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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

Orientações dietoterápicas
após a cirurgia bariátrica
CARTILHA EDUCATIVA

Cuiabá, MT - 2020
Orientações dietoterápicas após
a cirurgia bariátrica
CARTILHA EDUCATIVA

Realização:
Caroline Cardoso Ferreira Faria
Caroline Marques de Moraes Menezes
Gabriela Eliza Ribeiro da Silva
Letícia Helena Ferreira Montenegro
Marinalva Prudente Campos Souza Veras
Profª Drª Bruna Teles Soares Beserra
Profª Drª Tatiana Bering
Profª Mª Gabriela Dalcin Durante

Apoio:
Universidade Federal de Mato Grosso
Faculdade de Nutrição

Orientações dietoterápicas após a cirurgia bariátrica 2


Cirurgia Bariátrica

Definição:

Cirurgia bariátrica e metabólica, é um tratamento que visa, em


indivíduos com obesidade grave, induzir a redução de peso
intensa e duradoura, como também o controle de comorbidades
associadas à obesidade dentre elas, diabetes, hipertensão,
dislipidemia e apneia do sono (SBCBM, 2017).

Quem pode fazer?


Indivíduos com idade de 18 a 65 anos;
Indivíduos que apresentem IMC > 50 Kg/m²;
Indivíduos que apresentem IMC > 40 Kg/m²,
com ou sem comorbidades, sem sucesso no
tratamento clínico longitudinal, por no
mínimo 2 anos e que tenham seguido
protocolos clínicos;
Indivíduos com IMC > 35 Kg/m² e com
comorbidades, sem sucesso no tratamento
clínico longitudinal por no mínimo 2 anos e
que tenham seguido protocolos clínicos.

PORTARIA GM/MS nº 424 DE MARÇO DE 2013

Orientações dietoterápicas após a cirurgia bariátrica 3


Cirurgia Bariátrica

Para quem a cirurgia é contraindicada?

Indivíduos que possuam limitação intelectual significativa e não


tenham suporte familiar adequado;
Indivíduos que presentem quadro de transtorno psiquiátrico
não controlado, incluindo uso de álcool ou drogas ilícitas;
Indivíduos que que tenham doença cardiopulmonar grave e
descompensada;
Indivíduos com Hipertensão Portal;

Indivíduos com Síndrome de Cushing.

PORTARIA GM/MS nº 424 DE MARÇO DE 2013

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Cirurgia Bariátrica

Quais profissionais compõem a equipe


multiprofissional?

A equipe multiprofissional mínima é


composta por médico especialista
em cirurgia geral ou cirurgia do
aparelho digestivo; nutricionista;
psicólogo ou psiquiatra e clínico
geral ou endocrinologista.

Qual o papel do nutricionista na equipe?

Auxiliar o paciente na reeducação alimentar;


Orientar o indivíduo, após a cirurgia, sobre a progressão da
consistência da dieta;
Orientar o uso de suplementação nutricional oral;
Acompanhar o processo de perda de peso;
Acompanhar os resultados laboratoriais.

RESOLUÇÃO Nº 2.131, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2015

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Cirurgia Bariátrica

Derivação gástrica em Y de Roux (Bypass):

Esta cirurgia é irreversível e consiste na criação de um pequeno


reservatório gástrico na parte superior do estômago, com
capacidade entre 15 e 30 ml, que é anastomosada a uma alça
intestinal do jejuno por meio de uma gastrojejunostomia.

O alimento é ingerido

É desviado da parte inferior do estômago e da


parte superior do intestino delgado

Restringindo assim o tamanho do estômago e causando a má


absorção de nutrientes, eletrólitos e sais biliares e,
consequentemente, reduzindo o peso.
HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN, 2016a

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Cirurgia Bariátrica

Vantagens e desvantagens da cirurgia:

Vantagens: Desvantagens:

Aumento de hormônios Deficiências de vitaminas e


intestinais, responsáveis pela minerais;
sensação de saciedade; Anormalidades eletrolíticas e
Perda de peso; nutricionais;
Cura ou remissão de doenças Refluxos e vômitos (SBCBM, 2019).
como dislipidemia, diabetes,
hiperuricemia e hipertensão;
Diminuição do risco de
mortalidade;
Aumento da longevidade;
Melhora na qualidade de vida
(SBCBM, 2020).

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Cirurgia Bariátrica

Principais complicações após a realização da


cirurgia bariátrica e como evitá-las:
Síndrome de Dumping:

Os alimentos ingeridos são movidos para o intestino


delgado antes da adequada digestão pelo estômago;
Ocorre após a ingestão de alimentos ricos em açúcares
simples e doces em geral;
Podem surgir sintomas cerca de 10 a 30 minutos após a
ingestão dos alimentos (precoce) ou 1 a 3 horas após a
ingestão (tardio);
Sintomas como diarreia intensa, tremor, fraqueza,
taquicardia, sudorese e cefaleia (CSIR, 2020).

Recomendações:
Evitar o consumo de açúcares simples, doces,
alimentos gordurosos;
Fracionar a alimentação em quantidades
adequadas;
Não consumir líquidos durante as refeições
(HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN, 2016b).

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Cirurgia Bariátrica

Principais complicações após a realização da


cirurgia bariátrica e como evitá-las:

Náuseas e vômitos:

O indivíduo pode sentir náuseas e


vômitos ao:

Ingerir rapidamente os alimentos;


Quando não seguem corretamente
a dieta adequada;
Ingerir líquidos durante ou logo
após as refeições;
Não mastigar direito os alimentos
ou consumir uma quantidade maior
de alimentos do que a
recomendada.

É importante comer devagar, mastigar bem os alimentos e seguir


corretamente a dieta recomendada.

INSTITUTO AMO, 2016

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Cirurgia Bariátrica

Diarreia:

Presença de fezes mais líquidas após a cirurgia bariátrica


relacionada a dieta totalmente líquida, impedindo que o bolo fecal
tenha consistência (RIZZO, 2018).

Constipação:
Quadro que pode surgir no período pós-operatório imediato
(primeiras 3 semanas), considerando o baixo consumo de fibras,
gorduras e líquidos (RIZZO, 2018).

Desidratação:
Quadro comum após o indivíduo ser submetido a cirurgia
bariátrica, associada principalmente à:
Ingestão reduzida de líquidos;
Presença de vômitos e diarreia;
Necessidade da ingestão de pequenas quantidades de
água no intervalo das refeições (SANCHES et al., 2007).

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Cirurgia Bariátrica

Deficiência de vitaminas e minerais: qual a


importância dos nutrientes?
As deficiências nutricionais mais comuns provocadas pela cirurgia
bariátrica são de ferro, cálcio, ácido fólico, vitamina D e
vitaminas do complexo B.

Ferro:
Alguns indivíduos submetidos a cirurgia bariátrica podem desenvolver
anemia, geralmente como consequência de deficiência de ferro
(BORDALO et al., 2011).

Fontes de ferro de Fontes de ferro de


origem animal: origem vegetal:

Baço, coração e fígado Páprica;


bovinos; Tomilho;
Coração, fígado, moela e pé Pimenta branca.
de frango. Hortelã
Feijão preto, rajado e branco;
Soja
Grão de bico;
Lentilha.
TBCA, 2020

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Cirurgia Bariátrica

Vitamina B12:

A carência desta vitamina traz risco para o sistema nervoso, pois


causa dificuldade de concentração, esquecimento, irritabilidade e
formigamento nas mãos e pés. A vitamina B12 é encontrada somente
em alimentos de origem animal, normalmente naqueles ricos em
proteínas (CAMBI; BARETTA, 2018).

Fontes de Vitamina B12:

Fígado bovino;
Fígado de frango;
Coração de frango;
Paleta;
Coxão mole;
Fraldinha;
Filé mignon;
Patinho;
Capa de contrafilé;
Leite de vaca.
TBCA, 2020

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Cirurgia Bariátrica

Tiamina (vitamina B1)

Os fatores de risco para a deficiência de tiamina são: perda de


peso, vômitos persistentes, a não adesão ao acompanhamento
nutricional e presença de complicações pós-operatórias e, em muitos
casos, relacionados a pacientes com inanição e alcoolismo (SBCBM,
2015; BORDALO et. al, 2011).

Fontes de Vitamina B1:

Grãos integrais como: Carnes magras como:


- macadâmia; - lagarto bovino;
- gergelim; - paleta suína;
- pistache; - lombo.
- castanha de caju.

TBCA, 2020

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Cirurgia Bariátrica

Ácido Fólico

A deficiência de ácido fólico pode causar anemia. A maior parte


dos casos de deficiência de ácido fólico ocorrem devido à
diminuição de seu consumo e não por conta de sua absorção. A
vitamina B12 é importante para a absorção do ácido fólico, dessa
forma, a deficiência da vitamina pode resultar na deficiência de
ácido fólico (BORDALO et al., 2011).

Fontes de Ácido Fólico:

Vegetais verdes escuros e Carnes como:


leguminosas como: - fígado de frango;
- feijão fradinho/rosinha/carioca; - fígado bovino;
- grão de bico; - coração de frango;
- salsa; - carne seca;
- espinafre; - patinho bovino.
- coentro;
- escarola;
- caruru;
- beterraba.
TBCA, 2020

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Cirurgia Bariátrica

Vitamina D e Cálcio

A vitamina D é importante para a manutenção do peso e para o


metabolismo ósseo, ela é produzida pelo próprio corpo através da
exposição da pele à luz solar, assim, os pacientes necessitam tomar
sol diariamente (SBCBM, 2015; CAMBI; BARETTA, 2018).

Fontes de Vitamina D e Cálcio:

De origem vegetal: De origem animal:


- brócolis; - leite e derivados;
- pimenta preta; - ovos;
- tomilho; - fígado.
- rúcula;
- salsa;
- páprica;
- couve;
- manjericão.

TBCA, 2020

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Cirurgia Bariátrica

Proteína

A deficiência de proteína pode ocasionar elevada perda de massa


muscular, anemia, queda de imunidade, queda de cabelo e, em
casos avançados, pode ocorrer inchaço nas pernas. Durante as
refeições coma primeiro os alimentos fontes de proteína, presente
principalmente em alimentos de origem animal (SBCBM, 2015).

Fontes de Proteína:

De origem animal: De origem vegetal:


- carne de frango; - soja;
- carne bovina; - feijão;
- carne suína; - ervilha;
- sardinha; - grão de bico.
- ovos.

TBCA, 2020

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Cirurgia Bariátrica

Dietoterapia:

1ª FASE (aproximadamente até o 7º dia da cirurgia) -


Dieta líquida e coada
Esta fase compreende o período das duas primeiras semanas após a
cirurgia e é caracterizada como um período de adaptação.
A dieta é líquida e em pequenos volumes, cerca de 50 ml a cada 30
minutos, e tem por objetivo o repouso gástrico, hidratação e
adaptação gástrica a pequenos volumes (SBCBM, 2015).

Orientações:
Para evitar carências nutricionais, iniciar o
uso suplementos nutricionais no início da
dieta líquida.
Utilizar peneira fina para coar os alimentos
e não utilizar canudos para a ingestão.
Ao alimentar-se, ficar em posição sentada.
De preferência não utilizar adoçantes,
caso use, prefira adoçantes à base de
stevia ou sucralose.
Consumir água sem gás, filtrada ou
fervida. Alguns alimentos requerem diluição
a 50%, ou seja, é necessário colocar água
até a metade do copinho de café (25 ml)
e a outra metade com o alimento
proposto (25ml) como os sucos de frutas.

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Cirurgia Bariátrica

Dietoterapia:

Alimentos permitidos: Água de coco, chás, sucos de frutas (desde que


coados e diluídos a 50%), caldos de sopas (desde que preparados com
no mínimo 3 vegetais, um tipo de carboidrato ou leguminosa e um tipo de
carne) utilizando temperos naturais. Caso a sopa leve algum tipo de
leguminosa precisará ser diluída a 50%.

Dicas:
1- Congelar os líquidos no formato de cubos de gelo, e ao longo do dia
ingeri-los, lembrando sempre da quantidade (50ml).
2- Na preparação da sopa/caldo, ao utilizar os temperos naturais, procure
alternar os sabores colocando um ou dois e no outro dia troque o sabor para
não enjoar.

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Cirurgia Bariátrica

Dietoterapia:

2ª FASE - Dieta líquida e pastosa (até aproximadamente o


30º dia de cirurgia)
Neste momento são incluídos à dieta alimentos na consistência de
purês e cremes.
O principal objetivo é manter o repouso gástrico e começar a
transição para a dieta branda.
O consumo de líquidos deve ocorrer em pequenos volumes e ser
estimulado no intervalo das refeições.
O indivíduo deve iniciar a refeição pela fonte de proteína e
identificar possíveis intolerâncias alimentares a medida em que os
alimentos são inseridos na dieta (SBCBM, 2015).

Orientações:
Nesta fase já não são necessários
coar e diluir os alimentos.
Devem ser feitas 6 a 7 refeições ao
dia com intervalos de 2 a 3 horas.
O volume de preparações líquidas
é de aproximadamente 100 ml.
Importante seguir a quantidade de
ingestão de alimentos
recomendados e comer lentamente.

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Cirurgia Bariátrica

Dietoterapia:

Alimentos permitidos: Todos os alimentos da 1ª fase + Leite desnatado e


café com leite, vitaminas de frutas, mingaus, iogurtes lights/desnatados,
gelatina diet, leguminosas liquidificadas, purês, frutas em consistência de
papa e sopas liquidificadas.

Dicas:
1- Ao preparar gelatinas, faça a diluição com suco de frutas.
2- Coma devagar e em pequenas porções.
3-Ao consumir leite e derivados, fique atenta(o), caso sinta desconforto
abdominal fale com o(a) nutricionista.

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Cirurgia Bariátrica

Dietoterapia:

3ª FASE - Dieta branda (até aproximadamente o 3º mês de


cirurgia)
Depois da dieta líquida evolui-se para a dieta branda, com alimentos
que demandam mais mastigação e que estejam bem cozidos.
Nesta etapa a escolha dos alimentos é fundamental, visto que a
quantidade de alimentos ingerida continua pequena.
Deve-se dar prioridade aos alimentos mais nutritivos, optando por
fontes diárias de proteína e ferro como carnes moídas e desfiadas,
cálcio (leites e derivados) e vitaminas (frutas e vegetais cozidos).
Como nesta fase a alimentação passa a ser mais consistente, deve-se
mastigar exaustivamente (SBCBM, 2015).

Orientações:
Devem ser feitas 6 a 8 refeições ao dia
com intervalos de 2 a 3 horas.
O volume das preparações líquidas deve
ser de aproximadamente 200 ml. Deve-se
variar os tipos de preparações das
refeições, evitando frituras.
As carnes devem ser preparadas
ensopadas, assadas ou grelhadas,
utilizando cortes magros, peixes e frango
sem a pele.

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Cirurgia Bariátrica

Dietoterapia:

Orientações:
Beber líquidos entre as refeições, aproximadamente 2 litros ao dia.
Como a dieta é branda, utilizada para facilitar o trabalho digestivo,
em determinadas situações clínicas e pós-operatórios (como a
cirurgia bariátrica) como transição para dieta normal, evitar consumir
grãos como milho, grão de bico, amendoim, pipoca e oleaginosas
(EBSERH, 2019).

Alimentos permitidos:
Bebidas: leite, café com leite, vitamina de frutas
e iogurte desnatados, sucos naturais, chás de
infusão, água mineral, fervida e filtrada, água
de coco.
Amido: torrada, bolacha, abóbora, batata,
mandioca bem cozidos em forma de purê mais
consistente, arroz, macarrão bem cozidos.

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Cirurgia Bariátrica

Dietoterapia:

Alimentos permitidos:
Verduras cozidas: Optar pelas verduras mais
macias como abobrinha, abóbora, chuchu ou
cenoura bem cozidos.
Carnes: Carne moída, frango, peixe assado,
cozido, grelhado ou com molho, utilizando o
mínimo de gordura. Caso necessite substituir as
carnes, ovo cozido ou mexido bem mole.
Leguminosas: Feijão liquidificado ou bem cozido
e amassado, lentilha e ervilha bem cozidos.
Sopas: verduras e legumes cozidos inteiros,
amassados com carne moída, frango ou peixe
sem pele, em pequenos pedaços.
Frutas: banana e mamão amassados, maçã e
pêra raspados, frutas sem casca macias ou
frutas com casca cozidas, sem sementes e
bagaços. Utilizar uma colher de óleo por dia
para o preparo dos alimentos.

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Cirurgia Bariátrica

Dietoterapia:

Dicas:
1- Não se esqueça da hidratação, estimule a ingestão entre as refeições.
2- Prepare sucos naturais mais nutritivos, experimente novos sabores.
3- Experimente saborizar a água, (coloque na água um pedacinho de fruta
da sua preferência ou gotas de limão).
4- Ao fazer suas refeições, inicie sempre comendo a proteína, que deve ser
bem picada ou desfiada.
5- Lembre-se, coma bem devagar e mastigue muito bem os alimentos para
evitar entalo ou dores.

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Cirurgia Bariátrica

Dietoterapia:

4ª FASE - Dieta normal

Nesta fase a dieta evolui para a consistência ideal para uma


nutrição satisfatória.
O cuidado com a escolha dos alimentos deve continuar, a
quantidade de alimento a ser ingerido continua pequena.
Optar por carnes na forma de bifes, filés, assados, cozidos ou
grelhados, leites e derivados com baixo teor de gordura, frutas,
vegetais folhosos refogados ou crus, grãos e cereais integrais.
A evolução precisa se lenta e progressiva e depende da tolerância
do indivíduo.
O processo de reaprender a mastigação e deglutição lentas são
pontos importantes para uma boa digestão (SBCBM, 2015).

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Cirurgia Bariátrica

Dietoterapia:

Orientações:
4ª fase - Dieta normal: Nesta fase a dieta evolui para a consistência
Devem ser feitas 6 a 8 refeições ao dia com intervalos de 2 a 3 horas.
ideal para uma nutrição satisfatória. O cuidado com a escolha dos
O volume das preparações líquidas deve ser de aproximadamente
alimentos deve continuar, a quantidade de alimento a ser ingerido
200 ml.
continua pequena. Optar por carnes na forma de bifes, filés, assados,
Deve-se variar os tipos de preparações das refeições, evitando
cozidos ou grelhados, leites e derivados com baixo teor de gordura,
frituras.
frutas, vegetais folhosos refogados ou crus, grãos e cereais integrais. A
As carnes devem ser preparadas ensopadas, assadas ou grelhadas,
evolução precisa se lenta e progressiva e depende da tolerância do
utilizando cortes magros, peixes e frango sem a pele.
indivíduo. O processo de reaprender a mastigação e deglutição lentas
Beber líquidos entre as refeições, aproximadamente 2 litros ao dia.
são pontos importantes para uma boa digestão (SBCBM, 2015).

Dicas:
1- Lembre-se de todas as dicas das fases anteriores.
2- Dê preferência para os alimentos in natura e minimamente processados e
evite os alimentos industrializados.

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Cirurgia Bariátrica

Dietoterapia:
Alimentos não recomendados

Durante as fases da dieta líquida até atingir a dieta normal, é importante


evitar o consumo de alguns alimentos e bebidas:

Bebidas alcoólicas: o consumo de bebidas alcoólicas pode agredir a


mucosa do estômago e do intestino, atrapalhar a absorção de
nutrientes, aumentando a chance de carências nutricionais e também
a absorção do álcool após a cirurgia é mais rápida, acelerando a
embriaguez com a ingestão de poucas quantidades.

Bebidas gaseificadas (incluindo água): pode causar alguns


desconfortos como gases e dilatação do estômago. A distensão que
ocorre após o consumo pode causar fortes dores gástricas, sensação
de estufamento e, em excesso, pode romper os pontos da cirurgia
(até o terceiro mês).

Café preto, chás prontos de lata, garrafa ou caixa: essas bebidas


possuem cafeína em sua composição, substância que deve ser
evitada nos primeiros meses após a cirurgia. É necessário, porque a
cafeína provoca irritações na mucosa estomacal, que está sensível
durante o processo de cicatrização.

Açúcar ou alimentos já adoçados: é importante evitar açúcar e


alimentos açucarados após a cirurgia bariátrica devido a
possibilidade de ocorrer a síndrome de Dumping.

RIZZO, 2018

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Cirurgia Bariátrica

Prato pós-cirurgia, reensinando a se alimentar:

Você sabe montar seu prato de forma adequada e nutritiva?


Metade do prato deve conter proteínas;
Um terço do prato deve conter frutas e vegetais em geral;
O restante do prato deve conter carboidratos.

Além disso é necessário se atentar para a qualidade e forma de


consumir cada alimento que irá compor seu prato.
Exemplos de fontes proteicas:
Carnes em geral: bovina, frango, peixe;
Ovos, leites e derivados;
Legumes, como feijão, lentilhas, soja e grão-de-bico.

Importante distribuir o consumo destes


alimentos em diferentes refeições
durante o dia, para melhor absorção
do ferro e cálcio presentes nos
mesmos.

CAMBI; BARETTA, 2018

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Cirurgia Bariátrica

Prato pós-cirurgia, reensinando a se alimentar:

Proteína
As proteínas são fundamentais para os pacientes bariátricos,
sendo consideradas muito importantes nesta situação;
Elas exercem diversas funções em nosso organismo;
Caso necessário é recomendado a suplementação de Whey
Protein, que é um suplemento proteico feito a base da
proteína extraída do soro do leite, sendo uma fonte de
proteína de alta qualidade;
A ingestão insuficiente de proteína pode ocasionar doenças
e complicações na saúde do indivíduo.

CAMBI; BARETTA, 2018

Orientações dietoterápicas após a cirurgia bariátrica 29


Cirurgia Bariátrica

Prato pós-cirurgia, reensinando a se alimentar:

As vitaminas, minerais e fibras, representados pelas frutas e


vegetais em geral, devem ser consumidos de forma variada, pois
quanto maior a variedade consumida maior a ingestão de
diferentes tipos de nutrientes.

CAMBI; BARETTA, 2018

Orientações dietoterápicas após a cirurgia bariátrica 30


Cirurgia Bariátrica

Prato pós-cirurgia, reensinando a se alimentar:

Os carboidratos devem ser consumidos preferencialmente em sua


forma integral para proporcionar mais saciedade, e garantir energia
para realização das atividades diárias.

Outros pontos sobre a ingestão dos alimentos que devem ser


considerados:
A mastigação requer atenção especial, pois se feita de forma
inadequada pode causar danos como a intolerância a
alimentos proteicos ricos em ferro.
Recomenda-se também que seja evitado o consumo de
alimentos com alta densidade calórica para que não ocorra
a Síndrome de Dumping.
CAMBI; BARETTA, 2018

Orientações dietoterápicas após a cirurgia bariátrica 31


Cirurgia Bariátrica

Referências bibliográficas:

ABESO. Associação brasileira para o estudo da obesidade e da síndrome metabólica. Vitaminas e


suplementos no pós-operatório de cirurgia bariátrica: será mesmo necessário?. São Paulo: ABESO,
2016. Disponível em: <https://abeso.org.br/vitaminas-e-suplementos-no-pos-operatorio-de-cirurgia-
bariatrica-sera-mesmo-necessario/>. Acesso em: 30 nov. 2020.

BORDALO, L. A. et al. Cirurgia bariátrica: como e por que suplementar. Rev. Assoc. Med. Bras., São
Paulo, v. 57, n. 1, p. 113-120, fev. 2011. Diponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?
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BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 424, de 19 de março de 2013. Redefine as diretrizes para a
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prioritária da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas. Disponível em:<
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0424_19_03_2013.html.> Acesso em 11 nov.
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CAMBI, M. P. C.; BARETTA, G. A. P. Guia alimentar bariátrico: modelo do prato para pacientes
submetidos à cirurgia bariátrica. ABCD, arq. bras. cir. dig., São Paulo, v. 31, n. 2, jul. 2018.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
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CSIR. Canadian Society Of Intestinal Research. Dumping syndrome: rapid gastric emptying.
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BUTEL, M. J. Probiotics, gut microbiota and health. Med Mal Infect. Jan, v. 44, n. 1, p. 1-8, 2014.

Orientações dietoterápicas após a cirurgia bariátrica 32


Cirurgia Bariátrica

Referências bibliográficas:

EBSERH. Empresa brasileira de serviços hospitalares. Manual de dietas: módulo 1 - padronização de


dietas para produção e distribuição de refeições. Florianópolis, 2019. Disponível em:
<http://www2.ebserh.gov.br/documents/2016343/4101434/Manual+de+dieta/a9821a80-4573-47ec-
8ee2-6f9985a4fa42?version=1.2>. Acesso em: 23 out. 2020.

HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. Derivação gástrica em Y de roux. São Paulo. 2016a.
Disponível em: <https://www.einstein.br/especialidades/cirurgia/exames-tratamentos/derivacao-
gastrica-y-roux>. Acesso em: 21 out. 2020.

HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. Síndrome de dumping. São Paulo. 2016b. Disponível em:
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INSTITUTO AMO. Vômitos após a cirurgia bariátrica. Fortaleza. 2016. Disponível em:
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Murphy R, Tsai P, Jullig M, Liu A, Plank L, Booth M. Differential Changes in Gut Microbiota After
Gastric Bypass and Sleeve Gastrectomy Bariatric Surgery Vary According to Diabetes Remission.
Obes Surg. 2017; 27:917-925

RIZZO, D. Nutrição na cirurgia bariátrica: manual básico de orientação. Campinas, jul. 2018.
Disponível em:<https://uploads
ssl.webflow.com/5b2135e9d64a01ceaf312094/5b215f00a710aa4c54fe432a_BARIATRICA2.pdf>.
Acesso em: 23 out. 2020.

Orientações dietoterápicas após a cirurgia bariátrica 33


Cirurgia Bariátrica

Referências bibliográficas:

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Orientações dietoterápicas após a cirurgia bariátrica 35

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