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Manual Guia de Estudos EAD UNIGRANET - 2018

Pós Graduação a Distância

MBA EM GESTÃO DE COOPERATIVAS


1º Semestre

FUNDAMENTOS DO COOPERATIVISMO

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Pós - Graduação a Distância

FUNDAMENTOS DO COOPERATIVISMO

Professor Luiz Adriano Melo

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Apresentação do docente

Luiz Adriano Melo é graduado em Direito pela


UNIGRAN 2007, MBA em Gestão de Cooperativas
(FUNDACE/USP- 2015), Corretor de Imóveis e Perito Judicial,
Consultor de Cooperativas e Sócio fundador da COOPERSUL
(Cooperativa de Apoio aos transportadores Rodoviários de Mato
Grosso do Sul) .

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Sumário:

Apresentação do docente
Conversa inicial
Aula 01
Fundamentos do cooperativismo
Aula 02
Noções gerais sobre forma cooperativa, aspectos sócio-históricos e
Evolução histórica da legislação cooperativista no Brasil
Aula 03
Caracterização das estruturas de representatividade dos ramos do
cooperativismo
Aula 04
Principiologia, Definição, Natureza Jurídica Das Cooperativas,
Objeto E Classificação Das Sociedades Cooperativas.

Referências

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Conversa inicial

Olá estimados Pós Graduandos em MBA em Gestão de Cooperativas


na UNIGRAN Net, é uma satisfação imensa ser o mediador (professor)
dessa disciplina de Fundamentos do Cooperativismo, Tenho Certeza que ao
final de cada aula alguma coisa será acrescentar a você, seja no campo
profissional ou pessoal.
Para que seu estudo se torne proveitoso e prazeroso, esta disciplina foi
organizada em 06 aulas, com temas e sub-temas que, por sua vez, são
subdivididos em seções (tópicos), atendendo aos objetivos do processo de
ensino-aprendizagem.
Não há como se pensar em um movimento tão amplo como o do
Cooperativismo - que envolve qualquer atividade econômica possível - sem
organizá-lo em modalidades que demonstrem as especificidades das diversas
estruturas que constituem as cooperativas.
Princípios básicos são comuns a toda e qualquer forma de
Cooperativa, mas, por vezes, o sentido da prestação de serviços que cada
ramo de cooperativa promove para os respectivos associados pode ser
diverso.
Exemplo disso é a diferença entre cooperativas de consumo e
cooperativas de produção. Enquanto as primeiras promovem uma prestação
de serviços de compra em comum – e este é o ato tido em cooperação – as
segundas vendem em comum, sendo-lhes peculiar não a união de esforços
para comprar, mas sim, para vender melhor.
Em ambos os ramos, busca-se a ausência do lucro do terceiro que
explora os interesses de compra e venda, mas, em razão das peculiaridades
de cada um deles, há um sentido, um norte, para a prestação de serviços.
Enfim, inúmeras são as possibilidades de estruturação do
cooperativismo e, por isso, é fundamental que se avalie ramo a ramo de
maneira sistematizada, para que seja possível, melhor e acertadamente,
aplicar os conceitos comuns a todo o Movimento Cooperativista. Esperamos
que você sinta-se entusiasmado por este tema.
Saudações cooperativistas!
Professor Luiz Adrian Melo

Boa leitura!

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AULA 01

FUNDAMENTOS DO COOPERATIVISMO

Para a análise e o estudo do Fundamento do Cooperativismo, é


necessário que você desenvolva um entendimento do espírito cooperativista,
reconhecer o papel e a importância do Cooperativismo e quais são os fatores
de identificação da peculiar forma cooperativa.

E é essa a proposta da presente unidade: promover o conhecimento de


uma sociedade cooperativa, que são os conceitos que garantem a Identidade
Cooperativa.
Assim, as seções de estudo a seguir ordenam a lógica da cooperação
tida em uma comunidade e que se materializa na cooperativa. Vamos
analisar desde a necessidade da união que leva à cooperação, até o espírito
da cooperação que garante a ordem estrutural dessa sociedade.
Com essa análise, abraçamos a identificação das razões que levam à
cooperação e às cooperativas. Dessa forma, quando do estudo dos Ramos
especificamente, você terá subsídios suficientes para entender com exatidão
quais são as características que permeiam cada especialidade cooperativa.

Boa Aula !

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Objetivos de aprendizagem

 Entender o que são como e por que se organizam as


sociedades cooperativas;
 Reconhecer o papel e a importância do Cooperativismo;
 Distinguir os objetivos sociais de uma Cooperativa.

Seções de estudo

Seção 1 O espírito cooperativista


Seção 2 A cooperação: forma e estrutura cooperativa
Seção 3 A cooperativa
Seção 4 Os objetivos sociais
Seção 5 O estado de cooperação e a estrutura cooperativa

Seção 1 – O espírito cooperativista

O espírito cooperativista é um conjunto de sentimentos de amor ao


próximo, um comprometimento coletivo e solidário, em que a
responsabilidade está intimamente ligada a este comprometimento com o
grupo e à necessidade de união para prosperar. Cattani relaciona a utopia da
seguinte forma: a liberdade criadora que busca a emancipação social se
manifesta na luta contra os dogmatismos, messianismos e determinismos
estruturais, contra a servidão e violência, enfim, contra o domínio das
minorias reacionárias o
tutelares (CATTANI, 2004, p. 347).

Historicamente, este espírito já se encontrava presente em antigas


civilizações, como a dos Incas, Mapuches e Guaranis. Sobre as Reduções
criadas pelas Missões Jesuítas, vale lembrar que os povos Guaranis
possuíam um espírito ainda mais cooperativo do que os jesuítas com suas
propostas. O trabalho coletivo era uma instituição e não se pensava no
trabalho limitado somente da família, como era a proposta dos Missioneiros
que vieram da Europa.

Com a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no Século XVIII, o


espírito cooperativista ressurge com os ideais utópicos de Robert Owen
(1771 – 1858) e Charles Fourier (1772 –1837).

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O espírito cooperativista vem em contraposição ao Espírito do
Capitalismo descrito por Marx Weber (1985). Weber explica que o espírito
do capitalismo compreende a geração de dinheiro como objetivo final, “o
homem é dominado pela geração de dinheiro, pela aquisição como propósito
final da vida” (WEBER, 1985, p. 21). Quando Weber diz que “a aquisição
econômica não mais está subordinada ao homem como um meio para a
satisfação de suas necessidades materiais” (1985, p. 21), ele quer dizer que o
homem está submetido à exploração do capital, e a necessidade de
reprodução de suas vidas não vale tanto quanto a valorização do dinheiro;
considerando que o contrário seria irracional.

Outra questão defendida é a do trabalho, na qual é discutida a questão


da geração de lucro. Fundamentado neste espírito do capitalismo, o lucro
significa a parcela do trabalho que não é paga pelo capitalista, de acordo
com Marx em sua obra O Capital (1996). Isto significa que o empresário tem
lucro porque ele não paga tudo que o trabalhador produz. Esta teoria
desenvolvida por Marx vem ao encontro do que Weber defende: “um
excesso de mão de obra que possa ser empregada a baixo preço no mercado
de trabalho é uma necessidade para o desenvolvimento do
capitalismo”. (WEBER, 1985, p. 24).

Bom, sabemos que lucro é uma coisa, sobra é outra. Cooperativa não
tem lucro, tem sobra. Sobra possui um significado diferente, em que se
realiza uma remuneração proporcional ao trabalho realizado. Com isso, não
resta lucro no final das contas.

Voltando ao espírito cooperativista, Donida (2004, p.119) explica que


possuir espírito cooperativista não deve significar um Sentimento de
renúncia:

É fundamental saber harmonizar conflitos desta ordem e ter claro até


aonde chega, ou deve chegar, o espírito de cooperação e de solidariedade, e
quando este deixa de ser um referencial a sustentar. Benecker (1980) ensina
que a solidariedade cooperativa deve ser racional. Com isso, entende-se que
as vantagens da união associativa devem sobressair aos efeitos negativos das
divergências entre interesses e objetivos pessoais e os que prevaleçam para o
conjunto dos associados. O resultado global de pertencer à associação deve
ser vantajoso para cada associado e não uma permanente necessidade de
renúncia. (Tradução nossa).

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Precisamos, ainda, fazer uma diferenciação entre espírito
cooperativista, explicado anteriormente, e os princípios cooperativistas. Em
sua definição, os princípios cooperativistas são linhas orientadoras que as
cooperativas seguem de forma a levar os seus valores à prática. Os
princípios do cooperativismo são sete:

1º - Adesão voluntária e livre.


2º - Gestão democrática.
3º - Participação econômica dos membros.
4º - Autonomia e independência.
5º - Educação, formação e informação.
6º - Intercooperação.
7º - Interesse pela comunidade.

O conceito de responsabilidade social é relativamente novo para a


maioria das empresas. Entretanto, para as cooperativas, esse conceito advém
dos princípios e valores do cooperativismo. A preocupação com a cidadania,
com o meio ambiente, com o bem-estar social, com a educação, com a
saúde, com a qualidade de vida dos associados, funcionários, comunidade,
clientes, fornecedores e consumidores faz parte da cultura cooperativista.

As cooperativas, por sua própria essência, são entidades


solidárias, nas quais pessoas de um mesmo grupo social ou econômico se
reúnem com a finalidade de ajuda mútua. O ato cooperativo, por natureza e
vocação, visa ao benefício comum. No cooperativismo, a solidariedade é
prática diária, e representa melhoria de perspectiva de vida e bem-estar para
milhares de pessoas. Responsabilidade social, nesse contexto, é regra de
conduta e hábito arraigado, praticado há décadas, muito antes de o termo
ganhar a dimensão e o status que hoje recebe. O que é uma novidade nas
empresas privadas, para as cooperativas é atividade comum.

As cooperativas passam por momentos de grandes transformações, em


função da globalização. Para crescerem diante de um mercado cada vez mais
competitivo é preciso que invistam cada vez mais na profissionalização de
seus negócios, no investimento em educação, na qualidade de seus produtos,
na produtividade e na busca de novos mercados. E que continuem sempre
desenvolvendo ações sociais consequentes, porque o cooperativismo é,
primordialmente, apoio, solidariedade e amor.

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O espírito de cooperação e de solidariedade sempre existiu na alma
do homem. A ajuda mútua é encontrada nas diversas relações de trabalho
coletivo, em várias épocas da vida, aproximando o trabalho com o exercício
da cooperação e da solidariedade. As origens históricas do cooperativismo
moderno têm como referência a sociedade inglesa do século XIX.

Numa época em que o pensamento humano vivia sob a égide do


mecanicismo, nascia o cooperativismo. O advento da era das máquinas
modifica profundamente não só o pensamento humano, mas as relações de
produção e consequentemente a divisão do trabalho, divisão esta que norteia
o pensamento, reducionista, que influenciava todas as atividades humanas da
época.
O cooperativismo surgiu como um instrumento eficaz para a
organização da sociedade, para a democracia dos investimentos, para a
distribuição da renda, para a regularização do mercado, para a geração de
empregos e a justiça social. O cooperativismo integra organizações de
economia social, que, com objetivos baseados na solidariedade e na
democracia, dão primazia às pessoas e ao trabalho sobre o capital na
distribuição dos benefícios.

A base da doutrina cooperativista é formada pelos valores e princípios


juntos com as ideias gerais.

 Os valores têm caráter abrangente e perene no tempo, enquanto


os princípios interpretam os valores e se adaptam ao tempo e ao
lugar, fazendo ponte entre a teoria e a prática cooperativista,
transformando ideias em ações.
 Incluem-se entre as ideias gerais do cooperativismo:
modificação pacífica e gradativa do meio econômico social,
prestação de serviços, substituição da concorrência pela
cooperação como gerador de negócios, eliminação do salariado,
eliminação do lucro, obtenção do “justo preço”, transação das
cooperativas somente com os cooperados, constituição de um
patrimônio cooperativo indivisível (propriedade cooperativa).

Os valores básicos do cooperativismo são: solidariedade, equidade,


justiça social, liberdade e democracia. Acompanhe a seguir o entendimento
sobre cada um desses valores.

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Solidariedade é a base do cooperativismo, pois empreendimentos em
comum exigem pessoas solidárias, dispostas a estabelecer vínculos entre si,
baseados no apoio mútuo, no sentido recíproco da união e de
responsabilidades. Quem pratica a solidariedade o faz como um fim e não
como um meio.

Equidade é o valor que está na alma do cooperativismo, pois não se


pode dizer que há cooperação se não houver equidade. No cooperativismo
devem existir deveres e direitos gerais e iguais para todos. Deve existir
distribuição proporcional à participação de cada cooperado. No
cooperativismo, cada cooperado deve receber assistência de acordo com suas
necessidades.

Justiça social é outro valor do cooperativismo, relacionado à


promoção das pessoas, para levar a estes benefícios econômicos,
educacionais e culturais, para que tenham uma melhor qualidade de vida,
com oportunidades de trabalho e de realização pessoal. Um cooperado tem
as mesmas obrigações que todos os outros,
sempre desempenhando as funções que lhe forem designadas.

Liberdade é usar à vontade, em oposição aos instintos, aos impulsos e


às iniciativas elementares para fazer o que é correto, o que ético.

Democracia é o valor que significa participação em todas as reuniões,


o direito de opinião, a oportunidade do exercício das funções diretivas, o
respeito ao direito das pessoas, ainda que divergentes, o direito ao voto.
Acima de tudo, democracia pressupõe a manifestação da vontade coletiva.
Democracia e voto têm uma ligação íntima, pois o voto é um instrumento de
tomada de decisões e, portanto, é o meio pelo qual a democracia é posta em
prática.

Os princípios do cooperativismo interpretam os valores e se adaptam


ao tempo e ao lugar, fazendo ponte entre a teoria e a prática cooperativista,
transformando ideias em ação.

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Seção 2 – A cooperação: forma e estrutura cooperativa

Ato Cooperativo

A cooperativa, como empreendimento econômico comum, desenvolve


as suas atividades em dois sentidos: internamente, operando com os sócios, e
externamente, negociando com terceiros, no mercado.

Denominam-se atos cooperativos os praticados entre a cooperativa e


seus associados, entre seus associados e a cooperativa e pelas cooperativas
entre si quando associados, para consecução dos objetivos sociais, nos
termos do art. 79 da Lei 5.764/71. (BRASIL, 1971).

O legislador de 1971 conceituou ato cooperativo, e deste conceito


legal se depreendem os seguintes elementos:
1. Cooperativa;
2. Associado ou cooperado;
3. Objetivo social.

Estes três elementos são imprescindíveis para a concretização e


classificação do ato cooperativo e precisam estar presentes na sua totalidade,
pois, caso falhe algum elemento ou não se concretize inteiramente sua
natureza jurídica, não haverá ato cooperativo perfeito. Acompanhe-os nas
próximas seções.

Ato cooperativo é um só, e como tal se manifesta definido pelo artigo


79 da Lei 5.764/71:

Art. 79. Denominam-se atos cooperativos os


praticados entre as cooperativas e seus associados,
entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si
quando associados, para a consecução dos
objetivos sociais. (BRASIL, 1971).

O artigo 79 traz elementos que precisam ser examinados e


confrontados com os artigos 3º, 4º e 5º da lei cooperativista,
independentemente do ramo a que pertença a cooperativa.

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O exame do ato cooperativo do ramo agropecuário, saúde, crédito ou
qualquer outro, não é senão a tradução fiel e adequada da prestação de
serviços ao sócio cooperado, condição que o fez participar da sociedade.

O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de


compra e venda de produto ou mercadoria, segundo o parágrafo único do
mesmo artigo.

As características dos atos cooperativos estão relacionadas com as


atividades de cada ramo.
Desse modo, falaremos de “atos cooperativos de fornecimento”, nas
cooperativas de consumo; de “atos cooperativos de cessão de uso de
unidades de moradia”, nas cooperativas habitacionais; de “atos cooperativos
de trabalho”, nas cooperativas de trabalho; de “atos cooperativos de
empréstimos aos associados”, nas cooperativas de crédito, e assim por
diante.

Assim, podemos citar como exemplos de atos cooperativos a entrega


de produtos dos associados à cooperativa para beneficiamento,
armazenamento e industrialização e comercialização, bem como o repasse
aos associados dos valores, pela cooperativa, decorrentes dessa
comercialização, nas cooperativas agropecuárias.

Portanto, é preciso analisar o ato em relação aos liames societários


determinados nos objetivos das cooperativas, verificando a sua estreita
vinculação entre a operação da cooperativa e o seu destinatário.

Atos não cooperativos

` Os atos não cooperativos são os praticados com terceiros


nãoassociados. São exemplos, dentre outros, os seguintes, contidos na Lei
5.764/71 (BRASIL, 1971):
 No Art. 85: a comercialização ou industrialização, pelas
cooperativas agropecuárias ou de pesca, de produtos adquiridos
de não associados, agricultores, pecuaristas ou pescadores, para
completar lotes destinados ao cumprimento de contratos ou
para suprir capacidade ociosa de suas instalações industriais;
 No Art. 86: o fornecimento de bens ou serviços a não
associados. Tal faculdade deve atender aos objetivos sociais e

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estar em conformidade com a lei, como nas cooperativas de
consumo abertas;
 No Art. 88: participação das cooperativas em sociedades não
cooperativas, públicas ou privadas, para atendimento de
objetivos acessórios ou complementares, mediante prévia e
expressa autorização concedidas pelo respectivo órgão federal.

Outros casos relacionados aos atos não cooperativos são os referentes


às aplicações financeiras e à contratação de bens e serviços de terceiros não
associados praticados por todos os ramos do cooperativismo.

O art. 87 da Lei 5.764/71 estabelece que: as sociedades cooperativas


devem contabilizar em separado os resultados das operações com não-
associados, de forma a permitir o cálculo de tributos.

A Medida Provisória 1.858-9 (BRASIL, 1999), em seu art. 15, § 2o,


dispõe que os valores excluídos da base de cálculo do PIS e da Cofins,
relativos às operações com os associados, deverão ser contabilizados
destacadamente, pela cooperativa, e comprovados mediante documentação
hábil e idônea, com identificação do adquirente, do valor da operação, da
espécie de bem ou mercadoria e quantidades vendidas.
Leis e planos de leis de incentivo ao cooperativismo foram
promulgados pelo Governo Federal e nas seguintes Unidades de Federação:
 Lei 11.995/03 no estado do Rio Grande do Sul;
 Lei 1.598/04 no estado do Acre;
 Lei 15.075/04 no estado de Minas Gerais;
 Lei 2.830/04 no estado do Mato Grosso do Sul;
 Lei 15.109/05 no estado de Goiás;
 Lei 12.226/06 no estado de São Paulo;
 Projeto de Lei 1.694/2005 no Distrito Federal;
 Lei 10.666 do Governo Federal.

Estrutura Lei 5.764/71

Art. 3º. Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas


que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços
para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum,
sem objetivo de lucro.

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Art. 4º. As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e
natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à
falência, constituídas para prestar serviços aos associados,
distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes
características: [...].
Art. 5º. As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto
qualquer gênero de serviço, operações ou atividade, assegurando -
lhes o direito exclusivo e exigindo- lhes a obrigação do uso da
expressão “cooperativa” em sua denominação. (BRASIL, 1971).

O termo ramo (SILVA, 1987) designa divisão, classificação, e se


encontra no corpo da lei cooperativista, artigo 105 e suas alíneas:

Art. 105: A representação do sistema


cooperativista nacional cabe à organização das
Cooperativas Brasileiras - OCB, sociedade
civil, com sede na Capital Federal, órgão
técnico-consultivo do Governo, estruturada
nos termos desta Lei, sem finalidade lucrativa,
competindo lhe precipuamente:
[...] b)- integrar todos os ramos das atividades
cooperativistas. (BRASIL, 1971).

Essa divisão em ramos cooperativistas é um ato conceitual,


explicativo e eminentemente doutrinário, para conceituar, na verdade, o
objeto das sociedades cooperativas. De acordo com o art. 5º da lei 5.764
(BRASIL, 1971), objeto diz respeito à manifestação da prestação de
serviços. Esta forma de divisão nada mais é do que o esclarecimento, na
prática, do desenvolvimento de seu único objetivo – a prestação de serviços
ao associado (conforme art. 4º e 5º).

As sociedades cooperativas possuem objetivo e objeto, sendo o


primeiro, conforme dispõe o artigo 4º, a prestação direta dos serviços aos
seus sócios cooperados e o segundo, o conjunto de operações que
concretizarão tal prestação de serviços, ou seja, operações revestidas de
serventia econômica do grupo que constituiu e pertence à sociedade.

Utilizando os artigos considerados “estruturais” da lei


cooperativista, chega-se à ideia de que para existir uma cooperativa no
Brasil, são necessários três elementos:

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1. um grupo de pessoas;
2. uma dificuldade econômica comum a ser vencida;
3. a solução/facilitação desta dificuldade na cooperativa.

Por grupo, tem-se, imediatamente, a ideia de conjunto de pessoas


delimitadas no presente caso do artigo 3º – aquelas que se obrigam a
contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade
econômica, de proveito comum, isto é, não dirigido apenas a parte do grupo.

A pessoa, ao ingressar na cooperativa, já analisou e concluiu que a


pessoa jurídica da sociedade lhe será útil, ante suas expectativas no campo
econômico. A isto se chama delimitação do grupo, ou seja, conjunto de
pessoas que possuem dificuldade econômica e cuja máquina/estrutura criada
lhes facilitará economicamente a vida, de modo que possam contribuir com
bens ou serviços para o proveito comum.
Desta forma, um grupo de agricultores com dificuldade na sua
atividade econômica de produtores rurais e que decide constituir uma
sociedade que lhe preste serviços dentro desta atividade econômica é o
elemento necessário à conceituação do tipo societário cooperativa, do ramo
agropecuário; da mesma maneira, os médicos se reúnem em torno de uma
sociedade cooperativa criada por eles para lhes facilitar a sua atividade
econômica, classificada de sociedade cooperativa do ramo saúde, e assim
por diante, nos treze ramos conhecidos e conceituados pela Organização das
Cooperativas Brasileiras – OCB.

No Brasil, as sociedades cooperativas são regidas pela Lei Federal


5.764/71 e têm suas estruturas estabelecidas por ela. No entanto, o
Presidente Fernando Henrique Cardoso aprovou a Lei 9.867 (BRASIL,
1999) que cria as Cooperativas Sociais e regula o seu funcionamento.

Os artigos 3º, 4º e 5º são


considerados estruturais pois
delimitam e constituem o conceito
de sociedade cooperativa.
Acrescente-se agora o artigo 1.094
do Código Civil de 2002. (BRASIL,
2002).

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Este ato contribuiu com o desenvolvimento de novos segmentos
econômicos como a economia solidária, movimento social que se preocupa
também com o público a que se destina a Lei 9.867/99:

I – os deficientes físicos e sensoriais;


II – os deficientes psíquicos e mentais, as pessoas
dependentes de acompanhamento psiquiátrico
permanente, e os egressos de hospitais psiquiátricos;
III – os dependentes químicos;
IV – os egressos de prisões;
V – vetado;
VI – os condenados a penas alternativas à detenção;
VII – os adolescentes em idade adequada ao trabalho, e
situação familiar difícil do ponto de vista econômico,
social ou afetivo. (BRASIL, 1999).

De acordo com a UNISOL BRASIL (2009), “as cooperativas sociais


são empreendimentos que têm como objetivo principal a melhoria da vida
das pessoas em dificuldades permanentes ou temporárias”.
O único objetivo de existência da cooperativa, segundo o artigo 4º, é a
prestação de serviços aos seus donos, o conjunto de sócios cooperados. A
maneira pela qual se dará tal prestação é a base para conceituação do ramo a
qual pertencerá à cooperativa.

Assim entendidos os sócios


cooperados, com capital empregado
na sociedade e responsabilidade
perante terceiros.

Neste caso, a prestação de serviços resultará na prática de operações


que facilitem ou auxiliem o exercício da atividade econômica do sócio
cooperado, como determina o artigo 4º da Lei 5.764/71, que se realizará nos
limites da atividade agropecuária.

Este conjunto de operações deverá estar elencado no Estatuto Social


da Sociedade Cooperativa por força do comando do artigo 21, I, da lei
cooperativista de 1971.
Art. 21. O estatuto da cooperativa,
além de atender ao disposto no
Artigo 4º, deverá indicar: I - a

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denominação, sede, prazo de
duração, área de ação, objeto da
sociedade, fixação do exercício social
e da data do levantamento do balanço
geral; [...]. (BRASIL, 1971).

Seção 3 - A cooperativa

Por cooperativa entende-se a pessoa jurídica delimitada pelo capítulo


VII do Código Civil de 2002 e pela Lei 5.764/71, principalmente pelos
artigos 1.094, 3º, 4º e seus incisos e V. A totalidade das normas da Lei
5.764/71 deve estar respeitada e cumprida para assim ser considerada
sociedade cooperativa.

O associado

“Associado”, “cooperado” ou tecnicamente “sócio cooperado” são


vocábulos que designam, na verdade, o dono da sociedade cooperativa e,
portanto, o detentor de parcela desta (cota parte), ou nos dizeres modernos,
do Código Civil (BRASIL, 2002), “responsável de alguma forma pelo seu
resultado”.

Dessa forma, a pessoa que integrou a pessoa jurídica cooperativa, em


busca da resolução ou facilitação de sua dificuldade econômica na
cooperativa, será associado, nos termos do artigo 79. A doutrina e a
legislação classificam a cooperativa como sendo uma sociedade de pessoas,
e como tal, interessa o que poderíamos traduzir como o elemento
classificador do grupo que constituiu a cooperativa e a que ela pertence.

Para tanto, é necessário que a utilização da máquina/ empreendimento


(sociedade cooperativa) pelo sócio cooperado aconteça para a minoração da
sua dificuldade econômica.
Neste sentido, não cabe a existência do chamado sócio cooperado inativo, ou
aquele sócio suspenso das atividades ou mesmo aquele tido como sócio
infiel. (Diz-se associado ou sócio infiel aquele que desvia seus produtos e
bens, entregando-os a um ente estranho à sociedade, fato que concorre
economicamente com a sociedade cooperativa e tira-lhe a força).

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A característica de sócio cooperado é provada e comprovada, sempre e
dinamicamente, a cada operação da cooperativa. É necessária a identificação
de que a razão para a prática de tal ato/operação seja o sócio cooperado. O
conceito de cooperado passa, portanto, por vários elementos caracterizadores
e confirmadores, todos imprescindíveis.

Para ser considerada sócio cooperado, a pessoa deve, em primeiro


lugar, pertencer ao grupo delimitado, como já salientado, ou seja, apresentar
a característica de ser parte do grupo cuja dificuldade econômica seja
comum e que a “atuação/atividade” da cooperativa a atenda, fazendo com
que ao utilizar o “instrumento sociedade cooperativa”, tenha facilitação desta
dificuldade.

Deve ainda se observar o contido no artigo 3º da lei cooperativista,


isto é, a prática da contribuição de bens ou serviços para uma atividade
econômica de proveito comum que significa: praticar operações com a
cooperativa.
Isto implica operar com a cooperativa, participar de suas operações,
exercitando a segunda e terceira características doutrinárias atribuídas ao
sócio cooperado – ser usuário e fornecedor da cooperativa.

Não basta a característica do sócio cooperado dono, é necessário que


também estejam presentes as características de sócio cooperado usuário e
sócio cooperado fornecedor.
Ser dono da cooperativa significa ter responsabilidade pelos seus atos,
participar de suas deliberações e possuir uma parcela desta sociedade
através de uma cota parte integralizada, pelo menos.
Ser fornecedor é exercitar o artigo 3º da lei cooperativista, ou seja,
entregar seu bem ou produto na cooperativa para que esta possa lhe prestar
serviços e, portanto, fazer com que o associado seja um usuário. Ser usuário
é utilizar-se do empreendimento que se constituiu.
As três características se inter-relacionam de maneira tão intrínseca e
tão indissociável que é difícil tratar de cada uma delas separadamente. O fato
de ser dono de um empreendimento pressupõe interesse e engajamento; ser
dono e usuário aumenta ainda mais o nível de interesse no sucesso do
empreendimento, pois a pessoa que constitui uma sociedade da qual será
usuária só pode perseguir e objetivar o sucesso.
Seção 4 – Os objetivos sociais

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O conceito de “objetivo social” é dado pelo sócio cooperado. Sua
amplitude obedece à necessidade econômica do grupo que constituiu e que
pertence à sociedade. Quando o grupo se reuniu no momento que antecedeu
à constituição da sociedade cooperativa, elencou quais os atos necessários
para a prestabilidade da sociedade e que imprescindivelmente deveriam ser
desenvolvidos por ela.
A sociedade só foi criada e só existe se atender as necessidades do
corpo de sócios cooperados. Este conjunto de atos e operações praticados
pela cooperativa com este escopo chama-se de objetivo social, e deve estar
descrito e contido no corpo do Estatuto Social, segundo o artigo 21, inciso I,
da Lei 5.764. (BRASIL, 1971).

O objetivo social confunde-se com o motivo que identifica o grupo


que constituiu a cooperativa. Poderia até se apontar que o objetivo social é a
tradução em atos do que a cooperativa fará para auxiliar o sócio cooperado a
resolver ou minorar a dificuldade econômica comum ao grupo, motivo que o
fez unir-se em torno de uma estrutura que lhe pudesse auxiliar e mais:
motivo que fez com que o grupo constituísse a cooperativa. A mesma
explicação se aplica aos sócios cooperados que ingressam na sociedade
depois de esta já estar constituída.

A condição que os fez cooperar é a tradução de que o desenrolar do


objetivo social lhes atende e os faz ingressar e permanecer na sociedade. Os
objetivos sociais da cooperativa são as ações que a cooperativa se propõe a
tomar para resolver a dificuldade econômica que o grupo possui.

Na prática, o interesse do associado em pertencer à cooperativa só


existe e se mantém se houver efetivamente operações que atendam a tal
interesse, isto é, o sentimento de saciedade do associado em relação à
cooperativa só ocorre com a prática de atos, por parte desta, que exercitem a
característica de usuário/ fornecedor – atos estes praticados em razão do seu
escopo que se traduz no objetivo, ou seja, a prestação de serviços diretos ao
sócio cooperado com a prática do objeto social, consistindo no conjunto de
atos e operações razão da sua criação (vontade de saciedade do associado).

Exemplo: A cooperativa fictícia


chamada COOPERDETAL possui
no seu estatuto o seguinte objetivo
social:

97
CAPÍTULO V - DOS OBJETIVOS
SOCIAIS.
Art. 1º. – O objetivo social da
cooperativa é a prestação direta de
serviços aos seus cooperados na
melhoria econômica e social, na
orientação e na organização das
atividades de prestação de serviços,
as quais serão executadas pelos seus
cooperados, buscando promover o
acesso destes ao mercado de
trabalho pela integração de suas
competências.

O objeto social

Comumente há a referência aos objetivos sociais quando se está


tratando do objeto social. Mas é primordial que sejam diferenciados, uma
vez que os objetivos são as pretensões comuns aos associados, ou seja, os
elementos que constituem os anseios de melhoria das respectivas condições
de vida.

Já quanto ao objeto social, deve-se destacar, trata-se da atividade


econômica eleita pelo grupo constituinte da cooperativa. Nesse sentido, tem-
se o crédito nas cooperativas de crédito, a produção agropecuária na
cooperativa constituída por produtores rurais, o transporte na cooperativa de
transportes, e assim por diante.

Tal reflexão é primordial, uma vez que, na classificação aplicada às


diversas estruturas de cooperativas, será o objeto social o caracterizador da
diferenciação e enquadramento.
Exemplo A mesma cooperativa
fictícia COOPERDETAL possui no
seu estatuto o seguinte objeto
social:

CAPÍTULO IV - DO OBJETO
SOCIAL.

97
Art. 1º - A Cooperativa terá como
objeto social a:
a) realização de projetos,
espetáculos, manifestações e ações
culturais, cursos, palestras,
seminários, aulas, treinamento,
oficinas, “workshops”, “shows”
executados pelos cooperados em
caráter permanente ou temporário,
independente ou junto às
instituições públicas e/ou privadas;
b) a produção e/ou construção de
infraestrutura necessária para a
produção, criação, edição e
comercialização de obras de arte
construídas ou empreendidas pelos
cooperados.

Seção 5 – O estado de cooperação e a estrutura cooperativa

Para iniciar a trajetória pela estrutura cooperativa, vamos conhecer um


pouco a lição do Padre Don José Maria Arizmendiarreta,( Fundador e
dinamizador da denominada Experiência Cooperativa de Mondragón,
cidade espanhola (País Basco) onde hoje está sediada a Mondragón
Corporación Cooperativa – MCC, uma das referências mundiais do
cooperativismo) que conceituou essa modalidade de sociedade da seguinte
forma: la empresa cooperativa es un organismo vivo; es uma sociedad de
personas en una comunidad, cuyo soporte es la solidaridad, y la conciencia
de esta solidaridad es La fuerza impulsora en la que debemos confiar.
(IRION, 1997, p. 182).

Com base no entendimento de Arizmendiarrieta (1997), podemos


afirmar que a estrutura cooperativa é um organismo vivo, pois somente
existe se há o senso de comunidade e vida comum dos associados que a
constituem. Aliás, extrapola a mera associação para fins de exploração de
atividade econômica, pois também está sediada na solidariedade comum aos
integrantes dessa instituição.
Tal solidariedade cria vínculo associativo diferenciado, uma vez que
apenas com base na força comum dos associados é que uma sociedade pode

97
existir. As ações pessoais de cada associado são as ações da cooperativa,
mesmo porque servir o associado, que ao mesmo tempo é o proprietário e o
tomador de serviços da instituição, é o meio pelo qual a sociedade pode
alcançar o fim para o qual foi constituída.
Sem as ações pessoais de cada associado, a sociedade não pode prestar
os serviços para os quais foi criada.

Como exemplo, em uma cooperativa de crédito, é inimaginável a


concessão de empréstimos se não houver captação de recursos dos próprios
associados. Enquanto uns contribuem com a aplicação de recursos, outros os
tomam, mas isso durante certo lapso de tempo, pois, em vista do permanente
estado de cooperação, as figuras se alternam.

Logo, a responsabilidade de cada associado cooperativista vai além da


própria associação ou da mediata relação que mantém com a sociedade que
compõe, vez que está inserido em uma comunidade onde as figuras
alternam-se paulatinamente e, em diversas ocasiões, ocorrem
simultaneamente.

Portanto, a análise das relações cooperativistas sem o foco amplo,


sediado na própria estrutura cooperativa, é desrespeito à peculiar affectio
societatis cooperativa. Em se consagrando o associado cooperativista apenas
como proprietário, que, por meio dessa sociedade, busca o exercício de uma
atividade econômica, tem-se perda do conceito de tomador de serviços da
instituição, o que também lhe é devido.

No caminho inverso, em se prestigiando apenas com a coroa de


tomador de serviços, desrespeita-se sua atividade de empresa com caráter
associativo a que ora buscou quando se admitiu na cooperativa. De um lado
ou de outro, quando se analisa somente um deles, tem-se perdas e, em ambos
os casos, somente para o associado.
Ao se reportar ao conceito de cooperativa formulado pelo Congresso
do Centenário da Aliança Cooperativa Internacional, o jurista argentino
Dante Cracogna afirma trata-se de “uma simbiosis com uma asociación de
personas para lograr objetivos de caráter económico, social y cultural”.
(1985, p. 11).
Da lição de Cracogna, nota-se que, na análise aplicada às relações
cooperativistas, cabe a avaliação integral da própria cooperativa. Isso se dá
pela constatação de que se está avaliando uma associação tão intrínseca que
chega a ser simbiótica e, por que não dizer, viva. Logo, características

97
essenciais a conclusões racionais estão difundidas em um todo, tal como no
funcionamento de um organismo humano, em que fatores de um
determinado componente podem gerar consequências em outros e, em certos
casos, até em todo o ser vivo.

Dada essa condição vital unificada, as cooperativas são instituídas


com base em princípios que orientam sua atuação. Tais princípios são únicos
para as cooperativas e em virtude deles tem-se relações sociais não
observadas em outras instituições comumente utilizadas para compará-las
conceitualmente.

Tais princípios, ainda, garantem uma forma de atuação econômica


peculiar, uma vez que nas cooperativas não se busca o objetivo de lucro ou
de proveito próprio da instituição, mas sim, como leciona Walmor Franke
(1973, p. 23), “a promoção da defesa ou fomento da economia dos
cooperados, mediante prestação de serviços”.

Assim sendo, tem-se diferenciadores essenciais, em que a cooperativa


é um meio, um instrumento, e que tem orientação em princípios formulados
para que isso seja garantido. Como exemplo desses diferenciadores
essenciais, podemos citar a prestação de serviços aos associados.

A cooperativa somente existe pelos associados cooperativistas e


quaisquer implicações negativas na análise das relações envolvidas poderão
apenas trazer-lhes prejuízos – talvez nem mesmo identificados por eles
próprios.

Ainda em relação aos princípios cooperativistas, ensina o doutrinador


do Direito Cooperativo Waldirio Bulgarelli (1988,p. 11) que cooperativa
“trata-se de empresa cuja conformação e procedimentos estão influenciados
pelos princípios doutrinários do sistema de que é instrumento”.

Dentre os princípios cooperativistas, salientamos a adesão livre, que é


consagrada expressamente na ordem jurídica brasileira, conforme artigo 29
da Lei 5.764 (BRASIL, 1971). Por ordem desse princípio, e no caso
brasileiro por comando legal, qualquer pessoa que esteja abarcada na
categoria de cooperativa que pretende se admitir tem o que se denomina
portas abertas (Vale o registro de que, para Waldirio Bulgarelli, as portas
abertas constituem-se em desdobramento do princípio da livre adesão.
(1988, p. 13).).

97
Assim, o denominado “princípio das portas abertas” é mandamento
ideológico do livre acesso, ou seja, tanto para ingressar quanto para se
retirar. E isso é uma premissa básica do cooperativismo.

Assim sendo, para se alcançar o status de associado cooperativista, o


ingresso é livre, desde que a cooperativa tenha condições técnicas de lhe
prestar serviços, vide art. 4°, inciso I, Lei 5.764 (BRASIL, 1971), e, uma vez
associado cooperativista, se desejar demitir-se, tal medida não lhe será
negada, conforme art. 32 da mesma Lei.

A própria ideia de se ingressar ou se retirar por ato voluntário


restringe conduta somente aos próprios associados cooperativistas que
compõem a instituição. Aliás, essa liberdade de trânsito concede a qualquer
indivíduo a possibilidade de escolher a sociedade cooperativa que mais tenha
identificação com seus interesses pessoais.

Quanto a esse entendimento, acompanhe o que afirma Gress (2003, p.


87): o princípio das portas abertas é, portanto, mais um desdobramento do
direito à liberdade do ser humano, possibilitando ao cidadão a livre escolha
em aderir ou não aderir à sociedade cooperativa e dela se retirar, conforme
seu arbítrio, sempre respeitando os direitos oriundos das liberdades de seus
iguais.

À lição de Cátia Denise Gress, podemos acrescentar a consideração de


que, uma vez dentro da sociedade cooperativa, caso o associado
cooperativista não intente demitir-se, deve arcar com a responsabilidade
inerente à associação, a fim de contribuir para a harmonia social cooperativa,
não prejudicando o livre exercício de direitos dos demais associados –
mesmo porque, nas palavras da citada autora, “todo indivíduo, como célula
de uma sociedade, tem papel vital a desempenhar”. (2003, p. 87).

Em conjugação com o princípio das portas abertas, outro princípio


cooperativista, o da gestão democrática, merece consideração. Por meio
desse princípio, estão as cooperativas adstritas ao mecanismo de
administração aberta aos associados cooperativistas.

Pondera Guilherme Krueger, em A disciplina das cooperativas no


novo Código Civil– a ressalva da Lei 5.764/71, capítulo da obra coletiva
Problemas Atuais do Direito Cooperativo, quando aborda a gestão
democrática, que “a diretoria é o ponto de interseção entre a razão

97
comunicativa e a instrumental na cooperativa. Manifesta a primeira, tem
fixados os seus limites, metas e diretrizes emanadas dos órgãos societários
deliberativos, notadamente a Assembleia Geral”. (2003, p. 105).

Em vista disso, confere-se ao associado cooperativista o poder de


avaliar os negócios da cooperativa e de, inclusive, participar das decisões da
sociedade, nelas influenciando diretamente.

Logo, na conjugação com o livre acesso, o associado cooperativista


tem liberdade para verificar se aquela instituição específica identifica-se com
seus objetivos próprios.

Em caso negativo, ainda lhe restam duas opções:


 A primeira, mais breve, é a de se demitir.
 Na segunda, a qual se entende a verdadeira affectiosocietatis
cooperativa, há a possibilidade de mudar a realidade da
cooperativa, uma vez que não necessita de detenção majoritária
de capital para tanto, nem mesmo precisa ser integrante do
quadro de administradores, bastando ao associado
cooperativista interagir com a sociedade que lhe é própria, seja
em assembleias gerais, em reuniões específicas, seja
incentivando a mudança de administradores, ou ainda trazendo
ideias para que a administração altere a linha ideológica e
estratégica de atuação; enfim, cuidando com todo o esmero das
obrigações que assumiu.

Como você já leu, o associado cooperativista não é mero cliente ou


mero proprietário, mas sim é a conjugação dessas duas figuras, inseridas no
contexto de uma sociedade cujas decisões são o fruto da vontade dos
indivíduos que as compõem, e isso cumulado às ações pessoais de cada
indivíduo.

Os associados cooperativistas formam, então, em conjunto voluntário,


um organismo avivado por seus próprios atos individuais para com a
instituição. Tais atos são responsabilidades pessoais de cada um deles, vez
que, caso não evidenciados ou cumpridos, podem implicar a perda do fôlego
de vida da cooperativa ou a perda da relação societária, prejudicando
sobremaneira a comunidade que pretenderam construir.

97
Enfim, tem-se que o conceito cooperativo, assim como o da
responsabilidade cooperativa, como você verá nas próximas unidades,
transcende às próprias relações cooperativistas tidas pelos associados e
respectivas cooperativas.

Não se trata de uma ordem estrutural apenas, seja em composição


societária, seja em categorização econômica, mas sim de uma união viva
com nuances diversas que extrapolam os mundos constituídos por relações
individuais. Assim sendo, para que se possam aferir responsabilidades, tem-
se que compreender o organismo e sua vida, em estado permanente que, no
presente caso, está sediado na cooperação.

RETOMANDO A CONVERSA INICIAL (síntese da aula).

As sociedades cooperativas formam-se a partir da consciência de


grupo de pessoas que têm alguma necessidade comum. Nesse sentido,
constituem uma sociedade marcada por princípios de mutualidade, que lhes
garante a possibilidade de melhoria nas respectivas condições econômicas,
com base em uma estrutura única voltada ao compartilhamento de custos.

Essas sociedades detêm objetivo único, e isso é comum a qualquer


Ramo, qual seja, se prestam para prestar serviços aos associados,
possibilitando-lhes a melhoria das respectivas condições pessoais.

Não se pode confundir esse objetivo comum (que é o fim da


cooperativa) com o objeto econômico que o seu grupo constituinte.

Tendo como fim (objetivo) a prestação de serviços aos associados,


uma cooperativa pode exercer qualquer atividade econômica, desde que
prevista no respectivo estatuto social.

Mesmo sendo únicas em sua forma, as cooperativas podem ainda ser


classificadas conforme o objeto econômico que escolhem e é nesse ponto
que se alcança a definição de cada Ramo do Cooperativismo Brasileiro.

97
Saiba mais

CATTANI, Antonio David (Org.). La otra economía. Buenos Aires:


UNGS/Editorial Altamira/Fundación OSDE, 2004.

KRUEGER, Guilherme. Adequação fenomenológica para o tratamento ao


ato cooperativo previsto na constituição federal.

In: V ENCONTRO DE PESQUISADORES LATINOAMERICANOS DE


COOPERATIVISMO, 2008, Ribeirão Preto. Anais eletrônicos... Ribeirão
Preto, 2008.

WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 4 ed. São


Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1985.

97
AULA 02

NOÇÕES GERAIS SOBRE FORMA COOPERATIVA, ASPECTOS


SÓCIO-HISTÓRICOS E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO
COOPERATIVISTA NO BRASIL

Nesta aula, abordaremos o âmbito histórico dos ramos do


cooperativismo analisando, primeiramente, o surgimento do cooperativismo,
passando à abordagem histórica da legislação Cooperativista no Brasil que
deu vida aos ramos do cooperativismo.
Logo em seguida, vamos abrir nossos horizontes com a análise do
cooperativismo no âmbito internacional. A importância que o
cooperativismo e seus ramos têm para o mundo está explicitamente
declarada pela Organização das Nações Unidas.

Fechamos esta unidade com a descrição de uma das mais importantes


cooperativas do mundo e atuante no mercado internacional: Grupo
Cooperativo Mondragón. Além disso, analisaremos os principais ramos do
cooperativismo existentes dentro de Mondragón.

Boa Aula

97
Objetivos de aprendizagem

 Conhecer a forma como se organizaram as primeiras


cooperativas no Brasil e no mundo;
 Analisar a evolução dos conceitos jurídicos sobre
Cooperativismo frente às inovações legislativas.
 Proporcionar pensamento sobre os processos legislativos que
tratam do Cooperativismo e pensam na reforma da legislação
cooperativista brasileira.
 Reconhecer a importância das sociedades cooperativistas para a
história universal;
 Conhecer a evolução e o impacto dos ramos no
desenvolvimento das nações

Seções de estudo

Seção 1 Panorama histórico do cooperativismo e o


cooperativismo no Brasil;
Seção 2 Delineamento das normas do Cooperativismo;
Seção 3 Prospecção para a reforma da atual lei de regência do
Cooperativismo brasileiro
Seção 4 O ambiente internacional

Seção 1 – Panorama histórico do cooperativismo e o cooperativismo no


Brasil

Desde a pré-história até o início de nosso século encontram se


registros de diversas formas de associações de pessoas, que demonstram que
a cooperação tem sido uma constante nas relações entre os seres humanos. O
cooperativismo é encontrado desde a Antiguidade, quando os homens já
demonstravam a tendência de viver em grupos para defender seus interesses
comuns. Na Babilônia, no Egito e na Grécia já existiam formas de
cooperação nos campos de trigo e no artesanato.

No século XV, quando do descobrimento da América, foram


constatadas formas bem definidas de cooperação nas civilizações asteca,
inca e maia, nas quais os povos viviam em regime de ajuda mútua.

97
O cooperativismo moderno

O cooperativismo moderno surgiu na primeira fase da Revolução


Industrial (1760-1850) – com o surgimento das máquinas a vapor – como
forma de amenizar os traumas econômicos e sociais que afetavam a classe de
trabalhadores.

Durante décadas, na Inglaterra e na França, foram organizadas


diversas sociedades com características de cooperativas. Esses movimentos
de cooperação foram conduzidos por idealistas, como Robert Owen, Louis
Blanc, Charles Fourier, entre outros, que defendiam propostas baseadas nas
ideias de ajuda mútua, igualdade, associativismo e autogestão.

Considerados por muitos como precursores do cooperativismo, estes


pensadores socialistas começaram a estudar as formas de organização das
civilizações antigas, descobrindo a cooperação como instrumento de
organização social. Com isto, começaram a divulgar ideias e experiências
destinadas a modificar o comportamento da sociedade.

O processo de industrialização, na sua primeira etapa, fez com que os


artesãos e trabalhadores rurais migrassem para as grandes cidades, atraídos
pelas fábricas em busca de melhores condições de vida. Essa migração fez
com que houvesse excesso de mão de obra, resultando na exploração do
trabalhador de forma abusiva e desumana. Ao serem prejudicados pelo novo
modelo industrial que substituiu o trabalho artesanal, 28 tecelões do bairro
de Rochdale, em Manchester, na Inglaterra, decidiram pela criação de uma
sociedade de consumo, baseada no cooperativismo puro.

Em 21 de dezembro de 1844, foi fundada a “Sociedade dos Probos


Pioneiros de Rochdale”. Estes tecelões fundaram um armazém comunitário,
com um capital inicial de 28 libras, representando uma libra que cada um do
grupo havia economizado. Assim nasceu a primeira cooperativa de consumo
da história.
Dispondo de pequenos estoques de farinha, açúcar e aveia, este
modesto estabelecimento, administrado pelos seus próprios fundadores, foi
alvo de deboche dos tradicionais comerciantes da cidade. Porém, despertou a
atenção dos consumidores locais e, principalmente, das classes
trabalhadoras, pela considerável prosperidade. O que aparentemente parecia
apenas um armazém, idealizado para oferecer aos seus associados artigos de

97
primeira necessidade, transformou-se na semente do movimento
cooperativista.

Os tecelões aperfeiçoaram o sistema e desenvolveram um conjunto de


princípios, conhecidos mais tarde como “Princípios Básicos do
Cooperativismo”, adotados posteriormente por cooperativas surgidas em
diversos países do mundo. Com o tempo, ocorreram algumas modificações,
contudo, sua essência se manteve, sendo os princípios atualmente os
seguintes:

1. adesão voluntária e livre;


2. gestão democrática;
3. participação econômica dos associados;
4. autonomia e independência;
5. educação, formação, informação;
6. cooperação entre cooperativas;
7. interesse pela comunidade.

A origem do cooperativismo no Brasil

Por volta de 1610, quando foram fundadas no Brasil as Reduções


Jesuíticas, houve a primeira tentativa de criar um Estado em que
prevalecesse a ajuda mútua. Incentivada pelos padres jesuítas e baseada no
princípio do auxílio mútuo (mutirão), esta prática, encontrada entre os
indígenas brasileiros e em quase todos os povos primitivos desde os
primeiros tempos da humanidade, vigorou por cerca de 150 anos.

Porém, é em 1847 que situamos o início do movimento cooperativista


no Brasil, quando diversas sociedades foram fundadas com esse espírito,
mas sem continuidade.

Ramos do cooperativismo: origens no Brasil - evolução da nomenclatura


e classificação

O primeiro mecanismo legal que sistematizou as atividades


cooperativas foi o Decreto 22.239 (BRASIL, 1932), que classificou as
atividades em ramos cooperativistas, a saber: produção agrícola, produção
industrial, trabalho, beneficiamento de produtos, compras em comum,
vendas em comum, de consumo, de abastecimento, de crédito, de seguros,

97
de construção de casas populares, de editores e cultura intelectual, escolares
e mistas.

Com a promulgação da Lei 5.764 (BRASIL, 1971), regulamentou-se a


ideia de estruturação em ramos no cooperativismo, embora esta lei não os
especifique. Os artigos a seguir servem como exemplo:
Art. 5º. As sociedades cooperativas
poderão adotar por objeto qualquer
gênero de serviço, operação ou
atividade, assegurando-lhes o direito
exclusivo e exigindo-lhes a
obrigação do uso da expressão
“cooperativa” em sua denominação.
(BRASIL, 1971).

No art. 10, as cooperativas se classificam também de acordo com o


objeto ou pela natureza das atividades desenvolvidas por elas ou por seus
associados.

Art. 105. A representação do sistema


cooperativista nacional cabe à
Organização das Cooperativas
Brasileiras – OCB, sociedade civil,
com sede na Capital Federal, órgão
técnico-consultivo do governo,
estruturada nos termos desta lei, sem
finalidade lucrativa, competindo-lhe
precipuamente: [...] dispor de setores
consultivos especializados, de acordo
com os ramos de cooperativismo.
(BRASIL, 1971).

SEÇÃO 2 - Delineamento das normas do Cooperativismo

Com o advento do Decreto 979, já em 1903, que tratou de regular as


atividades dos sindicatos de profissionais da agricultura e das atividades
rurais e de cooperativas de produção e consumo, pode-se dizer que o Brasil
teve uma normatização relativa ao Cooperativismo, mesmo que em fase
embrionária.

97
Nos idos de 1907, teve-se uma normatização mais ampla em relação
ao Cooperativismo no Brasil, ora com a publicação do Decreto-Lei 1.637,
que previu a criação de sindicatos e sociedades cooperativas.

É importante destacar que o Decreto-Lei 1.637/1907 não classificou


ou propôs uma metodologia taxionômica para as sociedades cooperativas,
contudo foi primordial para marcar no ordenamento jurídico brasileiro o
papel e a forma cooperativa.

Nesse decreto-lei foi prevista a constituição de cooperativas como


sociedades marcadas por peculiares condições, tais como variabilidade de
capital social, número ilimitado de sócios e inacessibilidade das cotas – ou
ações, como era permitido àquela época – a terceiros.

Outra importante condição marcada flagrantemente no decreto-lei


mencionado foi a proporcionalidade da responsabilidade dos associados
frente às operações sociais, tanto para resultados positivos como para os
negativos.

O Decreto-Lei 1.637 também foi um marco importante no sentido de


definir as sociedades cooperativas não como uma simples forma societária,
mas sim como uma forma jurídica única, definida por princípios próprios.

O decreto previa que as sociedades cooperativas poderiam assumir


três formas societárias, quais sejam: sociedades anônimas, em comandita
simples ou em nome coletivo.

Posteriormente, em 1932, teve-se uma importante atualização do


ordenamento jurídico com o advento do Decreto-Lei 22.239, o qual ampliou
a descrição das características da forma cooperativa.

Mais ainda, o Decreto-Lei 22.239/1932 foi enfático em definir o termo


“contrato de sociedade cooperativa”, ora firmado por pessoas naturais que
mutuamente se obrigavam a combinar esforços para lograr fins econômicos,
conforme a principiologia cooperativa. Ilustra-se com os artigos 1º e 2º do
citado decreto lei: Art. 1º. Dá-se o contrato de sociedade cooperativa quando
sete ou mais pessoas naturais, mutuamente se obrigam a combinar seus
esforços, sem capital fixo predeterminado, para lograr fi ns comuns de
ordem econômica, desde que observem, em sua formação, as prescrições do
presente decreto. Parágrafo único. Excepcionalmente se permite que

97
cooperativas várias possam, como pessoas jurídicas, formar entre si um novo
contrato de sociedade cooperativa para constituir cooperativas centrais ou
federações, nos termos do que se dispõe nos arts. 36 e 37. Art. 2º. As
sociedades cooperativas, qualquer que seja a sua natureza, civil ou mercantil,
são sociedades de pessoas e não de capitais, de forma jurídica suigeneris,
que se distinguem das demais sociedades pelos pontos característicos que se
seguem, não podendo os estatutos consignar disposições que os infrinjam:

a) variabilidade do capital social, para aquelas que se constituem com


capital social declarado;
b) não limitação do número de associados, sendo, entretanto, este
número no mínimo de sete;
c) limitação do valor da soma de quotas-partes do capital social que
cada associado poderá possuir;
d) inacessibilidade das quotas-partes do capital social, a terceiros
estranhos à sociedade, ainda mesmo em causa mortis;
e) quorum para funcionar e deliberar a assembleia geral fundado no
número de associados presentes à reunião e não no capital social
representado;
f) distribuição de lucros ou sobras proporcionalmente ao valor das
operações efetuadas pelo associado com a sociedade, podendo ser atribuído
ao capital-social um juro fixo, não maior de 9% ao ano, previamente
estabelecido nos estatutos, - ou ausência completa de distribuição de lucros -
ou, no caso de fixação de um dividendo a distribuir aos associados, ser o
mesmo determinado também nos estatutos até o máximo de 12 % ao ano,
proporcional ao valor realizado das quotas partes do capital;
g) indivisibilidade do fundo de reserva entre os associados, mesmo em
caso de dissolução da sociedade;
h) singularidade de voto nas deliberações, isto é, cada associado tem
um só voto, quer a sociedade tenha, ou não, capital-social, e esse direito é
pessoal e não admite representação, senão em casos especiais, taxativamente
expressos nos estatutos, não sendo, nesses casos, permitido a um associado
representar mais que um outro;
i) área de ação determinada.

Art. 3º. A prova da formação do contrato de sociedade cooperativa é o


ato constitutivo, o qual pode efetivar-se:
a) por deliberação da assembleia geral dos fundadores, constante da
respectiva ata;
b) por instrumento particular, nos termos do art. 135, do Código Civil;

97
c) por escritura pública.

Após outras normas que tratavam apenas das sociedades cooperativas,


em 1966, por meio do Decreto-Lei 59, foi instituída no país uma Política de
Estado, voltada ao Cooperativismo, ou seja, previu-se que o movimento
cooperativista passaria a ter uma ação do Estado própria ao seu incentivo e
fomento.

Compreende-se como Política Nacional de Cooperativismo a


atividade decorrente das iniciativas ligadas ao sistema cooperativo,
originárias de setor público ou privado, isoladas ou coordenadas entre si,
desde que reconhecido seu interesse público (art. 1º, Lei 5.764).

Foi criado também no Decreto-Lei 59/1966 o Conselho Nacional de


Cooperativismo, ora o agente incumbido de promover a Política Nacional
de Cooperativismo.

A atual legislação especial sobre o Cooperativismo surgiu alguns anos


mais tarde, com a publicação da Lei 5.764, em 21 de dezembro de 1971.

Esta lei foi marcada pela união das cooperativas brasileiras no sentido
de buscar uma representação própria para a defesa dos interesses dessas
sociedades, afora para consolidar no país a Política Nacional de
Cooperativismo.

É importante destacar que a Lei 5.764/1971 foi estruturada sobre dois


aspectos fundamentais hoje reproduzidos na Constituição Federal de 1988,
quais sejam: o apoio e o estímulo ao Cooperativismo.

Aliás, em 1988, a promulgação da Carta de Constituição do Brasil,


pela primeira vez na história de nosso país, fez menção às sociedades
cooperativas e em sete artigos. São eles:
 art. 5º, XVIII;
 art. 146, III, alínea ‘c’;
 art. 174, §2º, § 3º e §4º;
 art. 187, VI;
 art. 192.
Dentre outros aspectos relevantes, a Constituição Federal de 1988
determina que a associação em cooperativas seja livre, não permitindo
qualquer interferência no funcionamento dessas sociedades. No entanto,
determina que isso deva se dar na forma da lei, ou seja, conforme prescrito

97
na Lei 5.764/1971, a qual prevê as condições essenciais para a
caracterização de uma sociedade cooperativa. A Carta Constitucional
também prevê que o Cooperativismo deverá ser apoiado e estimulado (art.
174, § 2º), além de definir que, para fins de tributação, deverá o ato
cooperativo ter tratamento adequado.

Quanto à questão do adequado tratamento tributário, que será


abordada com maiores detalhes no livro didático Legislação Tributária nas
Cooperativas, deve-se ressaltar que existem peculiaridades no sistema
operacional das sociedades cooperativas, sendo que isto garante a essas
instituições a não incidência tributária, mesmo porque nelas não se
acumulam renda ou lucros.

Abaixo segue quadro sintético com a evolução das normas sobre


Cooperativismo no país:

DECRETO-LEI 1.637 de 5 de janeiro de 1907 Cria sindicatos


profissionais e sociedades cooperativas.

DECRETO-LEI 17.339 de 2 de junho de 1926 Aprova o


regulamento destinado a reger a fiscalização gratuita da organização e
funcionamento das Caixas Raiffeisen e bancos Luzzatti.

DECRETO-LEI 22.239 de 19 de dezembro de 1932 Reforma as


disposições do Decreto Legislativo 1.637. de 5 de janeiro de 1907, na parte
referente ás sociedades cooperativas.

DECRETO 24.647 de 10 de julho de 1934 Revoga o decreto 22.239,


de 19 de dezembro de 1932; estabelece bases, normas e princípios para a
cooperação profissional e para a cooperação social; faculta auxílios diretos e
indiretos às cooperativas; e institui o Patrimônio dos Consórcios
Profissionais Cooperativos.

DECRETO-LEI 581 de 1º de agosto de 1938 Dispõe sobre registro,


fiscalização e assistência de sociedades cooperativas; revoga os decretos
23.611, de 20 de dezembro de 1933 e 24.647, de 10 de julho de 1934; e
revigora o decreto 22.239, de 19 de dezembro de 1932.

DECRETO 5.893 de 19 de outubro de 1943 Dispõe sobre a


organização, funcionamento e fiscalização das cooperativas.

97
DECRETO-LEI 8.401 de 19 de dezembro de 1945 Revoga os
decretos-lei 5.893 de 19 de outubro de 1943 e 6.274 de 14 de fevereiro de
1944, exceto disposições dos arts. 104 a 118 e seus parágrafos, revigorando
o Decreto-lei 581, de 1º de agosto de 1938 e a Lei 22.239, de 19 de
dezembro de 1932.

DECRETO-LEI 59 de 21 de novembro de 1966 Define a política


nacional de cooperativismo, cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e
dá outras providências.

DECRETO 60.597 de 19 de abril de 1967 Regulamenta o Decreto-


Lei 59 (*), de 21 de novembro de 1966.
LEI 5.764 de 16 de dezembro de 1971 Define a Política Nacional de
Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas e dá
outras providências.

SEÇÃO 3 - Prospecção para a reforma da atual lei de regência do


Cooperativismo brasileiro

A Lei 5.764/1971 vem sendo analisada pelo Congresso Nacional


desde os idos da promulgação da Constituição Federal de 1988. Para essa
alteração já foram propostos projetos de lei pelos senadores Osmar Dias
(PLS 171/1999) Uma das principais inovações do projeto do senador
Osmar Dias é a que se refere ao fim da tutela do Estado sobre o sistema
cooperativista. Na prática, significa a manutenção do princípio da
unicidade de representação, antiga posição do sistema cooperativo,
reiterada em diversos congressos nacionais, Eduardo Suplicy (PLS
605/1999) e José Fogaça (428/1999).

Com a mudança da legislatura, em 2007, permaneceram em trâmite no


Congresso Nacional os projetos dos senadores Osmar Dias e Eduardo
Suplicy, ora renumerados, respectivamente, para PLS 003/2007 e PLS
153/2007.

Tais projetos trazem avanços operacionais para as sociedades


cooperativas, como a previsão de modalidades de financiamento baseadas
em títulos próprios de dívidas, para as cooperativas compatíveis às
debêntures das sociedades por ações, ora denominadas certificados de aporte
de capital. As cooperativas poderão, caso aprovado o texto no Congresso

97
Nacional, emitir títulos de dívida, que serão postos à venda no mercado. As
receitas reverterão às cooperativas e por elas serão pagas em vencimentos
apontados nos próprios títulos.

Por exemplo, uma cooperativa poderá emitir mil certificados de aporte


de capital no valor de R$ 10.000,00 com vencimento em dois anos. Após
esse prazo, conforme, as condições descritas no próprio título, inclusive de
atualização monetária e remuneração, deverá pagar ao adquirente dos
certificados os valores correspondentes a cada um deles, podendo então
também reverter em participação no capital social da instituição, desde que o
adquirente possua condições para ingresso na sociedade.

Essa inovação é uma possibilidade de nova linha de financiamento,


tomado diretamente do mercado para as cooperativas, e que poderá (caso
aprovado no Congresso) ser aproveitada no sentido de diminuir impactos de
taxas de juros na captação de recursos para investimentos, por exemplo.
Outras possibilidades negociais também estão sendo avaliadas nos projetos
de lei comentados e podem vir a proporcionar novas perspectivas para a ação
mercadológica das sociedades cooperativas brasileiras.

Que tal fazer uma pesquisa sobre os projetos de lei relacionados ao


Cooperativismo que estão em tramitação?

São, enfim, evoluções que poderão ser muito úteis para os


administradores de sociedades cooperativas no Brasil.

Outro aspecto relevante é o intenso trabalho no Congresso Nacional


para a edição de uma lei que defina o adequado tratamento tributário aos
atos cooperativos. Atualmente, essa é uma discussão muito flagrante no
Congresso Nacional, envolvendo, mormente, o PLC 198/2007, de autoria
dos deputados federais da Frente Parlamentar do Cooperativismo,
capitaneados pelo deputado Odacir Zonta, presidente da Frencoop.

Seção 4 - O ambiente internacional e Impacto dos ramos do


cooperativismo no desenvolvimento das nações

A Organização das Nações Unidas (ONU), em suas diversas


instâncias, trata do cooperativismo como instituição necessária para o
desenvolvimento socioeconômico das Nações. Não há um estudo completo

97
do impacto do cooperativismo no desenvolvimento das nações, mas
encontram-se indícios de sua importância neste âmbito socioeconômico.

Reflexo disso é a determinação da Assembleia Geral das Nações


Unidas do ano de 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas, assim
como o Ano Internacional da Energia Sustentável. O Secretário-Geral da
ONU, Ban Ki-moon, diz que: “As cooperativas são um exemplo para a
comunidade internacional de que é possível perseguir tanto a viabilidade
econômica quanto a responsabilidade social”. (HUMANITARE, 2010).

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o


Desenvolvimento (2011), o motivo da instituição do Ano Internacional das
Cooperativas é, portanto, reconhecer a contribuição que estes atores trazem
para o desenvolvimento socioeconômico, principalmente o seu impacto na
redução da pobreza, geração de empregos e integração social e a realização
dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

A proposta da Assembleia Geral da ONU incentiva todos os Estados


membros da ONU, em conjunto com a Aliança Cooperativa Internacional
(ACI), a promoverem cooperativas e criarem um sentido de consciência
sobre sua contribuição para o desenvolvimento social e econômico. Além
disso, a proposta promove a formação e crescimento de cooperativas.
Voltando ao tema dos ODM, O Brasil apresentou o Relatório
Nacional de Acompanhamento das ações para se alcançar os Objetivos do
Milênio em 2004 (IPEA, 2004). No documento, o cooperativismo aparece
em diferentes âmbitos como ator necessário para implementação dos
Objetivos do Milênio. No objetivo “Erradicar a Extrema Pobreza e a Fome”,
a organização da agricultura familiar deve estar centrada também na
constituição de cooperativas agrícolas para receber os benefícios, como o
PRONAF e contribuir para o alcance da meta de melhora significativa na
vida de pelo menos 100 milhões de habitantes de assentamentos precários
até 2020. O governo lançou, em 2004, o Programa Crédito Solidário para
desenvolver projetos em parceria com cooperativas e associações populares
e ampliar os recursos destinados ao Programa de Subsídio Habitacional.

Segundo o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon (NAÇÕES


UNIDAS, 2009, p. 2), As Cooperativas promovem e apoiam o
desenvolvimento empresarial, criando emprego produtivo, originando
receitas e ajudando a reduzir a pobreza, ao mesmo tempo em que reforçam a
inclusão social, a proteção social e a estruturação da comunidade. Assim,

97
enquanto beneficiam diretamente os seus membros, oferecem igualmente
externalidades positivas ao resto da sociedade e têm um impacto
transformacional sobre a economia.

Ban Ki-moon (NAÇÕES UNIDAS, 2009) considera as cooperativas


como importantes atores econômicos. Explica que as cooperativas
financeiras, abrangendo as Caixas de Crédito, servem a milhões de
cooperados. As Cooperativas agrícolas são responsáveis por uma parte
expressiva da produção agrícola. Complementa: (...) na tentativa de avaliar a
escala do Movimento Cooperativo Global e do seu contributo para a
economia global, a ACI compilou a lista GLOBAL 300, que classifica as
300 organizações cooperativas e mutualistas globais de topo. A lista de 2008
revela que as 300 cooperativas de topo são responsáveis por um volume de
negócios global de 1,1 bilhões (1.000.000.000.000) de
dólares. (NAÇÕES UNIDAS, p. 3).

AS COOPERATIVAS: ALGUNS FATOS ESSENCIAIS


 O Sector Cooperativo, em nível mundial, conta com cerca de
800 milhões de membros em mais de 100 países, através de
organizações membros da ACI. No total, calcula-se que as
cooperativas proporcionem mais de 100 milhões de empregos em
todo o mundo. Em termos de percentagem do PIB por país
atribuível às cooperativas, ela é mais elevada no Quênia (45%),
seguida da Nova Zelândia (22%).
 As Cooperativas Agrícolas são responsáveis por 80 a 99% da
produção de leite na Noruega, na Nova Zelândia e nos Estados
Unidos; as cooperativas representam 71% das pescas na Coreia e
40% da agricultura no Brasil.
 As Cooperativas Elétricas são importantes fornecedoras nas
áreas rurais. Em Bangladesh, prestam serviços a 28 milhões de
pessoas. Nos Estados Unidos, 900 cooperativas elétricas rurais
servem 37 milhões de pessoas e são proprietárias de quase metade
das linhas de distribuição elétrica do país.
 49.000 Caixas de Crédito servem 177 milhões de membros em
96 países, sob a égide do Conselho Mundial das Caixas de Crédito.
 4.200 bancos cooperativos Europeus, no âmbito da Associação
Europeia de Bancos Cooperativos, servem 149 milhões de
membros, incluindo PME’s.

Fonte: Nações Unidas (2009, p. 3).

97
Na visão da ONU, as cooperativas são uma ótima ferramenta de
inclusão social. Elas são criadas para apoiar e organizar os trabalhadores
pertencentes da economia informal. As cooperativas de crédito ganham
importância nas comunidades de áreas rurais onde o acesso aos serviços
bancários é escasso.

Cooperativas na área da saúde


Algo que existe em muitos países, diferentemente do Brasil, são as
cooperativas que fornecem serviços de proteção social, especialmente na
área da saúde. Estas cooperativas participam, igualmente, na gestão de
seguros obrigatórios de saúde ou fornecem serviços através das suas redes de
saúde e serviços sociais. Estas instituições atendem a mais de:
 69 milhões de pessoas na Ásia;
 13 milhões na América Latina;
 25 milhões na África; e,
 5 milhões no Oriente Médio.
De acordo com o relatório de Ban Ki-monn (NAÇÕES UNIDAS,
2009, P. 3), “a Cooperativa de Prestação de Serviços de Saúde aos
Agricultores YESHSVINI, da Índia, que serve 2 milhões de pessoas, é
financiada em parte por subsídios governamentais.”

Cooperativas na área agropecuária

Uma amostra do impacto do ramo do cooperativismo agropecuário é o


caso da Índia, onde existem cerca de 150.000 cooperativas agrícolas e de
crédito que atendem a mais de 157 milhões de produtores agrícolas rurais.
Na Coreia, por exemplo, as cooperativas agrícolas possuem uma base
associativa de mais de 2 milhões de agricultores, o que representa 90% dos
agricultores. No Japão, as Cooperativas Agrícolas abrangem 90% do total de
agricultores. Na França, são responsáveis por 60% dos inputs agrícolas, 57%
da produção agrícola e 35% do processamento agrícola (NAÇÕES
UNIDAS, 2009).

No Brasil, por exemplo, as cooperativas são responsáveis por 40% do PIB


agrícola e 6% das exportações agrícolas. Ainda na América Latina, a
Nicarágua, por exemplo, possui a PRODECOOP, (Central de Cooperativas
de Serviços Múltiplos) uma instituição composta por pequenas cooperativas
de produção de café. Esta Federação implementou uma estratégia de

97
integração de cooperativas que melhorou a qualidade do café e da
comercialização no mercado internacional.

Na África, as cooperativas agrícolas promovem uma economia de


permuta, ou seja, de trocas. Para ajudar no desenvolvimento dos mercados
nas áreas rurais mais longínquas, promoveram estratégias de redução dos
custos de transação. As próprias cooperativas promovem a participação e a
integração dos pequenos agricultores na economia mundial. No entanto,
assim como no Brasil, um fator que reduz a participação destes pequenos
agricultores nas cooperativas de comercialização é a desconfiança histórica
em relação às cooperativas como instrumentos estatais ou paraestatais.

A ONU apresenta impactos negativos tanto por parte das cooperativas


como a formação de monopólios, influenciando os valores de mercado e
limitando o acesso de grande parte da população. Da mesma forma, ocorre o
contrário, “os grandes distribuidores globais detêm, muitas vezes um maior
poder de negociação e possuem melhor informação e estão numa posição
mais forte para arrancar condições desfavoráveis de comercialização ou
cedências por parte das cooperativas”. (NAÇÕES UNIDAS, 2009).

Uma ação ainda muito tímida, mas que sempre envolve as


organizações coletivas de produção como as cooperativas, é o Movimento
Comércio Justo. Conforme Schneider, Comércio Justo é a estratégia para a
diminuição da pobreza e o desenvolvimento sustentável. Seu propósito é de
gerar oportunidades para produtores que foram explorados economicamente
ou marginalizados pelo sistema convencional de comércio. (2007, p. 31).

O impacto recai diretamente sobre a qualidade de vida dos produtores


e o respeito ao meio ambiente, dentro de uma concepção de
desenvolvimento sustentável: [...] é garantido aos produtores um preço que
cobre o custo de produção mais uma margem justa. Em contrapartida,
espera-se que os produtores cumpram os Padrões do Comércio Justo –
sociais, econômicos e ambientais, tais como evitar a utilização de trabalho
infantil, as normas sobre a utilização de pesticidas, a reciclagem. (NAÇÕES
UNIDAS, 2009, p. 7).

O ramo agropecuário está muito ligado ao cooperativismo de crédito.

Um exemplo disso ocorre em Moçambique, onde a Cooperativa de


Produtores de Cana-de-açúcar da Maraga possui um acordo com o maior

97
banco cooperativo agrícola do mundo, o RABOBANK. Esta relação
compreende a colheita e o processamento da cana na fábrica do açúcar com
o apoio do Banco.

Ramos do cooperativismo de crédito (financeiro)

Os principais impactos que os ramos do cooperativismo de crédito vão


ter sobre as Nações são os seguintes:
 A democratização no sistema financeiro;
 O acesso a serviços bancários e financeiros de forma autônima e
igualitária; e
 A redução da pobreza.

Calcula-se que, na globalidade, as Cooperativas Financeiras cheguem


a 78 milhões de clientes que vivem abaixo da linha de pobreza, ou seja, que
auferem menos de 2 dólares/dia. Na Ásia, por exemplo, 54,5% dos que
contraem empréstimos e que auferem menos de 2 dólares/ dia são servidos
por cooperativas, em comparação com 19% servidos por outros fornecedores
de microcrédito. (NAÇÕES UNIDAS, 2009, p. 9).

Em números globais, as cooperativas de crédito atendem cerca de 857


milhões de pessoas, isto é, 13% da população mundial. No Canadá e nos
Estados Unidos, as cooperativas de crédito têm 46% de penetração no
mercado, significando uma importância para o desenvolvimento
socioeconômico destes países.

Com isso, vemos os sinais dos impactos socioeconômicos dos


diferentes ramos do cooperativismo que transpassam a contribuição para a
produção de alimentos e a segurança alimentar, fornecem acesso a serviços
financeiros e aportam para o desenvolvimento de um sistema financeiro
resistente. Além disso, geram emprego e aumentam os rendimentos dos
membros. Em alguns países, as cooperativas encontram-se entre os maiores
participantes econômicos no setor produção, distribuição e serviços. “Elas
promovem igualmente as capacidades e a formação nas comunidades locais,
promovendo as mulheres e os segmentos marginalizados da sociedade”.
(NAÇÕES UNIDAS, 2009, p. 11).

97
Experiências internacionais: o caso Mondragón Corporación Cooperativa
– MCC

Em países como a Espanha, esses ramos estão bem desenvolvidos. O


maior grupo cooperativo do mundo, com sede em Bilbao, País Basco, na
Espanha, conta com aproximadamente 42.000 postos de trabalho,
constituindo um grupo empresarial integrado por mais de 120 empresas. Este
grupo nos ilustra uma experiência que envolve várias cooperativas
pertencentes a diversos ramos.
A Mondragón Corporación Cooperativa – MCC é estruturada nos
setores financeiro, industrial e de distribuição.
 No setor financeiro, possui um banco próprio chamado “Caixa
Laboral”, que oferece serviços financeiros para todas as
cooperativas do MCC e a terceiros. Desenvolve também, com
outra entidade, um serviço de leasing, de seguros e de
previdência social, que orienta a atividade financeira,
otimizando a rentabilidade e os fundos patrimoniais.
 Na distribuição, a MCC possui hipermercados, agências de
viagens, estacionamentos e postos de gasolina.
 Já no setor industrial, a corporação é formada por quase 90
empresas, divididas em grandes setores.

Comercializando desde máquinas pesadas até eletrodomésticos, a


cooperativa tem como bases a educação e a solidariedade. A área
educacional do projeto conta hoje com cinco centros de formação e três de
pesquisa e tecnologia. O crescimento do grupo vem comprovando a
qualidade de seus serviços, a importância da união, da participação, da
cooperação e, principalmente, da educação.

A MCC também possui escolas técnicas e universidades cooperativas,


de formação e desenvolvimento de pesquisa mercadológica e científica,
fomentando continuamente o sentimento de participação e cooperação entre
os alunos, sedimentando a cultura cooperativista.

Além das cooperativas industriais, a MCC também possui


cooperativas agropecuárias, de consumo, transporte, trabalho e, como você
já sabe, cooperativas educacionais, de crédito e industriais.

A estrutura de governança baseia-se num modelo de gestão próprio.


Por meio do planejamento estratégico da corporação e de cada cooperativa, o

97
sistema de governança comanda e avalia o desempenho de cada cooperativa
do grupo, centralizando as decisões estratégicas.

A intercooperação se dá pelo sistema de contribuição financeira das


cooperativas para com a corporação MCC, permitindo que ajustes
financeiros sejam realizados entre cooperativas com melhor resultado para
com outras de pior desempenho econômico, o que de certa forma justifica a
centralização de decisões e ações da corporação e reforça a coesão das
cooperativas ao sistema.

Através destes ajustes financeiros e dos fundos de reserva –


capitalização do capital social (sobras) –, é possível garantir certa
estabilidade financeira às cooperativas. Além disso, a intercooperação
também ocorre através do sistema de proteção de emprego aos associados, já
que os associados de uma cooperativa desativada são absorvidos nas outras
cooperativas em atividade.

A transferência de sócios, a redistribuição e a recomposição financeira


garantem uma economia de pleno emprego, beneficiando o associado e a
economia regional. Assim, nota-se a importância da MCC como um modelo
de arranjo organizacional, extremamente criativo, que transformou a
corporação no sétimo grupo empresarial da Espanha, atualmente englobando
120 cooperativas, 59 plantas em outros países e sete delegações corporativas.

O sistema Mondragón forma o maior grupo cooperativo do mundo,


com um faturamento de 10,459 bilhões de Euros em 2004 e mais de 70.000
funcionários distribuídos em 65 países.

Em 2003, a cooperativa foi apontada pela revista Fortune como uma


das dez melhores empresas para trabalhar na Europa, graças à ausência de
uma atmosfera hierárquica dentro da organização, à flexibilidade de horários
e ao compromisso com a qualidade e a internacionalização, entre outras
coisas.

A Irizar, cooperativa integrada à MCC e que se dedica à fabricação de


ônibus, foi indicada como uma das mais eficientes do mundo. A participação
dos sócios na gestão empresarial é dividida em três órgãos: a Assembleia
Geral, em que todos os sócios participam, é encarregada de eleger o
Conselho Reitor, examinar a gestão social, aprovar as contas e as estratégias
da cooperativa; o Conselho Reitor, que representa e “governa” a Cooperativa

97
e é constituído por doze membros; e o Conselho Social, que atua como
órgão assessor na representação dos sócios ante as instâncias internas do
MCC, informando, negociando e elaborando novas propostas que canalizem
iniciativas dos sócios trabalhadores.

Como vemos, o sistema Mondragón incorpora cooperativas do ramo


da educação, da produção, do ramo de crédito, de consumo etc. O impacto
do cooperativismo e sua integração dos ramos é muito expressivo, quando
nos deparamos com a magnitude econômica e inserção no mercado mundial.

RETOMANDO A CONVERSA INICIAL (síntese da aula).

As normas pertinentes às sociedades cooperativas no Brasil têm sua


origem no início do século XX com os Decretos-Lei 949/1902 e 1.637/1907.

Já no Decreto-Lei 1.637/1907 se observava que o legislador não tratou


das sociedades cooperativas como mera formação societária, mas sim, como
uma forma jurídica única e peculiar, ora prevendo características essenciais à
cooperação, tais como a variabilidade de capital social, número ilimitado de
sócios e inacessibilidade das cotas – ou ações, como era permitido àquela
época – a terceiros, além da proporcionalidade na participação de resultados,
sejam eles negativos ou positivos.

Como se constata, houve uma flagrante evolução nas determinações


das normas pertinentes ao Cooperativismo, que pode ser observada a partir
dos decretos mencionados, entre eles o Decreto-Lei 1.637/1907, o Decreto-
Lei 22.239/1932 e, já com a indicação de uma Política Nacional de
Cooperativismo, o Decreto-Lei 59/1966.

A Política Nacional de Cooperativismo foi inclusive trazida à Lei


Regente do Cooperativismo Brasileiro na atualidade (Lei 5.764/1971, artigos
1º, 2º, 105 e seguintes), e incorporada em suas razões de apoio e estímulo
(ao Cooperativismo) na Constituição Federal de 1988 (art. 174, § 2º).

97
Aliás, a Constituição Federal do Brasil é uma das únicas no mundo
que citam o Cooperativismo, trazendo normas fundamentais para o respeito
às peculiaridades e à forma cooperativista, tal como a prescrição que remete
ao adequado tratamento tributário do ato cooperativo, ou seja, a mensagem
para que legislador não edite leis que desrespeitem o regime próprio das
sociedades cooperativas.

Porém, deve-se salientar, o ordenamento jurídico ainda está


evoluindo, sendo flagrante o movimento no Congresso Nacional no sentido
de atualizar a legislação para as novas possibilidades negociais e os novos
mercados em que as cooperativas atuam.

Mesmo que o objetivo de qualquer cooperativa seja a prestação de


serviços aos associados, não se pode negar a comunhão de razões que surge
a partir do exercício de uma atividade econômica em comum (objeto).

Assim, como podemos ver por meio da análise do contexto histórico,


as cooperativas foram se aprimorando na defesa de seus interesses e na
apresentação da respectiva identificação perante a sociedade.

Nessa evolução, que no Brasil foi acompanhada pelo ordenamento


jurídico, coube à própria categoria cooperativa a organização dos respectivos
Ramos, e isso é feito pela Organização das Cooperativas Brasileiras, na
forma da Lei Cooperativista, conforme artigo 10 da Lei 5.764. (BRASIL,
1971).

A importância do cooperativismo para as nações recai sobre o


desenvolvimento sustentável, pois as cooperativas são as instituições
econômicas mais próximas do ideal para promover este tipo de
desenvolvimento. Isto deve ser analisado pelo valor que o ser humano dá à
natureza.

Saiba mais

Consulte os sites das seguintes organizações:

 Aliança Cooperativa Internacional


 Organização das Nações Unidas
 Mondragón Corporación Cooperativa – MCC

97
 Sobre a legislação cooperativista, consulte os decretos-lei
citados, a Lei Cooperativista e a Constituição Federal nos sítios
de internet:
 http://www.planalto.gov.br
 http://www.senado.gov.br
 http://www.camara.gov.br
 http://www.brasilcooperativo.coop.br
 http://www.brasilcooperativo.coop.br/ agendalegislativa

97
AULA 03

CARACTERIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE


REPRESENTATIVIDADE DOS RAMOS DO COOPERATIVISMO

Abordaremos, nesta aula, os ramos do cooperativismo, assim como


suas definições e características principais. Além disso, veremos as
estruturas organizacionais representativas políticas e econômicas dos ramos.

As seções nos trarão mais do que um mapeamento das instituições de


representação, mas uma forma de se analisar as possibilidades de articulação
entre cooperativas horizontal e verticalmente.

A estrutura organizacional de representação dos ramos aparecerá


através de diversas instituições regionais, nacionais e internacionais.
Veremos que nas últimas décadas apareceram configurações de
representatividade com novas concepções que enriquecerão o paradigma
cooperativista com temas de economia solidária e novos atores neste campo,
como a agricultura familiar, empresas recuperadas e assentados.

Internacionalmente, a representatividade se limitará ao âmbito político


e os ramos ganham organizações internacionais que se dedicarão somente a
cada um deles, como acontece na esfera nacional.

Boa Aula !

97
Objetivos de aprendizagem

 Conhecer os treze ramos do cooperativismo brasileiro;


 Conhecer as estruturas organizacionais representativas política e
econômica dos ramos.

Seções de estudo

Seção 1 A relevância da atividade econômica eleita para o


objeto social
Seção 2 Tipo de representação
Seção 3 Nível de organização e verticalização
Seção 4 Abrangência econômica
Seção 5 Estruturas organizacionais internacionais

Seção 1 - A relevância da atividade econômica eleita para o objeto social

Os ramos de cooperativas referem-se às organizações das cooperativas


conforme as atividades desenvolvidas. Isto é, as cooperativas se identificam
com os ramos de acordo com o seu Objeto Social. Esta identidade ajuda na
articulação entre as cooperativas na união de esforços em torno dos
“problemas comuns a resolver, desafios similares a vencer e, portanto,
interesses convergentes de representação”. (BARROSO e BIALOSKORSKI
NETO, 2008, p. 8).

A estrutura organizacional de representação dos ramos,


independentemente dos tipos de sistemas organizacionais, podem ser
analisadas de várias maneiras, conforme Barroso e Bialoskorski Neto
(2008):
 representação empreendida;
 abrangência econômica das atividades envolvidas;
 nível de organização do ramo em termos geográficos; e
 forma de organização da estrutura de representação.

Na atual conjuntura de contínua expansão democrática da sociedade


brasileira, vemos surgir uma heterogeneidade de atores, inclusive dentro do
movimento cooperativista, promovendo o surgimento não só de formas
cooperativas diferentes, como a Cooperativa Social, mas também outras
formas de representatividade e organização institucional. Não será possível

97
levantar todas as organizações representativas de todos os ramos do
cooperativismo. Por isso, faremos um exercício de pensar a organização dos
ramos e suas possíveis configurações representativas.

Vamos analisar, portanto, os principais sistemas organizativos com


seus ramos e apresentaremos ferramentas para que possam ser identificados
os sistemas de acordo com as categorias recém-criadas: o tipo de
representação, o nível de organização e verticalização e a abrangência
econômica.

Seção 2 - Tipo de representação

Trata-se do âmbito de atuação das estruturas de representação ou no


foco de uma forma ou outra de atuação. Queremos dizer que existem dois
tipos de representação.

Vejamos:

1º tipo: Estrutura de representação econômica

Estas organizações de representação econômica participam mais


ativamente do negócio das cooperativas que as compõem. Praticamente,
fazem parte de suas próprias estruturas e são necessárias para o sucesso de
suas atividades. Sua participação configura-se como cadeias de produção ou
redes de instituições ligadas economicamente. Conforme nos ilustra Barroso
e Bialoskorski Neto, são: cooperativas centrais de produtores de leite,
federações e confederações de cooperativas de trabalhadores, centrais e
confederações de cooperativas de crédito são alguns exemplos desse tipo de
estrutura de representação, em que o negócio completo das cooperativas é
realizado ao longo do encadeamento de duas ou até várias cooperativas.
(2008, p. 11).

As cooperativas de 2º ou 3º grau, portanto, são as configurações


jurídicas mais adequadas a este tipo de representação. Podemos incluir
alguns tipos de Associações e Uniões que também exercem as mesmas
funções de ordenação das atividades em cadeia produtiva ou em rede.

2º tipo: Estrutura de representação política

97
Por outro lado, as organizações de representação política não têm um
envolvimento direto no negócio das cooperativas. Sua função é de assumir
um papel de apoio aos negócios das cooperativas que fazem parte da
organização.

Os fóruns mais comuns onde atuam são de âmbito governamental,


considerando os três poderes e os diferentes níveis, e de âmbito do Estado,
junto às agências reguladoras, onde se discutem normas e regulamentos
diversos com impactos sobre os negócios das cooperativas. São exemplos
dessas estruturas, no caso das cooperativas brasileiras, conselhos
especializados de ramos e representantes nacionais e estaduais de ramos.
(BARROSO e BIALOSKORSKI NETO, 2008).

É importante mencionar a existência de diversas possibilidades de


articulação horizontal; a representação econômica que costuma ter uma
integração verticalizada pode ser transversal. Esta articulação horizontal está
configurada em forma de fóruns, associação de cooperativas do mesmo ramo
etc.

Para exemplificar, O Fórum Brasileiro de Economia Solidária


(FBES) é um grande exemplo disso. A sua estrutura está formada por
uma gama de atores que, ao longo de sua história, envolveu desde a
OCB até representantes de Ministérios do Estado.

FBES: organização e forma de funcionamento


O Fórum Brasileiro de Economia Solidária consiste
fundamentalmente na articulação entre três segmentos do movimento
de ES: empreendimentos solidários, entidades de assessoria e
fomento, e gestores públicos. A sua principal instância de decisão é a
Coordenação Nacional, que consiste nos representantes das entidades
e redes nacionais de fomento, além de 3 representantes por estado
indicados pelos Fóruns Estaduais de Economia Solidária. Destes 3
representantes por estado, 2 são empreendimentos e 1 é entidade de
assessoria. Compõem também a Coordenação Nacional dois gestores
por região e mais dois gestores em nível nacional, ambos indicados
pela Rede de Gestores A Coordenação Nacional reúne-se 2 vezes ao
ano. Atualmente são 7 as entidades nacionais do FBES: representação
de empreendimentos: Unisol, Anteag e Unicafes; Entidades de apoio e
fomento: Cáritas Brasileira; IMS, Rede de ITCPs e Rede Unitrabalho.

97
Para a gestão política cotidiana, interlocução com outros movimentos
e com o governo federal, e acompanhamento da Secretaria Executiva
Nacional, há uma Coordenação Executiva Nacional, composta por 13
pessoas, sendo 7 representantes de empreendimentos (2 do norte, 2 do
nordeste, e 1 representante para cada uma das demais regiões), 5
representantes das Entidades e Redes Nacionais de promoção à
Economia Solidária, e 1 representante da Rede Nacional de Gestores
Públicos. Por fim, para dar suporte aos trabalhos do FBES, propiciar a
comunicação entre as instâncias e operacionalizar reuniões e eventos,
há a Secretaria Executiva Nacional. Existem ainda Grupos de
Trabalho (GT’s) que se conformam conforme a demanda de ações
específicas do FBES, e para o avanço na implantação da Plataforma
da ES. Os GT’s atualmente são: Mapeamento, Finanças Solidárias,
Marco Legal, Gênero, Comunicação, Políticas Públicas, Relações
Internacionais e Produção, Comercialização e Consumo.
Fonte: Fórum Brasileiro de Economia Solidária.

Seção 3 – Nível de organização e verticalização

Os ramos de cooperativas estão organizados, também, por instituições


em níveis regional, estadual e nacional. Entra nesta categoria de
verticalização a organização das cooperativas em 1º, 2º e 3º grau. Vejamos
esta representação na figura abaixo:

Cooperativas de 3º grau:
Confederações.

Cooperativas de 2º grau:
Centrais e federações

Cooperativas de 1º grau:
Singuares

Figura 3.1 - Níveis de organização


Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

As cooperativas de primeiro grau são as que atuam diretamente com


os cooperados, chamadas de cooperativas singulares. As de segundo grau
são cooperativas centrais ou federações que reúnem várias cooperativas

97
singulares de uma mesma região e ramo de atuação, com o objetivo de
organizar e ganhar escala, promovendo, assim, o desenvolvimento dessas
cooperativas. As de terceiro grau são as confederações que envolvem várias
cooperativas centrais e atuam em âmbito nacional nos órgãos normativos e
governamentais. (VILELA et al., 2007).

De acordo com Barroso e Bialoskorski Neto (2008), geralmente, as


estruturas de representação econômica organizam-se no sentido de baixo
para cima, ou seja, a partir das cooperativas e das necessidades de formular
estratégias de mercado, por exemplo.

Podemos ilustrar o tema com o caso da SICREDI, do ramo do


cooperativismo de crédito. Segue o organograma do sistema que demonstra
as Centrais Estaduais que compõem a Confederação Nacional.

Figura 3.2 - Estrutura do SICREDI


Fonte: https://pt.slideshare.net/elogroup/apresentao-sicredi-so-paulo
(2018)

Já no âmbito da representação política dos ramos, o cooperativismo


tradicional se organizou de cima para baixo, segundo Barroso e Bialoskorski

97
Neto (2008). Diferentemente do cooperativismo solidário, que buscou se
estruturar de baixo para cima. Esta diferença ocorre porque, no Brasil, as
organizações de cooperativas que compõem o Sistema OCB detêm
prerrogativa de representação política de todas as cooperativas, conforme
inclusive determinado na lei cooperativista do país (Lei 5.764/1971, artigo
105: ‘A representação do sistema cooperativista nacional cabe à
Organização
das Cooperativas Brasileiras - OCB, [...] órgão técnico-consultivo do
Governo [...]’. (BARROSO; BIALOSKORSKI NETO, 2008, p. 11).

Vamos citar o exemplo da ANTEAG (Associação Nacional de


Trabalhadores e Empresas de Autogestão). Uma associação que tem sua
atuação direcionada para a representação política, mas que também auxilia
economicamente a formação de cooperativas de empresas recuperadas em
processo de falimento ou já falidas. Patricia Leanço Adriano, da ANTEAG,
descreve a instituição: Organizamos, apoiamos e orientamos a recuperação
de empresas em situação falimentar e grupos que pretendem constituir uma
empresa autogestionária. Realizamos parcerias com entidades públicas e
privadas, nacionais
e internacionais para ações em prol do desenvolvimento da autogestão e
Economia Solidária e benefício das empresas associadas (FASE, 2008).

Seção 3 - Abrangência econômica

Esta categoria refere-se à organização das cooperativas conforme a


atividade econômica desenvolvida pela cooperativa. Vamos apresentar os
ramos cooperativos de acordo com as principais representações surgidas no
Brasil. Por exemplo, a OCB reconhece 13 ramos que apresentam, também,
subdivisões; a UNICAFES trabalha com 5 ramos.

3.1 - Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)

No Brasil, a representação cooperativa teve início com duas


instituições:
 ABCOOP – Associação Brasileira de Cooperativas;
 UNASCO – União Nacional de Cooperativas.

Durante o IV Congresso Brasileiro de Cooperativismo, em 1969, foi


criada a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), substituindo estas
duas organizações. Azevedo define a OCB como sendo o órgão máximo de

97
representação, controle, registro e cadastramento do Sistema Cooperativo
Brasileiro. Ela é formada por uma Organização das Cooperativas em cada
Estado e Distrito Federal – OCE e pelas Sociedades
Cooperativas. (2007, p. 16).

Vejamos, a sistematização dos ramos do cooperativismo, de acordo


com Barroso e Bialoskorski Neto (2008, p. 9):

 Agropecuário grãos e fibras


– carnes e ovos
– hortifruti e floricultura
– produtos regionais
– recursos naturais, ambientais e agroquímicos
– leite
– café
 Consumo
 Crédito
– rural
– mútuo
 Educacional
– profissionais em educação alunos
– pais de alunos
– empreendedores educacionais
 Especial
 Habitacional
 Infraestrutura
– eletrificação
– telefonia
 Mineral
 Produção
 Saúde
– médico
– odontologia
– psicologia
– enfermagem
– fisioterapia
– fonoaudiologia
– usuários
– planos de saúde (seguros)

97
 Trabalho
 Transporte
– cargas
– passageiros
 Turismo e Lazer

Classificação atual dos ramos

Para definir os ramos do cooperativismo brasileiro, a Organização das


Cooperativas Brasileiras (OCB) consultou a nomenclatura da Organização
das Cooperativas da América (OCA) e da Aliança Cooperativa Internacional
(ACI), dirigentes e técnicos do Sistema OCB, bem como, diversos
especialistas do cooperativismo brasileiro.

Ao final desse trabalho, constatou-se que se trata de um assunto


complexo e controverso, porém, todas as sugestões contribuíram para
aprimorar a nomenclatura atual, aprovada pelo Conselho Diretor da OCB no
dia 4 de maio de 1993 e atualizada no dia 28 de abril de 2000 pela
Assembleia Geral da OCB.

O objetivo principal dessa classificação é facilitar a organização


vertical das cooperativas em federações, confederações e centrais, assim
como a organização do respectivo conselho especializado em âmbito
estadual e nacional, viabilizando economias de escala e adquirindo
competitividade no mercado.

Os treze ramos das cooperativas brasileiras desenvolvem atividades


que lhes conferem caracterização. A gestão das cooperativas de cada ramo
diferencia-se em função de vários fatores, como:
 área de atuação;
 educação cooperativista;
 estrutura administrativa e organizacional;
 conhecimento, experiência, habilidades e atitudes de seus
administradores.

Vejamos quais são estes ramos e as especificidades de cada um deles.

97
Agropecuário

Composto por cooperativas de produtores rurais ou agropastoris e de


pesca, cujos meios de produção pertençam ao associado. Este ramo do
cooperativismo representa importante parcela da economia brasileira e
participa de forma intensa em todo o processo de produção, beneficiamento,
armazenamento e industrialização dos produtos agropecuários, fazendo com
que os associados sejam agentes ativos na participação do mercado interno e
externo, como também nas ações sociais em comunidades.

Com essas atividades, as cooperativas passaram a ser importantes


instrumentos de difusão de tecnologias e implementadoras de políticas
desenvolvimentistas, agindo, também, como elos entre o produtor rural e o
governo. Isto ocorreu com a difusão do crédito rural, armazenagem, manejo
e conservação de solos, manejo integrado de pragas, assentamento de
agricultores e agroindustrialização, entre outros fatores, transformando as
cooperativas em agentes de desenvolvimento econômico e social. Hoje, as
cooperativas deste ramo são importantes empresas econômicas, grandes
empregadoras e geradoras de receitas, atuando em perfeita sintonia com a
coletividade, através do atendimento de grandes parcelas da população rural.

A contribuição destas cooperativas na produção agrícola do Brasil é


expressiva. A participação dos pequenos e médios produtores (área de até 50
ha) nos quadros sociais das cooperativas evidencia a importância das
cooperativas para essa faixa de produtores, normalmente menos favorecidos.
A integração das cooperativas
e a agregação dos interesses dos produtores rurais estimulam a montagem de
uma grande infraestrutura de armazenagem da produção.

O agronegócio tem se apresentado como a mola propulsora para a


transformação do Brasil de exportador de matérias-primas para exportador
de bens de consumo, aproveitando o potencial disponível. As cooperativas
agropecuárias se constituem em elemento fundamental para implantar novos
projetos, pois suas ações no setor resultam na agregação de valores sobre
produtos primários, retornando ao produtor, que, por sua vez, poderá
reinvestir na atividade produtiva, garantindo, com isso, a oferta de matérias-
primas em níveis permanentes e, ao mesmo tempo, desenvolvendo o meio
rural.

97
Consumo

Composto por cooperativas dedicadas à compra em comum de artigos


de consumo para seus associados.

Crédito

Composto por cooperativas destinadas a promover a poupança e


financiar necessidades ou empreendimentos dos seus associados.

As cooperativas de crédito atuam em diversos setores da economia.


Os três sistemas de crédito maiores do sistema de cooperativismo pioneiro
são:
 SICREDI;
 SICOOB; e
 UNICRED.

As cooperativas SICREDI estão filiadas à Cooperativa Central de


Crédito - SICREDI Central, e controlam o BANSICREDI - Banco
Cooperativo SICREDI. As cooperativas do sistema SICOOB, atuando
principalmente com o público urbano, estão filiadas à SICOOB Central e
controlam o BANCOOB - Banco Cooperativo Brasileiro. As UNICREDs,
formadas principalmente por profissionais da área da saúde, são filiadas à
UNICRED Central. Há, ainda, cooperativas de crédito urbanos e rurais não
vinculadas às cooperativas centrais.

Além destas, ainda existem a CECRED (Cooperativa Central de


Crédito Urbano), FEDERALCRED (Central das Cooperativas de Crédito
Mútuo dos Policiais Federais e Servidores da União) e as cooperativas
solteiras, que não são filiadas a nenhum sistema. Crédito para plantar, abrir o
próprio negócio, adquirir bens necessários à produção, a custos acessíveis,
recursos financeiros à disposição na hora certa, ou a busca de melhor
remuneração e de um bom atendimento, em uma instituição mais familiar:
tudo isto está se tornando possível através das cooperativas de crédito, que
ressurgiram no país nos anos 80 como forma de suprir as deficiências do
crédito oficial.

97
Educacional

Composto por cooperativas de professores, de alunos de escola


agrícola, de pais de alunos e por cooperativas de atividades afins. Qualidade
de ensino, redução de custos e melhores condições para o corpo discente são
algumas das vantagens das cooperativas educacionais. São constituídas por
pais de alunos, professores ou alunos, que mantêm a escola para, por meio
da interação de toda a estrutura educacional, alcançar-se a formação integral
do educando.

Neste ramo também estão inseridas as cooperativas-escolas,


constituídas por alunos de escolas técnicas agrícolas que exercem atividade
agropecuária para auxiliar na manutenção dos estabelecimentos sob a
responsabilidade dos próprios alunos.

Especial

Composto por cooperativas constituídas por pessoas portadoras de


necessidades especiais, que precisam ser tuteladas ou que se encontram em
situação de desvantagem nos termos da Lei 9.867.(BRASIL, 1999).

Habitacional

Composto por cooperativas destinadas à construção, manutenção e


administração de conjuntos habitacionais para seu quadro social. As
cooperativas habitacionais resultam da reunião de pessoas com objetivo de
adquirir moradias próprias. Os recursos podem ser próprios, por
autofinanciamento, quando todos os cooperados contribuem com parcelas
mensais, gerando um fundo para a construção da obra. Também podem obter
recursos externos, por meio de agentes financeiros, fundos imobiliários ou
outras fontes.

Infraestrutura

Composto por cooperativas cuja finalidade é atender direta e


prioritariamente o próprio quadro social com serviços de infraestrutura. O
cooperativismo de infraestrutura é formado basicamente pelas cooperativas
de eletrificação rural. Esta foi a forma encontrada pelos produtores rurais
para acesso à energia elétrica. Iniciaram instalando redes e fornecendo a

97
energia pela geração própria ou repassando-a das concessionárias estatais.
Atualmente, operam com a comercialização e manutenção de equipamentos
elétricos e prestação de serviços. Com a desestatização e mudança da
política energética do país, as cooperativas foram revitalizadas, partindo,
também, para a geração própria de energia através da construção de
pequenas centrais hidrelétricas.

Mineral

Composto por cooperativas com a finalidade de pesquisar, extrair,


lavrar, industrializar, comercializar, importar e exportar produtos minerais.

Produção

Composto por cooperativas dedicadas à produção de um ou mais tipos


de bens e mercadorias, sendo os meios de produção considerados como
propriedade coletiva, através da cooperativa como pessoa jurídica e não
propriedade individual do associado.

Saúde

Composto por cooperativas que se dedicam à preservação e


recuperação da saúde humana. As cooperativas do ramo da saúde evitam que
o trabalho dos profissionais da área seja intermediado ou explorado
economicamente por terceiros, fortalecendo a liberdade profissional e
facilitando o acesso da sociedade a sistemas de convênios de saúde. Os
custos são acessíveis e se contrapõem ao sistema mercantilista. Cooperativas
como

Unimed e Uniodonto, administradas empresarialmente num ambiente


altamente competitivo, oferecem atendimento rápido e confiável, com
qualidade e credibilidade. Para os profissionais cooperados, a cooperativa
oferece condições favoráveis para o exercício da profissão e remuneração
adequada à realidade de
mercado.

Trabalho

Composto por cooperativas de trabalhadores de qualquer categoria


profissional, para prestar serviços organizados num empreendimento

97
próprio. As cooperativas de trabalho são constituídas por profissionais ou
trabalhadores que se unem solidariamente para oferecerem seus serviços ao
mercado de trabalho, apresentando-se como forte alternativa ao desemprego
e gerando renda. A organização dos profissionais autônomos e trabalhadores
em cooperativas de trabalho é uma forma inteligente de agrupar a oferta de
trabalho especializado, sendo, também, atrativa para os tomadores de
serviços, pois as cooperativas podem dar suporte à demanda.

A vantagem para os cooperados é que a cooperativa permite organizar


a oferta de trabalho, contribuindo para reduzir os custos individuais em
relação ao trabalho autônomo. Os profissionais que integram uma
cooperativa de trabalho são, ao mesmo tempo, sócios do empreendimento e
prestadores de serviços, podendo atender diversos segmentos da economia.

Transporte

Composto por cooperativas que atuam no transporte de cargas e de


passageiros. As cooperativas de transporte reúnem transportadores de cargas
e de passageiros, sendo uma alternativa de valorização profissional e melhor
remuneração dos profissionais que são donos de seus veículos de transporte.
Organizados, tornam a categoria profissional mais forte, o que traz
benefícios nas negociações com os tomadores de serviços, que também se
sentem mais seguros ao contratarem os serviços das cooperativas.

Turismo e lazer

Composto por cooperativas que prestam serviços turísticos, artísticos,


de entretenimento, de esportes e de hotelaria, ou atendem direta e
prioritariamente ao seu quadro social nessas áreas. As cooperativas de
turismo congregam profissionais que exercem atividades ligadas ao turismo,
um setor de grande importância econômica em todo o mundo. Também o
meio rural, onde estão inseridas as cooperativas agropecuárias, oferece
muitas atrações, cada vez mais procuradas pelo público urbano.

Outros sistemas aparecem no âmbito deste cooperativismo,


intensificando as particularidades de um setor econômico ou publico em
particular, direcionando todo um sistema cooperativo para uma temática e
abordando os ramos em que este público trabalha.

97
3.2 - União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e
Economia Solidária (UNICAFES)

A UNICAFES foi constituída em junho de 2005, na cidade de


Luziânia - GO. O objetivo da instituição é o de ser uma ferramenta para que
os agricultores e agricultoras familiares busquem o desenvolvimento
sustentável através das ações de apoio para os associados. A UNICAFES se
caracteriza como pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos.

Ela representa, nacionalmente, cooperativas formadas pela agricultura


familiar. As cooperativas associadas à UNICAFES estão presentes nas cinco
regiões do país.

Esta instituição possui nove UNICAFES estaduais para atendimento e


articulação da agricultura familiar e economia solidária nos seguintes
Estados:
 Paraná;
 Rio Grande do Sul;
 Santa Catarina;
 Rio de Janeiro;
 Espírito Santo;
 Maranhão;
 Bahia;
 Pernambuco; e
 Rio Grande do Norte.

Segundo a UNICAFES ([200-]): o desempenho da UNICAFES apoia,


por meio de serviços, as cooperativas no desenvolvimento de suas iniciativas
econômicas e na expansão e consolidação do cooperativismo na agricultura
familiar e economia solidária.

A UNICAFES trabalha com cinco ramos diretamente voltados para a


agricultura familiar:
 crédito;
 produção;
 trabalho;
 comercialização e infraestrutura da agricultura familiar; e
 economia solidária.

97
3.3 - Sistema Cooperativista dos Assentados (SCA)

O SCA foi constituído em 1989 dentro do Movimento dos Sem Terra


(MST). Com a estruturação do SCA, em maio de 1992, fundou-se a
CONCRAB em Curitiba, Paraná. A CONCRAB é a Central Cooperativa do
Sistema Cooperativista dos Assentados e abrange, atualmente, os seguintes
ramos cooperativos:

 Produção;
 Comercialização;
 Crédito; e
 Prestação de Serviços.

Está presente em sete estados do Brasil, quais sejam:

 Santa Catarina;
 Rio Grande do Sul;
 Paraná;
 São Paulo;
 Ceará;
 Bahia; e
 Maranhão.

A maioria das cooperativas afiliadas ao sistema CONCRAB está


vinculada ao MST. A principal função da CONCRAB é orientar a
organização dos assentamentos de reforma agrária e promover a cooperação,
garantindo a unidade política e desenvolvendo programas específicos, tais
como: experimentação de novas propostas de assentamentos,
acompanhamento econômico e organizativo das cooperativas de produção,
crédito ou comercialização, capacitação técnica de lideranças e jovens
agricultores e estudos de mercado, entre outros. (SCOPINHO;
MARTINS, 2002, p. 126).

3.4 - União e Solidariedade das Cooperativas e Empreendimentos


de Economia Social do Brasil (UNISOL Brasil)

A UNISOL Brasil foi constituída em 2004 com difusão da UNISOL


São Paulo para os demais Estados. Isto se deu com apoio da Central Única

97
de Trabalhadores – CUT, através de sua Agência de Desenvolvimento
Solidário – ADS. A instituição tem a função de organizar, representar e
articular as cooperativas, associações e outros empreendimentos auto
gestionários da economia solidária. Os ramos que reúne atualmente são:
 Confecção e têxtil;
 Apicultura;
 Artesanato;
 Construção civil;
 Metalurgia;
 Reciclagem; e
 Social.

3.5 - Associação Nacional do Cooperativismo de Crédito de


Economia Familiar e Solidária (ANCOSOL)

Assim como o sistema de crédito pioneiro, o sistema de crédito


solidário surge com uma estrutura complexa para representá-lo. A
ANCOSOL assume este papel de articular, política e economicamente, as
Centrais de cooperativas de crédito solidário. É uma instituição nacional do
segmento cooperativo voltada para o campo das finanças solidárias e tem a
missão de articular, integrar e representar as seis experiências cooperativistas
compostas de sistemas e cooperativas de crédito de economia familiar e
solidária no Brasil.

Os sistemas cooperativos de crédito que compõe o quadro social


da ANCOSOL são os seguintes:
 ECOSOL (Cooperativa Central de Crédito e Economia
Solidária);
 CREHNOR (Central de Crédito dos Pequenos Agricultores e da
Reforma Agrária);
 Sistema Integrar;
 CREDITAG (Sistema Nacional de Cooperativas de Crédito da
Agricultura Familiar); ASCOOB
 (Associação das Cooperativas de Apoio à Economia Familiar);
 CRESOL (Sistema de Cooperativas de Crédito Rural com
Interação Solidária).

Estas Centrais cooperativas voltadas para o crédito rural e de base


familiar instituíram uma confederação para representá-las: A

97
CONFESOL (Confederação das Cooperativas Centrais de Crédito Rural
com Interação Solidária).

Seção 4 - Estruturas organizacionais internacionais

O cooperativismo está representado por organizações internacionais e


regionais, no nosso caso, latino americano. A Aliança Cooperativa
Internacional (ACI) é a organização internacional que representa todos os
ramos cooperativos. Ligadas a esta instituição, existem organizações
setoriais que se limitam a um ramo cooperativo. É o caso da (s):
 Organização Cooperativa Agricultura Internacional (OCAI).
 Associação Internacional dos Bancos Cooperativos (AIBC).
 Cooperativas de Consumo Mundial.
 Organização Internacional das Cooperativas de Pesca (OICP).
 Organização Internacional das Cooperativas de Saúde (OICS).
 Organização Internacional das Cooperativas de Habitação
(Organização ICA Habitação).
 Federação Internacional de Cooperativas e Associações de
Seguro (FICAS).
 Organização Internacional de Cooperativas da Industrial,
Artesanato e de Serviços de Produtores (OICIASP).

Na América Latina, existe a Aliança Cooperativa Internacional das


Américas. Em sua estrutura encontramos as mesmas organizações da ACI. A
ACI - Américas, assim como a internacional, possui comitês regionais para
discussão de temas específicos de ramos. Um exemplo é o Comitê Regional
das Cooperativas da ACI - Américas (COFIA).

Ainda no âmbito internacional, podemos encontrar organizações


mundiais que representam o ramo especificamente e são independentes da
ACI. Este é o caso do Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito
(WOCCU). Esta instituição busca promover o desenvolvimento do sistema
financeiro internacional de cooperativas de crédito através de programas de
assistência técnica nos países em que há cooperativas ligadas ao Conselho.

RETOMANDO A CONVERSA INICIAL (síntese da aula).

Vimos, nesta unidade, as diversas formas de analisar as estruturas


organizacionais representativas políticas e econômicas dos ramos. As

97
categorias que usamos para analisar os ramos do cooperativismo foram: o
tipo de representação, nível de organização e verticalização e abrangência
econômica.

A primeira categoria aborda o tipo de representação, citando dois


tipos: Estrutura de representação econômica e Estrutura de representação
política. Tem como foco as formas de atuação.

O nível de organização e verticalização tratou da organização mais


econômica do que política, pois, como vimos na categoria anterior, a
representação econômica estará organizada verticalmente. Ainda assim, esta
verticalização pode ser vista em representatividades políticas como a OCB e
a ANTEAG.

A última categoria abordou, basicamente, os ramos do cooperativismo


instituídos na sociedade brasileira. Surge da ação do cooperativismo
pioneiro, mas outras vertentes se apropriam e resignificam estes ramos,
direcionando-os aos interesses da agricultura familiar, empresas recuperadas
e economia solidária, por exemplo.

Por último, a representatividade internacional composta por uma


estrutura de organizações internacionais que articulam com outras
organizações mundiais como a Organização das Nações Unidas. Esta
articulação produz a formação de organizações internacionais especificas de
cada ramo.

Saiba mais
RECH, Daniel. Cooperativas: uma alternativa de organização popular. Rio
de Janeiro: DP&A, 2000.

SCOPINHO, Rosemeire Aparecida. Sobre cooperação e cooperativas em


assentamentos rurais. Psicol. Soc., [online]. 2007, vol.19, n.spe, pp. 84-94.

97
AULA 04

PRINCIPIOLOGIA, DEFINIÇÃO, NATUREZA JURÍDICA DAS


COOPERATIVAS, OBJETO E CLASSIFICAÇÃO DAS
SOCIEDADES COOPERATIVAS

Para estudar as cooperativas, mormente sob o viés jurídico, devem ser


lembrados e avaliados os princípios universais do cooperativismo, já que no
Brasil muitos deles são absorvidos pela legislação.
Logo, a partir do estudo da principiologia do movimento
cooperativista, pode se compreender a estrutura da cooperação e, portanto,
da natureza das sociedades cooperativas. Também serão constatadas as
peculiaridades que levam à classificação de cada ramo, bem como a
descrição dos respectivos objetos econômicos que os definem.
Nesta aula veremos quais são os princípios e como eles influenciam
na constituição e definição da natureza das cooperativas. Também
abordaremos a classificação das sociedades cooperativas e analisaremos,
retomando os estudos de aulas anteriores, os conceitos de objeto da
cooperativa.

Boa Aula!

97
Objetivos de aprendizagem
 abordar os princípios pertinentes ao Cooperativismo.
 definir a natureza das sociedades cooperativas e a forma
de definição dos ramos, a partir dos objetos econômicos
característicos de cada um.

Seções de estudo
Seção 1 Princípios universais do Cooperativismo
Seção 2 Definição e natureza jurídica das sociedades
cooperativas
Seção 3 Classificação das cooperativas
Seção 4 Ramos do Cooperativismo
Seção 5 Objeto econômico (diferenciação frente ao objetivo
social)

SEÇÃO 1 - Princípios universais do Cooperativismo

Os princípios são as bases fundamentais do sistema, para onde se


irradiam as diretrizes das normas.

O primeiro Congresso do Cooperativismo, ocorrido em Paris em


1937, aprovou um conjunto de princípios que foi robustecido no Congresso
de Viena, em 1966.

Em setembro de 1995, em Manchester, na Inglaterra, em decorrência


das evoluções do mercado, cooperativistas do mundo inteiro, reunidos em
um congresso promovido pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI),
levaram ao debate os atuais princípios cooperativos como orientadores para
todas as cooperativas no mundo.

Tais eventos, como já analisado na aula anterior deste livro didático, e


respectivos resultados influenciaram na elaboração da Lei 764/71, conhecida
como A Lei do Cooperativismo Brasileiro.

Os princípios refletem a evolução histórica do próprio Cooperativismo


e buscam identificar as cooperativas como sociedades com respaldo jurídico
e peculiaridades distintas das demais sociedades.

Acompanhe os Princípios do Cooperativismo no quadro a seguir.

97
1. Adesão voluntária e livre As cooperativas são organizações
voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e
assumir as responsabilidades como membros, sem discriminações de sexo,
sociais, raciais, políticas e religiosas.

2. Gestão democrática As cooperativas são organizações


democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente
na formulação de tomada de decisões. Os homens e as mulheres eleitos
como representantes dos demais membros são responsáveis perante todos.
Nas cooperativas de primeiro grau, os membros têm igual direito de voto
(um membro, um voto); as cooperativas de grau superior são também
organizadas de maneira democrática.

3. Participação econômica dos membros Os membros contribuem


equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no
democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum
da cooperativa. Os membros recebem, habitualmente, se houver, uma
remuneração limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão.
Os membros destinam os excedentes a uma ou mais das seguintes
finalidades:
 desenvolvimento das suas cooperativas, eventualmente por
meio da criação de reservas, parte das quais pelo menos será indivisível;
 benefícios aos membros na proporção das suas transações com a
cooperativa;
 apoio a outras atividades aprovadas pelos membros.

4. Autonomia e independência - As cooperativas são organizações


autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem
acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou
recorrerem ao capital externo, devem fazê-lo em condições propícias para
manter o controle democrático pelos seus membros e a autonomia da
cooperativa.

5. Educação, formação e informação- As cooperativas promovem a


educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos
trabalhadores, com o objetivo de permitir-lhes maior participação e eficaz
contribuição para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o
público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a
natureza e as vantagens da cooperação.

97
6. Intercooperação- As cooperativas servem de forma mais eficaz aos
seus membros e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em
conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.

7. Interesse pela comunidade- As cooperativas trabalham para o


desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas
aprovadas pelos membros.

Por fim, vale lembrar que a Lei Cooperativista Brasileira (5.764/1971)


traz em seu texto diversos dos Princípios Universais do Cooperativismo, tais
como os exemplos que abaixo são transcritos:

Art. 4º. As cooperativas são sociedades de pessoas, com


forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas
a falência, constituídas para prestar serviços aos associados,
distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes
características:
I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados,
salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços;
[...]
V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais,
federações e confederações de cooperativas, com exceção das que
exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da
proporcionalidade;
[...]
VII - retorno das sobras líquidas do exercício,
proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo
deliberação em contrário da Assembleia Geral;
VIII - indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência
Técnica Educacional e Social;
IX - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e
social;
X - prestação de assistência aos associados, e, quando previsto
nos estatutos, aos empregados da cooperativa;
XI - área de admissão de associados limitada às possibilidades
de reunião, controle, operações e prestação de serviços.
Art. 38. A Assembleia Geral dos associados é o órgão
supremo da sociedade, dentro dos limites legais e estatutários,
tendo poderes para decidir os negócios relativos ao objeto da

97
sociedade e tomar as resoluções convenientes ao desenvolvimento e
defesa desta, e suas deliberações vinculam a todos, ainda que
ausentes ou discordantes.

SEÇÃO 2 - Definição e natureza jurídica das sociedades


cooperativas

Por cooperativa entende-se a pessoa jurídica delimitada pelo capítulo


VII do Código Civil de 2002 e pela Lei 5.764/71, principalmente o artigo
1.094 e os artigos 3º e 4º, e seus incisos. A totalidade das normas da Lei
5.764/71 deve estar respeitada e cumprida para assim ser considerada
sociedade cooperativa. A Política Nacional do Cooperativismo, ora política
de Estado do país, é regida pela Lei 5.764/71, que também dispõe sobre os
aspectos jurídicos inerentes à forma cooperativa, no que se refere a estrutura
e operacionalidade.

Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas unidas,


voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas,
sociais e culturais comuns, por meio de uma sociedade de propriedade
coletiva e com autogestão.

Prevê a constituição brasileira:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e a propriedade, nos termos seguintes:
XVII - a criação de associações e, na forma da lei, a de
cooperativas, independem de autorização sendo vedada a interferência
estatal em seu funcionamento.
Art. 146 - Cabe à lei complementar:
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária, especialmente sobre o:
c) - adequado tratamento ao ato cooperativo praticado pelas
sociedades cooperativas.

Art. 174 - Como agente normativo e regulador da atividade


econômica, o Estado exercerá, a forma da lei, as funções de
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o
setor público e indicativo para o setor privado.

97
§ 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras
formas de associativismo.

A Lei 5.764/71 define a Política Nacional de Cooperativismo, institui


o regime jurídico e dá outras providências, disciplinando as quanto:
 a sua constituição (art. 4º, incisos de I a IX, e art. 14, 15 e 16);
 aos direitos e obrigações de seus associados (art. 29 a 37);
 a fiscalização (art. 56);
 ao Ato Cooperativo (art. 79).
Pelo que se depreende, o conceito legal acerca das sociedades
cooperativas está inserido no comando posto pelo artigo 4º da Lei
5.764/1.971, sendo expressa que a natureza jurídica dessas instituições é
eminentemente construída sobre a plataforma de uma “sociedade de pessoas
com o objetivo de prestar serviços aos associados não sujeita a falência”.

Mais ainda, o que é marcante em sociedades cooperativas não é a


peculiaridade societária – que como referido na Unidade 1 não é o que
caracteriza expressamente a forma cooperativa – mas sim a maneira como
ocorre a comunhão de interesses e auxílio mútuo para a execução de uma
atividade de ordem econômica e que tem como única finalidade a prestação
de serviços aos associados.

Tal característica já era citada pelo eminente jurista Pontes de


Miranda, em seu Tratado de Direito Privado (Parte Especial – Tomo 49, p.
429):

A sociedade cooperativa é sociedade em que a pessoa do sócio passa à


frente do elemento econômico e as consequências da pessoalidade da
participação são profundadas, a ponto de torná-la espécie de sociedade.
[grifo nosso]

Quanto à “pessoalidade da participação”, o próprio Pontes de Miranda


ensinou: A complexidade do suporte fático das sociedades cooperativas
resulta de existir o elemento econômico sem a finalidade capitalística. A
participação caracteriza-se por sua pessoalidade e esse fundamento pessoal
atravessa, com múltiplas consequências, o todo organizativo da sociedade
cooperativa: a participação é intransferível, indivisível, inerdável e
impenhorável. (Tratado de Direito Privado, Parte Especial – Tomo 49, p.
429, grifo nosso)

97
Pontes de Miranda, já nos idos de 1932 (Decreto 22.239), indicava
que devemos avaliar a profundidade da “pessoalidade da participação”, pois,
mesmo em aparente antagonismo, frente ao exercício de uma atividade
econômica (interesse da pessoa – ex. pagar menor preço – versus interesse
da sociedade – ex. ter melhor resultado), é tão inerente que proporciona a
própria essência da sociedade (cooperação/convergência de interesses).

O próprio Pontes de Miranda esclarece qual é o resultado que se


busca, quando declara: “Mais se coopera naquelas [cooperativas], para se
evitar o fi m lucrativo de terceiros, do que para se lucrar” (Tratado de Direito
Privado, Parte Especial – Tomo 49, p. 429).

Os associados, então, não se unem para simplesmente exercer uma


atividade econômica que sozinhos não poderiam implementar, mas também
se unem para ter uma prestação de serviços que melhore suas condições
pessoais.

Para tanto, assumem o compromisso de “operar” com a sociedade em


duas facetas: (i) como “donos” e (ii) como usuários. Somente por isso se
sustenta o paradoxo de que é a existência de uma sociedade que exerce uma
atividade econômica e que não visa auferir resultado lucrativo. E o que
extrapolar tal condição, extrapola a própria associação cooperativa (é,
portanto, mercantil).

Em uma cooperativa de consumo, por exemplo, os associados não se


unem para montar um supermercado. Eles se unem para alcançar preços
menores que os usualmente praticados pelos supermercados. Para
conseguirem melhor tratamento perante fornecedores/fabricantes.

E as vendas para terceiros (não associados) serão consideradas


operações mercantis, ou seja, aquelas que conotam com a intenção de
montar o supermercado serão tributadas e os resultados não comporão o
retorno atinente à relação de cooperação, mas sim vão para o Fates (Fundo
de Assistência Técnica Educacional e Social).

Tem-se, portanto, o que se pode citar como uma estrutura genila, pois:

1 -em operações com associados alcança o respectivo fim (busca de


menor preço, melhor tratamento com o fabricante, entre outros). O que
sobrar de despesas pagas pelos associados antecipadamente a eles retorna

97
ou, se eles assim desejarem, podem indicar outra destinação (por exemplo:
aumento do capital social);

2-em operações com terceiros (extrapolação da relação de


cooperação), o resultado vai para uma composição fundiária (Fates) que
reverte aos próprios associados por meio de educação.
Enfim, tudo menos o lucro retorna ao associado (melhora na condição
de vida econômica do associado e respectivas sobras relativas à antecipação
de valores arrecadados para pagamentos de despesas da sociedade).

O lucro, aliás, advém do estado de exceção de atender terceiros,


retorna aos associados não em espécie (dinheiro), mas sim na forma de um
dos princípios universais do Cooperativismo, qual seja: educação, além da
prestação de assistência aos cooperados.

Pois, como explica o autor da atual Lei Cooperativista (Lei 5.764/71),


em Direito das sociedades cooperativas (1973):

O fim (da cooperativa) é a promoção da defesa ou fomento da


economia dos cooperados, mediante prestação de serviços...

Prestação de serviços aos cooperados. Isto é, prestação de serviços a


pessoas que se unem em sociedade cooperativa investindo sua “pessoalidade
da participação”, sendo o retorno da atividade de empresa compatível a essa
característica.

Por fim, para sempre se ter um norte sobre como é mantida e


estruturada a forma cooperativa, vale o guia posto pelo artigo 4º da lei
cooperativista:

I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados,


salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços;
II - variabilidade do capital social representado por quotas-
partes;
III - limitação do número de quotas-partes do capital para cada
associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de
proporcionalidade, se assim for mais adequado para o cumprimento
dos objetivos sociais;
IV - inacessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros,
estranhos à sociedade;

97
V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais,
federações e confederações de cooperativas, com exceção das que
exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da proporcionalidade;
VI - quorum para o funcionamento e deliberação da assembleia
geral baseado no número de associados e não no capital;
VII - retorno das sobras líquidas do exercício,
proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo
deliberação em contrário da assembleia geral;
VIII - indivisibilidade dos Fundos de Reserva e de Assistência
Técnica Educacional e Social;
IX - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e
social;
X - prestação de assistência aos associados, e, quando previsto
nos estatutos, aos empregados da cooperativa;
XI - área de admissão de associados limitada às possibilidades
de reunião, controle, operações e prestação de serviços.

SEÇÃO 3 - Classificação das cooperativas

Basicamente, as sociedades cooperativas podem ser classificadas por:


1. ramo;
2. objeto;
3. multiplicidade de objetos;
4. características dos associados pessoas físicas;
5. grau;
6. responsabilidade do associado pelos compromissos da
sociedade.

Na próxima seção desta unidade há um detalhamento de informações


em relação à classificação por ramos. Em relação à classificação por
objeto, deve-se ressaltar que objeto não se confunde com os fins sociais da
sociedade, que se restringe à prestação de serviços aos seus associados
visando o incremento de suas economias particulares.
Em todas as cooperativas, o fim é idêntico. A finalidade da sociedade
cooperativa, assim, será sempre a prestação de serviços aos associados,
atuação pela qual não possui remuneração.

O objeto reporta-se sempre à atividade exercida pelos cooperados, que


não se confunde com a atuação da cooperativa, que se volta sempre para a

97
organização, assistência, beneficiamento, logística, suprimento, escoamento,
controle ou planejamento das operações coletivas dos cooperados.

Dessa forma, será determinado pela atuação das pessoas que se


associam. É o seu ramo de negócios, consignado nos estatutos, ou, noutras
palavras, o negócio de contrapartida ou o meio negocial externo, de
mercado, através do qual se torna possível prestar aos cooperados os
serviços. O objeto então se refere ao interesse econômico de proveito
comum, de que trata o art. 3º da Lei 5.764/71.

Ponto fundamental é a adoção clara e precisa do objeto da


sociedade. Escolhido livremente pelos associados, ainda mesmo no caso de
cooperativas mistas, que englobem objetivamente mais de uma modalidade
ou tipo de cooperativa, deve ser enunciado taxativamente, uma vez que, daí
por diante, ela somente poderá operar no campo delimitado pela definição
perfilhada. Qualquer alteração futura dependerá de reforma estatutária.

São objetos para fins de classificação:


 agropecuário;
 consumo;
 crédito (modalidades previstas pelo CMN –
resolução3.442/2007);
 educacional;
 habitacional;
 infraestrutura (para cooperativas de eletrificação previsão na
Resolução Aneel 205/2005 com alterações);
 mineral;
 produção;
 saúde (cooperativas médicas e odontológicas operadoras de
plano de saúde vide Lei 9.656/1998);
 trabalho;
 turismo e lazer;
 transporte (definições pela Resolução Antt 1.737/2006).

Em relação à classificação por multiplicidade de objetos, tem se que


uma cooperativa pode ser considerada (i) com um único objeto ou (ii) uma
cooperativa mista.

97
Contudo, é imperioso ressaltar que a escolha de mais de um objeto
para a cooperativa deve atender o fim social, não podendo ser subterfúgio
para dissimular ou abusar da forma jurídica cooperativa.

Por exemplo, uma cooperativa dita de consumo e produção de


geladeiras não é factível, pois os interesses são antagônicos, ou seja,
enquanto um dos objetos prevê a aquisição de bens em comum (consumo) o
outro prevê a produção e venda de bens em conjunto (produção).

O que sempre deve se ter em mente é que deve haver coincidência de


razões em torno de uma atividade comum. Por exemplo, é factível a
cooperativa de produção agropecuária que tenha cumulação de objeto de
consumo de insumos agrícolas e transporte, pois são atividades inerentes à
possibilitarão da produção agropecuária.

Há ainda a classificação que surge com o advento da Lei 9.867/1999,


que abarca a classificação dos associados por características das pessoas
físicas. Essa lei considera que certos agrupamentos sociais e tipos de pessoas
têm menos chances no mercado de trabalho. Assim, criou uma espécie
determinada de cooperativa na qual a capacidade produtiva das pessoas seja
mais bem aproveitada e as vantagens para o contratante (o tomador dos
serviços) permaneçam inalteradas. É isso o que diz o artigo 1° da Lei
9.867/99
Art. 1º As Cooperativas Sociais, constituídas com a finalidade
de inserir as pessoas em desvantagem no mercado econômico, por
meio do trabalho, fundamentam-se no interesse geral da comunidade
em promover a pessoa humana e a integração social dos cidadãos, e
incluem entre suas atividades:
I - a organização e gestão de serviços sociossanitários e
educativos; e
II - o desenvolvimento de atividades agrícolas, industriais,
comerciais e de serviços.

Há também a classificação das cooperativas por grau, disposta na


Lei 5.764/1971, especificamente em seu artigo 6º, sendo:
 singulares aquelas constituídas pelo número mínimo de vinte
pessoas físicas;
 cooperativas centrais ou federações de cooperativas aquelas
constituídas de no mínimo três singulares de crédito;

97
 confederações de cooperativas aquelas constituídas de pelo
menos três federações de cooperativas de crédito ou cooperativas centrais de
crédito.
Em relação às funções de cada grau de cooperativa:

Cooperativas singulares

Prestam serviços aos associados pessoas físicas, excepcionalmente, a


pessoas jurídicas; detêm um objeto econômico próprio (ou misto) que as
caracteriza; detêm responsabilidade fundada no estatuto social (limitada ou
ilimitada).

Art. 7º. As cooperativas singulares se caracterizam pela prestação


direta de serviços aos associados. (Lei 5.764/1971).
Cooperativas centrais
 São a reunião de cooperativas singulares;
 identificam-se também pelo objeto econômico próprio oriundo
das cooperativas singulares que as compõem;
 visam otimizar, dar ganho de escala às operações das
respectivas associadas.

Art. 8°. As cooperativas centrais e federações de cooperativas


objetivam organizar, em comum e em maior escala, os serviços
econômicos e assistenciais de interesse das filiadas, integrando e
orientando suas atividades, bem como facilitando a utilização
recíproca dos serviços.
Parágrafo único. Para a prestação de serviços de interesse
comum, é permitida a constituição de cooperativas centrais, às quais
se associem outras cooperativas de objetivo e finalidades diversas.
(Lei 5.764/1971).

Cooperativas centrais
 Coordenação geral;
 supervisão;
 auditagem;
 monitoramento de eventos ou iminência de crise;
 saneamento de singulares em crise;
 correção de situações anormais ou irregulares, sob pena de
responsabilização de seus próprios administradores da cooperativa central.

97
Confederações
 São a reunião de cooperativas centrais (ou federações);
 visam representar as respectivas associadas em questões mais
amplas.

Vale ilustrar este estudo esclarecendo que antes da Lei 5.764/71, com
a vigência do Decreto 22.239/32, existiam grandes diferenças entre
cooperativas centrais e federações de cooperativas.

A primeira destinava-se ao mercado de exportação, ao passo que a


segunda, além de coordenar as atividades das federadas, representava estas
perante o Poder Público.

Porém, com a revogação do Decreto 22.239/32, a Lei 5.764/71 não


traz diferença entre essas duas expressões, igualando-as em sua forma e
estrutura, inclusive ao que se refere ao necessário desenvolvimento de
atividades econômicas pertinente ao regime societário definido no caput do
artigo 6° citado.

Por fim, quanto à classificação por responsabilidade dos associados,


dividem-se as cooperativas entre (i) limitadas e (ii) ilimitadas, conforme
definição trazida pela Lei 5.764/1971, nos artigos 11 a 13, abaixo
transcritos:

Art. 11. As sociedades cooperativas serão de responsabilidade


limitada, quando a responsabilidade do associado pelos compromissos
da sociedade se limitar ao valor do capital por ele subscrito.
Art. 12. As sociedades cooperativas serão de responsabilidade
ilimitada, quando a responsabilidade do associado pelos
compromissos da sociedade for pessoal, solidária e não tiver limite.
Art. 13. A responsabilidade do associado para com terceiros,
como membro da sociedade, somente poderá ser invocada depois de
judicialmente exigida da cooperativa.

A conceituação da responsabilidade limitada dos sócios, pelo regime


do Decreto-Lei 59 de 1966, incluía uma responsabilidade subsidiária até ao
valor dos prejuízos verificados, em proporção às operações efetuadas.
A Lei 5.764/71 atendeu às reivindicações do movimento
cooperativista, inconformado com tal gravame legal. Impediu assim do

97
ingresso de novos associados nas cooperativas e admitiu a responsabilidade
de não deixar ultrapassar o total das cotas partes subscritas pelos associados.
O novo Código Civil consagrou novamente a responsabilidade
ampliada (artigo 1.095 – escolha em limitada ou ilimitada)

SEÇÃO 4 - Ramos do cooperativismo

Tendo em conta a classificação das cooperativas também pelos


denominados ramos, cabe trazer ao estudo a disposição dos termos do art. 10
e seu § 1°, da Lei 5.764/71:

Art. 10. As cooperativas se classificam também de acordo com


o objeto ou pela natureza das atividades desenvolvidas por elas ou por
seus associados.
§ 1° Além das modalidades de cooperativas já consagradas,
caberá ao respectivo órgão controlador apreciar e caracterizar outras
que se apresentem.

Cabe lembrar que à época da edição da Lei 5.764/1971 coube à


Organização das Cooperativas Brasileiras (Para fi m de compreensão do
controle remetido, avalia-se o teor da Medida Provisória 2.168- 40, a qual
prescreve em seu art. 11 que “O Poder Executivo, no prazo de até cento e
oitenta dias, estabelecerá condições para: I - desenvolver sistemas de
monitoramento, supervisão, auditoria e controle da aplicação de recursos
públicos no sistema cooperativo.) a análise e classificação dos ramos, não
obstante existirem ramos consagrados pela legislação anterior.

Foi o Decreto 22.239/32 o diploma legal que primeiro classificou as


cooperativas, e o fez da seguinte forma (art. 21): (i) Cooperativas de
produção agrícola; (ii) Cooperativas de produção industrial; (iii)
Cooperativas de trabalho (profissional ou de classe); (iv) Cooperativas de
beneficiamento de produtos; (v) Cooperativas de compra em comum; (vi)
Cooperativas de vendas em comum; (vii) Cooperativas de consumo; (viii)
Cooperativas de abastecimento; (ix) Cooperativas de crédito; (x)
Cooperativas de seguros; (xi) Cooperativas de construção de casas
populares; (xii) Cooperativas de editores e de cultura intelectual; (xiii)
Cooperativas escolares; (xiv) Cooperativas mistas; (xv) Cooperativas
centrais; e (xvi) Cooperativas de cooperativas (federações).
Nesse sentido, no estatuto da OCB (aprovado pela AGE de 8.4.1989),
houve o reconhecimento de onze ramos do cooperativismo.

97
Através de deliberações de assembleia posteriores, foram
reconhecidos três novos ramos: saúde (1996), turismo e lazer (2000) e
transporte (2002). Atualmente, os ramos do Cooperativismo brasileiro são os
seguintes:
1. agropecuário;
2. consumo;
3. crédito;
4. educacional;
5. especial;
6. habitacional;
7. infraestrutura;
8. mineral;
9. produção;
10. saúde;
11. trabalho;
12. turismo e lazer;
13. transporte.

As cooperativas, portanto, segundo a OCB, são classificadas em treze


ramos diferentes, sendo eles: agropecuário, consumo, crédito, educacional,
especial, habitacional, infraestrutura, mineral, produção, saúde, trabalho,
transporte, e turismo e lazer.

O Ramo Agropecuário é composto pelas cooperativas de produtores


rurais ou agropastoris e de pesca, cujos meios de produção pertençam ao
associado. É um dos ramos com maior número de cooperativas e associados
no Brasil. O leque de atividades econômicas abrangidas por esse ramo é
enorme e sua participação no PIB em quase todos os países é significativa.
Essas cooperativas geralmente cuidam de toda a cadeia produtiva, desde o
preparo da terra até a industrialização e comercialização dos produtos. Há
um comitê específico na ACI, onde o Brasil tem liderança expressiva.

O Ramo Consumo é composto pelas cooperativas dedicadas à


compra em comum de artigos de consumo para seus associados. A primeira
cooperativa do mundo era desse ramo e surgiu em Rochdale, na Inglaterra,
no ano de 1844. Também no Brasil esse é o ramo mais antigo, cujo primeiro
registro é de 1889, em Minas Gerais, com o nome de Sociedade Cooperativa
Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto.

97
Durante muitas décadas, esse ramo ficou muito limitado a
funcionários de empresas, operando a prazo, com desconto na folha de
pagamento. No período altamente inflacionário, essas cooperativas perderam
mercado para as grandes redes de supermercados e atualmente estão se
rearticulando como cooperativas abertas a qualquer consumidor.

À medida que oferecer produtos mais confiáveis ao consumidor,


principalmente alimentos sem agrotóxicos, diretamente de produtores,
também organizados em cooperativas, esse ramo tem perspectivas de
crescimento.

O Ramo Crédito é composto pelas cooperativas destinadas a


promover a poupança e financiar necessidades ou empreendimentos dos seus
associados.

O cooperativismo de crédito é um dos ramos mais fortes em diversos


países desenvolvidos, como na França, na Alemanha e no Canadá. No
Brasil, ele já estava bem estruturado desde o início do século XX, mas foi
desarticulado e desmantelado pelo Banco Central, mediante restrições de
toda ordem. Entretanto, na década de 80, começou a reagir e está
ressurgindo com vigor, já com os bancos cooperativos e inúmeras
cooperativas de crédito, sendo inclusive ampliadas modalidades de
cooperativas de crédito pelo Conselho Monetário Nacional (Res. CMN
3.442/2007 – <http://www.bcb.gov.br>).

O Ramo Educacional é composto por cooperativas de professores


que se organizam como profissionais autônomos para prestarem serviços
educacionais; por cooperativas de alunos de escola agrícola que, além de
contribuírem para o sustento da própria escola, às vezes produzem
excedentes para o mercado, mas têm como objetivo principal a formação
cooperativista dos seus membros; por cooperativas de pais de alunos, que
têm por objetivo propiciar melhor educação aos filhos, administrando uma
escola e contratando professores; e por cooperativas de atividades afins.

Esse é um ramo recente, criado em Itumbiara – GO, em 1987, no que


se refere a cooperativas de pais de alunos, como resposta à situação caótica
do ensino brasileiro, cuja rede pública deixa muito a desejar e a particular se
tornou onerosa demais. Em todos os estados, essas cooperativas estão sendo
a melhor solução para pais e alunos, pois se tornam menos onerosas e

97
realizam uma educação comprometida com o desenvolvimento endógeno da
comunidade, resgatando a cidadania em plenitude.

As cooperativas de escolas agrícolas estão em dificuldades, diante de


mudanças recentes na legislação brasileira, que dificultam o funcionamento
dessas cooperativas. As cooperativas de professores seriam do ramo
trabalho, pois são profissionais organizados para prestar serviço à sociedade,
mas estão no ramo educacional pela característica da sua atividade
profissional.

O Ramo Especial é composto pelas cooperativas constituídas por


pessoas que precisam ser tuteladas ou que se encontram em situação de
desvantagem nos termos da Lei 9.867, de 10 de novembro de 1999.

Essa lei criou a possibilidade de se constituírem cooperativas “sociais”


para a organização e gestão de serviços sociossanitários e educativos,
mediante atividades agrícolas, industriais, comerciais e de serviços,
contemplando as seguintes pessoas: deficientes físicos, sensoriais, psíquicos
e mentais, dependentes de acompanhamento psiquiátrico permanente,
dependentes químicos, pessoas egressas de prisões, os condenados a penas
alternativas à detenção e os adolescentes com idade adequada ao trabalho e
em situação familiar difícil do ponto de vista econômico, social ou afetivo.

Essas cooperativas organizam o seu trabalho, especialmente no que


diz respeito às dificuldades gerais e individuais das pessoas em
desvantagem, e desenvolvem e executam programas especiais de
treinamento, com o objetivo de aumentar-lhes a produtividade e a
independência econômica e social.

A condição de pessoa em desvantagem deve ser atestada por


documentação proveniente de órgão da administração pública, ressalvando-
se o direito à privacidade.

O estatuto da cooperativa social poderá prever uma ou mais categorias


de sócios voluntários, que lhe prestem serviços gratuitamente, e não estejam
incluídos na definição de pessoas em desvantagem. Quanto aos deficientes,
o objetivo principal é o desenvolvimento da sua cidadania, inserindo-os no
mercado de trabalho, à medida do possível, nas mesmas condições de
qualquer outro cidadão.

97
Nesse ramo também estão as cooperativas constituídas por pessoas de
menor idade ou por pessoas incapazes de assumir plenamente suas
responsabilidades como cidadão.

O Ramo Habitacional é composto pelas cooperativas destinadas à


construção, manutenção e administração de conjuntos habitacionais para seu
quadro social.

Este ramo esteve muito tempo vinculado ao Banco Nacional da


Habitação e ao INOCOOP – Instituto Nacional de Orientação às
Cooperativas. Mas, com a extinção do BNH e a enorme demanda por
habitação, rearticulou-se e partiu para o autofinanciamento, com excelentes
resultados.

O Ramo Infraestrutura é composto pelas cooperativas cuja


finalidade é atender direta e prioritariamente o próprio quadro social com
serviços de infraestrutura.

As cooperativas de eletrificação rural, que são a maioria desse ramo,


aos poucos estão deixando de serem meras repassadoras de energia, para se
tornarem geradoras de energia.

A característica principal desse ramo do Cooperativismo é a prestação


de serviços de infraestrutura básica ao quadro social, para que ele possa
desenvolver melhor suas atividades profissionais. Nesse ramo estão
incluídas as cooperativas de limpeza pública, de segurança etc., quando a
comunidade se organiza numa cooperativa para cuidar desses assuntos.

Quando os lixeiros se organizam em cooperativa para prestar serviços


à prefeitura ou outras entidades, essa cooperativa é de trabalho. Quando se
organizam para reciclar o lixo e vende lo como adubo, é uma cooperativa de
produção. Portanto, é a atividade e o objetivo da cooperativa que definem
sua classificação.

O Ramo Mineral é composto pelas cooperativas com a finalidade de


pesquisar, extrair, lavrar, industrializar, comercializar, importar e exportar
produtos minerais.
É um ramo com potencial enorme, principalmente com o respaldo da
atual Constituição Brasileira, mas que necessita de especial apoio para se
organizar.

97
Os garimpeiros geralmente são pessoas que vêm de diversas regiões,
atraídas pela perspectiva de enriquecimento rápido, aglomerando-se num
local para extrair minérios, sem experiência cooperativista.

As cooperativas de garimpeiros muitas vezes cuidam de diversos


aspectos, como saúde, alimentação, educação dos seus membros, além das
atividades específicas do ramo.

O Ramo Produção é composto pelas cooperativas dedicadas à


produção de um ou mais tipos de bens e produtos, quando detenham os
meios de produção. Para os empregados cuja empresa entra em falência, a
cooperativa de produção geralmente é a única alternativa para manter os
postos de trabalho. Em outros países esse ramo está bem desenvolvido,
como na Espanha.

No Brasil, com a crise econômica e financeira, em grande parte


resultante da globalização devastadora, muitas empresas não conseguem
sobreviver. Cada vez mais os empregados estão descobrindo as vantagens de
constituir o próprio negócio, deixando de ser assalariados para tornarem-se
donos do seu próprio empreendimento.

O Ramo Saúde é composto pelas cooperativas que se dedicam à


preservação e promoção da saúde humana. É um dos ramos que mais
rapidamente cresceram nos últimos anos, incluindo médicos, dentistas,
psicólogos e profissionais de outras atividades afins. É interessante ressaltar
que esse ramo surgiu no Brasil e está se expandindo para outros países.
Também se expandiu para outras áreas, como a de crédito e de seguros.

Ultimamente os usuários de serviços de saúde também estão se


reunindo em cooperativas. Muitas delas usam os serviços do ramo saúde em
convênios, cumprindo um dos princípios do sistema, que é a integração.

Obviamente essas cooperativas deveriam estar no ramo trabalho, mas


pela sua especificidade, número e importância, o Sistema OCB resolveu
criar, na AGO do dia 11 de abril de 1996, um ramo específico, incluindo
nele todas as cooperativas que tratam da saúde humana. Portanto, uma
cooperativa de veterinários, que não trata da saúde humana, é do ramo
trabalho.

97
O Ramo Trabalho é composto pelas cooperativas que se dedicam à
organização e administração dos interesses inerentes à atividade profissional
dos trabalhadores associados para prestação de serviços não identificados
com outros ramos já reconhecidos.

Certamente este será o ramo que em breve terá o maior número de


cooperativas e de cooperados. Mas simultaneamente também é o ramo mais
complexo e problemático, pois abrange todas as categorias profissionais –
menos as de professores, de saúde e de turismo e lazer – organizadas em
ramos específicos. Diante do surto de desemprego, os trabalhadores não têm
outra alternativa senão partir para o trabalho clandestino ou então se
organizar em empreendimentos cooperativos.

Além das enormes dificuldades para conquistar um mercado cada vez


mais competitivo, as cooperativas ainda arcam com uma tributação
descabida e uma legislação inadequada.

Mesmo assim, esse ramo se desenvolve em todos os estados, pois se


trata de um novo estágio no desenvolvimento histórico do trabalho: primeiro
o trabalho era desorganizado, depois escravizado, atualmente subordinado
(ou ao capital, ou ao Estado) e já está caminhando para a plena autonomia,
mas de forma organizada e solidária, que são as cooperativas de trabalho.
Em 2002, esse ramo adotou o SPA – Sistema de Padronização e
Acompanhamento de Cooperativas de Trabalho, que tem por objetivo a
autogestão dessas cooperativas.

O Ramo Transporte é composto pelas cooperativas que atuam no


transporte de cargas e passageiros. Até essa data essas cooperativas
pertenciam ao ramo trabalho, mas, pelas suas atividades e pela necessidade
urgente de resolver problemas cruciais dessa categoria profissional, suas
principais lideranças se reuniram na OCB e reivindicaram a criação de um
ramo próprio.

O Ramo Turismo e Lazer é composto pelas cooperativas que


prestam serviços turísticos, artísticos, de entretenimento, de esportes e de
hotelaria, ou atendem direta e prioritariamente o seu quadro social nessas
áreas.
Esse ramo, criado pela AGO no dia 28 de abril do ano 2000, está
surgindo com boas perspectivas de crescimento, pois todos os estados
brasileiros têm um potencial fantástico para o turismo cooperativo, que visa

97
organizar as comunidades para disponibilizarem o seu potencial turístico,
hospedando os turistas e prestando-lhes toda ordem de serviços, e
simultaneamente organizar também os turistas para usufruírem desse novo
paradigma de turismo, mais barato, mais prazeroso e muito mais educativo.

É um ramo ainda em fase de organização. “Esse ramo dispõe de um


projeto conceitual e de um projeto operacional, a ser implantado em três
fases: 1 - no Brasil; 2 - na América Latina; e 3 - nos demais países, com o
respaldo da OCB e da ACI”.

As cooperativas de turismo e lazer podem contribuir


significativamente para a geração de oportunidades de trabalho, para a
distribuição da renda, para a preservação do meio ambiente e para o resgate
da cidadania em plenitude, desenvolvendo a consciência ativa da cidadania
planetária.

Por fim, as cooperativas que não se enquadram nos ramos acima


definidos são classificadas simplesmente como o ramo “outros”.Nenhuma
classificação consegue atender às características específicas de todas as
cooperativas.

É necessário criar alguns parâmetros, dentro dos quais seja possível


agrupar certo número de cooperativas em condições de manter uma estrutura
própria de representação dentro do Sistema OCB. Talvez alguns ramos
deixem de existir, por falta dessas condições, e se tornem um setor de outro
ramo, como também podem surgir novos ramos.

Enfim, como se pode notar, as cooperativas estão presentes em todos


os ramos e atividades econômicas encontrados na sociedade brasileira
atendendo, desta forma, a sociedade de uma forma coesa, transparente,
viável e social.

SEÇÃO 5 - Objeto econômico (diferenciação frente ao objetivo


social)
Para finalização desta aula, apenas se faz menção à Seção 4 do livro
didático, que abordou o tema Ramos do Cooperativismo, mesmo porque
para se alcançar o conhecimento sobre a estrutura e natureza, além da
conceituação da cooperativa, deve-se ter claramente a diferenciação entre
objeto e finalidade social (EGEWARTH; PANTOJA; KALUF, 2007, p. 27):

97
Comumente há a referência aos objetivos sociais, quando se está
tratando do objeto social. Mas, é primordial que sejam diferenciados, uma
vez que os objetivos são as pretensões comuns aos associados, ou seja, os
elementos que se constituem os anseios de melhoria das respectivas
condições de vida.

Já quanto ao objeto social, deve-se destacar, trata-se da atividade


econômica eleita pelo grupo constituinte da cooperativa. Nesse sentido, tem-
se o crédito nas cooperativas de crédito, a produção agropecuária na
cooperativa constituída por produtores rurais, o transporte na cooperativa de
transportes e assim por diante.

RETOMANDO A CONVERSA INICIAL (síntese da aula).

Nesta aula aprendemos compreender que as sociedades cooperativas


têm uma natureza jurídica própria, diversa de qualquer outra entidade de
sociedade, e isto é marcado pela cooperação.

A partir da visualização dos princípios cooperativistas, verificamos


que atitudes comuns a quaisquer cooperativas, independentemente da área
econômica que ela atue, ou seja, independentemente do ramo ou do objeto
da sociedade, sempre terão como finalidade a prestação de serviços aos
associados.

Por certo as classificações são necessárias até mesmo para se


disseminar as boas práticas de atuação em mercados específicos, sendo um
forte exemplo disso o reconhecimento do ramo transporte como autônomo
em relação ao ramo trabalho. Mas o que deve ser sempre marcante é a
comunhão de esforços em prol de uma coincidência de interesses, pois
somente assim não se tem o abuso da forma cooperativa.

Saiba mais

97
Sobre os princípios do Cooperativismo, veja o site da Aliança
Cooperativa Internacional – ACI: <http://www.ica.coop/es>.

Sobre a cooperação e o cooperativismo, leia a obra portuguesa “Sobre


o Espírito do Cooperativismo” (Imprensa Social, 1958, Porto-Portugal –
disponível na Biblioteca da Organização das Cooperativas Brasileiras - 55
61 3325 5500).

Sobre a participação ativa da sociedade, leia o artigo “Espírito


Cooperativista Requisito Essencial do Cooperativismo”, de Mariangela
Monezi, disponível em:

<http://www.advogado.adv.br/Artigos/2005/mariangelamonezi/espiritoc
ooperativista.htm>.

Sobre as ações específicas de cada ramo, veja “BRASIL


COOPERATIVO: O portal do Cooperativismo Brasileiro”, disponível em:
<http://www.brasilcooperativo.coop.br/ocb>.

Para conhecer melhor as classificações inerentes ao ramo crédito,


visite o site do Banco Central do Brasil: <http://www.bcb.gov.br>.

Para saber sobre a regulamentação das cooperativas de eletrificação,


visite o site da Agência Nacional de Energia – Aneel:
<http://www.aneel.gov.br>.

Para conhecer a regulamentação das cooperativas de transporte


Agência Nacional de Transportes Terrestres – Antt, visite o site:
<http://www.antt.gov.br>.

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