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Produção de

alimentos em
sistemas orgânicos
Carga horária: 35 h
2021– Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar
1ª. Edição – 2021

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Presidente do Conselho Deliberativo do Senar Presidente da ANATER


João Martins da Silva Junior Ademar Silva Junior
Diretor Geral do Senar Diretor Técnico
Daniel Klüppel Carrara Wesley Passaglia
Diretora de Educação Profissional e Promoção Social Gerente de Gestão de ATER e Formação
Janete Lacerda de Almeida Leonardo Vieira Nunes
Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância
Ana Ângela de Medeiros Sousa AGRADECIMENTOS ao MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Equipe técnica Senar Abastecimento) por disponibilizar equipe técnica para validação do curso junto
Gabriel Zanuto Sakita ao Senar, representado por Alexandre Alves Ferreira, Médico Veterinário, e
Larissa Arêa Sousa Werito Fernandes de Melo, Coordenador de Metodologia e Capacitação, do
Mateus Moraes Tavares Departamento de Desenvolvimento Comunitário (DDC/SAF/MAPA).
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................... 4

Módulo 1 – Produção de hortaliças em sistemas orgânicos....................................................... 9


Aula 1 – Planejamento da produção de hortaliças orgânicas....................................................................................12
Aula 2 – Solo, insumos e manejo na produção de hortaliças orgânicas.................................................................35
Aula 3 – Regularização da produção orgânica de hortaliças......................................................................................67
Conclusão....................................................................................................................................................................................79
Atividade de aprendizagem..................................................................................................................................................81

Módulo 2 – Produção de frutas em sistemas orgânicos............................................................88


Aula 1 – Planejamento da produção de frutas orgânicas e uso de variedades para cultivo orgânico...........90
Aula 2 – Solo, insumos e manejo na produção de frutas orgânicas...................................................................... 104
Aula 3 – Manejo na colheita e pós-colheita na produção de frutas orgânicas................................................... 119
Conclusão................................................................................................................................................................................. 127
Atividade de aprendizagem............................................................................................................................................... 129

Módulo 3 – Produção animal em sistemas orgânicos............................................................. 136


Aula 1 – As normas para a produção de animais em sistemas orgânicos.......................................................... 138
Aula 2 – Produção de alimentos para animais em sistemas orgânicos................................................................ 160
Aula 3 – A criação dos animais de acordo com suas espécies............................................................................... 175
Conclusão................................................................................................................................................................................. 201
Atividade de aprendizagem............................................................................................................................................... 203

Encerramento.................................................................................................................................... 210

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 3


Apresentação

Olá, que bom ter você aqui!


Este curso te ajudará a
compreender como são
produzidos os alimentos de
origem vegetal e animal de
forma orgânica.
Mas, antes de seguir em
frente com o estudo das
aulas, conheça como o
curso está organizado.

Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 4


Estrutura do curso 
O curso está dividido em três módulos. No primeiro e segundo módulos, serão abordados os
requisitos para a produção vegetal, de hortaliças e frutas; já no terceiro, os conteúdos são
voltados para a produção animal. A seguir, conheça o que será tratado em cada um deles:

Módulo 1 - Produção de hortaliças em sistemas orgânicos


No módulo 1, você vai compreender os procedimentos para planejar a produção de
hortaliças, a comercialização, a colheita, o beneficiamento e a destinação da produção.
Em relação às hortaliças, o manejo requer uma série de cuidados com o solo e com os
manejos produtivos das plantas, o que inclui o controle fitossanitário. Esses conteúdos
estão divididos em 3 aulas:

• Aula 1 - Planejamento da produção de hortaliças orgânicas

• Aula 2 - Solo, insumos e manejo na produção de hortaliças orgânicas

• Aula 3 - Regularização da produção orgânica de hortaliças

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 5


Módulo 2 - Produção de frutas em sistemas orgânicos
No módulo 2, você irá conhecer os passos da produção de frutas: o planejamento
dos pomares, a produção, os tratamentos pós-colheita, o beneficiamento e a
comercialização das frutas orgânicas. Esses conteúdos estão distribuídos em 3 aulas:

• Aula 1 - Planejamento da produção de frutas orgânicas e uso de variedades de


plantas para cultivo orgânico

• Aula 2 - Solo, insumos e manejo na produção de frutas orgânicas

• Aula 3 - Manejo na colheita e pós colheita na produção de frutas orgânicas

Módulo 3 - Produção animal em sistemas orgânicos


Por fim, no módulo 3, você saberá como é a produção animal no sistema orgânico,
especificando a qualidade no manejo do solo e adubação, a produção orgânica de
insumos e defensivos utilizados na produção de alimentos para os animais, bem
como os locais onde os animais são criados. Além disso, apresentaremos os principais
regramentos e modos da criação de aves, suínos, bovinos, caprinos, ovinos e peixes. O
conteúdo do terceiro módulo também está distribuído em 3 aulas:

• Aula 1 - As normas para a produção de animais em sistemas orgânicos

• Aula 2 - Produção de alimentos para animais em sistemas orgânicos

• Aula 3 - A criação dos animais de acordo com suas espécies

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 6


Quem sabe, compartilha
Nas aulas, você irá encontrar alguns diálogos entre Roberto, Vítor e Márcia, então, conheça cada
um deles:

Roberto
O Roberto é um técnico de campo do Senar, e irá apoiar
Márcia e Vítor sanando algumas dúvidas e compartilhando
sugestões.

Márcia
A Márcia é uma produtora da agricultura familiar de
hortaliças e frutas.

Vítor
E Vítor cria galinhas e é um produtor de ovos orgânicos.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 7


Canal de podcast Um Giro no Agro
No AVA, após participar das atividades das aulas, você irá
obter o selo de cada módulo e, com isso, poderá baixar e
salvar áudios em seu computador para estudar os principais
pontos tratados no conteúdo quando quiser. Eles serão
trazidos no canal de podcasts Um Giro no Agro. Então, já
sabe! No AVA, a somatória de conquistas lhe garante o selo do
módulo e, com ele, você terá esse recurso em mãos!

Atenção! A participação nas aulas, dentro do AVA, é obrigatória para conseguir


baixar os podcasts do canal Um Giro no Agro. Além disso, ao final de cada
módulo, você encontrará a atividade de aprendizagem. Vale reforçar que você só
terá acesso à apostila do módulo seguinte depois de respondê-la.
Para concluir o curso, as regras são simples: você deverá navegar por todas as
telas, realizar as atividades de aprendizagem, e, depois de cumprir essas duas
etapas, responder a pesquisa de satisfação. Portanto, organize-se e acesse o AVA!

Esperamos que este curso traga os conhecimentos necessários para que você se inspire e possa
realizar a produção orgânica de alimentos, atendendo as normativas.

Agora, siga em frente.


Desejamos a você um ótimo curso!
Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 8
Produção de
hortaliças
em sistemas
orgânicos
Módulo 1
Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar
Abertura do módulo 1
A produção orgânica, especialmente a de hortaliças, apresenta um grande potencial de
crescimento, diante do aumento da demanda dos consumidores que visam ao consumo
desses alimentos.

A população utiliza vários nomes para se referir às hortaliças,


dentre eles: verduras, legumes e hortifrutigranjeiros, que
no ramo da Agronomia são chamados de olericultura.

As hortaliças podem ser raízes, bulbos, tubérculos, hastes, flores, frutos e folhas que são
utilizados como alimento de um conjunto de cerca de 100 espécies agrícolas; essas hortaliças são
conhecidas como verduras e legumes. Elas são ricas em vitaminas, minerais e fibras, e contribuem
para aumentar o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas por suas propriedades funcionais.

Foto: Wenderson Araujo/Trilux e Tony Oliveira. Sistema CNA/Senar

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 10


Neste módulo, você irá compreender as etapas da produção orgânica de hortaliças: como é
realizado o planejamento, a implantação das hortas, os cuidados com os solos, os insumos,
o manejo da produção, as colheitas e o beneficiamento das hortaliças orgânicas. Além
disso, vamos compreender as normas legais relacionadas à produção orgânica no Brasil e o
processo de certificação, ambos importantes para fortalecer o setor.

Leia a primeira aula do módulo,


e vamos em frente!
Bons estudos!

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 11


Planejamento
da produção
de hortaliças
orgânicas
Aula 1
Vamos começar esta primeira aula analisando algumas
vantagens e desafios sobre a produção orgânica de alimentos
no Brasil. Em seguida, você terá oportunidade de conhecer
elementos importantes que devem ser considerados no
planejamento da produção de hortaliças orgânicas.
Nessa etapa de planejamento, é importante definir o
objetivo da produção: se para o consumo familiar, para a
comercialização ou para ambos. A partir disso, será possível
estabelecer quais as espécies que serão utilizadas e todos
os insumos necessários, desde o plantio até a colheita, e a
destinação da produção. Além disso, é preciso saber se será
preciso algum tipo de beneficiamento dos produtos, e devem
ser identificadas as rotas de escoamento e canais
de comercialização. Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar

A produção orgânica de
alimentos no Brasil, suas
vantagens e os desafios
A agricultura orgânica, mesmo pequena quando comparada à agricultura convencional,
apresenta um grande potencial, pois a demanda nacional por esses produtos tende a crescer. Ipea
Dados divulgados pelo Ipea, em 2020, e considerando dados de 2000 a 2017, demonstram que Instituto de Pesquisa
o setor tem crescido anualmente cerca de 11%, impulsionado especialmente pela demanda dos Econômica Aplicada
países europeus, da América do Norte e da China.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 13


Márcia e Vítor conversaram sobre esse assunto; ambos
são produtores de orgânicos e acompanham de perto
esses dados.

Vale destacar que o conteúdo a seguir está disponível no


seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), em formato
de áudio.

Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a


página do portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado.

Quem sabe, compartilha


Márcia: Oi, Vítor! Eu queria mesmo falar com você! Estava
aqui pesquisando sobre a produção orgânica no Brasil, e
descobri que, entre os anos dois mil e dois mil e dezessete,
houve um crescimento médio anual de dezessete por cento
no número de produtores orgânicos registrados no MAPA.
Eu achei que éramos poucos, mas não paramos de crescer!
A área ocupada pela produção orgânica tem crescido dois
por cento ao ano.

Vítor: Olá, Márcia! Sim, é isso mesmo, o número de


produtores orgânicos não para de crescer! Eu conheço
dados de dois mil e dezoito que dizem que existem mais de
vinte e duas mil propriedades certificadas e registradas no
Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do MAPA.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 14


Márcia: Isso é incrível, não é, Vítor?! Em dois mil e
dezessete, o Brasil era o décimo segundo entre os vinte
países com maiores áreas de produção orgânica. Você
sabia que somos o país que mais produz arroz orgânico na
América Latina?

Vítor: Nossa, que legal! Isso eu não sabia! E você sabe que
nossa produção orgânica atende especialmente o mercado
interno? Mas parte dos produtos brasileiros também são
destinados à Europa e América do Norte.

Márcia: É, realmente interessante, Vítor. Recentemente, eu


vi um estudo do IPEA que fala que a demanda mundial por
produtos orgânicos tende a aumentar. As pessoas estão se
conscientizando mais em relação às questões ambientais e
buscando uma alimentação orgânica; esses são os principais
fatores que impulsionam o nosso setor.

Vítor: E também tem se defendido uma ampliação do


conceito de saúde, você sabia? Como ela vai além da
ausência de doença, a saúde incorpora a qualidade de
vida física e mental das pessoas. Sabe como? Através
do consumo de alimentos orgânicos, além de hábitos
saudáveis, como as atividades físicas.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 15


Márcia: Outra coisa que está impulsionando nosso setor de
produção orgânica é o período de isolamento da pandemia
da COVID-dezenove. Esse período, inclusive, fortaleceu essa
visão de saúde que você comentou. As pessoas estavam
mais presentes em casa, e dedicaram uma atenção maior
para a alimentação e para os produtos que consomem. Isso
aumentou a busca por alimentos orgânicos.

Vítor: Tudo isso que conversamos, Márcia, são razões pelas


quais a agricultura orgânica tende a ganhar espaço no setor
agrícola! Especialmente nas áreas consideradas periurbanas,
porque elas estão localizadas mais próximas dos centros
urbanos, e concentram a maioria dos consumidores.

Márcia: Realmente, Vítor, a agricultura orgânica está


ganhando muito espaço na vida das pessoas. Foi ótimo
conversar com você, até mais!

Vítor: Até breve, Márcia!

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 16


Interessantes os dados apontados por eles, não é mesmo? Mas é importante que você saiba que
a agricultura orgânica apresenta diversos desafios para impulsionar a produção e conquistar
mais produtores e consumidores. No Brasil, o grande desafio é a falta de insumos apropriados
para serem utilizados, como por exemplo:

Fertilizantes Sementes e mudas


Defensivos agrícolas
orgânicos de sistemas
de origem biológica
certificados orgânicos

A qualidade da água disponível para a produção orgânica também é outro fator limitante, pois
não depende apenas dos produtores orgânicos, mas sim de toda a comunidade. Além disso, a
assistência técnica especializada na produção orgânica e a dificuldade em realizar a certificação
desses produtos são apontados como desafios, especialmente para os pequenos produtores.
Por essas razões, este curso servirá para que você conheça um pouco mais sobre a agricultura
orgânica e, assim, consiga enfrentar os desafios.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 17


Produção orgânica de hortaliças
para consumo familiar e para a
comercialização
A produção de hortaliças
é caracterizada pelo uso
intensivo de recursos: o
Cidades
solo, os insumos e a mão de Agricultura urbana e
periurbana
obra. Essa produção possui
grande importância social,
pois gera renda e emprego
no meio rural e nas cidades,
sendo uma oportunidade
para a agricultura familiar
e para a utilização de
pequenas áreas.

Por esse tipo de agricultura apresentar, em geral, ciclo curto, e ser perecível em curto prazo, é
necessário que o produtor organize e planeje muito bem as atividades que deverá desempenhar.
Por isso, o primeiro passo é definir o objetivo da produção – se para atender o consumo familiar,
para ser comercializado, ou para ambos.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 18


Isso é importante para definir quais os produtos que serão
cultivados, e também a quantidade de cada um deles, já que
essa informação irá determinar a área da propriedade rural
que será ocupada.
Quando o destino da produção é a comercialização, é
importante determinar como será feito o escoamento da
produção a partir da demanda do mercado consumidor.

O conteúdo a seguir está disponível no Ambiente Virtual de


Aprendizagem em um vídeo, na sessão Sistema orgânico
em foco, e irá te apresentar como planejar o espaço da
sua horta.

Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para


a página do portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 19


Sistema orgânico em foco
Você já pensou em planejar o espaço da sua horta?
Hortas, quintais, jardins, hortos, pomar, terreiro, entre tantos
outros, são formas de chamar aquele espaço para produzir
suas hortaliças.
É importante planejar esse espaço onde serão cultivados
os diferentes produtos, como a cenoura, alface, beterraba
entre outros.
Você deve saber a área disponível para sua horta, e deixar
tudo preparado para a produção com a formação dos Foto: Wenderson Araujo/Trilux.
canteiros. Sistema CNA/Senar

É importante dimensionar as estruturas de tutoramento que


servirão de condução para as plantas, como é muito comum
no cultivo de tomate, berinjela e pimentão.
Você pode organizar os canteiros em vários formatos,
como o retangular. Mas os formatos circulares estão se
popularizando, principalmente entre os agricultores em
pequena escala; são as chamadas Mandalas.
A forma circular possibilita organizar espaços, prevendo
consórcios de plantas e animais.
O galinheiro instalado no centro da horta, por exemplo,
facilita a ciclagem de nutrientes. Foto: Wenderson Araujo/Trilux.
Sistema CNA/Senar

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 20


Assim, os resíduos de planta podem ser fornecidos para os
animais, e o esterco dos animais é utilizado como adubo na
horta. Mas é importante realizar a compostagem!
Uma outra opção é a instalação de um minhocário, ou uma
composteira, no lugar das aves. Mas, para escalas maiores de
produção, as formas circulares não são viáveis.
Outro fator importante é criar caminhos para a passagem
de máquinas, implementos, ferramentas e das pessoas que
farão o manejo das hortas.
Para facilitar o manuseio da horta, é interessante construir
canteiros que não sejam muito longos
e largos. Foto: Wenderson Araujo/Trilux.
Sistema CNA/Senar
É importante ter em mente que a distância entre um
canteiro e o outro vai depender da escala de produção e dos
equipamentos utilizados.
Em situações de produção em menor escala, recomenda-se a
utilização de 30 a 50 centímetros para passagem
de pessoas.
Enquanto a largura dos canteiros deve ficar entre
90 centímetros a 1 metro e 20 centímetros.
Lembre-se do momento de escoamento, ou seja, a colheita e
retiradas da horta, caso você necessite de ferramentas que
utilizem maior espaço, como é o caso de carretinhas.
Foto: Wenderson Araujo/Trilux.
Sistema CNA/Senar
Cuidar do entorno da horta também é importante. Caso
tenha animais domésticos, é recomendado que a área da
horta seja cercada e isolada.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 21


As fezes e urina de alguns animais, como gato e cachorro,
podem contaminar suas hortaliças.
Outros animais, como bovinos e suínos, podem causar sérios
danos às plantas, por isso, é importante protegê-las.
Ventos fortes também são um fator que prejudica sua horta.
É importante evitar fortes correntes de vento. Se necessário,
devem ser construídas barreiras verdes, utilizando árvores e
arbustos ao redor da horta, desde que não comprometam a
quantidade de luz nos canteiros.
Afinal, as hortaliças exigem a luz solar para se
desenvolverem. A falta de luz nas plantas provoca o
Foto: Wenderson Araujo/Trilux.
estiolamento dos tecidos, que seria um alongamento dos
Sistema CNA/Senar
caules, comprometendo sua produção.
Por isso, é importante construir sua horta em um local que
haverá exposição à luz solar durante o ano todo.
E, por fim, para toda produção vegetal é essencial a utilização
de água de qualidade e quantidade suficiente para abastecer
sua horta.
É recomendado instalar sistemas de irrigação. Para isso você
precisaria analisar, de acordo com a cultura a ser implantada,
as condições locais do terreno, da disponibilidade de água e
dos recursos disponíveis para essa produção.
E uma última dica! Faça esse planejamento antes da Foto: Wenderson Araujo/Trilux.
introdução das plantas para não comprometer o seu Sistema CNA/Senar
desenvolvimento!

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 22


Os tipos de irrigação mais comuns a serem utilizados na produção orgânica de hortaliças
são a irrigação por gotejamento e por aspersão, mas a irrigação pode ser feita, também,
manualmente. Conheça cada uma delas:

Gotejamento
A irrigação por gotejamento é direcionada ao solo,
próxima às raízes das plantas, e evita o desperdício
de água. Entretanto, se não for bem planejada, pode
promover o encharcamento dos solos e favorecer
o desenvolvimento de fungos e bactérias de solo,
problema grave para as hortaliças. Portanto, atenção!

Aspersão
A irrigação por aspersão promove a irrigação
simulando uma chuva, que pode não ser interessante
naqueles lugares onde a evapotranspiração é alta,
pois haverá excessiva perda de água. É muito utilizada
para a produção de mudas. Além disso, pode ser
prejudicial para algumas plantas, pois pode promover a
proliferação de fungos e bactérias nos frutos e folhas.

Foto: Wenderson Araujo/Trilux, Sistema CNA/Senar

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 23


Manualmente
Em pequenos espaços ou quando o objetivo da
produção é para o consumo familiar, a irrigação
é feita manualmente, essas regas devendo ser
realizadas nas épocas mais frescas do dia, de manhã
e no final da tarde.

Outro cuidado importante a ser considerado é o


nivelamento do terreno. O recomendado é que as hortas
estejam dispostas em um terreno que promova a drenagem
da água, caso ocorram chuvas fortes.
Por tal razão, em áreas onde há essa possibilidade mais
frequente e que apresenta solos mais argilosos, o ideal
é fazer os canteiros mais altos em relação ao solo, para
promover a drenagem do excesso de água, prejudicial à
maioria das hortaliças.

Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 24


Em relação ao uso de sementes e mudas, a
Instrução Normativa nº 38/2011 regulou tecnicamente o uso de
sementes e mudas na produção orgânica, que foi retificada na
Portaria nº 52/2021. Essa Portaria define que as sementes e Instrução
mudas devem atender os requisitos da produção orgânica, ou Normativa
seja, serem oriundas de sistemas orgânicos de produção. nº 38/2011
Trata-se de uma
E atenção: pois todo o insumo utilizado, desde o Instrução Normativa
substrato até a semente, a água e os fertilizantes, do Ministério da
devem atender aos requisitos estabelecidos! Agricultura, Pecuária
e Abastecimento

Como o mercado de produção de mudas não conseguiu


Portaria nº 52/2021
atender a demanda, e os agricultores não tinham onde Trata-se de uma portaria assinada pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
conseguir essas sementes, a Lei considerou que, se
constatada indisponibilidade da cultivar de sementes e
mudas oriundas de sistemas orgânicos de produção, o órgão
certificador poderá autorizar a utilização de outros materiais
existentes no mercado.

Essas sementes e mudas devem ser preferencialmente


produzidas sem tratamento, ou, no caso de tratamento, que
sejam empregados produtos e substâncias autorizados na
Legislação brasileira para a produção orgânica. Entretanto, é
expressamente proibido utilizar sementes transgênicas na
produção orgânica.
Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 25


Desde 2011, muito se avançou no mercado de sementes e
mudas adequadas à produção orgânica. As sementes podem Crioulas
ser também crioulas e certificadas, sendo, portanto, aptas para
Essas sementes não sofreram alterações genéticas, e foram
os produtores orgânicos. Existem, disponíveis no mercado,
selecionadas por gerações pelos agricultores, ou seja, são
sementes produzidas conforme as regras da produção aquelas que estão passíveis de serem reproduzidas na
orgânica, tais como algumas linhas da Bionatur, Korin, a Isla, a propriedade.
Bejo sementes, a CATI, entre outras.

A Embrapa, a partir da crescente demanda dos produtores,


vem pesquisando sobre o tema, e já desenvolveu uma
cultivar de cenoura específica para produção orgânica:
a cultivar BRS Paranoá. Ela apresenta bons resultados
de produtividade, resistência a doenças de solo e boa
aceitação dos consumidores.

Cenoura BRS Paranoá - Foto: CARVALHO, Agnaldo. Embrapa.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 26


Planejamento, produção e
destinação da produção de
hortaliças orgânicas
Já planejamos a nossa horta; agora, temos que planejar a produção. Após serem estabelecidos
os objetivos da comercialização e as espécies a serem implantadas, é hora de escolher as
cultivares, tendo como base a colheita.

É necessário considerar as espécies e a cultivares a serem


utilizadas, pois devem estar adequadas à época de plantio.
Além disso, a previsão da colheita dessas plantas nos indica
quando é o momento de plantar. Diferentemente das frutas, as
hortaliças apresentam ciclos curtos, o que permite ao agricultor
fazer diversos plantios no mesmo espaço durante o ano.
Para isso, é preciso averiguar quais são as cultivares que serão
implantadas e como, pois, podem estar disponíveis na forma
de sementes ou mudas. Elas variam muito.
Atualmente, são inúmeras as cultivares de alfaces aptas para
a produção orgânica no Brasil. Algumas cultivares apresentam
ciclos mais curtos; outras toleram temperaturas mais altas,
possuem resistência a doenças de solo e resistência a viroses;
por isso, é fundamental avaliar todas as características da
cultivar antes de fazer o plantio. Foto: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 27


E, falando nas cultivares, veja a seguir o que o técnico Roberto complementa para a gente sobre
esse assunto.

Algumas espécies, como a alface, a cenoura e o pepino,


podem ser cultivadas durante todo o ano na maior parte
das regiões brasileiras, desde que seja utilizada a cultivar
adequada. Outras apresentam pouca resistência quanto a
Fica a dica períodos extremos de calor e ou de frio, como, por exemplo, a
beterraba que não tolera temperaturas muito altas. A maioria
delas, como a salsinha, abobrinha e moranga, não toleram
épocas mais frias, sendo limitante o seu cultivo em regiões do
sul do Brasil na época de inverno, de junho a agosto.

Mas o que tudo isso tem a ver com as colheitas? Para a definição do plantio, é recomendado
considerar alguns aspectos. Conheça-os:

Para onde você A mão de obra que Prever os


Considerar quando
irá destinar o seu terá disponível para calendários de
se pretende colher.
produto. essas atividades. compra.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 28


Para entender melhor, veja o exemplo da Márcia!

Eu faço entregas para a merenda escolar e tenho que fazer


entregas diárias.

Eu preciso planejar colheitas regulares e, para isso, os


Aplicando a plantios são feitos em tempos intercalados, ou seja, planto
um canteiro hoje, mais um canteiro na próxima semana, e
técnica assim todas as semanas eu tenho os produtos disponíveis
para as entregas. Ah! Eu sempre calculo também a
quantidade de mudas e sementes semeadas, conforme a
demanda das entregas.

Por esse motivo relatado por Márcia, é importante conhecer a época recomendada de plantio e
a duração do ciclo das culturas e suas cultivares para realizar o planejamento da produção. Veja
na lista abaixo uma relação das épocas de plantio para algumas das hortaliças e plantas que
podem ser utilizadas na horta.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 29


Época de plantio para as principais hortaliças

CULTURA FAMÍLIA ÉPOCA PLANTIO CICLO CULTURA FAMÍLIA ÉPOCA PLANTIO CICLO
Início Fim Dias Início Fim Dias

1 Alface 1 Compositae Ano todo 50 15 Milho 7 Gramineae agosto abril 100

2 Almeirão 1 Compositae Ano todo 120 16 Aveia 7 Gramineae março maio 180

3 Couve 2 Brassicaceae março junho 100 17 Tomate 8 Solanaceae Ano todo 150

4 Brócolis 2 Brassicaceae fevereiro junho 230 18 Pimentão 8 Solanaceae Ano todo 160

5 Repolho 2 Brassicaceae fevereiro julho 130 19 Jiló 8 Solanaceae setembro fevereiro 190

6 Couve-Flor 2 Brassicaceae março junho 140 20 Cenoura 9 Umbelliferae março julho 140

7 Beterraba 3 Chenopodiaceae março julho 70 21 Salsinha 9 Umbelliferae setembro março 190

8 Espinafre 3 Chenopodiaceae fevereiro julho 50 22 Feijão Vagem 10 Leguminosae agosto abril 110

9 Abobrinha 4 Cucurbitaceae agosto março 140 23 Ervilha 10 Leguminosae março abril 90

10 Moranga 4 Cucurbitaceae setembro janeiro 150 24 Feijão 10 Leguminosae agosto setembro 90

11 Pepino 4 Cucurbitaceae Ano todo 140 25 Crotalária 10 Leguminosae setembro dezembro 90

12 Alho 5 Liliaceae março abril 180 26 Feijão-de-Porco 10 Leguminosae setembro dezembro 80

13 Cebola 5 Liliaceae março junho 120 27 Mucuna 10 Leguminosae setembro janeiro 110

14 Quiabo 6 Malvaceae agosto março 230 28 Ervilha Peluda 10 Leguminosae março junho 140

O agricultor deve atentar para o ciclo das plantas, que varia conforme a cultivar utilizada e época
de plantio. Algumas plantas toleram bem um atraso na colheita, como batata doce e moranga.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 30


Mas outras, como as folhosas, por exemplo, não toleram e
devem ser colhidas antes do início do pendoamento. Caso
iniciem o pendoamento, a formação da haste principal que irá
dar suporte às flores, as folhas tendem a ficar mais amargas e
perdem a qualidade para a comercialização.

Fotos: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar


Vamos a mais uma dica do Roberto!

Abóboras, chuchus, cenouras, entre outras, podem ficar


mais tempo na horta, esperando o melhor momento de
serem colhidas. Mas cuidado! Quanto mais tempo ficam
Fica a dica na horta, mais suscetíveis ficam ao ataque de doenças.
Por isso, o melhor é você planejar direitinho e colher na
época indicada!

A colheita deve entrar no planejamento também, pois, em alguns casos, demanda mão de obra e
alguns cuidados para ser comercializada. É necessário prever como os produtos serão colhidos e
onde serão comercializados, para que então seja definido como esses produtos serão levados até
o mercado consumidor. Essa etapa de cuidados pós-colheita é chamada de:

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 31


beneficiamento
O beneficiamento pode ser dividido em seleção, limpeza, classificação, embalagem e
resfriamento. Esses cuidados devem ser seguidos no beneficiamento de frutas e hortaliças. Veja
mais sobre as etapas do beneficiamento:

Seleção e limpeza
A seleção é realizada no momento da colheita, quando os produtos são retirados da
horta e alojados em caixas, que podem ser as mesmas utilizadas na entrega.
A limpeza é a etapa que requer maiores cuidados, e compreende as atividades de
retirada de terra das raízes e tubérculos, a retirada das folhas mais velhas das folhosas,
a retirada das folhas de algumas raízes, como a cenoura e beterraba, entre outros.
Esses cuidados fazem toda a diferença na aparência do produto a ser entregue para o
consumidor e, por isso, são bem importantes e devem estar previstos no planejamento.

Classificação e embalamento
A classificação dos produtos e o embalamento são necessários para algumas
espécies, como os pequenos frutos (tomate-cereja, por exemplo) que devem ser
acomodados em caixas para não sofrerem esmagamento. Outros produtos requerem a
colocação de embalagens plásticas, isopor ou caixas de papel, especialmente quando
serão comercializados em supermercados, devidamente identificados com o logo da
propriedade e os selos da certificação orgânica.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 32


Resfriamento e transporte
Quando o destino é a exportação ou o envio para áreas mais distantes, é necessário o
cuidado com o resfriamento das hortaliças e o transporte.

Tome muito cuidado com o uso da água para a lavagem das


hortaliças! Como a maioria delas é consumida in natura, o
uso de águas inadequadas pode contaminar os produtos
orgânicos e causar doenças graves, como a esquistossomose,
cólera, disenteria e hepatite infecciosa.
E, para fechar o tema desta aula, veja mais uma técnica
aplicada pela produtora Márcia!

Fotos Tony Oliveira/Trilux. Sistema CNA/Senar

Eu faço feira todos os sábados; preparo, um dia antes, as


folhosas e algumas raízes, agrupadas em maços para facilitar
Aplicando a a venda. Alguns cultivos – como o tomate, berinjela, repolho,
cebola – eu armazeno soltos, nas mesmas caixas que utilizei
técnica na colheita, assim os meus clientes podem escolher quais
desejam!

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 33


Suas conquistas!
Ao concluir a leitura desta aula, você obteve a conquista da primeira fase de estudo, e está mais
próximo de concluir o módulo. Olhe só!

Já pode seguir com a leitura em busca de todo conhecimento oferecido na aula 2!

Lembre-se de que, no AVA, você deve responder uma


pergunta para conquistar sua recompensa e, assim,
desbloquear a aula seguinte. O desbloqueio das aulas irá lhe
garantir o selo do módulo, e somente na tela de conclusão
Fica a dica você poderá baixar o áudio contendo o resumo no canal de
podcast do Um Giro no Agro.

Ele é um excelente recurso para rever todos os temas do


módulo quando quiser!

Bons estudos!
Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 34
Solo, insumos
e manejo na
produção de
hortaliças
orgânicas
Aula 2
Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar
Na aula anterior, você conheceu quais os elementos a serem
abordados no planejamento da produção de hortaliças
orgânicas; agora, iremos aprofundar o conhecimento em
relação à produção desses produtos.
Partindo de exemplos reais e de estudos relacionados ao
tema, você saberá como são executadas as práticas de
manejo ecológico do solo, os diferentes tipos de adubação,
insumos e defensivos agrícolas utilizados e permitidos pela
Legislação na produção orgânica de hortaliças.

Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar

O manejo do solo na produção


orgânica de hortaliças
Um dos princípios da Agroecologia é a conservação e o uso sustentável dos solos. A produção
orgânica entende que o solo é vivo, dessa forma, as práticas agrícolas devem favorecer a vida
no solo. O uso do solo é intensivo em sistemas de produção de hortaliças orgânicas, por isso, o
agricultor precisa estar sempre cuidando para que ele se mantenha em sua máxima qualidade:

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 36


Física Química Biológica

Algumas técnicas são recomendadas para um manejo


adequado do solo, as chamadas práticas conservacionistas.
É possível realizar práticas que favorecem o aporte de
nutrientes ao solo, como o plantio de adubos verdes e
o uso de cobertura vegetal sobre o solo, a ciclagem da
matéria orgânica com a técnica da compostagem, a rotação
de culturas e o rodízio de repouso de uma faixa de solo,
chamado de pousio.

Foto: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 37


Leia o conteúdo a seguir, e saiba mais sobre a técnica da compostagem.

Compostagem
A compostagem é uma das melhores maneiras, mais econômicas e fáceis para o
produtor garantir a oferta de matéria orgânica nos solos, e ainda promove o retorno dos
nutrientes ao sistema produtivo, ou seja, sua reciclagem.

Matéria orgânica
Na técnica da compostagem, a matéria orgânica é resultante da decomposição de
resíduos animais ou vegetais pelos microrganismos decompositores, o que favorece o
desenvolvimento das mais variadas formas de vida no solo.

Nutrientes
A compostagem é responsável também pela disponibilização de muitos nutrientes para
as plantas, além de contribuir para melhorar a estrutura dos solos, ou seja, a porosidade,
a quantidade e disposição de ar no solo, a sua densidade e a capacidade de infiltração
ou retenção de água.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 38


Na conversa que vem a seguir, entre o técnico Roberto
e a produtora Márcia, ele a ensina como realizar a
compostagem na sua propriedade.

Este conteúdo está disponível no seu Ambiente Virtual de


Aprendizagem (AVA), em formato de áudio.

Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a


página do portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado.

Quem sabe, compartilha


Márcia: Olá, Roberto! Eu estou precisando melhorar a
qualidade do solo para a produção das minhas hortaliças,
e ouvi falar que a compostagem pode ser uma maneira de
fazer isso. Você pode me explicar mais sobre ela?

Roberto: Claro, Márcia! A compostagem é um processo


natural que ocorre nos solos, mas pode ser impulsionada
pelo produtor para qualificar a produção de adubos
orgânicos através dela. Uma composteira é a solução mais
fácil e econômica, e pode ser fabricada em ambientes
domésticos e no campo.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 39


Márcia: Nossa, Roberto, então é mais fácil do que eu
imaginava! Mas como faço para fazer uma composteira?

Roberto: O primeiro passo é encontrar um espaço onde


possam ser amontoados os materiais a serem decompostos,
seja na forma de pilha ou leira, dependendo do espaço
que você tem disponível. Para escolher o local, você deve
considerar principalmente a ocorrência de sol e sombra,
proteção contra os ventos e uma boa drenagem, para que
não haja excesso de água.

Márcia: Certo, Roberto. Tem mais alguma coisa que precisa


ser considerada?

Roberto: Sim, Márcia! Temperatura, presença de oxigênio


e umidade são fatores que vão influenciar o processo de
decomposição dos materiais orgânicos. As temperaturas
baixas diminuem a taxa de decomposição e aumentam o
tempo para o material ser decomposto, assim como as altas
temperaturas podem interferir negativamente na atividade
dos microrganismos que realizam a decomposição.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 40


Márcia: E é preciso regar o composto?

Roberto: É sim! É necessário realizar a rega do composto,


mas não precisa deixar encharcado.

Márcia: E o material utilizado para produzir o adubo? O que


posso usar?

Roberto: Na compostagem, é possível utilizar uma


infinidade de resíduos, como resíduos orgânicos
domésticos, que são casca de frutas e verduras, restos das
colheitas da horta, restos de podas, e principalmente os
estercos produzidos pelos animais da propriedade. Mas é
preciso intercalar esses resíduos e palhadas, para que haja
aeração e drenagem na pilha de composto. A compostagem
deve seguir a relação de setenta e cinco por cento de restos
vegetais variados e vinte e cinto por cento de esterco, para
que seja equalizada a relação carbono/nitrogênio.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 41


Márcia: Além disso, precisa ficar de olho em mais algum
aspecto da composteira?

Roberto: É importante conferir a temperatura do interior


do amontoado para que não haja temperaturas muito altas;
o limite deve ser de setenta graus Celsius. Para diminuir
a temperatura do interior e promover oxigenação, é
recomendado revirar o composto e realizar irrigações.

Márcia: Mas, Roberto, em quanto tempo mais ou menos o


adubo fica pronto?

Roberto: Esse tempo varia conforme as condições do local


da compostagem, mas pode ser entre cento e vinte e cento
e trinta dias. A textura do adubo é de terra de mato ou de
pó de café, sem cheiro, e de cor preta. A temperatura da
pilha, quando o composto estiver pronto, deve estar menor
que trinta e cinco graus Celsius, e você vai observar que o
volume da meda, como chamamos também a pilha, vai ser
um terço do volume inicial.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 42


Márcia: Então, se a composteira estiver nessas condições,
posso utilizar o adubo na minha horta?

Roberto: Isso mesmo, Márcia! Se tiver mais alguma dúvida,


pode contar comigo!

Márcia: Muito obrigada, Roberto! Até mais!

Interessante a técnica explicada por Roberto, não é mesmo? Mas ainda existem outras práticas
conservacionistas, e você pode conhecê-las melhor analisando mais algumas informações:

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 43


Vermicompostagem
Um outro método é a vermicompostagem, que é um tipo
de compostagem realizada por minhocas. A espécie mais
utilizada é a Eisenia foetida, conhecida como a Minhoca
da Califórnia. Os cuidados são muito semelhantes à
compostagem, mas é necessária a construção de um
local para que não haja fuga das minhocas.

O composto resultante da vermicompostagem é


de alta qualidade, pois apresenta uma quantidade
de nutrientes balanceada, e apresenta pH próximo
a 7, ou seja, neutro, o que é bem importante para a
produção de hortaliças.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 44


Cobertura Vegetal do solo plantas
espontâneas
Em sistemas agrícolas, para ajudar a manter a estrutura As chamadas ervas
do solo, recomenda-se deixar uma cobertura vegetal daninhas.
morta (palhada) – também chamada mulching – na
superfície, que geralmente são as sobras de cultura
ou as cascas. Essa cobertura protege o solo contra a
erosão e dificulta o surgimento de plantas espontâneas,
além de fazer uma proteção contra a insolação direta e
o impacto da chuva.

Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema

Essa camada também irá decompor e incrementar o


solo com matéria orgânica. O mulching ajuda a evitar o
contato da planta com o solo, evitando contaminações
por fungos e bactérias. É recomendado para algumas
culturas, como alface, pimentão, tomate, entre outras.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 45


Adubação verde
A adubação verde consiste em uma técnica agrícola que
se baseia na introdução de plantas que vão promover
a melhoria do solo. Essas plantas são introduzidas em
sistemas rotativos com as culturas cultivadas, e sua
biomassa verde é incorporada ao solo.

Na adubação verde, é recomendado o uso de


plantas leguminosas, pois estas têm a capacidade
de captar nitrogênio da atmosfera e disponibilizar
para as plantas. Alguns exemplos são os trevos,
amendoim forrageiro, feijões como a mucuna, feijão
de porco, crotalária. Muitas vezes, são utilizadas em
consórcio com outros adubos verdes para que haja
benefícios complementares.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 46


As técnicas apresentadas vão fazer com que o solo permaneça
com boa qualidade e se mantenha produtivo por mais
tempo. Por isso, essas boas práticas são essenciais para a
implantação de sistemas orgânicos de produção, não apenas de
hortaliças, mas também de espécies frutíferas e de pastagens.

A adubação na produção
orgânica de hortaliças
A adubação é muito importante para qualquer
atividade agrícola, e isso não é diferente na produção
orgânica. Porém, é necessário se atentar para algumas
particularidades que podem ser vistas na sessão a seguir,
ou no AVA, em um vídeo muito interessante.

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página do portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 47


Sistema orgânico em foco
Alguns fatores são limitantes para a produção agrícola, como
a acidez ou a alcalinidade.
O pH do solo varia entre 0 e 14. Abaixo de 7, será
considerado ácido; próximo de 7, será neutro. De 7 para cima,
será considerado básico ou alcalino.
O pH ideal para o cultivo seria entre 5,5 e 6,5. A maioria dos
cultivares de hortaliças produzidas não tolera solos ácidos.
Caso o solo esteja ácido, é necessário aplicar uma correção
antes do plantio, chamada de Calagem.
O produto mais utilizado nessa correção do solo é o Calcário.
Ele deve ser incorporado ao solo numa profundidade de até
20 cm da superfície, pelo menos de 2 a 3 meses antes do
plantio e do preparo dos canteiros.
A aplicação do calcário colabora para a disponibilidade da
maioria dos macros e micronutrientes, além de diminuir o
teor de alumínio, que é uma substância que pode causar
intoxicação das plantas.
Após a calagem, devem ser analisados dois fatores:

• Quantidade disponível de nutrientes nos solos.

• E a necessidade nutricional das culturas a serem


implantadas.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 48


A adubação pode ser um fator que limita a produção de
hortaliças. Nos sistemas orgânicos de produção, não é
permitido o uso de fertilizantes químicos, tais como o
composto NPK, a ureia e outros.
Toda a fertilidade deve ser proveniente de minerais naturais
e fertilizantes orgânicos. Esses fertilizantes orgânicos
são substâncias que podem ser utilizadas em sua forma
simples ou em uma forma composta, juntando-se a outras
substâncias para enriquecimento.
Nas propriedades familiares, os estercos são as principais
fontes de fertilizantes. Isso porque geralmente possuem
produção vegetal e animal.
Os estercos frescos possuem uma série de microrganismos
que podem causar doenças aos consumidores, ou até mesmo
intoxicar a planta pelo excesso de alguns nutrientes.
Por isso, é importante realizar o processo de compostagem,
e se certificar de que os adubos sejam provenientes de
sistemas orgânicos de produção.
É possível ainda utilizar fosfatos naturais, calcário, torta de
cacau ou de mamona, borra de café, cinzas, entre outros,
desde que venham de sistemas orgânicos de produção.
E qual a melhor opção?!
De acordo com pesquisadores e técnicos, o enriquecimento do
composto deve ser realizado de acordo com as exigências da
cultura e a necessidade do solo. Por essa razão, é recomendada
a análise química do solo antes de realizar a adubação.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 49


A maioria das substâncias mencionadas consiste em fertilizantes minerais de uso permitido
pela Portaria nº 52/2021. Eles são de origem natural e apresentam baixa solubilidade, como os Portaria
fosfatos naturais, os calcários e os pós de rocha.
nº 52/2021
Trata-se de uma
Em alguns casos, podem ser utilizados os termofosfatos, sulfato de potássio, sulfato duplo de portaria do MAPA.
potássio e magnésio de origem natural, sulfato de magnésio, micronutrientes e guano, mas
sempre em consulta com a certificadora e com a devida recomendação do técnico que fará a
análise da situação química do solo.
Guano
Fosfatos provenientes
Outro tipo de adubo permitido na produção orgânica são os biofertilizantes. Eles são o resultado de excrementos de
da fermentação de estercos na forma líquida, em que podem ser adicionados outros compostos aves marinhas.
para torná-los mais completos.

Eles são aplicados via foliar, mas em concentração muito


diluída, caso contrário podem danificar os tecidos vegetais.
Além de promover a fertilidade das plantas, ainda podem
contribuir para o controle de pragas e doenças.
O biofertilizante mais comum é o resultado da fermentação de
esterco e água. Mas o Roberto traz, a seguir, uma importante
dica sobre o uso do bokashi! Veja só.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 50


O bokashi possui diferentes formulações, mas é um
biofertilizante produzido a partir de farelo de cereais,
oleaginosas, farinha de osso, farinha de peixe e argila. A
sua formulação pode variar, mas em todas as variações há a
Fica a dica necessidade de inocular os microrganismos fermentadores que
são retirados de terra de mato, inoculantes comerciais (EM®)
ou soja fermentada. Existem várias empresas no mercado
brasileiro que comercializam esses tipos de fertilizantes
certificados para a produção orgânica.

Muito bem, você aprendeu agora sobre o uso de


biofertilizante, mas e como fica o manejo das plantas
daninhas? Pois bem, é sobre isso que Roberto e Márcia
conversaram e que você pode ler a seguir, mas não deixe de
conferir o áudio dessa conversa no AVA!

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Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 51


Quem sabe, compartilha
Roberto: Olá, Márcia! Acabei de me dar conta de que, na
nossa última conversa, não falamos sobre as ervas daninhas.
As plantas daninhas são todas aquelas que nascem
espontaneamente no solo e causam danos ou competem com
as culturas agrícolas, seja por luz ou nutrientes.

Márcia: Oi, Roberto! Eu estou começando a perceber


algumas ervas daninhas na minha horta, que bom que você
comentou! Sabe o que eu posso fazer para lidar com elas?

Roberto: Sei sim, Márcia! Para o manejo das plantas


daninhas, uma série de medidas de controle podem ser
realizadas para diminuir ou eliminar a sua reprodução. A
técnica mais comum de controle das plantas daninhas em
hortas orgânicas é o método mecânico, que é a capina ou a
retirada manual, sabe?

Márcia: Existem ferramentas que podem ajudar nesse


trabalho, né?

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 52


Roberto: Existem sim! São ferramentas adaptadas,
inclusive, algumas motorizadas, como as enxadas rotativas.

Márcia: Além do mecânico, qual outro método eu posso


usar, Roberto?

Roberto: Existe também o método cultural, que dá mais


condição para a cultura agrícola se desenvolver sadia e
forte, assim, ela tende a ser maior e mais resistente do que
a planta daninha.

Márcia: Mas como seria isso, Roberto?

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 53


Roberto: O método cultural pode ser realizado com a
rotação de culturas e cultivos consorciados, onde se insere
um conjunto de plantas que irá aproveitar melhor a área e
reduzir espaços de entrelinhas, que são aqueles locais de
maior crescimento das plantas daninhas.

Márcia: E, Roberto, tem algum outro cuidado que eu deva


tomar para controlar as plantas daninhas?

Roberto: Sim, Márcia! O controle preventivo é essencial,


porque tem objetivo de reduzir a introdução de propágulos,
como sementes, bulbos, rizomas, que são estruturas de
reprodução dessas plantas.

Márcia: Hum, certo! Alguma dica de como fazer isso?

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 54


Roberto: Você precisa cuidar da limpeza das ferramentas
utilizadas, com a compostagem correta dos adubos
orgânicos, com a qualidade das sementes e o trânsito de
animais e pessoas na horta.

Márcia: Eu não notei se você falou sobre herbicidas


químicos. Posso usá-los?

Roberto: Os herbicidas químicos não são permitidos na


produção orgânica. Mas existe uma série de herbicidas
biológicos certificados que podem ser utilizados, desde que
aprovados pela certificadora.

Márcia: Entendi, Roberto! Obrigada pela ajuda, assim vou


conseguir eliminar as plantas daninhas da minha horta.

Roberto: Isso, Márcia! Espero que dê tudo certo. Se precisar


de mais alguma coisa, me avise.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 55


O manejo integrado em sistemas
orgânicos de produção de
hortaliças e defensivos utilizados
na sua produção
A promoção da diversidade nos sistemas produtivos é um
dos princípios da agricultura orgânica, e deve ser considerada
sob todos os aspectos. Essa diversidade promove o controle
natural de plantas daninhas, como vimos anteriormente, e
também o controle de pragas e doenças. Por isso, é preciso
estabelecer novos desenhos no agroecossistema e um
manejo integrado dos sistemas orgânicos.
Um dos meios de promover a diversidade nos sistemas de
produção é instalar sistemas consorciados entre plantas. A
seguir, veja o relato de Márcia!

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 56


Em minha horta orgânica, eu aproveito cada espaço.
Eu cultivo os canteiros mesclando diferentes culturas
Aplicando intercaladas, como essa imagem que você acabou de ver. Além
disso, eu aproveito as cercas da horta para plantar aquelas
a técnica espécies que precisam de tutoramento, que é aquele apoio
para que as plantas possam se desenvolver, as trepadeiras,
sabe? Como o chuchu e feijões.

Exemplo de consórcio que beneficia ambos os cultivos é o estabelecimento de cultivos de alface


e cenoura, ou alface e rabanete. O plantio de alface com cenoura ou rabanete deve ser no
mesmo dia.

Ao mesmo tempo que a cenoura ou o rabanete aproveitam o crescimento embaixo do solo, as alfaces se
desenvolvem acima do solo.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 57


Mas você pode estar se perguntando: não há competição das plantas?
Os pesquisadores da Embrapa que analisaram esse sistema garantem que não, pois o ciclo
da cenoura é de 90 a 120 dias, e o da alface é de cerca de 45 dias. Dessa forma, a colheita
da alface será muito antes da colheita da cenoura, possibilitando que ela complete o ciclo e
aproveite o espaço do solo para desenvolver suas raízes.
Algumas pesquisas demonstram que outras plantas podem ser cultivadas associadas, pois
favorecem umas à outras, as chamadas plantas companheiras. Exemplos dessa relação de
companheirismo podem ser:

ALFACE BERINJELA HORTELÃ

É companheira da É companheira do feijão É companheira da


cebolinha e do pepino. e da vagem. couve, entre outros.

CUCURBITÁCEAS - abóbora, pepino, melão, melancia, chuchu

Associam-se bem com as solanáceas, exemplo: pimentão e pimentas; com as


leguminosas, exemplo: feijão; e com as gramíneas, exemplo: milho – chamados
sistemas milpa.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 58


Veja, a seguir, uma relação da disposição de plantas companheiras que podem ser colocadas em
um mesmo canteiro:

Cebolinha
Pepino Salsa Alface Beterraba Berinjela Brócolis Repolho
Verde
Repolho Cenoura Repolho Cebola Alface Vagem Pimentão Tomate

A promoção da diversidade também pode facilitar os efeitos aleloquímicos, que são substâncias
químicas que algumas plantas liberam, podendo afetar positivamente ou negativamente outras
plantas. Por isso, a agricultura orgânica se aproveita dessas características, visando ao controle
de pragas e doenças e também de plantas daninhas.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 59


Como exemplo dessa relação de controle, está a mucuna
preta, uma planta utilizada como adubação verde. Ela
inibe o desenvolvimento da tiririca e do picão preto, ambas
plantas daninhas que podem inviabilizar o cultivo de Tiririca
hortaliças e são muito presentes nas hortas brasileiras. Cyperus rotundus L

Algumas plantas possuem substâncias químicas que agem como repelentes para as pragas, e Picão preto
são recomendadas para o plantio ou a produção de inseticidas naturais. As principais pragas Bidens pilosa L
encontradas em hortas são os pulgões, lagartas, formigas e lesmas.

O tagetes, ou cravo-de-defunto, é uma flor que possui ação


repelente contra insetos e também contra nematoides de
solo, sendo recomendado o plantio na horta. Além disso,
ervas aromáticas, como a hortelã, sálvia e alecrim, também
possuem ação repelente para alguns insetos, como as
borboletas e formigas. Por isso, é sempre recomendado
que haja o cultivo de flores e ervas aromáticas no entorno
da horta, ou mescladas com a produção das hortaliças.

Os extratos ou os óleos de algumas plantas também podem ser utilizados no controle, desde
que diluídos e provenientes de sistemas orgânicos de produção.
Veja alguns exemplos de plantas repelentes e que podem ser utilizadas na produção orgânica
de hortaliças.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 60


Nim e Cinamomo

Nim ou neem
Azadirachta indica
Indicada no combate de traças, lagartas, pulgões, gafanhotos, etc., sendo uma das
plantas de maior potencial no controle de pragas.

Cinamomo
Melia azedarach
Tem ação e indicação semelhante ao Nim.

Fumo e Timbó

Fumo
Nicotiana tabacum
É indicada para o controle de insetos como pulgões, lagartas, entre outros. A nicotina
pode ser tóxica para os seres humanos e, por isso, algumas certificadoras exigem um
período de carência para a aplicação.

Timbó
Ateleia glazioveana
Utilizada no controle de ácaros e de formigas.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 61


Citronella e alho

Citronella
Cymbopogon winterianus
Repelente para a maioria dos insetos.

Alho
Allium sativum
Indicada no controle de insetos. Pelo seu cheiro e gosto forte, deve ser utilizada
seguindo um período de carência.

Você sabia que existem ainda outras formas de controlar


pragas na horta? Não deixe de conferir as orientações que o
técnico Roberto fez para Márcia. No AVA, você pode ouvir
essa conversa em áudio.

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página do portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 62


Quem sabe, compartilha
Márcia: Oi, Roberto, lembra que na última vez falamos sobre
manejo das plantas daninhas? Agora, estou começando a ter
problemas com pragas, e queria que você me ajudasse nisso.

Roberto: Olá, Márcia! Você já ouviu falar sobre o uso das


caldas? Elas são produzidas a partir de partes das plantas,
ou do óleo extraído delas mais água e um agente ligante,
como o sabão.

Márcia: Acho que já ouvi falar sim. Elas também são


chamadas de receitas, né? E eu posso usá-las livremente na
minha horta?

Roberto: Isso, são as receitas, e, para usá-las, você tem que


ter bastante cuidado, Márcia. Mesmo que sejam naturais,
você deve cuidar com o período de carência e a procedência
de todos os produtos utilizados no preparo dessas receitas,
que devem ser estritamente orgânicos.

Márcia: Mas como posso saber se os produtos


são orgânicos?

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 63


Roberto: Atualmente, existem produtos registrados para
serem utilizados no controle de pragas e doenças em
sistemas orgânicos que seguem as normas contidas na
Portaria número cinquenta e dois, de dois mil e vinte e
um, do MAPA. Esses produtos podem ser adquiridos nas
agropecuárias e em cooperativas, mas sempre devem
ser utilizados a partir da recomendação técnica e da
certificadora, quando for o caso.

Márcia: E existem caldas feitas com produtos químicos que


eu posso usar?

Roberto: Existem sim. É possível utilizar alguns produtos


químicos, como as caldas sulfocálcica e bordalesa, que são
permitidas na agricultura orgânica, desde que observadas
as quantidades permitidas em cada cultura. Mas, além
desses, o controle biológico das pragas também é uma
técnica importante que pode ser utilizada nos sistemas
orgânicos, e são bem utilizadas em cultivos de frutas.

Márcia: Certo, Roberto! Muito obrigada pelas orientações!

Roberto: Imagina, conte sempre comigo!

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 64


Embora tenhamos várias
opções de manejo e
de controle de plantas
daninhas e pragas na
horticultura, é importante
consultar o técnico
especialista na produção
de hortaliças orgânicas.
Além disso, a horticultura
é uma atividade dinâmica e
que exige dos agricultores
constante observação e
realização de testes.
Apresentamos algumas
possibilidades de manejo,
mas a produção de
hortaliças orgânicas é tema
de muitos estudos, e muitas
técnicas novas surgem e
outras são aprimoradas. Por
isso, é sempre bom você se
manter atualizado!

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 65


Suas conquistas!
Você concluiu a leitura desta aula, e obteve mais uma conquista. Parabéns!

Siga com a leitura da aula 3!

Lembre-se de que, no AVA, você deve responder uma pergunta para


conquistar sua recompensa e, assim, desbloquear a aula seguinte. O
desbloqueio das aulas irá lhe garantir o selo do módulo, e somente
na tela de conclusão você poderá baixar o áudio contendo o resumo
Fica a dica no canal de podcast do Um Giro no Agro.
Ele é um excelente recurso para rever todos os temas do módulo
quando quiser!

Boa leitura!
Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 66
Regularização
da produção
orgânica de
hortaliças
Aula 3
Foto: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar
Nesta última aula do módulo 1, você irá compreender o processo de certificação da produção
orgânica de hortaliças no Brasil. Para isso, vamos elencar os tipos de sistemas de certificação
e identificar os desafios e as vantagens da certificação orgânica para a produção olerícola no
Brasil. Então, siga com a leitura!

O que é a regularização
da produção orgânica e os
diferentes sistemas existentes
Você já sabe a importância da certificação orgânica para a produção, certo? Mas como consegui-
la? Quais os passos a seguir para que a produção de hortaliças e de frutas produzidas seja MAPA
certificada? Veja a dica do Roberto para os primeiros passos!
Ministério da
Agricultura, Pecuária
e Abastecimento
Primeiramente, é importante decidir qual
é o tipo de certificação a ser utilizado. Na
maioria dos casos, será preciso buscar
uma instituição certificadora que tenha
Instituto
registro no MAPA e que seja credenciada Nacional de
pelo Instituto Nacional de Metrologia, Metrologia,
Fica a dica Normalização e Qualidade Industrial.
Entretanto, se o produtor já participa de Normalização
uma associação, cooperativa ou grupo e Qualidade
de agricultores, esse processo pode ser
compartilhado com os colegas. Industrial
Inmetro

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O produtor e seu grupo podem se cadastrar no MAPA para realizar a venda direta ao consumidor
sem a certificação. De toda forma, todos os agricultores devem ter o registro no Cadastro
Nacional de Produtores Orgânicos.
Atualmente, pelas modalidades previstas na Lei nº 10.831/2003, a certificação pode ser feita por
três maneiras. Conheça cada uma delas:

Certificação por auditoria


É realizada por uma certificadora, que pode
ser pública ou privada credenciada no MAPA.
Ela deverá possuir o organismo de avaliação
da conformidade (OAC) que irá fiscalizar e
orientar os produtores para atender os critérios
estabelecidos pela legislação brasileira.

Sistema Participativo de Garantia (SPG)


É realizado pela coletividade, quando
os membros de um grupo (podem ser
agricultores, técnicos, pesquisadores, etc.)
se responsabilizam pela autenticidade da
produção. Ela deve possuir, assim como a
auditada, um organismo de regulamentação e
fiscalização, que nesse caso é um Organismo
Participativo de Avaliação da Conformidade
(Opac) legalmente constituído, que responderá
pela emissão do selo.

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Controle Social na Venda Direta
Esse é um procedimento diferenciado para a certificação de agricultores familiares. Os
agricultores devem fazer parte de uma Organização de Controle Social (OCS) que esteja
cadastrada em um órgão fiscalizador.

Portaria
Para todos os casos, é necessário que os produtores tenham um Plano de Manejo Orgânico nº 52/2021
atualizado, conforme o Capítulo IV da Portaria nº 52/2021.
Trata-se de uma
portaria do MAPA.

O conteúdo a seguir está disponível em um vídeo no AVA,


na sessão Sistema orgânico em foco, e trata sobre o plano
de manejo e a certificação orgânica.

Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a


página do portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 70


Sistema orgânico em foco
Você sabe a importância do Plano de Manejo Orgânico?
O plano deve conter a relação de todos os insumos, das
atividades, das pessoas envolvidas nessas atividades, e dos
problemas e soluções encontrados para todos os cultivos da
propriedade.
É uma ótima forma de gerenciar a produção agrícola e
deixar tudo em ordem para receber as visitas frequentes dos
organismos de controle.
É importante manter o Plano de Manejo Orgânico atualizado Foto: Wenderson Araujo.
para que esses organismos consigam acompanhar suas Sistema CNA/Senar
atividades, agilizando o processo das certificadoras.
Por isso, é necessário que o agricultor anote todos os insumos
utilizados na produção agrícola para as hortaliças, grãos,
frutas e animais.
E quem pode autorizar o uso dos insumos permitidos na
produção de hortícolas?
Isso mesmo! O Organismo de Avaliação da Conformidade,
o OAC; o Organismo Participativo de Avaliação da
Qualidade Orgânica, o Opac; ou a Organização de Controle
Social, a OCS.
A autorização é feita por meio da avaliação da conformidade. Foto: Wenderson Araujo/Trilux.
Sistema CNA/Senar

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É muito importante consultar a instituição responsável pela
fiscalização sempre que for utilizar um insumo diferente, para
saber se é permitido ou não.
E é sempre bom lembrar que é possível que o agricultor migre
seu sistema de produção convencional para um orgânico.
Basta cumprir o período de conversão, que é um período
mínimo para que a propriedade ou partes dela se adaptem
às práticas da produção orgânica, para que seus produtos
possam ser classificados como orgânicos. É um período
exigido pela lei brasileira.
E o que isso significa na prática? Foto: Wenderson Araujo.
Sistema CNA/Senar
Para a produção de hortícolas, cujas culturas são anuais,
o manejo orgânico deve ser adotado por pelo menos doze
meses.
Para produção de frutas, cujas culturas são geralmente
perenes, a exigência mínima passa para dezoito meses.
Esse período é necessário para que a adaptação do sistema
de produção possibilite a produção orgânica.
Mas atenção! Esse período pode mudar, conforme a
determinação da OAC, da OCS ou da Opac, que podem exigir
um período maior.
Assim, durante esse período de conversão, as famílias Foto: Wenderson Araujo/Trilux.
agricultoras podem comercializar seus produtos, mas eles Sistema CNA/Senar
ainda não estarão com a certificação de produtos orgânicos.

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Nesse período, é importante aproveitar para que os
agricultores e trabalhadores realizem capacitações.
Assim, estarão cientes de todos os processos e insumos
permitidos pela legislação para a produção orgânica.
É um tempo de adaptação que os agricultores podem
aproveitar para testar técnicas e utilizar novos insumos
orgânicos que talvez nunca tenham usado, observando o seu
comportamento no solo e nas plantas.
Mas é possível encurtar esse processo com a conversão
parcial ou paralela da propriedade.
Foto: Wenderson Araujo.
A Márcia, por exemplo, optou pela conversão total. Assim, Sistema CNA/Senar
todas as atividades realizadas na propriedade deverão seguir
as normas da produção orgânica.
Mas, com a devida autorização da OAC, Opac ou da OCS,
ela pode optar pela conversão parcial, iniciando a produção
orgânica somente com a conversão da produção de
hortaliças.
A instituição avalia as distâncias entre as áreas orgânicas e as
não orgânicas, e como serão utilizados os insumos e a água
da propriedade.
Somente após a autorização é que o agricultor poderá
demarcar as áreas e seguir com a produção.
Foto: Wenderson Araujo/Trilux.
E é importante seguir a demarcação estabelecida para a horta Sistema CNA/Senar
orgânica. Os cultivos precisam ser visualmente diferentes.

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Então, quando a Márcia conseguiu estabelecer sua horta
orgânica, ela abandonou o manejo convencional. Isso quer
dizer que ela não pode alternar os estilos de produção.
Todos os insumos orgânicos devem ser armazenados em
locais distintos, e, de preferência, os equipamentos devem ser
exclusivos para o uso na produção orgânica.
Se não conseguir equipamentos exclusivos, é necessário
que haja uma limpeza antes do uso nas áreas de produção
orgânica.
Mas atenção! Pulverizadores precisam ser equipamentos
exclusivos para utilização na produção orgânica.
Foto: Wenderson Araujo.
A conversão parcial se torna mais possível quando a Sistema CNA/Senar
instituição percebe que o agricultor tem interesse em
certificar toda a área produtiva.
Sendo assim, a instituição deverá solicitar que os agricultores
registrem, no Caderno de Campo, todas as práticas
realizadas nas áreas convencionais.
Visando às boas práticas de produção, eliminação dos
transgênicos, a estimativa da produção em ambas as áreas
e a previsão do tempo que levará para a conversão total da
unidade de produção.

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Com a crescente demanda dos consumidores pela garantia na
procedência dos produtos orgânicos, o MAPA identificou que
triplicou o número de agricultores cadastrados em apenas
7 anos. Além disso, em 2021, são 36 OAC credenciados,
sendo 25 Sistemas Participativos de Garantia da Qualidade
Orgânica (SPG) e 11 certificadoras por auditoria.

Os desafios e as vantagens da
certificação orgânica de hortaliças
no Brasil
Na mesma tendência da produção orgânica no geral,
a certificação orgânica de hortaliças apresenta muitas
potencialidades no Brasil, mas também alguns desafios a
serem superados. Assim, listamos alguns deles, presentes
em documentos oficiais e que retratam um pouco do cenário
da certificação dos orgânicos, no Brasil.

Foto: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar

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Vamos começar analisando algumas potencialidades:

Segurança ao Segurança ao consumidor, de que ele está adquirindo


e consumindo alimentos produzidos em sistemas de
consumidor produção orgânicos.

Boa Boa remuneração, pois são agregados valores em torno de


Remuneração 30% a mais do que os convencionais.

Exigência na Mercado consumidor crescente e exigente quanto à


Qualidade qualidade e procedência.

Fácil Aceito em vários canais de comercialização, como feiras,


Comercialização supermercados, venda direta, entre outros.

Maior segurança para o produtor pela presença da


Segurança certificadora ou da OAC, que o norteia quanto aos insumos
ao produtor que devem ou não ser utilizados na produção orgânica.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 76


Entretanto, nem tudo está resolvido! A regularização da produção orgânica no Brasil ainda
enfrenta uma série de desafios, tais como:

As instruções
Altos custos da
normativas e demais Dificuldade
Dificuldade em certificação, por
regulamentações de encontrar
se adequar à isso, os sistemas
podem ser confusas insumos, como as
complexidade participativos
e complexas para os sementes orgânicas
técnica e à utilização podem ser uma
agricultores, tanto e fertilizantes
de novos insumos. alternativa, pois têm
na sua interpretação permitidos.
custos mais baixos.
quanto na prática.

Cabe lembrar que a legislação para a produção orgânica no Brasil é muito recente, e a primeira
lei que trata especificamente do tema só foi promulgada em 2003. De lá para cá, muito se
avançou: houve a criação de inúmeras entidades responsáveis pelo processo de certificação;
foram baixadas instruções normativas regulatórias; e foi fortalecida a estrutura do poder público
para gerir a fiscalização e o cadastramento do setor. Além disso, a extensão rural e a pesquisa
contribuem de várias maneiras para o enfrentamento dos problemas do campo, que são cada vez
mais desafiadores.

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Suas conquistas!
Você finalizou a leitura do módulo 1, e já pode seguir adiante para concluir o tema. Veja todo o
seu percurso durante o estudo:

Lembre-se de que, no AVA, você deve responder uma


pergunta para conquistar sua recompensa e, assim,
desbloquear a aula seguinte. O desbloqueio das aulas irá lhe
garantir o selo do módulo, e somente na tela de conclusão
Fica a dica você poderá baixar o áudio contendo o resumo no canal de
podcast do Um Giro no Agro.

Ele é um excelente recurso para rever todos os temas do


módulo quando quiser!

Avance para concluir o módulo!


Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 78
Conclusão
Módulo 1
Chegamos ao fim do primeiro módulo do nosso curso!
Nele, você aprendeu que o planejamento é uma etapa fundamental para a produção orgânica
de hortaliças, pois permite estimar quais serão os insumos utilizados e qual será o período
de colheita.
Conheceu também as etapas que fazem parte desse importante momento do pré-plantio, como
planificar o preparo da horta, desde a sua delimitação até a construção dos canteiros, a escolha
das mudas e sementes. Além disso, é possível estimar quais serão os passos após a colheita,
com a identificação do canal de comercialização e das necessidades do mercado consumidor,
bem como do beneficiamento dos produtos.
Você também pôde compreender quais são as especificidades da fase de produção orgânica
das hortaliças, analisando os cuidados com o solo e a promoção de práticas conservacionistas
que são fundamentais para o sucesso da produção. Viu também que, sem a adubação orgânica,
não haveria produção de hortaliças orgânicas e as formas de manejo integrado das plantas,
para assim promover a diversidade e algumas formas de controle de plantas daninhas, pragas e
doenças de forma ecológica.
Por fim, você conheceu os principais tipos de processos de certificação, a importância do
plano de manejo da produção orgânica e a necessidade do período de conversão, além das
potencialidades e desafios da produção orgânica de hortaliças no Brasil.

E lembre-se de que, na tela de conclusão do AVA, você


poderá baixar sua recompensa por suas conquistas – o
áudio contendo o resumo no canal de podcast do Um Giro
no Agro, cujo tema é: Produção de hortaliças em sistemas
orgânicos! Acesse e garanta a sua recompensa!

A seguir, você poderá analisar as questões da Atividade de Aprendizagem do módulo 1.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 80


Atividade de
aprendizagem
Módulo 1

Fotos: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar


Que tal rever os principais assuntos abordados antes de testar os seus conhecimentos?

No AVA, você pode acompanhar a revisão em um vídeo, não


deixe de assistir!

E atenção! O conteúdo do módulo 2 só será liberado após a


conclusão da atividade dentro do AVA. 

As respostas devem ser enviadas obrigatoriamente por lá.


Dessa forma, você terá um feedback confirmando se você
respondeu corretamente ou se deverá tentar novamente.
Depois da segunda tentativa, a resposta correta será
apresentada.

Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a


página do Portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado.

Retrospectiva da produção orgânica


O primeiro passo para uma produção de hortaliças
orgânicas é definir o objetivo da produção, os produtos e as
quantidades.
A forma mais comum de canteiro nas hortas é a retangular,
mas as circulares vêm conquistando espaço.
Para facilitar o manuseio, você não deve fazer canteiros muito
longos e largos.

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E o mais comum nas hortas é a irrigação por gotejamento,
que é direcionada ao solo; e por aspersão, que simula uma
chuva; mas também pode ser feita de forma manual.
Atenção ao nivelamento do terreno, pois a drenagem da
água é importante para evitar erosão do solo em casos de
fortes chuvas.
É recomendado que sementes e mudas sejam produzidas
sem tratamento, ou, caso necessário, que o tratamento seja
feito com produtos autorizados na legislação brasileira para a
produção orgânica.
Com uma horta bem planejada, é preciso focar na produção!
Considere as espécies e as cultivares a serem utilizadas, pois
elas devem estar adequadas à sua região e a época de plantio.
As hortaliças apresentam ciclos curtos, o que permite fazer,
ao longo do ano, diversos plantios no mesmo espaço.
Para a definição do plantio, é recomendado considerar quando
se pretende colher, e para onde irá destinar o seu produto.
A etapa de pós-colheita, ou beneficiamento, é dividida em
seleção, limpeza, classificação, embalagem e resfriamento.
Explore as práticas conservacionistas do solo, como
a compostagem, a vermicompostagem, a cobertura
permanente do solo e a adubação verde.
A maioria das cultivares de hortaliças não tolera solos ácidos.
A faixa ideal de pH varia de 5,5 a 6,5, e pode ser necessária a
correção antes do plantio, a calagem.

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Não é permitido o uso de fertilizantes químicos; somente
podem ser usados os orgânicos, minerais naturais e os
biofertilizantes.
A técnica mais comum de controle das plantas daninhas é a
capina ou a retirada manual. Herbicidas químicos jamais, pois
não são permitidos por lei!
Fique ligado nos produtos para o controle de pragas e
doenças, pois estão registrados na Portaria do MAPA
número 52 de 2021.
Agora, vamos falar do Plano de manejo orgânico, ferramenta
muito importante para o processo de certificação do produto
orgânico.
Esse plano deve conter todos os insumos, as atividades e
seus envolvidos, os problemas e soluções encontrados para
todos os cultivos da propriedade.
A Lei número 10.831, de 2003, apresenta que a certificação
pode ser feita por três maneiras.
Certificação por auditoria, o Sistema Participativo de
Garantia e o Controle Social na Venda Direta.
Vale lembrar que é possível migrar de um sistema de
produção convencional para um orgânico, cumprindo o
período de conversão.
E, com a devida autorização, a conversão poderá ainda ser
parcial.

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Certo, agora que você reviu o tema, leia os enunciados com atenção, e analise a informação trazida em
cada alternativa.
Trouxemos as perguntas para cá. Assim, caso precise, antes de responder no AVA, você poderá rever o
conteúdo estudado.

1. O amigo da produtora Márcia, Carlos, ouve muitas notícias sobre a produção orgânica e tem
vontade de começar a sua horta sob o sistema orgânico. O técnico Roberto lhe comentou
sobre as vantagens, mas o alertou para os desafios que poderá encontrar. Dentre as
alternativas, identifique o desafio para a produção orgânica que Carlos poderá ter.

a. Promoção da saúde, com alimentos que não usam defensivos agrícolas.


b. Produtos da sociobiodiversidade.
c. Disponibilidade de insumos orgânicos de qualidade e em quantidade.
d. Mercado em expansão.

2. Márcia vai às feiras comercializar seus produtos uma vez por semana, aos sábados. Ela
irá preparar todos os produtos e colher a maioria deles na sexta-feira. Quais cuidados, no
momento do planejamento, ela deve ter para que ela possua produtos disponíveis para
atender aos consumidores regularmente, ou seja, aqueles que influenciarão o tempo para a
colheita dos produtos?

a. Utilizar cultivares adequadas ao clima e à época do ano, estabelecer plantios intercalados no


tempo e que prevejam a colheita no fim da semana.
b. Cuidar com o tipo de solo a ser utilizado, pois o tipo de solo vai determinar o sucesso da
produção.
c. A época do ano e o clima irão determinar o desenvolvimento das plantas. Por isso, precisam
ser planejadas para serem cultivadas nas épocas com maior insolação e épocas mais
quentes.
d. O beneficiamento irá determinar o momento que os produtos estarão disponíveis, pois é
preciso evitar o tempo de resfriamento das hortaliças.

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3. Márcia precisa encontrar um fertilizante que possa ser utilizado na produção orgânica das
hortaliças, já que os químicos não são permitidos. Essa será uma tarefa difícil, já que na
casa agropecuária onde costuma ir há poucos produtos que são permitidos pela legislação
brasileira para o sistema orgânico. No catálogo da agropecuária, há algumas opções que
estão listadas nas alternativas abaixo. Qual das opções Márcia poderia adquirir e utilizar nas
hortaliças orgânicas?

a. Fosfato natural, calcário e pó de rocha.


b. Biofertilizante, NPK e esterco compostado.
c. Húmus de minhoca, farinha de osso e ureia granulada.
d. Calcário, composto orgânico e torta de soja transgênica.

4. Márcia teve problemas com ataque de pragas na horta, e procurou o técnico Roberto que
comentou que ela precisa realizar o manejo integrado de plantas para reduzir a ocorrência
de pragas e doenças, além de sugerir algumas medidas de controle das pragas. Dentre as
alternativas, qual foi a correta instrução que o técnico lhe passou?

a. Os produtos inseticidas naturais estão todos liberados para o uso na produção orgânica, por
serem oriundos, em geral, de plantas e não de produtos químicos.
b. Nim, timbó, alho e citronela são plantas que possuem a capacidade de controlar pragas
nas hortas, por possuírem princípios ativos que os repelem. Entretanto, possuem restrições
para uso in natura, sendo apenas liberados para a produção orgânica na formulação de
bioinseticidas comerciais.
c. O desenvolvimento de um sistema de produção bem diversificado, com o consórcio de
hortaliças, o aproveitamento dos espaços verticais, a introdução de plantas aromáticas e
medicinais, visando promover uma integração entre eles.
d. As principais pragas encontradas em hortas são as aves, alguns mamíferos e répteis, que
podem causar grandes danos à produção. Por isso, o controle deve ser realizado com iscas e
armadilhas, sendo pouco eficiente o uso de repelentes inseticidas para o controle de pragas
nas hortas.

Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 86


5. Agora, Márcia está indo muito bem com a produção orgânica. Ela atualmente produz
verduras e comercializa apenas na feira às sextas-feiras, e faz cestas de entrega domiciliar
todas as terças. Entretanto, alguns consumidores começaram a questionar sobre a
procedência dos produtos. Ela se informou e encontrou uma forma de certificação da
produção orgânica, mais econômica, e que poderá obter o selo do SisOrg. Ela precisará
encontrar uma instituição que possua uma Opac e participar de um grupo que irá realizar a
fiscalização dos demais. Qual forma de certificação Márcia está buscando?

a. Controle Social na Venda Direta.


b. Plano de manejo.
c. Certificação por auditoria.
d. Sistema Participativo de Garantia.

Parabéns!
Você finalizou a análise da atividade
de aprendizagem.

1 Siga em frente para o módulo 2.

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