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UPR
PROFESSORA
Me. Thanise Pitelli de Nigro
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Coordenador de Conteúdo Renato Castro da Silva Designer Educacional Barbara Neves Curadoria Ana Carolina
Revisão Textual Cindy Luca e Ana Baniogli Editoração Adrian Marçareli e Juliana Duenha Ilustração Welington Vainer
Satin de Oliveira Fotos Shutterstock.
FICHA CATALOGRÁFICA
224 P.
ISBN: 978-65-5615-881-5
“Graduação - EaD”.
CDD-22 ed.658
Impresso por:
Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Diretoria de Design Educacional
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4060411620527998.
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RODA DE CONVERSA
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode
sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido
PENSANDO JUNTOS
EXPLORANDO IDEIAS
EU INDICO
Enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre
os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor.
Você sabia que o campo de atuação do profissional nutricionista é vasto e que além da área clínica e social, tam-
bém inclui a atuação em unidades produtoras de refeições?
Imagine que você, profissional nutricionista, se depara com a possibilidade de atuar na área de gestão de unidades
produtoras de refeições após identificar uma vaga de emprego. Nesta vaga são descritas algumas atividades, como
planejamento de cardápios, planejamento de compras, organização e controle de estoques e gestão de equipe.
Após ler as informações da vaga, você ficou aguçado e logo se candidatou a vaga e fez a entrevista de emprego. A
entrevista de emprego, marcada em uma escola particular que foi aberta há menos de 1 ano em seu município,
foi conduzida pelo diretor.
O diretor comentou que sentiu a necessidade de contratar um nutricionista para fazer toda a gestão da cantina,
visto que, apesar do pouco tempo de existência da escola, já identificou que a cantina possui diversos problemas
a serem melhorados, como quantidades excessivas de alimentos preparados e matérias-primas desperdiçados,
alto custo e falta de organização na produção.
Nesse contexto, como você, nutricionista, poderia atuar neste negócio? Quais são as atribuições de um profissional
nutricionista em unidades produtoras de refeições?
As dificuldades encontradas nas unidades produtoras de refeições vão além do que é enfrentado por esta escola
e a presença de um profissional capacitado faz toda diferença na gestão.
O nutricionista possui o conhecimento necessário para organizar a produção das refeições, dando início ao
planejamento do cardápio, atividade que irá direcionar todas as atividades subsequentes, como o levantamento
dos itens necessários ao preparo, quantidade a ser produzida, divisão das tarefas e demais outras atividades que
possibilita minimizar grande parte das dificuldades encontradas nessa escola.
Uma unidade produtora de refeições (UPR) é um estabelecimento destinado à produção e comercialização de
alimentos e refeições para uma coletividade, ou seja, um número maior de pessoas. Porém podemos pensar nessa
produção em pequena escala, por exemplo, no preparo do almoço do nosso lar. Imagine se em uma residência
em que o cardápio das refeições da semana fosse elaborado com antecedência. Não facilitaria as compras do
mercado? Não teríamos uma alimentação muito mais variada? Também seria possível organizar a produção, fa-
zer pré-preparos necessários e tantas outras coisas que a falta de planejamento e correria muitas vezes não nos
permitem, não é mesmo?
Esse conhecimento, aliado aos demais conhecimentos obtidos no decorrer do estudo, possibilitarão pensar es-
trategicamente e utilizar de ferramentas para a gestão de uma unidade produtora de refeições. Reflita comigo os
pontos-chave dessa situação encontrada em uma escola, que, como pontapé inicial, o planejamento do cardápio
possibilitará a organização da produção.
Vale lembrar que o planejamento do cardápio de uma unidade é uma das ferramentas utilizadas para a gestão,
mas sua utilização, associada às fichas técnicas de preparo e o conhecimento da porção a ser servida e do nú-
mero de refeições, será possível reduzir o desperdício, tanto pela compra de matérias-primas de acordo com
a quantidade necessária, como desperdício com alimentos preparados. E, indo um pouco mais a fundo, uma
produção organizada possibilita maior produtividade dos colaboradores, aumentando o ciclo da satisfação entre
a empresa e o trabalhador.
Após refletir sobre todos esses pontos, veja a importância que o profissional nutricionista possui nas unidades
produtoras de refeições. Assim, na implantação do planejamento do cardápio é possível começar a organizar a
produção. O conhecimento adquirido ao longo de sua formação, somado à visão estratégica do nutricionista,
possibilitam a utilização de ferramentas que irão melhorar a gestão, diminuir desperdícios, melhorar a satisfação
da equipe e ofertar refeições de qualidade, que é peça fundamental para a satisfação do cliente.
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11 2
33
UNIDADES PRODUTORAS ATUAÇÃO DO
DE REFEIÇÕES (UPR) NUTRICIONISTA
NA GESTÃO DA UPR
3
55 4
75
FORMAS DE MODALIDADES DE
GERENCIAMENTO DISTRIBUIÇÃO DE
EM UPR ALIMENTOS
5 97 6
119
PLANEJAMENTO FÍSICO EM O PLANEJAMENTO
UNIDADES PRODUTORAS DE DOS CARDÁPIOS
REFEIÇÕES (UPR) EM UPR
7 8
143 169
GESTÃO DE GESTÃO ECONÔMICO-
ESTOQUES FINANCEIRA DE
UNIDADES PRODUTORAS
DE REFEIÇÕES
9
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GESTÃO DE PESSOAS EM
UNIDADES PRODUTORAS
DE REFEIÇÕES (UPR)
1
Unidades Produtoras
de Refeições (UPR)
Me. Thanise Pitelli de Nigro
Caro(a) aluno(a), acredito que você já tenha notado a quantidade de restaurantes que existem em sua
cidade e, sobretudo, a grande quantidade das características que os diferenciam, não é mesmo? Você
já parou para pensar que, além dos restaurantes espalhados pela cidade, também existem os locais
destinados ao fornecimento de refeições em hotéis, hospitais, escolas e presídios? Muitos são os esta-
belecimentos destinados ao fornecimento de refeições fora do lar.
Em uma segmentação inicial, o mercado de alimentação diz respeito às refeições que podem ser
feitas dentro ou fora de casa. Cada um dos estabelecimentos destinados ao fornecimento de alimentos
fora do lar carrega diferentes características e que serão apresentadas ao longo deste estudo. Elas são
diferenciadas por algumas situações, como o tipo de cliente/consumidor, as formas de administração
e até mesmo as questões acerca da lucratividade. Em todas elas, o profissional nutricionista tem um
vasto campo de atuação. Por isso, entendê-lo é essencial ao exercício profissional.
Considerando a grande quantidade de estabelecimentos destinados ao fornecimento de alimentos
fora do lar, eu te convido a pensar no entorno de sua casa ou do local onde trabalha e listar os locais
em que ocorre o fornecimento de alimentação fora do lar. Apresente as características e os principais
objetivos de cada unidade. Você pode utilizar o diário de bordo para fazer as anotações.
Dentre os ambientes de fornecimento de refeições, podemos pensar no setor hospitalar, por exemplo,
que se difere da maior parte dos outros locais por atender a uma clientela enferma. A alimentação, no
setor hospitalar, é essencial para o principal objetivo dessa instituição, que é a recuperação da saúde
do paciente. Já havia pensado no quão importante é o fornecimento de refeições no setor hospitalar?
Quais são os objetivos dessa atitude? No setor hospitalar, o fornecimento de refeições cientificamente
adequadas aos pacientes objetiva auxiliar na recuperação e na manutenção da saúde. Imagine como
seria se não houvesse uma preocupação com a alimentação adequada no hospital.
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UNIDADE 1
Para iniciarmos o nosso estudo referente às diferentes características dos estabelecimentos des-
tinados ao fornecimento de alimentação fora do lar, precisamos compreender como se deu a
evolução desse tipo de estabelecimento ao longo do tempo. O hábito de comer fora de casa teve
início com o conceito de “hospice”, que, em inglês, significa casa medieval destinada ao repouso
de viajantes e peregrinos. A evolução desse setor foi descrita por Câmara (2012), que explica que
a evolução ocorreu a partir de 1400. O “hospice” mais famoso é o de Beaune, o qual foi fundado
em 1443 pelo chanceler Nicolas Rolin na região francesa da Borgonha.
Descrição da Imagem: : a figura retrata o hospice de Beaune. Nela, é observável um edifício histórico francês. Trata-se de um edifício
único, com um telhado em desenhos geométricos nas cores vermelho, marrom e verde. O fundo é amarelo. São observados vincos
na construção no formato triangular. O telhado é apoiado em diversos pilares na cor branca, os quais são posicionados em frente ao
edifício. Também são observadas diversas janelas e portas, demonstrando diversos quartos separados. Nota-se pessoas circulando
em frente ao edifício.
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UNICESUMAR
O costume de comer fora de casa foi consolidado na Revolução Industrial, no século XIX, com o
surgimento da máquina à vapor, da energia elétrica e de outras inovações as quais fizeram com que
as pessoas passassem a viajar mais, seja por necessidade, seja a lazer. Dessa maneira, a busca por
serviços de hospedagem e de refeição aumentaram.
Já no século XX, com o avanço dos meios de transporte, as viagens se tornaram mais acessíveis,
possibilitando a escolha entre uma ampla gama de comida, acomodações e lazer. Assim, os res-
taurantes surgiram em conjunto aos mercados e às feiras, que obrigavam artesãos e camponeses
a permanecerem fora dos próprios domicílios por um maior período de tempo. Isso os levou a
buscar a alimentação fora de casa e a estabelecer relações sociais de amizade e de negócios. A
alta demanda gerou concorrência no setor, fazendo com que os estabelecimentos surgissem com
novas características até chegarmos ao que temos atualmente.
Os estabelecimentos em que há a produção de refeições são chamados de Unidade Produtora de
Refeições (UPR). Eles abrangem restaurantes, lanchonetes, refeitórios e demais estabelecimentos onde
ocorre a manipulação de alimentos (ABREU; SPINELLI; PINTO, 2007). Entende-se por refeições um
conjunto de alimentos e de preparações destinado ao consumo humano.
Um aspecto histórico importante no Brasil e que culminou na ampliação da alimentação coletiva
foi a consolidação das políticas trabalhistas no governo de Getúlio Vargas. Ela envolveu a criação de
restaurantes populares nas principais cidades do país, os quais eram conduzidos pelos Serviços de
Alimentação da Previdência Social. O objetivo era servir refeições de qualidade com preços acessíveis.
Antes de chegarmos à UPR, outros termos já foram usados e evoluíram ao longo do tempo. Ini-
cialmente, os locais que trabalhavam com a produção e a distribuição de alimentação às coletividades
recebiam a denominação “Serviço de Alimentação e Nutrição” (SAN). A alimentação era destinada às
coletividades sadias, como o refeitório de uma indústria. Por outro lado, havia a denominação “Serviço
de Nutrição e Dietética” (SND), quando o estabelecimento era ligado às coletividades enfermas, como
o restaurante de um hospital. Posteriormente, os termos se mesclaram em uma denominação comum:
Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) (PROENÇA, 1999).
Os restaurantes comerciais são uma das instituições alimentares mais difundidas pelo mundo.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2013) define “restaurante”
como um estabelecimento especializado em servir refeições avulsas às pessoas, que são chamadas de
“clientes”, mediante pagamento, fato que diferencia esse tipo de UPR comercial de uma UPR hospitalar,
por exemplo, onde a refeição já está incluída no atendimento.
Com a ampla concorrência no ramo, os restaurantes foram e estão sendo criados com os mais di-
versos moldes e concepções, objetivando destaque dentro do mercado. Desse modo, temos diferentes
tipos de estabelecimentos, que variam em relação ao tamanho, decoração, tipos de preparações que
são servidas e outros fatores, que são os que determinam a tipologia do empreendimento.
A alta demanda não é algo atual, tendo em vista que o costume de comer fora de casa foi consoli-
dado com o conceito de jantar à la carte, ainda no século XIX. Hoje, segundo dados veiculados pela
Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL..., [2022]), o setor que engloba o comércio
de alimentos prontos (restaurantes, bares, cantinas, buffets e demais estabelecimentos) congrega cerca
de 1,5 milhão de empresas e gera 6 milhões de empregos diretos em todo o Brasil.
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UNIDADE 1
Nesse contexto, surge a atuação do nutricionista em alimentação coletiva. Trata-se de uma área que
abrange o atendimento alimentar e nutricional da coletividade, seja ela sadia, seja ela enferma, ocasional-
mente ou de maneira definida, em um sistema de produção concebido por diferentes formas de gestão.
Descrição da Imagem: nela, é possível ver parte de um copeiro que veste uniforme azul e luvas. Ele se dirige ao leito de um paciente
hospitalizado. Trata-se de uma paciente que está deitada na cama, levemente levantada, aguardando a refeição com um sorriso.
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UNICESUMAR
Descrição da Imagem: : é exibido um restaurante self-service com uma linha de distribuição. Há pessoas que se servem com as opções
apresentadas no buffet. É possível ver uma cliente com cabelos curtos. Ela sorri e olha para a foto. Além disso, segura uma bandeja
com uma travessa de vidro contendo salada.
“
[...] unidade gerencial onde são desenvolvidas todas as atividades técnico-administrativas
necessárias para a produção de refeições, até a sua distribuição para coletividades sadias
e enfermas, tendo como objetivo contribuir para manter, melhorar ou recuperar a saúde
da clientela atendida (CFN, 2018, on-line).
Descrição da Imagem: trata-se de uma Unidade Produtora de Refeições sem pessoas. Há uma parede azulejada e um piso impermeá-
vel na cor branca. Também há bancadas, equipamentos e utensílios em aço inoxidável. Nota-se uma bancada encostada na parede.
Nela, há uma pia, um fatiador de frios e um forno. Na prateleira debaixo da bancada, é possível encontrar diversos tipos de panela. Ao
lado da bancada, há equipamentos de cocção, como fritadeira, fogão e fornos. Todos são protegidos por uma coifa. Também há uma
bancada central e um refrigerador ao fundo.
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UNIDADE 1
Oliveira e Silva (2016) afirmam que o termo “UPR” têm sido aplicado a todo e qualquer serviço de
alimentação externa ao domicílio. Trata-se, portanto, de um termo mais amplo, tendo em vista o no-
tável crescimento dos estabelecimentos comerciais com diferentes características. Resumidamente,
entende-se por UPR o conjunto de áreas que objetivam operacionalizar o provimento nutricional de
coletividades. No que se refere às principais diferenças entre os diferentes tipos de UPR, podemos
elencar duas: as comerciais e as institucionais (também chamadas de coletivas).
Segundo o CFN (2018), o serviço comercial de alimentação compreende a preparação e a distribuição
da alimentação que acontece fora do domicílio. Ela é produzida em instituições privadas, como bares,
restaurantes, fasts foods e hotelaria, que, embora produzam e distribuam alimentos, nem sempre possuem
clientes fiéis ou cativos ao serviço. Por isso, atribuem-se os seguintes termos: UPR comercial (estabe-
lecimentos sem clientela cativa) e UPR coletiva ou institucional (o usuário do serviço não têm opção).
Em outras palavras, basicamente, o que diferencia uma UPR comercial de uma UPR institucio-
nal é o grau de fidelidade do cliente ao serviço. As UPR institucionais têm clientes que se alimentam
quase diariamente, como o restaurante de uma indústria. Diante disso, o cliente é frequentemente
denominado “comensal” (GANDRA; GAMBARDELLA,1983).
Além da diferenciação entre UPR institucional e UPR comercial, há uma grande diversidade de
ramos de negócios. Eles surgem devido ao crescimento constante do mercado de alimentação no Brasil.
Segundo Vaz (2003), alguns fatores influenciam o crescimento no setor, incluindo:
• Redução do tempo disponível das pessoas, principalmente no momento das refeições.
• Maior oferta e ampla variedade de produtos e serviços.
• Ganhos de produtividade repassados aos consumidores.
• Maior foco na satisfação e no atendimento ao consumidor, o que permite produtos mais ade-
quados às necessidades individuais.
Considerando que algumas UPR têm a necessidade de servir refeições balanceadas de maneira nutri-
cional, assim como é no caso de um refeitório de uma indústria, que tem a necessidade de oferecer uma
refeição adequada ao trabalhador ou, ainda, em um hospital, que precisa adequar a dieta às necessi-
dades fisiológicas de cada paciente, surge a necessidade do profissional nutricionista. De acordo com
a Resolução do CFN nº 600, de 25 de fevereiro de 2018, são consideradas grandes áreas de atuação:
“
I. Área de Nutrição em Alimentação Coletiva – gestão de Unidades de Alimentação e
Nutrição (UAN). [...]II. Área de Nutrição Clínica – Assistência Nutricional e Dietoterá-
pica Hospitalar, Ambulatorial, em nível de Consultórios e em Domicílio. [...]III. Área de
Nutrição em Esportes e Exercício Físico – Assistência Nutricional e Dietoterápica para
Atletas e Desportistas. [...]IV. Área de Nutrição em Saúde Coletiva – Assistência e Edu-
cação Nutricional Individual e Coletiva. [...]V. Área de Nutrição na Cadeia de Produção,
na Indústria e no Comércio de Alimentos – atividades de desenvolvimento e produção e
comércio de produtos relacionados à alimentação e à nutrição. [...]VI. Área de Nutrição
no Ensino, na Pesquisa e na Extensão – atividades de coordenação, ensino, pesquisa e
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Você já parou para pensar no vasto campo de atuação que o profissional nutricionista tem? Na
importância que esse profissional carrega em cada contexto em que atua? O nosso foco, neste
momento, é entender a primeira grande área citada, mas observe o quão a profissão é essencial
em diversas áreas, incluindo a clínica, o hospital, o ensino, a pesquisa e, logicamente, a UPR.
Nesse contexto, surge a atuação do profissional nutricionista em uma das grandes áreas de atuação
profissional: Área de Nutrição em Alimentação Coletiva – gestão de Unidades de Alimentação e Nu-
trição (UAN) e Unidades Produtoras de Refeições (UPR).
Descrição da Imagem: há uma profissional que veste jaleco branco, touca e luvas descartáveis. Ela faz o controle de qualidade. Assim,
pesa um alimento em uma balança digital. Na outra mão, segura uma caneta e faz anotações em um papel. Ao lado, há uma calculadora.
Tudo é apoiado em uma bancada de aço inoxidável.
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UNIDADE 1
Para entender ainda mais essa grande área de atuação do nutricionista, de acordo com a Resolução
nº 600/2018 do CFN, na área de Nutrição em Alimentação Coletiva, existem as seguintes subáreas:
• Subárea 1) Gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), sendo:
• Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) institucional (pública e privada).
• Serviços de alimentação coletiva (autogestão e concessão) em empresas e instituições, hotéis,
hotelaria marítima, comissárias, unidades prisionais, hospitais, clínicas em geral, hospital-dia,
Unidades de Pronto Atendimento (UPA), spas clínicos, serviços de terapia renal substitutiva,
Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e similares.
Existe, ainda, outra área relacionada à grande área I, identificada como grande área V: Área de Nutrição
na Cadeia de Produção, na Indústria e no Comércio de Alimentos (atividades de desenvolvimento e
produção e comércio de produtos relacionados à alimentação e à nutrição), visto que essa área também
se relaciona com a produção de alimentos e tem, como subáreas:
• Cadeia de Produção de Alimentos (como Extensão Rural e Produção de Alimentos).
• Indústria de Alimentos (atuando com Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos, Cozinha Expe-
rimental, Produção, Controle da Qualidade, Promoção de Produtos, Serviços de Atendimento
ao Consumidor e/ou Assuntos Regulatórios).
• Comércio de Alimentos na modalidade atacadista e varejista (atuando em atividades relaciona-
das à comercialização e distribuição de alimentos destinados ao consumo humano em Controle
da Qualidade, Representação e/ou Serviços de Atendimento ao Consumidor).
Dessa forma, a grande área V, apesar de estar relacionada aos alimentos, difere-se da grande área I,
por tratar de uma área destinada à industrialização de alimentos, enquanto a grande área I abrange a
produção de refeições prontas para o consumo.
Na grande área I, denominada “Área de Nutrição em Alimentação Coletiva”, é possível inserir o
nutricionista nos estabelecimentos com os mais diversos moldes e características, como: alimentação
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escolar (tanto no setor público quanto privado), alimentação hospitalar, presídios, produção de conge-
lados, cestas básicas e refeições transportadas, empresas de catering, lanchonetes, lojas de conveniência,
restaurantes self-service, restaurantes à la carte, pizzarias, rotisserias, doceiras, padarias, comidas de
rua, comércio ambulante ou food truck, eventos gastronômicos, spas e hotelaria (POPOLIM, 2005).
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UNIDADE 1
Além dos objetivos voltados aos alimentos fornecidos, a produção das refeições também deve estar
ajustada aos limites financeiros da empresa, com o intuito de garantir a continuidade do serviço. Além
disso, é necessário manter o respeito às legislações dos órgãos competentes. Para tanto, precisamos
entender algumas documentações essenciais para o funcionamento dos estabelecimentos, especial-
mente, os comerciais. A primeira delas trata do registro legal da instituição, o que pode ser feito na
junta comercial do estado ou em um cartório de registro de pessoa jurídica. Depois que a empresa é
registrada, é fornecido o Número de Identificação do Registro da Empresa (NIRE). Com esse núme-
ro, é possível obter o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) na Secretaria da Receita Federal.
Todos os estabelecimentos (comercial, industrial e/ou de prestação de serviços) precisam de
uma licença prévia do município para funcionar: trata-se do Alvará de Funcionamento e Loca-
lização. Além disso, as edificações, as empresas e as áreas de risco de incêndio, ou seja, todas as
empresas do ramo de alimentos, devem ter o Alvará de Prevenção de Proteção Contra Incêndio,
o qual é expedido pelo corpo de bombeiros do município.
Todos os estabelecimentos que têm relação direta ou indireta com a saúde da população, assim
como é o caso das empresas de alimentação, são fiscalizados pelo município, para que haja a obten-
ção da licença sanitária, que é o alvará de licença para a manipulação e a produção de alimentos. A
fiscalização se dá pelo órgão de fiscalização sanitária, de modo a obter uma garantia da segurança dos
alimentos e da diminuição dos riscos à saúde do consumidor. Atesta-se que o estabelecimento tem
condições operativas, físico-estruturais e sanitárias. Assim, é concedido o direito ao estabelecimento
de desenvolver atividade econômica de interesse à saúde.
Descrição da Imagem: na figura, há um fiscal que veste um colete contendo as seguintes palavras: “Fiscalização”, “PML” e “Secretaria
da Fazenda". O fiscal adentra em um estabelecimento do ramo alimentício.
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UNICESUMAR
Vale frisar que a saúde é um direito inalienável de todo cidadão, assim como é expresso na De-
claração Universal de Direitos do Homem promulgada pela Organização das Nações Unidas
(ONU) em 1948. Em consequência disso, é preciso garantir que os alimentos sejam produzidos
em quantidade e com qualidade apropriada, cabendo ao profissional nutricionista, no âmbito
da atuação, assegurar os alimentos sejam manipulados em consonância com as Boas Práticas de
Manipulação e Fabricação de Alimentos, atendendo às resoluções vigentes (Tabela 1).
Tabela 1 – Principais portarias e resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária / Fonte: a autora.
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UNIDADE 1
Vale ressaltar que a RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002, tem como objetivo estabelecer Proce-
dimentos Operacionais Padronizados (POPs) que auxiliem e contribuam à garantia das condições
higiênico-sanitárias necessárias ao processamento/industrialização de alimentos, complementando as
Boas Práticas de Fabricação (BRASIL, 2002). Já a RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004, determina os
procedimentos de Boas Práticas aos serviços de alimentação, ou seja, restaurantes, lanchonetes e canti-
nas, por exemplo, com o intuito de garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado.
Entende-se por serviço de alimentação o estabelecimento onde o alimento é manipulado, preparado,
armazenado e/ou exposto à venda, podendo, ou não, ser consumido no local (BRASIL, 2004).
Os estabelecimentos destinados ao preparo de alimentos precisam respeitar as regulamentações da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que é o órgão federal responsável pela vigilância
sanitária no Brasil, com papel regulamentador e, em conjunto às esferas estadual e municipal, fisca-
lizador. Todavia, além da ANVISA, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
também publica portarias que estabelecem Boas Práticas de Fabricação e padrões de identidade e
qualidade específicos aos produtos agrícolas e de origem exclusivamente animal.
As UPR são o setor responsável pela produção de refeições coletivas, segundo critérios recomenda-
dos pela ciência da nutrição e administração. Em concomitância às diferentes características, as UPR
têm objetivos específicos. Conheça-os a seguir.
• Hospitalar: fornecimento de refeições cientificamente adequadas aos pacientes, visando à re-
cuperação e à manutenção da saúde.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 1
• Outras: é preciso ressaltar que a UPR também carrega objetivos específicos em relação à alimen-
tação em forças armadas, presídios, voos, cruzeiros marítimos e em eventos, como casamentos
e aniversários. O intuito é sempre obter a satisfação dos clientes.
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UNICESUMAR
A UPR representa uma unidade de trabalho ou órgão de uma empresa que desempenha a pro-
dução de alimentos e promove ações relacionadas à nutrição. Elas podem desempenhar ativida-
des-fim ou atitudes-meio.
Entende-se por “atividade-fim” a UPR em que a alimentação é um meio de prevenir, melhorar ou
recuperar a saúde do cliente. Exemplos são as ações que ocorrem na alimentação em hospitais, asilos e
em comerciais em que a alimentação faz parte. Já como uma atividade-meio, a UPR desempenha um
papel de suporte, já que a alimentação objetiva diminuir as ausências no trabalho ou estudo, aumentar
a disposição e promover a saúde como papel básico da nutrição. Assim, o alimento entra como um
coadjuvante em UPR institucionais, incluindo o refeitório de indústrias, escolas, universidades etc.
• A alimentação desempenha
ÓRGÃOS MEIO um papel de suporte.
• Ex. UPR de indústrias
Figura 7 – Resumo das características das unidades consideradas atividade fim ou órgãos meio
Descrição da Imagem: trata-se de um esquema. Desse modo, em um retângulo, encontra-se a expressão “Atividade-fim” seguida da
descrição: “A alimentação é essencial para atingir o objetivo da instituição. Exemplo: UPR de hospitais”. Logo abaixo, o esquema se
repete. Em um retângulo, está escrito “Órgãos-meio”, seguido da seguinte descrição: “A alimentação desempenha um papel de suporte.
Exemplo UPR de indústrias”.
Ornellas (2006) afirma que as UPR são estruturas administrativas consideradas simples. Entretanto, o
funcionamento delas é complexo, dado que, em geral, nessas unidades, são desenvolvidas atividades
que enquadram várias funções, incluindo técnicas, administrativas, comerciais, financeiras e contábeis
e até de segurança. As funções desse tipo de atividade são independentes do tamanho, tipo de alimento
manipulado ou personalidade jurídica. Portanto, é necessária uma definição clara dos objetivos e das
situações de riscos para garantir o correto funcionamento e, sobretudo, a presença de profissionais
capacitados que façam as operações respaldadas nos processos administrativos básicos.
Ornellas (2006) também explica que o processo produtivo de refeições em uma UPR se dá em
diferentes etapas: o planejamento do cardápio e a aquisição dos gêneros necessários (compra de
matérias-primas, o que promove o recebimento e o armazenamento de acordo com as características
específicas de cada produto); o pré-preparo dos gêneros (sanitização, descongelamento, descasque,
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UNIDADE 1
fracionamento e mistura); o preparo (tratamento térmico, como assar, grelhar e fritar); a espera para
distribuição; a distribuição; e o destino de sobras e restos.
Além disso, a UPR tem um papel social importante devido à importância que o alimento
possui para o consumidor, à geração de resíduos e à utilização de recursos naturais. Desse modo,
cabe ao nutricionista fortalecer a tríade refeição-comensal- saúde, visando à promoção da saúde,
à boa gestão da empresa e à sustentabilidade, já que a UPR pode gerar um impacto ambiental
muito grande, se não gerenciada de maneira adequada.
Além dos aspectos relacionados à refeição, a UPR também objetiva a satisfação do consumidor a
partir do alimento e do serviço oferecido. Isso engloba desde o ambiente físico, incluindo as condições
de higiene de instalações e os equipamentos disponíveis, até o contato pessoal entre funcionários e
clientes. O nutricionista é o profissional habilitado para trabalhar nas mais distintas modalidades de
UPR, incluindo as mudanças dos processos, as condições e os ambientes de trabalho.
No que se refere às atividades exercidas pelo profissional nutricionista em UPR, a Resolução nº
600/2018 do CFN apresenta as atividades consideradas obrigatórias e as atividades complementares
em cada um dos segmentos de atuação. A seguir, é exibida uma descrição das atribuições da Nutrição
na Alimentação Coletiva na subárea Gestão em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) no âm-
bito da Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) Institucional/Serviços de Alimentação Coletiva
(autogestão e concessão).
São atividades obrigatórias:
• Elaborar os cardápios de acordo com as necessidades nutricionais, com base no diagnóstico de
nutrição da clientela, respeitando os hábitos alimentares regionais, culturais e étnicos.
• Elaborar informação nutricional do cardápio e/ou preparações contendo valor energético,
ingredientes, nutrientes e aditivos que possam causar alergia ou intolerância alimentar.
• Coordenar as atividades de recebimento e armazenamento de alimentos, materiais de higiene,
descartáveis e outros.
• Elaborar e implantar fichas técnicas das preparações, mantendo-as atualizadas.
• Implantar e supervisionar as atividades de pré-preparo, preparo, distribuição e transporte de
refeições e/ou preparações.
• Elaborar e implantar o Manual de Boas Práticas específico da UAN, mantendo-o atualizado.
• Elaborar e implantar os Procedimentos Operacionais Padronizados (POP) específicos da Uni-
dade de Alimentação e Nutrição (UAN), mantendo-os atualizados.
• Promover periodicamente o aperfeiçoamento e atualização de funcionários por meio de cursos,
palestras e ações afins.
• Promover programas de educação alimentar e nutricional para clientes/usuários.
• Elaborar relatórios técnicos de não conformidades e respectivas ações corretivas, impeditivas
da boa prática profissional e que coloquem em risco a saúde humana, encaminhando-os ao
superior hierárquico e às autoridades competentes, quando couber.
• Prestar atendimento, por meio de cardápio específico, aos clientes/usuários com doenças e
deficiências associadas à nutrição, bem como aos portadores de necessidades especiais, visando
ao direito humano à alimentação adequada e saudável.
27
UNICESUMAR
Vale ressaltar que foram descritas as atribuições de apenas uma das subseções de uma grande área de
atuação do nutricionista. Cada UPR, devido às mais diferentes características, tem as próprias ativi-
dades a serem realizadas, que podem ser consultadas na resolução citada.
28
UNIDADE 1
Proveniente do latim, “gestão” abrange a ação e o efeito de gerir ou de administrar (ANDRADE, 2001).
“Gerir” é realizar ações que conduzem à realização de um negócio ou de um desejo qualquer. Enquanto
isso,“administrar” consiste em governar, dirigir, ordenar ou organizar. Por gestão, entende-se também a
direção ou a administração de uma empresa ou negócio. Por isso, abordaremos, ao longo da disciplina,
a posição do nutricionista na gestão de uma UPR.
Querido(a) aluno(a), chegamos ao fim desta unidade! Entendemos que existem diversos tipos
de UPR, cada uma com objetivos e características próprias, como as UPR comerciais, industriais,
escolares, hospitalares e até mesmo em eventos. O conhecimento dessas características individuais
é parte essencial ao bom desempenho das atividades do nutricionista nesse vasto campo de atuação.
Considere que você assume a posição de nutricionista em uma UPR localizada em um hospital
e também atua em uma UPR comercial localizada no seu município. Apesar de ambas serem
UPR, elas têm características, atividades e necessidades distintas. Entender essas diferenças é
essencial para a sua atuação profissional, ao atender aos objetivos específicos de cada UPR. Isso
garante a satisfação do consumidor, o retorno financeiro da unidade comercial e a recuperação
da saúde necessária em um ambiente hospitalar.
29
Agora, caro(a) aluno(a), é a sua vez de praticar os conhecimentos trabalhados nesta unidade.
Sugerimos que você construa um mapa mental em que a UPR seja o elemento inicial. Elenque as
diferentes UPR como palavras-chave: escolar, hospitalar, comercial, refeitório institucional etc. Você
também pode dar continuidade no mapa iniciado, ao inserir outras áreas além das apresentadas
e relacionar o objetivo central de cada uma delas, como: satisfação e prazer, promoção da saúde,
recuperação e manutenção da saúde etc.
30
1. Leia o fragmento a seguir:
“Em 2019 as vendas do canal food service (alimentação preparada fora do lar) apresentaram
crescimento de 6,9% em termos nominais. As vendas reais, descontada a evolução dos preços
pelo IPCA/IBGE alimentação fora do lar, cresceram de 3,2%; desempenho superior ao projetado
para o PIB do país, de 1,1%”.
O MERCADO de Food Service. Congresso Internacional de Food Service, 2020. Disponível em:
https://www.abia.org.br/cfs2020/omercadofoodservice.html. Acesso em: 25 mar. 2022.
2. Entende-se por Unidade Produtora de Refeições (UPR) um conjunto de áreas que têm, como
objetivo, operacionalizar o fornecimento de refeições para coletividades.
Considerando a temática evidenciada, analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas:
3. Uma Unidade Produtora de Refeições (UPR) tem, como objetivos, fornecer refeições com
qualidade higiênico-sanitária, promover a nutrição e satisfazer o cliente. Para isso, o nutricio-
nista responsável por uma UPR deve realizar um planejamento competente, ao conhecer os
processos e, principalmente, identificar os principais objetivos do setor em que atua.
31
a) Hospitalar
b) Refeitório de indústria
c) Escolar
d) Comercial
( ) Fornecimento de refeições cientificamente adequadas visando à recuperação e à manutenção
da saúde.
( ) Fornecimento de refeições adequadas visando à adoção de estratégias de promoção de saúde
e à formação de hábitos alimentares saudáveis que perdurarão na vida adulta.
( ) Fornecimento de alimentação racional para o desempenho do trabalho e correção de prováveis
distúrbios nutricionais.
( ) Fornecimento de refeições adequadas às necessidades do cliente, satisfazendo-o e fidelizando,
proporcionando satisfação e prazer.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) A, C, B, D.
b) A, B, C, D.
c) C, A, B, D.
d) B, D, A, C.
e) D, C, A, B.
4. No Brasil, o controle sanitário dos alimentos tem responsabilidade compartilhada entre órgãos
e entidades da administração pública, tais como o Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO),
o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON), a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Fonte: PROENÇA, J. D.; COSTA, P. V.; MONTAGNER, P. Desafios da regulação no Brasil. Brasília,
DF: ENAP, 2006.
a) Licença sanitária.
b) Alvará de funcionamento.
c) Cartão CNPJ.
d) Liberação pelo corpo de bombeiros.
e) Código de defesa do consumidor.
32
2
Atuação do nutricionista
na gestão da UPR
Me. Thanise Pitelli de Nigro
Aluno(a), considere um restaurante que atende 300 pessoas somente no almoço e tem uma variedade
de mais de 30 preparações disponíveis no balcão de self-service, uma realidade considerada comum
para grande parte dos estabelecimentos. Agora, coloque-se na posição de nutricionista responsável pela
gestão dessa empresa. Já imaginou quantas atribuições o gestor tem? Recrutar e treinar colaboradores,
elaborar o cardápio, comprar matérias-primas, organizar a produção, controlar os custos, atender e
satisfazer ao cliente são algumas dentre tantas outras atribuições do nutricionista.
Por isso, compreender as etapas do processo administrativo é uma peça fundamental para o nu-
tricionista como gestor de unidades produtoras de refeições nas suas mais diversas características,
incluindo o setor escolar, hospitalar e até mesmo industrial. Dessa forma, é necessário entender as
características do setor e as disponibilidades financeiras e de custo, para que, durante todo o processo
administrativo, a gestão ocorra, de forma a obter os objetivos da unidade em questão.
Vejamos o caso de uma UPR industrial que atua servindo almoço para os colaboradores da empresa.
Esse almoço é constituído por um tipo de prato principal com arroz, feijão, um acompanhamento,
duas saladas e uma sobremesa. A possibilidade é ter um custo de matérias-primas de R$ 4,00 por re-
feição. Cabe ao gestor realizar todo o planejamento daquilo que será servido para ajustar essa refeição
à realidade da empresa, fazendo, ainda, o levantamento de compras de matérias-primas, organizando
a equipe em prol do que deve ser produzido e, posteriormente, atendendo ao cliente.
Caro(a) estudante, proponho, neste momento, que você pense nas diversas atribuições do gestor de
uma UPR. Utilize o seu diário de bordo para registrar as características e as qualidades importantes
ao profissional nutricionista que atua como gestor de uma UPR.
Uma UPR é uma empresa que requer cuidados para que a administração ocorra de maneira satisfatória.
Por isso, a compreensão do processo administrativo é tão importante quanto o conhecimento técnico.
Por exemplo, o nutricionista deve ter conhecimento técnico para fazer o planejamento dos
cardápios de forma que seja possível servir todos os itens acordados na UPR industrial. Todavia,
entender a administração é importante para realizar essa atividade dentro do custo disponível.
O profissional também precisa ser organizado para levantar as compras e manter o bom relacio-
namento com os fornecedores, possibilitando melhores negociações.
Além disso, diversas atribuições são necessárias à condução da equipe. Você já havia pensado que
o nutricionista pode estar à frente de uma equipe em uma UPR? Com base nos seus conhecimentos,
reflita sobre como o nutricionista pode contribuir às temáticas que vão desde o preparo das refeições
com segurança higiênico-sanitária até o planejamento de cardápios variados e equilibrados. Para tanto,
conhecer o processo administrativo é parte essencial ao profissional.
34
UNIDADE 2
Toda empresa, para obter os objetivos e garantir a sobrevivência no mercado, precisa de um pla-
nejamento administrativo. O nutricionista é uma peça-chave nesse processo dentro da UPR,
visto que atua como administrador ou, ainda, gestor da unidade.
De acordo com Chiavenato (2014), a palavra “administração” tem origem no latim. “Ad” sig-
nifica “direção para” ou tendência para e “minister” representa “subordinação” ou “obediência”.
Portanto, a palavra expressa uma função que se desenvolve sob o comando de outro. O adminis-
trador comanda a ação, e não necessariamente a realiza. De modo geral, é possível afirmar que
administrar é obter resultados por intermédio de outros. Trata-se de fazer as coisas por meio de
outras pessoas, obtendo os melhores resultados possíveis.
O nutricionista, ao desenvolver a maioria das funções que são da competência dele, atua como
gestor nas diversas áreas de atuação que o curso oferece, como a UPR, a academia ou a clínica. As-
sim, precisa conhecer, mesmo que de maneira menos aprofundada, os conceitos da administração.
35
UNICESUMAR
Dessa forma, administrar representa a maneira de conduzir as etapas que são realizadas em uma
UPR, independentemente de ser uma cozinha industrial corporativa, cozinha hospitalar, restaurante
comercial, bar, cafeteria, padaria ou qualquer outro ramo de negócio.
A administração e/ou gestão de UPR é composta por várias funções do administrador, consideradas
como um todo, dado que formam o processo administrativo. O processo administrativo, por sua vez,
é formado por quatro funções: planejamento, organização, direção e controle. Quando elas são
visualizadas na abordagem total para o alcance dos objetivos, constituem o processo administrativo.
Vale lembrar que, apesar de as atividades serem exibidas, a seguir, de maneira individualizada, esse
processo é dinâmico e interativo, conforme apresentado na Figura 1.
Planejamento
PROCESSO
Controle Organização Figura 1 - Ciclo do processo administrativo
ADMINISTRATIVO Fonte: a autora.
Direção
Oliveira et al. (2010) sustentam que a UPR enfrenta grandes desafios. São eles: o aprimoramento contí-
nuo e a reavaliação dos conceitos de qualidade de produtos e serviços. Além disso, devem ser traçadas
estratégias, para que a satisfação do cliente seja a mais eficiente, buscando um modelo administrativo
direcionado à qualidade, à produtividade e ao envolvimento da equipe da unidade.
Vale lembrar que todas as UPR que pretendem alcançar e manter o sucesso no mercado precisam
adotar um programa de gestão para a manutenção e a promoção da qualidade. Portanto, a utilização
de diferentes ferramentas administrativas é necessária e eficaz. Pense, aluno(a), que a UPR não se
restringe somente à obtenção do produto final, mas abrange todo o processo de produção, desde a
matéria-prima adequada até a mão de obra qualificada, finalizando no produto e no atendimento
36
UNIDADE 2
prestado ao cliente. O intuito é obter a satisfação dele em relação aos aspectos tangíveis e intangíveis.
Por isso, o processo administrativo deve se fazer presente.
A seguir, entenderemos individualmente as quatro etapas apresentadas no ciclo esquemático do
processo administrativo, de acordo com o que foi descrito por Abreu, Spinelli e Pinto (2019).
1. Planejamento
Esta etapa consiste em decidir, por antecipação, o que, com que meios, para que fim, como, onde,
quanto fazer e quais são os objetivos a serem alcançados.
Segundo Antunes e Dal Bosco (2019), planejar é a função da administração que busca prever todas
as etapas necessárias para que um determinado objetivo seja colocado em prática e atingido. Dessa
forma, o sucesso do bom planejamento exige pleno conhecimento do que se deseja alcançar, ou seja,
é necessário ter clareza dos objetivos que se quer atingir.
Nesta etapa, algumas características são próprias, sendo constituídas por três fases sequenciais:
• O estabelecimento dos objetivos a serem alcançados.
• A tomada de decisões a respeito das ações futuras.
• A determinação dos planos.
O planejamento é essencial para todos os problemas ou situações que ocorrem em uma UPR, assim
como em qualquer outro tipo de empresa e até nas situações que acontecem em nossa residência, visto
que é um instrumento de ordenação, eficiência e produtividade e pode ser utilizado contra a rotina,
a improvisação e a estagnação.
37
UNICESUMAR
Para dar início ao planejamento, é preciso estabelecer os objetivos, que são compostos por uma
hierarquia de metas a serem conciliadas simultaneamente em uma empresa: os objetivos organiza-
cionais, as políticas, as diretrizes, as metas, os programas, os procedimentos, os métodos e as normas.
Em relação à abrangência, o planejamento pode ocorrer em três níveis: o estratégico (em nível da
diretoria), o tático (em nível gerencial) e o operacional (em nível de produção). Há quatro tipos de
planos: os procedimentos, os orçamentos, os programas ou programações e as normas ou regulamentos.
Dessa forma, os princípios gerais da administração aplicáveis ao planejamento são o da definição do
objetivo e o da flexibilidade do planejamento. Eles possibilitam a correção de direção necessária. Alu-
no(a), considere uma UPR que fornecerá refeição para os colaboradores. Deve-se pensar para executar
o planejamento: qual é o objetivo? Fornecer refeições adequadas e seguras aos funcionários da empresa.
A partir da identificação do objetivo, as demais respostas podem ser respondidas. Elas são
apresentadas no Quadro 1.
Caro(a) aluno(a), a etapa de planejamento requer conhecimento, tempo para detalhar as atividades
e dedicação. Trata-se de uma etapa complexa e essencial, pois um planejamento mal feito acarretará
erros futuros e prejuízos.
38
UNIDADE 2
2. Organização
A organização é uma função administrativa que representa o agrupamento das atividades necessárias,
com o intuito de realizar o que foi planejado. A organização envolve tarefas, pessoas, órgãos e relações.
Envolve, portanto, o ato de organizar, estruturar e integrar os recursos e os órgãos incumbidos da
administração, estabelecendo relação entre eles e as atribuições.
• Organizar consiste em:
• Caracterizar as unidades operacionais primárias.
• Definir o fluxo de sequência do trabalho.
• Agrupar as unidades operacionais primárias para formar as unidades operacionais complexas.
• Estabelecer a estrutura de autoridade.
• Sistematizar o trabalho.
Quanto à abrangência, a organização pode ocorrer em três níveis: a nível global (desenho organiza-
cional), a nível departamental (desenho dos departamentos) e a nível das tarefas e das operações
(desenho de cargos e tarefas). Os princípios aplicáveis à organização são a especialização, a definição
funcional, a paridade entre autoridade e responsabilidade e o princípio escalar.
A estrutura organizacional é a base que permite que a empresa se organize para atingir os objeti-
vos e consiste na divisão do trabalho em unidades especializadas, tornando claras as atribuições e as
responsabilidades. Essa divisão é retratada de maneira literal, ou seja, encontra-se retratada nos regu-
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UNICESUMAR
- Organograma
Abreu, Spinelli e Pinto (2019) definem “organograma” como a representação das relações formais que
ocorrem dentro da empresa a partir das linhas de responsabilidade e autoridade. Trata-se, portanto,
de uma ferramenta apresentada no formato de um gráfico organizacional que exibe a interação do
agrupamento das atividades desenvolvidas. Em outras palavras, não é algo aleatório, mas a expressão
real da organização, inclusive, com possibilidade de desenvolvimentos futuros.
Dessa forma, o organograma é a representação fiel da empresa. Ele reproduz a estrutura hierárquica,
a fim de definir os diversos níveis, os órgãos competentes da estrutura organizacional e os canais de
comunicação entre os setores ou órgãos. O organograma objetiva, por meio de um gráfico, possibilitar
a visualização clara da estrutura da organização de forma objetiva. Isso permite entender a estrutura
da empresa e/ou organização. Por isso, a elaboração do organograma deve ser realizada sob cuidadoso
critério, para que não ocorram falhas na descrição gráfica.
No organograma, as relações de autoridade são representadas de algumas formas: a autoridade de
linha, a autoridade funcional e a autoridade de assessoria. Elas são representadas a seguir.
- Autoridade de linha
Nutricionista
Figura 2 - Organograma autoridade de linha tipo clássico
Fonte: a autora.
40
UNIDADE 2
A autoridade de linha é a mais utilizada e tem como principal característica a centralização do comando,
ou seja, é um tipo de estrutura em que a atividade emana de um único chefe. Nesse tipo de relação, há
a retratação do poder direto do chefe imediato em relação aos subordinados. Observe que é o direito
de mandar e a faculdade de delegar, em parte, o poder, baseado na unidade de comando.
Esse tipo de estrutura apresenta algumas vantagens, como a liderança hierárquica, o favorecimento
da disciplina e o baixo custo administrativo. No entanto, também possui desvantagens, visto que, devido
ao comando ser centralizado, dá margem a uma supervalorização e possibilita a implantação de uma
liderança autocrática, o que dificulta a cooperação dos subordinados. Por outro lado, essa sobrecarga
de trabalho do chefe pode ocasionar retardamento na tomada de decisões.
Autoridade funcional
Descrição da Imagem: trata-se de um fluxograma. Na parte superior, há três retângulos com as seguintes palavras: “Chefe de qua-
lidade”, “Chefe de custos” e “Chefe comercial”, retratando uma divisão no comando de acordo com a especialidade. Embaixo, há os
seguintes cargos: “Equipe de produção de sobremesas”, “Equipe de produção de saladas” e “Equipe de produção de carnes”. Cada uma
está ligada aos chefes citados.
Nesse tipo de organograma, os órgãos de execução são assistidos por especialistas nas respectivas áreas,
gerando uma multiplicidade de comandos, principal característica da estrutura funcional.
Essa estrutura também tem duas vantagens, visto que possibilita a manutenção da produtividade e
do padrão de qualidade do produto ou do serviço, há a mão de obra especializada e possibilidade de
comunicações rápidas e menos distorcidas, por serem feitas diretamente. As desvantagens são ocorrência
de quebra de disciplina, ocasionada pela tendência dos subordinados em aproveitar os menores conflitos
41
UNICESUMAR
de jurisdição para justificar a inércia ou o desinteresse pelo trabalho e a duplicidade do comando, que
leva à omissão do chefe quanto à iniciativa de apurar as responsabilidades e aplicar punições.
Autoridade de assessoria
Outro tipo de organograma existente é o de autoridade de assessoria (tipo linha-staff), sendo uma autoridade
técnica de aconselhamento para pesquisas, levantamentos e trabalhos específicos de orientação técnica.
Nós, nutricionistas, quando trabalhamos como prestadores de serviço em restaurantes, por exem-
plo, entramos no organograma da empresa dessa forma. A seguir, visualize graficamente a estrutura.
Proprietário
Nutricionista
Descrição da Imagem: trata-se de um fluxograma. Na parte superior, há um retângulo que se refere ao “Proprietário”. Embaixo dele,
demonstrando a linha de autoridade, estão os seguintes cargos: “Chefe do almoço”, “Chefe do lanche da tarde” e “Chefe do jantar”.
Entre essa relação, lateralmente, encontra-se o “Nutricionista” na parte da linha de autoridade e subordinação.
Nessa estrutura, há a linha de assessoria, que tem a característica de assessorar o superior hierárquico
sem interferir diretamente na linha e, portanto, não pode dar ordens aos níveis inferiores.
As relações de assessoria são representadas por linhas horizontais que vão de um a outro retângulo.
Dessa maneira, o órgão de assessoria fica ligado ao chefe, o qual dá assistência, sem, no entanto, ter
autoridade sobre os órgãos da linha.
42
UNIDADE 2
Descrição da Imagem:
Chefe do refeitório/ trata-se de um fluxo-
Chefe da lanchonete grama em setores com-
posto por três círculos
localizados um dentro
do outro. No círculo
Equipe de auxiliares central, está a autori-
dade, que é o(a) “Nutri-
cionista”. No segundo
círculo, encontram-se
as subordinações, que
são “Chefe do refeitório”
e “Chefe da lanchonete”.
O último círculo é repre-
sentado pela “Equipe de
auxiliares”.
Contudo, existem dois outros tipos de organogramas, dado que essa relação pode ser apresentada
de diversas maneiras, incluindo o organograma em setores ou em barras. O organograma em setores
enfoca os setores sob a forma de círculos concêntricos, responsáveis pela representação dos diversos
níveis hierárquicos. Eles diminuem de acordo com a proporção que o órgão se aproxima da periferia.
O organograma do tipo setores é difícil de ser traçado ou entendido. Além do mais, impede a
representação dos diversos tipos de autoridade e dificulta a representação dos órgãos auxiliares.
Em decorrência disso, não é tão utilizado como clássico.
Outra representação é o organograma em barras. Nele, os órgãos ou as unidades adminis-
trativas são configurados por intermédio de retângulos horizontais que se iniciam na mesma
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UNICESUMAR
Funcionograma
O funcionograma é um gráfico que retrata as funções de forma estática, respeitando a estrutura deli-
neada pelo organograma. Trata-se de uma imagem gráfica que evidencia as atividades que justificam
a existência do órgão expresso no organograma.
Depois de entender a aplicação do organograma e do funcionograma, é possível constatar que a etapa
de organização consiste em dividir e subdividir o trabalho, reunir a atividade em unidades, definir as
atribuições individuais e das unidades e definir relações entre chefes e subordinados e entre as unidades.
44
UNIDADE 2
Ao aplicar a etapa de organização no exemplo da UPR industrial que serve almoço aos colabo-
radores de uma empresa, a organização, nesse caso, deixa a estrutura física em condições de uso, os
equipamentos instalados, os funcionários contratados e alocados nas respectivas funções, e os gêneros
alimentícios comprados e estocados. Portanto, busca organizar tudo aquilo que é necessário para iniciar
o preparo das refeições (ANTUNES; DAL BOSCO, 2019).
A organização, desse modo, pensa nos detalhes previamente e os prepara, para que as atividades
ocorram de forma sincronizada. Exemplos: a divisão da estrutura física entre os alimentos que serão
manipulados (por exemplo saladas), a divisão da equipe de cozinha entre as atribuições e a organização
do que será produzido e das matérias-primas que serão usadas.
3 - Direção
A direção é a função administrativa que orienta e indica o comportamento dos indivíduos na direção dos
objetivos a serem alcançados. Trata-se de uma atividade de comunicação, motivação e liderança (a última
também pode ser entendida como orientar e/ou conduzir). Assim, a direção orienta os recursos humanos
para melhor uso da energia, objetivando a obtenção de resultados eficientes na realização dos objetivos.
No que se refere à abrangência, a direção pode ocorrer em três níveis: a nível da direção (identificado
como nível global), a nível da gerência (denominado de nível departamental) e nível operacional ou
supervisão. A direção se fundamenta nos conceitos de autoridade e poder e tem como princípios gerais:
as unidades de comando, a delegação, a amplitude de controle, a coordenação e as relações funcionais.
Dessa maneira, a direção é uma atribuição inerente e privativa das chefias, o que a difere do plane-
jamento e da organização, que são etapas que também podem ser realizadas por órgãos especializados.
A função de direção ou de comando se distribui pelos diversos chefes da empresa, cada um com uma
responsabilidade sobre a unidade de trabalho respectiva e com o dever de estimular que os funcionários
executem as atividades planejadas, para que o objetivo seja atingido.
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UNICESUMAR
Citamos dois termos que se referem às pessoas que comandam a equipe: líder e chefe. Vale a pena
deferi-los, pois, até meados do século passado, a figura do chefe era comum nas empresas, uma
vez que a filosofia de gestão, na época, era centralizadora e mantinha toda responsabilidade no
chefe, uma figura autoritária que comandava a empresa com braços de ferro. Entretanto, no final
do século, com a globalização, esse tipo de chefia foi extinto.
Foi após a década de 90 que as empresas começaram a modificar a filosofia de gestão, adotando
o termo “líder” para quem comanda e “colaborador” em substituição à denominação “empregado”.
Isso possibilita a identificação da empresa com a imagem de
Caro(a) aluno(a), é importante entender que as ações de direção devem ser executadas adequa-
damente. Por isso, o responsável deve:
• Conhecer e compreender os objetivos da empresa.
• Dominar os objetivos.
• Treinar funcionários e instruí-los quanto ao que precisa ser realizado.
• Motivar os colaboradores.
• Acompanhar o desenvolvimento do processo.
• Controlar ou checar se as ações foram realizadas de forma a atender aos objetivos planejados.
A liderança é considerada uma função básica da direção, que representa a influência interpessoal
exercida em uma situação e dirigida pelo processo de comunicação para a realização de objetivos. A
produtividade máxima somente será alcançada quando todos os empregados se esforçarem para atingir
o mesmo objetivo. A liderança é uma característica imprescindível a todo chefe, dado que, quando
o chefe é um verdadeiro líder, obtém a participação do grupo sem ações que sejam opositoras: basta
exercer a liderança. Em outras palavras, liderar é obter a realização das tarefas pelo trabalho em equipe.
Outra função básica da direção é a gerência, que é definida como um cargo que planeja, organi-
za, define, controla e avalia a equipe e as etapas do processo, possibilitando o alcance dos objetivos.
Afirma-se que a melhor gerência é aquela que capacita a equipe e fornece as melhores condições de
trabalho, que podem ser organizacionais, operacionais ou físicas. Em outras palavras, a gerência é a
capacidade de alocar recursos para atingir os objetivos. Muitas pessoas estão envolvidas nesse processo.
Assim, ao gerir pessoas, é preciso direcionar corretamente as energias. Como todo gerenciamento
requer um planejamento, cabe à alta gerência fazer o planejamento de longo prazo (planejamento de
objetivos). A média gerência deve exercer os objetivos a médio e a curto prazo e a baixa gerência
precisa fazer os planejamentos de rotina.
Para obter sucesso na etapa de direção, a comunicação de sucesso é essencial. Por isso, é necessário
conhecer a ordem expedida, o real significado e o nível de percepção das pessoas a quem a comuni-
cação é destinada, visando à realização da comunicação de acordo com o horizonte de compreensão.
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UNIDADE 2
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UNICESUMAR
4 - Controle
A quarta e última função do processo administrativo é o controle, função administrativa que busca
assegurar se o que foi planejado, organizado e dirigido realmente cumpriu os objetivos pretendidos.
Em síntese, a atividade de controlar consiste em comparar a execução com o planejamento dos
objetivos fixados e os resultados obtidos. Por isso, essa etapa demonstra se o caminho percorrido está
de encontro com o planejado. Ao avaliar os resultados obtidos em relação aos planos, é possível apurar
as distorções, a fim de corrigir o planejamento.
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UNIDADE 2
• Elaboração de previsões
• Determinação de objetivos
• Programação
• Cronogramação • Definição de estruturas
• Orçamentação • Delegação
• Definição de políticas • Estabelecimento de relações
• Determinação de procedimentos
PLANEJAMENTO ORGANIZAÇÃO
DIREÇÃO DIREÇÃO
• Tomada de decisão
• Definição de padrões de desempenho • Comunicação
• Medição de resultados • Obtenção de pessoal
• Avaliação de resultados • Motivação de pessoal
• Correção de desempenho • Desenvolvimento de pessoal
Descrição da Imagem: trata-se de um esquema apresentando as funções administrativas. Há um círculo no centro. Ele é dividido em
quatro partes, que são as seguintes funções: planejamento, organização, direção e controle. Ao lado de cada divisão do círculo, há as
descrições das funções de: 1. Planejamento: elaboração de previsões, determinação de objetivos, programação, cronogramação, orça-
mentação, definição de políticas, determinação de procedimentos; 2: Organização: definição de estruturas, delegação, estabelecimento
de relações; 3. Direção: tomada de decisão, comunicação, obtenção de pessoal, motivação de pessoal, desenvolvimento de pessoal; e
4. Controle: definição de padrões de desempenho, medição de resultados, avaliação de resultados, correção de desempenho.
Vale ressaltar que o exercício das funções planejar, organizar, dirigir e controlar não ocorre isola-
damente, visto que as quatro funções se inter-relacionam e são dinâmicas.
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UNICESUMAR
50
Considerando o papel do nutricionista como o gestor de UPR e o responsável pelas etapas do
processo administrativo, convido você, aluno(a), a completar o mapa mental a seguir. Redija o
conceito de cada uma das etapas e as possíveis atribuições delas em UPR em relação às ativi-
dades. Inclua exemplos.
51
1. O organograma é uma forma gráfica que exibe a hierarquia e a subordinação em empresas.
Ele utiliza elementos gráficos, como figuras geométricas planas e fechadas, que representam
as unidades estruturais (cargos), e as linhas cheias ou interrompidas, horizontais e verticais,
que retratam a comunicação entre os cargos e o grau de hierarquia.
Com base no que foi estudado, descreva o tipo de organograma apresentado a seguir. Identi-
fique o tipo de autoridade apresentada e justifique a sua resposta.
Descrição da Imagem: há cinco retângulos dispostos da seguinte maneira: há um retângulo intitulado “Diretor”, que se liga
a dois retângulos embaixo, um ao lado do outro, intitulados: “Cargo A” e “Cargo B”. Ambos se ligam a outros dois. Embaixo
do “Cargo A”, há “Equipe A” e, embaixo de “Cargo B”, temos “Equipe B”.
2. A administração é fundamental para que haja a gestão eficiente em uma UPR, setor que com-
preende a grande área de alimentação coletiva. Diante disso, as quatro etapas do processo
administrativo são subsídios para uma gestão eficaz.
Com base no que foi estudado acerca das quatro etapas do processo administrativo, relacio-
ne as funções administrativas, presentes na coluna esquerda, aos respectivos conceitos ou
finalidades, presentes na coluna direita:
I) Planejamento
II) Organização
III) Direção
IV) Controle
52
( ) Controle Distribuição de colaboradores em suas funções.
( ) Orienta e indica o comportamento dos colaboradores para o alcance dos objetivos estabe-
lecidos.
( ) Avaliação das etapas do processo produtivo, como realização do índice de sobras e aferição
de temperaturas.
( ) Estimativa prévia de despesas com insumos gerais, elaboração de cardápios, previsão de
gêneros.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) 2, 3, 4, 1.
b) 1, 2, 3, 4.
c) 3, 1, 4, 2.
d) 3, 2, 1, 4.
e) 2, 4, 3, 1.
A respeito da organização dos cargos, analise as afirmativas a seguir e assinale (V) para a(s) Verdadeira(s) e
(F) para a(s) Falsa(s):
( ) O organograma é um gráfico que retrata a relação entre os cargos, definindo linhas de su-
bordinação e autoridade.
( ) O funcionograma é um gráfico que retrata a relação entre os cargos, definindo linhas de
subordinação e autoridade, sem incluir outros aspectos.
( ) Definir as linhas de hierarquia e subordinação em UPR não é um fator essencial para a orga-
nização do trabalho, pois é recomendado que os cargos não sejam divididos, para que todos
executem as funções.
( ) Como o organograma é uma maneira gráfica de retratar as relações de trabalho, a utilização
dele facilita o entendimento e a visualização pelos integrantes da equipe.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) F, F, F, F.
b) V, F, F, V.
c) V, V, F, F.
d) V, F, F, F.
e) V, V, F, V.
53
4. A administração consiste em um conjunto de etapas que visam à organização do trabalho, à
conquista dos interesses comuns e à obtenção dos melhores resultados. Essas etapas consistem
em planejar, organizar, dirigir e controlar um grupo de indivíduos para um objetivo comum.
54
3
Formas de
Gerenciamento
em UPR
Me. Thanise Pitelli de Nigro
Aluno(a), proponho que você pense na seguinte situação: uma empresa que trabalha com a produção
de peças para automóveis, denominada ABC, tinha, no começo das atividades, 20 colaboradores.
Cada colaborador levava uma marmita. Contudo, a empresa ABC começou a crescer e chegou a
200 colaboradores, precisando ampliar e se mudar para um barracão mais distante do centro. Isso
levou o dono a pensar na alimentação dos funcionários, visto que eles teriam que sair mais cedo
de casa e chegariam mais tarde, em consequência da maior distância. Caso tivessem a alimentação
fornecida pela empresa, poderiam se preocupar menos.
Apesar de o dono e o diretor desejarem proporcionar maior bem-estar aos colaboradores, eles
detinham conhecimentos apenas sobre peças para automóveis e não queriam incorporar, nas atri-
buições da empresa ABC, a gestão das refeições. Já imaginou como seria trabalhoso para a empresa,
que é especialista em outra área, comprar matérias-primas alimentares, planejar um cardápio a ser
servido, contratar toda a equipe de cozinha e elaborar a estrutura física para a produção de refeições?
A situação exposta não é incomum. É por isso que distintas modalidades na gestão das UPR
foram criadas ao longo do tempo, objetivando suprir as necessidades de um mercado que está
em expansão. Desse modo, compreender as modalidades existentes permite elencar os aspectos
positivos e negativos de cada modalidade a ser adotada.
Pense um pouco mais na empresa ABC, que produz peças para automóveis e tem interesse em
não se responsabilizar pela gestão das refeições dos colaboradores. Uma situação como essa aciona
a possibilidade de a empresa ABC terceirizar a produção das refeições, ao contratar uma empresa
especializada nesse tipo de trabalho, também chamada de terceirizada (uma das formas de gerencia-
mento e que é conhecida como “terceirização” ou “concessão”). A instituição terceirizada assume, nas
instalações da empresa ABC, a produção das refeições dos 200 colaboradores.
Caro(a) aluno(a), proponho, neste momento, que você pense nos pontos positivos e negativos que
podem ser levantados pela empresa ABC em relação à terceirização das refeições. Utilize o seu diário
de bordo para registrar os seus pensamentos.
Uma UPR é uma empresa que envolve um complexo sistema operacional, pois diversas são as
etapas para a produção de refeições. Por isso, os procedimentos devem ser padronizados, claros e
precisos, de maneira que todos os manipuladores possam executá-los com presteza. Além disso,
não podemos nos esquecer de que toda empresa deve ter objetivos claros, de maneira a permitir
a correta execução do processo administrativo.
A administração envolve a função de fazer as coisas por meio das pessoas com os melhores
resultados e envolve as atividades administrativas, técnicas e operacionais. Essas funções são
inerentes a qualquer tipo de empresa, assim como é o caso do refeitório de uma empresa ABC,
que passa a ter um funcionamento independente.
Por isso, o profissional nutricionista deve ter conhecimento técnico, estar ciente do contrato
e executar as próprias atividades de forma que seja possível seguir os itens acordados entre a
empresa ABC e a terceirizada. Você já havia pensado que, dentre as possibilidades de atuação
profissional, nós, nutricionistas, também podemos trabalhar em uma empresa que funciona
dentro de outra empresa? As possibilidades são inúmeras para a nossa profissão!
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UNIDADE 3
Toda UPR é uma empresa que, para garantir a sobrevivência no mercado, precisa de um planeja-
mento administrativo que permita a correta execução dos objetivos. Dentre eles, podemos citar
a necessidade de manter a saúde da clientela por meio de uma alimentação que seja equilibrada
do ponto de vista nutricional, segue os hábitos alimentares da clientela, segura sob o ponto de
vista higiênico e ajustada aos limites financeiros da empresa.
As UPR atuam em cenários competitivos, os quais exigem a procura por novas técnicas de produção
e organização do trabalho. O objetivo é possibilitar maior qualidade e competitividade, aproximando os
trabalhadores dos objetivos das organizações. Um dos principais aspectos do cenário competitivo das
UPR foi a criação do Programa de Alimentação do Trabalhador, conhecido pela sigla PAT, que é um
programa de incentivo governamental instituído pela Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976, e regulamen-
tado pelo Decreto nº 5, de 14 de janeiro de 1991. Ele tem adesão voluntária por parte da empresa e busca
estimular que o empregador forneça uma alimentação nutricionalmente adequada aos trabalhadores.
É importante frisar que a criação do PAT foi pautada em uma estratégia global da Organização
Mundial da Saúde (OMS), que considera que o ambiente de trabalho é um local estratégico de pro-
moção da saúde e, em consequência disso, as empresas que fornecem alimentação coletiva são vistas
como importantes protagonistas na promoção da saúde, da alimentação saudável e da atividade física.
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UNICESUMAR
O PAT foi criado com destinação a todos os trabalhadores brasileiros, priorizando o atendimento
aos trabalhadores de baixa renda, ou seja, aqueles que ganham até cinco salários mínimos mensais.
Dessa forma, o PAT é estruturado na parceria entre governo, empresa e trabalhador. Dentre os obje-
tivos, há o foco na concessão de incentivos fiscais à empresa.
58
UNIDADE 3
Outro aspecto que se refere à atuação do nutricionista na UPR é o fato de que o PAT exige um
responsável técnico, ou seja, um profissional legalmente habilitado em nutrição que tem, por
compromisso, a correta execução das atividades nutricionais do programa. O intuito é promover
uma alimentação saudável ao trabalhador.
Caro(a) aluno(a), já sabemos que o PAT permite que a empresa mantenha um serviço próprio
de preparação de refeições ou contrate empresas que forneçam ou prestem serviços de alimentação
coletiva. Essa possibilidade impulsionou a criação das diferentes modalidades de gerenciamento das
UPR. A seguir, conheceremos cada uma dessas modalidades.
A UPR é um conjunto de áreas que objetivam operacionalizar o provimento nutricional de co-
letividades. Em outras palavras, compreende uma sequência de atos destinados ao fornecimento de
alimentação. Nesse contexto, há a alimentação coletiva, em que a alimentação é destinada ao aten-
dimento de um grupo de pessoas. Ela pode atuar em diversos locais, assim como é visível na Figura 1.
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UNICESUMAR
Institucionais
Aquelas situadas dentro de empresas, escolas e outras, cuja demanda de
clientes é fixa. Ou seja, o número de refeições a serem servidas é conhecido.
Comerciais
Aquelas representadas por estabelecimentos abertos ao público, que possui uma
clientela variada (consequentemente, o número de atendimentos também é
variável), cujo serviço é executado mediante pagamento por este cliente.
Hotéis
Os hotéis, além da acomodação, oferecem aos clientes o serviço de alimentação.
Então, a UPR instalada em um hotel tem como objetivo o fornecimento de
alimentação para hóspedes, funcionários do hotel ou até mesmo um cliente diverso
(visto que o atendimento no restaurante de alguns hotéis é aberto ao público).
Comissarias ou catering
Consiste em um serviço de alimentação onde a preparação acontece em um local
específico, sendo servida em outro local que não possua estrutura para isso. Ocorre,
por exemplo, as refeições servidas em voos, determinados tipos de eventos.
Figura 1 - Diferentes UPR em alimentação coletiva / Fonte: adaptada de Abreu, Spinelli e Pinto (2019).
Descrição da Imagem: trata-se de um esquema com diferentes quadros que abordam as diferentes UPR. Inicialmente, apresenta-se
uma imagem que exibe crianças se alimentando da merenda escolar em um refeitório escolar, seguido do texto: “Institucionais: aquelas
situadas dentro de empresas, escolas e outras, cuja demanda de clientes é fixa. Ou seja, o número de refeições a serem servidas é
conhecido”. O segundo quadro retrata um casal se alimentando em um restaurante e descreve: “Comerciais: aquelas representadas
por estabelecimentos abertos ao público, que possui uma clientela variada (consequentemente, o número de atendimentos também
é variável), cujo serviço é executado mediante pagamento por este cliente”. O terceiro quadro, por sua vez, retrata uma mesa de café
da manhã de um hotel, seguido de: “Hotéis: os hotéis, além da acomodação, oferecem aos clientes o serviço de alimentação. Então,
a UPR instalada em um hotel tem como objetivo o fornecimento de alimentação para hóspedes, funcionários do hotel ou até mesmo
um cliente diverso (visto que o atendimento no restaurante de alguns hotéis é aberto ao público)”. No próximo quadro, é exibida uma
imagem de uma bandeja de refeições servida em um avião com a seguinte descrição: “Comissarias ou catering: consiste em um serviço
de alimentação onde a preparação acontece em um local específico, sendo servida em outro local que não possua estrutura para isso.
Ocorre, por exemplo, as refeições servidas em voos, determinados tipos de eventos”. Por fim, é exibida uma bandeja de alimentos ser-
vida em um leito hospitalar, com a descrição: “Cozinha dos estabelecimentos assistenciais: Ocorre na alimentação servida em hospitais,
por exemplo, onde há a demanda diferenciada conforme as dietas dos pacientes. Além de fazer o atendimento aos colaboradores do
hospital e, em algumas situações, aos acompanhantes”.
Portanto, a UPR pode ser estabelecida em um complexo industrial, em uma empresa, em uma
escola, em um hospital ou até mesmo no centro de uma cidade. Também pode adotar diferentes
modalidades de gerenciamento, assim como é apresentado por Abreu, Spinelli e Pinto (2019).
São elas: a autogestão e a concessão.
Na autogestão, a própria empresa tem e gerencia a cozinha, produzindo as refeições que são ser-
vidas. Por exemplo, em relação à situação da empresa ABC, caso ela optasse por gerenciar o refeitório,
60
UNIDADE 3
É importante entender que nas, unidades comerciais, praticamente todos os modelos são de au-
togestão, dado que o empreendedor planeja, estrutura e se torna responsável por gerir o próprio
empreendimento. Isso acontece independentemente de ser um restaurante, um bar, uma lancho-
nete, uma cafeteria, um food truck ou uma pizzaria, por exemplo.
A segunda modalidade de gerenciamento apresentada por Abreu, Spinelli e Pinto (2019) é a concessão.
Nela, a empresa cede o espaço de produção e distribuição a um particular ou a uma empresa especializada
na administração de restaurantes, livrando-se dos encargos da gestão da UPR. Esse modelo também é
conhecido como “terceirização” e, basicamente, é como se uma empresa funcionasse dentro de outra.
Essa modalidade pode ocorrer em segmentos diversos, sendo muito comum no caso da alimentação
em indústrias, na merenda escolar em escolas públicas e nos hospitais. Observe, no Quadro 1, uma
comparação entre as duas modalidades de gerenciamento.
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UNICESUMAR
Autogestão Concessão
Quadro 1 - Comparação entre as modalidades de autogestão e concessão / Fonte: adaptado de Teixeira et al. (2000).
Inclusive, chamo a atenção para a minha experiência profissional, pois iniciei a minha vida profissional
atuando em um restaurante comercial do município em que resido e, após um tempo, esse estabeleci-
mento venceu uma licitação pública para fornecer as refeições da maternidade municipal do mesmo
município. Fui transferida para essa unidade, a fim de atuar na gestão da produção dessas refeições,
as quais eram servidas para as pacientes e para os funcionários do hospital. Em outras palavras, eu era
funcionária de uma empresa, mas trabalhava dentro da maternidade municipal.
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UNIDADE 3
Nessa modalidade, portanto, é realizado um contrato entre a terceirizada e a contratante. Esse contrato
pode se dar de duas formas (mas não são as únicas) e o preço fixo e o mandato serão exibidos a seguir.
O preço fixo da refeição, normalmente, é chamado de gestão, gestão operacional, dentre outros. Em
outras palavras, é estipulado um valor pela refeição, em que, por exemplo, a terceirizada receberá
R$10,00 por almoço fornecido para a contratante. Nesse caso, não sofre variação em um determinado
período, conforme foi estabelecido no contrato, independentemente do cardápio servido. A contratada
é a responsável pelas modificações nos valores de matéria-prima, mão de obra e despesas gerais, além
dos custos adicionais aos processos operacionais e administrativos que ocorram.
No caso do mandato, há uma taxa de administração do serviço. Quem paga pela compra das
matérias-primas é a própria contratante. Assim, o cliente pode direcionar o padrão da refeição,
enquanto a terceirizada fornece a mão de obra. As compras podem ser feitas em nome desse
cliente ou por um comprador específico. É de responsabilidade da terceirizada disponibilizar
a mão de obra e a produção das refeições. Geralmente, a empresa recebe um valor referente à
administração do serviço, além da mão de obra.
Além do preço fixo e do mandato, que são as principais formas, existem outros tipos de contratos
que regem as atividades entre a empresa beneficiária (contratante) e a empresa fornecedora de refeições
(contratada): a administração cooperada (parcerias), o contrato de preço real, a gestão mista e a dupla
garantia. Segundo o documento “Cozinha Industrial” (1995, p. 44-46), eles têm as seguintes características:
“
No contrato de administração cooperada (parceria), a contratante adquire os itens neces-
sários para a produção de alimentos, tendo liberdade para determinar o padrão do serviço.
“
No contrato de preço real limita-se um valor mínimo e um valor máximo que a beneficiá-
ria irá pagar pela refeição. Se o custo ficar no limite ou acima dele, a contratante paga seu
preço máximo. Caso fique entre o valor mínimo e o valor máximo, paga-se o preço real.
Assim, há a possibilidade de a fornecedora alterar a qualidade da refeição para manter o
custo dentro do valor estabelecido.
“
Uma variação do contrato de preço fixo é a gestão mista, na qual emite-se duas notas
fiscais: uma do serviço e outra dos alimentos, possibilitando uma redução de 3 a 4% do
preço unitário, pois o imposto incide apenas sobre a aquisição dos gêneros.
“
A dupla garantia, combina o contrato de preço fixo e o mandato, e tem o preço da
refeição fixado e determinado pelo padrão desejado pelo cliente. Assim, a conces-
sionária fica impossibilitada de mudar o padrão da refeição, pois se compromete a
manter um índice mínimo de satisfação dos comensais. Visando manter a qualidade
e assumir os riscos de eventuais custos excedentes, a contratada recebe uma taxa
de administração maior, a título de adicional de garantia.
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UNICESUMAR
Ainda no que diz respeito à terceirização, há uma variação em relação à estrutura física, pois é
possível trabalhar com comodato, em que a empresa fornece a área física, a água e a energia elé-
trica e cabe à terceirizada estruturar os equipamentos e utensílios a serem utilizados. Em outras
palavras, a terceirizada se responsabiliza por todos os insumos (alimentares, mão de obra, equipa-
mentos etc.). Quando não há comodato, a contratante deve disponibilizar toda a estrutura física.
Em minha experiência profissional na maternidade municipal, havia um contrato estabelecido. Era
nossa responsabilidade contratar os cozinheiros e fazer toda a gestão desse contrato, que estipulava um
valor em reais por cada café da manhã, almoço, jantar e ceia que eram servidos. Também era de nossa
responsabilidade planejar o cardápio e comprar a matéria prima. Portanto, a modalidade era a de preço fixo.
Nesse contrato, eram estipuladas as quantidades a serem distribuídas (como 200 gramas de arroz,
120 gramas de feijão etc.) e os itens que eram aceitos, por exemplo, a variação do feijão carioca por
feijão preto, lentilhas etc. Também trabalhávamos com comodato, ou seja, levávamos à maternidade
toda a estrutura móvel (panelas, talheres, pratos, geladeira, liquidificador etc.).
Na terceirização, outra possibilidade é a atuação sob a forma de refeição convênio, que, geralmente,
acontece em refeições de trabalhadores. Essa modalidade é adotada em empresas que não dispõem de
espaço para que a produção das refeições ocorra nas próprias mediações. Assim, a empresa faz uma
parceria com um restaurante, normalmente, um restaurante comercial localizado na proximidade e
os colaboradores se dirigem até ele para realizar as refeições.
Um exemplo real dessa situação acontece em um restaurante que atendo. Ele está localizado em
um shopping da cidade e tem uma parceria sob a forma de refeição convênio para o fornecimento
das refeições aos funcionários de uma loja de departamentos localizada no mesmo shopping.
Desse modo, os funcionários se dirigem até o restaurante, assinam a lista de refeições e escolhem
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UNIDADE 3
dentre as três opções de prato do dia. Ao final do mês, é feita a contabilização do número de
refeições servidas e a loja de departamentos efetua o pagamento ao restaurante.
Quando a empresa não tem espaço para a produção das refeições, há outra possibilidade, que é a refeição
transportada. Nesse caso, a UPR é estabelecida em uma empresa especializada na produção de refei-
ções, que, após o preparo, transporta e distribui para um local conveniado que não dispõe de cozinha.
Nesse caso, o transporte pode ser realizado com os alimentos preparados e mantidos nas próprias
cubas de distribuição. Eles chegam à empresa onde serão distribuídos e são colocados no próprio
balcão de distribuição localizado no refeitório, assim como exibe a Figura 2.
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UNICESUMAR
Nesse tipo de transporte, as preparações são transportadas em caixas térmicas destinadas a esse fim,
visando à manutenção da temperatura do alimento que é disposto na cuba. Ao chegar até o local a ser
distribuído, basta colocar o alimento no balcão de distribuição e deixar que o usuário se sirva.
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UNIDADE 3
Vamos conhecer alguns dados sobre o setor? A Associação Brasileira das Empresas de Refeições
Coletivas (ABERC) congrega as empresas prestadoras de serviço responsáveis pelo fornecimento
de refeições coletivas no Brasil. De acordo com a ABERC, o setor contempla 250 mil colabora-
dores tem importante impacto financeiro e social.
“
A dimensão e a importância do setor na economia nacional podem ser medidas a partir
dos números gerados pelo segmento no ano 2018, o mercado de refeições coletivas como
um todo forneceu 13 milhões de refeições/dia, movimentou uma cifra de 19,3 bilhões de
reais por ano, ofereceu 210 mil empregos diretos, consumiu diariamente um volume de
7,5 mil toneladas de alimentos e representou para os governos uma receita de 2,6 bilhões
de reais anuais entre impostos e contribuições (ABERC, [2022a], on-line).
Quanto ao mercado real, a Tabela 1 apresenta o número de refeições por dia nas diferentes modalidades.
É possível observar o crescimento do setor de alimentação terceirizada nos últimos anos.
Autogestão
(Administrada 0,11 0,10 0,08 0,07 0,06 0,05 0,05 0,04 0,02
pela Própria
Empresa)
Refeições Cole-
tivas
10,9 11,7 12,2 11,7 11,0 12,0 13,0 14,2 11,36
(Prestadoras de
Serviços)
Refeições Con-
vênio (Tíque-
tes/
6,4 7,0 7,4 7,0 6,8 6,9 7,4 7,6 7,6
Cupons para
restaurantes
comerciais)
Tabela 1 – Número de refeições (em milhões de refeições/dia) / Fonte: ABERC ([2022b], on-line).
Outra maneira de uma empresa possibilitar o acesso a alimentação aos trabalhadores é o forne-
cimento de meios eletrônicos de pagamento, popularmente conhecidos como vales ou tickets
(inclusive, é uma modalidade aceita pelo PAT). De acordo com a cartilha do PAT ([2022]), em
relação ao vale-refeição, os empregados da empresa beneficiária fazem as refeições em restaurantes
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UNICESUMAR
conveniados a partir das empresas operadoras de vales, tíquetes, cupons, cheques etc. Por outro
lado, quando há o vale-alimentação, a empresa beneficiária fornece senhas à aquisição de gêneros
alimentícios em estabelecimentos comerciais. Basicamente, o vale-refeição é destinado aos alimen-
tos preparados (refeição) e pode ser usado em restaurantes ou similares. Já o vale-alimentação é
destinado à compra de matérias-primas e pode ser usado em mercados, por exemplo.
Segundo Mendonça (1995), o valor monetário do vale-refeição deve atender às exigências nu-
tricionais estipuladas no programa. Cabe à empresa orientar os trabalhadores sobre a melhor
forma de utilização e melhores opções de escolha para alimentação.
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UNIDADE 3
Além disso, é aceita a oferta de cesta de alimentos, uma modalidade de distribuição que se deu a
partir do início da década de 90 e representa a oferta de alimentos in natura, exclusivamente ou de
forma complementar ao fornecimento de refeições.
Segundo Mendonça (1995), essa modalidade:
• Compreende itens importantes para atividades vitais.
• Pode ser inserida no PAT.
• É considerada um indicador de acompanhamento de preços de mercado.
• Varia conforme região.
• É composta, basicamente (mas não obrigatoriamente) por 13 alimentos: carne, leite, feijão,
arroz, farinha, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga.
• No Brasil, a quantidade de cada ingrediente varia de acordo com a tradição alimentar de cada
região.
• É considerada fraca em certos nutrientes quando não é variada.
De todos os benefícios que a empresa concede ao funcionário, tais como assistência médica,
dentária, auxílio transporte e alimentação, sem dúvidas, a alimentação é a principal, pois é um
benefício que se repete diariamente (na mesma frequência em que ocorre a produção). Dessa
forma, quando uma empresa investe na alimentação do trabalhador, está investindo diretamente
na qualidade de vida. As diferentes modalidades de gerenciamento possibilitam a escolha da
melhor forma, de modo a possibilitar os benefícios do fornecimento de uma alimentação de
qualidade, atuando de forma direta na saúde da população.
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UNICESUMAR
Estamos chegando ao final de nossa unidade. Entendemos que a gestão da UPR pode ser delegada
ao nutricionista (que, inclusive, será um profissional obrigatório em locais que sejam partici-
pantes do PAT), visto que ele é um profissional preparado para a função. Vale lembrar que cabe
ao nutricionista, nas diferentes modalidades de gerenciamento da UPR, realizar as funções de
planejamento, organização, direção e controle.
Portanto, o nutricionista também pode orientar as empresas quanto à escolha da modalidade a ser
adotada, pois conhece as vantagens e as desvantagens de cada sistema. Inclusive, caro(a) aluno(a), o
nutricionista pode atuar como representante comercial das empresas que trabalham com a terceirização
de refeições. Essa é mais uma possibilidade de atuação profissional.
Vamos praticar os conhecimentos trabalhados nesta unidade? A seguir, temos algumas atividades
para treino e reflexão do conteúdo abordado! Bons estudos!
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Considerando as possibilidades de gerenciamento em UPR, convido você, aluno(a), a
completar o mapa mental a seguir. Descreva as formas de gerenciamento, as particulari-
dades e as características.
71
1. Leia o trecho a seguir:
“A alimentação coletiva vem, cada vez mais, fazendo parte de toda reflexão sobre a quali-
dade de vida cotidiana deste século, fato compreensível ao considerar que são registradas
cerca de 2 trilhões de refeições por ano no Brasil”.
Ao longo do estudo, foi sustentado que, como nutricionista, é importante conhecer as vantagens que uma empre-
sa pode ter ao oferecer alimentação aos trabalhadores em refeitório. Nesse contexto, cite três dessas vantagens.
“A administração é fundamental para a gestão eficiente em uma UPR, sendo essencial a compreensão das
diferentes modalidades de atuação no gerenciamento das mesmas”.
I) Autogestão
II) Concessão
III) Transportada
( ) A empresa cede o espaço de produção e distribuição para um particular, livrando-se dos
encargos da gestão.
( ) A própria empresa possui e gerencia a UPR, produzindo refeições que servem os funcionários.
( ) UPR está estabelecida em uma empresa especializada e distribui o alimento a um local con-
veniado que não dispõe de cozinha.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) 2, 3, 1.
b) 1, 2, 3.
c) 2, 1, 3.
d) 3, 2, 1.
e) 1, 3, 2.
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3. Leia o excerto a seguir:
Ainda no que se refere às formas de gerenciamento, uma empresa pode optar pela
_________________________ a alimentação dos trabalhadores de algumas formas: pode-se ter-
ceirizar mediante _____________________________________________, que ocorre quando a empresa
faz uma parceria com um restaurante específico, normalmente, com localidade próxima e os
colaboradores se alimentam sempre no mesmo local. Por outro lado, é possível terceirizar a
gestão da UPR como um todo.
Neste último caso, pode-se, ainda, gerenciar por ______________________________, em que, me-
diante um contrato estabelecido, o valor não sofrerá variação. Também pode se dar por _____
_____________________________, em que a terceirizada disponibiliza a mão de obra e a produção
e a compra da matéria-prima são realizadas pela própria contratante.
4. A gestão das atividades relacionadas à produção de refeições de uma UPR, independentemente de ser escolar ou
institucional, por exemplo, é essencial para garantir a qualidade do alimento preparado e um atendimento ade-
quado ao cliente. Nesse contexto, a gestão da UPR é parte essencial para a obtenção dos objetivos institucionais.
73
74
4
Modalidades de
Distribuição de
Alimentos
Me. Thanise Pitelli de Nigro
Olá, querido(a) aluno(a), vamos conhecer as diferentes características das UPR? Neste momento,
abordaremos as modalidades de distribuição dos alimentos. Considere um restaurante comercial
que tem um grande volume de clientes para atender durante o período do almoço, mas que, por estar
localizado em um centro comercial, possui um pico de clientes das 12h00min às 13h00min. A maior
parte desses clientes está em horário de almoço e não dispõe de grande intervalo para realizar a refeição.
Para atender ao máximo o número de clientes durante o horário de pico e garantir o faturamento, o
estabelecimento precisa adotar algumas estratégias, não é mesmo?
Pense, aluno(a): para o estabelecimento, não seria interessante trabalhar com um sistema à la car-
te, que ocorre quando o cliente se senta à mesa e escolhe, dentre as opções disponíveis, o prato? Ele
será preparado e levado ao cliente. Trata-se de um serviço que demanda mais tempo do cliente que o
self-service, por exemplo, em que as preparações estão disponíveis para que o cliente rapidamente se
sirva. A modalidade de distribuição adotada por uma empresa direciona o público que buscará o esta-
belecimento e possibilita que ele consiga atingir os objetivos institucionais, operacionais e financeiros.
Você já percebeu que, geralmente, os restaurantes comerciais localizados nos grandes centros
comerciais e empresariais que têm, como foco, o atendimento no almoço trabalham com opções de
atendimento rápido, seja na escolha do self-service, seja na escolha do prato feito (cardápio enxuto e
com poucas opções)? Por outro lado, um restaurante comercial destinado a um jantar comemorativo,
por exemplo, tem um ambiente mais intimista, com iluminação baixa, cadeiras mais confortáveis e
atendimento individualizado. Frequentemente, esses restaurantes adotam a modalidade à la carte,
com diversas possibilidades de escolha no cardápio.
O crescimento do setor de alimentação fora do lar permitiu que os estabelecimentos fossem criados
com diferentes características, com o intuito de se diferenciar da concorrência e se ajustar às necessi-
dades dos clientes e da própria empresa, dado que o mercado da alimentação coletiva também cresceu
nas últimas décadas por influência das diversas mudanças ocorridas na sociedade, tais como a inserção
das mulheres no mercado de trabalho. Isso aumentou a necessidade por opções mais convenientes.
Você já pensou nas diferentes modalidades que existem? O que acha de usar o diário de bordo
para registrar as modalidades de distribuição de alimentos preparados que você conhece? Aproveite
essa reflexão para identificar as principais características de cada modalidade. Por exemplo, citamos
o self-service, que é uma modalidade em que as preparações estão disponíveis em um balcão de dis-
tribuição à disposição, para que o cliente possa se servir.
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UNIDADE 4
Caro(a) aluno(a), vamos entender as modalidades de distribuição? Para compreender esse processo,
precisamos conhecer o preparo dos alimentos, incluindo cada uma das etapas. Inicialmente, recebe-
mos as matérias-primas, que podem ser definidas, de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada
(RDC) nº 259, de 20 de setembro de 2002, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),
como “toda substância que para ser utilizada como alimento necessita sofrer tratamento e ou trans-
formação de natureza física, química ou biológica” (BRASIL, 2002, on-line). Assim, recebe-se carnes,
hortifrutigranjeiros, laticínios, cereais, como o arroz, leguminosas, como o feijão, e demais alimentos.
Durante essa etapa, é realizada a inspeção, a fim de verificar se o estabelecimento está com qualidade,
analisando-se sensorialmente a temperatura e as condições da embalagem, peso etc.
As matérias-primas recebidas são, desse modo, armazenadas em estoque seco ou sob condições de
temperatura controlada, como em refrigeradores ou congeladores. No momento da utilização, dá-se
início a manipulação do alimento. Segundo a RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004, da ANVISA, a
manipulação é entendida como as “operações efetuadas sobre a matéria-prima para obtenção e entrega
ao consumo do alimento preparado, envolvendo as etapas de preparação, embalagem, armazenamento,
transporte, distribuição e exposição à venda” (BRASIL, 2004, on-line).
77
UNICESUMAR
“
[...] alimentos manipulados e preparados em serviços de alimentação, expostos à venda
embalados ou não, subdividindo-se em três categorias: a) Alimentos cozidos, mantidos
quentes e expostos ao consumo; b) Alimentos cozidos, mantidos refrigerados, congelados
ou à temperatura ambiente, que necessitam ou não de aquecimento antes do consumo; c)
Alimentos crus, mantidos refrigerados ou à temperatura ambiente, expostos ao consumo
(BRASIL, 2004, on-line).
A sequência das etapas que são realizadas para a obtenção do alimento preparado é apresentada
em um fluxograma, conforme Figura 1.
Preparo / Cocção
Montagem / Porcionamento
Distribuição
Descrição da Imagem: trata-se de um infográfico. Nele, todas as partes estão conectadas entre si. A primeira etapa consiste na palavra
“Recepção da matéria-prima”, seguido de “Armazenamento (temperatura ambiente ou controlada)”, “Pré-preparo (sanitização, corte,
descongelamento)”, “Preparo/cocção”, “Montagem/porcionamento” e “Distribuição”.
78
UNIDADE 4
Resumidamente, as instituições que integram o setor de alimentação fora do lar objetivam trans-
formar a matéria-prima em alimentos prontos para o consumo. A maneira de disponibilizar os
alimentos prontos ao consumo ao cliente é o que dá origem às formas de distribuição de alimentos.
A tendência da distribuição está estritamente vinculada à modalidade ou ao tipo de distribuição
oferecida, características da própria clientela (atendimento homogêneo ou heterogêneo), assim
como o padrão de atendimento que se deseja atingir.
Além disso, a escolha do tipo de atendimento será influenciada pelo tamanho do refeitório, número de
funcionários atendidos ao mesmo tempo, horário de distribuição das refeições, picos de maior fluxo de
funcionários e tempo em que os funcionários permanecem no refeitório (ANTUNES; DAL BOSCO, 2019).
Outro aspecto primordial ocorre se a UPR é institucional ou comercial. Ele se refere ao pagamento
e ao grau de autonomia do indivíduo em relação à unidade, ou seja, o quanto o usuário pode escolher
entre se alimentar ali ou não. O usuário, por sua vez, recebe diversas denominações: comensal, cliente,
paciente, usuário. Todas elas designam o ser humano que vai se alimentar na UPR.
A primeira modalidade de distribuição que conheceremos é o self-service. Por ser um serviço
rápido, em decorrência da vida moderna, tem alta aceitação, visto que o cliente tem a possibilidade
de montar o próprio prato de acordo com as preferências alimentares.
Essa modalidade de distribuição tem, como princípio, uma linha de distribuição na qual as prepa-
rações são colocadas no balcão e o próprio cliente monta o prato. Desse modo, no refeitório que
utiliza o self-service ou autosserviço, o próprio cliente se serve. Esse sistema consiste, portanto,
em uma linha de balcões expositores que exibem as seções para serviço de pratos frios, quentes,
sobremesas, grill etc. O cliente passa obrigatoriamente por todas as seções.
Segundo o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC, 2007), de acordo com as dimen-
sões do salão ou recinto para distribuição das refeições e/ou quantidade de pessoas a serem servidas,
79
UNICESUMAR
é possível utilizar múltiplas linhas de distribuição. Assim, o cliente tem livre trânsito entre os balcões
para escolher em que seção deseja ir primeiro (também chamado de “setor multiponto de distribuição”).
Nesse sistema, os balcões podem ser alinhados, a fim de formar a linha de distribuição. Em casos em
que há um número de refeições maior, aconselha-se a utilização de “ilhas”, pois elas são uma alternativa
para evitar longas filas no buffet. Com elas, é possível oferecer a mesma variedade de pratos, mas em
mais de um local e no mesmo ambiente. A distribuição pode adotar, ainda, diferentes formatos quando
os balcões se alinham de forma retilínea, curva, em “L”, em “U” ou outras formas.
Os balcões de distribuição são equipamentos destinados à manutenção da temperatura do
alimento. Eles são confeccionados em aço inoxidável e têm cubas removíveis. Quando são do
modelo úmido, são dotados de um sistema de banho-maria, em que a serpentina do equipamento
aquece a água, que, por sua vez, mantém a temperatura do alimento.
Além do mais, há o modelo de balcão frio, que objetiva manter a temperatura dos alimentos frios.
Dentre as variações do balcão, também é utilizado o modelo seco, simbolizado por uma chapa aquecida
ou refrigerada que permanece em contato direto com o alimento, conforme apresentado na Figura 2.
Descrição da Imagem: a figura retrata um balcão refrigerado de distribuição de alimentos. Nele, é possível identificar uma chapa
de aço inox que fica refrigerada com algumas travessas com preparações frias (saladas variadas) em contato direto com essa chapa,
objetivando mantê-las refrigeradas. As travessas estão disponíveis para que o cliente se sirva com os pegadores. Ainda é possível
observar uma estrutura de apoio para que o cliente apoie o prato (corre bandejas) e uma cobertura acima das preparações (protetor
salivar), visando à proteção do balcão.
80
UNIDADE 4
Aluno(a), você sabia que os restaurantes por quilo são uma criação do Brasil? Segundo o Sindicato
dos Restaurantes, Bares e Similares do Espírito Santo (Sindbares) e da Associação Brasileira de
Bares e Restaurantes (Abrasel), a criação nascida no país tem, como inventor, o belo-horizontino
Fred Mata Machado. O primeiro restaurante do empresário funcionava no bairro de Lourdes, na
capital mineira, entre os anos de 1984 e 1987. Desde então, a ideia se espalhou por todo o Brasil.
Fonte: adaptado de Self-service... (2018).
81
UNICESUMAR
“
Após serem submetidos à cocção, os alimentos preparados devem ser mantidos em
condições de tempo e de temperatura que não favoreçam a multiplicação microbiana.
Para conservação a quente, os alimentos devem ser submetidos à temperatura superior
a 60ºC (sessenta graus Celsius) por, no máximo, 6 (seis) horas (BRASIL, 2004, on-line).
Vale ressaltar que a RDC nº 216/2004 orienta que a temperatura dos equipamentos de distribuição
deve ser regularmente monitorada (importante registrar em planilhas de controle), incluindo, ainda, a
necessidade do controle de temperatura de distribuição dos alimentos frios. Antunes e Dal Bosco (2019)
orientam que, no caso do balcão quente úmido, a temperatura da água deve variar entre 80 a 90º C.
Para a disposição de utensílios, como pratos e talheres, podem ser utilizados prateleiras, bancadas ou
carros específicos. Também é possível usar outros equipamentos na área da distribuição: refresqueiras
ou post mix, bebedouros, pass through (quente e refrigerado) e carros de transporte.
82
UNIDADE 4
REALIDADE
AUMENTADA
Caro aluno(a), esta realidade aumentada demonstra o funcionamento do pass trough, um equipamento de apoio à distribuição
de alimentos, essencial à garantia da segurança dos alimentos, visto que mantém a temperatura recomendada.
Em relação aos utensílios que podem ser usados na distribuição, são incluídos os pratos apoiados em
bandejas lisas (feitas, geralmente, de plástico) ou as próprias bandejas estampadas, que são bandejas
próprias para colocação das preparações, com diferentes formatos e divisórias, normalmente, com
quatro ou cinco locais. Elas são de aço inoxidável. Apesar de serem práticas e econômicas por utiliza-
rem um único recipiente para serviço, em alguns locais, encontram-se em desuso.
Segundo Ferreira, Avegliano e Gonzaga (2011), o autosserviço também é chamado de “sistema de fluxo
livre”. Nele, o cliente tem livre trânsito entre os balcões. A desvantagem desse sistema é que existem
contrafluxos, pois existem clientes que estão se servindo e clientes que finalizaram a refeição. Por isso,
83
UNICESUMAR
é importante que haja um planejamento da área, visando reservar uma área de circulação o suficien-
te para evitar choques (conflitos de circulação) entre os usuários. Ao final da área de distribuição e
autosserviço, há a área de dispersão, ou seja, o local onde o cliente termina de se servir nos balcões e
se dirige à mesa. Nessa região, o usuário tem movimentação mais lenta, dado que está com a atenção
dividida entre carregar a bandeja e procurar o local desejado para se sentar.
Outro aspecto importante nesse serviço é o cuidado dos próprios manipuladores de alimentos, que,
frequentemente, estão em contato com os alimentos distribuídos, seja na reposição, seja no contato
com o utensílio para porcionamento. É essencial que os manipuladores adotem procedimentos que
minimizem o risco de contaminação dos alimentos preparados por intermédio da frequente antissepsia
das mãos. Além disso, a área do serviço de alimentação em que é realizado o recebimento de dinhei-
ro, cartões e outros meios utilizados para o pagamento de despesas deve ser reservada da área onde
os alimentos estão expostos. Os funcionários responsáveis por essa atividade não devem manipular
alimentos preparados, independentemente de serem embalados ou não.
Caro(a) aluno(a), se você já passou pela experiência de almoçar em um restaurante popular ou
em um restaurante universitário ou, então, já assistiu a filmes, séries e/ou novelas cujo enredo acon-
tecia em uma escola ou em uma faculdade, provavelmente, já presenciou uma das variações dessa
modalidade de autosserviço, denominada de cafeteria fixa, em que as preparações são mantidas em
um balcão térmico e são servidas aos usuários pelos manipuladores de alimentos (ZOTESSO et al.,
2016). Desse modo, nesse tipo de distribuição, o cliente segue a linha de distribuição e direciona a
própria bandeja, mas é o manipulador de alimentos que coloca a porção do alimento no prato ou
na bandeja estampada. A Figura 3 apresenta essa modalidade.
Descrição da Imagem: a figura retrata um tipo de serviço chamado de “cafeteria fixa”. Nele, há uma bancada de distribuição com
alimentos. De um lado do balcão, está um colaborador da empresa, responsável por colocar uma porção da preparação no prato do
cliente (porcionar) e, do lado oposto, há duas crianças esperando para serem servidas. Essas crianças estão segurando o prato e colo-
cando-o mais próximo do colaborador, para que ele porcione a preparação.
84
UNIDADE 4
Vale ressaltar que a empresa pode optar por trabalhar com o sistema misto, mesclando as pre-
parações em que o comensal pode se servir (autosserviço) às preparações porcionadas pelos
colaboradores da UPR (cafeteria fixa). Geralmente, o que serão porcionadas são as preparações
com maior custo, como o prato principal e a sobremesa.
Quanto às formas de porcionamento controlado, existem dois tipos:
“
Total: a copeira serve o comensal em quantidades pré-estabelecidas. Parcial: um misto de
autosserviço e porcionamento controlado de alguns itens do cardápio, sendo arroz, feijão
e entradas os mais comumente utilizados em autosserviço, por representarem menor
custo no cardápio. Com essa prática evitam-se desperdícios, além de contribuir para o
aumento de satisfação do cliente (CANDIDO et al., 2019, p. 254).
Candido et al. (2019) sustentam que a modalidade de cafeteria fixa também é chamada de “serviço
porcionado”. Normalmente, ela é encontrada em restaurantes populares, com custo baixo, em que o
cliente contribui com uma pequena parcela da refeição e o governo arca com o restante. No sistema
de distribuição que adota o balcão de distribuição, o deslocamento dos clientes é feito por filas. Tra-
ta-se de um serviço ininterrupto. No entanto, caso não haja uma distribuição dos clientes em grupos
homogêneos, podem ocorrer acúmulos em determinados períodos.
Em um restaurante self-service, há a exposição de pratos quentes e frios em balcões. O cliente
monta o próprio prato enquanto circula pelos balcões, fazendo a própria escolha após ver as sugestões
oferecidas. A velocidade de atendimento é rápida, visto que o cliente não tem de esperar pelo prato.
Além disso, o cliente pode visualizar os balcões e realizar a própria composição do prato, visto que os
produtos estão expostos. Assim, as preparações servidas devem variar diariamente, fazendo com que
o cliente não enjoe facilmente da comida.
O planejamento visa estabelecer os parâmetros que contribuirão para a elaboração do cardá-
pio propriamente dito, com o objetivo de atender às expectativas e aos desejos dos clientes em
potencial. Para planejar o cardápio em um self-service, devem ser levados em consideração os
seguintes critérios (TEICHMANN, 2009):
• Perfil da clientela que se queira ter como público-alvo.
• Nível de escolaridade e poder aquisitivo do público-alvo.
• Tipo de trabalho exercido pelos usuários, em caso de UPR institucional.
• Tipo de comida que se pretende oferecer, como típica, regional ou internacional.
• Estação do ano/sazonalidade quando será servido o planejado.
• Fatores de produção e a contribuição ou influência no cardápio.
• Critérios de lucratividade e marketing.
85
UNICESUMAR
Assim, o empratado é um serviço em que o prato já vem da cozinha preparado e montado para
ser servido ao cliente. Dessa forma, o cliente escolhe o prato de preferência de acordo com as
opções que são oferecidas pelo estabelecimento. Assim, o pedido para a cozinha é feito por meio
de uma comanda ou de um impresso utilizado pelo garçom, que tem a finalidade de organizar
e controlar os pedidos efetuados. Esse mesmo pedido gera a elaboração do prato pela cozinha e
o controle dos gastos da mesa, já que é direcionado ao caixa.
86
UNIDADE 4
““
roschi (2018, p. 85):
facilidade de levantamento da ficha técnica;
eliminação das inúmeras travessas para realização do serviço;
redução sensível do tempo operacional de lavar louças;
““
redução de sobra de alimentos;
número de funcionários no salão diminuído sem perder a qualidade de serviço já que
este se torna mais simplificado;
mão de obra na cozinha reduzida, de fácil reposição e treinamento;
armazenagem dos alimentos com espaço físico diminuído devido ao melhor levantamento
“
dos ingredientes necessários;
renovação de estoque se torna mais ágil, com menor perda e menor acúmulo de capital.
Além disso, a empresa tem a liberdade de estruturar o cardápio para que a montagem ocorra de
maneira mais fácil e rápida de executar. Exemplo é deixar pré-preparos em porções individualizadas.
A esteira rolante é outra opção de distribuição dos alimentos. Nessa modalidade, os manipula-
dores de alimentos porcionam as preparações nas bandejas, pratos ou no utensílio usado e os clientes
as recebem prontas em um guichê. O funcionário mais próximo do guichê, com visibilidade para o
refeitório e para a fila de clientes, encarrega-se de operar a movimentação da esteira.
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UNICESUMAR
Essa modalidade também é usada em unidades hospitalares, servindo como uma linha de montagem
das refeições localizada dentro da cozinha. Cada colaborador é responsável por porcionar determinada
preparação na bandeja/pratos. É, portanto, porcionada por colaboradores da UPR e entregue pronta
ao comensal (PROENÇA, 2003). Esse sistema é rápido e o porcionamento fica padronizado. Todavia,
apresenta, como desvantagem, o desperdício, pois não se leva em consideração as preferências e os
hábitos alimentares dos comensais durante o que está sendo porcionado e o quanto está sendo colocado.
Outra possibilidade em relação aos tipos de serviço é a travessa na mesa, um tipo de distribuição
em que a travessa de alimentos é colocada sobre a mesa, o mais próximo possível do prato dos
clientes, que se servem à vontade e montam os próprios pratos.
88
UNIDADE 4
O rodízio também é outra modalidade. Nele, há garçons que servem os pratos disponíveis a
todos os clientes.
Outros sistemas também podem ser usados, principalmente quanto aos serviços mais finos. Assim,
maior deve ser a atenção na montagem de mesa e no tipo de serviço. Alguns serviços extremamente
finos de serem usados em UPR são (TEICHMANN, 2009):
• Serviço à francesa: ao servir, o garçom segura o prato com a mão esquerda e se posiciona ao lado
esquerdo do cliente, com os talheres de serviço virados para ele, que pode se servir livremente.
Segundo o protocolo, as mulheres são servidas primeiro e os clientes devem esperar que todos
sejam servidos para começar a comer. Em outras palavras, o próprio cliente se serve da bandeja.
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UNICESUMAR
• Serviço à inglesa direto: é muito semelhante ao estilo de serviço dos rodízios brasileiros, como
os das churrascarias e das pizzarias. Nele, o garçom mostra o prato ao cliente antes de servir,
para aprovação. Se aprovado, o prato é servido ao cliente, sempre do lado esquerdo.
• Serviço à inglesa indireto: nesse tipo de serviço, o cliente também aprova o prato antes
de ser servido. Todavia, há uma montagem diferenciada. Nessa montagem, é utilizado um
aparador ou mesa auxiliar chamado de “guéridon”. Então, o garçom traz a travessa da cozinha
e a apresenta ao cliente, para que ele aprove. Depois, o garçom coloca a travessa no guéri-
don para porcionar no prato do cliente, servindo-o pelo lado esquerdo. Quando o cliente
termina de comer, a retirada do prato ocorre pelo lado esquerdo e, caso ocorra reposição da
preparação, é usado o serviço à inglesa direto.
90
UNIDADE 4
Segundo o SENAC (2007), há outras variações nas UPR hospitalares no que diz respeito à distribuição
das preparações para pacientes, pois ela pode acontecer de maneira centralizada, descentralizada ou mista.
A distribuição centralizada é o sistema em que as refeições são preparadas e porcionadas no mesmo
local e são transportadas para os andares de distribuição em carros isotérmicos para manter a temperatura.
Considera-se um sistema de distribuição prático e funcional. Na UPR, a refeição preparada é colocada
em um recipiente de aço inoxidável e levada até o balcão de distribuição localizada no mesmo andar.
91
UNICESUMAR
Esse método carrega inúmeras vantagens, de acordo com Roberto et al. (2013):
• Redução do número e do tamanho das copas nas unidades de internação, pois não será neces-
sário espaço para porcionamento em cada copo.
• Diminuição da ocorrência de enganos e erros no porcionamento das dietas programadas para
os pacientes.
• Por ser preparada e porcionada no mesmo local, a manutenção da temperatura é maior e a
manipulação dos alimentos é menor, reduzindo o risco de contaminação pela temperatura
inadequada e excesso de manipulação.
• A distribuição se torna mais rápida e higiênica.
• O porcionamento ocorre de maneira padronizada, pois são as mesmas pessoas envolvidas
nessa etapa.
• Há melhor aproveitamento da mão de obra e melhor supervisão por parte do responsável técnico.
Também há a distribuição mista, que mescla os dois tipos de distribuição, obtendo, assim, maior pra-
ticidade e qualidade na distribuição das refeições. Geralmente, nesse sistema, nas refeições maiores,
como almoço e jantar, é utilizada a distribuição centralizada, enquanto, nas refeições menores, como
o desjejum, a colação e o lanche, é utilizada a distribuição descentralizada.
Vale ressaltar, aluno(a), que, neste momento, abordamos a distribuição das refeições de pacientes. No
entanto, em hospitais, também há a distribuição de refeições para funcionários e acompanhantes, que
poderão utilizar as diferentes modalidades citadas, tendo em vista que os funcionários, por exemplo,
podem ter acesso às refeições em um refeitório próprio, que possui o sistema de autosserviço. Dessa
maneira, uma empresa ou instituição pode mesclar os tipos de serviço de acordo com a clientela-alvo.
92
UNIDADE 4
Chegamos ao fim desta unidade. Precisamos entender que cada tipo de UPR terá própria constitui-
ção e modalidade de distribuição. Inclusive, é possível mesclar diferentes modalidades. Por exemplo,
em um restaurante comercial, é possível optar por trabalhar com o sistema self-service no almoço e
à la carte no jantar, mesclando, ainda, com o sistema de delivery. Portanto, cabe ao nutricionista estar
atento e acompanhar as tendências e as inovações que ocorrem no mercado de alimentação fora do lar!
93
Caro(a) aluno(a), vamos testar os seus conhecimentos? Para iniciar, sugiro que você construa um
mapa mental, a fim de identificar as modalidades de distribuição e as respectivas características.
O que acha de continuar o mapa mental sugerido? Continue a sua construção trazendo outras
modalidades de distribuição e características.
Utilização de buffet
94
1. Atualmente, há um mercado de alimentação fora do lar que está em franca expansão. Há
diversas opções, desde as mais simples até as mais requintadas, com cardápios e custos
para agradar a todos os clientes. Isso possibilita a criação de diferentes modalidades de
distribuição de alimentos.
As modalidades de distribuição também são aplicadas nas diferentes UPR, assim como é o
caso das hospitalares. Considerando o que foi estudado, diferencie, de maneira sucinta, os
sistemas de distribuição centralizado, descentralizado e misto em UPR hospitalares.
Considerando a distribuição em balcão de distribuição, analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas:
I) Uma das modalidades em que são utilizados balcões térmicos é o autosserviço. Nele, o próprio
comensal tem a possibilidade de porcionar a refeição de acordo com a preferência.
PORQUE
II) Essa modalidade permite a personalização, pois o cliente pode se servir à vontade ou por
quilo, diferenciando-se na forma de cobrança.
Assinale a alternativa correta:
95
A respeito da mescla de diferentes possibilidades de distribuição de alimentos em uma churras-
caria, analise as afirmativas a seguir e assinale (V) para a(s) Verdadeira(s) e (F) para a(s) Falsa(s):
a) F, F, F, F.
b) V, F, F, V.
c) F, V, V, F.
d) V, F, F, F.
e) V, V, F, V.
96
5
Planejamento
Físico em Unidades
Produtoras de
Refeições (UPR)
Me. Thanise Pitelli de Nigro
POlá, aluno(a)! Para iniciarmos o nosso estudo, proponho que você reflita sobre a cozinha dos diferentes
restaurantes que já frequentou. Para produzir e servir um grande número de refeições e operaciona-
lizar as diferentes preparações a serem servidas, é necessário que as operações aconteçam de maneira
organizada. Você já imaginou como é o funcionamento da cozinha de um restaurante?
O nutricionista pode atuar, com base no Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), na área iden-
tificada como “Nutrição em Alimentação Coletiva”, ao “participar do planejamento e da supervisão da
implantação ou adequação de instalações físicas, equipamentos e utensílios da Unidade de Alimentação
e Nutrição (UAN)” (CFN, 2018, on-line). A participação se justifica, visto que o nutricionista conhece as
regulamentações e compreende o funcionamento operacional da produção de alimentos. É, portanto,
um importante profissional integrante das equipes multiprofissionais.
Você já foi a um restaurante e observou os bastidores da cozinha? Acredito que, durante a graduação,
você desenvolverá um lado mais observador durante a manipulação de alimentos, pensando, sobre-
tudo, nas Boas Práticas de Manipulação de Alimentos. Neste momento, reflita sobre as operações que
ocorrem durante a produção de um alimento, isto é, todo o caminho que ele percorre até chegar ao
restaurante e, depois, em todos os processos necessários para chegar até o consumidor final.
Sugiro, aluno(a), que você pense desde o recebimento das matérias-primas pelo fornecedor até
a distribuição dos alimentos. Nesse processo, diversas etapas são realizadas e precisam respeitar as
normas para o planejamento físico funcional.
Reflita sobre a importância que o nutricionista possui nessa etapa, já que ele é um profissional
importante tanto na operação quanto na etapa de planejamento das áreas, ao contribuir com o co-
nhecimento relativo às Boas Práticas e à melhor operacionalização da produção de refeições. Utilize
o diário de bordo para anotar os setores importantes a uma UPR.
98
UNIDADE 5
Caro(a) aluno(a), inicialmente, precisamos compreender o planejamento físico de uma UPR, pois,
para que esse planejamento seja eficiente, ele deve contemplar o arranjo físico-funcional, os processos
de trabalho de acordo com as características da UPR, a segurança e o conforto dos funcionários, visando
demonstrar ao cliente a imagem que se espera. Além disso, o planejamento tem, como foco, garantir
segurança aos colaboradores no desempenho do trabalho, possibilitar a segurança dos alimentos
manipulados e garantir a satisfação dos clientes.
Independentemente do ramo ou da vertente em que a UPR se enquadra, seja comercial, seja indus-
trial, seja escolar, nas mais diferentes modalidades de distribuição, ela depende de um planejamento
físico adequado de todo o conjunto das áreas de processamento (conhecido popularmente como
“cozinha”), distribuição e consumo (denominado “salão” ou “refeitório”), incluindo as demais áreas
existentes, tais como os locais de armazenamento e higienização dos utensílios.
Além do ponto de vista estético, o planejamento das áreas deve ser efetuado segundo as regulamenta-
ções dos órgãos competentes, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o Ministério
do Trabalho e Emprego e o Corpo de Bombeiros. As regulamentações são propostas por diferentes órgãos,
tendo em vista que o adequado planejamento físico e funcional está diretamente relacionado à qualidade
das refeições, que visa à manutenção da saúde, à segurança e à satisfação dos clientes.
99
UNICESUMAR
Além disso, é possível afirmar que uma estrutura física adequada contribui diretamente para a con-
quista de benefícios à empresa, como a possibilidade de diversificar o cardápio (a falta de espaço e
de equipamentos pode ser um fator limitante), garantir a produção das refeições de acordo com os
padrões de qualidade esperados pelos órgãos regulamentadores e fiscalizadores, garantir o conforto,
a redução dos agravos à saúde e a satisfação de clientes e funcionários, garantir a economia de movi-
mentos desnecessários e cruzamentos que podem causar atrasos, contaminação cruzada, acidentes de
trabalho e aumento nos custos operacionais (SANT’ANA, 2012).
Aluno(a), vale ressaltar que o planejamento físico funcional é um trabalho de natureza abrangente
e complexa, uma vez que abrange o dimensionamento e o planejamento de diferentes setores, ins-
talações hidráulicas e de energia, e seleção e dimensionamento de equipamentos. Por esse motivo, é
essencial que seja feito por uma equipe multiprofissional, incluindo engenheiro, arquiteto, gastrônomo
e, principalmente, nutricionista, pois entende as legislações em vigor, vivencia os processos de trabalho
e conhece as necessidades e características dos diferentes estabelecimentos.
Apesar de existirem sugestões para o dimensionamento das áreas, como os restaurantes populares,
em que é sugerido destinar 40% da área para salão, 20% para o recebimento/armazenamento, 30%
para a cozinha e 10% às demais áreas, é preciso compreender que cada UPR é dotada de caracte-
rísticas próprias e que determinam os setores e a distribuição da área.
100
UNIDADE 5
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Refeição Coletiva (ABERC, 2015), a UPR deve es-
tar preferencialmente localizada em andar térreo, proporcionando fácil acesso e melhor iluminação
e ventilação. Tecnicamente, o formato mais recomendado é o retangular, visto que propicia melhor
distribuição dos equipamentos e das áreas. A distribuição deve propiciar um fluxo linear das etapas.
Para o planejamento do fluxo linear é necessário, inicialmente, conhecer e determinar o fluxo
operacional. Sant’Ana (2012), afirma que o fluxograma deve ser ordenado e projetado objetivando
identificar a ordem em que as etapas ocorrem. É preciso evitar cruzamentos das etapas, por exemplo,
a preparação de alimentos e a higienização dos utensílios. Ao levantar o fluxo das operações, é possível
prever os locais específicos para cada operação. O fluxograma é utilizado, desse modo, com o objetivo
de ilustrar os fluxos dos setores da UPR. A seguir, é exibido um fluxograma básico de uma UPR, com
as respectivas descrições das etapas realizadas.
Podem ser sob congelamento: alimentos são armazenados a temperatura controlada, abaixo
de 0ºC, em congelador ou freezer. Sob refrigeração: armazenados a temperatura controlada,
ARMAZENAMENTO entre 0-10ºC, em refrigerador ou geladeira. Ou em estoque seco: alimentos que não
requerem controle de temperatura baixa são armazenados a temperatura ambiente
Figura 1 - Fluxograma das etapas operacionais básicas de uma UPR / Fonte: adaptada de ABERC (2015).
Descrição da Imagem: trata-se de uma sequência ou fluxo em que todas as partes estão conectadas entre si e, para cada etapa, há uma
descrição. A sequência consiste nas seguintes etapas: “Recebimento: etapa em que é recebido o material entregue por um fornecedor,
avaliando quantitativa e qualitativamente dentro dos critérios de cada produto”; “Armazenamento: pode ser sob congelamento: alimentos
são armazenados a temperatura controlada, abaixo de 0º C, em congelador ou freezer. Sob refrigeração: os alimentos são armazenados
a temperatura controlada, entre 0-10º C, em refrigerador ou geladeira. Ou em estoque seco: alimentos que não requerem controle de
temperatura baixa são armazenados à temperatura ambiente”; “Pré-preparo: etapa em que os alimentos sofrem modificações, como
descongelamento, sanitização, descasque, corte, tempero, entre outros”; “Preparo/cocção: etapa em que os alimentos são submetidos
às etapas que envolvem calor, como cozidos, fritos, assados, grelhados etc.)”; “Porcionamento: etapa em que os alimentos preparados
são porcionados em quantidades menores para serem colocados em pratos, travessas, cubas/GNs;” e “Distribuição: etapa em que os
alimentos preparados e prontos para o consumo são expostos e/ou entregues aos clientes”.
Vale ressaltar que cada UPR deve estruturar o próprio fluxograma, já que é um processo individuali-
zado e deve contemplar o fluxo das matérias-primas recebidas, de pessoal, de uso dos equipamentos
e de retirada de lixo. Eles devem ser levados em consideração durante o planejamento, a fim de evitar
101
UNICESUMAR
cruzamentos e interferências, já que, além do tempo e dos métodos, o fluxo de trabalho tem influência
na saúde, incluindo possíveis contaminações alimentares (ABREU; SPINELLI; ZANARDI, 2003).
Dessa forma, é preciso percorrer o fluxograma da área, com o intuito de identificar possíveis cru-
zamentos das atividades de pessoas e/ou mercadorias, seja para um processo de trabalho adequado,
seja para a manipulação de alimentos. Assim, o alimento deve ter um caminho destinado sempre à
frente e sem cruzamentos.
Agora, entenderemos os aspectos referentes à edificação e que são comuns a todos os setores. Uma
das legislações básicas é a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 216 da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), de 15 de setembro de 2004, a qual estabelece o regulamento técnico
das boas práticas em serviços de alimentação. O primeiro item abordado trata da edificação, das ins-
talações, dos equipamentos, dos móveis e dos utensílios:
“
A edificação e as instalações devem ser projetadas de forma a possibilitar um fluxo ordenado
e sem cruzamentos em todas as etapas da preparação de alimentos e a facilitar as opera-
ções de manutenção, limpeza e, quando for o caso, desinfecção. O acesso às instalações
deve ser controlado e independente, não comum a outros usos. O dimensionamento da
edificação e das instalações deve ser compatível com todas as operações. Deve existir
separação entre as diferentes atividades por meios físicos ou por outros meios eficazes
de forma a evitar a contaminação cruzada (BRASIL, 2004, on-line).
102
UNIDADE 5
NO, 2011). Por isso, são características desejáveis à edificação: a resistência mecânica a atritos, pressão,
agentes químicos, abrasivos e temperaturas (baixas ou altas), a durabilidade, os cantos arredondados
(ângulos abaulados) na interface entre a parede e o piso e a parede e o teto, e a utilização de cores claras.
Outro aspecto importante de acordo com a ABERC (2015) é o fato de que os pisos devem ter declive
satisfatório, a fim de que a água usada na higiene seja direcionada aos ralos, não permitindo que ela fique
estagnada. Os ralos, por sua vez, devem ser sifonados e com grelhas que impeçam a entrada de pragas.
Brinques (2015) ainda afirma que as portas e as janelas devem ser projetadas com um material de
fácil limpeza e feitas de materiais que possibilitem evitar o acúmulo de sujidades. No caso das portas,
é preciso colocar uma borracha de vedação na extremidade inferior, sobretudo, nas áreas de produção
e de armazenamento, a fim de evitar a entrada de insetos e roedores.
A própria RDC nº 216/2004 afirma que as áreas devem ser ajustadas aos batentes e que as portas
da área de preparação e armazenamento de alimentos devem ser dotadas de fechamento automático.
Todas as aberturas externas das áreas de armazenamento e preparação de alimentos (incluindo o sis-
tema de exaustão) devem ser providas de telas milimetradas para impedir o acesso de vetores e pragas
urbanas. Também precisam ser removíveis para facilitar a limpeza periódica.
As aberturas, como portas e janelas, são essenciais para permitir adequada ventilação e iluminação
da área de produção. É necessário estabelecer condições para que o ambiente de trabalho seja limpo,
agradável e evite acidentes de trabalho. Portanto, analisar a umidade, a temperatura, a ventilação, a
iluminação e os ruídos é imprescindível.
Inclusive, a ventilação é essencial para garantir a renovação do ar e a manutenção do ambiente
livre de fungos (as UPR têm umidade alta, o que favorece a proliferação de fungos), gases, fumaça,
pós, partículas em suspensão, condensação de vapores e outros elementos que possam comprometer
a qualidade higiênico-sanitária do alimento e possibilitar condições insalubres de trabalho.
Além das normativas da ANVISA, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece
padrões aos fatores citados, como a NBR 14518:2019, que trata dos sistemas de ventilação para cozinhas
profissionais, a NBR 5413:1992, que dispõe sobre a iluminância de interiores e a NBR 10152:1987, que
trata dos níveis de ruído ao conforto acústico. É válido reforçar que é necessária atualização profissional
para compreensão das exigências pelos diferentes órgãos regulamentadores.
Além da edificação das áreas, as superfícies dos equipamentos, móveis e utensílios que são usados nas
diversas operações da empresa, como armazenamento, preparo, embalagem, transporte e distribui-
103
UNICESUMAR
ção, devem ser compostas por materiais que não (ou outro sistema higiênico e seguro de secagem
transmitam substâncias tóxicas, odores e sabores das mãos) e recipiente de lixo com tampa que
aos alimentos. Portanto, devem ser lisas, imper- é acionada sem o contato manual (MEZOMO,
meáveis, laváveis e mantidas em adequado estado 2002). Além disso, é preciso incluir as instruções
de conservação. Também precisam ser resistentes de higienização correta das mãos.
às operações de limpeza e desinfecção. Na Figura Outros dois fatores essenciais são (SENAC,
2, são apresentadas superfícies de aço inoxidável. 2007):
• O abastecimento de água: a água deve ser
potável e precisa estar ligada à rede pública
ou a outra fonte, com a potabilidade atesta-
da por meio do laudo de análise validado a
cada seis meses. Os reservatórios precisam
ser devidamente protegidos contra infil-
trações, com volume e pressões adequadas,
dotados de tampas, em perfeitas condições
de uso, livres de vazamentos, infiltrações e
descascamentos.
Figura 2 - Superfícies, equipamentos e utensílios feitos de
• O esgoto: o sistema de canalização que eli-
aço inoxidável mina os rejeitos deve ser adequadamente
dimensionado, a fim de suportar a carga
Descrição da Imagem: trata-se de uma fotografia de um am- máxima estimada, com encanamentos que
biente que apresenta uma superfície feita de aço inoxidável
em bancadas e equipamentos. É apresentado um refrigerador não apresentem vazamentos e providos
(à esquerda), máquina de lavar louça (ao lado do refrigera-
dor), bancada, pia (ao lado da máquina de lavar), torneira e de sifões e respiradouros apropriados, de
armários aéreos. Nota-se, ainda, uma janela do lado direito
da imagem e duas lixeiras abaixo da janela. modo que não haja a possibilidade de con-
taminação e poluição da água potável.
Toda edificação deve, ainda, estar isenta de rugo- Depois de entender os aspectos gerais, é impor-
sidades, frestas e outras imperfeições que possam tante ressaltar que a RDC nº 275/2002 afirma
comprometer a higienização e ser fontes de con- que é necessário um layout (ou leiaute) adequado
taminação dos alimentos. Atenção, aluno(a), é por ao processo produtivo, em consonância com o
esse motivo que alguns materiais não podem ser número, a capacidade e a distribuição das depen-
utilizados em UPR, como os utensílios de madeira. dências, e de acordo com o ramo de atividade e
Durante a edificação, é preciso instalar lavató- o volume de produção e de expedição (BRASIL,
rios exclusivos para a higiene das mãos na área de 2002). Portanto, conheceremos as particularida-
manipulação, e não somente nos banheiros. Eles des de cada um dos setores necessários para que
devem ser localizados em locais estratégicos em as operações do fluxograma ocorram de maneira
relação ao fluxo de preparo. Além disso, precisam organizada e sigam o fluxo linear, a fim de que
ser abastecidos com sabonete líquido inodoro não haja cruzamentos. Começaremos pela área
antisséptico (ou sabonete líquido inodoro e pro- de recebimento de matérias-primas.
duto antisséptico), toalhas de papel não reciclado
104
UNIDADE 5
Figura 3 - Representação da área de recebimento e armazenamento de matérias-primas / Fonte: Brasil (2007, p. 15).
Descrição da Imagem: trata-se de uma ilustração de um leiaute de áreas de recebimento e armazenamento divididas em salas/am-
bientes. É apresentada, na parte superior, do lado esquerdo, a área de recepção e pré-higienização de matérias-primas. Nela, é possível
identificar a presença de bancadas de apoio, pia para higienização, estrados para colocação das sacarias, balança para pesagem dos
alimentos e carro de transporte. Do lado esquerdo à área que foi mencionada, são apresentadas as áreas de depósito de materiais
de limpeza e de caixas. Na parte inferior, do lado esquerdo e abaixo da área de recepção e pré-higienização de matérias-primas, há
câmaras frias, que contêm uma porta que leva a um corredor. Do outro lado dele, há a área da administração e controle e, ao lado,
uma despensa. Também é possível identificar um estreito corredor separando as áreas de depósito de materiais de limpeza e depósito
de caixas com as áreas de administração e controle, e despensa.
Como se trata da primeira etapa do fluxo de produção de alimentos, o setor de recebimento de ma-
térias-primas deve estar próximo da entrada, ser um local de fácil acesso aos fornecedores e deve
possibilitar a conferência quantitativa, já que o material deve ter a quantidade checada de acordo com
o pedido de compras e a conferência qualitativa, incluindo as condições da embalagem e sensoriais,
tais como aroma, cor, consistência e, principalmente, a temperatura, dado que cada mercadoria tem
recomendações específicas.
105
UNICESUMAR
“
mentícios ou não alimentícios (como químicos e
4.7.3 As matérias-primas, os embalagens) em um ambiente que proteja a inte-
ingredientes e as embala- gridade e a qualidade, protegendo-os dos perigos
gens devem ser submetidos e evitando a proliferação de microrganismos e
à inspeção e aprovados na danos aos recipientes ou embalagens.
recepção. As embalagens pri- O espaço requerido para estocagem ou arma-
márias das matérias-primas zenamento de matérias-primas varia de acordo
e dos ingredientes devem com o tipo de serviço prestado e da estratégia de
estar íntegras. A temperatu- abastecimento. Um exemplo é manter estoques
ra das matérias-primas e in- para o período semanal ou quinzenal. A empresa
gredientes que necessitem de pode preferir a compra de gêneros pré-elabora-
condições especiais de con- dos, como vegetais minimamente processados, ou
servação deve ser verificada pré-misturas para preparos diversos. Tudo deve
nas etapas de recepção e de ser separado em matérias-primas alimentares,
armazenamento. materiais descartáveis, produtos químicos e ma-
4.7.4 Os lotes das matérias- teriais de escritório, objetivando a proteção aos
-primas, dos ingredientes ou perigos e a facilitação da organização.
das embalagens reprovados Além disso, é necessário respeitar o sistema
ou com prazos de validade “Primeiro que Vence, Primeiro que Sai”, também
vencidos devem ser imedia- conhecido pela sigla PVPS, que tem, como base,
tamente devolvidos ao for- a organização do estoque por ordem de validade
necedor e, na impossibilida- dos produtos (ABERC, 2015). Isso é reforçado na
de, devem ser devidamente RDC nº 216/2004, visto que os alimentos devem
identificados e armazenados estar adequadamente acondicionados e identifi-
separadamente. Deve ser cados. A utilização deles precisa respeitar o prazo
106
UNIDADE 5
de validade. Em relação aos alimentos dispensa- gem dos panos. O armazenamento de alimentos
dos da obrigatoriedade da indicação do prazo de possibilita itens à disposição no momento em
validade, deve ser observada a ordem de entrada que é necessário prosseguir com o preparo do
(BRASIL, 2004). alimento. Assim, com os itens disponíveis na UPR,
O armazenamento de matérias-primas pode é possível dar sequência à produção, iniciando a
ocorrer, portanto, em uma temperatura ambiente etapa chamada de pré-preparo dos alimentos.
aos gêneros não perecíveis, tipo de armazena-
mento também conhecido como “despensa” ou
“estoque seco”, o qual é destinado ao armazena-
mento de produtos, como farináceos, cereais e
leguminosas. A área deve ser bem arejada e evitar
a incidência direta do sol. As prateleiras de apoio
devem estar distantes da parede em torno de 10
cm, localizadas a 25 cm do piso e com distância de
60 cm do teto, para permitir boa circulação de ar
(ABERC, 2015). No que diz respeito ao armazena-
mento de sacarias, enlatados e alimentos que não
serão colocados em prateleiras, é recomendada a
utilização de estrados, que devem ser de material
liso, resistente, impermeável e lavável.
O estoque frio ou estoque à temperatura con-
trolada, compreende refrigeradores, congeladores
e/ou câmaras frias. A escolha do formato de esto-
cagem a frio varia conforme a frequência de uso,
a quantidade de matérias-primas adquiridas e o
espaço disponível de cada empresa. Há a reco-
mendação de separar os alimentos armazenados,
evitando a contaminação cruzada (por exemplo,
separando as carnes de diferentes origens). Como Os setores de pré-preparo de alimentos podem
fator de qualidade essencial, é necessário manter ser divididos em: carnes, aves e pescados, vegetais,
a temperatura recomendada, a qual, para os con- massa e guarnições, sobremesas, sucos e pequenas
gelados, é de -18º C ou inferior e, para os refrige- refeições e lanches (ABERC, 2015), não necessa-
rados, é de 4º a 6º C. riamente abordando e se restringindo a elas, visto
Vale ressaltar que alguns estabelecimentos têm que dependem de cada tipo de estabelecimento.
uma área separada, chamada de Depósito para Nesse setor, serão realizadas todas as operações
Materiais de Limpeza (DML). Trata-se de uma que antecedem a elaboração das refeições e deve
área destinada à guarda de todos os produtos de haver a preocupação com a movimentação do
limpeza, insumos, como rodos e vassouras, e equi- pessoal, a facilidade de transporte dos produtos
pamentos de manutenção do restaurante. Alguns e a separação das atividades, visando evitar a con-
locais incluem, nessa área, um tanque para lava- taminação cruzada.
107
UNICESUMAR
Figura 4 - Representação da área de pré-preparo de carnes e de hortifrúti / Fonte: Brasil (2007, p. 17-18).
Descrição da Imagem: trata-se de um leiaute de áreas de pré-preparo mais comuns em UPR: carnes e hortifrúti. À esquerda, é apre-
sentada a área de hortifrúti, que contém uma bancada de manipulação, pias de higienização, ralos nos pisos e equipamentos, como
processador de alimentos, liquidificador e descascador de batatas. À direita, há a área de carnes, que contém bancadas de manipu-
lação, mesa com tampa de altileno para efetuar os cortes, pias para higienização e ralos nos pisos. Nessa área, é possível identificar
equipamentos, como carro para transporte de resíduos, amaciador e picador de carnes.
Santa’Ana (2012) afirma que a limitação dos espaços disponíveis, associada à tendência de redução
ou eliminação de alguns setores, torna necessária a associação de setores que seriam comuns a mais
de uma atividade (por exemplo, a união do setor de massas com o setor de sobremesas) ou, ainda, a
utilização do setor em horários distintos para diferentes atividades.
Assim, é preciso adequar a realidade de cada empresa, mas é importante que o setor esteja separado
de acordo com a classificação das tarefas afins, visando proteger os alimentos de contaminação cruzada.
Por isso, no mínimo, é preciso realizar uma divisão entre as etapas de pré-preparo de carnes e de vege-
tais. Essa separação também é necessária, pois, em relação às carnes, o espaço precisa ser climatizado
com uma temperatura entre 12º e 18° C. O espaço para os vegetais deve ter estrutura disponível para
a sanitização (ABERC, 2015).
Os equipamentos básicos, por área de trabalho, de acordo com Isosaki et al. (2014), são:
Nas áreas de pré-preparo de vegetais: processador de legumes, cortador de legumes e centrífuga
para secagem de folhas.
Nas áreas de pré-preparo de carnes: moedor de carnes, cortador/fatiador de frios, refrigeradores e
climatizador.
A RDC nº 275/2002 afirma que os locais de pré-preparo (“área suja”) devem ser isolados da área de
preparo por barreira física ou técnica, com fluxo ordenado, linear e sem cruzamento (BRASIL, 2002).
Assim, adjacente à área de pré-preparo, de forma a contribuir com o fluxo ordenado, há as áreas
de preparo de alimentos. De acordo com a ABERC (2015), essa área deve se situar entre as áreas de
pré-preparo e expedição das preparações. O setor de cocção é o espaço destinado ao preparo dos
108
UNIDADE 5
alimentos que serão consumidos e representa a área destinada à cocção dos alimentos, como grelhar,
assar, fritar e cozinhar. Os equipamentos específicos para cada tipo de cocção podem ser separados
para evitar concentração de calor e de funcionários em um único espaço, reduzindo o desconforto
térmico e os acidentes de trabalho.
Descrição da Imagem:trata-se de um leiaute da área de preparo ou cocção. Nela, é possível identificar alguns equipamentos, sendo
três caldeirões, um fogão e uma chapa no formato de ilha (ou seja, no meio da cozinha). Acima deles, está a coifa, que abrigará os
vapores gerados. Também é possível identificar alguns detalhes estruturais, como revestimento cerâmico de alta resistência nas pare-
des, seguido de uma pintura lavável e impermeável na altura próxima ao teto. O piso é industrial de alta resistência, com grelhas para
escoamento da água aos ralos. Também são identificadas as janelas na parte superior esquerda da parede para exaustão natural. Na
parede do fundo, nota-se uma bancada aérea com pia e seis sombras em tom de vermelho, representando o contorno de pessoas,
que estão de pé em diferentes locais na imagem.
Inclui-se, nesse setor, a necessidade de instalação de um sistema de sucção de gases e vapores gerados
na cocção, como coifa e exaustor. As coifas devem se estender em 15 cm das medidas do entorno dos
equipamentos a serem instalados abaixo, visando maior eficiência. A Figura 6 apresenta essa estrutura.
109
UNICESUMAR
Descrição da Imagem: trata-se de um desenho dos equipamentos geradores de calor. Há dois fornos do lado direito, um fogão, chapa
e banho-maria do lado esquerdo. Esses equipamentos estão cobertos por coifas, que devem ser instaladas a 1,8 a 2,0 m de altura do
piso (conforme orientação presente na imagem na lateral direita), visando abrigar os vapores gerados na cocção, representados por
flechas que seguem em direção à coifa. Eles percorrerão o duto, para que sejam eliminados pela estrutura acima do teto, o exaustor,
que faz a sucção dos vapores e os elimina na área externa.
Basicamente, a coifa é a responsável por abrigar os vapores e a fumaça, que serão conduzidos pelo duto
para que possam ser eliminados pelo exaustor, equipamento responsável pela sucção. Esse sistema deve
englobar os equipamentos geradores de calor e a manutenção periódica é essencial para a segurança
no trabalho. Um ponto citado e que é reforçado na RDC nº 275/2002 é que o sistema de exaustão e/
ou insuflamento deve ser dotado de filtros adequados (BRASIL, 2002).
A quantidade, o tipo e as características dos equipamentos necessários na cozinha dependem do
tipo de estabelecimento. Isosaki et al. (2014) exibem, como equipamentos dessa área, os seguintes itens:
fogão, forno, fritadeira, chapas e grelhas, banho-maria, coifa e exaustor, processadores de alimentos,
batedeira, liquidificador e triturador de alimentos.
Os alimentos preparados estão prontos para o consumo. Desse modo, são encaminhados ao cliente.
Em determinadas UPR, há os locais para porcionamento, distribuição e consumo de alimentos,
ou seja, os locais em que os alimentos preparados na cozinha serão porcionados em cubas/GNs ou
nos pratos dos clientes, acondicionados para o transporte, servidos aos clientes diretamente na mesa
110
UNIDADE 5
(serviço empratado) ou dispostos no balcão de distribuição (autosserviço), sendo uma área adjacente
à cozinha. Próximo à área de distribuição, é comum encontrar o refeitório, que, geralmente, constitui
o espaço para atendimento aos clientes.
Figura 7 - Representação da área de distribuição com balcão de distribuição / Fonte: Brasil (2007, p. 28).
Descrição da Imagem: trata-se de um leiaute da área de distribuição. Ela é representada por um salão em que há mesas e cadeiras
para que os clientes realizem refeições, também chamado de refeitório. É possível visualizar o sistema de autosserviço, pois há uma
linha de distribuição com pratos e talheres, o balcão térmico de distribuição e a refresqueira de suco. Também há um guichê para a
devolução da bandeja. Adjacente a essa área, está o pass through, localizado próximo à cozinha.
Cada UPR pode adotar modalidades diferentes de distribuição de alimentos. Portanto, em cada uma,
são necessários equipamentos, tais como balcão de distribuição e pass through. Basicamente, essa área
varia conforme o tipo ou a modalidade de distribuição oferecida e os padrões de atendimento.
O objetivo dos estabelecimentos é fornecer uma alimentação adequada, além de dar atendimento
aos clientes com cortesia e conforto. Diante disso, o setor deve ser planejado, construído e montado
cuidadosamente. Também deve estar de acordo com o estilo do estabelecimento e cardápio oferecido.
Por exemplo, restaurantes do tipo fast food podem ter um ambiente de atendimento mais simples,
enquanto restaurantes com cardápio requintado necessitam de um ambiente mais sofisticado.
Outro ponto imprescindível às empresas são as áreas de apoio, que, apesar de não serem áreas em
que a manipulação direta de alimentos acontece, devem estar presentes nas UPR. As áreas de apoio
também são imprescindíveis para as empresas e compreendem, segundo Santa’Ana (2012):
111
UNICESUMAR
Outros setores podem ser necessários, tais como central de gás e local para armazenamento de resíduos
(recicláveis, rejeito e orgânico). Nesses casos, deve-se atentar aos requisitos exigidos, respectivamente,
pelo corpo de bombeiros, já que depende do tipo de gás, da capacidade do botijão usado e das regras
municipais acerca da separação e destinação dos resíduos.
Os setores de higienização são locais destinados às atividades que envolvem o processo de higie-
nização de equipamentos, utensílios e louças. Quando separados, visam garantir o bom controle
higiênico-sanitário em todas as etapas dos fluxos operacionais. Eles podem ser subdivididos em
duas áreas:
Setor de higienização e armazenamento de utensílios da cozinha: precisa estar próxima às
áreas onde houver a utilização dos utensílios e equipamentos citados e tem como objetivo higienizar
os utensílios que são usados na manipulação, como panelas, tábuas e facas.
Setor de higienização de utensílios do refeitório (bandejas e talheres): precisa ser a mais
fechada possível em relação ao refeitório, apenas mantendo uma abertura para devolução de ban-
dejas/pratos e talheres. A localização deve ser próxima à porta de saída dos usuários e longe da
área de distribuição das refeições, a fim de evitar o fluxo cruzado de usuários.
Fonte: adaptado de Brasil (2007).
Outro ponto importante se refere ao manejo dos resíduos, visto que as operações não podem propiciar
cruzamento das atividades. Segundo a RDC nº 216/2004, o estabelecimento deve dispor de recipientes
identificados (quanto aos resíduos a serem descartados), íntegros e de fácil higienização e transporte.
Eles devem ser mantidos em número e capacidade suficientes para conter os resíduos, sendo dotados
de tampas acionadas sem contato manual.
Além disso, os resíduos devem ser frequentemente coletados e estocados em local fechado e isolado
da área de preparação e armazenamento dos alimentos, de forma a evitar focos de contaminação e
atração de vetores e pragas urbanas (BRASIL, 2004). Isso demonstra a necessidade de o estabelecimento
112
UNIDADE 5
ter uma área destinada ao armazenamento de facas de todos os tipos, pedra de amolar, fouet (ou
resíduos até que eles sejam encaminhados à desti- batedor de claras), garfo de dois dentes, panelas,
nação final (recolhimento público ou particular). recipientes gastronorms (GNs) e tábuas de corte.
Dessa forma, vale ressaltar que as áreas de Outro aspecto importante de ser levantado
apoio devem estar localizadas em locais especí- é que o trabalho em UPR é caracterizado por
ficos, de forma a não propiciar riscos de conta- movimentos repetitivos, levantamento de peso
minação. Por exemplo, os sanitários não devem excessivo e permanência por períodos prolonga-
ter comunicação direta com as áreas de preparo. dos na postura em pé, com pressão temporal da
Cada empresa terá características próprias no que produção e variedade de atividades cortantes e
se refere à composição das áreas e dos setores. que envolvem vapores, fogo e frio. Isso gera riscos
Quanto mais informações a respeito da empresa de acidentes e ressalta a preocupação com a saúde
forem obtidas, melhor será o planejamento. dos colaboradores.
É importante ressaltar que, segundo Davies Com o objetivo de regular as condições de
(2010), as operações de qualquer tipo de restau- segurança nos locais de trabalho, a Consolidação
rante demandam uma variedade de suprimen- das Leis do Trabalho (CLT) estabelece as com-
tos e de equipamentos. O gerenciamento dessas petências das empresas (artigos 157 e 158) e dos
questões começa pelo planejamento dos proce- trabalhadores quanto à prevenção de acidentes
dimentos de compras, recebimento das matérias- de trabalho. Kinton (1998) também reforça que
-primas e respectivo armazenamento. Além disso, há uma dupla responsabilidade (empregadores e
são incluídas a produção e a distribuição das re- empregados), para que os locais e equipamentos
feições, pois a qualidade dos serviços prestados sejam seguros e conservados, de modo a prevenir
pelo restaurante está diretamente relacionada aos acidentes de trabalho. Cabe aos empregadores a
equipamentos, móveis, superfícies de manipula- necessidade de avaliar riscos e organizar proce-
ção, utensílios e outros materiais necessários. dimentos para lidar com os acidentes. Aos em-
A escolha dos equipamentos depende de al- pregados, cabe cumprir os treinamentos de pre-
guns fatores, incluindo o espaço físico, o número venção de acidentes, relatar as situações de perigo
de refeições servidas e a disponibilidade financei- ou desconformidade e obedecer às instruções e
ra da empresa. Sempre é recomendável a utiliza- procedimentos para diminuir e evitar os riscos.
ção de aço inoxidável, dado que é de fácil limpeza, Desde o planejamento da empresa, a ergono-
por ser uma superfície lisa, e por ter maior du- mia deve se fazer presente, visando à preocupa-
rabilidade (ROBERTO et al., 2013). Além disso, ção com os aspectos humanos do trabalho em
o tipo e o dimensionamento dos equipamentos qualquer situação em que seja realizado. As ca-
requerem estudos que visam entender as especia- racterísticas do homem devem ser consideradas
lidades de cada empresa. em conjunto com as características ambientais e
Quanto aos utensílios usados na cozinha, estruturais para ajustes mútuos.
“
eles também são dependentes de vários fatores,
como os recursos financeiros, o padrão de car- Os estudos ergonômicos vi-
dápios e a qualidade do recurso humano. Con- sam realizar mudanças nas
tudo, alguns são imprescindíveis, como: chinois condições e no ambiente de
(peneira cônica), escorredor de louça, espátulas, trabalho, aperfeiçoando e
113
UNICESUMAR
A ergonomia deve ser pensada desde o planejamento físico-funcional de uma UPR. Um dos fatores
considerados é a altura das bancadas, que deve ser projetada de acordo com a altura do manipulador
de alimentos que trabalhará na atividade e a atividade exercida, assim como é ilustrado na Figura 8.
Figura 8 - Representação do projeto de bancadas nos critérios ergonômicos em diferentes atividades exercidas na UPR
Descrição da Imagem:trata-se de uma ilustração composta por três imagens que representam um manipulador de alimentos desen-
volvendo as atividades em bancadas. Na primeira imagem, o manipulador usa a bancada como apoio, que, em média, possui 15 cm
abaixo da altura do cotovelo do manipulador. A partir da linha média da bancada, há a segunda atividade, que é cozinhar, que deve
estar 6 cm abaixo da linha da bancada anterior. Na atividade de lavagem de louça, que é a terceira imagem, deve estar 6 cm acima da
linha da bancada inicial. Também é apresentado um quadro com o ponto médio da bancada.
Na imagem, é possível verificar que, de acordo com a altura do manipulador, a bancada terá diferentes
recomendações de altura (em média, 15 cm abaixo da altura do cotovelo), mas a atividade a ser exercida
também influencia na recomendação, representada na imagem pelo cozimento e/ou lavagem de louças.
Outra questão é a força exercida na atividade e o tempo que o manipulador passa desenvolvendo a
mesma atividade. É importante que cada UPR estude, de acordo com as áreas médias da empresa, a
melhor altura de bancadas a ser projetada para as condições específicas, não simplesmente seguindo
recomendações literais.
De acordo com o conteúdo exibido no Quadro 1, o ponto médio da altura da bancada será baseado
na altura do manipulador.
114
UNIDADE 5
Altura do manipulador (cm) 160 165 170 175 180 185 190 195
Ponto médio - altura da bancada (cm) 85 90 90 95 100 105 105 110
Quadro 1 - Representação do ponto médio da altura da bancada com base na altura do manipulador de alimentos
Fonte: a autora.
115
Caro(a) aluno(a), propomos algumas questões para testar os seus conhecimentos. Vamos lá? O que
você acha de um mapa mental para identificar as atividades exercidas em cada um dos setores das
UPR e as características necessárias?
Sugiro que continue a construção do mapa iniciado a seguir, abordando os demais setores, as
atividades exercidas em cada setor e as características necessárias ao planejamento físico-funcion-
al. Lembre-se de que você pode considerar os setores básicos, mas nunca se esqueça de que cada
UPR tem características próprias e que determinam a necessidade de outras áreas.
116
1. Leia o trecho a seguir:
“Toda empresa espera obter sucesso no empreendimento, dentro disso a garantia da qualidade
das refeições e o controle de custos em unidades de alimentação e nutrição dependem de
condições estruturais adequadas para receber, inspecionar e armazenar as matérias primas”.
II) Como o nutricionista conhece o funcionamento de uma cozinha, ele deve ser o único profis-
sional responsável por essa atividade em UPR, devido à capacitação técnica em planejamento
físico.
a) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa.
b) A asserção II é uma proposição verdadeira e a I é uma proposição falsa.
c) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
d) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
e) As asserções I e II são proposições falsas.
117
3. Leia o trecho a seguir:
“Basicamente, as UPR são empresas trabalham com manipulação de alimentos e dentro da sua
individualidade, deve possuir em sua estrutura física áreas destinadas para operações como
recebimento e estocagem de matérias primas; preparo e cocção dos alimentos; distribuição
e refeitório para clientes; higienização dos utensílios; e áreas anexas”.
Considerando os setores citados, analise as afirmativas a seguir e assinale (V) para a(s) Ver-
dadeira(s) e (F) para a(s) Falsa(s):
( ) O recebimento de matérias-primas é um setor que deve existir apenas nas UPR que atendem
a um grande número de refeições.
( ) O setor de estocagem consiste unicamente em um setor destinado ao armazenamento de
produtos à temperatura ambiente, como os alimentos secos, enlatados e farináceos.
( ) No setor de cocção, são realizadas operações em que os alimentos são submetidos a opera-
ções que envolvem calor, como fritos, assados e grelhados.
( ) O setor de distribuição dos alimentos preparados possui relação direta com a satisfação do
cliente. Portanto, deve ser um ambiente confortável e agradável.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta:
a) F, V, V, V.
b) F, F, V, V.
c) V, F, V. V.
d) F, F, F, V.
e) F, F, V, F.
118
6
O Planejamento dos
Cardápios em UPR
Me Thanise Pitelli de Nigro
Para iniciarmos o estudo acerca do planejamento dos cardápios, caro(a) aluno(a), proponho que você
pense em uma situação de um fictício restaurante institucional localizado em uma indústria meta-
lúrgica que está recebendo diversas queixas dos clientes devido à baixa aceitação da refeição. Você, na
posição de nutricionista da unidade, precisa estabelecer uma solução. Há, portanto, a indagação: qual
é a primeira atitude a ser tomada para mudar essa situação?
Inicialmente, fazer uma análise do cardápio é preciso. No entanto, frequentemente, a rotina dinâmica
de um estabelecimento, a necessidade de diminuir os custos e a alta rotatividade da equipe de cozinha
são situações que impossibilitam a atribuição da atenção necessária ao planejamento do cardápio.
Suponha que, em determinado dia, estava planejado servir como acompanhamento batatas recheadas
com presunto e queijo. Contudo, naquele dia, o colaborador responsável por esse preparo faltou e outro
membro da equipe, que é responsável pelo preparo das saladas, também precisou assumir o preparo
do acompanhamento. Para evitar atrasos, ele modificou a preparação para purê de batatas. Trata-se
de uma atitude que, mesmo que pequena e, em determinadas situações, é essencial, pode influenciar
na aceitação do cardápio.
A compreensão do papel que o planejamento dos cardápios tem em uma Unidade Produtora de
Refeições (UPR) é importante para toda a equipe da cozinha, desde a gestão até o operacional. Con-
siderando a situação do restaurante institucional, como há clientes que se alimentam diariamente, é
necessário que o cardápio seja planejado para ser variado ao longo dos dias.
Portanto, aluno(a), se, na situação citada, o prato principal fosse carne moída ao molho, possivel-
mente, a mudança da batata para o formato de purê ocasione má aceitação, visto que o prato principal
(carne moída ao molho) e o acompanhamento feito (purê de batatas) são opções com aspecto pastoso/
ensopado. Além disso, os ingredientes que seriam usados no recheio das batatas poderiam ser impor-
tantes para atingir o equilíbrio nutricional da refeição.
Você consegue pensar nos pontos que podem condicionar (e que devem ser levados em conside-
ração) o planejamento dos cardápios? Será que devemos pensar no custo? No tempo?
120
UNIDADE 6
Caro(a) aluno(a), a UPR é um conjunto de áreas Importante relembrar, aluno(a), que, no que
que têm, por objetivo, operacionalizar o provi- se refere às atividades exercidas pelo profissional
mento nutricional de coletividades, ou seja, um nutricionista em UPR, a Resolução nº 600/2018
grupo de pessoas que podem ser sadias (no caso do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN)
das refeições servidas em empresas) ou enfer- apresenta as atividades consideradas obrigatórias
mas (no caso das refeições servidas em hospitais). e as complementares em cada um dos segmentos
Toda UPR tem objetivos operacionais, incluindo de atuação. Segundo a resolução, na descrição das
fornecer refeições com qualidade higiênico-sani- atribuições de Nutrição em Alimentação Coletiva,
tária, satisfazer ao cliente, oferecer refeições ajus- na subárea Gestão em Unidades de Alimentação
tadas à disponibilidade financeira da empresa e, e Nutrição (UAN), no âmbito de Unidade de Ali-
em alguns casos, fornecer refeições nutricional- mentação e Nutrição (UAN) Institucional/Serviços
mente equilibradas. Para atingir os objetivos e de Alimentação Coletiva (autogestão e concessão),
para a UPR funcionar adequadamente, o cardápio são algumas das atividades obrigatórias:
se torna uma ferramenta imprescindível. • Elaborar os cardápios de acordo com as
Para iniciarmos os nossos estudos, precisamos necessidades nutricionais, com base no
entender que o cardápio é a determinação do que diagnóstico de nutrição da clientela, res-
será produzido, quando, em que quantidade, com peitando os hábitos alimentares regionais,
quais matérias-primas, com quais equipamentos culturais e étnicos.
e por quem será executado. Teichmann (2009) • Elaborar informação nutricional do car-
define “cardápio” como uma sequência de pratos a dápio e/ou preparações contendo valor
serem servidos em uma refeição ou todas as refei- energético, ingredientes, nutrientes e adi-
ções de um dia ou por um período determinado. tivos que possam causar alergia ou into-
Basicamente, o cardápio assume dupla função, lerância alimentar.
pois informa à equipe de cozinha o que deve ser
preparado e aos clientes o que está disponível.
Para Barreto (2000), o cardápio também pode
ser chamado menu, lista ou carta. É um veículo
de informação, venda e publicidade de um restau-
rante, por isso, tem, dentre as diversas finalidades,
o objetivo de auxiliar os clientes na escolha dos
alimentos ou bebidas. Uma das peças fundamen-
tais para o bom andamento de um restaurante é
um cardápio bem organizado e apresentado, já
que ele é o cartão de visita do estabelecimento.
O cardápio é um dos primeiros contatos que o
cliente terá com o estabelecimento, na busca pela
satisfação dos desejos de ordens física e emocio-
nal. Desse modo, o cardápio deve ir ao encontro
dessas necessidades e precisa ser planejado de
maneira profissional e detalhada.
121
UNICESUMAR
Em outras palavras, além de ser uma ferramenta essencial para qualquer UPR, o cardápio é uma atividade
obrigatória ao nutricionista que trabalha nessa área. O profissional deve estar atento à importância no
que diz respeito ao papel de saudabilidade, ou seja, o da habilidade em ser saudável.
O planejamento de cardápio é uma atividade anterior à produção. Inclusive, segundo a designação,
trata-se de uma etapa de planejamento, que consiste em decidir, por antecipação, o que, com que meios,
para que fim, como, onde, quanto fazer e os objetivos a serem alcançados.
Maricato (2010) sustenta que é necessário muito cuidado durante o planejamento do cardápio, pois
a apresentação poderá estimular o cliente em suas preferências. Além disso, é a partir do planejamento
do cardápio que são dimensionados os recursos humanos e os materiais necessários para a produção, o
controle de custos, o planejamento de compras, a fixação dos níveis de estoque e as determinações dos
padrões a serem usados na elaboração das receitas. Dessa forma, o cardápio é levado em consideração
nas etapas anteriores à produção das refeições, durante a produção das refeições e até posterior, por
exemplo, no levantamento dos custos.
Você já estudou o planejamento físico funcional de UPR. É preciso entender que o planejamento do
cardápio deve se fazer presente desde a fase de estruturação física, pois está intimamente ligado.
Por exemplo, se a UPR tem sobremesas mais sofisticadas, provavelmente, será necessário destinar
uma área de produção a elas.
O cardápio engloba noções que apontam diferentes processos que envolvem o planejamento, o geren-
ciamento e a organização de atividades. Dessa forma, o cardápio é uma ferramenta estratégica para
diversas funções, como: informativa, comunicativa, publicitária, comercial, empresarial, administrativa
e operacional. O cardápio também é associado à imagem e à concepção de uma UPR.
Portanto, aluno(a), durante a elaboração do cardápio, não basta a simples escolha dos pratos, mas as
inúmeras características próprias que determinarão as diretrizes do planejamento, como os aspectos
técnico-operacionais e a disponibilidade financeira da empresa. O cliente é a pessoa mais importante
do serviço e as características individuais dele precisam ser respeitadas, de forma a influenciar o di-
mensionamento do cardápio.
Não há uma regra única para o planejamento do cardápio, pois cada UPR é única e precisa levantar,
dentro da própria realidade, alguns fatores que são determinantes no cardápio:
“
Para a elaboração de um cardápio, não é suficiente a simples escolha dos pratos, pois são
inúmeros fatores que determinarão as diretrizes desse planejamento, uma vez que cada
empresa tem características próprias no que diz respeito ao cliente, bem como às estruturas
física e administrativa (TEICHMANN, 2009, p. 38).
122
UNIDADE 6
Segundo Maricato (2010), o cardápio determina disponível e motivo pelo qual busca o estabeleci-
a identidade, o conceito e o propósito do negó- mento para realizar a refeição (ou seja, o estabele-
cio. Para tanto, é preciso considerar os objetivos, cimento está destinado a um almoço executivo ou
a lucratividade (as metas de custo), a previsão a um jantar comemorativo), poder aquisitivo etc.
de vendas e a quem se destinará. Cada restau- Por exemplo, se o público-alvo de um determi-
rante tem um sistema de trabalho que deve ser nado restaurante são jovens e estudantes, o car-
observado na elaboração do cardápio, incluindo a dápio deve ser simples, acessível financeiramente
modalidade de gestão (autogestão, terceirização e e com atendimento rápido. Por outro lado, se o
transportada, por exemplo) e as formas de serviço. público-alvo são executivos mais maduros, que
Em relação às formas de serviço, é válido frisar podem despender de mais tempo e investimento
o serviço de empratado (ou à la carte), em que em uma refeição noturna, o estabelecimento pode
as opções são apresentadas ao cliente por inter- ter como foco cardápios mais sofisticados.
médio de uma lista ou menu e o cliente escolhe, Vale ressaltar, caro(a) aluno(a), que, em al-
entre as opções disponíveis, o prato que receberá guns momentos, o estabelecimento se deparará
pronto; e o serviço de autosserviço (ou self-servi- com uma clientela mais abrangente, assim como
ce), em que o próprio cliente monta o prato com é um caso de um estabelecimento localizado na
as preparações prontas servidas no buffet. Logi- praça de alimentação de um shopping. Desse
camente, essas características moldam a atividade modo, a escolha pode ser feita a partir da busca
de planejamento de cardápios, especialmente por- de uma diversificação, de modo a atender a todo
que, no autosserviço, o cardápio varia quase que público-alvo.
diariamente, diferentemente do à la carte. Outra
questão é o número de refeições, que influencia e
limita o tipo de serviço. Um exemplo é um local Preferências regionais
que tem alta rotatividade de clientes, visto que o
serviço “à la carte” é dificultoso. Cada localidade, de acordo com as situações,
Existem, ainda, outras características próprias como as características de antepassados e a
dos estabelecimentos que são determinantes no disponibilidade de insumos, tem preferências
planejamento do cardápio, de acordo com Tei- alimentares definidas. Dessa maneira, é preciso
chmann (2009). Conheça-as a seguir. atentar para oferecer alimentos que possam ser
incorporados ao dia a dia do cliente. Por exem-
plo, há algumas regiões do Brasil em que o há-
Clientes bito de comer banana junto à refeição é comum.
Portanto, deve ser considerada no planejamento
O cliente é a pessoa mais importante do servi- do cardápio.
ço. Portanto, é necessário conhecer o público a Outro ponto que chama atenção nesse fato,
que se destina o cardápio a ser elaborado, pois, inclusive, é uma tendência atual das UPR, que
de acordo com as particularidades da clientela, o considera a utilização de produtos com foco nos
planejamento precisa ser feito visando atingi-la. produtores locais, buscando uma alimentação
Dentre as particularidades, é possível citar: sustentável e que valorize os produtores da região,
sexo predominante, idade do público-alvo, tempo resgatando os sabores regionais.
123
UNICESUMAR
Existem algumas situações em que o estabelecimento está localizado em um lugar com abastecimento
de alimentos dificultoso. Pense, por exemplo, nas refeições produzidas em indústrias localizadas
fora do perímetro das cidades, como em uma usina localizada em uma área rural: o fornecedor
pode não conseguir fazer entrega semanal. Portanto, o planejamento de cardápios deve considerar
que alguns períodos após a data de recebimento e o trabalho com gêneros perecíveis como folhosos
podem ser tornar inviáveis.
Teichmann (2009) afirma que, caso a UPR esteja localizada em um local que possa receber um
fluxo grande de clientes em determinado horário, o cardápio deve favorecer esse rápido atendimento.
Isso ocorre no caso de um restaurante universitário, por exemplo, que tende a receber o maior fluxo
de clientes no almoço, entre 12h00min e 13h00min, que é o intervalo das aulas. Essa localização vai de
encontro às zonas de figuração do município. Portanto, estar próximo ao centro comercial ou às zonas
industriais demanda um cardápio mais acessível e rápido. Por outro lado, se a UPR é um restaurante
de hotel, por exemplo, no qual os clientes realizam as refeições como um momento de lazer, o tempo
para alimentação pode ser mais flexível e até mais longo, possibilitando outro tipo de cardápio.
No que diz respeito à variação climática, principalmente quando ela é bem definida, deve ser con-
siderada, pois, em dias frios, o cardápio deve oferecer alimentos que forneçam sensação de calor e, du-
rante a época de verão, a apresentação deve buscar saladas cruas que possibilitem a sensação de frescor.
Evidentemente, o tipo de serviço (empratado, autosserviço ou cafeteria fixa, por exemplo) e o tipo de
cardápio devem ser apropriados para o espaço disponível, tanto para acomodar os clientes quanto
para a área de produção. Por exemplo, se a demanda de clientes é muito alta e eles se concentram em
determinado horário, a cafeteria fixa pode diminuir o tempo de fila e é uma boa estratégia se há espaço
para acomodação dos clientes nas mesas.
O horário que a UPR tem disponível para atender aos clientes também pode influenciar na escolha
do cardápio. Por exemplo, se a UPR está localizada em um aeroporto, tem uma faixa de horário ampla
de distribuição e trabalha com o sistema de autosserviço, deixando a comida disponível do almoço ao
jantar, Germano e Germano (2019) sustentam que o alimento que fica exposto por longos períodos
pode perder qualidade e possibilitar o crescimento de microrganismos. Por isso, a opção de reposição
do buffet deve ser verificada.
Ambiente
124
UNIDADE 6
Por exemplo, o ambiente de um local que serve cachorro-quente simples deve ser diferente daquele
que serve hambúrguer artesanal.
O cardápio engloba tanto as opções a serem servidas quanto a forma de apresentar essas prepara-
ções. Em outras palavras, quando as opções são mais simples, o próprio menu deve ser simples e de
fácil visualização, conforme esquema apresentado a seguir (Figura 1).
Descrição da Imagem: a figura retrata duas relações entre ambiente e cardápio. À esquerda, há um estabelecimento que tem ambiente
simples, bem iluminado e pouco decorado. Ao lado, há um menu a ele relacionado por meio de uma seta de duas pontas, também
simples, com letras de fácil leitura. À direita, há um restaurante que aparenta um ambiente mais sofisticado e intimista, e o respectivo
menu também é mais sofisticado, com papel de melhor qualidade e com impressão de refino. A relação é reforçada por meio de uma
seta de duas pontas.
Como nutricionista, reforço a necessidade de adequar esses itens, já que a disponibilidade dos equipa-
mentos, utensílios e mão de obra são essenciais para a seleção das preparações do cardápio em qualquer
UPR, com o intuito de ter uma infraestrutura que permita a execução de maneira adequada. Exemplo:
planejar um prato principal e um acompanhamento que necessitem do forno será inviável, caso a
empresa tenha apenas um único forno que não comporte as duas opções assadas ao mesmo tempo.
Nesse quesito, Fonseca (2012) orienta que é preciso haver um rodízio de preparações que utilizem
os mesmos equipamentos para não os sobrecarregar. Não só, mas também deve haver um planejamento
das preparações que exijam movimentos demasiadamente repetitivos, para que sejam planejadas em
dias alternados. Exemplos: vinagrete e maionese de legumes ou, ainda, pudim em porções individuais
e laranja servida descascada.
Na próxima unidade, estudaremos a política de compras de uma empresa, fator que precisa ser consi-
derado no planejamento do cardápio. Por exemplo, se o fornecedor de hortifrúti entrega os produtos
125
UNICESUMAR
semanalmente na terça-feira, a salada da segunda-feira deve contemplar uma opção que suporte o
período de armazenamento desde a entrega do fornecedor até a data de utilização.
É importante ressaltar que as compras podem ser feitas em diferentes frequências, visto que existem
UPR que fazem compras por dia, semana ou mês, por exemplo. A forma de comprar as matérias-primas
pode ser um fator limitante na elaboração do cardápio, pois, de acordo com a política de compras da
empresa, existe a possibilidade de compras de enlatados, secos e congelados, que possuem maior du-
rabilidade. Contudo, quando se pode contar com produtos frescos da região, o planejamento precisa
ser mais cuidadoso.
Lucratividade esperada
Conhecer o custo do prato é essencial ao planejamento, dado que, durante o planejamento, é preciso
determinar o custo da refeição completa e, quando for o caso, o preço de venda, pois, assim, os pratos
sugeridos permitem obter a margem de lucratividade esperada pela UPR.
A seguir, caro(a) aluno(a), é exposto um resumo dos fatores determinantes ao planejamento dos
cardápios, agrupando-os em diferentes categorias.
FATORES TÉCNICO OPERACIONAIS
PÚBLICO ALVO
FATORES REGIONAIS
E AMBIENTAIS
Descrição da Imagem: trata-se de um infográfico. Nele, são citadas três categorias acerca dos fatores que condicionam o planejamento
dos cardápios. São eles: “Fatores técnico-operacionais: espaço físico do ambiente (atendimento, decoração), capacidade de produção
da cozinha, orçamento, tipos de serviços e refeições que se pretende oferecer, horário de atendimento, equipamentos, utensílios e
mão de obra, sistema de compras e estocagem, quantidade de louças existentes, número de funcionários adequados para executar
o serviço”. Público-alvo: perfil e quantidade de clientes esperados, disponibilidade financeira, número de pessoas a serem servidas,
tempo disponível para a refeição, preferências regionais, sexo, idade etc.”. “Fatores regionais e ambientais: localização, disponibilidade
de insumos e gêneros, variação climática e produção local”.
126
UNIDADE 6
Além das questões debatidas, existem regras que precisam ser cumpridas, dependendo da empresa.
O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE), por exemplo, são programas governamentais que determinam parâmetros necessários ao
planejamento dos cardápios. Em UPR terceirizadas, os próprios contratos condicionam o planejamento
de cardápios, uma vez que determinam regras, como incidência de preparações. No caso dos hospitais,
muitas dietas devem ser modificadas em consistência ou em nutrientes. Desse modo, é importante
compreender que existem inúmeras situações que podem influenciar essa etapa de planejamento e
levantar todas as questões é essencial.
Assim, aluno(a), conhecer todas as etapas e situações é necessário. Por esse motivo, o planejamento
do cardápio deve ser feito por um profissional capacitado! Chemin e Martinez (2019) orientam que
as preparações a serem servidas podem ser enquadradas nas categorias apresentadas na Quadro 1.
127
UNICESUMAR
Categoria Característica
Pode ser composta por sopa, salgado frito, salada crua ou cozida,
podendo ter mais do que uma opção em um mesmo cardápio. Pode,
Entrada
ainda, fazer parte da entrada as torradas, pães, antepastos e conso-
més, dependendo do tipo de cardápio e custo.
Guarnição (também deno- Consiste na preparação que acompanha o prato principal, em geral
minada em alguns locais utiliza-se um vegetal refogado, assado ou frito, massas ou farofas para
como acompanhamento) equilibrar sabores e texturas.
Pode ser um doce ou uma fruta. Este doce poderá ser preparado na
Sobremesa
própria empresa ou adquirido pronto.
Quadro 1 - Categorias de preparações que fazem parte do cardápio / Fonte: adaptado de Chemin e Martinez (2019).
Vale ressaltar que, de acordo com a ocasião e o tipo de UPR, os cardápios podem ser mais ou menos
ricos, variados, refinados, simples ou modestos e, às vezes, uma preparação que seja considerada uma
entrada em determinada UPR pode ser considerada um prato principal em outra ocasião. Por exemplo,
um escondidinho de carne seca, em alguns eventos, tais como casamentos, é usado em pequenas por-
ções e servido como entrada. No entanto, em outras situações, é apresentado como um prato principal.
Já sabemos que o cardápio também assume um papel gerencial, visto que algumas questões, como
custo de matérias-primas, serão diretamente influenciadas pelo cardápio escolhido. Por isso, é impor-
tante compreender o papel técnico que o cardápio possui e as classificações existentes.
Rosa e Monteiro (2014) apresentam algumas classificações de cardápios que são comumente uti-
lizadas. Observe-as no Quadro 2.
128
UNIDADE 6
Período Característica
Quadro 2 - Classificação quanto ao período que será coberto pelo planejamento / Fonte: adaptado de Rosa e Monteiro (2014).
Também existem as UPR que trabalham com cardápios modulados, ou seja, são elaborados quatro ou
cinco modulações (geralmente, cada modulação se refere ao cardápio de um mês), que vão se repe-
tindo. Por exemplo, são elaborados cinco cardápios de um mês, de janeiro a maio. A cada mês, há um
novo cardápio sendo executado. Em junho, volta-se a executar o cardápio 1 e assim sucessivamente.
Essa modalidade não considera a sazonalidade (por exemplo, o mesmo cardápio servido no verão de
janeiro será usado no inverno de junho).
Arroz simples
Arroz e Feijão
Feijão carioca
Sobremesa Melancia
129
UNICESUMAR
Arroz simples
Arroz e Feijão
Feijão carioca
Picolé de groselha
Sobremesa
Maçã
De posse das informações exibidas, o cardápio pode começar a ser colocado no papel. Teichmann
(2009) orienta que essa atividade deve ser realizada em um local calmo e apropriado. Todo material
de apoio e consulta deve estar disponível para tornar a tarefa de planejamento mais ágil e proveitosa.
Um bom planejamento de cardápio precisa considerar aspectos referentes às preparações a serem
escolhidas para compor a refeição. Assim, estudaremos alguns fatores importantes de serem analisa-
dos durante a combinação de preparações que comporão o cardápio, assim como é apresentado por
Teichmann (2009).
• Cor: com o intuito de tornar a apresentação visual mais atrativa, as preparações da refeição (seja
servida pronta para o cliente no empratado ou até mesmo as opções expostas em um balcão
de distribuição de autosserviço) deverão apresentar cores contrastantes e vivas, resultando em
uma montagem de prato colorido que desperte desejo de consumo.
130
UNIDADE 6
Observe, a seguir, um exemplo em que as preparações tendem a mesma tonalidade, dando a impressão
de que os dois alimentos do prato são iguais.
Descrição da Imagem: a figura retrata uma fotografia de um prato azul que contém uma preparação de frango frito e batatas fritas.
Ambas preparações estão em tons amarelados e amarronzados muito semelhantes. Ao lado, há um prato colorido, representado por
um bife de carne bovina, arroz e tigela com legumes coloridos (repolho roxo, cenoura, abobrinha e ovo cozido). Ele representa um
conceito alimentar variado.
• Formas: a maneira como os alimentos serão apresentados também merece cuidado. É possível
exibi-los em tiras, cubos, rodelas, bastão, fatias etc.
Imagine como faria diferença se, em uma refeição composta por arroz, feijão, carne com rodelas de
cenoura e salada de tomate em fatias, fosse usada a cenoura em palitos. Só de mudar o formato, alte-
ramos toda a apresentação das preparações.
131
UNICESUMAR
Em uma UPR institucional, que tem poucas opções para variações, devido ao baixo custo do cardápio
e, por isso, precisa servir cenoura na salada duas vezes por semana, podemos variá-la na forma de
apresentação. Exemplos: cenoura ralada, cenoura em tiras e cenoura em rodelas.
• Sabores: no preparo dos alimentos, os sabores esperados devem ser bem destacados: ácido,
azedo, salgado, apimentado, amargo, agridoce etc. Por exemplo, em um lombo com abacaxi, é
esperado que o agridoce apareça. Entretanto, é preciso ter cuidado para que, durante a mon-
tagem do cardápio, os pratos a serem servidos com sabores destacados não apareçam mais do
que uma vez em uma mesma refeição.
Também é necessário evitar a repetição de um mesmo sabor na refeição. Exemplos: peru à Califórnia
e sorvete com compotas na sobremesa (predominando o sabor agridoce); carne ao vinho e sagu de
uva (predominando o sabor do vinho); e macarrão ao molho bechamel e flan de nata (predominando
o sabor do leite).
Uma dica, aluno(a): quando trabalhar com folhas e legumes com contrastes de sabores, não colo-
que várias folhas ou legumes de sabores fortes em uma mesma preparação. Por exemplo: salada de
rúcula, agrião e rabanete. É interessante alternar os tipos de carnes utilizados. Assim, ao servir apenas
um prato principal, alterne carne vermelha com carne branca. Ou, ao elaborar as saladas, utilize uma
crua e uma cozida.
• Texturas: a variedade de textura dá ao cardápio maior encanto e vontade de se alimentar. Por
isso, é importante incluir alimentos cuja consistência varie em líquidos, cremosos, crocante,
úmido, seco, fibroso etc. Ainda em relação ao exemplo citado no início da unidade, a mudança
da batata recheada para o formato de purê fez com que o prato principal e o acompanhamento
ficassem com a mesma textura.
Ao colocar o purê de batatas, evite inserir, por exemplo, carne moída ensopada. Por outro lado, quando
o acompanhamento é uma preparação cremosa, é importante servir o prato principal de forma mais
seca, por exemplo, um bife, ou apresentar a carne moída no formato de hambúrguer grelhado, por
exemplo. Perceba a mudança na textura apresentada nas duas imagens a seguir.
132
UNIDADE 6
Descrição da Imagem:a figura apresenta dois pratos que representam os mesmos integrantes (batatas e carne moída), mas com
diferentes texturas. O primeiro prato, localizado à esquerda, apresenta a batata no formato de purê e a carne moída ao molho. Isso
simboliza duas preparações cremosas. No outro prato, presente no lado direito da figura, o purê de batatas é complementado com a
carne moída, que está no formato sólido, que é de almôndegas fritas.
Reforçando o que pode ser visualizado na imagem, ao servir um alimento crocante, deve-se alternar
com um alimento ensopado ou com molho, visando equilibrar as texturas.
• Ingredientes e temperos usados: a diversificação dos ingredientes usados nas preparações,
além de ir ao encontro dos fatores mencionados, como a variedade de cores, demonstra cuidado
e criatividade de quem está planejando o cardápio. Chamo atenção ao que o próprio Guia ali-
mentar para a população brasileira reforça sobre a importância da adoção de uma alimentação
variada, de modo a possibilitar uma refeição rica e diversa em micronutrientes (BRASIL, 2014).
133
UNICESUMAR
Perceba, aluno(a) que são inúmeros os aspectos que influenciam o planejamento de cardápio, não
é mesmo? Dessa forma, temos, ainda, a necessidade de conhecer a elaboração dos cardápios, já que
134
UNIDADE 6
é preciso saber os ingredientes que fazem parte das preparações básicas e estar familiarizado com a
nomenclatura básica dos pratos e dos acompanhamentos. Ao conhecer esses componentes, é possível
avaliar o aspecto, o sabor, a textura e os ingredientes que estão presentes naquele cardápio.
Ao planejar o cardápio, é interessante a visualização total do mês ou, pelo menos, de uma semana,
para que sejam evitadas repetições de preparações e exista harmonia na apresentação dos pratos. Por
isso, uma das sugestões é trabalhar com um planejamento horizontal, ao utilizar um esquema, como
o proposto no Quadro 5, começando pelas categorias que comporão o cardápio e as observações que
forem necessárias para essas categorias (como é apresentado nas saladas, objetivando trabalhar uma
opção crua e uma opção cozida ou legumes, por exemplo). Posteriormente, são identificados os dias (dia
1, segunda-feira, por exemplo) do referido planejamento, para que seja possível iniciar a distribuição
dos pratos principais e dos acompanhamentos.
Salada
Prato Acom- 2 (co- Sobre- Sobre-
Arroz e Salada Refres-
Dia princi- panha- zida/ mesa 1 mesa
Feijão 1 (crua) co
pal mento legu- (doce) 2(fruta)
mes)
1 (seg)
2 (ter)
3 (qua)
4 (qui)
5 (sex)
6 (sab)
Quadro 5 - Sugestão de esquema horizontal para planejamento semanal de cardápio / Fonte: a autora.
Usar a estratégia de distribuição horizontal diminui o risco de erros e facilita a visualização de repetição
de alimentos e preparações. Não só, mas também favorece a distribuição das formas de preparo, cores e
consistência. Ela pode ser usada em diferentes períodos de planejamento, como quinzenal ou mensal.
135
UNICESUMAR
Após o preenchimento, a avaliação do cardápio também é importante. Veiros e Proença (2003) su-
gerem que a análise de qualidade do cardápio extrapole a subjetividade. Portanto, deve ser analisado,
com o intuito de identificar, dentre outros aspectos:
• O quanto a combinação de cores está repetitiva. Chamo atenção, aluno(a), a alguns programas
operacionais que permitem identificar a cor predominante nas preparações escolhidas para
compor a refeição e que podem nos auxiliar. O Quadro 6 é um exemplo de como observar a
repetição das cores.
Preparação Cor predominante
Arroz Branco
No Quadro 6, é possível constatar que o amarelo está como cor predominante em diversas preparações.
Dessa forma, caso fosse um cardápio, teria que ser ajustado, visando a uma refeição mais colorida.
• A incidência das carnes. Sugere-se que ocorra a contagem do número de vezes em que estão
sendo utilizadas preparações com carnes bovinas, aves, suínas e pescados.
• Oferta de doce, embutidos e frituras, visando criar estratégias que possibilitem melhor qualidade
nutricional no cardápio.
• Teor nutritivo da refeição. Calcular o teor nutritivo da refeição pode (e deve) ser uma estratégia
fundamental na análise da qualidade do cardápio. Entender o valor calórico, a distribuição dos
macronutrientes, a quantidade de fibras alimentares e o sódio fornecido é importante para
verificar se a refeição está adequada às necessidades nutricionais da clientela.
Caro(a) aluno(a), é válido frisar a importância do PAT, que, inclusive, possui exigências nutricionais.
Avaliar o teor nutritivo se torna uma obrigação do nutricionista responsável técnico pelo programa!
136
UNIDADE 6
• O custo é um fator essencial à garantia dos limites operacionais. Por intermédio do planejamento
do cardápio, é possível fazer uma estimativa do custo da refeição. Assim, é possível saber se as
opções escolhidas estão de acordo com as metas estipuladas.
Dentro da realidade de cada UPR, outras possibilidades de avaliação podem ser utilizadas pelo nu-
tricionista, afinal, considera-se que o cardápio é a principal ferramenta de trabalho do nutricionista.
Afinal, de acordo com Fonseca (2012), é a partir dele que é possível articular a adequação da ingestão
de nutrientes, favorecer os aspectos ergonômicos, o dimensionamento físico, equipamentos, as escalas
de trabalho, a composição do quadro de funcionários, a periodicidade de entrega dos gêneros, a pro-
dução cadenciada, o custo de venda e o custo operacional.
Enquanto nutricionistas, atentar-se ao valor nutricional é fundamental. Não devemos nos esquecer
de que, no contexto da alimentação, é primordial a citação das quatro leis da alimentação de Pedro
Escudero de 1937 (LANDABURE, 1968), não apenas pelo aspecto histórico, mas, principalmente,
pela importância na nutrição até a atualidade, servindo como direção no planejamento dos cardápios:
• A lei da quantidade: a quantidade de alimentos deve ser suficiente para cobrir as necessidades
energéticas do organismo, visando à preservação da espécie e à manutenção da saúde, com
respeito aos diferentes ciclos da vida.
• A lei da qualidade: a alimentação deve incluir todos os nutrientes necessários, o que se obtém
com a inclusão de todos os grupos alimentares. Dessa forma, a alimentação deve ser completa
em sua composição, oferecendo ao organismo todas as substâncias que o integram, evitando,
por exemplo, carência em determinado nutriente.
• A lei da harmonia: as quantidades dos alimentos devem ser harmônicas, respeitando a propor-
cionalidade. Portanto, trata-se do equilíbrio que deve haver na ingestão de alimentos e, conse-
quentemente, de nutrientes. Assim, a alimentação deve ter uma relação de proporção entre si.
• A lei da adequação: a alimentação deve ser individualizada e respeitar as características sociais,
econômicas e culturais. Também precisa considerar os fatores que interferem no cálculo da dieta,
por exemplo, peso corporal, altura, idade, sexo, gasto energético, poder aquisitivo e enfermidades.
137
UNICESUMAR
Pedro Escudero, em 1937, já deixou claro a premissa que é utilizada até a atualidade, que sustenta que a
alimentação diária, para ser considerada saudável e adequada aos indivíduos, deve ser quantitativamente
suficiente, qualitativamente completa, além de harmoniosa em seus componentes e adequada a sua
finalidade e ao organismo que se destina. O cardápio é uma ferramenta que, dentre diversas funções,
pode proporcionar o atendimento dessas questões, conforme apresentado na Figura 5.
Descrição da Imagem: trata-se de um infográfico com uma flecha que direciona às seguintes frases: “Cardápio é uma sequência de
pratos a serem servidos”; “Trata-se de uma ferramenta que inicia o processo produtivo”; “Serve como instrumento gerencial”; “É um
meio para que o nutricionista possa promover a saúde e satisfação do cliente”.
Fonseca (2012) afirma que o cardápio possibilita que o profissional nutricionista, no que se refere aos
aspectos nutricionais, possa planejar as preparações a serem servidas de maneira estratégica para que
as escolhas dos comensais/clientes possam tender ao que se considera o mais adequado. Segundo a
autora, por exemplo, caso a sobremesa seja um tipo de doce, e não seja possível oferecer outra opção,
como uma fruta, o nutricionista pode planejar uma guarnição menos calórica, como um repolho
refogado ou vegetal cozido.
Além disso, por meio do cardápio, é possível (e até necessário) prestar atendimento a partir de
cardápio específico aos clientes/usuários com doenças e deficiências associadas à nutrição (diabetes,
doença celíaca, alergias e intolerâncias, por exemplo), bem como aos portadores de necessidades es-
peciais, visando ao direito humano à alimentação adequada e saudável.
Outras possibilidades são: avaliar a frequência e tentar balancear a quantidade de frituras utilizadas
durante o preparo das refeições; proceder a orientação e a supervisão dos colaboradores quanto à cor-
reta adição de sal e temperos; buscar diminuir a quantidade de temperos industrializados utilizados;
e preferir temperos naturais, como especiarias, alho ou cebola.
Vale lembrar, ainda, o papel do nutricionista quanto à promoção da educação e à orientação nutri-
cional em coletividades, destacando a importância do processo de manutenção da saúde e da prevenção
das doenças. Reggiolli (2010) ressalta que é papel do nutricionista motivar e proporcionar um meio
para que as pessoas possam adotar decisões positivas em relação à alimentação saudável. Também
defende que o planejamento dos cardápios baseado nessa premissa pode estimular a clientela na
138
UNIDADE 6
escolha de pratos mais saudáveis, na recuperação e/ou manutenção da saúde e na adoção de hábitos
de vida saudáveis.
Assim, aluno(a), surge a pergunta: como fazer isso? De maneira prática, é possível associar o pla-
nejamento do cardápio à educação nutricional, informando à população a composição dos pratos
servidos e a montagem do prato (por exemplo a proporção de cada preparação a ser colocada no prato)
mais adequada sob o ponto de vista nutricional. O planejamento do cardápio também deve envolver
os hábitos e as culturas regionais e, principalmente, a liberdade de escolha de cada indivíduo. Nossa
tarefa, como nutricionistas, é associar a informação à educação, fornecendo subsídios para que cada
um faça a sua escolha de maneira livre e democrática.
Voltando ao problema exposto no início da unidade, diversos são os fatores que precisam ser levados
em consideração no planejamento do cardápio: aspectos operacionais, como a capacidade produtiva,
os equipamentos disponíveis, a disponibilidade de matérias-primas, o custo, o valor nutritivo e até as
características dos clientes. Enfim, cada empresa possui uma realidade que exige a individualidade da
UPR e o planejamento de cardápio.
Encerramos a unidade entendendo que, na posição de nutricionista responsável pelo planejamen-
to de cardápios, devemos desenvolver a habilidade de planejar cardápios e identificarmos os fatores
críticos de sucesso, de forma a trabalharmos para eliminar ou minimizar os efeitos no planejamento
estratégico. É necessário, ainda, ter confiança no trabalho, criatividade, motivação para executar as
tarefas, atualização e pesquisa constante. Esteja atento(a) às tendências de mercado, às realidades e às
características da própria empresa. Não se esqueça do importante papel do nutricionista em promover
a educação alimentar e nutricional da população.
139
Chegou o momento de testar os conhecimentos adquiridos ao longo da unidade. Primeiramente,
sugiro que continue a estruturar o mapa mental a seguir. Considerando o planejamento de cardá-
pios em uma UPR, cite o que deve ser levado em consideração nas três categorias de fatores que
influenciam o planejamento de cardápios. Inclua as categorias das preparações que compõem um
cardápio, expondo exemplos de cada uma delas.
Entrada Salada de
Técnico operacionais Fatores ambientais folhas
Prato principal
Espaço físico Público alvo
do ambiente
140
Agora vamos para as questões?!
Com base nos conhecimentos proporcionados pela disciplina, realize uma análise crítica do
cardápio de dois dias consecutivos servido no almoço de uma empresa metalúrgica que pos-
sui 800 funcionários. O cardápio é composto por uma opção de arroz, um tipo de feijão, duas
opções de prato principal, um acompanhamento, três saladas e uma sobremesa.
Dia 1 – Arroz branco, feijão carioca, bisteca suína ao molho de tomate com alho, almôndegas
ao molho bolonhesa, quirera de milho, salada de alface, salada de batata cozida, salada de
rabanete ralado e pudim de baunilha.
Dia 2 – Arroz branco, feijão carioca, filé de frango acebolado, iscas de frango ao molho sugo,
jardineira de legumes cozidos (batata e cenoura), salada de almeirão, salada de beterraba em
rodelas, salada de cenoura em rodelas e gelatina de uva.
Ao realizar a análise crítica, verifique os aspectos que devem ser respeitados no planejamento
de cardápios, como a combinação de sabores, a variação de cores e texturas, a harmonia, as
repetições e os demais detalhes que foram estudados na disciplina. Faça um texto dissertativo
de 10 a 15 linhas.
a) Se o cardápio estiver sendo planejado para um longo período, é recomendado fazer uma
previsão semanal e repeti-la a cada semana.
b) O custo de matérias-primas deve ser a prioridade no planejamento, pois a meta de custo
da empresa precisa ser respeitada, mesmo que isso ocasione repetição de um ingrediente
durante todo mês.
c) O planejamento de cardápios horizontais permite verificar os aspectos, como cores, textura e
sabores. Para utilizar essa ferramenta no planejamento, deve-se iniciar com as sobremesas.
d) A primeira categoria de planejamento do cardápio são as saladas, visto que será o primeiro
constituinte da refeição do cliente. É a partir da salada que a refeição será montada.
e) A elaboração do cardápio deve ser feita com calma e atenção, sendo indicado iniciar o plane-
jamento do cardápio pelo prato principal, seguido de acompanhamento.
141
3. Durante a elaboração de um cardápio, diversos fatores devem ser levados em consideração,
pois determinarão as diretrizes do planejamento, já que cada empresa possui características
próprias no que se refere ao cliente, estrutura física, ambiente, localização, variação climática
e orçamento. Não basta a simples escolha aleatória dos pratos que comporão o cardápio. É
essencial um planejamento que objetiva avaliar fatores, como o quesito ambiente.
142
7
Gestão de Estoques
Me Thanise Pitelli de Nigro
Caro(a) aluno(a), para iniciar o nosso estudo, gostaria de propor que você se coloque na posição de
um(a) nutricionista responsável por uma UPR que atende 300 refeições transportadas de uma indús-
tria. Para facilitar a logística, a UPR está mudando de endereço para ficar mais próxima. Contudo, o
novo local é menor, o que faz com que o espaço de armazenamento também se torne menor. E agora:
como você resolveria essa problemática?
Nesta unidade, estudaremos os conceitos necessários para entender que a mudança do espaço de ar-
mazenamento da UPR demanda uma nova forma de gerir o estoque, ao alterar a política de compras e os
níveis de estoque. Quanto menor for o espaço de armazenamento, mais frequente deverão ser as compras.
Assim, você, na posição de nutricionista, tem conhecimento técnico para fazer o levantamento das
quantidades necessárias e, em contato com os fornecedores, pode adotar uma política de compras que
possibilite a entrega das mercadorias sem que haja falta ou excessos.
Para começar o nosso estudo, é necessário entender que a gestão de estoques é essencial em qualquer
modalidade UPR, pois a quantidade a ser adquirida não pode ser pouca para não faltar, mas também
não pode ser excessiva, resultando em dinheiro “empacado” ou altos custos para a manutenção dos
gêneros armazenados. Proponho, aluno(a), que você pontue os itens que comumente fazem parte do
estoque de uma UPR. Que tal começar com a categoria “gêneros alimentícios secos”, como arroz, farinha
de trigo e sal? Faça isso com cada uma das categorias.
Caro(a) aluno(a), são muitos itens, não é mesmo? Desde os gêneros alimentícios, como arroz, fei-
jão, óleo, carne, sal, verduras, temperos etc., temos os materiais descartáveis, como guardanapo, copos,
papel bandeja e embalagem do delivery, se for o caso. Temos, ainda, os produtos de limpeza, como o
detergente e o desinfetante, materiais de escritório e outros itens, como água e gás. Sabe-se que a UPR
precisa gerir um estoque que engloba os gêneros que, inclusive, demandam critérios específicos de
armazenamento. Por isso, essa etapa é crucial para a boa gestão da UPR.
144
UNIDADE 7
145
UNICESUMAR
UAN
Requisição
Pedido de compra de material
Dedução do
excedente de estoque
Há
excedente
Não de estoque? Sim
Pagamento Fornecedor
Figura 1 - Fluxograma da gestão de estoques / Fonte: Abreu, Spinelli e Pinto (2011, p. 126).
Descrição da Imagem: trata-se de uma sequência em que todas as partes estão conectadas entre si. A primeira etapa consiste na
palavra “UAN”, seguindo consecutivamente de “Pedido de compra”, obtido a partir da dedução do excedente do estoque e “Requisição
de material”. O pedido de compras é encaminhado ao “Setor de compras”, “Fornecedor” e “Recebimento”, que, após a identificação do
“Gênero” (perecível ou não perecível), será encaminhado ao “Estoque” e à “Produção”, a fim de ser usado para definição da requisição
do material, tornando esse processo, um ciclo. Durante o recebimento, também há o recebimento da “Nota fiscal”, encaminhada ao
“Contas a pagar”.
As etapas listadas no fluxo serão discorridas nesta unidade, mas é importante entender que, em todas
as etapas, acontecem diversas tarefas específicas e que precisam ser conjugadas. Elas acontecem de
forma interligada e criteriosa, uma vez que esse processo envolve muito dinheiro.
Segundo Teixeira et al. (2007), a previsão de compras é a atividade anterior à solicitação de compras,
que está correlacionada a alguns fatores, tais como:
• O cardápio que foi planejado.
• As matérias-primas necessárias para cada preparação a ser elaborada.
• O número estimado de refeições que serão servidas.
• A frequência da utilização dos gêneros no período de previsão ou de entrega. Por exemplo, se
o fornecedor entrega uma vez por semana e o ingrediente será utilizado duas vezes na semana.
• O tipo e a imagem do estabelecimento, visto que o custo e a qualidade da matéria-prima utilizada
definem se o padrão do estabelecimento é alto, médio ou baixo.
• Estilo da operação, uma vez que, por exemplo, sem congelador suficiente, não é possível trabalhar
na compra apenas de carnes congeladas, necessitando comprar parte resfriada.
146
UNIDADE 7
• O sistema de serviço.
• A ocasião para o qual o item é necessário.
• A disponibilidade financeira para manutenção de estoques, que define a frequência de compras.
• Oportunidades de compra e tendências de preço.
• Sazonalidade da matéria-prima.
• Características da matéria-prima que podem influenciar a compra (como matérias-primas
importadas) e o armazenamento (como os cereais, que devem permanecer em local arejado
para evitar carunchos).
• Conteúdo da embalagem versus montante utilizado. Por exemplo, se a embalagem do milho em
conserva é de 2 kg e, na UPR, é necessário comprar 1,2 kg, considerando que a validade após a
abertura é muito curta e que não há um planejamento de utilização em outro dia de acordo com
a validade, é viável, para a UPR, comprar embalagens com volume mais próximo ao necessário.
• Quantidade do item já existente no estoque e quantidade de itens que se pretende manter no
estoque da UPR.
Iniciando a abordagem relativa aos estoques, o estoque pode ser definido como a quantidade física de
materiais existentes para serem utilizados (MAGNÉE, 1996). Além disso, os “estoques são os materiais,
os produtos e as mercadorias que percorrem a cadeia de suprimentos até que sejam requeridas para
transformação ou venda a clientes, e por fim, ao consumidor final” (GRANT, 2013, p. 124).
Dessa forma, o estoque minimiza custos a partir do aproveitamento das oportunidades de compra,
evita a falta de produtos e racionaliza o trabalho por ter itens à disposição. A compra das matérias-pri-
mas interfere diretamente no preço dos produtos finais, que podem garantir menor ou maior custo do
produto acabado. O consumo é proporcional ao volume de produção e a falta de matéria-prima pode
acarretar a paralisação da produção programada.
Caro(a) aluno(a), estamos abordando a sequência lógica do fluxograma de uma UPR. Desse
modo, o recebimento e o armazenamento têm, como foco, as matérias-primas, isto é, os
produtos que ainda serão manipulados. Segundo Bertaglia (2020), esses produtos são
comprados para que possam sofrer transformações durante o processo produtivo e são
os itens básicos e necessários para a produção do produto acabado. Gostaria apenas de
reforçar que Abreu, Spinelli e Pinto (2011) definem outros dois tipos de estoques que podem
ser mantidos nas UPR: produtos em processo ou manipulados e estoque de preparações.
Os autores apresentam a existência de estoque de produtos em processo, incluindo aque-
les que estão em fase de produção e fazem parte do estoque. Os produtos em processo
são assim considerados por já terem sido modificados a partir da forma com que foram
recebidos (por exemplo, uma peça de carne já cortada em bifes) e se transformarão na
preparação. O estoque de produtos acabados é caracterizado pelos produtos que já estão
finalizados, esperando para que possam ser distribuídos. Bertaglia (2020) afirma que são
os produtos que já completaram todas as operações de produção. Na área de produção
de alimentos, podemos citar como exemplo de estoque de produtos acabados uma porção
de risoto preparado e congelado.
147
UNICESUMAR
Assim, aluno(a), a má administração da logística disso, com o estoque, há uma redução dos custos
de compras pode ocasionar erros, como a reposi- proporcionada pela compra de quantidades e
ção irregular da matéria-prima, ou seja, os pedidos melhores preços. Ainda, pode-se ter uma segu-
maiores do que são necessários, o que, além de “di- rança quanto à diferença de preços, que podem
nheiro parado”, ocupam espaço de armazenamento subir depois de um tempo.
e arriscam a perda da matéria-prima (que pode Teixeira et al. (2007) afirma que, do ponto de
estragar ou atingir a data de validade). Além dis- vista financeiro, os estoques devem ser reduzi-
so, quando o processo de compras não acontece dos para diminuir o capital investido. Porém, não
de maneira organizada, pode faltar o controle de deve ser pouco para não faltar. Vale lembrar que
entrega de fornecedores ou de matéria-prima, o um aumento do nível de estoque é acompanhado
que obriga a mudança no cardápio, tornando itens de um aumento nos custos de armazenamento,
indisponíveis (o que é muito ruim ao cliente que afinal, se quando estocamos carne, por exemplo,
vai ao estabelecimento em busca de determinado deve-se pensar que será necessário gastar energia
prato, não é?) ou exigindo compra emergencial, para sua manutenção.
que, geralmente, terá um custo mais alto. Entretanto, a gestão de estoque é uma ativida-
Dessa maneira, quando a previsão de compras de complexa, pois acaba ficando sujeita aos fatores
é feita adequadamente, é possível fazer um plane- já citados, como se sua localização é próxima a
jamento racional. Há a possibilidade de realizar centros de abastecimento (aumentando a possi-
diversificações nas preparações que compõem os bilidade de entrega em menor tempo), facilidade
cardápios variáveis e garantir que o item presente de transporte e disponibilidade financeira e de
no menu fixado estará disponível ao cliente. Por espaço para uma boa armazenagem dos produtos.
isso, Fonseca (2012) reforça que manter um es-
toque mínimo de gêneros alimentícios pode ser
útil nos casos de atraso no fornecimento, aumento
não programado do número de refeições ou de
intercorrências durante o preparo (por exemplo,
queimar o arroz durante o cozimento ou a pre-
paração ficar salgada demais).
Os estoques impactam diretamente o desen-
volvimento financeiro da empresa, justamente
por se tratar do principal ativo da organização,
o que gera a necessidade de realizar um contro-
le mais efetivo de materiais e valores (ABREU;
SPINELLI; PINTO, 2011). Eles visam corrigir os
erros de planejamento. Por exemplo, se, em um
determinado dia, o número de refeições servi-
das for maior que o esperado, ao manter estoque,
evita-se não conseguir atender a demanda, dado
que há itens disponíveis para atender às exigên-
cias sem providências nas últimas horas. Além
148
UNIDADE 7
Abreu, Spinelli e Pinto (2011) apresentam con- modo, o processo de compras deve ser agilizado
ceitos importantes sobre o estoque mínimo, mé- toda vez que o estoque atingir o limiar mínimo.
dio e máximo, que servem para a compreensão • Estoque médio
do funcionamento do estoque. Todavia, refor-
çam que, atualmente, as UPR estão repensando Trata-se do nível que previne qualquer eventuali-
a organização para melhor planejar as atividades dade ou emergência, quer provocada pelo consu-
e operações, visando à redução ao máximo dos mo anormal de material, quer pelo alargamento
gêneros e dos materiais estocados. do tempo de chegada. Por isso, o estoque médio é
Portanto, para a detecção das necessidades de calculado considerando 50% da quantidade a pedir
compras, é preciso estabelecer previamente os mais o estoque mínimo. Considerando o exemplo
níveis de estoque que serão seguidos, que podem anterior, aluno(a), temos, como estoque médio:
ser classificados, de acordo com Mezomo (2015) O estoque mínimo (15 kg) + 50% dele (7,5 kg)
em estoque mínimo, médio e máximo. Isto é, o estoque médio da UPR será de 22,5 kg.
• Estoque mínimo O estoque médio visa garantir certa segu-
rança, como no caso de atrasos na entrega e no
Esse tipo de estoque também é conhecido como aumento da demanda enquanto se aguarda o
estoque de segurança, de proteção ou de reserva e produto chegar.
se refere à menor quantidade de material que deve • Estoque máximo
existir no estoque, com o intuito de utilizá-lo até
que haja reposição pelo fornecedor. Basicamente, Representa a maior quantidade de material que
é o um nível de estoque, no qual as operações de deve existir na organização, pois garante o con-
suprimento (recebimento de matéria-prima) e sumo até o tempo de recebimento do próximo
consumo se equilibram. lote de reposição, que será calculado a partir
Portanto, o estoque mínimo pode ser calcula- da necessidade e da programação dos pedidos,
do levando-se em consideração o consumo médio dos recursos financeiros disponíveis e do espaço
e os dias necessários para a entrega do produto. para armazenamento.
Por exemplo, considerando que o restaurante ci- O estoque máximo é calculado a partir da se-
tado no início da unidade costuma cozinhar 5 kg guinte fórmula = (consumo médio x política de
de arroz cru por dia e que, ao fazer o pedido ao compras) + estoque mínimo
fornecedor, o arroz chegará em 3 dias, o estoque Nesse caso, o consumo médio é a quantidade
mínimo será: utilizada por dia e a política de compras vai de
5 kg de arroz utilizados por dia x 3 dias de acordo com as regras da empresa, por exemplo,
entrega = 15 kg se ela opta por fazer compras mensalmente.
Afinal, até que o fornecedor entregue o arroz Considerando o exemplo em ênfase, isto é, do
novamente, a unidade precisa de quantidade sufi- estabelecimento que cozinha 5 kg de arroz por
ciente para usar. Nesse caso, o total a ser mantido dia e tendo em vista que a empresa faz compras
é de 15 kg. mensais e funciona no decorrer dos 30 dias do
A identificação das necessidades de compras mês, isso significa que:
se baseia no consumo médio da empresa. Desse (5 kg x 30 dias) + estoque mínimo
(150 kg) + 15 kg = 165 kg
149
UNICESUMAR
Dessa maneira, para a compra de arroz ser feita uma vez ao mês, a empresa precisa manter arroz
para os 30 dias de funcionamento mais a quantidade a ser utilizada até o fornecedor entregar o pedido.
O estoque máximo é, portanto, o nível acima do qual a UPR não pretende operar, sob pena de estar
desperdiçando recursos investidos em materiais e dificultando a própria administração e controle. Ob-
serve, aluno(a): se o dinheiro está parado no estoque, o capital de giro acaba sendo menor, diminuindo
possíveis investimentos, como em marketing.
No conceito do estoque máximo foi abordada a política de compras. Vale ressaltar que a política
de compras ocupa cada vez mais uma posição estratégica na estrutura das UPR, principalmente no
que diz respeito aos ganhos de competitividade e redução de custos. A política de compras da empresa
depende do que for resolvido quanto à forma de aquisição, das possibilidades de armazenamento e
quantidade e das formas de produção. Cada empresa precisa avaliar qual forma possui mais vantagens
para si (SOUZA; BACIC; BERNARDES, 2009).
A curva ABC é outra ferramenta gerencial que vem sendo amplamente utilizada na gestão de esto-
ques em UPR. Ela também serve como uma ferramenta para definição da política de vendas, progra-
mação da produção e planejamento da distribuição, uma vez que permite conhecer a contribuição que
cada item de matéria-prima usada tem no montante geral. Para tanto, vários sistemas informatizados
apresentam a curva ABC em suas ferramentas.
O conceito da curva ABC foi desenvolvido por Vilfredo Paretto em 1897 em um estudo sobre
a distribuição de renda na Itália. Paretto identificou que a distribuição da riqueza não acontecia de
maneira uniforme, visto que grande parte da riqueza (80%) estava nas mãos de uma pequena parcela
da população (20%). Transpondo esse conceito para a gestão de estoque, é possível identificar que
poucos itens são responsáveis pela maior contribuição nos custos da UPR. Em decorrência disso, são
classificados em itens A, B ou C (ABREU; SPINELLI: PINTO, 2011).
Denomina-se ABC, sendo A os itens que possuem alto custo, B o custo mensal intermediário e C os
itens que têm consumo mensal baixo. Na elaboração da curva ABC da UPR, os itens são ordenados de
acordo com a importância no montante de itens do estoque. No Quadro 1, é exibido um exemplo da
aplicação da curva ABC, mas vale ressaltar que esse conceito é aplicado, geralmente, pelo valor mensal
de custos (sem se preocupar com o percentual).
Custo Percen-
Item ou Consumo Custo
Produto Unidade unitário tual sobre
código realizado total (R$)
médio (kg) o total (%)
Curva A
Pacu bovi-
01 kg 49,960 8,01 400,18 21,90
no
Arroz agu-
02 lhinha tipo kg 185,000 1,55 286,75 15,69
1
150
UNIDADE 7
Custo Percen-
Item ou Consumo Custo
Produto Unidade unitário tual sobre
código realizado total (R$)
médio (kg) o total (%)
Peito de
03 frango kg 38,000 5,50 209,00 11,43
sem osso
Peito de
04 frango kg 38,000 5,50 209,00 11,43
sem osso
Óleo de
05 litro 41,000 2,86 117,26 6,41
soja
Curva B
Feijão ca-
07 kg 68,000 1,55 105,40 5,76
rioca tipo 1
Banana
08 un 400,000 0,18 72,00 3,94
nanica
Laranja
09 un 340,000 0,18 61,20 3,35
pera
Curva C
Refresco
10 kg 9,000 6,30 56,70 3,10
em pó
Gelatina
11 kg 8,000 5,47 43,76 2,39
em pó
Alho pica-
14 kg 12,000 2,38 28,56 1,56
do
Acelga lim-
15 kg 21,000 1,10 23,10 1,26
pa
Farinha de
16 kg 14,000 1,50 21,00 1,15
mandioca
151
UNICESUMAR
Custo Percen-
Item ou Consumo Custo
Produto Unidade unitário tual sobre
código realizado total (R$)
médio (kg) o total (%)
Pepino co-
17 kg 22,000 0,90 19,80 1,08
mum
Quadro 1 - Aplicação da curva ABC em uma UPR / Fonte: adaptado de Abreu, Spinelli e Pinto (2011).
152
UNIDADE 7
Ainda em relação a uma UPR com espaço de armazenamento limitado, Fonseca (2012) afirma que é
importante se atentar ao tipo de embalagem comercializada e ao tipo de entrega, dado que, caso
o volume da UPR seja pequeno, os fornecedores, geralmente, aceitam atender aos pedidos poucas
vezes na semana ou realizam uma entrega mensal. A dimensão das áreas de estocagem deve estar
de acordo com o volume de produção da UPR e a localização. Afinal, embora a UPR trabalhe com
volumes grandes de pedido de mercadorias, caso seja localizada em uma área afastada dos centros de
abastecimento (muito comum em UPR de indústrias), a periodicidade de entrega tende a ser menor,
devido ao alto custo de deslocamento por parte do fornecedor.
Além do mais, o tipo de gênero a ser adquirido faz com que a periodicidade de entrega seja altera-
da. Alimentos importados ou não muito comuns não são comercializados por muitos fornecedores.
Desse modo, os fornecedores devem ser listados e, a partir dos gêneros comercializados por cada um,
cria-se um quadro com a nomeação dos produtos que são comercializados.
Apre-
Nome
Visita sentou
Gêne- do ven- Forma
técnica docu- Prazo
ro em Forne- Conta- dedor/ Ende- de
(Ok ou mentos de en-
ques- cedor to repre- reço paga-
Não (Ok ou trega
tão sentan- mento
OK) Não
te
OK)
R. XV de
D D D maio, Boleto
Cerea-
Arroz 0000- Fulano 2 0 2 , OK OK 3 dias bancá-
lista X
0000 Londri- rio
na- PR
R u a
Distri- D D D Sergi-
Arroz buidor 0000- Ciclano pe, 100, Ok Ok 5 dias À vista
A 0000 Londri-
na- PR
A integração dos fornecedores ao sistema produtivo da empresa pode impactar o desempenho da empre-
sa. Em consequência disso, cabe à instituição avaliar os fornecedores em relação aos seguintes quesitos:
• Avaliação das condições de estabelecimento: recomenda-se a realização de uma visita técnica
para observar se as matérias-primas são bem manipuladas, por exemplo (inclusive, é um dos
itens abordados como atribuições do nutricionista nesse campo de atuação, de acordo com a
Resolução CFN nº 600/2018).
• Idoneidade no mercado.
• Capacidade real de fornecimento, visando garantir que ele atenda às necessidades da empresa.
• Localização em relação ao estabelecimento, pois, quanto mais próximo for, menor será a chance
de atrasos e imprevistos.
153
UNICESUMAR
Quando os fornecedores são avaliados, é preciso manter uma ficha cadastral com os dados (endereço,
telefone, pessoa de contato), objetivando facilitar o processo de compras. Assim, após a elaboração
do cardápio, com as fichas técnicas, é possível elaborar a lista das matérias-primas necessárias e a
quantidade. Após a previsão da lista de compras, é preciso realizar a cotação dos gêneros com os
fornecedores cadastrados.
Uma dica profissional é sempre ter de dois a três fornecedores por produto necessário.
Diante disso, é possível realizar diferentes cotações e possibilitar maior poder de negocia-
ção. Não só, mas também se evita a falta de matérias-primas, caso o único fornecedor não
possa fazer o atendimento.
É importante manter um registro das cotações realizadas. Desse modo, o trabalho fica organizado e é
mantido um histórico dos contatos. Um modelo do formulário de cotações é apresentado no Quadro 3.
Quan-
Condi- Condi- Condi-
tidade Forne- Forne- Forne-
ções de ções de ções de Aprova-
Item a ser cedor 1 cedor 2 cedor 3
paga- paga- paga- do
com- (R$) (R$) (R$)
mento mento mento
prada
6 5 0 9,89 / 7,69 /
Prato 12,08 / Forne-
unida- unida- 21 dias À vista unida- 30 dias
raso unidade cedor 3
des de de
Quadro 3 - Modelo de formulário para cotação de compras / Fonte: adaptado de Abreu, Spinelli e Pinto (2011).
154
UNIDADE 7
Vale ressaltar que o melhor preço nem sempre é prioridade, visto que é preciso considerar a qualidade,
o prazo de entrega e o tipo de parceria existente entre a empresa e o fornecedor. O sistema de compras
visa, portanto, assegurar que a quantidade, o preço, as especificações e os prazos de entrega estejam de
acordo com os padrões definidos pela empresa, proporcionando um perfeito fluxo de informações e
controle das compras efetuadas.
Há UPR que trabalham com licitações, assim como ocorre em algumas creches, escolas, hospitais
públicos e restaurantes populares e universitários. Nesses casos, o fornecedor pode estar localizado a
muitos quilômetros de distância, dificultando a devolução de matérias-primas (afinal, a reposição pode
não chegar a tempo). Por isso, é recomendado trocar o tipo de embalagem por plástico ou material
que não amasse ou quebre.
Existem diferentes tipos de processos de compras. Dentre eles, está a concorrência pública, geral-
mente, utilizada em empresas estatais. Ela, basicamente, vem substituindo o processo licitatório
tradicional pelo “pregão”, que funciona como um “leilão ao contrário”, dado que os concorrentes vão
diminuindo o preço dos produtos em lance. A compra fechada é semelhante à concorrência pública,
a ser usada por empresas privadas. A cotação de preço é o processo mais comumente utilizado.
A UPR realiza a cotação de preço de determinado produto com os fornecedores cadastrados na
empresa (geralmente são 2 a 3 por produto).
Fonte: adaptado de SENAC (2007).
155
UNICESUMAR
A solicitação das compras pode ser realizada por meio de um formulário próprio que deve conter
informações que permitam um controle eficaz do fornecimento em relação ao padrão da qualidade e
da data de entrega. A solicitação pode ser diária, semanal, quinzenal ou mensal e alguns fornecedores
trabalham com entrega única ou parcelada.
Dessa forma, é feito o levantamento quantitativo por meio do levantamento do cardápio que será
servido, a quantidade a ser usada por pessoa e o número de refeições, descontando-se o que já está no
estoque físico. Depois de verificar os valores praticados pelo fornecedor, é elaborada a requisição de
compras, conforme o apresentado no Quadro 4.
Restaurante: ___________
PEDIDO SEMANAL DE COMPRAS - Hortifrutigranjeiros
Fornecedor: ____________
Data de entrega: 07/02/2022 Horário: 08h00 às 10h00 ou 14h00 às 16h00
Banana prata 12 kg
Repolho roxo 15 kg
Cebola branca 14 kg
Cenoura 23 kg
Laranja Bahia 25 kg
A ficha de solicitação é feita para cada fornecedor e, quanto mais específica for a descrição da ma-
téria-prima, menor é o risco de haver intercorrências. Nesse sentido, é importante que a solicitação
das compras seja organizada. Mezomo (2015) afirma que uma das formas de organizar o processo
de compras é classificar os gêneros alimentícios de acordo com a perecibilidade. Assim, a política de
compras pode se dar em diferentes periodicidades. Os gêneros considerados perecíveis são: carnes,
laticínios, ovos, verduras, legumes e frutas, os quais devem ser comprados com maior frequência. Eles
são assim denominados por serem mais sensíveis à deterioração (biológica ou física), prejudicando
a qualidade deles, se acondicionados e transportados de maneira incorreta. Muitas vezes, eles devem
ser recebidos com maior frequência.
Por outro lado, os gêneros não perecíveis, como arroz, feijão, enlatados e óleo, que não se deterioram
com tanta facilidade e suportam os processos de estocagem mais prolongados, podem ser comprados
em maiores quantidades, aproveitando melhores possibilidades de negociação e tendências de preço.
156
UNIDADE 7
Existem, ainda, os gêneros semi-perecíveis, que são o intermédio entre os perecíveis e os não pere-
cíveis em termos de estocagem. São representados por uma minoria de gêneros: batata, cebola e
alho, que podem ser armazenados à temperatura ambiente, mas têm uma durabilidade um pouco
menor que os demais itens (não perecíveis). No entanto, também podem ser armazenados em
refrigeração, com validade maior que os itens perecíveis.
Fonte: adaptado de Mezomo (2015).
O pedido de compras pode ser feito via telefone ou e-mail. Em ambos, é preciso tomar cuidado, como
o de conferir com a pessoa que está recebendo o que foi anotado, registrar o pedido que foi solicitado
(quem passou o pedido e quem o recebeu) e se certificar que passou o máximo de detalhes quanto ao
produto e à data de entrega.
Para evitar a entrega de muitos gêneros em um mesmo dia e organizar os dias em que ocorrem as
entregas, a UPR pode organizar um cronograma, assim como é apresentado a seguir.
Figura 2 - Exemplo de logística semanal de recebimento de gêneros pela UPR / Fonte: adaptada de SENAC (2007).
Descrição da Imagem: trata-se de um quadro que exibe um cronograma de entrega. Inicia-se o recebimento na segunda-feira. Na
terça-feira, são recebidos o pão, os laticínios e não perecíveis. Na quarta, são recebidos o pão e as carnes. Na quinta-feira, são recebidos
o pão e o hortifrúti e, na sexta-feira, o pão e os não perecíveis.
157
UNICESUMAR
O processo de compras engloba outras atividades (além de solicitar ao fornecedor). Portanto, segundo
Pozo (2008), ele pode englobar as seguintes ações:
Dessa forma, a pessoa responsável pelo processo de compras, seja o nutricionista, seja um colaborador
treinado pelo nutricionista, deve ter algumas habilidades técnicas, como definir e quantificar as porções
e o número de refeições, especificar a matéria-prima (saber diferenciar um tomate para salada ou um
tomate para molho, por exemplo), identificar o fornecedor, conhecer as características de armazenamen-
to das matérias-primas e ter organização administrativa, uma vez que muitos instrumentos de controle
e avaliação são necessários. Por fim, mas não menos importante, é preciso ter relacionamento ético.
Entende-se, portanto, que a função de compras pode ser vital para uma empresa, sobretudo, devido
à função financeira e deve ser a responsável por gerar um respaldo para que seja projetada de forma
bastante operacional e dê maior flexibilidade de atuação à gerência, não apenas no aspecto interno,
mas também em relação ao mercado fornecedor (GONÇALVES, 2007).
Comprar de forma correta é um dos meios que a empresa pode usar para reduzir custos e a ideia
de “comprar bem” inclui a verificação de preços, qualidade e volume. Por exemplo, ao comprar frutas,
deve-se especificar o peso da caixa, o tamanho, a variedade e o grau de amadurecimento requerido. É
importante que o setor de compras mantenha um bom relacionamento com os fornecedores e tente,
sempre que possível, antever problemas que possam prejudicar a organização do cumprimento de
metas de produção em épocas de escassez e alta de preços (DIAS, 2019).
Teixeira et al. (2007) orientam que, após o pedido de compras, é necessário elaborar o cronograma
de entrega, com as datas específicas de entrega dos gêneros solicitados, pois, assim, é possível normatizar
o abastecimento e avaliar o desempenho dos fornecedores (nível de comprometimento às solicitações).
Nesse cronograma, é preciso redigir as seguintes informações:
- Nome do fornecedor.
- Data da solicitação.
- Data de entrega e horário.
- Descrição dos gêneros (estocáveis e perecíveis).
- Unidade. Exemplo: um saco de 60 kg.
158
UNIDADE 7
Descrição da Imagem: a figura apresenta o seguinte fluxo: Cardápio (quantidade necessária/nível de estoque) → Definição do fornecedor
→ Pedido de compras (levantamento de preços) → Compra → Recebimento da mercadoria.
É importante ressaltar que os produtos manipulados e produzidos na própria UPR devem conter
identificação de produção própria, com data de produção e validade. Além disso, produtos comprados
a granel e retirados da embalagem original para serem subdivididos devem seguir o padrão descrito.
159
UNICESUMAR
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) orienta mensurar as temperaturas que devem
estar adequadas e precisam ser registradas no recebimento. Os perecíveis devem cumprir os seguintes
critérios de temperatura para congelados: -18º C com tolerância de -12º C e refrigerados até 6º C com
tolerância até 7º C (GERMANO; GERMANO, 2019).
Além de controlar a temperatura, é importante registrar esse ato em uma planilha específica, visando
implantar o controle de qualidade e minimizar a ocorrência de não conformidades no preparo dos
alimentos. A seguir, é apresentado um modelo de planilha para controle de recebimento de matérias-
-primas (Quadro 5).
CONTROLE DE RECEBIMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS
Data de entrega:
Nome do fornecedor:
Responsável pelo recebimento:
Congelados:
Conservação do veículo ( )Sim ( ) Não
Nome do produto:
Temperatura:
Higiene pessoal do entregador ( )Sim ( ) Não
Temperaturas Adequadas
Produtos resfriados: De 2 à 8°C / Tolerância até 10°C
Produtos Congelados: De -18°C à -12°C / Tolerância até -10°C
Sempre que possível, é válido trocar as caixas plásticas de transporte dos hortifrutigranjeiros por
embalagens próprias da empresa, pois possibilita a avaliação dos gêneros que se encontram na parte
inferior da caixa nos quesitos tamanho, aparência e deterioração, além de evitar a entrada de material
indesejado. O mesmo processo pode ocorrer com as demais embalagens de transporte, como papelão,
saco plástico e fardos de papel.
Após a recepção e a conferência das informações e da qualidade, as mercadorias devem ser ime-
diatamente armazenadas em condições favoráveis à conservação, mantendo a temperatura indicada
pelos fabricantes e respeitando o sistema Primeiro que Vence, Primeiro que Sai (PVPS) (GERMANO;
GERMANO, 2019).
Os documentos utilizados no processo de recebimento de mercadorias são apresentados na Tabela 1.
160
UNIDADE 7
Documento Descrição
Tabela 1 - Documentos usados no recebimento de mercadorias em UPR / Fonte: adaptada de Abreu, Spinelli e Pinto (2011).
Data do recebimento:
Fornecedor:
Responsável pelo recebimento:
Nota fiscal:
Assinatura:
Quadro 6 - Exemplo de planilha para registro de ocorrência no recebimento de matérias-primas / Fonte: a autora.
161
UNICESUMAR
Diante disso, depois de armazenar as mercadorias e o documento recebido, é preciso fazer o registro
de entrada da mercadoria, especificando a quantidade e o preço (chamadas de “fichas de estoque”)
(ABREU; SPINELLI; PINTO, 2011).
Esses registros podem ser informatizados, mas, quando são feitos em fichas de estoque manuais,
devem ter um leiaute que permita levantar rapidamente a quantidade e o valor das mercadorias que
entram e são retiradas do estoque. Um modelo de ficha de estoque é apresentado a seguir.
FICHA DE ESTOQUE
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média/Ano
Quadro 7 - Modelo de ficha de estoque em UPR / Fonte: adaptado de Abreu, Spinelli e Pinto (2011).
Magnée (1996) afirma que as fichas de estoque têm como finalidade controlar o histórico de consumo,
avaliar as movimentações de entrada e saída de mercadorias do estoque, controlar o estoque mínimo,
alertando a necessidade de fazer pedido de compras, detectar o desvio de mercadorias, verificar os
exageros no consumo e no gasto, e conferir o estoque.
As fichas de estoque facilitam o levantamento do inventário. Nesse contexto, para Abreu, Spinelli e
Pinto (2011), o inventário perpétuo é um registro contínuo dos itens existentes no estoque por meio das
fichas de estoque. Basicamente, os artigos recebidos são anotados diretamente nas fichas, somando-se
aos itens existentes. Quando o item é usado, subtrai-se do inventário. O objetivo é facilitar a informação
imediata sobre a quantidade de alimentos existentes. Esse processo pode ser, ou não, informatizado.
Abreu, Spinelli e Pinto (2011) afirmam que o inventário físico é um registro real, ou seja, a contagem
física de todos os produtos existentes. Geralmente, é feito ao final do mês (mas existem empresas que
fazem quinzenalmente ou trimestralmente), com objetivo de validar o inventário perpétuo. Em outras
162
UNIDADE 7
palavras, os inventários físico e perpétuo devem se coincidir exatamente, pois o físico deve ser feito
a partir da comparação do dado real com os dados do sistema ou com as próprias fichas de estoque.
Por meio da ficha de estoque, é possível elaborar o fechamento mensal e o custo diário da produção.
Por isso, deve-se registrar, em uma requisição, todas as mercadorias que saem do estoque diretamente
para a cozinha. Alguns estabelecimentos trabalham com requisição à despensa, que, segundo Abreu,
Spinelli e Pinto (2011), é um processo administrativo interno que serve como instrumento para garantir
a adequação quantitativa das refeições e controlar os gêneros do estoque, já que um produto só pode
ser retirado quando a requisição é preenchida, mantendo registro das movimentações.
Data da solicitação:
Nome do solicitante:
Itens necessários:
Gênero Quantidade
Data da separação:
Visto estoquista:
Data do recebimento:
Visto solicitante:
Quando esse processo é feito antecipadamente (por exemplo, no dia anterior), a requisição permite
tranquilidade na separação dos produtos e tempo hábil para as adequações na falta ou na quantidade
insuficiente de mercadoria, além de diminuir o índice de desperdício e furtos, uma vez que serão
entregues apenas os produtos que serão utilizados. Assim, se existirem sobras de matérias-primas
separadas e entregues à cozinha, é possível devolvê-las ao estoque para conhecer apenas a quantidade
que realmente foi utilizada.
Abreu, Spinelli e Pinto (2011) afirmam que, na história da evolução mundial, as empresas se transfor-
maram em uma sociedade marcada pela informação e pelo conhecimento, manifestado pelo interesse
em informatização. No controle de estoques, a informatização se tornou uma facilidade valorizada, pois
economiza tempo em relação aos cálculos manuais, facilita o controle, permite a imediata conferência
dos valores do estoque e proporciona vantagens ao gerenciamento.
163
UNICESUMAR
164
Para a verificação crítica dos conhecimentos apropriados, sugiro que você produza um mapa men-
tal introduzindo as etapas existentes na gestão de estoques e, incluindo, à direita, os respectivos
documentos de controle existentes na etapa.
Levantamento da quantidade
a ser adquirida com base no
planejamento de cardápios Cotação de preços
165
1. A previsão de compras é uma atividade realizada antes da solicitação de compras ou do contato
com os fornecedores e é o cardápio que dita as necessidades operacionais.
De acordo com a temática evidenciada, assinale a alternativa que apresenta um item que não
é considerado durante a elaboração da lista de compras:
a) 10 kg.
b) 14 kg.
c) 20 kg.
d) 28 kg.
e) 4 kg.
166
I) É preciso avaliar as condições do estabelecimento do fornecedor. É indicada a realização de
visitas técnicas para avaliar se as matérias-primas são bem manipuladas. Além disso, é indicado
que a empresa fornecedora apresente os documentos para funcionamento dentro da validade.
II) O fornecedor deve ter capacidade de fornecimento, a fim de atender às necessidades da UPR.
Quanto mais próxima for a localização, menor é a chance de ocorrerem atrasos e imprevistos.
III) Ao receber os produtos, é preciso avaliar a quantidade, a qualidade e a forma de acondicio-
namento e transporte das mercadorias. Assim, é necessário verificar se o veículo usado para
a entrega está limpo e mantém a temperatura necessária.
IV) Dentre os documentos e registros das empresas, aquele que é preenchido quando ocorre o
recebimento da matéria-prima, visando ao registro da temperatura e à verificação do produto,
é a ficha de estoque.
É correto o que se afirma em:
167
168
8
Gestão Econômico-
Financeira de
Unidades Produtoras
de Refeições
Me Thanise Pitelli de Nigro
Caro(a) aluno(a), você já refletiu sobre os custos mensais que existem em uma UPR? Como, normal-
mente, cozinhamos em nossas residências, pensamos que o custo das refeições envolve somente o valor
das matérias-primas adquiridas em mercados, açougues ou feiras, e não consideramos os demais, como
os produtos de limpeza, o gás, a água, a energia e o custo do espaço (aluguel, por exemplo).
Considere uma pizzaria que, depois de muitos anos com clientela fiel, atualmente, está com difi-
culdades financeiras e, por falta de necessidade, não tem controle do fluxo de caixa. Desse modo, não
sabe o quanto gasta com matérias-primas e/ou mão de obra. Por isso, contratou um nutricionista para
auxiliar nessa organização e elaborar as fichas técnicas dos produtos. Como nutricionista responsável
pela gestão da UPR, é necessário compreender os custos existentes e definir a meta para cada tipo de
custo, a fim de que haja um bom desempenho do exercício profissional.
Os custos existentes na pizzaria são diversos. Abrange a compra das matérias-primas alimentares
e não alimentares (descartáveis e materiais de limpeza e escritório), a mão de obra, o que inclui os sa-
lários dos funcionários, as férias, os 13º salários, o vale transporte e os uniformes, e os demais custos,
como aluguel, energia e gás.
Em uma UPR, os custos relativos às matérias-primas, normalmente, são os mais expressivos e detêm
a maior proporção dos custos da empresa, consumindo entre 30 a 50% do faturamento da empresa.
Para a pizzaria em questão, obter as informações das fichas técnicas é o primeiro passo para controlar
o custo das matérias-primas. Posteriormente, serão organizados e conhecidos os custos existentes.
Observe a situação da pizzaria que sempre manteve uma clientela fiel, mas, agora, está enfrentando
dificuldades financeiras e busca ajuda profissional para se reorganizar. Ao conhecer o destino dos cus-
tos, o nutricionista gestor da UPR saberá os percentuais destinados a cada tipo de custo e conseguirá
elaborar um plano de ação buscando economia, melhores custos-benefícios e otimização da produção.
Ao conhecer os custos de cada produto, ainda, a pizzaria saberá, por exemplo, qual sabor de pizza é
possível trabalhar com promoção, enquanto uma estratégia para buscar a clientela. Voltando à pergunta
inicial da unidade, aluno(a), sugiro que você pense quais são os custos que realmente existem em uma
produção de alimentos.
Use o diário de bordo a seguir e pontue os custos que elencou. Alguns já foram citados, tais como
mão de obra e matérias-primas alimentares e não alimentares. Entretanto, posso adiantar que é possível
pontuar, pelo menos, mais uma dezena de itens. Vamos lá?
170
UNIDADE 8
Constantemente, várias UPR são abertas, afinal, Fonseca e Santana (2012) afirmam que, para a
o setor de alimentação fora do lar possui expan- discussão de custos em UPR, é necessário consi-
são em torno de 10% ao ano e gera cerca de 450 derar toda a gestão de matérias-primas, o tipo de
mil novas oportunidades de emprego por ano cardápio, o contrato estabelecido, caso seja uma
(SEBRAE, 2022). Alguns fazem sucesso e perma- UPR terceirizada, as possibilidades de forneci-
necem abertos por décadas, passando de geração mento de gêneros pelos fornecedores, a localiza-
para geração, mantendo características, essência ção da empresa e outros itens.
tradicional e sobrevivendo às crises. Por outro Uma das maiores falhas na gestão econômi-
lado, outros estabelecimentos fornecem alimen- co-financeira é fazer o planejamento dos cus-
tos de qualidade, há bom atendimento, ambiente tos baseado em determinada meta e eles não
aconchegante, enfim, mas, quando menos espe- serem frequentemente apurados. Na apuração,
ramos, fecham as portas. é possível identificar que determinados custos
A Associação Brasileira de Bares e Restau- podem ter valor maior do que o estipulado, o que
rantes (ABRASEL, 2022) alerta que o setor de não é condizente com a realidade. Reconhecer a
alimentação fora do lar é caracterizado pela alta importância das operações, buscar profissionais
mortalidade, com estimativas de que, aproxima- empenhados e capacitados, e atualizar e controlar
damente, 35% dos novos empreendimentos fe- os custos devem ser atitudes de todos os gestores.
cham as portas antes do primeiro ano, atingindo Há mais de 20 anos, Teixeira et al. (2007) afir-
um percentual de 50%, quando se analisa um pe- mavam que os estabelecimentos que trabalham
ríodo de dois anos. Após uma década, estima-se com a alimentação são estruturas administrativas
que apenas 3 entre 100 continuam abertos. simples, porém o funcionamento deles é complexo.
O fechamento desses estabelecimentos pode Essa complexidade é resultante das atividades que
ser resultado de várias causas, mas a mais comum enquadram várias funções, incluindo técnicas, ad-
costuma ser a falta de experiência e de conheci- ministrativas, financeiras, comerciais e contábeis.
mento dos custos incorridos na gestão do negócio. Elas existem em qualquer empresa, independen-
Por isso, antes de investir, é recomendável fazer temente do tamanho, do tipo de alimento mani-
uma pesquisa de mercado e buscar informação pulado ou da personalidade jurídica (apesar da
sobre as dificuldades no gerenciamento do setor. quantidade de trabalho poder ser variável).
Também é extremamente válido contar com o
apoio de profissionais capacitados.
Na gestão de uma UPR, é preciso lidar com
fornecedores, funcionários e clientes, uma vez
que eles também podem influenciar na saúde fi-
nanceira da empresa. Afinal, o custo da matéria-
-prima depende de uma boa negociação com os
fornecedores, as tarefas de produção dependem
de uma mão de obra que busque minimizar o des-
perdício e o cliente deve ter uma boa experiência
no estabelecimento, para reconhecer e dar valor
ao alimento que está adquirindo.
171
UNICESUMAR
Por exemplo, ainda em relação à pizzaria, é possível elencar como atividades de cada uma das funções citadas:
172
UNIDADE 8
Matéria-prima
Considera-se as despesas de produtos alimentícios, como farinha,
óleo, sal, carne, tomate etc.
Materiais descartáveis
Considerados todos os produtos descartáveis necessários à produção e à
distribuição do alimento, como guardanapo, palitos de dente, copos descartáveis.
Produção
Compreende os demais gastos, necessários à produção e à distribuição dos
alimentos, como pode-se citar o aluguel, energia elétrica etc.
Mão de obra
Compreendem os gastos com pessoal envolvido na produção e distribuição
dos alimentos. Dentro desse custo, tem-se o salário, vale transporte,
alimentação, 13º salário, férias, horas-extras, treinamentos e demais custos
que são de direito dos colaboradores.
Impostos
Custos que incidem sobre as vendas ou faturamento da empresa,
que são definidos por lei.
Descrição da Imagem:trata-se de um infográfico que descreve os principais custos existentes em UPR. O primeiro apresenta uma ima-
gem com diversos alimentos e a seguinte descrição: “Matéria-prima: considera-se as despesas de produtos alimentícios, como farinha,
óleo, sal, carne, tomate etc.”. Logo abaixo, há a imagem de um copo de café com tampa descartável e a seguinte explicação: “Materiais
descartáveis: considerados todos os produtos descartáveis necessários à produção e à distribuição do alimento, como guardanapo, palitos
de dente e copos descartáveis”. O terceiro item apresenta a imagem de uma área de produção, representando o custo de: “Produção:
compreende os demais gastos, necessários à produção e à distribuição dos alimentos, como pode-se citar o aluguel, energia elétrica
etc.”. A próxima imagem apresenta uma equipe de cozinha e a seguinte descrição: “Mão de obra: compreende os gastos com o pessoal
envolvido na produção e distribuição dos alimentos. Dentro desse custo, tem-se o salário, vale transporte, alimentação, 13º salário,
férias, horas-extras, treinamentos e demais custos que são de direito dos colaboradores”. Por fim, há uma imagem com anotações e
cálculos, representando os: “Impostos: custos que incidem sobre as vendas ou faturamento da empresa, que são definidos por lei”.
173
UNICESUMAR
De acordo com a minha experiência profissional enquanto nutricionista de UPR, posso citar diversos
custos que vão além do custo das matérias-primas alimentares e não alimentares, e de mão de obra.
Conheça-os a seguir:
• Aluguel e condomínio.
• Energia.
• Água.
• Gás.
• Assessoria contábil e jurídica.
• Higienização de caixa d’água e análise de potabilidade.
• Controle de pragas.
• Manutenção preventiva, corretiva e depreciação de equipamentos.
• Uniformes.
• Utensílios de cozinha.
• Marketing, propaganda e redes sociais.
• Internet.
• Telefone.
• Taxa de recolhimento de resíduos/lixo.
• Taxa anual e adequações da prefeitura municipal, vigilância sanitária e bombeiros.
• Sistemas operacionais.
• Impressões e materiais administrativos.
174
UNIDADE 8
de 100 pizzas por dia, pode-se afirmar que o custo de farinha de trigo por pizza é de R$2,00. Ao fazer
esse cálculo para todos os ingredientes usados na pizza (queijo, molho de tomate, orégano, azeitona
etc.), é possível obter o custo de matérias-primas alimentares. Os demais custos também são somados
e a lucratividade é incluída para a obtenção do preço de venda.
Define-se preço como o valor monetário estabelecido para que se possa vender um determinado
bem ou serviço, considerando a somatória de custos provenientes do produto ou serviço (por exemplo,
a matéria-prima) aos custos operacionais da empresa (por exemplo, o aluguel), mais a lucratividade.
Resumidamente: soma dos custos + lucro (fixado pela empresa) = preço de venda
A lucratividade deve ser considerada, dado que uma UPR é uma empresa, por isso, deve resultar em
um retorno financeiro que garanta a continuidade do serviço prestado. Para a garantia da lucratividade,
o sistema de análise e de informação de custos se torna uma das mais importantes tarefas nas empresas.
Identificada a composição dos custos e das despesas, para efeito de análise e distribuição, os custos
devem ser determinados, tendo em vista o uso a que se destinam. Desse modo, diversos autores, in-
cluindo Zanella (2007), Kimura (2003), Powers e Barrows (2004), Teixeira et al., (2007) e Vaz (2006),
sugerem algumas classificações que são apresentadas no Quadro 1.
CLASSIFICAÇÃO DEFINIÇÃO EXEMPLOS
Classificação contábil
175
UNICESUMAR
Classificação econômica
176
UNIDADE 8
No que diz respeito aos custos fixos e variáveis, é importante entender que o custo de gêneros
alimentícios cresce proporcionalmente ao aumento do número de refeições, enquanto outros
componentes tendem a variar com esse aumento, mas não guardam a mesma proporcionalidade,
assim como é o caso das despesas com energia e gás. Por isso, a tarifa mínima de energia, por
exemplo, pode ser considerada um custo fixo e, mesmo que o número de refeições aumente, esse
custo não variará na mesma proporção.
Fonte: adaptado de Teixeira et al. (2007).
Todos os custos podem, ao mesmo tempo, ser classificados em diretos ou indiretos e fixos ou va-
riáveis, já que são classificações diferentes: contábil e econômica, respectivamente. Apesar de termos
diversas classificações possíveis, as mais utilizadas são as classificações económica e contábil.
Quando o controle de custos ocorre de forma correta, é possível atender às necessidades gerenciais
da empresa, mas é um processo que deve ser realizado de maneira periódica e constante, visto que o
custo pode ser alterado por vários fatores e alguns deles podem se modificar diariamente (POMPER-
MAYER; LIMA, 2002).
Abreu, Spinelli e Pinto (2019) explicam que, visando ao controle de custos, é necessário observar
uma série de itens:
177
UNICESUMAR
Os itens citados são importantes e a análise deve Considere que a pizzaria exemplificada precisa
ser rotineira e constante, visto que existem fatores de 100 kg de carne pré-preparada (limpa e no
que interferem nos custos. Conheça aqueles que corte correto) para fazer o estrogonofe a ser usado
foram trabalhados por Teixeira et al (2007). em um dos recheios. Ela tem a possibilidade de
adquirir o acém resfriado sem osso a R$ 32,90/
kg e o coxão duro resfriado sem osso a R$ 38,90/
A política de compras da kg. Sabendo que uma peça de acém tem 30% de
empresa perda durante o pré-preparo e o coxão duro tem
5%, é possível calcular qual das duas opções de
É um item que influencia diretamente no preço carnes para esse preparo apresenta o menor custo.
da matéria-prima, pois a quantidade a ser com- Ao considerar que cada kg de acém resultará na
prada e o sistema de pagamento (à vista ou a pra- perda de 300 g, o custo de R$ 32,90 equivale a 700
zo, por exemplo) são fatores que influenciarão g limpos. Dessa forma, cada kg (1 kg = 1000 g) de
as negociações com fornecedores, impactando carne já pronta para ser usada (ou seja, após o pré-
diretamente no custo da refeição. -preparo) pode ser esquematicamente calculado:
Nos órgãos em que há obrigatoriedade de lici- R$ 32,90 - - - 700 g
tação, por exemplo, verifica-se comumente uma x - - - 1000 g
elevação dos preços das mercadorias ofertadas
no contrato, face à política inflacionária vigente Assim, (R$ 32,90 x 1000 g) / 700 g = R$ 47,00. Ou
no país, considerando a demora na liberação de seja, o custo será de R$ 47,00/kg de acém limpo.
verbas para pagamento. Para comparação, ao ser adquirido 1 kg de co-
Por isso deverá sempre existir a relação en- xão duro, resultará em 950 g após o pré-preparo
tre o custo e o benefício. Os benefícios a serem (pois se perde 5%). Então, o custo de R$ 38,90
avaliados são: qualidade do produto, prazo do equivale a 950 g de coxão duro pré-preparado.
pagamento e prazo de entrega. A qualidade da Dessa forma, para o cálculo do custo da carne
matéria-prima é um fator essencial a ser avaliado, após o pré-preparo:
pois nem sempre o mais barato custa menos. R$ 38,90 - - - 950 g
x - - - 1000 g
178
UNIDADE 8
179
UNICESUMAR
Desperdício de Desperdício
pré-preparo no preparo
Sobras Restos
Descrição da Imagem:trata-se de um esquema que apresenta quatro exemplos de desperdícios. O primeiro desperdício apresentado
é o de pré-preparo, representado por uma laranja sendo descascada. O segundo é o desperdício preparado, ilustrado por uma torrada
queimada. Seguido de sobras, há o arroz cozido que sobrou na panela e, por fim, o resto, representado pela sobra de alimentos no
prato sendo jogada no lixo.
Esse controle é importante, pois qualquer aumento na porcentagem de gastos com matérias-primas tem
reflexos no lucro da UPR, já que outros gastos são fixos e não podem ser modificados para compensar
esse aumento (ABREU; SPINELLI; PINTO, 2019).
Para avaliar o padrão do cardápio, é necessário conhecer principalmente a composição dos pratos, a
especificação da matéria-prima, o peso a ser utilizado e a quantidade a ser servida. Isso só é possível
quando as fichas técnicas são elaboradas e implementadas. Desse modo, é possível conhecer o padrão
de matérias-primas utilizadas. Na pizzaria, por exemplo, é possível saber se ela usa molho de tomate
industrializado ou se prepara o próprio molho de tomate.
Como as matérias-primas são um dos principais itens que afetam o custo das UPR, é importante
ter o máximo de informações detalhadas a respeito dos preparos.
180
UNIDADE 8
Salada 5a6
Guarnição 6 a 11
Sobremesa 8 a 12
Bebidas 5a7
Quadro 2 - Intervalo de custos em cada componente do cardápio / Fonte: adaptado de Abreu, Spinelli e Pinto (2019).
Apesar disso, vale ressaltar que cada UPR tem características próprias, o que pode fazer com que a
distribuição apresentada ocorra de maneira diferenciada, pois as porcentagens podem sofrer altera-
ção de uma categoria de cliente a outra, devido à matéria-prima, ao número de refeições para ratear
o custo e ao tipo de serviço.
181
UNICESUMAR
“
cativamente o custo das UPR. Por isso, são impor-
tantes o correto dimensionamento do quadro de Os impostos são variáveis de-
pessoal, o controle das horas adicionais de traba- pendendo do tipo de con-
lho (hora extra) e a motivação da equipe, visando trato estabelecido e do mu-
à redução da rotatividade e ao treinamento para nicípio em que se localiza
melhoria da produtividade da equipe. a unidade de alimentação
A produtividade está diretamente relacionada e nutrição, uma vez que os
à quantidade de trabalho empenhado por um municípios têm carga tribu-
colaborador durante a execução de determinada tária própria. Os contratos
tarefa. Julga-se que, quanto maior for o número feitos em base de prestação
de tarefas com qualidade aprovada (ou seja, sem de serviço devem recolher
defeitos) que o funcionário pode realizar, maior impostos sobre prestação de
será a produtividade dele. serviços (ISS) e os contratos
O custo relacionado à mão de obra inclui o com preço fechado, no qual
salário, os encargos sociais, como o Fundo de Ga- o faturamento se dá pela ven-
rantia do Trabalhador Segurado (FGTS), o seguro da de um produto (refeição),
acidente de trabalho, o 13° salário, as férias, as horas devem recolher o imposto
extras, as bonificações, os adicionais noturnos, a sobre circulação de merca-
periculosidade e a insalubridade (se houver). Por dorias e serviços (ICMS).
isso, considera-se que um trabalhador “custa” para Devem-se recolher ainda o
a empresa mais que o dobro do salário que recebe. PIS e Cofins.
Os objetivos dos sistemas de custos foram evo-
luindo com o passar dos anos em busca de infor- Abreu, Spinelli e Pinto (2019) também defendem que,
mações que servissem de apoio ao controle das em um contrato com faturamento em base de ven-
operações e à análise dos resultados e dos produtos. da de refeições, os impostos se dão em torno de 7%,
Abreu, Spinelli e Pinto (2019) reforçam a im- dependendo do município onde se localiza a UPR.
portância da compreensão de que, além do custo
com matérias-primas, é necessário agregar outros
custos que fazem parte da UPR. Nesse contex-
to, é importante realizar a frequente apuração
e previsão de custos, também conhecido como
“budget” (nome que se dá ao programa de pre-
visões sobre o faturamento).
Todo recebimento financeiro que a UPR pos-
sui por parte dos clientes é chamado de “fatura-
mento bruto”. A partir dele, é feito o cálculo do
182
UNIDADE 8
Os impostos são obtidos pela incidência de percentuais sobre o faturamento ou preço de venda
e podem variar de acordo com a característica da empresa. Seu impacto é existente e, por isso,
devem ser considerados no custo.
(Célia Silvério Vaz)
Voltando ao exemplo da pizzaria, se ela comercializa uma média de 100 pizzas por dia a R$ 60,00 cada
e trabalha 25 dias no mês, o faturamento é de R$ 150.000,00 por mês. Após a dedução dos impostos
(considere o percentual de 7% que incidirá no faturamento mensal de R$ 150.000,00), que será de R$
10.500,00, a empresa conhecerá o faturamento líquido.
Esquematizando:
• Faturamento bruto mensal da pizzaria: R$ 150.000,00 (considerando a venda de 100 pizzas por
dia a R$ 60,00 cada e trabalhando 25 dias ao mês).
• Percentual de impostos: R$ 10.500,00 (alíquota de 7% que incidirá no faturamento bruto).
• Faturamento líquido: R$ 139.500,00 (faturamento bruto menos os impostos).
Do faturamento líquido, cada empresa define uma meta percentual para os demais custos existentes.
Normalmente, a matéria-prima (gêneros alimentícios, produtos descartáveis e limpeza) não deveria
ultrapassar 35 a 50% do faturamento líquido. O custo de mão de obra deve ficar entre 25 a 35% do
faturamento líquido e os demais custos, como aluguel, energia e água, devem permanecer na margem
de 10 a 15% do faturamento líquido.
De acordo com a situação da pizzaria, usando uma média de intervalo dos índices apresentados:
• Faturamento líquido: R$ 139.500,00.
• Custo de matéria-prima (também chamado de custo de mercadoria vendida – CMV), que é
40% do faturamento líquido: R$ 55.800,00,
• Custo de mão de obra (também conhecido pela sigla CMO), que é 28% do faturamento líquido:
R$ 39.060,00
• Demais custos, que são 15% do faturamento líquido: R$ 20.925,00
183
UNICESUMAR
Dessa maneira, ter esses conhecimentos é essencial à garantia do retorno financeiro e evita o pre-
juízo, que ocorre quando a somatória dos custos é maior que o preço líquido de venda. Toda vez que
ocorre prejuízo, a margem de lucro fica negativa, demonstrando quanto por cento perde-se ao vender
ou ao prestar o serviço em questão.
Fonseca e Santana (2012) afirmam que, quando os custos realizados não estão atingindo as metas
propostas, a primeira atitude geralmente tomada nas UPR é a alteração do cardápio. Modifica-se o
padrão, substituindo as preparações mais caras por outras de melhor custo, o que pode impactar a
aceitação por parte da clientela. Todavia, a pior atitude a ser tomada para melhorar o custo-padrão
seria “massacrar o cardápio”.
Por isso, a correta apuração dos custos possibilita ao nutricionista a compreensão de atitudes geren-
ciais que podem efetivamente controlar os custos que estão acima dos percentuais adequados àquela
UPR, buscando estratégias que envolvam a compra de mercadorias, a negociação com os fornecedores,
a busca por matérias-primas com melhor custo-benefício, a melhoria na produtividade da mão de obra
e a economia de energia e água, por exemplo.
Caro(a) aluno(a), como nutricionista contratado pela pizzaria para realizar a organização econô-
mico-financeira dela, será possível conhecer os custos reais praticados pela empresa. Isso possibilita
a adoção de estratégias que possam oportunizar o retorno financeiro necessário para a continuidade
das atividades.
184
Agora, convido você a aplicar os conhecimentos adquiridos no estudo. Vamos produzir um mapa
mental? Continue o mapa mental iniciado a seguir, ao redigir a classificação dos custos de acordo
com o que foi estudado na unidade e os custos existentes nas UPR com a meta percentual, se
houver.
185
1. Leia o fragmento a seguir:
“Na UPR, o desperdício de alimentos pode ocorrer em diferentes etapas da produção, dentre
eles a sobra e/ou resto dos alimentos. Este desperdício poderá ser influenciado por uma
série de fatores, sendo considerado o mais grave o planejamento inadequado do número de
refeições a serem produzidas”.
Considerando o que foi estudado ao longo da unidade sobre os custos em UPR, assinale a
alternativa correta:
a) O preço de um produto deve ser calculado com base na somatória de todos os custos. Por
exemplo: matérias-primas, mão de obra, custos gerais e o lucro que a empresa pretende obter.
b) O custo de um produto deve ser calculado com base na somatória dos preços de todas as
matérias-primas mais o lucro que a empresa pretende obter.
c) Para calcular o preço de um produto, é necessário elaborar a ficha técnica do produto, a fim
de saber o custo dele e multiplicar por dois.
d) São considerados custo de matéria-prima as despesas de produtos alimentícios, a energia, a
água e o gás. Eles são considerados os principais custos das UPR.
e) Percentualmente, o principal custo das UPR é o aluguel. Por isso, antes de abrir a UPR, é
necessário um estudo detalhado do local de implementação.
3. Identificada a composição dos custos e das despesas, para efeito de análise e distribuição, os
custos podem ser classificados sob algumas formas. No que se refere à classificação contábil, o
custo que é reconhecido como um custo de produção, como a matéria-prima, os descartáveis
e a mão de obra envolvida na produção, é chamado de:
a) fixo.
b) variável.
c) direto.
d) indireto.
e) administrativo.
186
4. A análise de custos em uma UPR deve ocorrer diariamente. Em primeiro lugar, é necessário
planejar adequadamente os cardápios, atentando para uma gestão adequada de compras,
controle no desperdício durante a produção e no gerenciamento da mão de obra.
O processo de custo deve ser realizado de maneira periódica e constante, já que pode ser
alterado por vários fatores. Sobre esses fatores, analise as afirmativas a seguir:
a) I e II.
b) II e IV.
c) III e IV.
d) I e III.
e) I e IV.
187
188
9
Gestão de Pessoas em
Unidades Produtoras
de Refeições (UPR)
Me Thanise Pitelli de Nigro
190
UNIDADE 9
terísticas necessárias ao perfil da equipe de cozinha que formará? Como nutricionista gestor da UPR,
quais características pessoais você considera importante ressaltar? Sugiro que você reflita sobre isso e
descreva, no diário de bordo, as suas respostas a essas duas questões: perfil necessário para equipe de
cozinha e características necessárias para o nutricionista gestor da UPR.
Há mais de 20 anos, a gestão é considerada uma das mais abrangentes e importantes áreas de atividade,
pois toda e qualquer empresa só sobrevive no mercado graças ao esforço cooperativo das pessoas que
a compõem. Por isso, a gestão deve orientar, dirigir e controlar o grupo de indivíduos envolvidos nela
em prol do objetivo comum (KINTON, 1998).
Em uma UPR, o principal objetivo é manter uma clientela sadia e obter um controle de produção
que permita o desempenho das atividades com qualidade e financeiramente adequado. Em outras pa-
lavras, a UPR busca se destacar em meio à competitividade. Para atingir esses objetivos, é importante,
além de realizar um planejamento de cardápios adequadamente, planejar a compra de matérias-primas,
organizar o recebimento, acompanhar e avaliar a produção das refeições, sem se esquecer de avaliar e
motivar os recursos humanos envolvidos.
Por isso, as UPR devem apostar fundamentalmente na qualidade do elemento humano, já que a
qualidade do serviço depende, principalmente, da equipe responsável pelo preparo dos alimentos e
da equipe responsável pelo atendimento aos clientes. A gestão de pessoas em UPR visa extrair dos
191
UNICESUMAR
Na unidade anterior, entendemos que o custo relativo à mão de obra tem um impacto significativo
nas UPR, pois engloba o salário, exames de saúde, uniformes, férias, décimo terceiro salário, even-
tuais pagamentos com multas por reclamações trabalhistas, custos na admissão, como recrutamento
e treinamento, exames de saúde, adicionais, como horas extra, trabalho noturno, periculosidade e/
ou insalubridade, descanso semanal remunerado (folga), alimentação, transporte, encargos sociais e
outros custos existentes.
Entretanto, ao mesmo tempo que demanda constante investimento por parte da empresa, ela deve
contar com uma mão de obra capacitada e empenhada. A importância dos recursos humanos em
UPR é reconhecida há anos. Deming (1990) afirma que 94% de todos os problemas administrativos
de restaurantes podem ser atribuídos aos processos e à gestão. O nutricionista que assume a função
de liderança deve buscar a produtividade da equipe, que é resultado da relação entre a qualidade e os
custos. Em outras palavras, para garantir a sobrevivência de uma UPR, é importante apostar na busca
constante pelo aprimoramento da qualidade das pessoas envolvidas.
O primeiro passo para formar uma equipe de qualidade ocorre na etapa de recrutamento, definida
como o momento de atrair e aliciar pessoas certas para as funções disponíveis no serviço por inter-
médio do uso de práticas e de processos com os quais se desperta interesse para atrair e encaminhar
pessoas que busquem obter bom desempenho do trabalho. O recrutamento pode ser de duas formas:
interno ou externo.
No recrutamento externo, há a convocação de pessoas que compõem o “mercado de mão de obra”,
podendo ser desempregados ou empregados em outras empresas, atraídos para a candidatura à vaga
anunciada. Esse anúncio pode ser divulgado pelos próprios empregados, em placas na portaria da
empresa, em jornais, revistas, rádios ou internet, em sindicatos, conselhos e associações, em escolas
profissionais e em agências de emprego particular e governamental.
Já o recrutamento interno acontece por meio de promoções internas, buscando colaboradores que
se encontram alocados na própria empresa. Ele é conhecido como deslocamento vertical. Na minha
192
UNIDADE 9
Responsabilidades do cargo:
Atuar no preparo de alimentos conforme cardápio elaborado com base
no contrato. Coordenar equipe de cozinha garantindo a qualidade do
serviço. Zelar e responsabilizar-se pelo ambiente de trabalho.
Local: Cozinha da maternidade municipal
Requisitos físicos e experiências necessárias:
Mínimo 1 ano de empresa, ensino médio completo e domínio básico de
Excel e Word. Interesse, proatividade e organização.
Condições de trabalho, horário, turnos, tipos de clientela:
Segunda a sábado, com uma folga semanal, jornada intercalada entre
almoço e jantar, refeições de pacientes e colaboradores do hospital.
Salário e benefícios:
Salário inicial de R$2.200,00 + cesta básica + alimentação no local
+ vale transporte + seguro de vida + plano de saúde e odontológico
Descrição da Imagem: trata-se de um anúncio de uma vaga para recrutamento interno. Inicialmente, há uma chamada: “Gosta de
trabalhar na empresa e quer buscar uma nova experiência? Estamos com processo seletivo para recrutamento interno!”. Em seguida,
são descritas as informações da vaga: “Título do cargo: cozinheiro; Responsabilidades do cargo: atuar no preparo de alimentos conforme
cardápio elaborado com base no contrato. Coordenar equipe de cozinha, garantindo a qualidade do serviço. Zelar e responsabilizar-se
pelo ambiente de trabalho; Local: cozinha da maternidade municipal; Requisitos físicos e experiências necessárias: mínimo 1 ano de
empresa, ensino médio completo e domínio básico de Excel e Word. Interesse, proatividade e organização; Condições de trabalho,
horário, turnos, tipos de clientela: segunda à sábado, com uma folga semanal, jornada intercalada entre almoço e jantar, refeições de
pacientes e colaboradores do hospital; Salário e benefícios: salário inicial de R$2.200,00 + cesta básica + alimentação no local + vale
transporte + seguro de vida + plano de saúde e odontológico”. Por fim, há uma chamada para contato: “Gostou desse desafio? O seu
perfil corresponde à vaga? Dê essa oportunidade à sua carreira e manifeste seu interesse ao nutricionista até o dia 27 de janeiro”.
193
UNICESUMAR
A escolha entre o recrutamento interno ou externo depende das características da empresa, do quadro
existente e do cargo envolvido. Cabe ao responsável avaliar, de acordo com as vantagens e as desvanta-
gens, aquela que mais se enquadra à necessidade da empresa. As vantagens e as desvantagens de cada
tipo de recrutamento são sintetizadas no Quadro 1.
Recrutamento interno Recrutamento externo
Quadro 1 - Vantagens e desvantagens do recrutamento interno e externo. / Fonte: adaptado de Abreu, Spinelli e Pinto (2019).
194
UNIDADE 9
Após a divulgação da vaga, deve ser feita a inscrição do candidato interessado por meio da entrega
do currículo e preenchimento de uma “ficha de inscrição” ou “solicitação de emprego”, visando obter
dados como:
• Dados pessoais: nome, sexo, idade, altura, filiação, local de residência.
• Nível de instrução: 1º grau, 2º grau, superior, completo ou incompleto.
• Hobbies e atividades de lazer de interesse.
• Experiências anteriores: empregos ou atividades pertinentes ao cargo anteriormente exercido.
• Outro tipo de trabalho já desempenhado.
• Habilidades mais expressivas: técnicas, métodos, tarefas referentes ao conteúdo do cargo.
• Salário pretendido.
• Referências pessoais e de trabalho.
• Cursos e treinamentos já realizados.
A inscrição é a etapa final do recrutamento. A partir disso, inicia-se o processo de seleção, que consis-
te no processo de escolher, dentre os candidatos inscritos, aqueles que possuem as qualificações e os
requisitos adequados e esperados ao desempenho das atividades pertinentes ao cargo em questão. É
considerada uma etapa de grande complexidade e responsabilidade por envolver os objetivos pessoais
dos colaboradores e, ainda, organizacionais (da própria UPR).
Na seleção, é importante compreender o candidato como um ser social, com imparcialidade. Deixe
o candidato orientado quanto aos objetivos da empresa, aos direitos e aos deveres da vaga, à jornada
de trabalho e ao tipo de trabalho a ser realizado, pois, dessa maneira, o candidato poderá fazer uma
opção consciente de trabalhar, ou não, na empresa. Durante a seleção, é possível usar entrevistas pré-
-estruturadas, não estruturadas ou um misto entre elas.
Na entrevista pré-estruturada, são feitas as perguntas elaboradas em comum para todos os candidatos,
enquanto, na entrevista não estruturada, são feitas perguntas e respostas que fluem à medida que o
diálogo se processa, com mais liberdade de conduzir o diálogo de acordo com o candidato. O Quadro
2 descreve os pontos que podem ser estruturados e avaliados durante a seleção dos candidatos.
195
UNICESUMAR
Quadro 2 - Categorias de itens que podem ser avaliados na entrevista dos candidatos
Fonte: adaptado de Abreu, Spinelli e Pinto (2019).
Além dos pontos citados, podem ser usadas simulações de uma situação problemática em que seria
possível solicitar uma solução, por exemplo, ao questionar o candidato como ele se comportaria
frente à falta de matérias-primas ou a um conflito na equipe. Estruturada a entrevista, é importante
definir como se dará a avaliação da entrevista, podendo ser atribuídos pontos ou escalas de valores
previamente estabelecidos, para que, imediatamente após cada entrevista, o entrevistador já proceda
à avaliação do candidato.
Ao definir os pontos ou a escala de valores, é importante que a empresa entenda os pontos posi-
tivos e negativos de cada resposta dada. Por exemplo, a análise de experiências anteriores é um dos
pontos que pode auxiliar o selecionador no processo decisório, já que um empregado com experiência
comprovada exige menos investimento em treinamento e supervisão. Todavia, ao mesmo tempo, ele
pode ter os “vícios do cargo”. Portanto, cabe ao selecionador definir, para a vaga disponível, se é mais
vantajoso a contratação de um colaborador com vasta experiência ou um colaborador com maior
possibilidade de ser moldado à empresa.
Além da entrevista, o teste prático e o teórico ou psicológico são técnicas que podem ser utilizadas,
dependendo do cargo, momento, equipe disponível no processo e outros fatores intervenientes, como
número de candidatos, política de recrutamento e disponibilidade de psicólogo. Nesse processo, o
nutricionista se torna um elemento-chave na decisão final.
196
UNIDADE 9
O exame médico admissional é feito para verificar se o funcionário está apto para a realização do
serviço e para que sejam minimizados os riscos de contaminação de alimentos por colaboradores,
pois, além de incluir o exame físico, é possível incluir exame de fezes, raspagem de unhas, audio-
metria, exames de sangue etc.
O exame demissional é feito quando o colaborador é desligado ou se desliga da empresa. São
realizados somente o exame clínico e a audiometria. Durante o desempenho do trabalho, devem
ser realizados os exames periódicos a cada seis meses ou, pelo menos, anualmente, com o intuito
de acompanhar as condições de saúde do colaborador e prevenir doenças. Devem ser solicitados
os mesmos exames realizados na admissão.
Fonte: adaptado de Abreu, Spinelli e Pinto (2019).
Quando o colaborador inicia as atividades, o nutricionista deve estar envolvido na orientação, com
objetivo de:
197
UNICESUMAR
• Mostrar ao colaborador que ele faz parte de uma organização: é necessário planejar
um programa de orientação que facilite ao empregado o ajustamento ao novo am-
biente e o conscientize da importância da função dele no contexto da organização.
• Fornecer informações: é preciso mostrar como funciona a empresa, e não apenas
o setor em que trabalha. Além disso, é necessário fornecer informações sobre as
políticas de pessoal adotadas pelo setor, os programas de treinamento, as promo-
ções, as regras para registro de ponto e horário de intervalo, por exemplo.
• Treinamento inicial: apresentar o trabalho é o começo de um programa de treina-
mento. Ao tornar clara a importância do cargo para a organização, são reforçados
a dedicação e o esforço para o aperfeiçoamento.
• Descrição do cargo: permite às pessoas saberem exatamente qual é a função,
tarefas, deveres e o que se espera delas. Um exemplo de descrição de cargo de
“Cozinheiro de escola”: coordenar as atividades da cozinha, objetivando realizar as
preparações sob supervisão de nutricionista, com o intuito de assegurar a qualidade,
a higiene, o sabor e a apresentação das refeições servidas às crianças. Inspecionar
o processo e a frequência de higienização ambiental. Auxiliar no levantamento
das matérias-primas necessárias para preparo com base no cardápio elaborado.
Executar outras tarefas de mesma natureza e nível de complexidade associadas ao
ambiente organizacional.
198
UNIDADE 9
Quadro 3 - Responsabilidade do empregador e do empregado no que se refere aos EPIs / Fonte: adaptado de Brasil (1978).
Segundo Kotler et al. (2010), o nutricionista gestor de uma UPR deve ser capaz de exercer funções
que envolvem a orientação a pessoas (como a facilidade de contato, empatia, capacidade de motivação,
cooperação e objetividade), a orientação a tarefas (ou seja, planejamento, orientação a objetivos e inde-
pendência) e a orientação à ação (iniciativa, comprometimento com o sucesso, persistência e equilíbrio).
O mais importante é buscar evolução e motivação, refletindo com foco no desenvolvimento pessoal.
Davies (2007) apresenta as características esperadas ao profissional nutricionista responsável pela
gestão de pessoas, são características pessoais e profissionais importantes:
199
UNICESUMAR
Motivação, liderança e criatividade são requisitos para o sucesso profissional. No entanto, também
temos de buscar a qualificação constantemente, desenvolvendo competências pessoais, foco, disci-
plina e persistência. Por isso, o treinamento é uma estratégia para assegurar a execução eficiente de
um trabalho, visando ensinar, capacitar e motivar os colaboradores em relação às habilidades e aos
conhecimentos requeridos para o cargo.
O treinamento proporciona vantagens ao colaborador, tais como competência, confiança, sentido
de realização, orgulho do próprio trabalho e sensação de importância. Para a empresa, é possível obter
aumento da produtividade, melhoria do desempenho e moral do grupo de colaboradores, redução da
frequência de perdas, diminuição dos danos em equipamentos, decréscimo de desperdícios de alimen-
tos, redução da movimentação de pessoal, diminuição de faltas e acidentes de trabalho, melhoria da
qualidade dos produtos e dos serviços oferecidos e maior confiança no desempenho do empregado,
diminuindo as ações de supervisão.
A avaliação é outra ferramenta importante, pois, ao avaliarmos um funcionário, estamos propor-
cionando um elemento construtivo para a empresa. As informações a respeito dos colaboradores é a
base formal para promoções, aumento de salários, mudança de cargos e demissões.
Há várias formas de avaliar o desempenho de colaboradores, conforme proposto por Abreu, Spinelli
e Pinto (2019):
• Assiduidade: presença do funcionário no local de trabalho e no horário estabelecido ao
expediente.
200
UNIDADE 9
Vale ressaltar que a avaliação individual deve ser feita em conjunto com o colaborador, para que ele
possa ter a oportunidade de expressar o ponto de vista, ressaltar as facilidades ou dificuldades encon-
tradas e revisar as metas de trabalho.
Além da avaliação individual, Abreu, Spinelli e Pinto (2019) descrevem outros indicadores de
avaliação da produção e da produtividade, os quais são definidos a partir de padrões estabelecidos,
permitem avaliar a gestão de recursos humanos e fornecem subsídios para melhorar a qualidade dos
produtos e serviços, levando em consideração a otimização da mão de obra. São eles:
• Taxa de Absenteísmo (TA): corresponde à taxa de ausência diária e é calculada por meio do
emprego de uma fórmula, que indica a relação percentual entre a média de faltas diárias em
determinado período e o número de empregados fixos no período considerado.
A TA tem como objetivo avaliar as faltas não programadas dos colaboradores, servindo como um in-
dicador de desempenho da UPR como um todo, por refletir a qualidade da administração e predizer
o grau de motivação da equipe. Cada UPR tem as próprias características que determinam a taxa de
absenteísmo. Esse indicador deve ser usado com frequência, pois ausências não programadas causam
transtornos e podem exigir mudanças nos tipos de preparações do dia, substituições de tipos de ali-
mentos e atrasos na distribuição.
Além disso, faltas constantes geram irritabilidade e negligência aos colaboradores presentes, por
se sentirem sobrecarregados, resultando em afastamentos por somatização, acidentes de trabalho ou
acúmulo de fadiga. Locais nos quais o empregado é tratado com respeito, em que ele se sente bem e
responsável pelo sucesso do trabalho, são locais que dificilmente apresentarão taxa de absenteísmo
significativa. O ideal de absenteísmo é zero, porém cada UPR deverá determinar o padrão aceitável
de acordo com a própria realidade.
• Rotatividade de pessoal (ou turnover): expressa a relação percentual entre o número de de-
missões em um período e o número médio de empregados que compõem o quadro de pessoal
nesse período de tempo. Esse indicador não deve ser igual a zero, nem muito elevado. Deve ter
certo equilíbrio, pois, quando muito alto (geralmente, acima de 30%), demonstra constantes
investimentos em recrutamento, seleção e treinamento aos novos funcionários. Quando muito
baixo, pode representar acomodação, falta de motivação e criatividade, estagnação decorrente
da execução das mesmas tarefas no mesmo espaço durante longo tempo.
201
UNICESUMAR
• Indicador de rendimento de mão de obra (IRD): visa avaliar o rendimento da mão de obra
em função do tempo previsto ao preparo e à distribuição de uma refeição (em minutos). O
cálculo adota a seguinte fórmula:
IRD = (número de colaboradores x horas trabalhadas por dia x 60 minutos) / número de refeições
servidas por dia
Para saber se o número está aceitável, deve-se analisar a tabela proposta por Gandra e Gambardella
(1986), que exibe uma estimativa de tempo gasto, em minutos, para produzir, higienizar e distribuir
uma refeição de acordo com a faixa relativa ao número de refeições servidas em um dia.
Número de refeições Minutos por refeição
300-500 15-14
500-700 14-13
700-1.000 13-10
1.000-1.300 10-9
1.300-2.500 9-8
2.500 mais 7
Tabela 1 - Estimativa de tempo gasto, em minutos, para produzir, higienizar e distribuir uma refeição
Fonte: adaptada de Gandra e Gambardella (1986).
Por exemplo, considere que uma UPR tem 20 empregados que trabalham 8 horas por dia (totalizando
160 horas ou 9600 minutos). Eles servem 1000 refeições e há um IRD de 9,6 minutos por refeição, pois:
IRD= 20 x 8 x 60 / 1000
IRD= 9600 / 1000
IRD = 9,6 minutos por refeição
Ao comparar o resultado com a tabela proposta, o valor está dentro do previsto. Logicamente, o indica-
dor serve como direcional, e não como verdade absoluta, dado que, dependendo do serviço oferecido,
das opções oferecidas e dos recursos tecnológicos, materiais e humanos empregados na produção, a
produtividade será maior ou menor. Isso permite que cada UPR faça a própria interpretação do IRD.
Caro(a) aluno(a), chamo atenção para esse indicador, o qual, além de ser usado como um critério de
avaliação, é um critério de estimativa do número de colaboradores necessários. Considere a materni-
dade municipal que citei no início da unidade: a estimativa era servir 700 refeições por dia. Se Gandra
e Gambardella (1986) sugerem 13 minutos por refeição, são necessários 9100 minutos de trabalho.
Como os colaboradores trabalhavam seis horas por dia (ou 360 minutos), ao dividir 9100 minutos de
trabalho por 360 minutos por funcionário, o quadro de funcionários deveria ser composto por 25,3
colaboradores. Isso serve como cálculo direcional para compor o quadro de colaboradores.
202
UNIDADE 9
Com esse indicador, podemos avaliar o caso de acordo com a tabela apresentada a seguir e constatar
que o valor está dentro do previsto.
Número de refeições Índice de produtividade individual (refeições por empregado)
Até 100 30
100 – 300 45
300 – 500 40
500 – 1000 50
1000 – 1500 55
1500 - 3000 60
Acima de 3000 66
Tabela 2 - Número de refeições por colaborador para avaliação do IPI / Fonte: adaptada de Abreu, Spinelli e Pinto (2019).
Esse tipo de cálculo também deve levar em consideração a realidade de cada UPR, pois depende do
tipo, das opções oferecidas e dos recursos tecnológicos, materiais e humanos empregados. Na trans-
portada, pode chegar a 300 refeições por funcionário.
203
UNICESUMAR
Caro(a) aluno(a), não podemos nos esquecer de que todo o processo que envolve recursos humanos
é de extrema importância à UPR e está diretamente relacionado à qualidade do serviço, pois um co-
laborador satisfeito com o trabalho e a empresa eleva a produtividade em quantidade e em qualidade.
Consequentemente, uma maior produtividade gera maior satisfação.
Ao fim da unidade, percebemos que a administração de recursos humanos é o conjunto harmonioso
de normas e de procedimentos para a realização de um trabalho de qualidade, gerando satisfação aos
clientes e colaboradores. Para isso, a UPR deve contar com um nutricionista eficaz, de perfil realizador,
com liderança e capaz de responder às imposições de um mercado competitivo.
Dessa forma, caro(a) aluno(a), como nutricionistas de UPRs, assim como aconteceu quando assumi
a maternidade municipal, acumulamos a função de gestor de recursos humanos, sendo responsáveis
pela definição do perfil exigido para o cargo, seleção, descrição das funções, aperfeiçoamento da mão
de obra e determinação de normas de segurança no trabalho. Como bons profissionais, devemos buscar
resultados por meio da equipe de trabalho, motivando-a, gerando confiança e satisfação no trabalho,
não perdendo de vista a busca da qualidade.
204
Vamos praticar os conhecimentos adquiridos nesta unidade? Começaremos pela construção do
mapa mental. Sugiro que você dê sequência ao mapa mental iniciado, ao descrever as atribuições
necessárias ao nutricionista e ao ciclo de recursos humanos no qual esse profissional está envolvido.
Profissional nutricionista
Recrutamento: pode ser interno (colaboradores que
já fazem parte da empresa) ou externo (novos
Características pessoais importantes Fluxo das etapas colaboradores, que compõe o mercado de trabalho)
205
1. Considere as atribuições do profissional responsável pelo pré-preparo de saladas folhosas:
retirar das câmaras frias ou do freezer os alimentos a serem processados, sanitizar as folhas
a serem usadas no dia e manipular, cortando-as manualmente. Colocar na travessa e manter
refrigerado até o momento da distribuição.
2. O processo que envolve recursos humanos é de extrema importância nas UPR e está direta-
mente relacionado à qualidade do serviço prestado. Para que as pessoas consigam realizar
o serviço de forma satisfatória, é necessário o desenvolvimento de um sistema de trabalho
muito bem definido.
Considerando o que foi estudado ao longo da unidade sobre recursos humanos, analise as
afirmativas a seguir:
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) I, II e IV.
d) II, III e IV.
e) I e IV.
206
3. Para evitar os acidentes de trabalho e para que o colaborador não desenvolva doenças pro-
fissionais, é necessária a adoção de um conjunto de medidas técnicas, educativas e médicas
para prevenir e eliminar as condições inseguras do ambiente, instruindo e conscientizando
os trabalhadores sobre as práticas preventivas.
a) O exame médico admissional é realizado para verificar se o funcionário está apto para a
realização do serviço e para que sejam minimizados os riscos de contaminação de alimentos
por funcionários.
b) Nos exames demissionais, são realizados os mesmos exames exigidos na admissão.
c) O objetivo do exame admissional é acompanhar as condições de saúde dos funcionários.
d) Caso o colaborador tenha feito um exame demissional do último emprego a menos de 30
dias, ele é dispensado do exame admissional.
e) Os exames periódicos devem ser realizados apenas em caso de mudança de função.
207
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214
UNIDADE 1
1. Segundo o Conselho Federal de Nutricionistas, uma UPR é uma unidade gerencial em que são
desenvolvidas atividades técnico-administrativas necessárias para a produção de refeições até
a distribuição, ou seja, inclui desde a compra da matéria-prima até o controle de qualidade as
refeições preparadas, seja para coletividades sadias, seja para coletividades enfermas. O objetivo
é contribuir para manter, melhorar ou recuperar a saúde da clientela atendida de acordo com os
objetivos específicos de cada tipo de UPR.
2. E.
3. A.
215
4. A.
A fiscalização que se dá pelo órgão de fiscalização sanitária, de modo que se tenha uma garantia da
segurança dos alimentos e a diminuição dos riscos à saúde do consumidor, ocorre, dentre outros
motivos, para a liberação da licença sanitária, que é o alvará de licença para manipulação e produção
de alimentos. Vale ressaltar que todos os estabelecimentos que possuem relação direta ou indireta
com a saúde da população, que é o caso das empresas de alimentação, são fiscalizadas pelo órgão
de vigilância sanitária do município em que estão localizadas.
UNIDADE 2
2. A.
O planejamento é a etapa inicial, que consiste na estimativa prévia de despesas com insumos
gerais, elaboração de cardápios e previsão de gêneros. A organização ocorre na distribuição de
colaboradores em suas funções. A etapa da direção consiste em dirigir, ou seja, orienta e indica
o comportamento dos colaboradores ao alcance dos objetivos estabelecidos. Por fim, o controle
consiste na avaliação, ou seja, na avaliação das etapas do processo produtivo, como realização do
índice de sobras e aferição de temperaturas.
216
3. B.
4. C.
O planejamento é a etapa inicial do processo administrativo e é a partir dela que são determinados
os objetivos a serem alcançados e possibilitada a organização das atividades. As demais alternativas
estão incorretas, pois o processo administrativo eficaz depende da primeira etapa do processo
administrativo, o planejamento. Essa etapa visa à definição dos objetivos a serem alcançados e,
posteriormente, a organização das atividades. Cabe ressaltar que o processo administrativo não é
inerente a um único cargo.
UNIDADE 3
AUTOGESTÃO
CONCESSÃO TRANSPORTADA
A própria empresa
possui e gerencia
sua cozinha Gestão Refeição convênio Produzida em um
local, sendo
transportada para
A empresa terceiriza seu Parceria com um ser consumida em
Diferentes modalidades espaço de cozinha para restaurante próximo outro local
de contrato (mandato, um particular, que irá
preço fixo etc) e de ser responsável pela
estrutura física produção das refeições
(comodato) Embalagens individuais A granel
1. Para a empresa, diversos são os benefícios. Podem ser citados: maior controle sobre o pessoal;
aumento da assiduidade com a queda da taxa de falta no serviço; aumento da produtividade;
diminuição do índice de acidente de trabalho; diminuição do índice de acidente durante o trajeto;
melhoria da interação entre a empresa e o empregado; aumento do grau de sociabilidade; atração
e retenção da mão de obra na empresa.
2. C.
Quando a empresa cede o espaço de produção e distribuição para um particular, livrando-se dos
encargos da gestão, é a concessão. Quando a própria empresa possui e gerencia a UPR, produzindo
as refeições que serve aos funcionários, é a autogestão. A terceirização ocorre quando a UPR está
estabelecida em uma empresa especializada que distribui alimentos para um local conveniado que
não dispõe de cozinha.
217
3. A.
Sendo assim, a frase ficará: ainda no que se refere às formas de gerenciamento, uma empresa
pode optar pela terceirização da alimentação dos trabalhadores de algumas formas: pode-se
terceirizar mediante refeição-convênio, que ocorre quando a empresa faz uma parceria com um
restaurante específico, normalmente, com localidade próxima e os colaboradores se alimentam
sempre no mesmo local. Ou, então, pode-se terceirizar a gestão da UPR como um todo. Nesse
último caso, pode-se, ainda, gerenciar por preço fixo. Nele, mediante o contrato estabelecido, o
valor não sofrerá variação. Também há o mandato, no qual a terceirizada disponibiliza a mão de
obra. A produção e a compra da matéria-prima são realizadas pela própria contratante.
4. C.
As demais estão incorretas, pois: a) refere-se à desvantagem da autogestão; b) esse tipo de con-
trato é denominado de preço fixo; d) também há a possibilidade de atuar sob a forma de refeição
transportada; e) vale refeição também é aceito pelo PAT.
UNIDADE 4
2. E.
218
3. C.
A primeira afirmação está incorreta, pois se refere ao autosserviço. Na cafeteria fixa, as preparações
são porcionadas por um colaborador da UPR. A quarta afirmação também está incorreta por se referir
à cafeteria fixa. No serviço à inglesa indireto, ocorre um serviço à mesa, dado que o garçom leva a
travessa da cozinha e a mostra ao cliente, para aprovação. Em seguida, ele se dirige ao guéridon,
onde monta o prato conforme as orientações recebidas quanto à apresentação e o coloca diante
do cliente, sempre pelo lado esquerdo. A segunda e terceira afirmativas estão corretas.
UNIDADE 5
Recebimento de Armazenamento de
matérias primas matérias primas Pré-preparo Preparo Distribuição
Setor destinado ao Setor destinado ao Setor destinado às Setor destinado Setor onde as
recebimento e armazenamento das operações que envolvem à etapa de cocção preparações serão
inspeção das matérias primas corte, sanitização, das preparações, distribuídas aos
matérias primas recebidas, visando tempero, união de tais como
recebidas dos manutenção de ingredientes etc. de forma cozinhar, clientes que estão
fornecedores, que condições a tornar os alimentos grelhar, assar. no salão/
serão avaliadas satisfatórias até que prontos para serem refeitório.
quantitativa e sejam utilizados submetidos à cocção. Suas
qualitativamente. para o preparo. Sua características
dimensão varia de Os equipamentos dependem da
acordo com a de cocção como modalidade
Área deve possuir modalidade adotada Dentro de cada realidade fogão, forno e adotada pela
balança, termômetro, pela empresa e podem da UPR os setores serão fritadeira estão empresa.
bancada de apoio, ser secos ou a determinados, podendo nesta área, que
estrados e, quando o temperatura ser separados entre deve ser dotada do
caso, pia para controlada. pré-preparo de carnes, sistema de coifa e
pré-higienização. hortifruti, sobremesas, exaustão, visando
massas etc. Basicamente criar condições
devem existir os setores de adequadas de
O estoque de produtos a temperatura controlada carnes (com trabalho.
deve ser realizado em prateleiras adequadas, equipamentos necessários
afastadas da parede, teto e piso, em local e climatização) e
arejado. O estoque a temperatura controlada hortifruti (destinado
pode ser refrigerado (0-10 °C) ou congelado principalmente à
(abaixo de 0 °C), podendo ser realizado em sanitização).
equipamentos individuais como refrigeradores
e congeladores ou em câmaras frias).
1. Com base na RDC n° 216/2004, as instalações físicas, como piso, parede e teto, devem ter revesti-
mento liso, impermeável e lavável. Devem ser mantidos íntegros, conservados, livres de rachaduras,
trincas, goteiras, vazamentos, infiltrações, bolores, descascamentos e outros e não devem transmitir
contaminantes aos alimentos. Além disso, as superfícies dos equipamentos, móveis e utensílios utili-
zados na preparação, embalagem, armazenamento, transporte, distribuição e exposição à venda dos
alimentos devem ser lisas, impermeáveis, laváveis e estar isentas de rugosidades, frestas e outras
imperfeições que possam comprometer a higienização e ser fontes de contaminação dos alimentos.
219
2. A.
3. B.
UNIDADE 6
Entrada Salada de
Técnico operacionais Fatores ambientais folhas
- Localização;
- Disponibilidade
Espaço físico do ambiente: Público alvo de insumos e Prato principal Bife acebolado
- Perfil e gêneros;
- Atendimento, decoração; - Variação
- Capacidade de produção quantidade do
cliente esperado; climática;
da cozinha; - Produção local. Cenoura
- Orçamento; - Disponibilidade Guarnição
refogada
- Tipos de serviços e financeira;
refeições que se pretende - Número de
oferecer; pessoas a serem
- Horário de atendimento; servidas; Prato base Arroz e Feijão
- Equipamentos, - Tempo disponível
utensílios e mão de obra; para a refeição;
- Sistema de compras e - Preferências
estocagem; regionais;
- Quantidade de louças - Sexo, idade etc. Sobremesa Banana
existentes;
- Número de funcionários
adequados para executar
o serviço.
1. No primeiro dia, foram apresentados dois pratos protéicos ao molho de tomate (bisteca suína e
almôndegas). Foi dita a importância de se variar os sabores e a textura do prato. Além disso, todas
as opções de prato principal e de acompanhamento são opções com molho. É indicado variar com
uma opção mais seca. No segundo dia, é interessante variar os cortes e as apresentações: duas
saladas são apresentadas no corte “rodela”. As duas opções protéicas são frango. Seria interessante
variar com uma fonte bovina. Além disso, no dia anterior, já foi usado molho a base de tomate. Não
é indicado ter o mesmo alimento em dois ou mais constituintes, por exemplo, a cenoura, que está
no acompanhamento e na salada.
220
É importante sempre servir uma opção de salada folhosa, uma crua e uma cozida a cada dia. Nos
dois dias, o cardápio inclui opções de carboidratos como acompanhamento.
2. E.
O prato principal é o prato mais importante e com maior custo da refeição, devendo ser combinado
com o acompanhamento. Portanto, serão os primeiros a serem planejados. A alternativa A está
incorreta, pois a repetição semanal pode se tornar cansativa em determinadas UPR. A alternativa
B, por sua vez, está incorreta, pois apesar de o custo ser essencial, devem ser adotadas estratégias
que evitem a repetição. A alternativa C está incorreta, pois o planejamento deve ser iniciado com o
prato de mais alto custo (geralmente, o prato principal). A alternativa D está incorreta, pois o prato
inicial e mais importante é o prato principal, que deve ser a prioridade no planejamento.
3. D.
A alternativa D está correta, pois o ambiente envolve os itens citados, como decoração do restau-
rante. Dessa forma, o cardápio deve condizer com as características. As demais alternativas estão
incorretas, pois a A, B e C se referem às características do público-alvo/clientela. Já a alternativa E
está incorreta, visto que o atendimento deve ser rápido, devido à demanda dos clientes.
UNIDADE 7
Levantamento da quantidade
a ser adquirida com base no
planejamento de cardápios Cotação de preços
221
1. A.
A alternativa A está incorreta, pois o preço no momento da compra não faz parte da elaboração da
lista de compras. Ele será obtido após a cotação e a compra efetivamente realizada.
2. D.
Como são usados 10 kg no almoço e 4 kg no jantar, a UPR usa 14 kg de feijão por dia. Para dois dias,
que é o prazo de entrega do fornecedor, o total do estoque mínimo é de 28 kg.
3. C.
UNIDADE 8
1. Tanto a sobra quanto o resto são desperdícios que ocorrem nas preparações. A sobra é o alimento
que foi preparado, mas que não foi distribuído, ou seja, sobrou na área de produção e, com controle
de tempo e temperatura, pode ser reaproveitado. Já o resto é o alimento preparado que foi distri-
buído, mas não foi consumido, ou seja, foi para a distribuição e não pode mais ser reaproveitado.
222
2. A.
A análise de todos os custos existentes na UPR é importante para a definição do preço de venda. As
demais alternativas estão incorretas, pois o preço será calculado a partir da somatória dos custos,
incluindo matérias-primas e mão de obra. Não basta apenas dobrar o custo de matérias-primas,
visto que a apuração detalhada dos custos é essencial. O custo de matérias-primas representa os
gêneros alimentícios, os descartáveis e os produtos químicos necessários. Por fim, percentualmente,
o custo com maior impacto é o custo de matéria-prima.
3. C.
Na classificação contábil, os custos são classificados em diretos ou indiretos. O direto é aquele que é
conhecido também como custo controlável. Ele representa todos os custos que é possível identificar
e relacionar diretamente aos itens produzidos e aos serviços prestados, de modo mais econômico
e lógico, como as matérias-primas, os descartáveis e a mão de obra envolvida na produção.
4. D.
A afirmativa II está incorreta, pois os gêneros estocados incorretamente deixam o custo de produção
mais alto. Por exemplo, a temperatura incorreta pode possibilitar a atividade de microrganismos,
tornando necessário o descarte do produto. A afirmativa IV também está incorreta, pois, quanto
maior for a produtividade do trabalhador, menor será o custo final do produto, por impactar dire-
tamente no custo de mão de obra.
UNIDADE 9
223
1. Para retirar os hortifrutis da câmara fria, o colaborador deve usar o casaco térmico com capuz. No
processo de higienização, por se tratar de uma operação que envolve o uso de água, é necessário
usar botas impermeáveis, aventais impermeáveis e, se possível, luvas impermeáveis. Ao realizar
o corte manual, é importante a utilização da luva anti-corte (como malha de aço ou fios de aço).
2. B.
3. A.
O exame admissional visa avaliar se o colaborador está apto e, com exames complementares, é
possível verificar situações, como a presença de parasitas nas fezes, micose nas unhas etc. As de-
mais alternativas estão incorretas pois, na demissão, são realizados exames clínico e audiometria. A
alternativa C está incorreta, pois se refere ao exame periódico. O exame admissional é obrigatório
para todos os novos colaboradores. Além disso, como o objetivo do exame periódico é acompanhar
o colaborador, deve ser realizado semestral ou anualmente.
4. E.
A fórmula para expressar o indicador é uma relação das demissões entre o número de empregados,
não sendo usado para avaliar faltas injustificadas. Isso torna a alternativa A incorreta. Quanto maior
for o indicador de rotatividade de pessoal, maior será a rotatividade. Por isso, a alternativa B está
incorreta. As alternativas C e D, por sua vez, estão incorretas, pois pode demonstrar comodismo e
falta de novas ideias na empresa.
224