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Implantação de Pomares

Diniz Fronza
Jonas Janner Hamann

Santa Maria - RS
2014
Presidência da República Federativa do Brasil

Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

© Colégio Politécnico da UFSM


Este caderno foi elaborado pelo Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa
Maria para a Rede e-Tec Brasil.
Equipe de Elaboração Equipe de Acompanhamento e Validação
Colégio Politécnico da UFSM Colégio Técnico Industrial de Santa Maria – CTISM

Reitor Coordenação Institucional


Paulo Afonso Burmann/UFSM Paulo Roberto Colusso/CTISM

Diretor Coordenação de Design


Valmir Aita/Colégio Politécnico Erika Goellner/CTISM

Coordenação Geral da Rede e-Tec/UFSM Revisão Pedagógica


Paulo Roberto Colusso/CTISM Elisiane Bortoluzzi Scrimini/CTISM
Jaqueline Müller/CTISM
Coordenação de Curso
Diniz Fronza/Colégio Politécnico Revisão Textual
Maristela Andréa Teichmann Bazzan/CTISM
Professor-autor
Diniz Fronza/Colégio Politécnico Revisão Técnica
Jonas Janner Hamann/Colégio Politécnico Luciano Zucuni Pes/Colégio Politécnico

Ilustração
Marcel Santos Jacques/CTISM
Ricardo Antunes Machado/CTISM

Diagramação
Cássio Fernandes Lemos/CTISM
Leandro Felipe Aguilar Freitas/CTISM
Tagiane Mai/CTISM

Ficha catalográfica elaborada por Maristela Eckhardt – CRB 10/737


Biblioteca Central da UFSM

F936i Fronza, Diniz


Implantação de pomares / Diniz Fronza, Jonas Janner
Hamann. – Santa Maria : Universidade Federal de Santa Maria,
Colégio Politécnico ; Rede e-Tec Brasil, 2014.
126 p. : il. ; 28 cm
ISBN 978-85-63573-65-0

1. Fruticultura 2. Cultivo de plantas 3. Pomares I. Título II.


Hamann, Jonas Janner

CDU 634.1.047
Apresentação e-Tec Brasil

Prezado estudante,
Bem-vindo a Rede e-Tec Brasil!

Você faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma
das ações do Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego. O Pronatec, instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo
principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação
Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira propiciando cami-
nho de o acesso mais rápido ao emprego.
É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre
a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e as instâncias
promotoras de ensino técnico como os Institutos Federais, as Secretarias de
Educação dos Estados, as Universidades, as Escolas e Colégios Tecnológicos
e o Sistema S.
A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande
diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao
garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da
formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou
economicamente, dos grandes centros.
A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do país,
incentivando os estudantes a concluir o ensino médio e realizar uma formação
e atualização contínuas. Os cursos são ofertados pelas instituições de educação
profissional e o atendimento ao estudante é realizado tanto nas sedes das
instituições quanto em suas unidades remotas, os polos.
Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional
qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz
de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com
autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social,
familiar, esportiva, política e ética.
Nós acreditamos em você!
Desejamos sucesso na sua formação profissional!
Ministério da Educação
Agosto de 2014
Nosso contato
etecbrasil@mec.gov.br

3 e-Tec Brasil
Indicação de ícones

Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de


linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.

Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.

Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o


assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao
tema estudado.

Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão


utilizada no texto.

Mídias integradas: sempre que se desejar que os estudantes


desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos,
filmes, jornais, ambiente AVEA e outras.

Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes


níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e
conferir o seu domínio do tema estudado.

5 e-Tec Brasil
Sumário

Palavra do professor-autor 11

Apresentação da disciplina 13

Projeto instrucional 15

Aula 1 – Importância da fruticultura 17


1.1 Situação atual da fruticultura 17
1.2 Tendências da fruticultura 19
1.3 Desafios da fruticultura 24
1.4 Importância das frutas (econômico, social e nutricional) 27
1.5 Pesquisas de mercado 28

Aula 2 – Exigências climáticas 31


2.1 Considerações iniciais 31
2.2 Temperatura do ar 31
2.3 Precipitação 32
2.4 Umidade relativa do ar (UR) 33
2.5 Ventos 34
2.6 Horas de frio 34
2.7 Zoneamentos agroclimáticos 36

Aula 3 – Escolha das frutíferas 39


3.1 Considerações iniciais 39
3.2 Mercado próximo 39
3.3 Mão de obra 39
3.4 Transporte da safra 40
3.5 Propósito 40
3.6 Custo de implantação 41
3.7 Consumidores ou compradores 41
3.8 Período de armazenamento 41

Aula 4 – Escolha do local 43


4.1 Considerações iniciais 43
4.2 Drenagem 43

e-Tec Brasil
4.3 Relevo 44
4.4 Posição 45
4.5 Sanidade 45
4.6 Solos 45

Aula 5 – Preparo da área 47


5.1 Considerações iniciais 47
5.2 Análise de solo 47
5.3 Correção do solo 48
5.4 Preparo do solo 49
5.5 Adubação de plantio 50

Aula 6 – Qualidade das mudas 53


6.1 Considerações iniciais 53
6.2 Parâmetros de qualidade 54

Aula 7 – Implantação dos quebra-ventos 65


7.1 Considerações iniciais 65
7.2 Seleção de espécies 66
7.3 Espécies vegetativas recomendadas para o plantio como
quebra-ventos 67
7.4 Recomendações para implantação de um quebra-vento 68

Aula 8 – Demarcação do pomar 73


8.1 Considerações iniciais 73
8.2 Espaçamento 73
8.3 Distribuição 74
8.4 Formas de alinhamento 74

Aula 9 – Implantação do pomar 81


9.1 Considerações iniciais 81
9.2 Época de plantio 81
9.3 Demarcação das covas 81
9.4 Preparo das covas 82
9.5 Preparo da muda 83
9.6 Plantio da muda 84
9.7 Construção de uma “taça” para irrigação 86
9.8 Proteção do solo com palhada 86

e-Tec Brasil
9.9 Irrigação após o plantio 87
9.10 Tutoramento da muda 87

Aula 10 – Irrigação 91
10.1 Importância da irrigação 91
10.2 Métodos de irrigação 92
10.3 Fertirrigação 96
10.4 Drenagem 96

Aula 11 – Cuidados nos primeiros anos 99


11.1 Considerações iniciais 99
11.2 Podas 99
11.3 Controle de plantas invasoras 102
11.4 Controle de doenças 108
11.5 Controle de formigas cortadeiras 109
11.6 Controle de animais domésticos e selvagens 112

Aula 12 – Aproveitamento das áreas com culturas intercalares 115


12.1 Cultivos intercalares 115
12.2 Benefícios do cultivo de plantas nas entrelinhas 115
12.3 Escolha da cultura intercalar 116

Aula 13 – Treinamento constante e parcerias 121


13.1 Treinamento constante 121
13.2 Formação de parcerias, associações ou cooperativas 122

Referências 124

Currículo do professor-autor 126

e-Tec Brasil
Palavra do professor-autor

A fruticultura tem despertado grande interesse em muitas regiões do Brasil


devido à mudança de hábito de consumo das pessoas, utilizando mais ali-
mentos naturais, frutas e hortaliças. Ao abrir a grande maioria dos jornais, ao
ligarmos a televisão, o rádio ou outro meio de comunicação nos deparamos
com uma quantidade enorme de informações que falam da importância de
hábitos saudáveis, tal como aumentar a dieta com frutas e hortaliças, consumir
produtos orgânicos, dentre outros. Para que essa perspectiva possa se tornar
em oportunidade de renda é necessário conhecer a atividade, saber manejar,
escolher variedades corretas, dentre outras fases do processo produtivo, que
são importantes ao tomar essa decisão estratégica de entrar na atividade.
Uma oportunidade só se transforma como aumento de renda, quando alguns
cuidados básicos são tomados em relação a ela.

Outro fator que favorece o cultivo de frutas no Brasil é a diversidade de climas,


solos e espécies adaptadas. Localidades próximas têm microclimas diferentes
permitindo o cultivo de uma diversidade grande de frutas.

Apesar de ser uma atividade promissora, a fruticultura exige estudos e cui-


dados nos processos de tomada de decisão: o que produzir, onde produzir,
que tecnologias empregar, como implantar, recursos financeiros e humanos
necessários, formas de comercialização.

A implantação de pomares comerciais de frutíferas requer vários conhecimen-


tos prévios da equipe envolvida desde planejamento, preparo técnico, formas
de produção, formação de equipes e articulações regionais.

Devido ao crescente consumo de frutas da população brasileira a fruticul-


tura deixou de ser uma promessa, sendo uma fonte presente de geração de
renda para muitos empreendedores. A presente disciplina busca relatar estas
perspectivas para novos empreendedores, discutindo os principais aspectos
na implantação de pomares.

Prof. Diniz Fronza


Jonas Janner Hamann

11 e-Tec Brasil
Apresentação da disciplina

Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir a implantação das prin-
cipais culturas frutíferas de clima temperado, subtropical e tropical cultivadas
comercialmente no Brasil, principalmente no RS.

O trabalho foi realizado a partir de 30 anos de experiências em fruticultura,


pesquisas conduzidas no Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa
Maria, pesquisas em livros, revistas especializadas, artigos publicados em con-
gressos e outros meios de comunicação.

Os conteúdos programáticos são conduzidos em várias unidades, começando


pela situação atual da fruticultura, tendências e desafios a serem vencidas.

Na sequência são comentados os principais cuidados antes de se implantar


o pomar tais como: escolha da área, quebra ventos, demarcação do terreno,
exposição do pomar.

Em um terceiro momento é comentado o processo de implantação do pomar


e os cuidados com as plantas após a implantação.

Finalmente, são propostos alguns aspectos importantes para o produtor ou


técnico que implantou o pomar, como treinamentos constantes e parcerias,
os quais podem determinar o sucesso do empreendimento.

13 e-Tec Brasil
Projeto instrucional

Disciplina: Implantação de Pomares (carga horária: 60h).

Ementa: Conhecer os principais aspectos a serem considerados antes de se


implantar o pomar. Compreender os aspectos a serem considerados no processo
de implantação e condução inicial do pomar.

CARGA
OBJETIVOS DE
AULA MATERIAIS HORÁRIA
APRENDIZAGEM
(horas)
Conhecer os principais aspectos a serem Ambiente virtual:
considerados antes de se implantar o pomar. plataforma Moodle.
1. Importância da
Compreender os aspectos a serem Apostila didática. 05
fruticultura
considerados no processo de implantação e Recursos de apoio: links,
condução inicial do pomar. exercícios.
Compreender o que é uma avaliação
climática. Ambiente virtual:
Estudar os principais fatores técnicos de uma plataforma Moodle.
2. Exigências
avaliação climática. Apostila didática. 05
climáticas
Identificar a influência de fatores climáticos Recursos de apoio: links,
no crescimento e desenvolvimento de plantas exercícios.
frutíferas.
Identificar as frutíferas e os potenciais para
Ambiente virtual:
cada região.
plataforma Moodle.
3. Escolha das Conhecer as exigências das espécies
Apostila didática. 05
frutíferas frutíferas.
Recursos de apoio: links,
Correlacionar as características climáticas da
exercícios.
região com as frutíferas em estudo.
Ambiente virtual:
Conhecer as exigências das frutíferas quanto
plataforma Moodle.
a localização do pomar.
4. Escolha do local Apostila didática. 05
Identificar a existência de possíveis
Recursos de apoio: links,
impedimentos ao cultivo de frutíferas.
exercícios.
Definir as principais práticas necessárias para Ambiente virtual:
o preparo da área destinada a implantação plataforma Moodle.
5. Preparo da área do pomar. Apostila didática. 05
Estudar as etapas práticas destinadas ao Recursos de apoio: links,
preparo de uma área para frutíferas. exercícios.
Ambiente virtual:
Estudar os principais parâmetros que
plataforma Moodle.
6. Qualidade das determinam a qualidade de uma muda.
Apostila didática. 05
mudas Desenvolver a habilidade técnica de decisão
Recursos de apoio: links,
para escolha e compra de mudas.
exercícios.

15 e-Tec Brasil
CARGA
OBJETIVOS DE
AULA MATERIAIS HORÁRIA
APRENDIZAGEM
(horas)
Conhecer o conceito e a importância dos
quebra-ventos. Ambiente virtual:
Estudar os fatores que influenciam a plataforma Moodle.
7. Implantação dos
implantação das estruturas que minimizam a Apostila didática. 05
quebra-ventos
ação dos ventos. Recursos de apoio: links,
Identificar as espécies aptas a comporem um exercícios.
quebra-vento.
Ambiente virtual:
Estudar os principais espaçamentos utilizados
plataforma Moodle.
8. Demarcação do na implantação de algumas frutíferas.
Apostila didática. 05
pomar Compreender e saber executar as etapas para
Recursos de apoio: links,
a demarcação de um pomar.
exercícios.
Conhecer e analisar os principais fatores
Ambiente virtual:
técnicos necessários para a implantação de
plataforma Moodle.
9. Implantação do uma cultura perene.
Apostila didática. 05
pomar Estudar a técnica para o plantio de mudas.
Recursos de apoio: links,
Definir as principais etapas no momento da
exercícios.
implantação da cultura.
Esclarecer a importância da irrigação durante Ambiente virtual:
o período de implantação de novos pomares. plataforma Moodle.
10. Irrigação Conhecer e estudar os sistemas de irrigação Apostila didática. 05
mais eficientes e acessíveis ao produtor rural, Recursos de apoio: links,
utilizado em pomares novos. exercícios.
Conhecer os principais manejos a serem Ambiente virtual:
realizados no primeiro ano após a plataforma Moodle.
11. Cuidados nos
implantação do pomar. Apostila didática. 04
primeiros anos
Estudar a importância de cada prática cultural Recursos de apoio: links,
adotada no primeiro ano de implantação. exercícios.
Compreender os conceitos relacionados ao
Ambiente virtual:
12. Aproveitamento cultivo intercalar.
plataforma Moodle.
das áreas Analisar as vantagens do emprego desta
Apostila didática. 03
com culturas técnica.
Recursos de apoio: links,
intercalares Ter estabelecido quais as culturas que podem
exercícios.
ser cultivadas entre as linhas dos pomares.
Conhecer a importância da atualização Ambiente virtual:
13. Treinamento técnica constante. plataforma Moodle.
constante e Ter contato com os benefícios adquiridos Apostila didática. 03
parcerias através da criação de parcerias no Recursos de apoio: links,
empreendimento agrícola. exercícios.

e-Tec Brasil 16
Aula 1 – Importância da fruticultura

Objetivos

Conhecer os principais aspectos a serem considerados antes de se


implantar o pomar.

Compreender os aspectos a serem considerados no processo de


implantação e condução inicial do pomar.

1.1 Situação atual da fruticultura


O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, porém a produção
em grande parte é destinada ao mercado nacional. A produção de frutas
é regionalizada, como exemplo: no Sul do País, na Serra Gaúcha, em São
Paulo, nas regiões próximas a capital onde há grande diversidade de frutas
comerciais, nas demais regiões paulistas a laranja tem maior área cultivada,
visando principalmente a produção de sucos, já no nordeste do Brasil as
regiões de Petrolina/Pernambuco e Juazeiro/Bahia destacam-se na produção
de frutas. A fruticultura brasileira apresenta algumas características:

a) Cultivo em pequenas áreas – produtores com pequenas áreas disponí-


veis, como exemplo, em regiões de predominância de agricultura familiar
a fruticultura tem se adaptado bem devido ao alto rendimento e exigên-
cia de cuidados especiais.

b) Alta renda por unidade de área – há experiências com receita bruta


variando de R$ 5.000,00 a R$ 60.000,00 por hectare. Há uma tendência
em se trabalhar com frutas nobres ou agregar valor através da transfor-
mação (agroindustrialização), produção orgânica e produtos diferencia-
dos (apresentação, embalagens, ...).

c) Possibilidade de receita todos os meses do ano (desde que plane-


jado) – com o aumento do consumo e maior custo fixo mensal nas famí-
lias rurais é importante que as receitas sejam mensais. A produção de
frutas com variedades ou espécies diferentes permite a venda de produ-
tos todos os dias/semanas/meses.

Aula 1 - Importância da fruticultura 17 e-Tec Brasil


d) Baixa dependência de máquinas e insumos – a fruticultura possibi-
lita a geração de renda com pouca dependência de adubos, defensivos,
máquinas (desde que planejado). Como exemplo, temos produtores de
figos que fazem a sua própria muda, adubos e caldas caseiras.

e) Aumento do consumo de frutas – a população brasileira tem dado


maior importância ao consumo de frutas e hortaliças, devido à preocu-
pação com a saúde, maior expectativa de vida, maior poder de compra
de alimentos nutracêuticos, maior conhecimento e conscientização a res-
peito de alimentos naturais.

f) Preços das frutas em constante elevação – o preço das frutas está


aumentando ano após ano, o fato ocorre devido à maior procura por
alimentos naturais e pela menor permanência do homem do campo
(poucos querem trabalhar com cultivos manuais).

g) As frutas permitem o uso múltiplo: mesa ou indústria (sucos, geleias,


polpas, vinhos) – as frutas são comercializadas in natura, gerando uma
receita rápida, bem como capital de giro para o produtor rural. Como
exemplo, um produtor de laranjas vende parte da produção de frutas
para mercados e merenda escolar, outra parte (frutos menores), faz sucos
ou geleias. A industrialização agrega valor e aumenta o período de oferta.

h) Está adaptada à agricultura familiar – produtores familiares que dis-


põem de mão de obra familiar têm na fruticultura uma atividade empre-
endedora, gerando renda, inclusão social e autonomia nas atividades e
horários. Geralmente o empreendedor acaba trabalhando mais, porém
em atividades que gosta, sendo seu próprio administrador do tempo.

i) Há experiências positivas no cultivo orgânico – a produção orgânica


de frutas é uma tendência na agricultura atual. Cada vez mais consumi-
dores buscam por frutas sem defensivos agrícolas e os produtores evitam
o uso de agroquímicos. Apesar dessa tendência de cultivo, bem como
oportunidade de investimentos, os desafios são grandes, pois é muito
importante o conhecimento de todo o processo de legislação, produção
e comercialização neste modelo de cultivo. Na Figura 1.1 é apresentado
o cultivo de figo em Valinhos - SP, onde a proteção de pragas e doenças é
realizada com caldas e a proteção do solo com cobertura morta (bagaço
de cana).

e-Tec Brasil 18 Implantação de Pomares


Figura 1.1: Produção orgânica de figos para exportação em Valinhos – SP
Fonte: Diniz Fronza

j) Produção concentrada em algumas regiões – a produção de frutas


ainda é concentrada em algumas regiões por questões, culturais, sociais
e econômicas, porém há uma tendência na regionalização da produção
devido ao alto custo de transporte e cuidados (perecibilidade) no manejo
das frutas.

k) Exigência de mão de obra treinada e comprometida – a produção


de frutas, por ter várias etapas com atividades manuais e de elevado cui-
dado, exige o treinamento constante, bem como, o comprometimento
de toda a equipe envolvida no processo produtivo e de comercialização. É
importante desenvolver mecanismos que estimulam a equipe, como par-
ticipação financeira nos resultados do empreendimento, planejamento e
elaboração de metas com toda a equipe do projeto.

1.2 Tendências da fruticultura


a) Ações e mercados institucionais – nos últimos 5 anos os mercados
institucionais tais como: creches, hospitais, escolas, asilos, presídios, res-
taurantes universitários, permitem que o produtor venda diretamente a
produção de frutas e hortaliças, de tal forma que recebe preços mais
justos e evita a presença de atravessadores.

b) Ter a produção regionalizada – devido à perecibilidade das frutas, con-


dições de estradas, custos de transportes e valorização das frutas frescas
(a pouco colhidas) há uma tendência de grande valorização das frutas
produzidas na região, desde que se tenha um padrão de qualidade e
continuidade na oferta.

Aula 1 - Importância da fruticultura 19 e-Tec Brasil


c) Ampliar a oferta de frutas através de manejo e novas variedades – o
uso de técnicas de antecipação de colheita, atraso na colheita e utilização
de novas variedades e técnicas de repoda ou retirada da floração para
ampliar os meses de cultivo.

d) Ter pesquisa regionalizada – a avaliação das técnicas de cultivo e novas


variedades devem ser regionalizadas, pois, são muitos os microclimas e
solos diferentes em pequenas distâncias.

e) Reduzir o uso de defensivos – o uso de defensivos tende a ser cada


vez mais restrito e rastreado, com avaliações das frutas na propriedade
e nos mercados. O consumidor está cada vez mais consciente, exigindo
alimentos sem resíduos de agroquímicos.

f) Maior regularidade na entrega de frutas – o mercado consumidor


exige uma regularidade na oferta de frutas, por isso é importante o
conhecimento do ciclo das frutíferas e das técnicas possíveis para atender
a oferta, seja durante o cultivo ou no armazenamento economicamente
viável das frutas.

g) Maior exigência no padrão das frutas – uma das exigências dos con-
sumidores e do mercado comprador de frutas é de um padrão definido
das frutas. É necessário que as frutas sejam classificadas e identificas em
um padrão definido.

h) Novas formas de apresentação das frutas e derivados – os produ-


tores e técnicos da área da fruticultura devem estar atento na constante
inovação de produtos e de processos, apresentando ao consumidor frutas
e derivados, formas mais atrativas, visualmente ou com apelo nutricional.

Figura 1.2: Investimento em embalagens de papelão


Fonte: Diniz Fronza

e-Tec Brasil 20 Implantação de Pomares


i) Instalação de novas empresas para industrialização e forneci-
mento de insumos – com o desenvolvimento da fruticultura regional
há espaços e necessidade para a instalação de novas indústrias, empresas
fornecedoras de insumos e compradoras das frutas produzidas na região.

j) Maior uso da irrigação e fertirrigação – a maior parte das áreas


agrícolas do Brasil apresentam períodos com deficiência hídrica para as
frutíferas cultivadas, geralmente sendo viável o uso da irrigação, prin-
cipalmente para frutas nobres de maior valor agregado. Com o uso da
irrigação na maioria dos casos pode-se adotar o uso da fertirrigação, a
qual distribui os nutrientes junto a água da irrigação de forma parcelada
e conforme as necessidades da cultura. O uso das técnicas de irrigação e
fertirrigação associadas têm duplicado a produtividade e a qualidade das
frutas em muitos casos.

Figura 1.3: Irrigação por gotejamento em goiabeira (a) e fertirrigação na figueira (b)
Fonte: Diniz Fronza

k) Produção orgânica ou integrada de frutas – a produção orgânica de


frutas, sem o uso de defensivos químicos, permite acessar mercados mais
exigentes, porém é muito importante conhecer várias técnicas conjuntas,
exigências de cultivos, legislação e formação de novos mercados.

l) Organização do setor – a formação de associações e cooperativas


geralmente aumenta o poder de barganha dos produtores, o que pode
reduzir os custos de produção, otimização de máquinas e indústrias,
agregação de valor e busca de políticas. Algumas máquinas e equipa-
mentos são inviáveis de serem adquiridas para um produtor com 2 a 3
hectares, porém com vários produtores o custo fixo é reduzido, permi-
tindo a aquisição do equipamento.

m) Mecanização – com a escassez da mão de obra a mecanização das ativi-


dades como poda, colheita, adubações tornou-se indispensável. Uma das
tendências é inovação constante das máquinas e sistemas de cultivo. O

Aula 1 - Importância da fruticultura 21 e-Tec Brasil


produtor deve estar atento no momento da implantação do pomar para
permitir a entrada de máquinas.

Figura 1.4: Poda mecânica das videiras


Fonte: Diniz Fronza

n) Promoção e divulgação das frutas – uma das formas de divulgar as


frutas é a promoção de eventos, participar de feiras, apresentar o pro-
duto nos supermercados, etc. Na Figura 1.5 é apresentada a promoção
do figo na Festa do Figo em Nova Petrópolis – RS.

Figura 1.5: Promoção do consumo de frutas – Festa do Figo em Nova Petrópolis – RS


(a) e divulgação da fruticultura em Planalto – RS (b)
Fonte: Diniz Fronza

o) Uso de cobertura – o uso de cobertura plástica na produção de frutas


favorece a produção de frutas de melhor qualidade, sem o uso de defen-
sivos agrícolas, e amplia a oferta de frutas (a colheita é antecipada e dura
um maior período). Ao optar pelo uso da plasticultura deve-se analisar

e-Tec Brasil 22 Implantação de Pomares


os custos do empreendimento e os possíveis retornos financeiros, priori-
zando por frutíferas mais nobres.

Figura 1.6: Produção de uvas de mesa orgânicas sob cobertura plástica


Fonte: Diniz Fronza

p) Uso de câmaras frias – são vários os processos de armazenamento de


frutas. Há uma tendência de novos estudos da tolerância das frutas às
técnicas de conservação e a viabilidade do uso dessas técnicas. Apesar da
refrigeração ser uma tendência, o custo elevado da energia e investimento
inicial exige uma análise criteriosa para seu emprego, pois em algumas
frutas há pequena variação de preços ao longo dos meses do ano.

Figura 1.7: Câmaras frias para armazenamento de maças


Fonte: Diniz Fronza

Aula 1 - Importância da fruticultura 23 e-Tec Brasil


1.3 Desafios da fruticultura
a) Aproximar o ensino, a pesquisa e a extensão – um dos grandes
desafios da fruticultura é aproximar os pesquisadores dos produtores
de frutas. Na maioria das vezes as pesquisas são realizadas sem foco
no produtor ou muitas vezes não há a preocupação nos benefícios à
comunidade, ou seja, que esses benefícios aconteçam, melhorando as
formas de produção, gerando melhor qualidade de vida ao homem do
campo. Uma das formas para modificar isso é através da pressão das
associações de produtores aos órgãos de pesquisa. O ensino nas escolas
e universidades deve ser o mais próximo possível da realidade e para
que isso aconteça deve haver maior interação entre professores, alunos e
comunidade, bem como maior cobrança dos alunos e da comunidade. O
trabalho de extensão é quase nulo ou incipiente ou ocorre de forma pon-
tual, isolada. As instituições devem proporcionar condições estruturais,
de equipe e financeira para que a mesma ocorra de forma institucional
e que gere transformação positiva, causando melhoria na qualidade de
vida dos produtores.

b) Desenvolver novos produtos e processos – para a modernização da


fruticultura é necessário que se estimule o desenvolvimento de novos
produtos e processos, através de financiamento, desburocratização e
apoio institucional para as novas descobertas ou inovações.

c) Maior formação de especialistas – para desenvolver uma fruticultura


competitiva é importante a formação constante de especialistas atualiza-
dos. Novos cursos e recursos para atualizações e manutenção de áreas de
treinamento são necessários.

d) Estudo da logística de transportes – o uso de ferramentas de georre-


ferenciamento para traçar novas rotas e novas possibilidades de transpor-
tes dará maior competitividade para os produtores de frutas, bem como
maior acesso às frutas aos consumidores finais.

e-Tec Brasil 24 Implantação de Pomares


Figura 1.8: Produtor capitalizado com transporte próprio
Fonte: Jonas Janner Hamann

e) Desenvolver pesquisas com foco na comunidade – as pesquisas


deverão ser regionais e com foco nas potencialidades regionais (ao menos
uma parte delas). Para que isso aconteça deve haver vontade política,
organização dos produtores e investimentos.

f) Reduzir o custo das embalagens – o custo das embalagens é muito


elevado em todo Brasil e América Latina. Uma das alternativas é o estí-
mulo a instalação de novas indústrias e/ou desenvolvimento de novas
embalagens. Como exemplo, pode-se citar produtores de suco que
pagam dois reis pela embalagem de vidro de um litro (R$ 2,00/unidade),
o mesmo valor do suco (R$ 2,00/litro). Os produtores têm adotado a
compra conjunta para reduzir os altos custos.

g) Redução dos impostos agregados – outro item a ser superado são os


impostos em cascata nos alimentos transformados. Deve-se adotar medi-
das políticas/econômicas para que os alimentos cheguem ao consumidor
com preços próximos ao do produtor. Muitas vezes chegam com valores
três vezes superior ao preço de venda do produtor, isso reduz a escala de
consumo, inviabilizando o cultivo em algumas situações.

h) Organização com pensamento público – um desafio a ser vencido é a


formação de associações e cooperativas, e o treinamento constante dos
associados, para que prevaleçam os interesses dos associados.

Aula 1 - Importância da fruticultura 25 e-Tec Brasil


Figura 1.9: Cooperativa organizada por produtores de frutas
Fonte: Diniz Fronza

i) Qualidade nas mudas – para o sucesso da produção de frutas é impor-


tante começar com plantas de boa genética e livre de pragas e doenças.
A qualidade das mudas é um grande desafio para os produtores, pois há
pouca fiscalização e o comércio de mudas de qualidade duvidosa afe-
tando o empreendimento, ora produzindo abaixo do esperado, ora com
problemas sanitários.

Figura 1.10: Muda de videira tratada e enxertada em porta-enxerto Paulsen 1103


Fonte: Diniz Fronza

e-Tec Brasil 26 Implantação de Pomares


j) Organizar feiras com qualidade – as feiras e pontos de vendas do pro-
dutor devem apresentar um padrão de qualidade onde as frutas estejam
protegidas, de qualidade, bem apresentadas e o consumidor seja bem
atendido em um ambiente adequado. Na Figura 1.11 é apresentada uma
feira do produtor onde há vários itens a serem melhorados.

Figura 1.11: Feira do Produtor em Camobi – Santa Maria – RS


Fonte: Diniz Fronza

k) Falta de mão de obra – a cada ano é menor o número de pessoas que


permanecem no campo, sendo reduzida a disponibilidade de mão de
obra. No momento da implantação do pomar, este deve permitir a meca-
nização. A falta de pessoas para trabalharem no campo eleva os custos
da contratação de pessoal, sendo crucial o desenho da implantação do
pomar para baixar os custos de produção, através da mecanização, per-
mitindo maior lucratividade e a permanência do produtor na atividade
com qualidade de vida.

1.4 Importância das frutas (econômico,


social e nutricional)
A fruticultura tem sido a principal fonte de renda para muitas regiões, como
exemplo pode-se citar a Serra Gaúcha e o Polo de Fruticultura em Juazeiro – BA e
Petrolina – PE. Muitas famílias são sustentadas através da cadeia da fruticultura.
Com o aumento do poder aquisitivo da população há grande procura por
alimentos naturais, produzidos tecnicamente de forma correta, ambientalmente
sustentável e socialmente justa. Com o alto custo de transportes, há uma
nova necessidade de produção local e regional de frutas e para que esta nova

Aula 1 - Importância da fruticultura 27 e-Tec Brasil


demanda aconteça com sucesso são importantes alguns fatores: constante
inovação, debates, ações conjuntas, parcerias e treinamentos.

Além de gerar renda, a fruticultura desempenha um papel social de dar con-


dições dignas de vida ao homem do campo, evitando o êxodo rural e graves
problemas nas cidades (habitação, segurança, educação, saúde, saneamento
básico, etc.).

A fruticultura desempenha um importante papel nutricional para a população,


pois as frutas em conjunto com as hortaliças fornecem muitas vitaminas, sais
minerais e componentes antioxidantes que mantém o perfeito funcionamento
do organismo humano, mantendo a saúde das pessoas (peso ideal, disposição,
atividades cerebrais), retardando o envelhecimento das células, aumentado
com qualidade a vida dos indivíduos.

1.5 Pesquisas de mercado


Antes de implantar as frutíferas é importante que se faça uma pesquisa de
mercado, um planejamento prevendo demandas de consumo, principais
exigências dos consumidores, culturas a serem utilizadas e suas exigências de
cultivo. É importante também traçar cenários onde os preços dos produtos
e os custos de produção possam variar. Algumas frutas permitem serem
industrializadas, como sucos, geleias e chimias. Estas possibilidades podem
ser decisivas na manutenção do empreendimento.

Exemplo
Um produtor de laranja valência teve seus preços reduzidos para 30 % com-
parado ao que recebia anteriormente. Através de uma associação montaram
uma empresa de sucos e vendem para a merenda escolar. Além de se manter
no ramo, aumentou sua receita.

Alguns aspectos considerados importantes na pesquisa de mercado:

• Preferências dos consumidores.

• Formas de apresentação.

• Custos de produção e preços recebidos (o que o consumidor paga).

• Exigências de mão de obra (quantidade e qualidade).

e-Tec Brasil 28 Implantação de Pomares


• Perecebilidade do produto e proximidade do comércio.

• Capital necessário para manter-se no mercado.

• Potencial futuro de expansão.

Resumo
Nessa aula foi desenvolvido um estudo direcionado à análise da situação atual
da fruticultura, elencando as principais características do setor, onde pode-se
citar a demanda crescente por frutas e hortaliças, mercados regionalizados,
possibilidade de gerar receita todos os meses do ano, adaptado à agricultura
familiar, os preços das frutas são atrativos e novas possibilidades de mecanização.

Outro ponto importante destacado nessa aula foi relacionado às tendências da


fruticultura onde se salienta o desenvolvimento de novos produtos e processos,
produtos finais diferenciados, irrigação e fertirrigação, produção orgânica ou
integrada de frutas, para que haja maior eficiência nas atividades e atinja-se
uma gama maior de consumidores através de produtos diferenciados.

Dentre os desafios apresentados destacam-se os custos das embalagens, falta


de mão de obra, falta de técnicos especializados, custos de logística, mudas de
qualidade, formas de apresentação das frutas e atendimento e, organização
com o pensamento coletivo.

Discutiu-se ainda a necessidade e importância de realizar uma pesquisa de


mercado, através do planejamento, obtendo as informações relacionadas à
demanda e preferência dos consumidores. Traçar cenários diversos favorece
a elaboração de planos de ações para cenários favoráveis e não favoráveis,
minimizando os impactos financeiros ao produtor até mesmo maximizando
as receitas ou atendimento de qualidade aos consumidores.

Atividades de aprendizagem
1. Quais as características da fruticultura atual?

2. Quais as tendências da fruticultura?

3. Quais os desafios a serem enfrentados pelos novos produtores de frutas?

Aula 1 - Importância da fruticultura 29 e-Tec Brasil


4. A fruticultura tem papel importante na comunidade: Justifique.

5. Faça um resumo de uma atividade de um produtor de frutas: tipo de fruta,


pessoas envolvidas, local de venda, forma (natural ou industrializada),
desafios.

e-Tec Brasil 30 Implantação de Pomares


Aula 2 – Exigências climáticas

Objetivos

Compreender o que é uma avaliação climática.

Estudar os principais fatores técnicos de uma avaliação climática.

Identificar a influência de fatores climáticos no crescimento e de-


senvolvimento de plantas frutíferas.

2.1 Considerações iniciais


A avaliação climática de uma região consiste no levantamento de informações
relacionadas ao clima (temperatura média anual, precipitação média anual
e mensal, número de horas de frio, risco de ocorrência de geadas em uma
determinada época). Esse estudo torna-se necessário porque as frutíferas
possuem diferentes exigências, tanto é, que são classificadas em frutíferas de
clima temperado, frutíferas de clima subtropical e frutíferas de clima tropical.

2.2 Temperatura do ar
O desenvolvimento, florescimento e frutificação das frutíferas cultivadas
comercialmente são altamente influenciados pela temperatura. Por exemplo,
o abortamento de flores e frutos em pomares de pessegueiro é observado
quando ocorrem temperaturas superiores a 25ºC durante os meses de julho
e/ou agosto.

Com base nessa informação, quando o técnico avaliar a viabilidade do local


para implantação de um pomar, deverá conhecer as temperaturas médias
anuais da região. Observe a Figura 2.1.

Aula 2 - Exigências climáticas 31 e-Tec Brasil


Figura 2.1: Temperatura média anual do Estado do Rio Grande do Sul
Fonte: CTISM, adaptado de SEMEC, 2004

As plantas de clima temperado necessitam de um período de baixas tempe-


raturas no inverno para que haja uma superação da dormência (temperaturas
inferiores ou iguais a 7,2°C).

2.3 Precipitação
Precipitação excessiva durante o período de florescimento das frutíferas diminui
a taxa de polinização, consequentemente há uma diminuição na produção
das plantas. Em regiões com excessivas precipitações pode ocorrer a lixiviação
de alguns nutrientes dissolvidos na solução do solo.

Uma região apta para a fruticultura deve ter no mínimo uma precipitação
média anual de 1000 mm. Na Figura 2.2 podemos observar a precipitação
média anual para o Estado do Rio Grande do Sul.

e-Tec Brasil 32 Implantação de Pomares


Figura 2.2: Precipitação média anual do Estado do Rio Grande do Sul
Fonte: CTISM, adaptado de SEMEC, 2004

2.4 Umidade relativa do ar (UR)


Pomares implantados em regiões onde a umidade relativa do ar é muito elevada
em determinados períodos de desenvolvimento da cultura, há um maior risco
na ocorrência de doenças. Com a maior ocorrência de doenças, o custo com
aplicação de agrotóxicos é maior, o que eleva os custos de produção.

Quadro 2.1: Períodos críticos em que a umidade relativa do ar elevada pode


causar prejuízos para algumas frutíferas
Espécie Período crítico
Nogueira-pecã Floração e crescimento das nozes.
Pessegueiro Floração.
Videira Floração e compactação dos cachos.
Morangueiro Floração e desenvolvimento dos frutos.
Fonte: Autores

A UR é muito importante no momento da avaliação das condições climáticas


da região, podendo ser a umidade relativa do ar um dos fatores que contribuirá
para o sucesso ou fracasso do empreendimento.

Aula 2 - Exigências climáticas 33 e-Tec Brasil


2.5 Ventos
O vento favorece a circulação, renova constantemente o ar circunvizinho ao
vegetal e se constitui em precioso auxiliar na polinização das plantas.

As maiores partes das frutíferas possuem polinização entomófila, realizada


por insetos e o vento possui ação direta sobre a taxa de polinização. Ventos
muito fortes dificultam a atividade dos insetos polinizadores, o pólen e o
estigma desidratam rapidamente, inviabilizando a polinização.

2.6 Horas de frio


Para que sobreviva a períodos hibernais com temperaturas muito baixas,
períodos hibernais algumas espécies frutíferas desenvolveram um mecanismo fisiológico que
Denominação atribuída ao proporciona resistência ao frio através do controle do crescimento de suas
inverno.
estruturas vegetais. Esse fenômeno é denominado de dormência vegetativa.

Figura 2.3: Gemas de pessegueiro em dormência (a) e gemas de pessegueiro após a


quebra de dormência (b)
Fonte: Jonas Janner Hamann

A dormência tem início durante o outono, aumentando progressivamente a


intensidade, chegando até a dormência profunda. Durante a dormência hibernal,
as frutíferas não apresentam desenvolvimento de tecidos meristemáticos, há
ausência de folhas e as gemas da planta não brotam.

Nem todas frutíferas entram em dormência durante o inverno, apenas algumas,


dentre elas destacamos:

Quadro 2.2: Algumas frutíferas que possuem um período de dormência


vegetativa
Frutíferas de clima temperado Frutíferas de clima subtropical
Videira
Pessegueiro, Ameixeira, Nectarineira
Figueira
Macieira e Pereira
Nogueira-pecã
Fonte: Autores

e-Tec Brasil 34 Implantação de Pomares


Para que as frutíferas retornem ao crescimento vegetativo na primavera, é
necessário que durante o inverno haja a ocorrência de um número mínimo
de horas de frio, variando de acordo com a espécie, observe o Quadro 2.3.

Quadro 2.3: Necessidades de horas de frio de algumas frutíferas


Espécie Nº de horas de frio
Pessegueiro 100 a 1250*
Ameixeira Europeia 800 a 1500
Ameixeira Japonesa 100 a 1500
Figueira 90 a 350
Macieira 200 a 1700
Pereira 200 a 1400
Videira 90 a 400
* A variação no número de horas de frio corresponde à variabilidade entre as cultivares e variedades.
Fonte: Escobar, 1988

O número de horas de frio varia de acordo com o ano e com a região e a


variação de exigência na mesma espécie varia conforme a variedade. Na Figura
2.4, podemos observar o número médio de horas de frio para as diferentes
regiões do Estado do Rio Grande do Sul.

Figura 2.4: Estimativa do número de horas de frio para o RS


Fonte: CTISM, adaptado de Embrapa Clima Temperado

Aula 2 - Exigências climáticas 35 e-Tec Brasil


Se o produtor optar por cultivar alguma frutífera na região, mesmo com
poucas horas de frio, existem produtos comerciais utilizados para realizar a
quebra da dormência das frutíferas, viabilizando o cultivo em certas regiões.

2.7 Zoneamentos agroclimáticos


Um zoneamento agroclimático é uma ferramenta de grande utilidade para o
planejamento da fruticultura comercial porque permite minimizar o impacto
negativo do clima e, ao mesmo tempo, explorar as suas potencialidades nas
distintas regiões.

2.7.1 Função de um zoneamento agroclimático


O zoneamento agroclimático define quais as regiões são mais apropriadas
para o cultivo de determinada espécie ou variedade frutífera, levando em
consideração as condições de clima e solo. Um zoneamento estabelece quais
as frutíferas podem ser cultivadas, as variedades copa e os porta-enxertos
aptos para cada região.

2.7.2 Zoneamento agroclimático para plantas frutíferas


Cabe a alguns departamentos específicos do governo elencar quais as espécies
vegetais serão estudadas e realizar as pesquisas necessárias. No Quadro 2.4 é
possível observar quais as principais frutíferas cultivadas no RS que possuem
um zoneamento agroclimático, observe:

Quadro 2.4: Frutíferas cultivadas no RS que possuem um zoneamento


agroclimático
Cultura Link para o arquivo
Ameixeira http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/746107
Citros http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/744438
Lima ácida e limões http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/745241
http://www.macroprograma1.cnptia.embrapa.br/finep/metas-fisicas/meta-fisica-4/
Macieira
mapas/02%20-%20image.jpeg/view
Morangueiro http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/748261
Pereira http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/745629
Pessegueiro http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/744114
Fonte: Autores

Sempre é importante lembrar que um zoneamento agroclimático indica as


regiões de melhor aptidão para o cultivo de alguma frutífera, mas nada
impede de se cultivar as frutíferas nas regiões não inclusas no zoneamento.
O que pode ocorrer é que a espécie encontrará algum fator que não seja
favorável ao seu desenvolvimento. Em casos que o produtor queira financiar

e-Tec Brasil 36 Implantação de Pomares


o seu pomar, os bancos apenas firmam contrato se a região está inclusa no
zoneamento para a cultura.

Resumo
Essa aula foi direcionada para o estudo das exigências climáticas das principais
frutíferas cultivadas comercialmente. Esse estudo tem grande importância
porque as frutíferas possuem diferentes exigências, tanto é, que são classi-
ficadas em frutíferas de clima temperado, frutíferas de clima subtropical e
frutíferas de clima tropical.

Uma ferramenta disponível e estudada nessa aula foi o zoneamento agrocli-


mático, que permite o planejamento no momento da implantação do pomar,
visando minimizar o impacto negativo do clima e, ao mesmo tempo, explorar
as suas potencialidades nas distintas regiões.

Os fatores mais importantes estudados foram:

Temperatura – o desenvolvimento, florescimento e frutificação das frutíferas


cultivadas comercialmente são altamente influenciados pela temperatura.

Precipitação – quando excessivas durante o período de florescimento das


frutíferas diminui a taxa de polinização, consequentemente há uma diminuição
na produção das plantas.

Umidade relativa do ar – pomares implantados em regiões onde a umidade


relativa do ar é muito elevada em determinados períodos de desenvolvimento
da cultura, há um maior risco na ocorrência de doenças.

Vento – a ocorrência de ventos fortes favorece a circulação, renovando cons-


tantemente o ar circunvizinho ao vegetal e constitui em precioso auxiliar na
polinização das plantas.

Atividades de aprendizagem
1. Durante o planejamento de um pomar é realizado a avaliação climática
da região. Cite algumas informações relacionadas ao clima que devem
ser pesquisadas.

Aula 2 - Exigências climáticas 37 e-Tec Brasil


2. As plantas de clima temperado necessitam de temperaturas mais baixas.
Por quê? Qual é o valor dessa temperatura?

3. Com base no seu estudo, cite quais os períodos críticos em que a umidade
relativa do ar elevada pode causar prejuízos para a cultura da nogueira-pecã,
pessegueiro, morango e videira.

4. Por que o vento pode influenciar a polinização em pomares comerciais?

5. Qual a importância (função) de conhecer o zoneamento agroclimático


durante o planejamento de pomares comerciais?

e-Tec Brasil 38 Implantação de Pomares


Aula 3 – Escolha das frutíferas

Objetivos

Identificar as frutíferas e os potenciais para cada região.

Conhecer as exigências das espécies frutíferas.

Correlacionar as características climáticas da região com as frutíferas


em estudo.

3.1 Considerações iniciais


A escolha de qual espécie frutífera será cultivada pelo produtor deve ser
avaliada e estudada previamente, considerando-se alguns fatores, sendo eles:
proximidade com o mercado consumidor, mão de obra disponível, formas de
transporte da safra, propósito, custo de implantação, existência de consumidores
e período de armazenamento das frutas. A análise prévia destes fatores evita
erros posteriores e auxilia no planejamento financeiro e estratégico. A seguir
serão especificados estes itens.

3.2 Mercado próximo


Algumas frutas são de alta perecibilidade, não tolerando o transporte a longas
distância ou exigindo cuidados especiais. Como exemplo, podemos citar o
pêssego, o morango e o figo que tem pouco tempo de vida após a colheita. O
manuseio destas frutas deve ser feito com muito cuidado e a comercialização
deve ser rápida.

3.3 Mão de obra


Uma das características da fruticultura é a alta demanda de mão de obra
durante todo o ano, independente da cultura cultivada. Mesmo com a meca-
nização agrícola ganhando espaço no ambiente rural, ainda a grande parte
das práticas realizadas em pomares são executadas de forma manual. Dessa
forma, ter conhecimento da demanda de mão de obra exigida pela cultura é
de grande relevância para que se possa planejar as atividades durante o ano.

Aula 3 - Escolha das frutíferas 39 e-Tec Brasil


A fruticultura é uma atividade tipicamente desenvolvidas em pequenas áreas.
Em algumas situações a mão de obra familiar nem sempre é suficiente, neces-
sitando ser complementada, principalmente no período da poda hibernal,
raleio e colheita das frutas.

Figura 3.1: Colheita de noz-pecã (a) e poda da figueira (b). Ambas atividades que
demandam muita mão de obra
Fonte: Diniz Fronza

Na grande maioria das frutíferas cultivadas comercialmente são necessários de


um a três homens por hectare. Com isso, torna-se necessário a realização de
uma pesquisa com antecedência, da disponibilidade de mão de obra na região.

3.4 Transporte da safra


Uma das características das frutas, que deve ser observada no momento
do planejamento é a perecibilidade deste produto. Essa característica exige
dos produtores uma alta capacidade de escoamento da safra o mais breve
possível, através de estradas com boas condições de trafego, evitando-se
lesões causadas por batidas entre as frutas.

3.5 Propósito
Na escolha das variedades é importante saber se a produção será para a
indústria, comércio in natura ou para ambos. Algumas variedades não pos-
suem aceitação industrial, ou seja, os derivados não são bem aceitos pelos
consumidores. Como exemplo podemos citar a uva Vênus, é bem precoce,
sendo aceita para consumo in natura, porém os seus derivados têm pouca
aceitação (sucos, vinhos e geleias).

e-Tec Brasil 40 Implantação de Pomares


3.6 Custo de implantação
Os recursos disponíveis podem limitar a escolha da frutífera. Como exemplo
pode-se citar que para 1 hectare de laranja posso implantar um pomar com
5 mil reais, já para 1 hectare de videiras necessito de 50 mil reais.

3.7 Consumidores ou compradores


A fruta escolhida para produção deve ser de possível venda com preço e
quantidade compensatória. Se houver vários compradores reduz a dependência
do produtor para com uma só empresa.

3.8 Período de armazenamento


Frutas que permitem o armazenamento por um maior período favorecem a
comercialização para o produtor, o mesmo pode consultar vários compradores.
Como exemplo um produtor de azeitonas tem 12 horas para comercializar e
um produtor de nozes tem 4 a 6 meses para realizar a venda. Alguns produtos
como a maçã, kiwi, pera, permitem o armazenamento em câmaras frias por
meses, já o pêssego por 22 dias.

Resumo
O estudo dessa aula foi direcionado para conhecer a importância no momento
da escolha das espécies frutíferas a serem cultivadas. Entre os pontos a serem
observados destacam-se:

Mão de obra – a fruticultura caracteriza-se pela grande necessidade de mão


de obra, dessa forma, vimos que é muito importante planejar a contratação de
terceiros, quando necessário, bem como conhecer as épocas onde a demanda
é por serviços é maior.

Transporte da safra – ter planejamento prévio de como será o escoamento da


safra, se através de rodovias, como e onde se conseguirá os veículos.

Propósito – antes de iniciar o plantio, deve-se saber se serão produzidas frutas


para o mercado in natura ou para a indústria.

Custo de implantação – a implantação de um pomar deve ser realizada de


acordo com as condições financeiras do produtor, dessa forma, evita-se altos
investimentos sem que haja recurso financeiro.

Aula 3 - Escolha das frutíferas 41 e-Tec Brasil


Consumidores ou compradores – quanto maior o número de pessoas que
consomem a fruta cultivada pelo produtor, maior será o mercado para a
venda desta fruta.

Período de armazenamento – sempre que possível, optar pelo cultivo de


frutas que possuem um período de armazenamento grande, dessa forma a
safra pode ser comercializada quando o preço da fruta estiver mais atrativo
ao produtor.

Atividades de aprendizagem
1. Qual a importância da mão de obra na escolha das frutíferas?

2. Por que a distância dos consumidores e o transporte pode afetar a escolha


das frutas a serem cultivadas em determinada região? Exemplifique.

3. Como o custo de implantação de uma frutífera pode afetar na escolha


da fruta a ser cultivada?

4. Como os consumidores finais podem influenciar o produtor na escolha


do cultivo?

5. Faça uma entrevista a um produtor de frutas e resuma as necessidades


para um hectare cultivado (mão de obra, custo de implantação, custo
anual, tempo de prateleira da fruta, possibilidade de armazenamento).

e-Tec Brasil 42 Implantação de Pomares


Aula 4 – Escolha do local

Objetivos

Conhecer as exigências das frutíferas quanto a localização do pomar.

Identificar a existência de possíveis impedimentos ao cultivo de frutíferas.

4.1 Considerações iniciais


As plantas frutíferas são espécies que se adaptam bem a vários locais de
cultivo, porém, alguns fatores devem ser atendidos para que estas tenham
condições de se desenvolver adequadamente, expressando o máximo potencial
produtivo. Entre os principais fatores observados na escolha do local para
implantação do pomar citam-se: drenagem da área, relevo do local, posição
da área quanto à incidência de radiação solar, sanidade e tipo de solo. No
decorrer desta aula estes itens serão abordados.

4.2 Drenagem
O estabelecimento de pomares em áreas com solos compactados ou pouco
profundos causa um desenvolvimento insatisfatório das plantas. Solos bem
drenados e com bom teor de matéria orgânica permitem o bom desenvolvi-
mento da cultura.

Em solos mal drenados as plantas podem morrer ou geralmente apresentam


pouca produção comercial, cerca de 2 a 10 kg por planta (como exemplo a
laranjeira), o que inviabiliza o cultivo. Na Figura 4.1 podemos observar um
plantio de citros estabelecido em uma área mal drenada.

Aula 4 - Escolha do local 43 e-Tec Brasil


Figura 4.1: Plantio de citros estabelecido em área mal drenada
Fonte: Diniz Fronza

Em áreas excessivamente úmidas é possível realizar a implantação de drenos,


que viabilizará o estabelecimento do pomar. O plantio em camalhões também
facilita a rápida drenagem do terreno, porém deve-se estar atendo para que
futuramente entrem máquinas no local.

Figura 4.2: Camalhões eficientes para drenagem, porém dificultam a entrada de máquinas
Fonte: Diniz Fronza

4.3 Relevo
Na escolha do local de implantação de frutíferas, caso o relevo seja ondulado,
é necessário que se faça patamares para facilitar a mecanização e realização
das atividades diárias no pomar. Na Figura 4.3 é possível observar um pomar
manejado de forma a permitir a mecanização das práticas culturais.

e-Tec Brasil 44 Implantação de Pomares


Figura 4.3: Patamares formados para facilitar a mecanização
Fonte: CTISM

4.4 Posição
O pomar deve ser instalado, sempre que possível voltado para o norte ou para
o leste (sol nascente). Essa posição favorece a maior insolação, aumentando
a fotossíntese e consequentemente a produtividade. Nessa posição as folhas
secam rapidamente pela manhã, reduzindo o aparecimento de pragas e doenças.

4.5 Sanidade
As áreas escolhidas devem ser livres de pragas e doenças. Como exemplo,
se for cultivar videiras não deve ter cochonilha pérola da terra ou espécies
hospedeiras dessa cochonilha e fungo Fusarium x. Caso for cultivar figueiras
e goiabeiras não deve ter nematoides ou culturas hospedeiras dessa praga.

4.6 Solos
O solos devem ser profundos, permeáveis e com bom percentual de matéria
orgânica. Sempre que possível deve-se evitar solos com impedimentos físicos
(ex.: presença de rochas, lençol freático superficial), químico (ex.: camada com
alta concentração de alumínio) e biológico (ex.: pragas e doenças). Caso não
seja possível deve-se analisar os custos para vencer essas barreiras.

Resumo
Vários aspectos técnicos foram abordados nessa aula referentes à escolha do
local a ser destinado a implantação do pomar. Um dos aspectos técnicos a

Aula 4 - Escolha do local 45 e-Tec Brasil


ser avaliado é a drenagem da área, preferencialmente, optando-se por solos
bem drenados e com bom teor de matéria orgânica, os quais permitem o
bom desenvolvimento da cultura. É importante evitar áreas mal drenadas, com
solo pouco profundo, ou solos com camada sub-superficial de impedimento.

Estudamos que o relevo deve ser plano ou suave e, quando for inclinado deve-se
fazer patamares antes da implantação das culturas, visando a mecanização.

Atividades de aprendizagem
1. Descreva os principais cuidados na escolha da área de cultivo de frutíferas.

2. Faça um relato de uma experiência de sucesso na fruticultura referente à


escolha do local e à escolha das frutíferas.

3. Faça um relato de uma experiência de insucesso na fruticultura referente


à escolha do local e à escolha das frutíferas.

e-Tec Brasil 46 Implantação de Pomares


Aula 5 – Preparo da área

Objetivos

Definir as principais práticas necessárias para o preparo da área


destinada à implantação do pomar.

Estudar as etapas práticas destinadas ao preparo de uma área para


frutíferas.

5.1 Considerações iniciais


O preparo de uma área onde será implantado um pomar deverá ser preparado
de forma correta, adotando algumas práticas, entre elas destacam-se a análise
de solo, a correção do pH do solo, preparo do solo e adubação de plantio.

5.2 Análise de solo


Antes de iniciar o preparo da área é necessário coletar amostras para a rea-
lização da análise do solo. Com a análise em mãos, faz-se a interpretação
e recomendação de calagem. O pH do solo onde será implantado o pomar
deve estar em uma faixa entre 6,0 e 6,5, dependendo da frutífera cultivada.

Na maioria dos solos ocorre uma grande heterogeneidade originada de vários


fatores, como material de origem e processos de intemperização. Para que
a amostra de solo coletada na área onde será implantada alguma frutífera
tenha representatividade da fertilidade média do solo e atributos físicos, é
necessária a coleta de solo em mais de um ponto da área. Em condições de
cultivo convencional, normalmente utilizado na implantação de frutíferas, é
necessário a coleta de 15 a 20 sub-amostras (em média 15).

Para frutíferas, a profundidade de coleta do solo é realizada na camada de


0 a 20 cm, 20 a 40 cm e 40 a 60 cm. As amostragens nas camadas profundas
indicam se há limitações químicas no solo, tais como, excesso de alumínio
no solo. A reamostragem deve ser feita num período de 4 anos, para avaliar
a disponibilidade de nutrientes e outras variáveis químicas e físicas do solo.

Aula 5 - Preparo da área 47 e-Tec Brasil


5.3 Correção do solo
A obtenção de um plantio comercial de frutíferas com uma boa produção
anual é consequência do nível adequado da fertilidade do solo, onde a planta
tenha a disponibilidade de água, ar e mais 13 nutrientes, todos essenciais
para o desenvolvimento vegetativo e posterior frutificação. A importância
da correção de pH do solo está ligado a disponibilidade de nutrientes. Como
exemplo, quando o pH do solo estiver abaixo de 5,5 em solos de alto teor de
alumínio este tem a sua disponibilidade aumentada e o mesmo é absorvido em
detrimento da absorção de Ca+2, Mg+2 e K+. Na Figura 5.1 é possível observar
em qual faixa de pH os nutrientes tornam-se mais ou menos disponíveis às
raízes das plantas.

Figura 5.1: Valores de pH do solo e disponibilidade de nutrientes


Fonte: CTISM, adaptado de Malavolta, 1981

Analisando o gráfico acima podemos constatar que a faixa mais adequada de


pH para que todos os nutrientes estejam disponíveis à planta está em torno
de 6,0 e 6,5.

A quantidade de corretivo recomendada deve ser estipulada com base nas


informações da análise de solos da área. Quando as necessidades de calcário
forem superiores a 5 t/ha a aplicação deve ser parcelada em duas vezes.
Aplica-se 5 t/ha e realiza-se a incorporação do calcário (aração e gradagem),
em seguida aplica-se o restante e faz-se novamente a incorporação do calcário.

e-Tec Brasil 48 Implantação de Pomares


O calcário deve ser aplicado com no mínimo três meses antes do plantio das
mudas. Essa antecedência na aplicação do calcário é necessária, pois o pH
do solo atinge um valor máximo em aproximadamente 3 a 12 meses após
a aplicação, dessa forma, as mudas encontrarão um solo em condições de
fornecer os nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas. Após
espalhado o corretivo na área, este deve ser incorporado a uma profundidade
de 0 a 20 cm. O ideal seria incorporar até a camada de 60 cm para frutíferas,
porém há dificuldade de equipamentos para tal homogeneização nessas
profundidades. O uso do gesso agrícola e do subsolador (pé de pato) tem
auxiliado na incorporação profunda de nutrientes.

Figura 5.2: Incorporação do calcário com utilização de uma grade


Fonte: Jonas Janner Hamann

Essa prática é importante porque plantas de porte arbóreo são dotadas de


sistema radicular muito profundo, sendo que as raízes responsáveis por absorver
cerca de 80 % dos nutrientes disponíveis na solução do solo estão localizadas
a uma profundidade de até 60 cm.

5.4 Preparo do solo


O preparo do solo deve ser feito com uma antecedência de 60 a 90 dias, em
uma profundidade de 50 a 60 cm. Solos muito argilosos devem ser no mínimo
subsolados e realizado uma gradagem.

O subsolador auxilia na descompactação de camadas de impedimento. Ao


passar o subsolador de forma cruzada (duas vezes – em dois sentidos) favorece
o deslocamento em maior profundidade do calcário e do fósforo (ambos
são pouco móveis no perfil do solo – deslocam-se somente 1 cm por ano).
Outra técnica que auxilia na maior profundidade das raízes das frutíferas é
a utilização do gesso agrícola, o qual fornece cálcio e enxofre, que descem
no perfil do solo.

Aula 5 - Preparo da área 49 e-Tec Brasil


Figura 5.3: Preparo da área com subsolador com hastes de 90 cm
Fonte: Jonas Janner Hamann

No momento da implantação das frutíferas é importante observar as práticas


de conservação de solo e água, tais como plantio em nível, manter o solo
coberto com palhada e uso de plantas de cobertura do solo (aveia, ervilhaca,
nabo forrageiro, feijão de porco, mucuna, guandu, crotalárias, ...).

5.5 Adubação de plantio


Na adubação de plantio é recomendado a aplicação de fertilizantes fosfatados
e potássicos, que devem ser aplicados a lanço na área total e incorporados na
camada de 0 a 20 cm de profundidade. Dos adubos fosfatados, os fosfatos
solúveis são os que apresentam maior solubilidade em água, como o super-
fosfato simples, superfosfato triplo, MAP e DAP. No Quadro 5.1 estão listados
os principais fertilizantes fosfatados com os teores mínimos de nutrientes e
outros elementos agregados aos fertilizantes.

Quadro 5.1: Principais fertilizantes fosfatados disponíveis no mercado


Fertilizante Garantia mínima Observação
18 % de P2O5 em CNA + água 1
18 a 20 % de Ca
Superfostato simples
16 % de P2O5 em água2 10 a 12 % de S
41 % de P2O5 em CNA + água
Superfosfato triplo 12 a 14 % de Ca
37 % de P2O5 em água
48 % de P2O5 em CNA + água
Fosfato monoamônico (MAP) 9 % de N
44 % de P2O5 em água
45 % de P2O5 em CNA + água
Fosfato diamônico (DAP) 16 % de N
38 % de P2O5 em água
20 % de P2O5 total 25 a 27 % de Ca
Fosfato natural parcialmente
9 % de P2O5 em CNA + água 0 a 6 % de S
acidulado
5 % de P2O5 em água 0 a 2 % de Mg
17 % de P2O5 total 7 % de Mg
Termofosfato magnesiano
14 % de P2O5 em ácido cítrico 18 a 20 % de Ca
24 % de P2O5 total
Fosfato natural 23 a 27 % de Ca
4 % de P2O5 em ácido cítrico

e-Tec Brasil 50 Implantação de Pomares


Fertilizante Garantia mínima Observação
28 % de P2O5 total (farelado)
Fosfato natural reativo 30 a 34 % de Ca
9 % de P2O5 em ácido cítrico
20 a 29 % de Ca
Escória de Thomas 12 % de P em ácido cítrico
0,4 a 3 % de Mg
1
Soma da solubilidade em citrato neutro de amônio (CNA) e em água.
2
Solubilidade em água.
Fonte: Bissani et al., 2008

Quando possível incorporá-los a uma profundidade maior, aumentar as doses


proporcionalmente à camada adubada, com base na análise do solo na mesma
profundidade de incorporação. O superfosfato triplo e o superfosfato simples
são os mais utilizados devido ao menor custo. Em produções orgânicas ou
em transição é muito utilizado o fosfato natural, o qual possui liberação mais
lenta, porém mais duradoura. No mercado são encontrados os seguintes
fertilizantes potássicos.

Quadro 5.2: Fertilizantes potássicos com a descrição da composição


Fertilizante Garantia mínima Observações
Cloreto de potássio 58 % de K2O Contém 47 % de cloro
1 a 2 % de cloro
Sulfato de potássio 48 % de K2O
15 % de enxofre
12 % de nitrogênio
Nitrato de potássio1 48 % de K2O 1 a 2 % de cloro
15 % de enxofre
22 a 23 % de enxofre
Sulfato de potássio e magnésio 18 % de K2O
4,5 % de magnésio
1
Muito utilizado em adubação de cobertura em frutíferas.
Fonte: Bissani et al., 2008

Os fertilizantes potássicos também devem ser incorporados ao solo, logo após


a aplicação. Além do calcário, o fósforo e o potássio o gesso agrícola está
sendo bastante utilizado em culturas perenes, sendo aplicado na preparação
da área.

Resumo
Nessa aula foi possível estudar a necessidade de realizar a coleta de solo para
a realização da análise deste solo, antes de iniciar o preparo da área. Um dos
pontos mais importantes na coleta do solo é a profundidade, para frutíferas a
coleta do solo é realizada na camada de 0 a 20 cm, 20 a 40 cm e 40 a 60 cm.

A importância da correção de pH do solo está ligado à disponibilidade de


nutrientes. Dessa forma, após realizada a coleta e análise do solo, procede-se
os cálculos para definir a quantidade de calcário a ser aplicada na área.

Aula 5 - Preparo da área 51 e-Tec Brasil


Quanto à aplicação do calcário, estudamos que este insumo deve ser aplicado
com no mínimo três meses antes do plantio das mudas e incorporado de
forma uniforme.

Já o preparo do solo, como abordado na aula, deve ser feito com uma ante-
cedência de 60 a 90 dias, em uma profundidade de 50 a 60 cm. Solos muito
argilosos devem ser no mínimo subsolados e realizado uma gradagem.

Referente à adubação de plantio, foi apresentada a importância da aplicação


de fertilizantes fosfatados e potássicos, devendo esses ser aplicados a lanço
na área total e incorporados na camada de 0 a 20 cm de profundidade.

Atividades de aprendizagem
1. Para análise de solo em áreas destinadas a fruticultura, qual a profundi-
dade de coleta do solo?

2. Por que é importante incorporar o calcário ao solo em áreas destinadas


ao cultivo de frutíferas (plantas de porte arbóreo)?

3. Cite no mínimo 3 fertilizantes fosfatados e a sua concentração mínima


(em %) de P2O5 utilizados na fruticultura.

4. Cite 3 fertilizantes potássicos e sua concentração mínima (em %) de K2O


utilizados na fruticultura.

5. Realize uma pesquisa na internet obtendo o preço do saco de 50 kg dos


fertilizantes: superfosfato triplo e cloreto de potássio. Elabore uma tabela
contenho o nome da loja que comercializa, endereço, telefone ou e-mail,
preço do saco de 50 kg.

e-Tec Brasil 52 Implantação de Pomares


Aula 6 – Qualidade das mudas

Objetivos

Estudar os principais parâmetros que determinam a qualidade de


uma muda.

Desenvolver a habilidade técnica de decisão para escolha e compra


de mudas.

6.1 Considerações iniciais


Um dos fatores que contribui para a formação de um pomar altamente pro-
dutivo depende, em grande parte, da qualidade das mudas que formarão o
pomar. As mudas plantadas devem resistir às condições adversas normalmente
encontradas no campo, temperaturas elevadas, períodos com déficit hídrico,
danos causados por pragas e doenças e ainda apresentar um crescimento
desejável.

Figura 6.1: Muda de goiabeira sofrendo competição com plantas daninhas (a), ferru-
gem em folha de muda de figueira (b), deficiência hídrica em muda de nogueira-pecã
(c) e ataque de formigas em muda de nogueira-pecã (d)
Fonte: Jonas Janner Hamann

Com tantos fatores bióticos adversos que as mudas de plantas frutíferas


encontram no campo, torna-se indispensável a aquisição e plantio de mudas
com alta qualidade e grande vigor.

Aula 6 - Qualidade das mudas 53 e-Tec Brasil


6.2 Parâmetros de qualidade
A classificação das mudas em termos de qualidade é de fundamental importância
em virtude da melhor adaptação e crescimento daquelas com melhor padrão
de qualidade no plantio definitivo. Reconhecer uma muda de boa qualidade
torna-se também prioritário no caso da compra dessas de terceiros. As mudas
devem ser adquiridas em viveiros cadastrados no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento ou que sejam certificados. Os principais parâmetros
que indicam a boa qualidade de uma muda são discutidos na sequência.

6.2.1 Uniformidade de altura entre as mudas


A altura das mudas é um dos parâmetros de qualidade com maior facilidade
de avaliação no momento da compra. Mas não basta que as mudas tenham
uma altura considerável, é necessário que haja homogeneidade entre elas,
dessa forma adquire-se plantas com maior uniformidade genética. Na Figura
6.2 é possível observar que as mudas possuem altura diferente entre si, sendo
que a data da semeadura, adubações e irrigações foram iguais entre todas.

Figura 6.2: Mudas com diferentes alturas


Fonte: Jonas Janner Hamann

Mudas com alturas muito diferentes, quando levadas a campo acarretam em


dificuldades de manejo para o produtor, pois estas possuem uma demanda
de nutrientes e água diferenciadas. Na fruticultura se busca a uniformidade
genética, o que garante a aplicação homogênea das práticas culturais, con-
sequentemente, menor custo. No Quadro 6.1 está descrito a altura mínima
de algumas mudas frutíferas no momento da comercialização.

e-Tec Brasil 54 Implantação de Pomares


Quadro 6.1: Altura mínima para comercialização de algumas mudas de frutíferas
Espécie Altura mínima
Ameixeiras 50 cm (a partir do colo da muda)
Amoreiras 10 cm (a partir do colo da muda)
Framboeseiras 10 cm (a partir do colo da muda)
Tangerinas 30 a 50 cm (haste da variedade copa)
Laranjeiras 50 a 60 cm (haste da variedade copa)
Limas ácidas 50 a 70 cm (a partir do colo da muda)
Fonte: Autores

Esses padrões devem ser observados no momento da comercialização e da


compra, pois são estabelecidos por uma legislação específica.

6.2.2 Rigidez da haste principal (diâmetro de colo)


As mudas de frutíferas propagadas através de sementes ou de estaquia devem
apresentar um diâmetro mínimo de 10 mm no colo da planta. Entende-se
como “colo da planta” a região imediatamente acima do substrato, onde
começa o caule da muda. Observe a Figura 6.3.

Figura 6.3: Muda de figueira (a), local denominado de “colo” na planta (b) e colo da
muda com 16 mm (c)
Fonte: Jonas Janner Hamann

Para mudas obtidas através da enxertia, o diâmetro mínimo deve ser observado
na haste da variedade copa, logo após o local de enxertia.

Aula 6 - Qualidade das mudas 55 e-Tec Brasil


Figura 6.4: Muda de tangerina (a), local de avaliação do diâmetro em espécies enxer-
tadas (b) e avaliação da muda, com diâmetro de 9 mm (c)
Fonte: Jonas Janner Hamann

As mudas certificadas das tangerinas devem apresentar um diâmetro mínimo


de 0,5 cm e das demais espécies cítricas de 0,7 cm, 5 cm acima do ponto
de enxertia.

6.2.3 Número de folhas e/ou, tamanho de copa


Quando se faz a escolha de mudas com folhas perenes (laranjeiras, berga-
moteiras, limões, limas ácidas) é preferível optar por mudas que tenham
maior quantia de folhas. Isso é importante, pois as folhas são responsáveis
pela realização da Fontesíntese, produzindo Fonteassimilados que garantem
o crescimento das plantas.

e-Tec Brasil 56 Implantação de Pomares


6.2.4 Aspecto visual vigoroso
O aspecto visual é o parâmetro que pode ser avaliado com maior facilidade
e rapidez, sem auxílio de instrumentos como fita métrica ou paquímetro. As
mudas devem apresentar um aspecto vigoroso, não apresentando sintomas
de deficiência nutricional. Deve-se evitar a compra de mudas que apresentam
folhas amareladas ou com formato e tonalidade diferente da tradicional para
a espécie. Na Figura 6.5 é possível observar uma muda com sintomas de
deficiência nutricional.

Figura 6.5: Muda de nogueira-pecã com tonalidade amarelada (a), folíolos da muda
com necroses (b), detalhe de um folíolo com necrose, indicando deficiência de níquel
(c) e folha de nogueira-pecã com tonalidade e formado considerado normal para a
espécie (d)
Fonte: Jonas Janner Hamann

6.2.5 Ausência de pragas e doenças na folha, no


caule e nas raízes
Mudas produzidas em viveiros certificados não podem apresentar sintomas
de ataque de pragas e doenças nas folhas, tronco e raízes. A sanidade das
mudas é um dos pontos mais importantes na avaliação dos parâmetros que
atestam a qualidade das plantas.

Os danos causados por pragas ou doenças além de prejudicar as mudas,


podem vir a se tornar um problema sanitário no pomar. Muitos são os casos de
introdução através de mudas contaminadas por pragas, como os nematoides,
em áreas onde não havia registro de ocorrência destes indivíduos. Doenças
bacterianas e fúngicas também podem ser introduzidas em áreas antes livres
destes patógenos. Na Figura 6.6 é possível observar uma muda de laranjeira
já contaminada, apresentando os sintomas do Cancro cítrico, principal doença
dos citros, além de ataque de pulgão e larva-minadora.

Aula 6 - Qualidade das mudas 57 e-Tec Brasil


Figura 6.6: Muda de citros com sintomas de cancro cítrico (a), detalhe da folha com
sintoma típico de cancro cítrico (b) e folha sofrendo ataque de pulgão e de larva-mi-
nadora-dos-citros (c)
Fonte: Jonas Janner Hamann

Cada espécie frutífera sofre com o ataque de pragas e doenças específicas,


com sintomas visuais de ataque diferentes, por isso, torna-se necessário o
desenvolvimento da habilidade de realizar diagnósticos visuais. No Quadro
6.2 são descritos algumas pragas e doenças que podem vir do viveiro em
diferentes espécies frutíferas.

Quadro 6.2: Principais pragas e doenças que podem vir do viveiro em mudas
frutíferas
Espécie Pragas Doenças
Pulgões Cancro cítrico
Citros Larva-minadora Gomose
Cochonilhas Verrugose
Figueira Nematoides Ferrugem da figueira
Goiabeira Cochonilhas Ferrugem da goiabeira
Phyloxera Sarna
Nogueira-pecã
Ácaros Fusariose
Pérola-da-terra
Videira Fusariose
Phyloxera
Fonte: Autores

e-Tec Brasil 58 Implantação de Pomares


6.2.6 Ausência de plantas daninha no substrato
A grande maioria das frutíferas é sensível à competição com plantas dani-
nhas. Quando há competição por água, nutrientes, luz solar ou outro fator
abiótico, as plantas frutíferas podem apresentar um crescimento reduzido e
em casos severos até morrer. Uma maneira de não aumentar o número de
plantas daninhas no pomar é evitando a entrada de novas espécies daninhas
na área. E uma das principais formas de infestação de pomares é através dos
substratos onde as mudas são cultivadas.

As embalagens das mudas devem estar isentas de plantas daninhas, isso é


facilmente diagnosticado apenas observando a muda. Sempre que possível,
optar por mudas que não apresentem plantas daninhas desenvolvidas no
substrato da embalagem. Na Figura 6.7, podemos observar uma muda de
citros infestada por plantas daninhas.

Figura 6.7: Desenvolvimento de plantas daninhas em embalagem de muda de citros


(a), plantas daninhas se desenvolvendo no substrato da muda (b) e detalhe das plan-
tas invasoras (c)
Fonte: Jonas Janner Hamann

Aula 6 - Qualidade das mudas 59 e-Tec Brasil


6.2.7 Raízes e partes aéreas bem desenvolvidas e
isentas de nematoides
As raízes das plantas são as estruturas responsáveis pela absorção de água
e nutrientes do solo, por isso, adquirir mudas com o sistema radicular bem
desenvolvido é importante. Para fazer a avaliação deste parâmetro é necessário
fazer uma amostragem, destruindo algumas mudas para avaliar o sistema
radicular.

Sempre optar por mudas que não tenham presença de nematoide, praga que
ataca o sistema radicular e vive no solo do substrato da muda e do pomar. Na
Figura 6.8 é possível observar o sistema radicular de uma muda de figueira
parasitada por nematoides. Deve-se evitar a aquisição dessas mudas.

Figura 6.8: Muda de figueira (a), parte do sistema radicular da muda (b) e detalhe de
raízes parasitadas por nematoides (c)
Fonte: Jonas Janner Hamann

Além de estar isento de parasitas, o sistema radicular deve apresentar outras


características morfológicas importantes que garantiram o crescimento das
mudas quando transplantadas para o pomar.

Como as mudas de frutíferas, normalmente são produzidas em embalagens


plásticas “sacolas”, é normal que com o desenvolvimento das raízes, o tama-
nho da embalagem venha a se tornar limitante ao crescimento do sistema
radicular. O que deve ser observado durante a avaliação do sistema radicular
é a existência de raízes enoveladas (enroladas) no fundo da sacola. Sempre
que isso for observado, é importante saber que no momento do plantio esta

e-Tec Brasil 60 Implantação de Pomares


camada de raízes deverá ser eliminada. Na Figura 6.9 podemos observar o
sistema radicular enovelado, em mudas de nogueira-pecã.

Figura 6.9: Muda de nogueira-pecã (a), torrão da muda sem a embalagem plástica (b)
e sistema radicular da muda enovelado (c)
Fonte: Jonas Janner Hamann

Mudas que apresentam o sistema radicular enovelado podem ser adquiridas,


mas geralmente, quando as raízes estão muito enoveladas, como na Fonte
da Figura 6.9, geralmente é um indicativo que a muda já possui 2 anos ou
mais, sendo considerada uma muda velha.

6.2.8 Relação parte aérea/sistema radicular


Várias são as características morfológicas avaliadas em uma muda de frutífera.
É necessário observar a relação de altura existente entre a parte aérea da
muda e o sistema radicular.

O crescimento do sistema radicular, normalmente, acompanha o crescimento


da parte aérea da muda, por isso, deve-se evitar a aquisição de mudas que
tenham a parte aérea muito maior que o sistema radicular. Na Figura 6.10 é
possível observar uma muda de goiabeira, onde a parte aérea é muito maior
que o sistema radicular.

Aula 6 - Qualidade das mudas 61 e-Tec Brasil


Figura 6.10: Muda de goiabeira (a) e embalagem acomodando o sistema radicular
da muda (b)
Fonte: Jonas Janner Hamann

Mudas que apresentam a parte aérea muito maior que o sistema radicular
podem vir a ter problemas no crescimento, quando plantadas no campo. Como
regra geral, a parte área deve ter no máximo 3 vezes a altura da embalagem
onde a muda está plantada.

6.2.9 Conhecer o porta-enxerto e a variedade copa


O porta-enxerto e a variedade copa devem estar identificadas na muda e
se possível o comprador das mudas deve conhecer as matrizes. As boas
matrizes, com sanidade, sem ocorrência de lesões por pragas e doenças,
com crescimento vigoroso fornecerão material vegetativo sadio, originando
mudas de boa qualidade.

Resumo
O estudo dessa aula foi direcionado à importância de se conhecer os principais
aspectos a serem avaliados para a obtenção de mudas de qualidade.

O primeiro aspecto estudado foi referente à altura das mudas, sendo um dos
parâmetros de qualidade com maior facilidade de avaliação no momento da
compra. Mas não basta que as mudas tenham uma altura considerável, é
necessário que haja homogeneidade entre elas.

e-Tec Brasil 62 Implantação de Pomares


O aspecto visual é outro parâmetro que pode ser avaliado com facilidade e
rapidez, sem auxílio de instrumentos como fita métrica ou paquímetro. As
mudas devem apresentar um aspecto vigoroso, não apresentando sintomas
de deficiência nutricional.

Também é necessário ter identificado o porta-enxerto e a variedade copa nas


etiquetas das mudas e ser descrita a mesma informação na nota fiscal.

Além dos itens citados, estudamos que a sanidade das mudas é muito impor-
tante na avaliação dos parâmetros que atestam a qualidade das plantas.

Atividades de aprendizagem
1. Quais as características de uma boa muda frutíferas?

2. Quais os critérios da escolha de um bom viveiro de mudas?

3. Quais as diferenças entre as mudas de raiz nua e muda em recipiente


(com torrão)?

4. Visite um ponto de vendas de mudas e relacione característica das mudas,


porta-enxertos, embalagem, procedência, etc.

Aula 6 - Qualidade das mudas 63 e-Tec Brasil


Aula 7 – Implantação dos quebra-ventos

Objetivos

Conhecer o conceito e a importância dos quebra-ventos.

Estudar os fatores que influenciam a implantação das estruturas


que minimizam a ação dos ventos.

Identificar as espécies aptas a comporem um quebra-vento.

7.1 Considerações iniciais


Os quebra-ventos são estruturas naturais ou artificiais, implantados perpendi-
cularmente aos ventos dominantes, tendo como função controlar o microclima
e diminuir a velocidade do vento, evitando danos nos pomares. Pode-se utilizar
como quebra-ventos espécies arbóreas ou arbustivas perenes. Acredita-se que
são destinados aos quebra-ventos de 4 a 5 % da área disponível ao cultivo.
Os quebra-ventos têm funções importantes, vejam algumas:

• Ajuda na conservação da umidade do solo.

• Diminui a erosão eólica.

• Evita a quebra de ramos, queda de frutos e de folhas.

• Ajudam a diminuir a evapotranspiração das plantas.

• São barreiras contra a entrada de alguns patógenos nocivos as plantas.

• Aumento da eficiência do uso da água para irrigação.

• Diminui a deriva durante a aplicação de produtos.

• Melhora a polinização das abelhas.

• Reduz a entrada de pragas e doenças.

Aula 7 - Implantação dos quebra-ventos 65 e-Tec Brasil


Para a instalação de quebra-ventos devem-se observar alguns itens, para a
correta implantação, que serão discutidos a seguir.

7.2 Seleção de espécies


A escolha de alguma espécie deve ser analisada previamente, para evitar o
plantio de plantas que não se adaptem as condições edafoclimáticas da região.
Deve-se observar os seguintes fatores:

• Características do solo.

• Disponibilidade hídrica.

• Altura atingida pela planta.

• Hábito de crescimento.

• Tamanho e densidade da copa.

• Tratos culturais (poda).

• Resistência mecânica ao vento.

• Se existe competição por nutrientes e água com a cultura.

• Hospedeira ou não de pragas e doenças que atacam a cultura.

Quando o quebra-vento implantado for de espécies arbóreas, algumas carac-


terísticas são desejáveis, veja:

• Porte ereto.

• Crescimento rápido.

• Folhas perenes.

• Sistema radicular profundo.

• Plantas flexíveis, dessa forma não são facilmente quebradas pelo vento.

e-Tec Brasil 66 Implantação de Pomares


7.3 Espécies vegetativas recomendadas
para o plantio como quebra-ventos
7.3.1 Espécies arbóreas
• Casuarina (Casuarina equisetifolia e C. cunninghamiana).

• Bracatinga (Mimosa scabrella).

• Cipreste (Cupressus lusitanica).

• Grevilha (Grevillea robusta).

Figura 7.1: Quebra-vento de casuarina


Fonte: Diniz Fronza

7.3.2 Espécies arbustivas


Algumas espécies arbustivas de menor porte são instaladas como quebra-vento
pois tem crescimento rápido e protege as plantas nos primeiros anos. Muitos
produtores preferem retirar o capim cameron (ou a cana de açúcar) com o
passar dos anos, pois esses são atrativos de ratos e posteriormente cobras,
sendo um risco para os fruticultores. Principais espécies arbustivas:

• Capim cameron.

• Cana-de-açúcar.

Aula 7 - Implantação dos quebra-ventos 67 e-Tec Brasil


• Bambu.

• Taquara.

Figura 7.2: Quebra-vento de capim cameron


Fonte: Diniz Fronza

Em terrenos ondulados deve-se evitar a acumulação do ar frio nas baixadas,


que sendo mais denso tende a fluir para as partes mais baixas do terreno. As
barreiras colocadas em uma encosta represam o ar frio, aumentando o perigo
de geadas acima delas, enquanto que abaixo delas é diminuído.

Quando houver dificuldades em implantar o quebra-vento antes do plantio


das mudas, uma opção é o plantio do capim cameron, pois é de rápido
crescimento. O cameron atinge 3 metros de altura em apenas 5 ou 6 meses,
atuando na proteção contra os ventos até uma distância de 30 a 40 metros.
Quando o quebra-vento definitivo estiver estabelecido e bem desenvolvido
deve-se remover o capim cameron.

7.4 Recomendações para implantação de


um quebra-vento
Dada a grande importância da utilização de quebra-vento no pomar, a seguir
são discutidas as principais recomendações na implantação dos quebra-ventos:

e-Tec Brasil 68 Implantação de Pomares


a) Altura das árvores – a distância na qual é efetiva a proteção do que-
bra-vento depende da altura da barreira. Quanto maior a altura da bar-
reira, maior a distância protegida. A altura do quebra-vento é medida do
topo do dossel da cultura até o topo do quebra-vento. Geralmente a pro-
teção ocorre a uma distância de 10 a 15 vezes a altura do quebra-vento.

b) Espessura (nº de filas de plantas) – em geral, dentro das filas os espa-


çamentos entre as plantas são de 2 a 6 m para árvores de porte médio
a alto, onde os menores espaçamentos dentro da fila são usados em
plantios de filas simples. Quando a espécie utilizada no quebra-vento for
o bambu, recomenda-se uma distância entre plantas na fila de 3,0 m.

O espaçamento entre as filas de plantas não são fixos, deve-se levar em


conta a espécie a ser implantada e o seu porte, assim como a disponibi-
lidade de água no local. A fila única de árvores para o quebra-vento não
é indicada, caso haja a morte de alguma das plantas, a fenda deixada no
quebra-vento prejudica muito a proteção dada por este. Existem pesquisas
que apontam um aumento de 20 % da velocidade do vento no local da
falha, por isso deve-se implantar quebra-ventos com 2 filas de plantas.

c) Densidade/porosidade – a melhor porosidade de um quebra-vento para


influenciar a maior área possível é em torno de 40 %. Os quebra-ventos
muito densos reduzem fortemente a velocidade do vento imediatamente
atrás da barreira e os medianamente densos, apesar de reduzirem menos
a velocidade do vento na área próxima da barreira, são mais efetivos a
médias distâncias.

Barreiras com porosidade muito baixa criam mais turbulência do que


barreira com porosidade maior (Figura 7.3(a)). Quebra-ventos com uma
maior porosidade permitem que um percentual do vento transpasse por
sua estrutura, evitando a turbulência (Figura 7.3(b)).

Aula 7 - Implantação dos quebra-ventos 69 e-Tec Brasil


Figura 7.3: Influência da densidade do quebra-vento na turbulência do vento
Fonte: CTISM, adaptado de Volpe e Schöffel, 2001

d) Composição – entende-se por composição dos quebra-ventos as espé-


cies que o constituem. É possível utilizar árvores e arbustos variados para
dar uma forma mais racional à barreira e também por motivos práticos e
econômicos (Figura 7.4).

Figura 7.4: Quebra-ventos com casuarina em plantio de videira


Fonte: Diniz Fronza

e-Tec Brasil 70 Implantação de Pomares


e) Distância entre quebra-ventos – a distância entre quebra-ventos é
proporcional à declividade do terreno e a altura (h) dos quebra-ventos.
Conforme o Quadro 7.1, para uma declividade zero ou próxima de zero
e um quebra-ventos de 5 m de altura, a área cultivada protegida é de até
10 h de distância, correspondendo a 50 m protegido, local em que deve
ser feito um novo quebra-vento. No caso de uma declividade de 6 graus
de declividade e 5 m de quebra-ventos de altura, a área protegida é de
6,20 h, correspondendo a 31 m de proteção.

Quadro 7.1: Distância de influência de quebra-vento em função de sua


altura (h) e da declividade do terreno
Declividade do terreno (%) Distância de influência (× h)
0 10,00
3 7,65
4 7,10
5 6,65
6 6,20
8 5,50
10 5,00
15 4,00
20 3,30
25 2,85
30 2,50
> 30 2,00
Fonte: Finch, 1986

Resumo
Nessa aula definimos o conceito de quebra-vento, como sendo estruturas
naturais ou artificiais, implantados perpendicularmente aos ventos dominantes,
tendo como função controlar o microclima e diminuir a velocidade do vento,
evitando danos nos pomares.

Também foram apresentadas algumas das principais funções destas estruturas,


entre elas: ajudam na conservação da umidade do solo, diminuem a ocorrência
de erosão eólica, evitam a quebra de ramos, queda de frutos e de folhas,
ajudam a diminuir a evapotranspiração das plantas.

Para que haja sucesso na implantação dos quebra-ventos, a escolha de alguma


espécie deve ser analisada previamente, para evitar o plantio de plantas que
não se adaptem as condições edafoclimáticas da região.

Aula 7 - Implantação dos quebra-ventos 71 e-Tec Brasil


Entre as espécies arbustivas é possível destacar o capim cameron e a cana-de-açú-
car. Já entre as espécies arbóreas foram destacadas a casuarina, cipreste e
bracatinga.

Atividades de aprendizagem
1. Os quebra-ventos são implantados paralelamente ou perpendicularmente
aos ventos dominantes?

2. Cite algumas funções dos quebra-ventos em pomares.

3. Do que dependerá a seleção de espécies para quebra-ventos?

4. Quais características são desejáveis para os quebra-ventos?

5. Cite algumas espécies arbóreas e arbustivas que podem ser utilizadas na


implantação de quebra-ventos.

6. Quando houver dificuldades em implantar o quebra-vento antes do plantio


das mudas, uma opção é o plantio de que tipo de capim? Cite algumas
características positivas desse capim.

e-Tec Brasil 72 Implantação de Pomares


Aula 8 – Demarcação do pomar

Objetivos

Estudar os principais espaçamentos utilizados na implantação de


algumas frutíferas.

Compreender e saber executar as etapas para a demarcação de


um pomar.

8.1 Considerações iniciais


Por serem culturas perenes, as frutíferas devem ser implantadas corretamente,
dessa forma, a demarcação do pomar adquire grande importância. Nesta
aula serão discutidos aspectos importantes relacionados ao espaçamento e
distribuição (tipo de alinhamento).

8.2 Espaçamento
Podemos definir como espaçamento de plantio a distância que há entre as
plantas na mesma fileira (espaçamento entre plantas) ou o espaçamento
existente entre plantas de fileiras diferentes (espaçamento entre linhas). Na
fruticultura é usual como unidade o “metro” para estabelecer o espaçamento
de plantio. A escolha do espaçamento que as frutíferas serão plantadas no
pomar dependerá de vários fatores, entre eles, os principais são:

• Área disponível.

• Espécie frutífera cultivada (figueira, amoreira, etc.).

• Tipo de porta-enxerto.

• Umidade do solo.

• Tipo de solo (solo argiloso, arenoso, franco-arenoso).

• Destino da produção (indústria ou consumo in natura).

Aula 8 - Demarcação do pomar 73 e-Tec Brasil


No Quadro 8.1 são apresentados alguns espaçamentos de plantio, mas estes
podem variar conforme os fatores mencionados anteriormente.

Quadro 8.1: Alguns espaçamentos recomendados para frutíferas


Espaçamento (metros)
Espécie
Entre plantas Entre linhas Mais utilizado
Citros 2a7 5a8 4,0 × 6,0

Figueira 2a3 3a5 3,0 × 5,0

Goiabeira 3 a 11 6 a 11 5,0 × 7,0


Nogueira-pecã 7 a 20 7 a 20 10,0 × 10,0
Pessegueiro 1a4 5a7 4,0 × 6,0
Videira 1 a 3,5 2,5 a 4 2,0 × 3,0
Fonte: Fachinello et al., 2008

8.3 Distribuição
No momento da implantação de um pomar, as frutíferas podem ser dispostas
de várias formas. Para a escolha de qual alinhamento de plantio a ser adotado,
é necessário observar os seguintes itens:

• Espécie frutífera a ser cultivada.

• Área disponível.

• Topografia do terreno.

• Densidade de plantio.

• Tipo de mecanização.

• Porte do porta-enxerto e cultivar-copa.

8.4 Formas de alinhamento


a) Alinhamento em retângulo – o alinhamento em retângulo pode ser
utilizado em terrenos planos. Essa disposição das plantas no pomar faci-
lita o trânsito de máquinas com implementos agrícolas, facilitando os tra-
tos culturais como a pulverização de agrotóxicos. Na Figura 8.1 p­ ode-se
observar a disposição das plantas.

e-Tec Brasil 74 Implantação de Pomares


Figura 8.1: Alinhamento em forma de retângulo
Fonte: CTISM

No alinhamento em retângulo algumas vantagens são observadas, como o


melhor aproveitamento dos nutrientes fornecidos via adubação as plantas
e possibilita o cultivo de cultura intercalares.

b) Alinhamento em quadrado – no alinhamento em forma de quadrado,


são mantidas as mesmas distâncias entre plantas e entre as linhas de cul-
tivo. Na Figura 8.2 é possível observar a disposição das plantas no pomar.

Figura 8.2: Alinhamento em forma de quadrado


Fonte: CTISM

Aula 8 - Demarcação do pomar 75 e-Tec Brasil


Essa disposição das plantas já foi muito utilizado em pomares, porém,
hoje está em desuso. A distribuição das plantas nesse formato permite a
passagem de máquinas e implementos agrícolas, porém, há uma perda
de área do terreno, fato esse que limita a sua utilização.

c) Alinhamento em forma de triângulo – este alinhamento é o mais uti-


lizado atualmente em pomares comerciais, pois proporciona uma equi-
distância entre as plantas e permite o trânsito em três sentidos. A área
do pomar geralmente é melhor aproveitada com essa distribuição. Na
Figura 8.3 é possível observar a disposição das plantas no pomar.

Figura 8.3: Alinhamento em forma de triângulo


Fonte: CTISM

Um dos motivos pela adoção dessa disposição das plantas é devido a


utilização do terreno, que é maximizada, permitindo um aumento de
aproximadamente 15 % no número de plantas por área, em relação ao
sistema quadrado.

d) Plantio em fileiras paralelas entre os terraços – esse tipo de alinha-


mento é utilizado em áreas que apresentam declividade, permitindo o
controle da erosão. Nessa forma de disposição das frutíferas sempre é
mantido uma distância constante entre as linhas de plantio. As fileiras
são marcadas a partir de um terraço, em ambas as direções, para cima e
para baixo. Na Figura 8.4 é possível observar essa situação.

e-Tec Brasil 76 Implantação de Pomares


Figura 8.4: Alinhamento em fileiras paralelas entre os terraços
Fonte: CTISM

Uma outra vantagem desse alinhamento é que não há a formação de


“linhas mortas”, ou seja, fileiras que não entram em contato com os
carreadores (estradas) junto ao terraço.

e) Plantio sobre camalhões – o plantio de frutíferas sobre camalhões é


muito utilizado em várias regiões do Brasil, pois apresenta várias van-
tagens. Os camalhões atuam como um terraço, controlando a erosão
e viabilizam o plantio de frutíferas em locais muito úmidos ou com len-
çol freático superficial. Uma das desvantagens é durante os períodos de
seca, onde há rápida perda de água do solo, porém com o uso da irriga-
ção esse problema é solucionado. Na Figura 8.5 é possível visualizar esse
sistema.

Figura 8.5: Plantio de frutíferas sobre camalhões


Fonte: CTISM

Aula 8 - Demarcação do pomar 77 e-Tec Brasil


Os camalhões podem ser feitos com arados de disco ou encanteiradeiras,
conforme mostrado na Figura 8.6.

Figura 8.6: Preparo de camalhão com arado


Fonte: Jonas Janner Hamann

Resumo
A escolha do espaçamento que as frutíferas serão plantadas no pomar dependerá
de vários fatores, entre eles, foram destacados os principais: área disponível,
espécie frutífera cultivada (figueira, amoreira, etc.), tipo de porta-enxerto,
umidade do solo, tipo de solo (solo argiloso, arenoso, franco-arenoso), destino
da produção (indústria ou consumo in natura).

Outro ponto abordado nessa aula foi a forma de distribuição das plantas no
pomar, sendo elas: alinhamento em forma de retângulo, alinhamento em
forma de quadrado, plantio em fileiras paralelas entre os terraços e plantio
em camalhões.

Como visto, o alinhamento em forma de triângulo é o mais utilizado atualmente


em pomares comerciais, pois proporciona uma equidistância entre as plantas,
permite o trânsito em três sentidos e o melhor aproveitamento das áreas.

Atividades de aprendizagem
1. Cite algumas vantagens de escolher uma área pouco declivosa para a
implantação de um pomar comercial.

e-Tec Brasil 78 Implantação de Pomares


2. Quais os principais fatores devem ser observados no momento da escolha
do espaçamento de plantio das plantas frutíferas?

3. Para a escolha do sistema de plantio (alinhamento) que deverá ser adotado.


Cite o que é necessário observar.

4. Dos alinhamentos de plantio em pomares, qual o mais utilizado e por quê?

5. No plantio de frutíferas em camalhões, por que é importante ter cuidado


com a irrigação?

Aula 8 - Demarcação do pomar 79 e-Tec Brasil


Aula 9 – Implantação do pomar

Objetivos

Conhecer e analisar os principais fatores técnicos necessários para


a implantação de uma cultura perene.

Estudar a técnica para o plantio de mudas.

Definir as principais etapas no momento da implantação da cultura.

9.1 Considerações iniciais


A implantação do pomar é uma atividade importante e com vários detalhes
a serem observados e planejados. Nesta aula serão discutidos os principais
itens, entre eles a época de plantio, demarcação e preparo das covas, preparo
e plantio da muda, construção de taça para irrigação e tutoramento.

9.2 Época de plantio


A época mais adequada para o plantio das mudas de raiz nua é de junho
a agosto, já as mudas comercializadas em embalagens plásticas podem ser
transplantadas durante o ano todo, desde que sejam feitas irrigações nos
períodos de estiagem. Após 30 anos de observações as plantas implantadas
em julho e agosto têm melhor desenvolvimento. Ao adquirir mudas é impor-
tante fazê-lo em junho a julho, pois é possível escolher as melhores mudas.
Quando a aquisição é feita tardiamente corre-se o risco de comprar mudas
de menor qualidade.

9.3 Demarcação das covas


Primeiramente, é importante ressaltar que, no cultivo ideal de frutíferas, deve-se
dar preferência em preparar toda a área, utilizando adubo orgânico, adubos
fosfatados e potássicos, calcário e gesso agrícola. Caso não seja possível,
preparar a faixa de cultivo (2 a 3 metros) e, em último caso, implantar as
frutíferas com o preparo do solo somente nas covas. O preparo em covas limita
o desenvolvimento da cultura após os primeiros meses, pois as raízes saem da
zona da cova e não encontram solo próprio/corrigido para desenvolverem-se.

Aula 9 - Implantação do pomar 81 e-Tec Brasil


A marcação do local onde serão abertas as covas pode ser feita com estacas
de bambu, taquara ou madeira. Na Figura 9.1 é possível observar como essa
prática é realizada.

Figura 9.1: Demarcação das covas com taquara


Fonte: Diniz Fronza

9.4 Preparo das covas


O plantio deve ser feito preferencialmente em dias chuvosos ou nublados.
As covas para o plantio das mudas podem ser abertas manualmente ou com
trado acoplado ao trator. É necessária a abertura de covas de 40 cm × 40 cm
× 40 cm, se possível, fazer a separação entre o solo superficial e o solo das
camadas mais profundas.

Figura 9.2: Abertura da cova de 40 cm × 40 cm × 40 cm (a e b) e separação do solo


superficial e do solo da camada subsuperficial (c)
Fonte: Diniz Fronza

É recomendado que as covas tenham as dimensões suficientes para acomo-


dação do sistema radicular.

No momento do plantio, a camada superficial, proveniente das primeiras


camadas até 40 cm, é usada para o preenchimento do fundo das covas,
porque geralmente esta camada superficial pode apresentar um elevado
banco de sementes de plantas daninhas. Em situações que o produtor não
tenha feito a calagem em área total ou na faixa de plantio, nesse momento
pode-se incorporar o calcário junto ao solo.

e-Tec Brasil 82 Implantação de Pomares


Figura 9.3: Aplicação e incorporação de calcário no momento do plantio
Fonte: Diniz Fronza

Durante o plantio, preferencialmente, não se deve utilizar fertilizante químico na


cova. Pode-se optar por composto orgânico que esteja bem curtido e que seja
misturado com o solo. Caso se utilize adubo químico, deve ser em pequenas
quantidades (200 a 300 gramas) e procurar manter o solo sempre úmido,
evitando assim, os efeitos da salinização, que pode levar à morte das plantas.

Figura 9.4: Aplicação e incorporação de composto orgânico no momento do plantio


Fonte: Diniz Fronza

9.5 Preparo da muda


Quando forem utilizadas mudas comercializadas em sacos plásticos, é necessário
ter muito cuidado com o enovelamento do sistema radicular (Figura 9.5). Dessa
forma, é necessário fazer a remoção das raízes emaranhadas, caso contrário
o crescimento e desenvolvimento da planta podem ser comprometidos. A
remoção das raízes enoveladas se dá através da realização de um corte na
base da embalagem que contem a muda, este corte deve ser distante do
fundo da embalagem cerca de 5 cm.

Aula 9 - Implantação do pomar 83 e-Tec Brasil


Figura 9.5: Corte realizado 5 cm acima do fundo da embalagem para remover as
raízes enoveladas
Fonte: Diniz Fronza

9.6 Plantio da muda


Após a remoção do fundo da embalagem com as raízes enoveladas, sem remover
o resto da embalagem, a muda pode ser acomodada no fundo da cova, em
seguida a embalagem plástica pode ser removida apenas puxando-a para cima
(Figura 9.6).

Realizada esta etapa é necessário preencher a cova com o solo (Figura 9.7). É
importante lembrar que o solo da camada superficial removido anteriormente é o
primeiro a ser posto na cova. Em seguida é posto o solo da camada subsuperficial.

Preenchida a cova, é necessário puxar a muda um pouco para cima, com isso
o colo da planta ficará na mesma altura que estava dentro da embalagem,
nem muito enterrado nem exposto demais (Figura 9.8). Em seguida faz-se
uma pequena pressão com as mãos ao redor do solo em torno da muda. É
importante salientar que o local do enxerto não pode ficar coberto pelo solo.

e-Tec Brasil 84 Implantação de Pomares


Figura 9.6: Remoção da embalagem plástica
Fonte: Diniz Fronza

Figura 9.7: Adição de solo em torno da muda na cova de plantio


Fonte: Diniz Fronza

Figura 9.8: Local do enxerto não deve ser enterrado


Fonte: Diniz Fronza

Aula 9 - Implantação do pomar 85 e-Tec Brasil


9.7 Construção de uma “taça” para irrigação
Após o plantio pode ser construído com solo uma taça em torno da muda,
com o objetivo de armazenar água após a irrigação.

Esta estrutura pode ter aproximadamente 50 a 80 cm de diâmetro para facilitar


as irrigações. Em solos com presença de um B-textural não é aconselhado à
utilização da taça para irrigação, pois tal camada de impedimento dificulta a
infiltração da água, podendo causar a morte da muda.

Figura 9.9: Construção da taça em torno da planta


Fonte: Diniz Fronza

9.8 Proteção do solo com palhada


É possível ainda, por em torno da muda uma pequena porção de palhada
seca, bagaço de cana-de-açúcar, serragem ou outra matéria seca para manter
a umidade do solo, tendo cuidado quando utilizar palha vinda de outras
áreas, pois podem conter estruturas reprodutivas de plantas daninhas. Nessa
prática é necessário deixar um espaço de 5 cm em torno do tronco sem pôr
o material seco, dessa forma é possível evitar o ataque de fungos no colo da
planta, causado pelo excesso de umidade.

Figura 9.10: Deposição de serragem em torno da planta


Fonte: Diniz Fronza

e-Tec Brasil 86 Implantação de Pomares


Posta a palhada seca, serragem ou bagaço de cana-de-açúcar em torno da
muda a próxima etapa é a realização da irrigação.

9.9 Irrigação após o plantio


O fornecimento de água após o plantio possui duas finalidades: retirar o ar
que ficou retido entre as partículas de solo e fornecer água para as raízes da
planta permanecer hidratadas e fisiologicamente ativas.

Figura 9.11: Irrigação da planta após o plantio


Fonte: Diniz Fronza

9.10 Tutoramento da muda


Após a irrigação da muda é possível realizar o tutoramento da planta. O
material do qual será feito o tutor dependerá da disponibilidade do material
existente na propriedade rural, sendo possível utilizar taquara, bambu ou
madeiras. Após selecionado, o tutor deve ser colocado ao lado da planta,
distante 5 a 8 cm da muda. Em seguida a planta deve ser amarrada no tutor
com um barbante de plástico, o nó deve ser em forma de “8” para evitar o
estrangulamento da planta.

Aula 9 - Implantação do pomar 87 e-Tec Brasil


Figura 9.12: Tutoramento da planta com amarração em forma de “8”
Fonte: Diniz Fronza

O objetivo do tutoramento é evitar que ocorra a movimentação da planta


pelo vento, o que ocasionaria a movimentação do sistema radicular, podendo
causar rompimento das raízes em formação, podendo prejudicar o estabele-
cimento da muda a campo. Na cultura da nogueira-pecã, como observado
na Figura 9.13, o produtor deve-se atentar para o fato que de a utilização do
tutor, quando encostado na planta acima de 1,50 m, pode causar a ausência
do crescimento da ramificação da planta ou ocasionar a má formação desses
ramos. Isso pode ser observado na Figura 9.13.

Figura 9.13: Tutor de taquara ocasionando tortuosidade a nova ramificação da nogueira-pecã


Fonte: Diniz Fronza

Junto com o tutor, em algumas regiões, é necessário proteger as mudas


contra roedores, utilizando barreiras para lebres e animais selvagens. Uma
técnica empregada com sucesso é o uso de tubos plástico, o que já controla
também as formigas.

e-Tec Brasil 88 Implantação de Pomares


Figura 9.14: Muda de nogueira-pecã protegida contra formigas e roedores
Fonte: Diniz Fronza

Figura 9.15: Proteção das mudas com tubo plástico de irrigação de alta vazão e baixa pressão
Fonte: Diniz Fronza

Resumo
Foi possível estudar que a época mais adequada para o plantio das mudas de
raiz nua é de junho a agosto, já as mudas comercializadas em embalagens
plásticas podem ser transplantadas durante o ano todo, desde que sejam
feitas irrigações nos períodos de estiagem.

Aula 9 - Implantação do pomar 89 e-Tec Brasil


Na implantação de pomares é preferível realizar a aplicação de calcário e
fertilizantes em área total, caso não seja possível, realiza-se o preparo em
faixas e em último caso aplica-se o calcário e o fertilizante na cova.

Sempre que possível, as covas devem ter uma dimensão mínima de 40 cm ×


40 cm × 40 cm, se houver possibilidade é necessário fazer a separação entre
o solo superficial e o solo das camadas mais profundas.

Já os cuidados relativos às mudas referem-se a cortar o fundo do recipiente


para remoção das raízes enoveladas, prática essa realizada no momento do
plantio.

Após o plantio é importante realizar a irrigação das mudas, dessa forma,


maximiza-se o potencial de sobrevivência das plantas.

Atividades de aprendizagem
1. Qual a época de plantio mais adequada para as mudas de frutíferas co-
mercializadas com a raiz nua?

2. Qual a época indicada para o plantio de mudas de frutíferas comerciali-


zadas em embalagens plásticas (saquinhos)?

3. Mudas de frutíferas comercializadas em embalagens plásticas podem apre-


sentar o sistema radicular “enovelado”. Qual o procedimento que deve
ser realizado antes do plantio destas mudas?

4. Uma prática utilizada após o plantio é a construção de uma “taça” para


a irrigação. Em qual tipo de solo e por que não deve ser realizado essa
técnica?

e-Tec Brasil 90 Implantação de Pomares


Aula 10 – Irrigação

Objetivos

Esclarecer a importância da irrigação durante o período de implan-


tação de novos pomares.

Conhecer e estudar os sistemas de irrigação mais eficientes e aces-


síveis ao produtor rural, utilizado em pomares novos.

10.1 Importância da irrigação


É de fundamental importância a irrigação das mudas recém-implantadas,
pois aumenta o contato do solo com o sistema radicular da planta. Caso haja
períodos de falta de chuvas é necessário a irrigação semanal. A irrigação com
carros pipas no primeiro ano reduz os custos de instalação e permite o bom
desenvolvimento das mudas.

Figura 10.1: Mudas instaladas em taça sendo irrigadas


Fonte: Jonas Janner Hamann

Outra forma de reduzir os custos com irrigação é adicionar ao solo matéria


orgânica proveniente do processo de compostagem. A matéria orgânica
aumenta o armazenamento da água facilmente disponível no solo. Quando a
mesma é incorporada antes da implantação do pomar melhora as condições
físicas, químicas e biológicas do solo por vários anos.

Aula 10 - Irrigação 91 e-Tec Brasil


Figura 10.2: Matéria orgânica para aumentar o armazenamento de água no solo
(compostagem)
Fonte: Jonas Janner Hamann

10.2 Métodos de irrigação


Dentre os principais métodos pode-se citar:

a) Irrigação por gotejamento – este método caracteriza-se por distribuir


a água junto ao pé da planta. É indicado para frutíferas, pois são culturas
em linha ideal para a fita gotejadora. Quando as frutíferas possuírem
maior tamanho é indicado 2 linhas de gotejamento por linha de frutas. O
sistema permite a fertirrigação. O sistema de irrigação por gotejamento
pode ser observado nas Figuras 10.3 e 10.4.

Figura 10.3: Irrigação por gotejamento com fita gotejadora e botão gotejador
Fonte: Jonas Janner Hamann

e-Tec Brasil 92 Implantação de Pomares


Figura 10.4: Irrigação por gotejamento com mangueira rígida de alta durabilidade
Fonte: Jonas Janner Hamann

Dentre os principais cuidados do sistema de gotejamento é o uso de filtros


na água de irrigação bem como a limpeza constante destes.

Figura 10.5: Entupimento do filtro de tela


Fonte: Jonas Janner Hamann

O sistema de irrigação por gotejamento pode ser enterrado (sub-superficial)


ou superficial. Quando for utilizado enterrado aumenta a eficiência do
uso da água, porém deve-se ter o cuidado de aplicar uma vez por ano
um herbicida para evitar o entupimento dos gotejadores pelas raízes das
plantas.

b) Irrigação por microaspersão – a irrigação por microaspersão, assim


como a irrigação por gotejamento, fazem parte da irrigação localizada.
Porém a microaspersão trabalha com vazões maiores e irriga maiores
áreas do solo. Adaptou-se bem em frutíferas, pois conforme as plantas
forem crescendo pode-se aumentar a área molhada.

Aula 10 - Irrigação 93 e-Tec Brasil


Figura 10.6: Irrigação por microaspersão em videira
Fonte: Jonas Janner Hamann

c) Sulcos e taças – a irrigação por sulcos tem como vantagem não neces-
sitar de bombeamento de água, ou seja, não exige pressão nas tubula-
ções. Geralmente o produtor utiliza açudes que estão localizados nas
partes mais altas da propriedade. Os sulcos podem ser adaptados com
taças para ampliar a zona molhada de solo. Os custos de instalação são
bem menores que os sistemas de irrigação localizada. Nos sistemas de
irrigação por sulcos e inundação temporária há projetos onde foram gas-
tos mil reais (R$1.000,00) por hectare.

Figura 10.7: Irrigação por sulcos na nogueira-pecã com taça auxiliar (a) e irrigação por
sulcos utilizando sifões (b)
Fonte: Jonas Janner Hamann

d) Irrigação por inundação intermitente – a irrigação por inundação


temporária é utilizada quando o produtor dispõe de áreas planas e boa
disponibilidade de água. Assim como a irrigação por sulcos é uma técnica
barata de irrigação, porém apresenta grande consumo de água devido à
grande infiltração profunda (fora da zona radicular).

e-Tec Brasil 94 Implantação de Pomares


Figura 10.8: Irrigação por inundação intermitente em viveiro
Fonte: Jonas Janner Hamann

e) Irrigação por aspersão – a irrigação por aspersão caracteriza-se por


fornecer a água às plantas de forma semelhante à chuva. O sistema exige
maior pressão de serviço e é sensível ao vento. Os sistemas mais utiliza-
dos em fruticultura são a aspersão convencional e o autopropelido. Em
ambos os casos os aspersores são postos em tubos de elevação.

Figura 10.9: Irrigação por auto propelido


Fonte: Jonas Janner Hamann

Aula 10 - Irrigação 95 e-Tec Brasil


10.3 Fertirrigação
As frutíferas recém-implantadas necessitam de nutrientes próximos à planta
devido ao pequeno sistema radicular. Os sistemas de gotejamento e de micro-
aspersão são os que melhor se adaptam para a fertirrigação. Os nutrientes
podem ser fornecidos várias vezes ao ano melhorando o crescimento das
frutíferas e o aproveitamento dos nutrientes.

Figura 10.10: Fertirrigação em frutíferas


Fonte: Jonas Janner Hamann

10.4 Drenagem
Outra preocupação é com a drenagem dos solos para as frutíferas. O excesso
de umidade causa o apodrecimento das raízes dificultando o crescimento das
plantas. Deve-se evitar o plantio em áreas baixas ou quando se dispõe destas
áreas fazer a drenagem.

Figura 10.11: Drenagem com bambus em pomar de videira


Fonte: Jonas Janner Hamann

e-Tec Brasil 96 Implantação de Pomares


Resumo
Nessa aula estudamos que é de fundamental importância a irrigação das
mudas recém-implantadas, pois expulsa o ar e põe a água em contato direto
com as raízes. Vimos também que caso haja períodos de falta de chuvas é
necessário a irrigação semanal.

Dentre os principais métodos pode-se citar: gotejamento, microaspersão,


sulcos e taças, inundação intermitente e irrigação por aspersão.

Entre os métodos de irrigação estudados, destaca-se a irrigação por gotejamento,


caracterizando-se por distribuir a água junto ao pé da planta. É indicado para
frutíferas, pois, são culturas em linha ideal para a fita gotejadora e apresenta
uma eficiência de até 95 %. Mesmo com grande eficiência da irrigação por
gotejamento é necessário ter cuidado, utilizando-se de filtros na água de
irrigação bem como a limpeza constante destes.

Vimos também que a fertirrigação é uma técnica que permite a aplicação de


nutrientes junto com a água de irrigação, sendo que as plantas recebem os
fertilizantes conforme a sua necessidade.

Outro item pertinente e estudado foi a drenagem da área destinada ao cultivo


de frutíferas. Deve-se optar por áreas naturalmente drenadas, quando isso
não for possível pode-se realizar a drenagem do local.

Atividades de aprendizagem
1. Quais os métodos de irrigação mais eficiente para a fruticultura?

2. Quais as limitações dos sistemas de irrigação localizada: gotejamento e


microaspersão?

3. Quais os 2 principais métodos de irrigação por aspersão utilizados em


frutíferas?

4. Caso o produtor opte por não utilizar sistema de irrigação nos primeiros
anos, que técnicas pode empregar para o bom desenvolvimento das mudas?

5. Em que consiste a fertirrigação?

Aula 10 - Irrigação 97 e-Tec Brasil



Aula 11 – Cuidados nos primeiros anos

Objetivos

Conhecer os principais manejos a serem realizados no primeiro ano


após a implantação do pomar.

Estudar a importância de cada prática cultural adotada no primeiro


ano de implantação.

11.1 Considerações iniciais


Após o plantio das mudas, o fruticultor deve ter alguns cuidados nos primei-
ros anos do pomar, sendo possível destacar: o emprego de podas, controle
de plantas invasoras, controle de pragas e doenças e controle de animais
domésticos e selvagens. Nesta aula estes itens serão estudados.

11.2 Podas
Uma das práticas muito importantes que deve ser realizado no pomar após a
implantação das espécies frutíferas são as podas. Para fins de estudo, podemos
citar as principais podas realizadas no primeiro ano:

• Poda de formação.

• Poda de limpeza.

• Poda verde.

Para que as podas sejam realizadas de maneira correta, é preciso conhecer


alguns princípios fisiológicos da poda, entre eles destacam-se:

• Os ramos geralmente apresentam dominância apical.

• O vigor das gemas depende de sua posição e do número de gemas.

• Há uma relação direta entre o desenvolvimento da copa e do sistema


radicular. O equilíbrio entre estes afeta o vigor e a longevidade.

Aula 11 - Cuidados nos primeiros anos 99 e-Tec Brasil


• As condições de clima e solo afetam o vigor e a fertilidade da planta.

• Ramos que recebem mais luz são mais produtivos e apresentam maior
circulação de seiva.

• Ramos que sofreram poda drástica apresentam maior vigor.

• A redução drástica da área foliar pode debilitar a planta.

• A circulação da seiva é mais intensa em ramos retos e verticais.

11.2.1 Poda de formação


A poda de formação visa orientar a formação da copa a fim de definir o
número de ramos principais e a altura de inserção destes no tronco da planta.
Através dessa poda objetiva-se fazer uma distribuição equilibrada dos ramos
para melhor aproveitamento dos raios solares, dimensionando a planta para
que tenha condições de expressar ao máximo seu potencial produtivo e
sustentar sua produção.

Essa poda também é utilizada no primeiro ano para estabelecer o sistema de


condução em que a espécie frutífera será conduzida. O sistema de condução
pode ser entendido como a forma em que os ramos das plantas são conduzidos.
No Quadro 11.1 é possível observar os sistemas de condução adotados nas
principais frutíferas.

Quadro 11.1: Principais sistemas de condução formados a partir da poda em


algumas frutíferas
Frutífera Sistema de condução Algumas vantagens
Em forma de taça Maior produção por planta.
Caquizeiro
Em forma de líder central Maior número de plantas por hectare.
Figueira Em forma de taça Maior produção e qualidade de frutos.
Goiabeira Em forma de taça Maior produção por planta.
Em forma de taça Maior produção por planta.
Pessegueiro, nectarineira, ameixeira
Em forma de “Y” Maior número de plantas por hectare.
Em forma de latada Maior produtividade.
Videira
Em forma de espaldeira Confere melhor coloração as uvas.
Fonte: Autores

Na Figura 11.1 é possível observar alguns dos sistemas de condução descritos


no Quadro 11.1:

e-Tec Brasil 100 Implantação de Pomares


Figura 11.1: Pessegueiro conduzido em forma de “Y” (a), figueira conduzida em for-
ma de taça (b) e videira conduzida em forma de espaldeira (c)
Fonte: Diniz Fronza

11.2.2 Poda de limpeza


É uma poda que tem por finalidade retirar ramos doentes, quebrados, secos e
mal localizados. Pode ser a única poda em plantas que requerem pouca poda
como os citros. Geralmente é realizada no período de repouso vegetativo das
frutíferas (inverno).

11.2.3 Poda verde


Realizada no período de alta atividade e circulação da seiva. São vários os tipos
de poda verde, destacando-se no primeiro ano após o plantio das frutíferas o
“esladroamento” e “desnetamento”. Geralmente tem a função de aumentar
o arejamento das plantas, facilitar a entrada dos raios solares ou evitar perda
de seiva para partes indesejáveis.

Figura 11.2: Planta de 2 e 5 anos necessitando retirada dos ramos ladrões (do porta-enxerto)
Fonte: Diniz Fronza

Aula 11 - Cuidados nos primeiros anos 101 e-Tec Brasil


Figura 11.3: Planta de goiabeira necessitando poda de formação e encurtamento dos ramos
Fonte: Diniz Fronza

Nas Figuras 11.2 e 11.3 é apresentada uma goiabeira com um ano de idade
necessitando poda nos ramos baixos e desponte do ramo apical e dos ramos
laterais. Essa poda será realizada no mês de agosto após o período de geadas,
pois a goiabeira é uma planta tropical e não tolera a geada após as podas,
podendo ocorrer a morte das plantas. Na poda de formação é importante
realizar podas mensais de agosto a janeiro ou de setembro a janeiro em
regiões mais frias, com inverno mais prolongado. A retirada dos ramos baixos
favorece a circulação do ar reduzindo o aparecimento de doenças. O desponte
dos ramos laterais induz ao engrossamento dos mesmos, dando resistência
ao efeito dos ventos. O desponte do ramo final faz com que a planta emita
3 a 4 pernadas principais.

11.3 Controle de plantas invasoras


Pode-se considerar uma planta invasora ou daninha qualquer espécie vegetal
que venha a competir e causar perdas significativas na produção do pomar.
É possível classificar como planta daninha qualquer espécie vegetal que se
desenvolva durante um determinado período do ciclo de uma cultura, que
venha a afetar a produtividade e qualidade do produto ou que interfira nega-
tivamente no processo de colheita.

As plantas daninhas podem causar danos diretos como:

• Intoxicação de animais que venham a pastorear a área.

• Redução da qualidade final do produto, pois competem por água, nutrien-


tes, CO2 e luz.

e-Tec Brasil 102 Implantação de Pomares


• Impedimento da certificação de mudas de frutíferas comercializadas em
torrão.

Figura 11.4: Goiabeira em competição com plantas invasoras (a) e Tangor Murcott em
competição com plantas invasoras (b)
Fonte: Diniz Fronza

As plantas daninhas possuem a capacidade de serem hospedeiras alternativas de


parasitas que atacam as frutíferas. Como exemplo, existem mais de 50 espécies
de plantas invasoras hospedeiras de nematoides do gênero Meloidogyne.

11.3.1 Métodos de controle de plantas daninhas


O controle das plantas daninhas é realizado com o objetivo de suprimir o
crescimento ou reduzir o número de indivíduos até níveis em que não causem
danos a cultura. Para o controle, o técnico pode optar pelos seguintes métodos:

• Controle preventivo.

• Controle cultural.

• Controle mecânico

• Controle físico.

• Controle químico.

• Controle biológico.

O que define qual método utilizar será o grau de tecnificação, disponibilidade


de recursos, mão de obra e sistema de cultivo que o produtor adota na sua área.

Aula 11 - Cuidados nos primeiros anos 103 e-Tec Brasil


O controle eficiente de plantas daninhas proporciona maior desenvolvimento e
produtividade da cultura, além de rápida retomada do crescimento vegetativo
na estação de crescimento seguinte.

11.3.1.1 Controle preventivo


O controle preventivo de plantas daninhas utiliza práticas que impossibilitam
a introdução das plantas invasoras na área. Abaixo são citadas algumas destas
práticas:

• Compra de mudas cultivadas em embalagens plásticas com substrato


esterilizado.

• Aquisição de mudas de raiz.

• Evitar o trânsito de pessoas, animais e maquinário oriundos de áreas


infestadas.

• Evitar a utilização de cobertura morta que tenha sido obtida em regiões


com dispersão de plantas daninhas.

11.3.1.2 Controle cultural


O controle cultural pode ser entendido como sendo um modelo onde são
empregadas práticas comuns ao bom manejo da água e do solo, como a
rotação de cultura, variação do espaçamento de plantio e uso de plantas de
cobertura do solo. Essas práticas são adotadas para que ocorra a redução do
banco de sementes das plantas daninhas.

Figura 11.5: Plantio de aveia (Avena sativa) em pomar de citros (a) e consórcio de
aveia (Avena sativa) e ervilhaca (Vicia sativa) em plantio de videira (b)
Fonte: Diniz Fronza

O cultivo de plantas de cobertura do solo aumenta o aporte de matéria


orgânica no solo, dessa forma se criam condições para a instalação de uma
variada microbiota no solo, principalmente na camada superficial, com elevada

e-Tec Brasil 104 Implantação de Pomares


quantidade de microrganismos responsáveis pela eliminação de sementes
dormentes.

11.3.1.3 Controle mecânico


No cultivo de frutíferas podem ser empregadas as seguintes técnicas: arranque
manual, capina manual e roçada.

O arranque manual é muito eficiente, sendo um dos primeiros métodos


empregados no controle de plantas daninhas. Apesar de ser eficiente, quando
aplicado em grandes áreas torna-se inviável tecnicamente, adaptando-se bem
para o controle de pequenos focos iniciais de infestação na área.

A capina manual é muito utilizada em regiões declivosas ou onde há a agri-


cultura de subsistência. É realizada com enxada, adaptando-se muito bem
em áreas pequenas, sendo um método muito eficiente.

Figura 11.6: Capina manual em pomar de nogueira-pecã


Fonte: Diniz Fronza

A roçada, método mais utilizado para manejar a vegetação da entre linha


em pomares, elimina a parte aérea das plantas, reduzindo o crescimento de
muitas delas, o uso da água e a massa verde da vegetação, proporcionando
maior facilidade para movimentação no pomar.

Aula 11 - Cuidados nos primeiros anos 105 e-Tec Brasil


Figura 11.7: Roçada em pomar de nogueira-pecã
Fonte: Diniz Fronza

Algumas vantagens do controle de plantas daninhas através de roçada é a


facilidade de execução, ausência de danos ao sistema radicular das frutíferas
e não é necessário aplicar agrotóxicos na área, podendo ser adotado em
pomares destinados ao cultivo orgânico.

11.3.1.4 Controle físico


As práticas desta forma de controle de plantas daninhas, que se adaptam ao
cultivo da frutíferas, são:

• Cobertura do solo.

• Solarização (em pequenas áreas).

O uso de cobertura do solo com resíduos vegetais, em camadas espessas,


proporciona menor variação no teor de umidade e temperatura da superfície
do solo.

Figura 11.8: Utilização de cobertura morta em plantas de citros (a) e cobertura morta
em plantas de pessegueiro (b)
Fonte: Diniz Fronza

Os resíduos vegetais ou “cobertura morta” formam uma camada protetora


sobre o solo, exercendo efeito físico sobre as sementes e a população de
plantas daninhas, atuando sobre a incidência de luz e liberando substâncias

e-Tec Brasil 106 Implantação de Pomares


alelopáticas, desta forma, criando condições adversas para a germinação e
o estabelecimento de espécies indesejadas e favoráveis ao desenvolvimento
da cultura.

11.3.1.5 Controle químico


O controle de plantas daninhas através da utilização de produtos químicos
iniciou entre 1897 e 1900, através da comprovação feita por cientistas de
vários países pela utilização de sais de cobre sobre plantas de folhas largas.
Somente em 1942 pesquisadores americanos descobriram o herbicida 2-4-D,
fato este que marcou o início do controle das plantas daninhas em escala
comercial. Na Figura 11.9 é possível observar a supressão de plantas daninhas
através do controle químico.

Figura 11.9: Controle químico de plantas invasoras em pomar de pessegueiro


Fonte: Diniz Fronza

Como vantagens deste método destaca-se a rápida operação, permite o con-


trole das plantas daninhas em épocas chuvosas, não causa danos mecânicos
as raízes da cultura e não revolve o solo.

Um cuidado muito importante no momento da aplicação é a ausência de


ventos fortes. Em dias onde há a ocorrência de ventos de intensidade mediana
a forte pode ocorrer a formação de deriva e o produto pode atingir o caule e
as folhas das frutíferas. Na Figura 11.10 é possível observar danos causados
em plantas de videira pela deriva do agrotóxico.

No Brasil os agrotóxicos a serem utilizados nas culturas devem estar registrados


no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Existe um sistema
de consulta chamado Agrofit (Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários) onde
é possível obter os agrotóxicos (herbicidas inseticidas, fungicidas, acaricidas,
etc.) registrados para cada cultura.

Aula 11 - Cuidados nos primeiros anos 107 e-Tec Brasil


Figura 11.10: Folhas de videira com fitotoxicidez causada por herbicida de contato (a)
e fitotoxicidez em videira causado por herbicida sistêmico (b)
Fonte: Diniz Fronza

11.4 Controle de doenças


Em pomares recém-implantados, sempre que possível é preciso evitar a entrada
de doenças na área, através de barreiras físicas como quebra-ventos, evitar a
entrada de pessoas que transitaram em áreas contaminadas, etc.

Os cuidados com o manejo de doenças nas frutíferas devem iniciar desde


o momento da implantação, tendo-se a necessidade de conhecer quais as
doenças podem ocorrer na cultura e sintomas visuais.

Para minimizar a possibilidade da ocorrência de doenças em pomares é possível


adotar algumas práticas:

• Nível de nutrição das plantas adequado.

• Evitar o excesso de fornecimento de nitrogênio.

• Evitar condições que propiciam o desenvolvimento dos patógenos.

• Ter quebra-ventos desenvolvidos em torno do pomar.

Havendo necessidade da utilização de fungicidas, deve-se realizar o manuseio,


preparo da dosagem adequadamente e aplicação de forma correta. No Quadro
11.2 estão descritas as principais doenças que podem ocorrer em pomares
recém implantados.

e-Tec Brasil 108 Implantação de Pomares


Quadro 11.2: Principais doenças que podem ocorrer em pomares jovens
Estrutura da planta Forma de entrada do
Espécie Doenças
atacada patógeno no pomar
Vento, mudas, maquinário
Cancro cítrico Folhas, ramos e frutos
e roupas contaminadas.
Mudas, maquinário e
Citros Gomose Sistema vascular
roupas contaminadas.

Vento, mudas, maquinário


Verrugose Folhas e frutos
e roupas contaminadas.

Goiabeira Ferrugem Folhas e flores


Figueira Ferrugem Folhas Vento, mudas, maquinário
Sarna e roupas contaminadas.
Nogueira-pecã Folhas e frutos
Antracnose
Fusariose Sistema vascular
Mudas, maquinário e
Videira Míldio Folhas e ramos
roupas contaminadas.
Antracnose Folhas e ramos
Fonte: Autores

11.5 Controle de formigas cortadeiras


As formigas cortadeiras constituem uma das principais pragas no cultivo da
nogueira-pecã em toda a região Sul do Brasil, vindo a causar danos desde o
início da implantação do pomar e até mesmo em pomares estabelecidos e
em plena produção. No sul do Brasil as formigas que atacam a nogueira-pecã
são geralmente do gênero Atta e Acromyrmex.

São muitos os exemplos de perdas de mudas após o plantio ocasionados


por ataque de formigas, principalmente quando a implantação dos novos
pomares ocorre no final do inverno e início da primavera. Conforme a idade
da planta existe a capacidade de rebrota desta, porém, o desenvolvimento
destas mudas fica comprometido.

Os danos causados por formiga são mais significativos para as plantas na fase
inicial, por isso é necessário maior atenção no controle pois podem causar a
desfolha total da planta.

Os sintomas mais comuns do ataque de formiga são cortes nas bordas das
folhas em formato de “meia lua ou unhadas”, conforme podemos observar
na Figura 11.11.

Aula 11 - Cuidados nos primeiros anos 109 e-Tec Brasil


Figura 11.11: Característica do ataque de formigas em folhas de nogueira-pecã
Fonte: Diniz Fronza

11.5.1 Monitoramento e controle de formigas


O controle de formigas deve ser realizado de forma preventiva, antes do
transplante das mudas, dessa forma, evita-se os danos iniciais às plantas. No
controle preventivo, é necessário realizar esta prática na área destinada ao
pomar e nas áreas vizinhas. Após o transplante das mudas o monitoramento
de formigas no pomar deve ser realizado semanalmente e o controle realizado
imediatamente após constatado a ocorrência dessa praga.

11.5.2 Controle químico


O controle químico de formigas é o método mais utilizado por produtores
de nogueira-pecã, isso deve-se a praticidade e eficiência no controle. Os
formicidas químicos podem ser encontrados na formulação líquida, pasta,
pó e granulado. A escolha do método mais adequado dependerá de vários
fatores, dentre eles podemos elencar alguns que devem ser observados no
momento da escolha da formulação do formicida:

a) Custos.

b) Disponibilidade de mão de obra.

c) Disponibilidade de equipamentos.

d) Tamanho da área.

e) Nível de infestação.

e-Tec Brasil 110 Implantação de Pomares


11.5.2.1 Formicidas em pasta
Os formicidas em pasta estão sendo muito utilizados em plantas jovens, recém
transplantadas até o 2º ou 3º ano após o transplante. Esse produto em forma
de pasta não deve ser aplicado diretamente no tronco da planta, mas sim
sobre um plástico, com auxílio de uma espátula de madeira.

Figura 11.12: Aplicação de formicida em forma de pasta em planta de nogueira-pecã


Fonte: Diniz Fronza

11.5.2.2 Formicidas líquidos


Amplamente utilizados em cultivos comerciais devido a sua praticidade e
eficiência, além de obter-se bons resultados com esses produtos. Várias são as
formulações disponíveis no mercado, algumas são mais eficientes que outras.

Os formicidas líquidos são aplicados com auxílio de pulverizadores costais,


como observado na Figura 11.13.

Figura 11.13: Aplicação de formicida líquido em pomar de nogueira-pecã


Fonte: Diniz Fronza

Aula 11 - Cuidados nos primeiros anos 111 e-Tec Brasil


O controle de formigas deve iniciar logo que as frutíferas iniciarem a brota-
ção, sendo necessário estender o controle até o início da queda das folhas,
normalmente em meados de abril/maio.

11.6 Controle de animais domésticos e selvagens


Em pomares jovens é possível utilizar o pomar com animais domésticos como
exemplo com ovelhas, porém é importante a proteção das plantas para evi-
tar a desfolha e/ou a retirada da casca das plantas. Na Figuras 11.14 são
apresentados 2 métodos de isolamento das plantas, com telas de proteção
e com tubos de PVC já utilizados (velhos). Os danos às culturas variam com
as raças de ovelhas.

Figura 11.14: Ovelha causando danos em nogueira (a) e planta protegida da ação das
ovelhas (b)
Fonte: Diniz Fronza

Resumo
Vários são os cuidados necessários nos primeiros anos após a implantação do
pomar. Mesmo que a planta não esteja em produção são necessárias podas,
controle de plantas invasoras, pragas, doenças e nutrição.

As principais podas a serem realizadas nos primeiros anos são: a poda de


formação, a poda de limpeza e a poda verde. Na poda de formação são
escolhidos os principais ramos que suportarão toda a planta. Na poda de
limpeza e na poda verde são retirados os ramos indesejáveis, tais como: ramos
para baixo, ramos para o centro, ramos paralelos, ramos cruzados, ramos
doentes e quebrados.

e-Tec Brasil 112 Implantação de Pomares


O controle de plantas daninhas ou invasoras também deve ser realizado. O
controle destas plantas pode ser realizado através de várias formas: controle
preventivo, controle cultural, controle físico e controle químico.

Outro cuidado necessário é a realização do controle das formigas cortadeiras.


Os danos causados por formiga são mais significativos para as plantas na fase
inicial, por isso é necessário maior atenção no controle pois, podem causar a
desfolha total da planta. Geralmente plantas atacadas uma vez por formigas
atrasam um ano e plantas com dois ataques de formiga causam a perda da muda.

O manejo fitossanitário também é importante nos primeiros anos após a


implantação do pomar, sendo necessário combater pragas e doenças. Outro
controle importante é a proteção de animais selvagens e domésticos.

Atividades de aprendizagem
1. Quais os cuidados com as frutíferas nos primeiros anos quanto à poda?

2. Quais os cuidados com as frutíferas nos primeiros anos quanto às pragas


e animais?

3. Quais os cuidados com as frutíferas nos primeiros anos quanto às doenças?

4. Como é possível realizar o controle de formigas em pomares?

Aula 11 - Cuidados nos primeiros anos 113 e-Tec Brasil


Aula 12 – Aproveitamento das áreas
com culturas intercalares

Objetivos

Compreender os conceitos relacionados ao cultivo intercalar.

Analisar as vantagens do emprego desta técnica.

Ter estabelecido quais as culturas que podem ser cultivadas entre


as linhas dos pomares.

12.1 Cultivos intercalares


Como cultivo intercalar entende-se a realização do plantio de outras espécies
vegetais como cereais ou tubérculos, entre as linhas de plantio das plantas frutí-
feras. Na Figura 12.1 é possível observar dois exemplos de cultivos intercalares.

Figura 12.1: Cultivo de nogueira-pecã intercalado com milho (a) e cultivo de nogueira-
pecã intercalado com erva-mate (b)
Fonte: Jonas Janner Hamann

12.2 Benefícios do cultivo de plantas nas


entrelinhas
O cultivo de plantas intercalares em pomares possui vários objetivos, entre
eles é possível destacar alguns:

• Reduzir o custo de implantação e formação do pomar, através da geração


de receita pela venda de frutos, grãos, tubérculos ou raízes cultivadas nas
entrelinhas.

Aula 12 - Aproveitamento das áreas com culturas intercalares 115 e-Tec Brasil
• Cobrir o solo e diminuir o risco de erosão na área do pomar.

• Melhorar as características químicas e físicas do solo.

• Possibilita a realização da adubação verde.

• Aumentar a capacidade de infiltração de água no solo.

• Criação de nichos ecológicos para inimigos naturais.

Essa prática é amplamente utilizada na fruticultura desenvolvida em propriedades


da agricultura familiar, pois há disponibilidade de mão de obra e necessidade
de potencializar o uso das áreas para obter maior retorno econômico.

12.3 Escolha da cultura intercalar


A escolha da espécie vegetal que será cultivada entre as linhas é um dos
pontos mais importantes ligados ao sucesso da prática. É sempre importante
lembrar que a cultura principal são as plantas frutíferas, dessa forma, deve-se
evitar o cultivo de espécies que venham a competir por água, nutrientes e
luz solar com as frutíferas.

As culturas cultivadas entrelinhas não devem dificultar a locomoção do produtor


e nem dificultar o acesso até as plantas frutíferas porque durante todo o ciclo
será necessário a realização de práticas de manejo da cultura principal, como
a poda, controle de pragas e doenças, entre outras atividade.

Quadro 12.1: Espécies vegetais com potencial de cultivo nas entrelinhas de


pomares nos primeiros anos após a implantação das frutíferas
Frutífera Cultura intercalar
Citros (laranjas, bergamotas, limas e limões) Amendoim, mandioca, melancia, milho, aveia, ervilhaca, nabo forrageiro.
Figueira Amendoim, melancia, milho, aveia, ervilhaca, nabo forrageiro.
Goiabeira Amendoim, mandioca, melancia, milho, aveia, ervilhaca, nabo forrageiro.
Nogueira-pecã Amendoim, mandioca, melancia, milho.
Videira Aveia, ervilhaca, nabo forrageiro.

Fonte: Autores

Na Figura 12.2 é possível observar alguns sistemas de cultivo intercalares em


pomares comerciais.

e-Tec Brasil 116 Implantação de Pomares


Figura 12.2: Laranjeiras intercaladas com mandioca (a), figueiras intercaladas com
amendoim (b), nogueira-pecã intercalado com amendoim (c) e nogueira-pecã inter-
calada com melancia (d)
Fonte: Jonas Janner Hamann

Outra opção para o cultivo entre as linhas de plantio das frutíferas é a implan-
tação de espécies vegetais destinadas à adubação verde. As espécies para
adubação verde são cultivadas pelas suas características morfológicas, como
sistema radicular profundo e bem desenvolvido e possibilidade de incorporar
nutrientes ao solo. Algumas das plantas utilizadas na adubação verde são
categorizadas pela quantia de nutrientes incorporados ao solo.

Quadro 12.2: Quantidade média de nutrientes incorporados ao solo pelos


adubos verdes, com base no material vegetal produzido
Macronutrientes (kg.ha-1) Micronutrientes (kg.ha-1)
Espécie
N P2O2 K2O Ca Mg s B Cu Fe Mn Zn
C. juncea 183 39 204 105 52 13 236 92 4,2 721 275
C. spectabilis 44 10 56 38 10 3 74 30 561 170 64
Guandu 144 30 131 55 21 10 157 82 3,1 506 144
Mucuna Preta 86 19 73 39 14 6 93 64 8,1 612 103
Mucuna Anã 91 15 55 32 14 7 91 74 5,8 714 105
Lab-lab 67 19 69 42 19 7 93 32 4,6 578 100
Feijão-de-porco 169 31 138 109 30 11 169 42 4,0 780 133
Obs.: Quantidade de nutrientes, considerando-se plantio em área total.
Fonte: Adaptado de Carvalho; Castro Neto, 2002

A grande maioria dos produtores utiliza o cultivo de plantas para adubação


verde no pomar durante o inverno, período este em que as frutíferas estão
em repouso vegetativo. Na Figura 12.3 são apresentados exemplo de sucesso
no cultivo de plantas utilizadas para adubação verde em pomares comerciais.

Aula 12 - Aproveitamento das áreas com culturas intercalares 117 e-Tec Brasil
Figura 12.3: Cultivo de ervilhaca em pomar de caquizeiro (a) e cultivo de aveia em
parreiral (b)
Fonte: Jonas Janner Hamann

A criação de animais também é uma consorciação possível desde que se


proteja as mudas nos primeiros anos.

Figura 12.4: Consorcio de ovelhas com nogueira


Fonte: Jonas Janner Hamann

Resumo
O objetivo desta aula foi compreendermos o que é um cultivo intercalar,
definido como a realização do plantio de outras espécies vegetais como cereais
ou tubérculos entre as linhas de plantio das plantas frutíferas.

O cultivo de plantas intercalares em pomares possui vários objetivos, entre eles


é possível destacar alguns: redução do custo de implantação e formação do
pomar, através da geração de receita pela venda de frutos, grãos, tubérculos
ou raízes cultivadas nas entrelinhas, recobrimento do solo e diminuir o risco
de erosão na área do pomar, melhoria das características químicas e físicas
do solo e possibilita a realização da adubação verde.

e-Tec Brasil 118 Implantação de Pomares


As culturas cultivadas entrelinhas não devem dificultar a locomoção do produtor
e nem dificultar o acesso até as plantas frutíferas porque durante todo o ciclo
será necessário a realização de práticas de manejo da cultura principal, como
a poda, controle de pragas e doenças, entre outras atividades.

Atividades de aprendizagem
1. Quais as culturas recomendadas para o consórcio com frutíferas (consi-
derando a geração de renda)?

2. Quais as plantas de cobertura possíveis de serem utilizadas no consórcio


e cuidados?

3. Quais os consórcios possíveis com animais e cuidados para evitar danos


às frutíferas?

4. Por que é importante ter cultura consorciada?

Aula 12 - Aproveitamento das áreas com culturas intercalares 119 e-Tec Brasil
Aula 13 – Treinamento constante e parcerias

Objetivos

Conhecer a importância da atualização técnica constante.

Ter contato com os benefícios adquiridos através da criação de


parcerias no empreendimento agrícola.

13.1 Treinamento constante


O produtor de frutas deve estar continuamente atento às novidades do setor,
participar de treinamentos e visitas técnicas orientadas. Os treinamentos devem
ser realizados com pessoas de diferentes correntes, pois é na adversidade que
surgem novas ideias. Todo dia o fruticultor deve fazer a pergunta: Que posso
fazer para melhorar meu produto? Que posso fazer para reduzir meus
custos? Que posso fazer para ampliar minha clientela?

Participando de debates com colegas surgem novas ideias e técnicas que fazem
a diferença no empreendimento. As visitas técnicas são armas poderosas para
o aporte de novas ideias. Nelas o produtor vê ambientes novos, diferentes
propósitos, adaptações, soluções inovadoras e interage com as pessoas e o
ambiente.

Figura 13.1: Participação de 302 pessoas no treinamento sobre nogueira-pecã em Anta


Gorda – RS no dia 24 de abril de 2014
Fonte: Diniz Fronza

Aula 13 - Treinamento constante e parcerias 121 e-Tec Brasil


13.2 Formação de parcerias, associações ou
cooperativas
A formação de parcerias aumenta o poder de barganha dos produtores e
permite a compra de máquinas e equipamentos mecanizando os cultivos.
Cultivos mecanizados exigem um adaptado modelo de implantação do pomar
com filas que permitam a passagem de máquinas e equipamentos. Como
exemplo o uso de tratores de grande porte exigem espaçamentos maiores
nas linhas. As podas de condução nos primeiros anos de cultivo devem ser
adaptadas às máquinas. As videiras e as macieiras podem ser podadas com
equipamentos mecânicos de poda, desde que as linhas de cultivo estejam
adequadas para as máquinas. Como exemplo produtores de nozes compraram
um vibrador para colheita mecânica a um custo de 20 mil reais. Para a utilização
da máquina houve um planejamento desde a implantação do pomar, pois as
plantas devem possuir 1,5 de tronco sem galhos.

Figura 13.2: Máquina para colheita de nozes com capacidade para derrubar 10 mil kg
de frutas por dia
Fonte: Diniz Fronza

Resumo
O produtor de frutas deve estar continuamente atento às novidades do setor
de frutas, participar de treinamentos e visitas técnicas orientadas. Os treina-
mentos devem ser realizados com pessoas de diferentes correntes, pois é na
adversidade que surgem novas ideias.

Participando de debates com colegas surgem novas ideias e técnicas que


fazem a diferença no empreendimento.

e-Tec Brasil 122 Implantação de Pomares


A formação de parcerias aumenta o poder de barganha dos produtores e
permite a compra de máquinas e equipamentos, mecanizando os cultivos.
A aquisição de equipamentos permite em alguns casos a industrialização,
agregando valor às frutas e amplia o período de comercialização.

Atividades de aprendizagem
1. Qual a importância do treinamento constante e da participação em visitas
técnicas e eventos para o sucesso do fruticultor?

2. Qual a importância das parcerias para a fruticultura?

3. Cite outros aspectos relacionados ao treinamento e organização dos


produtores considerados importantes para manter a competitividade na
fruticultura.

4. Cite entidades ligadas à fruticultura de sua região e quais as funções


(associação, secretarias, Emater, universidades, ...).

Aula 13 - Treinamento constante e parcerias 123 e-Tec Brasil


Referências
BERGAMASCHI, H. et al. Agrometeorologia aplicada à irrigação. Porto Alegre: Editora
da UFRGS, 1992. 125 p.

BERNARDO, S. Manual de irrigação. 6. ed. Viçosa: Imprensa Universitária, 1995. 656 p.

BISSANI, C. A. et al. Fertilidade dos solos e manejo da adubação de culturas. 2. ed.


Porto Alegre: Metrópole, 2008. 344 p.

CARVALHO, J. E. B.; CASTRO NETO, M. T. Manejo de plantas infestantes. In: GENU, P. J. C.;
PINTO, A. C. (Ed.). A cultura da mangueira. Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas,
2002. p. 145-164.

CASTRO, O. M. de; LOMBARDI NETO, F. Manejo e conservação do solo em citros. Laranja,


Cordeirópolis, v. 13, n. 1, p. 275-304, jan. 1992.

DEMILLO, R. Como funciona o clima. Ed. Quark Books, 1998. 226 p.

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125 e-Tec Brasil


Currículo do professor-autor

O professor Diniz Fronza leciona as disciplinas de Fruticultura e Irrigação e


Drenagem no Colégio Politécnico da UFSM. É produtor de frutas, formou-se
no Curso Técnico em Agropecuária pelo Colégio Agrícola de Frederico
Westphalen-UFSM, graduou-se em Agronomia pela Universidade Federal
de Santa Maria, local onde realizou o Mestrado em Engenharia Agrícola.
Realizou o Doutorado em Agronomia na ESALQ – Universidade de São Paulo,
com sanduiche na Universidade de Pisa – Itália. Possui mais de 100 trabalhos
de pesquisas nas áreas de fruticultura e irrigação apresentados em revistas,
congressos, jornadas acadêmicas e seminários. Coordena a equipe da fruti-
cultura irrigada do Setor de Fruticultura do Colégio Politécnico da UFSM onde
atende em treinamentos, cursos, palestras para mais de 2000 produtores por
ano. Realiza as atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão em parcerias com
Prefeituras, Emater, Sindicatos, Associações de Produtores e entidades de
pesquisa e extensão.

Jonas Janner Hamann é Técnico Agrícola formado pelo Instituto Federal


Farroupilha campus São Vicente do Sul, Técnico em Meio Ambiente pelo Colégio
Politécnico da UFSM, e graduando do curso de Agronomia da Universidade
Federal de Santa Maria. O autor é integrante da equipe técnica do Setor de
Fruticultura Irrigada do Colégio Politécnico da UFSM, atuando na área de
extensão rural através da organização e apresentação de dias de campo,
visitas técnicas orientadas, cursos e minicursos ministrados a comunidade
acadêmica do Estado e a produtores rurais da Região Sul do Brasil. Integra a
equipe técnica de pesquisa do Setor de Fruticultura. Participou da elaboração
e coordenação de mais de 100 trabalhos, realizando pesquisas com diferentes
frutíferas, com destaque para o cultivo protegido de videiras, fertirrigação
em figueira e goiabeira, propagação de frutíferas e estudos direcionados a
cultura da nogueira-pecã.

e-Tec Brasil 126 Implantação de Pomares

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