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Alimentar e
Nutricional
PROFESSORA
Dra. Daniela Biral do Prado Freire
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Coordenador de Conteúdo Renato Castro da Silva Designer Educacional Vanessa Graciele Tiburcio Curadoria Ana
Carolina Caputi Gonçalves de Azevedo / Emerson José Vieira / Gisele da Silva Porto Revisão Textual Carolina Guimarães
Branco Editoração Bárbara Marciniak / Camila Luiza Nardelli Ilustração Welington Vainer Realidade Aumentada Maicon
Douglas Curriel Fotos Shutterstock.
FICHA CATALOGRÁFICA
214 p.
ISBN: 978-85-459-2194-3
“Graduação - EaD”.
Impresso por:
Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Diretoria de Design Educacional
Reitor
Wilson de Matos Silva
Dra. Daniela Biral do Prado Freire
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recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das
possibilidades de interação de cada objeto.
RODA DE CONVERSA
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido
PENSANDO JUNTOS
EXPLORANDO IDEIAS
EU INDICO
Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.
A procura por alimentos saudáveis tem aumentado constantemente nas últimas décadas, e já é amplamente
reconhecida a importância da qualidade da alimentação na prevenção e no controle das doenças crônicas não
transmissíveis, como obesidade, diabetes, hipertensão, dentre outras. Assim, através desse propósito, tem-se a
busca de alternativas mais saudáveis, quer seja com a intenção de evitar doenças, quer seja para acrescentar
qualidade à vida.
Quando você vê ou ouve o termo educação alimentar e nutricional lhe remete a que? Já pensou, ao se deparar
com um diagnóstico de situação alimentar e nutricional em um grupo de escolares que encontram-se em sobre-
peso e pautam seu plano alimentar em fast-foods, refrigerantes e comem em frente à TV?, qual seria o papel da
educação alimentar e nutricional neste contexto? Saberia dizer quais dos grandes eixos profissionalizantes da
nutrição utilizam a educação alimentar e nutricional?
A educação alimentar e nutricional é uma das ferramentas mais utilizadas para promoção da mudança do
comportamento alimentar e consequentemente melhora da saúde, exerce papel estratégico na prevenção e
controle de problemas alimentares e nutricional, inclui transmitir informações e comunicar conceitos de nutrição,
mas também penetrar na história de vida, pois envolvem a herança cultural, memória afetiva e de sociabilidade,
além de questões econômicas.
A disciplina de educação alimentar e nutricional se torna, dessa maneira, uma ferramenta fundamental no
desenvolvimento do trabalho do nutricionista (educador), as atividades de educação alimentar e nutricional de-
vem ser pensadas de forma a possibilitar que as pessoas (educandos) reflitam sobre a questão alimentar e que
permita construir valores e conhecimentos, ressignificar práticas e desenvolver estratégias que lhes proporcionem
condições para alimentar-se saudavelmente.
Ao nos propormos a desenvolver ações de educação alimentar e nutricional, torna-se imprescindível lembrar que
a educação é encontro humano. A educação alimentar e nutricional se inicia na família, os profissionais de saúde
que cuidam da criança contribuem nessa educação depois, no ambiente escolar, no meio social, dentre outros.
Dessa forma, ocorre em vários ambientes, tendo como alvo o indivíduo, grupos populacionais e/ou coletividades.
Dentro desse contexto, caro estudante, lhe convido a buscar por ações educativas que você entende como
sendo de educação alimentar e nutricional, dentre os ambientes apresentados.
A educação alimentar e nutricional conduzida de forma humanizada, visa o desenvolvimento da autonomia dos
sujeitos envolvidos. Assim, a educação alimentar e nutricional proporciona ferramentas para desenvolver capacida-
des e apoiar mudanças de comportamento em um ambiente apropriado, considerando um maior conhecimento
não só da região, mas da cultura da população, das crenças e valores do indivíduo, grupos e/ou coletividades.
Assim, poderá contribuir nas escolas, nas instituições de saúde, nos restaurantes e outros lugares, uma vez que os
problemas de saúde estão integralmente relacionados a questões mais amplas de desenvolvimento comunitário.
Vamos, então, conhecer e nos aprofundar sobre a educação alimentar e nutricional dentro da nossa profissão?
Neste livro, você terá os conceitos básicos para adquirir conhecimento e aplicabilidade da educação alimentar e
nutricional dentro da nossa área profissional. Você terá a oportunidade de conhecer como se dá a Educação e
comunicação em saúde; conhecerá conceitos e atualidades de Antropologia e alimentação; tomará conhecimento
das teorias pedagógicas para educação nutricional, além de fatores determinantes para o comportamento alimentar;
verá também tópicos sobre a educação nutricional aplicada e planejamento e avaliação de práticas educativas em
alimentação e nutrição; será apresentado às políticas e programas em educação alimentar e nutricional e tratará da
educação alimentar e nutricional nos diferentes contextos bem como da publicidade e propaganda de alimentos.
Os conteúdos apresentados ao longo deste livro ajudarão você a desenvolver programas e ações de educação
alimentar e nutricional. As ações devem ser pautadas na concepção de educação construída sobre o diálogo entre
educandos e educadores na perspectiva de se resolver algum problema, participativa e construtivista que, efeti-
vamente, seja transformadora da realidade, mobilizando o repensar desse papel junto aos demais profissionais,
para que novas formas de cuidado nutricional possam ser incorporadas.
Portanto, em nossas unidades de estudos, ao participar das leituras e realizar as atividades, compreenderemos
os propósitos e estratégias empregados desse campo, uma contribuição ímpar na promoção da saúde, partindo
de uma abordagem pedagógica e educativa para o desenvolvimento de programas e ações em educação alimentar
e nutricional.
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11 2
29
EDUCAÇÃO E ANTROPOLOGIA E
COMUNICAÇÃO ALIMENTAÇÃO
EM SAÚDE
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47 4
65
TEORIAS PEDAGÓGICAS FATORES
PARA EDUCAÇÃO DETERMINANTES PARA
ALIMENTAR E O COMPORTAMENTO
NUTRICIONAL ALIMENTAR
5 85 6
109
EDUCAÇÃO ALIMENTAR PLANEJAMENTO E
E NUTRICIONAL AVALIAÇÃO DE PRÁTICAS
APLICADA DE EDUCAÇÃO
ALIMENTAR E
NUTRICIONAL
7 8
127 149
POLÍTICAS E EDUCAÇÃO ALIMENTAR
PROGRAMAS EM E NUTRICIONAL NOS
EDUCAÇÃO DIFERENTES
ALIMENTAR E CONTEXTOS
NUTRICIONAL
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173
PUBLICIDADE E
PROPAGANDA NA
EDUCAÇÃO ALIMENTAR
E NUTRICIONAL
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Educação e Comunicação
em Saúde
Dra. Daniela Biral do Prado Freire
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UNIDADE 1
não apenas aos fumantes, mas também aos pais dos adolescentes que podem induzir o tabagismo por
seus próprios hábitos de fumar, considerar as atividades sociais e recreativas que podem fomentar o
tabagismo, as variáveis biopsicossociais e o nível de conhecimento dos fumantes a respeito dos efeitos
nocivos do uso do tabaco. Além disso, deve-se considerar o amplo acesso à compra de tabacos para
menores, embora a venda de cigarro para menores de 18 anos seja proibida no país. Ainda, deve-se
cumprir a legislação nacional que objetiva controlar o acesso da população aos produtos de tabaco.
Outro exemplo consiste na formação de hortas em escolas, que objetiva aumentar o conhecimento
nutricional dos alunos, aumento do consumo de frutas e hortaliças e preservação do meio ambiente.
Os canteiros escolares podem variar em tamanho e finalidade, normalmente utilizam-se materiais
recicláveis nos canteiros, por exemplo, garrafas pet para cercas, dentre outros. Os produtos das hortas
escolares podem ser incorporados à merenda escolar e promover oficinas culinárias para os educandos,
utilizando, também, a temática do reaproveitamento de alimentos, como cascas, sementes e talos. Os
professores da sala de aula podem ensinar matemática, ciências, português usando a horta da escola.
Percebam que, nestes exemplos, o envolvimento ativo dos participantes no processo educativo é
condição fundamental. Portanto, a educação em saúde não pode ficar apenas na tradução dos conhe-
cimentos científicos porque envolve aspectos mais amplos da cultura e sociedade, e considerá-los é
fundamental no desenvolvimento de um processo educativo eficaz.
O papel do educador em saúde é facilitar o processo de aprendizagem e ajudar o indivíduo ou a
comunidade a tomar decisões informadas sobre questões de saúde/doença. Neste sentido, imagine
que você é um profissional em atuação na área e chegou até suas mãos o seguinte caso clínico: Maria
Clara, moradora de comunidade de 41 anos, trabalha como diarista, mãe de três filhos e encontra-se
com obesidade. Ela sofre com sua condição de saúde e a má qualidade dos alimentos que têm acesso.
Dentre todas as dificuldades que passa, destaca-se o acesso aos alimentos considerados saudáveis na
periferia, especialmente, frutas e hortaliças, além do elevado custo dos alimentos saudáveis. Maria
Clara diz que “com frequência, come dois pacotes de macarrão instantâneo (miojo) por refeição”, mas
o alimento não é suficiente para dar a ela todos os nutrientes necessários para manter-se saudável.
Neste caso fictício, quais são os desafios encontrados por você trabalhar com a promoção da ali-
mentação saudável em sociedades desiguais? Anote e registre sua resposta no diário de bordo a seguir:
Agora que você elencou quais ações você teria enquanto profissional lidando com esse caso clínico,
temos algumas reflexões. Aspectos como valorização da cultura, o direito à alimentação, estabelecimento
de relações sociais e vivências no entorno da alimentação são importantes no contexto de propostas
educativas em alimentação e nutrição? A educação alimentar e nutricional proporciona a construção
de conhecimentos e desenvolve estratégias para a mudança de hábitos mais saudáveis.
Os restaurantes para coletividades, como, por exemplo, os restaurantes populares, oferecem uma
refeição de qualidade nutritiva a preços acessíveis, melhorando a qualidade de vida das pessoas, ou
seja, oferece um espaço privilegiado para desenvolver a educação alimentar e nutricional, oficinas para
preparação de alimentos saudáveis, orientação para composição do prato saudável, campanha educa-
tiva para redução de sal, açúcar, corantes, dentre outros. Os restaurantes populares estão vinculados à
Política de Segurança Alimentar e Nutricional nos municípios com mais de 100 mil habitantes, privi-
legiam as redes de fornecimento, como as cozinhas e hortas comunitárias, feira de alimentos e outros.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 1
A alimentação é um direito essencial, como a saúde, educação, moradia, trabalho, dentre outros. O
direito humano à alimentação adequada está firmado no artigo 25 da Declaração Universal dos Di-
reitos Humanos, adotado pela Assembleia Geral da ONU, em 10 de dezembro de 1948. Este direito à
alimentação adequada foi reafirmado no artigo 6º da Constituição Federal Brasileira, pela Emenda
Constitucional nº 64, de 2010: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL, 2010).
As violações do direito à alimentação ocorrem quando este não é respeitado, protegido ou realizado.
Assim, o direito à alimentação começa com o combate à fome. E eu não poderia deixar de mencionar
um autor que admiro muito, Josué de Castro, um dos maiores intelectuais que lutou contra a fome no
Brasil. Ele ampliou o debate sobre a fome, analisando as características alimentares e as carências delas
decorrentes, em cada uma das regiões do nosso país.
Atualmente, o perfil epidemiológico nutricional identificado por Josué de Castro, caracterizado por
deficiências nutricionais, se sobrepõe às doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade. No
entanto, a questão complexa e paradoxal da fome ainda persiste nos dias de muitos brasileiros. É neste
cenário que a educação alimentar e nutricional tem papel importante, visando a garantia do direito
humano à alimentação adequada.
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UNICESUMAR
A preocupação com a qualidade da alimentação ligada à saúde vem crescendo a cada dia. O Brasil,
assim como outros países, evidencia, por meio de estudos, hábitos alimentares não saudáveis como
um dos fatores determinantes para o aumento das doenças mais prevalentes, desta forma, abrindo
caminho para a implementação de políticas públicas e interesse das pessoas em desenvolver estilos
de vida mais saudáveis e responsáveis pelo efetivo cuidado para com a alimentação (BRASIL, 2014).
No Brasil, devido às várias vezes em que se discutiu e se propôs a prática de uma educação alimentar
e nutricional, tem prevalecido várias maneiras de entender e fazer esta educação. Frequentemente, a
educação assume a função de transmissão de informações de forma fragmentada e, constantemente,
distante da vivência do indivíduo e da população. Observe a Figura 1.
Cuide da
sua saúde!
Sim senhora!
Corte açúcar,
sal, gordura...
Alimente-se de
frutas e verduras Cuidar como?
bem lavadas! Quais são as
alternativas de
baixo custo?
Como limpar
corretamente
as verduras?
Descrição da Imagem: a imagem mostra uma ilustração de duas mulheres em um gramado. Do lado esquerdo da imagem, uma mulher
de blusa, saia e sapatos na cor branca, com três caixas de diálogo apresentando as seguintes informações: caixa 1 “Cuide da Saúde!”;
caixa 2: “Corte açúcar, sal, gordura…”; caixa 3: “Alimente-se de frutas e verduras bem lavadas!”. Do lado direito, mostra uma outra mu-
lher de blusa e saia em tons de lilás e azul, e sapatos na cor marrom, com uma caixa de diálogo apresentando a seguinte informação:
“Sim senhora”, e uma caixa de pensamento apresentando as seguintes informações: “Cuidar como? Quais são as alternativas à baixo
custo? Como limpar corretamente as verduras?”.
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UNIDADE 1
podem ser aplicados, como elaboração de receitas, cultivo de hortas para consumo, reaproveitamento
de alimentos e assim por diante (BIESDORF, 2011).
Já, a educação formal é uma educação institucionalizada, que funciona em um ambiente de apren-
dizagem organizado, que inclui salas de aula, professores especialmente treinados, equipamentos de
ensino, currículo ou programa de estudos (BIESDORF, 2011).
A inserção do tema alimentação e nutrição no cotidiano da escola é fundamental. Diante desta
importância, foi sancionada a Lei nº 13.666/2018, de 16 de maio de 2018, que inclui o tema transversal
(vários assuntos) da educação alimentar e nutricional no currículo escolar dos ensinos fundamental e
médio de todo o país, e, assim, as escolas deverão abordar a temática educação alimentar e nutricional
nas disciplinas de Ciências e Biologia (BRASIL, 2018).
Aprender é importante em todas as fases da vida de uma pessoa, para o desenvolvimento social e
pessoal. É um processo que muitas vezes não está no nosso controle e está relacionado aos ambientes
que habitamos e aos relacionamentos que estabelecemos. Portanto, a aprendizagem ocorre nos mais
variados contextos, seja em situações formais ou informais. Como não aprendemos da mesma forma,
vamos desenvolvendo diferentes estratégias de aprendizagem.
Com toda certeza, entender o processo educacional no mundo de hoje é fundamental para o desen-
volvimento da educação alimentar e nutricional. No contexto da educação, dois modelos ou abordagens
são importantes para problematizarmos e construirmos a competência para educação em saúde, a saber: a
educação tradicional ou bancária e a educação dialógico-problematizadora (LEITE; PRADO; PERES, 2010).
Observe a Figura 2, que mostra uma cena no contexto da educação formal. Nesta imagem, qual é
o papel/postura do professor? Qual é o papel/postura dos alunos?
Entenderam?
Descrição da Imagem: a imagem mostra uma professora ministrando aula, usando a lousa, de frente para quatro alunos, a professora
está com uma caixa de diálogo apresentando a seguinte informação: Entenderam? E cada aluno tem uma caixa de diálogo expondo
a informação: Sim!
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UNICESUMAR
Este modelo de educação está centrado na figura do educador, baseado na transmissão do conhe-
cimento e da experiência do educador, que sabe e que detém o conhecimento para aquele que não
sabe ou pouco sabe (educando), como valorização dos conteúdos educativos. Como consequência, o
educando é passivo, pouco participativo e exímio memorizador. Este modelo de educação pode ser
chamado de educação tradicional ou bancária (LEITE; PRADO; PERES, 2010).
Neste sentido, é bom guardar a sábia advertência de Paulo Freire quando escreve, em 1987, a Peda-
gogia do Oprimido: “Desta maneira, a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos
são os depositários e o educador o depositante” (FREIRE, 2018, p. 80).
É frequentemente discutido que a abordagem tradicional, do ponto de vista dos alunos, habitua-se à
recepção passiva com obediência às normas, sem análise, sem discussão, sem diálogo, sem valorização
dos conhecimentos e experiências e aprendizados prévios dos educandos. Já o educador tende a adotar
uma postura mais autoritária ou paternalista.
Este modelo de educação, muitas vezes, acompanha os educandos durante a sua educação formal e,
posteriormente, ao se tornarem profissionais da saúde, tendem a reproduzir, em suas práticas educativas,
este modelo. No contexto da saúde, ao seguir o modelo de educação tradicional, espera-se que os educandos
modifiquem seus comportamentos de saúde com
base nas informações recebidas, sem vínculo com os
usuários e de forma desconectada da sua realidade.
Já parou para pensar de que forma podemos
Observe a Figura 3, a qual também demonstra
superar o modelo de educação tradicional? uma cena no contexto da educação formal. Nesta
Existe espaço para problematização no nosso imagem, qual é o papel/postura do professor? Qual
cotidiano? é o papel/postura dos alunos? Em que medida esta
imagem se diferencia da imagem anterior? Qual a
ênfase deste modelo de educação?
Descrição da Imagem: a imagem mostra uma horta escolar. Ao lado direito da horta, uma professora e cinco alunos estão sentados
em círculo no gramado, a professora está segurando um pé de alface.
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UNIDADE 1
Um bom diálogo, ou seja, a comunicação eficaz é extremamente importante na área da saúde para
informar e para influenciar as decisões dos indivíduos e comunidade na intenção de promover a saúde.
O emissor, a mensagem e o receptor, são apenas uma das funções da comunicação. Contudo, quem
pode ser o emissor? Pode ser uma pessoa ou grupo de pessoas, por exemplo, profissionais da área de
nutrição; profissionais da área da saúde; profissionais da área da educação; assim por diante. Já o receptor
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UNICESUMAR
pode ser uma pessoa, um grupo, uma família, dentre outros, a quem se destina a comunicação. Ruídos
de comunicação são os problemas que atrapalham as mensagens ou tarefas, ou seja, não despertam no
receptor o sentimento ou a ação desejável (SÃO PAULO, 2001; GALISA et al., 2014).
• O processo de comunicação começa quando o emissor tem uma ideia a ser comunicada. O
emissor deve começar esclarecendo a ideia e o propósito. O que exatamente o emissor deseja
alcançar? Como a mensagem provavelmente será percebida? Saber essas informações fornecem
uma chance maior de uma comunicação bem-sucedida.
• Vamos elencar alguns problemas (ruídos) que atrapalham a comunicação (GALISA et al., 2014):
• As palavras transmitem significados diferentes para pessoas diferentes. A diferença de idade,
a variação linguística regional, a diferença cultural, a escolaridade, são alguns dos fatores que
podem causar uma falha na comunicação.
No entanto, o que acontece na realidade?
Você gosta de ??
Bergamota?
Descrição da Imagem: a
imagem mostra duas me-
ninas, a menina do lado
esquerdo tem uma caixa
de diálogo com a seguinte
informação: Você gosta de
bergamota? A menina do
lado direito tem uma caixa
de pensamento com um
ponto de interrogação.
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UNIDADE 1
Em variação linguística regional, uma fruta, vários nomes, por exemplo: tangerina, bergamota ou
mexerica.
• Pouca informação ou informação ambígua sobre comportamentos de saúde.
• Informação excessivamente com linguagem científica.
• As limitações humanas também atuam como um obstáculo para uma efetiva comunicação.
Por exemplo, o receptor ouve apenas o que espera ouvir, outro exemplo é quando a pessoa está
indisposta ou ocupada e, geralmente, não consegue sustentar um bom diálogo.
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UNICESUMAR
Elabore a
situação-problema
7 3
Defina o
Faça o
CONSIDERAÇÕES PARA público-alvo
orçamento O PLANEJAMENTO Exemplos:
Crianças.
O valor calculado
da despesa.
EM COMUNICAÇÃO Adolescentes.
Adultos.
Gestantes.
Idosos.
6 4
Aprenda o máximo
Considere o local, possível sobre o
transporte e o público-alvo
melhor dia e horário 5 Exemplos:
para alcançar o Práticas alimentares
indivíduo e/ou regionais, Valores,
grupo Utilize meios de Aspecto social e
comunicação que cultural.
são considerados
apropriados pelo
público pretendido
Disponibilidade de (ou falta de) Exemplos:
transporte e planejar a duração e a Materiais (livros, álbum seriado, folders,
frequência das reuniões, que devem cartazes e slides) e equipamentos
ser flexíveis e condizentes com as didáticos (computadores e data show)
necessidades dos participantes.
Figura 6 - Vamos exemplificar algumas considerações para o planejamento em comunicação. Fonte: a autora.
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UNIDADE 1
O nutricionista educador trabalha com a população nos diferentes ciclos de vida, instruindo-os sobre
programas e técnicas nutricionais que podem melhorar a saúde e qualidade de vida. São eles: crianças,
adolescentes, adultos, idosos e gravidez/lactação.
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UNICESUMAR
Por meio do componente afetivo, o educador poderá considerar o que o indivíduo sente sobre as
práticas alimentares. O nutricionista deve analisar o componente afetivo do comportamento (tristeza,
ansiedade e outros), identificando as necessidades sentidas por seu público escolhido, também chamado
de público-alvo e os incentivos mais indicados para persuadir a mudança.
Por fim, o componente situacional, seja de ordem econômica, infraestrutura e/ou padrões culturais.
Vamos exemplificar os fatores econômicos que limitam a adesão a uma prática alimentar correta, po-
demos citar uma renda familiar per capita inferior a um salário-mínimo, dessa forma, indica mínima
perspectiva de efetividade da educação alimentar e nutricional (CUPPARI, 2014).
O nutricionista, para realizar a educação alimentar e nutricional, deverá partir da real captação dos
componentes cognitivos, afetivos e situacionais do comportamento alimentar. A partir do adequado
diagnóstico da situação alimentar do indivíduo e comunidade.
É importante que o nutricionista crie espaços de educação permanente, mobilizando o repensar
desse papel junto aos demais profissionais da saúde, para que novas formas de cuidado nutricional
possam ser incorporadas.
Você pode ter se perguntado em algum momento de nossa conversa como a sua atuação profissional
na prática abrange esse conteúdo. Bem, vamos lá! A atuação do profissional nutricionista tem o papel
importante de promover programas e atividades de educação em saúde, visando à promoção, trata-
mento e reabilitação da saúde, e essas ações devem estar integradas à prática da alimentação saudável.
Para tanto, tais ações devem ser planejadas e direcionadas à população-alvo, articuladas por equipe
multiprofissional e executadas de forma permanente. Assim, você pode ser um encorajador do desejo
de agir sobre uma situação-problema; você pode organizar um grupo específico; você pode ajudar a
localizar e mobilizar recursos financeiros; você pode ensinar habilidades específicas para um projeto.
Você pode ser capaz de desenvolver equipes interdisciplinares, contribuir nas escolas, instituições de
saúde, restaurantes e outros lugares, uma vez que os problemas de saúde estão integralmente relacio-
nados a questões mais amplas de desenvolvimento comunitário.
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VIRAR PÁGINA
PARA VISUALIZAR
Caro aluno, exponho, a seguir, um mapa mental, o qual torna as informações mais fáceis de lembrar,
pois são mantidas em um formato que fica rápido de revisar. Complete as lacunas com as suas
informações:
Centrado no Educador
EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Modelo Dialógico
Educação Alimentar e Nutricional
Penetrar na história de
vida do indivíduo
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1. Alguns caminhos facilitam o aprender. Nesse sentido, leia as afirmativas a seguir:
a) I.
b) II.
c) IV.
d) II e III.
e) I, II e III.
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3. Com relação à comunicação em saúde, analise as afirmativas a seguir e julgue-as como verdadeira
(V) ou falsa (F).
( ) O uso da linguagem pelo profissional da saúde deve apresentar predomínio de frases curtas
e simples.
( ) Ouvir é a parte fundamental da comunicação, permitir que os pacientes/clientes compartilhem
seus pensamentos e sentimentos fornecerá informações valiosas sobre seus estilos de vida
e crenças.
( ) Linguagem corporal e postura adequada podem ajudar na comunicação do profissional da
saúde com os pacientes/clientes.
( ) Linguagem marcada por construções sintáticas complexas pelo profissional da saúde e predomí-
nio de frases longas agregam valor à comunicação e melhor entendimento dos pacientes/clientes.
a) V, F, F, V.
b) F, V, V, F.
c) V, F, V, V.
d) F, V, F, V.
e) V, V, V, F.
4. Uma abordagem que apenas instrui como proceder a alimentação dita como correta, com um
olhar puramente biológico, uma vez que leva o educando a proceder mecanicamente segundo
o pensar do educador. Esta abordagem diz respeito a qual modelo de educação? Descreva-o
brevemente (máximo de 10 linhas).
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Antropologia e
Alimentação
Dra. Daniela Biral do Prado Freire
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UNIDADE 2
Uma população bem nutrida e saudável é importante para o desenvolvimento sustentável de um país.
Em muitas comunidades, as mulheres grávidas, por exemplo, precisam seguir alguns mitos, tabus e práticas
culturais, que influenciam em sua alimentação. Dessa forma, tornando as mulheres mais vulneráveis a várias
deficiências de micronutrientes, o que implica também na saúde do bebê.
Veja o caso clínico apresentado a seguir: Maria tem 21 anos, possui ensino fundamental incompleto e
está grávida de seis meses. Mora em uma casa localizada na comunidade Ribeirinha da Amazônia. Na casa
moram a sua irmã com quatro filhos, um cunhado e seu marido. Maria não trabalha e recebe o auxílio do
bolsa família, e utiliza parte desse valor para comprar alimentos trazidos de barco por amigos que viajam
até Manaus. Maria diz que “evita comer peixe na gestação porque a reação é causar escamas na criança, mel
na gestação causa aborto, pimenta causa irritação e choro do bebê, o ovo gera mudez…”
Te convido a refletir sobre este caso e peço que busque responder o seguinte: quais os desafios encontrados
pelo nutricionista como educador para correções de distorções criadas por restrições a certos alimentos que
interferem nos hábitos alimentares? Anote as suas impressões e possíveis argumentos no diário de bordo.
É crucial que os educadores repensem a maneira como as estratégias de educação alimentar e nutricional
são planejadas e implementadas, um trabalho do nutricionista que consiga abalar crenças e tabus muito
estruturados e, muitas vezes, infundados, e que desperte um questionamento e uma busca por mudanças
adequadas, é um processo válido de educação.
A comida é grande parte de como nos definimos. A cultura alimentar é diferente para cada família e
pode mudar dependendo do orçamento familiar atual ou da época de vida. Além disso, a aceitabilidade
de um novo alimento pode ser melhorada se o item alimentício puder ser incorporado em um prato
culturalmente familiar ou tornado parecido a um alimento reconhecido pela sua memória, conside-
rando algum atributo sensorial como cor, sabor, textura, forma, dentre outros. Caro aluno, encorajo
você a mergulhar na cultura alimentar. Descubra uma receita culinária familiar para preparar, servir
e conquistar muitos elogios de sua família. Além disso, descreva em seu Diário de Bordo o passo a
passo da receita executada e me conte a sua experiência gastronômica.
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UNICESUMAR
Desde os primórdios dos tempos, o homem, como todas as outras espécies do planeta, interagiu com a
natureza para sua sobrevivência. Não apenas pela necessidade de se proteger em condições ambientais
altamente adversas, mas, acima de tudo, pela capacidade de vencer o desafio de comer ou ser comido,
ou seja, viveu como um caçador-coletor grande parte de sua história, e isso também pode tê-lo mol-
dado biologicamente. Eles comeram de tudo, ou seja, era onívoro, incluindo frutos e raízes, carne de
animais grandes e pequenos, insetos e peixes etc. (WRANGHAM, 2010).
Figura 1 - Comunidade de caçadores-coletores do grupo étnico Khoisan do Sul da África / Fonte: Schuster (2015)
Descrição da Imagem: quatro homens caçadores-coletores, com poucas vestimentas, caminham por uma trilha entre a vegetação,
ou seja, uma mata circundante, cada um com sua lança na mão.
A descoberta do fogo marcou um passo importante na capacidade do homem de manipular a natureza. Para
Claude Lévi-Strauss, antropólogo e um dos grandes pensadores do século XX, em sua obra O Cru e o Cozido,
relatou que cozinhar alimentos usando o fogo é “a invenção que os fez seres humanos”. Antes de aprender
a cozinhar, a comida, especialmente a carne, era comida crua, estragada ou podre (LÉVI-STRAUSS, 2004).
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UNIDADE 2
Cozinhar, simbolicamente, marca uma transição da natureza à cultura e também da natureza à sociedade,
porque o alimento cru é de origem natural, cozido implica em uma etapa de transformação cultural dessa
origem, pois o homem entendeu, por exemplo, que o assar e defumar, além de trazer sabor para a carne, tam-
bém retardam a sua decomposição, certamente, a prova da evolução cultural (LIMA; NETO; FARIAS, 2015).
Ao longo da história, obter alimentos necessários para enfrentar a fome e a escassez mobilizou os seres
humanos a aprender e a fazer suas escolhas alimentares, assim, o homem só se permite alimentar-se do que
concorda culturalmente (CONTRERAS; GRACIA, 2011). Nesta perspectiva, todas as sociedades estabe-
leceram a mesma avaliação para determinar o que consideram um alimento saudável, nutritivo, picante,
salgado, amargo, cru, cozido etc.
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UNICESUMAR
De acordo com nossa cultura, nós também decidimos qual parte da planta ou animal podemos comer:
folhas ou flores, caule ou raiz, músculo ou pulmão ou o animal inteiro. O que vai abrir o apetite, o que
vai trazer uma sensação de saciedade, o que é saboroso, depende da cultura particular do indivíduo em
questão. O tipo de alimento apropriado para diferentes horas do dia, para diferentes dias da semana,
para diferentes ocasiões do ano, também é culturalmente padronizado. O panetone, por exemplo, é
sinônimo de tradição de Natal para muitos brasileiros.
Em diferentes culturas, alguns alimentos são considerados "pesados", alguns "leves", outros são
considerados "alimentos fortificantes" etc. Além disso, os alimentos podem ser sinônimo de status
social, especialmente os alimentos que são considerados adequados, mas se são considerados baratos,
podem tornar-se associados de baixo nível social, portanto, rejeitados, especialmente pelo grupo social
de nível mais elevado.
Qual é a sua comida favorita? Qual é a coisa mais estranha que você já comeu? Devemos comer
hambúrguer ou arroz e feijão? Algo orgânico? Ou talvez algo que coletamos ou cultivamos? Essas
questões têm fortes conotações antropológicas.
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UNIDADE 2
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UNICESUMAR
Comensalidade
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UNIDADE 2
Na hora do almoço, mal dá tempo de se alimentar, isso sem falar do resto do dia. Com tanta coisa
acontecendo ao mesmo tempo, com distrações o tempo todo, uma técnica que tem ajudado as pessoas
a lidar com essas situações da rotina corrida é o mindfulness (em português – atenção plena). Essa
técnica provém de práticas de meditação, envolve a observação, a aceitação e a paciência da rotina
diária. A partir dele, outro programa foi desenvolvido: o mindful eating (em português – comer com
consciência) (RODRIGUES, 2019).
A alimentação consciente — ou seja, prestar atenção à nossa comida — é uma abordagem que tem
pouco a ver com calorias, teor de carboidratos, gorduras ou proteínas. O objetivo da alimentação consciente
não é perder peso. A intenção é ajudar os indivíduos a comerem com prazer, com atenção, tornarem-se
conscientes da fome, satisfação e/ou saciedade e mastigarem bem os alimentos (RODRIGUES, 2019).
Comer conscientemente pode ajudá-lo a:
• Prestar atenção ao que você está comendo, como: “não assista televisão enquanto come”, “sirva
as porções corretas” e “explore os cinco sentidos sensoriais”.
• Melhorar sua digestão comendo mais devagar.
• Promover sua saciedade comendo menos alimentos.
• Fazer uma maior conexão com a origem da sua comida, como ela é produzida e a jornada que
ela leva até o seu prato.
A cultura alimentar é parte de nossa história, que evoluiu e se desenvolveu ao longo do tempo e
reflete na nossa saúde. No entanto, nas últimas décadas, os alimentos comercialmente processados e
ultraprocessados desconectaram muitas pessoas de sua cultura alimentar tradicional a ponto de nem
mesmo reconhecê-la mais (BRASIL, 2014).
Alimentos processados são quaisquer alimentos que foram modificados de seu estado original
fresco ou integral. Muitos alimentos que comemos são processados de alguma forma, por exemplo, o
leite pasteurizado. Já, os alimentos ultraprocessados, produzidos nas indústrias alimentícias, passam
por vários processos na indústria, por exemplo, extração de alimentos ou adição de ingredientes pro-
duzidos em laboratório, resultando em muitos ingredientes adicionados, como corantes, aromatizantes,
realçadores de sabor, dentre outros (LOUZADA et al., 2015).
Enquanto os alimentos frescos são normalmente preparados e consumidos em casa em horários
regulares, os alimentos ultraprocessados são produzidos para consumo em qualquer lugar e a qualquer
momento. Como tendem a ter mais gordura, sódio e carboidratos, em relação aos alimentos proces-
sados ou minimamente processados, estão associados a taxas crescentes de sobrepeso e obesidade
(BRASIL, 2014).
37
UNICESUMAR
Vários movimentos globais, como o Slow Food, chamam atenção em relação às escolhas alimentares. O
Slow Food foi fundado por Carlo Petrini e um grupo de ativistas, na Itália, durante a década de 1980,
com o objetivo de defender as tradições regionais, a boa comida, o prazer gastronômico e um ritmo
de vida lento, por isso o caracol foi escolhido como símbolo do movimento porque se movimenta
lentamente e vai comendo devagar (VALDUGA; MINASSE, 2021).
O objetivo é estimular o interesse das pessoas sobre os
alimentos que comem, de onde vêm e como as escolhas ali-
mentares afetam o mundo ao nosso redor. Reconhecendo a
importância das tradições alimentares locais e a cultura que
as acompanha, o Slow Food promove o verdadeiro prazer
de uma boa comida e sistemas de produção de alimentos
que fornecem comida boa, limpa e justa para todos. Assim,
o movimento inspira mudanças por meio de uma variedade
de programas, incluindo o prazer da comida e como fazer Figura 4 - Caracol símbolo do Slow Food / Fonte:
Slow Food Brasil (2021)
escolhas boas por meio da educação alimentar e nutricional
(VALDUGA; MINASSE, 2021). Descrição da Imagem: um caracol, represen-
tado na cor vermelha, com cabeça, com corpo
Outro movimento global foi publicado, em 2019, pela e a concha enrolada em espiral.
comissão EAT-Lancet, sobre “alimento, planeta, saúde”, cha-
mada de Dieta Planetária, a qual divulga a “alimentação
no antropoceno”, uma proposta de alimentação mais saudável e sistemas alimentares sustentáveis. A
comissão propõe um novo período geológico, que é caracterizado pela humanidade sendo a força
dominante do planeta. Assim, trazem cinco transformações urgentes e radicais até 2050, para mudança
no sistema alimentar global (WILLETT et al., 2019).
38
UNIDADE 2
Proteger Intensificar a
nossos rios agricultura
e oceanos sustentável
Figura 5 - Esquema das cinco estratégias para mudança no sistema alimentar global/ Fonte: a autora
Descrição da Imagem: a imagem apresenta um fluxograma circular dividido em cinco etapas sequenciadas
por setas, que seguem no sentido horário. A descrição de cada etapa está dividida da seguinte forma:
mudar o mundo a favor das dietas saudáveis, saborosas e sustentáveis (na cor roxo escuro); realinhar as
prioridades do sistema alimentar para as pessoas e o planeta (na cor roxo médio); intensificar a agricultura
sustentável (na cor magenta escuro); proteger nossos rios e oceanos (na cor cereja); reduzir radicalmente
as perdas e desperdícios alimentares (na cor laranja). Cada etapa da divisão do ciclo está destacada por
ícones e textos explicativos que as representam.
Assim, de acordo com a comissão, as transformações para dietas saudáveis até 2050 vai exigir mu-
danças substanciais da dieta. O consumo de frutas e hortaliças terá que duplicar e o consumo de carne
vermelha e açúcar terá que reduzir em mais de 50% (WILLETT et al., 2019).
39
UNICESUMAR
A Dieta Mediterrânea tem sido considerada modelo de alimentação saudável e sustentável. As dietas
sustentáveis são aquelas com baixo impacto ambiental que contribuem para a segurança alimentar
e nutricional e também para a vida saudável das gerações presentes e futuras. As dietas sustentáveis
protegem e respeitam a biodiversidade e os ecossistemas, são culturalmente aceitáveis, economicamente
justas e acessíveis; ao mesmo tempo em que otimizam os recursos naturais e humanos (CANESQUI;
GARCIA, 2005).
Descrição da Imagem: a imagem apresenta alimentos variados, frescos e coloridos. Com frutas,
verduras e legumes de diversas cores, abóboras, peixe com escama, nozes, óleos, macarrão, vinho
etc. Na imagem, há alimentos que estão em cima de uma tábua e algumas frutas e legumes estão em
uma vasilha de madeira rústica e outros alimentos estão espalhados na toalha de cor marrom claro.
A Dieta Mediterrânea é amplamente divulgada como sustentável e saudável por alguns motivos: é ba-
seada no consumo de azeite, cereais, frutas e hortaliças, uma quantidade moderada de peixe, laticínios
e carne, e muitos condimentos e especiarias, ocasionalmente acompanhados por vinho e café. Além
disso, promove a interação social, dá origem a hábitos culturais, protege a biodiversidade, garante a
conservação e desenvolvimento de atividades tradicionais. Portanto, mudar as escolhas alimentares
para atender aos requisitos dietéticos para a saúde também pode ajudar a diminuir as mudanças cli-
máticas (CANESQUI; GARCIA, 2005).
A culinária de uma nação é determinada, em grande parte, pelas sociedades, costumes e tradições
dessa cultura, bem como pela acessibilidade, disponibilidade de certos alimentos e ingredientes. Cada
cultura e comunidade tem sua própria identidade, e o patrimônio gastronômico é parte integrante
dessa identidade (FRANCO, 2021).
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UNIDADE 2
A comida reflete toda a história de um território e materializa as formas como as diferentes culturas
se fundiram ao longo dos séculos, por meio da cozinha. O patrimônio cultural imaterial é frágil e é
transmitido de geração em geração; é constantemente recriado pelas comunidades e fornece a elas um
senso de identidade e continuidade. Dada a sua fragilidade, o patrimônio cultural gastronômico deve
ser considerado um bem comum que deve ser protegido, celebrado e usufruído.
Como o Brasil é uma mistura de costumes, sua culinária é igualmente variada. Além disso, os
vários tipos de pratos e ingredientes usados dependem da localização geográfica do Brasil (DÓRIA,
2014). As histórias do Brasil e sua culinária são fortemente influenciadas pela colonização portuguesa
do século XVI, pelas pessoas escravizadas trazidas da África e pelos povos indígenas. A cultura e as
tradições dos colonos se misturaram com a cultura indígena brasileira para formar o caldeirão que
vemos hoje na gastronomia, assim, diferentes influências continuam a permear a culinária brasileira
atual (CASCUDO, 2004).
Pessoas escravizadas trazidas da África para trabalhar nas plantações de açúcar deixaram sua mar-
ca, influenciando os nomes de muitos pratos brasileiros. É no Nordeste, mais precisamente no estado
da Bahia, que predomina a influência africana na gastronomia local. Na culinária baiana, muitos são
os ingredientes trazidos diretamente da África. É o caso da banana, inhame e quiabo, por exemplo
(SANTOS, 2008). Apesar disso, a maioria dos pratos de influência africana usam também alimentos
sul-americanos, como feijão, milho e mandioca. O vatapá é o prato icônico da culinária nordestina
do Brasil, é uma mistura de farinha de mandioca muito picante à qual se junta leite de coco, óleo de
palma, castanha de caju e camarão seco, temperado com cebola, coentro ou pimenta e servido com
arroz. Além disso, temos tapioca, acarajé, baião de dois, paçoca de carne-seca, buchada de bode, galinha
à cabidela, bobó de camarão e sarapatel.
A culinária brasileira é, portanto, uma mistura
de produtos locais, como mandioca, feijão preto
e leite de coco, e ingredientes da África, como a
banana. Da mesma forma, o legado indígena é
importante, em especial com a contribuição da
farinha de mandioca, ingrediente básico da culi-
nária do Nordeste e do Norte.
A região Norte, especificamente, o estado do
Pará, pouco foi afetado pela colonização, ou seja,
manteve sua culinária tradicional. A gastronomia Figura 7 - Vatapá
paraense é composta por ingredientes fornecidos
Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma mesa pos-
pelo rio e pela mata circundante. Belém é a capital ta com toalha xadrez, utensílios rústicos e duas preparações
gastronômica da Amazônia, e o prato característico culinárias (vatapá e arroz), cada preparação está decorada em
tigelas de cerâmica, de diferentes texturas, na cor cinza, essas
da cidade, é o tacacá. Para alguns, tacacá é um tigelas estão sobre uma tábua de madeira que tem ao seu lado
diferentes pimentas decorativas.
caldo; para outros, é uma bebida, ou mesmo um
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UNICESUMAR
ensopado. Mesmo assim, mistura camarão com tucupi, um líquido espesso e amarelo extraído da raiz
da mandioca, e jambu, planta cujas folhas causam um formigamento agradável e uma dormência nos
lábios. Servido bem quente, o tacacá ganha um ingrediente extra com a adição de pimenta de cheiro,
uma pimenta picante. Além disso, tem o pato no
tucupi, uma caldeirada de pato, e a maniçoba, que
é a feijoada paraense, na qual diferentes partes do
porco e as linguiças são cozidas junto com as fo-
lhas verde-escuras da mandioca (que exigem uma
semana de cozimento para remover as toxinas)
(BRASIL, 2015).
O Sul do Brasil tem tudo a ver com churrasco
e, provavelmente, é o que a maioria de nós associa
à comida tradicional brasileira, muitos cortes de
carne, bem grelhados no fogo. Outros pratos da
região incluem o barreado típico do Paraná, um
cozido de carne em panela de barro selada com Figura 8 - Tacacá
42
UNIDADE 2
43
VIRAR PÁGINA
PARA VISUALIZAR
Caro aluno, exponho a seguir um mapa mental, no qual torna as informações mais fáceis de lembrar,
pois são mantidas em um formato que fica rápido de revisar. Complete as lacunas com suas
informações:
Quem estuda?
CULTURA Antropologia
da Alimentação
Envolve É dinâmica
a herança Depende Poderá auxiliar no
O Homem produz a cultural diagnóstico da
cultura através de várias dos recursos
disponíveis complexidade das
modificações que a escolhas alimentares
sociedade passa
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1. Qual é o papel da comida na cultura humana?
a) Etnocentrismo.
b) Antropologia.
c) Aculturação.
d) Comensalidade.
e) Socialidade.
3. O dilema do onívoro é amplamente discutido nos tempos atuais. Faça uma pesquisa sobre
este assunto e responda. Por que os humanos têm problemas com o dilema do onívoro?
4. Com relação à alimentação e à cultura, analise as afirmativas a seguir e julgue-as como ver-
dadeira (V) ou falsa (F).
a) V, F, V, V.
b) V, V, V, V.
c) V, F, V, V.
d) V, V, F, V.
e) V, V, V, F.
45
46
3
Teorias Pedagógicas
para Educação
Alimentar e Nutricional
Dra. Daniela Biral do Prado Freire
O tema alimentação invadiu a mídia como uma intensidade nunca antes vista. São inúmeros os sites,
redes sociais e mídias televisivas que trazem a temática alimentação. Hoje se consome muita comida
e muita informação sobre comida. Consequentemente, em uma sociedade guiada pela mídia, obriga
o nutricionista investido da função de educador a procurar novas formas de ensinar, considerando
ainda que precisa criar mecanismos para competir com esses meios de comunicação.
Entender o processo educacional no mundo contemporâneo é fundamental para o educador quando
desenvolvem a educação alimentar e nutricional, uma vez que a função educativa pretende orientar, en-
sinar, instruir ou ajudar as pessoas. Dessa maneira, emerge um questionamento: quais são as principais
estratégias pedagógicas que podem ser úteis no plane-
jamento de atividades educativas? Por meio delas, os
profissionais de saúde, especialmente, os nutricionistas,
podem se desenvolver em seu papel de educadores?
Esperamos que nesta unidade você consiga oportu-
nizar novos olhares acerca da construção de processos
de ensinar e de aprender. Desse modo, você conhecerá
as principais teorias pedagógicas para prática de edu-
cação, as metodologias ativas para educação e os está-
gios do desenvolvimento e aprendizagem. Propomos
reflexões a respeito das formas e percursos pedagógi-
cos que levem a uma prática educativa que conduza
as intervenções alimentares e nutricionais com cará-
ter dialógico, criticidade, participação, amorosidade
e compromisso social. Desejamos uma boa leitura!
O método de ensino é o caminho que o educador escolhe para ir de encontro ao pensamento e
ao sentimento dos educandos. Esta sintonia exige, além de uma opção metodológica, uma atitude de
busca, um caminho de reflexão, de questionamento: quem é o indivíduo que vou ensinar? O que ele
está buscando? Como eu posso ajudá-lo?
Diferentes métodos de ensino evoluíram ao longo dos anos e novos métodos de ensino são inventados
com o passar do tempo. Não podemos dizer que um método é melhor que o outro. Assim, é significativo
empregar diferentes métodos e estratégias para garantir que o aprendizado se torne mais eficiente.
Aprender é uma das ações mais duradouras e inegavelmente importantes do ser humano. A apren-
dizagem é uma mudança relativamente permanente no conhecimento ou comportamento resultante
da experiência, ou seja, o conhecimento antigo fica mais diferenciado e elaborado; logo, aprendemos
a partir do que conhecemos.
Quando o educando recebe uma nova informação, por exemplo, alimentos que podem ajudar na
prevenção e no tratamento da diabetes, ele a relaciona com as informações que já conhece e que estão
presentes na sua estrutura cognitiva (alimentos considerados saudáveis). Quando ele consegue relacionar
o novo conhecimento no velho conhecimento de forma interativa, ocorre uma aprendizagem significativa.
48
UNIDADE 3
Aprendizagem se refere ao processo pelo qual os consumidores, por exemplo, mudam seu comporta-
mento após obterem informações ou experiência de um determinado produto alimentício. É a razão
pela qual você não compra um produto ruim duas vezes. O aprendizado não afeta apenas o que você
compra, afeta como você compra. Pessoas com experiência limitada sobre um produto ou marca ge-
ralmente procuram mais informações do que as pessoas que já usaram o produto.
É importante estudar o papel da educação alimentar e nutricional na contemporaneidade. Assim, o
diálogo, por exemplo, sobre informações de produtos alimentícios ou sobre o consumo de alimentos
com ênfase na cultura e hábitos regionais locais são aspectos que podem ser problematizados, de modo
a suscitar a novos entendimentos da realidade.
Outro ponto importante consiste em aprender a partir de distintos materiais educativos, e estra-
tégias diversificadas são fatores facilitadores da aprendizagem significativa, pois permite atender aos
diferentes modos de aprendizagem.
Contemplando processos pedagógicos e materiais educativos, o artigo de Boog et al. (2003) con-
siste na avaliação do vídeo “Comer... o fruto ou o produto?”, concebido como estratégia de educação
alimentar e nutricional para trabalhar com adolescentes.
Para acessar, use seu leitor de QR Code e faça a leitura antes de prosseguir,
este passo é muito importante.
Como você viu, o vídeo transporta os fatos do cotidiano, da situação-
-problema, para o momento do processo educativo. A partir de sua leitura e
interpretação, te convido a colocar a mão na massa e se expressar as seguintes
questões: você concorda com esse recurso pedagógico adotado pelos autores?
Na sua opinião esse recurso pode ser aplicado com outros grupos educativos?
Anote e registre sua resposta no diário de bordo.
Há uma grande variedade de materiais didáticos que podem ser usados d e acordo com os objetivos da
aprendizagem: exercícios de compras, prova de sabor, elaboração de materiais educativos, desenvolvi-
mento de habilidades culinárias, oficinas, teatros etc., porque estes materiais permitem a aprendizagem
mais rápida e eficaz; e proporcionam experiências que facilitam a reflexão compreensão; despertam
o interesse dos educandos; possibilitam exemplificações mais concretas; e estimulam a participação
ativa do educando.
Consideramos que, na prática de ensino (ou práticas pedagógicas), o que torna a ação educativa
ou o material educativo efetivamente pedagógico são os objetivos com que são planejados, ou seja, a
finalidade educativa para a efetividade do processo de ensino e aprendizagem.
Salienta-se que a prática de ensino consiste em uma prática social complexa, mediada pela interação
educador-educando-conhecimento, que ocorre em diferentes espaços/tempos do cotidiano dos espaços
pedagógicos. O espaço de ensino (ambiente de aprendizagem ou espaço pedagógico) é o locus cultural
e socialmente construído, projetado para promover oportunidades de aprendizagem.
49
UNICESUMAR
50
UNIDADE 3
Por exemplo, se os educandos recebem um prêmio toda vez que obtêm nota dez em provas e, em
seguida, os educadores param de dar esse reforço positivo, menos educandos podem obter nota dez
nas provas, porque o comportamento não está mais conectado a uma recompensa. Portanto, essa teoria
pressupõe que a aprendizagem ocorre como resultado de respostas a eventos externos, como reforço
positivo e negativo, repetição e elogios (BOOG, 2013).
Em uma ação educativa alimentar e nutricional é possível condicionar os comportamentos dos indiví-
duos a partir dos meios nos quais eles vivem. O principal objetivo do método de ensino comportamental
é modificar comportamentos que possam ser prejudiciais, manter aqueles que são desejados e promover
a aquisição de novos comportamentos positivos para o indivíduo, grupos e comunidade. Dessa forma, as
mudanças no comportamento alimentar são o resultado de uma resposta individual a eventos (estímulos)
que ocorrem no meio. Assim, mediante reforços positivos ou negativos, o nutricionista pode provocar
a aprendizagem de comportamentos alimentares a serem adotados ou evitados (GALISA et al., 2014).
Descrição da Imagem: a imagem mostra um aluno na sala de aula, sorridente. O aluno está de pé em frente a uma lousa e segurando
objetos com as mãos, sendo, na mão direita, uma prova com a nota dez e, na mão esquerda, um troféu.
51
UNICESUMAR
A educação humanista coloca a aprendizagem centrada no aluno, foi desenvolvida pelo principal
representante psicólogo norte-americano Carl Rogers (1902-1987) (LIMA et al., 2018).
Os educandos devem estar automotiva-
dos em seus estudos e desejar aprender
por conta própria. O foco é a pessoa
e não o desempenho da pessoa, de tal
modo que os sentimentos, assim como
os conhecimentos, são importantes no
processo de aprendizagem (BOOG,
2013). Por exemplo, um aluno que está
com fome não terá tanta atenção para
dar ao aprendizado. Assim, as escolas
oferecem refeições aos alunos, para que
essa necessidade seja atendida e eles
possam se concentrar na educação. Figura 2 - Educação centrada no aluno/ Fonte: a autora.
52
UNIDADE 3
Desse modo, para obter a educação alimentar e nutricional, precisamos saber como a criança
aprende e em que fase de desenvolvimento ela se encontra, para estabelecer quais questionamentos
e atividades educativas podem ser propostas, como alimentos, histórias, imagens, texturas, cores
e formas (GALISA et al., 2014).
53
UNICESUMAR
2. O estágio pré-operacional:
idades de 2 a 7 anos. No está-
gio pré-operacional, as crianças
usam sua nova capacidade de
representar objetos em uma am-
pla variedade de atividades, mas
ainda não o fazem de maneiras organizadas ou totalmente lógicas. Um dos exemplos mais óbvios
deste tipo de cognição é o “jogo do faz de conta”. Durante este estágio, as crianças são capazes
de pensar sobre as coisas simbolicamente, desenvolvendo a memória e a imaginação, o que lhes
permite compreender a diferença entre passado, futuro e fazer de conta (FERRACIOLI, 1999).
Assim, nesta etapa, pode-se oferecer materiais educativos de nutrição à criança que levem ao de-
senvolvimento, por exemplo, pode ser introduzido o jogo da memória, achar um objeto na cena ou
quebra-cabeça com imagens corporais diversas e cenários com foco na alimentação, que possibilite,
também, o despertar na criança para o desejo de comer, propondo as escolhas assertivas, conhecimento
de novos sabores etc. (GALISA et al., 2014).
A escolha de jogos é uma ferramenta pedagógica que promove tanto o desenvolvimento cognitivo
quanto social. O jogo pedagógico deve promover alegria, prazer, diversão e, assim, a aprendizagem
(PRADO et al., 2016).
54
UNIDADE 3
Desse modo, nos oferece caminhos para ensinar de forma mais efetiva para estabelecimento de estratégias
de educação alimentar e nutricional. As ideias que esses indivíduos têm sobre alimentos específicos podem
influenciar suas preferências, sua vontade de saborear e toda a sua experiência alimentar. Consequentemen-
te, esses diferentes pensamentos, percepções e estratégias de decisão podem ter um impacto significativo
nas intervenções destinadas a mudar as escolhas e o consumo dos alimentos (ZEINSTRA et al., 2007).
Os educadores de nutrição precisam explorar maneiras de ensinar sobre alimentos e nutrição que
levem em consideração a capacidade de compreensão das estruturas cognitivas desses indivíduos. Es-
tratégias de ensino cuidadosamente planejadas e baseadas em atividades podem facilitar o processo. A
educação alimentar e nutricional para pré-adolescentes, adolescentes e fase adulta deve, portanto, incluir
informações e experiências do mundo real que vai ajudá-los a distinguir entre quais alimentos devem
comer e quais devem evitar, assim, contribuindo de maneira significativa para boas escolhas alimenta-
res (CONTENTO, 1981). Além disso, eles podem participar de visitas a supermercados e feiras livres,
observando preços, lendo rótulos e a validade dos produtos para simulações de problemas e discussões.
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UNICESUMAR
56
UNIDADE 3
do diálogo como uma ferramenta poderosa para e a população, cria uma das principais barreiras
conduzir práticas educacionais eficazes, transfor- para mudanças sociais e dificuldade para o en-
madora de contexto sociocultural e da mentali- frentamento de problemáticas específicas, como
dade das pessoas, entre muitos outros (LEITE; a insegurança alimentar e nutricional (BEZERRA,
PRADO; PERES, 2010). 2018).
Inevitavelmente, a problematização concede Diante disso, há inúmeras formas de ensinar e
aos educandos oportunidades de se envolver em educar e, na prática profissional, essas diferentes
interações que os levam a níveis mais elevados abordagens se mostram combinadas. Há momen-
de raciocínio, pensamento e desenvolvimento. tos em que somos bem tradicionais, em outros,
Isso é feito por meio da criação de espaços dia- conseguimos problematizar as situações. Às ve-
lógicos que colocam em prática esses princípios. zes utilizamos a internet e vários outros recursos
São contextos em que os educandos (que podem tecnológicos, em outros deparamos que somos
ser adultos ou crianças em idade escolar) dialo- humanistas e falamos com emoção. Quem bus-
gam em torno de alguma temática, quando todos ca desenvolver um trabalho educativo não pode
os educandos têm o mesmo direito de falar e as deixar de ir às fontes primárias de educação e ler
contribuições são valorizadas de acordo com o autores como Paulo Freire, Rubem Alves, Carl
argumento que transmitem (LEITE; PRADO; Rogers e tantos outros, bem como conhecer as
PERES, 2010). diferentes ideias pedagógicas que podem nos
Os educandos criam um novo significado sobre motivar para o nosso desenvolvimento como
um assunto específico que eles estão discutindo. educadores (BOOG, 2013).
Desse modo, as contribuições dessa educação têm Mais recentemente, as metodologias ativas
um impacto estendido, à medida que os educando têm sua relevância no ensino, pois consistem
internalizam os resultados de aprendizagem e os em uma metodologia em que os alunos têm um
transferem para suas famílias, bairros e comuni- papel ativo no processo educativo, sendo o pro-
dades, tornando-se, não apenas os destinatários fessor um mediador na construção do conhe-
de transformações profundas, mas também seus cimento, as tecnologias digitais, especialmente
próprios gatilhos em contextos ampliados. a internet, têm inspirado e transformado as
As relações sociais nesse processo já haviam relações sociais e educacionais. Nesse sentido,
sido elementos-chave na teoria do desenvolvimen- com destaque para aplicativos disponíveis em
to cognitivo de Vygotsky, colocando a interação plataformas de smartphones, conhecidos como
social no centro da aprendizagem e dos processos apps destinados a melhorar a nutrição, além de
de desenvolvimento. Com suas contribuições, ad- vídeos, blogs e sites. Temos também as atividades
quiriu uma dimensão sociocultural, que estabele- remotas: atividades no Moodle, mídias sociais
ceu nosso entendimento atual sobre o fato de que WhatsApp®, Facebook®, Instagram® e YouTube®,
a linguagem é a ferramenta mais importante para plataformas digitais do Google®: Meet e Forms
pensar, aprender e desenvolver, ocorre primeiro a etc. (RIEDNER; PISCHETOLA, 2021). Entretanto,
nível social e depois a nível individual (GARCÍA- devem, preferencialmente, ser conduzidos por
-CARRIÓN et al.,2020). profissionais nutricionistas com vistas à promo-
A falta de relações dialógicas entre professores, ção da mudança do comportamento alimentar
profissionais da saúde, educadores nutricionistas (SANTOS; PATAXÓ; SPIER, 2022).
57
UNICESUMAR
Assim, nos ambientes educativos formais, temos vários artefatos digitais conectados em rede, por
exemplo, celulares, tablets, computadores, notebooks, dentre outros, como meios de interação adequa-
dos aos processos de ensino e de aprendizagem de conceitos científicos (MÉLLO; OLIVEIRA, 2018).
Descrição da Imagem: a imagem mostra um menino de camiseta de cor amarela, sentado em uma cadeira, estudando aula on-line no
seu computador notebook, com a mão direita em cima do mouse, um livro aberto e uma luminária na cor verde acesa em cima da mesa.
Nessa perspectiva das metodologias ativas, as tecnologias digitais devem auxiliar o homem no processo de
desenvolvimento de modelos mentais e de estratégias de aprendizagem. Pois, as ferramentas e mídias digitais
oferecem à didática, objetos, espaços e instrumentos capazes de renovar as situações de interação, expressão,
criação, comunicação, informação e colaboração, a partir de situações e problemas reais, com base na oportu-
nidade que os participantes têm de enfrentar situações que vivenciam na vida, priorizar os participantes com
atitudes ativas, dialogando e envolvendo-os no processo educativo (SOUSA, MIOTA e CARVALHO, 2011).
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UNIDADE 3
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UNICESUMAR
A prática da educação alimentar e nutricional deve fazer uso de abordagens e materiais educacionais
problematizadores e ativos que favoreçam o diálogo junto a indivíduos e grupos populacionais, sobre
a disponibilidade de alimentos saudáveis a preços acessíveis, a fim de melhorar a oportunidades das
pessoas para uma alimentação saudável (BEZERRA, 2018). A educação alimentar e nutricional precisa
abordar preferências alimentares e fatores sociais; fatores relacionados à pessoa, como crenças, tabus,
memórias afetivas e, além disso, os fatores ambientais (CONTENTO, 2008).
Assim, a alimentação, comumente ligada à promoção da saúde, muda a partir de diferentes for-
mas de construção social, mudanças ambientais e tecnológicas na sociedade que pode determinar o
consumo dos alimentos (MACEDO; AQUINO, 2018). A educação alimentar e nutricional deve ser
um processo contínuo ao longo do ciclo da vida. A educação significa mudança de comportamento,
aumentando o conhecimento para a ação, assim, oferece uma grande oportunidade para o indivíduo
aprender o essencial da nutrição para sua saúde.
60
UNIDADE 3
61
Com o propósito de refletir sobre os itens fundamentais que discutimos nesta unidade e de que forma
se relacionam, você será convidado a colocar no papel a criação de um mapa mental/diagrama
procurando estabelecer, de forma sintética, os principais itens discutidos na unidade. Apresento, a
seguir, uma proposta no formato de um mapa mental, por exemplo, no qual reuni os principais tópicos
abordados, de forma clara e objetiva, que orientarão o desenvolvimento desta atividade.
Compreende
Composto por
Converge em
Representado por:
62
1. As ações de Educação Alimentar e Nutricional devem contemplar uma abordagem integrada
e podem ser desenvolvidas por diversos profissionais, desde que pautadas nos seguintes
princípios básicos:
a) Ser um processo educativo individual e solitário, que promova apenas a melhora da saúde.
b) Considerar a legitimidade dos saberes oriundos da cultura, religião e ciência, relacionados
aos profissionais.
c) Transmitir conhecimentos necessários que contribuam para mudança imediata de compor-
tamentos errôneos.
d) Privilegiar a sustentabilidade social, ambiental e econômica, em detrimento às questões
bioculturais.
e) Ser um processo educativo participativo e emancipatório, que promova o autocuidado e
autonomia nas escolhas alimentares, a fim de promover a melhoria da qualidade de vida.
63
4. A imagem a seguir sugere um método pedagógico utilizado para trabalhar em grupos.
Descrição da Imagem:a figura é uma ilustração de um menino, usando bermuda e camiseta regata, com calçados pretos,
gesticulando e em conversa com uma menina, de cabelos presos, também gesticulando, usando regata, saia e sapatos pretos.
Entre os dois há balões sinalizando uma conversa.
64
4
Fatores Determinantes
para o Comportamento
Alimentar
Dra. Daniela Biral do Prado Freire
66
UNIDADE 4
Após assistir ao vídeo, desenvolva um resumo sobre “A falta de tempo pode levar as pessoas a faze-
rem escolhas alimentares erradas”, redija no mínimo 15 linhas.
Muitas pessoas atribuem a falta de tempo como uma das maiores barreiras para uma alimentação
mais saudável. Dessa forma, podemos refletir: ainda podemos comer de forma saudável quando o
tempo é limitado? Sim, o caminho é a educação: é possível atender às nossas necessidades nutricionais
se fizermos escolhas racionais e prazerosas ao comer fora ou comer com pressa. Com tantas coisas para
fazer, pode parecer que alimentos processados e ultraprocessados, rápidos ou de conveniência são a
única opção. O desafio da educação alimentar e nutricional não é apenas convencer racionalmente,
mas ensinar a desfrutar de outros sabores.
Figura 1 - Ensaio fotográfico “Daily Bread”, do fotógrafo norte-americano Gregg Segal. Na imagem a indígena Kawakanih
Yawalapiti, de 9 anos, do Alto Xingu, Mato Grosso e Henrico Valia, 9 anos, de uma família de classe média de Brasília, DF /
Fonte: Pontes (2018)
Descrição da Imagem: a imagem mostra duas crianças deitadas com várias comidas em torno delas. O lado esquerdo da imagem
apresenta uma indígena com algumas partes do seu corpo pintada em vermelho e outras com linhas na cor preta, de colar vermelho,
saia e enfeites pelo corpo e com diferentes alimentos em sua volta, como diversas frutas, peixes e tapiocas sobre folhas de bananeira e
de coqueiro. O lado direito mostra uma outra criança, um menino de blusa e calça de estampa verde militar e tênis na cor cinza, deitado
sobre um tecido preto com as laterais escritas Star Wars e com vários produtos alimentícios industrializados bem coloridos à sua volta.
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UNICESUMAR
As escolhas alimentares são múltiplas decisões, essas escolhas vão determinar comportamentos
relacionados à alimentos. Aprofundando esta questão, o ensaio fotográfico do americano Gregg Segal
apresenta imagens bastante ilustrativas sobre o que as crianças conseguem comer ao longo de uma
semana em diferentes lugares no mundo. Observe as crianças a seguir (Figura 1).
O que você consegue identificar no consumo alimentar desses indivíduos de acordo com a diversidade
e diferença de alimentos que são consumidos? Quais exemplos de pratos que compõem o hábito ali-
mentar na sociedade brasileira você pode elencar? Anote e registre suas reflexões no diário de bordo
disponibilizado a seguir.
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UNIDADE 4
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UNICESUMAR
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UNIDADE 4
É possível mudar esse comportamento? Sim, o caminho é a educação: é preciso falar sobre isso, com-
partilhar experiências, entender as razões que levam à preferência das pessoas pelo açúcar e ampliar a
discussão sobre o problema. Tal fato demonstra claramente que a mudança é, sim, possível, mas que ela
passa por outras vias que não são apenas do componente cognitivo da razão, dos argumentos técnicos
e das comprovações científicas (BOOG, 2013).
O componente situacional pode se apresentar e linguiça. Dessa forma, seria coerente incluir no
como facilitador da prática desejada, ou como cardápio fontes de proteínas mais nobres?
barreira para ela, seja de ordem social, cultural, O estudo do comportamento alimentar é um
econômica e estrutural. Apoios estruturais dizem elemento essencial para o sucesso das interven-
respeito à disponibilidade e aquisição do alimento, ções alimentares. Pois, sugere-se que uma explo-
por exemplo, informam a presença ou não de de- ração aprofundada dos determinantes do com-
terminado alimento na vida da pessoa (GALISA portamento alimentar potencialize o impacto de
et al., 2014). programas de promoção de práticas alimentares
Já a coerção social é o apoio dado pelos que saudáveis. Cada vez mais frequente, a adoção de
circundam o indivíduo e suas práticas alimentares dietas inadequadas no Brasil e em outras partes do
— se há ou não reforço a determinado comporta- mundo leva a questionamentos sobre o impacto
mento (GALISA et al., 2014). Vamos exemplificar: de intervenções dietéticas tradicionalmente apli-
nós sabemos que o adolescente, para ser aceito no cadas a grupos e comunidades (SIMINO, 2018).
grupo ao qual pertence, precisa tomar refrigerante A maioria dos programas de educação alimen-
e consumir frituras, uma vez que é um hábito pe- tar e nutricional pressupõe que o indivíduo começa
culiar desse grupo etário. com um certo grau de vontade e consciência para
E os fatores econômicos, que limitam a ade- mudar o comportamento e, portanto, focar a inter-
são a uma prática alimentar correta. Então, va- venção em atividades orientadas para a ação, além
mos refletir: uma nutricionista que atua em uma de promover a construção de conhecimentos, deve
unidade básica de saúde cujo poder aquisitivo propiciar novos significados e sentidos para o ato
da população assistida permite que consumam, de comer, ressignificar práticas e desenvolver estra-
como fontes de proteínas, ovo, carne de segunda tégias para a mudança de hábitos (BOOG, 2013).
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UNICESUMAR
As pessoas mudam de várias maneiras e por inúmeros motivos. Mudar os hábitos alimentares e
o ambiente pode ajudá-los a comer alimentos mais saudáveis. Para isso, podemos fazer algumas
reflexões: como as pessoas mudam? Qual é o papel da motivação no processo de mudança?
Consegui! MANUTENÇÃO
Faço!
AÇÃO
Consigo fazer
Vou fazer
PREPARAÇÃO
Como fazer?
Descrição da Imagem: a imagem mostra uma escada com diferentes tonalidades de verde, a cada degrau da escada há o desenho de um
homem (de blusa amarela, calça azul e sapato cinza) e junto tem a descrição do comportamento dele naquele momento, bem como o estágio
do comportamento que ele se encontra, a descrição está na seguinte ordem, de cima para baixo (consegui! – manutenção; faço! Consigo
fazer – ação; vou fazer, como fazer? – preparação; não consigo fazer? quero fazer! – contemplação; não quero fazer – pré-contemplação).
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UNIDADE 4
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UNICESUMAR
Diferentes processos estão envolvidos nos estágios de mudança. Conforme os indivíduos progridem
por meio dos estágios, sua autoeficácia deve aumentar, ou seja, o quão capazes eles se sentem de mudar,
incluindo o reconhecimento de que há mais prós do que contras para mudança do comportamento
(NAKABAYASHI; MELO; TORAL, 2020).
No estágio de determinação (decisão), as
pessoas estão prontas para agir no futuro próxi-
mo. As pessoas começam a dar pequenos passos
em direção à mudança de comportamento e acre-
ditam que mudar seu comportamento pode levar
a uma vida mais saudável. Assim, os educadores
podem preparar uma lista de mensagens motiva-
doras e escrever os objetivos. Estruturar um plano
para mudança é importante também nesta etapa
(ASSIS; NAHAS, 1999).
Mudar permanentemente um comportamento,
ou adquirir um hábito, não acontece da noite para
o dia. Algumas dessas etapas duram meses antes
Figura 7 - Pequenos passos em direção à mudança de que a pessoa esteja pronta para seguir em frente.
comportamento
Descrição da Imagem: a imagem mostra um desenho de três cabeças humanas formadas por alimentos.
Representam os estágios do comportamento alimentar, na primeira cabeça mostra somente fast-food, na
segunda cabeça já há uma evolução com uma parte de fast-food e outra parte com frutas e hortaliças, e
a terceira cabeça apresenta somente frutas e hortaliças.
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UNIDADE 4
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UNICESUMAR
Você vê como as pessoas ficam presas em certos estágios? O que os mantém presos? Como você
pode ajudá-los a continuar progredindo nos estágios?
Os estágios de mudança ajudam a acompa- saudável. Essas etapas definitivas são vitais para
nhar o progresso para melhores hábitos de saúde. o sucesso, mas esses esforços são frequentemente
Progredir por meio dos estágios e se familiarizar abandonados em questão de semanas porque as
com as etapas pode nos ajudar a manter a respon- etapas anteriores foram negligenciadas.
sabilidade e a compreender os diferentes desafios Quando a abordagem de mudança é usada
em cada estágio. Muitas vezes, as resoluções falham em intervenções educacionais, como é aplicada?
porque as etapas anteriores não tiveram reflexão Normalmente, os estágios de mudança são usados
ou tempo suficiente. Por exemplo, muitas pessoas como um construto organizador central para a
decidem no ano novo perder peso e imediatamen- intervenção. Isso significa que os indivíduos são
te começam o ano com uma alimentação mais avaliados nos estágios de mudança no início da
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UNIDADE 4
Dessa forma, indivíduos que comeram menos de cinco porções de frutas e hortaliças e que não pensam
em comer nos próximos seis meses foram classificados no estágio de pré-contempladores; indivíduos
que comeram menos de cinco porções de frutas e hortaliças e estavam pensando seriamente em comer
mais nos próximos seis meses, mas não no próximo mês, foram classificados no estágio de contem-
pladores; indivíduos que comeram menos de cinco porções de frutas e hortaliças e estavam pensando
seriamente em comer mais no próximo mês foram classificados no estágio de determinação; indivíduos
que consumiram pelo menos cinco porções de frutas e hortaliças, mas que o faziam há menos de seis
meses, foram classificados no estágio de ação, enquanto aqueles que o faziam por mais de seis meses
foram classificados no estágio de manutenção (RESNICOW; MCCARTY; BARANOWSKI, 2003).
Muitas estratégias de educação alimentar e nutricional são atualmente descritas na literatura. En-
tretanto, esses programas de nutrição muitas vezes são estruturados a partir do princípio de que todos
os participantes estão prontos para mudar o comportamento. E isso é uma falha! Com a aplicação do
modelo transteórico tem-se um papel promissor para uma melhor compreensão das mudanças nos
hábitos alimentares que são direcionadas por intervenções dietéticas. Estratégias adaptadas a cada
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UNICESUMAR
etapa dessas mudanças, conforme identificadas por essa teoria, podem motivar as pessoas de forma
mais eficaz a adotar hábitos alimentares mais saudáveis (GALISA et al., 2014).
A educação alimentar e nutricional, mais o cuidado, visam a integração e a harmonização, para
que o indivíduo possa superar os desafios e as angústias entre seu percurso (BOOG, 2013). Portanto,
é importante reservar um tempo para revisar periodicamente nossas motivações, recursos e progresso
a fim de renovar nosso compromisso e acreditar em nossas habilidades.
Essa educação se configura como um processo de empowerment (empoderamento, no português),
o objeto de empoderamento não é simplesmente transmitir novas informações ou induzir compor-
tamentos específicos. Isto é apoiar as pessoas a fazerem suas próprias análises para que elas mesmas
possam decidir o que é bom para elas (GALISA et al., 2014). A definição de empoderamento está
indiretamente relacionada à de autonomia, mostrando a capacidade decisória de indivíduos, grupos
e comunidades sobre assuntos que lhes dizem respeito, tais como: política, saúde, cultura e outros
(SANTOS; SANTOS, 2020).
A educação para o empoderamento gera conhecimento
coletivo, promove ganho de poder para as pessoas lidarem com
as adversidades, revelando as dimensões pessoais e sociopolí-
ticas de seus problemas. Os membros participantes desse pro-
cesso vislumbram uma sociedade melhor, mais saudável, mais
justa e desenvolvem estratégias para superar os obstáculos e
alcançar seus objetivos (KLEBA; WENDAUSEN, 2009). Assim,
a ciência da nutrição é um tipo de conhecimento compartilha-
do com o grupo para analisar e resolver problemas.
Educadores de nutrição que usam uma educação tradicio-
nal aconselham os consumidores sobre como fazer as melhores EMPODERAMENTO
escolhas possíveis no que diz respeito às opções disponíveis, Figura 9 - Mão de punho fechado para
representar o empoderamento, símbolo de
ou seja, com opções de alimentos disponíveis na região. No força e poder.
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UNIDADE 4
O educador nutricionista deve ser o facilitador do acesso aos conhecimentos científicos, dramatizações,
histórias, slides, fotografias, músicas e outros métodos e recursos didáticos que podem ser usados.
Uma situação problemática, familiar aos participantes, aberta e sem soluções deve ser apresentada
para estimular o pensamento crítico para que o educando tenha autonomia no direcionamento de
seu plano alimentar (GALISA et al., 2014).
O educador em nutrição deve ser
um facilitador, criando oportunidades
para discutir e colocar questões que
ajudem as pessoas a resolver os seus
próprios problemas. Bons educadores
fazem com que as pessoas desenvol-
vam sua própria compreensão de sua
situação. No processo de diálogo, eles
podem aprender uns com os outros e,
de fato, podem produzir conhecimento
que nenhum deles tinha anteriormente
como indivíduos. Eles podem chegar a
respostas mais claras sobre o que deve Figura 10 - Educador nutricionista e o paciente
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UNICESUMAR
te que os participantes aprendam com suas tentativas de mudança e se envolvam mais na superação
de barreiras culturais, sociais e históricas. Este nível de análise é essencial para identificar barreiras
e tomar as ações necessárias para mudanças de longo prazo. Muitos dos problemas colocados nesse
processo não têm soluções imediatas. Mudanças no estilo de vida, saúde e nutrição, bem como na
cultura, requerem esforços conjuntos e talvez longos períodos (NOAR, 2017).
A maioria dos programas de educação alimentar e nutricional são programas de intervenção, o
que significa que pessoas de fora vêm para ajudar. Por que as pessoas não podem ajudar a si mesmas?
Quando os projetos ou planos são gerados com a ajuda das pessoas que vão executá-los, de modo que
os objetivos e as motivações são totalmente internalizados, a implementação torna-se muito menos
problemática. Consequentemente, as atividades de educação alimentar e nutricional devem ajudar as
pessoas e apoiá-las a fazerem suas próprias análises sobre o que fazer a respeito do problema.
Descrição da Imagem: a imagem mostra primeiramente um homem obeso sentado (desenho do homem na cor preta e fundo da
imagem na cor rosa), levantando-se da poltrona, correndo e se tornando um homem magro, a ilustração mostra estágio por estágio
até tronar-se um corpo magro que continua correndo.
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Caro aluno, exponho, a seguir, um diagrama, o qual torna as informações mais fáceis de lembrar,
pois são mantidas em um formato que fica rápido de revisar. Como sugestão a você, proponho a
criação de um mapa mental/diagrama que identifique os principais itens que foram abordados ao
longo desta unidade. Você pode utilizar este exemplo que lhe permite inserir todas as informações
sobre os componentes mais importantes da sua proposta.
COMPORTAMENTO ALIMENTAR
Componentes do Empowerment
Módulo
comportamento na mudança de
transteórico
alimentar comportamento
alimentar
Componente
Pré-comtemplação
cognitivo
Componente
Contemplação
afetivo
Componente
Determinação
situacional
Ação
Manutenção
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1. O comportamento alimentar humano ocupa um papel de grande importância para o sucesso
de intervenções nutricionais. Assim, para melhor compreensão dessa temática precisamos
compreender os determinantes do comportamento alimentar. Em relação ao exposto, assinale
a alternativa que corresponde aos componentes que modulam o comportamento alimentar.
2. Ao procurar uma clínica de nutrição, João, 55 anos, com o diagnóstico de hipertensão arterial
e dislipidemia, buscou ajuda nutricional, ciente do problema que possuía e motivado a mudar
seus hábitos, ouviu atentamente as recomendações e orientações do nutricionista. Sua esposa,
responsável pelo preparo da alimentação, adorava utilizar alimentos gordurosos, abusava
também do sal e o hábito de utilizar saleiro à mesa era um requisito primordial durante o con-
sumo das refeições. Ao chegar em casa, após consulta nutricional, João, relatou a sua esposa
as recomendações e mudanças necessárias, dentre estas, retirar a gordura e reduzir o sal da
alimentação. Muito descontente, a esposa se recusou a aderir aos novos hábitos alimentares.
De acordo com a história apresentada, especifique qual o componente do comportamento
alimentar atuante na vida de João e assinale a alternativa correta.
a) Componente cognitivo.
b) Componente afetivo.
c) Condicionamento simples.
d) Condicionamento instrumental.
e) Componente situacional
4. Maria Luísa, 15 anos, apresenta excesso de peso e possui um hábito alimentar inadequado,
com excesso de doces, fast-foods e refrigerantes. Ela não se preocupa com o seu estado atual,
o que gera preocupação da família. Com o objetivo de mudar esse comportamento, a mãe
de Maria Luísa a levou para uma consulta com a nutricionista do ambulatório de nutrição do
bairro. A partir da reflexão e análise da situação apresentada, tomando como base o modelo
transteórico, identifique o estágio de mudança em que a adolescente Maria Luísa se encontra
e descreva as características deste estágio.
82
5. Muitas estratégias de educação alimentar e nutricional são atualmente descritas na literatura,
entretanto observam-se, ainda, fracassos nos resultados de muitos programas educativos,
explique o principal fator gerador desses fracassos.
83
84
5
Educação Alimentar e
Nutricional Aplicada
Dra. Daniela Biral do Prado Freire
O aconselhamento dietético é um processo, organizado em uma série de etapas que visam ajudar as
pessoas a lidar ou se adaptar às situações que estão enfrentando. Isso envolve auxiliar os indivíduos a
compreender suas emoções, sentimentos e ajudá-los a tomar decisões.
De forma geral, o aconselhamento dietético se apresenta como uma abordagem da educação ali-
mentar e nutricional para ajudar os pacientes ou clientes a fazerem escolhas alimentares mais saudáveis,
atuando de forma prática e diretiva para a construção de novos hábitos alimentares e implementar
comportamentos desejáveis de alimentação e estilo de vida.
O objetivo é identificar problemas alimen-
tares de práticas alimentares inadequadas e
lacunas na alimentação, na presença ou não
de patologia e sugerir maneiras de incorpo-
rar alimentos saudáveis. Além de estabelecer
metas e reforçar a importância da mudança
de comportamento alimentar.
A perspectiva do conselheiro é marcada
pela compreensão dos hábitos alimentares
dos pacientes/clientes para que ocorram mu-
danças alimentares. Assim, o aconselhamento
dietético é conduzido por um processo de
apoio, pautado entre o conselheiro/nutricio-
nista e quem recebe a intervenção. Se o acon-
selhamento dietético contempla os diferentes
ciclos da vida, da infância ao envelhecimento, surgem alguns questionamentos: como podemos fazer
aconselhamento em grupos, como estratégia educativa para estimular o paciente/cliente a fazer as suas
próprias escolhas alimentares? Quais são as estratégias para o aconselhamento dietético?
Nas estratégias de aconselhamento dietético, as abordagens com grupos são mobilizadas por ne-
cessidades nutricionais semelhantes, os possíveis objetivos incluem: perder peso, desenvolver hábitos
alimentares saudáveis, reduzir o colesterol, criar um plano de alimentação para diabéticos e muito mais.
Além de ajudar os pacientes/clientes a criarem seu próprio caminho para enfrentar o desafio de mu-
dança e também oferecer a oportunidade de aprender com as experiências pessoais de outras pessoas.
O aconselhamento dietético também é sensível às diferenças culturais, pois vai muito além da
contagem de calorias ou do estabelecimento de orientações nutricionais. Tudo começa, como sempre,
na possibilidade de conhecer a pessoa que está à frente do nutricionista. O indivíduo tem um sotaque
que indica que vem de outro lugar e, portanto, tem crenças e hábitos alimentares diferentes.
Seguindo este paradigma do aconselhamento, vamos refletir o caso clínico a seguir:
A nutricionista Maria, ao chegar à Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Madalena, foi realizar
aconselhamento dietético a um paciente diabético descompensado. Sem conhecer o paciente, orien-
tou-o por 40 minutos quanto à conduta nutricional específica para o caso, não deixando intervalo para
questionamentos do paciente. A partir da reflexão e análise da situação apresentada, você concorda
com a atuação da nutricionista? Anote as suas impressões e possíveis argumentos no diário de bordo.
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UNIDADE 5
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UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a imagem mostra uma nutricionista de jaleco branco, em seu consultório, segurando um brócolis e informando
a jovem a sua frente dos benefícios de comer hortaliças. Sobre a mesa do consultório há uma prancheta, uma travessa de hortaliças
(tomates, cenoura e couve-flor), ao fundo da imagem tem uma prateleira com pastas de arquivos.
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UNIDADE 5
Não envolve:
• Tomar decisões para pacientes/clientes;
• Julgar, interrogar, culpar ou discutir;
• Fazer promessas que não possa cumprir;
• Permitir que os pacientes/clientes se tornem dependentes de você.
Existem muitos objetivos que precisam ser considerados ao planejar o aconselhamento dietético adequa-
do. Ao considerar a abordagem de aconselhamento apropriada para um indivíduo, atenção especial deve
ser dada às escolhas alimentares usuais, gostos e desgostos alimentares, estilo de aprendizagem, questões
culturais e status socioeconômico (GALISA et al., 2014). Ao mesmo tempo em que realiza a avaliação, o
nutricionista conduz sutilmente a problematizar os fatos, por meio de perguntas e questionamento, que
levam a um aprofundamento do conteúdo do relato (BOOG, 2013).
Durante a sondagem ou questionamento, deve ser praticado pelo conselheiro:
• Não faça muitas perguntas;
• Não faça pergunta se a resposta não for importante;
• Faça perguntas abertas, ou seja, perguntas que exijam mais do que uma simples resposta;
• Comece as frases com: “como”, “fale-me sobre” ou “Sobre o que você gostaria de falar hoje?”. As per-
guntas abertas não são ameaçadoras e incentivam a descrição;
• Peça feedback aos pacientes/clientes;
• Explique que o aconselhamento não é a mesma coisa que dar conselhos e sim ajudar os pacientes/
clientes a tomar suas próprias decisões, ajudando-os a ver diferentes opções e fazer suas próprias
escolhas;
• Peça aos pacientes/clientes para listarem algo novo que aprenderam no aconselhamento. Colete-os
os papéis e leia-os mais tarde para garantir que os pacientes/clientes compreenderam os materiais.
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UNICESUMAR
Outros fatores que podem ser avaliados durante o aconselhamento dietético incluem: (GALISA
et al., 2014).
• Histórico médico e bioquímico, incluindo avaliação de quaisquer doenças relacionadas à nu-
trição e medidas antropométricas realizada pelo nutricionista;
• Avaliação dietética (análise da alimentação);
• Avaliação psicossocial, incluindo atitudes e comportamentos relacionados à alimentação;
• Avaliação sociológica, incluindo práticas culturais, habitação, cozinha, recursos financeiros e
apoio da família e amigos;
• Conhecimento nutricional;
• Prontidão para aprender ou mudar, bem como análise de estilo de aprendizagem.
Faça uma lista das mudanças que ocorreram para você no ano passado. A partir do que você leu
sobre as maneiras como as pessoas reagem e se adaptam às mudanças, reflita sobre como você
reagiu às mudanças em sua lista.
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UNIDADE 5
• Garantir que a alimentação contenha quantidades adequadas de proteínas, carboidratos, gor-
duras, vitaminas e minerais;
• Prevenir, retardar ou tratar fatores de risco e complicações relacionados à nutrição;
• Melhorar a saúde em geral por meio da nutrição.
Outro aspecto a ser considerado é o espaço de aconselhamento dietético que deverá ser um ambiente
confortável, em local claro, organizado e limpo, com compreensão e apoio. Pois, quando a pessoa se
sente acolhida se torna mais receptiva às orientações. Isso pode ser mais desafiador em uma unidade
básica de saúde (UBS) movimentada e em uma comunidade, mas ajustes podem ser feitos para melho-
rar a situação (SIMINO, 2018). Outro aspecto é o tempo de espera, quanto menor o tempo de espera,
melhor o nível de adesão (CUPPARI, 2014).
Assim, olhando conjuntamente para todas as estratégias de aconselhamento, a primeira etapa do
aconselhamento dietético segundo Boog (2013) é a construção do vínculo, estabelecimento do diálogo
e diagnóstico inicial alimentar. Nesta etapa a pessoa toma contato com seu comportamento alimentar
de forma a conscientizar-se de quais são os fatores internos e externos condicionantes e determinantes
de sua alimentação. A segunda etapa é de exploração em profundidade, os fatos, ideias e situações
(afetiva, social, estética, consumismo e outras) trazidos pela pessoa que buscou aconselhamento são
analisadas criticamente à luz de informações do campo da nutrição, é o momento da ampliação do
problema alimentar. O tempo que a pessoa permanece nessa etapa pode ser de uma semana, 15 dias e,
às vezes, alguns meses. A terceira etapa, a pessoa reelabora os significados de suas práticas alimentares
e efetivamente implementa as ações de mudanças na alimentação, a etapa final é de integração, a fina-
lização do processo de aconselhamento se dá quando a pessoa alcançou a autonomia para decidir por si
as questões relativas à alimentação e, nesta etapa, ela integrou as novas condutas a sua rotina cotidiana.
Descrição da Imagem:a imagem mostra uma nutricionista de jaleco branco sentada em seu consultório, segurando uma prancheta.
A paciente está sentada em um sofá de frente para a nutricionista, recebendo toda a orientação. Sobre a mesa do consultório há uma
cesta com hortaliças, uma cesta com frutas e um prato com fatias de pão.
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UNICESUMAR
Neste podcast, que preparei para vocês, vou falar das abordagens do
aconselhamento dietético, com explicação das técnicas de aconselha-
mento mais importantes para estratégias de aconselhamento, bem
como vantagens e desvantagens das técnicas. Por isso os elos que unem
temas como esses são os assuntos do nosso podcast. Venha ouvir, é
só dar o play!
O aconselhamento dietético pode ser utilizado como ferramenta de intervenção para educação
alimentar e nutricional de crianças. Com a preocupação de prevenir o crescimento das doenças
crônicas não transmissíveis (DCNT) e de
seus fatores de risco, como a inatividade
física e a alimentação inadequada. Promo-
vendo a redução dos riscos de doenças que
se manifestariam na maturidade, pela mu-
dança de determinados comportamentos
na infância.
Figura 3 - Aconselhamento dietético para crianças
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UNIDADE 5
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UNICESUMAR
JOGO DA MEMÓRIA
Descrição da Imagem: na parte de cima da imagem está escrito “jogo da memória”, em caixa alta e negrito, de cor azul
escuro. A imagem mostra um jogo da memória feito com imagens de frutas contendo (duas peças de melancias, duas
peças de abacaxis, duas peças de uvas e duas peças de morangos). No total são oito peças de fruta individuais, cada
peça tem um formato quadrado com margem de cor azul escura e o fundo da imagem de cor amarelo claro.
Para que as práticas educativas possam ser construídas com relação à construção de novos hábitos
alimentares das crianças, é preciso que as ações propostas sejam flexíveis, aptas para adequações, de
forma a melhor atender às necessidades da criança e do grupo, de acordo com os princípios da alimen-
tação responsável: (BRASIL, 2014; ALVARENGA et al., 2016; SILVA; COSTA; GIUGLIANI, 2016).
• Se a criança recusar determinado alimento, procure oferecer novamente em outras refeições. Lembrar
que são necessárias repetidas exposições a um novo alimento para que ele seja aceito pela criança.
• A criança pequena não pode “experimentar” todos os alimentos consumidos pela família, por
exemplo, com altos teores de sal e açúcar refinado e excesso de gorduras saturadas, além dos
industrializados, sobretudo os ultraprocessados e os considerados supérfluos, o que inclui os
doces e as guloseimas. Orientar os familiares para não oferecerem esses alimentos para a criança.
• A preferência por certos alimentos também é adquirida quando eles são consumidos em momentos
agradáveis, assim, fazer das refeições em casa um momento de prazer contribuirá para que elas
gostem e valorizem do usual “arroz, feijão, bife e salada” ao fast-food que comem nas lanchonetes.
• Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação
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UNIDADE 5
Preparar os adolescentes para uma vida saudável e equilibrada pode ser um desafio. As necessida-
des nutricionais mudam à medida que os corpos amadurecem, e o conhecimento sobre o que constitui
uma alimentação saudável torna-se mais complexo à medida que se tornam socialmente mais ativos
e independentes (CASTRO, 2020).
95
UNICESUMAR
Outro ponto importante para a educação desse público é que a obesidade, distúrbios alimentares e
práticas dietéticas pouco saudáveis entre os jovens são uma preocupação séria para a saúde pública
devido a sua alta prevalência e efeitos adversos na saúde psicossocial e física (JOHNSON et al., 2002).
Adolescentes com sobrepeso são mais propensos a se envolver em comportamentos não saudáveis de
controle de peso, como uso de medicamentos, vômitos e uso de laxantes (BOUTELLE et al., 2002). Um
grande desafio para o desenvolvimento de intervenções que sejam capazes de prevenir a obesidade
e os transtornos alimentares é a identificação de fatores potenciais e modificáveis que têm relevância
para ambas as condições.
Esses fatores que podem ser dignos de uma
investigação incluem: autoestima, depressão, con-
sumo alimentar (por exemplo, padrão de refeição).
Assim, no processo de aconselhamento é impor-
tante, nesse processo, o apoio dos pais, familiares e
amigos (HAINES; NEUMARK-SZTAINER, 2006).
Muitas vezes, os pacientes/clientes que vêm no
aconselhamento já sabem muito sobre comida e
nutrição, mas lutam para saber como aplicá-la as
suas próprias vidas. Oferecer materiais educativos,
como apostilas, para usar em casa, os ajuda a lembrar
e aplicar os conceitos que aprenderam no aconse-
lhamento (GALISA et al., 2014).
Figura 8 - Aconselhamento dietético para adolescentes Discutir padrões alimentares e juntamente de-
com excesso de peso
senvolver alguma refeição e ideias de lanches, fazer
Descrição da Imagem: a imagem mostra um menino com um plano de refeição estruturado ao longo do tempo,
excesso de peso comendo fast-food em um sofá. Em cima do
sofá há um prato de batata-frita, um prato de hambúrgueres
são ferramentas úteis para os adolescentes. Objetivos
e no colo tem um prato com mais dois hambúrgueres, além de longo prazo são promover alimentação variada
disso, o menino está segurando um celular com uma mão
e a outra mão segurando um copo cheio de refrigerante. e construção de padrões alimentares equilibrados
(RODRIGUES; BOOG, 2006).
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UNIDADE 5
As necessidades nutricionais dos adultos variam muito de acordo com a idade, estilo de vida, nível
de condicionamento físico, motivação e histórico médico. É indiscutível a necessidade da realização
de ações de promoção da saúde pautadas na autonomia e no empoderamento (BRASIL, 2014).
A educação deve ser adaptada para atender às necessidades individuais ou do grupo e deve ser
treinada para trabalhar com uma população adulta, pois o adulto:
• é autossuficiente em suas decisões em relação à alimentação, ele ressente e resiste a situações
em que sinta que outros estejam impondo suas vontades;
• pode aprender a partir da experiência de outros, assim como das suas próprias experiências;
• tem dificuldade de inclusão de alimentos saudáveis, bem como apresenta baixos níveis de
atividade física;
• faz omissão de alguma refeição e substituição de refeições principais por lanches rápidos devido
ao horário de trabalho;
• faz uso de bebidas alcoólicas;
• tende a não aderir completamente às dietas prescritas, muitas vezes pela falta de recursos fi-
nanceiros para aquisição e acredita em dietas milagrosas.
Dessa forma, o aconselhamento é consistente com facetada e está ligada ao nível educacional e à per-
o plano de cuidados e inclui monitoramento e cepção do paciente/cliente, incluindo a autoeficácia
avaliação do progresso do participante no cum- (SIMINO, 2018). Para mudar os comportamentos
primento das metas nutricionais estabelecidas. alimentares, o conselheiro e o paciente/cliente de-
Abordagens abrangentes de longo prazo para fa- vem ter um bom relacionamento, o conselheiro
mílias e comunidades podem ser necessárias para deve considerar o estilo de vida, preocupações e
garantir a mudança de comportamento (GALISA expectativas da pessoa. A adesão pode ser mais
et al., 2014). satisfatória se o paciente/cliente consultar o mesmo
As preferências alimentares desde a infância conselheiro em cada visita e se uma comunicação
continuam a ser exibidas pelos adultos, mostran- clara ocorrer. Além disso, o paciente/cliente deve
do o profundo papel que as primeiras experiên- ter metas de mudança, ou selecionar alternativas
cias familiares influenciam na formação de hábi- sugeridas pelo conselheiro, se caso o paciente/clien-
tos alimentares. Mudar as escolhas alimentares de te não conseguir definir nenhuma. Um ambiente
alguém é possível, mas não é facilmente realizado, acolhedor, atencioso e encontros com frequência
e algumas estratégias de intervenção são mais colocam os pacientes/clientes em um bom estado
eficazes do que outras. de espírito (SIMINO, 2018).
A adesão ao tratamento nutricional é definida Outro aspecto é que o conselheiro deve ajudar
como a extensão em que as escolhas e comporta- os pacientes/clientes a mudar suas escolhas ali-
mentos alimentares do indivíduo coincidem com mentares sem atrapalhar as funções socioculturais
as recomendações dietéticas. A má adesão é multi- dos alimentos.
97
UNICESUMAR
Pense em suas próprias práticas alimentares. O que as influencia? Até que ponto os fatores sociais
e fatores culturais estão envolvidos?
Para obter mudanças na alimentação com sucesso, uma combinação de abordagens, incluindo in-
tervenções comportamentais e cognitivas, autoeficácia, prevenção de recaídas, automonitoramento,
estágios de mudança, apoio social e estratégias educacionais pode ser necessária para ajudar as pessoas
a fazerem mudanças nas escolhas alimentares (DIEZ-GARCIA; CERVATO-MANCUSO, 2017).
A educação alimentar e nutricional e o aconselhamento têm por objetivos capacitar o indivíduo a
agir conscientemente diante de novas situações que envolvam as escolhas alimentares. Assim, o uso
adequado e autônomo de listas de substituição, construídas a partir de medidas dos alimentos e o
tamanho das porções de alimentos, tornam-se uma estratégia importante para a educação alimentar
e nutricional e, por isso, essas listas devem ser adaptadas à realidade social e cultural da população
atendida (RIBEIRO et al., 2013).
Figura 9 - Medidas caseiras/ Fonte: a autora
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UNIDADE 5
99
UNICESUMAR
Para levar uma vida saudável e ativa, as pessoas precisam de uma ampla gama de nutrientes na alimen-
tação. Isso é especialmente verdadeiro à medida que envelhecemos. Na verdade, a nutrição é vital
para a população idosa e pode afetar o processo de envelhecimento.
Idosos enfrentam muitos desafios em relação à nutrição, pois podem estar praticando uma dieta não
saudável por muitos motivos diferentes. À medida que ficam idosos e menos ativos, frequentemente
têm apetite reduzido. Eles também podem estar tomando medicamentos que têm efeitos colaterais
relacionados ao apetite e à capacidade de absorver nutrientes.
100
UNIDADE 5
A seguir, as principais alterações que acontecem com o idoso no processo de envelhecimento (GALISA
et al., 2014):
• função muscular prejudicada que limita o movimento;
• diminuição da massa óssea;
• anemia, que causa fraqueza, tontura e pode até levar a problemas cardíacos;
• função cognitiva reduzida, o que torna mais difícil lembrar das coisas;
• atraso na recuperação de lesões ou doenças, o que torna mais difícil voltar à vida normal;
• o declínio da visão e da audição acarreta falhas no processo ensino-aprendizagem.
O aconselhamento deve ser focado nas habilidades e capacidades do idoso: (SIMINO, 2018).
• encorajar o paciente/cliente a fazer as melhores escolhas alimentares;
• ajudar o paciente/cliente a explorar pensamentos e sentimentos sobre a mudança comporta-
mental alimentar;
• fornecer uma relação de apoio em que o idoso se sinta capaz para fazer pequenas alterações
por si próprio;
• fale devagar, com maior separação das palavras;
• repetir os pontos mais importantes;
• usar técnicas não verbais de comunicação (ex.: materiais impressos de fácil compreensão);
• se utilizar materiais visuais usar letras grandes, cores contrastantes, bem definidas, sem sombras;
• eliminar distrações do ambiente;
• corrigir as respostas erradas imediatamente;
• certificar-se que a iluminação do ambiente está suficientemente clara.
101
UNICESUMAR
Este é um desafio: pensar em uma proposta de educação alimentar e nutricional que busque romper
os limites que impedem as ações do nutricionista junto a portadores de deficiências auditivas ou
visuais (GUTERRES; MATOS; MACHADO, 2006).
Em adultos, as principais causas de cegueira e deficiência visual são o glaucoma, o diabetes, doen-
ças vasculares e degenerativas. Em idosos, atribui-se o maior número de deficientes visuais à catarata.
A educação alimentar e nutricional, além de proporcionar acesso à informação, é fundamental para
possibilitar maior autonomia e cidadania a essa população. Dentre os instrumentos educativos que
podem ser desenvolvidos: jogo da memória em alto relevo para cegos; lista de feira em braile, atividades
sensoriais (tato, olfato e paladar) e muitos outros (BENVENUTTI et al., 2018).
Para pessoas com deficiência visual existe uma cartilha “Saúde no prato:
guia educativo para alimentação saudável de pessoas com deficiência
visual”, resultado de um projeto de extensão da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte. O objetivo é promover hábitos alimentares
saudáveis entre pessoas com deficiência visual e seus familiares e/ou
cuidadores, para contribuir para a melhoria das condições de saúde e
de qualidade de vida dessa população. Vamos à leitura!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
Na área da saúde, por exemplo, os surdos enfrentam acolhimento e atendimento do paciente surdo, por
grandes obstáculos, principalmente pela barreira meio do aprendizado de LIBRAS e as ações de edu-
comunicativa, bem como desconhecimento de Lín- cação alimentar e nutricional devem ser cuidadosa-
gua Brasileira de Sinais (LIBRAS) por grande parte mente executadas para que sejam compreendidas
dos profissionais. Dessa forma, é importante que os também de maneira visual, por meio de legendas ou
nutricionistas sejam devidamente treinados para desenhos ilustrativos (SOUZA et al., 2017).
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UNIDADE 5
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UNICESUMAR
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UNIDADE 5
Compreender as escolhas alimentares das pessoas é essencial para o aconselhamento dietético apro-
priado. Para tanto, as pessoas podem comer não apenas por razões fisiológicas, como a fome, mas por
razões psicológicas, como ansiedade, depressão, solidão, estresse e tédio, bem como por um estado
emocional positivo, como sentimentos de bem-estar e de prazer. Saber o que comer é certamente o
primeiro passo para influenciar as escolhas alimentares saudáveis. Existem pessoas que sabem o que
comer e não o fazem. Quando as pessoas não comem adequadamente, alguns conselheiros/nutricio-
nistas redobram seus esforços em educar. Assim, são muitas as influências nas escolhas alimentares,
incluindo cognitivas, socioculturais, antropológicas, afetivas e econômicas. O conselheiro nutricional
precisa explorar todos eles para compreender o paciente/cliente, a motivação para ajudar na mudança
e usar a intervenção educativa apropriada.
Você, como futuro nutricionista, poderá atuar
no campo do aconselhamento dietético, no âm-
bito da nutrição clínica, na atenção básica em
saúde, na nutrição hospitalar, na alimentação es-
colar, dentre outros. O aconselhamento dietético
é uma estratégia educativa a ser desenvolvida pelo
profissional nutricionista em um programa de
educação alimentar e nutricional para diferentes
ciclos da vida: criança, adolescente, adulto, ges-
tante e idoso, além disso temos aconselhamento
para grupos especiais. O espaço do aconselha-
mento deve ser de compreensão e apoio, sendo
fundamental compreender a origem dos proble-
mas alimentares trazidos pelas pessoas, consi- Figura 14 - Aconselhamento dietético de nutricionista para
paciente/cliente via internet.
derando os aspectos da vida, de alguma forma
ligados à alimentação, assim o paciente/cliente Descrição da Imagem: a imagem mostra uma consulta de
nutrição on-line, a imagem mostra um notebook sobre a
é o protagonista da ação, além disso necessita de mesa, as mãos da nutricionista sobre o teclado e uma cesta
tempo, paciência, disciplina e motivação durante de frutas coloridas ao fundo.
105
Caro aluno, exponho, a seguir, um mapa mental que torna as informações mais fáceis de lembrar,
pois são mantidas em um formato rápido de revisar. Como sugestão, proponho a criação de um
mapa mental. Você pode utilizar este exemplo que lhe permite inserir todas as informações sobre
os componentes mais importantes da sua proposta.
• Criança
Caráter educativo
• Adolescente
• Adulto
• Gestante
• Idoso
Paciente / Cliente
protagonista
Aconselhamento dietético
para grupos especiais
Mudanças de
comportamento de forma
lenta e progressiva
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1. O aconselhamento dietético é uma estratégia educativa cuja proposta central é o encoraja-
mento do paciente/cliente no relato de problemas relacionados ao comportamento alimen-
tar, bem como a criação de estratégias visando a solução destes problemas. Visando como
resultado a efetiva mudança de comportamento, cite seis fatores relacionados ao alcance de
um aconselhamento efetivo.
2. Nutricionista Maria atua em uma clínica de Nutrição há cinco meses. Possui experiência em
aconselhamento dietético para adultos. Porém, após insistência de uma amiga, resolveu
atender seu avô, João, de 76 anos. Durante o processo de aconselhamento, observou-se que
este tinha duração de 30 minutos e que, a cada consulta, seu João levava para casa material
impresso de difícil visualização.
A partir da análise e reflexão da situação anterior, você realizaria alguma mudança no processo
de aconselhamento efetuado ao idoso João? Justifique a sua resposta tomando como base
o Aconselhamento Dietético para Idosos.
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108
6
Planejamento e
avaliação de práticas
de educação alimentar
e nutricional
Dra. Daniela Biral do Prado Freire
A educação evolui à medida que a sociedade evolui, num momento dinâmico e flexível, numa pers-
pectiva em que educar é um processo contínuo pelo qual se ensina e se aprende a cada dia. Neste
sentido, ao iniciar uma ação de educação alimentar e nutricional, enquanto educador nutricionista, o
planejamento é o primeiro passo pelo qual uma direção é estabelecida, no qual os objetivos e meios
para seguir essa direção são especificados. O que fazer? A quem fazer? Como fazer? Quanto custa fa-
zer? Estas são algumas das questões que mobilizam os educadores a definir as metas em que se deseja
alcançar numa ação educativa.
Uma outra questão importante a ser considerada, antes de se ensinar algo, é preciso sensibilizar os
indivíduos para o que vai ser ensinado e trazer a interação entre os conteúdos, as atividades educati-
vas e a experiência de vida de cada um, da vida dos seus familiares e assim por diante. Desse modo,
podemos fazer alguns questionamentos: o que as pessoas estão precisando? Há questões de ordem
afetivas envolvidas?
Assim, quanto mais comprometidos com a realidade e com as mudanças necessárias, mais acurados
serão os objetivos dos programas educativos e mais desafiado se sentirá o educador nutricionista para
conseguir atingi-los.
As motivações para as mudanças alimentares são percebidas de forma diferente para os indivíduos
e em cada situação. Quando se tem um diagnóstico da situação alimentar e nutricional, já é possível
pensar em objetivos para ações no nível individual ou familiar e, ainda, ações direcionadas ao território
e às coletividades que nele se inserem. Às vezes o público escolhido, também chamado de público-alvo,
não têm informação nutricional ou, talvez, eles saibam o que fazer, mas precisam de apoio para imple-
mentar mudanças na alimentação. Imaginemos, por exemplo, a pessoa com obesidade, que conhece
muito bem quais são os alimentos mais calóricos, mas não consegue deixar de consumi-los.
É importante ressaltar que o acesso às informações nutricionais pela população vem sendo alcançado
nos últimos anos, especialmente em regiões com maior grau de desenvolvimento. Consequentemente,
a oportunidade de se moldar práticas educacionais mais eficazes também aumentou. Antes, o foco dos
programas educativos era a distribuição de alimentos e aumento do conhecimento, hoje o enfoque é
na mudança do comportamento do indivíduo e no saber científico. Essa evolução, por sua vez, está
fortemente relacionada ao propor objetivos para direcionar a ação educativa. Em todos eles, haverão
objetivos de diferentes naturezas com grau de profundidade distinta.
110
UNIDADE 6
Porém, a mudança efetiva dos hábitos alimentares constitui uma tarefa mais difícil de ser alcançada,
pois depende, além da transformação de conhecimento, da mudança de atitude em relação à alimenta-
ção. Dessa forma, uma ação educativa que já estabelece um conteúdo com temas técnicos, ausente dos
problemas vividos no cotidiano, sem considerar a cultura e insensível às emoções, pode ser ineficaz
na obtenção de mudanças comportamentais.
O ideal é que toda ação educativa seja precedida de um diagnóstico da situação alimentar e nutri-
cional, porque as dificuldades e as racionalidades dos educandos não são as mesmas dos educadores.
Nesse sentido, você, como futuro nutricionista, ao eleger as pessoas como foco dos programas, não
poderá mais ficar alheio aos acontecimentos que as atingem. Por meio de um exemplo, o estudo de
Castro et al. (2007), mostra um modelo para trabalhar com os diferentes aspectos de um programa
educativo voltado a adolescentes e a profissionais das redes de saúde e de
educação. Para acessar, use seu leitor de QR Code e faça a leitura antes de
prosseguir, este passo é muito importante.
Agora, que você já leu o estudo, descreva como foi feita a organização do
programa educativo. Qual foi o objetivo do programa, público-alvo, referencial
teórico do programa, conteúdos das oficinas, infraestrutura e equipe? Anote e
registre sua resposta no diário de bordo.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 6
Para identificar os problemas nutricionais podemos fazer algumas perguntas, por exemplo, qual é
o problema? Como se manifesta? Qual é o público-alvo afetado? Qual é o impacto desse problema
na vida social, econômica e cultural dessa população? É um problema de saúde pública?
Há muitas etapas envolvidas para realizar um programa de educação alimentar e nutricional. O es-
quema para planejar uma estratégia alimentar e nutricional é baseado em uma estrutura: diagnóstico da
situação alimentar e nutricional, conceituação, formulação, implementação e avaliação. Todos os elementos
em cada uma das fases contribuem de forma específica para o resultado final da intervenção educativa.
Vamos exemplificar, pense na seguinte situação fictícia para melhor compreensão das fases de um
programa de educação alimentar e nutricional:
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UNICESUMAR
114
UNIDADE 6
Assim, podemos estruturar um roteiro para um projeto de ação educativa (SÃO PAULO, 2001):
PROJETO EDUCATIVO
1. Cabeçalho (título do projeto).
2. Descrição da situação problema/justificativa.
3. Objetivos gerais e específicos.
4. Delineamento de métodos (estratégias e procedimentos).
5. Avaliação.
6. Identificação dos recursos.
7. Cronograma/quadro de atividades.
8. Referências bibliográficas.
Vamos exemplificar um projeto resumido para planejamento de ações de educação alimentar e nu-
tricional no Quadro 1.
Defina o público-alvo
- Alunos de 8 a 10 anos do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Macaé, RJ.
115
UNICESUMAR
Avaliação
A avaliação será realizada por meio de uma atividade colaborativa, os alunos terão uma figura
esquemática da pirâmide alimentar para colar as figuras de alimentos e, ao final, será verificado os
acertos e erros para mediar a assimilação do conteúdo.
Cronograma/quadro de atividades
PERÍODO
DESCRIÇÃO CARGA HORÁRIA
MÊS/ANO
Escolha do tema
Elaboração da ação
Avaliação
Referências Bibliográficas
Quadro 1- Roteiro para um projeto de ação educativa / Fonte: a autora
116
UNIDADE 6
Por meio das informações iniciais, podemos identificar a natureza, a extensão e a magnitude do pro-
blema. Para depois fazer uma análise do problema e elencar os fatores que são passíveis de uma ação
educativa, assim, precisamos tomar todo e qualquer problema identificado.
Uma vez conceituado o programa, passamos ao estágio de formulação. O primeiro passo nesta fase
de formulação é definir os objetivos, de uma maneira clara e precisa para o programa educativo.
O objetivo geral de um programa de educação alimentar e nutricional é falar do porquê se vai
desenvolver as ações, dessa forma, pode contemplar aspectos bem amplos. Para formulá-lo, utiliza-se
verbos abertos (por exemplo, incentivar, abranger, caracterizar, apreciar, adquirir, aperfeiçoar, capacitar,
compreender, conhecer, desenvolver, dominar, motivar, entender, saber etc.) e os verbos devem ser
sempre utilizados no modo verbal infinitivo (terminação ar, er, ir, or, ur) (GALISA et al., 2014). Como
exemplo de objetivo geral: incentivar o consumo de alimentos produzidos na horta de um colégio
municipal do bairro Tietê em São Paulo, SP.
Os objetivos específicos comunicam os propósitos mais imediatos da ação educativa. Pode-se pensar,
por exemplo, em objetivos para cada atividade dentro do programa (BOOG, 2013). Utilizam-se verbos
de sentido fechado ou restritos como, avaliar, calcular, tabular, conscientizar etc. e os verbos devem ser
sempre utilizados no modo verbal infinitivo (terminação ar, er, ir, or, ur). Como exemplo de objetivos
específicos: a) avaliar por meio de um questionário de frequência alimentar, o consumo de frutas,
verduras e legumes dos alunos do Ensino Fundamental; b) avaliar a frequência de inadequação de
consumo de frutas, verduras e legumes e relacionar com variáveis socioeconômicas, demográficas e de
saúde dos escolares do Ensino Fundamental; c) elaborar oficinas culinárias para estimular o consumo
em preparações diferenciadas com os alimentos produzidos na horta.
117
UNICESUMAR
Nesta fase, também identificamos o público-alvo, por exemplo, trabalhar com alunos do Ensino
Fundamental de uma escola municipal (DIEZ-GARCIA; CERVATO-MANCUSO, 2017).
118
UNIDADE 6
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UNICESUMAR
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UNIDADE 6
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UNICESUMAR
Devemos tentar fazer da avaliação um processo participativo, que envolva os planejadores educadores
e o público-alvo. A avaliação deve responder a duas perguntas fundamentais. Os objetivos propostos
foram alcançados? O processo de implementação foi eficiente para as várias pessoas envolvidas na
intervenção e sobretudo a população-alvo (GALISA et al., 2014).
Na maioria dos programas educativos, o plano de avaliação não é realizado e, muitas vezes, quando é
feito, enfrentam problemas que podem impedir os benefícios de uma boa avaliação (FARIA; CAMPOS;
SANTOS, 2017). Algumas barreiras mais comuns:
• Não há tempo suficiente para realizar uma avaliação.
• Falta de conhecimento dos educandos sobre a necessidade do programa educativo.
• Os educandos não estavam efetivamente engajados nas atividades propostas.
122
UNIDADE 6
Cabe ressaltar, sem temor de tornar-me repetitiva, que para planejar uma ação de educação alimentar
e nutricional para coletividade, o planejamento de ações inclui:
• Ouvir a comunidade.
• Documentar problemas que afetam o desenvolvimento de uma alimentação saudável.
• Identificar fatores de risco e proteção.
• Apresentação e análise dos problemas.
• Desenvolver um projeto.
• Colocar as atividades educativas em ação.
• Documentar o progresso da ação.
• É imprescindível a avaliação dos educadores e educandos ao longo do caminho.
• Atuar de acordo com os acontecimentos e questões atuais que são importantes para a comunidade.
123
UNICESUMAR
Enfim, os possíveis resultados da intervenção educativa a longo prazo são (DIEZ-GARCIA; CER-
VATO-MANCUSO, 2017):
• Melhora do estado nutricional, por exemplo: houve melhora do estado nutricional dos idosos
participantes.
• Melhora do estado de saúde, por exemplo: os idosos participantes tiveram menor frequência
de doenças.
Você pode ter se perguntado, em algum momento de nossa conversa, qual a importância do plane-
jamento para as ações de educação alimentar e nutricional. O planejamento é uma ferramenta que tem
por objetivo estabelecer no papel, os objetivos e metas para um programa educativo. Dessa forma, o
planejamento é expresso por meio de uma apresentação de um projeto que deve conter as informações
básicas do planejamento, como os objetivos que estão ligados ao diagnóstico da situação alimentar
e nutricional e que mobilizam o educador a definir os conteúdos, escolher os métodos, materiais di-
dáticos, recursos humanos e financeiros e critérios de avaliação. Assim, o processo educativo consiste
em fases: diagnóstico da situação alimentar e nutricional, conceituação, formulação, implementação e
avaliação. Cada uma dessas fases tem elementos-chave para construção de um planejamento para as
ações educativas. Portanto, a aplicação do planejamento deve estar em um contexto para coletividades
que consiste em intervenções para mudanças das condições de saúde e nutrição da população.
124
Caro aluno, exponho, a seguir, um mapa mental, que torna as informações mais fáceis de lembrar,
pois são mantidas em um formato rápido de revisar. Complete as lacunas com as suas informações:
Diagnóstico Identificar os
de situação problemas
nutricionais
Definir os Definir os
objetivos. conteúdos. Desenvolver
Formulação as
Identificar o Escolher os
público-alvo materiais didáticos mensagens
Implementação Avaliação
125
1. Maria é nutricionista e foi contratada por uma escola privada da cidade de São Paulo, SP, para
a realização de um Programa de Educação Alimentar e Nutricional com 25 crianças de 7 a 9
anos do ensino fundamental. O primeiro contato com o grupo, para análise do diagnóstico da
situação alimentar e nutricional, constatou, como principal problema, o consumo de doces,
refrigerantes e fast-food pela maioria das crianças. Após esta etapa, iniciou-se o planejamento
didático do programa educativo.
126
7
Políticas e Programas
em Educação
Alimentar e
Nutricional
Dra. Daniela Biral do Prado Freire
Você sabe que os processos educativos no contexto da saúde são fundamentais para que indivíduos,
grupos e sociedade, como um todo, adotem práticas e comportamentos mais saudáveis a fim de prevenir
doenças, promover a saúde e a qualidade de vida. No entanto, nós sabemos que o fator informação não
é suficiente, não é mesmo? Assim, precisamos esclarecer que as pessoas não assimilam simplesmente a
informação, embora o acesso à informação e à comunicação sejam de extrema importância, nós pre-
cisamos, também, de ambientes saudáveis. Dessa forma, o poder público tem um papel fundamental.
Neste sentido, emerge um questionamento: como tornar os programas governamentais com vistas à
garantia do direito humano à alimentação adequada e saudável no Brasil mais eficientes?
Portanto, nesta unidade, ao participar das leituras e realizar as atividades, você compreenderá que
a educação alimentar e nutricional deve aliar os desejos e expectativas da população por uma alimen-
tação adequada e saudável, essas ações podem estar vinculadas às políticas públicas desenvolvidas por
órgãos do governo ao oferecer programas educativos e campanhas de alimentação e nutrição eficientes.
Educar a população sobre alimentação e nutrição começa, sobretudo, no diálogo construído con-
forme cada público e suas necessidades, pode-se dizer que as pessoas, quando recebem informações,
elas reconstroem as informações obtidas a partir de seus conhecimentos, experiências e valores.
Dessa forma a educação assume um papel muito importante, as ações educativas de âmbito popula-
cional podem ser planejadas para um município, uma região, um estado ou um país. É possível pensar
que as estratégias governamentais, com vistas à garantia do direito humano à alimentação adequada e
saudável, devem se tornar cada vez mais atuais e melhores, que atendam aos objetivos de saúde, prazer,
cultura, comensalidade e sustentabilidade ambiental. Cabe considerar que o sucesso das iniciativas
no campo da alimentação e nutrição depende também do acesso de todos os cidadãos à saúde e da
educação básica de boa qualidade, pois sem estas condições, as gerações futuras estarão destinadas às
mesmas iniquidades que sofrem hoje.
Um dos eixos que compõem a promoção da saúde no Brasil é a Promoção da Alimentação Saudá-
vel, porque a alimentação pode influenciar profundamente na condição de saúde dos indivíduos, e as
escolhas alimentares que fazemos dependem de diversos fatores que nos acompanham.
Assim, é importante fazer uma abordagem da alimentação e nutrição no âmbito das políticas pú-
blicas. No entanto, antes disso, precisamos definir que políticas públicas: são conjuntos de programas,
ações e atividades desenvolvidas pelo Estado direta ou indiretamente, com a participação de entes
públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para
determinado segmento social, cultural, étnico e econômico (BRASIL, 2018a).
O Guia Alimentar para a População Brasileira é um documento oficial do Ministério da Saúde
(Figura 1). Em 2014, foi publicada sua segunda versão, que traz recomendações idôneas e confiáveis
sobre formas saudáveis de se comer. Este guia pode gerar políticas públicas, tanto da área da saúde,
quanto de outros setores envolvidos no sistema alimentar.
128
UNIDADE 7
Descrição: a imagem mostra a mão de uma pessoa segurando um smartphone na cor branca, na tela do celular tem a versão digital da
capa do Guia Alimentar da População Brasileira, elaborado em 2014. A capa do guia está representada na cor azul, com uma margem
no lado esquerdo com diferentes texturas e cores, além de toda informação de escrita na cor branca.
129
UNICESUMAR
O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, convive, atualmente, com a transição nutricio-
nal determinada frequentemente pela má-alimentação. A transição nutricional é o fenômeno no qual
ocorre uma inversão nos padrões de distribuição dos problemas nutricionais de uma dada população
no tempo, sendo, em geral, uma passagem da desnutrição para a obesidade independente de idade,
sexo ou classe social (KAC; VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ, 2003).
A má alimentação tem desempenhado um papel importante no aumento da prevalência de obe-
sidade e outras doenças crônicas não transmissíveis, além de ter um forte impacto na qualidade de
vida das pessoas e onerar significativamente o Sistema Único de Saúde (SUS). Intervir nesse dilema
contemporâneo de saúde pública exige direcionamento das ações de promoção de saúde que têm in-
terface com os determinantes do estado nutricional de uma população e, também, com os programas
de transferência de renda (COUTINHO; GENTIL; TORAL, 2008).
130
UNIDADE 7
As políticas de saúde são fundamentais para a melhoria na qualidade de vida e saúde da população
como um todo, uma vez que a alimentação saudável faz parte da promoção da saúde da população.
Assim, essas políticas contêm algumas linhas, diretrizes, válidas e necessárias, para dar direcionamento
às ações educativas (BOOG, 2013).
Pensando basicamente na alimentação promotora de saúde, podemos abordar a Política Nacional
de Alimentação e Nutrição (PNAN), que já completou 20 anos de história.
A PNAN tem como propósito a melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da po-
pulação, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, no direito humano à
alimentação e na segurança alimentar e nutricional (SANTOS et al., 2021). Na PNAN, atualizada em
2011, a educação alimentar e nutricional está presente, de maneira transversal, em suas diretrizes, que
indicam as linhas de ações para o alcance do seu propósito, capazes de modificar os determinantes de
saúde e promover a saúde da população (BRASIL, 2013a).
Descrição: a imagem mostra a mão de uma pessoa segurando um smartphone na cor branca, na tela do celular tem a versão digital da
capa do Guia Alimentar da População Brasileira, elaborado em 2014. A capa do guia está representada na cor azul, com uma margem
no lado esquerdo com diferentes texturas e cores, além de toda informação de escrita na cor branca.
131
UNICESUMAR
A PNAN é uma política que acompanhou a transição alimentar e nutricional da população brasileira
e, assim, ela soube apontar alguns caminhos efetivos no sentido da promoção da saúde e da segurança
alimentar e nutricional. Portanto, continua sendo uma política pública, que, de fato, impactam a orga-
nização do cuidado em nutrição para dentro do setor saúde e que estimulam movimentos e respostas
de outros setores que estão relacionados à temática da alimentação e nutrição. A PNAN é uma política
produto do pensar e do agir de diferentes atores sociais que historicamente se comprometeram e que
se comprometem com a defesa do direito humano à alimentação adequada e do direito à saúde.
Assim, a PNAN estabelece diversas diretrizes: 1. organização da atenção nutricional; 2. promoção
da alimentação adequada e saudável; 3. vigilância alimentar e nutricional; 4. gestão das ações de ali-
mentação e nutrição; 5. participação e controle social; 6. qualificação da força de trabalho; 7. controle
e regulação dos alimentos; 8. pesquisa, inovação e conhecimento em alimentação e nutrição; 9. coo-
peração e articulação para a segurança alimentar e nutricional (BRASIL, 2013a).
Sendo uma delas, o Controle e Regulação dos Alimentos. Trata-se de uma diretriz que criou
espaços de diálogo com a sociedade e as indústrias de alimentos para a implementação de planos de
redução de gorduras trans e sal nos produtos industrializados, cumprindo papel primordial para os
debates em torno da regulação da publicidade brasileira.
Outra diretriz é a Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS), a qual é conceitua-
lizada como uma prática alimentar apropriada aos aspectos biológicos e socioculturais dos indivíduos,
bem como ao uso sustentável do meio ambiente. Esse conceito traz diferentes dimensões do fenômeno.
Por exemplo, deve estar de acordo com as necessidades de cada fase do ciclo da vida; referenciada pela
cultura alimentar e ao pertencimento social; acessível do ponto de vista físico e financeiro; harmônica
em quantidade e qualidade; baseada em práticas produtivas adequadas e sustentáveis (modelo agrícola
que promova variedade, sustentabilidade e saúde) (BRASIL, 2013a).
Assim, na PNAN, as ações de incentivo da PAAS têm como objetivo estimular práticas alimentares
saudáveis por meio da informação e estratégias de motivação. Desse modo, as ações de apoio visam
facilitar a oferta de opções alimentares saudáveis entre as pessoas que já estão motivadas ou uma vez
apoiadas, passem a considerar mudanças de comportamentos. Ações de proteção têm como foco evitar
a exposição da população a fatores que dificultam as escolhas alimentares ou adoção de comporta-
mentos saudáveis (BRASIL, 2013a).
Como será que essa diretriz dialoga com o problema do aumento do consumo de alimentos proces-
sados, ultraprocessados e da mudança do padrão de consumo alimentar da população brasileira?
132
UNIDADE 7
Um avanço marcante da educação alimentar nutricional no âmbito das políticas públicas no Brasil, foi
a elaboração, em 2012, do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas
Públicas, fruto de uma construção intersetorial e participativa de cidadãos, gestores, representantes
da sociedade civil, professores especialistas e acadêmicos (BRASIL, 2012).
Figura 3- Capa do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas / Fonte: https://www.cfn.
org.br/wp-content/uploads/2017/03/marco_EAN.pdf.
Descrição da imagem: a imagem apresenta a capa oficial do documento, está representada na cor amarelo claro e toda informação de
escrita na cor verde, como na parte superior (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome); na parte inferior (Brasília – DF,
2012). No centro da imagem está intitulado: Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas, e na
margem esquerda aparecem ícones de alimentos saudáveis.
O documento tem como objetivo promover um campo comum de reflexão e orientação de educação
alimentar e nutricional na ação pública, porque as referências que nortearam as políticas até então,
não estavam claramente definidas, pois existiam abordagens conceituais e metodologias, com pouca
visibilidade das práticas que aconteciam. O Marco foi elaborado para reorientar as ações, dentro de
educação alimentar e nutricional para as políticas públicas (BRASIL, 2012).
O Marco, em seu Capítulo 4, traz o Histórico Nacional da Educação Alimentar e Nutricional, desde
as décadas de 1930 e 1940, quando foram realizadas as primeiras ações governamentais. As estratégias
educativas eram dirigidas aos trabalhadores e suas famílias para contribuírem na melhora da ali-
mentação e saúde. Era uma abordagem educativa de campanhas de introdução de alimentos que não
eram usualmente consumidos e de práticas educativas dirigidas, especialmente, às pessoas de menor
renda. Nas décadas de 1970 e 1980, o incentivo ao consumo de soja foi, por muitos anos, objeto de
programas de educação alimentar e nutricional. Estas ações apenas valorizavam a dimensão nutricional
dos alimentos e desconsideravam os aspectos culturais e sensoriais. Até a década de 1990, a educação
alimentar e nutricional foi pouco valorizada como disciplina e como estratégia de política pública.
Com o aumento, em todo o mundo, das doenças crônicas não transmissíveis, a educação alimentar
e nutricional passou a ser considerada como uma medida necessária para a formação e proteção de
hábitos saudáveis (BRASIL, 2012).
133
UNICESUMAR
Hoje, qualquer pessoa está o tempo todo lidando com questões alimentares, pois estão expostas a grande
quantidade de informações em mídia (sites, redes sociais e televisiva) relacionadas ao tema alimentação.
Então, as questões relacionadas à educação alimentar e nutricional ganham uma importância muito
grande para promover a saúde e bem-estar dos indivíduos.
A educação alimentar e nutricional deve ocorrer desde o início da vida, durante a gestação. Por
exemplo, a amamentação é a primeira prática de educação alimentar e nutricional. Se no caso ocor-
rer o processo sem uma orientação, sem um apoio dos profissionais da saúde, pode acontecer uma
introdução precoce de alimentos não saudáveis, como sucos de fruta artificial, biscoitos etc. Isso tem
consequências muito sérias para a saúde do bebê e também para o futuro dessa criança. Então, a edu-
cação alimentar e nutricional precisa estar presente em cada ciclo da vida.
De acordo com Marco, cabe à educação alimentar e nutricional, fazer uso de abordagens educacionais
problematizadoras e ativas que favoreçam o diálogo junto a indivíduos e grupos populacionais. Além
disso, devem contemplar todas as fases do ciclo da vida, etapas do sistema alimentar, os significados e
as interações que compõem o comportamento alimentar, assim deve ser pautada na:
134
UNIDADE 7
O documento orienta que, enquanto política pública, a educação alimentar e nutricional pode ocorrer
em diversos setores e deverá observar a área na qual está inserida. Por exemplo, na esfera da saúde, os
princípios do SUS; na educação, os princípios da Política Nacional de Alimentação Escolar (PNAE);
e assim sucessivamente (BRASIL, 2012).
Assim, as atividades de educação alimentar e nutricional devem ser pensadas de forma a possibilitar
que as pessoas reflitam a questão alimentar, de acordo com os seguintes princípios do Marco (BRASIL,
2012):
135
UNICESUMAR
De acordo com o Marco diversas ações de educação alimentar e nutricional estão sendo realizadas
pelos diferentes setores, dirigidas para diversos públicos. No entanto, ainda é necessário que sejam
planejadas, implementadas, monitoradas e avaliadas, a partir de referenciais metodológicos. No que
se refere à área da saúde, o documento trata que os equipamentos públicos desta área são: pontos da
Rede de Atenção à Saúde como Unidades Básicas de Saúde, que contam com Equipes de Atenção Básica
(Saúde da Família ou tradicional, NASFs), Academias da Saúde, Ambulatórios, Hospitais, Unidades de
vigilância em saúde (BRASIL, 2012).
Assim, o Marco de referência é um instrumento legal que veio consolidar as ações no campo da
alimentação e nutrição e pretende apoiar os diferentes setores do governo para que dentro de seus
contextos e abrangência, possam alcançar o máximo de resultados possíveis, cujas ações podem e
devem envolver nutricionistas e outros profissionais.
136
UNIDADE 7
Vamos discutir sobre alguns exemplos de instrumentos de políticas públicas nacionais que concreti-
zam uma perspectiva da alimentação com vistas à Promoção da Alimentação Adequada e Saudável
voltados para populações específicas:
A Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, lançada em 2012, tem como objetivos: qualificar
profissionais da atenção básica para promoção do aleitamento materno e a alimentação saudável
para crianças menores de dois anos. A implementação da estratégia é realizada por meio das seguin-
tes ações: a) formação de facilitadores, sendo profissionais responsáveis por conduzir as atividades e
dar apoio técnico na formação de tutores da estratégia; b) formação de tutores, são profissionais da
saúde responsáveis por disseminar a estratégia e realizar oficinas educativas nas Unidades Básicas de
Saúde (UBS); c) realização de oficinas de trabalho nas UBS; d) monitoramento de forma periódica e
permanente do processo de implementação da estratégia; e) avaliação, por meio de relatórios gerados
pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan-web) para crianças de zero a 24 meses ou
por meio do Sistema de Informação da Atenção Básica vigente (BRASIL, 2015a).
Figura 5- Ilustração da imagem da Rede Amamenta Brasil e a Estratégia Nacional para a Alimentação Complementar Saudável
(ENPACS) / Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategia_nacional_promocao_aleitamento_materno.pdf.
Descrição da imagem: a imagem apresenta o desenho de uma família (pai, mãe, bebê e criança), o pai está representado na cor azul,
a mãe está representada na cor vermelha, a criança e o bebê estão representados na cor branca. Na base da família, uma colher no
sentido horizontal, na cor azul.
137
UNICESUMAR
Temos, também, dois exemplos de apoio para Promoção da Alimentação Adequada e Saudável voltados
para amamentação:
Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano: rede organizada e exitosa na coleta, processamento
e distribuição de leite humano para recém-nascidos internados e na promoção, proteção e apoio ao
aleitamento materno. A política pública de saúde, voltada para o incentivo à amamentação tem, ao
longo dos anos, consolidado a importância dos bancos de leite humano (MAIA et al., 2006).
Outro exemplo é a Sala de Apoio à Amamentação: espaços dentro da empresa em que a mulher,
com conforto, privacidade e segurança, pode esvaziar as mamas, armazenando seu leite em frascos
previamente esterilizados, para, em outro momento, oferecê-lo ao seu filho (BRASIL, 2015b).
Dentro das estratégias para crianças temos o Programa Nacional Suplementação Profilática de Ferro
que tem como objetivo prevenir e controlar a anemia por deficiência de ferro e deverá ser implantado
na UBS (BRASIL, 2013b).
“
O público a ser atendido serão as crianças entre 6 a meses de idade, gestantes e mulheres
até o 3º mês pós-parto e pós-aborto, que deverão ser suplementadas de forma profilática
138
UNIDADE 7
e universal. Dessa forma, a prevenção da anemia por deficiência de ferro deve ser plane-
jada com a priorização da suplementação de ferro medicamentosa em doses profiláticas;
com ações de educação alimentar e nutricional para alimentação adequada e saudável
(BRASIL, 2013b).
O Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A existe desde a década de 1980, mas foi
normatizado na Portaria nº 729, de 13 de maio de 2005. Esse programa consiste na suplementação
profilática medicamentosa de vitamina A, para crianças de 6 a 59 meses para reduzir e controlar a
deficiência de vitamina A (BRASIL, 2013c).
“
A partir do 6º até o 59º mês de idade, todas as crianças que residam em municípios con-
templados pelo programa devem receber doses de vitamina A. Além disso, para alcançar
modificações consistentes na dieta alimentar, é preciso implantar atividades de informação
e educação alimentar e nutricional para a comunidade, colocando a família em um lugar
central nesse contexto (BRASIL, 2013c).
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O Brasil é uma referência para a Or-
ganização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em relação ao PNAE, pela
universalidade dessa política pública. Todos os alunos da educação básica (educação infantil, ensino
fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos) matriculados em escolas públicas e filan-
trópicas têm o direito à alimentação escolar. Assim, é direito dos alunos e dever do Estado desenvolver
e implementar (BRASIL, 2015c).
Dessa forma, um dos objetivos do PNAE é oferecer refeições saudáveis para o crescimento, apren-
dizagem, desenvolvimento biopsicossocial, rendimento escolar e formação de práticas alimentares
saudáveis. Por esta razão o Governo Federal repassa, com base no Censo Escolar do ano anterior, valores
de caráter suplementar efetuados em dez parcelas mensais (de fevereiro a novembro) para a cobertura
de 200 dias letivos, conforme o número de matriculados em cada rede de ensino (BRASIL, 2015c).
139
UNICESUMAR
Os planos como instrumentos de políticas públicas estabelecem diretrizes, prioridades e objetivos gerais a
serem alcançados em períodos relativamente longos e visam as prioridades de governo (BRASIL, 2018a).
Os planos como instrumentos de políticas públicas estabelecem diretrizes, prioridades e objeti-
vos gerais a serem alcançados em períodos relativamente longos e visam as prioridades de governo
(BRASIL, 2018a).
Um exemplo, é o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PLANSAN) que com-
preendeu os anos de 2016-2019. O desafio do plano foi promover e proteger a alimentação adequada
e saudável da população brasileira, com estratégias de educação alimentar e nutricional e medidas
regulatórias. A meta foi uma articulação junto ao Mercosul da revisão da Resolução GMC nº 46/2003
sobre rotulagem nutricional de alimentos. A ação foi o painel técnico da ANVISA sobre a rotulagem
frontal dos alimentos e consulta pública com vista à proposição de nova resolução sobre rotulagem
nutricional de alimentos (CAISAN, 2017). Cabe salientar que a Instrução Normativa – IN nº 75/2020,
que trata do novo regulamento sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados comercializados
no Brasil é consequência desse debate e de várias etapas da política pública (BRASIL, 2020).
Outro exemplo é o Plano de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis
(DCNT) elaborado para vigorar entre os anos de 2021-2030 trazendo metas e objetivos a serem alcan-
çados pelo setor da saúde do nosso país no que tange ao enfrentamento das DCNT. Apresenta ações
estratégicas para promoção da saúde, prevenção, produção do cuidado e assistência para enfrentamento
dos fatores de risco para as doenças e agravos não transmissíveis. Para cada tema, o documento apresenta
recomendações para alcance das metas. Vamos conferir a temática alimentação adequada e saudável!
“
Estimular o desenvolvimento de ambientes saudáveis no trabalho, na escola, na comuni-
dade e nos serviços de saúde no âmbito do SUS por meio da:
Promoção de ações de alimentação saudável e adequada segundo o Guia Alimentar
para a População Brasileira.
Implementação de medidas protetivas dos ambientes alimentares, especialmente nas
escolas, para contribuir com a redução do consumo de alimentos ultraprocessados e
obesidade na primeira infância e adolescência, com base nos Guias Alimentares.
Articulação de estratégias para ampliação da produção, da oferta e do acesso de alimen-
tos in natura e minimamente processados produzidos de forma saudável e sustentável.
Implementar guias para promoção da alimentação saudável, conforme condições de
saúde e ciclos de vida.
Fortalecer ações de apoio ao aleitamento materno e alimentação complementar ade-
quada, sustentadas pela Política Nacional de Alimentação e Nutrição, Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde da Criança, segundo as recomendações do Guia Alimentar
para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos.
140
UNIDADE 7
As ações para promoção da alimentação saudável contemplam uma gama de estratégias, desde políticas
de emprego e geração de renda, normas de fabricação de alimentos, comércio e propaganda, como
também deve focar na aquisição de produtos oriundos da agricultura, como o Programa de Aquisição
de Alimentos (PAA) e no fornecimento de refeições de boa qualidade nos serviços de refeições para
coletividade, como o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) (BOOG, 2013).
O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) foi criado em 2003, e apresenta dois objetivos:
promover o acesso à alimentação adequada e saudável e incentivar a agricultura familiar. Assim, o pro-
grama compra alimentos produzidos pela agricultura familiar, e os destina às pessoas em situação de
insegurança alimentar e nutricional e àquelas atendidas pela rede socioassistencial, pelos equipamentos
públicos de alimentação e nutrição e à rede pública e filantrópica de ensino (PLEIN; FILIPPI, 2012).
Para o alcance desses dois objetivos, o programa compra alimentos produzidos pela agricultura
familiar, com dispensa de licitação, e os destina às pessoas em situação de insegurança alimentar e
nutricional, residentes, em geral, na própria região onde os alimentos foram produzidos. É importante,
ainda, ressaltar a sua capacidade de promover a diversificação da produção, elemento essencial para
a promoção de sistemas alimentares mais saudáveis e sustentáveis e para a garantia da segurança ali-
mentar e nutricional (BOCCHI et al., 2019).
141
UNICESUMAR
Descrição da imagem: a imagem apresenta dois agricultores sorridentes no pomar de tomates, há um homem de chapéu e barba
branca, o qual está colhendo um tomate com a mão direita, e com a mão esquerda está segurando uma caixa de madeira com bastante
tomates, atrás dele há um jovem de chapéu colhendo tomates com a mão esquerda.
142
UNIDADE 7
Descrição da imagem: a imagem apresenta o logotipo do programa de alimentação do trabalhador. A ilustração da imagem destaca
a sigla: PAT, em caixa alta, na cor cinza escuro e, abaixo da sigla, está escrito “Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT”.
143
UNICESUMAR
Descrição da imagem: a imagem apresenta o cartão do Programa Bolsa Família. Mostra uma mão de uma pessoa segurando um
cartão amarelo com toda a informação escrita na cor verde, no cabeçalho do cartão apresentam as seguintes informações: Governo
Federal, Brasil (em caixa alta, com detalhe da bandeira do Brasil na letra A), e “País Rico é País sem Pobreza”. E, ainda, na parte central
do cartão, em destaque, “Programa Bolsa Família”.
A partir do Programa Fome Zero, o Governo iniciou uma rede de equipamentos públicos de segurança
alimentar e nutricional constituída por bancos de alimentos, cozinhas comunitárias, hortas comunitá-
rias e restaurantes populares, sendo em grande parte abastecidos por meio do Programa de Aquisição
de Alimentos (REDESAN, 2011).
144
UNIDADE 7
Bancos de alimentos são distribuição de alimentos sem valor comercial, mas adequados para
consumo, doados por empresas do setor alimentício. Cozinhas comunitárias é um programa
executado para atender no mínimo de 100 refeições por dia para um público em situação de mi-
séria ou pobreza (REDESAN, 2011). Os restaurantes populares, integram a política de segurança
alimentar do Governo Federal, oferecem uma refeição de qualidade, nutritiva, a preços acessíveis,
melhorando a qualidade de vida das pessoas. Os restaurantes populares estão vinculados à Política
de Segurança Alimentar e Nutricional nos municípios com mais de 100 mil habitantes, privilegiam
as redes de fornecimento como as hortas comunitárias, feira de alimentos e outros.
No cenário internacional, o Brasil é reconhecido como um caso de sucesso na proposição e
na gestão de políticas públicas de alimentação e nutrição. Um exemplo disso foi uma publicação de
2016, de um instituto de pesquisa norte-americano, que apontou o compromisso político do Brasil
com a promoção da alimentação saudável e da segurança alimentar. As causas de sucesso foram
pelo engajamento da sociedade civil, pela construção de estruturas de governança intersetoriais
e pelo uso de dados e de evidências científicas para guiar a tomada de decisão do poder público.
Por outro lado, reconhece que seja longo e desafiador o processo a ser percorrido das políticas de
alimentação e nutrição brasileira, especificamente para lidar com maior eficiência com o desafio
da obesidade, o combate às carências nutricionais, incorporar o desafio da sustentabilidade rela-
cionado com a saúde e garantir a manutenção dos direitos humanos (KEEFE, 2016).
Você pode ter se perguntado, em algum momento de nossa conversa, qual a importância da
educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. A educação alimentar e nutricional,
trata da promoção da prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis, devem levar
em conta a magnitude e a natureza do problema nutricional, sendo desejável que esta prática seja
planejada e direcionada à comunidade, articuladas por equipe multiprofissional e executadas de
forma contínua e permanente. A temática de alimentação e nutrição deve ser abordada de modo
problematizador e ativo, que favoreça o diálogo junto a indivíduos e grupos, considerando todas
as etapas do ciclo da vida e as interações e significados que compõem o comportamento alimentar.
Por ser considerada uma forma estratégica de ação dentro das políticas públicas, ela irá contri-
buir, de maneira significativa, no controle do avanço das prevalências das doenças crônicas não
transmissíveis e no combate às carências nutricionais.
145
Nesta unidade, você e seus colegas terão a oportunidade de criar um mapa mental, que torna as informações
mais fáceis de serem lembradas, pois são mantidas em um formato rápido de revisar. De que jeito? Expressando
sua criatividade. Apresento, a seguir, uma proposta no formato de um mapa mental, no qual reuni os itens que
considerei principais ao longo da unidade. Você pode utilizar este exemplo como base para criar a sua proposta!
Vamos lá?
PNAE
Assim, contribuir no controle do avanço
das doenças crônicas não transmissíveis e
no combate às carências nutricionais
Programa Nacional de
Suplementação de Ferro
Programa Nacional de
Suplementação de Vitamina A
Estratégia Alimenta e
Amamenta Brasil
Programa de Aquisição
de Alimentos
PAT
Bolsa Família
146
1. A educação alimentar e nutricional tem sido inserida nos programas políticos que possuem
como foco principal a alimentação adequada e saudável dos brasileiros. Assinale as três prin-
cipais políticas em que há inserção da educação alimentar e nutricional:
2. A intervenção educacional apoia-se na ideia de que se pode educar para a saúde, fazendo
com que a educação em saúde se torne uma atividade planejada. Atualmente, as políticas
públicas inserem a educação alimentar e nutricional neste contexto. Explique de que maneira
a educação alimentar e nutricional está inserida e atua na educação em Saúde?
3. A educação em saúde tem como intenção nítida, reforçar padrões de saúde para a população,
estando a educação alimentar e nutricional inserida neste processo. Qual modelo pedagógico
deve ser abordado nos programas de educação em saúde no âmbito comunitário? Explique
suas principais características.
147
148
8
Educação Alimentar
e Nutricional nos
Diferentes Contextos
Dra. Daniela Biral do Prado Freire
A obesidade é a mais importante doença crônica do nosso tempo. É o principal fator de risco para uma
série de doenças crônicas, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer. Já é
amplamente conhecido que a determinação da obesidade está no conjunto de fatores que constituem
o modo de vida da população que vem aumentando o consumo de alimentos e, principalmente, da-
queles cada vez mais processados e ultraprocessados, com alto teor de gordura, açúcar e sódio. Apesar
de termos altas prevalências de excesso de peso, algumas regiões ainda precisam se preocupar com a
desnutrição e com uma série de doenças carenciais, como hipovitaminoses e anemia.
A educação alimentar e nutricional é vista como uma estratégia fundamental para enfrentar os
novos desafios no campo da alimentação, saúde e nutrição. Como estratégia de promoção da saúde da
população, ela tem o propósito de resgatar a cultura e os hábitos tradicionais positivos, com refeições
caseiras, como a combinação do arroz e feijão, ao invés de comidas semiprontas ou prontas e produtos
ultraprocessados.
Portanto, temos que pensar em como promover práticas alimentares saudáveis na população, em
grupos, em indivíduos. Deste modo, podemos fazer alguns questionamentos: por que trabalhar a edu-
cação alimentar e nutricional no espaço escolar e na atenção básica em saúde? Como os programas
de educação alimentar e nutricional podem auxiliar as pessoas a ter uma alimentação mais saudável?
A escola é um importante espaço para desenvolvimento de programa de educação alimentar e nu-
tricional, pois proporciona uma maneira eficaz de alcançar um grande número de pessoas, incluindo
crianças, jovens, funcionários da escola, famílias e membros da comunidade.
Outro aspecto é que a escola, é o local onde os estudantes passam uma parte significativa de suas
vidas e comem pelo menos uma ou mais refeições por dia. Então, o que pode ser feito para garantir
que seu ambiente escolar apoie a saúde, o bem-estar e o aprendizado sobre alimentação e nutrição?
Os programas de educação alimentar e nutricional devem ter alta prioridade na agenda escolar
porque causam efeito positivo no bem-estar do educando, pois uma alimentação saudável melhora a
capacidade de aprendizagem, levando a melhor atuação.
150
UNIDADE 8
Já nos espaços da atenção primária em saúde, a educação alimentar e nutricional pode ser trabalhada
em programas e ações educativas, considerando a diversidade das necessidades de saúde. De forma
geral, a qualidade da alimentação tem sido identificada como um dos principais determinantes de saúde.
Muitos indivíduos ainda não consomem frutas, hortaliças e grãos integrais suficientes. Essas ob-
servações são desafiadoras para melhorar as políticas de saúde, bem como melhorar as intervenções
e a identificação de novas abordagens para promover uma alimentação saudável que possam ter um
impacto maior na qualidade da alimentação ao longo do tempo. Esses esforços podem levar a benefícios
consideráveis para a saúde, além de reduzir os custos relacionados à doença.
Por todas essas razões, a educação alimentar e nutricional vem como medida de saúde pública para
todos, assim é visto nos espaços da atenção básica em saúde e no ambiente escolar.
O desafio de melhorar a alimentação é de todos, sempre há uma nova prática alimentar a ser apren-
dida, um novo hábito alimentar a ser incorporado, algum comportamento que pode ser modificado.
Dessa forma, quando são feitas em grupos, elas se constituem em desafios coletivos em prol de uma
alimentação saudável para todos.
Veja o caso clínico apresentado a seguir: o nutricionista, em um programa de educação alimentar e
nutricional de uma escola municipal do bairro Tietê-SP, em entrevista com um grupo de escolares do
Ensino Fundamental, visando dinamizar a obtenção das informações, verificou um elevado consumo
de salgados fritos, biscoitos, balas e refrigerantes e um baixo consumo de frutas, hortaliças, leguminosas,
leite e derivados.
Lhe convido a refletir sobre este caso e peço que busque responder o se-
guinte: qual o papel da escola na formação dos hábitos alimentares de uma
criança? Portanto, para lhe ajudar a refletir ainda mais sobre este assunto,
você está convidado para fazer a leitura do artigo “Percepção de professoras
sobre o papel da escola na formação do bom hábito alimentar”. Para acessar,
use seu leitor de QR Code e faça a visualização antes de prosseguir, este passo
é muito importante.
Anote as suas impressões e possíveis argumentos no diário de bordo, relacionando o caso clínico
e a sua interpretação do artigo.
Em muitas comunidades, a escola é o principal local onde crianças, adolescentes e comunidade
envolvente podem aprender sobre alimentação saudável e hábitos de vida. A implementação de pro-
gramas de educação alimentar e nutricional permite que os alunos adquiram conhecimento ao longo
da vida e habilidades que eles podem passar para suas próprias famílias, bem como para as gerações
futuras. Permite, ainda, aos funcionários da escola, inclusive professores, terem acesso a treinamentos
desses importantes temas e ajudar suas próprias famílias a ter uma alimentação melhor e, assim, ter
um impacto positivo na comunidade.
Assim, pode-se criar oportunidades de aprendizado e experiências que podem moldar padrões
alimentares mais saudáveis, proporcionando: alimentos e bebidas nutritivas e atraentes; mensagens
consistentes e precisas sobre alimentação adequada e saudável e maneiras de aprender e praticar uma
alimentação saudável.
151
UNICESUMAR
No cenário atual muitas das crianças em situação de pobreza dependem das escolas que frequentam
para se alimentarem. Vamos exemplificar uma situação desse panorama: professores de escolas públicas
relatam casos de alunos que chegam a desmaiar em sala porque vão à escola sem comer. Neste palco de
conflitos, conversar sobre as razões pelas quais a criança chegou à escola sem comer, acolher essa criança
dando-lhe alimento e atenção, já constitui ações de educação alimentar e nutricional. Afinal educar
é, antes de tudo, uma intenção, uma comunicação de valores, que precisa estar presente no professor,
nas merendeiras e outros membros da escola (BOOG, 2013). Assim, a interlocução dos nutricionistas
com os professores sempre poderá resultar em ações educativas que construam a segurança alimentar
e nutricional e constituam um ganho para a qualidade de vida das pessoas.
Como garantia de direitos à alimentação escolar, esta responsabilidade do Estado com a educação
está prevista no artigo 208 da Constituição Federal: “Atendimento ao educando, em todas as etapas
da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde” (BRASIL, 2009a).
Dessa forma, é imprescindível mencionar o instrumento legal que veio consolidar ações no campo
da educação e da alimentação e nutrição escolar:
“
O Programa de Alimentação Escolar (PNAE) tem por objetivo contribuir para o cres-
cimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a
formação de práticas alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação
alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutri-
cionais durante o período letivo (BRASIL, 2020b).
152
UNIDADE 8
Descrição da Imagem: a imagem mostra um refeitório com três longas mesas retangulares com alunos sentados, com diferentes co-
res de cadeiras para cada mesa (azuis, amarelas e laranjas). Os alunos usam uniforme na cor azul, na mesma imagem há uma mulher
loira de cabelo solto, blusa vermelha e calça marrom, em pé servindo a mesa dos alunos que estão sentados nas cadeiras amarelas.
Por esta razão, o cardápio escolar tem o objetivo de assegurar a oferta de uma alimentação saudável
e adequada. Compete ao nutricionista, segundo a Resolução n⁰ 465/2010 do Conselho Federal de
Nutricionistas (CFN), planejar o cardápio da alimentação escolar de acordo com a cultura alimentar,
o perfil epidemiológico da população atendida e a vocação agrícola da região, acompanhando desde
a aquisição dos gêneros alimentícios até a produção e distribuição da alimentação. Dessa forma, ca-
racterizando uma importante ação de educação alimentar e nutricional (CFN, 2010).
A escola é um importante espaço para a formação de hábitos alimentares saudáveis e foi contemplada
nas diretrizes para a promoção da alimentação saudável nas escolas que está instituída pela Portaria
Interministerial nº 1.010, de 8 de maio de 2006 (BRASIL, 2006).
Por conseguinte, outro instrumento legal, foi instituído o Programa Saúde na Escola, por meio
do Decreto nº 6.286/2007:
“
Art. 1º Fica instituído, no âmbito dos Ministérios da Educação e da Saúde, o Programa
Saúde Escola - PSE, com finalidade de contribuir para a formação integral dos estudantes
da rede pública de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção
à saúde (BRASIL, 2007).
153
UNICESUMAR
Por tudo isso, busca-se trazer para discussão alguns pontos importantes: a promoção da alimentação
adequada e saudável no âmbito escolar depende da proteção ao consumidor. A regulamentação da venda
de alimentos em cantinas escolares tem o objetivo de aumentar a oferta de frutas, verduras e legumes, e de
restringir o consumo de alimentos e bebidas com alto teor de gordura, açúcar e sódio. Esta iniciativa está
presente em diversos municípios e estados brasileiros, por exemplo, no estado do Paraná, nos municípios
do Rio de Janeiro, Aracaju e Juiz de Fora (DIEZ-GARCIA; CERVATO-MANCUSO, 2017).
Por esta razão, uma avaliação das cantinas escolares nos ajudaria compreender e identificar a qualidade
dos alimentos e bebidas disponíveis. Além disso, o desenvolvimento de ações educativas pode orientar
os alunos sobre os atributos dos alimentos que são comercializados nesses estabelecimentos.
Descrição da Imagem: a imagem mostra um aluno com seu lanche escolar. O menino de blusa azul está sentado em uma mesa, co-
mendo salgadinhos e tomando suco artificial de caixinha. No fundo da imagem há uma parede com um quadro de hambúrguer e ao
lado tem outro quadro de cardápios com preços.
154
UNIDADE 8
Os currículos escolares são orientados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que con-
sistem em um referencial de conteúdos e objetivos de ensino-aprendizagem combinados e abrangem,
além das disciplinas obrigatórias, temas transversais (ética, pluralidade cultural, meio ambiente, saúde,
orientação sexual, trabalho e consumo geral) (BRASIL, 1997). Dessa forma, a educação para a saúde
deve ser tratada como tema transversal, em que destaca-se por eixo temático a alimentação e nutrição
(ALBUQUERQUE; PONTES; OZÓRIO, 2013).
Para que esse dispositivo legal se cumpra, a criação de um ambiente escolar de apoio pode influen-
ciar positivamente os comportamentos de estilo de vida das crianças por meio dos currículos, projetos
políticos pedagógicos e atividades extracurriculares com a temática da promoção da alimentação sau-
dável. Isso explica por que muitas escolas investiram na abordagem, como o projeto horta ou algum
outro projeto específico.
A vantagem de incorporar alimentação e nutrição em assuntos já existentes potencializa, tornan-
do-os mais relevantes e aplicados ao dia a dia. Hortas em escolas podem ser trabalhadas no ensino
fundamental, dessa forma os alunos podem estudar padrões de cultivo de alimentos em Geografia;
explorar culturas alimentares na História; debater o papel do marketing de alimentos nos estudos de
Inglês, estudar os nutrientes e alimentação saudável no programa de Ciência (BOOG, 2013).
A educação alimentar e nutricional na escola deve focar não apenas no conhecimento nutricional,
mas também no desenvolvimento de comportamentos e habilidades relacionados, como preparação
de alimentos, higiene, conservação e armazenamento de alimentos; aspectos sociais e culturais da ali-
mentação; aspectos sobre autoestima e imagem corporal positiva. Existe uma variedade de métodos
de ensino que podem ser usados d e acordo com objetivos de aprendizagem: desde discussões em sala
de aula; exercícios de compras, análise sensorial e outros. As atividades extracurriculares também são
importantes. Por exemplo, desenvolvimento de habilidades culinárias, feiras de alimentos e outras
atividades de oficina. Novas tecnologias, como a internet, criação de blogs, também oferecem uma
oportunidade para experiências interativas de aprendizagem. Para serem eficazes, as estratégias de
promoção da alimentação saudável devem ser criativas, envolventes, de baixo custo e amplamente
divulgadas (BRASIL, 2008).
155
UNICESUMAR
Uma avaliação inicial da situação alimentar e nutricional (diagnóstico) em cada escola é requisito
inicial para um bom planejamento de uma ação educativa. Por exemplo: qual é a política atual da
escola em relação à oferta ou venda de refeições e lanches? Onde as informações sobre alimentação e
nutrição são incorporadas ao currículo? Como os aspectos de alimentação e nutrição são integrados
em todo o ambiente escolar? Alunos, professores, donos de cantinas, funcionários, pais devem ser
consultados sobre a situação atual e as alterações que consideram necessárias para serem incorporadas
à avaliação diagnóstica.
As escolas que têm cantinas escolares, para promoverem uma alimentação saudável, devem ser
consideradas: (BRASIL, 2010).
• Ao entrevistar os estudantes, perguntar:
Quais são os lanches e bebidas saudáveis que eles consomem no âmbito escolar?
Que tipo de lanches e bebidas mais saudáveis eles gostariam de consumir no âmbito escolar?
Quanto eles gastam/gostariam de gastar com itens na cantina?
• Ao entrevistar os proprietários de cantinas, perguntar:
O que os fornecedores locais oferecem de lanches e bebidas saudáveis?
Os itens como frutas, lanches e bebidas saudáveis estão prontamente disponíveis na cantina como
substituto de produtos ricos em gorduras, açúcares e sódio?
Há restrição de alimentos e preparações com altos teores de gordura saturada, gorduras trans,
açúcar e sal?
Na cantina tem cartazes falando da importância de se manter o ambiente limpo e propagandas dos
alimentos saudáveis?
O estabelecimento oferece cursos de boas práticas de manipulação?
Você tem assessoria de um nutricionista para adequar o local e os lanches da sua cantina?
• Monitoramento:
Como os padrões de vendas respondem às mudanças?
Os produtos mais saudáveis vendem mais? Se não, por que não?
156
UNIDADE 8
157
UNICESUMAR
O trabalho pedagógico relativo à alimentação, constitui uma importante e eficaz estratégia para alcançar
mudanças na forma de pensar, sentir e agir. A seguir, apresenta-se exemplos de jogos e atividades práticas para
trabalhar com educação alimentar e nutricional na educação infantil e ensino básico. É uma ótima maneira
de envolver as crianças em experiências de alimentação saudável, ensiná-las a reconhecer diferentes alimentos
e incentivá-las a experimentar novos alimentos, ao mesmo tempo que se divertem (GALISA et al., 2014).
• Saco de adivinhação de frutas, verduras e legumes. Experimente esta atividade para aumentar
o reconhecimento e a conscientização das crianças sobre diferentes frutas, verduras e legumes.
Coloque algumas frutas, verduras e legumes (reais ou de plástico) em um saco. Peça às crianças
que apalpem dentro do saco e adivinhem quais frutas, verduras e legumes estão lá. Pode colocar
uma venda nos olhos das crianças e colocar uma fruta em suas mãos. Peça-lhes que adivinhem
qual é a fruta, sentindo, cheirando e até experimentando.
• Escolha uma letra da semana. A cada semana, experimente e discuta os alimentos saudáveis
que começam com a letra escolhida da semana. Por exemplo, para a letra “M” (manga e maçã).
• Excursões a lugares como feiras livres, hortas orgânicas e piquenique saudável são diver-
tidas e educativas.
• Desenhos com verduras, frutas e legumes. É hora de ser criativo na oficina culinária! Peça às
crianças para fazerem desenhos usando verduras, frutas e legumes reais. Quando terminar, peça
aos alunos que experimentem cada preparação.
As crianças adoram melhorar suas habilidades, então ter a oportunidade de fazer pratos mais com-
plexos e aprender mais sobre alimentação saudável pode ser muito motivador e recompensador. É
importante que todas as aulas práticas de preparação de alimentos e culinária sejam ministradas de
forma higiênica, segura e organizada. O educador deverá proporcionar ao educando a oportunidade de
aplicar seus conhecimentos sobre alimentação saudável e sua consciência das preferências das razões
para as escolhas de alimentos e bebidas (BOOG, 2013).
Dessa forma, os programas de educação alimentar e nutricional nas escolas devem fornecer não
apenas informações sobre o comportamento alimentar saudável, mas também oportunidades de de-
gustação, e aumentar o conhecimento e as habilidades em relação a fazer escolhas alimentares saudáveis
e preparar uma refeição saudável. Os programas educativos são mais eficazes quando usam métodos
de ensino variados, incluindo tarefas ativas e interativas para as crianças em vários ambientes.
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UNIDADE 8
Descrição da Imagem: a imagem mostra uma mesa de madeira com um prato branco contendo dois coqueiros feitos com frutas.
O desenho com as frutas, mostra a terra feita com gomos de tangerina (três camadas), dois caules feitos com bananas cortadas e as
folhas dos coqueiros são de kiwi.
Por meio de alguns exemplos, pode-se ilustrar alguns programas de nutrição com foco escolar, que
foram desenvolvidos em diferentes localidades do Brasil.
Prado et al. (2016), realizaram um trabalho com objetivo de intervenção comunitária com o tema
alimentação saudável com escolares de uma escola pública estadual do município de Cuiabá, estado
do Mato Grosso. Foi realizado um diagnóstico amplo da situação, com coleta de dados das variáveis
sociodemográficas (sexo, idade e renda mensal per capita); do estado nutricional dos escolares por
meio do Índice de Massa Corporal (IMC) e por meio da aplicação de um questionário semiestruturado
com questões relativas ao consumo de alimentos na merenda escolar, cantina escolar, venda perto da
escola e trazidos de casa para o ambiente escolar.
A partir do diagnóstico da situação alimentar e nutricional, foi elaborado um projeto de intervenção
composto de ações de educação alimentar e nutricional sobre alimentação saudável efetivadas em 11
encontros na escola, com duração de 60 minutos cada. As ações foram realizadas por dois pesquisa-
dores denominados “pesquisadora principal” (nutricionista) e “pesquisador auxiliar” (educador físico).
A cada encontro foram ministradas aulas expositivas e dialogadas de aproximadamente 20 minutos
e, posteriormente, foram realizadas atividades lúdicas (pôsteres, vídeos, jogos e atividades de recorte
e colagem, como material de apoio) correspondentes ao tema de cada encontro. Os resultados deste
estudo são considerados favoráveis, uma vez que a avaliação formativa aponta para o entendimento,
interesse, participação e relatos positivos dos escolares das atividades propostas.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 8
Descrição da Imagem: a imagem mostra um aluno comendo ao ar livre, na escola. A criança está sentada no banco com a mochila
nas costas, está comendo uma fruta de casca vermelha, na mão esquerda está segurando duas bananas. Na lancheira azul, que está
em cima do banco, tem duas frutas e, ao lado, tem uma garrafa transparente na cor azul.
Este vídeo foi feito pelo Projeto de Extensão do Núcleo (PENSO) e mostra
o resultado de uma Educação Alimentar e Nutricional realizada em uma
escola, por meio de uma edição jornalística realizada pelos alunos parti-
cipantes, é possível observar diversas mudanças nos hábitos alimentares
não só das crianças, como também das suas famílias. Vamos conferir!
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
Para o campo da nutrição, temos que pensar em como promover práticas alimentares saudáveis na
população, em grupos e com indivíduos, como lidar com problemas alimentares em diferentes situações,
sabendo que eles existem na vida das pessoas (BOOG, 2013). Por esta razão, é importante estudarmos
a educação alimentar e nutricional voltada para a atuação na atenção básica em saúde.
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UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a imagem mostra um grupo de pessoas com sobrepeso sentados em uma sala, prestando atenção em uma
educadora (mulher loira que está em pé com três frutas em suas mãos, vestida com uma camisa azul e saia preta).
No Brasil, adotou-se a terminologia Atenção Básica em Saúde que é equivalente a Atenção Primária
à Saúde, sustentada no princípio da integralidade e definida como o primeiro nível de atenção à saúde,
responsável pela articulação de ações de promoção da saúde, prevenção, tratamento e reabilitação de doenças
e agravos da população (JAIME et al., 2011).
Como serviços de saúde da atenção básica destacam-se as unidades básicas de saúde (UBS) e os polos
do Programa Academia da Saúde, ambos voltados para ações de promoção e cuidado à saúde. Nesse nível
de atenção, também se destacam os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) (BRASIL, 2016).
As ações de educação alimentar e nutricional representam papel fundamental no contexto da atenção
básica, sobretudo, no Programa de Saúde da Família, que surgiu em 1994, agora nomeado Estratégia de
Saúde da Família (ESF), com o intuito de estimular os municípios a assumirem alternativas de organização
da atenção básica, em âmbito local, consequentemente aumentar seu campo de intervenções (JAIME et al.,
2011; FRANÇA; CARVALHO, 2017).
Com o objetivo de ampliar as ações de atenção básica, a partir de 2008, surge os NASF, que constituí-
dos por equipes, possui profissionais de diferentes áreas (nutricionista, assistente social, educador físico,
farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico ginecologista e obstetra, psicólogo, médico pediatra
e geriatra, terapeuta ocupacional e outros), tem o papel de apoiar a ESF, ampliar sua abrangência e escopo
de ações. Assim, os usuários do SUS não procuram diretamente esses profissionais, mas são encaminhados
até eles pelas equipes de Saúde da Família. Cabe esclarecer que o profissional nutricionista ainda não faz
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UNIDADE 8
parte das equipes básicas de saúde da família (composta no mínimo por médico, enfermeiro, auxiliar e/ou
técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde), porém a educação alimentar e nutricional pode
ser trabalhada pelo nutricionista dos NASF em ações técnico-pedagógicas com as equipes apoiadas, para
que possam desenvolver competências nesta área (CERVATO-MANCUSO et al., 2012).
De acordo com a Nota Técnica do Ministério da Saúde nº 3/2020, houve mudanças consideráveis nos
NASF, em decorrência do novo modelo de financiamento de custeio da atenção básica, instituído pelo
Programa Previne Brasil. Essa norma revogou diversos dispositivos da atenção básica, com previsão de
extinção do incentivo financeiro federal para que os municípios componham as equipes dos NASF. Com
isso, a composição de cada um dos NASF será definida pelos gestores municipais, da forma que achar
mais adequada, o que pode trazer um risco iminente de desmonte (BRASIL, 2020a; GHIRALDELLI;
OLIVEIRA; MARTINS, 2020).
Por tudo isso, a atuação do nutricionista em grande parte dos municípios brasileiros, precisa ser fortale-
cida para que a potencialidade do conhecimento da Nutrição e das intervenções neste campo possam, de
forma efetiva, contribuir para a melhoria da qualidade de vida e de saúde da população frente à magnitude
do problema alimentar e nutricional que hoje atinge a população brasileira (BRASIL, 2009b).
Cabe considerar que o sucesso das iniciativas no campo da saúde depende também dos equipamentos
públicos comunitários para realizar as ações educativas, sendo instalações e espaços de infraestrutura ur-
bana destinados aos serviços públicos. Por exemplo: o Programa Academia da Saúde, lançado em 2011, é
uma estratégia de promoção da saúde e produção do cuidado que funciona com a implantação de espaços
públicos conhecidos como polos onde são ofertadas práticas de atividades físicas para a população. Esses
polos são dotados de infraestrutura, equipamentos e profissionais qualificados para ações de cuidados
individuais e coletivos na atenção básica (BRASIL, 2014a). Além desses espaços, as UBS e as escolas são
locais onde podemos pensar para o planejamento das ações de educação alimentar e nutricional.
Entretanto, a educação alimentar e nutricional não se restringe aos espaços formais como escolas
e dos serviços de saúde. Atravessa outros territórios, fazendo circular discursos, com intencionalidade
educativa, como propagandas de TV, filmes, livros, dentre tantos outros. São espaços que educam,
praticando pedagogias culturais que moldam nossa conduta (RENOVATO; BAGNATO, 2010).
Diferentes estratégias educativas na atenção básica têm foco na adoção de práticas alimentares
saudáveis. Vamos exemplificar uma estratégia educativa com diferentes dimensões (UFSC, 2016).
O eixo de incentivo engloba as ações de disseminação de informações, a motivação da população
para adoção de práticas saudáveis e o seu empoderamento para lidar com os determinantes de saú-
de. Por exemplo: na campanha para a amamentação, além das orientações profissionais na rotina de
atendimento, são realizadas diferentes campanhas educativas, inclusive televisivas, e de marketing para
a promoção do aleitamento materno. O eixo de apoio refere-se às medidas para facilitar que indiví-
duos e coletividades tenham adesão às práticas saudáveis. Por exemplo: a atuação dos Bancos de Leite
Humano (que promovem a doação de leite humano e auxiliam nos problemas da amamentação). Já o
eixo de proteção compõe as medidas que objetivam impedir ou reduzir a exposição dos indivíduos
aos fatores de risco. Por exemplo: foram implantadas políticas públicas que regulamentam a publici-
dade comercial dos produtos substitutos ou complementos do leite materno, com advertências nos
produtos que prejudicam a amamentação (UFSC, 2016).
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UNICESUMAR
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UNIDADE 8
Educação alimentar e nutricional como estratégia de promoção da saúde na atenção básica, ela tem o
propósito de impulsionar a cultura da alimentação, tanto resgatando valores tradicionais positivos, como
transformando práticas não saudáveis como excesso de sal, açúcar, corantes dentre outros. Temos que ter
em mente que as primeiras práticas alimentares se estabelecem no seio da família, portanto fazem parte
da educação dada pela família, que deve ser orientada pelos serviços de saúde. Quanto mais diversificada
for a alimentação das crianças, mais receptivas elas serão à variedade de alimentos. Além disso, envolver as
crianças na lida diária com os alimentos contribui de forma decisiva para a formação de valores. É claro
que essas ações precisam ser orientadas para o preparo de alimentos saudáveis! Além disso, o aprendizado
de maneira lúdica é fundamental para as crianças, em virtude da dificuldade de focar a concentração por
muito tempo. Dessa forma os profissionais de saúde que cuidam da criança contribuem nessa educação
e, mais tarde, a escola e outras instituições darão continuidade a ela (BOOG, 2013).
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UNICESUMAR
Os adolescentes não estão muito presentes nas unidades de saúde, por isso enfatizar a atenção
a esse público, que passa por transformações biológicas, psicológicas e sociais é necessário. Uma
forma de acessá-los (assim como a todos os escolares) é atuar por meio do Programa Saúde na
Escola. Trata-se de uma política intersetorial, entre a educação e a saúde, que busca proporcionar
a melhoria da qualidade de vida da população e contribuir com a formação geral dos estudantes
por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde. Cabe ressaltar que a escola é espaço
de produção de saúde, conhecimento de si e do outro, autoestima, comportamentos e habilidades
para a vida. É, portanto, um espaço propício para estratégias de educação alimentar e nutricional.
Dessa forma, desenvolver ações de distintas naturezas para a promoção de práticas alimentares
saudáveis em todas as fases do ciclo de vida e em respostas às principais demandas assistenciais
quanto aos transtornos e aos distúrbios alimentares, estabelecendo estratégias conjuntas com
diferentes setores e atuando nos espaços sociais da comunidade alcançando todos os grupos de
pessoas, incluindo aqueles indivíduos mais vulneráveis.
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UNIDADE 8
Uma grande limitação em muitos sistemas de atenção básica é a falta de treinamento de profissionais
de saúde, para prevenção e tratamento da desnutrição, obesidade e suas doenças relacionadas. Todos os
profissionais de saúde, incluindo nutricionistas, enfermeiros, e agentes comunitários de saúde, precisam
ser capazes de praticar em todo o escopo de seu conjunto de habilidades para fornecer ações educativas.
O treinamento de profissionais de saúde deve abordar e ensinar estratégias de mudança de comporta-
mento, a capacidade de trabalho em equipes multidisciplinares e a natureza dos sistemas alimentares.
Para a realização da educação em saúde o profissional deve utilizar e dispor de materiais didáticos,
bem como ampliar seus conhecimentos acerca de estratégias, técnicas e recursos didáticos para atingir
o objetivo da ação educativa a ser realizada. A dramatização é uma ótima abordagem pedagógica,
pois permite representar cenas cotidianas que ajudam na reflexão dos problemas encontrados pela
comunidade. As palestras têm, por objetivo, transmitir ou apresentar informações para um número
maior de pessoas, entretanto deve-se tomar sempre o cuidado de usar linguagem adequada para expor
seu conteúdo e criar da melhor maneira possível o envolvimento do grupo, já que é um recurso que
se não for conduzido adequadamente pode levar ao cansaço rapidamente (SILVA; PAULA, 2016).
Um modo didático e prazeroso de trabalhar com os usuários da atenção básica é por meio de ofi-
cinas culinárias, as oficinas apresentam uma proposta de aprendizagem compartilhada, por meio de
atividade grupal, o preparo adequado de alimentos e avaliar essa ação como estratégia para a promoção
de práticas alimentares saudáveis (CAPOBIANGO et al., 2014).
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UNICESUMAR
Descrição da Imagem: a imagem mostra um grupo de sete pessoas sentadas de frente para uma mulher de uniforme culinário (camisa
e touca) na cor branca. A mulher de uniforme está de pé com as mãos levantadas em uma cozinha e com alguns alimentos coloridos
sobre a bancada de apoio.
roda de conversa
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UNIDADE 8
Descrição da Imagem: a imagem mostra um desenho com quatro mulheres sentadas em cadeiras em círculo e uma mulher em pé.
Você pode ter se perguntado em algum momento de nossa conversa como a sua atuação profissional
na prática abrange esse conteúdo. A educação alimentar e nutricional no âmbito escolar tem papel
fundamental para um programa abrangente de educação, estimulando a oferta de alimentos e bebi-
das saudáveis; mensagens consistentes e precisas sobre boa nutrição e mudanças de comportamento
alimentar. A educação alimentar e nutricional na atenção básica está inserida na promoção da saúde
e atua por meio do incentivo ao consumo de alimentos adequados e saudáveis, eliminação de práticas
dietéticas insatisfatórias e introdução de melhores práticas higiênicas. Para tanto, tais ações educati-
vas devem ser planejadas e direcionadas à população-alvo, articuladas por equipe multiprofissional,
com intersetorialidade, executadas de forma permanente e contínua com vistas a promover a prática
autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis.
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Caro aluno, exponho, a seguir, um mapa mental, que torna as informações mais fáceis de lembrar,
pois são mantidas em um formato rápido de revisar. Elabore um mapa mental procurando estabe-
lecer, de forma sintética, os principais itens discutidos na unidade. Apresento, a seguir, uma pro-
posta no formato de um mapa mental, por exemplo, no qual reuni os principais tópicos abordados,
de forma clara e objetiva, que orientarão o desenvolvimento desta atividade.
Utilizar materiais
Desenvolver ações
didáticos e recursos
educativas com vistas
sobre a temática
à intersetoriedade
alimentação saudável
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1. A intervenção educativa são ações que devem possuir um planejamento sistemático, sob
medida para cada situação-problema e público, elaborados visando à mudança de práticas
alimentares. As etapas de uma intervenção educativa em alimentação e nutrição englobam o
diagnóstico da situação, objetivos, conteúdo programático, estratégia de intervenção e ava-
liação. De acordo com as etapas, explique qual destas garante um maior sucesso e eficácia
aos programas educativos no âmbito da Atenção Básica.
2. Uma nutricionista presta serviço de assessoria a uma escola privada de sua cidade. Observando
o lanche consumido pelos escolares do ensino fundamental, durante o período de intervalo,
foi diagnosticado que estes apresentavam aumento de consumo de cachorro-quente, refri-
gerante, salgado frito e doce. Analisando esta situação, determine os objetivos (gerais e dois
específicos) de um programa educativo que vise à solução do problema apresentado.
3. A intervenção educacional alimentar e nutricional apoia-se na ideia de que se pode educar para
a saúde, fazendo com que a educação em saúde se torne uma atividade planejada. Explique de
que maneira a educação alimentar e nutricional está inserida e atua na educação em Saúde?
171
172
9
Publicidade e
Propaganda na
Educação Alimentar e
Nutricional
Dra. Daniela Biral do Prado Freire
Nos dias atuais, vivemos em um mundo com fixação na aparência e na imagem. Se você prestar atenção
à grande mídia (televisão, rádio, revistas e sites de internet e mídias sociais), sem dúvida descobrirá
que ela muitas vezes envia uma forte mensagem de culto ao corpo, principalmente para os jovens, que
corpos magros e corpos “malhados”, são os mais desejáveis, exercendo forte impacto no imaginário de
mulheres e homens, gerando, consequentemente uma tortura em busca da perfeição.
É inegável o papel que a mídia desempenha na difusão e disseminação desse modelo. Este culto
ao corpo muitas vezes está vinculado à adoção de dietas da moda, monótonas, de baixa calorias e
com restrição de nutrientes. A conjunção desses fatores deu origem a hábitos alimentares que visam
adaptar o corpo ao novo ideal de beleza corporal.
Consequentemente, o marketing de alimentos
divulga fórmulas de sucesso disponíveis, os “su-
peralimentos”, cujas propriedades prometem re-
sultados milagrosos, como chás, shakes e pílulas
para emagrecimento. Assim, você entende que a
tão propalada mídia influencia as práticas alimen-
tares? De quais formas ocorre essa influência?
Os hábitos alimentares sofrem diversas in-
fluências em função de fatores agregados à vida,
pois a criança, desde pequena, está sempre a ob-
servar o comportamento alimentar de seus pais
ou responsáveis, sofre influência do ambiente
escolar e a gente tem a influência das mídias que
cada dia faz parte da rotina das pessoas.
As mídias contribuem influenciando o comportamento alimentar não só a partir da informação
que é disponibilizada, mas também como essa alimentação é apresentada para esses indivíduos. Então,
hoje nós temos a mídia como grande influência na alimentação.
Assim, temos as mídias de um lado, que difundem um novo padrão estético baseado no culto ao
corpo e, de outro, estimula o consumo de alimentos e bebidas processados e ultraprocessados.
Embora existam muitos tipos de produtos alimentícios e múltiplas estratégias para desenvolver
mensagens publicitárias, ainda existem muitos anúncios que recorrem à beleza estereotipada e a padrões
estéticos distorcidos. Nesta busca pelo corpo ideal, dois tipos de distúrbios alimentares têm entrado
em cena nos nossos dias: a bulimia e a anorexia. Além de outros distúrbios alimentares perigosos.
A mídia também é responsabilizada pelo crescimento no consumo de alimentos altamente pro-
cessados, ricos em açúcar, gordura e sódio, assim a publicidade televisiva é o canal mais utilizado para
o marketing de alimentos.
A influência da mídia como determinante ambiental do comportamento alimentar se dá quando ela
divulga alimentos saborosos e convenientes. As indústrias investem pesadamente divulgando fast-food
ricos em calorias, sucos de caixinhas, refrigerantes açucarados e salgadinhos.
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UNIDADE 9
A Coca-Cola Company soube utilizar bem a publicidade para conquistar o lugar na vida de muitos
brasileiros, principalmente dos jovens. A Coca-Cola Fan Fest foi uma campanha de 2018, com nove
grandes nomes da música brasileira (endosso de celebridades) que concorreram, mas só três deles
fizeram uma canção, um clipe e um show exclusivo na internet. “Compre a
Coca-Cola do seu artista preferido, entre no site Coca-Cola e vote!”. Vamos
conferir um vídeo sobre este assunto! Para acessar, use seu leitor de QR Code
Lhe convido a refletir sobre este caso. Você acha que já fez escolhas alimen-
tares por influência de propagandas de televisão e mídias sociais? Identifique
quais são as principais técnicas de persuasão utilizadas por essa publicidade
da Coca-Cola Fan Fest para conquistar os jovens. Anote e registre sua resposta
no diário de bordo a seguir.
As estratégias persuasivas de marketing têm o potencial de atrair clientes, desenvolver o reconhe-
cimento e a fidelidade da marca, o que pode ser alcançado por meio de estratégias para convencer os
consumidores a comprar um determinado produto.
Alguns exemplos de estratégias persuasivas de marketing são a repetição de anúncios, demonstração
de produtos, endosso de celebridades, uso das cores e prêmios. A Coca-Cola Company é um grande
exemplo de empresa que valoriza o uso das cores, conseguindo fazer com que as pessoas associem a
marca com a cor vermelha. Assim, temos outros exemplos, como as franquias de fast-foods, por exem-
plo, as redes McDonald’s e Burger King que pautam suas marcas na cor vermelha que está associada
ao sentimento da fome e na cor amarela, que remete ao sentimento de conforto e confiabilidade. As
cores quando são corretamente combinadas tendem a envolver as pessoas ou destacar a marca.
Embora todos os indivíduos sejam influenciados por meio de estratégias persuasivas de marke-
ting, crianças e adolescentes são os mais vulneráveis. Desta forma, cabe ressaltar que dada a epidemia
global da obesidade e outras doenças crônicas, muitos especialistas têm sugerido que a propaganda e
a publicidade tornam as escolhas saudáveis mais difíceis.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 9
Sua mídia social está cheia de amigos que usam o açúcar como principal grupo de alimentos? Ou
eles estão publicando e compartilhando uma alimentação mais saudável, mostrando habilidades de
preparo de refeições com peito de frango grelhado, brócolis cozido no vapor e salada de frutas? De
qualquer forma, é mais provável que você siga os hábitos alimentares que vê com mais frequência.
As mídias sociais mudaram drasticamente a forma como as pessoas obtêm informações, se conectam
e se comunicam, têm o potencial de ser uma influência positiva nas estratégias de educação alimentar
e nutricional se fontes confiáveis forem
usadas com sucesso para encontrar receitas saudáveis, criar
ambientes seguros para compartilhar e divulgar informações nutricionais precisas.
Vamos destacar os prós e os contras das mídias sociais e como elas podem influenciar nossas
escolhas alimentares. Vamos começar com os pontos positivos da mídia social (BOOG, 2013;
ALVARENGA et al., 2016):
• Pode incentivar o consumo de diferentes alimentos. É mais provável que incorporemos novos
alimentos ou produtos saudáveis se vimos alguém usá-lo e nos mostrar como incorporá-lo à
nossa alimentação. Como resultado, isso pode tornar a alimentação saudável mais agradável,
pois estamos constantemente expostos a novas ideias.
• As mídias sociais tornam a educação alimentar e nutricional mais acessível, podemos estar
constantemente expostos às dicas para apoiar nosso aprendizado sobre alimentação e nutrição.
• O engajamento ativo por meio do Instagram® e outras plataformas de mídia social permite que
o usuário interaja com as pessoas, faça perguntas e saiba mais.
• Se você segue pessoas com estilo de vida saudável, é um ambiente fácil e conveniente para buscar
a motivação que pode encorajá-lo a fazer escolhas mais saudáveis.
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UNICESUMAR
Assim como tudo, há sempre os dois lados de cada história, com lado positivo e negativo. Os pontos
negativos da mídia social devem-se à publicidade e não à mídia em si. No entanto, estar ciente desses
pontos negativos pode nos ajudar a ajustar nossa mídia social de maneira eficaz (BOOG, 2013; AL-
VARENGA et al., 2016).
• As mídias sociais podem permitir o surgimento de dietas da moda, pode haver a tentação de seguir
uma certa dieta restritiva para se parecer com uma outra pessoa ou mesmo de comparar corpos.
• Sinais que apontam para a falta de credibilidade das informações sobre nutrição (recomen-
dações que prometem solução rápida; advertências sensacionalistas de “perigo” relacionado à
um único alimento; alegações que parecem ser boas demais para ser verdade; declaração de
alimentos “bons e maus”; recomendações feitas para ajudar a vender um produto; informações
e declarações que não são aceitas por organizações científicas respeitáveis e outros).
• Se a mídia social que você segue está influenciando fortemente sua escolha alimentar ou seu
relacionamento com a comida de maneira negativa, é importante remover essas contas ou
afastar por um período de tempo até se sentir pronto para usar novamente.
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UNIDADE 9
Anteriormente, o acesso à internet e à conexão (largura de banda larga) era um fator limitante para
promover a educação alimentar e nutricional, principalmente nas áreas de difícil acesso, mas agora
as mídias sociais e a disseminação cada vez maior do acesso à internet nos permitem superar essa
barreira. O uso generalizado e crescente das mídias sociais a torna uma ótima ferramenta para envolver
os participantes e comunicar informações devido à única maneira que permite que os usuários de-
senvolvam e troquem ideias.
Muitos profissionais de saúde reconhecem que a mídia social oferece uma oportunidade de alcançar
e envolver jovens adultos que, de outra forma, não procuram profissionais de saúde em ambientes mais
tradicionais. A mídia social pode atuar como uma plataforma para fornecer intervenções e campanhas
de promoção da saúde, aumentar a exposição a mensagens de saúde baseadas em evidências e incentivar
os jovens adultos a participar e se envolver com intervenções (KLASSEN et al. 2018).
As rádios comunitárias também são veículos im-
portantes para a divulgação de informações sobre saúde
e alimentação. São emissoras de alcance limitado, criadas
para proporcionar informação e divulgação de aconteci-
mentos que visam os legítimos interesses da população. As
emissoras públicas e os canais comunitários são recursos
dos quais os profissionais de saúde podem se valer para
ampliar o público a ser alcançado nas ações de promoção
da alimentação saudável. Contudo, é importante lembrar
que quando este veículo está representando pelas rádios
comunitárias, estas alcançam apenas os segmentos popu-
lacionais de mais baixa renda (BOOG, 2013).
O uso do podcast como uma prática educativa permi- Figura 4 - Rádio comunitária
179
UNICESUMAR
O marketing social refere-se à comunicação de mensagens de caráter social para difusão da melho-
ria do bem-estar social, empregando técnicas similares àquelas usualmente utilizadas no marketing
comercial, por exemplo, campanhas de vacinação, aleitamento materno e muitas outras. Por isso, o
marketing social tem sido identificado como competência necessária para profissionais de saúde para
um melhor direcionamento na promoção da saúde (CARRAZZONI, 2019).
Descrição da Imagem: a imagem mostra uma ilustração do cartaz da campanha de amamentação lançada
pelo Ministério da Saúde. Na imagem tem uma foto de uma família (pai, mãe e bebê), ainda no cartaz, há as
informações dos setores da saúde, canal de comunicação e apresentando as seguintes informações: todos
pela amamentação é proteção para vida inteira; a amamentação é indicada até os 2 anos ou mais e, de
forma exclusiva, nos primeiros 6 meses de criança. Proteger a amamentação é responsabilidade de todos.
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UNIDADE 9
É um método promissor e de baixo custo para entregar mensagens de saúde pública com a intenção de
promover mudanças no comportamento, de valores e também cognitivas voltados para a sociedade.
Iniciativas de marketing social podem ser feitas por meio de televisão (emissoras comerciais e não
comerciais), da internet, das rádios, da imprensa, dos jornais, das cartilhas que são distribuídas à popu-
lação, mas sempre financiadas pelo governo, agências de financiamento ou terceiro setor (BOOG, 2013).
Descrição da Imagem: a imagem mostra muitas mãos mostrando diferentes formas de comunicação, como: carta (correio), telefone
fixo, smartphone, um sinal de @ representando a internet, microfone e rádio comunicador.
O cenário das redes sociais, pode ser uma oportu- Dessa forma, o Ministério da Saúde promove
nidade para tornar essa linha de ação comunicativa orientação sobre saúde com objetivo de mudar
mais dialógica. Este crescente interesse também é comportamentos dos seguidores para adoção de
apresentado por respeitáveis organizações da área práticas saudáveis. Desde 2008, utiliza formalmen-
da saúde que cada vez mais ocupam este ambiente, te as redes sociais como canal de comunicação
com o intuito de estabelecer vínculos, discutir para disseminação de conteúdos, informações e
assuntos de interesse público, e monitorar ocor- campanhas. Iniciou com o Facebook® e tem outras
rência de possíveis eventos adversos (SANTOS; redes sociais ativas: Twitter®, Flickr®, Blog da Saúde,
SILVA, 2021). YouTube®, SlideShare e Instagram®. Apresenta-se
Vamos exemplificar: o Ministério da Saúde é com a missão de levar mais informações ao cida-
o órgão responsável pela saúde pública no Brasil, dão e estabelecer um diálogo mais aberto com a
sem fins lucrativos, e empreende estratégias de sociedade (PINTO, 2019).
relacionamento com a sociedade para promover As atividades de marketing social realizadas
a saúde e o SUS. A sua presença no Instagram® por organizações sociais devem explorar o estilo
pode ser considerada uma atividade de marketing de vida saudável, caracterizado por atividades fí-
social (PINTO, 2019). sicas regulares e por uma alimentação adequada
181
UNICESUMAR
aos padrões estabelecidos pelo Guia Alimentar da População Brasileira, pela propagação de receitas culi-
nárias, de produtos minimamente industrializados, e pelo incentivo ao consumo de alimentos naturais. As
campanhas de marketing social em torno da alimentação saudável devem também discutir as ações de
marketing do setor alimentício, trazendo uma perspectiva mais crítica aos consumidores. Nessa esfera, os
rótulos e as informações nutricionais dos alimentos são reconhecidos pela dificuldade de interpretação do
público, tornando-o vulnerável diante da diversidade de ofertas alimentares (OLIVEIRA; BARBOZA, 2020).
O marketing social somente será eficaz quando combinado com outras iniciativas, como a educa-
ção, políticas, regulamentos e sua promoção, devendo estar ciente do contexto mais amplo e integrado
de iniciativas de promoção da alimentação saudável. Por conseguinte, iniciativas políticas, tais como
o controle sobre a distribuição de produtos e a regulamentação da publicidade, poderiam ocasionar
aumento de comportamentos saudáveis (CARRAZZONI, 2019).
Marketing para baixa renda, uma estratégia de marketing envolve o desenvolvimento de ultra-
processados especialmente destinados a consumidores de baixa renda. Comunidades de baixa renda
tendem a ter facilidade de acesso a alimentos não saudáveis, como “miojo” (macarrão instantâneo),
biscoitos, bebidas lácteas, doces etc. e acesso limitado a alternativas saudáveis em comparação com
áreas mais ricas nas mesmas regiões. Além disso, restrições orçamentárias, conhecimento limitado e a
supervalorização de atributos sensoriais como sabor desencorajam a alimentação saudável de escolhas
entre os grupos desfavorecidos (MONTEIRO; CASTRO, 2009).
Você já parou para pensar nas embalagens econômicas (tamanho família) dos produtos alimentícios?
Por exemplo, pacotes de salgadinhos e biscoitos com três unidades, refrigerantes de 3,3 litros,
iogurtes em potes de 900 ml. As novas versões são uma das respostas da indústria à mudança
recente de comportamento do consumidor, que é mais atraente em períodos de inflação alta e
de queda na renda.
182
UNIDADE 9
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária também possui atribuição para a fiscalização da publicidade
de produtos no âmbito da vigilância sanitária, principalmente, a respeito da “divulgação e a promoção
comercial de alimentos considerados com quantidades elevadas de açúcar, de gordura saturada, de gor-
dura trans, de sódio, e de bebidas com baixo teor nutricional” (HENRIQUES; DIAS; BURLANDY, 2014).
A fiscalização da publicidade, se dá, também, por meio do Conselho Nacional de Defesa da Criança
e do Adolescente, o CONANDA.
“
Define como abusiva a prática de direcionar publicidade e comunicações de marketing
à criança com o objetivo de persuadir o consumo, utilizando-se de linguagem infantil,
efeitos especiais e excesso de cores; trilhas sonoras de músicas infantis ou cantadas
por vozes de criança; representação de criança; pessoas ou celebridades com apelo
ao público infantil; personagens ou apresentadores infantis; desenho animado ou de
animação; bonecos ou similares; promoção com distribuição de prêmios ou de brindes
colecionáveis ou com apelos ao público infantil; e promoção com competições ou jogos
com apelo ao público infantil (CONANDA, 2014).
Entretanto, a CONANDA não visa proibir explicitamente a publicidade dirigida ao público vulnerável, mas,
definir critérios para sua veiculação/interpretação com base no próprio Código de Defesa do Consumidor,
sob o viés do princípio constitucional da proteção integral da criança e do adolescente (CONANDA, 2014).
Alguns exemplos de avanços importantes de regulamentações e práticas de propagandas e publi-
cidades no Brasil, com destaque
para a Lei nº 11.265, de 2006, que
regulamenta a comercialização de
alimentos para lactentes e crianças
de primeira infância e também a
de produtos de puericultura corre-
latos (HENRIQUES; DIAS; BUR-
LANDY, 2014).
Em relação à legislação, há muito
que se fazer ainda para frear a pu-
blicidade de alimentos dirigida às
crianças. São necessárias leis mais
específicas e rígidas a fim de se ob-
ter um maior controle sobre o que é Figura 8- É Hora do Shrek / Fonte: Ferreira (2016)
divulgado a esse público (CECCAT-
TO et al., 2018). Descrição da Imagem: a imagem mostra um relógio escrito "Bauducco Gulosos”
com o rosto do personagem do filme Shrek. Ainda na imagem, aparecem emba-
Vamos citar alguns exemplos lagens de biscoito e informações da campanha da empresa Bauducco e exploram
as cores vermelha e amarela.
de casos encerrados sobre publi-
cidades ilegais de alimentos:
183
UNICESUMAR
No caso da Tang®, ocorrido em 2017, a empresa Mondelez recebeu multa de 1 milhão de Reais. A em-
balagem do produto continha a frase “sem corante artificial”, mas após uma investigação, o fabricante
deixou de informar a utilização de outros corantes na composição de seu produto. A empresa realizou
práticas em desacordo com os princípios de transparência e boa-fé estabelecidos no Código de Defesa
do Consumidor. A empresa recebeu multa por engano e omissão (OPA, 2017)..
184
UNIDADE 9
185
UNICESUMAR
Esta disciplina tem como proposta ser uma abertura para o caminho de formar o nutricionista como
educador. De contribuir para criar um olhar para as questões da nutrição, dessa forma, temos que
considerar os seguintes aspectos (ALVARENGA et al., 2016; GOIÁS, 2015; SILVA et al., 2021):
• A educação alimentar e nutricional contribui para ampliar e aprofundar a discussão sobre a in-
fluência da mídia no comportamento alimentar dos indivíduos.
• As mídias que divulgam a alimentação adequada e saudável tornam a educação alimentar e nu-
tricional mais acessível.
• O engajamento ativo por meio da mídia social para informação de alimentação saudável permite
que o usuário interaja com as pessoas, consequentemente pode aumentar a motivação e autonomia
para obtenção de conhecimento.
• Incentivar o tempo gasto usando as redes sociais com a transmissão de informação de alimentação
adequada e saudável, compartilhando receitas culinárias e incentivo ao consumo de diferentes
alimentos saudáveis.
• As escolas podem discutir a influência da mídia nas práticas alimentares. Utilizando, materiais de
apoio necessários: propagandas de alimentos (revistas, jornais, panfletos, propagandas na internet).
Algumas questões podem ser levantadas, como, quais os alimentos estão envolvidos na publicidade,
a quem é destinado o alimento da publicidade (crianças, adolescentes, adultos), quais os interesses/
desejos/sentimentos são despertados pelas propagandas. Após a discussão, o educador pode orientar
os participantes a construir um mural compartilhando o que foi discutido, utilizando frases para
chamar a atenção e promover a reflexão de outras pessoas.
• Incentivar o marketing social.
• O nutricionista deve assumir um papel educativo nas ações educativas de alimentação e nutrição,
na mídia e contra fake news, se posicionando de forma adequada contra as informações errôneas
e tendenciosas sobre alimentação e nutrição.
• O nutricionista não deve associar sua imagem para divulgar marcas de produtos alimentícios na
mídia, nem atribuir a alimentos propriedades ou benefícios que não possuem realmente e deve
abster-se de ações de autopromoção, como exposição de depoimentos e imagens de paciente/cliente.
• Os cientistas devem investir em pesquisas sobre o tema com o objetivo de monitorar sistematica-
mente as práticas publicitárias na indústria de alimentos e seu impacto na saúde do consumidor.
• A sociedade civil pode ser motivada por meio de campanhas de conscientização pública sobre a
questão da publicidade de alimentos.
• O apoio a opções saudáveis de alimentação dependerá essencialmente de políticas fiscais e de abas-
tecimento que aumentem o acesso da população a alimentos frescos ou minimamente processados.
• No processo de educação alimentar e nutricional, é fundamental que o consumidor tenha amplo
acesso a informações sobre os alimentos disponíveis no mercado, dentre os quais se destacam os
rótulos (rotulagem honesta; alegação de saúde que respeitem a legislação vigente; embasamento
científico e ético; informação consistente sobre o produto no canal de venda).
• A publicidade requer um olhar crítico e responsável por parte de profissionais de saúde, especial-
mente do nutricionista e requer regulação e controle por parte do poder público.
186
UNIDADE 9
“
Art. 56 É vedado ao nutricionista, na divulgação de informações ao público, utilizar estra-
tégias que possam gerar concorrência desleal ou prejuízos à população, tais como promo-
ver suas atividades profissionais com mensagens enganosas ou sensacionalistas e alegar
exclusividade ou garantia dos resultados de produtos, serviços ou métodos terapêuticos.
187
UNICESUMAR
Você pode ter se perguntado em algum momento de nossa conversa, como a sua atuação profissional na
prática abrange esse conteúdo? Bem, vamos lá! A mídia tem contribuído para a mudança dos hábitos
alimentares dos indivíduos, estimulando o consumo de alimentos e bebidas processados e ultrapro-
cessados, ao mesmo tempo em que difundem um novo padrão estético baseado no culto ao corpo.
Pensando a educação alimentar e nutricional como uma estratégia de promoção da saúde e de hábitos
alimentares saudáveis, os nutricionistas educadores podem utilizar a mídia (rádios comunitárias, de
sites, podcast e redes sociais) a favor da transmissão de informação, estimular debates e produzir
conteúdo no que se refere à alimentação adequada e saudável, pois é um forte meio de comunicação
e possibilita se posicionar de forma adequada contra as informações errôneas e tendenciosas sobre
alimentação e nutrição. Oportuniza o interesse dos mais jovens, público que mais utiliza essas mídias,
o que torna possível o alcance do conhecimento em prol das mudanças alimentares saudáveis.
188
Caro aluno, exponho, a seguir, um mapa mental, que torna as informações mais fáceis de lembrar,
pois são mantidas em um formato rápido de revisar. Como sugestão a você, proponho a criação
de um mapa mental. Você pode utilizar este exemplo que lhe permite inserir todas as informações
sobre os componentes mais importantes da sua proposta.
ASSOICAÇÃO
Obesidade e doenças crônicas
189
1. Se a mídia pode parecer “um pátio de milagres” na cobertura de saúde, como já afirmou o
jornalista Alberto Dines, é possível que a Nutrição possa dar a sua contribuição para mudar
este comportamento, transformando milagres em educação e educação em hábitos alimen-
tares mais saudáveis (AQUINO; VAZ; FIDELIX, 2013). Diante desse contexto, responda: como
o nutricionista pode atuar visando à promoção da saúde e contra as pressões mercadológicas
ou midiáticas?
3. Para o âmbito populacional, pode-se utilizar diferentes canais de mídia, como meio privilegiado
de educação. Diante desse contexto, responda: como as mídias sociais podem ajudar na
abordagem da educação alimentar e nutricional que visa a adoção de alimentos saudáveis?
190
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205
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nfP. Acesso em: 8 jul. 2022.
206
UNIDADE 1
1. letra E.
Quando temos uma aprendizagem pelo interesse do educando, diversificada, com vínculos esta-
belecidos entre educador e educando, com interação entre teoria e prática, temos uma aprendiza-
gem mais sólida quando comparada à formação tradicional, em que o educando é passivo, pouco
participativo e exímio memorizador.
2. letra D.
3. letra E.
A comunicação em saúde é definida como métodos e estratégias de comunicação usados para infor-
mar os indivíduos e melhorar as práticas de saúde. O uso da linguagem pelo profissional de saúde
com frases curtas e simples, bem como uma postura adequada desse profissional, podem ajudar
nessa comunicação. Outra estratégia importante é permitir que os pacientes/clientes compartilhem
seus pensamentos e sentimentos, pois são informações valiosas sobre seus estilos de vida e crenças.
4. Se refere à educação tradicional, sendo a educação prescritiva e impositiva, uma forma de educação
que não dialoga, não admite conduta contrária às normas estabelecidas. Com valorização cumula-
tiva de conhecimentos. Os profissionais valem-se da autoridade que lhes confere a profissão para
tornarem-se autoritários.
UNIDADE 2
1. Os humanos veem os alimentos como muito mais do que apenas uma necessidade nutricional. A
comida é frequentemente usada como meio de manter a identidade cultural. Pessoas de diferentes
origens culturais comem alimentos diferentes. As áreas em que as famílias vivem e de onde seus
ancestrais se originaram influenciam as preferências e aversões alimentares. Essas preferências
alimentares resultam em padrões de escolhas alimentares dentro de um grupo cultural ou regional.
2. Letra D.
Nas ciências sociais e humanas, a comensalidade é comumente usada como um conceito de comer
juntos. O que significa compartilhar a comida, a mesa, o lugar e o momento. Comensalidade é a
prática de compartilhar alimentos e comer juntos em um grupo.
207
3. Os humanos têm o dilema de serem onívoros pois podem comer e digerir tudo o que quiserem. No
entanto, devemos pensar como essas escolhas alimentares afetam nossa saúde e também a forma
como afetam o mundo. Para lidar com os desafios de ser onívoros, a cultura tem papel importante
nesse cenário, pois temos tradições em torno da comida e da alimentação que nos orientam na
seleção e preparação dos alimentos. Quando a culinária nacional e os conselhos de nossas mães
não parecem mais funcionar, o dilema do onívoro retorna e você se encontra onde estamos hoje,
totalmente em conflito com uma das questões mais básicas da vida humana.
Verdadeira. De acordo com o dilema do onívoro, nossa capacidade de ensinar e aprender uns com
os outros teve impactos profundos na maneira como nos alimentamos.
UNIDADE 3
1. letra E.
Características: capacidade das pessoas/grupos para detectar os problemas reais e buscar soluções
originais e criativas.
2. Nesta resposta o aluno poderá elencar os bons resultados de uma aprendizagem significativa. É
considerado eficaz quando os objetivos dos programas são alcançados como:
• satisfação do educando;
208
Objetivos do estudo em questão: descrever uma experiência de ações de educação alimentar e
nutricional com escolares.
eficiência do estudo: houve participação ativa dos escolares e o entendimento das atividades; os
jogos e brincadeiras foram bem aceitos pelos escolares; foram observados grande participação e
interesse dos escolares com os temas e as estratégias utilizadas nas ações de educação alimentar
e nutricional; foram observados aumento no consumo semanal de alimentos trazidos de casa para
o ambiente escolar; aumento da preferência por frutas e salada de frutas oferecidas pela merenda
escolar; redução na aquisição de balas, pirulitos e chicletes na cantina escolar.
b) Características: uma ação educativa problematizadora pressupõe o diálogo para que a população
participe de forma real da ação educativa. Ênfase no processo. Objetivos: pensar, refletir, transfor-
mar-se, transformar. Papel do educador: facilitador. Papel do educando: participar.
UNIDADE 4
2. Letra e. A coerção social que faz parte do componente situacional é definida como o apoio dado
pelos que circundam os indivíduos em relação as suas práticas alimentares, nesse caso não há
reforço a determinado comportamento, ou seja, a esposa de João não o apoia para mudança de
hábitos alimentares.
4. Estágio de pré-contemplação. Maria Luísa não está pensando seriamente em mudar. Ela fica na
defensiva em face aos esforços de outras pessoas para a mudança. Este estágio é chamado de
“negação”. Neste estágio, as pessoas ainda não se veem como tendo um problema.
209
UNIDADE 5
• Respeitar os pacientes/clientes.
• Fornecer confidencialidade.
Acuidade Auditiva:
210
• Usar técnicas não verbais de comunicação (ex.: materiais impressos de fácil compreensão).
Acuidade Visual:
• Se utilizar materiais visuais usar letras grandes, cores contrastantes, bem definidas, sem sombras.
Objetivo: em conjunto com o cliente, encontrar estratégias para solucionar problemas relativos ao
comportamento alimentar. Englobam práticas alimentares inadequadas, hipóteses relativas às estas
práticas levantadas a partir da história alimentar, dados clínicos, bioquímicos ou antropométricos,
bem como qualquer questão de caráter subjetivo que possa gerar dúvida, ansiedade e a insegu-
rança quanto aos efeitos dos alimentos ou nutrientes sobre o organismo, efetivamente percebidos
como sinais ou sintomas.
4. letra C.
UNIDADE 6
Cabeçalho
Conteúdo programático
211
População-alvo
Metodologia
Avaliação
Cronograma
Recursos financeiros
Referências Bibliográficas
(Geral): criar uma estratégia de educação alimentar e nutricional para idosos acompanhados pela
Unidade Básica de Saúde (UBS) da Comunidade do Alemão, do Rio de Janeiro, RJ, com o propósito
de viabilizar a diminuição dos índices de sobrepeso/obesidade.
(Específicos): identificar o estado nutricional, segundo o índice de massa corporal dos idosos atendi-
dos pela UBS; elaborar palestras educativas para os idosos sobre alimentação saudável; e elaborar
oficinas culinárias saudáveis para os idosos.
3. Resposta:
Avaliação formativa: informar se o programa está adequado ao longo das atividades e se há neces-
sidade de ajustes na forma de desenvolvimento do programa.
Avaliação somativa: verificar se o programa de educação alimentar e nutricional foi efetivo tanto
para educadores quanto para educandos.
UNIDADE 7
1. Letra E. Do ponto de vista legal e normativo, a Educação Alimentar e Nutricional (EAN) está inserida no
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN)
e Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis.
2. A educação alimentar e nutricional está inserida na promoção de hábitos alimentares saudáveis, pois
visa a melhoria da saúde por meio de hábitos adequados (incentivando o consumo de alimentos
naturais, como frutas e hortaliças), contribui com a redução do consumo de alimentos processados
e ultraprocessados. O compromisso maior é a prática alimentar. A sua atuação ocorre por meio
dos programas de educação alimentar e nutricional.
212
3. Modelo problematizador/dialógico (ativo)
Capacidade das pessoas/grupos para detectar os problemas reais e buscar soluções originais e
criativas.
UNIDADE 8
(Específicos): estabelecer a venda de lanches e bebidas saudáveis na escola; elaborar ações edu-
cativas visando as vantagens de se consumir alimentos mais saudáveis em prol da mudança de
comportamento alimentar, por meio da inclusão dessa temática no currículo escolar e nas atividades
extracurriculares.
UNIDADE 9
213
2. A publicidade infantil é um tema polêmico e importante para a área de nutrição. Os meios de
comunicação, voltada para as crianças sobre alimentação atraem o público infantil, porque esses
alimentos vêm acompanhados de embalagens criativas, brinquedos, brindes colecionáveis, desenho
animado e personagens infantis, uma forma que contribui para a fidelização do cliente, faz com
que as crianças se sintam familiarizadas com o produto, sem mesmo conhecê-lo, o que aumenta
consideravelmente seu desejo de consumo.
3. O aluno poderá, nesta questão, considerar vários aspectos positivos da mídia social. Vale ressaltar
que a mídia pode apresentar conveniências, tais como: incentivar o consumo de diferentes alimen-
tos saudáveis e introdução de novos alimentos, a mídia contribui para uma educação alimentar e
nutricional mais acessível, proporciona a interação das pessoas e acaba sendo um ambiente fácil
e conveniente para buscar a motivação das pessoas.
214