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Alimento, nutrição e saúde
3
 

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Edição de Arte: Luiza Alves Batista
Revisão: Os Autores
Organizador: Givanildo de Oliveira Santos

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A411 Alimento, nutrição e saúde 3 / Organizador Givanildo de


Oliveira Santos. – Ponta Grossa - PR: Atena, 2020.

Formato: PDF
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Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5706-651-5
DOI 10.22533/at.ed.515200312

1. Alimentação sadia. 2. Saúde. 3. Nutrição. I. Santos,


Givanildo de Oliveira (Organizador). II. Título.
CDD 613.2
Elaborado por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166

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DECLARAÇÃO DOS AUTORES

Os autores desta obra: 1. Atestam não possuir qualquer interesse comercial que constitua um
conflito de interesses em relação ao artigo científico publicado; 2. Declaram que participaram
ativamente da construção dos respectivos manuscritos, preferencialmente na: a) Concepção do
estudo, e/ou aquisição de dados, e/ou análise e interpretação de dados; b) Elaboração do artigo
ou revisão com vistas a tornar o material intelectualmente relevante; c) Aprovação final do
manuscrito para submissão.; 3. Certificam que os artigos científicos publicados estão
completamente isentos de dados e/ou resultados fraudulentos.
APRESENTAÇÃO
O presente livro “Alimento, Nutrição e Saúde 3” está composta por 19 capítulos com
vasta abordagens temáticas. Durante o desenvolvimento dos capítulos desta obra, foram
abordados assuntos interdisciplinar, na modalidade de artigos científicos, pesquisas e
revisões de literatura capazes de corroborar com o desenvolvimento cientifico e acadêmico.
O objetivo central desta obra foi descrever as principais pesquisas realizadas em
diferentes regiões e instituições de ensino no Brasil, dentre estas, cita-se: o perfil alimentar
de usuários em unidades de saúde, alimentação funcional, vitamina D no desenvolvimento
de crianças, comportamento alimentar, avaliação da composição corporal em praticantes de
treinamento resistido, o aleitamento materno e hábitos alimentares em crianças de 6 meses
a 2 anos. São conteúdos atualizados, contribuindo para o desenvolvimento acadêmico,
profissional e tecnológico.
A procura por exercícios físicos e alimentos que contribuem para o bem-estar e
prevenção de patologias do indivíduo aumentou-se nos últimos anos. Desse modo, a
tecnologia de alimentos deve acompanhar a área da nutrição com o objetivo de desenvolver
novos produtos que atendam a este público. No entanto, é preocupante o grande número de
pessoas que buscam realizar exercícios físicos e “dietas” sem o devido acompanhamento
profissional, colocando em risco a sua saúde.
O livro “Alimento, Nutrição e Saúde 3” descreve trabalhos científicos atualizados
e interdisciplinar em alimentos, nutrição e saúde. Resultados de pesquisas com objetivo
de oferecer melhores orientações nutricionais e exercícios físicos, que possam contribuir
para melhorar a qualidade de vida, obtendo uma alimentação saudável e prevenindo de
possíveis patologias.

Desejo a todos (as) uma boa leitura.

Givanildo de Oliveira Santos


SUMÁRIO
CAPÍTULO 1.................................................................................................................. 1
PERFIL ALIMENTAR DE USUÁRIOS COM E SEM DIABETES MELLITUS DAS UNIDADES
DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO/SP
Geisla dos Santos Selenguini Peracini
Paula Parisi Hodniki
Jamyle Marcela Oliveira Gonçalves
Vanessa Cristina de Moraes Gomes
Maria Tereza Cunha Alves Rios
Maria Teresa da Costa Gonçalves Torquato
Maria Eduarda Machado
Carla Regina de Souza Teixeira
DOI 10.22533/at.ed.5152003121

CAPÍTULO 2................................................................................................................15
ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL EM PACIENTES PORTADORES DE VÍRUS DA
IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA
Clara dos Reis Nunes
Gleice Keli Barroso Falcão de Alvarenga
Fabíola Teixeira Azevedo
Thiara Mourão Fernandes da Costa
DOI 10.22533/at.ed.5152003122

CAPÍTULO 3................................................................................................................38
A INFLUÊNCIA DA VITAMINA D NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA – REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
Renata Raniere Silva de Andrade
Anne Heracléia de Brito e Silva
Gerusa Cássia Santos Oliveira
Ian Cardoso de Araujo
Igor Cardoso Araújo
Thatylla Kellen Queiroz Costa
Paulo Roberto dos Santos
Pedro Henrique Castelo Branco de Brito
Laudiceia do Nascimento Gomes
Maria de Fátima Martins Nascimento
Maria Nayara Oliveira Carvalho
Teresinha de Jesus Mesquita Cerqueira
DOI 10.22533/at.ed.5152003123

CAPÍTULO 4................................................................................................................48
EXAMINANDO ASPECTOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR DA POPULAÇÃO
BRASILEIRA
Itana Nascimento Cleomendes dos Santos
DOI 10.22533/at.ed.5152003124

SUMÁRIO
CAPÍTULO 5................................................................................................................57
ESTADO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES INGRESSANTES EM UMA ESCOLA
PÚBLICA FEDERAL NO ESTADO DA BAHIA
Andréia Rocha Dias Guimarães
DOI 10.22533/at.ed.5152003125

CAPÍTULO 6................................................................................................................66
AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL E O PERFIL ALIMENTAR DE PRATICANTES
DE MUSCULAÇÃO
Fábio Martins Inácio Tavares
Evandro Marianetti Fioco
Edson Donizetti Verri
DOI 10.22533/at.ed.5152003126

CAPÍTULO 7................................................................................................................76
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D NO TRATAMENTO COADJUVANTE DA DEPRESSÃO
Maria Luiza Lucas Celestino
Priscilla de Oliveira Mendonça Freitas
Francisco Eudes de Sousa Júnior
Orquidéia de Castro Uchôa Moura
Camila Araújo Costa Lira
Roseane Carvalho de Souza
Daniele Campos Cunha
Ana Mayara Setúbal
Ícaro Moura Ramos
Márcia Môany Araújo Oliveira
Marcela Myllene Araújo Oliveira
Andreson Charles de Freitas Silva
DOI 10.22533/at.ed.5152003127
CAPÍTULO 8................................................................................................................90
O ALEITAMENTO MATERNO E SEU IMPACTO SOCIAL
Claudia Cristina Dias Granito Marques
Maria Laura Dias Granito Marques
DOI 10.22533/at.ed.5152003128

CAPÍTULO 9................................................................................................................99
O POTENCIAL NEUROPROTETOR DA SILIMARINA NA DOENÇA DE ALZHEIMER
Mariany de Alencar
Jorge Rafael dos Santos Junior
Mikaelly de Sousa Guedes
Joyce Gomes de Sousa
Micaelly Alves dos Santos
Francisca Taiza de Souza Gomes
Ionara Jaine Moura Oliveira
Maria Letícia Saraiva de Oliveira Milfont
Angelica Kelly Santos de Lima
Rita de Cassia Moura da Cruz
SUMÁRIO
Antonia Alicyanny Noronha
Ana Cibele Pereira Sousa
DOI 10.22533/at.ed.5152003129

CAPÍTULO 10............................................................................................................107
ASSOCIAÇÃO DA OBESIDADE, BEBIDAS ALCOÓLICAS E CARNES VERMELHAS COM
A NEOPLASIA COLORRETAL
Camylla Machado Marques
Evilanna Lima Aruda
Luana Nascimento
Mirian Gabriela Martins Pereira
Thulio César Teixeira
DOI 10.22533/at.ed.51520031210

CAPÍTULO 11............................................................................................................ 115


TRANSIÇÃO NUTRICIONAL E SUA RELAÇÃO COM A PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO
ARTERIAL EM ÍNDIOS
Gustavo Galdino de Meneses Barros
Anita Ferreira de Oliveira
Camila Moreira da Costa Alencar
Hérica do Nascimento Sales Farias
Alane Nogueira Bezerra
Camila Pinheiro Pereira
Natasha Vasconcelos Albuquerque
Ana Patrícia Nogueira Aguiar
DOI 10.22533/at.ed.51520031211

CAPÍTULO 12............................................................................................................121
VULNERABILIDADE À DEPRESSÃO E ALTERAÇÕES DO ESTADO NUTRICIONAL EM
PACIENTES ONCOLÓGICOS
Brunna Luise do Nascimento Barboza
Débora Lisboa de Almeida Neves Silva
Iara Moraes Filgueira Pachioni
Islany Kevelly Almeida de Melo
DOI 10.22533/at.ed.51520031212

CAPÍTULO 13............................................................................................................129
EFEITO HIPOGLICEMIANTE DO ALHO (ALLIUM SATIVUM L.) NO DIABÉTICO
Anita Ferreira de Oliveira
Camila Moreira da Costa Alencar
Eric Wenda Ribeiro Lourenço
Gustavo Galdino de Meneses Barros
Mirla Ribeiro dos Santos
Hérica do Nascimento Sales Farias
Alane Nogueira Bezerra
Camila Pinheiro Pereira
Natasha Vasconcelos Albuquerque
Ana Patrícia Nogueira Aguiar

SUMÁRIO
Maria Anizete de Sousa Quinderé
DOI 10.22533/at.ed.51520031213

CAPÍTULO 14............................................................................................................134
ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL EM PACIENTES PORTADORES DE FIBROSE
CÍSTICA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Tanmara Kelvia Oliveira da Costa Almeida
Priscylla Tavares Almeida
Juliana Alexandra Parente Sa Barreto
Carla Maria Bezerra de Menezes
Yasmin Trindade Evangelista de Araújo
Priscille Fidelis Pacheco Hartcopff
Marjorie Correia de Andrade
Alessandra Cabral Martins
Paloma de Sousa Bezerra
Paulina Nunes da Silva
Esaú Nicodemos da Cruz Santana
Rejane Ferreira da Silva
DOI 10.22533/at.ed.51520031214

CAPÍTULO 15............................................................................................................141
ESPESSURA DO MÚSCULO ADUTOR DO POLEGAR EM PACIENTES PRÉ-
TRANSPLANTE HEPÁTICO
Ana Carolina Cavalcante Viana
Ana Filomena Camacho Santos Daltro
Anarah Suellen Queiroz Conserva Vitoriano
Synara Cavalcante Lopes
Carolina Frazão Chaves
Lília Teixeira Eufrásio Leite
Priscila Taumaturgo Holanda Melo
Renata Kellen Cavalcante Alexandrino 
Helen Pinheiro
Ana Raquel Eugênio Costa Rodrigues 
Priscila da Silva Mendonça
Mileda Lima Torres Portugal
DOI 10.22533/at.ed.51520031215

CAPÍTULO 16............................................................................................................148
USO DO DINAMÔMETRO COMO PREDITOR DE FORÇA MUSCULAR E DESNUTRIÇÃO
HOSPITALAR: RELATO DE CASO
Laysa Avanzo Corsi
Amanda Dorta Maestro
Carolina Augusto Rezende
Renata Perucelo Romero
DOI 10.22533/at.ed.51520031216

SUMÁRIO
CAPÍTULO 17............................................................................................................155
HÁBITOS ALIMENTARES E ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE 6 MESES A 2
ANOS QUE FAZEM ACOMPANHAMENTO NA UBS ENEDINO MONTEIRO DO BAIRRO
PÊRA NO MUNICÍPIO DE COARI-AM
Juliane de Oliveira Medeiros
Karina de Melo Vasconcelos
Oziane Carvalho Fonseca
Regina dos Santos Silva
Juliana Helen Ferreira Braga
Luziane Lima Pereira
DOI 10.22533/at.ed.51520031217

CAPÍTULO 18............................................................................................................160
INSEGURANÇA ALIMENTAR MODERADA E GRAVE EM GESTANTES ADOLESCENTES
NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO – ACRE
Cibely Machado de Holanda
Bárbara Teles Cameli Rodrigues
Débora Melo de Aguiar
Thaíla Alves dos Santos Lima
Andréia Moreira de Andrade
Fernanda Andrade Martins
Alanderson Alves Ramalho
DOI 10.22533/at.ed.51520031218

CAPÍTULO 19............................................................................................................175
USO DE PROBIÓTICOS COMO NOVA ABORDAGEM COMPLEMENTAR NA TERAPIA
DA ACNE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Luiza Bühler
Morgana Aline Weber
Patrícia Weimer
Rochele Cassanta Rossi
DOI 10.22533/at.ed.51520031219

SOBRE O ORGANIZADOR......................................................................................186

ÍNDICE REMISSIVO..................................................................................................187

SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
doi
PERFIL ALIMENTAR DE USUÁRIOS COM E SEM
DIABETES MELLITUS DAS UNIDADES DE SAÚDE
NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO/SP

Data de aceite: 01/12/2020 RESUMO: O crescimento do diabetes mellitus


constitui um importante problema de saúde
pública mundial, que atravessa um período de
transição nutricional, e a alimentação saudável
Geisla dos Santos Selenguini Peracini
é um dos maiores desafios neste panorama. O
Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão
objetivo do trabalho foi descrever e comparar
Preto/SP.
o perfil alimentar de usuários com e sem
Paula Parisi Hodniki diabetes mellitus de Unidades de Saúde no
Universidade de São Paulo município de Ribeirão Preto-SP. Os dados foram
coletados por meio de entrevista e para a análise
Jamyle Marcela Oliveira Gonçalves
estatística adotou-se nível de evidência a=0,05.
Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão
Participaram do estudo 719 pessoas, entre 35 e
Preto/SP.
59 anos, com predomínio de mulheres, ensino
Vanessa Cristina de Moraes Gomes fundamental incompleto, casados/união estável
Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão e classe econômica C. Destas, 101 (14%)
Preto/SP. tinham diabetes mellitus. Os hábitos alimentares
das pessoas com diabetes mellitus mostraram-
Maria Tereza Cunha Alves Rios
se mais adequados que as sem diabetes
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
mellitus, com maior frequência no consumo de
Programa de Aprimoramento Multiprofissional
alimentos in natura/minimamente processados
em Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus
e menores no consumo de ultraprocessados.
da Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão
Preto/SP. Apesar do perfil alimentar das pessoas com
diabetes mellitus apresentar-se melhor que os
Maria Teresa da Costa Gonçalves Torquato sem diabetes mellitus, os dados mostraram a
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto necessidade de melhorar os hábitos alimentares,
FMRP/USP, para prevenção e controle das Doenças Crônicas
Programa de Aprimoramento Multiprofissional não Transmissíveis. Como também incrementar
em Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus
a orientação do nutricionista reforçando a
da Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão
importância da ampliação da atuação desse
Preto/SP.
profissional nas Unidades de Saúde.
Maria Eduarda Machado PALAVRAS - CHAVE: Diabetes mellitus; Dieta;
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Doenças crônicas; Estilo de vida; Comportamento
Universidade de São Paulo alimentar.

Carla Regina de Souza Teixeira


ABSTRACT: The growth of diabetes mellitus
Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
constitutes an important public health problem
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8887-5439

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 1 1


worldwide, which is going through a period of nutritional transition, and healthy eating is one
of the biggest challenges in this panorama. The objective of the work was to describe and
compare the dietary profile of users with and without diabetes mellitus in Health Units in the
city of Ribeirão Preto-SP. Data were collected through interviews and for statistical analysis,
the level of evidence was adopted a = 0.05. 719 people participated, between 35 and 59 years
old, with predominance of women, incomplete elementary school, married / stable union and
economic class C. Of these, 101 (14%) had diabetes mellitus. The eating habits of people with
diabetes mellitus proved to be more adequate than those without diabetes mellitus, with greater
frequency in the consumption of fresh / minimally processed foods and lower consumption of
ultra-processed foods. Despite the food profile of people with diabetes mellitus being better
than those without diabetes mellitus, the data showed the need to improve eating habits, for
the prevention and control of Chronic Non-Communicable Diseases. As well as increasing the
orientation of the nutritionist, reinforcing the importance of expanding the performance of this
professional in Health Units.
KEYWORDS: Diabetes mellitus; Dieta; Chronic disease; Health style; eatingtrition behaviour

INTRODUÇÃO
No século passado ocorreram transições demográficas, nutricionais e epidemiológicas.
A transição nutricional, fenômeno epidemiológico pelo qual passa atualmente o Brasil e
demais países em desenvolvimento, caracteriza-se pela redução contínua dos casos de
déficit nutricional, como desnutrição e deficiências de micronutrientes. Ao mesmo tempo
em que se averigua um aumento vertiginoso das prevalências de excesso de peso e outras
doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como diabetes mellitus (DM), hipertensão
arterial sistêmica (HAS) e doenças cardiovasculares (DCV) (TOSCANO, 2004; SCHMIDT
et al., 2011; DUNCAN et al., 2012; BRASIL, 2014a). Além disso, com o passar dos anos,
houve crescente envelhecimento da população em todo o mundo, processo que acarreta
diversas alterações fisiológicas e funcionais no organismo humano, tornando essa parcela
da população mais propensa ao desenvolvimento das DCNT (RIBEIRO et al., 2017).
Uma das quatro principais DCNT é o DM. A Federação Internacional de Diabetes
estimou em 2015 que 8,8% da população mundial com 20 a 79 anos de idade (415 milhões
de pessoas) viviam com diabetes. Se persistirem as tendências atuais, o número de
pessoas com diabetes será superior a 642 milhões em 2040. Cerca de 75% dos casos são
de países em desenvolvimento, nos quais deverá ocorrer o maior aumento dos casos de
diabetes nas próximas décadas. No Brasil, em 1980, foi estimado em 7,6% a prevalência
de diabetes na população adulta (MALERBI; FRANCO, 1992; INTERNATIONAL DIABETES
FEDERATION, 2015). No ano de 2013, a Pesquisa Nacional de Saúde estimou em 6,2%
da população maior de 18 anos de idade com diagnóstico médico de diabetes mellitus
(BRASIL, 2014b; SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017). No município de
Ribeirão Preto, interior de São Paulo, um estudo epidemiológico de base populacional,
encontrou índices de cerca de 15% da população com diabetes (MORAES et al., 2010).

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 1 2


As complicações agudas e crônicas do diabetes geram alta morbimortalidade,
originando elevados custos para os sistemas de saúde. Gastos referentes ao diabetes
mundialmente, em 2010, foram estimados em 11,6% do total dos gastos com atenção
em saúde. Tais complicações resultam em perda importante da qualidade de vida, o que
reforça a importância do diagnóstico precoce (BRASIL, 2013).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde aproximadamente 80% dos casos
de DM poderiam ser evitados pela adesão ao tratamento não medicamentoso, como
práticas dietéticas por meio do consumo regular de frutas e legumes, redução no consumo
de gordura saturada, sódio e bebidas açucaradas. Em contrapartida, de acordo com estudo
realizado em Florianópolis em 2015, indivíduos hipertensos e diabéticos apresentaram
consumo elevado de refrigerantes e frituras em detrimento do consumo diário de frutas e
insuficiente ingestão de legumes e verduras (OZCARIZ et al., 2015).
Fatores biológicos e estilo de vida interferem diretamente nas opções e no perfil
alimentar dos pacientes, assim como a disponibilidade regional/local dos alimentos
exercem importante papel na definição dos padrões alimentares. Um estudo realizado em
Ribeirão Preto-SP em adultos que analisou os padrões do consumo alimentar mostrou o
preocupante consumo de alimentos de “padrão obesogênico” como produtos açucarados e
refrigerantes, promovendo a longo e médio prazo o ganho de peso (GIMENO et al., 2011).
Ainda que estudos sobre o perfil alimentar de portadores de doenças cônicas
não transmissíveis, como o diabetes mellitus, seja comum na literatura, há carência de
informações sobre a população de diversas regiões. É fundamental considerar a importância
e a necessidade de se conhecer o perfil alimentar e nutricional dessa população, com
objetivo de identificar precocemente riscos nutricionais, especialmente relacionados ao
excesso de peso, para que condutas nutricionais adequadas possam ser implementadas
precocemente no Sistema Único de Saúde, melhorando assim a qualidade de vida desses
indivíduos. Nesse sentido, e considerando a ausência de informações atualizadas sobre o
perfil alimentar de diabéticos na região de Ribeirão Preto, esse estudo teve como objetivo
identificar o perfil alimentar de usuários com e sem Diabetes Mellitus das Unidades de
Saúde no município, comparando os dois grupos.

METODOLOGIA
Estudo observacional transversal, realizado nas Unidades de Saúde de cinco
distritos de saúde de Ribeirão Preto no período de 2017-2018, pela Secretaria Municipal da
Saúde e Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP, autorizada pelo Comitê de Ética
em Pesquisa (parecer nº 1.875.599).
Ribeirão Preto, SP, cuja população segundo censo de 2010 é de 604.682 habitantes,
considerado o oitavo município mais populoso do estado. A Rede de Serviços da Atenção
Básica está organizada em cinco Distritos de Saúde (Norte, Leste, Oeste, Central e Sul), e

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 1 3


tem 49 estabelecimentos de Atenção Básica. Desses, 25 são Unidades Básicas de Saúde
(UBS), 19 são Unidades de Saúde da Família (USF) e 5 são Unidades Básicas e Distritais
de Saúde (UBDS).
A amostra foi aleatória estratificada pelos distritos de saúde de Ribeirão Preto, SP,
parâmetros de erros relativos de amostragem de 10%, nível de significância de 5% e o
número total de 53.240 de média mensal de atendimentos nas farmácias dos cinco distritos,
no ano de 2016. Foram entrevistados 719 pessoas nas unidades de saúde.
As variáveis sociodemográficas foram: Sexo: consideradas as pessoas de ambos os
sexos, onde feminino e masculino; Idade: foi agrupada segundo as faixas etárias de 18 a 29;
30 a 39; 40 a 49; 50 a 59; 60 a 69; 70 a 79; 80 e mais, sendo expressa em anos completos;
Estado civil: foi classificado em casado ou amasiado, separado ou divorciado; viúvo ou
solteiro; Escolaridade: foi considerada < Ensino Fundamental, Ensino Fundamental, Ensino
Médio, ≥ Ensino Superior; Classe econômica: foi classificada em estratos: A, B1, B2, C1,
C2, D/E segundo a ABEP -Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa –2016. As
variáveis clínicas foram: presença de Doença Crônica Não Transmissível autorreferidas e
classificadas em sim/não. Para este estudo considerou-se a DCNT diabetes mellitus tipo
2 (DM2).
Para a coleta de dados foi realizado um treinamento com 20 pesquisadores, sendo
três pós-graduandos, seis alunos de graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem
de Ribeirão Preto - USP, dez aprimorandos do Programa de Aprimoramento Multiprofissional
em Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus da Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão
Preto (SMS-RP) e duas coordenadoras do referido programa.
O treinamento dos pesquisadores consistiu em uma apresentação com leitura
detalhada do instrumento, com objetivo de sanar dúvidas quanto às questões. Também
foi solicitada a aplicação do instrumento entre os pares para sanar possíveis dificuldades.
A coleta de dados foi realizada em 2018 e o recrutamento dos participantes foi por ordem
consecutiva.
As variáveis referentes aos hábitos alimentares também foram autorreferidas pelas
pessoas e classificadas, segundo o seguimento de dieta (classificadas em sim/não),
orientação por profissional da dieta (classificadas em se receberam ou não a orientação
profissional), profissional que fez a orientação da dieta (considerou-se nutricionista, médico
e outros profissionais da área da saúde), local utilizado para fazer as refeições (considerou-
se em casa, no trabalho ou restaurante), preparo da refeição (considerou-se o preparo
pela própria pessoa, por familiares, ou no restaurante), uso de adoçantes artificiais (foram
classificadas em sim/não), uso de tempero pronto (classificadas em sim/não), ingestão de
água (classificadas em sim/não), quantidade de água por dia (classificadas em mililitros/
dia e considerando adequado o consumo mínimo de 2000 mililitros (ml) de água diária),
número de refeições por dia (classificadas de uma a oito/mais por dia, considerando como
hábito adequado realizar no mínimo três refeições por dia), hábito de assistir televisão,

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 1 4


uso de celular e computador durante as refeições (foram classificadas em sim/não,
considerando como hábito adequado não assistir televisão ou usar o celular durante as
refeições) (BRASIL, 2014).
As variáveis referentes ao consumo alimentar foram autorreferidas pelas pessoas
e classificadas em frequência de consumo nos últimos sete dias de salada crua, legumes
e verduras cozidos, frutas frescas ou salada de frutas, feijão, leite ou iogurte, batata
frita, batata de pacote e salgados fritos, hambúrguer e embutidos, bolachas, biscoitos,
salgados ou salgadinhos de pacote, bolachas, biscoitos, doces ou recheados, doces, balas,
chocolates, refrigerantes (não foram considerados os alimentos diet ou light). Os usuários
categorizados em bom consumo foram aqueles que referiram consumir pelo menos três
vezes na semana os alimentos saudáveis (salada crua, legumes e verduras cozidos, frutas
frescas ou salada de frutas, leite ou iogurte) e pelo menos cinco vezes na semana o feijão,
e consumir até pelo menos duas vezes na semana os alimentos não saudáveis (batata
frita, batata de pacote, salgados fritos, hambúrguer e embutidos, bolachas, biscoitos,
salgados ou salgadinhos de pacote, bolachas, biscoitos, doces ou recheados, doces, balas,
chocolates, refrigerantes) (BRASIL, 2008; 2015).

RESULTADOS

Caracterização dos participantes


Dos 719 indivíduos entrevistados, houve predomínio de idade entre 35 e 59 anos
(40,75%), mulheres (71,21%), ensino fundamental incompleto (40,75%), casados/união
estável (47,15%) e classe econômica C (51,88%). A presença de DM foi referida por 101
(14%) pessoas conforme (Tabela 1).

  N %
Idade
18 a 34 anos 242 33,66
35 a 59 anos 293 40,75
60 anos ou mais 184 25,59
Sexo
Masculino 207 28,79
Feminino 512 71,21
Escolaridade

< Ensino Fundamental 293 40,75

Ensino Fundamental 56 7,79

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 1 5


Ensino Médio 265 36,86

=>Ensino Superior 105 14,60

Estado Civil
Solteiro (a) 272 37,83

Casado (a) ou união estável 339 47,15

Viúvo (a) 42 5,84

Separado (a) ou divorciado (a) 66 9,18

Classe Econômica

A+B 250 34,77


C 373 51,88
D+E 96 13,35
Diabetes Mellitus
Não 618 86,00
Sim 101 14,00

Tabela 1 – Distribuição numérica e percentual dos usuários das unidades de saúde segundo as
variáveis sociodemográficas e a presença ou não de DM, Ribeirão Preto - SP, 2020

Hábitos e Consumo alimentar


Ao analisar os hábitos alimentares, as pessoas sem diabetes realizavam as
refeições assistindo TV e celular com maior frequência do que diabéticos (p=0,018); os
mesmos consomem mais refeições em casa e preparada em ambiente domiciliar do que
sem diabetes. Não houve diferença significativa nos itens: número de refeições realizadas
por dia e uso de temperos industrializados. Observou-se que os diabéticos consomem
mais adoçantes (p<0,001). Entre as pessoas sem diabetes 5% recebeu orientação por
nutricionista e entre os diabéticos esse número apresentou-se maior, totalizando 15,8%,
como podemos ver na tabela 2.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 1 6


Diabetes
Total p valor
  Não Sim

Hábito alimentar

Mau Hábito Alimentar 535 86,6% 74 73,3% 609 84,7% 0,001

Bom Hábito Alimentar 83 13,4% 27 26,7% 110 15,3%

Orientado por
nutricionista

31 5,0% 16 15,8% 47 6,5% <0,001

Onde realiza
as refeições
habitualmente

Em casa 519 84,0% 97 96,0% 616 85,7% 0,006

No trabalho 63 10,2% 3 3,0% 66 9,2%

Restaurante 36 5,8% 1 1,0% 37 5,1%

Número de refeições
/ dia

Uma refeição 6 1,0% 1 1,0% 7 1,0% <0,001

Duas refeições 93 15,0% 4 4,0% 97 13,5%

Três refeições 205 33,2% 36 35,6% 241 33,5%

Quatro refeições 188 30,4% 16 15,8% 204 28,4%

Cinco refeições 81 13,1% 25 24,8% 106 14,7%

Seis refeições 41 6,6% 17 16,8% 58 8,1%

Sete refeições 2 ,3% 2 2,0% 4 ,6%

Oito refeições ou mais 2 ,3% 0 0,0% 2 ,3%

Usa adoçante
artificial

Sim 96 15,5% 54 53,5% 150 20,9% <0,001

Não 522 84,5% 47 46,5% 569 79,1%

Hábito assistir tv ou
mexer celular durante
refeições

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 1 7


Mau hábito 394 63,8% 52 51,5% 446 62,0% 0,018

Bom hábito 224 36,2% 49 48,5% 273 38,0%

Usa tempero pronto

Mau hábito 267 43,2% 41 40,6% 308 42,8% 0,623

Bom hábito 351 56,8% 60 59,4% 411 57,2%

Tabela 2 – Distribuição numérica e percentual dos usuários das unidades de saúde segundo as
variáveis de habito alimentar e a presença ou não de DM, Ribeirão Preto - SP, 2020

Em relação aos alimentos in natura/minimamente processados e processados,


houve diferença significativa no consumo de frutas (p=0,006) e legumes cozidos (p=0,049),
sendo que os diabéticos consomem mais que os sem diabetes. Nos itens consumo de
feijão, leite ou iogurte e salada crua, não houve diferença entre os grupos. Em relação aos
alimentos ultraprocessados, houve diferença significativa no consumo de bolachas doces
(p<0,001) e refrigerantes com açúcar (p<0,001), sendo que os sem diabetes consomem
mais esses itens do que os diabéticos. Não houve diferença em relação ao consumo de
bolachas salgadas, hambúrguer e embutidos, conforme tabela 3.

Diabetes
Total p valor
  Não Sim

Consumo alimentar

Mau Consumo
569 92,1% 86 85,1% 655 91,1% 0,024
Alimentar
Bom Consumo
49 7,9% 15 14,9% 64 8,9%
Alimentar

Água

Menos de 2 litros por


249 40,3% 28 27,7% 277 38,5% 0,016
dia

2 litros ou mais por dia 369 59,7% 73 72,3% 442 61,5%

Saladas cruas

Menos de 3 vezes na
186 30,1% 21 20,8% 207 28,8% 0,056
semana
3 ou mais vezes na
432 69,9% 80 79,2% 512 71,2%
semana

Legumes

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 1 8


Menos de 3 vezes na
208 33,7% 24 23,8% 232 32,3% 0,049
semana
3 ou mais vezes na
410 66,3% 77 76,2% 487 67,7%
semana

Frutas

Menos de 3 vezes na
235 38,0% 24 23,8% 259 36,0% 0,006
semana
3 ou mais vezes na
383 62,0% 77 76,2% 460 64,0%
semana

Leite ou iogurte

Menos de 3 vezes na
238 38,5% 35 34,7% 273 38,0% 0,459
semana
3 ou mais vezes na
380 61,5% 66 65,3% 446 62,0%
semana

Feijão

Menos de 5 vezes na
157 25,4% 21 20,8% 178 24,8% 0,319
semana
Pelo menos 5 vezes na
461 74,6% 80 79,2% 541 75,2%
semana

Batata frita, batata


de pacote e salgados
fritos

2 ou menos vezes na
510 82,5% 97 96,0% 607 84,4% 0,001
semana
3 ou mais vezes na
108 17,5% 4 4,0% 112 15,6%
semana

Embutidos

2 ou menos vezes na
532 86,1% 93 92,1% 625 86,9% 0,098
semana
3 ou mais vezes na
86 13,9% 8 7,9% 94 13,1%
semana

Bolachas/biscoitos
salgados ou
salgadinhos de
pacote

2 ou menos vezes na
458 74,1% 71 70,3% 529 73,6% 0,420
semana
3 ou mais vezes na
160 25,9% 30 29,7% 190 26,4%
semana

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 1 9


Bolachas/
biscoitos doces ou
recheados,doces,
balas, chocolates

2 ou menos vezes na
441 71,4% 90 89,1% 531 73,9% < 0,001
semana
3 ou mais vezes na
177 28,6% 11 10,9% 188 26,1%
semana

Refrigerante

2 ou menos vezes na
432 69,9% 91 90,1% 523 72,7% < 0,001
semana
3 ou mais vezes na
186 30,1% 10 9,9% 196 27,3%  
semana

Tabela 3 – Distribuição numérica e percentual dos usuários das unidades de saúde segundo as
variáveis de habito alimentar e a presença ou não de DM, Ribeirão Preto - SP, 2020

DISCUSSÃO
A prevalência de DM demonstrada a partir deste estudo, correspondente a 14%,
é semelhante aos dados encontrados por Silva, Corrêa e Câmara (2015) e Moraes et al.
(2010), de 12% e 15%, respectivamente, sendo o último também realizado no Município
de Ribeirão Preto. A Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios de 2008 mostra
prevalência de DM para a população adulta (≥ 18 anos) de 4,3%, e ainda, alertou para o
crescimento dessa taxa no país em um período de dez anos (BRASIL, 2008a).
Fatores como o aumento da longevidade, maior urbanização, a prevalência
crescente de obesidade e sedentarismo, assim como à maior sobrevida da pessoa com
DM, estão relacionados ao aumento do número dessa população, o que caracteriza uma
transição demográfica e, consequentemente, uma transição epidemiológica. O diagnóstico
da DM se torna mais prevalente entre indivíduos com idade mais avançada (FERREIRA;
FERREIRA, 2009; FLOR; CAMPOS, 2017). Os nossos achados evidenciaram predomínio
de idade entre 35 e 59 anos, dado semelhante ao encontrado por Silva, Corrêa e Câmara
(2015) de 50 a 70 anos, Bercke et al. (2017) 50 a 59 anos e Santos et al. (2018) com idade
média de 59,66 anos.
Tomando como referência a classificação proposta pelo Guia Alimentar para a
população Brasileira de 2014 dividindo os alimentos em grupos quanto ao seu grau de
processamento de fabricação, temos que em relação aos alimentos in natura/minimamente
processados houve diferença significativa no consumo de frutas e legumes cozidos, sendo
que as pessoas com DM consomem mais que os sem a doença. Nos itens consumo de
feijão, leite ou iogurte e salada crua, não houve diferença entre os grupos. O Guia Alimentar
para a população Brasileira recomenda que seja incentivado o consumo deste grupo
de alimentos para uma alimentação mais saudável (BRASIL, 2014). Além do mais, por

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 1 10


serem fontes de fibras alimentares, quando presentes na alimentação, auxiliam tanto no
controle e tratamento da DM quanto na prevenção da doença. É amplamente reconhecido
que a ingestão insuficiente de fibras aumenta o risco de obesidade, diabetes, doença
cardiovascular e câncer (MCKEOWN et al., 2004; LOUZADA et al., 2015).
Em relação aos alimentos ultraprocessados, houve diferença significativa no
consumo de bolachas doces e refrigerantes com açúcar, sendo que os sem DM consomem
mais esses itens do que os diabéticos. Não houve diferença em relação ao consumo de
bolachas salgadas, hambúrguer e embutidos. Estudo que analisou dados da Pesquisa de
Orçamentos Familiares (POF) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
entre maio de 2008 e maio de 2009, avaliou que o consumo médio diário de energia dos
brasileiros com dez ou mais anos de idade foi de 1.866 kcal, sendo 69,5% proveniente
de alimentos in natura/minimamente processados, 9,0% de alimentos processados e
21,5% de alimentos ultraprocessados (LOUZADA et al., 2015). Detalha o perfil nutricional
desfavorável dos alimentos ultraprocessados relacionado o seu impacto de forma negativa
sobre a qualidade da alimentação da população brasileira, e ainda indica que a redução
no consumo deste grupo de alimentos no Brasil é um caminho natural para a promoção da
alimentação saudável.
O Guia alimentar para a população brasileira propõe que os indivíduos prefiram
preparações culinárias a alimentos ultraprocessados e realizem suas refeições em
ambientes limpos, confortáveis e tranquilos, sem se envolver em outras atividades como
assistir TV e/ou mexer em celular, e que se possível, na companhia de familiares, amigos,
colegas de trabalho ou escola. Ao analisar estes hábitos alimentares, as pessoas sem DM
realizam as refeições assistindo TV e usando celular com maior frequência do que com
DM; em contrapartida estes consomem mais refeições em casa e preparada em ambiente
domiciliar do que sem DM (BRASIL, 2014; LOUZADA et al., 2015).
Apenas 5% das pessoas sem DM receberam orientação por nutricionista e entre
os DM 15,8%. Para Mattos e Neves (2009) e Almeida et al. (2018), é fundamental que
a atenção básica conte com a participação do profissional nutricionista. Em suma no
programa “Estratégia Saúde da Família” e nos “Núcleos de Apoio à Saúde da Família”,
por ser este, o único com competências e habilidades para estabelecer e avaliar de
maneira correta, orientações dietéticas, a partir de um diagnóstico nutricional levando em
consideração aspectos socioculturais e adequando-as à realidade de cada usuário dos
serviços de saúde. Além disso, os autores concluem que a educação e o acompanhamento
da alimentação dos indivíduos realizado pelo nutricionista pode motivar o indivíduo com
diabetes a continuar melhorando sua qualidade de vida com o auxílio da alimentação
saudável.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 1 11


CONCLUSÃO
O estudo encontrou que os hábitos alimentares dos diabéticos mostraram-se mais
adequados que os não diabéticos, com maior frequência no consumo de alimentos in
natura/minimamente processados e menores no consumo de ultraprocessados, indo de
acordo com o preconizado pelo Guia Alimentar da População Brasileira, 2014.
Nossos achados proporcionam um panorama do atual perfil alimentar dessa
população alvo da pesquisa na cidade de Ribeirão Preto-SP e, apesar do mesmo apresentar-
se melhor que os sem diabetes mellitus, os dados demonstram a necessidade de melhorar
os hábitos de ambas as populações, para prevenção e controle das doenças crônicas
não transmissíveis. Nesse sentido, destaca-se a importância do monitoramento do perfil
nutricional e o planejamento de intervenções nutricionais específicas para este público,
que atendam as suas reais demandas particularidades, haja vista o papel do nutricionista
nesse contexto.
O planejamento e as intervenções nutricionais devem levar em consideração as
condições socioeconômicas, culturais, emocionais, familiares e clínicas dessas pessoas,
uma vez que esses fatores estão associados aos hábitos alimentares e um estilo de vida
saudável. Poucos receberam orientação de nutricionista reforçando a importância da
ampliação da atuação desse profissional frente à saúde pública no Brasil, bem como nas
Unidades de Saúde.

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Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 1 14


CAPÍTULO 2
doi
ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL EM PACIENTES
PORTADORES DE VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA
ADQUIRIDA

Data de aceite: 01/12/2020 assim, mortes precoces devido a uma deficiência


Data de submissão: 06/10/2020 nutricional. A nutrição possibilita a disponibilidade
dos nutrientes necessários para que esses
pacientes vivam melhor. O objetivo do presente
estudo é apontar a importância da alimentação
Clara dos Reis Nunes
funcional para os pacientes portadores do
Centro Universitário Redentor (Uniredentor)
vírus HIV, buscando promover qualidade de
Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil
http://lattes.cnpq.br/2268992512035266 vida, ressaltando a importância do nutricionista
https://orcid.org/0000-0003-4369-8341 na intervenção e na promoção dos hábitos
alimentares saudáveis no cuidado preventivo do
Gleice Keli Barroso Falcão de Alvarenga paciente portador do vírus HIV.
Centro Universitário Redentor (Uniredentor) PALAVRAS - CHAVE: Alimentos Funcionais,
Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil Imunidade, Qualidade de vida, HIV/AIDS
Fabíola Teixeira Azevedo
Centro Universitário Redentor (Uniredentor) FUNCTIONAL FEEDING IN PATIENTS
Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil WITH ACQUIRED IMMUNODEFICIENCY
 http://lattes.cnpq.br/1114093087751186 VIRUS
Thiara Mourão Fernandes da Costa ABSTRACT: For a better quality of life a healthy
and balanced diet is essential, and when
Centro Universitário Redentor (Uniredentor)
Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil associated with functional foods, the benefits go
http://lattes.cnpq.br/1338450318433934 beyond just good health. These foods help to
promote quality of life for patients with Human
Immunodeficiency Virus (HIV), as it enables an
improvement in their immune system, as this is
RESUMO: Para uma melhor qualidade de vida the main cause of the disease. Currently, studies
é fundamental uma alimentação saudável e point out the importance of these foods inserted
equilibrada, e quando associada com alimentos in the diet of these patients for a longer survival,
funcionais, os benefícios vão além de apenas uma thus preventing early deaths due to a nutritional
boa saúde. Esses alimentos ajudam a promover deficiency. Nutrition enables the availability of
qualidade de vida a pacientes portadores do the nutrients necessary for these patients to live
Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), pois better. The aim of the present study is to point out
possibilita uma melhora no seu sistema imune, the importance of functional nutrition for patients
já que esta é a principal causa da patologia. with HIV virus, seeking to promote quality of life.
Atualmente, estudos apontam a importância emphasizing the importance of nutritionists in
desses alimentos inseridos na dieta desses the intervention and promotion of healthy eating
pacientes para uma maior sobrevida evitando habits in the preventive care of patients with the

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 15


HIV virus.
KEYWORDS: Immunity, Functional Foods, Quality of life, HIV/SIDA.

1 | INTRODUÇÃO
Os primeiros casos de AIDS (Acquired Immunodeficiency Syndrome - Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida) no Brasil foram descritos na década de 80. No entanto,
muitas das medidas de saúde pública tomadas nessa fase foram decididas na urgência da
situação, o que explica, em parte, a carência de documentação sobre as ações adotadas
para conter a epidemia1.
Desde então, o número de pessoas com HIV (Human Immunodeficiency Virus
– Vírus da Imunodeficiência Humana) tem aumentado de forma gradual, o que está
ocasionando uma pandemia, que tem afetado o desenvolvimento socioeconômico do país.
De fato, o Brasil ocupa o quarto lugar em diagnósticos de casos de AIDS, sendo verificado
no período de 1980 a junho de 2018, 982.129 casos notificados de AIDS, segundo o
Boletim Epidemiológico emitido pelo Ministério da Saúde de 20182. O tratamento com as
medicações tem sido de suma importância para esses pacientes, visto que eles auxiliam
para a redução de mortes no Brasil. Calcula-se que existam 830 mil pessoas vivendo com
HIV/AIDS no Brasil, dentre estas, 694 mil são diagnosticadas, 655 mil vinculadas a algum
tipo de serviço de saúde e 517 mil em tratamento com antirretrovirais3.
A partir desse contexto, ao entender que a AIDS é uma doença ainda incurável,
estuda-se de modo científico essa patologia, buscando explicações e mecanismos de cura,
visto que se trata de um agravo na situação da Saúde Pública não só no Brasil como em
todo o mundo. Diante dos avanços da ciência, as medicações para terapia antirretroviral
(TARV) possibilitaram a supressão da replicação do vírus do HIV, a melhora da qualidade
de vida e um tempo maior de vida de indivíduos que são portadores do vírus da AIDS/
HIV, levando às taxas reduzidas de morbimortalidade associadas à infecção. As utilizações
dessas medicações de terapia antirretroviral altamente ativa auxiliam para que a replicação
do HIV seja inibida, com diminuição da presença do RNA (ácido ribonucléico) do HIV no
plasma para níveis indetectáveis, assim prolongando a sobrevida dos pacientes. Porém,
em contrapartida, observou-se uma variedade de alterações metabólicas associada à
TARV e à própria infecção pelo HIV, entre elas a dislipidemia, mudanças na distribuição de
gordura corporal e resistência à insulina4.
No Brasil, é relatada a prevalência de anormalidades no metabolismo desses
pacientes, incluindo a lipodistrofia, em 65% dos casos de pacientes infectados por HIV em
acompanhamento ambulatorial e certamente relacionada com o uso de antirretrovirais5,6.
A utilização dos referidos medicamentos modifica o estado nutricional destes
indivíduos5. A evolução do HIV/AIDS tem de fato relação com o estado nutricional, tendo em
vista que o quadro de desnutrição e baixas taxas nutricionais são algumas das principais

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 16


características do paciente acometido pelo vírus/doença, em geral, antes da terapia
antirretroviral7.
Nesse contexto, a intervenção nutricional é uma importante ferramenta no
tratamento de pacientes que apresentam a lipodistrofia associada ao HIV e a promoção
de uma alimentação saudável impacta positivamente tanto no controle do peso como na
manutenção dos parâmetros bioquímicos em níveis satisfatórios6.
Nesse sentido, a área da Nutrição, por meio de uma dietoterapia que auxilie na
imunidade desses pacientes e diminuindo também os riscos de dislipidemia entre outras
patologias, contribui de forma significativa para uma vida mais saudável do paciente e para
a diminuição dos riscos de doenças crônicas das quais estes pacientes estão suscetíveis.
Essa ação preventiva de controle nutricional impacta também no desenvolvimento
socioeconômico do país, uma vez que os tratamentos dessa terapia de medicações
antirretrovirais têm custo alto para a saúde pública do país assim como as DCNT’s6.
Assim, a avaliação das deficiências isoladas ou globais de nutrientes do paciente
portador do vírus HIV é fundamental para a classificação destes quanto ao seu estado
nutricional, agindo como instrumento de grande valia para a terapêutica clínica ou dietética,
a fim de tentar corrigir o déficit diagnosticado de forma precoce8.
Desta forma, o objetivo deste trabalho foi ressaltar a importância do nutricionista na
intervenção e na promoção dos hábitos alimentares saudáveis no cuidado preventivo do
paciente portador do vírus HIV buscando promover qualidade de vida. Especificamente,
visou-se identificar os fatores que influenciam a ocorrência de risco nutricional e descrever
a importância dos alimentos funcionais na dieta nutricional dos portadores com a Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida.

2 | DESENVOLVIMENTO

2.1 O Surgimento do HIV no Brasil


A AIDS surgiu no mundo como epidemia mundial nos anos finais da década de
1970, a partir da identificação e divulgação das primeiras evidências clínicas nos Estados
Unidos, no Haiti e na África Central. Na década seguinte, o número de casos de pessoas
com a doença aumentou significativamente em todo mundo, a ponto de ser considerada
uma pandemia9.
Em 1982, quando a doença começou a aparecer nos Estados Unidos da América,
alguns médicos brasileiros já se preocupavam e se interessavam pelo assunto e buscavam
casos entre seus pacientes. Os primeiros casos de AIDS no Brasil ocorreram no Estado de
São Paulo ainda na década de 80 e foi um desafio muito grande para a medicina, pois era
uma doença pouco conhecida1.
No período crítico da doença, quando foi decretado o estado de pandemia, a AIDS
foi identificada, de forma temporária, como a Doença dos 5 H - Homossexuais, Hemofílicos,

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 17


Haitianos, Heroinômanos (usuários de heroína injetável), Hookers (profissionais do sexo
em inglês), pois eram pessoas consideradas passíveis de transmissão da doença. Porém,
não demorou muito (de forma lenta a partir de 1983) para o surgimento de mulheres e
crianças diagnosticadas com AIDS. Neste mesmo período, surgem também os primeiros
casos de profissionais de saúde contaminados com o vírus9, 10, 11.
Sem saber como lidar com a doença, os profissionais de saúde lidavam com os
doentes com muito cuidado e cautela10. A disseminação da epidemia de HIV/AIDS não
apresentava peculiaridades epidemiológicas estáveis e uniformes, assumindo um
comportamento multifacetado, sem padrão epidemiológico único em todas as regiões do
país, mostrando que havia diferenças ligadas às desigualdades socioeconômicas12.
Em 1983, o vírus do HIV foi identificado como um retrovírus*1 e um dos objetivos
para combater a doença eram fazer com que as pessoas que estavam infectadas pudessem
viver de uma forma mais saudável e evitar a propagação da doença10.
A terapia antirretroviral foi um avanço revolucionário, contribuindo para conter
a progressão dos indivíduos soropositivos para AIDS. A primeira medicação foi o AZT
(conhecido também como Azidotimidina, Zidovudina ou Retrovir). Trata-se de uma droga
cuja sintetização ocorreu pela primeira vez em 1964, como um medicamento inicialmente
anticancerígeno1,13.
Até o ano de 1985 não havia laboratórios que faziam análise capaz de detectar
o vírus do HIV no organismo. O diagnóstico da doença era feito de forma indireta, por
meio de sintomas clínicos indicativos de AIDS, como por exemplo, gânglios inchados no
pescoço, na virilha e nas axilas, perda de peso, diarreia, febre e fadiga além de várias
infecções que apareciam de forma oportunista que eram típicas para a doença. Passou-se
a medir também, a quantidade de linfócitos T-CD4+ por meio de exame de sangue. Se o
exame constatasse menos que 500 células/mLde sangue, o paciente era diagnosticado
com AIDS. Mas se o paciente tivesse mais de 500 células de T-CD4+, era descartada a
hipótese de a pessoa estar infectada com o vírus do HIV10, 2.
Recentemente, considera-se que um indivíduo é acometido pela AIDS a partir de
que seu teste de HIV é positivo e a pessoa apresenta sintomas de doenças oportunistas,
independentemente da quantidade de células T-CD4+ no seu organismo. Sabendo que,
quando as células de defesa do corpo abaixam, a pessoa que têm o vírus do HIV no seu
organismo, dificilmente vai ficar assintomática14.
Com a aprovação do AZT (1987) pelo Food and Drug Administration (FDA ou
USFDA), o medicamento passou a ser comercializado13 como um antirretroviral, uma
forma pela qual os pacientes teriam acesso a uma vida mais prolongada, pois, o intuito da
medicação era criar uma barreira para que o vírus não se replicasse dentro do organismo
desses pacientes fazendo com que eles tivessem um maior tempo de vida1.

1* Trata-se de um tipo de vírus que, como muitos outros, armazena suas informações genéticas como RNA e não como
DNA (a maioria dos outros seres vivos usa DNA) (CACHAY, 2019).

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 18


Com a descoberta do antirretroviral AZT outras drogas também foram sintetizadas
visando à obtenção de fármacos mais eficazes contra o vírus HIV. De fato, na 11ª Conferência
Internacional sobre a AIDS, realizada em 1996, foi apresentado uma combinação de
medicamentos, denominado Coquetel de Drogas, como uma terapia do HIV/AIDS, cujo
objetivo era diminuir em 100 vezes o processo de reprodução do vírus comparado à terapia
somente com o AZT até então empregada13.
Ao longo dos anos, ocorreram muitas descobertas por meio de estudos e
comprovações científicas, o que fez com que houvesse um progresso não só no tratamento
da AIDS como também no controle da doença. Porém, mesmo com todo avanço da Ciência
e da Medicina com relação a todas as questões acerca do HIV/AIDS, infelizmente, ainda é
alto o índice de transmissão do vírus HIV, bem como, dos pacientes que desenvolveram a
doença. Vale ressaltar ainda que o contato sexual é a principal forma de contágio, apesar
de existirem inúmeras campanhas de saúde pública que tem como intuito a prevenção para
a redução de novas infecções por meio do ato sexual15.
Assim, a realidade da AIDS é ainda uma questão muito preocupante no Brasil,
considerada inclusive um grande problema de saúde pública, bem como, uma das principais
causas de mortalidade em adultos jovens9.
2.2 Epidemiologia
Dentre as epidemias mais importantes para a história do país estão os casos de HIV.
Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que mais de 33% de pessoas vivem com
HIV/AIDS no mundo1,16.
Devido à doença estar mais controlada por causa do uso contínuo de antirretrovirais,
relata-se que ocorre um aumento gradual dos números de casos de contaminação. O
aumento desse número de indivíduos com HIV se dá pelo fato de que ao fazer uso da
TARV eles vivem por mais tempo o que ocasiona um atraso da progressão da infecção pelo
vírus para a morte1.
A epidemia ocorrida no Brasil na década de 1980 manteve-se estritamente restrita
as áreas metropolitanas de região Sudeste, cujo público alvo eram os homens que faziam
sexo com outros homens, aos hemofílicos, os hemotransfundidos e os usuários de drogas
injetáveis, bem como as mulheres, em decorrência da transmissão heterossexual17. No
entanto, no decorrer das décadas, o HIV modificou seu perfil epidemiológico e transformou
o chamado “grupo de risco” em “grupo com comportamentos de risco”, passando a fazer
parte de todas as camadas etárias, sendo verificado que as pessoas estavam expostas aos
riscos da ignorância18,15. O Quadro 1 apresenta a variação de alguns dos componentes do
grupo de risco de 1980 até 2018, segundo notificação no SINAN (Sistema de Informação
de Agravos de Notificação).

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 19


Categoria de 1980-
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Exposição 2005

Homossexual 52.120 2.968 3.251 3.655 4.065 4.532 5.058 5.589 5.861 5.712 5.484 5.127 4.853 1.615

Bissexual 30.248 1.435 1.364 1.378 1.414 1.466 1.578 1.541 1.584 1.429 1.300 1.160 1.174 385

Heterossexual 70.843 6.597 7.087 7.488 7.642 8.114 8.339 8.424 8.539 7.746 7.083 6.344 5.916 2.080

UDI 49.710 1.291 1.174 1.065 1.050 930 907 749 724 584 537 416 337 126

Hemofílico 1.073 15 10 12 6 8 6 8 5 4 9 2 5 2

Transfusão 1.130 18 7 5 8 4 2 5 1 5 3 1 2 1

Acid. Material
2 - - - 1 1 1 1 2 - 1 - 1 1
Biológico
Transmissão
114 27 52 71 74 89 87 107 111 120 121 121 100 36
Vertical

Ignorado 45.378 3.222 3.391 3.525 3.738 3.711 3.861 3.687 3.835 3.798 3.400 3.049 2.594 1.027

Quadro 1: Casos de AIDS notificados no SINAN em indivíduos do sexo masculino com 13


anos de idade ou mais, segundo categoria de exposição hierarquizada, por ano de diagnóstico.
Fonte: Adaptado dos Dados estatísticos para HIV/AIDS – Brasil (MS, 2019).

A infecção pelo HIV e a AIDS está inserida na Lista Nacional de Notificação


Compulsória de Doenças, conforme dispõe a Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 201619.
Em se tratando da infecção pelo vírus HIV, de 2007 até junho de 2018, observa-se na
Tabela 1 os dados apresentados pelo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde dos
casos notificados no SINAN20.

Casos (n)
BRASIL
247.795
Região Centro-Oeste 17.494
Região Nordeste 42.215
Região Norte 19.781
Região Sudeste 117.415
Região Sul 50.890

Tabela 1: Distribuição dos casos de infecção pelo HIV no Brasil por regiões brasileiras (2007 –
jun./2018).
Fonte: Adaptação do Boletim Epidemiológico (2018, p. 7).

Com relação ao sexo, os casos de HIV notificados no SINAN, no período de 2007


a 2018 foram de 169.932 (68,6%) casos em homens e 77.812 (31,4%) em mulheres,
não levando em consideração os casos de HIV em gestantes, estabelecendo assim
uma proporção de 26 homens para cada 10 mulheres. De acordo com os estudos

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 20


epidemiológicos no período de 2007 a 2017, pode-se observar uma queda de 14,8 % no
coeficiente de mortalidade padronizado para o Brasil, passando de 5,6 para 4,8 óbitos
por 100 mil habitantes. Essa queda pode estar relacionada ao uso das medicações que
retardam a replicação do vírus e faz com que não deixe que imunidade desses indivíduos
fique prejudicada levando o paciente acometido com o vírus ao óbito20, 17.
Outro fator que pode ter desencadeado essa queda é o acesso à informação. Em
meados da década de 80 foi criada a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS que
desde então tem por objetivo desenvolver de forma contínua iniciativas para o combate
da epidemia. Sendo assim, durante esse período, foi desenvolvida uma série de tópicos
e abordagens estratégicas que se fazem fundamentais no combate dessa epidemia21, 22.
Percebe-se dessa forma que, as campanhas nacionais visando minimizar o número
de casos de transmissão do HIV, bem como, desenvolvimento da AIDS, ainda são realizadas
e divulgadas na sociedade pelo Ministério da Saúde, haja vista tratar-se de uma questão de
extrema relevância para a saúde pública.

2.3 Infecção do HIV


Nos dias atuais ainda é possível ver pessoas sendo acometidas pela infecção do
vírus do HIV. A transmissão ainda, em maior número, se dá pelo ato sexual, moradores de
rua e homossexuais são os que mais notificam os casos de HIV/AIDS no Brasil20.
Além disso, a infecção do vírus em jovens usuários de drogas ilícitas ocorre por meio
de materiais perfurocortantes ou até mesmo pessoas da área da saúde que acidentalmente
também são contaminados com material perfurocortantes contendo sangue de portadores
do HIV23.
Outra forma de infecção é da gestante para o bebê, ou seja, perinatal, crianças que
nascem com o vírus. Os fluidos do líquido cefalorraquidiano que envolve o cérebro e a
medula espinal, o sinovial que envolve as articulações e o líquido amniótico que envolve o
feto pode transmitir o HIV para o bebê. Logo, com um acompanhamento adequado de um
pré-natal pode-se evitar a transmissão da mãe para o filho para o filho na hora do parto,
pois já existem métodos para evitar a contaminação16, 24.
No entanto, existem alguns elementos considerados essenciais para o sucesso das
ações de prevenção da infecção pelo HIV: acesso à informação e educação, disponibilidade
de serviços sociais e de saúde eficazes, e ambiente social adequado a eliminar barreiras e
promover mudanças exigem envolvimento e participação de diversos atores e setores da
sociedade para o seu alcance24.
2.4 Fisiopatologia e Classificação do HIV/ AIDS
O HIV é uma doença que ataca as células do sistema imune dos indivíduos. Num
primeiro momento a infecção pelo HIV é primária sendo causa subjacente da AIDS. O vírus
do HIV invade o núcleo genético das células de T-CD4+ que são os linfócitos T – helper.
Essas células ficam em quantidade diminuída no organismo provocando uma infecção,

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 21


resultando na imunodeficiência25.
Há dois tipos de retrovírus causadores da AIDS, sendo eles o HIV-1 e o HIV-2,
que apresentam diferenças epidemiológicas, estruturais e fisiopatológicas entre si. Entre
as principais características deste vírus está a seletividade pelos linfócitos T, células
responsáveis pela defesa do organismo, essas células de linfócitos têm em sua membrana
celular receptores específicos para o HIV, classificados como células de CD4+ 26.
Na maioria dos casos, o HIV destrói de forma lenta o sistema imune fazendo com que
o organismo não consiga combater o vírus. Geralmente isso acontece quando as células de
T-CD4 estão abaixo de 500 mm3 ocorrendo então sinais e sintomas característicos como,
por exemplo, febre, diarreia crônica, perda de massa corporal sem qualquer explicação
entre outros que indicam a infecção sintomática pelo HIV. À medida que a contagem das
células T-CD4 diminui ocorre uma progressão do HIV para AIDS fazendo com que ocorra
maior risco de doenças oportunistas que normalmente não aparecem em pacientes que
gozam de um sistema imunológico saudável25.
O HIV é um vírus RNA que se distingue pela presença da enzima transcriptase
reversa. Esta enzima faz a transcrição do RNA viral em DNA (ácido desoxirribonucleico),
isso faz com que ocorra uma integração do vírus com o genoma da célula do hospedeiro.
Alguns estudos relatam a existência de dois tipos de vírus da imunodeficiência adquirida
humana, o tipo 1 e o tipo 2; porém, a maioria dos estudos científicos referem-se apenas ao
HIV-1 nos casos de AIDS19, 25,26.
Pela sua estrutura, o HIV constitui-se de partícula icosaédrica, composta de um
envelope fosfolipídico, onde estão inseridas proteínas virais como as glicoproteínas, gp120
e gp41, fundamentais para a sua replicação27.
Logo depois da infecção celular, a enzima transcriptase reversa atua no RNA viral
produzindo moléculas de DNA para que possa integrar-se ao genoma humano em estado
de um pró- vírus. A ativação desse pró-vírus gera uma replicação viral, sendo assim, a
célula que foi infectada é clivada pela ação da protease viral, liberando partículas do vírus
na circulação infectando novas células, formando uma infecção contínua e intensa do vírus
progredindo para a destruição dos linfócitos T-CD4 e prejudicando a imunodeficiência25.
A AIDS é classificada em três estágios: inicial, intermediário e tardio. Em alguns
casos, a doença se manifesta de forma aguda e intensa nos pacientes que nem sabiam
que estavam infectados. Os mesmos só descobrem a patologia quando aparecem sinais e
sintomas característicos do HIV22.
Na fase inicial, em 95% dos casos os sintomas da infecção primária pelo vírus
HIV (febre, mialgia, astenia, etc.) são percebidos usualmente entre 2 e 6 semanas após
a infecção, quando o sistema imunológico começa a ser atacado. A persistência destes
sintomas por mais de 14 dias está relacionada a um mau prognóstico da doença28. O
organismo infectado com o vírus leva em torno de 30 a 60 dias, após a infecção, para
produzir anticorpos anti-HIV2.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 22


Na fase seguinte há uma forte interação entre as células de defesa e constantes
mutações do vírus. Porém, essa rápida mutação não contribui para o enfraquecimento
do organismo, em para o surgimento de possíveis doenças, pois os vírus amadurecem e
morrem de forma equilibrada. Esse período, que pode durar muitos anos, é chamado de
assintomático2.
Devido à frequência de ataque do vírus ao organismo, as células de defesa começam
a enfraquecer, passando a funcionar com menos eficiência a ponto de serem destruídas.
Inicia-se assim, a vulnerabilidade do portador do HIV para a ocorrência de infecções mais
comuns. Assim, a fase denominada sintomática inicial é caracterizada pela alta redução
dos linfócitos T CD4+ que chegam a ficar abaixo de 200 unidades por mm³ de sangue. Em
adultos saudáveis, esse valor varia entre 800 a 1.200 unidades. Os sintomas mais comuns
nessa fase são: febre, diarréia, suores noturnos e emagrecimento2.
Portanto, em decorrência da baixa imunidade, o organismo do portador do HIV
torna-se susceptível ao aparecimento de doenças oportunistas (como: hepatites virais,
tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer), e a partir algumas
complicações pode surgir, chegando inclusive ao estágio mais avançado da doença, a
AIDS2.
2.5 Aplicabilidade da Terapia Antirretroviral no Controle do HIV/AIDS
No Brasil, o Ministério da Saúde é o órgão responsável pelo acompanhamento da
evolução do HIV/AIDS em todo o país, a partir das notificações de adoecimento realizadas
pelos estados e municípios. De posse dessas informações, ao longo das décadas, foram
implantadas várias políticas públicas preventivas objetivando reduzir o número de novos
casos da infecção, além de promover uma melhor atenção em saúde para as pessoas que
convivem com a doença29.
O Brasil é considerado o país pioneiro no que se refere à oferta gratuita de
medicamentos antirretrovirais a todos os portadores de HIV/AIDS do país, visando contribuir
assim no controle, bem como, minimizar a taxa de mortalidade em decorrente da doença.
A oferta desses medicamentos tem por objetivo também dar a população soropositiva do
HIV condições de vida30.
O TARV é composto por esquemas combinados de fármacos, como: inibidores da
protease (IP), inibidores nucleosídeos, nucleotídeos e não nucleosídeos da transcriptase
reversa, cuja finalidade é reduzir a evolução da doença no organismo da pessoa infectada.
O impacto da TARV promove evolução mais lenta da doença, prolongando o tempo de
vida do paciente, em resultado da inibição da replicação viral e, consequente elevação dos
níveis de linfócitos T-CD4+30.
Apesar da eficiência da terapia, classes novas de fármacos, denominadas de
Terapia de Resgate (TR), foram necessárias em consequência da resistência do HIV aos
esquemas em uso, e dessa forma foram aprovados a Enfuvirtida (inibidor de fusão) em

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 23


2003, o Raltegravir (inibidor de integrase) e o Maraviroque (antagonista do coreceptor
CCR5 dos linfócitos T-CD4+), ambos em 2007, este último indicado, apenas com teste de
tropismo viral positivo. Além desses, foram acrescidos a Etravirina (inibidor não nucleosídeo
da transcriptase reversa) em 2008 e o Darunavir (IP de 2ª geração) em 2006, ambos
aprovados para cepas resistentes, por meio de comprovação por teste de genotipagem, e
o Tipranavir (IP de 2ª geração) aprovado em 200530.
A terapia medicamentosa promovida pelo TARV é fundamental para o controle da
epidemia de HIV/AIDS para aqueles indivíduos que deles necessitem. Entretanto, para que
de fato haja uma efetividade da referida terapia é preciso que ocorra também um alto nível
de adesão ao tratamento (95%-100%), o que muitas vezes não acontece, principalmente
devido à falta de compreensão dos pacientes quanto ao uso correto dos medicamentos,
além da falta de informação com relação à gravidade a respeito dos riscos aos quais
estão sujeitos, caso não cumpram o que determina a terapia prescrita. Por isso, fornecer
orientação e informação aos pacientes sobre os seus medicamentos é um princípio
fundamental da farmacoterapia racional que busca assegurar sua adequada utilização31.
De forma oportuna, torna-se importante mencionar que a Nota Informativa nº
03/2018, do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das
Hepatites Virais (DIAHV), do Ministério da Saúde, que apresentou um rol de recomendações
referentes à substituição de esquemas de terapia antirretroviral contendo inibidores da
transcriptase reversa não-nucleosídeos ou inibidores de protease para esquemas com
Dolutegravir para tratamento de pessoas vivendo com HIV, maiores de 12 anos de idade
com supressão viral. Assim, as pessoas que estão com carga viral indetectável e bem,
não precisam e não devem fazer a substituição do seu esquema atual. Todavia, aquelas
que estejam com carga viral indetectável, mas à custa de eventos adversos e toxidades
indesejáveis com o seu esquema atual, podem se beneficiar da troca19.
Retornando ao uso da terapia antirretroviral altamente ativa*2 usada contra o Vírus
da Imunodeficiência Humana, apesar de possibilitar a boa evolução do quadro clínico-
laboratorial de portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, várias alterações
metabólicas e complicações morfológicas, pertinentes ao uso da terapia, vêm sendo
averiguadas25.
O uso prolongado desta terapia tem um impacto importante sobre o estado
nutricional dos pacientes. Antes da sua utilização os maiores problemas nutricionais
eram a desnutrição e a perda de peso, o que favorecia para que ocorressem as infecções
oportunistas. A TARV inclui mais de 25 tipos de fármacos que tem diferentes mecanismos
de ação25 e no manejo clínico da terapia antirretroviral mais recente, a lipodistrofia tem
sido o foco principal das discussões das complicações metabólicas e morfológicas, como
a distribuição alterada da gordura corporal, a resistência à insulina, a dislipidemia, e a
2 * Os remédios usados para tratar a infecção pelo HIV foram desenvolvidos com base no ciclo de vida do HIV. Esses
remédios inibem as três enzimas (transcriptase reversa, integrase e protease) que o vírus utiliza para se reproduzir ou
para se anexar às células e entrar nelas14.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 24


osteopenia, o que consequentemente aumenta os riscos de doenças cardiovasculares32.
Logo, concomitante a introdução de novas drogas no tratamento da infecção pelo
HIV, observou-se o aparecimento de várias comorbidades que precisam ser precocemente
diagnosticadas e tratadas, visando à melhoria da saúde e da qualidade de vida dessas
pessoas, bem como, à redução da mortalidade32.
Além disso, o coquetel usado para o tratamento da infecção causada pelo HIV
é composto de uma associação de três retrovirais que contém Inibidor de Protease
e mais recentemente o inibidor de fusão (Efuvertina) que tem a função de diminuir
significativamente a morbimortalidade pela AIDS juntamente com os medicamentos
profiláticos para as infecções oportunistas ocasionando um aumento na expectativa de
vida e consequentemente uma melhoria na qualidade de vida dos portadores33.
Nesse sentido, a nutrição desempenha um papel fundamental no suporte da saúde
desses pacientes, visando uma melhora da adesão à terapia antirretroviral e do prognóstico
da doença. Para isso, é muito importante que se estude mais sobre essa abordagem, a fim
de permitir mais conhecimento sobre a terapia, as proporções de seus efeitos adversos, e
o perfil nutricional desses pacientes, a curto e em longo prazo, proporcionando assim, uma
melhor qualidade de vida aos pacientes portadores de HIV25.
2.6 A Interferência dos Hábitos Alimentares Saudáveis como Medida
Preventiva às Infecções pelo HIV
Os nutrientes, apesar de exercerem funções definidas e intransferíveis, no contexto
da alimentação saudável, agem de forma conjunta. Dessa forma, quando no organismo
humano há carência de qualquer nutriente, mesmo aquele necessário em quantidades
mínimas, poderá ocorrer um desequilíbrio no organismo do paciente, cujas alterações podem
causar baixa imunidade, excesso de peso, alterações de sono, problemas gastrointestinais,
dentre ouras manifestações34, 35.
Nesse sentido, os bons hábitos alimentares funcionam como um fator protetor se
forem adotados ao longo da vida. É preciso evidenciar que a adoção de uma alimentação
saudável contribui primordialmente na prevenção quanto ao surgimento de doenças
crônicas e melhora a qualidade de vida36.
Nesse sentido, uma proposta de alimentação saudável acessível a todos deve
contemplar dietas com grupos alimentares que forneçam água, carboidratos, proteínas,
lipídios, vitaminas, minerais e fibras, considerados insubstituíveis e indispensáveis ao
bom funcionamento do organismo, tendo em vista que irão auxiliar as defesas naturais do
corpo37.
Frente à conduta terapêutica alimentar do paciente portador de HIV/AIDS é
importante salientar que a função do nutricionista é garantir a oferta de alimentação
equilibrada como o aporte de nutrientes necessários ao bom estado nutricional. Nesse
sentido, o nutricionista se apresenta com um papel de extrema relevância na promoção de
sobrevida do paciente, podendo, aliás, contribuir para que haja redução das complicações

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 25


decorrentes do enfraquecimento imunológico do referido paciente38.
É fundamental que as pessoas portadoras do HIV/AIDS tenham um estado nutricional
satisfatório a fim de que lhes sejam garantido uma condição de vida com qualidade,
tendo em vista que as desordens nutricionais promovidas pelo constante ataque do vírus
contribuem para o rápido consumo de massa corporal magra dos mesmos, considerada
uma situação comum39.
Em razão disso, na prática clínica, observa-se que a desnutrição e os efeitos
colaterais da terapia antirretroviral interferem diretamente no estado nutricional dos
pacientes que vivem com o HIV/AIDS (PVAH), sejam eles assintomáticos ou na vigência de
AIDS. É recomendável que a terapia nutricional seja instituída logo após o diagnóstico de
infecção pelo HIV. Essa vigilância contribui para sobrevida, ao retardar a imunodepressão
de origem nutricional e a ocorrência de infecções oportunistas39.
Além disso, a perda de peso e a depleção da massa celular corporal identificam
características precoces da infecção pelo HIV. Particularmente, a perda da massa celular
metabolicamente ativa está associada ao aumento da mortalidade, a aceleração da
progressão da doença na diminuição da força muscular e piora do estado funcional. A
identificação das alterações nutricionais no estágio inicial da infecção, por meio da avaliação
antropométrica e física sistematizada, evita que repercussões clínicas relacionadas à perda
de massa magra e à desnutrição ocorram39.
Conforme dispõe o Manual Clínico de Alimentação e Nutrição na Assistência
a Adultos infectados pelo HIV, a subnutrição e desnutrição que acomete a PVHA são
basicamente marasmáticas, caracterizadas por deficiência de carboidratos e proteínas, e
isso ocorre em razão da ingestão alimentar inadequada, como também em razão da própria
característica hipermetabólica da doença, ou em ambas as situações40.
Uma alimentação saudável e adequada às necessidades individuais, contribui para
o aumento dos níveis dos linfócitos T-CD4+, melhora a absorção intestinal, diminui os
agravos provocados pela diarréia, perda de massa muscular, Síndrome da Lipodistrofia
e todos os outros sintomas que, de uma maneira ou de outra, podem ser minimizados ou
revertidos por meio de uma alimentação balanceada39.
Em contrapartida, quando não há ingestão de nutrientes de forma adequada por
parte das pessoas infectadas pelo vírus HIV, o indivíduo fica mais susceptível à outras
enfermidades, pois uma má alimentação não somente afetará a saúde destas pessoas, mas
também impactará de forma negativa todo tratamento realizado. Por isso que a avaliação
do estado nutricional destas pessoas é de extrema relevância38-40.
Ressalta-se que no contexto dos programas de controle e tratamento da AIDS
torna-se imprescindível o direcionamento do paciente para um aconselhamento dietético
com um profissional habilitado em Nutrição, considerando que uma alimentação saudável
e equilibrada é fundamental para o controle da doença, independentemente do estágio
evolutivo da mesma. A alimentação saudável influencia, inclusive, numa melhor adesão e

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 26


efetividade da terapia medicamentosa39.
A adesão dos pacientes soropositivos à dietoterapia contribui eficazmente para
manutenção dos mesmos no estágio precoce da doença. A abordagem alimentar e
nutricional deve estabelecer a estes pacientes possibilidades alimentares que contemplem
escolha de alimentos que sejam mais saudáveis e funcionais ao organismo em tratamento,
sendo essa conduta mais preferível comparada às proibições e restrições alimentares28.
A dieta nutricional direcionada aos pacientes portadores de HIV/AIDS deve ser
composta por todos os grupos alimentares, não devendo haver excessos, assim como,
exclusões; variando entre os tipos de cereais, carnes, verduras, legumes, frutas e
leguminosas, de forma a manter tanto as características de acessibilidade física e financeira,
quanto do sabor, variedade, harmonia, cor e segurança aos aspectos higiênico-sanitários,
pois são grandes os riscos às infecções gastrointestinais39.
Nesse sentido, considera-se a alimentação saudável como uma condição relevante
na atenção às necessidades proteicas e energéticas dos pacientes com HIV.

2.7 Terapêutica Nutricional com Alimentos Funcionais


A Terapêutica Nutricional que contempla os alimentos funcionais no contexto das
ações que visam promover saúde aos pacientes tem sido muito investigada em virtude de
seus benefícios.
Os alimentos funcionais foram introduzidos inicialmente na dieta diária dos
japoneses e demonstravam benefícios fisiológicos ou redução quanto ao risco de doenças
crônicas, além dos benefícios oriundos as suas funções básicas nutricionais41. Atualmente,
fazem parte de uma categoria de alimentos denominada de Foods for Specified Health Use,
regulamentada em 1991, que inclui os probióticos e os prebióticos, considerados promotores
de saúde, associados ainda à redução do risco de doenças crônicas degenerativas e não
transmissíveis42.
No Brasil, ainda não há uma definição legal acerca dos alimentos funcionais, no
entanto, já existe uma avaliação, bem como, uma aprovação quanto os argumentos que
estabelecem as propriedades funcionais e de saúde promovidos por estes alimentos, sendo,
aliás, estabelecidas as diretrizes para sua utilização, além das condições necessárias para
que estes alimentos sejam registrados como tal. Nesse contexto, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, em parceria com diversas instituições e pesquisadores tem analisado
os novos alimentos e ingredientes com propriedades nutricionais e/ou propriedades de
saúde41-43.
Considerando uma abordagem específica quanto os probióticos, prebióticos e
simbióticos como alimentos funcionais, estes constituem um vasto campo de investigação
e estudos, haja vista ser o trato gastrintestinal o local em que tem início os vários processos
imunológicos e inflamatórios, principalmente, a microbiota intestinal considerada o foco
central para ação proposta pelos referidos alimentos funcionais44, 45, 46.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 27


Os probióticos apresentam influência benéfica à microbiota intestinal do organismo
humano, haja vista que promove à estimulação da multiplicação de bactérias benéficas,
em detrimento à proliferação de bactérias potencialmente prejudiciais, reforçando os
mecanismos naturais de defesa do hospedeiro. Destacam-se como alguns dos efeitos
benéficos dos probióticos: o alívio dos sintomas causados pela intolerância à lactose,
tratamento de diarreias, diminuição do colesterol sérico, aumento da resposta imune e
efeitos anticarcinogênicos47.
Já os prebióticos, são alimentos funcionais obtidos na forma natural em sementes
e raízes de alguns vegetais como a chicória, cebola, alho, alcachofra, aspargo, cevada,
centeio, e nos oligossacarídeos encontrados nos grãos de soja, grão-de-bico e tremoço.
Quanto às características gerais dos prebióticos pode mencionar: não metabolização ou
absorção durante a sua passagem pelo trato digestivo superior; servem de substrato a
uma ou mais bactérias intestinais benéficas; possuem a capacidade de alterar a microflora
intestinal de maneira favorável à saúde do hospedeiro; induz efeitos benéficos sistêmicos
ou na luz intestinal do hospedeiro48.
Quanto aos simbióticos, estes são oriundos da combinação de ambos, onde:
os prebióticos são complementares e sinérgicos aos probióticos, apresentando assim
fator multiplicador sobre suas ações isoladas. Essa combinação deve possibilitar a
sobrevivência da bactéria probiótica no alimento e nas condições do meio gástrico. Com
relação aos benefícios dos alimentos simbióticos pode mencionar: a promoção do aumento
do número de bifidobactérias; controle glicêmico; redução da taxa de colesterol sanguíneo;
balanceamento da microbiota intestinal saudável que auxilia na redução da obstipação e/
ou diarreia, melhora da permeabilidade intestinal e estimulação do sistema imunológico48.
No entanto, é preciso cautela quanto ao consumo dos simbióticos, pois podem
causar reações adversas se forem ingeridos em excesso ou de forma incorreta, o que
requer a devida orientação, do médico e do Nutricionista.
Antes de realizar a abordagem dos alimentos funcionais na terapêutica nutricional do
paciente com HIV, é preciso esclarecer que as necessidades proteicas e energéticas deste
paciente variam conforme a fase da doença. A respeito disso, nos pacientes soropositivos
o desequilíbrio energético ocorre devido a ingestão energética reduzida em decorrência
da perda de apetite dos mesmos49. Na fase inicial, por exemplo, quando a doença se
apresenta estável, há necessidade proteica de aproximadamente 1,2 g/kg peso atual/dia,
quanto à necessidade energética no paciente assintomático ela é de aproximadamente 30-
35 kcal/kg/dia39. Com relação à fase aguda da doença, o paciente requer uma quantidade
de proteínas maior, ou seja, de aproximadamente 1,5 g/kg de peso/dia. Nos pacientes
sintomáticos, onde a doença já está praticamente estabelecida, a necessidade energética
é de aproximadamente 40 kcal/kg/dia39.
Nesse sentido, a prescrição de uma dietoterapia adequada que estabeleça a correta
ingestão de nutrientes e energia a estes pacientes tende proporcionar, em alguns casos,

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 28


a redução de possíveis infecções sistêmicas e intestinais, além de boa interação com os
fármacos antirretrovirais. No entanto, há determinados fatores que impedem o adequado
aporte nutricional relacionados à intolerância da dieta, como vômitos, diarreia, resíduo
gástrico, distensão abdominal, dentre outros49.
Ressalta-se que é de fundamental importância à ingestão de líquidos, sendo ideal
um consumo entre 30 a 35 ml/kg, porém, a adição de líquidos na dieta pode ser inserida
a fim de compensar as possíveis perdas em razão da diarreia, náuseas e vômitos, suor
noturno e febre prolongada, sendo nestes eventos também recomendada a reposição de
eletrólitos39.
O Quadro 2 apresenta o Protocolo de Atendimento Nutricional do Paciente
hospitalizado, que estabelece as recomendações de macro e micronutrientes para cada
estágio do HIV, corroborando assim com o texto acima apresentado.
A terapêutica nutricional para esses pacientes específicos requer a atenção também
das necessidades especiais de micronutrientes, como: vitaminas A, B, C, E, zinco e
selênio, sendo que estas não devem ser inferiores a 100% da dieta de referência (Dietary
Reference Intakes – DRIS)39.
Quanto ao consumo dos alimentos funcionais por parte dos pacientes soropositivos,
considera serem alimentos importantes na dietoterapia dos mesmos, pois contribuem
efetivamente para os resultados positivos na resposta imunológica e na prevenção das
alterações metabólicas resultantes da terapia antirretroviral50.

HIV Sintomáticos
HIV Assintomáticos Fase Estável Fase Aguda
(CD4 < 200 Células)

Energia 30 a 35 kcal/kg/dia 35 a 40 kcal/kg/dia


Carboidratos 60 % VET
Proteína 0,8 a 1,25 g/kg/dia 1,5 a 2,0 g/kg/dia
Kcal não proteicas: g N 120:1

Gordura polinsaturada: ≤ 10% VET


Gordura saturada: < 10% VET
Gordura monoinsaturada: cerca de 10%
Lipídios
Colesterol < 300 mg/dia
Se, hipertrigliceridemia, lipídios até 20% VET
Observar o uso de TCM nos pacientes intolerantes a gorduras.

Demonstra efeitos benéficos na hipertrigliceridemia, melhora da massa


Ômega 3
corpórea magra e melhora de CD4 Dose: 3 a 9g/dia

Fibras Mesma quantidade da população saudável (25 a 30g/dia)

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 29


Demonstra efeitos benéficos na recuperação da flora intestinal, diarreia,
náuseas, flatulência e CD4.
Probióticos São utilizados principalmente cepas de Lactobacillus e Bifidobacterium
isoladas ou em combinações. Não há dose padrão ou cepas específicas
recomendadas.

Atenção aos níveis


plasmáticos de Vit. A, B, C, Nunca oferecer quantidades inferiores à IDR. Em PVHA desnutridos há
D, E B 12, selênio, zinco, necessidade de suplementação de micronutrientes acima da IDR.
cálcio

Demonstra efeitos benéficos em relação ao ganho de peso, massa


Glutamina magra, melhora da diarreia, CD4 e carga viral.
Dose de 3 a 30g/dia

30-35 mL água/Kg de peso corpóreo (aumentar essa quantidade se,


Hidratação
diarreia, vômitos, febre e/ou sudorese.

Quadro 2 – Necessidade de macronutrientes e micronutrientes, conforme estágio do HIV.


Fonte: Adaptado de CARVALHO (2016) e BRASIL (2006).

Alguns alimentos funcionais, como peixes, algas marinhas e linhaça que são ricos
em ácidos graxos ômega-3 e também os ácidos graxos ômega-6 presentes nos óleos
vegetais (soja, girassol e oliva), interferem positivamente na coagulação sanguínea, no
controle do processo inflamatório e na melhora da massa corpórea magra; alicina, aliína e o
sulfeto de dialina, presentes no alho, como função hipotensora, fibrinolítica, anticoagulante,
contribuindo ainda na redução do colesterol; além dos probióticos (bifidobactérias,
lactobacilos, etc.) e prebióticos (FOS e Inulina), encontrados em nas bebidas lácteas, nos
iogurtes, nos leites fermentados, etc, e que atuam efetivamente na microbiota intestinal, na
redução dos níveis de colesterol e no sistema imunológico50-51.
Com relação à funcionalidade dos probióticos e prebióticos na terapêutica nutricional
dos pacientes com HIV/AIDS, a composição da microbiota intestinal é alterada em uma
direção desfavorável durante a infecção crônica pelo HIV, com níveis mais altos de bactérias
oportunistas e níveis mais baixos de Bifidobacteria e Lactobacillus em comparação com
uma população saudável. Essa disbiose tem sido associada à inflamação sistêmica,
catabolismo do triptofano e translocação microbiana. Em contraste, maiores proporções
de Lactobacillus na microbiota intestinal estavam associados a uma fração mais alta de
células T CD4 + e menor translocação microbiana durante a infecção pelo HIV- 152.
Assim, a intervenção nutricional, via probióticos, pode interferir de forma satisfatória
no processo de infecção pelo HIV, além de neutralizar o processo inflamatório, estabilizando
e fortalecendo a microbiota intestinal, a partir da inibição da translocação microbiana. Os
simbióticos tendem a contribuir para o aumento da contagem de linfócitos TCD4+. Além
disso, pode ser capaz de aumentar a quantidade de espécies probióticas no intestino,

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 30


proporcionando melhor proteção da integridade e função da mucosa intestinal52.
Vale destacar que para o processo de intervenção nutricional para o paciente
soropositivo é fundamental que o Nutricionista esteja familiarizado com a fisiopatologia da
infecção pelo HIV, considerando que o surgimento de possíveis intercorrências nutricionais
indesejáveis, devida às as interações entre os fármacos e os alimentos e os possíveis
comprometimentos, podem impedir para a realização de uma nutrição adequada53.
De acordo com a American Dietetic Association foram estabelecidas algumas
recomendações dietéticas direcionadas aos efeitos adversos sofridos pelo paciente
soropositivo (Quadro 3), em consonância com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas
para Manejo da infecção pelo HIV em adultos54.
Recomenda-se a realização de pelo menos 1 a 2 consultas por ano para tratamento
nutricional clínico dos pacientes soropositivos assintomáticos e pelo menos 2 a 6 consultas
por ano para os pacientes sintomáticos, mas estáveis. Quanto aos pacientes com
diagnóstico de AIDS, em geral, recomenda-se que a avaliação e o monitoramento pelo
Nutricionista sejam realizados com mais frequência53,55.

Efeito Adverso Algumas Recomendações Nutricionais

Fazer refeições pequenas e frequentes.


Evitar beber líquidos com as refeições.
Beber líquidos frescos e claros.
Tentar biscoitos secos ou torradas.
Náuseas, vômitos Limitar os alimentos ricos em gordura ou gordurosos, ou
alimentos com odores fortes, como queijos ou peixes curados.
Comer alimentos à temperatura ambiente ou mais frios.

Manter um registro de quando as náuseas e vômitos ocorrem e


quais alimentos parecem desencadeá-los.
Tentar frutas pobres em fibras, como banana e maçã. Beber
líquidos que reponham eletrólitos, como caldos e soluções de
hidratação oral.
Tentar refeições pequenas e frequentes.
Evitar alimentos ricos em gordura, alimentos gordurosos.
Diarreia
Evitar alimentos muito condimentados.
Evitar itens açucarados, como refrigerantes e sucos de frutas.
Evitar leite e produtos lácteos.
Limitar a quantidade de cafeína.

Fazer refeições pequenas e frequentes.


Concentrar-se em alimentos ricos em nutrientes, como
milkshakes, proteína magra, ovos, manteigas, legumes, frutas e
Perda de apetite
grãos integrais.

Alterações do paladar Adicionar condimentos e ervas aos alimentos.

Hiperlipidemia Evitar alimentos enlatados ou suplementos orais em conserva.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 31


Evitar alimentos ácidos, como frutas cítricas, vinagre, alimentos
picantes, salgados ou quentes.
Umedecer os alimentos com caldos ou molhos.
Úlceras de boca e Beber líquidos com as refeições.
esôfago, dor de garganta Evitar bebidas ácidas.
Experimentar alimentos e bebidas em temperatura ambiente.

Concentrar-se nos alimentos pobres em gordura e limitar a


gordura de cada refeição. Consulte o
Pancreatite Pode precisar de enzimas pancreáticas para ajudar na
digestão.

Fazer refeições pequenas e frequentes.


Concentrar-se em alimentos ricos em nutrientes, como
milkshakes, proteína magra, ovos, manteigas, legumes, frutas,
grãos integrais, frutos secos e tofu.
Adicionar leite em pó ou proteína em pó a caçarolas, cereais
Perda de peso
quentes e milkshakes
Experimentar suplementos orais

Quadro 3: Recomendações Nutricionais para Efeitos Adversos Gerais.


Adaptado de DOG e IMAI (2015).

Por fim, relevante se faz mais uma vez mencionar que o acompanhamento nutricional
realizado pelo profissional Nutricionista é extremamente fundamental no decorrer do
tratamento dos pacientes soropositivos, seja na orientação, bem como, no planejamento da
terapêutica nutricional, sempre evidenciando a importância da adesão dos mesmos a uma
alimentação saudável, porém, sempre incorporando essa terapia às atividades de rotina de
toda a equipe multiprofissional54.
De fato, vários são os fatores internos e externos, não intrínsecos ao HIV/AIDS,
que podem intervir na vida dos pacientes soropositivos e que, de certa forma, podem
comprometer a qualidade da saúde dos mesmos, principalmente quanto ao equilíbrio
nutricional fundamental frente à TARV. Nesse contexto, a atuação do Nutricionista
apresenta-se extremamente relevante, tendo em vista ser um profissional que estabelecerá
o melhor manejo clínico nutricional a este paciente específico, considerando, no entanto, as
condições de saúde de cada soropositivo.

3 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer deste estudo foi demonstrado que implementação de forma adequada,
assim como, a adesão do paciente soropositivo à terapia nutricional desde o estágio
assintomático da infecção do HIV/AIDS é considerada extremamente relevante, tendo
em vista que acompanhamento dietético e nutricional deste paciente atua de forma
preventiva contra as deficiências nutricionais que possam surgir no decorrer do tratamento
medicamentoso e no fortalecimento do estado imunológico. Além disso, a intervenção

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 32


dietética e nutricional visa também manter e/ou restaurar a massa corporal magra e os
efeitos adversos sofridos pelo paciente soropositivo ao longo do tratamento.
De forma contrária, a não adesão do paciente soropositivo à terapia nutricional
proposta poderá comprometer a qualidade de vida do mesmo, inclusive acelerando o
desenvolvimento do AIDS, bem como, outras comorbidades.
O estudo ressaltou também que não há uma estratégia dietética padrão a todos
os pacientes, sendo que a terapia nutricional deverá ser planejada e direcionada às
especificidades de cada paciente soropositivo. Nesse contexto, as abordagens clínicas
do Nutricionista realizadas junto ao paciente deverão ser estabelecidas segundo o estágio
da doença, assim como, o quadro nutricional deste paciente. Por isso, é importante que o
acompanhamento do Nutricionista seja rigoroso desde o estágio inicial da infecção.
Quanto à adoção dos alimentos funcionais na dieta do paciente soropositivo, esta
insere-se no contexto da nutrição preventiva, conforme fora mencionado com relação ao uso
dos probióticos e dos prebióticos, que atuam de forma direta e indireta, respectivamente,
visando reestabelecer uma microbiota intestinal saudável e equilibrada ao organismo do
paciente infectado.
Por fim, vale reiterar que a adesão do paciente soropositivo aos hábitos alimentares
saudáveis é de fundamental importância desde a descoberta da infecção, pois a ingestão
correta dos alimentos, por meio de uma dieta específica, influenciará positivamente na sua
qualidade de vida.

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Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 2 37


CAPÍTULO 3
doi
A INFLUÊNCIA DA VITAMINA D NO
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA – REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA

Data de aceite: 01/12/2020 Pedro Henrique Castelo Branco de Brito


Data de submissão: 04/09/2020 Cristo Faculdade do Piauí – PI
Piracuruca – PI
http://lattes.cnpq.br/1997928561683880

Renata Raniere Silva de Andrade Laudiceia do Nascimento Gomes


Cristo Faculdade do Piauí – CHRISFAPI Cristo Faculdade do Piauí – CHRISFAPI
Piripiri – PI Capitão de Campos – PI
http://lattes.cnpq.br/5230262869390935 http://lattes.cnpq.br/2162997404858319

Anne Heracléia de Brito e Silva Maria de Fátima Martins Nascimento


Cristo Faculdade do Piauí – CHRISFAPI Cristo Faculdade do Piauí – CHRISFAPI
Piripiri – PI Capitão de Campos – PI
http://lattes.cnpq.br/8514531178635380 http://lattes.cnpq.br/1931424800496029

Gerusa Cássia Santos Oliveira Maria Nayara Oliveira Carvalho


Cristo Faculdade do Piauí – CHRISFAPI Cristo Faculdade do Piauí – CHRISFAPI
Piripiri – PI Boqueirão do Piauí – PI
http://lattes.cnpq.br/3680544219809203 http://lattes.cnpq.br/1535678399222969

Ian Cardoso de Araujo Teresinha de Jesus Mesquita Cerqueira


Cristo Faculdade do Piauí – PI Cristo Faculdade do Piauí – PI
Brasileira – PI São José do Divino – PI
http://lattes.cnpq.br/4986864039885682 http://lattes.cnpq.br/0741532404490021

Igor Cardoso Araújo


Cristo Faculdade do Piauí – PI
Brasileira – PI RESUMO: INTRODUÇÃO: A fisioterapia
http://lattes.cnpq.br/3153662569483766 desempenha um papel fundamental durante
Thatylla Kellen Queiroz Costa a gestação, conscientizando a importância do
cálcio na formação óssea do bebê. OBJETIVO:
Cristo Faculdade do Piauí – CHRISFAPI
Capitão de Campos – PI Analisar a influência do contexto cultural na
http://lattes.cnpq.br/8422432339088796 aplicação da vitamina D para o desenvolvimento
da criança. METODOLOGIA: Este estudo foi
Paulo Roberto dos Santos elaborado por meio de uma revisão bibliográfica
Cristo Faculdade do Piauí – CHRISFAPI que aborda a atuação do fisioterapeuta na
Boqueirão do Piauí – PI prevenção dos danos causados pela carência
http://lattes.cnpq.br/0556945255173472
da vitamina D. CONCLUSÃO: Diante dessa
análise dos conceitos aqui revisados, foi possível

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 3 38


identificar que o profissional fisioterapeuta tem autonomia e qualificação para executar
diversas atividades, como avaliar pacientes, estabelecer diagnósticos fisioterapêuticos,
planejar e programar ações preventivas de laudos de anexo de causa laboral, entre outros.
Assim atuando na prevenção dos danos causados pela Hipervitaminose D.
PALAVRAS - CHAVE: Criança. Vitamina D. Desenvolvimento. Fisioterapia.

THE INFLUENCE OF VITAMIN D ON CHILD DEVELOPMENT - BIBLIOGRAPHIC


REVIEW
ABSTRACT: INTRODUCTION: Physiotherapy plays a fundamental role during pregnancy,
raising awareness of the importance of calcium in the baby’s bone formation. OBJECTIVE:
To analyze the influence of the cultural context on the application of vitamin D for child
development. METHODOLOGY: This study was developed through a bibliographic review
that addresses the role of the physiotherapist in preventing damage caused by the lack of
vitamin D. CONCLUSION: In view of this analysis of the concepts reviewed here, it was
possible to identify that the professional physiotherapist has autonomy and qualification
to perform various activities, such as evaluating patients, establishing physiotherapeutic
diagnoses, planning and scheduling preventive actions for reports of annexes of labor cause,
among others. Thus acting in the prevention of damage caused by Hypervitaminosis D.
KEYWORDS: Child. Vitamin D. Development. Physiotherapy.

1 | INTRODUÇÃO
As principais causas da deficiência de vitamina D são: limitada exposição solar da
criança e a falta de vitamina D ou suplementação de vitamina D na dieta durante a gravidez
e lactação. Na China, por exemplo, as práticas culturais podem limitar a síntese de vitamina
D, pela não exposição à luz solar (ALMEIDA, A. C. F.; WEFFORT, V. R. S., 2011). A carência
da vitamina D pode acarretar: má formação dos ossos. A vitamina D é um hormônio esteroide
lipossolúvel essencial para o corpo humano, sua ausência pode ocasionar uma série de
complicações. Diante dessa assertiva surge a seguinte indagação: qual a interferência da
cultura na utilização da vitamina D para o desenvolvimento do sistema ósseo da criança?
Como objetivo geral da pesquisa buscou-se analisar a influência do contexto cultural
na aplicação da vitamina D para o desenvolvimento da criança. Sendo assim o referido
trabalho tem por objetivos específicos: conceituar vitaminas, identificar as consequências
provocadas pela carência de vitamina D para o organismo da criança, discorrer o papel do
fisioterapeuta na conscientização da importância da vitamina D para o organismo e relatar
como os fatores culturais podem interferir quanto à falta de concentração de vitamina D no
organismo.
Casos de deficiência da vitamina D aumentaram em número de modo significante
após a revolução industrial, mostrando que o estilo de vida das pessoas influencia
diretamente nas concentrações de vitamina D no organismo. Atualmente, tal deficiência é
vista como um problema de saúde pública em todo o mundo (OLIVEIRA et al, 2014). Sendo

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 3 39


as vitaminas essenciais para o bom funcionamento do organismo, desperta-se o interesse
dos fisioterapeutas que são profissionais dedicados para a promoção de saúde e bem-estar
de seus pacientes.
Para a pesquisa, utilizaram-se alguns temas específicos, registro disponível,
decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses,
etc. Utilizam-se dados de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e
devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados.
O pesquisador trabalha a partir de contribuições dos autores dos estudos analíticos
constantes dos textos (SEVERINO, 2007, p.122).
Sendo assim para a construção do referido trabalho adotou-se uma pesquisa
bibliográfica, baseando-se em alguns temas específicos, decorrente de pesquisas
anteriores, em artigos, livros, teses, etc. O presente estudo teve como principais autores:
Almeida (2018), Ferreira (2018), Junior (2011) e Oliveira (2018).

2 | VITAMINAS: CONCEITOS INICIAIS


A palavra vitamina é derivada da combinação das palavras vital e amina, e foi
oncebida pelo químico polonês Casimir Funk, em 1912, que isolou a vitamina B1 (tiamina)
do arroz. Isso determinou uma das vitaminas que prevenia o Beribéri, doença deficitária
marcada por inflamações, lesões degenerativas dos nervos, sistema digestivo e coração.
As vitaminas são compostas orgânicos requeridos pelo corpo em quantidades
mínimas para realizar funções celulares especificas. Elas não podem ser sintetizadas por
seres humanos e, portanto, devem ser adquiridas principalmente pela dieta. As vitaminas
não produzem energia, portanto, não produzem calorias. Estas intervêm como catalizadores
nas reações bioquímicas provocando a liberação de energia, ou seja, a função das vitaminas
é a de facilitar a transformação que seguem os substratos através das vias metabólicas.
A classificação das vitaminas é feita apenas por sua solubilidade e não pelas
funções que exercem. Cada uma é responsável por uma ou mais funções específicas,
independentemente do grupo a que pertencem. As principais vitaminas são: A, B, C, D, E
e K.
A vitamina D contempla um grupo de moléculas secosteróides provenientes
do 7-dehidrocolesterol (7 DHC). Trata-se de uma vitamina lipossolúvel precursora de
hormônio, que se apresenta sob duas formas principais: o colecalciferol ou vitamina D3
e o ergocalciferol ou vitamina D2. O ergosterol precursor do ergocalciferol é encontrado
em plantas e alguns peixes, ao passo que o colecalciferol é sintetizado na pele através
da luz solar. Ambas diferem somente pela presença de uma ligação dupla e um grupo
metil presentes na longa cadeia lateral da vitamina D2. A principal fonte de vitamina D é a
formação endógena pela pele (na epiderme, camada de Malphighi) através da exposição
à luz solar, principalmente através da radiação ultravioleta B (UVB). Contudo, uma fonte

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 3 40


alternativa é a alimentação que supre até 20% da necessidade nutricional de vitamina D
(OLIVEIRA et al, 2014).
A carência de vitaminas no organismo, chamada hipovitaminose ou avitaminose,
é responsável pelo surgimento de doenças. A deficiência de vitamina D em crianças
se manifesta como raquitismo, doença associada com malformação de ossos devido a
deficiente mineralização da matriz orgânica. Por isso, recomendam-se fazer uso diário de
alimentos como frutas, legumes, verduras, carnes, ovo, leite, grãos.
A possibilidade da deficiência de um micronutriente que tenha um papel etiológico
no retardo do crescimento tem despertado atenção, pois alguns micronutrientes são
essenciais para a promoção do crescimento físico, para o desenvolvimento neuromotor
e para integridade e o funcionamento do sistema imune. Portanto, isso afeta ao recém-
nascido no seu crescimento físico e desenvolvimento mental se houve deficiências
subclínica de micronutrientes.
Em destaque temos o raquitismo causado pelos baixos níveis de vitamina D, doença
que retarda o crescimento humano, resulta em fraqueza muscular, deformidade esquelética,
hipocalcemia e tetania. Acredita-se que mesmo antes do raquitismo a deficiência da vítima
D prejudicar o crescimento e desenvolvimento humano.
O raquitismo pode ocorrer se o corpo da criança não possuir quantidades mínimas
de vitamina D suficiente ou se o corpo apresentar problemas para usar a vitamina D
adequadamente. Ocasionalmente, não obter cálcio suficiente ou falta de cálcio e vitamina
D pode causar raquitismo. Existem várias causas de raquitismo, mas uma deficiência
nutricional relacionada à falta de vitamina D, cálcio ou fosfato, provoca raquitismo mais
comumente. Os três tipos de raquitismo são nutricionais, hipofosfatêmicos e renais, e os
três são atribuíveis a deficiências nutricionais. A causa da doença foi desconhecida há
séculos e já era uma doença comum. A formação e o crescimento ósseo dependem da
produção da matriz óssea, composta principalmente por colágeno, e de sua mineralização
através da deposição dos cristais de hidroxiapatita, compostos basicamente de cálcio e
fósforo. A falha do processo de mineralização tem como uma das principais causas, a
inadequada concentração extracelular desses íons, e a falta ou comprometimento da ação
dos elementos responsáveis por sua absorção, particularmente a vitamina D.
Diversas funções são exercidas no organismo humano devido à vitamina D, como o
metabolismo da insulina; a regulação do metabolismo de minerais, em especial do cálcio;
a participação na manutenção da homeostasia, como o crescimento, diferenciação e
apoptose celular; a participação na regulação dos sistemas imunológico, cardiovascular
e musculoesquelético. Por estar diretamente ligada a funções essenciais do organismo,
sua deficiência relaciona-se a diversas patologias, sendo associada à mortalidade
geral e cardiovascular aumentada, a incidência e mortalidade por câncer e a doenças
autoimunes como esclerose múltipla. Além disso, a vitamina D3 (calcitriol ou 1-alfa,
25-dihidroxicolecalciferol) é um dos principais reguladores da homeostasia do fosfato,

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 3 41


juntamente com o paratormônio e fosfatoninas (OLIVEIRA et al, 2014).
Há várias evidências de que a vitamina D participa de dois aspectos importantes
da função neuromuscular: a força muscular e o equilíbrio. Especialmente no que se refere
à célula muscular esquelética, sabe-se que ela atua através de um receptor específico,
exercendo ações que envolvem desde a síntese proteica até a cinética de contração
muscular, que repercutem na capacidade de realizar movimentos rápidos que evitam uma
queda. Em suma, através de suas ações sobre a regulação do transporte de cálcio, síntese
proteica e cinética da contração, é importante para manutenção da massa, da força e da
velocidade de contração do músculo esquelético.
O profissional fisioterapeuta tem autonomia e qualificação para executar diversas
atividades, como avaliar pacientes, estabelecer diagnósticos fisioterapêuticos, planejar e
programar ações preventivas, além de educação em saúde, gerenciamento de serviços de
saúde, emissão de laudos de nexo de causa laboral entre outras.
A fim de melhorar a qualidade de vida do paciente, a Fisioterapia oferece um trabalho
de fortalecimento de músculos, ossos e articulações; ajuda na melhora do equilíbrio do
paciente (indispensável para prevenção de quedas) e ajuda na prevenção das possíveis
deformidades e fraturas ósseas, além de outras complicações. O profissional irá trabalhar
de maneira personalizada, ou seja, adaptar cada exercício às necessidades individuais de
cada paciente e aos sintomas que ele apresentar.
Casos de deficiência da vitamina D aumentaram em número de modo significante
após a revolução industrial, mostrando que o estilo de vida das pessoas influencia
diretamente nas concentrações de vitamina D no organismo. Atualmente, tal deficiência é
vista como um problema de saúde pública em todo o mundo.
A quantidade de radiação UVB que atinge a pele depende da latitude e altitude
geográficas, estação do ano, hora do dia, qualidade do ar, condições meteorológicas
(nuvens) e superfície de Vitamina D. Quanto mais alta a latitude, menor a intensidade da
radiação UVB e menor a duração dos meses e horas diárias, durante os quais é produzida
a vitamina D. Em adição, os hábitos de vestuário, o estilo de vida, o uso de protetores
solares e práticas de evicção solar têm um forte impacto na síntese endógena de vitamina
D.
Fatores culturais que influenciam na exposição ao sol são muito importantes até
mesmo em regiões tropicais. Estudos realizados em regiões de baixa latitude como no
Oriente Médio demonstraram uma alta prevalência de hipovitaminose D variando de 50
a 97%, sendo estes dados relacionados ao hábito cultural do uso de roupas cobrindo
todo o corpo (JUNIOR et al, 2011). Estima-se que 20% a 80% da população americana,
canadense, e europeia são deficientes de vitamina D, e ainda, que a prevalência de níveis
séricos de 25(OH)D inferiores a 20 ng/mL é de quase um terço da população dos EUA, o
que é equivalente a 32% (JUNIOR et al, 2011).

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 3 42


2.1 Conceituar Vitaminas
As vitaminas são nutrientes reguladores. Com as enzimas, controlam as reações
químicas do corpo; por isso são indispensáveis ao bom desempenho das funções orgânicas.
Quimicamente, as vitaminas não formam uma classe homogênea, sendo substâncias de
origens diferentes. As vitaminas solúveis em água são chamadas hidrossolúveis (C e
complexo B) e as vitaminas solúveis em lipídeos são lipossolúveis (A, D, E e K). O conceito
de vitaminas de acordo com Chaves, 2014 p.1:

As vitaminas são substâncias orgânicas necessárias ao funcionamento


adequado do organismo, sendo essenciais para a manutenção de diversas
funções orgânicas, tais como crescimento e metabolismo. Elas são
necessárias em quantidades pequenas (mg/dia) e podem atuar como co-
fatores de diferentes reações bioquímicas.

Em 1922, foi denominada de D por ter sido a quarta substancia descoberta, depois
das vitaminas A, B e C. Em 1970 os pesquisadores descobriram que essa substancia
poderia ser sintetizada pelo organismo, desta forma na realidade é um hormônio e não
uma vitamina.
Conhecida como a vitamina do sol, está vitamina vem sendo estudada ultimamente,
as últimas pesquisas confirmaram os benefícios que ela traz a saúde. Hoje em dia muitas
pessoas não estão consumindo vitamina D o suficiente para a obtenção dos benefícios.
Sua maior produção se dar pela pele, a síntese da mesma se dar pela exposição da pessoa
a luz ultravioleta. Essa vitamina está ligada a saúde óssea, função muscular, saúde do
coração, imunidade, menor risco de diabetes, menor risco de certos tipos de câncer.
A vitamina D, ou colecalcifol, tem por função consiste na regulação da homoestase
do cálcio, formação e reabsorção óssea, através da sua interação com as paratireoides, os
rins e os intestinos.
É um hormônio esteroide lipossolúvel importante para o corpo humano e a falta
pode ocasionar problema. Ela é responsável por controlar 270 genes, inclusive células do
sistema cardiovascular. Sua produção se da pela exposição solar, pois os raios ultravioletas
do tipo B1(VVB) são capazes de ativar a síntese dessas substancia.
A principal fonte é representada pela formação endógena nos tecidos cutâneos após
a exposição à radiação ultravioleta. Quando exposto à radiação ultravioleta, o percurso
cutâneo desta vitamina o 7- desidrocolesterol, passa pelo processo de clivagem fotoquimica
originando a pré- vitamina D3, em 48 horas está molécula termolábil, sofrerá um arranjo
molecular dependendo da temperatura, o que resultara na formação da vitamina D3, a
mesma sofrerá um processo de isomerização muito importante para esse mecanismo, pois
evitará a superprodução desta vitamina.
Essa vitamina participa da manutenção de tecido ósseo, ela também influencia
consideravelmente no sistema imunológico, sendo interessada no tratamento de doenças

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 3 43


autoimunes, como a artrite reumatoide e a esclerose múltipla, a falta pode favorecer 17
tipos de câncer.
Esse mineral é encontrado facilmente em derivados do leite como: iogurtes naturais
e com frutas, leites integrais, desnatado, assim como na amêndoa, sardinha, camarão,
ricota e brócolis.

3 | IDENTIFICAR AS CONSEQUENCIAS
A consequência existente para as crianças é a desmineralização óssea (falta
de calcifediol) que provoca uma variedade de deformidades esqueléticas, classificadas
como raquitismo, e resultado ossos moles e flexíveis, que consequentemente aumenta
as chances de fratura e deformidade. A vitamina D foi identificada há 90 anos atrás, como
um agente dietético detentor de um papel importante na homeostase do cálcio e na saúde
óssea, capaz de prevenir o raquitismo. (FERREIRA, 2013).
Por volta do século XVII o primeiro relato dessa doença surgiu devido a um surto de
crianças com deformidade óssea e retardando crescimento. Devido alto desenvolvimento
das cidades industriais, ocorreram mudanças nos cenários urbanas, como a poluição. Com
isso as crianças que viviam nesse ambiente deixaram de receber luz solar.
A partir das primeiras décadas do século XX, a vitamina D como suplemento fez com
que o raquitismo fosse praticamente erradicado nos países desenvolvidos, contudo este
problema ainda se torna frequente em regiões pouco desenvolvidas.
O raquitismo pode ser dividido em dois tipos: hipocalcêmico ou hipofosfatêmico,
estes apresentam causas diferentes, porém, nos dois casos há redução de fosfato no
sangue. Segundo Ferreira (2013, p. 27):

Nas crianças, está desmineralização óssea provoca uma variedade de


deformidades esqueléticas, classicamente conhecidas como raquitismo.
Nos adultos, já ocorreu o encerramento das placas epifisárias e existem
minerais suficientes no esqueleto para prevenir deformidades esqueléticas,
pelo que está desmineralização óssea conhecida como osteomalacia, é
frequentemente indetetável.

O raquitismo hipocalcêmico é caracterizado pela falta de vitamina D ou resistência


a sua ação. Este pode ser subdividido em raquitismo dependente de vitamina D tipo I, que
é um distúrbio autossômico recessivo que se manifesta como a síndrome da deficiência da
vitamina D logo no primeiro ano de vida. E o raquitismo dependente de ultamina D tipo II, é
caracterizado como uma doença rara, altossomica recessiva, provocada por mutações no
gene receptor de vitamina D, alopecia (queda de cabelo) é um dos sintomas.
O raquitismo hipofosfatêmico, comumente causado por perda renal de fosfato que é
ligado diretamente ao fator genético. O mesmo é subdividido em raquitismo hipofosfatêmico
familiar, também é chamado de raquitismo do cromossomo X, é o tipo mais comum deste

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 3 44


tipo de raquitismo no qual é prejudicado na absorção de fósforo e anormalidade nos
níveis de calcitriol. E o raquitismo hipofosfatêmico hereditário com hipercalciúria, distúrbio
autossômico e tem concentrações elevadas de calcitriol e perda renal de fosfato. Há
presença de hipercalciúria que consiste no processo de eliminação de cálcio na urina.
A principal causa relacionada ao raquitismo dar-se pela falta de vitamina D,
problemas com absorção de vitaminas e minerais e alguns defeitos genéticos. Os sintomas
mais comuns dessa doença incluem o atraso do crescimento e no desenvolvimento da
criança, ossos fracos com maiores danos de fratura, problemas nos dentes, dificuldade
em caminhar, hiperatividade, crescimento atrofiado e baixa estatura, formigamento pelas
mãos e pés e entre outros. E nos casos mais graves pode haver deformações esqueléticas,
como ossos largos, pernas e braços arqueados, esterno empurrado para frente, entre
outros. Pode ser diagnosticado por raios-X nos ossos, exames de sangue para medir os
níveis de cálcio, fosforo, hormônio para tireoide, etc. Esta é uma doença que tem cura com
tratamento adequado.

3.2 O papel do fisioterapeuta na conscientização da importância da vitamina


d para organismo
No período gestacional é de suma importância a vitamina D estar presente no
organismo, pois no inicio ou primeiro trimestre na falta dela pode ocasionar o aborto. Alguns
casos de aborto múltiplos no inicio da gestação, é causado pelo sistema imunológico da mãe
estar rejeitando a fixação do embrião. Como essa vitamina age no sistema imunológico, ela
pode solucionar esse problema.
Assim como no final da gestação a falta pode causar o pré-eclâmpsia, doença na
qual a gestante apresenta a hipertensão. Afinal essa substancia ajuda na produção da
renina, hormônio que tem por função regular a pressão arterial. A ausência aumenta a
probabilidade de a criança ser autista, pois ela é essencial na formação do cérebro da
criança.
O fisioterapeuta como profissional da saúde responsável na promoção do bem estar
dos seus pacientes, pode auxiliar na fase gestacional conscientizando a importância da
ingestão da vitamina D, porque é necessária a ingestão de cálcio durante e após a gravidez.
Esse mineral contribuirá para a formação do esqueleto do bebe, fortalecimento dos ossos
e dentes, assim coo auxiliará na regulação dos batimentos cardíacos e na coagulação
sanguínea. Após o parto continuara atuando, recomendando á exposição do bebe ao sol,
por 15 á 20 minutos diários ao dia. Estudos indicam a importância da suplementação de
vitamina D em lactentes para prevenção do raquitismo e desenvolvimento ósseo adequado.
(ALMEIDA, A. C. F.; WEFFORT, V. R. S., 2011).

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 3 45


3.3 Fatores Culturais Podem Interferir Quanto A Falta De Concentração De
Vitamina D No Organismo.
Os hábitos culturais de cada população como as vestimentas e alimentação, podem
influencia na absorção da vitamina D, assim como as variações das estações do ano, isso
explicar as diferenças mundiais de hipovitaminose D. [...] cultura é entendida como um
conjunto de normas, valores, regras, costumes, artefatos de criação e o cultivo e produção
dos diversos modos de vida dos diferentes grupos sociais. Nessa compreensão o sujeito
produz e reproduz a cultura, mas é tomado como algo ao lado ou fora dela e não como
constituído nela. (GUARESCHI, 2017).
Em alguns países o habito cultural como andar com roupas cobrindo o corpo todo
ou na questão alimentar não está presentes alimentos que contem vitamina D, aumenta
as chances da hipovitaminose D e no caso de lactantes aumenta-se a probabilidade do
bebê apresentar sintomas de raquitismo, um acompanhamento profissional adequado pode
intervi nesse processo, prevenindo. Segundo Almeida e Weffort (2011, p. 76):

Outro fator que dificulta a adesão à recomendação atual de vitamina D é a


não indicação da suplementação por pediatras. Portanto, devem-se incentivar
tais profissionais para que estes indiquem e orientem os pais quanto à
suplementação de vitamina D, como também estimulem a exposição solar
regular de lactentes e crianças de maior idade.

Além desse lactante por não conter essa vitamina no organismo ficara vulnerável
podendo sofrer faturas durante a gestação, porque o bebê necessita de cálcio para se
desenvolver e absorverá o que estiver presente no organismo da mãe. Futuramente essa
mãe poderá desenvolver a osteoporose, mas cedo em sua vida.

4 | CONCLUSÃO
Ao analisarmos as evidências obtidas a partir de estudos específicos, verifica-se o
quanto a vitamina D é importante para o nosso organismo, é fundamental na regulação do
sistema imunológico, ajudando na prevenção de doenças causadas pela insuficiência de
vitamina D. A vitamina D é indispensável para diversas posições do organismo, entre elas,
a conservação do tecido ósseo, comando do sistema imunológico, sendo considerável para
o tratamento de doenças autoimunes, no método de separação celular, atua na secreção
hormonal e em muitas doenças crônicas não transmissíveis
Dentre as consequências mais comuns da deficiência de vitamina D, podemos
destacar o raquitismo, doença que surge na infância e adolescência devido a carência de
vitamina D, é caracterizado por uma mineralização dos ossos em crescimento a vitamina D
como suplemento fez com que o raquitismo fosse praticamente erradicado. A osteomalácia
é um outro tipo de deformidades óssea, apresentam em adultos e idosos, caracterizado
pelo amolecimento dos ossos, frágeis e quebradiços.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 3 46


Logo que buscando a função do fisioterapeuta como profissional da saúde
responsável na promoção do bem estar dos seus pacientes conscientizando a importância
da ingestão da vitamina D, A deficiência de vitamina D é prevenir pela ingestão de alimentos
ricos nesta vitamina e exposição solar adequada, assim, os doentes com deficiência
comprovada devem ser tratados mediante prescrição médica.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Ane Cristina Fayão; WEFFORT, Virgínia Resende Silva. Reflexões sobre a recomendação
atual de vitamina D para crianças em diferentes países. Disponível em: http://rmmg.org/exportar-
pdf/860/v21n3s1a23.pdf. Acessado em: 26 abr 2018.

BUENO AL, Czepielewki MA. The Importannce for Growth of Dietary Intake of Calcium and Vitamin
D. J Pediatr ( Rio J). 2008; 84(5): 386-394.

CHAVES, Keitlen Lara Leandro. Efeitos da deficiência e excesso de Vitaminas no organismo.


Disponível em: http://www.fepeg2014.umimontes.br/site/resumoexpandidoextensaopronto0pdf. Acesso
em 29 maio 2018.

FERREIRA, Ana Carolina Freitas Reis. Vitamina D. Disponível em: http://estudogeral.sib.uc.pt/


bitstream/10316/32959/1/CORPO%20TESE. pdf. Acessado em: 27 abr 2018.

GUARESCHI, Neuza Maria de Fatima. Cultura, Identidade e Diferenças. Disponível em : http ://
online.unisc.br/ser/index.php/reflex/dounload/623/45 Acessado em 31 maio 2018.

JUNIOR, Edson P. dos Santos et al. Epidemiologia da deficiência de vitamina D. Disponível em:
https://assets.itpac.br/arquivos/Revista/43/2.pdf. Acessado em: 27 abr 2018.

OLIVEIRA, Vanessa de et al. Influência da vitamina D na saúde humana.Disponível em: http://www.


scielo.org.ar/pdf/abcl/v48n3/v48n3a07.pdf. Acessado em: 26 abr 2018.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo; Cortez, 2007.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 3 47


CAPÍTULO 4
doi
EXAMINANDO ASPECTOS DO COMPORTAMENTO
ALIMENTAR DA POPULAÇÃO BRASILEIRA

Data de aceite: 01/12/2020 refletirmos sobre à relação entre as questões do


comportamento alimentar e o contexto de vida dos
sujeitos, que perpassam por dimensões sociais,
ambientais, históricos, culturais, econômicos e
Itana Nascimento Cleomendes dos Santos
emocionais da população.
Universidade Federal da Bahia
PALAVRAS - CHAVE: Comportamento alimentar.
Salvador-Bahia
Saúde. Alimentação saudável. Nutrição.
http://lattes.cnpq.br/2531522604926986
Contextos de vida.

RESUMO: Vivenciamos atualmente um dos EXAMINE ASPECTS OF FOOD


BEHAVIOUR IN THE BRAZILIAN
momentos de maiores incertezas para a
POPULATION
humanidade com o surgimento da pandemia
do novo coronavírus (COVID-19), que ABSTRACT: We are currently in one of the
incontestavelmente nos desafia nos diversos most uncertain times for humankind due to the
aspectos da vida, assim também, como nos emergence of the new coronavirus pandemic
provoca (re)pensar o modo de ser e viver (COVID-19).    This moment, no doubt challenges
adotado pela humanidade, que incitam us in the various aspects of life, and prompts
possíveis mudanças para um “novo normal”. us to (re)rethink the way of life adopted by
Entretanto, nesse contexto, além da procura de humanity, which encourages possible changes
estratégias para viver em tempos de isolamento, towards a “new normal”. Yet, in this context, in
encontramos muitas pessoas que consciente ou addition to looking for strategies to live in times of
inconscientemente tem encontrado na comida isolation, we find many people who consciously
um escape para lidar com a ansiedade, estresse, or unconsciously have found an escape in food to
tristeza e angústia, causados pelo cenário de vida deal with anxiety, stress, sadness, and distress,
que a pandemia gerou. Para tanto, ao procurar caused by the life scenario that the pandemic
analisar a relação que existe, entre os mais generated. Thus, to analyze the relationship that
variados contextos de vida e o comportamento exists between the varied contexts of life and
alimentar da população brasileira, utilizou- the eating behavior of the Brazilian population,
se como fonte de dados, o banco de dados the database of dissertations and theses of
de dissertações e teses da Coordenação de the Brazilian Institution, Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), no período de 2014 a 2019. Dessa (CAPES), was used as a data source. Superior
forma, ao concluir a análise dos trabalhos (CAPES), from 2014 to 2019. Therefore, the
encontrados no banco da CAPES, compreende- analysis of the works found in the CAPES
se, que é de fundamental importância database is of fundamental importance to reflect
on the relationship between issues of eating

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 4 48


behavior and the life context of most of the people, which go through social, environmental,
historical, cultural, economic, and emotional dimensions of the population.
KEYWORDS: Food behavior. Health. Alimentation healthy. Nutrition. Contexts of life.

1 | INTRODUÇÃO
No momento atual, a partir do surgimento do SARS-CoV-2, um vírus da família
Coronaviridae, causador da atual pandemia de COVID-19, e responsável por diversos tipos
de doenças, especificamente, no que se refere a desestabilização da função respiratória,
conhecida como síndrome respiratória aguda grave, temos condições que passaram a
demandar o estabelecimento de uma nova dinâmica do modo de ser e viver. Sabe-se que,
os vários contextos de vida dos seres humanos, sejam eles: sociais, ambientais, históricos,
culturais, econômicos e emocionais, tendem a exigir diferentes posturas, enquanto ao modo
de agir e de se colocar no mundo.
Mudanças comportamentais ou procedimentais fazem parte do dia a dia dos seres
humanos, entretanto, condições adversas, além das admitidas, que impulsionam rupturas
do modo de ser e estar no mundo são refutadas das mais variadas maneiras, entre elas,
temos atualmente as condições de saúde física e mental da população, especialmente
no que diz respeito ao comportamento alimentar, que passou a exercer contornos mais
acentuados no cotidiano das pessoas, devido às novas condições de vida, que demonstram
a relação de causalidade, estabelecida no contexto de pandemia e consequentemente de
isolamento social.
Dessa forma, tem-se como finalidade analisar a relação que existe, entre os mais
variados modos de vida e o comportamento alimentar da população brasileira Discussão de
extrema importância, principalmente em tempos de reclusão social.
O comportamento alimentar é um termo bastante utilizado em estudos do campo
da Alimentação e Nutrição, e comumente relacionando às discussões sobre alimentação
saudável.
A partir disso, faz-se necessário ressaltar o que se compreende como alimentação
saudável: a alimentação saudável é entendida como “aquela que atende todas as exigências
do corpo, ou seja, não está abaixo nem acima das necessidades do nosso organismo”. E,
é aquela que é “fonte de nutrientes, e envolve diferentes aspectos, com valores culturais,
sociais, afetivos e sensoriais” (BRASIL, 2007, p.16).
Ela se utiliza de variados espaços para que a sua concretização aconteça, um
desses espaços, é a escola, fazendo-nos perceber que os determinantes do processo
saúde-doença, não se esgotam no próprio setor de saúde e com os profissionais de saúde
como os nutricionistas, mas sim, que necessitam-se ações articuladas e integradas por
parte de diferentes profissionais, tornando-se um campo de ação compartilhável, que
por sua vez, levou a criação da portaria interministerial 1.010, de 08 de maio de 2006

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 4 49


(BRASIL, 2006), publicada no Diário Oficial da União, no dia 09 de maio de 2006, que
institui as diretrizes para a promoção da alimentação saudável nas escolas de educação
infantil, fundamental e nível médio das redes públicas e privadas, em âmbito nacional.
Essa importância é mencionada no documento da Organização Mundial da Saúde (OMS)
Estratégia Global para a Alimentação Saudável e Atividade Física (BRASIL, 2004).
O estabelecimento de documentos como esse, se estabelecem como forma de
enfrentamento a realidade com os fenômenos sociais emergentes, e que também na
maioria das vezes não deixam de serem fenômenos educativos emergentes, como é o
caso das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT).
A ocorrência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), assim como, a
de seus agravantes, por exemplo, a obesidade, bem como a desnutrição crônica, que
podem representar uma série de obstáculos para o processo cognitivo dos estudantes, são
consequências não só das desigualdades sociais geradas pelas crises econômicas, como
também das intensas mudanças nos hábitos alimentares da população.
Em meio a essas discussões, temos o Marco de Referência de EAN para as
políticas públicas, publicado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
em 2012, trata-se de um documento normativo, elaborado de forma coletiva e participativa
pelos vários atores sociais dos diversos setores da sociedade brasileira, que acreditam que
“a Educação Alimentar e Nutricional (EAN) contribui para a realização do Direito Humano à
Alimentação Adequada e para a construção de um Brasil saudável” (BRASIL, 2012, p. 6).
Assim, o Guia Alimentar para a população brasileira, que teve a sua primeira
publicação em 2006, e a segunda edição em 2014, construído pelo Ministério da Saúde em
parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade
de São Paulo, com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde, configura-se como
o próprio nome já diz, um guia com informações e recomendações sobre alimentação e
nutrição, tem a finalidade de promover a saúde da população brasileira; crianças, jovens,
adultos, famílias e comunidades, e o documento Estratégia Intersetorial de Prevenção
e Controle da obesidade, criado pela Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e
Nutricional (BRASIL, 2014), o qual possui o intuito de “organizar as orientações de forma
articulada, conjunta e intersetorial para o enfrentamento do sobrepeso e obesidade e seus
determinantes no País”, fazem parte das políticas públicas para a promoção da alimentação
saudável.
Além da alimentação saudável, temos também, um termo recentemente elaborado,
a alimentação sustentável, que surge segundo Morais (2017, p. 20) a partir de Cassol e
Schneider (2015), pelo fato do “ato de se alimentar ser um ato social capaz de provocar
novos modos e valores de vida”, em meio a relação que existe entre as formas de
produzir e comercializar e as formas de consumir e alimentar, que “são essenciais para o
desenvolvimento de práticas de produção e consumo sustentáveis”.
Desse modo, nesse trabalho, faz-necessário salientar, que ao abordar o

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 4 50


comportamento alimentar, necessitamos nos afastar de entendimentos reducionistas sobre
os comportamentos alimentares dos sujeitores, ao adotar uma pespectiva que considere
o social e consequentemente, os contextos vividos dos sujeitos, tendo em vista que o
comportamento alimentar é constantemente marcado pela variabilidade das (novas)
condições de vida das pessoas.

2 | METODOLOGIA
No intuito de contemplar o objetivo delineado para esse trabalho, - analisar a
relação que existe, entre os mais variados contextos de vida e o comportamento alimentar
da população brasileira-, adotou-se uma pesquisa de cunho exploratório e descritivo,
constituído de leitura e revisão bibliográfica. Teve como fonte de dados, o banco de dados
de dissertações e teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), no período de 2014 a 2019.
Tem-se como justificativa para o recorte temporal estabelecido, o momento em que
se publicou a segunda versão do Guia Alimentar para a população brasileira (2014), que
diferentemente da sua primeira versão publicada em 2006, passa a contemplar aspectos
sociais e culturais da alimentação da população brasileira, permitindo que concepções e
abordagens exclusivamente centradas em aspectos fisiológicos e biológicos do sujeito
sejam superadas, abrindo espaços para abordagens que levem em consideração aspectos
sociais e culturais da alimentação básica da população.
Sendo assim, com a finalidade de fazer uma análise dos resumos das dissertações
e teses da CAPES, delineou-se como critérios para tal busca: 1) no campo assunto, o
descritor de análise referente à pesquisa; 2) na área do conhecimento, a área das Ciências
da Saúde e Ciências Humanas; 3) programas de Pós-graduação em Educação e Saúde.
Utilizou-se para a pesquisa o descritor “comer”, tendo em vista a possibilidade de alcançar
mais pesquisas que abordem o comportamento alimentar.

3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir do descritor utilizado para a pesquisa, entre o período de 2014 a 2019, foram
encontrados 175 registros de pesquisas relacionadas ao comportamento alimentar da
população brasileira. Dentre os registros encontrados temos: 138 dissertações e 37 teses.
A pesquisa revelou, que quando mencionada a palavra “comer”, o comportamento alimentar
das pessoas estava estritamente ligado à condição de vida, que engloba aspectos, sociais,
históricos, ambientais, econômicos, emocionais, religiosos, assim como, o processo de
saúde-doença dos sujeitos.
Exemplificando a assertiva acima, temos a dissertação de Rodrigo Augusto Alves
de Figueiredo (2014) intitulada A comida que vem da mata: Aspectos etnoecológicos da

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 4 51


caça em uma comunidade quilombola de Reserva Extrativista Ipaú-Anilzinho (Amazônia
Brasileira), da Universidade Federal do Pará, que investigou sobre as práticas alimentares
de uma comunidade quilombola, na qual encontramos discussões relacionadas ao
comportamento alimentar voltadas para o contexto de vida, destacando o caráter histórico
e cultural de um povo.
Sendo assim, os sentidos e significados que atribuímos às coisas fazem parte
das práticas sociais, desse modo, são parte da construção social, e como tal, devem ser
questões levantadas em meio às discussões do comportamento alimentar. A partir desse
entendimento, vamos ter a dissertação de Juliede de Andrade Alves (2014): O comer, o
corpo e a saúde de homens em uma feira livre da cidade de Salvador-BA, da Universidade
Federal da Bahia, que teve como intuito, interpretar os sentidos e significados que os
homens atribuem ao comer, ao corpo, e a saúde, a partir do contexto de uma feira livre da
cidade de Salvador-Bahia.
No ano de 2014, também temos Patrícia Simas de Souza, que em sua dissertação,
O enfretamento do familiar no cotidiano da alimentação da criança em hemodiálise:
contribuições para o cuidado de enfermagem, pesquisou o processo de saúde-doença,
através do enfrentamento de familiares em meio aos cuidados relacionados aos hábitos
alimentares de escolares em tratamento de hemodiálise.
Ao darmos continuidade às discussões do processo saúde-doença de escolares,
em 2015, apresentamos a dissertação de Nádija Dessa São Pedro, intitulada: Significados
atribuídos ao corpo e ao comer experimentados por adolescentes com excesso de
peso, estudantes do ensino médio de uma escola pública na cidade de Salvador-BA,
da Universidade Federal da Bahia, tratando sobre a significação que adolescentes com
sobrepeso e obesidade atribuem aos seus corpos no cotidiano.
Também tratando do processo de saúde-doença temos a dissertação de Mariana
Clementoni Costa Borges Ribeiro: Condições associadas com alterações do apetite em
pacientes em hemodiálise (2017), da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho, investigando questões relacionadas à anorexia em pacientes de hemodiálise. Os
resultados encontrados indicaram desde distúrbios neurológicos a alimentares.
Um fator extremamente importante e que está associado diretamente ao
comportamento alimentar, é o de ordem econômica. E nesse contexto, é de suma
importância ressaltar que o Brasil é um país que possui como uma de suas características
a coexistência de vários extremos em sua composição. Devido a isso, por exemplo, apesar
de ter-se constatado uma diminuição ao longo dos anos da desnutrição e aumento do
sobrepeso e da obesidade entre crianças e adolescentes, existem muitas regiões que
convivem com a desnutrição, carências e infecções.
Em se tratando dessa questão, podemos citar a dissertação Por que as pessoas
comem o que comem? Comparação das motivações para comer entre dois contextos
socioeconômicos díspares no Brasil, de Jéssica Maria Muniz Moraes (2017), -Universidade

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 4 52


de São Paulo-, que intencionou avaliar as motivações para comer e para as escolhas
alimentares em dois contextos díspares no Brasil.
Já em 2017, ao dar prosseguimento com as discussões sobre alimentação como
práticas sociais, encontramos a dissertação Consumo de alimentos ultraprocessados fora
de domicílio no Brasil, de Giovanna Calixto Andrade, da Universidade de São Paulo, ao
pesquisar sobre o consumo de alimentos ultrapassados fora de casa.
Em 2018, com a dissertação, de Karoline Fernandes Basquerote, Validação
Psicométrica de um Questionário sobre o comportamento alimentar de bebês, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, relacionada a saúde da criança e do adolescente, temos
um estudo voltado a validação psicométrica de um questionário sobre o comportamento
alimentar para bebês. Sabe-se que a atenção da condição alimentar, principalmente nos
primeiros anos de vida é extremamente importante, já que essa condição refletirá por toda
a vida dessa criança quando adulto.
Assim como a dissertação de Souza (2014) identificamos o trabalho de Bárbara
Barth de 2018: Reatividade para pistas de comida em uma amostra clínica de pessoas
com obesidade, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que estudou através do
processo saúde-doença, a relação entre os comportamentos alimentares e os contextos de
vida, a partir da associação entre viés atencional para alimentos e comer compulsivo.
Nesse ínterim, em 2018, Karina Morais Borges, com a dissertação: Síndrome do
comer noturno e estados emocionais em estudantes universitários (2018), do Centro
Universitário Saúde, tem a sua pesquisa de mestrado, voltada para os comportamentos
alimentares e o contexto de vida associado com o emocional dos sujeitos, quando visa
pesquisar sobre a síndrome do comer noturno e estados emocionais de estudantes
universitários.
A influência da mídia é um dos temas de grandes discussões quando se aborda o
comportamento alimentar, e em 2017, Ariana Galhardi Lira Augusto, trata sobre isso, na sua
dissertação: Uso de redes sociais, influência da mídia, imagem corporal e comportamento
alimentar entre adolescentes, do Centro Universitário São Camilo, ao utilizar-se das redes
sociais para avaliar a relação entre a influência das mídias e as redes sociais na imagem
corporal, assim como no comportamento alimentar de adolescentes.
Da mesma maneira, temos a investigação de mestrado, de Viviany Moura Chaves
(2018), intitulada: Espetáculo à mesa: ética da alimentação no Masterchef Profissionais,
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que ao tratar da influência da mídia no
comportamento alimentar da população brasileira, também assume a tarefa de compreender
a ética da alimentação, tendo a mídia como contexto, a partir de um programa de reality
show, como Masterchef Profissionais. Temos também no ano de 2018, na Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, a dissertação: A teia da magreza e da juventude: os discursos
sobre alimentação na Revista Veja, de Ana Beatriz Ribeiro Rique, a qual teve como
intuito analisar os sentidos nutricionais disseminados pela mídia, utilizando como base de

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 4 53


informações, a revista Veja, estabelecendo como recorte temporal, a primeira década do
século XXI.
A tese, O ato de comer, a comensalidade, e a classificação NOVA de alimentos
nas recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira: contribuições da
pesquisa qualitativa, de Bruna Menegassi, em 2018, na Universidade de São Paulo, que diz
respeito ao ato de comer, a comensalidade, e a nova classificação dos alimentos do Guia
Alimentar para a População Brasileira, vem tratar do pensar e fazer de adultos brasileiros
sobre a recomendação do comer com regularidade e atenção em ambientes apropriados
e em companhia, assim como conhecer o que pensam acerca da nova classificação dos
alimentos do Guia Alimentar.
Em relação a isso, ao nos apoiarmos em Morin (1986), é possível chegar a
explicações, que esclarecem não se tratar de algo que se obtenha por procedimentos
técnicos, ou se tenha como algo pronto, nem somente por aplicabilidade da lógica, mas
que se devem verificar os dados da experiência, pois é necessário compreender que
existem fundamentos que regem o pensamento e nos fazem organizar o real, ou seja,
eleger e/ou priorizar certos dados que fazem parte do contexto real que tende a auxiliar na
compreensão do processo de práticas sociais, como o comer.
Em 2019, na Universidade Estadual de Campinas, dando continuidade com as
pesquisas na área da saúde da criança e do adolescente, temos a pesquisa de mestrado,
Autoavaliação da qualidade da dieta e da quantidade ingerida de alimentos por adolescentes:
estudo de base populacional do município de Campinas, São Paulo, de Samantha Dalbosco
Lins Carvalho, ao buscar discutir a autoavaliação da qualidade da dieta e a percepção de
comer mais do que deveria em adolescentes entre 10 a 19 anos, do município de Campinas,
em São Paulo.
Para finalizar os resultados e discussões, portanto, a partir dos critérios estabelecidos
para a pesquisa, foram encontradas produções, nas Áreas do Conhecimento, de Nutrição,
Psicologia, Ciências Sociais, Odontologia, Medicina e Saúde Coletiva, e em Áreas de
Concentração, da Saúde Coletiva, Alimentação, Nutrição e Saúde, Educação e Nutrição em
Saúde Pública, dentre os Programas de Pós-graduação em Educação, Nutrição, Psicologia,
Ciências Sociais, Odontologia e Enfermagem.

Tabela 1. Traços do comportamento alimentar da população brasileira


Fonte: Banco de dissertações e teses da Plataforma Sucupira da Capes – 2014-2019 (BRASIL, 2020).

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 4 54


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na análise da pesquisa realizada, foram encontrados estudos nas Áreas do
Conhecimento, de Nutrição, Psicologia, Ciências Sociais, Odontologia, Medicina e Saúde
Coletiva, e em Áreas de Concentração da Saúde Coletiva, Alimentação, em Saúde Pública,
Nutrição e Saúde, Educação e Nutrição, dentre os Programas de Pós-graduação em
Educação, Nutrição, Psicologia, Ciências Sociais, Odontologia e Enfermagem.
A partir desses estudos, tornou-se possível depreender aspectos do comportamento
alimentar da população brasileira. Dessa forma, constatou-se, que o comportamento
alimentar dos sujeitos se vê afetado por uma série de variáveis, que perpassam desde
aspectos psicológicos, econômicos, processo saúde-doença, a aspectos concernentes a
questões, históricas, culturais, ambientais, religiosas e emocionais.
Isso faz com que para conjecturar discussões relacionadas às dimensões alimentares
seja de fundamental importância, conseguir entender os comportamentos alimentares da
população brasileira, tendo como ponto central das nossas discussões, a necessidade
de compreender o constante processo de (re)significação e mobilização de saberes,
representações, sentidos, significados, valores e sentimentos que as pessoas atribuem ao
ato de comer nos diferentes contextos de vida.
Desse modo, acredita-se que, será possível elaborar discussões e viabilizar estudos,
por meio da produção de sentidos e significados atribuídos às práticas socias, referentes ao
comportamento alimentar, sem rechaçar saberes e contextos de vida em que se encontram
os sujeitos.
Procedimentos como esses, portanto, sugerem um olhar mais responsável, justo e
humanizado aos aspectos relacionados ao comportamento alimentar dos sujeitos.

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Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 4 55


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MORIN, Edgar. Para sair do século XX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 4 56


CAPÍTULO 5
doi
ESTADO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES
INGRESSANTES EM UMA ESCOLA PÚBLICA
FEDERAL NO ESTADO DA BAHIA

Data de aceite: 01/12/2020 dos adolescentes frente à transição nutricional,


Data de submissão: 26/10/2020 e sugerem a implementação de estratégias de
atenção integral a saúde do adolescente
PALAVRAS - CHAVE: adolescência; estado
nutricional; antropometria.
Andréia Rocha Dias Guimarães
Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia da Bahia (IFBA)
NUTRITIONAL STATUS OF
Barreiras – BA
ADOLESCENTS ENTERING A FEDERAL
 http://lattes.cnpq.br/2043037937276450
PUBLIC SCHOOL IN THE STATE OF
BAHIA
ABSTRACT: Objective: to assess the nutritional
RESUMO: Objetivo: avaliar o estado nutricional status of students entering the three courses
dos estudantes ingressantes nos três cursos offered at a federal high school, in the city of
oferecidos em uma escola federal de ensino Barreiras - BA, in 2019. Methodology: this
médio, no município de Barreiras – BA, no is a cross-sectional, descriptive study with
ano de 2019. Metodologia: trata-se de um adolescents from both genders, in which the
estudo transversal, de natureza descritiva com sample was anthropometric assessed. Weight,
adolescentes de ambos os sexos, no qual height, waist circumference (WC), hip (QC)
realizou-se avaliação antropométrica da amostra. and blood pressure (BP) were measured. The
Foram aferidos o peso, altura, circunferência da outcome was categorized according to body
cintura (CC), do quadril (CQ) e pressão arterial mass index (BMI) and waist-to-hip ratio (WHR).
(PA). O desfecho foi categorizado segundo o For the analysis of quantitative data, the statistical
índice de massa corporal (IMC) e a relação program SPSS was used and the data were
cintura-quadril (RCQ). Para a análise dos dados described by frequency and mean. Results: A
quantitativos utilizou-se o programa estatístico total of 73 students were evaluated, the average
SPSS e os dados foram descritos pela frequência age was 15 years, with an age range that varied
e média. Resultados: Um total de 73 estudantes between 14 and 17 years. The sample consisted
foram avaliados, a média de idade foi de 15 anos, of 49.3% males and 50.7% females. As for the
com faixa etária que variou entre 14 e 17 anos. nutritional status of the sample, 76.7% were
A amostra era composta por 49,3% do sexo classified as eutrophic, 9.6% were underweight
masculino e 50,7% do sexo feminino. Quanto and 13.7% were overweight. Conclusion: The
ao estado nutricional da amostra 76,7% foram findings are important and to show the vulnerability
classificados com eutrofia, 9,6% com baixo peso e of adolescents to the nutritional transition, and
13,7% com sobrepeso. Conclusão: Os achados suggest the implementation of comprehensive
são importantes e mostram a vulnerabilidade health care strategies for adolescents.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 5 57


KEYWORDS: adolescence; nutritional status; anthropometry.

1 | INTRODUÇÃO
A adolescência compreende o período da vida que se inicia aos 10 anos de idade
e se estende até os 19 anos, ocorrendo, durante este percurso intensas transformações
físicas, psicológicas e comportamentais, coexistindo um elevado ritmo de crescimento e
importantes fenômenos maturativos (SBP, 2018). O adolescente passa por transformações
físicas e fisiológicas que modificam sua composição corporal e proporcionam crescimento
e desenvolvimento. A forma como ocorrem estas transformações varia consideravelmente
entre os indivíduos, sendo que fatores sociais, culturais e econômicos envolvidos neste
processo podem acentuar ainda mais as diferenças já existentes entre os adolescentes de
mesma idade e sexo (LOURENÇO, TAQUETTE; HASSELMANN, 2011).
Wolf et al. (2019), afirmam que, pelo fato da adolescência ser uma fase de risco
nutricional, podendo estar associado a doenças crônicas na vida adulta, tem-se priorizado
a vigilância nutricional nessa fase, para que se possa avaliar e intervir no comportamento
alimentar, prevenindo assim os prejuízos ao crescimento e à saúde desse grupo. As intensas
transformações físicas, psíquicas e sociais ocorridas neste período acabam por influenciar
o comportamento alimentar dos adolescentes, que se tornam suscetíveis a preferências
alimentares que podem acarretar hábitos inadequados e deficiências nutricionais. Com
isso o monitoramento do estado nutricional se torna importante para todas as faixas de
idade, principalmente na adolescência, onde o crescimento pode ser comprometido. Se
isso for percebido precocemente pode-se prevenir possíveis agravos à saúde e riscos de
morbimortalidade, especialmente com a crescente prevalência de sobrepeso/obesidade no
Brasil e no mundo (CONDE et al., 2018).
A avaliação do estado nutricional tem se tornado um instrumento cada vez mais
importante no estabelecimento de situações de risco, no diagnóstico nutricional e no
planejamento de ações de promoção à saúde e prevenção de doenças. Sua importância é
reconhecida por que auxilia no acompanhamento do crescimento e do estado de saúde do
adolescente, ajudando assim na detecção precoce de distúrbios nutricionais, sejam eles a
desnutrição ou a obesidade (SBP, 2009).
É possível através da avaliação do estado nutricional dos indivíduos promover a
proteção à saúde, utilizando-se de métodos antropométricos, dietéticos e bioquímicos. O
uso isolado da antropometria vem se tornando capaz de realizar diagnóstico nutricional de
adultos e crianças, sendo uma ferramenta indicadora do estado nutricional em idosos e
adolescentes (VASCONCELOS, 2007).
Através da antropometria é possível rastrear o excesso de peso, fator de risco para
doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como também a desnutrição, fator de risco
para doenças infectocontagiosas. A avaliação constante do estado nutricional do estudante

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 5 58


adolescente, serve como prevenção à obesidade e às DCNT na vida adulta. Ademais, a
avaliação antropométrica possui um custo baixo, sendo de fácil acesso e aplicabilidade, além
de poder ser utilizada por diversos profissionais de saúde na rotina do acompanhamento
nutricional (MONTARROYOS, 2013).
Em função da importância dessa temática, o objetivo deste estudo foi avaliar o
estado nutricional dos estudantes ingressantes nos três cursos oferecidos em uma escola
federal de ensino médio, no município de Barreiras – BA, no ano de 2019.

2 | METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal, de natureza descritiva, realizado com
adolescentes ingressos no ano de 2019, numa escola pública federal, localizada na área
urbana da cidade de Barreiras, Bahia, Brasil. O Município situa-se no oeste do estado da
Bahia, a 900 km da capital Salvador, com uma população estimada 156.975 habitantes
(IBGE, 2020).
A amostra do estudo foi composta por estudantes de ambos os sexos, que realizaram
matrícula no ano letivo de 2019, em um dos três cursos técnicos integrados no ensino médio:
técnico em edificações, alimentos e bebidas ou informática. Critérios de inclusão: aceitaram
participar do estudo e entregarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
assinado pelos pais ou responsáveis. Critérios de exclusão: escolares que apresentarem
alguma limitação que impedissem a aferição das medidas antropométricas ou que não
entregaram o TCLE assinado.
A coleta dos dados foi realizada no laboratório de Enfermagem da própria escola,
pela pesquisadora e por uma equipe previamente treinada para a pesquisa, com horário
previamente agendado com os estudantes. Consistiu-se, essencialmente, de uma avaliação
antropométrica, na qual foram aferidos o peso, altura, índice de massa corporal (IMC),
circunferência da (CC), circunferência do quadril (CQ) e pressão arterial (PA).
A CC foi avaliada seguindo sugestão de um estudo brasileiro feito no Rio de Janeiro
por RÉMEDIOS, et al, (2015). A relação cintura-quadril (RCQ) foi classificada seguindo
parâmetros da OMS. Posteriormente os dados de IMC foram classificados pelos pontos de
corte da WHO e a Pressão Arterial segundo FLYNN, et al (2017).
A análise dos dados quantitativos foi realizada por meio do programa estatístico
Statístical Pacckage for the Social Sciences (SPSS) for Windows versão 18.0. Os dados
foram descritos pela frequência simples das variáveis e média.

3 | RESULTADOS
Um total de 73 alunos ingressantes foram avaliados neste estudo. A análise
descritiva das participantes do estudo está apresentada na tabela 1. A faixa etária da
amostra variou entre 14 e 17 anos, com média de idade de 15 anos, 28,8% eram do curso

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 5 59


de Técnico em Alimentos e Bebidas, 41,1 % eram ingressantes do curso de Edificações e
30,1% ingressantes no curso de Informática.

Variáveis Frequência % (n)

Idade (anos)
14 5,5 (04)
15 50,7 (37)
16 32,8 (24)
17 11 (08)
Sexo
Feminino 50,7 (37)
Masculino 49,3 (36)
Curso Técnico
Alimentos e Bebidas 28,8 (21)
Edificações 41,1 (30)
Informática 30,1 (22)
Estado nutricional (IMC)
Desnutrição 9,6 (7)
Eutrofia 76,7 (56)
Excesso de peso 13,7 (10)
Circunferência da cintura (CC)
Normal 20,6 (15)
Elevada 79,4 (58)
Relação cintura-quadril (RCQ)
Normal 58,9 (43)
Elevada 41,1 (30)
Pressão Arterial
Normal 79,4 (58)
Elevada 20,6 (15)

Tabela 1. Características dos ingressantes do Ensino Médio Técnico. Barreiras, Bahia.

Observou-se que 49,3% (n=36) dos ingressantes são do sexo masculino e 50,7%
(n=37) são do sexo feminino, a amostra é relativamente proporcional em quantidades para
cada gênero. Dos estudantes do sexo masculino, 72,2% (n=26) estão eutroficos segundo
o IMC, 13,9% (n=5) estão com baixo peso e a mesma quantidade 13,9% (n=5) encontram-
se com sobrepeso. Nas ingressantes do sexo feminino encontramos 81,1% (n=30)
eutróficas, 13,5% (n=5) com sobrepeso e 5,4% (n=2) encontravam-se abaixo do peso.
Quando avaliamos a CC encontramos 83,3% (n=30) dos ingressantes do sexo masculino
com circunferência elevada e apenas 16,7% com circunferência normal; nas meninas a
circunferência da cintura elevada esteve presente em 75,7% (n=28) e a circunferência
classificada como normal em 24,3% (n=9).
Quando avaliamos a RCQ o que encontramos entre meninos e meninas foi a
prevalência de 30,5% (n=11) e 51,4% (n=19) respectivamente, classificados com alto risco
para complicações metabólicas. A avaliação da pressão arterial sistêmica evidenciou que

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 5 60


20,6% da amostra apresentou PA elevada desses, 86,7% (n=13) eram do sexo masculino
e 13,3% (n=2) do sexo feminino, apenas 33,4% (n=5) da amostra total que apresentou
pressão elevada estava com excesso de peso.

4 | DISCUSSÃO
A avaliação antropométrica em adolescentes é bastante dificultada, isso porque é
nessa fase em que o copo passa por transformações importantes, sendo o momento de
transição da fase infantil para a fase adulta. Outro fator importante é a falta de ponto de
cortes de referência. Alguns autores sugerem pontos de corte, porem alguns pontos como
a CC e RQC continuam sem valores consolidados como referência (GOMES, 2010).
Tem crescido o número de estudos que buscam propostas para padronização de
valores críticos para a medida de CC e RCQ por exemplo, porém ainda são poucos, e os
mesmos queixam-se sempre da inexistência de uma padronização de pontos de corte,
percentis ou de um parâmetro classificatório brasileiro para o excesso de adiposidade
abdominal de crianças e adolescentes (LOURENÇO, 2011). Alguns estudos julgam
inapropriado o uso da RCQ para esta faixa etária, já que a largura pélvica se modifica
rapidamente durante o estirão do crescimento, e o índice pode estar refletindo mais essa
variação do que, propriamente, o acúmulo de gordura (SOAR, 2004).
Talvez a inexistência destes padrões de referência seja a causa da escassez dos
estudos epidemiológicos relacionados à obesidade central, o que consequentemente,
dificulta na identificação precoce da população de risco e na adoção de políticas e estratégias
de intervenção, podendo ainda incidir em erros de estimação e combate a mesma.
O avanço epidemiológico caracterizado pelo aumento da obesidade e síndrome
metabólica nos adultos nos últimos anos, também tem atingindo as crianças e adolescente,
por isso a importância da adoção de medidas e padrões de referência que ajudem no
diagnóstico precoce (PEREIRA et al., 2010).
Com relação ao IMC já temos valores consolidados e muito utilizados, porém como
se trata de indivíduos adolescentes com o corpo em transformação, as medidas não devem
ser usadas isoladamente, é necessário relacioná-las com outras, porém no momento de
identificar a obesidade central a utilização da CC, fica limitada e a mercê dos pontos de
corte sugeridos por pesquisadores de outros países. (FERNANDÉZ et al. 2004; LI et al.,
2006, MORENO et al., 2007).
A avaliação do estado nutricional é de extrema importância e numerosos estudos
vêm demonstrando que a obesidade central, têm forte associação com disfunções
cardíacas, metabólicas e hemodinâmicas. Há evidências de que a obesidade e os demais
fatores de risco cardiovascular tendem a se agregar na infância e permanecer até a vida
adulta, sendo associadas com dislipidemias, diabetes, hipertensão arterial, entre outras,
causando problemas importantes na população em geral, tanto em aspectos fisiológicos,

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 5 61


como emocionais e econômicos (SILVA, 2016).
A identificação precoce de indivíduos em risco para doenças crônicas, bem como a
implementação paralela de ações intervencionistas a grupos etários específicos (crianças
e adolescentes), as quais estariam incluídas a promoção da atividade física e hábitos
alimentares saudáveis é fundamental para reverter ou estabilizar o cenário epidemiológico.
(PEREIRA et al., 2010).
Apesar da grande maioria da amostra ser classificada com eutrofia segundo o IMC,
o achado que chamou atenção foi a prevalência de CC elevada, esse fato também foi
encontrado em outros estudos onde evidenciam o crescimento da obesidade abdominal,
avaliada pela CC, em decorrência da obesidade geral, avaliada pelo IMC, em estudos feitos
nas últimas décadas em crianças e adolescentes do Reino Unido e Espanha. (MCCARTHY;
et al. 2001; MCCARTHY; et al. 2003; MORENO et al; 2005; MORENO et al., 2007). Um
estudo transversal apresentado por Carneiro (2017) realizado em escolas públicas e
privadas de Goiânia (GO), analisou adolescentes de 12 a 18 anos com uma amostra total
de 1.169 e encontrou prevalência 21,2% de excesso de peso. Neste estudo, a prevalência
de excesso de peso entre a amostra foi de 13,7% bem abaixo do estudo realizado por
Carneiro (2017).
Alguns estudos mostram uma variação na prevalência de excesso de adiposidade
abdominal entre 6% a 51,7%, neste estudo a prevalência alcançou 79,4%. Provavelmente
essa variação não seria tão grande se houvesse uma uniformização nos pontos de corte
e/ou percentis. Como este estudo é baseado em amostra de estudantes de uma única
escola; consideramos como não representativo da população. Sendo assim, os resultados
não devem ser extrapolados para a população de adolescentes em geral, e a comparação
com outros estudos deve ser cautelosa. Em um estudo epidemiológico transversal com
930 adolescentes de 14 a 19 anos, residentes na cidade de São José, SC, encontrou
uma prevalência de obesidade abdominal de 10,6% para a amostra total (CASTRO, 2016).
Bozza (2016) em um estudo com 1.242 alunos matriculados em escolas públicas da cidade
de Curitiba (PR) encontrou prevalência de 18,2% de pressão arterial elevada.
Um estudo realizado com estudantes do ensino médio da rede pública de ensino
no estado de Pernambuco, com amostra de 6.039 estudantes com faixa etária de 14 a 19
anos encontrou prevalência de pressão arterial elevada de 7,3%, esse estudo encontrou
quase o triplo de prevalência, encontrando o valor de 20,6% sobre a amostra (SANTANA
et al. 2017).
Outro estudo transversal desenvolvido nas escolas públicas estaduais de Campina
Grande, PB, Brasil, com 576 adolescentes de 15 a 19 anos, encontrou que a adiposidade
abdominal e o sexo masculino representam importantes fatores de risco cardiovascular
em adolescentes, no atual estudo encontramos uma prevalência maior do sexo masculino
dentre aquele que apresentaram pressão arterial elevada (COSTA, 2017).
Uma das principais limitações desse estudo foi a não realização da avaliação da

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 5 62


maturação sexual, tarefa complexa a ser implementada em estudos de nível populacional.
Tal avaliação é relevante, pois ocorrem mudanças importantes na composição corporal
durante a puberdade e há diferenças na ocorrência dessas mudanças entre os sexos.

5 | CONCLUSÃO
Os estudantes avaliados seguem a tendência da transição nutricional vivenciada
no país, em que há uma redução de déficits indicativos de desnutrição e um aumento
do excesso de peso. Isso é reflexo do processo de urbanização, que tem resultado no
aumento da ingestão de alimentos calóricos e na redução da atividade física. Uma limitação
do estudo é o fato de representar uma realidade específica de escolares selecionados
a partir de uma amostra de conveniência, o que impossibilita a generalização dos
resultados. E, por isso, estudos mais abrangentes devem ser realizados a partir das
hipóteses levantadas. Os achados desta pesquisa são importantes, pois proporcionam aos
profissionais de saúde visualizarem a vulnerabilidade dos adolescentes frente à transição
nutricional, e a partir de uma atitude reflexiva, implementarem estratégias de atenção
integral a saúde do adolescente. Tais estratégias devem estar voltadas para promoção
da saúde por meio do estímulo a uma nutrição adequada para toda a população e, em
especial, para os adolescentes em idade escolar. A educação nutricional no ambiente
escolar é um bom começo para adoção de hábitos alimentares saudáveis que perpetuarão
ao longo da vida desses indivíduos. Entretanto, ressalta-se a necessidade de desenvolver
estudos que possibilitem o conhecimento dos determinantes sociais relacionados à saúde
do adolescente a fim de melhor planejar as ações propostas.

REFERÊNCIAS
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Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 5 65


CAPÍTULO 6
doi
AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL E
O PERFIL ALIMENTAR DE PRATICANTES DE
MUSCULAÇÃO

Data de aceite: 01/12/2020 o objetivo do presente estudo foi avaliar a


Data da submissão: 24/10/2020 composição corporal e o consumo alimentar,
bem como a responsabilidade pela elaboração
do planejamento nutricional de praticantes de
musculação. Foram avaliados 24 indivíduos, do
Fábio Martins Inácio Tavares
sexo masculino e com idade entre 18 e 35 anos,
Claretiano Centro Universitário, Batatais-SP
que praticam musculação há mais de 12 meses e
http://lattes.cnpq.br/6475933439887671
com frequência regular igual ou superior a cinco
Evandro Marianetti Fioco vezes por semana, dos quais foram registradas
Claretiano Centro Universitário, Batatais-SP informações relativas à prática dos exercícios,
http://lattes.cnpq.br/3394522425171143 à alimentação e ao perfil antropométrico.
Constatou-se que os participantes da pesquisa
Edson Donizetti Verri
apresentaram dieta hiperproteicae hipoglicídica
Claretiano Centro Universitário, Batatais-SP
e o resultado da avaliação da composição
http://lattes.cnpq.br/4518451384385788
corporal apresentou índice de massa corporal
média de 25.09 kg/m², o que classificou os
indivíduos com sobrepeso; entretanto quando
RESUMO: A busca por resultados estéticos de avaliado o percentual de gordura, metade desta
hipertrofia está tornando-se muito comum nas população (50%) apresentou esse índice abaixo
academias de musculação e, para otimizar o da média. Assim, a presença do nutricionista
tempo dos resultados, alguns praticantes dessa nas academiasfaz-se necessária, realizando um
modalidade esportiva adicionam à sua dieta trabalho de orientação sobre os hábitos de uma
suplementos alimentares, que muitas vezes alimentação saudável e possíveis adequações
são considerados a única forma de obtenção de para obtenção dos resultados esperados.
resultados. A associação de uma dieta equilibrada PALAVRAS - CHAVE: Composição corporal.
com a prática de exercício físico fornece os Consumo alimentar. Exercício físico.
recursos necessários para uma mudança positiva
na composição corporal. Em contrapartida, a EVALUATION OF BODY COMPOSITION
adoção de hábitos alimentares - desequilibrados AND THE DIETARY PROFILE OF
em quantidade e qualidade - pode comprometer BODYBUILDERS
tais resultados. A composição corporal, expressa ABSTRACT: The search for aesthetic results
em percentual de massa magra e percentual of hypertrophy is very common in gyms and,
de gordura é estabelecida entre a proporção da to optimize the time of the results, some
massa total e dos componentes corporais e, para bodybuilders add supplements to their diet,
atletas, a avaliação corporal pode representar which are often considered the only way to obtain
ganho ou perda de rendimento. Dessa forma, results. The combination of a balanced diet and

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 6 66


physical activity provides the necessary resources for a positive change in body composition.
In contrast, having unbalanced eating habits regarding quantity and quality can compromise
such results. The body composition, represented by the percentage of lean mass and the
percentage of fat, is established between the proportion of total mass and body components.
For athletes, body evaluation can represent better or worse performance. Thus, the objective
of this article was to assess body composition and food intake, as well as the responsibility of
preparing the nutritional plan for bodybuilding practitioners. Twenty-four male individuals took
part in this study. They are aged between 18 and 35, and have been practicing weight training
for more than 12 months, with regular frequency of five or more than five times a week. Data
regarding the exercises they did, their diet and their anthropometric profile was recorded. It
was found that the participants of the research presented a high-protein and low-glycemic diet
and the result of the evaluation of body composition showed an average body mass index
of 25.09 kg / m2, classifying these individuals as overweight. However, when assessing the
percentage of fat, half of the participants (50%) were below the average. The presence of
dietitians in gyms is necessary, as they carry out an orientation about healthy eating habits
and possible adjustments to obtain the expected results.
KEYWORDS: Body composition. Food intake. Physical activity.

1 | INTRODUÇÃO
A Avaliação da Composição Corporal (ACC) é um método utilizado para estimar e
acompanhar as modificações dos componentes corporais, sendo preferida a utilização da
técnica de pregas cutâneas (PC) e do método da impedância bioelétrica (BIA) por tratar-se
de métodos não invasivos e de baixo custo. Quando aplicados, a atletas e praticantes de
exercícios, podem ajudar no desempenho e planejamento do treino. Tanto a técnica  PC
como a de BIA são confiáveis e utilizadas para estimar indiretamente a densidade corporal
e a porcentagem de gordura, mas ambas apresentam limitações, pois o avaliador deve ser
treinado para aplicação das técnicas e escolha adequada da equação a ser utilizada para
o cálculo (Deminice; Rosa, 2009).
A ACC é o processo que irá determinar o planejamento nutricional e pode apontar
possíveis distúrbios alimentares; dessa forma um dos seus principais objetivos é conhecer
e entender os hábitos alimentares de uma determinada população ou ela como um todo.
Assim, a aplicação desse método torna-se uma ferramenta muito útil que estabelece um
vínculo entre o profissional da saúde e o paciente/cliente no amplo aspecto de identificar,
avaliar e corrigir as inadequações da alimentação e possíveis deficiências (Silva e Cols,
2003). 
Quando a ACC é aplicada ao esporte, tais mudanças visam não só à garantia da
saúde de atletas (tanto amadores como profissionais), mas também a auxiliar em um
objetivo de ganho de desempenho. Estabelecer uma rotina respeitando as preferências
individuais é um desafio que se torna ainda mais complexo quando está associado ao uso de
alimentos ergogênicos, pois devem ser considerados alguns aspectos como: a modalidade,

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 6 67


intensidade, idade, sexo e outras variáveis que influenciam direta e indiretamente no
desempenho, preferência e resultados esperados. As amplas variedades de protocolos
existentes possibilitam a utilização de estimativas com base nas variáveis esportivas e
objetivos desejados, ficando a critério do profissional de saúde e equipe determinar quais
protocolos utilizar (Hernandez e Nahas, 2009).
É de conhecimento geral que a associação entre exercícios e uma alimentação
equilibrada proporcional aos indivíduos gera benefícios à sua saúde. As informações
nutricionais, apesar de abundantes, nem sempre são confiáveis em sua maioria e a
presença de profissionais da nutrição em academias ainda é pouco usual. Diante do uso
inadequado de suplementos nutricionais e da adoção de uma dieta sem orientação de um
profissional habilitado.

2 | OBJETIVO
Verificar a composição corporal e o consumo alimentar, bem como  a responsabilidade
pela elaboração do planejamento nutricional de praticantes de musculação da academia do
Claretiano - Centro Universitário. 

3 | METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado com os praticantes de musculação da academia
do Claretiano - Centro Universitário da cidade de Batatais/SP na forma de uma pesquisa
isolada, a fim de preservar as respostas e a identidade dos participantes. Vale frisar que o
trabalho é caracterizado como descritivo com corte transversal, sendo desenvolvido após
aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa sob o protocolo 3.331.241. 
Do n participativo (Tabela 1), 24 indivíduos, do sexo masculino e com idade entre
18 e 35 anos, destes 94,12% praticam musculação há mais de 12 meses, com frequência
regular igual ou superior a cinco vezes por semana e que concordaram através do termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE). Foram excluídos do estudo os participantes que
apresentavam limitações ou restrições à prática de exercício físico, que tinham frequência
menor que seis meses e que não preenchessem o questionário corretamente. 

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 6 68


Tabela 1 – Características do treino dos praticantes de musculação da academia do Centro
Universitário Claretiano
Fonte: Elaboração própria

A coleta dos dados foi realizada através de um formulário com 12 questões que
abordou informações relativas à prática dos exercícios como tempo de treino e duração,
utilização de suplementos ergogênicos e percepção dos seus efeitos, refeições pré e pós-
treino, quantidade de refeições diárias e o responsável pelo fornecimento das orientações
alimentares.
Para a identificação do perfil antropométrico, os participantes foram pesados
individualmente, em uma balança tarada e acondicionada em uma superfície plana. A
coleta de peso foi realizada através de uma balança Welmy®, e a altura foi mensurada
através de um estadiômetro Welmy®, em uma sala adaptada para a coleta do estudo na
própria academia do Claretiano - Centro Universitário de Batatais.
Para a coleta das dobras cutâneas foi utilizado o adipômetro Cescorf® e através
dele foram coletadas as medidas, segundo a metodologia proposta por Jackson e Pollock,
das dobras: subescapular, tricipital, bicipital, peitoral, axilar média, abdominal, supra ilíaca,
femoral média e da panturrilha. Para a coleta das circunferências foi utilizada uma trena
antropométrica Sanny® (SN-4010) de 2 metros, com a qual foram aferidas as medidas de
circunferência do tórax, cintura, abdômen, quadril, coxa direita e esquerda, braço direito e
esquerdo, antebraço direito e esquerdo e punho. Para o cálculo da estimativa da densidade
corporal foi utilizada a equação somatória de sete dobras, desenvolvida por Jackson;
Pollock (1978) e posteriormente a equação de Siri (1961) foi aplicada a fim de estimar o
percentual de gordura.
Os dados referentes ao consumo alimentar dos participantes, foram coletados
em dois momentos. O primeiro deles foi realizado por meio do recordatório de 24 horas,
em que a coleta dessas informações aconteceu durante a avaliação antropométrica. A
segunda coleta foi executada mediante ao preenchimento de um registro alimentar, o qual
o participante levou para casa e, durante a semana e de maneira aleatória, escolheu um dia
para realizar o registro dos alimentos consumidos durante aquele dia. Os dados coletados

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 6 69


viabilizaram informações referentes aos horários das refeições, aos alimentos ingeridos, à
medida caseira utilizada bem como ao estado de humor que o participante encontrava-se
na hora de suas refeições. Para a análise quantitativa foi utilizado o software Dietbox®
Básico (versão online em https://dietbox.me/pt-BR) para determinar a ingestão diária dos
macronutrientes conforme as recomendações estabelecidas pelas Dietary Reference
Intakes (DRIs) (2002/2005). 

4 | RESULTADOS
Os valores médios das variáveis de índice de massa corporal (IMC), peso e
percentual de gordura corporal (%GC) são apresentados na Tabela 2:

Tabela 2 – Valores médios de peso, altura, IMC e % GC dos praticantes de musculação da


academia do Centro Universitário Claretiano. (1) DP = Desvio Padrão, (2) IMC = Índice de
Massa Corporal, (3) %GC = Percentual de Gordura Corporal.
Fonte: Elaboração própria

Ao analisar o consumo alimentar (Tabela 3), observa-se que a maioria dos indivíduos
(91,67% N=22) consumia carboidrato abaixo das recomendações mínimas de ingestão
para recuperação muscular propostas pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício
e do Esporte - SBME. Além disso, 58,33% (n=14) dos entrevistados apresentaram dieta
hiperproteica se comparada com as recomendações da SBME (2009) e apenas 4,17%
adotaram uma dieta normoproteica. Em relação à avaliação do consumo proteico por kg de
peso corporal, o consumo médio da população estudada foi de 2,02g/Kg, o que representa
um consumo acima dos 1,7g/Kg sendo esse valor a orientação proposta pela SBME (2009)
para aqueles que têm por objetivo aumento de massa muscular. Em relação ao consumo
de lipídeos, nenhum dos entrevistados ficou na faixa recomendada de 1g/Kg (ou 30% do
valor calórico total de 2000 kcal), enquanto 54,17% (n=13) apresentaram dieta hipolipídica,
45,83% apresentaram uma dieta hiperlipídica conforme diretrizes da SBME (Hernandez e
Nahas, 2009).

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 6 70


Variáveis n Total
Carboidratos em gramas
    Adequado 1 4,17 %
    Acima do recomendado 1 4,17 %
    Abaixo do recomendado 22 91,67 %
    SBME (2009) 389 g - 622 g
Proteínas em gramas
    Adequado 1 4,17 %
    Acima do recomendado 14 58,33 %
    Abaixo do recomendado 9 37,50 %
    SBME (2009) 124 g - 132 g
Lipídios em gramas
    Adequado 0 0%
    Acima do recomendado 11 45,83 %
    Abaixo do recomendado 13 54,17 %
    SBME (2009) 67 g - 78 g

Tabela 3 – Consumo de macronutrientes entre os praticantes de musculação da academia do


Centro Universitário Claretiano, considerando peso médio de 77,69 Kg.

Notas: Recomendações calóricas para atividade leve a moderadamente ativo – 2000 a 3000
Kcal.Recomendação para consumo de carboidrato 5g a 8g/Kg/dia.Recomendação para
consumo de proteína para aumento de massa muscular 1,6g a 1,7g/Kg/dia.Recomendações
para consumo de lipídios prevalecem para a população geral, 1g/Kg/dia ou 30% do valor
calórico total (2000 kcal).
Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte - SBME. 

A composição corporal, expressa em percentual de massa magra e percentual de


gordura, é estabelecida entre a proporção da massa total e dos componentes corporais e
para atletas a avaliação corporal pode representar ganho ou perda de rendimento (Araújo
e Cols., 2015). Para este estudo, dentre as formas de avaliação da composição corporal,
foi utilizada a coleta com audiômetro das dobras cutâneas, que apresentou como resultado
uma prevalência de participantes com percentual de gordura abaixo da média, segundo
adaptação de Hayward e Stolarczyk, 1996, conforme Tabela 4. 

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 6 71


Tabela 4 – Percentual de gordura corporal coletado com audiômetro segundo preconizado por
Lohman, 1992 e adaptado de Hayward e Stolarczyk, 1996, dos praticantes de musculação da
academia do Centro Universitário Claretiano.

Notas: Para valores superiores a 25%, alto risco para doenças e desordens associadas à
obesidade e para valores inferiores a 5% alto risco para doenças e desordens associadas à
desnutrição.
Fonte:  Adaptada de Lohman (1992) in Heyward and Stolarczyk, 1996, pg5.

5 | DISCUSSÃO
Nos dias atuais a procura pela musculação tem aumentado entre praticantes
jovens e adultos com objetivos variados que vão desde a hipertrofia até a busca por um
estilo de vida mais saudável (Junior e Cols, 2017). A prática da musculação, seja como
esporte ou apenas como exercício para evitar o sedentarismo, demanda um aporte calórico
aumentado, o que indica também a necessidade de ingestão de quantidades adequadas de
nutrientes. A preocupação excessiva do aumento do volume muscular por parte de alguns
praticantes, somada à adoção de suplementos na dieta - utilizados indiscriminadamente
com o objetivo de otimizar resultados em períodos menores de tempo denota que a falta
de orientação profissional pode acometer práticas alimentares equivocadas como dietas
hiperproteicas, valendo frisar ainda que a preferência por este tipo de dieta pode causar
danos à saúde, o que corrobora com o estudo de Bernardes e Cols (2016). 
Diante dessa popularização, o presente estudo apontou que 94,44% dos participantes
apresentavam regularidade igual ou superior a cinco dias na semana e o mesmo número
apresentou frequência maior a 11 meses de prática. Esse resultado corrobora com o
estudo de Galati e cols.(2017), que descreve frequência superior a 12 meses para 80%
dos praticantes de atividade física. Diferentementedo estudo de Cardoso e col. (2017), o
qual aponta que 50% dos praticantes apresentam um tempo de prática igual ou inferior a
12 meses.
Para referenciar os macronutrientes, foram utilizadas as diretrizes da SBME (2009)
com a finalidade de estabelecer um parâmetro de referência. O consumo de uma dieta com
baixa quantidade de carboidrato, apontado neste estudo, corrobora com a análise feita por
Galati e cols. (2017) a qual apresenta uma dieta hipoglicídica em 66% dos indivíduos, o

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 6 72


que é reforçado no estudo de Lima e cols. (2015), em que os entrevistados apresentam
preferência por uma dieta hipoglicídica na maior parte das amostras.
Segundo Ribas e cols. (2015), a dieta hiperproteica não tem respaldo científico
quanto a sua eficiência sobre a melhora da síntese protéica e a necessidade de excreção
do nitrogênio, gerada por meio desta síntese, podem acarretar sobrecarga renal. Ainda
segundo esse estudo, os praticantes de musculação do sexo masculino, em sua totalidade,
consumiam proteína acima das recomendações. De acordo com o que foi apontado por
Galati e col. (2017), o resultado é semelhante, basta observar que 74% dos praticantes
apresentam uma dieta hiperproteica com consumo superior a 1,7g/kg de proteína. 
Com relação à ingestão de lipídios, os participantes do estudo apresentaram uma
preferência pouco maior por uma dieta hipolipídica, resultado diferente do estudo de Lima
e cols (2015), que apresenta um percentual significativo de indivíduos com essa dieta
e aponta a correlação entre ela e o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT) na população geral. 
O índice de massa corporal (IMC), em praticantes de musculação e de forma
isolada, não representa um parâmetro de avaliação da composição corporal, pois pode
ocorrer um valor elevado pela presença de grande volume corporal, e não necessariamente
pela existência de gordura corporal, de acordo com Bernardes e cols (2016). O estudo
demonstra que 50% dos participantes apresentam um percentual de gordura dentro da
faixa entre 6 a 14,5%, sendo considerado abaixo da média, segundo adaptado de Hayward;
Stolarczyk, 1996. Valor semelhante com os participantes do sexo masculino é apresentado
no estudo de Junior e col. (2017), em que os valores de percentual de gordura para essa
população é de 11,14%.

6 | CONCLUSÃO
Os resultados obtidos no presente estudo apontam que 50% da população avaliada
denotam valores de índice de massa corporal inadequados, com valor superior ao limite da
eutrofia e apresentando assim, resultados de sobrepeso, que em números, estão entre o
menor valor de IMC (22,47Kg/m²) e o maior (30,42 Kg/m²)). Entretanto, quando avaliados
através do percentual de gordura corporal, os mesmos 50% da população estudada
apresentam percentagem entre 6% e 14,5% de gordura corporal, valores esses, segundo
adaptação de Lohman (1992) in Hayward; Stolarczyk (1996) considerados abaixo da média
para população masculina. Apenas 11,1% dos indivíduos apresentaram um percentual
de gordura superior a 25%, número que está associado ao alto risco de doenças e às
desordens associadas à obesidade.
Em relação ao consumo alimentar, notou-se que 91,67% dos indivíduos avaliados
apresentam uma dieta hipoglicídica, o que sugere atenção quanto ao consumo de
carboidratos, uma vez que estes são de fundamental importância devido à capacidade de

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 6 73


melhorar odesempenho nas atividades físicas esportivas, em especial de longa duração
ou de alta intensidade. No mesmo estudo, foi mostrado que 58,33% dos participantes
apresentaram uma dieta hiperproteica; sendo importante ressaltar que o consumo
proteico, seja na alimentação ou com o consumo de suplementos e acima dos valores de
recomendações, não otimiza ou adiciona o ganho de massa magra. O resultado referente
ao consumo de lipídios foi o que apresentou maior inadequação, uma vez que 54,17% dos
participantes apresentaram dieta hipolipídica e 45,83% apresentaram dieta hiperlipídica.
Diante deste resultado, far-se-á necessária a adequação do consumo alimentar
desta população com o objetivo de melhorar o desempenho na prática da musculação e
evitar possíveis danos à saúde, decorrentes do consumo alimentar inadequado associado
à suplementação sem a instrução de um profissional apto. Decorrente do exposto, esse
estudo aponta a necessidade da presença do nutricionista nas academias, o qual realizará
um trabalho de orientação sobre os hábitos de uma alimentação saudável e possíveis
adequações para a obtenção dos resultados esperados.

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Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 6 75


CAPÍTULO 7
doi
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D NO
TRATAMENTO COADJUVANTE DA DEPRESSÃO

Data de aceite: 01/12/2020 Ícaro Moura Ramos


Graduado em Nutrição, Centro Universitário
Unifanor, Fortaleza – Ce
Maria Luiza Lucas Celestino
Pós-Graduação em Prescrição de Fitoterápicos Márcia Môany Araújo Oliveira
e Suplementação Nutricional Clínica e Graduada em Nutrição, Centro Universitário
Esportiva, Universidade Estácio de Sá, Rio de Fametro, Fortaleza – Ce
Janeiro – RJ
Marcela Myllene Araújo Oliveira
Priscilla de Oliveira Mendonça Freitas Graduada em Fisioterapia, Centro Universitário
Pós-Graduação em Fisiologia Humana, Estácio do Ceará, Fortaleza – Ce
Faculdade de Tecnologia Intensiva, Fortaleza
– Ce Andreson Charles de Freitas Silva
Mestre e doutorando em Ciências Fisiológicas,
Francisco Eudes de Sousa Júnior Universidade Estadual do Ceara, Fortaleza –
Pós-Graduação em Fisiologia Humana, Ce
Faculdade de Tecnologia Intensiva, Fortaleza
– Ce

Orquidéia de Castro Uchôa Moura


RESUMO: A depressão é uma condição
Pós-Graduação em Nutrição Clínica e
crônica ou recorrente que afeta o psicológico
Esportiva, Faculdade de Quixeramobim,
do indivíduo. A OMS prevê que até o ano de
Fortaleza – Ce
2020 será o segundo fator de doença global
Camila Araújo Costa Lira mais comum. Considera-se deficiência de
Pós-Graduação em Nutrição Clínica e vitamina D quando ocorre um nível inferior
Esportiva, Faculdade de Quixeramobim, a 20 ng/mL e a insuficiência de vitamina D
Fortaleza – Ce quando for inferior a 30 ng/mL. É provável que a
insuficiência ou deficiência de vitamina D possa
Roseane Carvalho de Souza
ter atingido mais de um bilhão de pessoas. O
Pós-Graduanda em Gerontologia, Faculdade
Faveni, Espirito Santo – ES presente estudo trata-se, de uma revisão de
literatura. Foram observadas publicações que
Daniele Campos Cunha abordam depressão, insuficiência de vitamina
Residente em Saúde da Família e Comunidade D e suplementação para tratamento associado.
- Escola de Saúde Pública do Ceara - ESP/Ce, Pesquisas devem prosseguir para analisar se a
Fortaleza – Ce suplementação seria uma intervenção preventiva
Ana Mayara Setúbal aos sintomas relacionados à depressão.
Graduada em Nutrição, Centro Universitário PALAVRAS - CHAVE: Vitamina D; Depressão;
Estácio do Ceará, Fortaleza – Ce Tratamento; Saúde Mental.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 7 76


ABSTRACT: Depression is a chronic or recurring condition that affects the individual’s
psychological. The WHO predicts that by the year 2020 will be the second most common
global disease factor. Vitamin D deficiency is considered when there is a level below 20 ng/
mL and vitamin D insufficiency when it is below 30 ng/mL. It is likely that vitamin D deficiency
or deficiency may have reached more than one billion people. The present study is a literature
review. Publications that address depression, vitamin D insufficiency and supplementation for
associated treatment have been observed. Research should continue to examine whether
supplementation would be a preventive intervention for symptoms related to depression.
KEYWORDS: Vitamin D ;Depression; Treatment; Mental Health.

INTRODUÇÃO
A depressão consiste em um transtorno psiquiátrico que pode acometer cerca de
3% a 5% da população. Trate-se de um transtorno que altera as percepções do indivíduo
de si mesmo, passando a ver seus problemas e dificuldades como eventos catastróficos
sendo impossível que chegue a uma solução. Os sintomas da depressão são descritos
como irritabilidade, apatia, perda de interesse, tristeza, atraso motor ou/e agitação, queixas
somáticas (insônia, fadiga, anorexia) e ideias agressivas (BROUWER-BROLSMA et al.,
2016; ESTEVES; GALVAN, 2006).
Em todo o mundo, a depressão afeta cerca de 121 milhões de pessoas e
consequentemente gera uma incapacidade mental e física. A depressão ocupa o quarto
lugar na lista global de doenças (JORDE et al., 2008).
Apesar de se tratar de uma doença grave que pode levar a morte, por ser considerada
muitas vezes como uma melancolia em si, o diagnóstico e o tratamento acaba não sendo
devidamente aplicados. (DE OLIVEIRA; HIRANI; BIDDULPH, 2018; ESTEVES; GALVAN,
2006; PARK et al., 2016). Acaba sendo subdiagnosticada ou quando diagnosticada
com eficiência, o tratamento é muitas vezes inadequado. Mesmo com tratamento para
a depressão, estudos demonstram que pouco mais de 10% dos casos são devidamente
diagnosticados e tratados com efetividade, um dos maiores motivos para estes números
baixos se dá pela falta de capacitação adequada dos profissionais e falta de recursos
(SOARES; CAPONI, 2011)
Nos Estados Unidos, cerca de 6,7% dos adultos têm depressão, e é a principal causa
de deficiência para os americanos entre 15 e 44 anos. Com o aumento das taxas, até o ano
de 2020, a OMS prevê que será o segundo fator de doença global mais comum. Para obter
sucesso no tratamento, é necessário o cumprimento de 60 a 80% do tempo. Entretanto,
menos de 25% das pessoas com a patologia tem adesão ao tratamento. (JORDE et al.,
2008).
Para tratamento da depressão incluem medicação antidepressiva e a psicoterapia
como coadjuvante. Geralmente, quando o tratamento não tem sucesso, está relacionado
ao não cumprimento da profilaxia (JORDE et al., 2008).

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 7 77


O tratamento interrompido se dar por diversas razões, entre elas, efeitos colaterais
indesejados da medicação, medo de uma possível dependência, motivos financeiros ou até
mesmo de que a medicação não é mais necessária (PENCKOFER et al., 2010).
Observou-se 42,4% dos pacientes interrompem a medicação em torno de 30 dias
após o início do tratamento e 52,1% dos pacientes interromperam a medicação em 60 dias
(DEAN et al., 2011). Considera-se um grande risco de recaída uma adesão menor que
85% do plano de tratamento de medica. A depressão é uma condição crônica ou recorrente
(PENCKOFER et al., 2010)
É provável que a insuficiência ou deficiência de vitamina D possa ter atingido mais
de um bilhão de pessoas. A melhor maneira de avaliar o nível de 25-hidroxivitamina D é
por meio sérico. Considera-se deficiência de vitamina D quando ocorre um nível inferior a
20 ng/mL e a insuficiência de vitamina D quando for inferior a 30 ng/mL (PENCKOFER et
al., 2010)
A vitamina D é de suma importância para manutenção da homeostase do
cálcio e saúde óssea, entretanto, observa-se um ponto relevante no que se refere ao
desenvolvimento e função cerebral (JORDE et al., 2008).
O metabolito ativo da vitamina D - 1,25 dihidroxivitamina D (1,25 (OH)  2  D), é
sintetizado no cérebro pela enzima 1α-hidroxilase, dando assim, possibilidades para
a ativação local da vitamina D. O receptor (VDR) e a vitamina D participam de várias
áreas cerebrais importantes para a depressão e o comportamento emocional, incluindo o
hipocampo e o hipotálamo. Além do que, 1,25 dihidroxivitamina D (1,25 (OH) 2 D) estimula
a produção de neurotransmissores de monoamina relacionados à depressão, promovendo
sobre o cérebro um efeito protetor e proporcionando ao cérebro um funcionamento através
da imunomodulação, promoção da neuroplasticidade e ação anti-inflamatória (DEAN et al.,
2011).
A vitamina D é um hormônio esteroide e desempenha diversos papéis importantes
fisiológicos e está sendo reconsiderada como um esteróide neuroativo. Novas pesquisas
sugerem que a insuficiência ou deficiência nos marcadores bioquímicos da vitamina D
podem ter relação direta com quadro depressivo (DEAN et al., 2011).
No entanto, é importante observar fatores que podem levar a um novo direcionamento
no tratamento da depressão. A nutrição é um fator relevante e deve ser avaliado, assim
como a suplementação da vitamina D que pode melhorar a saúde mental e física, bem
como colaborar na prevenção de muitas outras doenças.

METODOLOGIA
Para o presente estudo, realizou-se uma revisão de literatura a qual utilizou as
seguintes bases de dados: PubMed, Scielo, Cochrane, Elservier, Períodico Capes e Google
Acadêmico a fim de identificar artigos científicos publicados no período de 2006 ao ano de

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 7 78


2018. A busca nas fontes citadas, foi realizada tendo como palavras-chave: “vitamina D”,
“depressão”, “tratamento” e “saúde mental”.
Para critério de inclusão, foram utilizados artigos publicados nos últimos dez anos,
estudos randomizados e que tinham como base pesquisa original voltada para deficiência
de vitamina D, depressão e transtornos psicológicos.
Utilizou-se como critérios de exclusão, artigos publicados há mais de treze anos,
pesquisas não randomizadas, revisão de artigos e estudos ainda em fase de aplicação da
metodologia para obtenção dos resultados, sem assim, inconclusivos.

RESULTADOS
Após o levantamento dos artigos seguindo os critérios de inclusão pré-estabelecidos
obtivemos um total de 12 artigos. Observamos que estes por sua vez, foram publicados nos
últimos dez anos e seus dados foram apresentados no quadro a seguir:

AUTOR/ANO MÉTODOS RESULTADOS CONCLUSÃO

O presente estudo foi


prospectivo, randomizado
e duplo-cego, numa
população de 746 Após 52 semanas,
pacientes em diálise e os sintomas
com depressão. Avaliou- depressivos não foram
se os distúrbios mentais significativamente
conforme diagnóstico e melhorados no grupo
estatística.
de teste (os escores
A população submetida ao
estudo foram tratados em médios de BDI II
3 hospitais no sudeste da mudaram de -1,1 ±
China. 0,3 para -3,1 ± 0,6)
A suplementação com
A amostragem foi de forma em relação ao grupo
alta dose de VD3 não
aleatória, o tratamento foi controle. A regressão
durante 52 semanas de reduziu significativamente
logística multivariada
50.000 IU / wk VD3 (grupo os sintomas depressivos
mostrou que os valores
colectivo) ou um placebo em nossa população
de BDI não foram
(WANG et al., 2016) (grupo controle) e dividiu- de diálise total, mas um
significativamente
se em grupos de 2. efeito benéfico sobre a
Antes e após do melhorados no grupo
depressão vascular foi
tratamento, para avaliar de teste versus o grupo
encontrado,principalmente
os sintomas depressivos, controle com ajuste
com base na melhora
foi utilizado a versão para idade, sexo,
dos fatores de risco
chinesa do Inventário de índice de comorbidade,
Depressão Beck (BDI). cardiovascular.
modalidade de diálise
Também foi coletado ou (OH) D (alteração
determinados dados média ajustada
sociodemográficos,
multivariada ou MAMC
dados clínicos, índices
nutricionais, biomarcadores [intervalo de confiança
inflamatórios e de 95% (IC)], -2,3
concentrações plasmáticas [-2,48 a -1,83]) em toda
de VD3. Por fim, 726 a população de diálise.
pacientes completaram as
experiências, incluindo 362
pacientes testados e 364
controles.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 7 79


O estudo foi um ensaio
clínico randomizado
duplo-cego. Foi realizado
com 218 mulheres
com excesso de
peso, pós-menopausa
durante 12 meses,
todas as participantes
apresentaram Após os 12 meses,
concentrações não houve alterações Suplementação de
insuficientes de Vit. D. significativas de peso 2000 UI/dia de Vit.
Os participantes foram entre os grupos. As D não apresentaram
divididos em 2 (dois) alterações referentes melhoria nos sintomas de
grupos. O primeiro a Vit. D foram bem depressão e de qualidade
grupo foi submetido a elevadas, com 13,6 de sono em mulheres
um programa de perda ng/mL para o grupo pós-menopausa com
de peso + ingestão de que ingeriu Vit. D excesso de peso. Porém,
(MASON et al.,
2000 IU / dia de Vit. D3 versus 1,3 ng/mL mulheres que tiveram
2016)
(n=109). O segundo para o grupo com maior variação de Vit. D
grupo foi submetido ao placebo. Participantes circulante, apresentaram
mesmo programa de que receberam Vit. maior necessidade de
perda de peso + Placebo D não apresentaram medicamentos para
diário (n=109). modificações no quadro sono em comparação
O programa de perda de de depressão (p=0,78). as participantes que
peso foi o mesmo para Não houve melhora da mantiveram os niveis <
ambos os grupos, sendo qualidade de sono entre 32ng / mL.
composto por dieta e os grupos (p>0,05).
exercícios adaptados do
Programa de Prevenção
de Diabetes. A dieta
ofereceu 1200-2000 kcal/
dia, com 30% a menos de
gordura + 45 minutos de
exercício de intensidade
moderada a vigorosa.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 7 80


Trata-se de uma análise
secundária dos dados e
Menores níveis de
amostras de sangue de
Os níveis de vitamina vitamina D no início da
uma coorte de mulheres
D de 12 a 20 semanas gravidez estão associados
que se inscreveram
foram inversamente a sintomas depressivos
no estudo de Mães. O
associados com os na gravidez precoce e
objetivo principal da escores de BDI aos tardia. Essa associação
análise secundária foi 12-20 pode ser atribuída a
determinar se a baixa e às 34-36 semanas um verdadeiro efeito da
vitamina D durante a de gestação (P <0,05, deficiência nutricional
gravidez está associada ambos). Por cada ou, alternativamente,
a sintomas depressivos aumento de unidade pode estar relacionada
conforme avaliado pelo de vitamina D no início a diferenças no
escore do Inventário da gravidez, ocorria a metabolismo da
(WILLIAMS et al., de Depressão Beck em diminuição média no vitamina D entre as
2016) três pontos de tempo escore médio de BDI, mulheres predispostas
durante a gravidez. onde foram verificadas à depressão e as que
Participaram do estudo a diminuição de 14 não são. Importantes
126 mulheres grávidas unidades. Nesse áreas de pesquisa
em risco de depressão sentido, os níveis futuras incluirão ensaios
clínica. Os participantes de vitamina D não clínicos randomizados
foram randomizados para foram associados e controlados de
um dos três grupos: a) aos diagnósticos de suplementação de
suplemento de óleo de transtorno depressivo vitamina D para mulheres
peixe rico em EPA (1060 maior ou transtorno que examinam o risco
mg de EPA mais 274 mg de ansiedade de depressão no início
de DHA); b) Suplemento generalizada. da gravidez e que
de óleo de peixe rico em
apresentam baixos níveis
DHA (900 mg de DHA
de vitamina D.
mais 180 mg de EPA); e
c) placebo.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 7 81


Foram encontrados
12,5% (n 2085) e
13,8% (n 2319) com
sintomas de depressão
e ideação suicidas
respectivamente.
Trata-se de estudo
A idade média dos
transversal conduzido
pela Divisão de Doenças participantes com
Crônicas centro Coreano. sintomas depressivos
Foi conduzido através era de 48,32 anos.
de uma entrevista face- Os níveis séricos de
Não foi encontrado relação
a-face para coleta de Vitamina D foram entre concentração de
dados demográficos, de de 17,10 ng/ml nos vitamina D com sintomas
estilo de vida, saúde, participantes com de depressão e ideação
condições medicas e sintomas depressivos, suicida na população
(PARK et al., 2016) amostras de sangue.
não possuindo uma coreada adulta. Mesmo a
Foram entrevistadas
relação significativa concentração de vitamina
25.533 pessoas com
com os pacientes sem D fosse ligeiramente
mais de 20 anos,
sintomas (17,36 ng/ inferior em pacientes
onde somente 15,695
com depressão ou ideias
foram selecionadas ml). Os participantes
suicidas.
com base nos níveis com ideias suicidas
séricos de vitamina D, possuíam idade média
das respostas sobre de 49,14 anos, com
sintomas depressivos e concentração sérica
ideias suicidas estavam
de Vitamina D de
disponíveis.
17,31 ng/ml, o que
também não foi uma
relação significativa
em comparação dos
pacientes sem ideais
suicidas (17,33 ng/ml).
Estudo de caso-controle
aninhado, comparando
os participantes com
níveis baixos e altos de
25 (OH) D no soro e um
estudo randomizado Os participantes com
controlado, comparando níveis baixos de 25
a suplementação de (OH) D ( n = 230) na
6 meses com doses linha de base foram
elevadas de vitamina mais deprimidos
Os níveis baixos de 25
D versus placebo nos ( P <0,05) do que os
(OH) séricos do soro estão
participantes com baixos participantes com níveis
associados a sintomas
níveis séricos de 25 (OH) elevados de 25 (OH) D
(KJAERGAARD et depressivos, mas nenhum
D. Realizado de outubro ( n = 114). No estudo
al., 2012) efeito foi encontrado
de 2009 a novembro de de intervenção, nenhum
com suplementação de
2010, com o período de efeito significativo da
vitamina D.
inclusão de outubro de vitamina D de alta dose
2009 a abril de 2010, na foi encontrado nos
Unidade de Pesquisa escores de sintomas
Clínica do Hospital depressivos quando
Universitário do Norte comparado com o
da Noruega. Aprovado placebo.
pelo Comitê Regional
de Pesquisa Médica e
Ética em Saúde e pela
Agência Norueguesa de
Medicamentos.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 7 82


Após 2 anos, mulheres
randomizadas para
receber vitamina D e
cálcio apresentaram
odds ratio para sintomas
depressivos (Burnam
score ≥0.06) de 1. 16
(intervalo de confiança Não foi observada
Os autores avaliaram o
de 95%: 0,86, 1,56) relação entre 2 anos
impacto da suplementação
em comparação de suplementação
diária com 400 UI de
com mulheres no diária com 400 UI de
vitamina D (3) combinada
grupo placebo. A vitamina D e 1.000 mg
com 1.000 mg de cálcio
suplementação não de cálcio elementar e
elementar em medidas de
foi associada ao uso medidas de estado de
depressão em um ensaio
de antidepressivos depressão. Ensaios
randomizado, duplo-
(BERTONE- (odds ratio = 1,01, adicionais que
cego de US, composto
JOHNSON et al., intervalo de confiança experimentam doses
por 36.282 mulheres
2012) de 95%: 0,92, 1,12) suplementares
pós-menopáusicas. A
ou índice contínuo de superiores de vitamina
escala de Burnam e o
sintoma depressivo. Os D são necessários
uso atual de medicação
resultados estratificados para determinar se
antidepressiva foram
pela vitamina D inicial este nutriente pode ser
utilizados para avaliar
e consumo de cálcio, benéfico na prevenção ou
sintomas depressivos na
irradiância solar e tratamento da depressão
randomização (1995-
outros fatores foram entre populações
2000).
semelhantes. Os específicas.
achados não suportam
uma relação entre
suplementação com
400 UI / dia de vitamina
D (3) juntamente com
cálcio e depressão em
mulheres mais velhas.

Realizado com 489 idosas


em menopausa entre
65-77 anos, divididas em
quatro grupos de forma Todos as participantes
aleatória - estrogênios responderam o
estrogênio equinos questionário GDS.
conjugados 0,625 mg Somente 412
/ diário (ET); Calcitriol (85%) responderam
0,25 g duas vezes completamente do
ao dia; Grupo de questionário, somente
combinação (HT plus 337 terminaram
Não foi mostrado efeito de
calcitriol) e placebos completamente os
HT ou calcitriol sejam eles
correspondentes. Todas fármacos ativos.
individualmente ou em
(YALAMANCHILI; receberam duas pílulas Não ouvi diferença
combinação para melhora
GALLAGHER, 2012) (placebo e pílula de significativa entre os
do quadro de depressão
intervenção). grupos.
em mulheres idosas com
Escolhidas as que 4% (n=17) das
menopausa.
tiveram 80% ou mais de participantes
compatibilidade com a estavam tomando
medicamentação. As que antidepressivos, no
apresentaram doenças entanto, 57 (12%)
crônicas e que estavam apresentaram
tomando bisfosfanatos, depressão no escore de
anticonvulsivantes, GDS.
estrogênio, fluoreto ou
diuréticos nos últimos 6
meses foram excluídas do
estudo.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 7 83


Foram recrutados
128 participantes,
randomizados e incluídos
nas análises primárias.
Adultos jovens saudáveis ​​ Apesar dos aumentos
foram recrutados para significativos no
um ensaio em paralelo, estado da vitamina D A suplementação de
em dupla ocultação no grupo ativo, não vitamina D não influencia
realizada na Universidade foram observadas o funcionamento cognitivo
de Queensland. Os alterações significativas ou emocional em adultos
participantes foram na memória de jovens saudáveis. Futuros
trabalho (F = 1,09; ensaios controlados em
(DEAN et al., 2011) alocados aleatoriamente
p  = 0,30), inibição da populações específicas de
para receber vitamina resposta (F = 0,82; p interesse são necessários
D (uma cápsula por = 0,37), flexibilidade para determinar se a
dia, contendo 5000 cognitiva (F = 1,37; p  = suplementação pode
UI de colecalciferol) 0,24) ou resultados melhorar o funcionamento
ou uma cápsula de secundários. Não foram nesses domínios.
placebo idêntica durante notificados efeitos
seis semanas. Todos adversos graves.
os participantes e
avaliadores de resultados
foram cegos para a
atribuição do grupo. 
Estudo duplo-cego,
randomizado e controlado
por placebo de 2317
mulheres de 70 anos
ou mais. Designadas GHQ-12 não houve
aleatoriamente para diferença nos escores
receber 500.000 UI entre os grupos de
de vitamina D3 por via vitamina D e placebo.
oral ou placebo a cada STF-12 não houve
outono / inverno por 3-5 interação entre os
anos consecutivos. As grupos de tratamento
ferramentas utilizadas e o uso de medicação Não encontrou
foram: antidepressiva / nenhum benefício da
(SANDERS et al., Questionário geral de ansiedade. suplementação de
2011)
saúde (GHQ-12); OMS não houve vitamina D para o humor
Levantamento de saúde diferenças nas e o bem-estar geral em
de curto prazo de 12 itens pontuações dos mulheres mais velhas
(STF-12); questionários de bem-
Escala de aumento de estar.
impressão global do Não houve diferença na
paciente (PGI-I); escala PGI-I entre os
Índice de bem estar da grupos de vitamina D e
OMS. Os níveis séricos placebo.
de 25-hidroxivitamina
D foram medidos em
um subconjunto de 102
participantes.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 7 84


O estudo se trata de
uma pesquisa realizada
na Inglaterra, foram
entrevistados 10.601
Foi verificado que na
participantes com mais de
população inglesa
50 anos. Somente 9.169
com 50 anos ou mais
participantes permitiram
com níveis baixos de
a retirada de sangue para
Foram encontrados Vitamina D séricos são
análise, porem somente
12% de participantes mais propensos a relatar
6.206 foram utilizados
com sintomas de sintomas elevados de
para a pesquisa. Todos
depressão, a variação depressão. O estudo
os ensaios foram feitos
de 25OHD foi de 9 a também demonstrou que
em duplicatas para
(DE OLIVEIRA; 239 nmol/L com média os sintomas depressivos
que se houvesse uma
HIRANI; BIDDULPH, de 48,070 nmol/L. Nas não estavam ligados
maior fidelidade nas
2018) análises níveis baixos a outros fatores como:
concentrações séricas de
de Vitamina D séricos idade, as circunstâncias
vitamina D. Para avaliar
foram associadas a econômicas, funções
possíveis sintomas de
maiores sintomas de cognitivas e físicas. O
depressão, foi utilizado
depressão tanto para presente estudo encontrou
oito itens da escala de
homens quanto para achados consistentes
Epidemiological Studies-
mulheres. com outros estudos
Depression (CES-D),
que relacionam baixos
que se utiliza de uma
níveis de vitamina D com
medida de auto relato,
sintomas elevados de
apesar do CES-D não ser
depressão.
utilizado para diagnostico
de depressão clínica, ele
pode ser utilizado para
identificar pessoas em
risco de depressão

Trata-se de um
estudo duplo-cego
Os participantes
e randomizado, com Foi possivel verificar
possuíam em dia 74,1
o intuito efeitos de associação transversal
anos e concentrações
suplementação de entre niveis mais elevados
de Vitamina D sérica
Vitamina D durante 2 anos de Vitamina D e um
de 56 a 25 nmol/L,
com 2839 participantes. menor risco de depressão.
(BROUWER- 45% dos participantes
Para avaliar o estado Durante do perido do
BROLSMA et al., apresentaram
mental dos participantes, estudo (2 anos) não foi
2016) concentrações abaixo
foi utilizado 15 itens do observado alterações nos
de 50 nmol/L. Somente
Geriatric Depression Scale sintomas da depressão,
5% dos participantes
(GDS), um questionário o que leva a necessidade
relataram sintomas de
de auto relato que utiliza de interveção antes dos
depressão.
números para medir sintomas
sintomas de depressão
em idosos.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 7 85


A 25OHD sérica média
nos adolescentes
deprimidos foi de 41
no início e de 91 nmol
/ L (p <0,001) após a
suplementação. Os
níveis basais de 25OHD
Os níveis séricos de 25OH correlacionaram-
de vitamina D (25OHD) se positivamente
em 54 adolescentes com o bem-estar
suecos deprimidos foram (p <0,05). Após a Este estudo mostrou
investigados. Indivíduos suplementação de baixos níveis de vitamina
com deficiência de vitamina D, o bem-estar D em 54 adolescentes
vitamina D receberam aumentou (p <0,001) deprimidos, correlação
vitamina D 3 ao longo de e houve melhora positiva entre vitamina D e
(HÖGBERG et al., 3 meses (n = 48). Para significativa em oito dos bem-estar e melhora dos
2012) avaliar o bem-estar e os nove itens da escala de sintomas relacionados à
sintomas relacionados ao deficiência de vitamina depressão e à deficiência
estado de depressão e D: sensação depressiva de vitamina D após
vitamina D, utilizou-se a (p <0,001), irritabilidade a suplementação de
escala de bem-estar da (p <0,05), cansaço (p vitamina D.
OMS-5, o Questionário <0,001), alterações
de Humor e Sentimentos de humor (p <0,01),
(MFQ-S) e a escala de dificuldades no sono
deficiência de vitamina D. (p <0,01), fraqueza (p
<0,01), capacidade
de concentração
(p <0,05) e dor (p
<0,05). Houve uma
melhoria significativa da
depressão de acordo
com o MFQ-S (p <0,05).

Quadro 1. Trabalhos originais que relacionam o uso da vitamina D como um coadjuvante para a
prevenção da depressão

DISCUSSÃO

Níveis de Vitamina D Séricos Versus Estado Depressivo


Observou-se neste estudo, variações de diferentes gêneros, sexo feminino,
masculino, entre eles, adultos jovens, grávidas, mulheres idosas com menopausas e uma
população de diálise.
Os artigos citados no quadro 1 mostram deficiência de vitamina D em indivíduos
com estado depressivo em diversas situações.
Nos participantes adultos de 30 a 75 anos que tinham níveis séricos de 25 (OH) D
abaixo do percentil 20 (55 nmol / l) ou superior aos 75 percentis (70 nmol / l), foi achado uma
correlação entre baixos níveis séricos de 25 (OH) D e estado depressivo (KJAERGAARD
et al., 2012).
Foi identificada uma relação de baixos níveis de vitamina D e os sintomas de
depressão na gravidez precoce e tardia em mulheres com pré-disposição a depressão
(WILLIAMS et al., 2016).

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 7 86


Os níveis de 25OHD estão correlacionados de maneira significativa com o bem-
estar emocional em adolescentes deprimidos (HÖGBERG et al., 2012).
Em uma população do sexo masculino e feminino e com idade superior há 50
anos, foi observado variação nos níveis séricos de Vitamina D, o que demonstrou que os
sintomas depressivos estavam associados para ambos os sexos (DE OLIVEIRA; HIRANI;
BIDDULPH, 2018).
Numa população coreana adulta, os de níveis de vitamina D foram de (17,10 ng/
ml), em participantes com sintomas depressivos, sem sintomas (17,36 ng/ml), os com
ideias suicidas a concentração sérica foi de (17,31 ng/ml), sem ideais suicidas (17,33 ng/
ml). Comparando os níveis de vitamina D em cada participante, não foi achado nenhuma
correlação entre concentração sérica e sintomas de depressão e ideia suicida (PARK et
al., 2016).

Suplementação de Vitamina D E Melhora No Estado Depressivo


Com base na correlação de vitamina D e depressão, podemos investigar se uma
suplementação desta vitamina pode ser usada como coadjuvante ao tratamento da
depressão.
Em adultos jovens, a suplementação de Vitamina D, não apresentou nenhum efeito
positivo em relação ao funcionamento emocional e cognitivo (DEAN et al., 2011).
Em mulheres pós-menopausa, classificadas com excesso de peso e/ou obesas, a
suplementação de vitamina D de 2000 UI/dia por um período 12 meses, não foi observado
nenhum efeito de melhoria na qualidade do sono e aos sintomas relacionados a depressão
(MASON et al., 2016).
A depressão tem um efeito significativo em mulheres idosas pós-menopausa. Mas,
não houve evidência de que suplementação teria uma resposta combinada a melhora em
relação ao estado depressivo dessa população estudada (YALAMANCHILI; GALLAGHER,
2012).
Bertone-Johnson (2012), observaram que a dose de suplementação D 400 UI em
combinação com cálcio elementar de 1.000mg pode não ter sido o suficiente para avaliar
se este nutriente seria benéfico para prever ou tratar a depressão, sendo necessário uma
dose mais elevada para avaliar com mais precisão.
Em um estudo por Sanders (2011) foi investigado o benefício de uma dose anual
e única de 500 000 UI de vitamina D, no entanto, concluíram que não houve diferenças
significativas no humor e bem-estar em mulheres mais idosas que foram suplementadas.
Em uma população com diálise submetida a alta dosagem de vitamina D de 50.000 UI
por 52 semanas Wang (2016), não identificou redução relevante nos sintomas depressivos,
mas um efeito benéfico sobre a depressão vascular foi encontrado.
Durante um período de estudo de 24 meses, foi identificado associação com os
níveis mais elevados de vitamina D há um menor risco de depressão. Em relação aos

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 7 87


sintomas, não houve alterações, o que faz cabível uma intervenção como meio de
prevenção (BROUWER-BROLSMA et al., 2016).
Já em população de 52 adolescentes com concentração de níveis baixos de vitamina
D e sintomas de depressão, a suplementação mostrou-se positiva no que se refere ao bem-
estar e melhora aos sintomas da patologia (HÖGBERG et al., 2012).

CONCLUSÃO
Conclui-se que baixos níveis de vitamina D tem uma correlação direta com sintomas
relacionados à depressão em todos os gêneros, apesar de um dos artigos verificados não
identificar essa interação.
A suplementação como alternativa coadjuvante no tratamento dos sintomas
depressivos ainda não foi identificada como fator contribuinte. Pesquisas nessa linha devem
prosseguir para analisar e evidenciar se a suplementação seria uma intervenção como
meio preventivo ou até mesmo um tratamento dos sintomas relacionados à depressão.

REFERÊNCIAS
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genotype polymorphisms. Menopause, 2012.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 7 89


CAPÍTULO 8
doi
O ALEITAMENTO MATERNO E SEU IMPACTO
SOCIAL

Data de aceite: 01/12/2020 imunológica para o bebê, mas também o


Data de submissão: 03/11/2020 financeiro e o sustentável. Objetivos: Objeto
geral: Listar os benefícios da amamentação
exclusiva até os seis meses de idade. Objetivo
específico: Demonstrar como o enfermeiro
diante desse vínculo profissional, pode analisar
Claudia Cristina Dias Granito Marques
criteriosamente os aspectos que mais dificultam
Centro Universitário Serra dos Órgãos –
a continuidade da amamentação. Atividades
Departamento de Ciências da Saúde
desenvolvidas: Trata-se de uma Revisão
Teresópolis – Rio de Janeiro
Bibliográfica de forma descritiva e qualitativa.
Maria Laura Dias Granito Marques Os dados foram coletados de artigos publicados
 http://lattes.cnpq.br/5081531328515179 no período 2012-2017. Resultados: No
Centro Universitário Serra dos Órgãos – período de construção deste projeto buscamos
Departamento de Ciências da Saúde defender o leite materno como a forma natural
Teresópolis – Rio de Janeiro de alimentação, tendo como base os benefícios
http://lattes.cnpq.br/4307661597258342 imunológicos, financeiros e ambientais. Para
que haja a permanência da amamentação
exclusiva até os 6 meses, as puérperas devem
ser acolhidas corretamente em todo itinerário
RESUMO: A prática da continua do aleitamento
percorrido e a partir da escuta de qualidade, as
materno exclusivo até os 6 meses não depende
dificuldades enfrentadas por elas necessitam
somente do desejo da puérpera mas também
sofrer processo de intervenção dos profissionais
conta com fatores externos relacionados ao
de enfermagem.
retorno da mesma ao mercado de trabalho,
PALAVRAS - CHAVE: Aleitamento materno;
aspectos culturais, econômicos e sociais também
enfermagem; continuidade.
estão diretamente ligados a descontinuidade de
tal prática. O enfermeiro enquanto profissional
está diretamente vinculado a está mulher em todo BREASTFEEDING AND ITS SOCIAL
o itinerário percorrido: unidade básica e hospital. IMPACT
Diante disso, a função de acolhimento e reflexão ABSTRACT: The practice of continuing exclusive
desta mãe em relação à amamentação, é de total breastfeeding up to 6 months does not depend
domínio desta profissão e por esse motivo torna- only on the mother’s desire but also relies on
se mais facilitado a percepção das dificuldades external factors related to her return to the job
enfrentadas por estas mulheres, porém apesar market, cultural, economic and social aspects
dos desafios é necessário que seja ressaltado are also directly linked to the discontinuity of such
e demostrado sempre, que a amamentação practice . The nurse as a professional is directly
não sustenta somente o pilar da importância linked to this woman throughout the itinerary:

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 8 90


basic unit and hospital. In view of this, the role of welcoming and reflecting this mother in relation
to breastfeeding, is completely dominated by this profession and for this reason it becomes
easier to perceive the difficulties faced by these women, however despite the challenges it is
necessary to emphasize and it has always been demonstrated that breastfeeding does not
only support the pillar of immunological importance for the baby, but also the financial and
sustainable one. Objectives: General purpose: List the benefits of exclusive breastfeeding
up to six months of age. Specific objective: To demonstrate how the nurse in the face of
this professional bond, can carefully analyze the aspects that most hamper the continuity
of breastfeeding. Activities developed: This is a Bibliographic Review in a descriptive and
qualitative way. Data were collected from articles published in the period 2012-2017. Results:
During the construction period of this project, we sought to defend breast milk as the natural
form of food, based on the immunological, financial and environmental benefits. In order for
exclusive breastfeeding to continue until 6 months, the puerperal women must be welcomed
correctly in every itinerary covered and based on quality listening, the difficulties faced by
them need to undergo the intervention process of nursing professionals.
KEYWORDS: Breastfeeding; nursing; continuity.

1 | INTRODUÇÃO
Desde o planejamento familiar é de suma importância incentivar amamentação
nas mulheres que tem o desejo de engravidar, devido aos inúmeros benefícios que o
mesmo oferece. Que perpassam desde as relações afetivas entre binômio (fortalecendo
o laço familiar), redução de gastos, imunização, diminui o risco de alergias, hipertensão,
colesterol e diabetes, prevenção de doenças (principalmente as respiratórias) até redução
da morbimortalidade neonatal.
Amamentar é um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, é uma
estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança (BRASIL, 2009).
Entre os pilares que sustentam a magnitude da amamentação destaca-se: Cidadania,
Diversidade e Sustentabilidade (CDS), direcionando a um propósito único, que tem como
intuito conscientizar e formar a primeira identidade social: a família.
A puérpera possui direitos e deveres específicos para esta fase da vida, que são
respaldados por lei, que garante o exercício de sua cidadania. Para Morais, 2013: “[...] o
termo cidadania origina-se do latim civitas, enquanto o conceito advém da Antiguidade,
aproximando-se nas civilizações gregas das noções de liberdade, igualdade e das virtudes
[...]”.
Logo, cidadania e amamentação caminham juntas, pois amamentar está assegurado
pela legislação, que permite a mulher e o filho independentemente do nível social, desfrutar
de forma livre deste recurso fisiológico.
Nessa perspectiva, caminhamos para o segundo pilar de estudo: a diversidade.
Sabendo que o Brasil é um país miscigenado e multicultural coexiste uma diversidade de
crenças, mitos e tabus de conhecimentos empíricos e pragmáticos acerca da amamentação,

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 8 91


podendo influenciar diretamente ou indiretamente o ato de amamentar.
Contudo, Nakano (2003), evidência que a mulher frente à amamentação, estreita
relações com o local, a imagem imposta pela sociedade e a maternidade, e demonstram
mutável desproporção em épocas de contextos sociais, que parte de valores e ganhos
econômicos e governamentais. Além desses estudos, o ensinamento etnográfico confirma
a diversidade durante a amamentação e a maternidade demonstra discrepâncias culturais.
O terceiro pilar envolve um fator importante e que vem sendo discutida cada vez
mais nos últimos anos, a sustentabilidade. A sustentabilidade é desenvolvida através de
atos, que visam preservar o mundo em que vivemos, de forma que garanta o futuro das
novas gerações.
Para Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar, 2016:

“Amamentar é econômico, cultural, é orgânico, é natural, é uma prática


sustentável que precisa ser apoiada, incentivada e protegida. [...] Apoiar,
incentivar e proteger o aleitamento materno é proteger a vida na Terra. É
sustentabilidade. É direito e papel de todos.”

O leite materno é capaz de suprir, sozinho, as necessidades nutricionais da criança


nos primeiros seis meses e continua sendo uma importante fonte de nutrientes no segundo
ano de vida. Sua superioridade sobre os leites de outra espécie e outros alimentos infantis
é cientificamente comprovada, por isso, o aleitamento materno é recomendado exclusivo
por seis meses e complementado até os dois anos ou mais (BRASIL, 2009).
Desde 1979 a Organização Mundial de Saúde (OMS) em conjunto com o Fundo
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), vem elaborando estratégias mundialmente
no intuito de proteger, promover e apoiar o aleitamento materno. Em maio de 1981 na
Assembleia Mundial de Saúde foi adotado o Código Internacional de Comercialização de
Substitutos do Leite Materno, afirmando o direito de toda criança e toda gestante e nutriz
receber alimentação adequada como meio de obter e manter a saúde. Pois as pressões
comerciais desencorajam e criam obstáculos à amamentação, ficando desta forma restrita
as práticas de vendas, marketing e propagandas usadas na comercialização de fórmulas
infantis, mamadeiras e bicos.
Quanto à alimentação artificial, há estudos que comprovam inúmeros prejuízos, tais
como: a exposição precoce ao leite de vaca (antes dos quatro meses) aumenta em 50%
o risco do aparecimento do Diabetes mellitus tipo I, a quantidade de cálcio no leite de
vaca é três vezes maior que no leite materno, porém, com desequilíbrio entre os minerais
necessários para sua adequada utilização, prejudicando sua biodisponibilidade. O leite
da vaca possui três vezes mais proteínas que o leite humano, sobrecarregando o rim
quando consumido em alta quantidade, podendo aumentar a excreção urinária de cálcio. A
exposição a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar
o risco de alergia ao leite de vaca.
As vantagens do aleitamento materno:

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 8 92


“Os nutrientes são absorvidos mais facilmente através do leite materno, ainda
informa que o leite materno fornece toda a água que a criança necessita
mesmo em clima quente e seco, o leite materno protege contra infecções, e
por fim a amamentação ajuda a mãe e a criança a estabelecer uma relação
estreita e carinhosa” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, p.9).

O leite materno é econômico e prático. Evita gasto com leite artificial, mamadeiras,
bicos, e materiais de limpeza. Está sempre pronto, na temperatura ideal, evita custos. Não
exige preparo e não se contamina.

2 | JUSTIFICATIVA
A relevância dessa pesquisa é demonstrar, através da revisão bibliográfica, que
o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida da criança é fator de vários
benefícios para a promoção da saúde da mãe e do bebê. Bem como, favorecer os pilares
que sustentam a magnitude da amamentação: Cidadania, Diversidade e Sustentabilidade
(CDS), direcionando a um propósito único, que tem como intuito conscientizar e formar a
primeira identidade social que é a família.

3 | OBJETIVOS

3.1 Objetivo primário

• Demonstrar como o aleitamento materno pode ser efetivo para uma sociedade
justa e equânime baseada nos conceitos de cidadania, diversidade e sustenta-
bilidade (CDS).

3.2 Objetivos secundários

• Listar os benefícios da amamentação até os dois anos de idade.

4 | METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo, caracterizado como revisão bibliográfica
que será realizada através das principais bases de dados em saúde e que tenha relação
com temática, vinculadas a literatura científica e técnica da biblioteca virtual em saúde.
Os artigos e periódicos de escolha para pesquisa responderam a questão norteadora,
juntamente com os objetivos do estudo científico, constaram do período de 2007 a 2017,
exceto quando os artigos encontrados com anos anteriores tenham grande relevância para
pesquisa. Foram utilizados os seguintes descritores: aleitamento materno; diversidade
cultural; desenvolvimento sustentável.
Portanto esta pesquisa foi de abordagem qualitativa, exploratória e descritiva. O
artigo utilizado na busca eletrônica sistemático foi em ordem decrescente de acordo com

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 8 93


o tempo de publicação, tendo como interface a ligação entre cidadania, diversidade e
sustentabilidade. O projeto está vinculado à linha de pesquisa da área temática de Saúde
Materna Infantil, que visa estudar os impactos, fragilidades e potencialidades relacionadas
ao aleitamento materno.
Após o percurso metodológico descrito, foram selecionados os 06 artigos que
contemplaram a pergunta norteadora do presente trabalho, juntamente com os descritores
e a interação entre os mesmos. Respeitando os aspectos éticos relativos à feitura de
pesquisas científicas. Foram analisados artigos do período de 2012 a 2017.
Foram excluídos artigos que não contemplaram a temática (a questão norteadora:
Quais os benefícios do aleitamento materno para o crescimento e desenvolvimento da
criança para uma sociedade igualitária, justa, étnica e sustentável?).
A análise de dados foi fundamentada nos resultados da avaliação crítica do
estudo, interligando ao conhecimento teórico, a identificação de conclusões e implicações
resultantes da revisão integrativa. Logo, os dados encontrados na pesquisa foram listados
em lacunas, onde estão justificados e categorizados.

5 | RESULTADOS FINAIS
Após leitura minuciosa dos artigos, foi realizado um quadro com a identificação dos
artigos e monografias que foram utilizados nesta pesquisa.
Para tratamento dos dados, foi utilizado o método de Análise de Conteúdo, que
permite a configuração de categorias temáticas de análise. Baseado em Bardin (2010), a
análise de conteúdo será realizada seguindo as seguintes fases:
I) Pré-análise: leituras flutuantes dos materiais selecionados, para estabelecer
contato com as ideias principais e com seus significados gerais, sem pretender
sistematização, para que num movimento crescente a leitura fosse cada vez mais precisa,
viabilizando a etapa seguinte.
II) Análise temática: para Bardin (2010), o tema é uma unidade de significação,
que serve de guia para a leitura. Com base nesse contexto, está sendo feita a análise
temática, na qual se procura descobrir os núcleos temáticos, através de palavras, frases
e parágrafos, que se apresentem com frequência nos textos lidos, como forma de criar as
categorias temáticas.
III) Categorização do estudo: nesta fase, por meio da leitura exaustiva dos artigos,
e articulação entre as unidades temáticas de análise, serão criadas as categorias conforme
os temas que emergirem durante a análise, nas quais forem expressas as interpretações
e os significados necessários à construção de novos conhecimentos. As categorias são:
O aleitamento materno e a cidadania no Brasil; o aleitamento materno e a diversidade
sociocultural; e o aleitamento e a sustentabilidade.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 8 94


O Aleitamento Materno e a Cidadania no Brasil
De acordo com o artigo 392 da CLT, a empregada gestante tem direito a licença-
maternidade de 120 dias, sem prejuízo do emprego e do salário. Entretanto, a Lei
11.770/2008 instituiu o Programa Empresa Cidadã, que prorrogou esse prazo por 60 dias
e concede benefícios fiscais para empresas que aderirem à iniciativa. A fim de elevar as
taxas de aleitamento materno no Brasil foi implantado, em 1981, o Programa Nacional de
Incentivo ao Aleitamento Materno.
Esta iniciativa também é responsável por garantir aumento nos indicadores relativos
à oferta, doação aos bancos de leite e sua justa distribuição do leite humano para recém-
nascidos, sobretudo os que estão em UTI neonatal.
O Brasil possui uma das mais eficientes políticas de aleitamento materno do mundo.
No entanto, tão importante quanto as tecnologias empregadas e os incentivos, são a
conscientização da população, visando a solidariedade são essenciais para o sucesso do
projeto de Bancos de Leite.
A participação da comunidade, ou seja, uma mulher fala para outra sobre como se
tornou doadora e essa mulher acaba procurando um posto de doação de leite. Com esta
rede formado a doação voluntária e espontânea efetiva o projeto. Contudo, a orientação
dos profissionais da saúde as mães que são potenciais doadoras a procurarem os bancos
de leite é fundamental.
Em 2017, no Brasil foram criadas duas leis que apoiam o aleitamento materno.
A Lei 13.435, que cria o Agosto Dourado, e a Lei 13.436, que trata da orientação às mães
lactantes nas redes pública e privada de saúde, com a intenção de popularizar a iniciativa e
conscientizar a população. Desta forma, o Ministério da Saúde celebra anualmente, no mês
de agosto, a Semana Mundial da Amamentação. Outra data que não deve ser esquecida é
o Dia Nacional de Doação de Leite Humano, celebrado em 1º de outubro.
A importância do resgate da amamentação em vários aspectos estimula o vínculo da
mãe com o bebê e, a melhoria na saúde da criança e a diminuição do abandono.
O Aleitamento Materno e a Diversidade Sociocultural
O questionamento sobre à promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno tem
sido difundido amplamente na sociedade, principalmente no que tange os benefícios que o
leite materno traz para o bebê, para a mãe, para a família e para o Estado.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) recomendam
e a amamentação exclusiva até o sexto mês de vida do lactente, indicando a introdução de
outros alimentos a partir dos dois anos de idade, considerando a permanência o aleitamento
materno até está idade, na complementação da dieta.
Quando o aleitamento materno ocorre desde a primeira hora de vida, o recém-nascido
já começa a receber substâncias imunológicas que os protegem contra microrganismos

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 8 95


invasores promovendo a proteção a saúde do bebê. Todavia o aleitamento materno
apresenta outras vantagens: nutricional, psicológica, social, econômica e ambiental.
O aleitamento materno proporciona melhor qualidade de vida para as famílias,
considerando que as crianças amamentadas exclusivamente ao seio materno adoecem
menos, com isso necessitam de menos atendimento médico, o que gera diminuição
nas internações hospitalares e, por consequência uma diminuição no consumo de
medicamentos. O que representa uma diminuição nos gastos da família, além de minimizar
o estresse. Com uma visão mais ampla, nenhuma outra estratégia isolada é capaz de
alcançar o impacto que a amamentação comporta na redução das mortes de crianças
menores de cinco anos (BRASIL, 2009).
A prática da amamentação está determinada pelos hábitos sociais e culturais das
famílias. As concepções e valores no processo de socialização influem diretamente neste
fenômeno, haja vista um comportamento diferente em casa contexto familiar. As heranças
culturais são responsáveis pelas modificações nestes padrões comportamentais.
Ainda com a influência da cultura familiar tem influenciado na prática do aleitamento
materno questiona-se, qual o nível de conhecimento da mãe sobre a importância do
aleitamento materno. Se a técnica do HIGHLIGHTS, orientações especificas sobre o
aleitamento materno tem sido aplicada durante o pré-natal, parto e puerpério. Pois,
considera-se de fundamental importância para a duração e exclusividade do aleitamento
materno. Compreendendo que a influência cultural na tomada de decisão do ser humano é
de extrema sabedoria, resta ao profissional de saúde, acolhê-los para o alcançar sucesso
na amamentação. A partir daí serão construídas observações e estratégias para o incentivo
à prática da amamentação, reduzindo a mortalidade infantil e o desmame precoce.

O Aleitamento e a Sustentabilidade
O Aleitamento materno é uma prática natural, embora fortemente influenciada pela
diversidade cultural e crenças (exemplo do uso de chás), e a promoção comercial das
fórmulas infantis. O aleitamento materno vem se mostrando cada vez mais importante para
a sociedade em todos os aspectos.
Embora não quantificados financeiramente, impactos negativos no meio ambiente
estão relacionados com o aleitamento artificial, pois as fórmulas do leite artificial para
sua produção necessitam de embalagens, energia, água, além de produzir resíduos que
contribuem para a emissão de gás metano, geração de desequilíbrio com resultado direto
no efeito estufa. Metal, plásticos e toneladas de papel utilizados nas embalagens do produto
terminam nos aterros sanitários e o tempo para decomposição e maior que 100 anos. Em
contra partida o leite materno é um alimento renovável, produzido e fornecido sem poluição.
A amamentação contribui com a sustentabilidade e segurança alimentar do bebê até
o sexto mês de vida. Devendo ser considerada no desenvolvimento de metas climáticas
inteligentes, desde a produção excessiva de resíduos, não só com as embalagens do leite

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 8 96


artificial, mas também na produção das mamadeiras, não esquecendo do combustível para
transporte e dos agentes de limpeza para preparação e uso de mamadeiras que acabam
gerando poluentes. Já o leite materno não precisa ser aquecido. Estima-se que mais de
quatro mil litros de água sejam necessários no processo de diluição do leite artificial na
forma de pó.
O aleitamento materno é responsabilidade coletiva. A participação da família,
dos profissionais de saúde e empregadores é fundamental. Bem como as políticas
públicas voltadas à proteção, proteção e apoio à amamentação. Latas, metal, toneladas
de papel usados para embalar o produto terminam em aterros sanitários, com tempo
para decomposição no solo que passa de 100 anos. Na tríade: parir; nutrir; e cuidar são
essenciais para toda a sociedade.
Estimular e apoiar a mulher com informações corretas e essenciais sobre a licença
a maternidade de 120 dias e a licença a paternidade. Encorajando os fenômenos da
maternagem e paternagem. No Brasil, o tempo de seis meses para dedicação ao filho é
benefício opcional concedido pelas empresas em decorrências da Lei 11.770/08 e realidade
obrigatória no funcionalismo federal, estadual e em alguns municípios, como o município
do Rio de Janeiro.
O suporte econômico e político é fundamental para promover a amamentação
dentro do que é preconizado pela Organização Mundial de Saúde. Faz-se necessário que a
sociedade coloque o tema em evidência, percebendo que o aleitamento materno exclusivo
até o sexto mês de vida, trata-se de uma questão prioritária e inadiável.

6 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A amamentação pode ser vista como uma chave para o desenvolvimento social. A
promoção do aleitamento materno de maneira ampla traz além dos benefícios já conhecidos
para a saúde para mãe e bebê, o aleitamento traz também benefícios de grandes proporções
de impacto econômico, social e ambiental.
Acredita-se que a promoção e incentivo ao aleitamento materno representem
benefícios financeiros não só para as famílias envolvidas no processo, mas também à
população em geral, uma vez que os custos decorrentes de infecções e agravos pela falta
de proteção transmitida pelo aleitamento materno são altíssimos.
O potencial de impacto social do aleitamento materno, uma vez que o ato promove
a aproximação familiar, possibilitando uma mudança de comportamento e fortalecendo os
vínculos afetivos. A prática também tem impacto ambiental, o aleitamento materno exclusivo
pode evitar a geração desnecessária de resíduos decorrentes da alimentação artificial.
Faz-se necessário que as mães recebam orientações para minimizar as principais
dificuldades encontradas no aleitamento. O incentivo ao aleitamento materno começa no
pré-natal, passando pelo curso de gestantes e chegando ao momento do parto. O ideal é

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 8 97


que o contato pele a pele da mãe com o bebê seja favorecido e o aleitamento estimulado
logo na primeira meia hora de vida do recém-nascido.
A partir daí com o vínculo do binômio estabelecido, garantimos uma maior
efetividade ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida da criança. Sendo
assim, estaremos promovendo um alicerce familiar, para uma sociedade mais estruturada,
fortalecida e equânime.

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Amamentação. Série Orientações e Recomendações FEBRASGO, n. 16, 2018.

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Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 8 98


CAPÍTULO 9
doi
O POTENCIAL NEUROPROTETOR DA SILIMARINA
NA DOENÇA DE ALZHEIMER

Data de aceite: 01/12/2020 Maria Letícia Saraiva de Oliveira Milfont


Data de submissão: 09/10/2020 Universidade Federal do Piauí, UFPI.
Picos – PI.
http://lattes.cnpq.br/7864667865217777

Mariany de Alencar Angelica Kelly Santos de Lima


Universidade Federal do Piauí, UFPI. Universidade Federal do Piauí, UFPI.
Picos – PI. Picos – PI.
http://lattes.cnpq.br/3744504746492719 http://lattes.cnpq.br/6915182078729894

Jorge Rafael dos Santos Junior Rita de Cassia Moura da Cruz


Universidade Federal do Piauí, UFPI. Universidade Federal do Piauí, UFPI.
Picos – PI. Picos – PI.
http://lattes.cnpq.br/8007933959646274 http://lattes.cnpq.br/6436495022324389

Mikaelly de Sousa Guedes Antonia Alicyanny Noronha


Universidade Federal do Piauí, UFPI. Faculdade de Juazeiro do Norte, FJN.
Picos – PI. Juazeiro do Norte – CE.
http://lattes.cnpq.br/7801311744080303 http://lattes.cnpq.br/4660718442652582

Joyce Gomes de Sousa Ana Cibele Pereira Sousa


Universidade Federal do Piauí, UFPI. Universidade Federal do Piauí, UFPI.
Picos – PI. Picos – PI.
http://lattes.cnpq.br/3545201451595094 http://lattes.cnpq.br/2658160099511728

Micaelly Alves dos Santos


Universidade Federal do Piauí, UFPI.
Picos – PI. RESUMO: A doença de Alzheimer (DA) é uma
http://lattes.cnpq.br/8132505046357124 enfermidade neurodegenerativa e irreversível
Francisca Taiza de Souza Gomes que acomete principalmente os idosos e é
caracterizada, sobretudo, pelo declínio individual
Faculdade de Juazeiro do Norte, FJN.
Juazeiro do Norte – CE. das habilidades cognitivas. Nos últimos anos,
http://lattes.cnpq.br/1600935525586283 pesquisadores começaram a estudar o papel
dos compostos bioativos de plantas e ervas para
Ionara Jaine Moura Oliveira desenvolver novos medicamentos terapêuticos
Instituto Educacional Raimundo de Sá, na busca de um agente que trate e ou previna
IESRSA. essa patologia. E dentre estes tem-se estudado
Picos – PI.
o potencial da Silimarina (SIL). O objetivo do
http://lattes.cnpq.br/7120478520688480
presente trabalho é analisar por meio da literatura,

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 9 99


o potencial neuroprotetor da SIL no tratamento e/ou prevenção da doença de Alzheimer.
Desenvolveu-se um estudo do tipo revisão integrativa da literatura, por meio de artigos
publicados no período de 2009 a 2020 nos bancos de dados SciELO, PubMed e MEDLINE,
onde é possível verificar que a SIL tem potencial neuroprotetor e este tem sido atribuído
principalmente à sua capacidade de inibir o estresse oxidativo a nível cerebral, devido sua
atividade antioxidante e anti-inflamatória. Além disso, os estudos evidenciam que a SIL
modula a síntese e o processo de desintegração das placas Aβ, inibi a expressão do gene
da APP reduzindo o acúmulo de Aβ no sistema nervosoe e aumenta a concentração de ACh,
pois bloqueia a atividade de AChE. Ademais, pode ter papel no controle da disbiose intestinal.
Diante do exposto, conclui-se que a a Silimarina tem um grande potencial no tratamento e
possível prevenção da DA, contudo, são necessários mais estudos para averiguar a eficácia
desse extrato, bem como a dose adequada para seres humanos.
PALAVRAS - CHAVE Silimarina. Alzheimer. Estresse Oxidativo.

THE NEUROPROTECTIVE POTENTIAL OF SILIMARINE IN ALZHEIMER’S


DISEASE
ABSTRACT: Alzheimer’s disease (AD) is a neurodegenerative and irreversible disease that
mainly affects the elderly and is characterized, above all, by the individual decline in cognitive
skills. In recent years, they have characterized the study of the role of bioactive compounds
in plants and herbs to develop new therapeutic drugs in the search for an agent that treats
and or prevents this pathology. And these have studied the potential of Silymarin (SIL). The
objective of the present work is to analyze the literature, the neuroprotective potential of SIL
in the treatment and / or prevention of Alzheimer’s disease. An integrative literature review
study was developed, using articles published from 2009 to 2020 in the SciELO, PubMed and
MEDLINE databases. Where it can be seen that a SIL has neuroprotective potential and this
has been attributed mainly to its ability to inhibit oxidative stress at the brain level, due to its
antioxidant and anti-inflammatory activity. In addition, studies show that the SIL module, the
synthesis and disintegration process of Aβ plaques, inhibits the expression of the APP gene,
in addition to the accumulation of Aβ in the nervous system, increases the concentration
of ACh, as it inhibits AChE activity. In addition, it may play a role in the control of intestinal
dysbiosis. Given the above, it is concluded that Silymarin has great potential in the treatment
and possible prevention of analysis analysis are further studies to ascertain the effectiveness
of this extract, as well as the appropriate dose for humans.
KEYWORDS: Silymarin. Alzheimer’s. Oxidative stress.

1 | INTRODUÇÃO
A doença de Alzheimer (DA) é uma enfermidade neurodegenerativa e irreversível
que acomete principalmente os idosos e é caracterizada, sobretudo, pelo declínio individual
das habilidades cognitivas, tendo seu início de forma traiçoeira perdurando por vários meses
e ou anos, com uma sobrevida variante entre 7 a 10 anos. Sua evolução é gradual, mas
inevitável, por meio de estágios contínuos da gravidade da demência. O indivíduo portador
da DA, apresenta manifestações clínicas como: declínio continuo e gradual da memória

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 9 100


recente, perda da percepção, alterações na personalidade, disfunção na linguagem e
dentre outras alterações (HOLTZMAN; JOHN; GOATE, 2011; MASTERS et al., 2006).
A etiopatogenese da DA ainda não está completamente elucidada, mas, esta vem
sendo associada a cascatas de alterações patológicas, como: deposição anormal de
placas amiloides (Aβ), placas senis (SPs) e proteína tau anormalmente fosforilada (tau-ap).
A culminação dessas desordens leva a formação de emaranhados neurofibrilares (NFTs).
Além disso, também são evidenciados neuropólios, neurites distróficas, ativação microglial
e astrogliose e angiopatia amilóide cerebral. É importante destacar que outros fatores como
altas concentrações de íons metálicos endógenos, principalmente Zinco e Cobre, podem
aumentar a agregação de Aβ e estresse oxidativo, viabilizando a neuroinflamação. Tais
eventos, mediam, direta ou indiretamente a redução das concentrações de acetilcolina
(ACh), aumento dos níveis de acetilcolinesterase (AChE) e promovem a neurodegeneração
progressiva de certas áreas cerebrais, resultando assim na depleção da função sináptica
neuronal e na atrofia macroscópica cerebral (SERRANO‐POZO et al., 2011; SCHNEIDER
et al., 2009; LANE et al., 2017; RAUK, 2009).
Nos últimos anos, pesquisadores começaram a estudar o papel dos compostos
bioativos de plantas e ervas para desenvolver novos medicamentos terapêuticos na busca
de um agente que trate essa patologia. E dentre estes tem-se estudado o potencial da
Silimarina (SIL) (BAI et al., 2017; CHTOUROU et al., 2012; LU et., 2009; Tota et al., 2011;
YIN et al., 2011).
A silimarina, um flavonóide derivado do Silybum Marianum, planta conhecida
popularmente cardo-mariano ou cardo leiteiro, vem sendo comumente utilizada no
tratamento de doenças hepáticas, particularmente em doenças hepáticas alcoólica,
hepatites virais, aguda ou crônica, e disfunções hepáticas mediadas por toxinas.
Além do perfil hepatoprotetor, diversas pesquisas apontam a silimarina como potencial
agente neuroprotetor uma vez que apresenta capacidade de inibir o estresse oxidativo,
a neuroinflamação, a agregação de Aβ e media os mecanismos apoptóticos de morte
celular, bem como vias de morte neuronal mediadas por receptor estrogênico. Em vista
de tais evidências, diversas pesquisam estudam o potencial neuroprotetor da silimarina
contra várias doenças neurodegenerativas, incluindo doença de Alzheimer (DA), doença
de Parkinson e isquemia cerebral (ABENAVOLI et al., 2010; GALHARDI et 2009; LU et al.,
2009; LUPER, 1998; PEPPING, 1999; RAMBALDI et al., 2005; RAZA et al 2011; SINGHAL
et al., 2011; THAKUR, 2002, WANG et al 2002; WANG et al., 2012)
Sabendo-se da gravidade da DA e do potencial terapêutico dos compostos biativos
da Silimarina, objetivo do presente trabalho é analisar por meio da literatura, o potencial
neuroprotetor da Silimarina no tratamento e na prevenção da doença de Alzheimer.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 9 101


2 | METODOLOGIA
Desenvolveu-se um estudo do tipo revisão integrativa da literatura, utilizando-se
dos descritores: Silimarina, Alzheimer, Estresse Oxidativo. Esta foi realizada nos meses de
setembro e outubro de 2020, mediante pesquisa nos bancos de dados SciELO, PubMed e
MEDLINE.
Para isso como critérios de inclusão foram incluídos: artigos que abordassem o
tema proposto, disponíveis e na íntegra, nos idiomas português, inglês e publicados no
período de 2009 a 2020 foram excluídos todos os artigos que não se enquadraram nos
critérios de inclusão pré-estabelecidos.
Após análise dos descritores foram encontrados 28 artigos, onde a partir da leitura
e ao implantar os critérios de inclusão restaram 10 publicações que foram lidos na íntegra.

3 | REVISÃO DE LITERATURA
Uma das principais cascatas patológicas associadas a DA é o acúmulo de
proteínas Aβ. Esta, tem capacidade agregativa e possuí propriedades neurotóxicas, o
que gera déficits de aprendizagem, comprometimento de memória, bem como alterações
morfológicas e disfunção colinérgica. O tratamento com silibinina após a injeção de Aβ 25-35,
em camundongos, evitou o comprometimento da memória de curto prazo e de memória de
reconhecimento induzido por Aβ, pois esse flavonoide pode agir diretamente na supressão
da agregação de Aβ ou na estabilidade de Aβ agregado, afetando assim a conformação de
Aβ no cérebro, atenuando na sua neurotoxidade no cérebro. Salienta-se que a silibinina
foi capaz de prevenir a peroxidação lipídica, constatada pela diminuição da concentração
do malonaldeído hipocampal, bem como também foi eficaz na prevenção da depleção dos
níveis de GSH no hipocampo após o tratamento com Aβ 25–35
de camundongos (LU et.,
2009).
Song e colaboradores (2018), realizaram uma investigação do papel dos
receptores de estrogênio (ERs) no efeito neuroprotetor da silibinina em ratos injetados
com Aβ1-42. Os estudos experimentais mostraram que a silibinina, principal flavonoide da
silimarina, atravessou a barreira hematoencefálica, protegendo significativamente contra
o comprometimento da memória induzida por Aβ 1-42
. Somando-se a isso, investigou-se o
efeito neuroprotetor da silibinina com foco em receptores de estrogênios (ERs) como alvos
potenciais. Notando-se que a silibinina foi capaz de diminuir os níveis de expressão de ERα
e ERβ no hipocampo contribuindo efetivamente para sua neuroproteção, graças as suas
atividades antiinflamatórias, antioxidantes e reguladoras da autofagia.
Duan et al., (2015), associaram a neuroproteção da silibinina com sua atuação como
um inibidor duplo da agregação do peptídeo AChE e Aβ. Esse composto tem a capacidade
de desintegrar a placa já formada e inibi a agregação de β ‐ amiloide, além de dificultar

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 9 102


significativamente a clivagem de proteínas precursora amilóide (PPA) e, assim, evita a
fibrilização e a oligomerização da Aβ, reduzindo o acúmulo, controlando a produção e
catalisação da decomposição de Aβ, bem como de placas senis. Com isso, a silibinina pode
aumentar o número de microglia, astrócitos, neurônios e células precursoras neuronais
recém-geradas.
Murata et al., (2010) comprovaram que a administração de silimarina, durante 6
meses, em cultura de células PC12 (in vitro) promoveu a redução significativamente da
carga da placa de Aβ, uma vez que esse composto modulou a acumulação de Aβ, pois
promoveu o bloqueio de sua agregação. Além disso, também foram demonstradas melhora
nos comportamentos motores e tipo ansioso de camundongos transgênicos (APP/J20) que
foram tratados preventivamente com uma dieta em pó contendo 0,1% de silimarina por 6
meses. Tais mudanças comportamentais foram associadas a uma diminuição na produção
de oligômero Aβ induzida pela ingestão de silimarina, demonstrando assim seu potencial
como agente preventivo.
Em vistas das múltiplas demonstrações cientificas destaca-se que a inflamação
apresenta um papel basilar fisiopatologia da DA influenciando a ocorrência da patogênese
dessa doença através da amiloidogênese. A indução de silibinina melhorou a função
mitocondrial, reduzindo o estresse oxidativo causado por LPS, bem como, foi capaz de
agir na expressão do gene APP, diminuindo a agregação de placas Aβ (JOSHI et al., 2014).
A atividade antioxidante da silimarina foi pesquisada em cultura de células SH-SY5Y,
de neuroblastomas humanos, com dano neuronal induzido por Aβ 1-42 aonde evidenciou-se
uma redução significativa da concentração de peróxido de hidrogênio (H2O2). Corroborando
os achados do potencial antioxidante da silimarina, Bai et al. (2017) evidenciaram que
camundongos transgênicos APP/PS1 tratados com silibinina, um dos componentes mais
abundantes e ativos da silimarina, apresentaram redução na peroxidação lipídica e aumento
da síntese de glutationa reduzida (GSH) e superóxido dismutase (SOD), atuando deste
modo como um supressor no estresse oxidativo e melhorando os déficits de aprendizagem
e memória. Ademais, este estudo também confirma um aumento significativo dos níveis de
sinaptofisina e PSD95 em camundongos transgênicos APP / PS1(BAI et al., 2017; YIN et
al., 2011).
Tota et al., (2011) verificaram que a administração de silibinina, em camundongos
tratados com estreptozotocina (STZ), atenuou salutarmente o estresse oxidativo, nitrosativo
e o nível de cálcio, bem como aumentou a expressão de RNAm para AChE e de α-7-nAChR.
Além do mais, também foi comprovado melhora no metabolismo energético cerebral, por
meio da restauração dos níveis de ATP.
O estresse oxidativo é apresentado como um dos mecanismos de toxicidade do
manganês (Mn), o excesso de Mn é descrito como uma neurotoxina potente envolvida
na iniciação e progressão de vários distúrbios cognitivos. A silimarina (SIL) possuí
propriedades neuroprotetoras na neurotoxidade induzida por manganês em ratos, reduzindo

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 9 103


a peroxidação lipídica, a disfunção colinérgica e a elevação dos níveis de óxido nítrico e a
expressão de iNOS no cerebelo (CHTOUROU et al., 2012).
Pesquisas como de Harach et al. (2017) e Zhang et al. (2017) apontam uma
associação entre a disbiose da microbiota intestinal e o desenvolvimento na DA, indicando
o potencial da microbiota intestinal como um novo alvo para a DA. Ao investigar o possível
mecanismo da silimarina e da silibinina na regulação da microbiota intestinal, observa que
esses compostos mitigam o comprometimento da memória de camundongos transgênicos
APP / PS1 por meio da regulação da disbiose. A administração desses fitoquímicos
diminuiu a diversidade da microbiota, exercendo efeito regulador em abundância de várias
espécies bacterianas associadas a DA, porém os autores destacam que mais estudos
são necessários para que os mecanismos moleculares sejam completamente elucidados
(SHEN et al., 2019).

CONCLUSÃO
Com base no que foi apresentado, conclui-se que a silimarina possuí um grande
potencial terapêutico no tratamento e prevenção na DA. A capacidade neuroprotetora
da silimarina é múltipla, variando de caráter antioxidante em geral, à propriedades anti-
inflamatórias e pró-estrogênicas específicas. Esse efeito da silimarina tem sido atribuído a
seu principal favonóide, a silibinina.
Além de regular a microbiota intestinal, esse composto tem efeito direto nas atividades
colinérgicas, podendo diminuir a atividade de AChE e paralelo a isso, aumenta os níveis de
ACh, o que resulta na melhora do aprendizado e no comprometimento da memória. Tendo
não somente a capacidade de diminuir carga da placa de Aβ, como também atenuando na
diminuição da ansiedade em camundongos.
Essas diversas ações da silimarina exercem um grande potencial neuroprotetor,
podendo assim atuar, como coadjuvante no tratamento e na prevenção e no tratamento da
DA, bem como em outras doenças neurodegenerativas. Contudo, são necessários mais
estudos para averiguar a eficácia desse extrato, bem como a dose adequada para seres
humanos.

REFERÊNCIAS
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Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 9 104


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Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 9 106


CAPÍTULO 10
doi
ASSOCIAÇÃO DA OBESIDADE, BEBIDAS
ALCOÓLICAS E CARNES VERMELHAS COM A
NEOPLASIA COLORRETAL

Data de aceite: 01/12/2020 de risco são história familiar prévia e fatores


Data de submissão: 29/09/2020 ambientes relacionados com alimentação,
bebidas alcoólicas e atividade física. Objetivo:
Analisar a associação da obesidade, consumo
excessivo de carne vermelha e álcool, implicam
Camylla Machado Marques
no surgimento do câncer colorretal. Método:
Universidade de Rio Verde campus Goianésia
Trata-se de uma revisão sistemática da literatura,
– UNIRV
Goianésia- GO realizada através da busca de artigos relevantes
http://lattes.cnpq.br/9945349621302184 para o tema nas bases de dados Pubmed e
Scielo entre os anos 2010 e 2020, nas línguas
Evilanna Lima Aruda inglês e português. Utilizou-se como descritores
Universidade de Rio Verde campus Goianésia “câncer colorretal”, “fatores de risco”, “prevenção
– UNIRV primária”, ´´obesidade ´´e ´´dieta´´. Resultados:
Goianésia – GO Foram encontradas 110 publicações, dessas
http://lattes.cnpq.br/5628078681357268
7 atenderam todos os critérios de inclusão
Luana Nascimento previamente definidos. Dos sete periódicos,
Universidade de Rio Verde campus Goianésia dois relatam o excesso de gordura corporal
– UNIRV proporcionando uma inflamação crônica no
Goianésia – GO organismo. Essas modificações resultam em
http://lattes.cnpq.br/5821878990371031 carcinogênese nas células intestinais. Dois
mostram que a ingestão exorbitante de carnes
Mirian Gabriela Martins Pereira
vermelhas e processadas, contém compostos
Universidade de Rio Verde campus Goianésia
nitrosos como agentes alcalinos, que atuam
– UNIRV
Goianésia – GO como carcinógenos. Quatro descrevem, que a
http://lattes.cnpq.br/0789343595121591 quantidade ingerida de bebida alcoólica acima
de 30 gramas de etanol por dia, aumenta o risco
Thulio César Teixeira para neoplasia colorretal, assim como, os outros
Universidade de Rio Verde campus Goianésia fatores. Conclusão: Nesse sentido, a prevenção
– UNIRV consiste em alimentação saudável, com
Goianésia – GO alimentos contendo fibras e cereais integrais,
http://lattes.cnpq.br/1498668729468709
laticínios e prática de atividades físicas. Portanto,
a ingestão de alimentos como frutas e cereais
são fatores protetores e reduzem a incidência de
RESUMO: A neoplasia colorretal agride câncer colorretal. Desse modo, políticas públicas
porções do intestino grosso: cólon, reto e para conscientizar a população associadas aos
ânus. Os estudos demonstram que os fatores riscos dessa neoplasia são necessárias.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 10 107


PALAVRAS-CHAVE: Neoplasia Colorretal; Fatores de Risco; Carne Vermelha; Prevenção
Primaria; Alimentação Saudável.

ASSOCIATION OF OBESITY, ALCOHOLIC BEVERAGES AND RED MEAT WITH


COLORECTAL NEOPLASM
ABSTRACT: The colorectal neoplastic attack portions of the large intestine: colon, rectum and
anus. Studies shows that there is higher incidence between the age of 60 and 70, prevailing in
men. The risk factors are previous family history, and environmental factors related with food,
alcoholic beverages, and physical activity. Goal: Analyze how obesity, excessive consumption
of red meat and alcohol imply in the emergence of colorectal cancer. Method: A review of
literature systematics based on the published studies of Pubmed and Scielo. The used
terms were “colorectal cancer”, “risk factors”, and “primary prevention”. The inclusion criteria
are based in complete publications, in Portuguese, in the last ten years, and the exclusion
criteria is not adequate to the theme. There are 110 publications, with only seven being used.
Results: The excess of body fat provides a chronic inflammation in the organism. These
modifications result in carcinogenesis in intestinal cells. The exaggerated ingestion of red and
processed meat also contains nitrous compounds such as alkaline agents that transforms
into carcinogenesis. The number of alcoholic beverages ingested above 30 grams of ethanol
per day increases the risk of colorectal neoplastic, as such, other factors. In this sense, the
prevention consists in healthy eating, with food containing fibers and whole grains, dairy, and
physical activities. Conclusion: In other words, the ingestion of food such as fruits and grains
are protector factors and reduce the incidence of colorectal cancer. Thus, public politics to
make the population associated with the risks of this neoplastic aware are necessary.
KEYWORDS: Colorectal Neoplastic, Risk Factors, Red Meat, Primary Prevention, Healthy
Eating.

1 | INTRODUÇÃO
O câncer colorretal acomete o intestino grosso que se divide em cólon e reto.
Segundo a World Cancer Research Fund, é o terceiro tipo de câncer mais frequente no
mundo e a neoplasia gastrointestinal mais comum. A incidência aumenta conforme a idade,
indivíduos com mais de 50 anos são mais propensos, ainda varia de acordo com a região
geográfica, apresentado taxas mais altas em países ocidentais, como na Austrália e Nova
Zelândia. Além do mais, as mulheres apresentam maior risco de desenvolvimento de CCR.
As dietas inadequadas com alto consumo de alimentos processados e
ultraprocessados e desprovida de alimentos naturais é apontada como a segunda causa
evitável de câncer, respondendo por 35% do risco de desenvolvimento da doença. Nesse
contexto, a interferência dos hábitos alimentares na carcinogênese colorretal colaborou
para que fatores dietéticos específicos, fossem identificados e analisados
Evidências demonstram que o alto consumo de carnes vermelhas, gorduras, ferro e
álcool aumentam o risco de câncer colorretal, entretanto, a presença de fibras, vitaminas D,

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 10 108


folato, cálcio e selênio na dieta são fatores preventivos. Além disso, a prática de atividade
física regular também se relaciona à prevenção do câncer colorretal, podendo reduzir os
níveis de estresse e/ou ampliar a defesa imunológica, defendendo o organismo da evolução
da neoplasia.
A interação entre fatores genéticos, ambientais e dietéticos são responsáveis pela
maior parte dos casos de neoplasia colorretal. Dessa forma, o presente estudo possui
como objetivo analisar a associação da obesidade, consumo excessivo de carne vermelha
e álcool, no surgimento do câncer colorretal.

2 | METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, realizada através da busca de
artigos relevantes para o tema nas bases de dados Pubmed e Scielo entre os anos 2010
e 2020, nas línguas inglês e português. Utilizou-se como descritores “câncer colorretal”,
“fatores de risco”, “prevenção primária”, ´´obesidade ´´e ´´dieta´´. Foram encontradas 110
publicações, dessas 7 atenderam todos os critérios de inclusão previamente definidos e
foram consultado, juntamente com algumas referências dos artigos pesquisados.

3 | FISIOPATOLOGIA DO CÂNCER COLORRETAL


A maioria dos casos de câncer colorretal origina-se de pólipos adenomatosos que
são pequenas elevações na parede da mucosa. Esses podem possuir características de
lesões pré-malignas podendo ou não se malignizar, sendo ainda, assintomática e sem
indícios clínicos. Para que ocorra o processo carcinogênico, interações entre mutação
genética e fatores da luz intestinal.
Os fatores genéticos são modificações cromossômicas nos genes APC, K-RAS,
DCC/ CMAD4/JVB18 e p53. Além disso, a transformação da mucosa do órgão devido as
ações prejudiciais dos ácidos biliares secundários, prejuízos diretos ao DNA celular por
produtos da peroxidação lipídica, modificações no metabolismo da flora bacteriana normal,
e defesa diminuída por causa da inadequação dietética em antioxidantes, podem explicar
os efeitos na carcinogênese do cólon.

4 | ASPECTOS NUTRICIONAIS E CARCINOGENESE INTESTINAL

4.1 Obesidade
O aumento da prevalência de obesidade devido a influência dos hábitos alimentares,
aspectos genéticos e fatores ambientais, proporcionou diversos estudos que analisam essa
condição como maior fator de risco de desenvolvimento do CCR.
A eliminação de hormônios, como a leptina, adiponectina (ApN) e a insulina,

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 10 109


juntamente com distintas adipocinas, como interleucina IL-6, IL-8, IL-1b, fator de
crescimento endotelial vascular (VEGF) e fator de necrose tumoral-α (TNF-α) são alterados
na obesidade, gerando déficit nas ações endócrinas.
O aumento das citocinas inflamatórias por modificações histológicas e bioquímicas na
obesidade, colabora para a expressão, síntese e secreção dessas adipocinas que realizam
funções como a inflamação, necessária no organismo dos indivíduos. Relacionado a isso,
a pequena associação das citocinas inflamatórias com a resistência à insulina, proporciona
que as repercussões das adipocinas se relacionem com o câncer. Além do mais, estas
intensificam a aterosclerose responsável por doenças cardiovasculares.
A associação de macrófagos, aumento nos níveis de leptina e diminuição da
adiponectina com o processo de inflamação fundamental na destruição do tecido adiposo,
provoca hipóxia tecidual encarregada da displasia e posterior carcinogênese na evolução
do CCR em pessoas obesas.
A ativação da tríade inflamatória (TNF-α, IL-1, IL-6) e aumento da concentração de
leptina são os mecanismos do excesso de gordura no tecido adiposo responsáveis pelo
desenvolvimento do CCR. Dessa maneira, a ativação da tríade gera inflamação aguda
e posterior resistência à insulina ou inflamação crônica, proporcionando assim o câncer
colorretal. A porção de tecido adiposo diversifica a concentração de leptina produzida pelos
adipócitos, observada em altos níveis nos indivíduos obesos. A existência da leptina se
refere a ativação de fator fator nuclear kappa β (NFk-β), inibidores do fator induzido pela
hipóxia (HIF-1) e proteína ativadora 1 (AP-1), que estimulam o CCR.
Além do mais, a concentração de adiponectina gera diminuição da sensibilidade
à insulina, perda energética e manifestação de receptores, culminando na redução da
sensibilidade a adiponectina e por consequência um ciclo vicioso de insulino-resistência.
Sendo assim, os adipócitos possuem a habilidade de impulsionar a proliferação de
células tumorais do CCR através de vias reguladas pela leptina e adiponectina, devido a
adiposidade se relacionar com o aumento dos níveis de leptina e diminuição dos níveis de
adiponectina.
Desse modo, a inexistência da ativação das vias de sinalização intracelular
responsáveis pela regulação da angiogênese proporciona efeitos de prevenção do CCR
associado a obesidade.

4.2 Carne Vermelha


O consumo de carnes vermelhas é relacionado à neoplasia colorretal na literatura
epidemiológica, devido as gorduras saturadas oferecem maior risco para o desenvolvimento
dessa doença do que as instauradas. Entretanto, essa etiologia não se apresenta totalmente
compreendida, em virtude dos estudos, não avaliarem a ingestão de carne a longo prazo e
o risco de desenvolvimento de câncer colorretal.
As nitrosaminas requerem ativação metabólica para que ocorra a conversão para

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 10 110


um aspecto cancerígeno, sendo os compostos nitrosos importantes cancerígenos. Nesse
contexto, as aminas heterocíclicas mutagênicas ou cancerígenas são encontradas na
carne, juntamente com sais, ferro, estradiol, gordura saturada, nitratos e nitritos, sugerem a
elevação da síntese de DNA e a proliferação celular. Dessa forma, os fatores mencionados
se assemelham a insulina, hormônio proporciona prejuízos aos radicais livres ao interferir
no metabolismo, produzindo aminas heterocíclicas que são capazes de possibilitar o
desenvolvimento da neoplasia.
Os autores também questionam a maneira como as gorduras de origem anima são
preparados. As altas temperaturas empregadas no cozimento das carnes estimulam a
formação de hidrocarbonetos aromáticos heterocíclicos, devido a pirólise de aminoácidos,
creatinina e açúcares, que é a combustão incompleta dos materiais orgânicos. As aminas
heterocíclicas após a ativação em elevadas temperaturas, assumem a função mutagênica
e o polimorfismo genético destas enzimas contribui para o risco de câncer colorretal.
A carne cozida em alta temperatura também contém outros potentes agentes
mutagênicos e cancerígenos na forma de aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos. O risco para câncer sobreposto aos humanos acerca destas
substâncias depende da extensão na qual estes componentes são ativados pelas enzimas
metabólicas(18).
Neste sentido, as aminas heterocíclicas mostraram-se altamente mutagênicas
e são formadas na superfície da carne quando diretamente cozinhada na chama ou em
altas temperaturas. As aminas heterocíclicas requerem ativação metabólica para a função
mutagênica e o polimorfismo genético para estas enzimas mostra uma interação com o
consumo de carne e modifica o risco para câncer colorretal.
Nesse contexto, grelhar a carne provoca a produção de fumaça com enorme
quantidade de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, como o benzopireno, que
incorpora-se à superfície do alimento. Observa-se estes compostos especialmente em
carnes grelhadas com carvão e defumadas. Os fatores individuais ligados a ingestão de
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos possuem potencial de variação entre 25 a 300 µg/
dia.
Com o objetivo de serem excretados, os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos
passam pelo processo de metabolização, onde os metabolitos reativos, que podem se
desenvolver no cólon, são estruturados e capazes de gerar danos ao DNA. No entanto, a
inibição destes precursores com finalidade de redução no risco de câncer colorretal não é
esclarecida.
Além do mais, o ferro heme encontrado nas carnes atua na estruturação de
compostos azotados, como os nitritos e nitratos que são empregados para que ocorra a
conservação das carnes, intensificam a proliferação celular na mucosa intestinal por meio
da indução de mutações no ácido desoxirribonucleico pela peroxidação lipídica. A redução
desses efeitos ocorre pela inserção de antioxidantes encontrados nos vegetais e azeite na

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 10 111


dieta dos indivíduos.
Entretanto, deve ser esclarecido que as carnes vermelhas apresentam em sua
constituição selénio, zinco, ácidos gordos ómega 3, vitamina B6, vitamina B12, vitamina D
e ácido fólico, elementos com provável potencial anticarcinogênico.
Aponta-se que as carnes de aves e peixe podem estar relacionados com uma
significativa redução de risco de desenvolvimento de CCR, por isso é indicado a troca das
carnes vermelhas por estas para ação de prevenção do desenvolvimento de neoplasia
colorretal.

4.3 Bebidas Alcoólicas


O consumo exagerado de bebidas alcoólicas é um fator de risco para o
desenvolvimento de CCR. O efeito carcinogênico na mucosa e o metabolito acetaldeio
manifestam ações mutagênicas e carcinogênicas. A diminuição da absorção de vitaminas
D, elevação da vulnerabilidade ao stress oxidativo e interações com a reparação do ADN e
deficiência do folato, são pertinentes ao uso crônico de álcool.
Estudos envolvendo a relação dose-resposta, com ingestão de 30g/dia e de 45g/
dia de alccol intensificam a ameaça de evolução do CCR em 16% e 41%, respectivamente.
Sendo assim, a quantidade maior de consumo eleva o risco de desenvolvimento de
CCR. Vale ainda ressaltar que está relação se manifesta de maneira maior em homens e
independe do tipo de bebida alcoólica, sendo o álcool em si o fator de risco.
Desse modo, o consumo de álcool e de tabaco, são as mais importantes etiologias
evitáveis de morte por neoplasias.

5 | PREVENÇÃO DA CARCINOGÊNESE INTESTINAL

5.1 Aspectos Nutricionais


As dietas com elevada ingestão de carnes vermelhas e processas, refrigerantes,
bebidas alcoólicas e cereais refinados estão relacionadas a um aumento na probabilidade
de desenvolver câncer colorretal, entretanto, o consumo de hortaliças, cereais integrais,
peixe e aves possuem uma probabilidade menos de proporcionar CCR.
Segundo a WCRF, é necessário consumir pelo menos 30g de fibra e 400g de
hotofrutícolas diariamente e optar por cereais integrais, estabelecer a ingestão de carnes
vermelhas em 350 a 500 g por semana e não ingerir, ou ingerir a menor quantidade possível,
de carnes processadas, além, de evitar o consumo de bebidas alcoólicas, porque estes
consumos favorecem o desenvolvimento de CCR, ao gerarem elevação de peso, excesso
de peso e obesidade e balanço energético positivo.
Alterações na dieta contribuem para prevenção do excesso de peso e obesidade, e
por consequência, é fator de proteção contra o CCR. Devido estes alimentos proporcionam
uma dieta abundante em nutrientes essenciais e com reduzida densidade calórica em

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 10 112


comparação com alimentos processados, ricos em açúcar e refrigerantes.
5.2 Atividade Física
Os mecanismos associados ao maior risco de desenvolvimento do CCR, como
níveis elevados de insulina, de fatores de crescimento, obesidade, aumento do tempo de
trânsito gastrointestinal, altos níveis de prostaglandinas E e o balanço energético positivo.
As atividades físicas (AF) podem atuar na prevenção do CCR modulando estes mecanismos
biológicos.
Desse modo, a AF eleva a sensibilidade insulínicas diminuindo os níveis de
insulina plasmática e os fatores de crescimento semelhantes à insulina(IGFs) por alterar a
concentração livre de IGFs.
As práticas alimentares com maior teor calórico culminas na obesidade, essa
promove metabolismo de estrogênio, resistência insulínica, hiperinsulinemia e níveis
elevados de IGFs, consequentemente elevando o risco de CCR. A prática de AF reduzi a
obesidade e explica a proteção contra esse tipo de neoplasia.
A diminuição da motilidade intestinal intensifica o tempo de exposição de carcinógenos
sobre a mucosa do colón, proporcionando acumulo de ácidos biliares. A AF aumenta esta
motilidade e consequentemente reduz o tempo de exposição da mucosa a carcinógenos.
A maior expressão de enzimas pró-inflamatórias fosfolipase A-2 e ciclooxigenase
(COX) nos tumores do cólon geram o aumento de prostaglandinas (PGE), através do
processo inflamatório ocorrido pelo câncer. Os medicamentos que inicem COX-1 e COX-2
são fatores protetores do câncer de cólon gástrico. Ademais, a AF eleva o gasto energético
e consequentemente a ingestão calórica.

6 | CONCLUSÃO
Neste sentido, a prevenção consiste em admissão de uma alimentação saudável,
restrita em carnes vermelhas e gorduras saturadas, consumo mínimo de bebidas alcoólicas,
com alto consumo de frutas, hortaliças e grãos reduz o risco de câncer colorretal, em
conjunto com a realização regular de atividade física e prevenção da obesidade.
Desse modo, é importante salientar que outros fatores ambientais vêm sendo
amplamente estudados como potenciais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer
colorretal, como o tabagismo, certos medicamentos, ação hormonal, paridade, entre outros.
Devido a isso, existem ainda muitas questões a serem investigadas
Além do mais, indivíduos acima de 50 anos de idade devem realizar exames de
rotina anualmente para detecção de sangue nas fezes, principalmente os que apresentam
moderado ou alto risco de desenvolvimento desta enfermidade com base em história
genética e presença de fatores de risco. Estes cuidados constituem importantes fatores
para a detecção precoce, contribuindo, assim, para a redução da morbidade e mortalidade
por câncer colorretal.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 10 113


AUTORIZAÇÃO
Declaro, ainda, que tenho poderes para realizar a presente autorização e que o
texto acima referenciado é de autoria do(s) autor(es) supracitado(s), responsabilizando me,
portanto, pela originalidade e pela revisão do texto, concedendo à Atena Editora, plenos
direitos para a escolha do editor, meios de publicação, meios de reprodução, meios de
divulgação, tiragem, formato, enfim, tudo o que for necessário para que a publicação seja
efetivada.

REFERÊNCIAS
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dieta. 2018 . 25f. Tese (Mestrado em Ciências da Nutrição) – Faculdade de Ciências da Nutrição e
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Pesquisa, 2020. Disponível em: https://www.wcrf.org/int/research-we-fund/colorectal-cancer-research-
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Meimouna Mint Sidi Deoula, Khaoula El Kinany, Zineb Hatime, Hanae Abir Boudouaya, Karima El


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ZICK, S. M. et al. Phase II study of the Effects of Ginger Root Extract on Eicosanoids in Colon
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1929–1937, 2012.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 10 114


CAPÍTULO 11
doi
TRANSIÇÃO NUTRICIONAL E SUA RELAÇÃO COM
A PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL EM
ÍNDIOS

Data de aceite: 01/12/2020 Ana Patrícia Nogueira Aguiar


Data da submissão: 04/09/2020 Centro Universitário Unifametro
Fortaleza/CE
http://lattes.cnpq.br/3857848580588874

Gustavo Galdino de Meneses Barros


Centro Universítário Unifametro
Fortaleza/CE RESUMO: A transição nutricional caracteriza-se
http://lattes.cnpq.br/1397440738569729 por mudanças nos padrões nutricionais, com
Anita Ferreira de Oliveira alterações econômicas, sociais e culturais. Essas
alterações são representadas por aumento no
Centro Universitário Unifametro
Fortaleza/CE consumo de alimentos ultraprocessados, com
http://lattes.cnpq.br/8862585822161095 alto teor de gordura ou açúcar; redução na
ingestão de alimentos minimamente processados
Camila Moreira da Costa Alencar ou in natura; além de alterações no estilo de vida.
Centro Universitário Unifametro Essa transição leva ao impacto na população
Fortaleza/CE em geral e também nos grupos étnicos, como a
http://lattes.cnpq.br/8492037877194696
população indígena. Isso provoca um aumento
Hérica do Nascimento Sales Farias na incidência e prevalência de doenças crônicas
Centro Universitário Unifametro não transmissíveis, como a hipertensão arterial
Fortaleza/CE sistêmica, que é uma doença silenciosa, mas
http://lattes.cnpq.br/5889315149528433 de impacto negativo na qualidade de vida.
Observa-se nos estudos um aumento constante
Alane Nogueira Bezerra
da prevalência e incidência de hipertensão
Universidade Federal do Ceará
arterial, sendo abordada como uma das causas
Fortaleza/CE
a transição nutricional. Isso transparece toda
http://lattes.cnpq.br/0342140577127359
essa mudança de hábitos alimentares, como a
Camila Pinheiro Pereira diminuição de consumo dos alimentos in natura e
Universidade Federal do Ceará aumento de industrializados, e de estilo de vida,
Fortaleza/CE sendo necessário implementação de políticas
http://lattes.cnpq.br/0848997163236419 voltadas ao público.
PALAVRAS - CHAVE: Hipertensão. População
Natasha Vasconcelos Albuquerque
Indígena. Transição nutricional. Estado
Universidade Federal do Ceará
Nutricional.
Fortaleza/CE
http://lattes.cnpq.br/4218736957559470

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 11 115


NUTRITIONAL TRANSITION AND ITS RELATIONSHIP WITH THE PREVALENCE
OF ARTERIAL HYPERTENSION IN BRAZILIAN INDIANS
ABSTRACT: The nutritional transition is characterized by changes in nutritional patterns,
with economic, social and cultural changes. These changes are represented by increased
consumption of ultraprocessed, with high fat or sugar foods; reduced intake of minimally
processed or in natura foods; as well as changes in lifestyle. This transition leads to the impact
on the general population as well as on ethnic groups such as the indigenous population. This
causes an increase in the incidence and prevalence of non-communicable chronic diseases,
such as systemic arterial hypertension, which is a silent disease but has a negative impact
on life’s quality. A constant increase in the prevalence and incidence of arterial hypertension
has been observed in the studies, being considered as one of the causes the nutritional
transition. This is reflected in all this change in eating habits, such as the decrease in the
consumption of foods in natura and increase of industrialized, and of lifestyle, being necessary
the implementation of policies directed to the public.
KEYWORDS: Hypertension. Indigenous Population. Nutritional Transition. Nutritional Status.

1 | INTRODUÇÃO
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população
indígena brasileira corresponde a 817.963 índios, residentes em zonas rural e urbana. Na
década de 80, estados, como Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Distrito Federal, eram
conhecidos pela inexistência de índios em seus territórios. Somente na década de 90,
houve a inclusão dos índios no Censo, crescendo em 150% o número de brasileiros (IBGE,
2010).
As comunidades indígenas possuem atributos particulares e, ao mesmo tempo,
similares, envolvendo hábitos e costumes rotineiros, como cerimônias e rituais com danças
e músicas, pinturas no rosto, ocas feitas com elementos extraídos da natureza e religião,
que enfatiza forças espirituais. Os hábitos e o comportamento diante da escolha alimentar
tornaram-se uma incógnita, visto que a modernização tem influenciado povos a diversificar
o cardápio, incluindo alimentos ricos em aditivos químicos e gorduras (BRASIL, 2006).
A transição nutricional no Brasil tem afetado de forma significativa o estado nutricional
da população. Ocorre o aumento da prevalência de obesidade, doenças cardiovasculares,
entre outras Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), causando preocupações na
área de saúde, pois essas doenças são responsáveis por um alto índice de mortalidade no
país (KAC; VELASQUEZ-MELENDEZ, 2015). Nas comunidades indígenas, a subsistência
a partir de atividades como o plantio, a caça e a pesca vem ao longo dos anos sofrendo
mudanças decorrentes principalmente da instalação de novos regimes socioeconômicos e
da diminuição dos limites territoriais indígenas (LEITE, 2012).
Mudanças no perfil de morbimortalidade foram verificadas desde a primeira década
do século XX. A transição epidemiológica refere-se a mudanças em longo prazo dos
padrões de morbidade, morte e invalidez em conjunto com outras modificações, como as

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 11 116


sociais e demográficas (BRESAN; BASTOS; LEITE, 2015). Essas mudanças são também
evidentes nos povos indígenas, afetando de forma negativa sua alimentação, tendo como
principal fator a redução do consumo de alimentos tradicionais e proveniente da natureza,
devido à diminuição na diversidade alimentar, que resulta em um aumento do consumo de
alimentos industrializados e consequentemente menos saudáveis (RIBAS, 2008).
Diante dessas modificações nos hábitos alimentares, observa-se o aumento da
prevalência de excesso de peso nos índios. Os resultados do I Inquérito Nacional de Saúde
e Nutrição do Povos Indígenas mostraram excesso de peso e obesidade em todas as faixas
etárias tanto no sexo masculino como no feminino, revelando que essas modificações
podem afetar de forma negativa na vida desses indivíduos (COIMBRA et al., 2013).
Todas essas modificações impactam de forma negativa nessa população, deixando-a
vulnerável a incidência de DCNT, como a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), que leva
a prejuízos significativos na qualidade de vida (LEITE, 2012). Essa é caraterizada por
uma condição clínica multifatorial com elevação da pressão arterial e, normalmente, está
associada a outros fatores como a obesidade, diabetes, dislipidemias (MALACHIAS et al.,
2016).
De acordo com o exposto sobre as mudanças dos hábitos alimentares e do padrão
de atividade física da população indígena, é visto o aumento de sobrepeso e obesidade
e consequentemente a elevação dos casos de Doenças Crônicas Não Transmissíveis
(DCNT). Diante disso o objetivo do estudo foi avaliar a relação entre a transição nutricional
e a prevalência de hipertensão arterial nos indígenas brasileiros através de uma revisão
bibliográfica.

2 | METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, realizada pela busca de caráter
exploratório em artigos científicos publicados, principalmente, em revistas indexadas
nas bases de dados Bireme, Lilacs e Scielo. O levantamento bibliográfico foi realizado
utilizando-se os seguintes descritores: População Indígena, Doença Crônica, Hipertensão,
Transição nutricional. Foi realizada a pesquisa de artigos científicos publicados do ano de
1991 a 2018, nas línguas inglesa e portuguesa. Realizou-se uma seleção prévia, na qual
ocorreu a leitura de caráter exploratório dos títulos e resumos e, em seguida, outra leitura
completa dos artigos selecionados. O registro das informações relevantes encontra-se nos
resultados do presente estudo.

3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estudo em adultos do povo Xukuru do Ororubá adotou como parâmetro de avaliação
antropométrica o Índice de Massa Corporal (IMC) de sobrepeso maior que 24,99kg/m² e o
de obesidade maior que 29,99kg/m². Os resultados foram que, no sexo feminino, 52,2 %

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 11 117


estavam com sobrepeso e 21% com obesidade. Já no sexo masculino, 44,1% apresentavam
sobrepeso e 7,5% estavam obesos. Esses dados corroboram com outros estudos que
revelam o excesso de peso cada vez mais prevalente, podendo estar relacionado com a
transição nutricional (FÁVARO et al., 2015).
Um estudo foi realizado com a população adulta Suruí, uma sociedade indígena da
Amazônia brasileira, que incluiu 252 indivíduos avaliados pelo IMC. Os Suruí entre 20 e 49,9
anos apresentaram sobrepeso (42,3%) ou obesidade (18,2%). A frequência de obesidade
nas mulheres foi de 24,5%, registrando assim o dobro comparado ao sexo masculino. O
estudo relata que a população está passando por uma rápida transição nutricional, por
mudanças na dieta e atividades físicas. (LOURENÇO et al., 2008).
Gimeno e colaboradores (2007) investigaram o perfil metabólico e antropométrico
de 201 índios Aruák, que vivem no Alto Xingu, Brasil Central, de ambos os sexos e maiores
de 20 anos. Os índios do sexo masculino quando comparado ao feminino tinham valores
médios menores de dobras cutâneas e de HDL colesterol, porém o IMC, a circunferência
do braço e a pressão arterial eram maiores. A prevalência de sobrepeso foi 51,8% e de
obesidade foi 15% nessa população.
Diante do aumento do excesso de peso, aumenta-se o risco de desenvolvimento de
doenças crônicas não transmissíveis e de outras também influenciadas por esse fator de
risco. Um estudo, realizado com indígenas Guarani, Terena e Kaiowa da aldeia Jaguapiru,
Mato Grosso do Sul, avaliou 606 indivíduos. A prevalência global de níveis pressóricos
sugestivos de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) foi de 43,6% em homens e 37,4% em
mulheres (OLIVEIRA et al., 2011).
Para verificar a prevalência de níveis tensionais sugestivos de HAS, Bresan, Bastos e
Leite (2015) avaliaram 355 adultos na terra indígena Xapecó (Kaingang), associando dados
antropométricos e sociodemográficos. A prevalência de níveis tensionais sugestivos de
HAS foi de 53,2% nos homens e 40,7% nas mulheres. Quanto maior tinha a Circunferência
da Cintura (CC) maiores eram os níveis tensionais alterados em mulheres.
Tavares e colaboradores (2013), em estudo realizado com os Suruí em Rondônia,
verificaram uma prevalência de níveis indicativos de HAS de 2,8% na população com
mais de 20 anos, sendo que 2,4% foi visto em homens e 3,1% nas mulheres. Isso atingiu
mais indivíduos com idade superior a 40 anos com Circunferência da cintura (CC) e
Relação Cintura Quadril (RCQ) elevados, principalmente mulheres e grupos com menor
nível socioeconômico, utilizou-se para risco cardiovascular os valores do perímetro da
cintura (PC) > 94 cm para o sexo masculino e de > 80 cm, para o feminino; e de RCQ >
1 e > 0,85, para os sexos masculino e feminino, respectivamente. Observou-se ainda que
85,7% daqueles indivíduos com HAS apresentavam menores níveis socioeconômicos. A
obesidade abdominal, avaliada através da CC, foi positivamente relacionada com Pressão
Arterial Sistólica (PAS) e Pressão Arterial Diastólica (PAD). Um estudo, realizado em 1988
nessa mesma população, verificou que não foi encontrado nenhum caso de HAS e as

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 11 118


médias de PAS e PAD eram mais baixas (FLEMING et al., 1991). Isso sugere aumento dos
níveis tensionais com o passar dos anos.
Meyerfreund et al. (2009) verificaram que as mudanças nos padrões alimentares,
como a diminuição de alimentos in natura por incremento de produtos ricos em sódio e
carboidrato de alto índice glicêmico, poderiam facilitar a expressão genética, favorecendo
assim o desenvolvimento de doenças crômicas não transmissíveis, como a HAS. Junto
com a mudança no consumo alimentar e as modificações que ocorrem no estilo de vida,
poderiam elevar a pressão arterial, o que contribui ainda mais para esse aumento da
prevalência de HAS.

4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prevalência dos níveis aumentados de pressão arterial nos artigos pesquisados
foram significativas em indígenas brasileiros, sendo influenciado pelas modificações como
a transição nutricional, que se caracteriza principalmente pela diminuição da ingestão
de alimentos in natura e aumento de ultraprocessados e de processados. É importante
que ocorra a implantação de ações para controle e diminuição dos fatores de riscos que
contribuem para o aumento dessa incidência.

REFERÊNCIAS
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Cisi/ CNS 2000-2006. Editora da UnB. Brasília. 2006.

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Coletiva, v. 18, n. 5, 2013

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 11 120


CAPÍTULO 12
doi
VULNERABILIDADE À DEPRESSÃO E
ALTERAÇÕES DO ESTADO NUTRICIONAL EM
PACIENTES ONCOLÓGICOS

Data de aceite: 01/12/2020 PALAVRAS - CHAVE: Câncer; Depressão;


Estado Nutricional; Pacientes oncológicos.

Brunna Luise do Nascimento Barboza VULNERABILITY TO DEPRESSION AND


NUTRITIONAL STATES CHANGES IN
Universidade Tiradentes-UNIT; Maceió/AL;
ONCOLOGICAL PATIENTS
membro da Liga Interdisciplinar de Nutrição
Comportamental-LAINC; ABSTRACT: This article aims to analyze
http://lattes.cnpq.br/6581747784050730 the relationship between the prevalence of
depression and the alteration of the nutritional
Débora Lisboa de Almeida Neves Silva
status in cancer patients, since the diagnosis of
Universidade Tiradentes-UNIT; Maceió/AL;
cancer brings several emotional and physical
membro da Liga Interdisciplinar de Nutrição
demands on the individual, requiring the
Comportamental-LAINC;
monitoring of a multidisciplinary team for a better
http://lattes.cnpq.br/7829874458765585
prognosis through a biopsychosocial view of the
Iara Moraes Filgueira Pachioni health and disease process.
Universidade Tiradentes-UNIT; Maceió/AL; KEYWORDS: Cancer; Depression; Nutritional
membro da Liga Interdisciplinar de Nutrição status; Cancer patients.
Comportamental-LAINC;
http://lattes.cnpq.br/3404726054674020
1 | INTRODUÇÃO
Islany Kevelly Almeida de Melo
Universidade Tiradentes-UNIT; Maceió/AL; O Instituto Nacional de Câncer (INCA)
membro da Liga Interdisciplinar de Nutrição faz publicações anuais sobre incidência
Comportamental-LAINC; de câncer no Brasil. Essa patologia traz
http://lattes.cnpq.br/9645826347732868
diversas demandas sobre os indivíduos,
tendo consideráveis estressores tanto no
seu diagnóstico quanto no seu tratamento;
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo acarretando várias comorbidades, sendo a
analisar a relação da prevalência da depressão
depressão um dos transtornos psiquiátricos
e a alteração do estado nutricional em pacientes
mais recorrente nesses pacientes. Além disso,
oncológicos, já que, o diagnóstico de câncer traz
diversas demandas emocionais e físicas sobre o pessoas com câncer apresentam alterações no
indivíduo, sendo necessário o acompanhamento seu estado nutricional, como: perda de peso
de uma equipe multidisciplinar para um melhor involuntária, anorexia, diminuição da massa
prognóstico através de uma visão biopsicossocial magra e do tecido adiposo, dentre outras.
do processo de saúde e doença. Isso pode indicar que há uma relação entre

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 12 121


a alimentação e o câncer, sendo extremamente relevante, considerando a mudança no
estado nutricional do paciente causada pela doença e interferindo no seu prognóstico, o
que pode conduzir a graus variados de desnutrição, e quando associado à depressão, que
é um dos transtornos afetivos mais frequentes não só em pacientes oncológicos mas no
público populacional em geral, as comorbidades podem ser ainda mais acentuadas, pois os
transtornos de humor afetam significativamente o indivíduo a nível físico, mental e social.
A depender do tipo de tratamento adotado, a suscetibilidade à depressão e alterações
do estado nutricional torna-se maior, a exemplo da quimioterapia, um dos tratamentos mais
comuns para o câncer, que traz diversos efeitos colaterais severos, como: queda de cabelo,
vômitos, enjôos, perda de peso, entre outros sintomas que são comuns nos transtornos
depressivos e que favorecem a instalação do mesmo e/ou algum grau de desnutrição. Ao
se deparar com o diagnóstico, o indivíduo pode ser confrontado com sua vulnerabilidade
e o pensamento sobre sua morte se faz presente com maior aproximação e frequência,
dado todo o estigma que o câncer traz consigo, por isso, uma comunicação assertiva pode
ser um diferencial sobre como esse paciente vai enxergar a própria doença e enfrentar o
tratamento.
Sendo assim, o objetivo deste artigo foi o de analisar a relação da prevalência
da depressão e a alteração do estado nutricional em pacientes oncológicos, bem como
destacar a importância de um acompanhamento multidisciplinar a estes usuários. Para
isso, foi realizada uma pesquisa em livros e artigos científicos em plataformas onlines como
a Pepsic e Scielo, para a elaboração de uma revisão bibliográfica, que segundo (MARCONI,
2003), é um levantamento de dados indispensável, pois, através de um apanhado geral, é
possível fornecer dados atuais e importantes sobre a temática pesquisada.

2 | REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Uma patologia chamada câncer


O corpo humano pode ser entendido como uma estrutura bastante complexa que
nos permite realizar uma série de tarefas e funções. Somos seres pluricelulares, ou seja,
possuímos várias células, algo em torno de 10 trilhões. Estas células, apresentam formas
e funções definidas. O agrupamento dessas células forma os tecidos, que por sua vez,
desenvolvem os órgãos e diversas outras estruturas do corpo. A maioria das células
normais cresce, multiplica-se e morre de maneira ordenada.
Uma pequena alteração na estrutura genética das células, as chamadas mutações,
podem degenerar uma célula funcional e a transformar em uma célula cancerosa. As
células cancerosas, em vez de morrerem, continuam crescendo de forma descontrolada
e anormal, dando formação a outras células anormais. Essa forma não controlada de
crescimento celular corresponde as neoplasias, também denominadas de tumores.
O Câncer é uma mutação na estrutura genética (DNA) das células. Cada célula

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 12 122


sadia possui instruções de como devem crescer e se dividir; se acontecer qualquer erro
nestas instruções pode surgir uma célula doente que causará o câncer (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2013-2020). Trata-se de uma doença genética, crônico-degenerativa, capaz de
se desenvolver em praticamente qualquer célula, se multiplicar e se espalhar por outras
células. O câncer pode aparecer de muitas formas, e tem grande incidência em todo o
mundo, sendo capaz de acometer diferentes tecidos e órgãos, com altíssimo grau de
morbimortalidade e capacidade de atingir a todos sem distinção de idade, classe social ou
etnia.
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum
o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. Dividindo-se
rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a
formação de tumores, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo (INCA, 2019).
De fato, o câncer pode aparecer em qualquer parte do corpo. Contudo, alguns órgãos são
mais afetados do que outros; e cada órgão, por sua vez, pode ser acometido por tipos
distintos de tumores, mais ou menos agressivos e serão classificados de acordo com a
localização primária do tumor.
Atualmente, o câncer é uma das problemáticas de saúde pública Brasileira mais
delicada e complexa, dada a sua magnitude epidemiológica, social e econômica. O câncer
é o principal problema de saúde pública no mundo e já está entre as quatro principais
causas de morte prematura (antes dos 70 anos de idade) na maioria dos países (INCA,
2020).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que cerca de 40% das mortes
por câncer poderiam ser evitadas, o que faz da prevenção um componente essencial de
todos os planos de controle do câncer. Existem também alguns fatores que contribuem
para o desenvolvimento do câncer, como o tabagismo, a obesidade, os hábitos alimentares,
alcoolismo, hábitos sexuais, medicamentos, doenças cardiovasculares e respiratórias,
radiação solar e questões genéticas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013-2020).
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), órgão do Ministério da Saúde
responsável pela prevenção e controle do câncer no Brasil, as estimativas para o ano de
2020 e válidas também para o ano de 2021, apontam que ocorrerão 489.270 casos novos
de câncer.
É inegável que o diagnóstico de câncer tem um impacto na vida de um paciente e
pode ter um efeito devastador, mas cada pessoa é única e pode reagir de maneira singular.
O medo, angústia, ansiedade e as dúvidas sobre o que irá acontecer a partir daquele
momento, podem aparecer e muitas vezes acompanhadas da ideia de morte, embora
atualmente ocorram muitos casos de remissão total. Toda essa situação pode ser condutora
a um estado depressivo e a uma alteração do estado nutricional do paciente, assim como
alguns fármacos presentes em alguns tipos de tratamento.
Após o diagnóstico da doença, o médico junto ao paciente deve decidir sobre as

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 12 123


opções de tratamento mais adequadas ao caso, que dependerão do tipo e estágio do
tumor, localização, estado de saúde geral do paciente e dos possíveis efeitos colaterais.
As principais formas de tratamento são: a quimioterapia, que se trata de um
medicamento utilizado para destruir as células cancerosas que formam o tumor. Deve haver
uma mudança de rotina durante o tratamento, como: ter uma boa qualidade de sono, se
utilizar outros medicamentos deve ser informado ao médico, ingerir bebidas alcoólicas em
pequenas quantidades, para as mulheres o fluxo menstrual pode ter algumas alterações
podendo aumentar, diminuir ou parar, as atividades sexuais podem ser mantidas, sendo
a gravidez evitada no período do tratamento. Podem ocorrer efeitos colaterais como:
fraqueza, diarreia, perda de peso, aumento de peso, ferida na boca, queda de cabelo,
enjoo, vômitos e tonturas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013-2020).
A radioterapia é uma radiação utilizada para destruir ou impedir que as células
aumentem. É um dos tratamentos mais usados, considerado um meio bastante eficaz,
fazendo com que a doença desapareça, se controle ou até a cura. Pode trazer alguns
efeitos colaterais como: o cansaço, perda de apetite e dificuldade para ingerir alimentos e
reação da pele que por receber a radiação, pode coçar, ficar vermelha, irritada, queimada
e seca. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013-2020).
A cirurgia oncológica é o principal tratamento, pode ser utilizado para vários tipos
de câncer e podendo ser curativo quando a doença é diagnosticada ainda em estágio
inicial. Todos os tipos de tratamento visam a cura, prolongamento da vida útil e melhora da
qualidade de vida.
2.2 Depressão: um transtorno de humor comum
A depressão é um transtorno de humor, que interfere na afetividade do indivíduo
(por isso também é conhecido como transtorno afetivo), onde sua principal característica
é o rebaixamento do humor. De acordo com o Classificação Estatística Internacional das
Doenças (CID-10, 1993), a pessoa acometida por algum episódio depressivo, usualmente
apresenta perda de prazer e interesse, humor deprimido, falta de energia com uma
fatigabilidade aumentada mesmo após esforço mínimos.
Os sintomas desse transtorno podem variar de acordo com cada pessoa, mas
no geral, são sintomas comuns que podem incluir: concentração e atenção reduzidas;
apetite diminuído; sono perturbado; autoestima e autoconfiança reduzidas; idéias de culpa,
inutilidade e visões desoladas e pessimistas do futuro (CID-10, 1993). Além disso, os
episódios depressivos apresentam graus variados, podendo ser leve, moderado ou grave;
com ou sem sintomas psicóticos. Por ser uma psicopatologia que interfere no afeto, a
depressão pode ser um grande problema de comorbidade se associada a outras doenças,
pois a afetividade perpassa e interfere em todo o organismo a nível psíquico e físico.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 2018), estima-se que no
mundo, mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades, sofrem de depressão. Isso

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 12 124


faz com que esse transtorno seja comum e considerado o mal do século por vários autores.
Não obstante, a depressão pode ainda ser um fator de risco para o suicídio. O indivíduo
depressivo necessita de atendimento especializado tanto para o diagnóstico quanto para
o tratamento, pois suas causas são variadas e envolvem aspectos biopsicossociais,
interferindo em questões de vida no âmbito escolar, profissional, familiar, pessoal, entre
outros.

2.3 Alterações do estado nutricional


A desnutrição em pacientes oncológicos é muito prevalente. Diversos fatores estão
relacionados com essa alteração no estado nutricional, especificamente os que estão
associados ao processo natural da doença (redução do apetite, dificuldade para deglutir
alimentos), além da localização, o grau, o estágio da patologia e o tipo de tratamento, como
intervenções cirúrgicas, quimioterapia e radioterapia.
De acordo com o Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional (Ibanutri), a desnutrição
calórica e proteica em pacientes internados com câncer no Brasil chega a 66,4%, índice
bem mais alto do que de pacientes internados por doenças de modo geral que chega a
50% (INCA, 2014).
A caquexia atrelada ao câncer tem como manifestações clínicas anorexia, perda
de massa muscular, perda de peso involuntária, atrofia dos órgãos viscerais e anergia.
Além disso, pode interferir na eficácia e no prognóstico do tratamento. Segundo Pacheco
(2005, p. 62) o paciente caquético pode apresentar uma maior susceptibilidade a processos
infecciosos e complicações pós-operatórias, diminuição da tolerância ao tratamento
oncológico, e ainda, sonolências.
Diante disso, torna-se evidente que o estado nutricional do paciente tem relevante
impacto sobre o seu tratamento, podendo contribuir significativamente na eficiência
da terapêutica adotada. Preservar o paciente através da terapia nutricional previne a
desnutrição, aumenta a qualidade de vida e controla os efeitos do tratamento, aumentando
a sobrevida do paciente. A alimentação é fator essencial e inerente à condição de
sobrevivência humana. É bem comum que o paciente oncológico venha a sofrer com todas
as alterações metabólicas, hormonais, e fisiológicas que estão associadas à própria doença
ou a terapêutica utilizada na busca da cura ou melhoria da qualidade de vida. A avaliação
do estado nutricional do paciente oncológico tem extrema relevância para o sucesso do
tratamento e recuperação do paciente, deve ser realizada no início e ao longo de todo
o tratamento, possibilitando a identificação dos pacientes que estão em risco nutricional,
assim como os que apresentam qualquer grau de desnutrição. Essa detecção precoce
oportuniza que as intervenções aconteçam de maneira assertiva.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 12 125


3 | RESULTADOS E DISCUSSÕES
A desnutrição e a depressão tem alta incidência em pacientes com câncer, sendo a
desnutrição um fator decisivo na diminuição da resposta aos tratamentos específicos e na
qualidade de vida do paciente, aumentando significativamente os riscos de infecção pós-
operatória e aumentando os indicios de morbimortalidade.
Observando os dados obtidos através de um recente estudo, foi possível notar
que 70 pacientes com câncer em tratamento ambulatorial, 81,4% referem que não tem
acompanhamento nutricional adequado e 57,1% não fazem uso de nenhuma terapia
nutricional. A prevalência de desnutridos foi de 83%, e apenas 17% desses paciente
foram considerados bem nutridos (DALLACOSTA, et. al, 2017). A ingestão energética de
pacientes com câncer pode variar de acordo com o tipo de doença, protocolo terapêutico,
estado nutricional prévio e complicações; e é fundamental que esses aspectos sejam
avaliados individualmente.
Outro achado importante foi com relação aos idosos, numa pesquisa com pacientes
em tratamento oncológico, evidenciou-se uma elevada frequência de desnutrição grave
ou moderada e de necessidade de intervenção nutricional crítica nesse público (SANTOS,
et. al, 2015). Além disso, em um estudo com 233 pacientes oncológicos, foi observado
uma prevalência de ansiedade e depressão (26,18% e 31, 33% respectivamente), onde as
mulheres foram mais propensas a apresentarem transtornos de humor (FERREIRA, et. al,
2016).
A patologia do câncer pode trazer mudanças significativas no cotidiano do sujeito,
essas alterações podem mexer com o paciente no seu aspecto biopsicossocial fazendo com
que estes sejam mais suscetíveis a transtornos psiquiátricos. É muito comum que pessoas
portadoras de câncer tenham sintomas psicológicos, como sentimento de insuficiência;
alteração da autoimagem; sintomas gerados pelo próprio tratamento; entre outros, que
podem contribuir para um possível quadro depressivo.
Situações de muito estresse, podem desencadear um comportamento depressivo,
agressivo, ou até mesmo suicida. (SHER, 2008). De fato, o desequilíbrio hormonal causador
do estresse tende a conduzir a uma produção elevada de adrenalina e do hormônio cortisol,
o que leva a uma série de fatores prejudiciais ao organismo, inibindo os recursos naturais
de reestruturação do DNA, o que enfraquece o sistema imunológico, deixando o paciente
ainda mais suscetível às ameaças de infecção. Alguns pesquisadores têm relacionado o
estresse com a progressão do câncer, justamente pela ocorrência de disfunções celulares
existentes, assim como, o dano causado ao DNA e a diminuição no número de células
protetoras e também diminuição no nível de atividade dessas células. (PALERMO, et.al,
2003)
O manejo clínico multidisciplinar torna-se imprescindível para minimizar o sofrimento
causado pelo processo do adoecer e de hospitalização, e a atuação deve ser sempre

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 12 126


baseada numa tríade entre: paciente, família e equipe de saúde.

4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destacamos a importância de um trabalho psicológico especializado para os
pacientes oncológicos, pois a própria natureza da patologia, ansiedade e angústia
acarretam invariavelmente um impacto emocional, e este, por sua vez, pode estar
associado a sintomas somáticos, trazendo a necessidade de um cuidado ético, profissional
e humanizado tanto na comunicação do diagnóstico da doença, bem como na mudança de
tratamento para cuidados paliativos, por exemplo.
A jornada do paciente oncológico deve ser cuidada de maneira integral por uma
equipe multidisciplinar, por isso, a comunicação entre os profissionais envolvidos deve ser
constante, buscando garantir um melhor prognóstico e qualidade de vida durante e depois
do tratamento. Isso serve para lembrar que as instituições de ensino em saúde, devem
preparar o estudante para esse trabalho em equipe, aproximando o máximo a teoria da
prática tal como ela é.
Dentro da equipe multidisciplinar deve haver um psicólogo, para cuidar da saúde
mental do paciente antes, durante e depois do tratamento, visto que o mesmo pode
acometer diversas comorbidades entre elas a depressão e ansiedade que são bastante
comuns em pacientes com câncer.
O paciente que recebe o diagnóstico de câncer e já se encontra com depressão
ou desenvolve a partir do diagnóstico tem riscos do tratamento não dar certo, de ficar
desanimado, podendo levar até a morte, sendo a depressão considerado um fator de
risco para o processo terapêutico oncológico. Por isso um cuidado integral e que abarque
várias ciências especializadas, torna-se um facilitador em potencial no tratamento desses
pacientes, além de ser uma garantia de direitos, é um cuidado que enxerga o ser humano
como um todo, levando em consideração os aspectos biopsicossociais do processo de
saúde e doença.

REFERÊNCIAS
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DALLACOSTA, Fabiana et al. Avaliação nutricional de pacientes com câncer em atendimento


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Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 12 127


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Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 12 128


CAPÍTULO 13
doi
EFEITO HIPOGLICEMIANTE DO ALHO (ALLIUM
SATIVUM L.) NO DIABÉTICO

Data de aceite: 01/12/2020 Camila Pinheiro Pereira


Data da submissão: 04/09/2020 Universidade Federal do Ceará
Fortaleza/CE
http://lattes.cnpq.br/0848997163236419

Anita Ferreira de Oliveira Natasha Vasconcelos Albuquerque


Centro Universitário Unifametro Universidade Federal do Ceará
Fortaleza/CE Fortaleza/CE
http://lattes.cnpq.br/8862585822161095 http://lattes.cnpq.br/4218736957559470

Camila Moreira da Costa Alencar Ana Patrícia Nogueira Aguiar


Centro Universitário Unifametro Centro Universitário Unifametro
Fortaleza/CE Fortaleza/CE
http://lattes.cnpq.br/8492037877194696 http://lattes.cnpq.br/3857848580588874

Eric Wenda Ribeiro Lourenço Maria Anizete de Sousa Quinderé


Centro Universitário Unifametro Universidade Estadual do Ceará
Fortaleza/CE Fortaleza/CE
http://lattes.cnpq.br/1708169967137531 http://lattes.cnpq.br/6759075554808014

Gustavo Galdino de Meneses Barros


Centro Universitário Unifametro
Fortaleza/CE RESUMO: De origem europeia, o alho (Allium
http://lattes.cnpq.br/1397440738569729 sativum L.) é considerado uma hortaliça de
Mirla Ribeiro dos Santos ampla utilização na culinária. Apresenta também
atividades que favorecem a saúde como poder
Centro Universitário Unifametro
Fortaleza/CE antioxidante, anti-hipertensivo, hipoglicemiante
http://lattes.cnpq.br/4159511652593299 e cardioprotetor. Este estudo tem como objetivo
reunir estudos científicos que relatem a atividade
Hérica do Nascimento Sales Farias hipoglicemiante do alho (Allium sativum L.)
Centro Universitário Unifametro no diabético. Levando em consideração a
Fortaleza/CE importância da alimentação para a saúde, o
http://lattes.cnpq.br/5889315149528433
trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica
Alane Nogueira Bezerra baseada no levantamento de artigos científicos,
Universidade Federal do Ceará onde os estudos publicados foram agrupados e
Fortaleza/CE sintetizados, obtendo-se resultados que foram
http://lattes.cnpq.br/0342140577127359 evidenciados em outros estudos científicos.
Verificou-se a partir deste estudo que os
compostos organossulfurados, principalmente, a

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 13 129


alicina, presente no alho, tem a capacidade hipoglicemiante, podendo ser comparada com a
ação da insulina.
PALAVRAS - CHAVE: Diabetes Mellitus. Alho. Hipoglicemiante.

HYPOGLYCEMIANT EFFECT OF GARLIC (ALLIUM SATIVUM L.) ON DIABETIC


ABSTRACT: Of European origin, garlic (Allium sativum L.) is considered a vegetable of wide
use in cooking. It also presents health-promoting activities such as antioxidant, antihypertensive,
hypoglycemic and cardioprotective powers. This study aims to gather scientific studies that
report the hypoglycemic activity of garlic (Allium sativum L.) in diabetics. Taking into account
the importance of food for health, the work is a bibliographic review based on the survey
of scientific articles, where the published studies were grouped and synthesized, obtaining
results that were evidenced in other scientific studies. From this study, it was found that the
organosulfur compounds, mainly allicin, present in garlic, have a hypoglycemic capacity,
which can be compared with the action of insulin.
KEYWORDS: Diabetes Mellitus. Garlic. Hypoglycemic.

1 | INTRODUÇÃO
A alimentação vem sendo base para a cura de doenças desde o início dos tempos,
mas se enfatizou este conceito com o Grego Hipócrates, citando a seguinte frase: “que o
alimento seja seu medicamento e o medicamento seja o seu alimento”. Na década de 80
surgiu no Japão a caracterização de alimento funcional, a fim de acrescentar benefícios
no sistema imunológico, ou prevenir/retardar o surgimento de doenças crônicas (BASHO;
BIN, 2010).
Os alimentos funcionais demonstram especificidades nutricionais extras, ou seja,
propriedades além das nutricionais básicas. Quando adicionados à dieta tradicional,
exercem funções regulatórias no organismo, favorecendo o retardo do surgimento de
doenças como a Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus, Câncer e Cardiopatias
(MORAES; COLLA, 2006).
Considerado uma tendência negativa de saúde, o Diabetes Mellitus vem sendo
considerado uma desordem crônica mundial, aumentando o número de casos e,
consequentemente, os níveis de morbi-mortalidade. A condição mais frequente atual é o
tipo 2, onde os hábitos de vida influenciam diretamente no seu surgimento, sendo assim,
crescente o nível de crianças e adolescentes portadores dessa patologia (MARMITT et al.,
2015).
O alto nível de glicemia é comum entre as duas condições clínicas, sendo elas
diferenciadas pela insulina. O tipo I pode ser caracterizado como insulinodependente, já
que ocorre a ausência da insulina endógena, e o tipo II decorre da ineficiência ou baixa
quantidade da insulina no organismo (ROSA; BARCELOS; BAMPI, 2012).
A ingestão diária de frutas e hortaliças traz a melhora do quadro de hiperglicemia

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 13 130


existente no indivíduo diabético, dentre elas encontra-se o alho. Botanicamente reconhecido
como componente da família Liliácea e oriundo da Europa, o alho (Allium sativum L.) é
uma hortaliça que vem sendo utilizada desde a antiguidade, possuindo compostos que
favorecem sua atividade antioxidante, anti-hipertensiva, hipoglicemiante e cardioprotetora
(SANTOS et al., 2010).
Diante da nova perspectiva da inclusão de alimentos funcionais no tratamento do
Diabetes mellitus, este estudo teve como objetivo reunir estudos científicos que relatem a
atividade hipoglicemiante do alho (Allium sativum L.) no diabético.

2 | METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica, em que os estudos
publicados foram reunidos e sintetizados, obtendo resultados que foram evidenciados por
vários especialistas, contribuindo assim para um melhor esclarecimento dos fatos.
As pesquisas foram realizadas em diversas bases de dados científicos, sendo elas:
Scielo, Bireme, Lilacs e BVS, sobre o tema. A pesquisa foi realizada no período de junho
a agosto de 2018, consistindo na análise de 22 artigos científicos, onde 12 artigos foram
utilizados, publicados no período de 2006 a 2017. Os seguintes termos foram cruzados
no idioma português e inglês com os seguintes descritores: “Diabetes Mellitus” (Diabetes
Mellitus), “Alho” (Garlic), “Hipoglicemiante” (Hypoglycemic Agents). Uma busca manual
adicional também foi realizada pelas sugestões de “artigos relacionados” das próprias
bases de dados. Foram incluídos estudos experimentais com animais e humanos.

3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
O alho (Allium sativum L.) vem sendo usufruído pelo Homem há séculos, como
especiaria ou recurso medicinal. No Egito era utilizado para evitar episódios de diarreia,
e na Grécia antiga era usado no tratamento de doenças pulmonares. Os trabalhadores
do Império Romano consumiam o alho para resistir por mais tempo o trabalho braçal.
Médicos como Plinio e Hipócrates ingeriam o mesmo como cura de infecções intestinais,
hipertensão, senescência e impotência sexual (APOLINÁRIO et al., 2008).
Ao analisar os efeitos terapêuticos do alho, foi encontrada uma gama de nutrientes,
sendo eles proteínas, ácidos graxos, carboidratos e vitaminas como a A, B1, B2 e C
(APOLINÁRIO et al., 2008). Em aproximadamente um bulbilho, ou seja, um dente de
alho foi identificado também 33 compostos organossulfurados, contendo em quantidades
quatro vezes maiores que na cebola, brócolis, entre outros (SILVA et al., 2010). Dentre
os compostos organossulfurados, pode-se citar a Aliina, Ajoeno, Alicina, Tiosulfato, Alil-
mercaptnao, Dialil-dissulfido, S-acil-cisteína e compostos gama-glutâmicos (CARDOSO;
NEPOMUCENO, 2015).
A Aliina é considerada o composto em maior abundância e melhor efeito

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 13 131


hipoglicemiante. Quando há o consumo do bulbo, ocorre a laceração do mesmo, e a aliina
entra em contato com a enzima aliinase, sendo convertida posteriormente em alicina. Caso
o indivíduo ingira a cápsula de alho, a aliina entrará em contato com a aliinase no intestino,
derivando assim a alicina (CHAGAS et al., 2012).
Ashraf (2011) avaliou em seu estudo o potencial redutor de glicose sanguínea do
alho em 60 indivíduos portadores do diabetes tipo II, divididos, respectivamente, em grupo
I e grupo II. Com duração de 24 semanas, os indivíduos do grupo I receberam cápsulas
de alho 300mg três vezes ao dia e o grupo II recebeu cápsulas de placebo, sendo que
ambos os grupos receberam metformina 500mg duas vezes ao dia. Os níveis sanguíneos
de glicemia em jejum foram verificados ao final das semanas 0, 12 e 24. Foi possível
observar que o grupo I demonstrou uma diminuição significativa de glicemia em jejum,
128,3 ± 0,311mg/dl na semana 0, que foi reduzida para 126,9 ± 0,369mg/dl na semana 12
e para 124,8 ± 0,330mg/dl na semana 24, quando comparado ao grupo II.
No estudo de Johnson (2015), que utilizou como amostra ratos diabéticos induzidos
por aloxano, receberam 400mg de extrato de alho por kg/dia durante seis semanas. Após
o período estipulado de estudo, foi verificado que o extrato de alho diminuiu os níveis de
glicose sérica, comparado ao grupo controle.
O estudo de Eidi (2006) verificou o efeito do extrato de alho em ratos diabéticos
e ratos diabéticos induzidos por estreptomicina. Foi administrado oralmente o extrato
etanoico de alho nos valores de 0,1; 0,25 e 0,5 g/kg de peso corporal em um período de 14
dias. Ao final do estudo foi possível observar uma diminuição nos níveis de glicose sérica e
aumento nos níveis de insulina sérica. O autor também realizou uma comparação entre os
efeitos do extrato de alho e o hipoglicemiante oral glibenclamida, observando assim que o
extrato de alho age melhor na hipoglicemia do que o medicamento.

4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos estudos desta revisão bibliográfica, acredita-se que os compostos
organossulfurados, principalmente a alicina, tem a capacidade de diminuir o nível de
glicemia, podendo ser comparada com a ação da insulina.
Ainda não se sabe ao certo o mecanismo de ação efetivo do extrato de alho,
podendo agir na elevação da secreção pancreática de insulina, estimulando as células β
na sua produção ou regeneração das mesmas.

REFERÊNCIAS
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agente terapêutico para diversas Patologias: uma revisão. BioFar Revista de biologia e farmácia, v.
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Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 13 132


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de alhos armazenados sob refrigeração, provenientes de cultivos no Brasil e na China. Revista
Ciência Rural, Santa Maria, Online, 2010.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 13 133


CAPÍTULO 14
doi
ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL EM PACIENTES
PORTADORES DE FIBROSE CÍSTICA: UMA
REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA

Data de aceite: 01/12/2020 Paloma de Sousa Bezerra


Data de submissão: 26/10/2020 Centro Universitário de Juazeiro do Norte
https://orcid.org/0000-0001-5213-667X

Paulina Nunes da Silva


Tanmara Kelvia Oliveira da Costa Almeida Faculdade Mauá
Centro Universitário de Juazeiro do Norte https://orcid.org/0000-0002-0270-2992
https://orcid.org/0000-0001-5011-4186
Esaú Nicodemos da Cruz Santana
Priscylla Tavares Almeida Universidade de Pernambuco
Centro Universitário de Juazeiro do Norte https://orcid.org/0000-0002-2417-8706
Juazeiro do Norte-CE
Rejane Ferreira da Silva
https://orcid.org/0000-0002-9983-988X
Centro Universitário de Juazeiro do Norte
Juliana Alexandra Parente Sa Barreto https://orcid.org/0000-0002-4073-4020
Universidade Regional do Cariri
Crato- CE
https://orcid.org/0000-0002-5684-6393
RESUMO: A Fibrose Cística ou mucoviscidose
Carla Maria Bezerra de Menezes é uma doença autossômica não transmissível
Universidade Federal do Pernambuco causada por um gene defeituoso que afeta
https://orcid.org/0000-0002-1847-9975 com maior prevalência o público infantil. Suas
Yasmin Trindade Evangelista de Araújo manifestações clínicas resultam em acúmulo de
Universidade Potiguar secreções nos pulmões, pâncreas e o sistema
https://orcid.org/0000-0001-9333-0356 digestivo. O objetivo do artigo foi revisar e
analisar o impacto que o suporte nutricional
Priscille Fidelis Pacheco Hartcopff pode repercutir na melhoria do estado nutricional
Faculdade União das Americas em pacientes que cursam com fibrose cística.
https://orcid.org/0000-0001-9368-6520
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura
Marjorie Correia de Andrade realizada na Medical Literature Analysis and
Universidade Potiguar Retrieval Sistem On-line (MEDLINE/PUBMED),
https://orcid.org/0000-0001-6032-1891 na Literatura Latino-Americana e do Caribe
(LILACS) e na Scientific Electronic Library Online
Alessandra Cabral Martins
(SciELO), no idioma português e inglês entre os
Centro Universitário Presidente Antônio Carlos anos de 2012-2020. Ao final da análise apenas
https://orcid.org/0000-0003-0397-0320
9 estudos cumpriram os requisitos com relação
a temática elencada, desse modo os restantes
foram descartados. Foram utilizando os termos:

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 14 134


Fibrose cística. Nutrição. De acordo com os achados nos estudos, observa-se que essa
patologia está frequentemente ligada ao status de subnutrição, desnutrição, inflamação, além
de prejuízos na digestão e absorção dos nutrientes, principalmente as gorduras, tornando-se
necessária o acompanhamento precoce para uma intervenção de sucesso. Portanto, conclui-
se que a terapia nutricional e acompanhamento em longo prazo se faz fundamental em
pacientes portadores de fibrose cística, visto que essa patologia é de ordem hipercatabólica
e inflamatória que contribui para aumento morbimortalidade.
PALAVRAS - CHAVE: Fibrose cística. Nutrição. Avaliação nutricional.

NUTRITIONAL COUNSELING IN PATIENTS WITH CYSTIC FIBROSIS: AN


INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW
ABSTRACT: Cystic Fibrosis or mucoviscidosis is an autosomal non-transmissible disease
caused by a defective gene that most commonly affects children. Its clinical manifestations
result in accumulation of secretions in the lungs, pancreas and the digestive system. The aim
of the article was to review and analyze the impact that nutritional support can have on the
improvement of nutritional status in patients with cystic fibrosis. This is an integrative literature
review carried out in the Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem On-line (MEDLINE /
PUBMED), in Latin American and Caribbean Literature (LILACS) and in the Scientific Electronic
Library Online (SciELO), in Portuguese. and English between the years 2012-2020. At the end
of the analysis, only 9 studies fulfilled the requirements regarding the listed theme, thus the
rest were discarded. They used the terms: Cystic fibrosis. Nutrition. According to the findings
in the studies, it is observed that this pathology is often linked to the status of malnutrition,
malnutrition, inflammation, in addition to impairments in the digestion and absorption of
nutrients, especially fats, making early monitoring necessary for an intervention. Of success.
Therefore, it is concluded that nutritional therapy and long-term follow-up is essential in
patients with cystic fibrosis, since this pathology is of a hypercatabolic and inflammatory order
that contributes to increased morbidity and mortality. Descriptors: Cystic fibrosis. Nutrition.
Nutritional assessment. Cystic Fibrosis or mucoviscidosis is a non-transmissible autosomal
genetic disease with a prevalence in white people whose clinical manifestations result from
protein dysfunction. In recent years the prognosis has improved greatly, showing a positive
survivor balance. Thus, the present study aimed to evaluate the effects of dietary intervention
in patients with cystic fibrosis disease. The study was a case study, descriptive, exploratory,
with a qualitative approach. The subjects of the case study were children of both genders
between 4 and 6 years of age, all of whom were diagnosed with cystic fibrosis in August
2014. The main results were the physical state, body mass index (BMI) (P / I), showing that
the children were adequate as recommended by the WHO (2006), even so we can realize
how difficult it is for the carriers to have a weight gain even with a hypocaloric diet. The study
allowed us to see that diet has a direct positive and negative influence on cystic fibrosis (CF).
Being visible the lack of professionals with specific knowledge about pathology, including
nutritionists.
KEYWORDS: Cystic fibrosis. Nutrition. Nutritional assessment.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 14 135


INTRODUÇÃO
Fibrose Cística (FC) ou mucoviscidose é uma doença genética autossômica não
transmissível com prevalência em pessoas brancas e crianças, e que está associada a
doenças respiratórias, insuficiência pancreática e resulta na má absorção de nutrientes e
inflamação intestinal. Essas manifestações clínicas resultam em mutações em um gene
que codifica o regulador de codutância transmembrana de fibrose cística (CFTR) proteína.
Essa alteração ocorre mais precisamente no braço longo do cromossomo 7 do DNA
sendo a mesma localizada nas células e responsável por regular esse transporte dos íons
principalmente a água, cloro e o sódio (NEBES et al., 2016).
A FC, afeta 90.000 pacientes entre crianças e adultos no mundo e sua incidência
varia conforme a localidade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) 2011, relata que na
União Europeia entre 2.000 a 3.000 recém-nascidos, 1 é portador da FC e no EUA em
cada 3.500 recém-nascido 1 é portador da doença, já no Brasil por causa da imigração de
africanos a incidência é de 7.576 recém-nascidos para 1 portados da doença (ATHANAZIO
et al., 2018).
Nos últimos anos a expectativa está aumentando continuamente, com índice de
75% de sobrevida até o final da adolescência, e de 50% até a terceira década de vida. No
entanto, 10% dos portadores não ultrapassam os 30 anos. Em relação ao público mais
afetado pela FC se destacam as caucasianas, com menor predisposição os negros e
raramente em asiáticos. Em decorrência da mistificação das raças, no Brasil não há tantos
casos, em comparação com os EUA (BRASIL, 2018).
As manifestações clínicas recaem sobre vários sistemas, especialmente no
gastrointestinal e pulmonar. Esse último representa a principal causa de morbimortalidade
na FC, visto que o muco espesso obstrui as vias aéreas e impede a depuração mucociliar,
resultando em aumento do trabalho respiratório, requerendo, portanto, em aumento das
necessidades energéticas como forma de atenuar prejuízos correlacionados ao estado
nutricioal. Além disso, devido a diminuição na produção de enzimas pancreáticas, que
resulta em comprometimento ao funcionamento digestivo e absorção de nutrientes
específicos como as vitaminas lipossolúveis, que de forma subsequente pode acarretar
em maior desnutrição, problemas ósseos, hepáticos, distúrbios metabólicos, esteatorreia,
dentre outros (PEDROSA et al., 2015).
O interesse pela temática surgiu, uma vez que portadores de fibrose cística
cursam com alto risco nutricional, o que repercute significativamente na expectativa e
qualidade de vida. Nesse sentido, como forma de melhorar a progressão da patogênese, se
faz primordial estabelecer acompanhamento nutricional adequado e individualizado, visto
que o estado nutricional normal está instriscamente relacionado a maior sobrevida desses
pacientes. Dessa forma, o objetivo do artigo foi revisar e analisar o impacto que o suporte
nutricional pode repercutir na melhoria do estado nutricional em pacientes que cursam com

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 14 136


fibrose cística, tendo em vista que é uma patologia que reverberam alta morbimortalidade.

METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura que emerge como uma metodologia
que proporciona à síntese do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de
resultados de estudos significativos na prática, além disso, aponta lacunas que precisam
ser preenchidas com a realização de novos estudos com a finalidade de agregar resultados
preliminares por meio da investigação crítica de temáticas relevantes no campo científico
(Silva et al., 2017). A coleta dos dados foi realizada na Medical Literature Analysis and
Retrieval Sistem On-line (MEDLINE/PUBMED), na Literatura Latino-Americana e do Caribe
(LILACS) e na Scientific Electronic Library Online (SciELO). Primou-se por manuscritos
publicados em português publicados entre 2012-2020. Foram selecionados 20 artigos,
dentre eles 9 cumpriram aos requisitos a cerca do impacto que o suporte nutricional pode
repercutir na melhoria do estado nutricional em pacientes que cursam com fibrose cística,
Foram utilizando os termos: Fibrose cística. Nutrição. Foram excluídos os restantes por não
se relacionarem com a temática elencada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram empregados os descritores já mencionados no item anterior e restaram 20
trabalhos que faziam referência à associação dos termos procurados. Os manuscritos
foram lidos e os que faziam referência ao tema entraram na amostra, após aplicação dos
critérios de inclusão e exclusão, permaneceram 10 estudos que foram impressos para
leitura na íntegra.
A amostra final dos resultados revelou que os maus resultados na FC estão em sua
maioria ligados a subnutrição e desnutrição, devido o bloqueio dos ductos pancreáticos,
que geram prejuízos na digestão e absorção de nutrientes, em especial gorduras e
vitaminas, resultando em esteatorreia. Tendo isso em vista, é notório que o aconselhamento
nutricional é fundamental em todos os ciclos da vida, pois essa doença apresenta gastos
energéticos aumentados, havendo necessidade de triagem de risco nutricional, avaliação
nutricional precoce nesses pacientes com essa patologia para uma intervenção de sucesso
(SCHONENBERGNER et al., 2019).
O estado nutricional inadequado tem sido associado a mau prognóstico na FC,
repercutindo em diminuição da capacidade funcional de vários órgãos como pulmão,
músculo, bem como tolerância reduzida a atividades diárias. Em razão da complexidade
fisiopatológica, é reconhecido que a abordagem multidisciplinar no tratamento oferece
melhor prognóstico dos indivíduos enfermos, ressalta-se que o nutricionista é essencial
como parte integrante dessa equipe para calcular às necessidades nutricionais conforme
o quadro clínico individual para atingir alcance e manutenção ao longo da vida, levando

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 14 137


em consideração a idade, estado clínico, crenças culturais, preferencias alimentares e
condições financeiras (COLLINS, 2018).
Segundo o Comitê de Consenso sobre Nutrição da Fundação de Fibrose Cística da
América do Norte, uma dieta composta de 35% a 40% de calorias provenientes de gordura
é recomendada para atender às demandas energéticas de pessoas com fibrose cística.
A suplementação de vitaminas lipossolúveis foi associada a diminuição da incidência e
exacerbações pulmonares, possivelmente devido ao efeito antioxidante desses compostos
(KALNINS et al., 2012).
O exame físico é utilizado para detectar sinais e sintomas associados à desnutrição,
os quais se desenvolvem em estágios avançados de depleção nutricional. Durante o
crescimento do indivíduo é necessária observação de postura, pele, mucosas, dentes,
cabelo e musculatura. Pode-se comparar o indivíduo com ele mesmo ou com os sinais
clínicos de distúrbios nutricionais os quais servirão de alerta de deficiências nutricionais
(MARIANO et al., 2018).
Estudos sugerem que uma dieta rica em ácidos graxos essenciais ômega-3 pode
ter efeitos anti-inflamatórios benéficos para condições crônicas como a fibrose cística, no
entanto, essas evidências requerem mais estudos acerca ( WATSON, 2020). Ao passo
que Simon (2019) identificou que a FC apresenta uma associação direta com o processo
inflamatório e progressão da doença, que pode ser atenuado com a presença de nutrientes
com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias e até mesmo no que tange a prevenção
de outras enfermidades.
Um ensaio clínico randomizado duplo-cego, controlado por placebo avaliaram o efeito
da suplementação simbiótica sobre a resposta inflamatória de crianças e adolescentes,
em que foi elucidado redução dos marcadores pró-inflamatórios IL-6, IL-8 no SCFG com
bacteriologia positiva e NOx no SCFG em crianças / adolescentes com FC (FREITAS et
al., 2018).
O que corrobora com os achados de Neri et al., (2019) que indicam um futuro
promissor para o uso de probióticos na fibrose cística no que tange ao impacto nas
exacerbações e na inflamação intestinal.
Resultados semelhantes foram encontrados em um estudo multicêntrico,
randomizado, duplo-cego, controlado com 73 participantes portadores de FC, foram
randomizados para 16 semanas, os quais foram divididos em dois grupos, um grupo
consumiu antioxidantes multivitamínicos e outro apenas multivitamínicos, sem a presença
de antioxidantes. Desfechos evidenciaram que o grupo que recebeu antioxidantes
multivitamínicos teve um risco menor de exacerbação pulmonar, bem como redução
modestas na inflamação sistêmica após 4 semanas (SAGEL et al., 2018).
Para Chaves e Cunha (2012) a intervenção nutricional deve ser pautada em
alimentos com alta densidade energética, em associação a reposição enzimática, bem
como aumento da oferta lipídica. No entanto, há casos em que há dificuldades em atingir

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 14 138


ou manter o estado nutricional adequado. Nesse sentido, recomenda-se manejo de
suplementação individualizada, mais precisamente entre as refeições e à noite antes de
dormir. No caso do paciente de impossibilidade por via oral, deve-se considerar terapia
alternativas como ( sondas ou ostomias).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, conclui-se que a terapia nutricional e acompanhamento a longo prazo se
faz fundamental em pacientes portadores de fibrose cística, visto que essa patologia é de
ordem hipercatabólica e inflamatória que contribui para aumento morbimortalidade. Nesse
sentido, conhecer o estado nutricional do paciente é imprescindível para nortear a melhor
conduta a ser aplicada, pois variam conforme o estado nutricional do paciente.

REFERÊNCIAS
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Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 14 140


CAPÍTULO 15
doi
ESPESSURA DO MÚSCULO ADUTOR DO POLEGAR
EM PACIENTES PRÉ-TRANSPLANTE HEPÁTICO

Data de aceite: 01/12/2020 Priscila Taumaturgo Holanda Melo


Universidade de Fortaleza.
Especialista em Nutrição Clínica pela
Universidade Gama Filho.
Ana Carolina Cavalcante Viana Universidade Estadual Vale do Acaraú.
Universitário Walter Cantídio – HUWC/UFC Nutricionista no Hospital Universitário Walter
Mestre em Nutrição e Saúde pela Universidade Cantídio / UFC / EBSERH.
Estadual do Ceará - UECE. Preceptora da Residência Multiprofissional
Fortaleza-CE Hospitalar em Transplante do HUWC- UFC.
http://lattes.cnpq.br/4890651546051587 http://lattes.cnpq.br/8971745840737697
Ana Filomena Camacho Santos Daltro Renata Kellen Cavalcante Alexandrino 
Universidade de Fortaleza – UNIFOR Universitário Walter Cantídio – HUWC/UFC
Nutricionista do Hospital Universitário Walter Fortaleza-CE
Cantídio – HUWC/UFC https://orcid.org/0000-0002-2380-7574
Fortaleza-CE
http://lattes.cnpq.br/7123957147577348 Helen Pinheiro
Universitário Walter Cantídio – HUWC/UFC
Anarah Suellen Queiroz Conserva Vitoriano Fortaleza-CE
Universitário Walter Cantídio – HUWC/UFC http://lattes.cnpq.br/2025821670157657
Universidade Federal da Paraíba – UFPB
Patos-PB Ana Raquel Eugênio Costa Rodrigues 
http://lattes.cnpq.br/6697269679841402 Centro Universitário Fanor Wyden 
Pós Graduanda em Nefrologia Multiprofissional 
Synara Cavalcante Lopes Pós Graduanda em Nutrição em Nefrologia 
Universitário Walter Cantídio – HUWC/UFC Assistência em Órgãos e Tecidos no Hospital
Fortaleza-CE Universitário Walter Cantídio 
https://orcid.org/0000-0001-9879-1952 http://lattes.cnpq.br/5206081246675266 
Carolina Frazão Chaves Priscila da Silva Mendonça
Universitário Walter Cantídio – HUWC/UFC Instituto Doutor José Frota. Hospital
Fortaleza-CE Universitário Walter Cantídio.
http://lattes.cnpq.br/6706612541530824 Fortaleza, Ceará
http://lattes.cnpq.br/0884615280641160
Lília Teixeira Eufrásio Leite
Universitário Walter Cantídio – HUWC/UFC Mileda Lima Torres Portugal
Fortaleza-CE Nutricionista do Hospital Universitário Walter
http://lattes.cnpq.br/3390794139234047 Cantídio – HUWC/UFC
Fortaleza-CE
http://lattes.cnpq.br/4329664566816095

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 15 141


RESUMO: Objetivou-se caracterizar a população de estudo e verificar o estado nutricional de
pacientes candidatos ao transplante hepático através do EMAP comparando-o com IMC. De
acordo com os resultados, houve maior prevalência de cirrose por etiologia viral e alcoólica.
Houve maior prevalência, dentre os avaliados, para o sexo masculino (59,26%);a média de
idade da população estudada foi de 48,55 (+6,91). Quanto ao estado nutricional, conforme
os parâmetros antropométricos, mais 50%dos pacientes encontraram-se sem depleção
nutricional tanto na mão dominante (88,89%), quanto na não dominante (66,67%) de acordo
com EMAP e conforme IMC,59,26% dos pacientes encontraram-se eutróficos.
PALAVRAS - CHAVE: Transplante hepático; desnutrição; avaliação nutricional.

ADDUCTOR POLLICIS MUSCLE IN PRE-LIVER TRANSPLANT PATIENTS


ABSTRACT: The objective was to characterize the study population and verify the nutritional
status of patients candidates for liver transplantation through EMAP, comparing it with BMI.
According to the results, there was a higher prevalence of cirrhosis due to viral and alcoholic
etiology. There was a higher prevalence, among those evaluated, for males (59.26%); the
average age of the population studied was 48.55 (+6.91). As for nutritional status, according
to anthropometric parameters, over 50% of patients found themselves without nutritional
depletion both in the dominant hand (88.89%) and in the non-dominant hand (66.67%)
according to EMAP and according to IMC, 59, 26% of the patients were found to be eutrophic.
KEYWORDS: Liver transplantation; malnutrition; nutritional assessment.

INTRODUÇÃO
A cirrose hepática caracteriza-se por processo de fibrose que envolve a mudança
na estrutura do fígado e regeneração nodular; podendo evoluir para insuficiência hepática
e carcinoma hepatocelular e levar ao transplante hepático. Dentre as principais causas de
cirrose encontram-se o alcoolismo e hepatite virais, principalmente pelo vírus C, em países
mais desenvolvidos (SCHUPPAN; AFDHAL, 2008; BLACHIER et al., 2013).
Essa condição clínica predispõe a desnutrição protéico-calórica, na qual pode ter
prevalência de até 100% dentre os pacientes que aguardam o transplante hepáticoagravando
o prognóstico do indivíduo (PLAUTH et al., 2007). A retenção hídrica, sinal clínico constante
na cirrose,pode interferir na medida de parâmetros comopeso e IMC, devendo ser realizado
o peso seco para o seu cálculo.
Dessa forma, recomenda-se o uso de dados avaliados em membros superiores,
devido a pouca interferência em caso de edema (KAWABE et al., 2008). Nessa perspectiva,
um dado antropométrico que vem sendo estudado é a Espessura do Musculo Adutor
do Polegar (EMAP). Isso se deve ao fato dessa espessura estar correlacionada com a
capacidade laborativa, e sua atrofia está relacionada à perda funcional e à desnutrição.
Além disso, essa medida antropométrica é de baixo custo, não invasiva, rápida e de fácil
aplicação (ANDRADE, LAMEU, 2007).
O EMAP tem a vantagem de possuir resultados diretos, sem haver a necessidade de

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 15 142


fórmulas para a descoberta do valor verdadeiro. A aplicabilidade é facilitada por apresentar
local de aferição bem definido por está situado em duas estruturas ósseas, entretanto há
poucos estudos que padronizaram valores para sujeitos saudáveis e enfermos (OLIVEIRA
et al., 2012). O presente trabalho teve como objetivo caracterizar a população de estudo
e verificar o estado nutricional de pacientes candidatos ao transplante hepático através do
EMAP comparando-o com IMC.

METODOLOGIA
Esse estudo é do tipotransversal com pacientes cirróticos listados para o transplante
hepático. A pesquisa foi realizada no ambulatório de transplante hepático do Hospital
Universitário Walter Cantídio de abril a setembro de 2016, após sersubmetido e aprovado
pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual do Ceará sob número do
CAAE: 5503213.2.0000.5534e tendo por base a resolução 466/12A amostra constituiu-se,
por conveniência, de 27 pacientes. Incluiu-se na pesquisa aquelesque encontravam-se na
lista de espera para o transplante hepático, que possuíam idade entre 18 e 59 anos, que
deambulavam e que leram e assinaram o Termo de Consentimento Livree Esclarecido
(TCLE).
Foram excluídos os pacientes com amputações, acamados, com idade inferior a 18
anos e superior a 59 anos e que não assinaram o TCLE. Foram coletadas informações sócio
demográficas (sexo e idade), clínicas (doença de base, Model for End Stage Liver Disease-
MELD, escore Child-Pugh) (BRASIL, 2006; PUGH, 1973). A avaliação antropométrica foi
composta por peso atual, peso seco, Índice de Massa Corporal (IMC), altura e Espessura
do Musculo Adutor do Polegar (EMAP).
O peso foi realizado com o paciente posicionado no centro da balança, em pé, vestido
com roupas leves e descalços, foi recomendado a ficar parado para realização da leitura no
visor da balança. Aaltura foi conseguida com o avaliado em posição ereta, calcanhares e pés
juntos, nádegas e costas encostados na barra escalonada do estadiômetro. O instrumento
usado foi uma balança médica digital, com capacidade para 300Kg, com estadiômetro de
graduação de 0,5cm, da marca Filizola®(FREIBERG; ROSSI; CARAMICO, 2017).
O IMC será calculado através da seguinte fórmula:

IMC = Peso atual (kg) / estatura (m²)

A classificação do estado nutricional será conforme a Tabela 1 para pacientes


adultos (WHO, 1997).

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 15 143


IMC (Kg/m²) Classificação
<16 Magreza grau III
16 a 16,9 Magreza grau II
17 a 18,4 Magreza grau I
18,5 a 24,9 Eutrofia
25 a 29,9 Pré-obeso
30 a 34,9 Obesidade grau I
35 a 39,9 Obesidade grau II
> 40 Obesidade grau III

Tabela 1. Classificação do estado nutricional de adultos segundo IMC


Fonte: WHO, 1997.

O peso seco foi obtido pela subtração do peso atual pelos valores equivalentes a
retenção de líquido conforme o local do edema. Os valores usados para a subtração foram
os propostos por James (1989). A aferição do EMAP foi realizada com o avaliado sentado
com o braço flexionado (a aproximadamente 90°) e a mão a ser avaliada apoiada sobre o
joelho e relaxada. Aplicou-se o adipômetro (Lange®) no centro do espaço formado com a
extensão do dedo indicador e polegar.
Foram realizadas três aferições em cada mão (dominante e não dominante) e tirou-
se uma média dos valores. Usou-se o valor mediano para paciente cirúrgico de 13,4mm
(para mão dominante) e 13,1mm (para mão dominante) para ambos os sexos, conforme
Bragagnolo et al 2009). A adequaçãofoi classificada conforme tabela 2e foi alcançada com
a seguinte fórmula (LAMEU et al, 2004).

% Adequação= (MAP aferido/ MAP mediano) x100

Classificação Adequação
Ausência de depleção 100%
Depleção leve 90-99%
Depleção moderada 60-90%
Depleção grave <60%

Tabela 2. Adequação do músculo adutor do polegar (MAP).


Fonte: LAMEU etal, 2004

Para cálculo da média simples, porcentagem e desvio padrão foi usado o programa
Excel 2013. Os resultados foram demonstrados em tabelas.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 15 144


RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram da pesquisa 27 pacientes, nos quais 40,74% eram do sexo feminino e
59,26% do sexo masculino, cuja a média de idade em anos foi de 48,55 (+6,91). As doenças
de base mais prevalentes foram hepatite viral (22,22%) e hepatite alcóolica (22,22%) e
18,52% dos pacientes a causa da cirrose era desconhecida (criptogênica). A média do
MELD e a classificação do Child-Pug encontram-se na Tabela 3.

Variáveis População (n=27) n(%) Média +DP


MELD* 17,55+4,15
Child-Pug
A 3(11,11)
B 17(62,96)
C 7(25,93)

Tabela 3. MELD e Child-Pugde pacientes pré-transplante hepático do Centro de Transplante


de Fígado do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará (HUWC/
UFC), Fortaleza, Brasil, 2016.
*MELD: Model for End Stage Liver Disease.

De acordo com EMAP (Tabela 4), mais da metade do número de avaliados


apresentaram ausência de depleção muscular tanto na mão dominante (88,89%), quanto
na não dominante (66,67%), concordando com o mostrado pelo IMC. Em outra pesquisa,
a avaliação nutricional de 119 pacientes cirróticos a desnutrição foi vista em 14,3% pelo
EMAP e em 5,9% pelo IMC, resultados divergentes dos encontrados no presente artigo
(NUNES et al., 2012).

População (n=27) n(%)


Classificação EMAP EMAP Dominante EMAP Não-dominante
Ausência de depleção 24(88,89) 18(66,67)
Depleção leve 2(7,40) 6 (22,22)
Depleção moderada 1 (3,71) 3(11,11)
Depleção grave 0 (0,00) 0 (0,00)

Tabela 4. Classificação conforme EMAP depacientes pré-transplante hepático do Centro de


Transplante de Fígado do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do
Ceará (HUWC/UFC), Fortaleza, Brasil, 2016.

No presente estudo de acordo com o IMC, cuja a média foi de 25,92(+5,22) Kg/m²,
59,26% dos pacientes encontraram-se eutróficos, 22,22% apresentaram-se com sobrepeso

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 15 145


e 18,52% com obesidade, não houve desnutrição entre os avaliados.
Esses resultados corroboraram aos encontrados em uma pesquisa com cirróticos
por vírus C, no qual nenhum paciente mostrou-se desnutrido, apresentando prevalência de
sobrepeso de 62%, conforme o IMC (GOTTSCHALL et al., 2004). No entanto, são resultados
diferentes aos encontrados por Beltrão et al.(2015), que identificaram desnutrição em
42,8% dos pacientes avaliados por esse parâmetro e 51,4% através do EMAP.

CONCLUSÃO
Pôde-se observar que mais de 50%do número de avaliados apresentou ausência de
depleção nutricional conforme o EMAP, assim como eutrofia, de acordo com IMC.
A avaliação do EMAP é de possível realização em pacientes com cirrose candidatos
ao transplante hepático, pois mostrou-se como uma alternativa de fácil aplicabilidade
enquanto não há consenso quanto ao padrão-ouro de avaliação nutricional para essa
doença.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, P. V.; LAMEU, E. B. Espessura do músculo adutor do polegar: um novo indicador
prognóstico em pacientes clínicos. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v. 22, n. 1, p. 28-35, 2007.

BELTRÃO, L.S. et al. Estado nutricional de portadores de hepatopatia crônica e sua relação com a
gravidade da doença. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v. 30, n. 2, p. 126-30, 2015.

BLACHIER, Martin et al. The burden of liver disease in Europe: a review of available epidemiological
data. Journal of hepatology, v. 58, n. 3, p. 593-608, 2013.

BRAGAGNOLO, R. et al. Espessura do músculo adutor do polegar: um método rápido e confiável na


avaliação nutricional de pacientes cirúrgicos. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, v. 36, n. 5,
p. 371-376, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 1.160 de 29 de maio de 2006. Modifica os critérios de
distribuição de fígado de doadores cadáveres para transplante, implantando o critério de
gravidade de estado clínico do paciente. Diário Oficial da União, Brasília (DF), 31 maio 2006.

FREIBERG, C. K.; ROSSI, L.; CARAMICO, D. C. O. Antropometria e Composição. In: ROSSI, L.;
CARUSO, L.; GALANTE, A. P. Avaliação nutricional: Novas Perspectivas. 2 ed. São Paulo:
Guanabara Koogan, 2017. cap. 6.

GOTTSCHALL, C. B.A.et al. Avaliação nutricional de pacientes com cirrose pelo vírus da hepatite C:
a aplicação da calorimetria indireta. Arquivos de gastroenterologia. São Paulo. Vol. 41, n. 4, p. 220-
224, 2004.

JAMES, R. Nutritional Support in alcholic liver disease: a review. Journal of Human Nutrition, v. 5, n.
2, p. 315-23, 1989.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 15 146


LAMEU, E. B. et al. Adductor policis muscle: a new anthropometric parameter. Revista do Hospital
das Clínicas, v. 59, n. 2, p. 57-62, 2004.

KAWABE, N. et al. Assessment of nutritional status of patients with hepatitis C virus‐related liver
cirrhosis. Hepatology Research, v. 38, n. 5, p. 484-490, 2008.

LAMEU, E. B. et al. Adductor policis muscle: a new anthropometric parameter. Revista do Hospital
das Clínicas, v. 59, n. 2, p. 57-62, 2004.

NUNES, F. F.et al. Avaliação nutricional do paciente cirrótico: comparação entre diversos métodos.
Scientia Medica, v. 22, n. 1, 2012.

OLIVEIRA, C. M. C. et al. Adductor pollicis muscle thickness: a promising anthropometric parameter for
patients with chronic renal failure. Journal of Renal Nutrition, v. 22, n. 3, p. 307-316, 2012.

WOLRD HEALTH ORGANIZATION. Obesity: Preventing and managing the global epidemic.
Genebra: WHO, 1997.

PLAUTH, M. et al. ESPEN guidelines on enteral nutrition: liver disease. Clinical Nutrition, v. 25, n. 2, p.
285-294, 2006.

PUGH, R. et al. Transection of the oesophagus for bleeding oesophageal varices. British Journal of
Surgery, v. 60, n. 8, p. 646-649, 1973.

SCHUPPAN, D.; AFDHAL, N. H. Liver cirrhosis. The Lancet, v. 371, n. 9615, p. 838-851, 2008.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 15 147


CAPÍTULO 16
doi
USO DO DINAMÔMETRO COMO PREDITOR
DE FORÇA MUSCULAR E DESNUTRIÇÃO
HOSPITALAR: RELATO DE CASO

Data de aceite: 01/12/2020 RESUMO: Os glioblastomas estão entre


Data de submissão: 04/09/2020 os tumores malignos intracranianos mais
agressivos. Em consequência do manuseio
cirúrgico, pode-se notar efeitos colaterais,
como disfunções motoras a náuseas, levando a
Laysa Avanzo Corsi
inapetência, perda de massa e força muscular,
Programa de Residência Multiprofissional em
e possivelmente a desnutrição. Para avaliar o
Cuidados Intensivos e Urgência e Emergência
da Irmandade da Santa Casa de Londrina estado nutricional, pode-se optar pelo uso do
Londrina – PR dinamômetro, com objetivo de aferir a força
http://lattes.cnpq.br/9211872291515757 muscular, por meio da preensão palmar. O
objetivo foi relatar o uso do dinamômetro manual
Amanda Dorta Maestro como instrumento de avaliação de perda muscular
Residente de Nutrição no Programa de e desnutrição no período de internação. Trata-se
Residência Multiprofissional em Cuidados de um relato de caso aprovado pelo comitê de
Intensivos e Urgência e Emergência da
ética em pesquisa da Irmandade da Santa Casa
Irmandade da Santa Casa de Londrina
de Londrina nº 3.361.918. Homem, 60 anos com
Londrina – PR
diagnóstico de glioblastoma com intervenção
Carolina Augusto Rezende cirúrgica e tempo de internação de 14 dias.
Residente de Nutrição no Programa de Os dados foram coletados em dois momentos,
Residência Multiprofissional em Cuidados nas primeiras 48 horas de internação e após
Intensivos e Urgência e Emergência da sete dias de hospitalização, avaliou-se peso
Irmandade da Santa Casa de Londrina atual, altura e força de preensão palmar com
Londrina – PR dinamômetro portátil de marca Jamar, coletadas
http://lattes.cnpq.br/6678989406312153
na mão dominante do paciente. Durante os
Renata Perucelo Romero sete dias de internação, pode-se notar que,
Mestre no Programa de Ciências da o peso e a força obtiveram regressão de 4% e
Reabilitação Unopar/UEL, Docente Tutora 29%, respectivamente. Entre os fatores dessa
de Nutrição no Programa de Residência diminuição de força e peso, está relacionado o
Multiprofissional em Cuidados Intensivos e procedimento cirúrgico, uma vez que se restringiu
Urgência e Emergência da Irmandade da Santa o paciente ao leito, a imobilização colabora para
Casa de Londrina a perda de massa muscular. Além disso, tem-
Londrina – PR se a alteração da alimentação domiciliar para a
http://lattes.cnpq.br/4393332995808817
hospitalar, e a inapetência em decorrência da
internação conforme relatado pelo paciente. A
utilização do dinamômetro mostrou-se eficaz
para indicar a perda de força durante o período

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 16 148


de internação hospitalar, mostrando-se útil como indicador da perda de força muscular na
hospitalização.
PALAVRAS - CHAVE: Dinamômetro; Avaliação nutricional; Sarcopenia.

USE OF THE DYNAMOMETER AS A PREDICTOR OF MUSCLE STRENGTH


AND HOSPITAL MALNUTRITION: CASE REPORT
ABSTRACT: Glioblastomas are among the most aggressive intracranial malignancies. As a
result of surgical handling, side effects such as motor dysfunction and nausea can be noted,
leading to inappetence, loss of muscle mass and strength, and possibly malnutrition. To assess
the nutritional status, it is possible to use the dynamometer, in order to measure muscle
strength, using hand grip. The objective was to report the use of the manual dynamometer
as an instrument to assess muscle loss and malnutrition during the hospital stay. This is a
case report approved by the research ethics committee of the Irmandade da Santa Casa
de Londrina nº 3.361.918. 60 years old, man diagnosed with glioblastoma with surgical
intervention and hospital stay of 14 days. The data were collected in two moments, in the first
48 hours of hospitalization and after seven days of hospitalization, the current weight, height
and handgrip strength were assessed with a Jamar portable dynamometer, collected in the
patient’s dominant hand. During the seven days of hospitalization, it can be noted that weight
and strength regressed by 4% and 29%, respectively. Among the factors of this decrease in
strength and weight, the surgical procedure is related, since the patient was restricted to the
bed, immobilization contributes to the loss of muscle mass. In addition, there is the change
from home to hospital food, and lack of appetite as a result of hospitalization as reported by
the patient. The use of the dynamometer proved to be effective to indicate the loss of strength
during the hospitalization period, proving to be useful as an indicator of the loss of muscle
strength during hospitalization.
KEYWORDS: Dynamometer; Nutritional assessment; Sarcopenia.

1 | INTRODUÇÃO
O glioblastoma é a neoplasia maligna do sistema nervoso central (SNC) mais
comum, classificado como de alto grau pela Organização Mundial da Saúde em 2016.
De agravamento rápido, e sintomas similares ao acidente vascular encefálico (AVE)
(HEEMANN; HEEMANN, 2018).
Sua incidência aumenta com a idade, acometendo adultos especialmente após os
50-55 anos, com idade média de diagnóstico aos 64 anos e com mais da metade dos casos
acima dos 65 anos (THAKKAR et al., 2014).
Apesar do tratamento intensivo, o prognóstico é ruim, com média de sobrevida de
13,4 a 19,9 meses (HUNG; GARZON-MUVDI; LIM, 2017). Não havendo tratamento, a
sobrevida média é de 3 meses, evidenciando a agressividade da doença. Manifesta-se
clinicamente com déficit neurológico focal (40-60%), hipertensão intracraniana e/ou crise
convulsiva (20-40%), a cefaleia está presente em 30 a 50% dos casos (HANIF et al., 2017).

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 16 149


O tratamento consiste na ressecção cirúrgica com o objetivo de diagnóstico, alívio
sintomático e aumento da sobrevida associada a quimioterapia e radioterapia (WELLER et
al., 2014).
Pacientes cirúrgicos têm alto risco de complicações neurológicas e sistêmicas, que
incluem diminuição do nível de consciência, vasoespasmo cerebral, convulsões refratárias,
reoperação, hemiparesia, e hematoma intraparenquimatoso. Já as complicações sistêmicas
incluem náuseas, vômitos, hipotensão e desconforto respiratório (SIQUEIRA; DICCINI,
2017). Além disso, necessidades nutricionais específicas dependendo da condição
clínica, pois existem várias razões que podem comprometer uma alimentação adequada e
consequentemente, o estado nutricional (DIONYSSIOTIS et al., 2016), como diminuição do
nível de consciência, dificuldades no processo de deglutição, estado funcional diminuído
e estado hipercatabólico. Dessa forma, é de extrema importância utilizar métodos ou
ferramentas de rastreio e/ou avaliação do estado nutricional para esses pacientes (LI et
al., 2014).
O envelhecimento causa alterações fisiológicas que interferem na mobilidade e
independência dos idosos. Uma das alterações é a perda de força e massa muscular,
definida como sarcopenia. A hospitalização gera predispostos ao déficit de massa muscular,
em decorrência da imobilidade (OLIVEIRA; SANTOS; REIS, 2017).
A desnutrição, que também contempla a perda de massa muscular, está associada a
complicações, desfechos clínicos negativos e tempo de internação prolongado. A sarcopenia
primária está relacionada à idade, quando nenhuma outra causa é evidenciada, a não ser o
próprio envelhecimento. Já a secundária é considerada multifatorial, relacionada às doenças
(disfunção orgânica, inflamatórias, câncer), à atividade física (acamado, sedentarismo), à
nutrição (dieta inadequada, baixa ingestão calórica e proteica, má absorção) (PARRA et
al., 2019).
O teste da Força de Preensão Palmar (FPP) é usado para mensurar a força dos
músculos da mão e do antebraço, avaliar as condições físicas dos membros superiores, e
tem sido utilizada para avaliar a força total do corpo, podendo ser empregada na avaliação
da capacidade funcional de idosos (OLIVEIRA; SANTOS; REIS, 2017). Pode identificar de
forma independente mudanças no estado nutricional, sendo capaz de identificar alterações
mais precocemente do que as medidas antropométricas e se mostrou significativamente
associado à sarcopenia e à fragilidade (PARRA et al., 2019).

2 | OBJETIVO
O objetivo do estudo foi avaliar a eficácia da mensuração da força de preensão
palmar utilizando o dinamômetro, assim como sua, confiabilidade e precisão, como
instrumento indicador de perda força muscular e desnutrição em um paciente hospitalizado.
Comparando o peso corporal e a FPP em duas avaliações, durante a internação e estudar

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 16 150


a relação entre a FPP e o tempo de internação.

3 | MÉTODOS
Trata-se de um relato de caso detalhado com parte do projeto aprovado pelo
comitê de ética em pesquisa da Irmandade da Santa Casa de Londrina nº 3.361.918,
de um paciente masculino de 60 anos com diagnóstico de glioblastoma com intervenção
cirúrgica e tempo de internação de 14 dias em um hospital terciário. Para o diagnóstico de
sarcopenia, utilizou-se a avaliação da força muscular com o uso do dinamômetro.
A FPP foi medida em quilograma-força (kgf), a coleta de dados foi realizada na
unidade de internação em que o paciente se encontrava, com o paciente sentado, com
os pés totalmente apoiados no chão, os joelhos posicionados em aproximadamente 90°,
o cotovelo flexionado formando o ângulo de 90°, com o antebraço junto ao corpo. Para
realizar a medição, utilizou-se um dinamômetro hidráulico e calibrado da marca Jamar®,
onde aplicou força máxima do aperto por cerca de 3 segundos, com descanso de 15
segundos entre uma medição e outra.
Os dados foram coletados em dois momentos, nas primeiras 48 horas de internação
e após sete dias de hospitalização. Foram realizadas três mensurações coletadas pela mão
dominante do paciente, considerado o melhor resultado das três medidas.
Os valores que discriminam o exame alterado são distintos para cada gênero,
homem e mulher, e a condição da internação. Para paciente em unidade de internação os
valores são: < 27 kg para homens e < 16 kg para mulheres. Para pacientes em unidade de
terapia intensiva (UTI) < 11 kg para homens e < 7 kg para mulheres (PARRA et al., 2019).
Além disso, avaliou-se peso atual com balança digital portátil e altura com
estadiômetro portátil.

4 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
O paciente avaliado do sexo masculino, 60 anos, hipertenso e tabagista, em
unidade de internação, diagnosticado com glioblastoma. Na primeira avaliação, o paciente
apresentou peso de 89,3kg e 1,85m de altura, com Índice de Massa Corporal (IMC) de
26,11 kg/m² e FPP de 35 kgf, com diagnóstico de sobrepeso e sem risco para sarcopenia
(>27kg) (PARRA et al., 2019).
Após sete dias de internação e no terceiro pós-operatório de derivação ventricular
externa, o paciente apresentou peso de 85,9kg, IMC de 25,11kg/m² e FPP de 25kgf,
representando uma provável sarcopenia (<27kg) segundo Parra et al. (2019), mas sem
alteração na classificação do seu IMC.
Foram utilizados os valores de referência da FPP descritos por Parra et al. (2019),
porém, especificamente para doentes neurocirúrgicos, atualmente não estão descritos
valores de referência.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 16 151


Durante os sete dias de internação, pode-se notar que, o peso e a força obtiveram
regressão de 4% e 29% respectivamente. Entre os fatores dessa diminuição, estão
relacionados ao procedimento cirúrgico, uma vez que se restringiu o paciente ao leito e a
imobilização colabora para a perda de massa muscular. Tem-se a alteração da alimentação
domiciliar para a hospitalar, e a inapetência em decorrência da internação relatada pelo
paciente.
White et al. (2012) afirmam que em ambiente hospitalar, uma grande porcentagem de
pacientes encontra-se desnutrida à admissão com tendência a progredir desfavoravelmente
durante o período de internação, estimando-se uma prevalência entre 20 a 50%. A
desnutrição pode ser definida como um estado resultando da falta de absorção ou ingestão
de nutrientes que levam a alterações do peso e composição corporal, levando à diminuição
da capacidade funcional.
Hamphreys et al. (2002), avaliaram a medida da FPP de 50 pacientes oncológicos,
com tempo de internação médio de 10 dias, e verificaram que houve associação do tempo
de permanência hospitalar com a dinamometria manual, demonstrando uma diminuição da
função muscular. Corroborando com o presente estudo.
O comprometimento da força muscular no estado de desnutrição é explicado pela
redução dos estoques de energia e proteína. A diminuição da ingestão calórica, uma
das principais causas de desnutrição proteico-energética em pacientes hospitalizados,
leva a uma perda compensatória da proteína corpórea e, sobretudo, da massa muscular
(DANTAS, 2014). No estudo de caso, o paciente reduziu a ingesta alimentar por queixar-se
de inapetência associada a náuseas.
Estudos apontam que a desnutrição causa maior fadiga muscular, contribuindo para
menor FPP (BATAILLE et al., 2017).
Para pacientes internados, a participação ativa nos exercícios de fisioterapia e a
manutenção de uma dieta rica em proteínas (de 1,5 a 2 g por quilo de peso corporal) são
fundamentais para reduzir a perda de massa muscular (RIBEIRO, 2017).
Há evidências de que a função muscular é sensível às alterações do estado
nutricional, com consequente diminuição do estado funcional associado à desnutrição.
A Academy of Nutrition and Dietetics e American Society for Parenteral and Enteral
(ASPEN) recomendam a avaliação do estado funcional através da FPP, como uma das seis
características para o diagnóstico de desnutrição. Deste modo, a FPP é um dos métodos de
avaliação do estado nutricional e um preditor de resultados clínicos associados ao mesmo
(NORMAN et al., 2011; GUERRA, et al., 2015).

5 | CONCLUSÃO
A utilização do dinamômetro mostrou-se eficaz para indicar a perda de força durante
o período de internação. O dinamômetro é reconhecido como um instrumento padrão para

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 16 152


medir força de preensão palmar, apresentando bons índices de validade, confiabilidade e
precisão, sendo um parâmetro importante para comparar a efetividade de procedimentos
terapêuticos, protocolos de intervenção e avaliar a habilidade do paciente para retornar a
atividades funcionais, além de ser um método simples, não invasivo e aplicável à prática
clínica rotineira.
A identificação precoce de pacientes com estado nutricional comprometido é
essencial para a tomada de condutas que previnem o desenvolvimento de desnutrição
grave e suas consequências deletérias.

REFERÊNCIAS
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patients. Clin Nutr. v. 36, n.6, p. 1654-60, 2017.

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Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 16 153


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2012.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 16 154


CAPÍTULO 17
doi
HÁBITOS ALIMENTARES E ESTADO NUTRICIONAL
DE CRIANÇAS DE 6 MESES A 2 ANOS QUE FAZEM
ACOMPANHAMENTO NA UBS ENEDINO MONTEIRO
DO BAIRRO PÊRA NO MUNICÍPIO DE COARI-AM

Data de aceite: 01/12/2020 crianças nessa faixa etária e também ao longo


Data de submissão: 04/09/2020 da vida, considerando que é um grave problema
relacionado a diversas patologias, inclusive as
doenças cardiovasculares. Por esse motivo,
é importante avaliar os hábitos alimentares e
Juliane de Oliveira Medeiros
consequentemente o estado nutricional onde
Universidade Federal do Amazonas
são aspectos fundamentais relacionados aos
Coari-Amazonas
http://lattes.cnpq.br/3821458505247653 níveis de morbimortalidade do crescimento e
desenvolvimento infantil. O objetivo do presente
Karina de Melo Vasconcelos trabalho foi avaliar o estado nutricional de
Universidade Federal do Amazonas crianças de 6 meses a 2 anos de idade por meio
Coari-Amazonas de indicadores antropométricos e avaliação dos
http://lattes.cnpq.br/7720301867828568 hábitos alimentares do indivíduo frequentador de
Oziane Carvalho Fonseca unidade básica de saúde (UBS) a fim de contribuir
Universidade Federal do Amazonas para elaboração de estratégias públicas de
Coari-Amazonas intervenção que objetivem a promoção da saúde
http://lattes.cnpq.br/1522204348079078 por meio de hábitos alimentares saudáveis
nesta faixa etária. A abordagem quantitativa/
Regina dos Santos Silva qualitativa, entrevistas, questionários, avaliações
Universidade Federal do Amazonas físicas e antropométricas foram necessárias
Coari-Amazonas
para obtenção dos resultados obtidos. O estado
http://lattes.cnpq.br/2014103686401196
nutricional das crianças através dos parâmetros
Juliana Helen Ferreira Braga antropométricos encontrou-se normal na maioria
Universidade Federal do Amazonas dos casos, 100% adequados para Peso/Idade;
Coari-Amazonas Peso/Estatura 90% estão com eutrofia e 10%
http://lattes.cnpq.br/8960569945440276 com risco de sobrepeso; e para Estatura/Idade
100% estão adequados; para o Índice de Massa
Luziane Lima Pereira
Corporal/Idade 80% classificados com eutrofia
Universidade Federal do Amazonas
e 20% com risco de sobrepeso. Os parâmetros
Coari-Amazonas
de Peso/Estatura e Índice de Massa Corporal/
http://lattes.cnpq.br/4319505584715966
Idade indicaram valores de risco para sobrepeso,
com isso, foi possível concluir que os resultados
referentes ao Questionário de Frequência
RESUMO: Os índices crescentes de maus hábitos Alimentar e os demais indicadores estão
alimentares é um grande problema de saúde relacionados aos maus hábitos alimentares.
pública, visto que, a obesidade atinge muitas E com relação a avaliação físico/clinica os

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 17 155


pacientes não apresentavam sinais de deficiências de vitaminas e minerais. Diante dos
resultados obtidos pode se considerar que um dos principais fatores envolvidos são as
condições socioeconômicas das famílias, pois desempenham uma grande influência nos
hábitos alimentares e logo podem refletir no estado nutricional e condições de saúde.
PALAVRAS - CHAVE: Crianças; Hábitos Alimentares; Estado Nutricional.

FOOD HABITS AND NUTRITIONAL STATUS OF CHILDREN FROM 6 MONTHS


TO 2 YEARS OLD WHO ARE MONITORED AT THE UBS ENEDINO MONTEIRO
IN THE PÊRA NEIGHBORHOOD IN THE MUNICIPALITY OF COARI-AM
ABSTRACT: The growing rates of poor eating habits are a major public health problem, since
obesity affects many children in this age group and also throughout life, considering that it is
a serious problem related to several pathologies, including cardiovascular diseases. For this
reason, it is important to assess eating habits and, consequently, nutritional status, where
they are fundamental aspects related to the levels of morbidity and mortality of child growth
and development. The objective of the present study was to assess the nutritional status of
children from 6 months to 2 years of age using anthropometric indicators and assessment of
the eating habits of the individual attending the basic health unit (UBS) in order to contribute
to the development of public strategies interventions that aim to promote health through
healthy eating habits in this age group. The quantitative / qualitative approach, interviews,
questionnaires, physical and anthropometric assessments were necessary to obtain the
results obtained. The nutritional status of children through anthropometric parameters was
found to be normal in most cases, 100% suitable for Weight / Age; Weight / height 90% are
eutrophic and 10% at risk of being overweight; and for Height / Age 100% are adequate; for
the Body Mass Index / Age 80% classified with eutrophy and 20% with risk of overweight.
The parameters of Weight / Height and Body Mass Index / Age indicated values of ​​ risk
for overweight, with that, it was possible to conclude that the results referring to the Food
Frequency Questionnaire and the other indicators are related to bad eating habits. Regarding
physical / clinical evaluation, patients did not show signs of vitamin and mineral deficiencies.
In view of the results obtained, it can be considered that one of the main factors involved is
the socioeconomic conditions of the families, as they have a great influence on eating habits
and can soon reflect on nutritional status and health conditions.
KEYWORDS: Children; Eating Habits; Nutritional Status.

1 | INTRODUÇÃO
Os maus hábitos alimentares estão relacionados aos problemas de saúde, entre eles
a obesidade, que é um problema que atinge altos índices de crescimento, fator relacionado
ao consumo de alimentos de elevada densidade calórica com redução nos níveis de
atividade física (ALMEIDA et al., 2002). O estado nutricional exerce influência nos riscos
de morbimortalidade e no crescimento e desenvolvimento infantil, o que torna importante
uma avaliação nutricional para identificar os grupos de risco e as intervenções adequadas
(CASTRO et al., 2005). Por esse motivo é importante avaliar os hábitos alimentares e
consequentemente o estado nutricional onde são aspectos fundamentais relacionados aos

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 17 156


níveis de morbimortalidade e no crescimento e desenvolvimento infantil.

2 | OBJETIVO

Geral:
Avaliar o estado nutricional de crianças de 6 meses a 2 anos de idade por meio de
indicadores antropométricos e avaliação dos hábitos alimentares do indivíduo frequentador
de unidade básica de saúde (UBS), a fim de contribuir para elaboração de estratégias
públicas de intervenção que objetivem a promoção da saúde por meio de hábitos alimentares
saudáveis nesta faixa etária.

Específicos:

• Avaliar quantas crianças apresentam problemas nutricionais relacionados ao


baixo peso para idade, risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade;

• Avaliar as condições socioeconômica da criança;

• Avaliar o nível de conhecimento dos responsáveis em relação a alimentação


da criança;

• Verificar quais as preferências alimentares dos mesmos.

3 | METODOLOGIA
É um estudo descritivo de corte transversal, realizado na cidade de Coari-Amazonas
com 10 crianças de 6 meses a 2 anos frequentadores de uma UBS no período de outubro
de 2017. Para definir o tamanho da amostra foram realizados dados de acordo com a
idade estipulada para analise em níveis de gêneros. A mesma foi selecionada por níveis
de condições socioeconômicas, para avaliar o estado nutricional com os indicadores de
estatura por idade (E/I), peso por idade (P/I), peso por estatura (P/E) e índice de massa
corporal por idade (IMC/I), referente aos métodos de avaliação do Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional (SISVAN, 2011). Após, foi realizado outros parâmetros como
exames físico, questionário de frequência alimentar (QFA) e recordatório 24 horas, com o
intuito de analisar a alimentação dos mesmos.

4 | RESULTADOS
Verificou-se os níveis de condições socioeconômicos dos pais que apresentavam
renda familiar de 1 a 2 salários mínimos. Para os dados clínicos nenhum deles apresentavam
patologias e os cartões de vacina estavam atualizados. Em relação a avaliação física,
a pele estava hidratada, unhas e cabelos normais, língua, gengiva e olhos corados

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 17 157


e sem edemas presentes. Segundo os pais nenhuma das crianças realizaram exames
bioquímicos. Apenas uma criança se alimentava exclusivamente do leite materno, enquanto
aos demais, já faziam a alimentação complementar de 5 a 6 refeições por dia. O estado
nutricional das crianças encontra-se na maioria dos casos normais para os parâmetros
antropométricos, já que 100% encontram-se adequados para P/I; em relação ao P/E, 90%
estão com eutrofia e 10 % com risco de sobrepeso; e para E/I, 100% estão adequados;
para o IMC/I, 80% estão classificados com eutrofia e 20% com risco de sobrepeso. Nos
parâmetros analisados observaram-se valores de risco de sobrepeso para P/E e IMC/I.
Com base no questionário de frequência de consumo alimentar (QFA) e recordatório 24
horas, foi visto que a alimentação das crianças está de acordo com a alimentação dos
pais, sendo verificado um elevado consumo de frituras, embutidos, e enlatados além de ser
visto também pouco consumo de verduras, frutas e alimentos in natura ou minimamente
processados.

5 | CONCLUSÃO
Podemos considerar que um dos principais fatores envolvidos que afetam os hábitos
alimentares e consequentemente o estado nutricional desses indivíduos são as condições
socioeconômicas das famílias, além da falta de informações dos alimentos que devem
ser ofertados nessa faixa etária, e isso desempenha uma grande influência no estado
nutricional e condições de saúde. Visto que esse é um problema frequente relacionado ao
estado nutricional das crianças, portanto, foi necessário um acompanhamento nutricional
para que como profissionais nutricionistas possamos atuar nesse problema de saúde
pública por meio de uma educação nutricional.

REFERÊNCIAS
Almeida SS, Nascimento PCBD, Quaioti TCB. Quantidade e Qualidade de produtos alimentícios
anunciados na televisão brasileira. Rev. Saúde Pública, São Paulo: 2002

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 17 158


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Orientações para avaliação de marcadores do consumo alimentar na atenção básica. [recurso
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BRASIL, Ministério da Saúde, Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN: Orientação


básica para a coleta, o processamento, a análise de dados e a informação em serviços de saúde.
Brasília, DF: Ministério Da Saúde, 2004/2008.

CASTRO TG et al, Caracterização do consumo alimentar, ambiente socioeconômico e estado


nutricional de pré – escolares de creches municipais. Viçosa, MG: Rev. de Nutrição, 2005.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 17 159


CAPÍTULO 18
doi
INSEGURANÇA ALIMENTAR MODERADA E GRAVE
EM GESTANTES ADOLESCENTES NO MUNICÍPIO
DE RIO BRANCO – ACRE

Data de aceite: 01/12/2020 RESUMO: A segurança alimentar consiste na


Data de submissão: 08/10/2020 realização do direito de todos ao acesso regular
e permanente a alimentos seguros, nutritivos e
suficientes para satisfazer as suas necessidades
dietéticas e preferências alimentares, a fim de
Cibely Machado de Holanda
levarem uma vida ativa e saudável. Embora
Universidade Federal do Acre. CCSD. Rio
existam alguns estudos sobre insegurança
Branco, Acre
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0495-5125 alimentar durante o período gestacional,
ainda são escassos os estudos específicos
Bárbara Teles Cameli Rodrigues em gestantes adolescentes. Desta forma, o
Universidade Federal do Acre. CCSD. Rio objetivo deste estudo foi analisar a insegurança
Branco, Acre alimentar moderada e grave em gestantes
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5663-5158 adolescentes no município de Rio Branco –
Débora Melo de Aguiar Acre, Amazônia Ocidental Brasileira. Trata-se
Universidade Federal do Acre. CCSD. Rio de estudo observacional analítico seccional
Branco, Acre com todas as mulheres adolescentes residentes
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2318-1540 da área urbana de Rio Branco que pariram nas
duas maternidades da capital no período 06
Thaíla Alves dos Santos Lima de abril a 10 de julho de 2015. A Insegurança
Universidade Federal do Acre. CCSD. Rio alimentar e nutricional familiar foi obtida por meio
Branco, Acre
da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5655-2336
Realizou-se análise descritiva e exploratória dos
Andréia Moreira de Andrade dados para caracterizar a amostra do estudo e
Universidade Federal do Acre. CCSD. Rio análise bivariada para explorar a associação
Branco, Acre individual das variáveis independentes com o
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2400-3794 desfecho, por meio do teste de Qui-quadrado.
Das 222 participantes, 93,7% tinha entre 15
Fernanda Andrade Martins
e 18 anos, 83,8% se autodeclararam pardas,
Universidade Federal do Acre. CCSD. Rio
60,4% concluíram ou estavam cursando o ensino
Branco, Acre
médio, e 77,9% tinham companheiro, 58,1%
ORCID: http://orcid.org/0000-0001-5699-4567
pertenciam a classe C e 13,5% declararam
Alanderson Alves Ramalho receber bolsa família. Em relação segurança
Universidade Federal do Acre. CCSD. Rio alimentar e nutricional em domicílios com
Branco, Acre gestantes adolescentes, 66,2% dos domicílios
ORCID: http://orcid.org/0000-0002-7503-1376 estavam em situação de segurança alimentar,
24,8% em insegurança alimentar leve, 10,1%

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 18 160


em insegurança alimentar moderada/grave. A insegurança alimentar moderada e grave em
gestantes adolescentes esteve associada a pertencer a classes socioeconômicas D e E,
gravidez recorrente na adolescência, não consumir regularmente frutas e priorizar alguém
quando havia pouca comida na casa. Esses achados reforçam que a promoção do acesso
a alimentos de baixo custo, nutricionalmente adequados e seguros é fundamental para a
promoção da segurança alimentar.
PALAVRAS - CHAVE: Segurança alimentar e nutricional; Gravidez; Adolescentes.

MODERATE AND SEVERE FOOD INSECURITY IN PREGNANT TEENS IN THE


MUNICIPALITY OF RIO BRANCO - ACRE
ABSTRACT: Food security consists in realizing the right of everyone to regular and permanent
access to safe, nutritious and sufficient food to satisfy their dietary needs and food preferences,
in order to lead an active and healthy life. Although there are some studies on food insecurity
during pregnancy, specific studies in pregnant teenagers are still scarce. Thus, the aim of this
study was to analyze moderate and severe food insecurity in pregnant adolescents in the city
of Rio Branco - Acre, Western Brazilian Amazonia. This is an cross-sectional study with all
adolescent women living in the urban area of ​​Rio Branco who delivered at the two maternity
hospitals in the capital from April 6 to July 10, 2015. Family food and nutrition insecurity was
obtained through Brazilian Food Insecurity Scale (EBIA). Descriptive and exploratory data
analysis was performed to characterize the study sample and bivariate analysis to explore
the individual association of independent variables with the outcome, using the Chi-square
test. Of the 222 participants, 93.7% were between 15 and 18 years old, 83.8% declared
themselves brown, 60.4% completed or were in high school, and 77.9% had a partner, 58.1%
belonged to the class C and 13.5% reported receiving family allowance. Regarding food and
nutritional security in households with pregnant adolescents, 66.2% of households were in
a situation of food security, 24.8% in mild food insecurity, 10.1% in moderate / severe food
insecurity. Moderate and severe food insecurity in pregnant teenagers was associated with
belonging to socioeconomic classes D and E, a recurrent pregnancy in adolescence, not
regularly consuming fruit and prioritizing someone when there was little food in the house.
These findings reinforce that the promotion of access to low-cost, nutritionally adequate and
safe food is fundamental for the promotion of food security.
KEYWORDS: Food security; Pregnancy; Teenagers.

INTRODUÇÃO
A segurança alimentar consiste na realização do direito de todos ao acesso
regular e permanente a alimentos seguros, nutritivos e suficientes para satisfazer as suas
necessidades dietéticas e preferências alimentares, a fim de levarem uma vida ativa e
saudável (FAO, 1996).
A insegurança alimentar é determinada, principalmente, pela pobreza e pelas
desigualdades sociais. Estudos que analisam fatores associados à insegurança alimentar
são decisivos para o planejamento de programas e políticas públicas de caráter preventivo
e promoção da saúde (FAO, 2014; PANIGASSI et al., 2008).

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 18 161


As repercussões da insegurança alimentar podem ser observadas, principalmente,
nos grupos mais vulneráveis. A insegurança alimentar no período gestacional está
associada à anemia, estado nutricional antropométrico pré-gestacional e gestacional,
defeitos congênitos ao nascer, depressão/ ansiedade materna na gravidez, complicações
gestacionais (diabetes, hipertensão, obesidade), ganho ponderal gestacional, consumo
alimentar, baixo peso ao nascer e depressão pós-parto e suicídio (CARMICHAEL et al.,
2007; DEWING et al., 2013; DHAROD; CROOM; SADY, 2013; FISCHER et al., 2014; GARG
et al., 2015; IVERS; CULLEN, 2011; LARAIA et al., 2006; LARAIA; BORJA; BENTLEY,
2009; LARAIA; SIEGA-RIZ; GUNDERSEN, 2010; LARAIA; EPEL; SIEGA-RIZ, 2013;
LÓPEZ-SÁLEME et al., 2012; MARANO et al., 2014; MARTIN; LIPPERT, 2012; NANAMA;
FRONGILLO, 2012; PARK; EICHER-MILLER, 2014; SRABONI et al., 2014; WHITAKER;
PHILLIPS; ORZOL, 2006; ZAPATA-LÓPEZ; RESTREPO-MESA, 2013). Em revisão sobre
insegurança alimentar no período gestacional os principais determinantes da foram o não
empoderamento das mulheres, a presença de mulheres e crianças no domicílio, os arranjos
familiares poligâmicos, a depressão materna, menor escolaridade, sintomas depressivos,
ausência paterna, baixa renda, raça negra, e a idade materna (RAMALHO et al., 2017).
Embora existam alguns estudos sobre insegurança alimentar durante o período
gestacional, ainda são escassos os estudos específicos em gestantes adolescentes. Desta
forma, o objetivo deste estudo foi analisar a insegurança alimentar moderada e grave em
gestantes adolescentes no município de Rio Branco – Acre, Amazônia Ocidental Brasileira.

MÉTODOS
Este trabalho é um subprojeto de uma coorte materno-infantil de Rio Branco,
integrante do projeto guarda-chuva intitulado: Evolução dos indicadores nutricionais de
crianças do nascimento ao primeiro ano de vida, em Rio Branco – Acre.
O projeto guarda-chuva foi desenvolvido em Rio Branco, capital do Acre, que tem
348.354 habitantes (45,9% da população do Estado), distribuídos em uma área de 9.962
km² (6,5% do território do Estado), sendo que cerca de 90% reside na área urbana.
Para definição do tamanho da amostra do projeto guarda-chuva, utilizou-se o
OpenEpi (http://www.openepi.com/SampleSize/SSCohort.htm), com os parâmetros: nível
de significância bilateral(1-alpha): 95%; Poder (1- beta % probabilidade de detecção): 80%;
Razão de tamanho da amostra, Expostos/Não Expostos: 9; Razão de risco/prevalência:
2,5; resultando em amostra estimada em 1192 mães (adolescentes e adultas).
Em 2014, 22,5% dos partos realizados na capital do Acre, foram de mães
adolescentes residentes em a área urbana e rural. A população do presente estudo foi
constituída por todas as mulheres adolescentes residentes da área urbana de Rio Branco
que pariram nas duas maternidades da capital no período 06 de abril a 10 de julho de 2015.
Foram adotados como critérios de exclusão mães de crianças nascidas com

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 18 162


malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas, e mães que
apresentaram distúrbios psiquiátricos graves que implicassem na impossibilidade de
responder a entrevista.
A coleta de dados ocorreu no interior das maternidades no pós-parto imediato, no
alojamento conjunto, sendo as puérperas abordadas cerca de 12 horas após o parto com
a devida atenção por parte das entrevistadoras, de forma a preservar a recuperação do
pós-parto imediato.
A Insegurança alimentar e nutricional familiar foi obtida por meio da Escala
Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), que apresenta 14 questões estruturadas em
ordem crescente de gravidade, iniciando com questões relacionadas à preocupação da
possibilidade de falta de alimentos, passando pela redução da qualidade e quantidade de
comida na família e finalizando com perguntas específicas sobre a falta de alimentos por
um ou mais dias (SOUZA, 2009). Para a construção da variável insegurança alimentar cada
resposta afirmativa representou 1 ponto, sendo a pontuação da escala sua soma, variando
em uma amplitude de 0 a 14 pontos. Foram consideradas em segurança alimentar as
famílias que tivessem pelo menos um morador abaixo de 18 anos e obtiveram 0 pontos;
insegurança leve 1-4 pontos; insegurança moderada 5-9; e insegurança grave 10-14.
Em domicílios que todos os moradores tinham 18 anos de idade ou mais, 1 a 3 pontos
correspondeu insegurança alimentar leve, 4 a 6 pontos insegurança alimentar moderada e
7 a 9 pontos insegurança alimentar grave (SEGALL-CORRÊA et al., 2014).
Para análise das informações coletadas, realizou-se análise descritiva e exploratória
dos dados para avaliar a distribuição dos mesmos e definir a caracterização da amostra do
estudo. Realizou-se análise bivariada com objetivo de explorar a associação individual das
variáveis independentes com o desfecho, por meio do teste de Qui-quadrado.
O estudo foi realizado de acordo com a Declaração de Helsinki, e o protocolo
foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Acre (CAAE:
40584115.0.0000.5010). Os pesquisadores receberam autorização das duas instituições
em que foi realizada a coleta de dados. O assentimento escrito foi obtido de todas as
entrevistadas. Por se tratar de adolescentes, também foi obtido o consentimento por
escrito dos pais ou responsáveis. Todas as entrevistadas tiveram garantido o direito de não
participação no estudo, bem como o sigilo das informações coletadas.

RESULTADOS
As características socioeconômicas e demográficas das 222 adolescentes gestantes
foram apresentadas na Tabela 1. Quanto as características domiciliares, 68% moravam
em rua de asfalto/cimento/paralelepípedo/tijolo, 32% moravam em rua de terra com
outros materiais ou apenas terra, 24,5% viviam em rua com esgoto a céu aberto e 37,4%
dos domicílios tinham um ou dois moradores. Quanto a características das gestantes

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 18 163


adolescentes, 93,7% tinha entre 15 e 18 anos, 83,8% se autodeclararam pardas, 60,4%
concluíram ou estavam cursando o ensino médio, e 77,9% tinham companheiro. Do total
de entrevistadas, 98,2% afirmaram que o chefe da família é o companheiro ou outra pessoa
e 57,4% dos chefes de família completaram o ensino médio. Quanto a classe econômica,
58,1% pertenciam a classe C e 13,5% declararam receber bolsa família.
Na tabela 2, observou-se que entre as características pré-natais e hábitos durante
a gestação, 77,1% das adolescentes estavam na primeira gravidez; 96,2% tiveram
atendimento de pré-natal no sistema público de saúde; 59,9% realizaram 6 ou mais
consultas de pré-natal; 75,7% não tinham filhos vivos; 10,8% fumaram durante a gestação
e 12,2% ingeriram bebida alcoólica na gestação. Quando indagadas sobre o ganho de
peso e consumo regular de frutas e hortaliças em cinco vezes ou mais na semana durante
a gestação, 54,3% das adolescentes refiram que profissionais da saúde informaram que o
ganho de peso estava adequado, 68,2% não consumiam regularmente verduras e legumes
e 64,7% não consumiam regularmente frutas.
Em relação segurança alimentar e nutricional em domicílios com gestantes
adolescentes, 66,2% dos domicílios estavam em situação de segurança alimentar, 24,8%
em insegurança alimentar leve, 10,1% em insegurança alimentar moderada/grave. Quanto
a disponibilidade de alimentos nos domicílios, 80,7% não tinha produção de alimentos
para consumo próprio e quando havia pouca comida na casa 51,8% relataram repartir
igualmente entre os moradores (Tabela 3).
Ao analisar a insegurança alimentar moderada e grave segundo fatores
socioeconômicos e demográficos, observa-se que pertencer a classe econômica mais
baixa aumenta a probabilidade do desfecho estudado (Tabela 4). Entre as gestantes
adolescentes com insegurança alimentar moderada e grave, 55% pertenciam a classe D
e E. Para a mesma classe, no grupo de mulheres em segurança alimentar ou insegurança
leve, a frequência foi de 31,7% (p=0,035). Devido ao tamanho reduzido da amostra,
não foram observadas associações com significâncias estatísticas para outras variáveis
socioeconômicas, todavia, as variáveis escolaridade do chefe da família e receber bolsa
família, são potenciais fatores associados. No grupo em insegurança alimentar moderada
e grave, 55% dos chefes de família tinham até o ensino fundamental 2 (p=0,067) e 26,3%
declararam ser beneficiários do programa Bolsa família (p=0,087), enquanto no grupo
em segurança alimentar ou insegurança leve, essas frequências eram 34,2% e 12,2%,
respectivamente.
Ao analisar o desfecho estudado segundo características pré-natais, hábitos na
gestação e disponibilidade alimentar na coorte de gestantes adolescentes observou-se
associação estatisticamente significativa com gravidez recorrente, maior número de filhos
vivos, consumo não regular de frutas e dar prioridade a alguém quando há pouca comida
na casa. Entre as mulheres cujo domicílio estava em insegurança alimentar moderada
e grave, 47,4% eram gravidez recorrente na adolescência (p=0,008); 45% tinham um ou

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 18 164


dois filhos (p=0,011); 90% não consumiam regularmente frutas (p=0,013) e 36,8% davam
prioridade a alguém quando havia pouca comida na casa (p<0,001).

DISCUSSÃO
Neste estudo, a prevalência de insegurança alimentar nas gestantes adolescentes
foi de 34,8%. Quanto ao nível de severidade, 24,8% estavam em insegurança leve e 10,1%
estavam em insegurança moderada e grave, esta última estando associada a gravidez
recorrente na adolescência, ter um ou dois filhos e não consumir regularmente frutas.
No município de Rio Branco – Acre a condição socioeconômica das adolescentes
gestantes é baixa. De acordo com dados da ONU em 2013 o município apresentou o maior
IDH (0,68) da região norte em contrapartida a renda do acreano ainda não obteve aumento
significativo (BRASIL, 2015). O Brasil é um país que apresenta em seu território grandes
disparidades socioeconômicas. Facchinni e colaboradores (2014) relataram que algumas
áreas são mais privilegiadas por aspectos naturais ou por políticas de investimento em
infraestrutura, educação, saúde, dentre outros aspectos que estão ligados ao bem-estar do
cidadão. A renda média do brasileiro no ano de 2015 foi de R$ 1.113, o rendimento mensal
médio de cada acreano foi de R$ 752 em 2015, o que corresponde a um aumento em
relação ao ano anterior que foi de R$ 670, a alta ficou acima da inflação oficial registrada
no ano de 2014, mas apesar disso, o estado teve a segunda pior renda registrada na
Região Norte (BRASIL, 2015).
Souza e colaboradores (2009) sugerem que quanto menos a renda menor a
capacidade de aquisição de alimentos, sendo assim sugere-se eu quanto menor a
renda maior a insegurança alimentar. Neste estudo, 34,9% das adolescentes gestantes
entrevistadas apresentaram algum nível de insegurança alimentar, esse mesmo percentual
foi encontrado em estudo de Hoffman (HOFFMANN, 2008), quando analisa a insegurança
alimentar de domicílios no Brasil tendo como base o PNAD 2004.
No Acre, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicilio (PNAD),
a prevalência de insegurança alimentar nos domicílios em 2009 era de 47,5%, já no Pará a
prevalência era de 43,2% dos domicílios, em Rondônia 31,7% dos domicílios particulares
estavam em insegurança alimentar, Roraima com 47,6% apresentou a maior prevalência
da região Norte (BRASIL, 2014). Em um estudo realizado em Manaus no Amazonas por
Yuyama e colaboradores (2007) a insegurança alimentar esteve presente em 89,20%
nos domicílios com crianças, o que se assemelha a um estudo realizado por Oliveira e
colaboradores (OLIVEIRA et al., 2010) no município de Crato no Ceará onde as famílias
que tinham menores de 5 anos de idade apresentavam algum nível de IA.
Apesar dos inquéritos nacionais e internacionais gerais, grupos populacionais
específicos, como as gestantes, ainda carecem de informações. Os cinco estudos nacionais,
identificados em nossa revisão, que estimaram a frequência da segurança alimentar de

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 18 165


gestantes em municípios brasileiros não são de base populacional. Ao comparar nossos
resultados a estes estudos, observou-se que a prevalência de insegurança alimentar
para gestantes da área urbana de Rio Branco foi menor que as estimadas em estudos
realizados em João Pessoa – PB (59,0%)(LOBO, 2014), Recife – PE (71,6%) (ARAÚJO;
SANTOS, 2016), Maceió – AL (42,7%) (OLIVEIRA et al., 2017), Queimados e Petrópolis –
RJ (37,8%) (MARANO et al., 2014), e maior que do estudo realizado em Santo Antônio de
Jesus – BA (28,16%) (SANTOS, 2015), todavia, o estudo baiano utilizou como instrumento
de mensuração a escala curta de Segurança Alimentar do United States Department of
Agriculture (USDA) de 6 itens, enquanto os outros estudos utilizaram a EBIA de 14 ou 15
itens.
Historicamente as desigualdades regionais no Brasil, assolam principalmente as
regiões norte e nordeste e que são marcadas por pobreza e desigualdade sociais. Hoffman
(2008) diz que nas economias mercantis em geral e, particularmente, na economia brasileira,
o acesso diário aos alimentos depende, essencialmente, de a pessoa ter poder aquisitivo
para dispor de alimentos. E por mais que no Brasil haja grande oferta de alimentos, mais
de 11 milhões de brasileiros passam fome, o que sugere falta de acesso a alimentação de
qualidade e quantidade suficientes para suprir as suas necessidades (SEGALL-CORRÊA
et al., 2014).
Em um estudo realizado por Aquino-Cunha e colaboradores (AQUINO-CUNHA et
al., 2002) em uma maternidade pública na capital Rio Branco - Acre sobre gestação na
adolescência revela que a gravidez precoce tem aumentado e com isso muitos fatores
inclusive a evasão escolar e a consequentemente a menor probabilidade de ser qualificado
para se inserir-se no mercado de trabalho e para se empoderar de suas ações sociais.
Em nosso estudo, não foi encontrada associação entre insegurança alimentar em
gestantes adolescentes e participação em outros programas governamentais, mas as
famílias que recebiam algum benefício tenderam a relatar maiores níveis de IA, semelhante
ao observado em outros estudos (RAMALHO, 2017; SILVA; CURIONI, 2013; SOUZA;
ANDRADE; RAMALHO, 2015). Outra associação importante, observada neste estudo,
é o consumo regular de frutas, onde a maioria das adolescentes gestantes que tinham
insegurança alimentar não tinham o hábito de consumo regular deste grupo alimentar.
Diversos estudos sugerem que famílias em insegurança alimentar, majoritariamente estão
em vulnerabilidade econômica e tendem a ter uma dieta monótona baseada em alimentos
baratos e de alta densidade energética (ARAÚJO; SANTOS, 2016b; GAMBA et al., 2016;
LARAIA; EPEL; SIEGA-RIZ, 2013; LÓPEZ-SÁLEME et al., 2012; MARANO et al., 2014;
OLIVEIRA et al., 2017; SANTOS, 2015; SOUZA, 2009).
Este é o primeiro estudo sobre insegurança alimentar moderada e grave em
gestantes adolescentes realizado na cidade de Rio Branco, Acre e na Amazônia Ocidental
brasileira. Apesar disso, este estudo apresenta algumas limitações em relação ao desenho
transversal e por ter utilizado informações retrospectivas, o que pode levar a viés de

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 18 166


memória. Porém, para minimizar o viés de memória, as entrevistadoras foram treinadas
para que ficasse evidente o momento da descoberta da gravidez como referência. Além
disso, o período de memória desses dados foi curto e é um evento marcante na vida de
uma mulher.

CONCLUSÃO
A prevalência de insegurança alimentar em gestantes adolescentes em Rio Branco
foi de 34,8%, quanto ao nível de severidade, 24,8% estavam em insegurança leve e 10,1%
estavam em insegurança moderada e grave. A insegurança alimentar moderada e grave
em gestantes adolescentes esteve associada a pertencer a classes socioeconômicas D
e E, gravidez recorrente na adolescência, não consumir regularmente frutas e priorizar
alguém quando havia pouca comida na casa.
Esses achados reforçam que a promoção do acesso a alimentos de baixo custo,
nutricionalmente adequados e seguros é fundamental para a promoção da segurança
alimentar. No contexto amazônico, é fundamental ratificar as ações voltadas à economia
doméstica nos programas de transferência de renda e desenvolver ações de educação
alimentar e nutricional durante a gestação. Seria oportuno realizar ações que estimulem
o consumo de alimentos regionais pouco consumidos, incentivando a criação de hortas
e agricultura familiar, estratégias de aproveitamento integral dos alimentos e geração de
renda informal com a comercialização desses alimentos, entre outros.
Além disso, investimentos em ações que proporcionem o aumento da escolaridade
em tempo hábil, bem como em políticas que aumentem a inserção e permanência feminina
no mercado de trabalho formal, também podem influenciar na redução da insegurança
alimentar desse grupo vulnerável.

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Variáveis n %
Tipo de pavimentação da rua do domicílio
Asfalto/cimento/paralelepípedo/tijolo 151 68,0
Terra com outros materiais ou apenas terra 71 32,0
Esgoto a céu aberto na rua
Não 166 75,5
Sim 54 24,5
Banheiro com água encanada no vaso sanitário
Não 58 26,1
Sim 164 73,9
Idade
13 anos 3 1,4
14 anos 11 5,0
15 anos 24 10,8
16 anos 40 18,0
17 anos 55 24,8
18 anos 89 40,1
Cor da pele
Branca 21 9,5
Parda 186 83,8
Outras 15 6,8
Escolaridade
Até ensino fundamental 2 81 36,5
Ensino médio completo/incompleto 134 60,4
Ensino Superior completo/incompleto 7 3,2
Situação conjugal
Não tem companheiro 49 22,1
Com Companheiro 173 77,9
Chefe da Família

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 18 170


A gestante 4 1,8
Companheiro ou outra pessoa 218 98,2
Escolaridade do chefe da família
Até ensino Fundamental 2 29 36,2
Ensino médio completo/incompleto 117 57,4
Ensino Superior completo/incompleto 13 6,4
Número de moradores por domicílio
1 ou 2 moradores 83 37,4
3 a 5 moradores 76 34,2
5 ou mais moradores 63 28,4
Bolsa família
Não 179 86,5
Sim 28 13,5
Classe econômica
B 18 8,1
C 129 58,1
D 64 28,8
E 11 5,0

Tabela 1 - Distribuição absoluta (n) e relativa (%) das características socioeconômicas e


demográficas na coorte de gestantes adolescentes. Rio Branco, Acre, 2015.

Variáveis n %
Primeira gestação
Não 50 22,9
Sim 168 77,1
Tipo de atendimento pré-natal
Público 203 96,2
Privado 8 3,8
Número de consultas pré-natal
Até 6 87 40,1
6 ou mais 130 59,9
Número de filhos vivos
Nenhum 168 75,7
1 ou 2 44 19,8
3 ou mais 10 4,5
Fumante na gestação
Não 198 89,2
Sim 24 10,8
Ingestão de bebida alcoólica

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 18 171


Não 194 87,8
Sim 27 12,2
Ganho de peso na gestação referido por profissional
Disseram que estava adequado 107 54,3
Disseram que estava ganhando muito peso 63 32,0
Disseram que estava ganhando pouco peso 27 13,7
Consumo de verduras e legumes na gestação
Menos de 5 vezes na semana 150 68,2
5 vezes ou mais 70 31,8
Consumo de frutas na gestação
Menos de 5 vezes na semana 143 64,7
5 vezes ou mais 78 35,3

Tabela 2 - Distribuição absoluta (n) e relativa (%) das características pré-natais e hábitos
durante a gestação na coorte de gestantes adolescentes. Rio Branco, Acre, 2015.

Variáveis n %
Produção de alimentos para consumo próprio
Não 171 80,7
Sim 41 19,3
O que faz quando há pouca comida na casa
Nunca houve pouca comida na casa 93 42,7
Repartem igual entre os moradores 113 51,8
Dão prioridade a alguém 12 5,5
Segurança Alimentar e Nutricional
Segurança Alimentar 147 66,2
Insegurança alimentar leve 55 24,8
Insegurança alimentar moderada 11 6,0
Insegurança alimentar grave 9 4,1

Tabela 3 - Distribuição absoluta (n) e relativa (%) da disponibilidade alimentar e segurança


alimentar e nutricional em domicílios com gestantes adolescentes. Rio Branco, Acre, 2015.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 18 172


Insegurança alimentar moderada e
   
grave
não Sim
valor
Variável n %   n %
de p
Tipo de pavimentação da rua do domicílio 0,455
Asfalto/cimento/paralelepípedo/tijolo 139 68,8 12 60,0
Terra e outros materiais ou apenas terra 63 31,2 8 40,0
Banheiro com água encanada no vaso 0,513
Não 54 26,7 4 20,0
Sim 148 73,3 16 80,0
Idade 0,792
13 a 15, inclusive 35 17,3 3 15,0
16 a 18, inclusive 167 82,7 17 17,0
Cor de pele 0,13
Branca 21 10,4 0 0,0
Não branca 181 89,6 20 100,0
Escolaridade 0,14
Até Ensino Fundamental 2 68 33,7 13 65,0
Ensino médio 128 63,4 6 30,0
Ensino Superior 6 3,0 1 5,0
Situação Conjugal 0,144
Não tem companheiro 42 20,8 7 35,0
Com companheiro 160 79,2 13 65,0
Escolaridade do Chefe da Família 0,067
Até ensino Fundamental 2 63 34,2 11 55,0
Ensino médio ou superior 121 65,8 9 45,0
Número de moradores no domicilio 0,092
1 ou 2 moradores 79 39,1 4 20,0
3 ou mais moradores 123 60,9 16 80,0
Bolsa Família 0,087
Não 165 87,8 14 73,7
Sim 23 12,2 5 26,3
Classe econômica 0,035
BeC 138 68,3 9 45,0
DeE 64 31,7   11 55,0  

Tabela 4 - Distribuição da insegurança alimentar moderada e grave (%) segundo características


socioeconômicas e demográficas na coorte de gestantes adolescentes. Rio Branco, Acre, 2015.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 18 173


Insegurança alimentar moderada
 
e grave  
não sim
Variável n %   n % valor de p
Primeira gestação 0,008
Não 41 20,6 9 47,4
Sim 158 79,4 10 52,6
Número de filhos vivos 0,011
Nenhum 158 78,2 10 50,0
1 ou 2 35 17,3 9 45,0
3 ou mais 9 4,5 1 5,0
Fumante durante a gestação 0,32
Não 183 90,6 15 75,0
Sim 19 9,4 5 25,0
Ingestão de bebida alcoólica 0,067
Não 179 89,1 15 75,0
Sim 22 10,9 5 25,0
Ganho de peso na gestação referido por profissional 0,884
Disseram que estava adequado 98 53,8 9 60,0
Disseram que estava ganhando muito peso 59 32,4 4 26,7
Disseram que estava ganhando pouco peso 25 13,7 2 13,3
Consumo de verduras e legumes na gestação 0,09
Menos de 5 vezes na semana 133 66,5 17 85,0
5 vezes ou mais 67 33,5 3 15,0
Consumo de frutas na gestação 0,013
Menos de 5 vezes na semana 125 62,2 18 90,0
5 vezes ou mais 76 37,8 2 10,0
Produção de alimentos para consumo próprio 0,501
Não 156 81,3 15 75,0
Sim 36 18,8 5 25,0
O que faz quando há pouco comida na casa < 0,001
Nunca houve pouca comida na casa 93 46,7 0 0,0
Repartem igualmente entre os moradores 101 50,8 12 63,2
Dão prioridade a alguém 5 2,5   7 36,8  

Tabela 5 - Distribuição da insegurança alimentar moderada e grave (%) segundo características


pré-natais, hábitos na gestação e disponibilidade alimentar na coorte de gestantes
adolescentes. Rio Branco, Acre, 2015.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 18 174


CAPÍTULO 19
doi
USO DE PROBIÓTICOS COMO NOVA ABORDAGEM
COMPLEMENTAR NA TERAPIA DA ACNE: UMA
REVISÃO INTEGRATIVA

Data de aceite: 01/12/2020 na melhora da acne vulgar. Foram pesquisados


Data de submissão: 08/11/2020 estudos publicados entre 2009 e 2019 nas bases
de dados do Scielo, Pubmed, Medline e Science
Direct, aplicando os descritores “probiotics” e
“acne vulgaris” e seus descritores associados,
Luiza Bühler
sendo incluídos estudos clínicos e pré-clínicos.
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São
Com a aplicação da estratégia de busca foram
Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil. CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3975970612918986 recuperados 70 artigos. Após exclusão de estudos
duplicados e avaliação dos critérios de inclusão
Morgana Aline Weber e exclusão, foram selecionados 10 artigos para
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São análise de textos completos e extração dos
Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil. CV Lattes: dados. Os resultados indicam que os probióticos
http://lattes.cnpq.br/0791494330915922 afetam beneficamente o processo inflamatório
Patrícia Weimer demonstrando melhora clínica da acne vulgar,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, principalmente as espécies de Lactobacillus
Porto Alegre, RS, Rio Grande do Sul, Brasil. CV spp. e Staphylococcus epidermidis, confirmando
Lattes: http://lattes.cnpq.br/7199119376512351 o potencial benéfico no controle das lesões de
acne. Os probióticos podem ser uma alternativa
Rochele Cassanta Rossi ao tratamento farmacológico, porém evidências
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São cientificas mais robustas são necessárias para
Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil. CV Lattes:
respaldar sua eficácia como terapia substituta à
http://lattes.cnpq.br/0627260486404735
medicamentosa ou como associação.
PALAVRAS - CHAVE: Probióticos. Acne vulgar.
Terapêutica. Suplementação.
RESUMO: A acne vulgar é um processo
inflamatório das glândulas sebáceas e dos USE OF PROBIOTICS AS A NEW
folículos pilossebáceos com impacto na vida dos COMPLEMENTARY APPROACH IN ACNE
indivíduos, devido ao comprometimento estético THERAPY: AN INTEGRATIVE REVIEW
e psicológico. Os tratamentos farmacológicos ABSTRACT: Acne vulgaris is an inflammatory
atuais estão relacionados a efeitos colaterais e process of the sebaceous glands and
não representam cura definitiva. Uma alternativa pilosebaceous follicles with an impact on the lives
a esse tratamento consiste na co-administração of individuals, due to aesthetic and psychological
de probióticos. O presente trabalho teve como impairment. Current pharmacological treatments
objetivo verificar, através de uma revisão are related to side effects and do not represent
integrativa, a existência de comprovações a definitive cure for acne vulgaris. An alternative
cientificas acerca da administração de probióticos to this treatment is the co-administration of

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 19 175


probiotics. This study aimed to verify, through an integrative review, the existence of scientific
evidence about the administration of probiotics in the improvement of acne vulgaris. Studies
published between 2009 and 2019 were searched in the databases of Scielo, Pubmed,
Medline and Science Direct, applying the descriptors “probiotics” and “acne vulgaris” and
their associated descriptors, including clinical and pre-clinical studies. With the application of
the search strategy, 70 articles were found. After excluding duplicate studies and evaluating
the inclusion and exclusion criteria, 10 articles were selected for full text analysis and data
extraction. The results indicate that probiotics beneficially affect the inflammatory process,
demonstrating clinical improvement of acne vulgaris, especially the species of Lactobacillus
spp. and Staphylococcus epidermidis, confirming the beneficial potential in controlling acne
lesions. Probiotics may be an alternative to pharmacological treatment, but more robust
scientific evidence is needed to support their effectiveness as a substitute therapy to drugs or
as an association.
KEYWORDS: Probiotics. Acne vulgaris. Therapy. Supplementation.

1 | INTRODUÇÃO
A preocupação com a aparência é cada vez mais evidente entre as pessoas. A nutrição
aplicada a estética está mais presente na vida da população, principalmente daqueles que
buscam melhor qualidade de vida e melhora na autoestima (WITT; SCHNIDER, 2011).
A pele é um revestimento que cobre o corpo protegendo contra agressões externas. É
formada por três camadas, epiderme, derme e hipoderme. Todas são importantes para
o corpo, e cada uma tem funções e características diferentes (SBD, 2017). Além disso,
possui comunidades microbianas compostas por bactérias e fungos (GRICE et al., 2009),
onde, dentre elas, a bactéria Propionibacterium acnes pode ser uma das causas da acne, e
está presente principalmente nos folículos pilossebaceos e ligados geralmente a infecções
(NAKATSUJI et al., 2008).
A acne vulgar é uma doença inflamatória da pele, onde ocorre uma obstrução por
oleosidade ou por células mortas, devido ao processo inflamatório das glândulas sebáceas
e folículos polissebáceos. Acontece com mais intensidade na puberdade e atinge cerca de
80% de toda população (TAYLOR; GONZALEZ; PORTER, 2011). é classificada em dois
tipos: acne não inflamatória, como comedões abertos e fechados, e acne inflamatória,
como pústulas e pápulas, podendo haver cicatrizes após a inflamação (MOURELATOS
et al., 2007). A intercorrência da acne está associada a efeitos psicológicos na vida do
indivíduo, podendo alterar o humor, impactando diretamente na autoestima, aumentando o
risco depressão, ansiedade e ideação suicida (DUNN; O’NEILL; FELDMAN, 2011).
Diversos tratamentos farmacológicos têm sido utilizados para esta patologia,
sendo a isotretinoína o principal fármaco utilizado, atuando na diminuição e secreção das
glândulas sebáceas, inibindo a inflamação e de forma secundária inibindo o crescimento de
Proprionibacterium acnes. Apesar de sua eficácia, esse medicamento implica em diversos
efeitos colaterais (KUROKAWA et al., 2009).

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 19 176


Estudos recentes têm demonstrado que a alimentação pode ser um fator importante
no desenvolvimento e controle da acne. Em uma meta-análise, recentemente publicada,
demonstrou que alimentos lácteos, principalmente o leite, tem relação significativa com o
desenvolvimento desta patologia (AGHASI et al., 2019). Processos fermentativos realizados
por bactérias probióticas destroem ao exossomos do leite e reduzindo os microRNAs e
prevenindo o desenvolvimento da acne (MELNIK, 2017).
Nos últimos anos, os probióticos estão sendo utilizados como uma estratégia
benéfica no tratamento da acne (FABBROCINI et al., 2016). De acordo com a World
Health Organization (GUARNER et al., 2017), probióticos consistem em micro-organismos
vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à
saúde do hospedeiro. Auxiliam na diminuição do número de organismos patogênicos, a
partir da secreção de ácidos, diminuindo o pH intraluminal e inibindo a proliferação de
novos patógenos (ISSA; MOUCARI, 2014). Uma dieta rica em probióticos pode regressar
o desequilibro da microbiota intestinal, chamado de disbiose, promovendo benefícios a
saúde do indivíduo (WESTFALL; LOMIS; PRAKASH, 2018).
O primeiro relato sobre o uso de probióticos no tratamento da acne foi em 1961,
onde os indivíduos ingeriram probióticos comercialmente disponíveis, L. acidophilus e L.
bullgaricus. Da população estudada, 80% dos pacientes obtiveram melhoras na acne, e
apresentou benefícios para acne inflamatória (BOWE; LOGAN, 2011). Neste contexto,
este estudo objetivou verificar se existe comprovação científica entre a associação da
administração de probióticos na melhora da acne, através de uma revisão integrativa.

2 | MÉTODOS

2.1 Estratégia de busca e critérios de inclusão e exclusão


Para a recuperação dos artigos científicos acerca do tema em estudo, foram utilizadas
as bases de dados Scielo, PubMed, Medline e Science Direct, com restrição em relação
ao ano de publicação, contemplando o perído entre 2009 e 2019. Para tal, a estratégia
de busca foi organizada em três clusters, cluster 1 referente aos termos associados aos
probióticos (intervenção), cluster 2 sobre a condição (acne, Propionibacterium acnes)
e cluster 3 referente aos estudos (pré-clinicos e clínicos). Desta forma, a estratégia de
busca foi baseada nos termos associados a cada cluster em associação, considerando os
descritores aceitos em cada base de dados e sistema tesauro próprio.
Por se tratar de uma revisão integrativa, foram adotados como critérios de inclusão
estudos que apresentassem um ou mais métodos de avaliação sobre os efeitos dos
probióticos sobre Propionibacterium acnes e os estudos deveriam apresentar a descrição
do probiótico. Os critérios de exclusão foram organizados em estudos duplicados, período
do estudo (inferior a 2009), artigos de revisão ou capítulo de livro e artigos publicados em

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 19 177


língua diferente de português, espanhol e inglês.
2.2 Extração de dados
Após as etapas de elegibilidade dos estudos, foram extraídos os dados dos estudos
selecionados como: estudo, ano de realização, probiótico avaliado, tipo de estudo (clínico
ou pré-clínico, subclassificado em in vitro e in vivo), número de indivíduos e desfecho e
conclusõe principais.

3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
A aplicação da estratégia de busca nas bases de dados recuperou ao todo 70
artigos, conforme descrição detalhada na Tabela 1. Após exclusão dos estudos duplicados
e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram incluídos 10 estudos para análise
completa e extração dos dados.

Base de dados Total Aceitos

PubMed 29 6
Medline 37 10
Science Direct 5 0
Scielo 0 0
Artigos Repetidos 28 6
Total 42 10

Tabela 1- Resultado da busca nas bases de dados

Neste contexto, os principais resultados desta revisão são apresentados na Tabela


2.

Estudo/Probiótico Tipo de Número de


Referências Desfecho/conclusão
avaliado estudo indivíduos

Houve melhora
Suplementação com Estudo piloto,
Fabbrocini et na aparência da
Lactobacillus SP1 (LPS1) randomizado, 20
al., 2016 acne adulta quando
em pacientes com acne duplo-cego suplementado LPS
A ingestão do
Manzhalii, Suplementação oral de Ensaio clínico probiótico E.coli Nissle
Hornuss e Escherichia coli Nissle em randomizado, se mostrou eficaz
57
Stremmel, pacientes com dermatoses controlado, no tratamento de
2016 de origem intestinal aberto dermatoses como a
acne

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 19 178


Avaliação da segurança, O uso de probióticos
eficácia e tolerabilidade de pode auxiliar no
um regime de tratamento Estudo tratamento da
Jung et al., da acne com e sem prospectivo 45 acne através de
2013 a suplementação de randomizado . seu poder anti-
probiótico e minociclina em aberto inflamatório e função
indivíduos com acne leve a imunomoduladora
moderada
A utilização do
Indicadores de fagocitose uso combinado
Syzon; em mulheres com acne de probióticos,
Dashko, durante o tratamento NC 93 antibióticos orais,
2018. abrangente que incluiu auto-hemoterapia e
imunoterapia e probióticos. anticoncepcionais de
baixa dosagem.
O tratamento
com Lactobacillus
Avaliação da atividade salivarius resultou
Deidda et al., antibacteriana de em uma melhora
Estudo
2018 Lactobacillus salivarius In vitro significativa podendo
quantitativo
(LS03) contra ser uma alternativa
Propionibacterium acnes de tratamento para
indivíduos com acne
vulgar
Utilização de sacarose A sacarose fortaleceu a
para o aumento seletivo capacidade probiótica
Wang et al., de Staphylococcus In vivo do S. epidermidis,
2016. Pré-clínico
epidermidis (Camundongos) diminuindo o aumento
contra Propionibacterium de P. acnes e suas
acnes inflamações
Aplicação de
Staphylococcus
epidermidis Redução considerável
Yang et al., encapsulado como um NC In vitro de Propionibacterium
2019. adesivo probiótico de acnes
pele contra Cutibacterium
acnes
O Lactobacillus
Plantarum reduziu
significativamente
o efeito do eritema
Muizzuddin Efeito fisiológico de um NC NC cutâneo, recompondo
et al., 2012. probiótico na pele a barreira cutânea e
reduzindo o tamanho
das lesões causadas
pela acne
A bactéria S.
Fermentação de Epidermidis pode
desencadear a
Staphylococcus
fermentação do
Wang et al., epidermidis no microbioma glicerol, exercendo
2014. cutâneo humano para NC In vitro atividade probiótica
inibição do crescimento contra P. acnes,
de Propionibacterium evitando e controlando
acnes a disbiose que acarreta
a acne vulgar

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 19 179


O uso de
Glucomannan de
Konjac favoreceu
o crescimento de
probióticos e as cepas
Efeito de hidrolisados ​​ probióticas avaliadas,
e probióticos de Lactobacillus Casei,
Al-Ghazzewi, glucomanana konjac Lactobacillus
NC In vitro
2010. no crescimento in vitro Acidophilus,
da bactéria da pele Lactobacillus.
Propionibacterium acnes. Plantarum,
Lactobacillus. Gasseri
e Lactococcus Lactis
ssp. Lactis inibiram
o crescimento de P.
acnes.

Tabela 2 - Estudos sobre a utilização de probióticos no tratamento de acne e seus principais


desfechos

*NC: não consta

Fabbrocini et al. (2016) avaliaram o efeito da suplementação com Lactobacillus


rhamnosus SP1 (LSP1), em indivíduos com acne, a fim de verificar a ação do probiótico
nos genes responsáveis pela desregulação insulínica e na melhora da acne adulta. Os
indivíduos do estudo, tinham média de idade de  33,7 ± 3,3 anos e foram proibidos de
utilizarem quaisquer fármacos para tratamento da acne. Em um período de 12 semanas foi
administrado para o grupo probiótico (n=10) um suplemento liquido contendo LSP1 (75 mg/
dia), enquanto o grupo placebo (n=10) recebeu liquido idêntico do qual não continha LSP1.
A eficácia foi avaliada em escala de 5 pontos e concluiu-se que houve resultados benéficos
no grupo suplementado com LSP1, melhorando a aparência da pele nos indivíduos com
acne (FABBROCINI et al., 2016).
Nesta mesma linha,Jung et al. (2013)intolerable side effects may invariably occur.
Objective: To determine whether probiotics reduce the side effects imparted by systemic
antibiotics while working synergistically with the latter in treating inflammatory acne.
Methods: Forty-five 18- to 35-year-old females were randomly assigned to one of three
arms in this prospective, open-label study. Group A received probiotic supplementation,
whereas group B received only minocycline. Group C was treated with both probiotic and
minocycline. Clinical and subjective assessments were completed at baseline and during
the 2-, 4-, 8-, and 12-week follow-up visits. Results: All patients demonstrated a significant
improvement in total lesion count 4 weeks after treatment initiation (p , .001 selecionou
participantes com acne vulgar grave ou moderada, contendo de 20 a 50 lesões, sendo
no mínimo 10 lesões inflamatórias. Dividindo em três grupos, o grupo A recebeu apenas
suplemento probiótico, o grupo B somente minociclina e o grupo C suplemento probiótico
e minociclina. Os três grupos utilizaram medicamento tópico peróxido de benzoila 5% e um
sabonete facial. O probiótico utilizado no estudo foi composto por Lactobacillus acidophilus,

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 19 180


Lactobacillus delbrueckii subespécie bulgaricus e Biftdobacterium bifidum. Os resultados
obtidos concluem que o uso de probióticos podem auxiliar no tratamento da acne através
de seu poder anti-inflamatório e função imunomoduladora.
Muizzuddin et al. (2012) utilizaram o probiótico Lactobacillus plantarum (L. plantarum)
para verificar a eficácia do microrganismo nas características da pele, eritema e da acne.
Foi observado que o L. plantarum reduz significativamente o efeito do eritema cutâneo,
recompondo a barreira cutânea, reduzindo o tamanho das lesões causadas pela acne.
Em um estudo in vitro realizado por Deidda et al. (2018) avaliou-se o efeito
antibacteriano e anti-inflamatório e a inibição da liberação de interleucina-8 (IL-8) pelas
Propionibacterium acnes a partir da suplementação com Lactobacillus salivarius (L.
salivarius).  Em placa de ágar contendo P. acnes foram adicionados discos embebidos de L.
salivarius diretamente na superfície. Observou-se que o probiótico apresentou significativa
capacidade de inibir a cepa patogênica e diminuir a liberação da citocina pró inflamatória
IL-8, podendo ser uma alternativa de tratamento para indivíduos com acne vulgar.
Em outro estudo in vitro, foi analisado o uso do prebiótico Glucomannan de Konjac
e de probióticos na diminuição de Propionibacterium Acnes. Foi preparado uma farinha de
Glucomannan de Konjac e utilizado cepas probióticas de Lactobacillus casei, Lactobacillus
acidophilus, Lactobacillus plantarum, Lactobacillus gasseri e Lactococcus lactis ssp.
Lactis. A eficácia do estudo foi verificada medindo a inibição de Propionibacterium Acnes
ao redor dos discos. Observou-se que Glucomannan de Konjac favoreceu o crescimento
dos probióticos e que os mesmos inibiram o crescimento de Propionibacterium acnes (AL-
GHAZZEWI; TESTER, 2010).
Recentemente Syzon e Dashko (2018), realizaram um estudo com 93 mulheres com
idades entre 18 e 25 anos com acne leve, moderada e grave. Determinou-se o índice
fagocitário de indivíduos com acne utilizando diferentes tratamentos como: probióticos,
antibióticos orais, imunoterapia e anticoncepcionais de baixa dosagem. Os resultados
demonstraram benefícios significantes sugerindo a utilização do uso combinado de
probióticos, antibióticos orais, auto-hemoterapia e anticoncepcionais de baixa dosagem no
tratamento da acne.
Yang et al. (2019) avaliaram a utilização de membranas contendo Staphylococcus
epidermidis (S. epidermidis) no tratamento de granulomatoso de acne inflamatória em orelhas
de camundongos, que foi desenvolvida através da injeção contendo Propionibacterium
acnes. As orelhas foram cobertas por membranas contendo ou não S. epidermidis. As
orelhas dos camundongos onde foi aplicado S. epidermidis com glicerol encapsulados
tiveram redução considerável de Propionibacterium acnes.
Wang et al. (2014) avaliaram in vitro, se microrganismos como S. epidermidis podem
fermentar o glicerol, inibindo o aumento de Propionibacterium acnes. Foram coletados
microrganismos de pele humana do nariz de um indivíduo do sexo masculino sem acne
vulgar. Os microrganismos da pele, onde contém diversos tipos de micróbios foram

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 19 181


misturados a ágar 1%, sendo alguns acrescentados de glicerol e outros não.
Impressões digitais dos dedos indicadores, médio e anelar de indivíduos diferentes
foram comprimidos nas placas de ágar com e sem glicerol, simulando o crescimento
de Propionibacterium acnes em lesões de acne vulgar por seis dias em condições
anaeróbicas. Os resultados demonstraram que a bactéria S. epidermidis pode desencadear
a fermentação do glicerol, exercendo atividade probiótica contra Propionibacterium acnes
através d produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) suprimindo o crescimento de
Propionibacterium acnes pelo seu poder antimicrobiano, evitando e controlando a disbiose
que acarreta a acne vulgar (WANG et al., 2014).
Wang et al. (2016)we demonstrated that Staphylococcus epidermidis (S. epidermidis,
a probiotic skin bacterium encontraram resultados semelhantes ao de sua pesquisa
anterior, através do uso da sacarose como iniciador para intensificar a fermentação de
S. epidermidis. Ao monitorar o processo de fermentação de sacarose foi adicionado fenol
vermelho como indicador avaliando a produção de AGCC, concluindo que a sacarose pode
ativar a fermentação de S. epidermidis. Para avaliar a efetividade de S. epidermidis na
neutralização de Propionibacterium acnes, foram injetados em orelhas de camundongos
com Propionibacterium acnes o probiótico S. epidermidis na presença de sacarose ou
solução salina. Os resultados obtidos mostraram que o número de Propionibacterium acnes
foi significativamente menor na orelha onde foi injetado as duas bactérias e sacarose, em
comparação com a orelha em que foi injetado as duas bactérias e solução salina. Conclui-
se que a sacarose é capaz de estimular a capacidade do S. epidermidis e a produção a
AGCC pode suprimir a inflamação e o crescimento de Propionibacterium acnes (WANG
et al., 2016)we demonstrated that Staphylococcus epidermidis (S. epidermidis, a probiotic
skin bacterium.
Manzhalii; Hornuss; Stremmel (2016) avaliaram, os benefícios de Escherichia
coli Nissle 1917 (E. coli Nissle 1917) em indivíduos com dermatoses, divididos em grupo
controle e grupo experimental. Ambos os grupos receberam uma dieta vegetariana, onde
o grupo controle recebeu apenas terapia tópica composta por tetraciclina, esteroides e
retinoides (Kremgen® e Lokoid®). Os pacientes do grupo experimental utilizaram tratamento
combinado de terapia tópica com a administração oral de E. coli Nissle 1917 (Mutaflor  ®),
primeiramente 1 capsula ao dia durante 4 dias e, posteriormente, 2 capsulas ao dia durante
todo o mês seguinte. Dos indivíduos avaliados, 89% do grupo experimental obtiveram
boas respostas a terapia com E. coli Nissle 1917, enquanto que 17% do grupo controle
apresentaram boa recuperação. A ingestão do probiótico E. coli Nissle 1917 se mostrou
eficaz no tratamento de dermatoses como a acne, indivíduos apresentaram melhoras
significantes na qualidade de vida, o que pode estar associada possivelmente com o
aumento dos níveis de igA, diminuição da citocina pró-inflamatória IL-8 e menor quantidade
de patógenos na flora intestinal.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 19 182


CONCLUSÕES
De acordo com os resultados encontrados, os probióticos demonstraram ser
potenciais agentes benéficos no tratamento da acne vulgar e na diminuição de sua bactéria
causadora, Propionibacterium acnes. Além disso, o uso de probióticos está relacionado à
diminuição dos processos inflamatórios envolvidos na patologia.
Os estudos in vivo e in vitro demonstraram uma ampla variedade de bactérias
testadas. É importante destacar a relevância de que sejam feitas pesquisas mais especificas
com bactérias que possam demonstrar um padrão de cepas, quantidades e periodicidade
de consumo, buscando um resultado fidedigno e a reprodutibilidade de sua eficácia. Os
probióticos que apresentaram maior número de estudos quanto ao uso no tratamento da
acne vulgar foi o gênero de Lactobacillus e suas diferentes espécies. Estudos também
demonstraram benefícios através da fermentação de Staphylococus epidermidis como
inibidora da bactéria Proprionibacterium acnes.
Apesar da crescente busca e pesquisas sobre o tema, para a indústria farmacêutica
é algo atualmente novo, entretanto já foi produzido nutracêuticos a base de probióticos com
o intuito de melhorar a acne vulgar. Como perspectivas futuras neste campo são apontadas
a utilização de tratamentos complementares, tanto a associação medicamentosa usual
com probióticos por via oral, quanto terapia com probióticos veiculados na forma de
nutracêuticas e formulações dermocosméticas destinadas à aplicação tópica. Buscando
assim, maior eficácia no tratamento da acne vulgar e principalmente a redução dos efeitos
colaterais instrinsecos dos medicamentos.

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Alimento, Nutrição e Saúde 3 Capítulo 19 185


SOBRE O ORGANIZADOR

GIVANILDO DE OLIVEIRA SANTOS - Filho de Antônio Henrique dos Santos e Onília de


Oliveira Santos, nascido em Rio Verde, Goiás, no dia 12 de setembro de 1982. Concluiu o
ensino médio no Colégio Estadual Hermínio Rodrigues Leão, na cidade de Santo Antônio
da Barra - Goiás no ano de 2000. Em 1999 ingressou no curso técnico/profissionalizante
em Técnico em Agropecuária, com habilitação em Zootecnia da Escola Agrotécnica Federal
de Rio Verde, Goiás, Brasil. Em 2003 iniciou a Graduação em Licenciatura e Bacharel em
Educação Física pela Universidade de Rio Verde - UniRV, concluindo em 2006. Iniciou em
2012 a Pós-graduação Lato Sensu em Musculação e Treinamento Funcional pelo Instituto
Passo1, Goiânia, Goiás (chancela Uniasselvi), concluindo em 2014. Ingressou no mestrado
em Tecnologia de Alimentos no Instituto Federal Goiano – IF Goiano em Rio Verde - Goiás,
em 2018, com a conclusão em maio de 2020. Docente na Secretaria Estadual de Educação
do Estado de Goiás. Docente no Instituto Brasileiro de Educação e Cultura.

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Sobre o Organizador 186


ÍNDICE REMISSIVO

A
Adolescência 46, 57, 58, 64, 136, 161, 164, 165, 166, 167
Aleitamento Materno 9, 11, 90, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98
Alho 12, 28, 30, 129, 130, 131, 132, 133
Alimentação Saudável 9, 1, 11, 15, 17, 25, 26, 27, 32, 36, 48, 49, 50, 56, 66, 74, 107, 108,
113
Alimentos Funcionais 15, 17, 27, 28, 29, 30, 33, 36, 130, 131, 133
Alzheimer 11, 99, 100, 101, 102, 105, 106
Antropometria 57, 58, 64, 146
Avaliação Nutricional 64, 125, 127, 135, 137, 142, 145, 146, 147, 149, 156
C
Câncer 11, 23, 41, 43, 44, 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 121, 122, 123, 124, 125,
126, 127, 128, 130, 150
Carne Vermelha 107, 108, 109, 110
Comportamento alimentar 9, 10, 1, 48, 49, 51, 52, 53, 54, 55, 58
Composição Corporal 9, 11, 58, 63, 66, 67, 68, 71, 73, 74, 75, 152
Consumo Alimentar 3, 5, 6, 8, 12, 66, 68, 69, 70, 73, 74, 75, 119, 158, 159, 162
Crianças 9, 14, 18, 21, 41, 44, 46, 47, 50, 52, 58, 61, 62, 64, 96, 130, 136, 138, 139, 140,
155, 156, 157, 158, 162, 165

D
Depressão 11, 12, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 85, 86, 87, 88, 89, 121, 122, 124, 125,
126, 127, 128, 162, 176
Desnutrição 13, 2, 16, 24, 26, 50, 52, 58, 60, 63, 72, 122, 125, 126, 128, 135, 136, 137,
138, 142, 145, 146, 148, 150, 152, 153
Diabetes Mellitus 10, 1, 2, 3, 4, 6, 12, 13, 14, 92, 130, 131, 133
Dinamômetro 148, 149, 150, 151, 152, 153
Dobras Cutâneas 69, 71, 118
Doenças Crônicas 1, 2, 12, 13, 14, 17, 25, 27, 46, 50, 58, 62, 73, 82, 83, 115, 116, 117,
118, 130

E
Enfermagem 1, 3, 4, 34, 35, 52, 54, 55, 59, 90, 98, 154
Estado Nutricional 11, 12, 14, 12, 16, 17, 24, 25, 26, 34, 35, 57, 58, 59, 60, 61, 64, 115, 116,
121, 122, 123, 125, 126, 128, 134, 136, 137, 139, 142, 143, 144, 146, 148, 150, 152, 153,

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Índice Remissivo 187


155, 156, 157, 158, 159, 162, 169
Estresse Oxidativo 100, 101, 102, 103
Exercício físico 66, 68

F
Fatores de Risco 12, 14, 33, 61, 62, 80, 107, 108, 109, 113
Fibrose Cística 13, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140
Fisioterapia 38, 39, 42, 76, 152, 153

H
Hábitos Alimentares 9, 14, 1, 4, 6, 11, 12, 15, 17, 25, 33, 50, 52, 62, 63, 66, 67, 108, 109,
115, 117, 123, 155, 156, 157, 158
Hipertensão 12, 1, 2, 4, 14, 45, 61, 91, 115, 117, 118, 120, 130, 131, 133, 149, 162
Hipoglicemiante 12, 129, 130, 131, 132
I
Imunidade 15, 17, 21, 23, 25, 43
N
Neoplasia Colorretal 12, 107, 108, 109, 110, 112
Nutrição 2, 9, 12, 15, 17, 25, 26, 31, 33, 35, 36, 37, 48, 49, 50, 54, 55, 63, 68, 74, 75, 76,
79, 91, 98, 114, 117, 120, 121, 128, 135, 137, 138, 141, 146, 148, 150, 159, 169, 176, 185

P
Pacientes oncológicos 12, 121, 122, 125, 126, 127, 128, 152
Perfil Antropométrico 66, 69
População Indígena 115, 116, 117
Prevenção Primaria 108

Q
Qualidade de vida 9, 3, 11, 15, 16, 17, 25, 33, 42, 96, 115, 117, 124, 125, 126, 127, 136,
176, 182

S
Sarcopenia 149, 150, 151, 153, 154
Saúde Mental 77, 79, 80, 127
Silimarina 11, 99, 100, 101, 102, 103, 104

T
Transição nutricional 12, 1, 2, 57, 63, 115, 116, 117, 118, 119, 120

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Índice Remissivo 188


Transplante hepático 13, 141, 142, 143, 145, 146
Treinamento Resistido 9

V
Vitamina D 10, 11, 38, 39, 42, 45, 46, 47, 76, 82, 85, 86, 87

Alimento, Nutrição e Saúde 3 Índice Remissivo 189

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