Você está na página 1de 82

JAIR MESSIAS BOLSONARO FLÁVIA REGINA RICO TORRES

Presidente da República GRACIEMA RANGEL PINAGÉ


Conteudistas e revisoras técnicas
MARCOS MONTES CORDEIRO
Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e GRACIEMA RANGEL PINAGÉ
Abastecimento Conteudista

PEDRO ALVES CORRÊA NETO AVANTE BRASIL INFORMÁTICA E TREINAMENTO LTDA.


Diretor-Geral do Serviço Florestal Brasileiro Projeto Gráfico e Ilustração

LIZANE SOARES FERREIRA


Diretora de Desenvolvimento Florestal

PAULO HENRIAQUE MAROSTEGAN E CARNEIRO


Diretor de Concessão Florestal e Monitoramento

FERNANDO CASTANHEIRA NETO


Coordenador-Geral de Fomento e Inclusão Florestal

BRUNO MALAFAIA GRILLO


FLÁVIA REGINA RICO TORRES
Equipe Técnica
SUMÁRIO
MÓDULO 1
1 - Conceitos e um pouquinho de história 5
1.1 - História do cooperativismo 10
1.2 - Princípios das cooperativas e associações 18
1.3 - Encerramento do módulo 1 24

MÓDULO 2
2 - Cooperativas e Associações 26
Encerramento do módulo 2 36

MÓDULO 3
3 - Operação e Cotidiano 38
3.2 - Atores da Governança 39
3.2.1 - Cooperados/Associados 39
3.2.2 - As Assembleias Gerais 40
3.2 - Atores da Governança 42
3.2.2.1 - Assembleia Geral Ordinária 42
3.2 - Atores da Governança 51
3.2.2.2 - Assembleia Geral Extraordinária 51
3.2 - Atores da Governança 52
3.2.3 - Assembleia Geral Extraordinária 52
3.2 - Atores da Governança 59
3.2.4 - Conselho de Administração/Diretoria 59
3.2.4.1 - Atividades e competências do Conselho de
Administração/Diretoria 61
Encerramento Módulo 3 67

MÓDULO 4
4 - Documentos 69
4.1 - Livro ou fichas de matrícula 70
4.2 - Livro de Atas da Assembleia Geral 73
4.3 - Edital de convocação das Assembleias Gerais 76
4.4 - Atas do Conselho Fiscal 77
4.5 - Livro de Atas do Órgão de Administração 79
4.6 - Documentação geral e arquivos 80
Encerramento do Curso 81
MÓDULO 1
Conceitos e um
pouquinho de história
1 - Conceitos e um pouquinho de história

TÉCNICA

ANA EDVALDO RITA BENÉ

Olá! Eu sou a Ana.

Sou técnica extensionista e participo da condução de alguns temas dos cursos do


portal Saberes da Floresta.

Se você já fez algum dos outros cursos, deve ter me visto por lá.

A partir de agora, vamos tratar da introdução às cooperativas e associações.


Contaremos com a participação do Seu Edvaldo, presidente de uma cooperativa com
mais de 20 anos na região amazônica.

Quero apresentar também a Rita, que concluiu os seus estudos e voltou para a
comunidade para trabalhar com os produtos extrativistas, e a Dona Bené, que além
de professora, trabalha com um grupo de mulheres que fazem o beneficiamento de
alguns produtos, entre eles, a castanha e a mandioca, com a finalidade de agregar
valor.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 5 MÓDULO 1


Vamos apresentar como as organizações sociais
TÉCNICA
são estruturadas e como elas podem colaborar
para a melhoria das relações econômicas, sociais e
culturais comuns de grupo de pessoas, por meio de
um empreendimento de propriedade coletiva e com
gestão democrática.

Que bacana, Ana e Edvaldo! Venho mobilizando as mulheres da minha


comunidade para finalmente criarmos uma associação. Posso contar com o
apoio de vocês?

Claro, Bené! Daremos destaque aqui para organizações que atuam ou que
possuam alguma atividade com os produtos florestais, com ênfase na Amazônia
e como criar e manter uma destas entidades que representam legalmente os
chamados “Empreendimentos Coletivos”.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 6 MÓDULO 1


Eu também quero participar! Me incluam nessa iniciativa. Nossa tradição aqui na floresta é
viver em comunidade e trabalhar em conjunto. Sabemos que é muito mais fácil conseguir o
melhor resultado em grupo do que sozinho. Temos como exemplos os mutirões, grupos de
mulheres e até mesmo grupos de amigos. Então, acredito que a união é o melhor caminho!
Bora logo começar?

Rita, complementando sua fala, a evolução dos grupos sociais, com uma determinada
finalidade, trouxe a criação das organizações formais, com regulamentação própria,
descrição das funções, dos poderes e das atribuições dos participantes, regras para entrar
e sair e divisão dos resultados.

Pessoal, vou falar um pouco como o Estado participa e normatiza


as organizações formais. Vamos lá?
O primeiro passo é organizar e reconhecer as pessoas físicas – os
cidadãos, que se inicia com a certidão de nascimento; e as pessoas
jurídicas – diversas formas de organizações, com vários objetivos.

Assim, as pessoas jurídicas podem ser de direito privado – nas quais o Estado não tem
interesse direto na relação com elas, como associações e fundações, ou de direito público,
nas quais o Estado participa de alguma forma, por exemplo, empresa pública e autarquia.
As pessoas jurídicas podem ser sem fins lucrativos – como associações e partidos políticos,
ou com fins lucrativos, como empresas e sociedades anônimas. Portanto, as cooperativas
e associações são organizações formais, de direito privado, sem fins lucrativos.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 7 MÓDULO 1


Acrescentando a sua fala, estes empreendimentos sociais
são constituídos para atingir fins específicos, conduzidas
por princípios de igualdade quanto à propriedade,
gestão e repartição de recursos. A tomada de decisões
é igualitária, com cada membro da organização tendo
Mas como podemos
direito a um voto.
diferenciar uma cooperativa
e uma associação?

Propriedade, gestão
e repartição dos recursos
TÉCNICA

Rita, a principal diferença entre elas é que as Associações têm por objetivo a realização de
atividades culturais, políticas, sociais, religiosas, dentre outras.

As Cooperativas são uma forma de associação entre indivíduos que têm como objetivo uma
atividade comercial comum, de forma a gerar benefícios iguais a todos os cooperados.

Em ambas, a base do funcionamento é a ação mútua, em cooperação. O investimento para


todas as partes é o mesmo e o retorno também.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 8 MÓDULO 1


Então eu posso dizer que as associações têm como finalidade
uma atividade não lucrativa de um grupo, e as cooperativas de
uma atividade lucrativa?

Dona Bené, para as cooperativas, usamos o termo “sobra” em vez de lucro.


A ideia da cooperativa não é gerar lucro, nem especulação, e sim disponibilizar um serviço
e ter um retorno para todos os cooperados, com a distribuição das sobras daquilo que foi
cobrado pelo serviço ou produto, retirando os custos da atividade.
O lucro está ligado a organizações empresariais, cujo objetivo é incorporar uma quantia
monetária sobre o capital investido.

SAIBA MAIS

Para entender um pouco mais sobre as diferenças de sobra e


lucro, consulte a Lei nº5.764/971.

No geral, em áreas rurais, temos as associações vinculadas com uma


finalidade de representação política, como de moradores de uma
Reserva Extrativista, Quilombo ou Assentamento. E quando a finalidade
é comercializar um produto/serviço em conjunto, a escolha adequada é a
constituição de uma cooperativa. Mas podemos falar sobre as diferenças
entre os dois tipos de entidade mais adiante.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 9 MÓDULO 1


1.1 - História do cooperativismo

Tudo começou em 1844, na cidade de Rochdale-Manchester, no


interior da Inglaterra.
TÉCNICA

Sem conseguir comprar o básico para sobreviver nos mercadinhos


da região, um grupo de 28 trabalhadores (27 homens e uma mulher)
se uniu para montar seu próprio armazém.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 10 MÓDULO 1


A proposta era simples, mas
engenhosa: comprar alimentos em
grande quantidade para conseguir
preços melhores.

Tudo o que fosse adquirido seria


dividido igualitariamente entre o
grupo.

Nascia, então, a “Sociedade dos Probos de Rochdale”, primeira cooperativa


moderna, que abriu as portas pautada por valores e princípios morais considerados,
até hoje, a base do cooperativismo, entre eles, a honestidade, a solidariedade, a
equidade e a transparência.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 11 MÓDULO 1


A ideia dos 28 pioneiros prosperou. Quatro anos após sua criação, a
cooperativa já contava com 140 participantes. Doze anos depois, em 1856,
chegou a 3.450 sócios com um capital social que pulou de 28 libras para 152
mil libras.

No Brasil, oficialmente,
o movimento
cooperativo teve
início em 1889, em
Minas Gerais,
com a fundação
da Cooperativa
Econômica dos
Funcionários Públicos de
Ouro Preto — cujo foco era o
consumo de produtos agrícolas. Depois dela, surgiram outras
cooperativas em Minas e também
nos estados de Pernambuco, Rio
de Janeiro, São Paulo e Rio Grande
do Sul.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 12 MÓDULO 1


Em 1902, o padre suíço Theodor
Amstad fundou a primeira
cooperativa de crédito do Brasil:
a Sicredi Pioneira, que continua
até hoje em atividade.
Com sede em Nova
Petrópolis (RS), a
cooperativa foi a solução
encontrada por Amstad
para melhorar as vidas dos
moradores do município,
que até então não contava
com nenhum banco.

A partir de 1906, foi a vez de surgirem as cooperativas agropecuárias, idealizadas por produtores
rurais e por imigrantes, especialmente de origem alemã e italiana. Eles trouxeram de seus países
de origem a bagagem cultural, o trabalho associativo e a experiência de atividades familiares
comunitárias, que os motivaram a se organizar em cooperativas.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 13 MÓDULO 1


Com a propagação da doutrina
cooperativista, as cooperativas
tiveram sua expansão num modelo
autônomo, voltado para suprir as
necessidades dos próprios sócios,
livrando-se da dependência dos
TÉCNICA

especuladores. Embora houvesse


um movimento de difusão do
cooperativismo, poucas eram
as pessoas informadas sobre
o assunto. Faltava de tudo um
pouco, desde material apropriado
à criação de uma entidade de
representação que congregasse e
defendesse todas as cooperativas
até leis que amparassem esse tipo
de entidade.

Em 2 de dezembro de 1969, cartório. Nascia formalmente


o cooperativismo ganhou a entidade representante e
sua própria entidade de defensora dos interesses do
representação. Naquele dia, cooperativismo nacional,
foi criada a Organização das como sociedade civil e
Cooperativas Brasileiras sem fins lucrativos, com
(OCB), e no ano seguinte, a neutralidade política e
entidade foi registrada em religiosa.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 14 MÓDULO 1


Dois anos depois, a Lei o papel de representação
5.764/71 disciplinou a da OCB, mas trazendo
criação de cooperativas com ainda alguns pontos que
a instituição de um regime restringiam, em parte, a
jurídico próprio, destacando autonomia dos associados.

Essa limitação
foi superada pela
Constituição de
1988, que proibiu
a interferência
do Estado nas
associações, dando
início efetivamente
à autogestão do
cooperativismo.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 15 MÓDULO 1


Em 1995, o cooperativismo brasileiro ganhou reconhecimento internacional. Roberto Rodrigues, ex-
presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, foi eleito o primeiro não europeu a presidir
a Aliança Cooperativista Internacional (ACI). Este fato contribuiu também para o desenvolvimento
das cooperativas brasileiras.

No ano de 1998, foi criado o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop).


A mais nova instituição do Sistema “S” veio somar à OCB com o viés da educação cooperativista.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 16 MÓDULO 1


Sete anos depois, os interesses
em 2005, a formação da categoria
do Sistema OCB se econômica,
completa com a coordenando o
criação da entidade Sistema Sindical
que iria responder pela Cooperativista. E
representação sindical nessa missão, ela
das cooperativas. A conta também
Confederação Nacional com federações
das Cooperativas e sindicatos de
(CNCoop) defende cooperativas.

A União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes)


foi fundada em junho de 2005, na cidade de Luziânia/GO. A sede funciona em Brasília (DF) e
representa nacionalmente as cooperativas. O objetivo é ser um instrumento de
representação do cooperativismo solidário, que se relaciona com a agricultura familiar,
povos tradicionais, assentamentos da reforma agrária, entre outras categorias, visando o
desenvolvimento sustentável nas ações de apoio aos associados e associadas. A Unicafes é
uma pessoa jurídica de direito privado e não possui fins econômicos. A Unicafes é uma
Organização Não Governamental, que propõe a inclusão social de cooperados e
cooperadas, articulando iniciativas econômicas que ampliem as oportunidades de
trabalho, de distribuição de renda, de produção de alimentos, de melhorias da qualidade
de vida, da preservação da biodiversidade e da diminuição das desigualdades.

Gostei da história, mas o que une estes empreendimentos coletivos?

Boa pergunta, Rita! Partimos para um próximo passo do nosso curso. Vamos falar
sobre os princípios destes empreendimentos, que foram criados pelo Pioneiros
de Rochdale e sistematizados em 1995, durante a realização do Congresso da
Aliança Cooperativa Internacional (ACI), em Manchester.

Isto mesmo, Seu Edvaldo. E agora vou detalhar estes sete princípios.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 17 MÓDULO 1


1.2 - Princípios das cooperativas e associações

Adesão voluntária e livre

Associações e cooperativas são grupos de


indivíduos organizados voluntariamente, reunindo
as pessoas que queiram usar seus serviços, de
acordo com o Estatuto. Devem estar dispostas a
aceitar as responsabilidades de sócio e cooperado,
sem discriminação social, racial, política, religiosa
e de gênero.

Gestão democrática pelos sócios e cooperados

Associações e cooperativas são organizações


democráticas, controladas por seus sócios, que
participam ativamente no estabelecimento de
suas políticas e na tomada de decisões. Homens
e mulheres, eleitos como representantes, são
responsáveis perante os sócios. Em ambas, nas
assembleias, cada pessoa tem direito a um voto, e
todos os votos têm o mesmo peso.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 18 MÓDULO 1


Participação econômica dos sócios e cooperados

Os sócios contribuem de forma equitativa e controlam democraticamente


as suas associações. Aqui entra uma das diferenças mais marcantes entre as
cooperativas e associações. Associações não precisam, necessariamente,
que os sócios contribuam financeiramente com ela, enquanto que, para se
tornar um cooperado, é necessário adquirir cotas-parte. Eventuais sobras
financeiras devem ter seu destino decidido em assembleia geral, mas o
superavit das associações deve ser destinado às finalidades da própria
associação, enquanto a cooperativa pode distribuir seus rendimentos.

Autonomia e independência

Cooperativas e associações são entidades


autônomas. Qualquer acordo com outras
entidades, governamentais ou não, deve ser feito
de forma a preservar seu controle democrático
pelos membros e autonomia.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 19 MÓDULO 1


Educação, formação e informação

As associações e cooperativas devem proporcionar


educação e formação aos sócios, dirigentes
eleitos e administradores, de modo a contribuir
efetivamente para o seu desenvolvimento. As
cooperativas, inclusive, têm a obrigação legal de
terem o Fundo de Assistência Técnica, Educacional
e Social.

Interação/Intercooperação

Estas entidades atendem a seus membros


mais efetivamente e fortalecem o movimento
associativista e cooperativista trabalhando juntas,
por meio de estruturas locais, nacionais, regionais
e internacionais. As transações entre cooperativas,
o chamado ato cooperativo, têm algumas isenções
tributárias.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 20 MÓDULO 1


Interesse pela comunidade

As associações e cooperativas trabalham pelo


desenvolvimento sustentável de suas comunidades,
municípios, regiões, estados e país, por meio de
políticas aprovadas por seus membros.

Agora que conhecemos um pouco do que são e para que servem as cooperativas e
associações, vamos tratar das leis que normatizam esses empreendimentos.

Apesar de parecer um tema complexo, é muito


importante ter uma noção dos aspectos legais,
pois estas entidades são pessoas jurídicas, ou seja,
elas precisam cumprir a legislação.

Isso mesmo, Ana. Manter as obrigações legais em dia costuma


ser um desafio para várias entidades na Amazônia.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 21 MÓDULO 1


TÉCNICA

Para encerrar este tema, vamos apresentar um


tabela-resumo do que falamos até agora.

CRITÉRIO ASSOCIAÇÕES COOPERATIVAS

São sociedades de pessoas,


com forma e natureza
Constituem-se as jurídica próprias, de
associações pela união de natureza civil, não sujeitas
Definição Legal pessoas que se organizam à falência, constituídas
para fins não econômicos para prestar serviços aos
(art. 53, Lei nº 10.406/2002). associados, distinguindo-se
das demais sociedades (art.
4º, Lei nº 5.764/71).

Prestar serviços de
Prestar serviços de interesse econômico e
interesse econômico, social aos cooperados,
Objetivos
técnico, legal, cultural e viabilizando e
político de seus associados. desenvolvendo sua
atividade produtiva.

Possui capital social, o que


Formado por taxa paga
facilita o financiamento
Patrimônio/capital pelos associados, doações,
junto às instituições
fundos e reservas.
financeiras.

20 pessoas, excetuando as
A lei não define o número cooperativas de trabalho,
Mínimo de pessoas para mínimo de pessoas (físicas para as quais se exige o
constituição e/ou jurídicas) para se mínimo de 7 (sete) pessoas.
constituir uma associação. Art. 6º e subsequentes da
Lei nº 5.764/1971.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 22 MÓDULO 1


As decisões são tomadas As decisões são tomadas
em assembleia geral e cada em assembleia geral e cada
Forma de gestão
pessoa tem direito a um pessoa tem direito a um
voto. voto.

Realizam plena atividade


Podem realizar atividades comercial,
de comércio somente para operações financeiras,
a implantação de seus bancárias e pode
objetivos sociais. candidatar-se a
Operações
Podem realizar operações empréstimos e aquisições
bancárias usuais, tomar do governo federal. As
empréstimo a programas cooperativas de produtores
especiais. rurais são beneficiadas pelo
crédito rural de repasse.

De acordo com o art.


18 da Lei nº 12.868, de
15 de outubro de 2013,
os dirigentes podem Os dirigentes podem ser
gozar de imunidade remunerados por retiradas
tributária desde que os mensais pró-labore
Remuneração dirigentes estatutários definidas pela assembleia,
recebam remuneração além do reembolso de suas
bruta inferior a 70% despesas.
do limite estabelecido
para a remuneração
dos servidores do Poder
Executivo Federal.

Escrituração mais
complexa por causa do
maior valor dos negócios
Escrituração contábil
Contabilidade e da necessidade de
simplificada.
contabilidades separadas
para as operações com
sócios e com não sócios.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 23 MÓDULO 1


1.3 - Encerramento do módulo 1

Esse primeiro módulo foi muito esclarecedor. Ficaram


bem definidas as características das cooperativas e das
associações. Também foi importante ter uma noção geral
sobre as leis relacionadas a estas instituições.

No próximo módulo, vamos colocar a


mão na massa e entender como criar
estas organizações.
TÉCNICA

Lembre-se de fazer os exercícios.


Até mais!

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 24 MÓDULO 1


MÓDULO 2
Cooperativas e Associações
2 - Cooperativas e Associações

Olá! Vamos continuar nossos estudos. Neste módulo iremos aprender quais são os
requisitos para a criação de um empreendimento cooperativista ou associativista. Qualquer
empreendimento nasce da vontade de um grupo existente seguir um caminho burocrático
para atender suas necessidades. No caso de cooperativas, é importante que exista um
grupo de mais de 20 pessoas que não sejam aparentadas.

Pessoal, antes das reuniões, é preciso ter cuidado com a escolha do local e horário, com
boa divulgação e antecedência. Outro ponto a ser considerado é montar uma lista de
participantes da organização e de parceiros, como instituições de assistência técnica e da
Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

É interessante também que as entidades de


extensão que atuam no local, como a Emater,
estejam presentes para esclarecer possíveis
dúvidas e deixar claros os procedimentos
necessários.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 26 MÓDULO 2


Vamos apresentar alguns questionamentos mais comuns nas reuniões.

Quais as necessidades a serem


1 atendidas pela nova entidade?
3 Qual a relação do número de
pessoas envolvidas com a
Quais os objetivos da mesma? viabilidade e dificuldade da
organização?

2 No caso de Cooperativas, que


produtos serão comercializados?
Quais são os requisitos para
Qual será a atividade econômica 4 as candidaturas de diretoria e
principal da Cooperativa? Os
conselho fiscal?
interessados estão dispostos
a entrar com a sua parte no
capital necessário para viabilizar
a cooperativa? O volume de
É possível que mais de uma
negócios é suficiente para que os
cooperados tenham benefícios?
5 entidade tenha o mesmo nome
Os interessados estão dispostos na Junta Comercial?
a operar integralmente com a
cooperativa?

Ana, qual o primeiro passo para


criação de uma cooperativa?

Primeiro deverá ser criada uma comissão,


encarregada de organizar, conduzir e
fiscalizar o processo de constituição da
entidade. É aconselhável que ela seja TÉCNICA

composta por pelo menos quatro pessoas


que conheçam a estrutura e o processo
de criação de uma entidade coletiva e que
não irão participar da administração da
Cooperativa ou Associação, ao menos na
primeira eleição.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 27 MÓDULO 2


Em muitas situações, agentes de ATER e
representantes da OCB participam desta
comissão com o propósito de auxiliar o
processo e esclarecer as principais dúvidas
durante a constituição da entidade. TÉCNICA

A Comissão também precisa verificar se existem


20 pessoas que queiram assumir a diretoria da
Cooperativa (formando uma chapa) e que estejam
aptas para isso.

Vamos apresentar os fatores impeditivos para assumir o cargo de diretoria ou conselho fiscal.

• Impedidos por lei – ou seja, não podem ser vereadores, deputados, senador, governador ou
prefeito.
• Não podem ser menores de idade ou maiores de 70 anos.
• Não podem estar presos ou responder a processo criminal transitado e julgado culpado.
• Não podem ser parentes entre si até o segundo grau, em linha reta ou colateral, ou por
afinidade.

Conselho Fiscal Associações

• A diretoria não pode ter pessoas • Apenas os requisitos de idade


em comum. e de idoneidade (Antecedentes
• É desejável que saibam ler e criminais e sem nome sujo) são
escrever. necessários.
• Não podem estar com o nome sujo
(Inscrito na dívida ativa ou com
nome no SPC ou SERASA).

Se houver mais de uma chapa, será


TÉCNICA

necessário elaborar um regimento


para elaborar o processo de eleição.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 28 MÓDULO 2


Para a formação de uma entidade, temos:
• Levantamento dos custos para criação e
funcionamento.
• Contratação de colaboradores (advogado,
contador e administrativo).
• Recursos materiais, financeiros e pessoais.
• Organização e divisão de tarefas.
• Elaboração do Estatuto.

O Estatuto, por ser uma ferramenta de muita importância e trazer as regras da organização,
é um documento essencial para a criação da entidade. Tem que ser pensado nos propósitos,
direitos e deveres, o funcionamento e atender aos quesitos legais, entre outras coisas. É um
documento que após validado é difícil de ser alterado.

Apenas após seu registro em cartório ou na junta comercial a entidade é considerada


juridicamente existente. O seu conteúdo determina o relacionamento interno e externo da
sociedade, atribuindo-se identidade ao empreendimento. As cláusulas devem conter:

• discriminação do seu objetivo


• a sua qualificação
• tipo jurídico de sociedade
• a denominação, localização
• seu objeto social
TÉCNICA
• forma de integralização do capital social
• prazo de duração da sociedade
• data de encerramento do exercício social
• foro contratual, entre outros.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 29 MÓDULO 2


Para a constituição da identidade do empreendimento, alguns itens deverão ser respondidos e
validados, dentre eles:

a denominação social

b prazo de duração

c sede: município

d objeto social, definido de modo preciso e completo

e capital social, expresso em moeda nacional (Só se aplica em cooperativas).

f
ações: número em que se divide o capital, espécie (ordinária, preferencial, fruição),
classe das ações e se terão valor nominal ou não, conversibilidade, se houver, e
forma nominativa (art. 11 e seguintes, Lei nº 6.404/76). Só se aplica em cooperativas.

g
diretores: número mínimo de dois, ou limites máximo e mínimo permitidos; modo
de sua substituição; prazo de gestão (não superior a três anos); atribuições e
poderes de cada diretor

h
conselho fiscal, estabelecendo se o seu funcionamento será ou não permanente,
com a indicação do número de seus membros - mínimo de três e máximo de cinco
membros efetivos e suplentes em igual número

i término do exercício social, fixando a data

Após as etapas apresentadas até aqui, o próximo passo é


a realização da primeira assembleia para constituição do
empreendimento. A reunião deve ser amplamente divulgada
para a comunidade, pelos meios que atinjam as pessoas
TÉCNICA

que participarão e com antecedência mínima de dez dias. O


edital de convocação deve ser publicado em jornal local.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 30 MÓDULO 2


Esta assembleia deve ser realizada com a presença de todos
os associados, sendo considerada uma etapa formal do
processo de legalização. É realizada no ato de constituição
da associação, na presença de todos os associados.
Nessa Assembleia, será escolhido o nome da associação e a
TÉCNICA

sede, além de ser aprovado, ainda, o Estatuto Social. Serão


eleitos também os representantes dos órgãos de direção
(Conselho de Administração, Diretoria e Conselho Fiscal).

Completando o que a Ana vem explicando, nessa


assembleia, os documentos dos interessados para
compor o processo de criação que serão enviados à Junta
Comercial do Estado também devem ser coletados, bem
como as fichas de inscrição dos associados ou cooperados.
Registrar na junta comercial nem sempre é obrigatório
para Associações. Verificar caso a caso, porque varia de
acordo com o Estado.

Isso, Edvaldo! Esta assembleia ocorre geralmente em


um dia, mas dependendo das discussões pode ter
duração até dois dias. É preciso ter então as fichas de
TÉCNICA

inscrição das chapas, fichas de associados ou


cooperados, e as declarações de opção livre e não
impedimento dos membros da chapa.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 31 MÓDULO 2


E quando todos esses papéis estiverem
corretos, sem nenhuma pendência, qual o
próximo passo?

Rita, a comissão checa se todos os representantes das chapas


para a administração estão presentes e se existe quórum para a
realização da Assembleia. Para cooperativas o quórum mínimo
é de 20 pessoas, e para associações não tem mínimo além dos
membros das chapas.

Caso não haja quórum, a Comissão terá que agendar uma nova data, publicar o edital de
convocação novamente, fazer um novo ofício de chamamento dos interessados.

Se tudo estiver certo, a Comissão faz a abertura da assembleia lendo o edital


de convocação da Assembleia. Depois a comissão pede que os presentes
escolham um(a) presidente para presidir a mesa e um (a) secretário(a) para
realização da ATA da Assembleia.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 32 MÓDULO 2


O presidente da mesa vai ler o Estatuto e se houver correção ou
proposta de alteração, essas só poderão ser realizadas mediante a
aprovação da plenária. Ao final da leitura a plenária deverá aprovar o
estatuto.

Com a aprovação do estatuto, é iniciado o processo eleitoral da


Administração da Cooperativa, e para isso o presidente da mesa
apresenta os candidatos, que fazem seus discursos, e o presidente da
mesa fala sobre a maneira que se dará a votação.

Após a votação é anunciada a chapa vencedora e apresentadas ao


plenário as pessoas, confirmando os nomes e cargos que irão ocupar na
administração da entidade.

Para o encerramento da Assembleia deve ser realizada a


leitura da Ata, sua aprovação e posterior assinatura pelos
Associados ou Cooperados.
TÉCNICA

Após a realização da Assembleia de Constituição a


cooperativa tem um prazo de 30 dias para dar
entrada da documentação da cooperativa na Junta
Comercial do Estado. As associações não precisam deste
passo, antes do registro na junta comercial, a Ata de
criação, o estatuto e o quadro societário fundador precisa
ser registrado em cartório, a não ser nos casos em que tem
por objetivo algum apoio à comercialização.

A Diretoria eleita agora é responsável por dar continuidade


ao processo de constituição da cooperativa?

Isso mesmo, a diretoria também deve assinar os documentos,


Ata e Estatuto e outros documentos apresentados pelo contador
para registro da cooperativa. Embora o registro de Associações
seja bem mais simples, o apoio de um contador nesta hora ajuda
bastante também.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 33 MÓDULO 2


Qual a diferença da Ata e o Estatuto?

TÉCNICA

A Ata da Assembleia tem que estar assinada pelos sócios


fundadores. Já o Estatuto será assinado pelo presidente
e secretário, contudo, os sócios fundadores precisarão
rubricar todas as páginas do documento. Além disso,
um advogado deverá assinar como responsável legal
pela elaboração do Estatuto.

SAIBA MAIS

A documentação dos sócios-fundadores deve estar fotocopiada e organizada por


ordem de aparição na ata de constituição. Tanto a Ata como o Estatuto devem ser
registrados no Cartório de Registro de Pessoa Jurídica.

Antes de fazer o registro no cartório, os diretores devem


procurar o contador para saber da obrigatoriedade de
registrar o estatuto antes ou depois do cadastro na Junta
Comercial.
TÉCNICA

Isso porque se fizer o registro antes e houver recomendações de


alterações pela Junta Comercial o prazo para alterações é de 20
dias e será preciso pagar novamente o registro em cartório.
Por isso o ideal é registrar no cartório depois da aprovação pela
junta comercial, mas somente o contador é que possui o acesso
no sistema da Junta Comercial para saber se ela está utilizando
o sistema de via única, que desobriga o registro no cartório para
a entrada do processo de criação na Junta Comercial.
O contador ainda precisa dar entrada na Receita Federal para a
criação do CNPJ da entidade antes.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 34 MÓDULO 2


Nossa! É muito importante então guardar os prazos
de cada processo! Eu li que quando o CNPJ estiver em
mãos é necessário um certificado Digital. Mas para que
ele serve?

Exatamente, Dona Bené! Com a cooperativa criada e o


CNPJ em mãos será necessária a compra do Certificado TÉCNICA

Digital para a Cooperativa e para o responsável legal.


Este certificado tem a função de enviar para a
receita federal as informações fiscais, trabalhistas e
previdenciárias da cooperativa, ou seja, ele faz o controle
se a cooperativa está pagando os impostos corretamente
e libera a emissão de Notas Fiscais.

TOME NOTA

Esses processos são feitos todos por meio eletrônico, e, para tanto, é necessário obter um
certificado digital que funciona como uma chave ou senha para o processo. Há uma certa
controvérsia jurídica sobre o Certificado Digital para Associações, mas de um modo geral, é
melhor tê-lo.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 35 MÓDULO 2


Encerramento do módulo 2

Muito importante essas informações adquiridas nesse


módulo. Não fazia ideia de como era criada uma
cooperativa ou associação.

Verdade Rita!
Gostei bastante!

Que bom que gostaram, mas o trabalho


está só começando!

É importante que a diretoria e os TÉCNICA

sócios entendam seus papéis de criar


um sistema de gestão, bem como um
planejamento para a entidade.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 36 MÓDULO 2


MÓDULO 3
Operação e Cotidiano
3 - Operação e Cotidiano

Agora que dialogamos sobre o processo de criação de uma


associação ou cooperativa, precisamos esclarecer o que é
Governança. Ana, você pode começar?

Pessoal, governança é o conjunto de processos, regulamentos e decisões que compõem a


administração de uma organização. No caso de cooperativas e associações, os associados
e cooperados, em Assembleia, são a maior instância de tomada de decisões, havendo
uma série delas que, por lei, só cabe ao conjunto dos sócios fazerem. Os dirigentes eleitos
são responsáveis por implementar as decisões das Assembleia, e tomar decisões para o
funcionamento da associação no seu dia a dia.

A construção de boas práticas de governança em associações e cooperativas representa o


legítimo processo pelo qual os associados escolhem, de forma democrática, os objetivos que
pretendem atingir e a forma de implantar ações para alcançá-los, indicando as lideranças
e acompanhando seu trabalho. A participação de todos os associados neste processo
democrático é fundamental. Vamos conferir a seguir quem são os envolvidos neste processo,
os chamados atores de governança.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 38 MÓDULO 3


3.2 - Atores da Governança
3.2.1 - Cooperados/Associados

O associado, por ser proprietário, é a parte mais interessada


nos negócios da organização associativa (principalmente a
cooperativa, onde a propriedade é coletiva), portanto, deve
sempre agir com o olhar de “dono”, sendo um instrumento
efetivo de fiscalização e controle da organização por meio
da participação.
TÉCNICA

A participação dos associados na cooperativa e associação


deve ser estimulada por meio da estruturação de ambientes
e instrumentos propícios para liberdade de expressão e
o diálogo, e com o objetivo de desenvolver um senso de
pertencimento, propriedade e capacidade de influenciar os
rumos da organização.

Vamos conhecer alguns exemplos de boas práticas de participação dos associados:

A. Canais de fornecimento de informações aos


associados que vão além da Assembleia Geral.

B. Reuniões periódicas durante o ano e/ou pré-


assembleias, objetivando que as informações
sobre as atividades e resultados da entidade
possam ser partilhadas. É importante que a
Diretoria crie um clima que permita aos associados
manifestar suas críticas e sugestões livremente.

C. Canais de recebimento de reclamações e sugestões


com retorno ao associado do andamento de suas
contribuições.

D. Atividades contínuas de educação e formação


visando que todos os associados e cooperados
conheçam seus direitos e deveres na lei, no
estatuto e no planejamento da entidade,
especialmente em casos de perda e/ou prejuízo.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 39 MÓDULO 3


3.2.2 - As Assembleias Gerais

Na Assembleia Geral, cada associado tem um voto e as deliberações


são aprovadas pela maioria simples (50% + um). A administração deve
se esforçar para garantir uma participação efetiva dos cooperados e
TÉCNICA
associados nas decisões da Assembleia, que é o órgão soberano das
cooperativas e associações. A lei exige apenas o edital de convocação,
mas é bom ir além disso, com mecanismos de comunicação que
cheguem aos cooperados e associados, e explique os assuntos de
forma clara, conscientizando para a participação e voto consciente.

Ana, a reunião da Assembleia Geral deve ser divulgada


com quanto tempo de antecedência?

A Lei das Cooperativas exige um prazo mínimo de dez dias de antecedência para
publicidade da Assembleia Geral, mas é melhor que a data escolhida possibilite a
presença do maior número de associados (então é bom consultar o calendário de
atividades da comunidade, por exemplo), seja divulgada com mais antecedência,
perto de 30 dias, com a maior publicidade possível e por meios que alcancem os
participantes.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 40 MÓDULO 3


Na votação, o associado e o cooperado têm direito a
quantos votos?

Nas Assembleias, cada cooperado e associado tem direito a apenas um voto, e não é
permitida a representação, mesmo por procuração. A única modalidade de representação
permitida na lei é quando os cooperados elegem delegados por grupos seccionais, seja
porque estão muito distantes da sede da entidade (mais de 50 km), seja porque a entidade
tenha um número muito grande de associados ou cooperados (mais de 3.000). Neste caso,
os cooperados participam da Assembleia como ouvintes, e o direito ao voto é dos delegados.

Um manual que facilite a participação dos


cooperados e associados na assembleia pode
ser elaborado, com as regras de convocação
para a Assembleia, de funcionamento delas e
como formalizar os assuntos a serem discutidos.
As regras de votação na assembleia devem
ser claras, objetivas e acessíveis a todos os
cooperados.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 41 MÓDULO 3


IMPORTANTE

É importante notar que o diretor, cooperado ou associado, que em algum momento


tenha interesses que conflitem com a sociedade, não pode participar das deliberações
referentes a esse impedimento, e é dever dele declarar esse impedimento.

É recomendável que a cooperativa realize pré-assembleias


como forma de socializar as informações e prestações de
contas inerentes à Assembleia Geral Ordinária (AGO) ou
Assembleia Geral Extraordinária (AGE). Serão realizadas
tantas pré-assembleias quanto forem necessárias.

Bem lembrado, Ana! Esta é uma forma de dar maior espaço


TÉCNICA

aos cooperados para entenderem o processo que será


discutido nas AGO ou AGE. As pré-assembleias são um
processo natural de amadurecimento das ideias para a
tomada de decisões, servindo também para divulgação
das assembleias. Caso o empreendimento utilize o método
de eleição de delegados, estes devem ser eleitos nas pré-
assembleias.

3.2 - Atores da Governança


3.2.2.1 - Assembleia Geral Ordinária

Quantas informações relevantes!


Mas a Assembleia Geral Ordinária
deverá acontecer no decorrer de
quanto tempo?

TÉCNICA

Rita, a Assembleia Geral Ordinária deve acontecer anualmente,


em até três meses após o término do exercício social1 da
entidade. Recomenda-se a disponibilização prévia da Ordem
do dia2 do edital, pois assim os cooperados poderão se
preparar adequadamente para o momento da deliberação.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 42 MÓDULO 3


O 1exercício social é um calendário específico para a contabilidade. Ele divide um espaço de
tempo em 12 meses e, a partir disso, a entidade acompanha seus resultados de valores. Não tem
data específica, sendo que seu início pode ou não coincidir com o ano normal de 1º de janeiro
a 31 de dezembro. Isso é definido no Estatuto. Veja mais em: http://www.paranacooperativo.
coop.br/ppc/attachments/article/93810/RoteiroAGOCooperativas.pdf

2
Ordem do dia: Lista que contém os assuntos, tópicos e quaisquer funções ou tarefas, a serem
discutidos e deliberados numa assembleia, conferência, ofício ou trabalho, indicando o que
deverá ocorrer.

Como podemos definir quais assuntos devem ser


tratados em uma Assembleia Geral Ordinária?

Dona Bené, um dos assuntos que obrigatoriamente devem ser debatidos na AGO é a prestação de
contas da instituição. O relatório de gestão e planejamento também deve ser apresentado, devendo
ter sido aprovado antes pelo Conselho de Administração e/ou Diretoria. O relatório anual de gestão,
o balanço, o demonstrativo de sobras apuradas ou das perdas decorrentes por insuficiência das
contribuições para a cobertura das despesas da sociedade são de grande relevância. A prestação
de contas deve ser acompanhada do parecer do Conselho Fiscal, que deve analisá-la antes da
Assembleia Geral e apresentar sua recomendação de aprovação ou não das contas.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 43 MÓDULO 3


O que deve ser feito após a prestação de contas?

Tudo isto precisa estar registrado em Ata, constando a quantidade de votos a favor,
contra e abstenções, incluindo registros em separado, caso algum cooperado discorde da
resolução da maioria. É bom evitar o voto por aclamação, porque fica difícil o controle do
número de votos.

No caso de cooperativas, é obrigatório que a AGO decida sobre os


resultados do ano fiscal. Para associações, é uma recomendação. Se
tiver sobra, terão que decidir se a cooperativa irá devolver-lhes (essa
distribuição das sobras é vedada para associações, que, por lei, só
podem reaplicá-las apenas no objetivo da entidade) ou reaplicar no
negócio; se foram perdas, terão que decidir a forma de cobri-las.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 44 MÓDULO 3


SAIBA MAIS

A lei, no caso das cooperativas, destina parte das sobras, quando houver, da seguinte
forma: pelo menos 10% para o fundo de reserva, pelo menos 5% para o Fundo de
Assistência Técnica Educacional e Social (FATES) e, se houver previsão estatutária, o
percentual destinado aos outros fundos.

Mas se houver perdas, ou seja, prejuízo para a cooperativa durante determinado


ano fiscal, o fundo de reserva pode ser usado para cobrir estes prejuízos?

Sim! Entretanto, pode ocorrer de o saldo do fundo de reserva não ser suficiente. Neste
caso, os cooperados devem pagar a diferença. Esta decisão deve ser tomada na Assembleia
Geral e registrada em ata.

Ainda em relação às perdas, a lei permite que as despesas


fixas da cooperativa sejam distribuídas de modo igualitário
por todos os cooperados, mesmo aqueles que não tenham
usufruído dos serviços prestados por ela no período. Já as
despesas variáveis devem ser divididas na proporção do uso
dos serviços – e isso torna necessário que o controle das
despesas gerais fixas seja feito separadamente.

No entanto, se a AGO decidir, pode ser feito o rateio das


despesas de forma proporcional. Seja qual for a decisão,
ocorrendo perda, ou seja, se o valor dos ingressos não for
suficiente para pagar as despesas, os cooperados terão que
completar a diferença, depois de deduzido o saldo do fundo
de reserva.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 45 MÓDULO 3


Outro ponto que a Assembleia de Cooperativas deve decidir
é a possibilidade do pagamento de juros sobre o capital
integralizado dos cooperados – esse é o único jeito que a lei
TÉCNICA

prevê para remunerar esse capital. Esse pagamento deve estar


previsto no estatuto, e os critérios sobre o pagamento dos
juros. É bom que no estatuto esteja previsto que a cooperativa
‘poderá pagar’, ao invés de ‘deverá pagar’, porque se não
houver sobras, no último caso, ela terá de pagar assim mesmo.
Cooperativas de Crédito têm outras regras para isso, que não
serão abordadas neste momento.

Ainda sobre pagamentos, se o estatuto da entidade permitir as


remunerações ou gratificações dos conselhos, deve-se fixar o valor
dos honorários, gratificações e cédula de presença3 dos membros do
conselho de administração ou da diretoria e do conselho fiscal, que
deverá constar nas deliberações registradas em ata da assembleia geral
ordinária.
Veja uma sugestão de texto para ser lavrado em ata:

“Os membros do conselho de administração/diretoria executiva e


conselho de fiscalização receberão ou não receberão remuneração
a título de pró-labore e/ou cédula de presença ou participação pelas
funções desempenhadas na cooperativa diante de suas atribuições
legais e estatutárias.”

Estes assuntos devem constar na ordem do dia e da ata da assembleia,


mesmo que nada tenha mudado em relação à última AGO.

3
Cédula  de  presença  é uma  remuneração baseada na  presença  da pessoa/cooperada/
dirigente eleito quando o mesmo participa de uma reunião de trabalho na cooperativa ou para
a cooperativa, é como se fosse uma diária e serve como ajuda de custos ou recompensa pelo
trabalho com base na presença em uma reunião. É muito comum para conselheiros fiscais e
conselheiros administrativos, onde os membros possuem uma reunião ordinária prevista por
lei e registrado em Ata. Essa remuneração é definida exclusivamente pela Assembleia Geral da
cooperativa, e é pauta obrigatória de Assembleia Geral Ordinária segunda a Lei 5764/71. 

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 46 MÓDULO 3


E como proceder se a AGO não aprovar as contas do ano?

Rita, neste caso, deverá ser feito um encaminhamento da AGE no sentido de resolver o
problema que gerou essa decisão. A assembleia pode ficar em ”aberto” até que se resolva o
problema – isso reduz os custos de convocação da AGO – ou pode-se decidir encerrar a AGO
com essa decisão e realizar outra assembleia, ou seja, uma extraordinária para apreciar as
contas e realizar nova decisão. O mais importante é que tudo fique registrado na Ata da
Assembleia Geral e que se respeite as previsões estatutárias e legais.

E finalmente, no caso de haver eleições na AGO, é bom que as propostas


das chapas tenham sido apresentadas antes, e o debate sobre as
propostas deve ocorrer agora, bem como as eleições.
Vamos conferir as etapas estabelecidas em Estatuto para realização de
uma Assembleia Geral?

Regras de
Ordem do Dia votação

Edital de Regimento
Pré-assembleias Convocação Eleitoral

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 47 MÓDULO 3


Pré-assembleias São reuniões prévias que favorecem um processo natural de
amadurecimento das ideias para a tomada de decisões, servindo
também para divulgação das assembleias. Caso a cooperativa ou
associação possua a boa prática de OQS, as pré-assembleias podem acontecer nas reuniões
dos grupos organizados.

Estas reuniões têm como objetivos: discutir, socializar as possíveis pautas e elaborar as
prestações de contas.

Ordem do Dia Recomenda-se a disponibilização prévia da “ordem do dia” do


edital para que os cooperados possam preparar-se adequadamente
para sua deliberação. Quando houver na pauta do edital o tema “A
prestação de contas”, o mesmo deve conter, além das demonstrações contábeis, o relatório
de gestão baseado nas estratégias e planos anteriormente propostos pela Direção eleita e
plano orçamentário.

As cooperativas que remuneram os órgãos diretivos devem divulgar os valores das


remunerações dos seus membros do Conselho de Administração/Diretoria e do Conselho
Fiscal, de forma individualizada.

Também é esperado que as cooperativas e associações utilizem um ou mais dos canais de


relacionamento com os associados para apresentar e promover o debate entre os candidatos
proponentes à eleição do Conselho de Administração/Diretoria e do Conselho Fiscal.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 48 MÓDULO 3


Edital de
Convocação
A convocação da Assembleia Geral deve considerar:

• Local, data e hora: observar a distância para possibilitar a presença do maior número
de cooperados.
• Pauta de discussão: garantir a divulgação prévia da pauta, com intervalo de tempo
suficiente para que os associados possam analisar e refletir sobre os pontos que serão
discutidos no evento.

É recomendável que a convocação da assembleia ocorra com tempo superior aos 10 (dez)
dias e que se aproxime aos 30 (trinta) dias, assim como previstos na Lei nº 5.764/1971,
conhecida como Lei das cooperativas.

A divulgação do edital deve ser feita nos meios de comunicação com ampla escala, com o
objetivo de alcançar o maior número de associados.

Regras de
A elaboração de manuais visa facilitar e estimular a participação
votação
dos associados nas assembleias. Esses manuais podem
tratar tanto das regras de convocação quanto das regras de
funcionamento e formalização das assembleias.
As regras de votação devem ser claras, objetivas e definidas com o propósito de facilitar a
votação, além de estarem disponíveis desde a publicação do edital.

O diretor ou associado que, em qualquer operação, tenha interesse oposto ao da organização


associativa, não pode participar das deliberações referentes a essa operação, cumprindo-
lhe acusar tal impedimento.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 49 MÓDULO 3


Regimento O Regimento Eleitoral é o instrumento normativo elaborado
Eleitoral pela cooperativa ou associação para disciplinar, por meio de
protocolo único, os processos eleitorais na sociedade, devendo,
basicamente, tratar das seguintes questões:

• Os trabalhos relativos à eleição (da instalação até o encerramento, que deve ocorrer
em Assembleia Geral);
• Inscrições e elegibilidade de candidatos e chapas registradas nos processos eleitorais,
direito e autonomia dos votantes, assim como restrições, impedimentos, impugnações
e modificações vinculadas;
• Designação das mesas coletoras e apuradoras de votos;
• Aplicação e respeito aos princípios e às diretrizes eleitorais;
• Prazos e tempos para inscrição, recontagens, deliberações, votações, recursos e outros
atos pertinentes ao processo eleitoral deflagrados por quaisquer partes envolvidas ou
exigíveis para o bom andamento dos trabalhos;
• Definição, organização e aplicação de recursos necessários ao processo eleitoral;
• Registros em atas e outros documentos aplicáveis, assim como a manutenção de
arquivos necessários.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 50 MÓDULO 3


3.2 - Atores da Governança
3.2.2.2 - Assembleia Geral Extraordinária

A Assembleia Geral Extraordinária (AGE) é convocada quando se tem


assuntos que precisam ser decididos antes da próxima AGO.
TÉCNICA

Qualquer assunto de interesse social pode ser matéria de deliberação


em AGE, desde que descrito de forma clara no Edital de Convocação.
Contudo, existem alguns assuntos que precisam, por lei, ser
discutidos em uma AGO: alterações de estatuto, fusão, incorporação,
desmembramento da entidade, término da entidade ou alteração em
seu objetivo.

SAIBA MAIS

Esses temas, além de serem exclusivos da AGE, precisam ser aprovados por 2/3 dos
associados presentes, e deve ser registrada na ata a quantidade de votos contra, a
favor e os votos em separado4.

Voto em separado é quando um associado ou cooperado vota contra a decisão da Assembleia,


4

mas pede que seu voto e motivações sejam registrados em ATA de forma separada.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 51 MÓDULO 3


3.2 - Atores da Governança
3.2.3 - Assembleia Geral Extraordinária

Quais são as atribuições do Conselho Fiscal? Como ele é


criado?

Além dos atores de governança que vimos até aqui,


temos os órgãos de fiscalização necessários às boas
práticas de governança da cooperativa. Eles buscam o
alinhamento dos interesses dos órgãos de administração
aos interesses dos cooperados. Numa cooperativa TÉCNICA

ou associação, os cooperados ou associados podem


fiscalizar, de forma independente, ou podem contratar
auditorias internas ou externas, mas o dever de fiscalizar
é do Conselho Fiscal, que é subordinado diretamente à
Assembleia Geral, e não deve ter conflitos de interesse
com os órgãos de administração.

Pela lei, toda cooperativa ou associação deve ter um Conselho


Fiscal, que deve atuar de forma independente e assegurar efetiva
transparência dos negócios da cooperativa. Para tanto, deve
fiscalizar os atos da administração, opinando sobre determinadas
questões e fornecendo informações aos cooperados. Seus principais
objetivos devem ser estabelecidos no regimento interno. O Conselho
Fiscal tem o direito de fazer consultas a profissionais externos,
como contadores, advogados, auditores, dentre outros, para obter
subsídios em assuntos importantes da instituição.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 52 MÓDULO 3


Mas como podemos montar este Conselho?

Embora nem sempre seja possível, é recomendável que o Conselho seja composto por
membros com capacidade técnica para analisar assuntos financeiros e contábeis, além
de entender dos assuntos relativos ao campo de atuação da Cooperativa. Além disso, não
devem ser empregados ou ter outros negócios com a cooperativa.

IMPORTANTE

É importante que, logo depois de eleito, o Conselho Fiscal estabeleça uma agenda
mínima de trabalho, com as reuniões ordinárias e as informações que eles precisam
para estas reuniões, bem como a forma de divulgação de seus trabalhos. O trabalho
do Conselho deve sempre ser registrado e, idealmente, devem possuir um regimento
interno. Caso os integrantes sejam remunerados, essa remuneração deve ser aprovada
pela AGO e registrada em ata.

O Conselho fica no mandato por


quanto tempo?

No caso de cooperativa, a lei fixa em um ano o mandato TÉCNICA

do Conselho Fiscal. Em associações, geralmente, esse


prazo é seguido, mas não é obrigatório. A cada eleição, é
importante verificar a ausência de impedimentos.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 53 MÓDULO 3


SAIBA MAIS

A lei determina, ainda, que 2/3 (dois terços) dos membros do Conselho Fiscal devem
ser substituídos anualmente. Como o Conselho Fiscal é composto, obrigatoriamente,
de 6 (seis) membros, sendo 3 (três) efetivos e 3 (três) suplentes, pelo menos 4 (quatro)
devem ser trocados. É importante notar que, em cooperativas com poucos cooperados,
é bom que não haja muitas pessoas no Conselho Fiscal, para não dificultar a renovação
mínima obrigatória.

Compete ao Conselho Fiscal acompanhar e exercer fiscalização assídua e minuciosa sobre as


operações, atividades e serviços da cooperativa, ficando responsável, dentre outras, pelas seguintes
atribuições:

Examinar e emitir pareceres sobre o balanço patrimonial da cooperativa, sobre as


a sobras e perdas e o fluxo de caixa, propostas de orçamentos anuais e plurianuais, e
qualquer outras movimentações financeiras.

Solicitar ao órgão de administração a contratação de auditoria independente


b sempre que estes serviços forem considerados indispensáveis ao bom desempenho
de suas funções.

c Elaborar e atualizar o seu regimento interno.

Propor à Administração os prazos e formas da apresentação de balanços,


d demonstrativos financeiros e prestação de contas, e analisar esses documentos.

Caso o Conselho Fiscal verifique irregularidades, deve recomendar à diretoria que


efetue correções nos setores contábil, financeiro e orçamentário. Também pode,
e e em alguns casos deve, recomendar alterações com base dos resultados de suas
análises ou auditoria.

O Conselho fiscal pode solicitar o comparecimento de qualquer cooperado ou


f empregado para prestar os esclarecimentos necessários.

O Conselho Fiscal tem o dever de apurar as reclamações dos cooperados sobre


g os serviços da cooperativa, ou sobre erros voluntários ou não dos órgãos de
administração da Cooperativa.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 54 MÓDULO 3


Deve conferir se existem pendências ou deveres a cumprir com autoridades, sejam
h fiscais, trabalhistas ou administrativas, e com outros cooperados, empregados ou
cooperativas.

Verificar se as ações e orçamentos propostos e aprovados em Assembleia Geral


i foram executados, e, caso contrário, se estão devidamente justificados e relatados
na prestação de contas da gestão e informar ao órgão de administração sobre as
conclusões de seu trabalho.

J Convocar a Assembleia Geral na forma do art. 38, § 2º, da lei cooperativista.

Atender às solicitações dos cooperados que tenham por objeto a verificação das
K operações, atividades e serviços da cooperativa.

Os pareceres do Conselho Fiscal devem abordar


aspectos relevantes constatados em sua
análise, fazendo referência às recomendações TÉCNICA

dos auditores, quando existir. A cooperativa


deve dispor de canais institucionais para que
os cooperados possam acompanhar e cobrar o
trabalho do Conselho Fiscal.

Para o bom funcionamento do Conselho Fiscal, temos:

Apoio Técnico Regimento Interno do Conselho Fiscal

Composição do Conselho Fiscal Pareceres do Conselho Fiscal

Agenda de trabalho do Conselho Fiscal

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 55 MÓDULO 3


Apoio Técnico

O Conselho Fiscal deve ter o direito de fazer consultas a profissionais externos habilitados e
independentes, pagos pela organização, para obter subsídios em matérias de relevância, tais
como:

Contador (a) Advogado (a) Auditor (a)

É o profissional que lida com a Este profissional oferece assessoria É um profissional que
área financeira, econômica e jurídica em situações que realiza uma auditoria em
patrimonial. Ele é responsável necessitam de maior segurança conformidade com as leis ou
técnico pela elaboração das jurídica nas atividades praticadas regras específicas sobre as
demonstrações contábeis e pela organização. Segurança de que demonstrações contábeis
pelo estudo dos elementos sejam praticados de modo a não de uma organização, e que
que compõem o patrimônio acarretar penalidades pelo Poder é independente da entidade
monetário das organizações. Público e prejuízos frente a terceiros. que está sendo auditada.

Os Conselheiros Fiscais que observarem situações de inadequação financeira ou legal


devem contar com uma assessoria técnica externa para apresentar um relatório de auditoria
imparcial e independente.

Composição do Conselho Fiscal

É composto por número ímpar de membros e seus respectivos suplentes, assegurando o


voto de desempate. Antes da eleição do Conselho Fiscal, as organizações devem estimular
o debate, junto à Organização do Quadro Social, sobre a composição do Conselho Fiscal,
de forma a alcançar a desejável diversidade de experiências profissionais pertinentes às
funções do órgão e ao campo de atuação da organização.

A eficácia da atuação do Conselho Fiscal depende de sua independência e imparcialidade


na realização dos trabalhos. É boa prática de governança que os membros do Conselho
Fiscal não tenham negócios com a organização, além daqueles realizados na condição de
associado, e que não sejam empregados de entidade ou de empresa que esteja oferecendo
algum serviço ou produto para a organização.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 56 MÓDULO 3


Agenda de trabalho do Conselho Fiscal

O Conselho Fiscal deve ter uma agenda mínima de trabalho, que inclua o foco de suas
atividades no exercício. Essa agenda deve conter uma relação das reuniões ordinárias,
assim como as informações que serão enviadas periodicamente aos conselheiros.

O trabalho do Conselho Fiscal deve ser sistematizado e capaz de identificar os problemas e


situações mais prováveis de ocorrer em uma organização.

Regimento Interno do Conselho Fiscal

As boas práticas de governança sugerem que haja um regramento da atuação do Conselho


Fiscal. Esse regramento pode vir na forma de regimento interno que normatize a atuação e
organização do órgão.

Este Conselho deve buscar uma assessoria técnica para elaborar seu próprio Regimento
Interno que discipline o funcionamento do órgão e o planejamento das atividades. O
regimento deve conter plano de trabalho e a forma de divulgação dos resultados de sua
atuação, que poderá ser por pareceres, opiniões, recomendações e encaminhamento de
denúncias recebidas.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 57 MÓDULO 3


Pareceres do Conselho Fiscal

Os pareceres do Conselho Fiscal devem abordar aspectos relevantes constatados em


sua análise. Sua redação dependerá da situação específica que se apresente, podendo,
eventualmente, mencionar resumo dos trabalhos realizados que permitem a emissão da
opinião, evitadas expressões e opiniões que não sejam da sua competência. A organização
associativa deve dispor de canais institucionais para que os associados possam acompanhar
e cobrar o trabalho do Conselho Fiscal.

Parecer do Conselho Fiscal

Na qualidade de membros do Conselho Fiscal da Cooperativa


Mãos que Colhem, em cumprimento às atribuições legais e
estatutárias determinadas no art. 1°, letra “A”, procedemos
à análise do Relatório da Administração e ao exame das
demonstrações contábeis relativas ao exercício social
encerrado em 31 de dezembro de 2018, compreendendo o
balanço patrimonial, as demonstrações de sobras e perdas, das
mutações do patrimônio líquido, dos fluxos de caixa e as notas
explicativas da Administração.

Nossos exames foram efetuados dentro da extensão e


profundidade que entendemos necessárias a fim de obter
evidências para a formação de uma opinião sobre os referidos
documentos e levaram em conta, também, as verificações que
efetuamos durante o exercício social. Com base em nossos
exames e também considerando os esclarecimentos dados
pela administração no assessoramento da auditoria interna e
na opinião dos auditores independentes da Empresa XYZ, que
emitiram opinião sem ressalva, conforme relatório e parecer
da auditoria emitido em “20” de dezembro de 2018, o Conselho
Fiscal recomenda à assembleia geral a aprovação da prestação
de contas do exercício encerrado em 31 / dezembro / 2018.

Local, mês, ano.


(nome e assinatura dos conselheiros)

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 58 MÓDULO 3


3.2 - Atores da Governança
3.2.4 - Conselho de Administração/Diretoria

O Conselho de Administração/Diretoria é um órgão colegiado


eleito pelos cooperados em Assembleia Geral, responsável pelo
direcionamento estratégico da cooperativa ou associação. O
número de conselheiros/diretores deve variar conforme o setor
de atuação, porte, complexidade das atividades, estágio do ciclo
de vida da cooperativa e necessidade de criação de comitês,
que tem por função preservar os interesses dos associados e/
ou cooperados a longo prazo, protegendo e valorizando o
patrimônio da instituição, sua missão, e no caso de cooperativas,
também maximizar o retorno do investimento econômico e social
dos cooperados.

O recomendado é que o Conselho de Administração/Diretoria


seja composto de, no mínimo, 5 (cinco) e, no máximo, 11
(onze) conselheiros/diretores, considerando-se sempre uma
TÉCNICA
composição ímpar.

O Conselho de Administração/Diretoria deve ter o conhecimento


dos valores da cooperativa, dos seus propósitos e das crenças e
das expectativas dos cooperados, zelando pela sua manutenção e
desenvolvimento e, ainda, prevenindo e administrando situações
de conflitos de interesses ou de divergência de opiniões, a fim de
que o interesse da cooperativa sempre prevaleça.

O Conselho Administrativo não precisa ser quem executa as funções administrativas


e financeiras da entidade. Podem ser eleitas ou contratadas pessoas para isso, mas é
obrigação do Conselho supervisionar o trabalho destas pessoas, além de elaborar as
diretrizes estratégicas da entidade.

Outras atribuições do Conselho:


• Gerenciamento: gerir os riscos e crises que possam vir a ocorrer na instituição.
• Sustentabilidade: por meio da instalação de política que incorpore
considerações de ordem econômica, social, cultural e ambiental na definição
dos negócios e operações, visando à perenidade da cooperativa.
• Comunicação institucional: por meio da instalação de política de porta-vozes
que vise eliminar o risco de haver contradições entre as declarações das
lideranças.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 59 MÓDULO 3


O Conselho de Administração ou a Diretoria é obrigado, por lei, a
prestar contas aos cooperados, anualmente, de sua gestão: decisões,
aplicação de recursos, atividades realizadas, fatos relevantes,
resultado e situação patrimonial.

Os documentos que embasam a prestação de contas são, pelo menos,


o relatório de gestão, o balanço patrimonial e a demonstração
de sobras ou perdas. Esta é uma pauta obrigatória da AGO e deve
constar no edital de convocação e sua deliberação deve ser registrada
claramente na ata, e devem estar acompanhados de parecer do
Conselho Fiscal.

IMPORTANTE

O mandato do órgão de administração não pode ser superior a quatro anos, ou inferior,
se estiver definido no estatuto. No entanto, mandatos muito pequenos podem se tornar
complicados, principalmente para cooperativas e associações pequenas, que precisam
renovar os membros da administração.

Pela lei, pelo menos 1/3 dos membros do órgão


de administração devem ser substituídos; por
exemplo, se o Conselho de Administração for
composto por 3 (três) membros efetivos mais 3
(três) suplentes, pelo menos 2 (dois) deverão ser
substituídos.

Esta substituição deve ser feita como?


TÉCNICA

A troca deve ficar explícita na ata de eleição, citando os


membros anteriores e os novos. Na eleição, os membros
eleitos do Conselho devem declarar, na própria ata ou em
documento a parte, que não se enquadram em nenhum
caso de inelegibilidade.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 60 MÓDULO 3


IMPORTANTE

Motivos de impedimento: são inelegíveis, por lei, os condenados à pena que vede o
acesso a cargos públicos, os condenados por crime falimentar de prevaricação, peita
ou suborno, concussão, peculato, ou crime contra a economia popular, a fé pública
ou a propriedade. Ainda não podem compor uma mesma diretoria ou conselho de
administração os parentes entre si até 2º (segundo) grau, em linha reta ou colateral.

Como, às vezes, é difícil para a cooperativa verificar tudo isto, os eleitos devem assinar
declaração de que não se enquadram em nenhum dos casos de impedimento, sob pena
de, além de perderem o cargo, serem processados por crime.

3.2.4.1 - Atividades e competências do Conselho


de Administração/Diretoria

Sabemos qual é a composição do Conselho de


Administração/ Diretoria, mas o que compete a eles
dentro da organização?

Uma ótima pergunta, Rita. O Conselho de Administração/ TÉCNICA

Diretoria é responsável pela execução das atividades-meio


da cooperativa, tais como as administrações financeiras e
do fundo de reserva, negociação de contratos, divulgação
de produtos e/ou serviços, negociações de compra: de
matérias-primas, materiais de apoio, das negociações de
venda de produtos e/ou serviços etc.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 61 MÓDULO 3


O Conselho poderá requisitar outros cooperados para diversas atividades, por exemplo:

Propor à Assembleia Geral as políticas e metas para orientação geral das atividades
a da cooperativa, apresentando programas de trabalho e orçamento, além de sugerir
as medidas a serem tomadas.

Avaliar e providenciar o montante dos recursos financeiros e dos meios necessários


b ao atendimento das operações e serviços e estimar previamente a rentabilidade
das operações e serviços, bem como a sua viabilidade.

c Estabelecer as normas para funcionamento da cooperativa e elaborar, juntamente


com lideranças do quadro social, seu regimento interno.

Estabelecer sanções ou penalidades a serem aplicadas nos casos de violação


d ou abuso cometidos contra disposições de lei, de estatuto, ou das regras de
relacionamento com a entidade que venham a ser estabelecidas.

Deliberar sobre a admissão, desligamento, eliminação e exclusão de cooperados e


e suas implicações, bem como sobre a aplicação ou elevação de multas.

Deliberar sobre a convocação da Assembleia Geral e estabelecer sua Ordem do Dia,


f considerando as propostas dos cooperados nos termos dos parágrafos 1º e 2º do
art. 7º.

Estabelecer a estrutura operacional da administração executiva dos negócios,


g criando cargos e atribuindo funções, e fixando normas para a admissão e demissão
dos empregados.

Fixar as normas disciplinares e julgar os recursos formulados pelos empregados


h contra decisões disciplinares.

Fixar as despesas de administração em orçamento anual que indique a fonte dos


i recursos para a sua cobertura.

J Contratar, quando se fizer necessário, um serviço independente de auditoria.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 62 MÓDULO 3


K Indicar banco ou bancos nos quais serão feitos negócios e depósitos de numerário,
e fixar limite máximo que poderá ser mantido no caixa da cooperativa.

Estabelecer as normas de controle das operações e serviços, verificando

L mensalmente, no mínimo, o estado econômico-financeiro da cooperativa e o


desenvolvimento das operações e serviços, através de balancetes e demonstrativos
específicos.

Adquirir, alienar ou onerar bens imóveis da sociedade, com expressa autorização


M da Assembleia Geral.

Zelar pelo cumprimento da legislação do cooperativismo e outras aplicáveis, bem


N como pelo atendimento da legislação trabalhista perante seus empregados, e fiscal.

O Conselho de Administração poderá solicitar, sempre


que julgar conveniente, o assessoramento de quaisquer
funcionários graduados para auxiliá-lo no esclarecimento
dos assuntos a decidir, podendo determinar que qualquer
deles apresente, previamente, projetos sobre questões
específicas.
TÉCNICA

As normas estabelecidas pelo Conselho de Administração


serão baixadas em forma de resoluções, regulamentos ou
instruções que, em seu conjunto, constituirão o regimento
interno da cooperativa.

IMPORTANTE

É importante que o Conselho de Administração/Diretoria se lembre que não vai ficar


para sempre, então deve manter registros para repassar para os novos Conselheiros,
além de outras providências, como fomentar e implementar política de capacitação e
desenvolvimento de novas lideranças para substituição dos membros dos Conselhos e
da Diretoria.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 63 MÓDULO 3


Quais informações devem ser prestadas no processo de substituição
do Conselho de Administração/Diretoria?

Os novos conselheiros/diretores devem receber um conjunto de informações que facilitem


sua preparação para o exercício da função, a saber:
─ legislação básica vinculada ao cooperativismo;
─ o Estatuto Social da cooperativa;
─ o regimento interno do Conselho de Administração/Diretoria;
─ os últimos relatórios anuais de prestação de contas;
─ o planejamentos estratégico e orçamentário;
─ o sistema de gestão de riscos, quando houver;
─ a situação econômico-financeira detalhada, e outras informações relevantes para a
cooperativa;
─ permissão de acesso às atas das Assembleias Gerais e das reuniões do Conselho/
Diretoria, e, quando houver, senha com nível de acesso aos sistemas informacionais
e bancárias.

Os conselheiros receberão alguma remuneração por essas


atividades?

Recomenda-se que os Conselhos de Administração e Fiscal tenham remuneração adequada


às responsabilidades da função, mas nem sempre as cooperativas e associações iniciantes
podem arcar com isso. Essas remunerações devem sempre ser decididas nas Assembleias
Gerais. Ainda é bom que essa remuneração seja baseada nos resultados de médio e longo
prazo, não de curto prazo.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 64 MÓDULO 3


O Conselho de Administração/Diretoria deve ter um orçamento
específico, submetido à aprovação da Assembleia Geral. Entre
os itens que podem constar do orçamento do Conselho de
Administração/Diretoria, estão:
─ a remuneração do Conselho/Diretoria, dos comitês e da
secretaria;
─ cédulas de presença, ajudas de custo, deslocamento,
TÉCNICA
hospedagem e alimentação;
─ consultorias especializadas e honorários de profissionais
externos;
─ despesas de treinamento e desenvolvimento e viagens
para representação da cooperativa;
─ despesas da secretaria e eventos do Conselho de
Administração/Diretoria.

IMPORTANTE

Recomenda-se que o Presidente elabore um calendário anual de reuniões ordinárias e,


quando necessário, convoque as reuniões extraordinárias. As pautas das reuniões devem
ser preparadas pelo presidente do Conselho/Diretoria, depois de ouvidos os demais
conselheiros/diretores, o executivo principal e, se for o caso, os demais executivos.

A eficácia das reuniões do Conselho de Administração/


Diretoria é resultante da documentação distribuída
com antecedência e que garanta a prévia análise dos
assuntos a serem deliberados. Recomenda-se também
que as reuniões do Conselho/Diretoria sejam presenciais
e que a participação por tele ou videoconferência sejam
consideradas apenas em casos excepcionais.

Também é boa prática que as atas das reuniões TÉCNICA

circulem entre todos os participantes, para comentários


e modificações, antes de sua aprovação, registro,
arquivamento e encaminhamento das decisões para o
executivo principal, que deve garantir o seu envio para os
responsáveis por sua execução. A lista de presença deve
constar todos os participantes da reunião.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 65 MÓDULO 3


E como é realizado a eleição do presidente?

TÉCNICA

O presidente do Conselho/Diretoria é eleito junto com


os demais membros na Assembleia Geral, ou na primeira
reunião do Conselho de Administração/Diretoria pelos
seus membros eleitos. O Presidente do Conselho/ Diretoria
assume a representação institucional da Entidade.

IMPORTANTE

É importante que o presidente do Conselho/Diretoria garanta que todos os Conselheiros,


incluindo os do Conselho Fiscal, recebam a tempo todas as informações importantes
para o exercício dos seus mandatos. Ainda é aconselhável que o presidente do
Conselho, que tem uma função política e estratégica, não seja o executivo principal
do empreendimento (função de gerente), para diminuir a possibilidade de conflitos
de interesses. Também é importante que o Diretor busque sempre aperfeiçoar suas
competências.

Ao presidente compete, entre outros, definidos em


regimento interno, os seguintes poderes e atribuições:
dirigir e supervisionar todas as atividades da cooperativa
e baixar os atos de execução das decisões do conselho
designado pelo Conselho de Administração, cheques,
contratos e demais documentos constitutivos de TÉCNICA

obrigações.

É importante avaliar o desempenho dos Conselhos,


Diretoria e dos seus indivíduos, e o Conselho de
Administração/Diretoria deve fazer uma avaliação do
presidente, de forma adequada à cada entidade em
particular.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 66 MÓDULO 3


Encerramento Módulo 3

Finalizamos aqui o terceiro módulo. Esperamos que tenham compreendido


todo o cotidiano de uma cooperativa. Você poderá obter mais informações
sobre a Governança de cooperativas e associações no curso de Gestão de
Empreendimentos Comunitários, aqui do Portal Saberes da Floresta.

Aguardamos vocês no
próximo módulo!

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 67 MÓDULO 3


MÓDULO 4
Documentos
4 - Documentos

Bem, agora que já vimos as atribuições de cada um dos


atores do processo de governança, vamos falar da parte
mais burocrática, que é a documentação.

Então precisamos que expliquem direitinho tudo o que


deverá ser feito.

Dona Bené, vou começar falando dos


livros, que são a documentação sobre
a entidade. Eles devem ser conservados
por um bom tempo, alguns deles durante
toda a vida da entidade, e mantidos TÉCNICA

à mão para consultas. A lei obriga a


existência destes livros apenas para
cooperativas, mas é boa prática que as
associações também os mantenham.
Estes livros podem ser folhas soltas,
fichas, ou um caderno de atas.

A seguir, vamos detalhar quais os tipos de livro utilizados.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 69 MÓDULO 4


4.1 - Livro ou fichas de matrícula

O livro de matrícula é o documento que comprova que a


pessoa é, de fato, associada à cooperativa ou associação
e lhe garante todos os direitos e deveres de associado.
Este documento deve ser mantido atualizado. A
admissão de cooperados necessita que se subscrevam
as cotas-parte do capital social, e para cooperativas
TÉCNICA

e associações, a ficha de matrícula deve constar no


livro, assinado pelo associado e pelo presidente. Isso é
muito importante, porque sem esse procedimento o
vínculo do associado ou cooperado com a entidade não
existe.

IMPORTANTE

É de suma importância que todos os eventos ocorridos com cooperados, como


admissões, demissões, eliminações, exclusões, movimentações de quotas-parte,
alterações de endereço etc., sejam prontamente registrados no livro de matrícula, que
pode ser escriturado em fichas soltas, conforme prevê o parágrafo único do art.22.

E como esses registros devem ser realizados?

O registro dos associados deve respeitar a ordem de admissão. Não pode haver um cooperado
mais antigo registrado no livro depois de outro mais novo na sociedade. As datas devem
ser compatíveis com o número de registro, que deve ser sequencial e jamais reaproveitado.
Quando é adotado o próprio livro, as páginas são numeradas, o que torna este controle mais
fácil, entretanto, com a adoção das fichas, é mais fácil ocorrer erro. Assim, recomenda-se
numerar as fichas também, podendo este número ser o mesmo do registro do cooperado.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 70 MÓDULO 4


O livro de matrícula deve seguir as formalidades estabelecidas em lei, permitindo identificar
devidamente os associados e evidenciar sua participação no capital social da cooperativa.

Assim, além de dados gerais de cadastro, como nome, idade, estado civil, nacionalidade,
profissão, residência, o livro deve conter campos para as assinaturas do associado e
do presidente ou diretor da cooperativa, também para admissão, desligamento, com
identificação do motivo (demissão, eliminação ou exclusão), e também campos para
informar a quantidade e o valor das quotas na admissão e as posteriores movimentações,
por transferências ou novas integralizações.

A ficha de matrícula deve conter o nome


do associado ou cooperado, idade ou data
de nascimento, estado civil, nacionalidade,
profissão, residência, data de admissão ou de
desligamento, quando for o caso, e a conta
corrente das respectivas quotas-parte do capital
social. Para isto, a ficha de matrícula deve conter
os campos próprios para os respectivos registros,
inclusive de todas as assinaturas necessárias.

Além destes dados, algumas juntas comerciais têm solicitado que se coloque o regime de
casamento, para os casos de falecimento do sócio e de eventuais transferências de quotas
partes.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 71 MÓDULO 4


Mas qual é a importância de obter todos esses dados?

A informação do número de associados é importante para verificar se a cooperativa está


em condições de continuar operando ou está correndo risco de dissolução, bem como para
verificar o quórum de instalação da Assembleia Geral.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 72 MÓDULO 4


4.2 - Livro de Atas da Assembleia Geral

Interessante falar sobre ata! Eu quero


contribuir mais com esta parte.

Rita, como muitos já devem ter ouvido falar, a ata é o documento


que comprova que a assembleia foi realizada conforme a TÉCNICA

legislação específica e dá segurança à cooperativa quanto à


validade das deliberações.

É fundamental que todas as assembleias sejam documentadas


em atas e, além disso, que as atas sejam escritas de forma clara,
objetiva e completa.

A pessoa que secretaria a reunião deve possuir técnica e, se


for uma ata manual, letra legível. A ata deve ser lavrada5, o
que pode ser feito no livro de atas ou na ata digitada. Por
lei, as cooperativas devem possuir o livro de atas, ou o livro
de folhas soltas, das atas das Assembleias Gerais. Sem isso,
as decisões da AGO ficam automaticamente invalidadas.

5
Lavrar um documento é um jargão jurídico comum para registrar por escrito um ato ou
decisão, com assinatura dos presentes ou seus representantes

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 73 MÓDULO 4


As atas da Assembleia Geral de eleição e prestação de contas devem, obrigatoriamente,
ser arquivadas na junta comercial do estado onde o empreendimento está instalado, no
caso de cooperativas e quando a associação realizar comercio. Entretanto, por segurança
jurídica, recomenda-se que todas as atas sejam arquivadas na junta6.

Por lei, a ata de cooperativas deve ser acompanhada de um documento atestando que foram
conferidas as assinaturas de presença dos associados, assinada pelo presidente ou secretário
da assembleia ou administradores.

As regras das juntas comerciais podem variar de estado para estado, portanto é bom verificar
6

no seu Estado o que a Junta requer que seja registrado.

Ainda sobre a presença dos associados, é


recomendado identificar o cooperado pelo
nome, número de matrícula e identificar cada
lista de presença: tipo de assembleia, horário
da primeira convocação, quórum na primeira
convocação, horário da segunda e quórum
na segunda convocação, horário da terceira
convocação e quórum na terceira convocação.
Se houver, deve-se anular os espaços em branco,
evitando assinaturas posteriores.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 74 MÓDULO 4


O livro de presença pode ser uma ficha solta. Esse documento deve acompanhar o livro de atas
no registro na junta comercial. As assinaturas devem identificar claramente os associados. Em
função do uso comum de rubricas, recomenda-se listar os nomes para que os cooperados
apenas assinem na frente.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 75 MÓDULO 4


4.3 - Edital de convocação das Assembleias Gerais

E como é realizada a convocação para as Assembleias?

O edital de convocação é o documento pelo qual o presidente da cooperativa convoca os


associados para a Assembleia Geral, que também pode ser convocada por outras pessoas, em
situações especiais. O edital tem que conter, no mínimo, todas as informações definidas na lei.

O edital de convocação é o documento pelo qual o presidente da cooperativa convoca os


associados para a Assembleia Geral, que também pode ser convocada por outras pessoas, em
situações especiais. O edital tem que conter, no mínimo, todas as informações definidas na lei.

A convocação da Assembleia Geral deve considerar:


• Local, data e hora: observar a distância para possibilitar a
presença do maior número de cooperados.
• Pauta de discussão: garantir a divulgação prévia da pauta, com
intervalo de tempo suficiente para que os associados possam
analisar e refletir sobre os pontos que serão discutidos no evento.
TÉCNICA

É recomendável que a convocação da assembleia ocorra com tempo


superior aos 10 (dez) dias e que se aproxime aos 30 (trinta) dias, assimcomo
previstos na Lei nº 5.764/1971, conhecida como Lei das Cooperativas.

A divulgação do edital deve ser feita nos meios de comunicação com


ampla escala, com o objetivo de alcançar o maior número de associados.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 76 MÓDULO 4


SAIBA MAIS

O quórum para instalação é o número de pessoas necessário para que a assembleia


seja iniciada. Legalmente, o quórum mínimo para instalação das assembleias gerais
é, em primeira convocação, 2/3 (dois terços) dos associados; em segunda convocação,
metade mais um; em terceira e última convocação, no mínimo 10 (dez) associados. O
intervalo entre uma convocação e outra deve ser de 1 (uma) hora e a ata deve informar
em qual convocação a assembleia foi instalada e a quantidade de associados presentes,
comprovando com a lista de presença de associados em assembleia. Observar isso é
muito importante, caso contrário, a ata não tem validade legal.

4.4 - Atas do Conselho Fiscal

O Conselho Fiscal também precisa manter este tipo de registro?

Sim, Rita. O livro de atas do Conselho Fiscal também é obrigatório para cooperativas, sendo
considerado boa prática de governança tê-lo em associações. Embora a lei não determine
a frequência com que o Conselho Fiscal deve se reunir, é bom que as reuniões aconteçam
mensalmente, para não correr o risco de alguma irregularidade importante perdurar e causar
danos irreparáveis à entidade. A periodicidade pode estar prevista no Estatuto da entidade, ou
no Regimento interno do Conselho Fiscal.
As deliberações do Conselho devem ser detalhadamente registradas em ata, para a segurança
dos seus integrantes, porque é obrigação estatutária dos conselheiros.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 77 MÓDULO 4


Nesta ata, devem estar registrados, no mínimo, os seguintes conteúdos:

• natureza, data, horário e local da reunião;

• indicação de quem presidiu a reunião e quem a secretariou;

• indicação nominal dos membros presentes e dos demais participantes,


quando houver;

• aprovação da ata da reunião anterior;

• a pauta da reunião;

• o resultado da discussão e decisões tomadas sobre cada item da pauta;

• assuntos diversos tratados na reunião, quando houver e encerramento e


assinaturas dos presentes.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 78 MÓDULO 4


4.5 - Livro de Atas do Órgão de Administração

Eu li que os livros de atas do Conselho Diretor também


são obrigatórios para as cooperativas. É isso mesmo?

É sim, Rita! O livro de atas do Conselho Diretor também


é obrigatório para cooperativas, e boa prática para
TÉCNICA

associações. Como os outros livros, pode ser feito num livro


de ata ou em fichas soltas. A lei não estabelece quando o
Conselho deve se reunir, mas isso pode estar previsto no
Estatuto ou Regimento Interno do Conselho. Todas as
reuniões e deliberações devem ser anotadas.

É importante também ressaltar que, anualmente, o órgão


de administração deve prestar contas de sua gestão
para a Assembleia Geral de cooperados. A prestação de
contas inclui um relatório de atividades, o balanço e a
demonstração de sobras ou perdas. Antes de apresentar
à Assembleia Geral, as contas da administração devem ser
apreciadas pelo Conselho Fiscal (Lei nº 5.764/71, art.44),
que emitirá um parecer, atestando a regularidade ou não
das peças apresentadas.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 79 MÓDULO 4


4.6 - Documentação geral e arquivos

Vejo que teremos muitos documentos para organizar no nosso empreendimento. Como sou
professora, estou acostumada com toda esta papelada. Espero colaborar!

Que coisa boa, Dona Bené. Em geral, muitos documentos de uma pessoa jurídica são
arquivados por toda a vida. Alguns são extremamente importantes, como os Livros de Atas,
que devem ser mantidos para sempre, outros nem tanto, como comprovante de pagamento
de contas de luz, que se pode conseguir uma segunda via facilmente.

É importante ter uma gestão de documentos, que nada mais


é do que um conjunto de atitudes que têm como objetivo
preservar os documentos, e tornar o uso, a avaliação e
o armazenamento de informações mais eficiente. Isso
pode tornar a entidade mais ágil e racional, além de mais
transparente.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 80 MÓDULO 4


Confira alguns exemplos de arquivos importantes, que devem ser mantidos:

• Pasta de correspondência recebida e expedida;


• Pasta de comunicação interna;
• Escrituração e Registro dos Livros Contábeis e Fiscais;
• Levantamento dos Balanços Patrimonial e de Resultado Econômico;
• Relatórios de Administração;
• Pasta com material de interesse da entidade;
• Emissão de Notas Fiscais;
• Procedimentos de controle internos;
• Outros Regulamentos da Entidade;
• Regimento Interno;
• Normas;
• Planos de Gestão, financeiro, outros.

Encerramento do curso

Estou muito
satisfeita com tudo o
que foi apresentado.

Como já tenho
Tudo isto irá nos um pouco mais
ajudar demais daqui de vivência com
pra frente. empreendimentos
comunitários,
vocês podem
contar com o meu
apoio.

TÉCNICA
Espero que todos os conceitos e métodos apresentados
neste curso contribuam para o desenvolvimento local.
Participe também do curso de Gestão de Empreendimentos
Comunitários.
E não se esqueça de concluir os exercícios, a avaliação de
reação e de gerar o seu certificado.

INTRODUÇÃO A COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES 81 MÓDULO 4

Você também pode gostar