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Produção e

comercialização
de produtos
orgânicos
Módulo 2

Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar


Abertura do módulo 2
No primeiro módulo deste curso foi apresentada uma introdução à agroecologia de uma forma
geral. Foi possível refletir sobre o manejo dos recursos naturais e os diferentes sistemas de
produção agroecológica.
Neste segundo módulo serão tratados temas que envolvem as leis que regulam todo este setor
e, além disso, veremos os procedimentos para que esses produtos estejam disponíveis para
comercialização. E, assim, temos diversos questionamentos que precisamos considerar, tais como:

Quais são as regras Como identificar os Como é feita a


para que um produto produtos orgânicos fiscalização nas
seja considerado em uma feira ou no propriedades rurais e
orgânico? supermercado? nos comércios?

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 83


Neste módulo você encontrará as respostas para esses questionamentos!
Vamos entender as normas legais para adequar os sistemas de produção e os tipos de certificação
existentes no Brasil, compreendendo os conceitos que envolvem:

• beneficiamento;

• comercialização;

• identificação do público consumidor de produtos orgânicos.

Agora que você já sabe quais


conteúdos serão abordados neste
módulo, inicie seus estudos!

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 84


Legislação
relacionada
à agricultura
orgânica no
Brasil
Aula 1

Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 85
Neste tópico introdutório serão contextualizados os aspectos gerais da legislação da
agricultura orgânica no Brasil na produção vegetal ou animal.
Marco
Com o aumento da produção orgânica, algumas medidas surgem, a partir dos anos 2000,
para estabelecer um marco regulatório sobre essa atividade. No ano de 2003, é aprovada regulatório
a primeira lei sobre os orgânicos, a Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003, que Conjunto de normas, leis e di-
regulamenta a produção, o armazenamento, a rotulagem, o transporte, a certificação, a retrizes que retendem regular
comercialização e a fiscalização dos produtos orgânicos no Brasil. o funcionamento de um deter-
minado setor.

Foto: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 86


Outras regulamentações foram criadas ao longo do tempo para definir quais são os
parâmetros que devem ser seguidos em toda a cadeia produtiva e quais produtos podem ser
utilizados, entre outros aspectos.
A Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003, foi seguida por diversos outros decretos e
Instruções Normativas (IN) que regem todo o processo de certificação da produção orgânica.
Além disso, o Decreto nº 6.323/2007 estabelece que a certificação pode ser feita por
auditoria ou ser participativa.
A seguir, veja mais detalhes sobre cada uma dessas normas:

Lei nº 10.831/2003
Esta lei define que a agricultura orgânica contempla a produção de alimentos e outros
produtos que não fazem uso de defensivos agrícolas, transgênicos ou produtos químicos
sintéticos.
Por isso, a agricultura orgânica abrange as denominações: ecológica, biodinâmica, natural,
regenerativa, biológica, agroecológica, permacultura, entre outras.

Decreto nº 6.323/2007 MAPA


Ministério da Agricultura, Pe-
Para os agricultores familiares que comercializam diretamente para os consumidores, não cuária e Abastecimento.
é necessária a certificação, desde que tenham cadastro no MAPA e formas próprias de
organização e controle social.

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Para se ter uma visão geral sobre a legislação deste tema é importante acompanhar suas
normas regulatórias:

Regulamentação mais detalhada da


Decreto nº 6.323/2007 Lei nº 10.831/2003

Estrutura, composição e atribuições das


Comissões da Produção Orgânica. Iniciativa Instrução Normativa
do Ministério da Agricultura, Pecuária e nº 54/2008
Abastecimento (MAPA).

Normas técnicas para a obtenção


de produtos orgânicos oriundos do
Instrução Normativa extrativismo sustentável orgânico. Iniciativa
nº 17/2009
conjunta do Ministério do Meio Ambiente e
do MAPA.

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Regulamento técnico para
processamento, armazenamento e
transporte de produtos orgânicos, que Instrução Normativa
foi atualizada mais tarde pela Instrução nº 18/2009
Normativa nº 24/2011. Iniciativa conjunta
do Ministério da Saúde e do MAPA.

Institui a Política Nacional de Agroecologia


e Produção Orgânica (PNAPO), que
Decreto nº 7.794/2012 envolve formalmente as instâncias de
gestão social da Lei de Orgânicos.

Estabelece o selo único oficial do Sistema


Brasileiro de Avaliação da Conformidade
Instrução Normativa
nº 18/2014
Orgânica. Iniciativa do MAPA.

Estabelece a estrutura, a composição e


as atribuições da Subcomissão Temática
Instrução Normativa de Produção Orgânica (STPOrg), e das
nº 13/2015 Comissões da Produção Orgânica nas
Unidades da Federação (CPOrg-UF).
Iniciativa do MAPA.

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Regula quais as substâncias que
podem ser utilizadas como insumos
e os procedimentos e práticas Portaria nº 52/2021
autorizadas na produção orgânica.
Portaria assinada pelo MAPA.

Além delas, existem as legislações estaduais, que variam conforme cada estado e que não podem IFOAM
se sobrepor às leis federais, apenas complementá-las ou estabelecer normas mais restritivas. Para Federação Internacional dos
que os produtos orgânicos brasileiros possam ser exportados, é preciso seguir as normas dos Movimentos de Agricultura
padrões internacionais estabelecidos pela IFOAM ou pelo Codex Alimentarius. Orgânica.

Conhecer e compreender as principais normas que tratam


desse tema é importante. Por essa razão, indicamos que você
leia o conteúdo a seguir; ele também está disponível no seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), em formato de
vídeo. Vale a pena conferir por lá!
Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a
página do portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 90


Agroecologia em foco
Existe alguma regra para a produção de alimentos orgânicos no
Brasil? Vamos descobrir!?
Quando pensamos em frutas tropicais, carnes e produtos da
sociobiodiversidade, o Brasil possui um grande potencial!
As leis que regulam os produtos orgânicos impulsionam esse
setor.
Especialmente a Lei nº. 10.831 de 2003, que regula a
produção orgânica, tornando-se um modelo a ser seguido para
a certificação dos produtos orgânicos vegetais e animais.
Mas existem normas especiais, como a Portaria nº 52 de 2021
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o
MAPA, que regulamenta os sistemas orgânicos de produção
animal e vegetal e define normas técnicas para os sistemas
orgânicos de produção de bovinos, bubalinos, ovinos,
caprinos, equinos, suínos, aves, coelhos e abelhas.
Essa norma determina que todo insumo deve ter procedência
de sistemas orgânicos de produção, seja para alimentação ou
medicamentos.
E ainda temos a Instrução Normativa Interministerial, número
28 de 2011, definida pelo MAPA, em conjunto com o Ministério
da Pesca e Aquicultura, o MPA, que trata e regulamenta a

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produção aquícola.
Afinal, além da alimentação e dos demais insumos, a água
e o seu entorno requerem cuidados redobrados quanto à
contaminação por agroquímicos.
E a produção orgânica animal deve atender o bem-estar dos
animais em todas as fases do sistema produtivo; essa noção
de bem-estar animal se refere aos cuidados com a sanidade,
higiene dos animais e das suas instalações.
Portanto, deve-se ofertar sempre uma alimentação de
qualidade e adequada às exigências de cada espécie.

O conteúdo visto é muito esclarecedor, não é mesmo? E, agora, você já deve estar ansioso
para compreender como seriam todos esses procedimentos de registro e certificação dos
produtos orgânicos. Então, continue estudando, pois esse é o assunto da próxima aula.

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Suas conquistas!
Você conquistou a primeira fase de estudo, e está a um passo de
concluir o módulo 2! Siga em frente para a leitura da aula 2, mas, antes,
veja esta dica!

Lembre-se de que, no AVA, você deve responder uma


pergunta para conquistar sua recompensa e, assim,
desbloquear a aula seguinte. O desbloqueio das aulas irá lhe
garantir o selo do módulo, e somente na tela de conclusão
Você sabia? você poderá baixar o áudio contendo o resumo no canal de
podcast do Um Giro no Agro.
Ele é um excelente recurso para rever todos os temas do
módulo quando quiser!

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 93


Registro e
certificação
de produtos
orgânicos
Aula 2

Foto: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 94
Esta aula vai apresentar a você as possibilidades de certificação e registro dos produtos
orgânicos no Brasil. Todas elas exigem que haja um rastreamento da produção inteira, para
garantir segurança aos consumidores e produtores. Vamos entender um pouco quais são as regras
e os princípios da regularização da produção orgânica?

Rastreabilidade de
produtos orgânicos
Conhecer a procedência dos produtos e insumos utilizados é um ponto importantíssimo da
produção orgânica. Esse processo, chamado de rastreabilidade da produção orgânica, é um
método de controle que oferece maior segurança, tanto para os consumidores quanto para os Instrução
produtores rurais.
Normativa nº
2/2018
A rastreabilidade é um requisito obrigatório da produção
Trata-se de uma Instrução
orgânica e é exigida em todos os processos de certificação. Normativa Conjunta entre
Por meio dela, é possível conhecer toda a cadeia, desde a o Ministério da Agricultura,
produção até a gôndola da feira ou do supermercado. Para Pecuária e Abastecimento e a
os vegetais frescos a rastreabilidade é regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância
Instrução Normativa Conjunta nº 2/2018. Sanitária.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 95


Sabendo disso, é possível identificar
os responsáveis em cada uma dessas
etapas, o que confere maior segurança
não só a quem compra como também
para quem comercializa os produtos, ou
seja, dá mais credibilidade ao processo.

Mas e na prática, como o produtor poderia fazer o


rastreamento da produção? Podemos observar que
nesse processo há uma diferença relacionada ao porte da
propriedade. Veja só:

Propriedades de pequeno porte


 ara as pequenas propriedades, esse controle é realizado
P
por meio de um caderno de campo, o qual deve conter todas
as atividades realizadas durante a produção, bem como os
respectivos insumos utilizados, dos quais todas as notas
fiscais e comprovantes referentes à sua aquisição devem ser
arquivados.

Foto: Adriano Brito. Sistema CNA/Senar

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 96


Propriedades de grande porte
Naquelas propriedades de maior porte e que apresentam boa parte das suas atividades
informatizadas, esse controle é realizado por sistemas computacionais, nos quais os técnicos
e gestores registram as informações de campo. Hoje, é possível encontrar vários aplicativos
e programas computacionais para ajudar os produtores nessa tarefa.
art. 12 da
Portaria nº
Há ainda a obrigatoriedade da apresentação do Plano de Manejo Orgânico, sempre atualizado,
para todos os sistemas de produção orgânica, conforme dispõe o art. 12 da Portaria nº 52/2021
52/2021. Ele também é uma forma de registro e controle de insumos e processos. Por essa
Trata-se de uma portaria assi-
razão, deve conter as seguintes informações:
nada pelo MAPA.

• Registro de todos os insumos


• As atividades
• Quem estará envolvido nas tarefas
• Os problemas e soluções encontrados para todos os
cultivos da propriedade

É possível consultar um exemplo de um registro como esse no Caderno do Plano de Manejo


Orgânico organizado pelo MAPA. Esse plano será a forma de gerenciar a produção agrícola
e o meio para que os órgãos de controle possam acompanhar as atividades, além das visitas
frequentes que realizam à propriedade. Veja só a dica do Douglas.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 97


É importante manter sempre atualizado o seu
Plano de Manejo, para agilizar a atividade das
De olho certificadoras. Para isso, é necessário que o
produtor anote todos os insumos que utilizou na
no selo produção agrícola, em hortaliças, grãos, frutas e
também nos animais.

As instituições certificadoras vão autorizar o uso dos insumos permitidos na


produção com a avaliação de conformidade. Cada vez que o agricultor utilizar um
insumo diferente, deve consultar a instituição responsável pela fiscalização, para
confirmar se ele é permitido ou não. E a Roberta ainda reforça:

O que diz De acordo com a Portaria nº 52/2021 do MAPA


os documentos e registros devem ser arquivados
a lei? por um período mínimo de 3 (três) anos.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 98


O registro de produtos orgânicos  

Para a certificação da produção orgânica foram criadas diversas leis, normas e decretos federais que
são imperativos e orientam todo o território brasileiro. Existem diversos meios de obter a certificação
para os produtos orgânicos, como veremos em seguida. Entretanto, todos devem seguir as orientações
das normas federais, que também são influenciadas por normas internacionais.

O registro de produtos orgânicos permite


que os consumidores possam estar seguros
de que o produto orgânico adquirido segue
as regras da produção orgânica. Também
possibilita maior transparência em relação
às práticas da produção orgânica, ou seja,
como ele foi produzido.

Para o Estado brasileiro e para a


pesquisa, a certificação contribui para
identificar os produtores e subsidiar
políticas públicas e as pesquisas
voltadas diretamente ao setor.
A certificação atua em vários níveis. Para
ser certificada, toda cadeia precisa estar
em conformidade com as normas legais,
e os insumos devem estar adequados. A
seguir, entenda melhor cada etapa:
Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 99
Produção Processamento Sistema de
Adequação da Utilização correta de distribuição SisOrg
utilização de aditivos e conservantes. Procedimentos de O selo do Sistema Brasileiro
fertilizantes, sementes segurança com a de Avaliação de Conformi-
ou bioinseticidas. distribuição para dade Orgânica, administrado
atacadistas e varejistas. pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento
(MAPA), é inserido nos produ-
tos devidamente certificados.
O selo SisOrg é um instrumen-
Dessa forma, os produtos agrícolas certificados são to que foi criado para identifi-
identificados a partir do selo de orgânicos que foi instituído pelo car e controlar a produção de
SisOrg. alimentos orgânicos em toda a
cadeia produtiva.

O selo, resultado do processo de certificação, traz muitos benefícios para os produtores,


pois gera confiança para os consumidores e também para a indústria que vai, porventura,
processá-los. Esse selo, portanto, garante a procedência e a qualidade orgânica de um
alimento natural ou processado.

É interessante que você saiba que, assim como eu, um


De olho produtor que trabalha com uma produção convencional pode
migrar para um sistema de produção orgânica e que, para
no selo isso, existe uma série de critérios a serem seguidos!

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 100


Para compreender melhor como é esse processo, continue com a leitura.
O texto a seguir está disponível no seu Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA), em formato de vídeo. Acesse e confira!
Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a página do
portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado.

Agroecologia em foco
O que é preciso fazer para que o agricultor mude do sistema de produção
convencional para um sistema de produção orgânico? Vamos falar sobre
isso?!
Para realizar essa migração de sistema de produção, o agricultor precisa
atender a uma série de requisitos da lei brasileira e passar por um período de
conversão. Esse período nada mais é que um tempo para que as propriedades,
ou partes delas, adequem suas instalações e práticas para a produção
orgânica. E assim, um produto daquela produção poderá ser considerado um
produto orgânico.
Esse tempo, além de permitir que o produtor adeque suas práticas e instalações,
garante que não haja resíduos de defensivos agrícolas e químicos no próprio
sistema produtivo e, também, em seus respectivos produtos.
Para culturas anuais, são exigidos doze meses; já para culturas perenes, que
são aquelas de ciclos longos, a exigência mínima é de dezoito meses.
No caso da produção animal, o tempo de conversão dependerá da espécie
animal a ser criada e do seu objetivo, ou seja, se para produção de carne, leite
ou ovos.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 101


Mas ainda pode ser exigido um período maior em função de determinação
da certificadora. Enquanto isso, nesse período de conversão, os alimentos
produzidos poderão ser comercializados pelas famílias, mas não
receberão a certificação de produtos orgânicos.
Mas será que é preciso certificar toda a atividade agrícola da unidade de
produção?
E a resposta é não!
Existe a possibilidade de realizar a conversão parcial da unidade de
produção. Dessa forma, os agricultores podem certificar apenas uma
atividade agrícola de início, enquanto planejam a conversão total da área.
É o caso dos agricultores que possuem a horta orgânica, mas ainda mantêm a
criação de suínos e aves de forma convencional.
Para esses casos, a certificadora analisa as condições de produção podendo
autorizar ou não a conversão parcial. Caso autorize, o produtor deverá seguir
uma série de regras, como a divisão da propriedade, acesso e o uso e
localização dos cursos de água disponíveis.
Sendo assim, o produtor precisa garantir que a horta esteja cercada e
distante das instalações animais, e que as ferramentas e insumos utilizados
na produção orgânica sejam mantidos e utilizados em separado, evitando
contaminações.
É importante lembrar que, nessas condições, o esterco das aves e dos suínos
não pode ser utilizado como matéria orgânica nas hortas, pois estas devem ser
produzidas em conformidade com as normas da produção orgânica.
Além disso, é determinado pela certificadora que o produtor registre todas as
atividades e insumos usados na produção convencional, pois, mesmo nessa
área, algumas regras devem ser seguidas, como a eliminação das cultivares
transgênicas.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 102


Até o momento você refletiu sobre como funciona a certificação dos produtos orgânicos e sobre a
possibilidade de que uma produção convencional migre para uma produção orgânica. Mas como
funciona a obtenção do selo? Existe mais de uma possibilidade de se ter uma certificação de
produto orgânico? Siga para o próximo tópico para entender melhor esses pontos.

A certificação por auditoria


de produtos orgânicos
A certificação por auditoria é o método mais utilizado para certificação de produtos orgânicos
no mundo. Essa credibilidade é explicada pela garantia de que uma instituição externa realiza
o acompanhamento de cada momento da produção, verificando se todas as práticas e todos os
insumos estão de acordo com a legislação do país.

Todo esse acompanhamento é realizado por relatórios de


especialistas que acompanham a unidade de produção.
A certificação deve seguir a legislação brasileira e,
em alguns casos, também as leis internacionais,
especialmente naqueles agrossistemas que desejam
comercializar a sua produção para o mercado externo.

Veja abaixo como compreender o que fazer para obter uma certificação por auditoria:

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 103


Primeiramente, o produtor pre-
cisa buscar uma certificadora de
produtos orgânicos, que pode
ser pública ou privada. Ela de-
verá ter um Organismo de Ava-
liação de Conformidade (OAC)
cadastrado no MAPA.

Fotos: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar

A certificadora, por meio de


seus técnicos, frequentemente
vai realizar inspeções na pro-
dução, nos insumos e técnicas
utilizadas, por meio de visitas e,
em alguns casos, poderá indi-
car consultores para realizar a
assistência técnica. Ela também
acompanhará e orientará o pro-
dutor para a comercialização e o
registro dos produtos.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 104


Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar

Caso os produtos sejam proces-


sados, a certificadora também
fará a inspeção nas unidades
de processamento e haverá um
acompanhamento da certificado-
ra também na comercialização.
No caso de entrepostos, ela veri-
ficará se a embalagem, a identifi-
cação dos produtos e a qualidade
estão de acordo com as regras da
instituição.

As visitas poderão ser progra-


madas ou aleatórias. Por isso,
os produtores são orientados
a sempre manter os registros
atualizados e as instalações
disponíveis para vistoria, justa-
mente para que o técnico avalie
as reais condições da produção
e identifique as possíveis irregu-
laridades.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 105


Após o período de conversão, quando as
vistorias e checagens forem concluídas e a
produção estiver apta para ser certificada,
os produtos orgânicos receberão o selo
do SisOrg e também o da certificadora,
que em geral possui uma marca que a
identifica.

Esse tipo de certificação pode representar altos custos para os produtores que, em geral, inserem
tais custos nos preços de venda, tornando os produtos mais caros para os consumidores.

A certificação por auditoria é


apontada como a mais segura no
Você sabia? Brasil e no mundo.

Esse tipo de certificação é o mais utilizado em grandes áreas ou para aqueles produtos cujo
mercado consumidor está disposto a pagar pela credibilidade, como os mercados internacionais e
os grandes centros urbanos.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 106


A certificação
participativa de
produtos orgânicos
A certificação do produto orgânico é muito importante para trazer
credibilidade e segurança ao consumidor. Mas atender aos requisitos
que vimos até agora pode ser algo muito burocrático ou complexo para
alguns produtores. A seguir, acompanhe a
conversa de Roberta e
Douglas sobre esse tema.
Vamos analisá-la?
Vale destacar que este
conteúdo está disponível
Por essa razão, foram pensadas outras no seu Ambiente Virtual de
possibilidades de certificação. É o caso da Aprendizagem (AVA), em
certificação pelo sistema participativo. Em geral, formato de áudio.
a produção não atende as exigências rigorosas
da legislação internacional de orgânicos e, por Se você estiver conectado
à internet e quiser ir direto
isso, a certificação por auditoria é a mais indicada
para a página do portal EAD
para a exportação.
do Senar, clique no ícone
acima.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 107


Quem sabe, compartilha
Roberta: Olá, Douglas! Você já ouviu falar nas certificações para
a produção orgânica, não é?
Douglas: Oi, Roberta! Já ouvi falar sim, mas só da certificação
por auditoria. Existe alguma outra?
Roberta: Sim, Douglas. Existe a certificação participativa, ou
Sistema Participativo de Garantia, SPG. Ela segue os mesmos
passos da certificação auditada, mas ao invés dos técnicos da
empresa realizarem a fiscalização, são os produtores reunidos
em grupos que fiscalizam uns aos outros. Esses grupos são
compostos por produtores, técnicos e pesquisadores que se
responsabilizam pela autenticidade da produção.
Douglas: Nossa, Roberta! Que legal isso. Me explica um pouco
mais sobre como acontecem as ações nesse modelo de certifica-
ção, por gentileza?
Roberta: Claro! Vamos lá! Nesse sistema, a instituição certifica-
dora deve ter, assim como na auditada, um organismo de regula-
mentação e fiscalização que, nesse caso, é um Organismo Parti-
cipativo de Avaliação da Conformidade, o Opac. O Opac também
deve estar legalmente registrado no MAPA, e é ele que emitirá o
selo de orgânicos.
Roberta: Além disso, o Organismo Participativo de Avaliação
da Conformidade deverá ter uma comissão de avaliação, que
irá fazer visitas periódicas, pelo menos uma vez por ano, para
fiscalizar os processos produtivos, os insumos que estão sendo
utilizados e todos os cuidados exigidos pela legislação. Então, é
bom manter sempre tudo em ordem, como o Plano de Manejo e
as notas fiscais.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 108


Douglas: Hum, certo! Mas o que acontece se houver alguma irre-
gularidade em alguma produção?
Roberta: O grupo se responsabiliza por cada um dos produtores,
mas, se houver irregularidade com um deles, o grupo deve pro-
curar corrigir o problema. Se o produtor não solucionar a questão,
ele deve ser excluído do grupo, e o ocorrido deve ser informado no
MAPA. Por isso, todos os integrantes devem ser comprometidos
com a atividade, e devem vistoriar uns aos outros a fim de garantir
a qualidade dos produtos.
Douglas: Bem interessante esse sistema de certificação. Ele pare-
ce ser mais em conta para os produtores também, não é?
Roberta: Isso mesmo, Douglas! O SPG é considerado mais aces-
sível para a maioria dos produtores orgânicos, porque, ao invés de
uma instituição externa fiscalizar as atividades, o próprio grupo faz
esse controle. Mas é bom lembrar que, nesse estilo de certificação,
o produtor deverá atuar ativamente no grupo ou núcleo que esti-
ver ligado, comparecendo a reuniões periódicas e a capacitações.
Roberta: Então, agora é hora de pensar em como você vai preferir
fazer a certificação de sua produção!
Douglas: Isso, Roberta! Suas dicas vão me ajudar bastante. Muito
obrigado.

Neste momento, você deve estar se perguntando se os produtores possuem alguma alternativa
quando querem vender seus produtos diretamente para o consumidor, mas sem a necessidade de
um selo de certificação. É por essa razão que o nosso próximo assunto é sobre o controle social de
produtos orgânicos.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 109


O controle social de
produtos orgânicos na
venda direta
O controle social de produtos orgânicos é a forma mais fácil de garantir que a produção orgânica
atenda aos requisitos legais.

Os produtores devem fazer


parte de uma Organização
de Controle Social (OCS)
que esteja cadastrada em
um órgão fiscalizador. Essa
instituição fará o registro
dos agricultores no MAPA e
assim eles poderão realizar
a comercialização direta dos
seus produtos.

A venda dos produtos é então garantida por meio de um grupo, associação, cooperativa ou
consórcio de agricultores familiares (com ou sem personalidade jurídica, ou seja, não precisa ser
necessariamente uma empresa).

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 110


O controle social para
venda direta também é um
processo participativo, pois
os participantes do grupo
da OCS fazem o controle e a
fiscalização uns dos outros,
devendo seguir todas as
normas da legislação para a
produção orgânica.

Assim como o Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade (Opac), a OCS também deve
criar um comitê gestor e de avaliação da produção orgânica, para orientar os produtores sobre as
regras e normas, bem como fiscalizar se os produtores as seguem.

Mas você deve estar se perguntando: qual é a diferença


entre o controle social e a certificação participativa?

O sistema de controle social é direcionado para aqueles agricultores que desejam apenas realizar a
venda direta dos produtos, ou seja, vender diretamente para os consumidores em feiras ou fazer as
entregas em casa, por exemplo.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 111


Na feira, a comercialização deve
ser realizada só por membros da
família do agricultor, para garantir
que não haja comércio por
atravessadores.

PNAE
Programa Nacional de Alimen-
tação Escolar.

É importante destacar que a venda é permitida apenas para o consumidor final,


exceto nos casos de vendas para o governo feitas pelo PNAE e pela CONAB
especialmente para o PAA.
CONAB
Companhia Nacional de Abas-
tecimento.
Os produtores deverão possuir uma declaração de
cadastro, o que indica que ele está cadastrado no MAPA
e que faz parte de um grupo de produtos orgânicos.
Essa declaração deve ser apresentada sempre que
solicitada pelo consumidor ou pela fiscalização. PAA
Programa de Aquisição de
Alimentos.
Além de todos esses procedimentos que discutimos até aqui, a produção
orgânica exige ainda outros cuidados, que veremos mais adiante.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 112


Suas conquistas!
Muito bem, você chegou ao fim da segunda fase de estudo. Siga
adiante com a leitura da aula 3!

Lembre-se de que, no AVA, você deve responder uma


pergunta para conquistar sua recompensa e, assim,
desbloquear a aula seguinte. O desbloqueio das aulas
irá lhe garantir o selo do módulo, e somente na tela de
Você sabia? conclusão você poderá baixar o áudio contendo o resumo
no canal de podcast do Um Giro no Agro.
Ele é um excelente recurso para rever todos os temas do
módulo quando quiser!

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 113


Beneficiamento
de produtos
orgânicos
Aula 3

Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 114
A produção orgânica demanda diversos detalhes para que mantenha sua
credibilidade e autenticidade, mas ainda requer cuidados especiais durante o
beneficiamento e a comercialização. Sendo assim, nesta aula você vai conhecer as
diversas formas de beneficiamento que se adequam aos produtos orgânicos, para
escolha e adaptação à produção. Vamos em frente!

Beneficiamento de
produtos orgânicos
O beneficiamento dos produtos orgânicos vem sendo cada vez mais exigido pelos
consumidores desses produtos. O processamento está
muito associado com o
beneficiamento, já que
os produtos processados
exigem um beneficiamento
específico. Para que seja
possível compreender
Todo o processo, desde melhor esse tema, veja as
embalar e armazenar os considerações a seguir que
produtos logo após a colheita estão no AVA em formato
até a entrega ao consumidor de vídeo! Acesse e confira!
final, abrange características
Se você estiver conectado
específicas para os produtos à internet e quiser ir direto
orgânicos. para a página do portal
EAD do Senar, clique no
ícone acima.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 115


Agroecologia em foco
Ao pensarmos no beneficiamento dos produtos orgânicos,
temos que dividi-los em dois tipos de produtos: in natura e
processados. Vamos entender cada um deles?!
No Brasil, grande parte dos produtos orgânicos são in natura.
Desde hortaliças, frutas, e cereais, até carnes e ovos.
A maioria das frutas e verduras é beneficiada na propriedade
rural, em um espaço reservado para essa atividade. Esses
alimentos são colhidos e levados para a lavagem.
Raízes e caules subterrâneos são higienizados, eliminando a
sujeira e folhas não comestíveis que possam estar entre elas.
Após a limpeza e a seleção dos produtos, eles são separados
em embalagens unitárias, como as verduras maiores – repolho,
couve-flor, etc.
Enquanto as pequenas, como tomate cereja, morangos, mirtilos,
entre outros, são separados em bandejas ou pequenas caixas
leves.
Já os frutos maiores são colocados em caixas, geralmente
com suporte para a sua separação, como no caso de frutas
com casca mais delicada, como o mamão, por exemplo.
Esses detalhes são importantes, pois cada vez mais os
consumidores preferem embalagens que possam ser
recicladas e que tenham origens naturais, ou que tenham
sido produzidas com materiais reciclados, como folhas verdes
ou papel reciclado.
Além disso, as embalagens ajudam a preservar a qualidade

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 116


dos produtos e, também, o seu manuseio e transporte.
Alguns produtos frescos precisam ser mantidos em câmaras
frias para redução da temperatura e melhor conservação,
prolongando sua durabilidade no período que ficarão
expostos na prateleira.
No caso de processamento, os produtos devem ser limpos,
classificados, ensacados e enviados para a indústria. E
ainda devem ser realizados todos os procedimentos de
embalagem e identificação exigidos pela certificadora.
Produtos que podem estragar com facilidade, como
morangos, uvas ou goiabas, podem ser enviadas para o
processamento para a produção de geleias, polpas e sucos,
seguindo a devida identificação da procedência, data,
quantidade e tipo de cultivo para facilitar o trabalho da
indústria.
Em geral, todas as embalagens devem ser identificadas e
receberem a marca da instituição, da certificadora e o selo
de orgânicos.
No caso de vendas diretas, essa identificação pode ser feita
por meio de placas e outros materiais informativos no local
de venda.
Contudo, caso seu destino seja os supermercados ou
atacadistas, por exemplo, essa identificação individual é
obrigatória.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 117


Para compreender a questão do beneficiamento é importante refletir sobre como é realizado o
processamento de produtos orgânicos. Portanto, avance e continue estudando.

Processamento
de produtos orgânicos
O processamento é realizado em diversos produtos orgânicos. Cada produto recebe um
tratamento específico e o mercado consumidor está cada vez mais exigente.

Alguns tipos de alimentos,


como o café e o chocolate,
tradicionalmente exigem
processamento para serem
consumidos. É necessário
retirar a polpa dos frutos,
separar os grãos e realizar
os demais procedimentos
para a produção do café
moído e do chocolate.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 118


Há um crescimento expressivo do consumo desses alimentos e de outros, como biscoitos e pães,
o que acaba impulsionando a indústria a ofertá-los. Hoje, por exemplo, é possível encontrar
uma diversidade de produtos orgânicos que antigamente só eram ofertados como produtos
convencionais, como misturas para bolos, salgadinhos etc.

O processamento de orgânicos,
embora realizado por muitos
agricultores de forma artesanal,
está ganhando espaço nas
grandes indústrias, que
os preparam para atender
a demanda nacional e a
internacional, com padrões bem
rigorosos e transparência em todo
o processamento.

Para o processamento dos alimentos é necessário incluir aditivos e coadjuvantes nos produtos
vegetais e animais. Esse processo aumenta o tempo de prateleira e garante a qualidade durante o
período de oferta dos produtos orgânicos.

DA Instrução Normativa Conjunta do MAPA e do Ministério


O que diz da Saúde nº 18/2009, atualizada pela Instrução Normativa
nº 24/2011, também desses ministérios, regula os aditivos e
a lei? ingredientes que são possíveis e aceitos para serem adicionados,
além do percentual de aceitação de cada elemento.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 119


Por essa razão, não é todo produto que pode receber a identificação de orgânico. Existem alguns
detalhes que devem ser observados, dependendo da quantidade de ingredientes orgânicos
utilizados naquele alimento. Compreenda melhor esse assunto a seguir:

Produtos com Produtos com Produtos que


95% ou mais 70% a 95% de apresentem
de ingredientes ingredientes menos que 70%
orgânicos. orgânicos. de ingredientes
orgânicos.
O que deve O que deve
conter no rótulo: conter no rótulo: Não poderão
a identificação dos a identificação receber a indicação
ingredientes não dos ingredientes de orgânicos,
orgânicos. orgânicos. nem ter nenhuma
referência a esses
Como pode ser Como pode ser
produtos.orgânicos.
chamado: “orgânico” chamado: produto
ou “produto com ingredientes
orgânico”. orgânicos.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 120


Existem diversos aditivos alimentares e coadjuvantes que são permitidos pela
legislação brasileira. Veja alguns exemplos a seguir:

Agar Gelatina
Própolis Goma guar
Cera de abelha Lecitinas
Cloreto de magnésio Pectinas

A água e o sal utilizados no preparo


dos alimentos não entram no cálculo
Você sabia? do percentual de ingredientes
inorgânicos.

Os produtos que são destinados à exportação, em geral, recebem algum tipo


de processamento, como o café, o açaí, o chocolate, os sucos e as polpas de
frutas. Nesse caso, a indústria precisa se adequar às normas internacionais
referentes ao tema.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 121


Suas conquistas!
Excelente! Mais uma conquista de estudos alcançada! Assim, você
está bem próximo de concluir o módulo. Já pode seguir adiante com a
leitura da última aula!

Lembre-se de que, no AVA, você deve responder


uma pergunta para conquistar sua recompensa
e, assim, desbloquear a aula seguinte. O
desbloqueio das aulas irá lhe garantir o selo do
Você sabia? módulo, e somente na tela de conclusão você
poderá baixar o áudio contendo o resumo no
canal de podcast do Um Giro no Agro.
Ele é um excelente recurso para rever todos os
temas do módulo quando quiser!

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 122


Comercialização
de produtos
orgânicos
Aula 4

Wenderson Araujo/Trilux Fotografias. Sistema CNA/Senar Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 123
Uma etapa importante e que deve estar presente no planejamento dos produtores
orgânicos é a comercialização. Por isso, nesta aula, você vai estudar o perfil dos
consumidores, como realizar a precificação e identificar as possibilidades dos canais de
comercialização dos produtos orgânicos. Siga em frente!

O público consumidor de
produtos orgânicos
O consumo de produtos orgânicos cresce a cada dia, o que tem impulsionado toda IPEA
a cadeia produtiva. Os consumidores têm um grande poder e determinam quais Instituto de Pesquisa Econômi-
produtos orgânicos devem ser produzidos e em qual quantidade, segundo aponta a ca Aplicada.
pesquisa conduzida por pesquisadores do IPEA (LIMA, 2020).

Mas quem seriam esses consumidores de produtos


orgânicos? Será que é possível identificar as oportunidades
de mercado? Reflita sobre isso lendo o texto a seguir;
ele também está disponível no seu Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA), em formato de vídeo. Vale muito a
pena conferir por lá!
Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para
a página do portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 124


Agroecologia em foco
Você já se perguntou quem são as pessoas que consomem
os produtos orgânicos? Vamos refletir sobre isso?!
Responder a essa pergunta é muito difícil.
Muitas pesquisas foram e são conduzidas para entender
quem são esses consumidores de orgânicos, e como eles se
comportam.
Mas caracterizar quem são eles é uma tarefa complexa, pois
cada região do país apresenta uma cultura, uma gastronomia
e hábitos próprios.
Embora bastante diversificados, esses consumidores possuem
algumas características em comum. Em geral, são pessoas
que buscam a promoção da saúde com hábitos alimentares e
de vida.
E, como a maioria dos produtos orgânicos comercializados
no país é in natura, como vegetais, legumes e frutas,
consequentemente, esses produtos são também os mais
comuns na mesa desses consumidores.
Alguns consumidores buscam os produtos orgânicos por
adquirirem consciência ambiental, preferindo hábitos de
consumo que impactem o mínimo possível o meio ambiente.
Em linhas gerais, é perceptível que as mulheres tendem a ter
uma maior preocupação com os alimentos que consomem do
que os homens.
Isso porque são as mulheres que compram os alimentos e

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 125


planejam as refeições das famílias na grande maioria dos
lares brasileiros; por isso, elas são a maioria dos consumidores
de produtos orgânicos.
Em geral, esses consumidores possuem um nível de
escolaridade maior do que a média da população brasileira.
Em relação à distribuição espacial, é possível observar que
a região sul do país se destaca no consumo de produtos
orgânicos, mas as outras regiões também possuem forte
mercado e crescimento da demanda.
As feiras livres são os locais preferidos para a aquisição de
alimentos orgânicos, pois os consumidores podem conhecer
os produtores e conseguir preços mais acessíveis do que em
grandes supermercados.
Algumas dessas pessoas só passam a consumir os produtos
orgânicos após passarem por alguma situação peculiar.
É o caso de mulheres que buscam alimentos mais saudáveis
em período de gravidez ou no período após o parto.
E acontece também com pessoas que passaram pela
Covid-19 e buscaram consumir mais alimentos orgânicos,
entre outros cuidados com a saúde.
Muitos que relatam não consumir produtos orgânicos apontam,
como um dos motivos, os preços mais altos desses produtos
em relação aos convencionais, a dificuldade de encontrá-los e
até mesmo a falta de costume em consumi-los.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 126


Como fazer a precificação
de produtos orgânicos
Atribuir preço a um produto é uma tarefa desafiadora para os produtores em geral e não é
diferente para os de orgânicos. Geralmente, eles costumam avaliar os custos reais da produção
para determinar um preço condizente com o que utilizaram dos recursos de produção.
Também é preciso avaliar os valores praticados pelo mercado por outros produtores orgânicos,
que variam conforme a oferta e a qualidade do produto e a demanda dos consumidores.

Com base nesses fatores, é possível estabelecer um preço


para o produto orgânico que seja justo, condizente com o
mercado e competitivo.

Sendo assim, os produtores devem considerar os custos de produção, pois eles são os principais
fatores para determinar os preços de venda, levando em conta:

Insumos
 s insumos utilizados nos sistemas orgânicos muitas vezes têm um preço maior que os
O
usados nos sistemas convencionais, o que pode tornar o produto agrícola mais caro para o
consumidor.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 127


Mão de obra
Os custos com a mão de obra utilizada na produção que, em sua maioria, é especializada,
impacta negativamente no custo total da produção.

Certificação, embalagens e processamento


Devem ser considerados os custos da certificação, das embalagens e do processamento
(quando necessário), pois para a venda em alguns canais de comercialização, como
supermercados e exportação, essas etapas são fundamentais.

Custos indiretos
Somados a tudo isso, ainda há que se considerar os custos indiretos, como os serviços
ecossistêmicos, provenientes do cuidado extra com os recursos hídricos, o manejo de solo, a
promoção da biodiversidade, entre outros.

Depois de considerar esses elementos, todos esses custos são somados e divididos pela
quantidade de produtos disponíveis. Em seguida, é necessário observar os preços de mercado,
ou seja, aqueles praticados pelos vizinhos e outros produtores, e fazer os ajustes para que o
produto fique competitivo.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 128


Foto: Wenderson Araujo/Trilux Fotografias. Sistema CNA/Senar

Acompanhe a conversa
entre Roberta e Douglas
em relação aos preços e
à diferença deles para os
Em geral, quando há maior produção produtos orgânicos.
de um determinado produto, os preços Vale destacar que este
tendem a cair e vice-e-versa. Por isso, conteúdo está disponível
é necessário que os produtores realize no seu Ambiente Virtual de
m um bom planejamento para manter a Aprendizagem (AVA), em
regularidade das colheitas, como no caso formato de áudio.
das hortaliças e das culturas perenes,
Se você estiver conectado
como as frutas, por exemplo.
à internet e quiser ir direto
para a página do portal EAD
do Senar, clique no ícone
acima.
É necessário também buscar variedades cuja colheita ocorra em períodos escalonados.
Por exemplo, há diversas cultivares de pêssego, como chimarrita, chiripa, chula, eldorado
e granada, que apresentam diferentes períodos de colheita, possibilitando ao produtor
comercializar pêssegos durante várias semanas.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 129


Quem sabe, compartilha
Douglas: Roberta, eu estava pesquisando sobre a precificação
dos produtos orgânicos e me deparei com reclamações dos
consumidores com relação aos preços. Você pode me falar
mais sobre isso?
Roberta: Claro, Douglas! Realmente, uma das maiores
reclamações da população brasileira com relação à
produção orgânica se refere aos preços de mercado, que são
considerados elevados. Em média, os preços dos produtos
orgânicos são 25% a 30% maiores que os produzidos em
sistemas convencionais.
Douglas: Mas esse aumento do preço é justificável, né,
Roberta?
Roberta: Sim, é justificado pelas exigências para a produção
e certificação, além da dificuldade na aquisição de insumos
apropriados. Inclusive, você pode ter essa referência para
precificar os produtos, embora seja sempre bom analisar os
custos de produção e os preços do mercado.
Roberta: Muitos técnicos e pesquisadores dizem que é
importante falar no valor do produto orgânico, e não no preço.
Douglas: Essa parece uma discussão que deve ser feita
também com os consumidores, não é?
Roberta: Isso, Douglas! Principalmente nas feiras, onde o
contato do produtor com o consumidor é mais próximo.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 130


Roberta: Na precificação, é importante também reconhecer
que, na produção orgânica, os animais produzidos vivem mais
tempo e recebem cuidados especiais que nem sempre são
observados na produção convencional.
Douglas: Você está coberta de razão, Roberta! Um exemplo
disso são os frangos, que, em granjas convencionais, estão
sendo abatidos com 40 dias, o que na produção orgânica pode
levar meses. Todos os custos referentes à manutenção dos
animais e da sua qualidade de vida estão inclusos nos preços
dos produtos. Muito bem lembrado!
Douglas: E existe alguma alternativa para a redução dos
custos da produção orgânica?
Roberta: Existe sim, Douglas! Para a redução dos custos, os
produtores podem optar pela comercialização direta, o que
elimina atravessadores. Além disso, podem utilizar menos ou
até mesmo nenhuma embalagem, o que torna os alimentos
mais atrativos economicamente para a população.
Roberta: Os agricultores também podem se reunir com
outros produtores para a compra de insumos, com o objetivo
de diminuir os custos de frete e entrega. Essas alternativas
para reduzir os custos de produção e, consequentemente, os
preços, constituem um atrativo para a comercialização.
Douglas: Muito obrigada, Roberta! Agora estou bem
informado sobre os preços. Opa! Sobre os valores dos
produtos orgânicos!
Roberta: Isso aí, Douglas! Sempre que precisar, pode contar
comigo.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 131


Os canais tradicionais
e os alternativos para
a comercialização de
produtos orgânicos
Chegamos à comercialização dos produtos orgânicos, que é a etapa final
da cadeia de produção. Como existe uma série de opções para realizar a
comercialização dos produtos orgânicos, a escolha dependerá de alguns
fatores, como:

• perfil dos consumidores;

• tipo de produto;

• quantidade disponível;

• demanda;

• recursos disponíveis.
Neste contexto, podemos apontar algumas formas de comercialização mais
comuns para os produtos orgânicos, que são basicamente: a venda direta
ao consumidor final e a entrega para os supermercados. Conheça algumas
Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar
alternativas de venda direta:

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 132


A comercialização direta pode
ser em feiras, festas e eventos.
As feiras estão presentes na
maioria dos municípios brasilei-
ros e fazem parte da cultura do
nosso país, especialmente para
a compra de alimentos frescos e
in natura.

Na venda direta, existem tam-


bém as formas de comercia-
lização alternativa, entre elas
a entrega direta na casa dos
consumidores: as chamadas
cestas de produtos orgânicos.

Fotos: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 133


É interessante que os canais alternativos utilizam cada vez mais as ferramentas digitais para a
sua organização. Muitos são os aplicativos de computador, grupos e perfis em redes sociais que
facilitam toda a logística das encomendas e entregas de produtos orgânicos.

Um exemplo, é a experiência da Cooperativa GiraSol,


localizada em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, que
compra produtos orgânicos da região e organiza a entrega de
cestas, conforme demanda e necessidade de cada consumidor.
Você sabia? Essa entrega acontece regularmente e possibilita que os
consumidores tenham acesso a um produto fresco e de preço
justo e que os produtores consigam escoar sua produção. Toda
a logística é facilitada pelas redes sociais da cooperativa.

Geralmente a venda é feita diretamente do produtor para os consumidores, evitando um


intermediário, o que diminuiria os custos. Mas em alguns casos, os produtores preferem entregar
seus produtos a um intermediário, pessoa física, ou a uma organização ou associação que
organizam as entregas.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 134


As formas de comercialização
nos supermercados, que
concentram a maior parte das
vendas de alimentos no varejo,
também é uma estratégia para
a venda dos produtos orgânicos.
Em geral, os supermercados
disponibilizam os produtos
orgânicos em locais
específicos e diferenciados.

Esse agrupamento dos orgânicos em prateleiras e áreas específicas dentro dos estabelecimentos é
uma estratégia para que as grandes redes de supermercados se destaquem e se coloquem como
referência para o público.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 135


Ainda assim, há uma grande diversidade de comercialização, então, conheça outras possibilidades:

INTERMEDIÁRIOS RESTAURANTES
VAREJISTAS ESPECIALIZADOS
Alguns produtos podem ser comercializados Há também um mercado crescente de
para intermediários varejistas, que os restaurantes que ofertam alimentos frescos
disponibilizam em lojas especializadas de orgânicos.
produtos orgânicos e naturais.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 136


ÓRGÃOS Outro mercado que está se abrindo para
INSTITUCIONAIS a produção orgânica é o de cosméticos.
Com a crescente preocupação das pessoas
Muitos produtores orgânicos optam por em cuidar da saúde e estabelecer uma
vender seus produtos para os mercados convivência ética com os recursos naturais,
institucionais, através dos programas PNAE muitas marcas vêm optando por inserir
e PAA, como hospitais públicos, escolas, produtos orgânicos e da sociobiodiversidade
quarteis e presídios, cujas vendas são na composição dos seus produtos.
mediadas pelas associações e cooperativas
locais.

A alta procura por esses produtos colaborou com o surgimento de marcas que são exclusivamente
orgânicas e naturais, oferecendo xampus, loções, perfumaria e toda linha de maquiagem inclusive para
o mercado internacional.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 137


Suas conquistas!
Você conquistou a quarta fase de estudo, e está pronto para
concluir o módulo!

Lembre-se de que, no AVA, você deve responder uma


pergunta para conquistar sua recompensa e, assim,
desbloquear a aula seguinte. O desbloqueio das aulas irá lhe
garantir o selo do módulo, e somente na tela de conclusão
Você sabia? você poderá baixar o áudio contendo o resumo no canal de
podcast do Um Giro no Agro.
Ele é um excelente recurso para rever todos os temas do
módulo quando quiser!

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 138


Conclusão
Módulo 2

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 139


Chegamos ao fim do segundo módulo do nosso curso! Nele apresentamos as recomendações e
marcos legais da produção orgânica e os tipos de certificação que existem no Brasil.
Além disso, destacamos alguns elementos essenciais da produção orgânica, como:

• rastreabilidade da cadeia produtiva;


• registro dos produtos;
• beneficiamento;
• processamento dos produtos orgânicos.

Vimos que é essencial que


os produtores conheçam
o mercado consumidor
além das porteiras da
propriedade, para assim
identificarem as suas
demandas.

É preciso estabelecer preços de venda bons e atrativos e buscar os diversos canais de


comercialização que hoje podem ofertar os produtos orgânicos no Brasil e também no mercado
internacional.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 140


Quanto assunto foi visto até aqui, não é mesmo? E lembre-se de que, na tela de conclusão do
AVA, você poderá baixar o áudio contendo o resumo no canal de podcast do Um Giro no Agro,
cujo tema é: Produção e comercialização de produtos orgânicos! Acesse e garanta a sua
recompensa, afinal, você teve uma ótima dedicação até aqui!
Siga com a leitura e analise as questões da Atividade de Aprendizagem do módulo 2.

Preparado? Boa leitura!

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 141


Atividade de
aprendizagem
Módulo 2

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 142


Uau! Observe a quantidade de conteúdo que estudamos! Antes de seguir para a atividade de
aprendizagem deste módulo é interessante fazer uma revisão e relembrar os principais pontos que
estudamos. Então, leia a síntese a seguir e refresque sua memória:

A revisão a seguir está disponível no AVA em formato de vídeo.


E atenção! O encerramento do curso e a liberação da
pesquisa de satisfação só ocorrerão após a conclusão da atividade dentro do AVA.
As respostas devem ser enviadas obrigatoriamente por lá. Dessa forma, você terá um
feedback confirmando se você respondeu corretamente ou se deverá tentar novamente.
Depois da segunda tentativa, a resposta correta será apresentada.
Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a página do Portal EAD do
Senar, clique no ícone ao lado.

Retrospectiva da produção orgânica


No Brasil, algumas leis regulamentam os produtos orgânicos.
A Lei número 10.831, de 2003, foi a primeira a ser aprovada, mas existem
decretos e Instruções Normativas que regem toda a certificação de orgânicos.
A rastreabilidade é obrigatória e para os vegetais frescos é regulamentada
pela Instrução Normativa Conjunta da ANVISA e MAPA número 2, de 7 de
fevereiro de 2018.
Para identificar o produto agrícola, foi criado o selo de orgânicos.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 143


O produtor que deseja mudar de sistema precisa atender a lei e passar por um
período chamado de conversão.
Período de conversão é um tempo para que as propriedades adequem suas
instalações e práticas para a produção orgânica.
Os agricultores podem certificar apenas uma atividade agrícola no início,
enquanto planejam a conversão total de sua produção.
Quem deseja obter uma certificação por auditoria deve buscar uma certificadora
que tem um Organismo de Avaliação de Conformidade, ou OAC, cadastrado no
MAPA.
Quando a produção estiver apta para ser certificada, os produtos receberão o selo
do SisOrg e também da certificadora.
Na certificação participativa, ao invés dos técnicos da empresa certificadora, os
produtores reunidos em grupos é quem fiscalizam uns aos outros.
Nesse sistema, a instituição certificadora possui um Organismo Participativo de
Avaliação da Conformidade, ou Opac, registrado no MAPA, e é ele que emitirá o
selo de orgânicos.
O controle social de produtos orgânicos, também considerado um processo
participativo, é a forma mais fácil de garantir os requisitos legais.
Os produtores devem fazer parte de uma Organização de Controle Social,
ou OCS, e deverão possuir uma Declaração de cadastro, indicando que estão
cadastrados no MAPA.
Esse sistema é para aqueles agricultores que querem vender direto para os
consumidores em feiras ou entrega em casa, por exemplo.
No Brasil, grande parte dos produtos orgânicos é in natura.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 144


Os alimentos, depois de colhidos, são lavados, selecionados e embalados;
no caso de verduras maiores, são embaladas uma a uma, como acontece
com os brócolis.
Os alimentos menores são separados em bandejas ou pequenas caixas.
Os produtos que serão processados devem ser limpos, classificados,
ensacados e enviados para a indústria.
Todas as embalagens devem ser identificadas e receberem a marca da
instituição, da certificadora e o selo de orgânicos.
A Instrução Normativa do MAPA junto do Ministério da Saúde número 18
de 2009, atualizada pela Instrução Normativa número 24 de 2011, também
desses ministérios, regula quais aditivos e ingredientes e seus percentuais
que podem ser adicionados.
É essencial para os produtores conhecer o mercado consumidor para,
assim, identificar as suas demandas.

Muito bem! Agora que você já revisou os conteúdos estudados, é hora de analisar se
você está pronto para praticar.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 145


Trouxemos as questões aqui, pois assim você poderá ler os enunciados com calma e atenção e,
caso precise, antes de ir ao AVA, poderá rever os pontos que serão analisados.

1. Vimos ao longo do curso que a produção orgânica no Brasil é regida por uma série de
regras e normas legais. A principal delas é a Lei nº 10.831/2003, que regulamenta a produção,
o beneficiamento e o comércio de produtos orgânicos. Conforme o que estudamos no curso e
as diretrizes dessa lei, indique a alternativa correta:

a. Considera-se produto orgânico, in natura ou processado, aquele que é obtido em um


sistema orgânico de produção agropecuária. Estão fora dessa classificação aqueles
produtos oriundos de processo extrativista sustentável e não prejudicial ao ecossistema
local, pois esses são identificados como produtos da sociobiodiversidade.

b. A agricultura orgânica contempla a produção de alimentos e outros produtos que não


fazem uso de defensivos agrícolas, transgênicos ou produtos químicos sintéticos.

c. A Lei nº 10.831/2003 regulamenta os produtos oriundos da agricultura orgânica.


Portanto, não estão inseridos nessa regulamentação os produtos oriundos das
agriculturas biodinâmica, natural, permacultura, entre outras, embora elas sejam
consideradas sustentáveis.

d. A Lei nº 10.831/2003 regulamenta a produção orgânica no Brasil e, por ser seguida


internacionalmente, os produtos orgânicos podem ser exportados para todos os países
do mundo.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 146


2. A certificadora pediu ao senhor Douglas que ele registre em um caderno de campo todos
os insumos que utilizou na produção agrícola vegetal e animal. Isso porque ela precisa saber
quais foram os insumos utilizados e a procedência de cada um deles, para garantir segurança
a quem compra e a quem vende os produtos orgânicos. Esse processo é chamado de:

a. Rastreabilidade

b. Beneficiamento

c. Agroecologia

d. Selo orgânico

3. A certificação orgânica é uma prática recomendada e traz inúmeros benefícios para os


produtores. Douglas ouviu muitas coisas sobre esse tipo de produção: que há muitos tipos de
processos e de entidades que os realizam e que existem também muitos mitos e informações
falsas sobre a certificação orgânica. Leia as afirmações a seguir e aponte a alternativa que
contém uma informação correta:

a. O Plano de Manejo da produção orgânica é o instrumento de fiscalização produzido pelas


certificadoras e entregue aos produtores regularmente.

b. A certificação por auditoria é realizada por uma certificadora, que pode ser pública ou
privada, credenciada no MAPA.

c. Para certificar agricultores familiares é possível contratar uma empresa de controle social
na venda direta e esses produtores ficarão livres de fiscalização da produção orgânica.

d. A certificação pelo sistema participativo de garantia é realizada pelos próprios produtores,


que não precisam estar cadastrados no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, pois
estes são exclusivos das certificações por auditoria.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 147


4. Muitos produtos orgânicos podem ser processados e, em alguns casos, esses produtos
processados também recebem a denominação de produtos orgânicos. Entretanto, há algumas
exigências da legislação para essa etapa da produção. Você pode indicar qual é a alternativa
correta em relação ao tema?

a. Produtos com mais de 70% de produtos orgânicos na sua composição podem ser identificados
como “produtos orgânicos”.

b. Assim como na fase de produção orgânica, nenhum produto pode ser utilizado como aditivo ou
coadjuvantes no processamento dos produtos orgânicos.

c. Produtos com 70% a 95% de ingredientes orgânicos devem ter esses ingredientes orgânicos
identificados na embalagem na qual deverá constar: “produto com ingredientes orgânicos”.

d. A maior parte do processamento dos produtos orgânicos é realizada pelos produtores e, por
isso, a legislação dos orgânicos determina o que pode ou não ser utilizado nesses processos.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 148


5. Douglas é um produtor muito experiente, pois durante toda a sua vida produziu
alimentos e de forma orgânica. Hoje, participando da associação dos produtores orgânicos
do seu município, ele tem a certificação da produção e está muito satisfeito. Entretanto,
ainda encontra muitos empecilhos com a comercialização, pois há muitas informações
desencontradas e até falsas. Entre as alternativas abaixo, qual é a correta em relação à
comercialização?

a. Para se ter sucesso na comercialização é preciso aumentar os preços dos produtos orgânicos,
para que os consumidores tenham a garantia de qualidade.

b. Os homens são os que mais consomem produtos orgânicos e, entre as regiões do Brasil, o maior
consumo está entre os nortistas.

c. Os supermercados são os locais onde há maior comércio de produtos orgânicos no Brasil, já que
a maior parte dos alimentos é adquirida nesses espaços.

d. Atualmente há uma série de canais alternativos de comercialização da produção orgânica, como


as entregas em casa e a organização de cestas, que são mediados por aplicativos e redes sociais.

É isso aí!
Você finalizou a leitura do módulo 2!
Siga em frente para o encerramento.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 149


Encerramento

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 150


Uau! Excelente! Parabéns por chegar ao fim do curso Introdução à agroecologia e à produção
orgânica. Foram dois módulos de muito estudo que vão colaborar para que você fique por dentro
deste tema.
O objetivo deste curso foi oferecer algumas ferramentas para que você compreendesse um pouco
a agroecologia, a produção orgânica e as normas legais sobre o tema.
Os principais tópicos abordados foram:

Módulo 1: Princípios da agroecologia


No primeiro módulo, apresentamos uma breve contextualização do que é agroecologia e os tipos de sistemas
de produção que seguem essas orientações, como a permacultura, biodinâmica, sistemas agroflorestais e a
orgânica. Vimos que a produção orgânica apresenta um grande potencial para o Brasil. Ademais, a transição
agroecológica é uma etapa em que os agricultores passam de uma forma de produção convencional para uma
agroecológica e requer alguns passos.

Módulo 2: Produção e comercialização de produtos orgânicos


No segundo módulo do curso, nos dedicamos a compreender a certificação orgânica e os diversos documentos
legais que regulamentam as atividades relacionadas ao setor, tanto na produção quanto no beneficiamento,
processamento e comercialização. Apresentamos as possibilidades de certificação e registro dos produtos
orgânicos no Brasil. Temos três sistemas de garantia de qualidade do produto orgânico: certificação por
auditoria, por sistema participativo de garantia da qualidade orgânica e por controle social. Todas elas exigem
que haja um rastreamento de toda a produção, para garantir segurança aos consumidores e produtores. Para
finalizar, concluímos com a apresentação dos canais de comercialização presentes no Brasil, um panorama de
quem são os consumidores de produtos orgânicos e como fazer a precificação desses produtos.

Esperamos que você tenha sido inspirado e que as informações contidas aqui tenham qualificado
a sua atuação profissional.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 151


Finalização do curso
Muito bem! Parabéns pela conclusão da leitura deste curso. Mas atenção!

Para que seu certificado de conclusão seja disponibilizado,


você deverá acessar o AVA e navegar por todas as telas,
realizar as atividades de aprendizagem, e, depois de
cumprir essas duas etapas, deve responder a pesquisa
de satisfação. Assim que terminá-la, o acesso ao seu
certificado estará liberado.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 152


Referências bibliográficas
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dezembro de 2003. Dispõe sobre normas para a produção de produtos orgânicos vegetais e
animais. Brasília: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 23 dez. 2003. Seção 1, p.11.
BRASIL. Decreto nº 6.323, de 27 de dezembro de 2007. Regulamenta a Lei nº 10.831, de 23 de
dezembro de 2003, que dispõe sobre a agricultura orgânica e dá outras providências. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6323.htm. Acesso em:
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BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Política
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BRASIL. Decreto nº 7.794, de 20 de agosto de 2012. Institui a Política Nacional de
Agroecologia e Produção Orgânica. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2011-2014/2012/decreto/d7794.htm. Acesso em: 4 maio 2021.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Gabinete da Ministra. Portaria nº
52, de 15 de março de 2021. Estabelece o regulamento técnico para os sistemas orgânicos de
produção e as listas de substâncias e práticas para o uso nos sistemas orgânicos de produção.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 54, de
22 de outubro de 2008. Regulamenta e estrutura a composição e atribuições das comissões de
produção orgânica.

Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 153


BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 17, de 28
de maio de 2009. Aprova as normas técnicas para a obtenção de produtos orgânicos oriundos
do extrativismo sustentável orgânico.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 18, de
28 de maio de 2009. Aprova o regulamento técnico para o processamento, armazenamento e
transporte de produtos orgânicos.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 18,
de 20 de junho de 2014. Institui o selo único oficial do Sistema Brasileiro de Avaliação da
Conformidade Orgânica e estabelece os requisitos para a sua utilização.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 13, de
28 de maio de 2015. Estabelece a estrutura, a composição e as atribuições da Subcomissão
Temática de Produção Orgânica (STPOrg), a estrutura, a composição e as atribuições das
Comissões da Produção Orgânica nas Unidades da Federação (CPOrg-UF) e as diretrizes para a
elaboração dos respectivos regimentos internos.
CAPORAL, Francisco R.; COSTABEBER, José A. Agroecologia e extensão rural: contribuições
para a promoção do desenvolvimento rural sustentável. Brasília: MDA/SAF/DATER-IICA, 2004.
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Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 154


PENTEADO, Silvio Roberto. Agricultura orgânica. Piracicaba: ESALQ-Divisão de Biblioteca e
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Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 155


Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 156

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