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12/10/2017 A Aposta Resumo| Paul Sabin | PDF Download | MP3 Audio Book

Livro
A Aposta
Paul Ehrlich, Julian Simon e a aposta sobre o
futuro da Terra
Paul Sabin
Yale UP, 2013
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Um debate sobre o ambientalismo


que ajudou a moldar a história
política e econômica dos Estados
Unidos.

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Avaliação 

8
7 Importância
8 Inovação
8 Estilo

Recomendação
Neste texto instigante, o professor Paul Sabin revisita o último meio século de debates sobre o meio ambiente nos Estados Unidos e
as políticas partidárias que o rodeiam. Ele examina a história sob a lente de uma aposta famosa entre o biólogo Paul Ehrlich e o
economista Julian Simon, ambos atores importantes na questão ambiental, em especial Ehrlich, que ajudou a moldá-la, bem como
a simbologia das diferentes posições políticas que surgiram em torno do tema. Sabin cobre o assunto de forma dramática, o que
demonstra a importância do contexto e da retórica em qualquer grande debate público. Se o livro tem um ponto fraco, é que o foco
de Sabin pode parecer, como o próprio contexto da aposta, uma apologia à história dos grandes homens. A getAbstract recomenda
esta exploração bastante envolvente aos interessados em temas relacionados ao ambientalismo, política, ideologia do livre mercado,
história dos EUA e ao futuro do planeta.

Neste resumo, você vai aprender:

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• Qual o significado da famosa aposta entre o biólogo Paul Ehrlich e o economista Julian Simon;
• Como esta aposta resume a história do debate sobre o meio ambiente nos Estados Unidos; e
• Que lições podem ser tiradas da aposta e das discussões entre os dois pensadores.

Ideias Fundamentais
• O economista Julian Simon e o biólogo Paul Ehrlich simbolizam os “dois polos” do debate nos anos 1970 sobre o meio
ambiente e o futuro da humanidade.
• Ehrlich ajudou a fomentar e moldar o receio geral quanto à superpopulação.
• O seu argumento tratava a humanidade como uma espécie entre muitas, com base nos seus estudos sobre biologia populaci-
onal.
• Ehrlich ajudou a promover o movimento ambientalista.
• Quando surgiram as primeiras preocupações ambientais, estas foram abraçadas por pessoas dos mais diversos espectros
políticos.
• Simon argumentava que a tecnologia e a economia de mercado permitiriam que as pessoas se adaptassem a desafios como o
crescimento da população; elas não seriam, portanto, uma ameaça para o meio ambiente.
• Em 1980, Simon e Ehrlich fizeram uma aposta relativa aos seus posicionamentos; a aposta foi se os preços de cinco metais
importantes subiriam ou cairiam nos 10 anos seguintes.
• Os conservadores se armaram dos argumentos de Simon para atacar os ambientalistas.
• O ambientalismo ficou relegado ao Partido Democrático.
• Simon venceu a aposta, mas teria perdido se eles tivessem apostado em outras commodities.

A crise e o conflito
Na década de 1960, a iminência da superpopulação disseminou o medo no coração das pessoas. O professor de biologia de Stanford
Paul Ehrlich deu forma a essa preocupação através do seu bestseller de 1968 The Population Bomb. Ele argumentava que milhões
“iriam morrer de fome”. Ehrlich foi um porta-voz bem articulado da devastação em massa. As suas inúmeras aparições públicas,
incluindo uma visita ao The Tonight Show em 1970, ajudaram a catalisar o movimento ambientalista emergente.

Muitos acharam os avisos de Ehrlich convincentes; outros não estavam tão convencidos. O economista Julian Simon considerava as
alegações de Ehrlich um exagero. Para Simon, Ehrlich havia compreendido mal a capacidade de solução da adaptação econômica e
dos avanços tecnológicos, incluindo muitos citados por Ehrlich nas suas previsões terríveis. Simon ofereceu alternativas inteligentes
para as profecias de Ehrlich. Os dois especialistas simbolizavam os “dois polos” do debate dos anos 1970 sobre o meio ambiente e o
futuro da humanidade. Estes pontos de vista conflitantes agitavam a política daquele período, causaram grande impacto na mídia e
continuam ainda hoje a moldar a opinião pública.

Paul Ehrlich
Ainda adolescente, Paul Ehrlich demonstrou grande interesse pela ciência, uma tendência para a organização e capacidade de
publicar os seus pensamentos. Quando entrou na Universidade da Pensilvânia em 1949, Ehrlich focou em biologia. Os livros Our
Plundered Planet de Fairfield Osborn e O Caminho da Sobrevivência de William Vogt influenciaram o seu percurso universitário.
As advertências sobre a superpopulação e a escassez crescente de recursos provocaram Ehrlich. Ele direcionou os seus estudos
sobre a diversidade das espécies e sua relação com a humanidade com o meio ambiente. O envolvimento de Ehrlich com o Northern
Insect Survey nos verões de 1951 e 1952 o levou para o Ártico e Subártico canadense. Ehrlich fez a sua pós-graduação na Universi-
dade de Kansas, onde conheceu e se casou com Anne Howland. Embora Anne nunca tenha se formado, trabalhou em estreita
colaboração com o seu marido, tanto na elaboração de textos como em muitos desenhos para o seu livro How to Know the
Butterflies.

Em 1959, Ehrlich começou a ensinar na Universidade de Stanford, na Califórnia, onde permaneceria por 50 anos. Ele estudou ex-
tensivamente a biologia de populações, escrevendo dezenas de publicações científicas. Ehrlich se juntou a uma geração de biólogos
pós II Guerra Mundial que acabaram inserindo o seu trabalho no cenário político. Ehrlich foi para a Austrália através de uma bolsa
e visitou a Índia, Camboja e Tailândia, onde encontrou níveis de pobreza “infernais” e avassaladores. Ehrlich se perguntava se o
mundo estava superpovoado. Ele expandiu os seus conhecimentos sobre os “sistemas biológicos”, somente para concluir que a

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humanidade havia superado seu nicho ecológico e que, sem alterações, estaria condenada. As projeções de Ehrlich ganharam
grande exposição e conquistaram inúmeros simpatizantes. No entanto, nem todos aceitaram as suas conclusões. Logo surgiu uma
alternativa com uma visão contrária.

Julian Simon
Julian Simon foi uma das primeiras figuras públicas a expressar essa opinião contrária. Como muitos, Simon havia apoiado a ideia
do controle populacional. Ao pesquisar profundamente a questão, mudou de opinião e chegou a conclusões surpreendentes,
segundo ele. Simon combinou a análise econômica com uma perspectiva tecnológica para examinar as atividades humanas em um
quadro mais amplo e mais positivo. Simon não acreditava que a humanidade seria limitada pela natureza. Para ele, a natureza era
apenas um fator na economia e que as atividades de mercado iriam suprir as demandas por recursos.

Simon frequentou Harvard com uma bolsa militar e precisava trabalhar ao mesmo tempo em que frequentava as aulas. Depois de se
formar em psicologia experimental, serviu na Marinha dos EUA e viajou muito, observando as mudanças econômicas em primeira
mão. Em seguida trabalhou no setor de publicidade antes de obter um doutorado em economia pela Universidade de Chicago, onde
os economistas Friedrich Hayek e Milton Friedman desbravaram novas vertentes do pensamento de livre mercado. Eles argumen-
tavam que a liberdade e a prosperidade estavam interligadas, assim como a regulamentação e a tirania.

Durante esse período, casou-se com Rita James. Após a faculdade, eles se mudaram para Nova York e Simon tentou vários
negócios, inclusive escreveu um livro sobre mala direta. Com saudades do pensamento focado e do um ambiente acadêmico, Simon
foi ensinar marketing na Universidade de Illinois-Urbana. Essa mudança marcou um período negro na sua vida: ele sofreu de
depressão por 13 anos. Os seus trabalhos acadêmicos amenizavam os sintomas da doença. Contudo, um desentendimento com o
seu departamento o levou a transferir-se de marketing para administração de empresas. Ao mudar de departamentos acabou
buscando outro tópico de pesquisa, o crescimento populacional.

Simon acreditava inicialmente, assim como Ehrlich, que o crescimento da população colocava em perigo a sobrevivência da
humanidade. No entanto, os estudos de Simon sobre as taxas de natalidade e fertilidade levaram a diferentes hipóteses. Ele
descobriu que o crescimento da população beneficiava a economia e a sociedade. Simon gostava de fazer perguntas difíceis e buscou
respostas ao examinar uma grande quantidade de dados. A origem da aposta entre Simon e Ehrlich nasceu da história familiar de
Simon: o seu pai era rigoroso e não tolerava ser questionado, portanto o jovem Simon costumava desafia-lo: “Quer apostar?”. No
fundo, muitos aspectos da personalidade de Simon eram semelhantes aos de Ehrlich.

Os limites do crescimento
Conforme Simon desafiava os temores quanto ao crescimento da população, Ehrlich e o movimento ambientalista aprofundaram as
suas advertências. O Clube de Roma, um “grupo internacional de empresários, cientistas e líderes políticos”, publicou em 1972 o
estudo The Limits to Growth, o qual utilizava uma modelagem computacional complexa para argumentar que o crescimento da
população humana e do consumo extremo dos recursos apontava para um futuro desastroso. O temor de que a humanidade estaria
“ultrapassando” os seus limites se tornou palpável em 1973, quando a OPEP cortou a produção de petróleo e a escassez resultante
afetou drasticamente a economia americana.

Preocupações ambientais
Muitas pessoas pensaram que os EUA – e talvez de toda a humanidade – haviam chegado ao limite do crescimento econômico e
entrado em um período de austeridade. Ehrlich testemunhou nas audiências do Senado dos EUA sobre a escassez de recursos. Os
políticos dos dois maiores partidos abraçaram a ameaça ambiental como real. Quando Jimmy Carter anunciou sua candidatura à
presidência em dezembro de 1974, o seu discurso focava em questões políticas, como a “transparência no governo”, mas também
alertava para o fato de que o crescimento populacional e os danos ao meio ambiente ameaçavam a civilização. Uma vez eleito,
Carter passou a lançar uma visão pessimista do que aconteceria se o país não respondesse às ameaças ecológicas. Ele priorizou a
conservação da energia e buscou articular uma “política energética nacional abrangente”. Carter não obteve grandes resultados com
as suas propostas legislativas para o meio ambiente.

Combate filosófico
Ehrlich e Simon lapidaram as suas visões sobre o meio ambiente e o futuro da sociedade. Em conjunto com o físico John Holdren,
Ehrlich publicou uma obra de 1.000 páginas, Ecoscience, em 1977. O livro apresentava os avanços relativos à compreensão dos
problemas ambientais nas últimas décadas, fazia previsões confiáveis sobre o futuro e exigia respostas políticas específicas para as
ameaças ambientais. As pessoas passaram a se opor a Ehrlich: alguns rotularam de racistas os seus apelos pelo controle da
população e da imigração. Ehrlich procurou então provar que suas posições não eram racistas nem preconceituosas em relação aos
pobres. Em 1977, abordou de frente as questões da raça ao editar The Race Bomb.

A voz de Simon se tornou mais forte e pública, ao partir em defesa dos seus pontos de vista. Nesta época, passou a tratar a sua
depressão com terapia cognitiva, experiência que veio reforçar a sua crença de que uma racionalidade inovadora poderia resolver
qualquer problema. Em 1980, Ehrlich e Simon se enfrentaram diretamente na revista Science. Ao responder às notícias sobre a

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fome na África, Simon atacou The Population Bomb e as ideias de que os recursos naturais são finitos e que nos aproximamos dos
limites ecológicos.

Cinco commodities
Ehrlich e seus colegas ambientalistas reagiram com raiva, o que gerou grandes disputas. As discussões culminaram com o desafio
de Simon: cada um deveria apostar nos seus posicionamentos. A aposta envolveu até previsões sobre a evolução dos preços de cinco
commodities, cromo, cobre, níquel, estanho e tungstênio, nos 10 anos seguintes. Se Ehrlich estivesse certo, a humanidade estaria
ficando sem recursos e os custos aumentariam. Se Simon estivesse certo, a tecnologia e o mercado poderiam resolver os problemas
da escassez dos recursos e os preços cairiam. Estas duas visões distintas afetaram a corrida presidencial de 1980: Carter
argumentava que o governo deveria lidar com as ameaças ambientais. Ronald Reagan proclamava o otimismo e o livre mercado.
Apesar da atuação de Ehrlich e seus seguidores, a reação contra os liberais e ambientalistas alimentou parcialmente a vitória de
Reagan. Reagan se afastou das profecias ecológicas. Os que abraçavam o ambientalismo eram associados aos democratas e ao
pensamento contrário ao crescimento. Em 1982 Simon publicou The Ultimate Resource, onde articulava a sua visão de que “as
pessoas seriam o recurso máximo”.

O grande “racha” político


Em outubro de 1990, Paul Ehrlich enviou a Julian Simon um cheque de US$ 567: Simon havia ganhado a aposta. Esta vitória “se
tornou uma arma simbólica” na mão dos que se opunham à regulamentação ou apoiavam o livre mercado. A revista The New York
Times Magazine descreveu a derrota de Ehrlich como a mais recente de uma longa linha de profetas falidos, que remontava a
Thomas Malthus. Ehrlich afirmou que o seu erro quanto à aposta havia sido em relação ao tempo: 10 anos seriam muito pouco
tempo. Os críticos conservadores ignoraram este fato e só se preocuparam com a vitória. Embora a inovação tecnológica tivesse de-
sempenhado um papel importante, outros fatores, como uma recessão, foram mais significativos. Se os dois tivessem escolhido
outra combinação de commodites, Simon teria perdido. Simulações posteriores descobriram que Ehrlich teria ganhado a aposta
com tranquilidade. A simplicidade da aposta e a forma como as pessoas a interpretaram marcaram as intensas divisões políticas
relativas às questões ambientais na década de 1990. Os dois principais partidos políticos dos EUA se distanciaram ainda mais em
termos ideológicos. Até então, os políticos poderiam se posicionar de forma independente em relação ao meio ambiente com base
na sua avaliação da questão. Atualmente, as posições políticas condicionam esses posicionamentos devido a um conjunto de crenças
e lealdades.

A polarização
Os republicanos e os democratas têm visões de mundo muito distintas e as pessoas muitas vezes deixam escapar contribuições
dadas por pessoas com as quais eles não concordam. Os dois pensadores iniciaram o debate, mas ambos falharam em reconhecer o
valor do outro. Ehrlich mostrou como o destino da humanidade está profundamente ligado ao do planeta e documentou as
mudanças ambientais, além de identificar sérios riscos contra os quais os governos acabaram tomando medidas. Simon
demonstrou a potência reativa dos mercados. Uma maior regulamentação pregada por Ehrlich teria sufocado o crescimento
econômico e causado maior sofrimento entre os menos favorecidos. A desregulamentação da economia americana a partir de 1980
teve a sua origem nesses insights.

De certo modo, os dois lados de um debate aprendem um com o outro e cada um aprimora os seus argumentos e alcança novos
níveis de compreensão. O mesmo não ocorreu com Ehrlich e Simon. Ambos permitiram que os seus comprometimentos, contexto e
público fossem longe demais, tanto nas especificidades de suas reivindicações como na linguagem utilizada. Ehrlich lançou várias
previsões sombrias que não se tornaram realidade. Apesar do sofrimento em certas regiões do planeta, no geral a expectativa de
vida humana tem aumentado quando ele garantiu que ela iria despencar. As previsões de Ehrlich e o seu pessimismo não levaram
em conta a atividade do mercado nem compreenderam como “a escassez se desenvolve”. Simon e outros críticos do ambientalismo
acabaram dando um destaque exagerado a detalhes específicos das previsões de Ehrlich.

stória na Universidade de Yale, é diretor-fundador do Environmental Leadership Program. Ele é também o autor de Crude Politics:
900-1940.

de Joao Lima (predadorbet@gmail.com)

“Simon e Ehrlich repre-


sentaram dois polos

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divergentes sobre o
panorama futuro, os
quais ajudaram a definir
a década de 1970.”

“A aposta de Ehrlich e
Simon tocava em um
ponto central da luta
entre o liberalismo e o
conservadorismo dos
EUA em finais do século
XX.”

“O receio de Ehrlich
quanto à superpopu-
lação e a fome refletia as
preocupações mais
amplas da elite de
meados dos anos 1960.”

“Com seu estilo


polêmico, assim como
por sua dedicação aos
estudos e ao argumento
racional, Julian Simon
se assemelhava muito a
Paul Ehrlich.”

“A aposta de Julian
Simon e Paul Ehrlich
perpassava o combate
intelectual dos
periódicos científicos e
das colunas de opinião
dos jornais.”

“Os ambientalistas con-


quistaram grande
influência sobre a
elaboração das políticas
nacionais, particular-
mente sob a presidência
de Jimmy Carter.”

“Julian Simon encontrou


em Washington um
público entusiasmado,
formado pelos
defensores do livre
mercado e críticos da re-
gulamentação ambiental
e ajuntados pela admi-
nistração Reagan.”

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