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PRÁTICA ESPORTIVA
Sandra Muttoni
Métodos de cálculos das
necessidades de energia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A preocupação dos atletas quanto à alimentação, buscando o melhor de-
sempenho em suas atividades, é bastante comum. Uma oferta adequada
de calorias ao dia é fundamental para que o atleta satisfaça plenamente
seus requerimentos, sem falta ou excesso, atinja seus objetivos e melhore
a performance esportiva.
Neste texto, você vai estudar as recomendações de energia para
atletas e os principais métodos de cálculos para identificar tais reque-
rimentos. Além disso, você vai conhecer os nutrientes que fornecem
energia ao organismo.
Carboidratos
Os carboidratos representam a principal fonte de energia para o organismo,
sobretudo para as células do cérebro e do sistema nervoso, além das hemácias
(glóbulos vermelhos do sangue). Os carboidratos também fornecem energia
para os músculos, de forma constante, com o intuito de manter as atividades
do dia a dia e para o exercício físico.
A quantidade de energia fornecida em cada grama de carboidrato é 4 cal.
Essa energia é prontamente disponibilizada para todas as células do corpo ou
armazenada sob a forma de glicogênio no fígado e nos músculos. Os alimen-
tos que mais fornecem carboidratos são açúcar de mesa, mel, geleia, frutas,
Métodos de cálculos das necessidades de energia 3
Proteínas
A maioria das estruturas e substâncias do organismo é composta por proteínas,
totalizando 17% do peso corporal. São essenciais à manutenção e regulação
do corpo. As seguintes funções corporais dependem das proteínas:
coagulação do sangue;
balanço hídrico;
produção de hormônios e enzimas;
formação e recuperação de tecidos
transporte de diversas substâncias na corrente sanguinea.
Lipídios
Os lipídios, também conhecidos como gorduras, representam o macronu-
triente que mais oferece calorias ao organismo. Cada grama deste componente
alimentar fornece 9 cal, representando mais que o dobro da energia oferecida
em 1 grama de carboidrato ou de proteína. Esse fato exige atenção quanto
ao consumo, pois a ingestão excessiva de calorias e tem como consequência
o ganho de peso. Assim como os carboidratos e as proteínas, os lipídios são
fundamentais para a manutenção da saúde e, de modo geral, devem contribuir
com 20 a 35% da ingestão total de calorias.
Os principais alimentos fonte de lipídios são óleos vegetais, margarina,
manteiga, creme de leite, banha, toucinho e oleaginosas. O abacate e o coco
são frutas com bastante quantidade de gordura em sua composição. Em geral,
as recomendações para os praticantes de atividade física e esportes devem ser
as mesmas utilizadas para a população sedentária. O percentual de lipídios
em relação ao valor energético total (VET) diário deve ser de cerca de 20 a
30%, quantidade considerada suficiente para proporcionar ácidos graxos e
triglicerídeos para a obtenção de energia durante o exercício físico.
O tipo de gordura deve ser levado em consideração. Evitam-se as fontes
alimentares de gorduras saturadas e colesterol, priorizando-se o consumo
de alimentos fonte de gorduras insaturadas. Quando a prática de atividade
física é feita para reduzir os depósitos de gordura corporal (perda ponderal),
recomenda-se a menor ingestão de lipídios na dieta, pois os resultados plane-
jados serão obtidos mais rapidamente. Neste caso, o percentual de gorduras
em relação ao VET pode situar-se em torno de 20%, valor mais baixo indicado
dentro da faixa de recomendação.
Métodos de cálculos das necessidades de energia 5
Equilíbrio energético
O equilíbrio energético tem grande importância na eficácia do treinamento
e da competição, pois o aumento ou a redução de peso, por menor que seja,
deve receber controle adequado. A necessidade do atleta é a ingestão de um
número suficiente de calorias, que forneça a energia que o organismo precisa.
Se isso não ocorrer, sua performance pode ficar abaixo do esperado.
Quando é frequente uma reserva baixa de calorias no organismo, o
atleta perde peso conforme utilizando a energia armazenada no seu corpo.
Já quando o atleta consome uma quantidade demasiada de calorias, estas
são armazenadas sob a forma de gordura e afetam negativamente o nível de
rendimento. Perceba, então, que o equilíbrio energético acontecerá quando
6 Nutrição na prática esportiva
Necessidades de energia
O componente mais importante para o atleta – no treinamento esportivo e no
desempenho físico bem sucedido – é o fornecimento de quantidades ade-
quadas de calorias. Assim, ele consegue suportar o gasto energético e manter
a força, a resistência, a massa muscular e o estado de saúde. A necessidade de
energia varia conforme diversos fatores, como peso corporal, altura, idade,
gênero, taxa metabólica e tipo, frequência, intensidade e duração da atividade.
Para atletas em geral, considera-se que a atividade física aumente as ne-
cessidades energéticas de 1,5 a 1,7 vez a energia produzida, ou seja, cerca
de 37 a 41 cal/kg de peso corporal por dia, podendo ter variação de 30 a 50
cal/dia, conforme os objetivos propostos para cada atleta. Assim, as calorias
necessárias ao treinamento, ou à competição esportiva, precisam ser somadas
às necessárias no dia a dia, sendo que os requerimentos energéticos totais
podem variar bastante, conforme a especificidade do exercício. A Tabela 1
mostra alguns exemplos de dispêndio energético por atividade.
Total Total
cal/ de cal/ de
Atividade kg/h cal/h Atividade kg/h cal/h
(Continua)
Métodos de cálculos das necessidades de energia 7
(Continuação)
Total Total
cal/ de cal/ de
Atividade kg/h cal/h Atividade kg/h cal/h
A Tabela 2 mostra a você alguns valores de MET para o cálculo dos re-
querimentos energéticos diários de atletas. Confira!
Alongamento 2,5
Balé 4,8
(Continua)
Métodos de cálculos das necessidades de energia 11
(Continuação)
Hidroginástica 4,0
Jiu-jitsu 10,0
Judô 10,0
Caratê 10,0
Natação 8,5
Corrida 9,0
Spinning 9,0
Tênis 7,0
Basquete 10 kcal/minuto
Boxe 11 kcal/minuto
Ciclismo 6 kcal/minuto
Corrida 10 kcal/minuto
Futebol 9 kcal/minuto
Handebol 12 kcal/minuto
Jiu-Jitsu 12 kcal/minuto
Judô 12 kcal/minuto
Musculação 5 kcal/minuto
Natação 9 kcal/minuto
Tênis 8 kcal/minuto
Vôlei 6 kcal/minuto
Métodos de cálculos das necessidades de energia 13
Um indivíduo de 70 kg, altura de 1,80 e 30 anos, tem metabolismo basal de 1.721 kcal.
Ele pratica corrida de uma hora por dia, gastando 600 cal adicionais (10 cal/min), as
quais serão somadas ao metabolismo basal. A necessidade energética deste corredor
é dada pela soma do resultado da Harris Benedict (1.721 cal) com o fator de atividade
física (600 cal), chegando a 2.321 cal/dia.
Então, para este indivíduo, seria: VET = 1.721 cal + 172 cal + 600 kcal =
2.493 cal.
De maneira geral, também podem ser utilizados os seguintes fatores
atividade:
Outro método que pode ser usado para calcular as necessidades de energia
de atletas é a equação da FAO/OMS, desenvolvido em 1985:
Categoria de
atividade Masculino Feminino
Tome por base o mesmo indivíduo corredor citado no exemplo anterior. Seu gasto
basal é de 1.750 calorias com atividade física moderada. Pelo método de fator atividade,
ele deveria consumir 3.115 calorias por dia (1.750 cal x 1,78).
Como você viu, essa equação da FAO/OMS utiliza peso, idade e sexo
como base de um cálculo que serve também para estimar as necessidades de
energia de indivíduos não atletas.
Em 2001, uma nova versão dessa fórmula foi publicada. Assim como a de 1985,
ela estima a taxa metabólica basal do paciente, que deverá ser posteriormente
multiplicada pelo fator atividade para oferecer o gasto energético total do indivíduo.
Assim, pelo método FAO/OMS/ONU (2001), podemos estimar as neces-
sidades energéticas de esportistas, com:
GET = GEB × FA
onde:
Definido o GEB, seu resultado deverá ser multiplicado pelo fator atividade
correspondente, conforme exposto na Tabela 7, para encontrarmos o valor
do GET.
Leituras recomendadas
CARVALHO, F. G. et al. Métodos de avaliação de necessidades nutricionais e consumo
de energia em humanos. Revista Simbio-Logias, Botucatu, SP, v. 5, n. 7, dez. 2012.
DUTRA, L. N. et al. Estimativa do gasto energético da caminhada. Revista Brasileira de
Medicina do Esporte, Rio de Janeiro, v. 13, n. 5, set./out. 2007 Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/rbme/v13n5/08.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2016.
PANZA, V. P. et al. Consumo alimentar de atletas: reflexões sobre recomendações
nutricionais, hábitos alimentares e métodos para avaliação do gasto e consumo ener-
géticos. Revista Nutrição, Campinas, v. 20, n. 6, p. 681-692, nov./dez. 2007. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rn/v20n6/a10v20n6.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2016.
PINTO, R. S.; LUPI, R.; BRENTANO, M. A. Respostas metabólicas ao treinamento de
força: uma ênfase no dispêndio energético. Revista Brasileira de Cineantropometria e
Desempenho Humano, Florianópolis, v. 13, n. 2, p. 150-157, 2011. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/rbcdh/v13n2/11.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2016.