precipitação em grandes quantidades. Se ambas as massas de ar ao
longo de uma frente estacionária são secas, pode existir céu limpo.
FRENTE OCLUSA: Ocorre quando uma frente fria, movendo-se
mais depressa, alcança e ultrapassa parte de uma frente quente,
elevando todo o ar quente e sobrando um ar mais fresco na superfície.
Características semelhantes às da frente de maior atividade. Precipitação
contínua característica das frentes quentes é seguida imediatamente pelos
aguaceiros associados às frentes frias.
Turbulência
Turbulência é o movimento irregular do fluxo de ar (na vertical) que interferem na
aeronave em voo, de forma desconfortável ou até mesmo perigosa. Há 4 tipos:
• Leve (5 a 15 kt): é a menos severa, com mudanças leves de atitude e / ou
altitude;
• Moderada (15 a 25 kt): ocasiona variações na velocidade, altitude e atitude da
aeronave, mas a aeronave permanece sempre no controle;
• Severa (25 a 35 kt): há grandes e abruptas mudanças de atitude e altitude, com
grandes variações na velocidade do ar. Pode haver breves períodos em que o
controle da aeronave é perdido. Objetos soltos podem se mover pela cabine e
podem ocorrer danos às estruturas da aeronave.
• Extrema (maior que 35 kt): é capaz de causar danos estruturais e resultar
diretamente na perda prolongada e até mesmo, na perda terminal
do controle da aeronave.
Tipos de turbulência
• Convectiva ou termal: é causada pelas variações térmicas verticais da atmosfera
(> que 1°C/100m), podem ocorrer dentro e fora das nuvens. Correntes verticais
consideráveis, são capazes de interferir nos movimentos horizontais da aeronave.
São geralmente identificadas pela presença de nuvens cúmulos.
• Turbulência mecânica: Ocorre próxima à superfície, pois se origina da
dispersão do fluxo do vento por meio de barreiras artificiais e naturais, como
edifícios, torres, hangares, morros, vales, afetando o voo de aeronaves que se
deslocam a baixa altitude. São de dois tipos:
1) de solo: é a turbulência provocada pelo atrito do ar ao soprar de encontro as
edificações ou outros obstáculos artificiais.

2) de montanha ou orográficas: turbulência mecânica que acontece com o atrito


do ar ao soprar contra elevações montanhosas irregulares.
• Esteira de turbulência: provocado por aeronaves de grande porte em sua
trajetória para pouso, formando vórtices de vento por causa dos motores ou ponta
das asas.

Turbulência dinâmicas de cortantes de vento (Wind shear): ocorre quando existe


variação na velocidade ou direção do vento dentro de uma curta distancia.
Turbulência em ar claro (CAT): súbita e severa, ocorre em regiões sem nuvens
causando violentos ataques à estrutura da aeronave. Turbulência típica de grandes
altitudes e associada ao cisalhamento do vento.

Turbulência dinâmica frontal: provocada pela ascensão do ar quente na rampa


frontal. Quanto mais quente, úmido e instável estiver o ar, maior será a intensidade
da turbulência gerada.
As turbulências frontais mais
severas estão associadas as
frentes frias rápidas, mas
podem ocorrer associadas a
qualquer sistema frontal.
Trovoadas
Conjunto de fenômenos que se produzem associados a uma nuvem
Cumulonimbus. Fenômeno meteorológico que constitui num dos maiores
riscos para atividade aérea. Divide-se em três fases:
1º Estágio Cumulus ou Formação: Nesta fase, as correntes ascendentes
predominam desde os níveis inferiores, passando pelo interior da nuvem e
atingindo muitas centenas de pés acima do topo. A nuvem cumulus tem seu
desenvolvimento verticalmente, devido às correntes de ar ascendentes que
dominam toda nuvem, transformando-se em uma TORRE DE CUMULUS.
2º Estágio Maturidade ou Madureza: É a fase mais perigosa para a aviação,
devido à intensidade dos fenômenos associados. Precipitação intensa, em forma de
pancadas de chuva e granizo, predominância de correntes ascendentes (ventos
verticais) e descendentes (precipitação), gerando turbulência severa. Ventos com
velocidades próximas a 40 nós, podendo ocorrer intensas cortantes de vento (Wind
Shear), perigosas as operações de pouso e decolagem. Devido aos ventos em níveis
superiores (na horizontal) dão um formato de “bigorna” no topo da nuvem.
3º Estágio de Dissipação: Fase na qual as correntes descendentes se
intensificam devido ao aumento gradativo da precipitação e as correntes
ascendentes se enfraquecem. No decorrer desta fase, os ventos fortes dos
níveis superiores, transformam o topo da nuvem numa grande massa de
Cirrus, gerando uma expansão lateral da nuvem.
GELO
Nada mais é que a água em seu estado sólido. Para que haja formação de gelo é
necessário:
• Água em estado líquido, e
• Temperatura do ar igual ou inferior a zero graus Celsius (0°C).
Devido ao tamanho e temperatura das gotículas, bem como o teor de umidade, o
gelo pode se apresentar de três formas distintas:

Claro Escarcha Geada


a) Gelo Claro: também chamado de cristal, liso ou translúcido, é o mais
perigoso por ser o tipo mais aderente. Forma-se com temperatura entre 0°
e –10°C, associado às grandes gotas das nuvens cumuliformes (ar
instável).
b) Escarcha: também chamado de gelo opaco, granulado ou amorfo, é um
gelo leitoso que se forma na presença de gotículas menores, normalmente
em temperaturas entre 0° e –10°C em nuvens estratiformes (ar estável) e
entre –10°C e –20°C em nuvens cumuliformes (ar instável).
c) Geada: tipo de gelo, que se deposita em fina camada, adere aos bordos
de ataque, para-brisas e janelas da aeronave em voo. Sua formação ocorre
quando a aeronave, após passar bastante tempo em área muito fria
(grandes altitudes), cruza regiões com alto teor de umidade, ocorrendo
a sublimação do vapor.
Efeito do Gelo nas Aeronaves
A formação de gelo em aeronaves é um fenômeno meteorológico severo
que pode oferecer grande perigo às operações aéreas. Ao se acumular nas
superfícies da aeronave, pode agir:
• aumentando o seu peso e sua resistência ao avanço, por proporcionar
maior superfície de contato com o ar, o que acaba gerando um aumento
no consumo de combustível;
• reduzir a sustentação e dificultar o controle, ao se acumular nos bordos
de ataque, dorsos das asas e empenagem;
• restringir a visibilidade ao aderir nos para-brisas;
• bloqueando o tubo de Pitot, fazendo que os instrumentos que dependem
de seus dados, deixem de funcionar, dentre outros.
Fim

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