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Departamento de Humanidades
Aluno Nº 1005616
Novembro – 2014
Teorias Sociológicas Correntes Contemporâneas
I - A Escola de Chicago e o Interacionismo Simbólico.
PARK, Robert Ezra, (1864-1944), nasceu em Harveyville Kansas Estados Unidos da América.
Entrou na universidade do Minnesota em 1882, frequentou a universidade do Michigan entre 1883 e 1887
onde foi influenciado pelo filósofo John Dewey (1859-1952)1.
Em 1897 frequenta a universidade de Harvard para estudar filosofia. Em 1899 Park vai para a Alemanha,
para a Universidade de Berlim, com Georg Simmel (1858-1918), para Estrasburgo com Alfred Hettner
(1856-1941) e para Heidelberg com Wilhelm Windelband (1848-1915) onde obtém o Doutoramento em
19042.
1903: Masse und Publikum, (Tese de Ph.D), Lack & Grunau, Berlin.
1921: Introduction to the Science of Sociology (c/ Ernest Burgess) Chicago: University of Chicago Press
1940: Essays in Sociology (c/ C W M Hart, e Talcott Parsons et al.), Toronto: University of Toronto Press
1967: On Social Control and Collective Behavior, Chicago: University of Chicago Press.
Burgess foi educado no Kingfisher College em Oklahoma, posteriormente obteve a sua licenciatura
em Sociologia na universidade de Chicago, onde também obteve a pós-graduação entre 1908 e 1912,
Burgess concluiu o seu doutoramento em 1913.
Burgess dedicou o seu estudo a temas como a família, o casamento e aos problemas da terceira idade,
em conjunto com Park, desenvolveu o conhecido Modelo das Zonas Concêntricas em Sociologia. Burgess
foi também o vigésimo quarto Presidente da Sociedade Americana de Sociologia (ASA). Algumas das
principais obras de Burgess5:
1
“A Contribuição e o Pioneirismo de Robert Ezra Park nos Estudos de Jornalismo e Comunicação” SILVA, pág. 680.
2
A formação da Escola Sociológica de Chicago, Eufrásio, Mário A. página 55.
3
O Interacionismo Simbólico no Século XX, PLUMMER, Cap. 8, página 7.
4
"Robert Ezra Park", In Encyclopedia of Anthropology. KEMPER,
5
A formação da Escola Sociológica de Chicago, Eufrásio, Mário A. página 56
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Teorias Sociológicas Correntes Contemporâneas
1921: Introduction to the science of sociology. Chicago, Illinois: University of Chicago Press
1923: The Study of the Delinquent as a Person, In American Journal of Sociology, vol. 28, nº6.
1967: Urban Sociology. (C/ Robert Park) Chicago, Illinois: University of Chicago Press.
Wirth emigrou muito novo para os Estados Unidos indo viver para Omaha no Nebrasca, aqui
estudou e licenciou-se em Sociologia. Wirth foi um eminente sociólogo e um notável
professor na Universidade de Chicago. Wirth conseguiu conjugar a pesquiza empírica com a
teórica, tendo o seu trabalho contribuído para a emergência da Sociologia como profissão.
Wirth foi pioneiro no estudo da vida nas cidades, dos problemas sociais urbanos, dos grupos
minoritários, dos emigrantes, em especial dos Judeus, do comportamento e dos mass media,
sendo reconhecido como um destacado sociólogo urbano 6.
Wirth foi Presidente da American Sociological Society (1947) e o primeiro Presidente da
International Sociological Association (1949) 7.
1928: The Ghetto. Chicago: University of Chicago Press.
1937: The Urban Mode of Life. In: New Horizons in Planning. Chicago,
1938: “Urbanism as a Way of Life: The City and Contemporary Civilization”. American
Journal of Sociology
1964: On Cities and Social Life. Reiss, A. J. (ed.), Chicago/London
1943: Street Corner Society: Social Structure of an Italian Slum: University of Chicago Press
1984: Learning from the Field. Beverly Hills California: Sage Publications
6
Encycloppaedia Britannica. Louis Wirth
7
Encycloppaedia Britannica. Louis Wirth
8
William Foote Whyte Street Society, Infed.org, página 1.
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Teorias Sociológicas Correntes Contemporâneas
1994: Participant Observer: An Autobiography. Ithaca, NY: ILR Press
1997: Creative problem solving in the field: reflections on a career. Walnut Creek CA: Alta
Mira.
I – b)
O Pragmatismo foi uma escola de filosofia com início no século XIX, são seus fundadores, Dewey
(1859-1952),W. James (1842-1910) e Peirce (1839-1914), baseia-se no princípio de que o sentido de uma
ideia corresponde ao valor prático da sua aplicação. Foi a filosofia dominante na América do Norte e a sua
forma de ação sugere a existência de verdades mutáveis assentes na experiencia, numa filosofia de ação
terra-a-terra, postulando a sobreposição do concreto e do particular ao abstrato e universal e a
inatingibilidade da verdade absoluta.9
Ecologia Humana
Após o trabalho de diversos biólogos e geógrafos, é o sociólogo Ezra Park (1864-1944), no seu
trabalho Ecologia Humana de 1936, que atribui um caráter social à relação do homem com o meio ambiente.
A Escola de Chicago subestimou a importância do meio físico virando-se para o social e para o cultural. Na
década de 70 a Ecologia Humana retoma uma posição global como ramo das ciências sociais. Agora o
homem passa a ser considerado como um todo, como um sistema, inserido num meio constituído por
elementos bióticos, abióticos mas também sociais10.
Organização / Desorganização Social faz parte da evolução da vida humana, compreende a relação que os
indivíduos mantêm com o grupo ou sociedade, onde o sistema vigente exige deveres e concede direitos. Por
seu lado a desorganização social ou entropia pode ser resultado dos denominados problemas sociais ou
desviantes, que podem ocorrer nos indivíduos, casos como a delinquência juvenil, o suicídio, a prostituição,
o alcoolismo ou a criminalidade, ou nos grupos sociais como a família ou a sociedade, como o
analfabetismo, o desemprego, a violência
Assimilação é o processo social em virtude do qual indivíduos e grupos diferentes aceitam e adquirem
padrões comportamentais, tradições, sentimentos e atitudes de outra parte. É uma forma de ajustamento
interno e indício da integração sociocultural, ocorrendo principalmente nas populações que reúnem grupos
diferentes. A assimilação é uma das mais eficientes formas de redução de conflitos e de integração social,
especialmente quando se aplica a comunidades imigrantes ou de diferentes estratos sociais ou culturais.
Segregação é o processo social em virtude do qual indivíduos e grupos promovem a separação social e
cultural de grupos ou pessoas que não são bem-vindas. A segregação ou distância social é normalmente de
ordem física, e baseia-se em fatores biológicos e sociais, como a raça, a educação, a riqueza, a religião, a
nacionalidade ou a profissão. Este é tradicionalmente um dos comportamentos sociais que mais conflitos
tem originado. Darhendorf (1929-2009) afirma que paradoxalmente os conflitos ajudam a manter as
sociedades unidas e em constante evolução11.
9
William Foote Whyte Street Society, Infed.org, página 1.
10
Análise Social, Demografia e ecologia humana, vol. XXVIII, pág. 881
11
Funcionalismo e Teoria dos Sistemas, Guião de estudo e textos de apoio, pág. 10.
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Teorias Sociológicas Correntes Contemporâneas
c) O Interacionismo Simbólico nasceu na América e tem em Herbert Mead (1863-1931) o seu fundador.
No entanto o termo parece ter surgido apenas em 1937 sendo atribuída a autoria a Herbert Blumer (1900-
1987) há ainda quem considere Robert Park (1864-1944) o seu verdadeiro autor12, de qualquer forma na
globalidade a corrente sociológica foi atribuída à Escola de Chicago. Após a publicação de inúmeras teorias
e do seu pleno estabelecimento, o Interacionismo Simbólico pode ser dividido em quatro correntes
fundamentais: A Escola de Chicago, a Escola de Iowa, a Escola Dramatúrgica e a Escola Etnometodológica.
As bases do Interacionismo Simbólico podem ser encontradas nos principais fundamentos do Pragmatismo,
onde o concreto se sobrepõe ao abstrato, o geral se sobrepõe ao universal, a verdade absoluta é inatingível, e
onde se devem evitar o erro dos dualismos filosóficos, bem como nos seus principais autores, James (1842-
1910), Dewey (1859-1952) e Pierce (1839-1914). Temos portanto a ligação de uma pluralidade de teorias e
correntes, bem como o contributo de diversas Universidades que no fundo criaram um modelo padrão, se
assim lhe podemos chamar, naquilo que pode ser descrito como a base teórica do Interacionismo Simbólico.
Esta base resulta da conjugação de quatro importantes critérios13: O simbólico postula que “ … os mundos
distintamente humanos não são só mundos materiais e objetivos, mas também mundos fortemente
simbólicos.” temos portanto a capacidade humana de geral símbolos e formas de comunicação. O processo
refere que “ … em todos os lugares, as vidas, as situações e mesmo as sociedades evoluem, ajustando-se,
emergindo, transformando-se …”, aqui nota-se a estratégia de aquisição do sentido do eu, de ajustamento
aos outros e à interação com a sociedade em geral. Chegamos portanto ao capítulo da interação, onde o foco
da questão reside no postulado de que o “ … trabalho interacionista não incide nem sobre o individuo, nem
sobre a sociedade per se, ele incide antes sobre as ações conjuntas através das quais as vidas se organizam e
as sociedades se constituem.” Temos então uma preocupação que recai nos comportamentos coletivos. Por
fim o estudo recai sobre o envolvimento com o mundo empírico, onde “ A Teoria Interacionista é capaz de
guiar o estudo de todo e qualquer aspeto da vida social, no entanto, tudo o que vem a ser descoberto é
sempre objeto de investigação empírica.“, ao contrariar outras teorias sociológicas, o Interacionismo
Simbólico permaneceu com os pés bem assentes na terra. A Sociologia da Escola de Chicago foi a referência
da Sociologia Norte Americana ao longo da primeira metade do século XX, tendo contribuído de forma
profunda para o nascimento de eminentes Sociólogos e da moderna Sociologia.
12
O Interacionismo Simbólico no Século XX, PLUMMER, Cap. 8, página 227.
13
O Interacionismo Simbólico no Século XX, PLUMMER, Cap. 8, páginas 224 a 249.
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Teorias Sociológicas Correntes Contemporâneas
Principais obras:
Max Horkheimer (1895 – 1973), Este Filosofo nasceu em Stuttgart, na Alemanha. Abandonou os
estudos em 1911 para aprender um ofício e ajudar na fábrica de seu pai, tendo concluído os seus estudos
após a 1ª Guerra Mundial em que participou.
Realizou os seus estudos e três cidades alemãs, uma das quais em Frankfurt onde veio a conhecer
Theodor Adorno. Em 1922 defendeu a sua tese de doutoramento sob a orientação do professor Hans
Cornelius.
Em 1926 já na Universidade de Frankfurt e em associação com T. Adorno e F. Pollock, ocupou-se da
criação de um instituto pesquisas, em que chegou a ser diretor, cujo objetivo era o estudo social
interdisciplinar, conhecido pela Escola de Frankfurt. Esta escola ficou conhecida pela “teoria crítica”.
1933.Materialismo e Moral
1937. Teoria Tradicional e Teoria Crítica
1947. Eclipse da Razão
1970. Teoria Crítica Ontem e Hoje
Herbert Marcuse (1898 – 1979). Ascendente de Judeus, nasceu e estudou em Berlim. Os seus
estudos de literatura e filosofia realizaram-se também em Freiburg, onde conheceu um dos maiores
pensadores da época, Martins Heidegger. Este pensador veio a orientar mais tarde H. Marcuse no seu
doutoramento sobre Hegel.
Charles Wright Mills (1916-1962), Sociólogo Norte-Americano nasceu no Waco, Texas. Estudou
arte e sociologia, tendo concluído o mestrado na Universidade do Texas em arte, sociologia e filosofia em
1941. O seu doutoramento em sociologia e antropologia foi efetuado na Universidade de Wisconsin e
lecionou nas Universidades de Maryland e Columbia.
Ficou conhecido pela sua tentativa de aproximação da sociologia ao cidadão comum, criticando a
excessiva complexidade da literatura científica. No seu livro “ A Imaginação Sociológica” o autor apela aos
sociólogos para não colocarem de lado a imaginação e criatividade, tendo em conta que a objetividade e
imparcialidade que a ciência impõe, não resultam em conclusões sem a poluição de fatores experienciais dos
cientistas.
A propósito da reflexividade e crítica, devo aludir ao seu trabalho em parceria com Gerth, que apõe a
obra de Max Weber aos factos biográficos deste autor.
A sociedade americana foi alvo da sua reflexão na sua vasta obra, nela fez uma reflexão que parte do
determinismo económico de Karl Marx e Max Weber, segundo a qual as relações de produção a composição
social. Foi um estudioso da opressão de grupos sociais por uma superestrutura de poder. Critico da excessiva
tentativa de alienação da ciência em relação á imaginação e criatividade em favor da racionalidade, aponta a
incapacidade de previsão das mudanças sociais que ocorreram.
Antonio Gramsci (1891-1937), filoso italiano foi um pensador de referência para a esquerda
italiana, tendo sido cofundador do partido comunista italiano. Estudou na Universidade de Turim, um
prémio de mérito estudantil possibilitou essa frequência.
Escreveu para o partido socialista, que militava, e em 1919 após rotura com o partido socialista,
participa na fundação do partido comunista. Com o surgimento do fascismo italiano, Gramsci envida
esforços na união dos partidos de esquerdos italianos. A escola e a pedagogia tomaram parte importante das
suas reflexões, defendia que qualquer cidadão, independentemente da sua condição, se torna cidadão pleno
pelo acesso ao conhecimento. O conhecimento abrangente, e que não apenas de competências limitadas ao
saber fazer. Defende o acesso do cidadão ao conhecimento que lhe permita ser governante e não apenas um
operário qualificado. O conceito de cidadania nasce com Gramsci.
Defende que as alterações de regime político devem ser precedidas de mudanças de mentalidade para
o que a escola era fundamental. Gramsci considera que os fins justificam os meios, como para Maquiavel e
este entendimento é fundamental para a implantação do Partido único, o partido comunista.
A obra de Gramsci foi publicada pela editora Enaudi, em seis volumes, com base no trabalho de
Felice Platone e maioritariamente surge dos seus cadernos e cartas enviadas.
Georg Lukács (1885-1970)14 Judeu natural de Budapeste, crítico literário e filósofo doutorou-se em
1909, foi comissário da educação do povo para a educação (1918). Em 1945 é nomeado professor da
Universidade de Budapeste e membro da academia de ciências. Em 1956 é nomeado ministro da edução de
um governo revolucionário. Em 1923 no seu Livro “História e consciência de classe” é apelidado de
marxismo ocidental15, traz-nos uma articulação entre a filosofia, a sociologia, a política e o marxismo. Nesta
obra, é reconhecido o esforço de compreensão do marxismo, pela reflexão aposta em várias prespectivas do
conhecimento. Aparece também o elogio da sua capacidade de explicação dos conceitos, ao ritmo de quem
se envolve com as teorias, possibilitando uma compreensão de quem o lê, muito embora lhe sejam também
apontadas fraturas no caminho da sua maturação da obra que nos deixou.
II – b) Escola de Frankfurt
A Escola de Frankfurt é o nome pelo qual ficou conhecido o agrupamento de intelectuais que
desenvolveram trabalho académico multidisciplinar, em Frankfurt, e que posteriormente se mobilizaram
para destinos diferenciados em consequência da II Guerra Mundial. Os intelectuais relacionados com esta
escola foram inicialmente Max Horkheimer, Theodor W. Adorno, Herbert Marcuse, Friedrich Pollock, Erich
Fromm, Otto Kirchheimer, Leo Löwenthal. O facto da maioria destes intelectuais terem ascendência judaica,
determinou essa mobilização “forçada” em consequência das perseguições nazistas.
Estes intelectuais fortemente envolvidos não apenas no trabalho intelectual, mas maior parte das
vezes com papéis de relevo na política, inquieta-se com o desenvolvimento social que emerge das estruturas
socias socialistas, por um lado por não responderem ao que mais parece relevante em termos sociais, por
outro, por não preverem antecipadamente movimentos e fenómenos socias que se impuseram.
Por exemplo o surgimento de uma classe média que seria espectável não acontecer nas sociedades
socialistas.
Tal inquietação levou os intelectuais a refletir sobre o próprio marxismo, que parecia não ter uma
definição estanque. Assim a teoria marxista percecionada como incapaz de explicar alterações sociais
questionadas por estes pensadores, foi refletida por caminhos escolásticos diferentes de forma a encontrar
uma explicação alternativa.
As características de positivismo, materialismo e determinismo que pareciam limitar a estrutura
marxista, foram contrapostas ou refletidas num caminho diferenciado da filosofia critica Kantiana e a
dialética e contradição de Hegel.
Esta foi a proposição da Escola de Frankfurt e dos seus intelectuais, a Teoria Critica. Um caminho de
reflexão, um pensamento filosófico crítico, apoiado multidisciplinarmente cujo propósito foi a descoberta de
alternativas teóricas às limitações do marxismo.
14
Georg (2003,contra capa) tradução de História e Consciência de Classes.
15
Scielo- Antes da História de Consciência de Classe
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Teorias Sociológicas Correntes Contemporâneas
A Teoria Critica nasce do trabalho reflexivo dos intelectuais que se relacionam com o Instituto de
Pesquisas Sociais, mais conhecido como Escola de Frankfurt. Esse grupo de intelectuais pensou a teoria
marxista de forma reflexiva, evitando a repetição de ideias mais ou menos instituídas como “certas”,
especialmente por próximos dos partidos comunistas, a quem se atribui uma visão marxista fechada e sem
caminho de reflexão por fazer.
De facto o que esteve na base desta teoria foi a crítica do carater cientifico das ciências humanas, que
se pautava pela quase eliminação do conhecimento empírico, valorizando apenas a ciência que se despia de
qualquer elemento não provável.
Esta abordagem não parecia responder à necessidade de compreender as alterações sociais que se
manifestavam e que tinham origem em factos não apenas jurídicos, como económicos e em especial os
aspetos culturais das sociedades. A abordagem crítica ganhou especial desenvolvimento com a introdução de
multidisciplinaridade que enriquecia as pesquisas e consequentemente as conclusões dos pensadores sociais.
A teoria marxista deu portanto caminho a este grupo de intelectuais relacionados com a Escola de
Frankfurt para compreender a sociedade e a formação de classes sociais.
Marxismo Ocidental
O termo ocidental atribuído ao marxismo, enquanto variante deste, aparece num ensaio conhecido
por “anticrítica” de Karl Korsch16
De facto, o termo parece designar uma forma de olhar o marxismo, que foge ao comum, ou pelo
menos, ao que parecia ser entendido comumente por marxismo, nomeadamente pelas elites partidárias. A
reflexão acerca destes dogmas gerou polémica porque abalava um punhado de dogmas, a que não se deveria
dedicar mais interpretação ou reflexão. Esta disposição do ensaísta Karl Korsch foi acompanhada pela
“História e consciência de classe” de Luckàcs, e geraram ambas polémicas. Ambas procuraram encontrar
uma contemporaneidade ao marxismo ao procurar a sua essência pela consulta do pensamento filosófico e a
sua reposição num contexto de luta de classes ajustado ao tempo da “anticrítica”.
Era sua convicção a existência de uma distância considerável que mediava entre teoria marxista e a
prática de Lenine por exemplo.
O caminho reflexivo sobre as sociedades, não podia apenas confinar-se ao campo económico e ao
modo de produção, que se acretiva ser o motor das transformações sociais. Para estes pensadores era
necessário atender a uma série de externalidades, relativamente á forma como era percecionada a teoria, e a
forma como a sociedade evolui, por exemplo a consciência do indivíduo e a sua estrutura cultural era
fundamental para entender as mudanças e preleciona-las antes da sua eclosão.
A Escola de Frankfurt, os seus pensadores foram determinantes para a abordagem do marxismo para
lá do campo a que normalmente estava retingido, trouxeram atributos multidisciplinares que deram corpo ao
marxismo ocidental.
16
. KORSCH, Karl. “Estudo atual do problema (anticrítica) ”, p. 83-85;
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a) PARSONS, Talcott Edgar Frederick (1902-1979), nasceu em Colorado Springs, nos Estados
Unidos da América, iniciou a sua formação no Amherst College (1920) e pós gradou-se na London School
of Economics (1925) e em Heidelberg (1926), aqui viria a sofrer a influência do antropólogo Malinowski
(1884-1942) e dos discípulos de Max Weber (1864-1920). Regressa aos Estados Unidos (1928) e torna-se
leitor na Universidade de Harvard, onde viria a permanecer durante toda a sua carreira. Em Harvard fez
discípulos que também alcançariam a fama, como Robert Merton (1910-2003), Kingsley Davies (1908-
1997), Neil Smelser (1930) e Harold Garfinkel (1917-2011). Parsons foi um importante docente e fundador
da área da Sociologia na Universidade de Harvard, a ele se deve o desenvolvimento do sistema de análise da
sociedade a que foi dado o nome de Estrutural Funcionalismo, a Teoria da Ação e a tradução das Obras de
Weber. Algumas das principais obras de Parsons:
1983: The Structure and Change of the Social System, Edited by Washio Kurata
1986: Social Science: A Basic National Resource, Edited by S.Z. Klausner & Victor Lidz
1991: The Early Essays (Essays from the late 1920s and the 1930s). Charles Camic.
2007: American Society: Toward a Theory of Societal Community, Giuseppe Sciortino. Paradigm
MERTON, Robert King (1910-2003), nasceu em Filadélfia Estados Unidos da América. Iniciou os
estudos na escola local vindo a concluir os estudos na South Philadelphia High School, obteve uma bolsa de
estudo para a Universidade de Tempe em Filadelfia, aluno brilhante, muda-se para Harvard onde passou a
ser assistente de Pitirim Sorokin (1889-1968). No entanto em 1941 muda-se para a Universidade de
Columbia, onde permaneceu o resto da sua carreira.
Merton foi um sociologista de renome, tendo obtido a National Medal of Science, pelo seu trabalho
na fundação da Sociologia da Ciência. Merton pode ser considerado como um dos fundadores da moderna
Sociologia. É considerado o elo de ligação entre o pensamento clássico do século XIX e início do século XX
e moderno pensamento Sociológico. Das inúmeras obras de Merton fazem parte as seguintes:
1938: Science, Technology and Society in Seventeenth Century England, Osiris, Bruges.
1949: Social Theory and Social Structure
1985: On the Shoulders of Giants: A Shandean Postscript
1996: On Social Structure and Science, edited by Piotr Sztompka.
III - C
Talcott Parsons (1902-1979) foi um eminente sociólogo Norte Americano, que teve o privilégio de
poder completar os seus estudos superiores na Europa, onde naturalmente sofreu a influência das principais
correntes sociológicas, desde Émile Durkheim (1858-1917) a Bronislaw Malinowski (1884-1942), passando
por Max Weber (1864-1920) a Sigmund Freud (1856-1939) ou Vilfredo Pareto (1848-1923), Parsons teve
também a grande capacidade de as sintetizar e conseguir transportar para o pensamento americano.
A publicação da obra The Structure of social action, em 1937, foi a oportunidade para dar a conhecer
aos meios académicos americanos uma nova corrente sociológica baseada nos pensamentos dos clássicos
que Parsons adquirira na Europa. Sob influência dos pensadores europeus, Parsons incute um cunho pessoal
à teoria sociológica funcionalista afastando-a das teorias sociológicas americanas em voga, o empirismo e o
positivismo e naturalmente da Escola de Chicago. Parsons conseguiu grande sucesso possivelmente por não
17
Funcionalismo e Teoria dos Sistemas, Guião de Estudo e Texto de Apoio, Ana Maria Paiva, página 9
18
Funcionalismo e Teoria dos Sistemas, Guião de Estudo e Texto de Apoio, Ana Maria Paiva, página 15
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Teorias Sociológicas Correntes Contemporâneas
Bibliografia
Kemper, R. V. (2006). Encycolpedia of Anthropology. California: Thousand Oaks.
Paiva, A. (s.d.). O interacionismo simbólico - Guião de estudo e texto de apoio. Lisboa : UIniversidade Aberta.
Paiva, A. (s.d.). Teorias Sociológicas Correntes Funcionalismo e Teoria dos Sistemas - Guião de estudo e textos de
apoio. Lisboa: Universidade Aberta.
Silva, N. F. (2011). A Construção e o Pioneirismo de Robert Ezra Park nos estudos de Jornalismo e da Comunicação.
Goiânia.
Webgrafia
Lukács, i. (s.d.). Instituto Lukács - Conhecimento para a emancipação humana. Obtido em 5 de novembro de 2014,
de http://www.institutolukacs.com.br/?q=luk%C3%A1cs
Musse, R. (s.d.). Blog da Boitempo. Obtido em 5 de novembro de 2014, de A gênese do conceito de marxismo
ocidental : http://blogdaboitempo.com.br/2012/02/10/a-genese-do-conceito-de-marxismo-ocidental-
coluna-de-estreia-de-ricardo-musse/
Scielo - Estudos avançados. (2013). Obtido em 7 de novembro de 2014, de Critica e Filosofia - Antes de História e
Consciência de Classes: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142013000200019&script=sci_arttext
Sociologia, B. C. (s.d.). Teoria Sociológica » A Escola de Frankfurt e a Teoria Crítica - Uma Reflexão Viva. Obtido em 4
de novembro de 2014, de Café com sociologia: http://www.cafecomsociologia.com/2012/05/escola-de-
frankfurt-e-teoria-critica.html