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alimentos em
sistemas orgânicos
Carga horária: 35 h
2021– Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar
1ª. Edição – 2021
Encerramento.................................................................................................................................... 210
Roberto
O Roberto é um técnico de campo do Senar, e irá apoiar
Márcia e Vítor sanando algumas dúvidas e compartilhando
sugestões.
Márcia
A Márcia é uma produtora da agricultura familiar de
hortaliças e frutas.
Vítor
E Vítor cria galinhas e é um produtor de ovos orgânicos.
Esperamos que este curso traga os conhecimentos necessários para que você se inspire e possa
realizar a produção orgânica de alimentos, atendendo as normativas.
As hortaliças podem ser raízes, bulbos, tubérculos, hastes, flores, frutos e folhas que são
utilizados como alimento de um conjunto de cerca de 100 espécies agrícolas; essas hortaliças são
conhecidas como verduras e legumes. Elas são ricas em vitaminas, minerais e fibras, e contribuem
para aumentar o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas por suas propriedades funcionais.
A produção orgânica de
alimentos no Brasil, suas
vantagens e os desafios
A agricultura orgânica, mesmo pequena quando comparada à agricultura convencional,
apresenta um grande potencial, pois a demanda nacional por esses produtos tende a crescer. Ipea
Dados divulgados pelo Ipea, em 2020, e considerando dados de 2000 a 2017, demonstram que Instituto de Pesquisa
o setor tem crescido anualmente cerca de 11%, impulsionado especialmente pela demanda dos Econômica Aplicada
países europeus, da América do Norte e da China.
Vítor: Nossa, que legal! Isso eu não sabia! E você sabe que
nossa produção orgânica atende especialmente o mercado
interno? Mas parte dos produtos brasileiros também são
destinados à Europa e América do Norte.
A qualidade da água disponível para a produção orgânica também é outro fator limitante, pois
não depende apenas dos produtores orgânicos, mas sim de toda a comunidade. Além disso, a
assistência técnica especializada na produção orgânica e a dificuldade em realizar a certificação
desses produtos são apontados como desafios, especialmente para os pequenos produtores.
Por essas razões, este curso servirá para que você conheça um pouco mais sobre a agricultura
orgânica e, assim, consiga enfrentar os desafios.
Por esse tipo de agricultura apresentar, em geral, ciclo curto, e ser perecível em curto prazo, é
necessário que o produtor organize e planeje muito bem as atividades que deverá desempenhar.
Por isso, o primeiro passo é definir o objetivo da produção – se para atender o consumo familiar,
para ser comercializado, ou para ambos.
Gotejamento
A irrigação por gotejamento é direcionada ao solo,
próxima às raízes das plantas, e evita o desperdício
de água. Entretanto, se não for bem planejada, pode
promover o encharcamento dos solos e favorecer
o desenvolvimento de fungos e bactérias de solo,
problema grave para as hortaliças. Portanto, atenção!
Aspersão
A irrigação por aspersão promove a irrigação
simulando uma chuva, que pode não ser interessante
naqueles lugares onde a evapotranspiração é alta,
pois haverá excessiva perda de água. É muito utilizada
para a produção de mudas. Além disso, pode ser
prejudicial para algumas plantas, pois pode promover a
proliferação de fungos e bactérias nos frutos e folhas.
Mas o que tudo isso tem a ver com as colheitas? Para a definição do plantio, é recomendado
considerar alguns aspectos. Conheça-os:
Por esse motivo relatado por Márcia, é importante conhecer a época recomendada de plantio e
a duração do ciclo das culturas e suas cultivares para realizar o planejamento da produção. Veja
na lista abaixo uma relação das épocas de plantio para algumas das hortaliças e plantas que
podem ser utilizadas na horta.
CULTURA FAMÍLIA ÉPOCA PLANTIO CICLO CULTURA FAMÍLIA ÉPOCA PLANTIO CICLO
Início Fim Dias Início Fim Dias
2 Almeirão 1 Compositae Ano todo 120 16 Aveia 7 Gramineae março maio 180
3 Couve 2 Brassicaceae março junho 100 17 Tomate 8 Solanaceae Ano todo 150
4 Brócolis 2 Brassicaceae fevereiro junho 230 18 Pimentão 8 Solanaceae Ano todo 160
5 Repolho 2 Brassicaceae fevereiro julho 130 19 Jiló 8 Solanaceae setembro fevereiro 190
6 Couve-Flor 2 Brassicaceae março junho 140 20 Cenoura 9 Umbelliferae março julho 140
8 Espinafre 3 Chenopodiaceae fevereiro julho 50 22 Feijão Vagem 10 Leguminosae agosto abril 110
13 Cebola 5 Liliaceae março junho 120 27 Mucuna 10 Leguminosae setembro janeiro 110
14 Quiabo 6 Malvaceae agosto março 230 28 Ervilha Peluda 10 Leguminosae março junho 140
O agricultor deve atentar para o ciclo das plantas, que varia conforme a cultivar utilizada e época
de plantio. Algumas plantas toleram bem um atraso na colheita, como batata doce e moranga.
A colheita deve entrar no planejamento também, pois, em alguns casos, demanda mão de obra e
alguns cuidados para ser comercializada. É necessário prever como os produtos serão colhidos e
onde serão comercializados, para que então seja definido como esses produtos serão levados até
o mercado consumidor. Essa etapa de cuidados pós-colheita é chamada de:
Seleção e limpeza
A seleção é realizada no momento da colheita, quando os produtos são retirados da
horta e alojados em caixas, que podem ser as mesmas utilizadas na entrega.
A limpeza é a etapa que requer maiores cuidados, e compreende as atividades de
retirada de terra das raízes e tubérculos, a retirada das folhas mais velhas das folhosas,
a retirada das folhas de algumas raízes, como a cenoura e beterraba, entre outros.
Esses cuidados fazem toda a diferença na aparência do produto a ser entregue para o
consumidor e, por isso, são bem importantes e devem estar previstos no planejamento.
Classificação e embalamento
A classificação dos produtos e o embalamento são necessários para algumas
espécies, como os pequenos frutos (tomate-cereja, por exemplo) que devem ser
acomodados em caixas para não sofrerem esmagamento. Outros produtos requerem a
colocação de embalagens plásticas, isopor ou caixas de papel, especialmente quando
serão comercializados em supermercados, devidamente identificados com o logo da
propriedade e os selos da certificação orgânica.
Bons estudos!
Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 34
Solo, insumos
e manejo na
produção de
hortaliças
orgânicas
Aula 2
Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar
Na aula anterior, você conheceu quais os elementos a serem
abordados no planejamento da produção de hortaliças
orgânicas; agora, iremos aprofundar o conhecimento em
relação à produção desses produtos.
Partindo de exemplos reais e de estudos relacionados ao
tema, você saberá como são executadas as práticas de
manejo ecológico do solo, os diferentes tipos de adubação,
insumos e defensivos agrícolas utilizados e permitidos pela
Legislação na produção orgânica de hortaliças.
Compostagem
A compostagem é uma das melhores maneiras, mais econômicas e fáceis para o
produtor garantir a oferta de matéria orgânica nos solos, e ainda promove o retorno dos
nutrientes ao sistema produtivo, ou seja, sua reciclagem.
Matéria orgânica
Na técnica da compostagem, a matéria orgânica é resultante da decomposição de
resíduos animais ou vegetais pelos microrganismos decompositores, o que favorece o
desenvolvimento das mais variadas formas de vida no solo.
Nutrientes
A compostagem é responsável também pela disponibilização de muitos nutrientes para
as plantas, além de contribuir para melhorar a estrutura dos solos, ou seja, a porosidade,
a quantidade e disposição de ar no solo, a sua densidade e a capacidade de infiltração
ou retenção de água.
Interessante a técnica explicada por Roberto, não é mesmo? Mas ainda existem outras práticas
conservacionistas, e você pode conhecê-las melhor analisando mais algumas informações:
A adubação na produção
orgânica de hortaliças
A adubação é muito importante para qualquer
atividade agrícola, e isso não é diferente na produção
orgânica. Porém, é necessário se atentar para algumas
particularidades que podem ser vistas na sessão a seguir,
ou no AVA, em um vídeo muito interessante.
Ao mesmo tempo que a cenoura ou o rabanete aproveitam o crescimento embaixo do solo, as alfaces se
desenvolvem acima do solo.
Cebolinha
Pepino Salsa Alface Beterraba Berinjela Brócolis Repolho
Verde
Repolho Cenoura Repolho Cebola Alface Vagem Pimentão Tomate
A promoção da diversidade também pode facilitar os efeitos aleloquímicos, que são substâncias
químicas que algumas plantas liberam, podendo afetar positivamente ou negativamente outras
plantas. Por isso, a agricultura orgânica se aproveita dessas características, visando ao controle
de pragas e doenças e também de plantas daninhas.
Algumas plantas possuem substâncias químicas que agem como repelentes para as pragas, e Picão preto
são recomendadas para o plantio ou a produção de inseticidas naturais. As principais pragas Bidens pilosa L
encontradas em hortas são os pulgões, lagartas, formigas e lesmas.
Os extratos ou os óleos de algumas plantas também podem ser utilizados no controle, desde
que diluídos e provenientes de sistemas orgânicos de produção.
Veja alguns exemplos de plantas repelentes e que podem ser utilizadas na produção orgânica
de hortaliças.
Nim ou neem
Azadirachta indica
Indicada no combate de traças, lagartas, pulgões, gafanhotos, etc., sendo uma das
plantas de maior potencial no controle de pragas.
Cinamomo
Melia azedarach
Tem ação e indicação semelhante ao Nim.
Fumo e Timbó
Fumo
Nicotiana tabacum
É indicada para o controle de insetos como pulgões, lagartas, entre outros. A nicotina
pode ser tóxica para os seres humanos e, por isso, algumas certificadoras exigem um
período de carência para a aplicação.
Timbó
Ateleia glazioveana
Utilizada no controle de ácaros e de formigas.
Citronella
Cymbopogon winterianus
Repelente para a maioria dos insetos.
Alho
Allium sativum
Indicada no controle de insetos. Pelo seu cheiro e gosto forte, deve ser utilizada
seguindo um período de carência.
Boa leitura!
Módulo 1 – Produção de alimentos em sistemas orgânicos pg. 66
Regularização
da produção
orgânica de
hortaliças
Aula 3
Foto: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar
Nesta última aula do módulo 1, você irá compreender o processo de certificação da produção
orgânica de hortaliças no Brasil. Para isso, vamos elencar os tipos de sistemas de certificação
e identificar os desafios e as vantagens da certificação orgânica para a produção olerícola no
Brasil. Então, siga com a leitura!
O que é a regularização
da produção orgânica e os
diferentes sistemas existentes
Você já sabe a importância da certificação orgânica para a produção, certo? Mas como consegui-
la? Quais os passos a seguir para que a produção de hortaliças e de frutas produzidas seja MAPA
certificada? Veja a dica do Roberto para os primeiros passos!
Ministério da
Agricultura, Pecuária
e Abastecimento
Primeiramente, é importante decidir qual
é o tipo de certificação a ser utilizado. Na
maioria dos casos, será preciso buscar
uma instituição certificadora que tenha
Instituto
registro no MAPA e que seja credenciada Nacional de
pelo Instituto Nacional de Metrologia, Metrologia,
Fica a dica Normalização e Qualidade Industrial.
Entretanto, se o produtor já participa de Normalização
uma associação, cooperativa ou grupo e Qualidade
de agricultores, esse processo pode ser
compartilhado com os colegas. Industrial
Inmetro
Portaria
Para todos os casos, é necessário que os produtores tenham um Plano de Manejo Orgânico nº 52/2021
atualizado, conforme o Capítulo IV da Portaria nº 52/2021.
Trata-se de uma
portaria do MAPA.
Os desafios e as vantagens da
certificação orgânica de hortaliças
no Brasil
Na mesma tendência da produção orgânica no geral,
a certificação orgânica de hortaliças apresenta muitas
potencialidades no Brasil, mas também alguns desafios a
serem superados. Assim, listamos alguns deles, presentes
em documentos oficiais e que retratam um pouco do cenário
da certificação dos orgânicos, no Brasil.
As instruções
Altos custos da
normativas e demais Dificuldade
Dificuldade em certificação, por
regulamentações de encontrar
se adequar à isso, os sistemas
podem ser confusas insumos, como as
complexidade participativos
e complexas para os sementes orgânicas
técnica e à utilização podem ser uma
agricultores, tanto e fertilizantes
de novos insumos. alternativa, pois têm
na sua interpretação permitidos.
custos mais baixos.
quanto na prática.
Cabe lembrar que a legislação para a produção orgânica no Brasil é muito recente, e a primeira
lei que trata especificamente do tema só foi promulgada em 2003. De lá para cá, muito se
avançou: houve a criação de inúmeras entidades responsáveis pelo processo de certificação;
foram baixadas instruções normativas regulatórias; e foi fortalecida a estrutura do poder público
para gerir a fiscalização e o cadastramento do setor. Além disso, a extensão rural e a pesquisa
contribuem de várias maneiras para o enfrentamento dos problemas do campo, que são cada vez
mais desafiadores.
1. O amigo da produtora Márcia, Carlos, ouve muitas notícias sobre a produção orgânica e tem
vontade de começar a sua horta sob o sistema orgânico. O técnico Roberto lhe comentou
sobre as vantagens, mas o alertou para os desafios que poderá encontrar. Dentre as
alternativas, identifique o desafio para a produção orgânica que Carlos poderá ter.
2. Márcia vai às feiras comercializar seus produtos uma vez por semana, aos sábados. Ela
irá preparar todos os produtos e colher a maioria deles na sexta-feira. Quais cuidados, no
momento do planejamento, ela deve ter para que ela possua produtos disponíveis para
atender aos consumidores regularmente, ou seja, aqueles que influenciarão o tempo para a
colheita dos produtos?
4. Márcia teve problemas com ataque de pragas na horta, e procurou o técnico Roberto que
comentou que ela precisa realizar o manejo integrado de plantas para reduzir a ocorrência
de pragas e doenças, além de sugerir algumas medidas de controle das pragas. Dentre as
alternativas, qual foi a correta instrução que o técnico lhe passou?
a. Os produtos inseticidas naturais estão todos liberados para o uso na produção orgânica, por
serem oriundos, em geral, de plantas e não de produtos químicos.
b. Nim, timbó, alho e citronela são plantas que possuem a capacidade de controlar pragas
nas hortas, por possuírem princípios ativos que os repelem. Entretanto, possuem restrições
para uso in natura, sendo apenas liberados para a produção orgânica na formulação de
bioinseticidas comerciais.
c. O desenvolvimento de um sistema de produção bem diversificado, com o consórcio de
hortaliças, o aproveitamento dos espaços verticais, a introdução de plantas aromáticas e
medicinais, visando promover uma integração entre eles.
d. As principais pragas encontradas em hortas são as aves, alguns mamíferos e répteis, que
podem causar grandes danos à produção. Por isso, o controle deve ser realizado com iscas e
armadilhas, sendo pouco eficiente o uso de repelentes inseticidas para o controle de pragas
nas hortas.
Parabéns!
Você finalizou a análise da atividade
de aprendizagem.