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FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL

Departamento de Protecção Vegetal

Curso de Engenharia Agronómica

Projecto Final

Determinação do período crítico de competição entre as infestantes


e a cultura do milho (Zea mays L.)

Autor: Cremildo Sebastião Nhavoto

Supervisor: Prof. Doutor Tomás Chiconela

Co- Supervisor: Eng. Francisco Munguambe

Maputo, Agosto de 2017


Cremildo Sebastião Nhavoto

Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e


a cultura do milho (Zea mays L.)

Projecto Final submetido ao Departamento de


Protecção Vegetal, da Faculdade de
Agronomia e Engenharia Florestal, como um
dos requisitos para a obtenção do Título de
Licenciado em Engenharia Agronómica, sob
orientação do Professor Doutor Tomás
Fernando Chiconela e do Engenheiro
Francisco Fernando Munguambe.

Maputo, Agosto de 2017


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

RESUMO

As infestantes vêm causando elevadas perdas na produção do milho, e visando o seu controlo
vários métodos têm sido usados, porém as perdas continuam a ser registados devido a falta de
conhecimento do período óptimo para o controlo das mesmas. Neste âmbito, surgiu este trabalho
com objectivo de determinar o período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho. Para tal, foi conduzido um ensaio no campo experimental da Faculdade de Agronomia e
Engenharia Florestal, usando o delineamento de blocos completos casualizados, com oito
tratamentos e três repetições. Os tratamentos compreenderam a submissão da cultura a diferentes
períodos de convivência com as infestantes, onde eram deixadas as plantas livres das infestantes
nos primeiros 15, 45, 75 DDE e todo ciclo e os mesmos períodos sem controlo. Foram avaliados
o rendimento e seus componentes, a altura das plantas do milho, a composição específica e a
densidade das infestantes. A ANOVA foi feita usando teste de Fisher a 5% de nível de
significância e a comparação de médias com o teste de Duncan a 5% de significância, onde os
resultados mostraram que, o período anterior a interferência (PAI) e o período total de prevenção
da interferência (PTPI) corresponderam 21 e 53 DDE respectivamente e que a falta de controlo
das infestantes em todo ciclo da cultura, reduziu em média 30 % do rendimento das espigas. A
interferência influenciou negativamente os componentes do rendimento e a altura das plantas,
especialmente para aqueles períodos em que a cultura conviveu com as infestantes por um longo
tempo. Com relação a comunidade infestante, as dicotiledôneas representaram 62,07% das
infestantes, destacando-se, a espécie Gomphrena cilosoides com 60,9 % e as monocotiledôneas
com 37,93% da comunidade infestante, com destaque para as espécies Cyperus rotundus e
Cenchrus ciliaris com 23,32% e 13,23%, respectivamente. O período crítico de competição
compreendeu entre 24 a 55 DDE.

Palavras-chaves: Zea mays L., controlo das infestantes, período crítico de competição e
rendimento do milho

Cremildo Sebastão Nhavoto UEM/FAEF - Projecto Final I


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

DEDICATÓRIA

Ao meu pai Sebastião Tusse Nhavoto e a minha mãe Zulmira Ernesto Cumbane

Ao meu irmão Custódio Sebastião Nhavoto

As minhas irmãs Clara Sebastião Nhavoto e Ananilza Sebastião Nhavoto

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final II


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais Sebastião Tusse Nhavoto e Zulmira Ernesto Cumbane, ao meu tio
André Tusse Nhavoto e aos meus irmãos por acreditarem em mim e apoio em todos os
momentos da minha vida.

Aos meus supervisores Professor Doutor Tomás Fernando Chiconela e Eng. Francisco Fernando
Munguambe, pela orientação, ensinamentos, apoio científico e incentivos.

À Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal por ter me concedido a oportunidade de


frequentar este curso.

Ao Senhor Adão Venâncio Munguambe pelo apoio técnico durante a condução do ensaio.

À todos os meus familiares, ausentes, próximos ou distantes que num simples gesto ou palavra,
contribuíram de alguma forma para essa vitória.

Agradeço também aos meus amigos: Serafim Massingue, Mério Boa, Hercílio Machava, Arsénio
Vilanculos, Moida Guambe, Edna Muendane e Kátia Cossa, pelo apoio prestado durante todas as
fases da realização deste trabalho.

Aos meus colegas: Maria Mbango, Benysmery Francisco, Wilma Fumo, pelo apoio durante a
montagem do ensaio e aos colegas: Paula Bay, Raimundo Zavale, Felisberto Zucane, Mário
Zaqueu, Justino Samuge, Lelo Mabalane, Imaculada Jeje, Cristina Katema pela ajuda na colecta
de dados e/ou moral e encorajamento.

À todos colegas do ano de ingresso 2013, que directa ou indirectamente contribuíram para que
este trabalho fosse uma realidade.

À toda comunidade estudantil, ao CTA e ao corpo docente da Faculdade de Agronomia e


Engenharia Florestal, que directa ou indirectamente estiveram comigo nesta longa caminhada.

E a não menos importante à Deus pela vida, saúde, bênção, protecção, por tornar tudo possível e
me dar força a cada dia para concluir esta importante etapa da minha vida, mesmo com tantas
dificuldades e empecilhos encontrados.

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final III


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

Índice
RESUMO.........................................................................................................................................I

DEDICATÓRIA.............................................................................................................................II

AGRADECIMENTOS..................................................................................................................III

LISTA DE TABELAS.................................................................................................................VII

LISTA DE FIGURAS.................................................................................................................VIII

LISTA DE GRÁFICOS..............................................................................................................VIII

LISTA DE ANEXOS..................................................................................................................VIII

LISTA DE SIGLAS.......................................................................................................................IX

I. INTRODUÇÃO....................................................................................................................1

1.1. Antecedentes...........................................................................................................................1

1.2. Problema de estudo e justificação...........................................................................................2

1.3. Objectivos...............................................................................................................................3

1.3.1. Objectivo Geral......................................................................................................................3

1.3.2. Objectivos Específicos...........................................................................................................3

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................4

2.1. Origem e Importância da cultura do milho em Moçambique.................................................4

2.2. Produção do milho em Moçambique......................................................................................4

2.3. Descrição botânica do milho...................................................................................................5

2.4. Exigências edafoclimáticas do milho.....................................................................................5

2.5. Crescimento e Desenvolvimento do milho.............................................................................6

2.6. Conceito, características e importância das infestantes..........................................................8

2.7. Competição.............................................................................................................................9

2.7.1 Efeitos da competição..........................................................................................................10

2.7.2 Período de convivência........................................................................................................12

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final IV


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

2.8. Infestantes problemáticos na cultura de milho.....................................................................14

2.9. Métodos de controlo das infestantes.....................................................................................14

III. MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................................16

3.1. Descrição da área de estudo..................................................................................................16

3.1.1 Clima e solo..........................................................................................................................16

3.1.2 Tratamentos..........................................................................................................................16

3.2. Delineamento Experimental.................................................................................................17

3.3. Variedade usada....................................................................................................................17

3.4. Práticas culturais...................................................................................................................18

3.5. Método de amostragem.........................................................................................................18

3.6. Variáveis medidas.................................................................................................................18

3.7. Determinação do rendimento................................................................................................19

3.8. Determinação do PAI e PTPI................................................................................................19

3.9. Determinação da perda de rendimento.................................................................................20

3.10. Avaliação da comunidade infestante....................................................................................20

3.11. Análise de Dados..................................................................................................................21

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................22

4.1. Análise de variância..............................................................................................................22

4.2. Altura das plantas do milho..................................................................................................22

4.3. Número de fileiras por espiga...............................................................................................24

4.4. Número de grãos por fileira..................................................................................................25

4.5. Número de grãos por espiga.................................................................................................26

4.6. Peso médio da espiga............................................................................................................27

4.7. Rendimento das espigas verdes do milho.............................................................................28

4.8. Correlação linear de Person entre o rendimento e as variáveis analisadas...........................29


Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final V
Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

4.9. Determinação do PAI e PTPI................................................................................................30

4.10. Perdas do rendimento das espigas verdes do milho causado por infestantes.......................32

4.11. Avaliação da comunidade infestante....................................................................................33

4.11.1 Densidade das infestantes...............................................................................................35

4.11.1.1 Densidade das especies infestantes.............................................................................35

4.11.1.2 Densidade total das infestantes....................................................................................36

V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..........................................................................38

5.1. Conclusões............................................................................................................................38

5.2. Recomendações....................................................................................................................38

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................39

VII. ANEXOS............................................................................................................................45

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final VI


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: produção do milho em Moçambique (2011 a 2014)........................................................5


Tabela 2: Características das fases fenológica da cultura do milho................................................6
Tabela 3: Descrição dos tratamentos.............................................................................................17
Tabela 4: Resumo das análises de variância das variáveis avaliadas............................................22
Tabela 5: Comparação de médias das alturas das plantas em diferentes períodos de controlo das
infestantes......................................................................................................................................23
Tabela 6: Comparação das médias de número de fileiras por espiga (NFE), em diferentes
períodos de controlo das infestantes..............................................................................................24
Tabela 7: Comparação das médias de número de grãos por fileira (NGF), em diferentes períodos
de controlo das infestantes.............................................................................................................25
Tabela 8: Comparação das médias de número de grãos por espiga (NGE), em diferentes períodos
de controlo das infestantes.............................................................................................................26
Tabela 9: Comparação de médias de peso médio da espiga verde (PME) em diferentes períodos
de controlo das infestantes.............................................................................................................27
Tabela 10: Comparação de médias do rendimento das espigas verdes (RE) em diferentes
períodos de controlo das infestantes..............................................................................................28
Tabela 11: Correlação entre as variáveis avaliadas e o rendimento das espigas de milho............29
Tabela 12: variáveis do modelo sigmoidal, Gompertz..................................................................30
Tabela 13: Composição percentual da população infestante, monocotiledóneas e dicotiledóneas.
.......................................................................................................................................................34
Tabela 14: Densidade em número de plantas por m2 das infestantes.............................................36
Tabela 15: Comparação de médias de densidade das infestantes em diferentes períodos de
controlo..........................................................................................................................................37

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final VII


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fases fenológicas da cultura de milho.............................................................................8


Figura 2: Representação gráfica do período crítico de competição...............................................30

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: perdas de rendimento das espigas em função dos períodos de controlo das infestantes.
.......................................................................................................................................................32
Gráfico 2: Frequência das espécies infestantes.............................................................................35

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1: Análise de variância.......................................................................................................46


Anexo 2: Casualização e Layout do ensaio...................................................................................50
Anexo 3: Ficha de levantamento das infestantes...........................................................................51

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final VIII


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

LISTA DE SIGLAS
% Porcento
ANOVA Análise de variância
CV Coeficiente de variação
Cm Centímetro
DDE Dias depois a emergência
DDP Dias depois a polinização
FAEF Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal
Há Hectare
INE Instituto Nacional de Estatística
Kg/há Quilograma por hectare
M Metro
m2 Metro quadrado
Mm Milímetro
Ml Mililitro
NPK Nitrogénio, Fósforo e Potássio
º Graus
ºC Graus célsius
PCC Período crítico de competição
pH Potencial Hidrogénico
TIA Trabalho de Inquérito Agrícola
ton/há Toneladas por hectare
UEM Universidade Eduardo Mondlane
DDS Dias depois a sementeira
PAI Período Anterior à interferência
PTPI Período Total de Prevenção à interferência

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final IX


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

I. INTRODUÇÃO

I.1. Antecedentes

O milho (Zea mays) é o cereal mais importante no mundo depois do arroz e trigo, em termo da
área cultivada e da produção total. Em Moçambique, é o cereal mais importante seguido de trigo,
arroz e sorgo (Tostão et al., 2010).

A produção mundial do milho em 2014, foi estimada em cerca de 1.1 mil milhões de toneladas,
sendo os EUA, China, Brasil, Argentina e Ucrância, os maiores produtores, com a produção
estimada em cerca de 361, 215, 80, 33 e 23 milhões de toneladas respectivamente. Em
Moçambique, foi estimada em cerca de 1.4 milhões de toneladas, contribuindo em 0,10% na
produção mundial (FAOSTAT, 2016).

De acordo com Tostão et al. (2010), o milho é produzido em quase todas as regiões de
Moçambique, sendo as regiões Centro e Norte produzindo um excedente. Segundo Sánchez et al.
(2011) esta cultura é muito importante para a nutrição das populações Moçambicanas e é a
principal fonte de carbohidratos. Além de ser uma das principais culturas alimentares produzidas
internamente, também é um grande contribuinte para a segurança alimentar e no sustento das
famílias rurais.

Dentre os vários factores que afectam a produção do milho, destaca-se a interferência causada
pelas infestantes devido a competição com a cultura na utilização dos recursos (água, nutrientes e
luz), causando elevadas perdas de rendimento (Volpe et al., 2011), que podem variar de 10 a 90%
(Cox et al., 2006; Williams, 2006). Por estes e outros motivos, o controlo das infestantes é
indispensável para o bom desenvolvimento desta cultura. Porém, não é necessário durante todo o
ciclo da cultura para atingir o rendimento máximo, sendo necessária a remoção das infestantes no
período crítico de competição de modo a evitar perdas de rendimento (Donald, 2000). Este
período, é definido como sendo o período de tempo em que medidas de controlo são necessárias
para evitar a continuidade da competição entre a cultura e as infestantes (Hall et al., 1992).

Cremildo Sebastão Nhavoto UEM/FAEF - Projecto Final 1


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

I.2. Problema de estudo e justificação

A produção do milho em Moçambique tem aumentado nos últimos anos, porém, o rendimento
médio ainda é estimado em cerca de 750 kg/ha, enquanto os rendimentos potenciais estão na
ordem de 6.500 kg/ha. Entre os vários factores relacionados com esses baixos rendimentos
destaca-se as infestantes. Segundo Cox et al. (2006) e Williams (2006) as infestantes podem
causar a redução de 90 % do rendimento da cultura de milho devido a competição pelos recursos.

Segundo Donald (2000) o controlo das infestantes usando o período crítico de competição entre
a cultura e as infestantes minimiza a redução do rendimento das culturas, pois é neste periodo em
que a competição exercida pelas infestantes tem mais efeito no rendimento. Por outro lado, Volpe
et al. (2011) afirmam que a falta de controlo das infestantes durante este período pode reduzir
cerca de 80% do rendimento potencial da cultura do milho.

Daniya e Abdullahi (2013), estudando o efeito da duração da competição das infestantes no


rendimento do milho doce (maçaroca) na Nigéria, detectaram a existência do período crítico de
competição, que correspondeu entre os 7 a 23 dias depois da emergência da cultura e a
competição neste período teve maior efeito no rendimento potencial. Ghanizadesh et al. (2010)
registaram o período crítico de competição entre os 17 a 36 dias depois da emergência da cultura
no Sudoeste do Irão.

De acordo com Knezevic et al. (2002) o período crítico de competição entre as culturas e as
infestantes, varia de acordo com as condições agro-ecológicas da região do cultivo, variedade
usada, espécies infestantes, das práticas culturais, época de sementeira e dos critérios
estabelecidos com relação aos métodos utilizados para sua determinação. Nesta vertente, com o
presente estudo pretendeu-se determinar o período crítico de competição entre as infestantes e a
cultura do milho para as condições locais. Assim, determinando este período, permitirá a
obtenção de informação, que pode ajudar os agricultores a realizarem o controlo das infestantes
em momento oportuno e consequentemente, aumento do rendimento, maior retorno económico,
bem como o uso mais racional dos herbicidas.

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 2


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

I.3. Objectivos

1.3.1. Objectivo Geral


 Determinar o período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do milho
(Zea mays)

1.3.2. Objectivos Específicos


 Determinar o período anterior à interferência (PAI) e o período total de prevenção da
interferência (PTPI);
 Determinar as perdas de rendimento;
 Avaliar a comunidade infestante.

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 3


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

II.1. Origem e Importância da cultura do milho em Moçambique

O milho (Zea mays L.) é uma gramínea originária do capim chamado teosinte no sul do México
e o terceiro cereal mais produzido no mundo, depois do arroz e trigo em termos de área cultivada
e da produção total. Em Moçambique, faz parte do grupo das três culturas básicas em termos de
segurança alimentar e ocupa mais de 30 % da terra arável, sendo cultivado por mais de três
quartos das famílias dos 2.5 milhões de agregados familiares. Este cereal é importante na nutrição
das famílias moçambicanas e é a principal fonte de carbohidratos (70 a 73 %), além de conter
quantidades significantes de proteínas (10 %), vitamina A, zinco e ferro. Quanto a alimentação
humana, o milho é consumido em todas províncias de Moçambique e pode ser de forma cozido,
assado, frito, pilado ou moído para obter farinha e muito mais (Sánchez et al., 2011).

II.2. Produção do milho em Moçambique

O milho é produzido em quase todas as regiões de Moçambique, com as regiões Centro e Norte
produzindo um excedente.  A região sul produz menos do que a quantidade consumida, como
resultado, tem que recorrer à fontes de outras áreas, principalmente a África do Sul (Tostão et al.,
2010).  De acordo com os dados do TIA (2010-2012), as regiões centro e norte do país
apresentam maiores níveis de produção devido às boas condições agro-ecológicas para a
produção deste cereal comparativamente a região sul.

Em Moçambique, o milho é geralmente produzido em condições de sequeiro e com maior


incidência na época quente (Outubro à Março). Estudo feito por Sanches et al. (2011) aponta que
o milho é a cultura mais produzida no país, olhando para o número de pequenas explorações, área
cultivada e produção de energia para o trabalho. Dados do INE (2010) indicam que do total das
pequenas explorações agrícolas, 68 % produzem a cultura do milho e do total da área das culturas
alimentares básicas, na mesma categoria de explorações agrícolas, o milho ocupa cerca de 44,09
% (1.360.937 hectares).

A produção do milho registou uma redução, atingindo o seu mínimo em 2012 de 1.1 milhões de
toneladas comparado dos 2.1 milhões de toneladas em 2011. Os rendimentos seguiram o mesmo

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 4


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

padrão de redução e atingiu o máximo de 1,2 toneladas / ha em 2011 em comparação com 0,75
toneladas / ha em 2012. De 2012 a 2014, a produção de milho aumentou significativamente, parte
deste bom desempenho é atribuído à expansão da área cultivada (Tabela 2).

Tabela 1: produção do milho em Moçambique (2011 a 2014)

Ano Área cultivada (ha) Rendimento (ton/ha) Produção (ton)


2011 1.812.717 1,2 2.178.842
2012 1.572.009 0,749 1.177.390
2013 1.608.000 0,7506 1.207.000
2014 1.703.500 0,7967 1.357.220
FAOSTAT (2016)

II.3. Descrição botânica do milho


O milho (Zea mays L.) é uma monocotiledónea que pertence a: ordem graminae, família poaceae,
tribu Maydeae, género Zea e espécie Zea mays L.. É uma herbácea, monóica e anual que
apresenta raiz fasciculada, caule classificado como um colmo, geralmente não ramificado,
apresentando nós e entrenós, os quais são esponjosos e ricos em açúcares. As folhas são estreitas
e dispostas alternadamente no caule. A inflorescência é classificada como monóica e os órgãos
masculinos (panícula) são dispostos no topo do colmo e os femininos (espiga) na axila do caule.
A semente é classificada botanicamente como cariopse, apresentando três partes: pericarpo,
endosperma e o embrião (Barros e Calado, 2014).

II.4. Exigências edafoclimáticas do milho


A radiação solar (intensidade luminosa), precipitação e a temperatura são os factores mais
importantes que condicionam o crescimento/desenvolvimento da cultura do milho. De uma forma
geral o ideal é ter temperaturas em torno de 25 0C e 30 0C durante o dia e noites frias, em torno de
16 0C e 19 0C (Fato et al., 2011). Para completar o ciclo fenológico o milho necessita de 450 a
600 mm de água, sendo as fases mais críticas, os períodos após a sementeira, início de floração e
enchimento do grão (Fato et al., 2011; Martins, 2012).
Segundo Sánchez et al. (2011), o milho adapta-se a vários tipos de solos, mas para obter bons
rendimentos, os solos franco-argilosos ou areno-argilosos, férteis, profundos, com boa drenagem
e textura média e com pH ligeiramente ácidos (5.8 e 6.8) são os mais apropriados.

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 5


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

II.5. Crescimento e Desenvolvimento do milho


O crescimento e desenvolvimento da cultura do milho é definido como uma sequência de
mudanças morfológicas (fenologia) e/ou função de alguns órgãos, modulado por práticas
culturais e factores ambientais. O ciclo da cultura do milho varia de 80 a 150 dias, subdivididos
em 10 fases fenológicas (Fancelli, 1986), dependendo do genótipo e das condições ambientais
durante as fases do desenvolvimento da cultura, principalmente a temperatura (Embrapa, 2006).
O mesmo autor ainda afirma que o ciclo da cultura de milho é definido por número de horas de
calor térmico que a cultura pode acumular, com necessidades iniciais de unidades térmicas de 10
0
C para o seu desenvolvimento. De acordo com Fancelli (1986), as fases fenológicas da cultura
de milho são apresentadas na figura 1, com as características detalhadas na tabela 1.

Tabela 2: Características das fases fenológica da cultura do milho

Fase Fenológica Duração Características


1 14 DDE A planta apresenta 4 folhas, e é nesta fase que se define o
rendimento potencial.
2 28 DDE Planta apresentando 8 folhas totalmente desdobradas e
ocorre a definição de número de fileira na espiga.
3 42 DDE Plantas com 12 folhas totalmente desdobradas e define-
se o tamanho da espiga.
4 56 DDE Emissão do pendão
5 63 a 70 DDE Floração e polinização
6 12 DDP Grão leitoso e define-se a densidade do grão.
7 24 DDP Grão pastoso
8 36 DDP Grão farináceo
9 48 DDP Grão farináceo-duro
10 55 DDP Maturação fisiológica do grão
DDE- Dias Depois a Emergência, DDP -Dias Depois a polinização

Segundo Embrapa (2006) e Fancelli & Dourado Neto (2000), o ciclo da cultura de milho
compreende cinco etapas de desenvolvimento, onde são feitas em cada uma delas, as observações
ao nível da competitividade com as infestantes:
Etapa I- Germinação e Emergência: Este período compreende desde a sementeira até o
aparecimento da plântula, e é variável dependendo da temperatura e da disponibilidade da
humidade no solo, podendo durar 15 dias. A competição nesta fase ocorre na linha de sementeira,
quando se trata principalmente de infestantes de folha estreita.

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 6


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

Etapa II- Crescimento vegetativo: Compreende entre a emissão da segunda folha e o inicio da
floração. É neste período que se define o rendimento potencial do grão e os seus componentes
(número de fileira do grão por espiga, número de grãos por espiga), e considerado o mais
importante em termo de competição, controlo e reflexos no rendimento do grão.

Etapa III- Floração: Compreende entre a polinização e o inicio da frutificação e dura


geralmente 4 a 8 dias, a competição neste período afecta negativamente a densidade dos grãos.

Etapa IV- Frutificação: Este período também conhecido como fase de enchimento do grão, é
compreendido entre a fecundação e o enchimento do grão. Dependendo da variedade e das
condições ambientais a duração desta fase pode variar de 40 a 60 dias. A competição com
infestantes nesta fase resulta em menor peso de grãos.

Etapa V- Maturação Fisiológica: É compreendido entre o fim da frutificação e a maturação


fisiológica (aparecimento da camada preta na base do grão de milho). O controlo inadequado das
infestantes nesta fase reduz a qualidade do rendimento final do grão.

Figura 1: Fases fenológicas da cultura de milho

Fonte: Fancelli, 1986

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 7


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

II.6. Conceito, características e importância das infestantes


Segundo Carvalho (2013) infestante é qualquer planta que cresce espontaneamente em local de
actividade humana causando prejuízos. As infestantes apresentam características que lhes
permitem adaptação em ambientes adversos como: uso eficiente de água em regiões de escassez,
rápida germinação e crescimento inicial, sistema radicular extenso, grande capacidade de
absorção de água e nutrientes, alta capacidade produtiva e disseminação dos propágulos (Vargas
et al., 2006; Volpe et al., 2011).

As infestantes afectam o sector de produção agrícola, as plantações florestais, a saúde humana e


animal, as áreas de recreação, industriais e marinhas (Carvalho, 2013). Elas apresentam impactos
económicos, na saúde humana e animal e estéticos. O impacto económico é devido a redução da
produção e na qualidade dos produtos agrícolas, alteração na funcionalidade e eficiência da água
de rega, nos custos associados à maquinaria, pesticidas e o tempo despendido para o seu controlo
(Beck, 2004; Carvalho, 2013). O impacto na saúde humana e animal inclui a alteração no
funcionamento do sistema produtivo, uma vez que algumas infestantes são hospedeiros de
vectores de doenças do homem e de animais, espinhosos, tóxicos e alérgicos (Carvalho, 2013).

O impacto na saúde animal pode ocorrer tanto em animais domésticos assim como em animais
selvagens com a ingestão de espécies venenosas. Estas espécies podem ocorrer em área de
pastagem ou no feno reduzindo a qualidade da pastagem e o desempenho dos animais e a
contaminação do leite e seus derivados (Beck, 2004). O impacto estético é o efeito visual das
infestantes. Elas afectam negativamente a aparência da relva do campo de futebol, áreas
recreativas, áreas de aquacultura comercial e recreativa, jardins, rodovias e ferrovias, rios e lagos
e canais de irrigação (Carvalho, 2013).

Além dos impactos negativos também apresentam impactos positivos ao homem e ao ambiente.
Estes aspectos positivos incluem o uso de infestantes como cobertura do solo, o que aumenta a
estrutura do solo, preserva a humidade do solo e reduz a erosão. Podem servir de hospedeiro de
inimigos naturais de certas pragas e patógenos de importância agrícola, usados como fonte de
alimento humano e animal. Algumas infestantes têm propriedades medicinais e outras utilizadas
na ornamentação (Carvalho, 2013).

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 8


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

II.7. Competição
Dentre os componentes do conjunto de interferências, a competição e a alelopatia são os de maior
importância e que ocorrem com maior frequência, porém, devido à dificuldade de isolar os
efeitos destes componentes, tem-se procurado quantificar os efeitos do conjunto de interferências
(Velini, 1997). A competição entre plantas é parte fundamental na ecologia dos vegetais e ocorre
quando duas ou mais plantas utilizam recursos para seu crescimento e desenvolvimento, os quais
estão limitados no ecossistema comum. Portanto, a competição exercida pelas infestantes sobre
as culturas é considerada a principal causa de redução do rendimento em cultivos agrícolas, pois
estas requerem, para seu crescimento e desenvolvimento, sempre os mesmos recursos que as
culturas (Carvalho, 2013).

A competição pode ser de uma forma directa através da concorrência por nutrientes, água, luz e
espaço e indirecta quando as infestantes produzem produtos químicos alelopáticos
(Hasanuzzaman, 2015). O impacto da competição das infestantes na cultura do milho pode variar
durante as diferentes fases de desenvolvimento, de acordo com a habilidade competitiva da
cultura e das infestantes ao longo do ciclo de vida (Tollenaar et al., 1994).

A intensidade da competição normalmente é medida com relação ao rendimento da cultura e


pode ser definido como a redução percentual do rendimento de determinada cultura, como
resposta da competição pelos recursos de crescimento disponíveis no ambiente (água, luz e
nutrientes) (Carvalho, 2013; Pitelli, 1985). De acordo com Pitelli (1985) a intensidade da
competição das infestantes sobre as culturas, depende de factores ligados à própria cultura
(espécie cultivada, variedade e espaçamento), à comunidade infestante (composição especifica,
densidade e distribuição), ao ambiente (clima, solo e maneio da cultura), ao período em que a
competição ocorre e a duração do período de convivência.

2.7.1 Efeitos da competição


O principal efeito da competição entre as infestantes e as culturas é a redução dos seus
rendimentos, através da competição pelos recursos de crescimento e desenvolvimento tais como
água, luz, nutrientes e dióxido de carbono (Chisaka, 1977).

O efeito da competição das infestantes no rendimento das culturas é influenciado por três
principais variáveis. A mais importante é o momento em que as infestantes emergem em relação
Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 9
Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

a cultura (Kropff e Spitters, 1991), pois infestantes que emergem com ou ligeiramente depois da
cultura são mais competitivos e resultam em maiores perdas de rendimento, ao passo que as
infestantes que emergem depois da cultura são menos competitivos em termos de redução de
rendimento da cultura, mas podem ser considerados problemáticos ao reduzirem a qualidade do
produto final (Swanton et al., 2015). A densidade das plantas infestantes é a segunda variável
mais importante, e está relacionada com a duração de competição e a terceira variável está
relacionada com habilidade competitivas das infestantes. Estes factores, são influenciados pelas
condições ambientais, incluindo condições de clima e de solo e práticas culturais, tais como nível
de adubação, espaçamento, rotação de culturas e outros (Van Heemst, 1986).

A redução do rendimento da cultura do milho devido a competição com as infestantes pode


atingir 90% (Cox et al., 2006; Williams, 2006). Esta redução é causada principalmente pela
competição por água, luz, nutrientes, dióxido de carbono e espaço físico (Swanton e Weise, 1991;
Kapusta et al., 1994). Singh et al. (2016) verificaram que, os efeitos da competição reduziram o
número de espigas por planta, o número de grãos por espiga e peso do grão. A diminuição do
número de grãos por espiga pelo aumento da competição é atribuída à formação de um menor
número de flores, à menor fecundação devido ao aumento da protandria e ao abortamento de
grãos após a fertilização (Hashemi-Dezfouli e Herbert, 1992) e a ocorrência da competição por
água durante a polinização (Herrero e Johnson, 1981).

Kozlowski (2002), no seu estudo quando a cultura de milho conviveu com as infestantes em todo
ciclo verificou a redução em média de 87 % no rendimento do grão, quando comparado com a
cultura do milho livre das infestantes em todo o ciclo. Duarte et al. (2002), avaliando o efeito da
competição exercida pelas infestantes na cultura de milho, verificaram que a competição reduziu
o diâmetro do colmo, peso de espiga e peso de grãos, em 14 %, 22 % e 22 % respectivamente.
Silva et al. (2015) avaliando o crescimento e rendimento do milho sob competição da tiririca
(Cyperus spp.), verificaram a redução no acúmulo de matéria seca total, no peso das espigas e dos
100 grãos e no rendimento do milho e o aumento da altura das plantas e de inserção da espiga.

Rossi et al. (1996), avaliando o efeito da competição sobre as características agronómicas e no


rendimento de sete variedades do milho, observaram uma redução na altura das plantas e de
inserção da primeira espiga, o comprimento e a circunferência das espigas, os pesos das espigas e

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Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

dos grãos e o rendimento estimado da cultura, independente da variedade. Segundo Ampong-


Nyarko (1994) a baixa altura média das plantas de milho observada sem controlo deve-se a
coexistência da cultura com as infestantes durante todo o ciclo da mesma. Para Zimdahl (2007) e
Mortimer (1994) as culturas não possuem uma alta capacidade competitiva comparativamente às
infestantes, o que dificulta que elas absorvam água e sais minerais para o seu crescimento e
desenvolvimento.

Hall et al. (1992), constataram que se as infestantes não forem controladas antes do estágio
fenológico V3 (12 DDE) ou V4 (16 DDE) do milho, uma rápida e irreversível redução do
rendimento do grão ocorrerá mesmo se as infestantes forem controladas no restante do ciclo de
desenvolvimento da cultura. Porém, Cox et al. (2006) verificaram que a competição com
infestantes até o estágio V3 (12 DDE) ou V4 (16 DDE) não influenciou significativamente o
rendimento do grão, sendo similar ao controle, porém quando a competição com as infestantes
prolongou-se até os estágios V5 (17 DDE) ou V6 (21 DDE) e V7 (25 DDE) ou V8 (28 DDE) as
reduções no rendimento do grão foram de 25 e de 42 %, respectivamente, quando comparado ao
controle. A competição durante todo o ciclo do milho reduziu o rendimento do grão em 71 %.
Segundo Vargas et al. (2006) a competição por água durante a fase vegetativa reduz o acúmulo
da matéria seca, da biomassa e índice da área foliar, assim como induz o fecho dos estomas
fazendo com que a fotossíntese seja paralisado e o rendimento do grão é afectado negativamente.

2.7.2 Período de convivência


Quanto aos períodos de convivência entre as infestantes e as culturas, destacam-se três períodos.
O primeiro denominado de período total de prevenção da interferência (PTPI), que é o período, a
partir da emergência ou da sementeira, em que a cultura deve ser mantida livre da presença da
comunidade infestante para que o seu rendimento, qualidade da produção ou outra característica
não sejam alterados significativamente. O segundo período é denominado de período anterior à
interferência (PAI), que é o período a partir da emergência ou da sementeira, em que a cultura
pode conviver com a comunidade infestante antes que o seu rendimento ou outra característica
sejam alteradas significativamente. Finalmente um terceiro período designado por período crítico
de competição (PCC) que é o período entre o PAI e PTPI (Pitelli e Durigan, 1984). Para
Knezevic et al. (2002) é o período de tempo entre duas fases de desenvolvimento da cultura, que

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Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

representam o tempo necessário para o controlo das infestantes de modo a evitar a redução do
rendimento.

A determinação do período período crítico de competição tem sido relatada com base em dias
depois a emergência da cultura (Kozlowski et al., 2009), dias depois a sementeira (Singh et al.,
2016) e fenologia (Duarte, 2002 & Kozlowski, 2002). Para a cultura do milho este período
corresponde em média entre 20 a 60 dias depois a emergência, que em termo de número de folhas
corresponde ao intervalo entre a terceira folha (V3) e a décima segunda (V12). É neste período
que se define o número de fileiras por espiga e o tamanho da espiga (Vargas et al., 2006; Volpe
et al., 2011,).

Daniya e Abdullahi (2013), com objectivo de determinar o período óptimo para o controlo das
infestantes em milho doce, concluíram que este período ocorreu entre 15 DDS a 30DDS. De
acordo com Knezevic et al. (2002), o começo tardio do período crítico de competição é possível
quando as perdas de rendimento e a competitividade das infestantes são menores do que o
esperado, isso devido à emergência tardia das infestantes. Da mesma forma, o final antecipado do
período crítico pode ocorrer quando existem perdas de rendimento menores do que o esperado
devido à emergência mais precoce das infestantes.

Mahmoodi e Rahimi (2009), estimando o período crítico de competição (PCC) entre as


infestantes e o milho no sudeste do Irão, constataram que este período correspondeu ao estágio
fenológico de 5 a 15 folhas (15 a 59 DDE) e que a partir de estágio fenológico de 6 folhas houve
redução no rendimento do milho, com o máximo de perdas (5 %). Porém, Ghanizadesh et al.
(2010) no sudoeste do Irão, constataram que o PCC começou quando o milho apresentava 5
folhas (17DAE) e terminou quando apresentava 9 folhas (36 DDE).

Kozlowski (2002), avaliando o período crítico entre as infestantes e a cultura de milho baseado
em estágios fenológicos, constatou que o PCC começa a partir do estágio V2 (7DDE) e termina
no estágio V7 (25DDE). Pitelli e Ramos (1994), avaliando o efeito dos diferentes períodos de
controlo das infestantes no rendimento da cultura do milho, concluíram que em condições de
maior incidência das infestantes afectou significativamente o rendimento do grão e que o período
crítico de competição iniciou aos 14 DDE e terminou aos 42 DDE. Singh et al. (2016),

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Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

determinando o período para o controle das infestantes no milho primavera no noroeste da Índia,
concluíram que o PCC entre as infestantes e a cultura do milho primavera começou 30 dias após
a sementeira e terminou 60 dias após a sementeira.

As razões da variabilidade observada em diversos trabalhos para o início e fim do período crítico
de competição devem-se às diferenças na adubação nitrogenada, na composição da comunidade
infestante, na densidade e época de emergência das infestantes nos diferentes locais. Porem¸
duração deste período varia dependendo de vários factores, incluindo características da cultura,
variedade, do local, espécies infestantes, condições ambientais e edáficas (Hall et al., 1992), das
práticas culturais, época de sementeira e dos critérios estabelecidos com relação aos métodos
utilizados para determinar o período crítico de competição (Knezevic et al., 2002). Segundo
Martin et al. (2001), os padrões de emergência das espécies infestantes e o seu tamanho do banco
de sementes são factores importantes que influenciam o momento e a duração do período crítico
de competição.

II.8. Infestantes problemáticos na cultura de milho


Segundo Ndam et al. (2014), cerca de 53 espécies de infestantes registados como problemáticos
são responsáveis pela redução do rendimento da cultura do milho. Estas infestantes pertencem a
diferentes famílias, sendo Asteraceae mais dominante e seguido por Poaceae, Fabaceae,
Euphorbiaceae e Amaranthaceae. De acordo com Vargas et al. (2006), as infestantes como
Cyperus rotundus, Cenchrus echinatus, Cynodon dactylon, Brachiaria plantaginea, Digitaria
horizontalis e Amaranthus retroflexus são altamente agressivas ao competir com a cultura do
milho, pois estas também são plantas C4. Segundo Ndam et al. (2014) as infestantes,
Amaranthus spinosus, Bidens pilosa, Commelina benghalensis, Mariscus alternafolius e
Cynodon dactylon são as 5 mais dominantes e problemáticas na cultura do milho em todo o
mundo. Para Katri (2012), Cyperus rotundus e Cynodon dactylon são as mais problemàticas em
todo mundo, ao infestar a cultura de milho e por tornar ineficaz a sacha manual.

As principais espécies infestantes problemáticas na agricultura familiar aparecem a Striga lutea e


algumas infestantes anuais como Panicum maximum, Cyperus rotundus, Cyperus esculentus,
Rhychyletrum repens, entre outras (Nunes et al., 1985). Não obstante, no estudo feito por Batista
et al. (2014) a Sida spp. mostrou ser extremamente problemático para o milho.

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Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

II.9. Métodos de controlo das infestantes


De forma a reduzir o efeito negativo das infestantes nas culturas métodos de prevenção e controlo
são tomados. Segundo Carvalho (2013), para o controlo das infestantes na cultura do milho
métodos como cultural, mecânico, biológico e químico devem ser usados.

Controlo cultural - consiste no maneio da própria cultura de forma a controlar as infestantes e


aumentar a sua capacidade competitiva. Para tal, devem ser usadas variedades de rápido
crescimento que sombreiem a superfície do solo antes da emergência das infestantes e
competidoras com as infestantes; semeiar na época recomendada, a densidades e espaçamento
adequados, usar cobertura morta, práticar rotação de culturas, fazer adubações adequadas e bom
maneio de irrigação (Carvalho, 2013; Volpe et al., 2011).

Controlo mecânico- baseia-se no uso de implementos antes ou depois da sementeira com


objectivo de eliminar as infestantes. A sacha com enxada, ou com cultivadores são as formas de
controlo mecânico mais utilizados na cultura do milho. A sacha com enxada é muito comum na
agricultura familiar ou onde a topografia é um obstáculo para usar outros métodos de controlo das
infestantes (Silva, 1995). A vantagem do uso da enxada é a grande eficácia de controlo e a
desvantagem é o seu baixo rendimento operacional. Os cultivadores, por sua vez apresentam
rendimento operacional bem maior, mas a eficácia de controlo é menor, não controlando as
infestantes localizadas na linha de sementeira (Fontes et al., 2003).

Controlo biológico - consiste no uso de inimigos naturais (insectos, aves, bactérias, fungos,
vírus, entre outros) de modo a reduzir a população das infestantes e consequentemente a
capacidade competitiva.

Controlo químico - consiste no uso de herbicidas para controlar as infestantes.Este método tem
vantagem de ser eficiente e a rápido, evitando a competição de infestantes desde o
estabelecimento da cultura, não causa danos às raízes das culturas, não revolve o solo e controla
as infestantes na linha da cultura. Já as desvantagens estão relacionadas com a necessidade de
equipamentos adequados e sua manutenção permanente, necessidade de capacitação dos
produtores e mão-de-obra especializada, que quando não ocorre gera aplicações incorrectas com
severos danos ao meio ambiente e o controlo ineficiente das infestantes (Volpe et al., 2011).

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Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

III. MATERIAIS E MÉTODOS

III.1. Descrição da área de estudo


O ensaio foi conduzido de 12 de Agosto a 14 de Novembro de 2016, no Campo Experimental da
Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF) da Universidade Eduardo Mondlane
(UEM), localizado na cidade de Maputo entre as coordenadas seguintes: Latitude 25° 57’ 07” S e
25° 57’ 09” S; Longitude 32° 36’ 05” E e 32° 36’ 10” E, e altitude de 60 m.

3.1.1 Clima e solo


Segundo a classificação de Koppen o clima da região, é do tipo Aw (clima tropical de savana)
onde a precipitação média anual é de cerca de 767 mm, sendo Fevereiro o mês mais chuvoso com
137 mm, e Agosto o mês mais seco com 12 mm e a temperatura média anual de 22,8 °C. O solo é
de textura arenosa com teor de matéria orgânica igual a 0,26 % nos primeiros 20 cm de
profundidade e baixo conteúdos de Nitrogénio, Potássio, Fósforo, Cálcio, Magnésio e Sódio, e
baixa capacidade de troca catiónica. Nas camadas abaixo de 75 cm a água média disponível é de
16,7 mm/m. O pH do solo é de 5,81 e a condutividade eléctrica (CE 1:2,5) é de 0,06 dS/m e a
infiltração básica do solo é de 379 mm/h (Chaúque, 2011).

3.1.2 Tratamentos
Foram avaliados oito (8) tratamentos (tabela3), sendo que cada tratamento com 40 plantas, com
um espaçamento de 75 cm entre linhas e 25 cm entre plantas da mesma linha, perfazendo no total

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Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

960 plantas. Os tratamentos compreenderam a submissão da cultura do milho a diferentes


períodos de convivência com as infestantes.

A definição dos tratamentos baseou-se no método proposto por Knezevic et al. (2002), em que
para seleccionar o período apropriado para remoção das infestantes, deve se seleccionar primeiro
um ou dois períodos em torno da fase inicial do ciclo da cultura para melhor determinar o início
suspeito do período crítico de competição e em segundo seleccionar um a três momentos em
torno da fase final do ciclo da cultura para melhor determinar o fim do período crítico de
competição. A remoção das infestantes durante os diferentes períodos de controlo foi realizada
por meio de sacha manual.

Tabela 3: Descrição dos tratamentos

Tratamento Descrição
s
1 Controlo de infestantes em todo o ciclo da cultura (90 dias)
2 Controlo de infestantes nos primeiros 15DDE
3 Controlo de infestantes nos primeiros 45DDE
4 Controlo de infestantes nos primeiros 75DDE
5 Sem controlo de infestantes nos primeiros 15DDE
6 Sem controlo de infestantes nos primeiros 45DDE
7 Sem controlo de infestantes nos primeiros 75DDE
8 Sem controlo de infestantes em todo ciclo da cultura (90 dias)
 DDE- dias Depois da emergência

III.2. Delineamento Experimental


Para o ensaio, foi usado o delineamento de blocos completamente casualizados, com três (3)
repetições (blocos) e oito (8) tratamentos. A escolha deste delineamento deve se ao facto da
existência de características heterogéneas nas unidades experimentais. A orientação dos blocos
foi feita no sentido perpendicular a fonte de variação e com área total de 261.25 m 2, cada bloco
era composto por 8 parcelas, totalizando 24 parcelas em toda área de estudo . Cada parcela
possuía quatro linhas separadas por uma distância de 0,75 m e um comprimento de 2,5 m,
perfazendo uma área de 7,5 m2. As parcelas dentro do bloco eram separadas por uma distância de
0,5 m e a separação entre blocos de 1 m (anexo2).

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Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

III.3. Variedade usada


Para o ensaio foi usada a variedade híbrida “MRI 594”. Trata-se de uma variedade de ciclo curto,
correspondente a 110 dias na época quente e 135 na época fresca. O rendimento potencial desta
variedade é de 10 toneladas por hectare. Escolheu-se esta variedade de forma a dar informação
sobre o período óptimo de controlo das infestantes, pois carece de estudos a respeito.

III.4. Práticas culturais


A sementeira foi feita no dia 12 de Agosto de 2016, a um compasso de 75 cm x 25 cm, e foram
semeadas manualmente uma semente por covacho e a densidade de sementeira de 25 kg/ha,
porém, antes foi feita uma lavoura mecanizada. A adubação do fundo foi feita com 200 kg/ha de
NPK (12,24,12) e a de cobertura foi feita aos 35 dias depois da emergência da cultura com 75
kg/ha de ureia (46 % de N), manualmente. As plantas que apresentavam sintomas do míldio eram
eliminadas e duas pulverizações foram feitas com um pulverizador dorsal com capacidade de 16
litros, usando cipermetrina (350 ml/ha), aos 20 e 40 dias depois a sementeira a fim de controlar a
broca do caule. A rega era por aspersão e três vezes por semana. A colheita foi realizada
manualmente no dia 14 de Novembro aproximadamente 94 dias depois da sementeira, onde
primeiro colheu-se as bordaduras e a posterior foi colhida toda a área útil em cada parcela, onde
fez-se o corte das plantas com auxílio duma catana.

III.5. Método de amostragem


Para fins de avaliação foram consideradas como área útil das parcelas experimentais as duas
linhas centrais com 2 m de comprimento, desprezando-se 0,25 m a título de bordadura, nas
extremidades de cada parcela, totalizando 1,5 m2.
Com a população total de 16 plantas na área útil por parcela, 8 plantas foram usadas como
amostra correspondente a 50 % do total da população. As plantas usadas como amostra foram
seleccionadas aleatoriamente, sendo que quatro plantas por linha.

III.6. Variáveis medidas


Altura da planta- com ajuda de fita métrica, foram medidas as alturas das plantas medindo da
base até o ápice da planta e a medição foi feita aos 50 e 85 dias depois da emergência.

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 17


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

Número de fileiras por espiga e número de grãos por fileira e por espiga - fez -se a contagem
do número de fileiras por espiga e de grãos por fileira e por espiga em cada espiga da planta.

Peso médio das espigas- com ajuda de uma balança, foram pesadas as espigas desempalhadas e
a medição foi feita depois da colheita.

III.7. Determinação do rendimento


O rendimento das espigas verdes por parcela foi calculado usando a seguinte fórmula:

Peso das espigas na area util(kg)


Rendimento = , para a conversão do rendimento obtido em cada
áreaú til (m 2)
parcela em toneladas por hectare foi usada a seguinte fórmula:

Rendimento das espigas na á reaú til (ton)


Rendimento (ton/ha) = x 10000 m2
á reaú til (m2)

III.8. Determinação do PAI e PTPI


Para a determinação do período anterior a interferência (PAI) e período total de prevenção da
interferência (PTPI), foram usados dois modelos de interferência: sem controlo inicial e com
controlo inicial. No modelo sem controlo inicial visou-se a determinação do período anterior à
interferência (PAI) e o modelo com controlo inicial visou-se a determinação do período total de
prevenção da interferência (PTPI). Os dados dos rendimentos do milho obtidos nos diferentes
períodos de convivência com as infestantes foram ajustados a um modelo de regressão não linear,
segundo o modelo sigmoidal, Gompertz, usando o programa Sigmaplot 11 conforme a fórmula
abaixo:
Y = y0+a*exp (-exp (- (x-x0) / b))
Onde:
Y = Rendimento estimado das espigas do milho ton/ha;
y0 = Rendimento mínimo estimado no modelo sem controlo inicial ou com controlo inicial das
infestantes;
a = é a diferença entre do rendimento máximo e mínimo no modelo sem controlo inicial ou com
controlo inicial das infestantes;

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Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

x = limite superior considerado, do período de convivência ou controlo;


x0 = período em que ocorre 50 % da redução do rendimento ;
b = declive da curva.

Com base nas equações de regressão foram determinados o PAI e PTPI para os níveis de
tolerância de 5 % de redução do rendimento expresso em ton/ha das espigas verdes, em relação
ao tratamento mantido livre das infestantes (Knezevic et al., 2002). A opção pelo modelo de
Gompertz é pelo facto de proporcionar o bom ajuste do rendimento e que todos os componentes
da equação apresentam significado biológico, conforme descrito acima. Segundo Hall et al.
(1992), o modelo de Gompertz é usado para descrever o efeito de aumento da duração do período
livre das infestantes no rendimento relativo e para determinar o período total de prevenção da
interferência.

III.9. Determinação da perda de rendimento


Para determinar as perdas de rendimento foram calculadas as perdas percentuais em relação à
parcela mantida livre das infestantes em todo ciclo, de acordo com a seguinte fórmula
(Kozlowski, 2008):
(Rsci−Rci)
Pr = ∗100
Rsci
Onde:
Pr -é a perda de rendimento (%);
Rsci -é rendimento das espigas obtido sem competição com as infestantes;
Rci - é rendimento das espigas obtido nos diferentes períodos de competição com as infestantes e
100- Factor de conversão em percentagem

III.10. Avaliação da comunidade infestante


A comunidade infestante foi avaliada ao final de cada período de convivência com a cultura do
milho, onde fez-se a identificação das espécies e a contagem dos indivíduos de cada espécie
presente em 1m2 da área útil de cada parcela experimental como amostra, mediante o uso de uma
quadrícula de madeira. A partir da contagem das espécies foram calculados os seguintes
parâmetros fitossociológicos: (i) frequência (F) e frequência relativa (Fr), (ii) densidade (D) e

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 19


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

densidade relativa (Dr), segundo as fórmulas propostas por Mueller-Dombois e Ellemberg


(1974), citados por Kozlowski, (2008).
(i) Frequência das infestantes
Expressa o número de indivíduos de uma espécie em relação ao número total de indivíduos na
amostra, conforme a fórmula:
Numero de parcelas que contem a especie i
Frequência absoluta (Fa) =
Numero total das parcelas utilizadas
Frequencia absoluta da especie i
Frequência relativa (Fr) = x 100
Frequencia absoluta de todas as especies

(ii) Densidade das espécies infestantes


Expressa o número de indivíduos de uma espécie em função da área conforme a fórmula:
Numero total de individuos da especie i
Densidade das espécies (D) =
Area amostral

Densidade da especie i
Densidade relativa (Dr) = x 100
Densidade de todas as especies

III.11. Análise de Dados


Foi usado Software Microsoft Excel para criação de tabelas e gráficos e o STATA 10 para fazer a
análise de variância (ANOVA) dos dados de altura planta, número de grãos por fileira, fileiras
por espiga, peso das espigas, rendimento das espigas verdes e a densidade das infestantes, com
base no teste de Fisher para testar as hipóteses e o teste de comparações de médias de Duncan a
nível de significância de 5 % e a correlação entre o rendimento das espigas verdes do milho e as
variáveis medidas e a densidade das infestantes. Para ajustar os dados dos rendimentos do milho
obtidos ao modelo de regressão não linear, segundo o modelo sigmoidal, Gompertz foi usado
Sigmaplot 11.

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 20


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

IV.1. Análise de variância


O resumo das análises de variância das variáveis avaliadas apresentado na tabela 4 mostra que,
todas as variáveis apresentaram diferenças significativas a 5% de significância, pelo teste de F
entre os tratamentos testados.

Tabela 4: Resumo das análises de variância das variáveis avaliadas

Variáveis Prob > F Observação C. V* (%)


Altura das plantas
50 DDE 0,0024 Significativo 4,52
85 DDE 0,0002 Significativo 1,7
Peso medio das espigas 0,0000 Significativo 2,27
Número de fileiras por espiga 0,0003 Significativo 4,78
Número de graos por fileira 0,0000 Significativo 4,91
Número de graos por espiga 0,0000 Significativo 1,42
Rendimento das espigas 0,0233 Significativo 12,56
Densidade das infestantes 0,0000 Significativo 3,15
*Coeficiente de variação

IV.2. Altura das plantas do milho


Com base nos resultados apresentados na tabela 5, observa-se que a altura média das plantas de
milho foi afectada negativamente quando a cultura conviveu com as infestantes nos primeiros 45
DDE, 75 DDE e em todo ciclo. Contudo, a competição exercida pelas infestantes apresentou
maior efeito na altura das plantas aos 50 DDE, sendo que a partir dos 85 DDE esta competição
reduziu em média 17,16 % a altura das plantas. Rossi et al. (1996) observaram a redução de 10%
da altura das plantas do milho a partir dos 42 DDS, por causa da competição exercida pelas
infestantes. A tendência de baixas alturas das plantas do milho observadas no presente estudo, em

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Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

parte é resultado da intensa competição por água e nutrientes, pois a competição por estes
recursos limita o crescimento aéreo e radicular da planta (Vargas, et al., 2006). Por outro lado, as
culturas não possuem uma alta capacidade competitiva comparativamente às infestantes, o que as
dificulta absorver água e sais minerais para o seu crescimento e desenvolvimento (Mortimer,
1994; Zimdahl, 2007).

Tabela 5: Comparação de médias das alturas das plantas em diferentes períodos de controlo das
infestantes

Tratamento Alturas médias das plantas do milho (m)


50DDE* 85DDE*
Controlo em todo ciclo 0,94 a 2,04 a
Controlo nos 1os 15 DDE 0,76 ab 1,83 ab
Controlo nos 1os 45 DDE 0,88 a 1,98 a
Controlo nos 1os 75 DDE 0,93 a 2,00 a
Sem Controlo nos 1os 15 DDE 0,91 a 2,05 a
Sem Controlo nos 1os 45 DDE 0,57 b 1,61 b
Sem controlo nos 1os 75 DDE 0,55 b 1,70 b
Sem controlo em todo ciclo 0,53 b 1,69 b
CV (%) 4,52 1,7
* Médias com mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si com base no teste de Duncan a nível de
significância de 5 %; CV (%) é o coeficiente de variação

Observa – se ainda na tabela 5 que, dentre os tratamentos sem controlo inicial a maior altura das
plantas foi observado no tratamento sem controlo nos primeiros 15 DDE, em ambas medições (50
DDE e 85 DDE), isto porque a cultura do milho passou a maior parte do ciclo biológico livre da
competição com as infestantes, o que possibilitou maior absorção de água e nutrientes e
consequentemente maior crecimento e desenvolvimento das plantas. Para os tratamentos com
controlo inicial não diferiram entre si estatisticamente. Por outro lado, sem controlo das
infestanes até aos 45 DDE e 75 DDE afectou negativamente a altura das plantas mesmo
controlando no restante do ciclo da cultura.

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Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

IV.3. Número de fileiras por espiga


Observa-se nos resultados da tabela 6 que o controlo das infestantes nos primeiros 15 DDE é
suficiente para evitar as perdas significativas do número de fileiras por espigas. A falta de
controlo das infestantes nos primeiros 15 DDE não afectou negativamente o número de grãos por
fileira sendo similar ao controlo das infestantes nos primeiros 15, 45, 75 DDE e em todo ciclo,
demonstrando que os recursos disponíveis no ambiente eram suficientes para suprir as
necessidades das infestantes e da cultura. Porém, quando o controlo não foi feito até aos 45 DDE
e 75DDE o número de grãos por fileira foi afectado negativamente, mesmo controlando nos
restantes dias do ciclo da cultura, pois durante a definição deste componente de rendimento
ocorreu a competição pelos recursos disponíveis no ambiente. Segundo Fancelli e Dourado-Neto
(2000), na fase fenológica 2 da cultura do milho (14 a 28 DDE), é preciso que a água e os
nutrientes estejam disponíveis para não limitar o processo de definição do número de grãos por
fileira.

As maiores reduções do número de médio de fileira por espiga foram observadas nos tratamentos
sem controlo das infestntes nos primeiros 45, 75 DDE e em todo o ciclo da cultura, com 9,05%,
9,63% e 12,84 % respectivamente. Estas reduções podem estar associadas à menores diâmetros
das espigas formadas, em virtude de competição exercida pelas infestantes, pois o diâmetro da
espiga tem uma relação directa com o número de fileira de grãos.

Tabela 6: Comparação das médias de número de fileiras por espiga (NFE), em diferentes
períodos de controlo das infestantes.

Tratamento NFE*
Controlo em todo ciclo 15,58 ad
Controlo nos 1os 15 DDE 15,01 ac
Controlo nos 1os 45 DDE 16,17 d
Controlo nos 1os 75 DDE 15,08 ac
Sem Controlo nos 1os 15 DDE 15,38 ad
Sem Controlo nos 1os 45 DDE 14,17 bc
Sem controlo nos 1os 75 DDE 14,08 b
Sem controlo em todo ciclo 13,58 b
* Médias com mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si com base no teste de Duncan a nível de
significância de 5%; *1os – primeiros

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milho (Zea mays L.)

IV.4. Número de grãos por fileira


Em relação ao número de grão por fileira, verifica-se na tabela 7 que houve diferenças
significativas entre o tratamento com controlo das infestantes todo o ciclo e os tratamentos sem
controlo nos primeiros 45, 75 DDE e todo ciclo, com reduções de número de grãos por fileiras de
17,37%, 37,63% e 26,43 % respectivamente. As reduções de números de grãos por fileira
observadas, são explicados pelos menores comprimentos das espigas formadas, em consequência
da competição exercida pelas infestantes, uma vez que o número de grãos por fileira está
directamente relacionado com o comprimento médio da espiga (Vilela et al., 2012). Resultados
obtidos por Duarte et al. (2002) e Singh et al. (2016), também demonstraram que a competição
entre a cultura do milho e as infestantes influencia de forma negativa o número de grão por
fileira.

Tabela 7: Comparação das médias de número de grãos por fileira (NGF), em diferentes períodos
de controlo das infestantes.

Tratamento NGF*
Controlo em todo ciclo 35,00 ab
Controlo nos 1os 15 DDE 31,67 ae
Controlo nos 1os 45 DDE 34,79 ab
Controlo nos 1os 75 DDE 35,88 ab
Sem Controlo nos 1os 15 DDE 36,67 b
Sem Controlo nos 1os 45 DDE 28,92 de
Sem controlo nos 1os 75 DDE 21,83 c
Sem controlo em todo ciclo 25,75 cd
* Médias com mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si com base no teste de Duncan a nível de
significância de 5%; *1os – primeiros

Os tratamentos com controlo das infestantes até aos 15, 45 e 75 DDE proporcionaram o mesmo
número de grãos por fileira. Quando a cultura do milho conviveu com as infestantes nos
primeiros 15DDE o número de grãos por fileira não foi significativamente afectado, mostrando
que os recursos disponíveis supriam a cultura e as infestantes. Porém, quando se prolongou a
convivência até aos 45 DDE, uma rápida e irreversível redução do número de grãos por fileira
ocorreu mesmo controlando no restante ciclo da cultura (tabela 7).

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milho (Zea mays L.)

IV.5. Número de grãos por espiga


Os resultados (Tabela 8), indicam que a convivência entre a cultura do milho e as infestantes até
aos 15 DDE e depois dos 15 DDE, 45 DDE e 75DDE não afectou negativamente o número de
grãos por espiga, sendo similar ao controlo das infestantes em todo ciclo. Este facto em parte é
explicado pela disponibilidade dos recursos em quantidades suficientes para suprir as
necessidades da cultura e das infestantes ou a fraca capacidade competitiva das infestantes nestes
períodos. Porém, quando a convivência ocorreu nos primeiros 45 DDE, 75 DDE e em todo ciclo,
o número de grãos por espiga foi afectado negativamente, pois, os recursos disponíveis já não
eram suficientes para suprir as necessidades da cultura e das infestantes durante estes períodos, o
que resultou em competição. Ramos e Pitelli (1994) evidenciaram que a cultura do milho pode
conviver com as infestantes até aos 14 DDE, sem perda do rendimento, e as infestantes que
emergiram depois dos 42 DDE do milho também não afetaram os rendimentos.

Houve maiores reduções de número de grãos por espiga de 25%, 43,74% e 35,89 %, nos
tratamentos sem controlo das infestantes até aos 45, 75 DDE e em todo ciclo respectivamente. A
redução do número de grãos por espiga devido a competição é atribuída à formação de um menor
número de flores, à menor fecundação devido ao aumento da protandria e ao abortamento de
grãos após a fertilização (Hashemi-Dezfouli e Herbert, 1992), e também à ocorrência da
competição por água durante a polinização (Herrero e Johnson, 1981).

Tabela 8: Comparação das médias de número de grãos por espiga (NGE), em diferentes períodos
de controlo das infestantes.

Tratamento NGE*
Controlo em todo ciclo 546,09 ab
Controlo nos 1os 15 DDE 478,41 be
Controlo nos 1os 45 DDE 562,37 a
Controlo nos 1os 75 DDE 541,05 ab
Sem Controlo nos 1os 15 DDE 579,87 a
Sem Controlo nos 1os 45 DDE 409,57 de
Sem controlo nos 1os 75 DDE 307,25 c
Sem controlo em todo ciclo 350,08 cd
Médias com mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si com base no teste de Duncan a nível de
significância de 5%; *1os – primeiros

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IV.6. Peso médio da espiga


Os resultados apresentados na tabela 9 mostram que, apenas o tratamento sem controlo das
infestantes até aos 75 DDE diferiu com o tratamento do controlo em todo o ciclo e não diferiu
com tratamento sem controlo todo ciclo. Tendo apresentado maiores reduções do peso médio da
espiga, o que é explicado pela ocorrência de maiores densidades das espécies infestantes
Cenchrus ciliaris e Commelina benghalensis, causando maior intensidade da competição por
água, nutrientes e luz, durante a floração e formação das espigas, assim como a redução da área
foliar, resultando em menor síntese de fotoassimilados canalizados para o grão. Por sua vez,
Vargas et al. (2006) relata que estas espécies são altamente agressivas ao competir com a cultura do
milho, pois também são plantas C4 . Para Pitelli (1985), quanto maior for a densidade da
comunidade infestante, maior será a quantidade de indivíduos que disputam os recursos do meio,
portanto, mais intensa será a competição sofrida pela cultura.
Tabela 9: Comparação de médias de peso médio da espiga verde (PME) em diferentes períodos
de controlo das infestantes.

Tratamento PME(gramas)
Controlo em todo ciclo 198,42abc
Controlo nos 1os 15 DDE 181,59abc
Controlo nos 1os 45 DDE 222,02ab
Controlo nos 1os 75 DDE 218,19ab
Sem Controlo nos 1os 15 DDE 229,41b
Sem Controlo nos 1os 45 DDE 176,85ac
Sem controlo nos 1os 75 DDE 117,93d
Sem controlo em todo ciclo 158,17cd
Médias com mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si com base no teste de Duncan a nível de
significância de 5%; *1os – primeiros

As reduções significativas do peso médio da espiga foram observadas nos tratamentos com
controlo das infestantes até aos 15 DDE (8,48 %), e, sem controlo nos primeiros 45 (10,87 %,),
75 DDE (40,57 %) e em todo o ciclo (29,29 %), em relação ao tratamento com controlo das
infestantes em todo o ciclo. Duarte et al. (2002) e Silva et al. (2015), também observaram a
redução no peso da espiga devido a competição por recursos imposta pelas infestantes.

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milho (Zea mays L.)

IV.7. Rendimento das espigas verdes do milho


Os resultados da tabela 10, relatam o rendimento das espigas verdes do milho como foi
influenciado pelos diferentes períodos de convivência com as infestantes. Estes mostram que o
rendimento das espigas verdes do milho foi significativamente afectado quando a cultura
conviveu com as infestantes até aos 75 DDE e em todo ciclo. De um modo geral à medida que
aumenta o período de convivência entre as infestantes e a cultura do milho, o rendimento das
espigas verdes tende a decrescer. Portanto, o maior rendimento foi reportado quando a cultura foi
mantida livre das infestantes em todo ciclo (11,88 ton).

O baixo rendimento foi observado quando a cultura do milho conviveu com as infestantes nos
primeiros 75 DDE (7,56 ton). Este facto está associado à convivência da cultura com maiores
densidades das infestantes em quase todo ciclo biológico, o que culminou em competição por
recursos em todas fases críticas da cultura. Segundo Vargas et al. (2006) a competição por água
durante a fase vegetativa, reduz o acúmulo da matéria seca, da biomassa e índice da área foliar,
assim como induz o fecho dos estomas fazendo com que a fotossíntese seja paralisado e o
rendimento das espigas é afectado negativamente. Segundo Ampong-Nyarko (1994), o baixo
rendimento sem controlo das infestantes, deve-se à competição inter-específica entre a cultura e
as infestantes pelos recursos durante todo o ciclo da cultura. Resultados similares foram obtidos
por Daniya & Abdullahi (2013) e Sunitha et al. (2010) que demonstraram que a competição
imposta pelas infestantes reduz significativamente o rendimento das espigas verdes do milho.

Tabela 10: Comparação de médias do rendimento das espigas verdes (RE) em diferentes
períodos de controlo das infestantes.

Tratamento RE* (ton/ha)


Controlo em todo ciclo 11,88 a
Controlo nos 1os 15 DDE 9,11 abc *Par de médias com mesma letra minúscula na
Controlo nos 1os 45 DDE 10,89 abc
coluna não diferem entre si com base no teste de
Controlo nos 1os 75 DDE 11,22 ac
Duncan a nível de significância de 5%; *1os –
Sem Controlo nos 1os 15 DDE 11,33 a
Sem Controlo nos 1os 45 DDE 9,89 abc primeiros
Sem controlo nos 1os 75 DDE 7,56 b
Sem controlo em todo ciclo 8,22 bc

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milho (Zea mays L.)

IV.8. Correlação linear de Person entre o rendimento e as variáveis analisadas


Para avaliar a relação entre o rendimento das espigas e as variáveis analisadas foi feita análise de
correlação de Person. Os resultados estão apresentados na tabela 11.

Tabela 11: Correlação entre as variáveis avaliadas e o rendimento das espigas de milho.

AP NFE NGF NGE PME DI RE


AP 1
NFE 0.8576* 1
NGF 0.8712* 0.8244* 1
NGE 0.9029* 0.9011* 0.9881* 1
PME 0.8007* 0.7872* 0.9738* 0.9584* 1
DI -0.5187 -0.4828 -0.3612 -0.4083 -0.3385 1
RE 0.8297* 0.8055* 0.9301* 0.9278* 0.8817* -0.2408 1
AP- altura das plantas (m); NFE- número de fileiras por espiga; NGF- número de grãos por fileira; NGE- número de
grão por espiga; PME- peso médio da espiga (g); DI- densidade das infestantes (plantas infestantes/m 2); RE-
rendimento das espigas (ton/ha); * correlação significativa a 5% de significância.

A análise indica que houve uma relação directa positiva entre o rendimento das espigas e a altura
das plantas, isto é com o aumento de uma unidade na altura do milho houve uma contribuição
directa no rendimento e seus componentes. Entre os componentes de rendimento, o número de
grãos por fileira por espiga (NGF) e o peso médio da espiga (PME) apresentaram maiores
coeficientes de correlação, contribuindo de forma directa no rendimento da cultura. De um modo
geral todos os componentes tiveram efeito directo no rendimento das espigas.

Quanto a relação entre a densidade das infestantes e altura das plantas, rendimento e seus
componentes não foi significativa. Por sua vez, a relação foi negativa e classifacada como fraca a
moderada. Portanto, isso demonstra que a densidade das infestantes teve uma fraca influência
sobre a altura das plantas, rendimento e seus componentes.

IV.9. Determinação do PAI e PTPI


Na Tabela 12, são apresentados os parâmetros das equações obtidos na análise de regressão dos
resultados de rendimento das espigas em função dos períodos de controlo das infestantes.

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Tabela 12: variáveis do modelo sigmoidal, Gompertz.

Variáveis Sem controlo inicial Controlo inicial


a 3,84 3,49
b 21,48 -8,03
x0 22,95 49,72
y0 8,21 7,89

Na Figura 2, estão representadas as duas curvas ajustadas pela equação de regressão não linear,
uma representando os rendimentos obtidos sem controlo inicial das infestantes que foi o período
anterior à interferência (PAI) e a outra representando os rendimentos obtidos com controlo inicial
que é o período total de prevenção da interferência (PTPI).

Figura 2: Representação gráfica do período crítico de competição

Adoptada uma perda de rendimento das espigas de 5 %, o período anterior à interferência (PAI)
foi de 21 DDE e período total de prevenção à interferência (PTPI) foi de 53 DDE. Sendo assim, o

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milho (Zea mays L.)

período crítico de competição (PCC) correspondeu entre 21 a 53 DDE, período em que ocorre a
definição de número de fileira na espiga e o tamanho da espiga. Resultados similares foram
obtidos por Singh et al., (2016), em que obtiveram o PAI de 30 dias depois a sementeira (DDS) e
PTPI de 60 dias depois a sementeira (DDS). Porém, estes resultados diferem dos obtidos por
Daniya e Abdullahi (2013), em que estimando o período crítico de competição das infestantes
(PCC) com o milho na Nigéria, constataram que o PAI e o PTPI corresponderam os 15 DDS e 30
DDS respectivamente. Mahmoodi e Rahimi (2009) estimando o período crítico de competição
das infestantes no Irão, obtiveram o PAI e PTPI de 15 DDE e 59 DDE respectivamente.

As razões das diferenças observadas para o início e fim do período crítico de competição podem
ser explicadas pelas diferenças na composição da comunidade infestante, na densidade e época de
emergência das infestantes nos diferentes locais, assim como nas épocas de condução dos
ensaios. Segundo Hall et al. (1992) e Knezevic et al. (2002), a duração do período crítico de
competição varia de acordo com as características da cultura, variedade, espécies infestantes,
condições ambientais e edáficas, das práticas culturais, época de sementeira e dos critérios
estabelecidos com relação aos métodos utilizados para determinar o PCC. Para Martin et al.
(2001), os padrões de emergência das espécies infestantes e o seu tamanho do banco de sementes
são factores importantes que influenciam o momento e a duração do período crítico de
competição. Portanto, a variedade usada, composição da comunidade infestante, densidade das
infestantes e a época de condução dos ensaios, apresentam-se como sendo os principais factores
da diferença entres os resultados obtidos no presente estudos e dos outros autores.

Notou-se no presente estudo, um começo tardio do período crítico de competição. Este facto é
explicado pela menor competitividade da comunidade infestante em relação a cultura do milho.
De acordo com Knezevic et al. (2002), o começo tardio do período crítico de competição é
possível quando as perdas de rendimento e a competitividade das infestantes são menores do que
esperado.

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milho (Zea mays L.)

IV.10.Perdas do rendimento das espigas verdes do milho causado por infestantes


Verifica-se no gráfico 1 que, nos tratamentos com controlo inicial das infestantes as maiores
perdas de rendimento foram observados no tratamento com controlo das infestantes até aos 15
DDE (23,31%), mostrando menor intensidade da competição em tratamentos com controlo até
aos 45 e 75 DDE. Para os tratamentos sem controlo das infestantes nos períodos iniciais, as
maiores perdas de rendimento foram observados no tratamento sem controlo até aos 75 DDE
(36,36 %). Sem controlo das infestantes em todo ciclo causou perdas de 30,81 % no rendimento
das espigas verdes. Daniya e Abdullahi (2013) em Nigéria, reportaram a perdas do rendimento
das espigas verdes de 11 a 56,4 % devido a competição com as infestantes a partir dos 15 DDS
até o final do ciclo da cultura. Sunitha et al. (2010) registaram perda de 40 a 42 % no rendimento
das espigas verdes sem controlo das infestantes em todo ciclo. Esta diferença pode ser explicada
pela menor diversidade da comunidade infestante encontrada no presente estudo e a
predominância de plantas infestantes com rota fotossintética C3 que são menos competitivas em
relação a cultura do milho.

40 36.36
Perdas de rendimento(%)

35
30.81
30
25 23.31

20 16.75
15 Com controlo inicial
Sem controlo inicial
10 8.33
4.63 5.56
5
0
0
15 45 75 90
Dias depois a emergência

Gráfico 1: perdas de rendimento das espigas em função dos períodos de controlo das infestantes.

De um modo geral verifica-se que, as infestantes que emergiram antes ou simultaneamente com a
cultura (sem controlo nos primeiros 45, 75 DDE e em todo o ciclo) ou ligeiramente após (15 dias
de controlo inicial), causaram reduções mais severas no rendimento das espigas, pois as
infestantes que emergem com ou ligeiramente depois da cultura são mais competitivos e resultam

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Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

em maiores perdas de rendimento. Entretanto, quando o período de emergência foi posterior ao


da cultura, como em 45 e 75 DDE, a magnitude das perdas de rendimento diminuiu, isto porque
as infestantes que emergem depois da cultura são menos competitivas em termos de redução de
rendimento da cultura, mas podem ser considerados problemáticos ao reduzirem a qualidade do
produto final (Swanton et al., 2015). Assim, os resultados mostram que, as infestantes que
emergiram mais tardiamente em relação ao milho apresentaram menores efeitos negativos sobre
o rendimento da espiga, pois cresceram em condições de desvantagem competitiva em relação à
cultura.

IV.11.Avaliação da comunidade infestante


No levantamento da comunidade infestante nas unidades experimentais, foram identificados nove
espécies infestantes. Houve predominância de monocotiledôneas, com 6 espécies, representando
37,93 % da comunidade infestante, com destaque para as espécies Cyperus rotundus e Cenchrus
ciliaris com 23,32 % e 13,23 %, respectivamente. As dicotiledôneas representaram 62,07 % da
composição específica encontrada, destacando-se a espécie Gomphrena cilosoides, com 60,9 %.
Estas três espécies correspondem a 97,45% dos indivíduos da comunidade infestante (tabela 13).

Tabela 13: Composição percentual da população infestante, monocotiledóneas e dicotiledóneas.

Item Composição específica T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 Média


Monocotiledónea Eleusine Indica 0 0 0 0 0,54 0,68 0 0,17
Monocotiledónea Digitaria ciliaris 0 0 0 0 1,63 0 0 0,23
Monocotiledónea Digitaria debilis 0 0 0 0 0,54 0 0 0,08
Monocotiledónea Cenchrus ciliaris 0 24,19 3,70 2,83 23,9 15,3 15,67 12,23
Monocotiledónea Cyperus rotundus 8,59 41,94 88,89 13,5 7,07 0 3,23 23,32
Monocotiledónea Commelina benghalensis 1,17 1,61 1,85 0,22 1,63 6,8 0 1,90
Sub total 1 9,77 67,74 94,44 16,6 35,3 22,8 18,89 37,93
Dicotiledónea Gomphrena celosioides 90,23 27,42 5,56 81,7 63 77,2 81,1 60,90
Dicotiledónea Portulaca oleracea 0 0 0 0,22 0,82 0 0 0,15
Dicotiledónea Tribulus terrestris 0 4,84 0 1,53 0,82 0 0 1,03
Sub total (2) 90,23 32,26 5,56 83,4 64,7 77,2 81,11 62,07
Total (1+2) 100 100 100 100 100 100 100 100
Portanto, pode se notar que embora houvesse predominância no número de espécies de
infestantes monocotiledôneas, a densidade destas mostrou-se 24 % menor que a de
dicotiledôneas. As espécies Gomphrena cilosoides e Cyperus rotundus, foram as mais frequentes,
tendo ocorrido em 95,24 % e 85,71 % das parcelas experimentais respectivamente, enquanto

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Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

espécies como Digitaria debilis e Digitaria ciliaris ocorreram em apenas 4,76% das parcelas
(Gráfico 2). Portanto, algumas espécies como Cyperus rotundus, Cenchrus ciliaris, Commelina
bengalensis observados, corroboram com aquelas obtidas por Ramos e Pitteli (1996) e são
citados como próblemáticos na cultura do milho (Katri, 2012; Ndam et al., 2014; Vargas et al.,
2006).

100 95.24
85.71
80 71.43
66.67
60
Frequência relativa(%)

40 33.33
23.81
20 14.29
4.76 4.76
0
lis

is

is
ica

is

ea
es

sis
du

str
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nd

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Cy

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ph

m
om

m
G

Co

Gráfico 2: Frequência das espécies infestantes.

4.11.1 Densidade das infestantes

4.11.1.1 Densidade das especies infestantes

Na tabela 14 nota-se que, a espécie Gomphrena cilosoides apresentou em média maior densidade
(180 plantas/m2) relativamente a todas outras espécies, devido ao seu rápido crescimento e
cobertura do solo, impedindo o desenvolvimento das outras espécies, acreditando que a
competição ocorreu por causa desta espécie. Depois da Gomphrena cilosoides, a mais densa foi

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 33


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

Cenchrus ciliaris (28 plantas/m2) seguido de Cyperus rotundus (27 plantas/m2). As outras
espécies como Digitaria ciliaris e Digitaria debilis, de forma geral apresentaram baixas
densidades. Este facto, pode estar associado a fraca capacidade de disseminação ou falta de
condições adequadas para o desenvolvimento destas espécies. Segundo Radosevich et al.
(1997), a medida que ocorre o desenvolvimento das infestantes, especialmente daquelas que
germinam e emergem no início do ciclo da cultura, intensifica-se a competição inter e intra-
específica, de modo que as infestantes mais altas e desenvolvidas tornam-se dominantes, ao
passo que as menores são suprimidas ou morrem.

Tabela 14: Densidade em número de plantas por m2 das infestantes.

Composição específica T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 Média


Eleusine Indica 0 0 0 0 2 2 0 1
Digitaria ciliaris 0 0 0 0 6 0 0 1
Digitaria debilis 0 0 0 0 2 0 0 0
Cenchrus ciliaris 0 15 2 13 88 45 34 28
Cyperus rotundus 22 26 48 62 26 0 7 27
Gomphrena celosioides 231 17 3 375 232 227 176 180
Portulaca oleracea 0 0 0 1 3 0 0 1
Tribulus terrestris 0 3 0 7 3 0 0 2
Commelina benghalensis 3 1 1 1 6 20 0 5

4.11.1.2 Densidade total das infestantes


De acordo com os resultados da tabela 15, as maiores densidades das infestantes foram
observadas nos tratamentos sem controlo das infestantes nos primeiros 15, 45 e 75 DDE da
cultura do milho, que são explicadas pela emergência das infestantes antes da cultura, o que
possibilitou o uso dos recursos antes da mesma. As menores densidades ocorreram quando a
cultura do milho conviveu com as infestantes depois dos 45 e 75 DDE da cultura. Isto porque o
período de convivência entre a cultura e as infestantes ocorreu quando a cultura tinha formado
um dossel que permitiu sombreamento às infestantes, e também impedindo a emergência das
mesmas em maior quantidade.

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 34


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

As densidades encontradas neste estudo foram menores do que as encontradas por Blanco et al.
(1973), que chegaram a encontrar 742 plantas/m 2, mas foram superiores as encontradas por
Ramos e Pitelli (1994), que encontraram no máximo 330 plantas/m2.

Tabela 15: Comparação de médias de densidade das infestantes em diferentes períodos de


controlo.

Tratamento Densidade* (plantas/m2)


Controlo nos 1os 15 DDE 265 cd
Controlo nos 1os 45 DDE 55 b
os
Controlo nos 1 75 DDE 56 b
os
Sem Controlo nos 1 15 DDE 474 a
os
Sem Controlo nos 1 45 DDE 471 a
Sem controlo nos 1os 75 DDE 393 ad
Sem controlo em todo ciclo 206 c
CV (%) 3,15
*Médias com mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si com base no teste de Duncan a nível de
significância de 5%; CV (%) é o coeficiente de variação.

V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

V.1. Conclusões
Diante das condições experimentais e pelos resultados obtidos durante o trabalho, pode-se
concluir que:

 O período anterior à interferência e o período total de prevenção da interferência das


infestantes, corresponderam 21 dias depois a emergência e 53 dias depois a emergência
respectivamente. O período crítico de competição entre as infestantes e a cultura
correspondeu entre 21 DDE e 53 DDE.

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Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

 Os períodos iniciais crescentes de controlo das infestantes, promoveram menores perdas


do rendimento das espigas do milho. E a falta de controlo das infestantes em todo ciclo da
cultura causou perdas de 30% no rendimento das espigas verdes.

 As espécies infestantes predominantes foram as dicotiledóneas e as espécies Gomphrena


celosioides, Cyperus rotundus e Cenchrus ciliaris, foram as que mais se destacaram dentro
da comunidade infestante, apresentando maiores densidades.

V.2. Recomendações
 Para os investigadores há necessidade que eles realizem estudos similares com a mesma
variedade em outras zonas agroecológicas do país, em diferentes épocas de cultivo e em
regiões onde há predominância das espécies infestantes monocotiledóneas, dado que estas
são mais competitivas com a cultura do milho e o período crítico de competição entre as
culturas e as infestantes varia de região agro ecológico para outra.

 Que se realizem estudos em ambientes mais controlados, de forma a permitir que os


resultados obtidos são unicamente influenciados pelas infestantes e não por outros
factores, de modo a se quantificar com exactidão os prejuízos causados pela falta do
controlo das infestantes.

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 41


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

VII. ANEXOS

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 42


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

Anexo 1: Análise de variância.

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Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

Figura1: Análise de variância da altura das plantas aos 50DDE

Figura 2: Análise de variância da altura das plantas aos 85DDE

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 44


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

Figura3: Análise de variância de número de fileiras por espiga

Figura4: Análise de variância de número de grãos por fileiras

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 45


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

Figura5: Análise de variância de número de grãos por espiga

Figura 6: Análise de variância de peso médio da espiga

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 46


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

Figura 7: Análise de variância do rendimento das espigas

Figura 8: Análise de variância da densidade das infestantes

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 47


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

Anexo 2: Casualização e Layout do ensaio.


Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3
2.5m
1m 1m Legenda
3m T1- Controlo das infestantes em
T6 T6 T2
todo ciclo da cultura
0.5 m
T2-Controlo das infestantes nos
primeiros 15DDE
T1 T2 T8
T3-Controlo das infestantes nos
primeiros 45DDE

T4- Controlo de infestantes nos


T5 T1 T6 primeiros 75DDE

T5- Sem controlo das infestantes


nos primeiros 15DDE
27.5 m T6- Sem controlo das infestantes
T8 T5 T7
nos primeiros 45 DDE

T7- Sem controlo das infestantes


nos primeiros 75DDE
T3 T3 T1 T8-Sem controlo das infestantes
em todo o ciclo da cultura

T2 T4 T5

T4 T7 T4

T7 T8 T3
9.5 m

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 48


Determinação do período crítico de competição entre as infestantes e a cultura do
milho (Zea mays L.)

Anexo 3: Ficha de levantamento das infestantes.

Planta Bloco I Bloco II Bloco III


Nome Numero Nome Numero Nome Numero
infestante
científico científico científico
1
2
3
4
5
6
7

Cremildo Sebastiã o Nhavoto UEM/FAEF – Projecto Final 49

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