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ESPORTE INTEGRATIVA SAÚDE CORPO E MENTE

Recomendações nutricionais e Intolerância à lactose, Matcha é a nova Superfood? Qual é a relação entre
suplementação para esportes de qual é o manejo A importância da Nutrição inflamação, memória e
Endurance. Influência do ciclo nutricional correto? para nossa saúde Ocular? capacidade cognitiva? O
menstrual e anticoncepcionais Melatonina, alimentação e que é alimentação afetiva?
no esporte feminino. seus benefícios.
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MUITO MAIS QUE UMA PÓS!


A Pós Graduação em Nutrição Esportiva e Estética, traz uma abordagem sistêmica, permitindo
que o nutricionista possa colocar em prática eficazes estratégias nutricionais voltados ao
esporte e a estética de uma forma mais assertiva e individualizada, seja o paciente uma atleta
de alta performance, um praticante de esportes, com objetivo de perda de peso ou
hipertrofia.

Por sua visão direcionada à prática clínica, o conteúdo programático foi elaborado de
maneira que, ao final de cada módulo, o aluno tenha condições de aplicar o que aprendeu.
Nossa preocupação é apresentar experiências práticas, embasadas no que há de mais
relevante na literatura, para que o profissional tenha mais segurança e melhores resultados
em seus atendimentos.

Para o corpo docente, reunimos os maiores nomes do país, em cada uma das especialidades,
defendendo que a interdisciplinaridade que é essencial para cuidar do indivíduo como um
todo. Potencialize seu atendimento e aprenda a desenvolver estratégias personalizadas e
eficazes para seus pacientes, conquistando uma carreira de sucesso no consultório.

Fico muito feliz por se interessar em nossa Pós Graduação e espero ver você em nossa próxima
turma.

Obrigado!

Rodolfo Peres
Coordenador da Pós Graduação em Nutrição Esportiva e Estética.
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Clínica Escola ao vivo com Rodolfo Peres 1x por mês.

JORNADA DO CURSO
Indrodução à Nutrição Esportiva e Estética Nutrição Estética Dermatológica
Bioenergética Nutrição na Hipertrofia
Fisiologia do Exercicio Nutrição na Definição Muscular
Metabolismo de macronutrientes Nutrição Aplicada no Endurance
Metabolismo de micronutrientes Nutrição em Esportes Coletivos
Medicina do Esporte Nutrição em Esportes de Luta
Fisiologia Hormonal Nutrição Materno-Infantil
Interpretação de Exames Laboratoriais Nutrição Esportiva para Grupos Especiais (diabéticos,
Sistema Imune / Modulação Intestinal cardiopatas, hipertensos e idosos)
Farmacologia Hormonal Considerações de Treinamento e Nutrição no Tratamento da
Avaliação Nutricional Obesidade
Interação do Exercício com diferentes estratégias Nutricionais Nutrição Vegetariana
Genômica Nutricional Prescrição Nutricional
Suplementação alimentar no Exercício Gastronomia na Nutrição Esportiva
Hidratação Nutrição Esportiva na Indústria de Suplementação Alimentar
Fitoterapia no Esporte Prevenção e Tratamento de Lesões
Nutrição e Comportamento Alimentar Nutrição no Crossfit
Gestão de Conultório
Crononutrição
Periodização Nutricional
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Rodolfo Paulo Valentim Marcelo Felipe Roberta


Peres Muzy Magalhães Saldanha Donatto Carbonari

Lancha Filipe Tatiany Aline Érico Bruno


Júnior Testoni Faria David Caperuto Zylber

Luciana Tácito Reury Rodrigo Leandro Gustavo Luciana


Lancha Júnior Bacurau Manda Medeiros Barquilha Rossi

Felipe Raphael Reinaldo Marko Luisa Erica Jean


Pereira Polonis Tubarão Fortes Wolpe Zago Silvestre

SOBRE O CURSO

18 MÓDULOS ATIVIDADES LIMITE DE 1 PROVA FINAL


(Duração 18 meses: EXTRAS ISENTAS FALTAS: 30% APÓS OS 18
Liberação de 1 Módulo
por mês com Aulas DE AVALIAÇÕES MÓDULOS
Gravadas)
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QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS DESSA PÓS?

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PELO MEC E ONDE QUISER PRÁTICA CLÍNICA BRASIL REUNIDOS

CLÍNICA GRUPOS DE GRANDE BENEFÍCIOS


ESCOLA ESTUDOS OPORTUNIDADE ESPECIAIS EM
SEMANAIS DE NETWORKING OUTROS EVENTOS
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DIRETOR DE EDIÇÃO
João Pinheiro

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artigo e vá direto para leitura!

Quanto devo cobrar por uma consulta? 10

Suplementos e estratégias nutricionais para o Endurance 15

Ciclo Menstrual, Anticoncepcionais e Desempenho Esportivo. 21

Matcha: será a nova superfood? 25

Cognição e Inflamação 30

Ritmo Circadiano na Longevidade 37

Ácido Araquidônico 41

Receita: Pizza com massa de brócolis 46

Autismo: a importância da nutrição e exercício 52

Dietoterápica para Síndrome do Ovário Policístico (SOP) 57

Intolerância à lactose: diagnóstico e manejo nutricional 69

Intervenção Nutricional: uma visão afetiva da comida 75

Melatonina na saúde e na performance esportiva 79

Coluna Empreendedorismo por Renato Augusto 85


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O SUMÁRIO

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O SUMÁRIO

U m dos maiores desafios de nutricionistas que


trabalham por conta própria, é saber quanto cobrar
Comece pensando nas suas despesas!
Seja em um consultório próprio, pagando % para
pelos serviços. Essa questão preocupa tanto quem uma clínica ou atendendo em domicílio, quem
está abrindo o primeiro consultório quanto quem já trabalha por conta própria tem despesas com essa
atende há um certo tempo, e fica em dúvida se está atividade. A precificação da consulta envolve o
cobrando um valor adequado ou deve reajustá-lo. pagamento de todas as contas, gasto com
Se você não tiver que seguir as condições combustível, a remuneração de funcionários, o
estabelecidas pelo sistema público de saúde e/ou investimento na estrutura do consultório, na
pelos convênios, poderá determinar o valor de seus atualização constante dos seus conhecimentos e,
serviços baseado nas regras de mercado, claro, o seu lucro. Por isso, é fundamental listar
semelhantes às praticadas por qualquer outro todos os seus custos (fixos e variáveis) antes de
profissional autônomo. definir o valor da consulta. Essa talvez seja a etapa
mais importante do processo. No fim de cada mês,
A primeira coisa a fazer é consultar a tabela da
o ganho com as consultas realizadas deve ser maior
Federação Nacional dos Nutricionistas (FNN) que
do que todas as despesas daquele mesmo período.
estabelece os valores mínimos que devem ser
Pode parecer óbvio, mas, acredite: essa prática
praticados pelo nutricionista. Ter esse parâmetro é
muitas vezes é negligenciada até por profissionais
importante porque, obrigatoriamente, você não
mais experientes.
poderá cobrar menos do que estiver determinado
lá. Quando falamos em custos, nada pode ficar de fora!
Por exemplo, não esqueça que aplicativos, cartões
Você também pode fazer uma breve análise do
de débito e crédito, cobram taxas sobre os valores
mercado, para saber os preços cobrados por
pagos; e se você contratar um software para gestão
nutricionistas com um perfil profissional parecido
de agendamentos, também terá que pagar
com o seu e, claro, que atendam na mesma cidade
mensalidade pelo serviço. Portanto, ao listar as
ou região. Acredito que essa prática seja a mais
despesas, mesmo os “descontos mínimos” devem
comum entre os recém-formados. Como a
ser considerados.
disciplina “precificação” não faz parte da grade
curricular da graduação, é muito mais fácil cobrar o
que a maioria cobra do que estipular um valor a
partir do seu próprio planejamento financeiro.

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Feito isso, as despesas devem ser divididas pelo Não é preciso ser um expert em administração
número médio de pacientes. Se as suas despesas para fazer um controle de caixa simples, mas,
somarem R$ 5 mil por mês, e você atender 30 mesmo que você se sinta seguro para fazer tudo
pessoas nesse período, cada consulta terá um custo sozinho, contrate um contador. É ele quem vai te
aproximado de R$ 167. Sobre esse valor base, explicar quais impostos incidem sobre uma nota
acrescente a margem de lucro. Seguindo o mesmo fiscal de prestação de serviço, como emitir um
exemplo, se você cobrar R$ 300 pela consulta, no recibo, como fazer o recolhimento dos impostos, se
fim do mês, terá um lucro líquido aproximado de R$ é melhor atender como autônomo ou como pessoa
5 mil. jurídica, enfim, para cobrar um valor adequado e

Uma decisão muito acertada é reservar parte do não ter problemas fiscais no futuro, regularize seu

lucro mensal para investimentos futuros, como a atendimento desde o início.

compra de novos equipamentos, campanhas de Tem retorno?


marketing, pagamento de cursos de atualização, e Esse é outro grande dilema na vida dos
outra parte para emergências, férias, nutricionistas recém-formados. A verdade é que
aposentadoria, etc. Particularmente, demorei não há nenhuma legislação que proíba a cobrança
alguns anos para reconhecer a importância de uma ou gratuidade sobre as consultas de sequência. No
educação financeira. Seja qual for o seu entanto, é comum não cobrar por um retorno, em
faturamento, reserve parte do lucro. decorrência dos procedimentos iniciais de
Além dos cálculos para definir o preço de consulta, avaliação. Se após a consulta o profissional pedir
em função de seus próprios custos, é preciso levar um exame laboratorial, e tiver que fazer um ajuste
em consideração fatores externos. Um deles é o no programa já prescrito, é comum que esse novo
perfil demográfico da região onde seu consultório atendimento aconteça gratuitamente. Porém, é
está localizado. Se estiver em um bairro de classe fundamental estabelecer um período máximo entre
média alta, você poderá precificar tendo em vista o as consultas, para que haja um real
maior poder aquisitivo dos moradores e, claro, o acompanhamento. Partindo do princípio de que
custo mais elevado para atender nesse tipo de cada paciente terá uma demanda específica, você
localidade. No caso de um profissional que atende também pode individualizar as cobranças, da forma
em dois ou mais lugares, em diferentes regiões, é que achar mais adequada para cada pessoa.
interessante adaptar o valor a ser cobrado.

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Pense nos serviços adicionais A nutricionista anterior cobrava R$ 25. Como

Muitos nutricionistas oferecem, além da consulta garanti (a mim mesmo) que faria um trabalho

propriamente dita, serviços adicionais, como a melhor do que o dela, comecei cobrando R$ 35,

avaliação de bioempedância, e isso pode aumentar com direito a uma consulta retorno, em até quatro

o valor total da consulta. Uma solução encontrada semanas. Não, você não leu errado. Era só isso

por muitos profissionais é separar cada uma das mesmo! Estamos falando de 2004 e a nutrição não

despesas ou avaliações. Dessa forma, poderá ser tinha a mesma visibilidade e valorização que tem

cobrado um valor maior ou menor, dependendo hoje. Com o passar do tempo, o número de

dos serviços utilizados pelo paciente. A grande pacientes foi aumentando e pude cobrar um pouco

vantagem desse tipo de cobrança é que é possível mais. Quando o preço da consulta chegou a R$ 80,

oferecer um atendimento personalizado e em vez de continuar subindo o valor, tirei a

proporcional ao que a pessoa precisa. consulta retorno. Eu precisava ter um maior


controle no número de pacientes para manter a
Valorize a sua capacidade profissional
qualidade do atendimento.
Como sempre gosto de compartilhar meus erros e
acertos, vou contar um pouco da minha Após cinco anos de formado, em 2009, eu já estava
experiência. Meu primeiro local de trabalho foi em bem estabelecido na profissão, com a agenda cheia,
uma academia de ginástica, em Londrina, no e cobrava R$ 200 pela consulta. Foi nessa época
interior do Paraná. Como muitos recém-formados, que resolvi aceitar o desafio de trabalhar em São
eu não tinha a menor ideia de quanto cobrar pela Paulo. Em vez de cobrar pouco no início para subir
consulta, e resolvi pedir um conselho para a dona o preço no ritmo da procura, já comecei cobrando
da academia, empresária de sucesso e alguém que R$ 300. A experiência foi muito diferente. Foram
conhecia muito bem o perfil dos alunos. A resposta dois anos de agenda praticamente vazia! Muitas
dela foi brilhante e me ajudou a definir não só o vezes, tive um único paciente agendado na semana.
preço da consulta, mas a pensar no valor que eu Mesmo pagando para trabalhar, não baixei o preço
queria agregar como profissional. da consulta. Eu tinha certeza que aquele era um
valor justo para o trabalho que eu oferecia, e
- Rodolfo, você pode cobrar o quanto quiser, desde aproveitava todo o tempo livre para estudar e
que entregue o dobro para seu cliente! divulgar meu trabalho. Acredito que a minha
persistência e o foco na qualidade do atendimento,
foram cruciais nessa e em outras fases da minha
carreira.

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Citei esses dois exemplos para mostrar que, usando


estratégias diferentes, consegui conquistar a tão
sonhada agenda cheia. Garanto que o segredo não
foi começar pequeno e ir aumentando o preço, ou
começar cobrando caro e esperar os pacientes
descobrirem que o valor correspondia à qualidade
do atendimento. O segredo foi não desistir.

Trabalhe com responsabilidade e disciplina. Não


desanime se começar ganhando pouco na primeira
ou segunda experiência. Não lamente se a agenda
ficar vazia em determinada semana ou mês. Se tiver
uma, duas, cinco ou seis consultas por semana,
atenda cada pessoa como você gostaria de ser
atendido. Quanto maior o grau de fidelização dos
seus clientes, mais fácil será ter um preço de
consulta compatível com o seu nível de expertise.
Os anos de estudo e experiência também contam.
Ao avaliar quanto deve cobrar dos pacientes,
considere seus estudos formais, especializações,
trabalhos publicados, títulos. São diferenciais que
influenciam diretamente na formação de preço,
juntamente com o índice de sucesso de seus
tratamentos nutricionais – porque assim você
estará fortalecendo a sua credibilidade, o seu nome
no mercado.

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A temática de suplementação e estratégias


nutricionais para atletas de endurance é de
O presente artigo focará nos principais nutrientes
estudados, segmentando-os em diferentes
extrema relevância nos dias de hoje, visto que cada momentos da suplementação, antes, durante, após
vez mais pessoas se interessem por essa o exercício e, ao longo do dia, a quantidade total a
modalidade (1). Houve um aumento significativo, ser ingerida/recomendada.
antes da pandemia, de eventos como corridas de As recomendações de carboidratos e a hidratação
rua e provas de triathlon em âmbito mundial (1). O estão elucidadas pela literatura, contudo, a ingestão
exercício de resistência traz a sensação de dos outros macronutrientes (lipídios e proteínas)
superação e cativa as pessoas que buscam se tem sido desvalorizada e subestimada nos últimos
desafiar. Mas, afinal, quando o assunto é nutrição anos (3). Além disso, o uso de cafeína, antioxidantes
esportiva nos esportes de resistência, quais são os e probióticos merecem a nossa atenção, pois ,cada
suplementos mais adequados? vez mais, são relacionados com a melhora de

Primeiro, precisamos entender alguns conceitos. O performance nesses atletas (1).

endurance é compreendido por exercícios de longa


MACRONUTRIENTES
duração, como, por exemplo, corridas - distâncias
Carboidratos
maiores ou iguais a 42,195 m -, natação – distância
O carboidrato é nutriente chave para exercícios de
maior ou igual a 5 km -, ciclismo – distância maior
resistência, visto que é responsável por maximizar
ou igual a 100km, e triathlon - na distância do meio
os estoques de glicogênio durante o exercício (3).
ironman (nada 1,8 km, pedala 90km e corre 21km)
Sobre a recomendação atual desse macronutriente,
(2). A demanda nutricional e os cuidados com a
a American College of Sports Medicine (ACSM),
ingestão adequada de macronutrientes, hidratação
juntamente com outras instituições, recomenda
e outras suplementações são essenciais nesses
que exercícios moderados (1 h/dia) tenham 5-7 g
esportes, pois o gasto energético e o desgaste físico
por quilograma de peso corporal de carboidratos,
são significativos (1, 2).
ao passo que exercícios de intensidade alta (1-3
Nesse contexto, compreender quais e quanto de
h/dia) tenham 6-10 g/kg/dia (3). Além disso, o
cada nutriente deve ser ingerido e suplementado
ultraendurance, que comporta atividades diárias de
para esses tipos de atletas, tanto amadores quanto
4-5 horas de exercícios de intensidade
profissionais, como outras estratégias nutricionais,
moderada/alta, todos os dias, necessita de uma
é de suma importância para que a performance não
quantidade superior desse macronutriente, 8-12
seja prejudicada (1).
g/kg/dia, quando tolerado (1).

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Adicionalmente, ao segmentar o consumo de Estudos mostram que uma dieta rica em gordura e
carboidratos em momentos antes, durante e após o pobre em carboidratos limita a capacidade do atleta
exercício, têm-se os seguintes achados (Figura 1). de competir e treinar em altas intensidades.
Entretanto, a restrição severa de gorduras, abaixo
de 20%, pode prejudicar a captação de algumas
vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K) (5).

HIDRATAÇÃO
Com certeza, a hidratação é um dos principais
fatores que devem ser levados em consideração em
Figura 1. Consumo de carboidratos antes, durante e após o exercício
atletas de endurance (6). O ACSM verificou que a
de endurance. Adaptado Vitale et al. 2019.
percepção de sede não pode ser usada para
Proteínas
fornecer restauração completa do estado de
A recomendação diária de proteínas para
hidratação do organismo. É necessário que o atleta
praticantes de esportes de resistência é de 1,4 g/kg,
sempre beba água em intervalos regulares e em
sendo 0,3 g/kg a cada 3-5 horas, por meio de
quantidades adequadas (6). Beber água antes de
alimentos e suplementos (quando necessários),
sentir sede é uma estratégia adotada por muitos
com uma quantidade adequada de aminoácidos
atletas, mas é necessário atentar-se à hiper
essenciais, com ênfase para a leucina. É necessário
hidratação, já que ela pode causar hiponatremia (6).
atentar-se à recomendação de proteína em
As recomendações atuais preconizam que a
diferentes momentos do exercício (Figura 2) (4).
ingestão de água seja de aproximadamente 400 a
800 ml por hora de exercício (1). Porém, deve-se
fazer ajustes de acordo com as especificidades do
atleta, como a quantidade de suor, teor de sódio na
urina, temperatura corporal, intensidade do
Figura 2. Suplementação de proteínas antes, durante e após os
exercício, peso corporal, função renal, temperatura
exercícios de endurance. Adaptado Vitale et al. 2019.
do ambiente de treino, entre outras. Por fim, após
Gorduras
os exercícios, a hidratação deve ser 150% acima do
A ingestão inadequada e excessiva de gordura em
valor perdido (6).
praticantes de endurance pode prejudicar a
performance, visto que pode causar desconfortos
gastrointestinais durante o exercício (5).

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SÓDIO Por isso, altas doses de antioxidantes podem


A perda de sódio durante os exercícios é comum prejudicar determinadas adaptações de
em muitos atletas, razão da necessidade de treinamento em atletas de resistência, e não são
suplementação (6). Nesse sentido, é fundamental recomendadas. Atentar à individualidade de cada
avaliar se a taxa de suor do atleta é elevada, paciente torna-se fundamental para averiguar a
considerada quando superior a 1,2 litros por hora necessidade de suplementar antioxidantes (8).
(6).
Os alimentos e bebidas com características
CAFEÍNA antioxidantes mais estudados no cenário de
A suplementação de cafeína é relevante em atletas nutrição em esportes de resistência, são alguns
de resistência, visto que apresenta um corpo alimentos integrais, frutas escuras (exemplo:
robusto de evidências por trás de seus efeitos cereja), alimentos verdes escuros e chá verde (1).
ergogênicos (1). A recomendação é que a
PROBIÓTICOS
suplementação seja feita de 3 a 6 mg/kg, de 30-90 Os probióticos são alimentos vivos que, quando
minutos antes do exercício. Durante os exercícios, administrados de forma adequada, fornecem
se necessário, pode ser suplementado a cada 1-2 benéfico ao organismo do hospedeiro (9). Algumas
horas (7). Estudos mostram que consumir 3 mg/kg cepas merecem destaque, como a Lactobacillus e a
de cafeína com carboidrato aumenta a reposição Bifidobacteria, pois são associadas à melhora de
de glicogênio (7). sintomas gastrointestinais durante a corrida, por
ANTIOXIDANTES exemplo (9).
A suplementação de antioxidantes pode ser NITRATOS
benéfica em alguns casos, como em atletas que já
Quem nunca ouviu falar em suco de beterraba para
estão bem treinados, onde o objetivo alvo é facilitar
a performance no endurance? Muito comum, não?
a recuperação e o retorno antecipado a
A beterraba é rica em nitratos, compostos que
competições e treinos (1).
atuam no ciclo do óxido nítrico, podendo melhorar
Adicionalmente, o estado pró-oxidante, através do o desempenho cardiorrespiratório e,
acúmulo de espécies reativas de oxigênio (EROS) consequentemente, a performance do atleta,
do exercício, proporciona adaptações na forma de quando consumidos em doses muito elevadas (1).
aumento de algumas enzimas do sistema As recomendações devem ser de 500 ml de suco
antioxidante da glutationa, no reparo muscular e no de beterraba ou de 3-6 beterrabas ou 300-600 mg
aumento de citocinas, como a interleucina 6 (IL-6) de nitrato (até 10 mg/kg ou 0,1 mmol/kg) dentro
(8). de 90 minutos do início do exercício (1).

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CONCLUSÃO
Muitos suplementos e recomendações foram
apresentados neste artigo. O carboidrato, a
hidratação e o sódio, principalmente, são pontos
que devemos levar em consideração quando nosso
paciente é praticante de esportes resistência.
Atenção à falta de proteína e ao excesso de lipídeos,
pois esses fatores podem atrapalhar o rendimento
do seu cliente. Os demais nutrientes e as
estratégias supramencionadas, quando bem
aplicadas, podem contribuir para o sucesso do seu
paciente (1).

Os dados expostos são originados da ciência e o


nosso papel, no consultório, é avaliar essas
estratégias e recomendações, e ver se elas são
aplicáveis. Aliar a prática à teoria é o X da questão.
Tratar o seu paciente com individualidade e
oferecer acompanhamento nutricional adequado
às suas necessidades é o que funciona. Não existem
fórmulas para a performance em endurance, o que
funciona é a individualidade. Se você for testar uma
estratégia com seu cliente, faça isso durante os
treinamentos; jamais uma suplementação deve ser
usada pela primeira vez no dia da prova. Avaliem,
juntos, o que funciona e o que não funciona. Esse
tipo de atleta merece e precisa de atenção
redobrada.

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menstrual
CICLO

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O esporte de alto rendimento está se tornando


mais igualitário, e as mulheres participam tanto
quanto os homens na maioria das disciplinas.
Apesar disso, cientificamente falando, a maioria dos
estudos ainda se concentram em homens para
realizar pesquisas sobre desempenho esportivo,
portanto, há muito menos evidências sobre a Figura 1. Diagrama simplificado do ciclo menstrual e dos níveis de
fisiologia do exercício feminino. Isso é de grande estrogênio e progesterona em cada uma delas. Adaptada de Lee et al
(2).
importância, visto que os resultados observados
nos homens podem não se aplicar diretamente às
Os efeitos do ciclo menstrual no desempenho
mulheres, já que elas apresentam características
esportivo
fisiológicas diferentes, como o ciclo menstrual.
É normal que haja uma preocupação com os
O ciclo menstrual envolve variações importantes de
potenciais efeitos do ciclo menstrual no
hormônios, como estrogênio e progesterona, o que
desempenho esportivo. Mas o que a ciência pode
nos permite simplesmente diferenciar três fases
nos dizer sobre isso? Para responder a essa
diferentes: a fase folicular (caracterizada por baixos
pergunta, uma revisão sistemática foi publicada
níveis de estrogênio e progesterona, que começa
recentemente na prestigiada revista Sports
com o sangramento menstrual), a fase ovulatória
Medicine (2). Os autores analisaram estudos
(caracterizada por altos níveis de estrogênio e
envolvendo mulheres adultas eumenorréicas, ou
baixos níveis de progesterona), e a fase lútea
seja, com ciclo menstrual normal, que não faziam
(caracterizada por altos níveis de estrogênio e
uso de anticoncepcionais, e compararam os efeitos
progesterona) (ver Figura 1).
no desempenho esportivo entre a fase folicular
inicial (tomada como referência) e as outras fases
Embora variações desses hormônios beneficiem
do ciclo menstrual. Ao final, os autores
principalmente a reprodução, é provável que
encontraram 76 estudos com essas características
também afetem variáveis relacionadas ao
que incluíram mais de mil participantes.
desempenho esportivo. Na verdade, os hormônios
estrogênicos demonstraram causar efeitos
anabólicos no músculo esquelético, enquanto a
progesterona parece causar efeitos opostos (1).

EDITORA PLENITUDE 22
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Quando meta-analisam esses estudos, os Considerando o potencial efeito negativo dos


resultados mostraram efeitos não significativos no baixos níveis de estrogênio no desempenho, outro
desempenho durante a fase folicular inicial, em fator que pode ser considerado prejudicial em
comparação com o resto das fases, encontrando atletas são os anticoncepcionais orais (prescritos
alguns estudos que mostraram melhor não apenas como contraceptivo, mas também para
desempenho em algumas fases diferentes. Além regular o ciclo menstrual e aliviar os sintomas de
disso, eles encontraram resultados semelhantes ao dismenorreia e menorragia) que diminuem a
analisar os marcadores de desempenho de força e produção endógena de estrogênios e progesterona.
resistência separadamente. Nesse sentido, o mesmo grupo de pesquisa da
meta-análise mencionada acima, publicou outra
Como essa meta-análise conclui que não há
meta-análise, na mesma revista, avaliando os
evidências suficientes para apoiar um efeito
efeitos dos anticoncepcionais no desempenho (3).
significativo do ciclo menstrual no desempenho, foi
Para isso, incluíram estudos comparando o
proposto que o desempenho na fase folicular inicial
desempenho de mulheres que usavam
pode ser afetado devido aos baixos níveis de
anticoncepcionais e mulheres que não usavam. Em
progesterona e estrogênio nesta fase. Na verdade,
geral, não encontraram diferenças e, se tivessem
devido aos benefícios potenciais do estrogênio em
encontrado, seriam diferenças triviais, a favor das
nível muscular (produzindo efeitos anabólicos e
mulheres que não faziam uso de anticoncepcionais.
aumentando a resposta antioxidante e a
Além disso, os autores analisaram estudos
estabilização das membranas das fibras
comparando a mesma participante com e sem
musculares, o que poderia reduzir o dano
anticoncepcionais (porque elas pararam de tomar
muscular), os benefícios no desempenho poderiam
ou porque estavam em uma fase em que não
aparecer durante o período folicular tardio e a fase
precisavam), e os efeitos foram novamente triviais e
ovulatória, quando os níveis de progesterona estão
não significativos. Finalmente, os autores tentaram
baixos. No entanto, como vimos, as evidências não
encontrar ensaios clínicos randomizados,
sustentam de forma consistente que o ciclo
comparando anticoncepcionais e placebo, e eles só
menstrual tenha influência no desempenho.
conseguiram encontrar um estudo. Vale ressaltar
Os efeitos dos anticoncepcionais no desempenho que, naquele estudo, o uso de anticoncepcionais
esportivo esteve relacionado a uma pior capacidade aeróbia
(consumo máximo de oxigênio) e aumento das
dobras cutâneas (4).

EDITORA PLENITUDE 23
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Conclusão
Como pudemos ver, apesar dos efeitos potenciais
das variações nos hormônios, como estrogênio e
progesterona, durante o ciclo menstrual ou ao
tomar anticoncepcionais, as evidências atuais não
mostram consistentemente quaisquer efeitos
significativos no desempenho. Isso não significa
que o ciclo menstrual não deva ser controlado. Na
verdade, isso será importante para analisar sua
regularidade e identificar situações potencialmente
estressantes que o afetam. Além disso, o que a
maioria dos estudos tem em comum é a
heterogeneidade observada entre os diferentes
participantes. Portanto, embora não tenham
ocorrido efeitos significativos, de forma geral, a
individualização do treinamento e da competição
deve ser priorizada para adequar os estímulos a
cada atleta, de acordo com suas condições em um
determinado momento.

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superfood
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O matcha japonês é um tipo de chá verde em pó,


com uma cor verde viva, e seu cultivo se dá de
Fonte de Rutina
A rutina é um composto com ação antioxidante e
forma tradicional. O chá é produzido a partir de pertence ao grupo dos polifenóis. Possui
folhas protegidas da luz solar. Esse sombreamento propriedades anti-inflamatórias e auxilia o sistema
das plantas, durante o período de crescimento, imunológico. O matcha é uma das bebidas mais
aumenta os processos de síntese e acúmulo de ricas desse flavonóide. A rutina também retarda a
compostos biologicamente ativos, incluindo oxidação da vitamina C. O efeito sinérgico da rutina
teanina, cafeína, clorofila e vários tipos de e da vitamina C faz com que o matcha também
catequinas. Consumido habitualmente nos países tenha ação positiva no sistema circulatório. A
asiáticos, estudos experimentais in vitro e in vivo vitamina C também tem influência na síntese de
têm demonstrado seus efeitos neuroprotetores, colágeno, que é a principal proteína formadora de
antioxidantes e anti-inflamatórios. estrutura do corpo humano. O uso de rutina e
vitamina C pode sustentar com sucesso o sistema
Composição química do Matcha, chá verde
circulatório e proteger contra o estresse oxidativo.
japonês
Conteúdo de catequinas
Estudos demonstram os benefícios do chá verde As principais catequinas do chá são:
para a saúde devido aos antioxidantes naturais, epigalocatequina galato (EGCG), epigalocatequina
como os polifenóis: compostos em ampla (EGC), epicatequina galato (ECG), epicatequina (EC)
quantidade responsáveis por até 30% do peso seco e catequina (C). A catequina mais abundante e ativa
do chá verde. (1,2) Acredita-se que os polifenóis do chá verde é a EGCG. O alto conteúdo poli
sejam antioxidantes poderosos, com efeitos fenólico tem uma capacidade maior de eliminar os
comparáveis aos das vitaminas C e E, caroteno e radicais livres do que a vitamina C sozinha. Os
tocoferol. Porém, as quantidades de substâncias compostos fenólicos ocorrem naturalmente nas
ativas promotoras da saúde, contidas nas bebidas à folhas de Camellia sinensis. Estudos indicam que o
base de chá, dependem da quantidade de folhas de chá pode ser a principal fonte de catequinas nas
chá por porção, temperatura, tipo de chá, tempo de dietas humanas. (3)
infusão e época da colheita.

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Por meio do consumo diário e de longo prazo, as Conteúdo de cafeína


bebidas à base de chá têm demonstrado efeitos Responsável por seu sabor característico e
neuroprotetores, principalmente quando desejável a cafeína é um componente essencial, ao
observado o efeito do desenvolvimento de doenças mesmo tempo que aumenta o potencial
com base nos radicais livres, incluindo doenças antioxidante da bebida. Seu nível de disponibilidade
neurodegenerativas, as quais também são pode estar associado à época da colheita e à idade
protraídas. Em particular, fortes efeitos das folhas - quanto mais velhas as folhas, menor o
neuroprotetores foram observados para o principal teor de cafeína.
componente das catequinas, a Epigalocatequina Os efeitos da cafeína estão fixados em seu potencial
galato (EGCG). Além disso, previne inflamações que antioxidante, pois neutralizam as espécies reativas
ocorrem no organismo por meio da inibição de de oxigênio e aumentam a atividade da enzima
partículas pró-inflamatórias formadas pelo sistema antioxidante e os níveis totais de glutationa.
imunológico.
O matcha possui um teor de cafeína relativamente
EGCG, EGC, ECG, EC e catequina estão presentes alto em comparação com outros chás verdes,
em maior quantidade nos recursos vegetais. As tornando o seu aroma e sabor únicos (5). A
catequinas originadas do chá são caracterizadas quantidade de cafeína nos chás verdes está na faixa
por uma atividade antioxidante particularmente de 11,3–24,67 mg / g (6), o matcha está entre 18,9 e
forte, devido à sua capacidade de neutralizar os 44,4 mg / g (7). Para efeito de comparação, a
radicais livres e aumentar a atividade de maioria dos grãos de café tem 10,0–12,0 mg de
desintoxicação de enzimas, que incluem (entre cafeína / g de grãos. (8)
outras) glutationa peroxidase, catalase redutase e
Conteúdo da Quercetina
glutationa redutase. Essas podem refletir no efeito
Além de ser um fitoquímico com atividade
potencialmente preventivo na aterosclerose, bem
antioxidante e neuroprotetora, foi observado que a
como no aumento da elasticidade das artérias,
quercetina normaliza o metabolismo dos
prevenindo indiretamente a doença isquêmica do
carboidratos ao inibir a absorção de glicose do trato
coração (4).
gastrointestinal, regulando a secreção de insulina e
Estudos demonstram que a temperatura da água melhorando a sensibilidade à insulina nos tecidos.
utilizada no preparo das infusões está intimamente Além disso, a combinação de quercetina com
ligada na melhor liberação de compostos EGCG pode potencializar os efeitos
biologicamente ativos, através dos métodos anticarcinogênicos de ambos.
utilizados o potencial antioxidante foi maior a 90 °
C e o menor a 25 ° C.

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Conteúdo de vitamina C Conforme a figura abaixo, pode-se observar um

Micronutriente essencial na nutrição humana, a resumo das propriedades promotoras da saúde

vitamina C é um poderoso antioxidante exógeno. através dos principais compostos bioativos do chá

Pelas suas propriedades reforça a defesa imunitária verde matcha.

do organismo e deve ser fornecido todos os dias


conforme a ingestão diária recomendada.
Koláčková et al., encontraram no matcha mais do
que o dobro da quantidade de vitamina C
comparado a outros chás verdes. Seu conteúdo foi
determinado em 1,63–3,98 mg / g, dependendo do
tipo de produto e de sua origem.(9)

Conteúdo de clorofila Figura 1. Propriedades promotoras da saúde através dos principais


Graças ao cultivo à sombra, o matcha aumentou o compostos bioativos do chá verde matcha. Adaptado de Kochman.

conteúdo de clorofila, que é responsável por sua


Propriedade anticarcinogênicas
cor vibrante única (10). A clorofila e seus derivados
As propriedades anticarcinogênicas do chá verde e
exibem forte atividade antioxidante e anti-
seu ingrediente principal, EGCG, foram
inflamatória (11).
exaustivamente pesquisadas por estudiosos de
Conteúdo de theanine todo o mundo (16,17,18,19,20,21). Os mecanismos por
A teanina é um aminoácido encontrado na planta trás do efeito anticancerígeno do EGCG podem
do chá Camellia sinensis. Devido ao cultivo à estar relacionados à inibição da angiogênese
sombra das plantas destinadas à produção de tumoral, efeitos antioxidantes e supressão dos
matcha, a teanina não se decompõe. O teor processos inflamatórios, que contribuem para a
relativamente alto de teanina no chá matcha é transformação, hiper proliferação e início da
responsável por seu sabor não amargo, único e, em carcinogênese (22,23).
combinação com a cafeína, fornece a sensação de
Propriedade anti-inflamatória
sabor e umami característica desse tipo de chá (12).
A suplementação de EGCG, principal componente
A combinação de l-teanina e cafeína pode
bioativo do chá verde, pode aliviar complicações do
aumentar a concentração, vigilância e eficiência em
processo inflamatório que surgem após o uso de
maior extensão do que o uso de qualquer um dos
circulação extracorpórea para cirurgia cardíaca de
compostos isoladamente (13), além de aliviar o
grande porte, incluindo lesão pulmonar e disfunção
estresse (14).
(24, 25).
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Além disso, estudos demonstram que a EGCG


ajuda a reduzir a formação de cálculos biliares,
controle de hipertensão arterial. O chá verde
matcha também possui compostos bioativos
capazes de atenuar o desenvolvimento da hepatite,
suprimindo a expressão gênica e proteicas de
citocinas inflamatórias.

Matcha e COVID-19
Em um dos poucos estudos, Ohgitani et al. (26)
demonstraram que o chá verde matcha pode ter
atividade antiviral (inativando o SARS-CoV-2),
resultado promissor, mas requer pesquisas mais
detalhadas.

Conclusão
O chá verde em pó japonês matcha, possui grandes
quantidades de substâncias com efeitos
antioxidantes e anti-inflamatórios. Seus benefícios
são promissores para a prevenção de doenças
neurológicas e carcinogênicas, e para recuperação
pós-cirúrgica, dentre outras. Pesquisas sobre
efeitos do consumo do chá matcha e seus
componentes individuais ainda são necessárias.

Para confirmar a validade e a efetividade para o


aumento do consumo de bebida à base de chá
matcha, também são necessárias análises e
pesquisas mais profundas a respeito dos seus
efeitos no corpo humano.

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A ciência da nutrição possui grande amplitude de


aplicação, e não poderia ser diferente quando
A vitamina A foi primeiro isolada de óleos de fígado
de peixe. Fígado, ovos, leite integral e manteiga
voltamos nossa atenção à saúde ocular. Alguns também são boas fontes. Em vertebrados, o b-
nutrientes já estão bem associados à visão, como a caroteno, o pigmento que dá às cenouras, à batata-
vitamina A, mas muitas pesquisas também vêm doce e a outros vegetais amarelos a sua cor
sendo feitas com a luteína, a zeaxantina, o ômega 3, característica, pode ser convertido
curcumina, entre outros compostos ativos, enzimaticamente a vitamina A. A deficiência dessa
relacionando-os com patologias oftálmicas como a vitamina ocasiona vários sintomas em humanos,
nictalopia, a degeneração macular, a retinopatia incluindo secura da pele, dos olhos e das
diabética, a catarata e o glaucoma. membranas mucosas; desenvolvimento e
CEGUEIRA NICTALOPIA crescimento retardados; e cegueira noturna,
frequente sintoma inicial no diagnóstico de
Os primeiros estudos que relacionaram nutrientes
deficiência de vitamina A.
com a visão, foram no sentido de identificar os
mecanismos de ação da vitamina A com a cegueira A vitamina A é uma vitamina solúvel em gordura
noturna. A cegueira noturna é cientificamente absorvida pelo intestino delgado, como retinol ou
conhecida como nictalopia, e caracteriza-se como caroteno, dependendo da fonte alimentar. O
a dificuldade ou mesmo incapacidade de enxergar caroteno é convertido em retinol, que é então
à noite ou quando há pouca incidência de esterificado em palmitato de retinila e armazenado
luminosidade, ocorrendo em virtude de distúrbio no fígado, onde está disponível para as
nos bastonetes da retina (1). necessidades metabólicas. A vitamina A é
obrigatória para a visão, sendo o cromóforo dos
pigmentos visuais. A vitamina A se combina com as
opsinas em bastonetes e cones e medeia a
transformação da energia fótica em mensagens
eletroquímicas (2).

A camada pigmentar da retina, pigmento negro


melanina, impede a reflexão da luz por todo o globo
ocular, algo extremamente importante para a visão
nítida.
Figura 1. GUYTON AND HALL TEXTBOOK OF MEDICAL
PHYSIOLOGY, 13th EDITION 2016 p 1322

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A camada pigmentar também armazena grandes A mácula se encontra perto da fóvea, uma leve
quantidades de vitamina A. Essa vitamina A se depressão na retina que possui a maior densidade
difunde livremente pelas membranas celulares dos de células cone do olho, responsáveis pela visão de
segmentos externos dos bastonetes e cones, que cores. Essa alta densidade de cones faz com que a
estão imersos, eles próprios, no pigmento. mácula seja o ponto do olho onde enxergamos com
a maior clareza e definição (6).

Figura 3. Secção transversal do olho humano.

Kanski aponta como tratamento profilático para


Figura 2. GUYTON AND HALL TEXTBOOK OF MEDICAL proteger olhos com drusas de alto risco (pontos
PHYSIOLOGY, 13th EDITION 2016, p 1327
amarelos discretos na mácula) de desenvolverem
Na figura acima observamos o papel da Vitamina A degeneração macular relacionada com a idade a
para a formação de rodopsina. A rodopsina (Mr suplementação com antioxidantes (vitamina C,
40.000) é uma proteína integral de membrana com vitamina E e betacaroteno) e zinco (7).
sete hélices a que cruzam a membrana (3).
Um estudo, de junho de 2020, sobre
CEGUEIRA NICTALOPIA suplementação de luteína para doenças oculares,
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) demonstra como a luteína e a zeaxantina são
é uma doença degenerativa crônica que afeta a importantes na saúde ocular. Nesse estudo os
porção central da retina. A condição é autores ainda apontam aspectos relacionados a
frequentemente bilateral e associada à perda de absorção dessas substâncias.
visão (4). A mácula central da retina está localizada
temporalmente ao disco óptico e circunda a fóvea
central (5),

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A zeaxantina é resultante do metabolismo O autor ainda ensina qual deve ser a conduta que
secundário de muitos vegetais pode ser agrupada pacientes com retinopatia diabética de fundo
no grupo dos carotenóides, que incluem também precisam ter, para um ótimo controle da diabete, e
os carotenos. De fato, a zeaxantina é resultante da dos fatores associados como hipertensão e anemia.
oxidação de carotenos (8). “A luteína é um dos A vasta literatura aponta a retinopatia diabética
poucos carotenoides xantofila encontrados em alta como uma das causas mais comuns de cegueira,
concentração na mácula da retina humana. A estando muito associada ao diabetes
biodisponibilidade de luteína e zeaxantina no tecido descompensado. Por isso o papel da nutrição,
ocular depende de sua absorção dos alimentos promovendo um adequado equilíbrio energético e
sendo afetada por vários fatores, incluindo: nutrientes essenciais ao controle do diabetes, não
a natureza da matriz alimentar (forma natural pode ser negligenciado, a fim de assegurar o não
ou suplementação); agravamento, que pode culminar na cegueira em
a quantidade e a natureza da gordura dietética, virtude dessa patologia.
que promove a circulação dos carotenoides;
Sabemos que dos fatores apresentados a nutrição
(presença de fosfolipídios;
pode interferir positivamente no controle do
presença de fibras alimentares;
diabetes mellitus, da hipertensão arterial e na
propriedades dos carotenoides dietéticos.
obesidade, tendo em vista a influência da
A luteína e zeaxantina, conhecidas como pigmento alimentação e nutrientes chave para o controle
macular, além de terem propriedades antioxidantes dessas condições clínicas.
atuam como filtro contra os efeitos fototóxicos de No diabetes é preciso atentar aos níveis de
luz azul. E, por fim, o ômega 3 e três derivados de magnésio, tendo em vista seu papel no
cadeia comprida (ácido eicosapentaenoico (EPA), metabolismo dos carboidratos. Esse mineral pode
ácido docosapentaenóico (DPA) e ácido docosa- influenciar a liberação e a atividade dos hormônios
hexaenóico (DHA), têm funções estruturais e de que auxiliam no controle dos níveis de glicose no
proteção importantes na retina. sangue, níveis reduzidos de magnésio no sangue

RETINOPATIA DIABÉTICA são observados em indivíduos com diabetes tipo


(10).
Na definição extraída de Kanski (9), a retinopatia
diabética é uma doença vascular da retina, uma
microangiopatia que, primariamente, afeta as
arteríolas pré-capilares, capilares e vênulas pós-
capilares.

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Uma das principais doenças que podem causar a CATARATA


perda da visão é o Diabetes Mellitus (CHO et al, A catarata é uma das doenças oculares mais
2018). Segundo o Conselho Brasileiro de comuns relacionadas à idade, acometendo uma
Oftalmologia (2015), a probabilidade de um paciente população estimada de 95 milhões em todo o
diabético tornar-se cego, é 30 vezes maior do que o mundo e contribuindo para quase 90% da cegueira
não diabético. nos países desenvolvidos. É caracterizada pela

A V Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial opacificação ou turvação do cristalino, reduzindo a

(quadro abaixo) apresenta como tratamento não quantidade de luz que passa para atingir a retina,

medicamentoso condutas dietoterápicas. resultando em uma visão turva (12).

Ratificando o papel da alimentação equilibrada Qualquer opacidade congênita ou adquirida na


como possibilidade real de exclusão de causas de cápsula ou na substância do cristalino,
várias patologias, como o caso da hipertensão independentemente de seu efeito para a visão, é
arterial, e porque não extrapolarmos para evitar o uma catarata (13).
acometimento da retinopatia diabética. A catarata é uma doença multifatorial. As causas

Também citada por Kanski, a anemia é também associadas a catarata são: idade > 50 anos,

condição clínica importante a ser considerada na tabagismo, diabetes mellitus (DM), exposição à luz

conduta. Portanto, convém acompanhar esse ultravioleta (UVB), miopia e uso de corticoides (14).

indicador através dos marcadores apropriados no Os mesmos autores ainda apresentam como

hemograma e ferritina, mas, sobretudo, assegurar fatores associados à gênese da doença, a

um adequado fornecimento de alimentos ricos em hipertensão arterial, a obesidade, trauma e o sexo

ferro e vitamina C, que facilitam sua adequada feminino.

absorção na conduta dietoterápica. Lembrando Sobre a hipertensão arterial já apresentamos como


que a anemia pode acometer onívoros e a dietoterapia pode auxiliar no tratamento não
vegetarianos, e deve ser tratada na maioria das medicamentoso, através da adoção de dieta Dash
vezes com suplementos, especialmente em entre outras estratégias apontadas na V diretriz de
mulheres que menstruam. Hipertensão Arterial. No caso da catarata como
complicação decorrente do diabetes melito; Shils
(15) diz que a glicose sanguínea elevada é
conduzida para o cristalino, onde é metabolizada
em sorbitol, levando à tumefação e à opacidade
dessa estrutura ocular.

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E apontamos o magnésio como mineral chave, Sobre a luteína e a zeaxantina já apresentamos


além do controle glicêmico através de adequação estudos também relacionando-as à degeneração
de carboidratos. Estudos também apontam que macular.
dietas vegetarianas podem melhorar a resistência à GLAUCOMA
insulina.
O glaucoma é uma neuropatia óptica com
Estudo publicado na revista Diabetic Medicine, em aparências características do disco óptico e um
2011 (16), cujo objetivo foi comparar os efeitos de padrão específico de defeitos de campo visual que
dietas vegetarianas com restrição calórica e dietas está associado à elevação da Pressão Intraocular
convencionais para diabéticos, isoladamente e em (PIO) (19),
combinação com exercícios sobre a resistência à Um estudo, publicado em março de 2019,
insulina, gordura visceral e marcadores de estresse identificou como possíveis fatores de proteção e
oxidativo em indivíduos com diabetes tipo 2, risco modificáveis do ponto de vista ambiental, em
concluiu que uma dieta vegetariana, com restrição relação à doença glaucomatosa. Parar de fumar;
calórica, teve maior capacidade de melhorar a exercício aeróbico moderado; peso recomendado;
sensibilidade à insulina em comparação com uma e uma dieta balanceada, incluindo vegetais de
dieta diabética convencional, ao longo de 24 folhas verdes, ácidos graxos ômega e ingestão
semanas. Houve também maior perda de gordura moderada de chá quente e café, foram relatados
visceral e melhorias nas concentrações plasmáticas como possivelmente protetores contra o
de adipocinas e marcadores de estresse oxidativo. desenvolvimento de glaucoma ou sua progressão.
A adição de treinamento físico aumentou ainda
No âmbito da nutrição o artigo de Perez, Claudio I
mais os resultados com a dieta vegetariana.
(20) apresenta o consumo de vegetais folhosos
Em 2017, uma meta-análise publicada na Nutrients verdes, dieta balanceada, ômega 3, café e chá, como
(17) também avaliou a associação entre dieta potenciais aspectos protetores do desenvolvimento
vegetariana e o risco de diabetes, concluindo pela ou progressão do glaucoma. Os ácidos graxos
possibilidade do efeito protetor dessa dieta para o ômega-6 e ômega-3 são nutrientes essenciais e
diabetes. importantes componentes estruturais das
O tratamento da catarata até o momento é membranas celulares e são preferencialmente
cirúrgico. Contudo, a ingestão dos carotenoides incorporados aos fosfolipídios. O ácido
luteína e zeaxantina, encontrados nos vegetais de docosahexaenóico (DHA) é incorporado
folhas verdes, mostrou-se inversamente seletivamente às membranas celulares da retina e
relacionada com o risco de desenvolvimento de às membranas celulares neuronais pós-sinápticas.
catarata (18).

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Quando a ingestão de ácidos graxos ômega-3 é Em especial destaca-se a vitamina A, a luteína, a


baixa, a retina conserva e recicla o DHA, zeaxantina e o ômega 3, além do efetivo controle
particularmente nos segmentos externos dos glicêmico e de hipertensão, como os principais
fotorreceptores de bastonete, onde é encontrado aspectos que devemos estar atentos para assegurar
em sua concentração mais alta. Assim, o DHA a saúde ocular.
desempenha um papel importante na regeneração
do pigmento visual rodopsina. O estudo aponta
ainda que “existem várias razões para acreditar que
o uso de ácidos graxos poliinsaturados tem uma
justificativa na terapia adjuvante no glaucoma.
Entre elas é o efeito altamente protetor nas células
endoteliais. Os ácidos graxos poliinsaturados
ômega-3, que possuem propriedades
antiinflamatórias bem documentadas, podem ter
potencial terapêutico em doenças inflamatórias
crônicas, como o glaucoma.

Na verdade, Wang et al. descobriram que o


aumento da ingestão diária de PUFA, incluindo
ácidos graxos ω-3, foi associado a uma diminuição
significativa na probabilidade de glaucoma.
Finalmente, a suplementação oral de ômega-3, por
3 meses, reduziu significativamente a PIO (pressão
intraocular) em adultos normotensos e no
glaucoma pseudoexfoliativo. São resultados bem
interessantes e que, inclusive, apontam o tempo de
tratamento com o ômega 3.

Por fim, destacamos que a interrelação dos


sistemas orgânicos sempre se beneficiará de uma
boa e equilibrada alimentação, que preconize
vegetais, legumes, frutas e gorduras de boa
qualidade.

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COGNIÇÃO
e Inflamação
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N as últimas décadas, tornou-se proeminente a


discussão referente à correlação entre a qualidade
Assim, admite-se que a inflamação parece estar
diretamente ligada aos processos de memória,
da alimentação, memória e capacidade cognitiva sobretudo, de curto praz, nesse caso, onde o
dos indivíduos ao longo da vida. Sachdev et al (2014) estudo apontou danos aos neurônios hipocampais.
propõem a associação entre dieta equilibrada, Paralelamente, alguns autores também postulam
atividade física e práticas de treinamento cognitivo, que processos inflamatórios podem ser
como pilares na prevenção do desenvolvimento da supressores da neurogênese, bem como de
demência (16). processos de aprendizagem e memória (10).

Sabe-se que a inflamação parece estar Pautado em tais conjecturas, torna-se factível a
intimamente associada aos processos de declínio relação entre a dieta e o prognóstico cognitivo, pois
cognitivo, bem como na etiopatogenia da Doença já se sabe que a qualidade da alimentação do
de Alzheimer (DA) (13), uma vez que as moléculas indivíduo é inerente ao seu perfil inflamatório (14).
inflamatórias podem ultrapassar a barreira Afim de reiterar tal relação, Chou et al (2019),
hematoencefálica (2). conduziram um estudo de coorte prospectivo com
Um modelo animal, proposto por Constantinescu 435 idosos, acima de 65 anos, durante dois anos,
et al (2011), demonstrou a inflamação como um onde definiu-se a qualidade da dieta baseada no
agente desmielinizante, através da ação de Th1 e consumo de grãos, vegetais (classificados em 5
das células T auxiliares Th17 (4). Outros autores subgrupos), proteínas de origem animal, proteína
demonstram a correlação em humanos de ambos de soja, frutas, fritura, embutidos e álcool, e a
os sexos entre os níveis de Il6 e PCR, e a associação capacidade cognitiva foi avaliada através de testes
negativa entre cognição e função executiva (7). neurofisiológicos (3).

Gong et al (2010), em seu modelo experimental Seus achados confirmaram a associação de que
animal, também fornecem respaldo para a uma dieta mais anti-inflamatória, reduz a
discussão, cujo experimento consistiu em uma propensão ao declínio cognitivo e queda no
única injeção intracerebroventricular contendo Il5 domínio da atenção, além do mais, ressalta que o
e LPS em ratos machos, sendo capaz de provocar consumo variado de vegetais, grãos, frutas e
danos aos neurônios piramidais CA1 do hipocampo, proteínas também parece estar associado a essa
além de ruptura das membranas mitocondriais (6). redução.

EDITORA PLENITUDE 38
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Desse modo, o estudo propõe o balanço dietético Estudos apontam que a Bacopa é capaz de inibir
como fator adjuvante na prevenção do declínio liberação de Il6 e TNF-α de monócitos, de modo
cognitivo e das funções de memória, trazendo a que se pode apontá-la como forte candidata na
alimentação como uma promissora estratégia na prevenção e tratamento de doenças que envolvem
prevenção da demência (3). o sistema nervoso central, como distúrbios

A fitoterapia também entra como forte aliada na psiquiátricos e patologias neurodegenerativas (19).

prevenção e combate à inflamação. Podemos Outro vegetal de destaque em tais processos é o


destacar nesse âmbito a Bacopa monnieri, uma Panax Ginseng (ginseng asiático). Com potente
planta rasteira, comumente encontrada em regiões papel antioxidante e atuação na melhora cognitiva,
alagadiças. Tal planta tem sido estudada há apresenta-se como um promissor agente no
milênios. Nos primeiros tratados da medicina manejo da Doença de Alzheimer (9).
Ayurvédica sua ação no sistema nervoso central já Concomitantemente, dois de seus componentes
era descrita (15). ativos, o Panaxadiol e o Panaxatriol, parecem atuar
A fitoterapia também entra como forte aliada na aumentando a liberação de neurotransmissores no
prevenção e combate à inflamação. Podemos cérebro (8). Já os outros ginsenósidos dispõem sua
destacar nesse âmbito a Bacopa monnieri, uma influência sobre a corticosterona, dopamina,
planta rasteira, comumente encontrada em regiões serotonina e GABA, além da captação de
alagadiças. Tal planta tem sido estudada há norepinefrina (5).
milênios. Nos primeiros tratados da medicina
Por fim, pode-se colocar também em posição de
Ayurvédica sua ação no sistema nervoso central já
destaque a Rhodiola Rosea, conhecida como raiz
era descrita (15).
dourada, um robusto adjuvante nos processos
A Bacopa tem sido amplamente discutida como um
cognitivos, de memória e aprendizado, além de ser
potente tônico cerebral, já que sua ação nootrópica
um agente neuroprotetor (1). Sendo a Rhodiola um
parece influenciar na memória e cognição (17).
agente antioxidante, e sabendo que seus
Também atua na inflamação sistêmica, sendo
compostos são capazes de aumentar os níveis de 5-
amplamente utilizada nas formulações Ayurvédicas,
HT e norepinefrina no córtex pré-frontal e frontal,
no tratamento de doenças inflamatórias, como
tal como sua ação suprarregulatória no sistema
asma, reumatismo e bronquite (11).
límbico, propõe-se que, tal como os vegetais
citados anteriormente, seja também um agente
potencial nos processos que previnem o declínio
cognitivo (18)

EDITORA PLENITUDE 39
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Conclusão

Com base na discussão, se pode assegurar que a


qualidade da dieta do indivíduo constitui um fator
intrínseco em sua resposta inflamatória ou anti-
inflamatória metabólica. Os impactos dessa
resposta, na condição de potencialmente
inflamatória, corrobora para um prognóstico de
potencial declínio cognitivo, de memória e
executivo.

Desse modo, se pode sugerir que uma dieta anti-


inflamatória, complementada com ativos
fitoterápicos que potencializam essa ação, possa
assegurar bons aspectos neurológicos e atuar
como agente de prevenção das desordens
transcorrentes ao sistema nervoso central.

EDITORA PLENITUDE 40
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EDITORA PLENITUDE 41
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A população mundial está envelhecendo


rapidamente. Entre 2010 e 2050, a proporção de
Os relógios circadianos, central e periféricos,
compartilham de um mesmo mecanismo de loops
idosos, com idade igual ou superior a 65 anos, de transcrição-tradução dos genes do relógio. O
passará de 524 milhões para quase 1,5 bilhão loop principal consiste em ativadores
(NATIONAL INSTITUTE ON AGING, 2011). O transcricionais circadianos CLOCK e BMAIL1, que
envelhecimento é um processo biológico que afeta se heterodimerizam e induzem a expressão dos
a atividade de muitos sistemas fisiológicos e repressores PER (PER1, PER2 e PER3) e CRY (CRY1 e
comportamentais, incluindo os ritmos circadianos CRY2). Um segundo loop dá uma maior robustez ao
(HOFMAN; SWAAB, 2006; KONDRATOV, 2007). ritmo e é representado pelos receptores órfãos

Os ritmos circadianos são processos de ROR (RORα, RORꞵ) e pelos repressores REVERB

sincronização endógena que apresentam (REVERBα, REVERBꞵ) (BASS; TAKAHASHI, 2010;

oscilações arrastáveis de aproximadamente 24 BOLLINGER; SCHIBLER, 2014). A expressão

horas. Esse sistema governa o padrão rítmico de alterada de qualquer desses genes, pode alterar os

várias funções do nosso organismo, permitindo que ritmos circadianos.

elas antecipam mudanças periódicas do meio


ambiente. O núcleo supraquiasmático (SCN)
localizado no hipotálamo, opera como marca-passo
mestre do nosso ritmo circadiano; no qual a luz é
absorvida pela retina e os sinais são transmitidos
aos neurônios via trato retino hipotalâmico. Os
relógios fora do SCN, os chamados relógios
periféricos, estão localizados nos órgãos e tecidos, e
são sincronizados com o relógio central por meio
de sinais neurais e humorais, a fim de garantir a
coordenação fisiológica (Figura 1) (BOLLINGER;
SCHIBLER, 2014; NAKAMURA et al., 2015).

Figura 1: Arquitetura molecular do sistema de temporização do relógio


central e periférico (BOLLINGER; SCHIBLER, 2014)

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O SUMÁRIO

Os ritmos circadianos se consolidam ainda durante Essa diminuição da amplitude e no avanço da


a primeira infância. Apesar de bebês recém- acrófase circadiana, característico da senescência,
nascidos serem quase arrítmicos, curiosamente, os também é observada após lesão bilateral dos SCN,
ritmos de sono-vigília e dos batimentos cardíacos já ou seja, lesão do local onde está inserido o relógio
são detectáveis nas últimas semanas da gestação central (CORNELISSEN; OTSUKA, 2017).
(BASS; TAKAHASHI, 2010; LOGAN; MCCLUNG,
2019).
O mecanismo biológico que regula o ritmo
circadiano é dinâmico ao longo da vida, e as
atividades rítmicas, como os padrões de sono-
vigília, mudam acentuadamente à medida que
envelhecemos. O sono se torna cada vez mais
fragmentado, com menor duração e de pior
qualidade (HOOD et al., 2017; NAKAMURA et al.,
2015).

Durante a infância, os ritmos de sono-vigília têm


início mais cedo, ocorrendo uma mudança
marcante para um cronótipo mais tardio na
adolescência. Em idosos, esses ritmos retornam a
ser substancialmente mais precoces, porém, com
uma duração de sono mais curta (LOGAN;
MCCLUNG, 2019).

As oscilações circadianas são vulneráveis ao


envelhecimento. Além das várias mudanças nos
Figura 2: Ritmos ao longo da vida (LOGAN; MCCLUNG, 2019).
padrões de sono, também ocorrem alterações na
amplitude e temporização dos ritmos diários na
produção de melatonina, cortisol e temperatura
corporal, afetando a homeostase e funções dos
tecidos (Figura 2) (HOOD et al., 2017; LOGAN;
MCCLUNG, 2019).

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O SUMÁRIO

Os ritmos de temperatura atingem o pico durante a A longevidade é diminuída por perturbações


infância e as amplitudes reduzem circadianas e desacelerada pela restauração do
progressivamente durante o envelhecimento. Os comportamento circadiano da juventude, por meio
ritmos da melatonina são atrasados durante a do transplante de um relógio fetal no SCN de
adolescência, com as concentrações atingindo o animais idosos. O que demonstra a relevância da
pico durante a infância e diminuindo organização temporal fisiológica e
consideravelmente durante o envelhecimento. Os comportamental, proporcionada pelo relógio
ritmos do cortisol, por sua vez, atingem o pico no circadiano, para a saúde e longevidade (HURD;
início da manhã durante a infância e, com a idade, RALPH, 1998).
aumentam e reduzem a amplitude geral (LOGAN; Os relógios periféricos são acionados não apenas
MCCLUNG, 2019) pelo estímulo do relógio central, mas também por
Essas mudanças afetam diretamente a qualidade e outros fatores, como uma refeição, exercício e
a expectativa de vida. Quando comparados com exposição à luz, de uma maneira independente do
adultos jovens, adultos mais velhos têm mais relógio central. Além dos fatores genéticos, essas
despertares noturnos, latências mais longas para pistas ambientais também influenciam no período,
adormecer e passam menos tempo no estágio 3 e 4 fase e amplitude dos ritmos circadianos (FERRAZ-
e no sono de movimento rápido dos olhos (REM); BANNITZ et al., 2021; RIBAS-LATRE; ECKEL-
apresentando dessa forma um sono menos MAHAN, 2016). A interrupção do relógio ao longo
reparador (HOOD et al., 2017). dos anos, está associada à diminuição da

O envelhecimento está associado ao expectativa de vida (DAVIDSON et al., 2006).

enfraquecimento do ritmo circadiano A alimentação é um forte sincronizador desses


(CORNELISSEN; OTSUKA, 2017). Ao longo da vida, relógios (LONGO et al., 2017). O conteúdo calórico
os relógios biológicos reduzem a capacidade de se da refeição, os horários de alimentação e os
ajustarem ao ambiente. No SCN, os genes CLOCK, períodos de jejum influenciam o nosso ritmo
BMAIL1 e PER2 que compõe a maquinaria circadiano (LONGO et al., 2017). A alimentação
molecular do relógio circadiano, apresentam atrasada, devido à vigília noturna prolongada, leva a
diminuição na amplitude do ritmo e/ou redução dissincronia entre os relógios circadianos central e
nas suas expressões com o avançar da idade periféricos (BASS; TAKAHASHI, 2010). Além disso,
(NAKAMURA et al., 2015; WYSE; COOGAN, 2010). os componentes das vias de detecção de nutrientes
associadas ao envelhecimento exibem oscilações
específicas do tecido devido a um crosstalk direto
com os genes do relógio central (BASS;
TAKAHASHI, 2010).
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A SIRT1 é uma proteína desacetilase dependente de Além da redução na expectativa de vida, esses
NAD + que ativa a transcrição de BMAL1 e CLOCK animais apresentaram vários sintomas de
no SCN e outros osciladores periféricos. No envelhecimento precoce, como sarcopenia,
entanto, em camundongos idosos, os níveis de catarata e declínio nas funções de tecidos
SIRT1 são reduzidos, resultando em anormalidades (KONDRATOV et al., 2006). Descobertas
circadianas e menor atividade, em comparação semelhantes foram observadas em camundongos
com animais mais jovens, demonstrando que a knouckout para Rer-erbα (MAYEUF-LOUCHART
longevidade é afetada pela fisiologia nutricional. et al., 2017).
Curiosamente, algumas das alterações circadianas Diante da importância do ritmo circadiano à nossa
associadas a um SCN senescente são revertidas por saúde, conhecimentos mais profundos, sobre como
uma superexpressão de SIRT1 (RAMSEY et al., 2010). nossos relógios biológicos se alteram com o
A prática regular de exercícios físicos ao longo da envelhecimento, podem criar oportunidades para
vida, desacelera o processo de envelhecimento e melhorar a saúde da população mundial que está
auxilia paralelamente na manutenção de um envelhecendo acentuadamente. Embora adicionar
sistema circadiano mais forte (ABILIO et al., 2020). A “anos à vida” seja relevante, o mesmo deve ser feito
deleção de BMAIL1 em todo corpo ou apenas no em paralelo à adição de “vida aos anos”, uma vez
músculo esquelético, induz ao envelhecimento que envelhecer bem, tanto fisicamente como
precoce com o desenvolvimento de sarcopenia e mentalmente, é essencial para uma melhor
redução do metabolismo, demonstrando a longevidade.
importância dos relógios biológicos na manutenção
da massa muscular (CHATTERJEE; MA, 2016).

A interação entre o envelhecimento e o ritmo


circadiano é complexa e parece ser bidirecional.
Não apenas a expressão dos genes dos relógios
pode mudar com a idade, mas também alterações
nesses genes podem impulsionar o
envelhecimento. A análise de camundongos
knouckout BMAIL1 sugere que o envelhecimento é
acelerado devido à perturbação do relógio
circadiano.

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O ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido


docosaexaenoico (DHA) são as estrelas do mundo
Embora a maioria dos eicosanoides derivados de
ARA atuem para promover a inflamação, alguns
dos ácidos graxos essenciais, e são encontrados também atuam para resolvê-la (isto é, são anti-
principalmente em peixes e frutos do mar. Uma inflamatórios).
enorme quantidade de pesquisas investigou o
Os cientistas levantam a hipótese de que o ARA
impacto desses ácidos graxos na saúde e no
desempenha um papel central na resposta
desempenho físico, por seu papel benéfico no
adaptativa ao treinamento de força. Afinal, o
aumento da força e na síntese de proteína
treinamento de força causa uma resposta
muscular.
inflamatória aguda necessária para construir
Menos pesquisado é o ácido araquidônico (ARA), da músculos maiores. Por exemplo, duas
família do ômega-6, que o corpo sintetiza a partir prostaglandinas produzidas a partir de ARA são
do ácido linoleico, através da dieta à base de PGE 2 e PGF 2α. Estudos em tubo de ensaio
plantas, e é encontrado em nozes, sementes e seus realizados com fibras musculares esqueléticas
óleos. Também pode ser obtido a partir de carnes e indicam que a PGE 2 aumenta a degradação de
ovos, embora em pequenas quantidades. proteínas, enquanto a PGF 2α estimula a síntese de
Apesar de sua presença menos conhecida no proteínas. Outros estudos em tubo de ensaio
mundo da nutrição, o ARA é um ácido graxo também descobriram que a PGF 2α aumenta
incrivelmente importante e proeminente nas crescimento da fibra muscular esquelética.
membranas celulares. É encontrado em um nível Pesquisas em adultos jovens mostraram que o
comparável ao do DHA nas membranas neurais, consumo de anti-inflamatórios não esteroidais
incluindo no cérebro, onde compreende 10-12% do (AINEs) após o exercício diminui o aumento normal
total de ácidos graxos. No músculo esquelético, o na síntese de proteína muscular através da
ARA foi encontrado para perfazer 15-17% do total supressão do aumento normal da PGF 2α. Em
de ácidos graxos. contraste, a administração de AINEs em adultos

O corpo depende do ARA para a inflamação, uma mais velhos demonstrou melhorar ganhos de força

resposta imune normal e necessária para reparar o e tamanho em resposta ao treinamento de

tecido danificado. Especificamente, o ARA é resistência, suprimindo outras formas de

precursor de vários leucotrienos, prostaglandinas e inflamação, além da benéfica PGF 2α.

tromboxanos, conhecidos coletivamente como


eicosanoides.

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Independentemente do resultado, essa pesquisa A fase 2 desse estudo foi um experimento de oito
indica claramente um papel das prostaglandinas dias, envolvendo ratos alimentados uma vez por
derivadas de ARA na resposta adaptativa ao dia, com 1,2 mililitros de água da torneira ou 44
exercício. miligramas de ARA dissolvido em 1 mililitro de água
da torneira. Essa dose de ARA é aproximadamente
Estudo
igual à usada na fase 1 com base. Após oito dias, os
Um ensaio clínico duplo-cego, randomizado,
ratos foram submetidos à estimulação elétrica de
controlado por placebo de oito semanas
uma de suas patas traseiras para simular estímulo
envolvendo 30 homens jovens saudáveis, com um
de treinamento de força agudo.
mínimo de dois anos de experiência em
treinamento de força. Cada participante foi Descobertas

designado aleatoriamente para consumir dois géis A suplementação com ARA levou a aumentos
contendo 1,5 gramas no total de ARA ou placebo significativamente maiores na massa corporal
(óleo de milho). As instruções foram dadas para magra, 1RM no supino e potência de saída do que o
manter os hábitos alimentares usuais e consumir os placebo. O experimento com ratos mostrou que o
géis cerca de 45 minutos antes das sessões de ARA levou a uma redução significativa na ativação
treinamento, ou sempre que conveniente em dias de AMPK e GSK-3β quando o ARA foi combinado
sem treinamento. A adesão por meio da contagem com exercício, em comparação com os outros
de comprimidos foi superior a 99% em ambos os grupos. Outros marcadores de anabolismo e
grupos. O programa de treinamento de força catabolismo não foram afetados pelo tratamento
supervisionado foi realizado três vezes por semana com ARA, embora tenham sido afetados pelo
em dias alternados. exercício.

Antes e cerca de 48 horas após a última sessão de O experimento com ratos revelou inúmeras
treinamento, os participantes foram avaliados mudanças significativas, desde a linha de base nas
quanto à composição corporal por meio de vias de sinalização anabólica e catabólica, síntese de
varredura DXA, espessura do músculo vasto lateral proteínas musculares, expressão de genes
(um músculo do quadríceps), força muscular (um inflamatórios e expressão de genes no tecido
rep-max supino e leg press) e potência muscular muscular. No entanto, apenas dois deles foram
(teste de Wingate em cicloergômetro). significativamente diferentes entre os grupos ARA e
controle.

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O primeiro foi uma redução significativamente A produção de força muscular pareceu se


maior na ativação da AMPK quando o ARA foi beneficiar da suplementação de ARA na pesquisa
combinado com exercícios, em comparação com atual e anterior. O mecanismo para esse achado
os outros três grupos. O segundo foi uma ativação ainda precisa ser determinado. É possível que o
significativamente maior de GSK-3β (glicogênio ARA module a sinalização neuromuscular por meio
sintase quinase 3 beta) no grupo ARA de perna não de sua incorporação nas membranas celulares,
exercitada, bem como uma redução semelhante ao EPA e DHA.
significativamente maior de GSK-3β após o Pesquisas futuras serão necessárias para investigar
exercício. se 1,5 grama por dia de ARA também traz
O que o estudo conclui? benefícios, quando os participantes são conhecidos
por consumirem proteína adequada, e se
As principais descobertas desse estudo foram que
submeterem a um programa de treinamento de
oito semanas de suplementação de ARA, em
resistência periodizado, projetado para promover o
combinação com um programa de treinamento de
crescimento muscular.
resistência, levam a aumentos significativamente
maiores na massa corporal magra, força no supino Em suma, esse estudo nos diz que homens jovens,
e produção de força muscular do que o placebo em com experiência em treinamento de resistência,
homens jovens treinados. podem se beneficiar da suplementação de ARA por
meio do aumento da massa corporal magra, força
O único outro estudo, até o momento, investigando
muscular e potência muscular. No entanto, com
o efeito da suplementação de ARA em homens
apenas um único estudo conduzido até o momento
jovens treinados em resistência, descobriu que
investigando esses resultados, com relação à
consumir um grama por dia de ARA aumentou
suplementação de ARA, é difícil tirar conclusões
significativamente a potência de pico do Wingate
firmes, especialmente porque o outro estudo
em cerca de 13%, em comparação com o placebo,
encontrou um benefício apenas para a potência
mas não teve efeito nas mudanças na composição
muscular, e não para a composição corporal ou
corporal ou força. Existem diferenças
força muscular.
metodológicas importantes, entre esse e o estudo
atual, que podem explicar porque nenhum efeito na
força e na composição corporal foi observado.

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A dose de ARA usada no estudo atual está bem


acima do que qualquer um poderia esperar
consumir naturalmente na dieta. As evidências que
ligam as doenças inflamatórias a um aumento da
proporção de ômega-6 para ômega-3 aumentam a
preocupação sobre os efeitos de longo prazo da
suplementação de ARA. No entanto, evidências
limitadas mostraram que a suplementação de ARA
beneficia a cognição de indivíduos idosos, apesar de
uma plausibilidade hipotética para aumentar o
risco de doença de Alzheimer. Claramente,
pesquisas de longo prazo sobre os diferentes
resultados de saúde são necessárias.

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Receita
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PIZZA FEITA NA MASSA DE BRÓCOLIS

INGREDIENTES

PASSO A PASSO

CLIQUE AQUI E VEJA

O VÍDEO DA RECEITA

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AUTISTMO
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O autismo é um distúrbio generalizado do


desenvolvimento, que normalmente se manifesta
A microbiota normal do intestino é importante, não
só para competir com microrganismos
até aos três anos de idade. As características patogênicos, como também para promover a
sintomáticas, comportamentais e sociais se motilidade gastrointestinal, manter o balanço
apresentam de forma variada em cada pessoa. hídrico e sintetizar algumas vitaminas (7).
Dentro do espectro autista incluem a Síndrome de É do conhecimento geral que a atividade física,
Asperger e atrasos de desenvolvimento não desde que praticada de forma adequada, influencia
especificados (1). Esse distúrbio compromete o positivamente na saúde e no bem-estar, com papel
desenvolvimento e afeta também a interação social. importante na prevenção de várias doenças
As manifestações podem ser atraso na linguagem, crônicas (doenças cardiovasculares, acidente
agressividade, recusa na realização de tarefas de vascular cerebral, hipertensão, obesidade, diabetes,
rotina, comportamentos estereotipados e osteoporose, etc.) (8).
repetitivos, entre outras (1,2).
A atividade física apresenta grandes benefícios para
Entre as principais comorbidades identificadas em pessoas com incapacidades, podendo representar
autistas estão diversas patologias gastrointestinais uma boa evolução de diferentes patologias. A
(3), obstipação, diarreia, hiperplasia nodular linfóide utilização de atividades físicas e desportivas em
íleo-cólica, enterocolite, gastrite, esofagite, disbiose crianças com autismo tem sido foco de muitos
e permeabilidade intestinal aumentada (3,4), além estudos recentes. Nos últimos 20 anos o interesse
de apresentar uma alteração no perfil enzimático, pelos potenciais benefícios do exercício físico nas
com diminuição da expressão de enzimas e perturbações do espectro do autismo tem
transportadores, condições promotoras de má aumentado, mas a pesquisa realizada nessa área
digestão e absorção (4). Os nutrientes não digeridos ainda é escassa e baseada em pequenos grupos (10).
podem servir de substrato para as bactérias,
Benefícios da atividade física
favorecendo o crescimento de uma flora anormal. A
instabilidade da flora intestinal, por sua vez, pode Diante alguns estudos publicados, a atividade física

conduzir a uma colonização por bactérias é um aspecto bastante pertinente, revelando

patogênicas e produtoras de neurotoxinas (5,6), o benefícios nos diferentes domínios, sendo

que pode causar problemas como obstipação e significativa a influência do exercício em pessoas

diarreia (7). com autismo no nível de condição física e melhoria


das capacidades cognitivas e sensoriais.

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Relativamente à condição física, a prática atividade Vitamina D


física melhora a flexibilidade e equilíbrio (12), força
Uma das vitaminas que mais têm despertado o
muscular (13,14), resistência, flexibilidade e aptidão
interesse dos investigadores, no que diz respeito às
cardiovascular (14), redução no tempo de percurso
perturbações nutricionais do autismo, é a vitamina
(15), aumento da distância que andaram ou
D. Na sua forma bioativa, intervém entre muitas
correram (16).
outras funções fisiológicas, na modulação da
O exercício melhora a condição física e reduz os imunidade inata e autoimunidade (19,20). Ainda
padrões de comportamento mal adaptativo, auxilia na ativação de numerosos genes, incluindo
estereotipados, o comportamento agressivo e alguns que têm sido relacionados com o autismo,
comportamento antissocial (17). regulando a sua expressão (21).

Suplementação de vitaminas e minerais Baixos níveis de vitamina D podem aumentar a


O estado nutricional do autista depende não suscetibilidade a infecções e a doenças autoimunes.
somente da ingestão alimentar, mas também de Tendo em vista que existe uma forte associação
processos fisiológicos e metabólicos, como a entre o autismo e disfunções no sistema imunitário,
digestão e a absorção (5). A recusa e seletividade essa vitamina é apontada como um fator de risco
alimentar são frequentes em autistas, assim, as no desenvolvimento da doença (19,22). É
necessidades de vitaminas e minerais são importante salientar que muitos autistas
acrescidas (5,8). apresentam distúrbios intestinais, o que pode
influenciar os níveis dessa vitamina (23). Os valores
Em alguns estudos, os resultados mostram que os
inadequados de vitamina D nos indivíduos com
níveis da maioria das vitaminas, minerais e
autismo podem indicar que a suplementação é de
aminoácidos se encontram dentro do parâmetro
extrema importância para o seu tratamento (24).
de referência, dificultando a decisão de
suplementar ou não. Porém, alguns valores de Ácidos graxos ómega 3

vitaminas B6, C, K, cálcio, ferro, zinco, potássio e N- A incorporação de ácidos graxos e colesterol na
metil-nicotinamida, parecem estar diretamente corrente sanguínea é fundamental para
ligados à severidade do autismo, portanto, uma proporcionar um desenvolvimento adequado do
suplementação se mostra favorável para a redução tecido cerebral (25).
dos seus sintomas e as suas comorbidades (8).

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Crianças com autismo apresentam níveis séricos Também tem sido reportado um aumento de
inferiores de ácidos graxos polinsaturados, se anticorpos IgA contra a caseína e a gliadina
comparado com crianças sem autismo. Após serem (proteína constituinte do glúten), com libertação de
submetidas a um período de suplementação, citocinas inflamatórias que promovem a inflamação
grande parte das crianças manifestou melhoras da mucosa intestinal (27,30,31).
significativas no seu comportamento, melhorando Em um estudo publicado recentemente (8), em que
a concentração, contato visual, linguagem e na foram analisados 387 questionários aplicados a pais
capacidade motora (36). e/ou cuidadores de crianças autistas, concluiu que
Restrição de Caseína e Glúten as crianças que manifestavam sintomas
O glúten é uma proteína ergástica amorfa, presente gastrointestinais e alergias alimentares obtiveram
na semente de vários cereais (trigo, cevada, aveia, grandes melhorias através da implementação de
centeio, malte) ajustada ao amido. Representa 80% uma dieta isenta de glúten e caseína, não só nos
das proteínas do trigo e é formado de gliadina e sintomas, mas também nos comportamentos
glutenina (9). É responsável pela elasticidade da sociais. O que parece ainda suscitar bastantes
massa da farinha, o que admite sua fermentação, dúvidas é qual critério aplicar para definir que
assim como a relação elástica esponjosa dos pães e subgrupos de autistas responderão melhor à
bolos. No organismo humano acomete e afeta as implementação da dieta, de acordo com os
vilosidades do intestino delgado e danifica a sintomas gastrointestinais e imunológicos
absorção de muitos alimentos. A caseína é uma apresentados (32,33).
proteína do leite e seus derivados, combinada com Uma importante característica apresentada por
grupos fosfatos de resíduos de serina e treonina alguns autistas é a restrição alimentar. Muitas
esterificados com grupos fosfatos, podendo crianças com autismo são extremamente seletivas
também ser chamados fosfopeptídeos (9). em relação ao que comem e, em alguns casos, os
Tem sido crescente a convicção de que o glúten e a alimentos derivados do leite e do trigo são dos mais
caseína são dificilmente digeridos por indivíduos apreciados, representando uma dificuldade a mais
com autismo, formando moléculas designadas na intervenção. Essa característica não pode ser
exorfinas. Estas moléculas são capazes de esquecida, pois pode comprometer o correto
atravessar a barreira hematoencefálica, que podem cumprimento da dieta, resultando em carências
causar efeitos ao nível do sistema nervoso central devido à ingestão alimentar reduzida (6).
(27, 28).

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Nesse sentido, as modificações alimentares,


quando implementadas, deverão ser sempre
orientadas e acompanhadas por profissionais
experientes, para evitar potenciais deficiências
nutricionais resultantes de uma restrição a longo
prazo (34,35).

Conclusão

O autismo é uma condição complexa. A nutrição, a


atividade física e os fatores ambientais
desempenham papéis primordiais para a melhoria
da qualidade de vida do indivíduo.

Uma boa rotina de exercícios e um


acompanhamento nutricional realizado de forma
individual, tendem a colaborar com uma melhora
nos âmbitos físico, motor e cognitivo.

Apesar de poucas pesquisas realizadas até o


momento, os resultados encontrados são muito
positivos e animadores; frisam a importância do
conhecimento sobre a doença e a capacitação dos
profissionais, pais e cuidadores para que em
conjunto, facilitem o bem-estar do autista.

EDITORA PLENITUDE 56
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EDITORA PLENITUDE
SOP
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A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) foi descrita


pela primeira vez em 1935, por Stein e Leventhal,
Por outro
reprodutiva
lado, nomes
metabólica”,
como,
“síndrome
“síndrome
XX” e
como a combinação de hirsutismo (excesso de “síndrome do ovário cardiometabólico prevalente”,
pelos em regiões de características masculinas), também foram propostos por aqueles que
amenorreia (ausência de menstruação), anovulação entendem ser a resistência à insulina e a disfunção
crônica, infertilidade, obesidade e ovários císticos metabólica as características mais predominantes
aumentados (MORREALE, 2018; VALENTINA, na síndrome. Da mesma forma que a denominação
BERTOLDO, 2019). Mas somente em 1990 é que foi síndrome do ovário policístico não seria adequada,
incluída na Classificação Internacional de Doenças, pela inexistência de cistos, as outras denominações
10ª revisão (CID-10) como síndrome do ovário propostas, também não seriam ideais, já que nem
policístico ou síndrome Stein-Leventhal, pela OMS todas as mulheres apresentam hiperandrogenismo
(MORREALE, 2018). ou resistência à insulina, e muitas delas não
possuem qualquer disfunção metabólica ou
Discute-se muito a atual denominação “síndrome
aumento do risco de eventos cardiovasculares
do ovário policístico”. Tecnicamente, não há
(MORREALE, 2018). Grande parte do problema
presença de cisto e sim de bolsas membranosas ou
quanto à denominação da patologia, está
cavidades de característica anormal, contendo
relacionado aos critérios de classificação adotados
fluidos. (MORREALE, 2018). Essa denominação,
inclusive expressa confusão e preocupação entre Muitas incertezas rondam a fisiopatologia e a

alguns pacientes, sobre a possível malignidade do etiologia da síndrome (MORREALE, 2018;

“cisto”. Inúmeras tentativas em busca de uma VALENTINA, BERTOLDO, 2019). A etiologia ainda

denominação mais coerente foram realizadas. não é totalmente conhecida, porém, sabe-se ser

Sugestões como, “hiperandrogenismo ovariano um complexo multigênico, sofrendo fortes

funcional”, “anovulação hiperandrogênica crônica”, influências epigenéticas (FIGURA-1), no qual a

foram dadas por aqueles que defendem que a alimentação e estilo de vida são fortes fatores de

grande parte da síndrome é causada pelo impacto, que deram origem aos diferentes

androginismo (MORREALE, 2018, VALENTINA, fenótipos da SOP (MORREALE, 2018).

BERTOLDO, 2019).

EDITORA PLENITUDE 58
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O SUMÁRIO

Muito embora as demais definições, como a do


Instituto Nacional de Saúde Infantil e Doenças
Humanas dos Institutos Nacionais de Saúde dos
Estados Unidos (NIH), de 1990, e da Declaração de
Posição da Sociedade de Excesso de Andrógenos e
SOP (AE-SOP) de 2006, permaneçam válidas até o
momento, vamos nos ater ao Consenso de
Figura 1. A figura mostra como fatores ambientais (Epigenator) (e.g., exposição a Rotterdam (MORREALE, 2018; VALENTINA,
hipertensão materna, excesso de andrógenos durante o desenvolvimento fetal,
BERTOLDO, 2019; RICARDO et al, 2006;
diabetes mellitus, produtos finais de glicação avançada (AGE’s) e certas drogas),
podem influenciar na expressão genética e alteração genômica através das ROTTERDAM ESHRE / ASRM, 2004).
gerações. (SHELLEY L et al., 2009)

Classificação segundo Critério de Rotterdan.


Apresenta-se como uma das endocrinopatias mais
comumente vista em mulheres pré- Muito embora as demais definições, como a do
menopausadas, atingindo seguramente de 6% Instituto Nacional de Saúde Infantil e Doenças
(critérios mais antigos, que são mais restritos) a Humanas dos Institutos Nacionais de Saúde dos
20% (critérios mais novos, que são mais inclusivos) Estados Unidos (NIH), de 1990, e da Declaração de
a depender do critério de diagnóstico utilizado, Posição da Sociedade de Excesso de Andrógenos e
sendo sempre de exclusão a outras patologias mais SOP (AE-SOP) de 2006, permaneçam válidas até o
específicas, como, e. g., hiperplasia adrenal momento, vamos nos ater ao Consenso de
congênita não clássica (MORREALE, 2018). Rotterdam (MORREALE, 2018; VALENTINA,

Com relação aos critérios de classificação, sobre BERTOLDO, 2019; RICARDO et al, 2006;

qual deve-se adotar para o fechamento do quadro ROTTERDAM ESHRE / ASRM, 2004).

clínico, também surge confusão, inclusive no grau


de incidência de diagnóstico. Segundo a Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (FEBRASGO), o consenso mais
comumente utilizado é o de Rotterdam de 2003.
Segundo o critério de Rotterdam, três critérios são
descritos, sendo que apenas o preenchimento de
Figura 2. (HÉCTOR F., 2018). A figura mostra os critérios aplicáveis segundo o
dois critérios, mais a exclusão de patologias Consenso de Rotterdam (a); e graus de intensidade da SOP, quando da junção
dos diferentes sinais e sintomas.
específicas, leva ao diagnóstico da SOP (FEBRASGO,
2018).

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Com base no consenso de Rotterdam (FIGURA-2, Tendo em mente que os biomarcadores servem
a), três são as características possíveis de serem como complemento do diagnóstico do
apresentadas num quadro de SOP, a anovulação hiperandrogenismo, eles não devem ser tomados
(oligo-ovulação), o hiperandrogenismo e o ovário como único critério de diagnóstico, sendo, em
policístico (TRACY et al., 2016; VALENTINA, todos os casos, indispensável o exame clínico visual
BERTOLDO 2019). Quando caracterizamos a (e.g., escore de Freeiman-Gallwey (FIGURA-5) feito
anovulação (oligo-ovulação), como sendo uma pelo especialista (AZZIZ, R et al, 1991; ZUUEREN,
disfunção menstrual, podemos notar que 75% das 2015). Dentre essas características físicas alteradas
mulheres com SOP apresentam os sintomas de pelo hiperandrogenismo, se encontram a alopecia
forma evidente, e 20% delas apresentam oligo- androgênica (5%), acne (15-25%) e hirsutismo (e.g.,
ovulação subclínica, ou seja, menstruação crescimento anormal de pelos faciais) (AZZIZ, R et
aparentemente normal (AZZIZ, R et al, 1991). O al, 1991). O terceiro critério são os achados em
próximo critério de diagnóstico é a ultrassonografia transvaginal de área, cujo
hiperandrogenemia, que é presente em 60-80% diagnóstico requer a presença de um volume
das mulheres com SOP (AZZIZ, R et al, 1991). ovariano ≥10 ml (critério preferido quando se usa
Caracterizando-se pelo aumento nos níveis de frequências de transdutor <8 mHz) e / ou 25
testosterona, indicado por marcadores bioquímicos folículos por ovário (critério preferido quando se
específicos. usa transdutores com frequências ≥8 mHz)

Utiliza-se com mais frequência os níveis de (MORREALE, 2018). Podemos notar que a

testosterona livre, por se prestarem a dar resistência à insulina e obesidade não são critérios

sensibilidade na caracterização do de diagnóstico, porém, quase sempre estão

hiperandrogenismo, quando comparado a presentes nos quadros de SOP (AZZIZ, R et al, 1991).

testosterona total, que nesse caso, pouco pode Por fim, a SOP é um diagnóstico de exclusão, como

contribuir (AZZIZ, R et al, 1991). Alguns indivíduos já dito, em que patologias específicas devem ser

(10%) podem não apresentar níveis elevados de excluídas antes do fechamento do quadro clínico

testosterona, tendo como característica do (e.g., hiperprolactinemia, hiperandrogenismo

hiperandrogenismo unicamente, níveis idiopático, hirsutismo idiopático (5-7%),

aumentados do androgênio sulfato de anormalidades da tireoide, entre outras).

desidroepiandrosterona (DHEAS) (AZZIZ, R et al,


1991).

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Mesmo que isolados, cada um desses critérios tem Morreale e Millán (2007), propuseram a hipótese de
consequências clínicas importantes na qualidade que um ciclo vicioso se estabeleceria na medida em
de vida da mulher, e devem ser tratados que o excesso androgênico favoreceria o excesso
individualmente, caso o diagnóstico da SOP não de tecido adiposo abdominal e visceral, induzindo
seja possível. A presença dos três critérios, ou seja, o resistência à insulina e hiperinsulinismo
fenótipo clássico da síndrome, é fortemente compensatório, o que por sua vez facilitaria a
associado com resistência à insulina, que não faz secreção de andrógenos pelos ovários e glândulas
parte dos critérios de diagnóstico, porém, tem adrenais em mulheres com SOP, que pode ser
grande impacto na gravidade e tratamento da SOP. corroborado por vários estudos até o momento
(FIGURA-2, b) (AZZIZ, R et al, 1991). (MOGHETTI et al, 2013).

Mesmo que isolados, cada um desses critérios tem


consequências clínicas importantes na qualidade
de vida da mulher, e devem ser tratados
individualmente, caso o diagnóstico da SOP não
seja possível. A presença dos três critérios, ou seja, o
fenótipo clássico da síndrome, é fortemente
associado com resistência à insulina, que não faz
parte dos critérios de diagnóstico, porém, tem Figura 4. Heterogeneidade fisiopatológica em pacientes com SOP. A esquerda
(azul) temos que o excesso androgênico é grave o suficiente para resultar em
grande impacto na gravidade e tratamento da SOP.
SOP, mesmo que ausentes outros fatores desencadeantes; noutro extremo
(FIGURA-2, b) (AZZIZ, R et al, 1991). (laranja), temos que um leve defeito na secreção de andrógenos pode
desencadear a SOP, dada a coexistência de fatores preexistentes. Portanto,
poderia explicar a heterogeneidade de fenótipos da SOP (HÉCTOR F, 2018).

Figura 5. Escala visual determinante do hirsutismo, onde pontuações de 0 a 4 são


dados em 9 áreas distintas do corpo. Escore de Ferriman-Gallwey modificado.
Figura 3. Hipótese do ciclo vicioso androgênico. (MORREALE, MILLÁN; 2007). Cochrane Database Syst Rev. 2015.

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SOP e Riscos para Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) Segundo Morreale (2007), todos os pacientes
e Doença Cardiovascular (DCV). compartilham de excesso androgênico, no entanto,
Dado o grande impacto na saúde da mulher, a SOP o que diferencia o grau dessa anormalidade
está muito além de ser tratada como um problema androgênica na influência da SOP, é a coexistência
de fertilidade ou simplesmente estético. de adiposidade abdominal, adiposidade visceral
e/ou resistência à insulina.
Mulheres com SOP são conhecidas por serem um
grupo de risco para DM2 e DCV (SHARMA, Dietoterápica.
NESTLER, 2006). A taxa de incidência é de 5 a 10 Já é de grande compreensão que um dos fatores
vezes maior para o surgimento de DM2 em agravantes para o quadro de SOP e do
mulheres com SOP, do que em mulheres saudáveis desenvolvimento da síndrome metabólica, é o
(EHRMANN et al, 1999; LEGRO et al, 1999). excesso de adiposidade (ZUUEREN, 2015). Segundo
a Diretriz Internacional Baseada em Evidência para
A oligomenorréia, caracterizada em situações de 8
Avaliação no Tratamento da SOP, a perda de peso
ou menos ciclos menstruais por ano, sendo um
vem a ser um dos pilares fundamentais no
fator preditivo para DCV e DM2, na qual as chances
tratamento da SOP (ZUUEREN, 2015).
são aumentadas em 1,5-1,9 e 2 vezes,
respectivamente (SHARMA, NESTLER, 2006). Segundo DESAI et al (2016), uma grande discussão
Mulheres com oligomenorréia tem 80% de se estabelece em torno de qual seria a conduta
chances de serem diagnosticadas com SOP. dietoterápica mais adequada, visando a melhora
dos sinais e sintomas relatados na SOP em conjunto
Portanto, apenas a classificação e diagnóstico da
com a perda de peso quando necessária.
SOP, sem que haja uma individualização das
manifestações clínicas, não é ideal. Como vemos, as Um padrão dietético que é há tempos reconhecido
consequências de um diagnóstico de SOP, como promotor de saúde, é a dieta do
juntamente com obesidade, são totalmente mediterrâneo. O padrão dietético do mediterrâneo
diversas de um diagnóstico com obesidade ou (DM) ganha destaque pelo seu alto consumo de
complicações metabólicas, porém, com ambos os gorduras insaturadas, carboidratos de baixo índice
pacientes atendendo aos critérios de classificação glicêmico, fibras, vitaminas, minerais, moderada
da SOP (MORREALE, 2018). quantidade de proteína animal e alimentos com
propriedades antioxidante e anti-inflamatórios
(WILLETT, 1995).

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O alto poder anti-inflamatório atribuído à DM está


relacionado à melhora da saúde intestinal, mais
especificamente, no aumento da qualidade e
quantidade dos microrganismos intestinais
(FIGURA-7), principalmente das bactérias
produtoras de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC
– propionato, acetato e butirato), e está associado Dietoterápica.
inversamente à adiposidade, risco reduzido de
diabetes mellitus tipo 2, resistência à insulina e Figura 7. Hábitos simples como uma boa qualidade do sono, diminuição dos
níveis de stress (físicos e psicológicos), dieta balanceada, prática de atividade
doenças cardiovasculares (WILLETT, 1995) física moderada e evitar o uso desnecessários de medicamentos (e. g., uso
antibióticos (principalmente na infância), inibidores de bombas de prótons, etc)
podem melhorar a qualidade da microbiota intestinal. (REDONDO et al, 2020)

Com relação aos carboidratos da dieta, Paoli e


colab. (2020), advogam que o menor consumo de
carboidratos, incluindo aqueles de baixa carga
glicêmica (CG), está associado à melhora da
resistência à insulina e hiperandrogenismo. Os
carboidratos de alta CG são compreendidos como
aqueles que fornecem rápidas e grandes
quantidades de glicose para a corrente sanguínea,
Figura 6. Os AGCC provenientes da metabolização das fibras dietéticas, podem
ser utilizados como fonte de energia para os enterócitos e como moléculas de em um curto período de tempo (i.e. hiperglicemia
sinalização da saúde intestinal. Os AGCC agem melhorando distúrbios
aguda) (PAOLI et al, 2020).
metabólicos relacionados a obesidade, como melhora da sensibilidade insulina e
diminuição do acúmulo de lipídeos, tanto de origem muscular, como hepática; Paoli e colab. (2020), citam a dieta cetogênica como
aumento da captação de AGL e diminuição da lipólise no tecido adiposo;
aumento da saciedade através de hormônios intestinais (GLP-1 e PYY), entre
outro possível padrão dietético, relacionado ao
outros (PLAZA-DIAS J et al, 2011). tratamento da SOP. Os autores encontram, após 12
O azeite de oliva, um dos principais alimentos que semanas, melhoras nas médias de peso corporal
compõem esse padrão alimentar, é considerado (-9,43 kg), IMC (-3,33 kg/m2), MLG (+8,29 kg) e
não só uma excelente fonte gordura redução dos níveis de insulina, testosterona total e
monoinsaturada, mas também um alimento rico livre, DHEAS, relação LH/FSH, aumento nos níveis
em compostos fenólicos (e.g., oleocanthal) de SHBG e estradiol (E2) (FIGURA 8 e 9). Foi
reconhecidos por seu potente efeito anti- proposto pelos autores que a redução da insulina
inflamatório, com estrutura química semelhante a circulante, proporcionou redução nos níveis de
do ibuprofeno (CICERALE et al, 2009). IGF-1, suprimindo a produção de andrógenos
ovarianos e suprarrenais.
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O SUMÁRIO

O alto poder anti-inflamatório atribuído à DM está


relacionado à melhora da saúde intestinal, mais
especificamente, no aumento da qualidade e
quantidade dos microrganismos intestinais
(FIGURA-7), principalmente das bactérias
produtoras de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC
– propionato, acetato e butirato), e está associado
inversamente à adiposidade, risco reduzido de
diabetes mellitus tipo 2, resistência à insulina e
Figura 9. Relação LH/FSH. A células da teca são estimuladas para a síntese de
doenças cardiovasculares (WILLETT, 1995) testosterona (TT) pelo hormônio gonadotrófico LH; enquanto as células da
granulosa sintetizam estradiol (E2), pelo estímulo da gonadotrofina FHS.O
aumento da razão LH/FSH encontrado na SOP, causa um aumento na produção
de testosterona e diminuição de E2, contribuindo para o excesso androgênico
característico da síndrome. (DE LEO V. et al., 2016)

Daniela et al, (2013) realizando estudo com 60


mulheres magras com SOP (IMC 23 kg/m2), em
duas dieta isocalóricas de manutenção (~1.800 kcal),
de forma que o grupo 1 consumisse mais calorias na
parte da manhã (980 kcal de café da manhã (54%),
640 kcal (35%) de almoço, 190 kcal (11%) de jantar), e
o grupo 2 consumisse mais calorias no jantar (190
kcal (11%) de café da manhã, 640kcal (35%) kcal de
Figura 8 Melhora do quadro hormonal: diminuição da testosterona TT e livre,
DHEAS, redução da relação LH/FSH; aumento de Estradiol e SHBG, ou seja, almoço e 980kcal (54%) de jantar) por 90 dias.
menor androgenicidade (PAOLI et al, 2020).

Por fim, estudos baseados na crononutrição,


O grupo 1 obteve reduções significativas de AUC de
mostram vantagens nos ajustes das kcal/dia,
glicose (-7%) e AUC da insulina (-54%), TT livre
conforme o horário da refeição (XIAO Q., 2019)
(-50%) e SHBG (+105%). Como desfecho, melhora
(FIGURA-9).
no hiperandrogenismo e taxa de ovulação foram
encontradas no grupo 1, enquanto no grupo 2,
nenhuma melhora foi observada. Interessante
notar que o estudo foi realizado com mulheres
magras, com IMC (23 Kg/m2).

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Mulheres magras com SOP, parecem ter uma Figura 10. A cronobiologia levou ao surgimento da ciência da crononutrição,
campo de pesquisa em ascensão, na qual o principal objetivo é estudar como o
forma de resistência à insulina intrínseca da doença horário e o tipo de nutriente pode influenciar, tanto na melhora da qualidade de
vida como no surgimento de doenças. Na figura podemos observar o controle
e ainda muito mal compreendida, que é adicional a
dos sistemas endócrinos, comportamental, autônomo e temperatura corporal
resistência insulínica imposta pelo excesso de peso pelo ritmo circadiano. O ritmo circadiano pode influenciar na metabolização de
nutrientes e surgimento de certas doenças metabólicas. Sinais externos como a
(SHARMA, NESTLER, 2006).
luz ou escuridão, influenciam via trato retino-hipotalâmico na secreção de
Dado o estudo acima, o planejamento alimentar de melatonina e cortisol. Estes sinais centrais (clock genes - NSQ), por sua vez, estão
em compasso com relógios periféricos, localizados em cada órgão do corpo
acordo com o ritmo de sono e vigília, adotado por (“pequenos reloginhos em cada órgão”). (HICKIE IB, 2013).

mulheres com SOP, poderia apresentar benefícios * NSQ – núcleo supraquiasmático.

que vão além da perda de peso ou quando está já


Dietoterápica na prática clínica:
não é necessária (mulheres magras), na melhora da
sensibilidade insulínica. 41% CHO, 19% Ptn e 40% Lipídeos (GOWER
BA et al, 2013);
Dado o estudo acima, o planejamento alimentar de
4,8% CHO (20,3 gramas) 24% Ptn
acordo com o ritmo de sono e vigília, adotado por
(1,23g/kg/peso) e 71% Lipídeos (PAOLI et al,
mulheres com SOP, poderia apresentar benefícios
2020);
que vão além da perda de peso ou quando está já
Café da manhã (6:00h às 09:00h) 54% das
não é necessária (mulheres magras), na melhora da
kcal, almoço (12:00 às 15:00) 35% das kcal e
sensibilidade insulínica. Jantar (18:00h às 21:00h) 11% das kcal
(DANIELA et al, 2013); *mulheres magras

Alimentos/ Suplementos adjuvantes na terapia


da SOP
As terapias medicamentosas mais utilizadas na SOP
são anticoncepcionais orais, anti-androgênicos,
sensibilizadores de insulina (principalmente a
metformina) e inibidores de aromatase. Nenhum
medicamento foi aprovado especificamente para o
tratamento da SOP, sendo utilizados de forma off
label, ou seja, fora das indicações da bula. Aqui,
vamos nos limitar aos alimentos e suplementos que
podem auxiliar na terapia medicamentosa.

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O SUMÁRIO

Embora não se saiba por quais mecanismos exatos F) Vitamina D:


esses alimentos/suplementos possam influenciar * Dosagens sugeridas: 1.000 a 4.000 UI (de acordo com a
necessidade).
no tratamento medicamentoso, Moini e Colab.
* Necessidade de avaliação laboratorial: 25-hidroxivitamina D
(2018), acredita-se ser pelo seu potencial (25OHD): níveis ótimos: 40-50ng/mL.

antioxidante e anti-inflamatório, regulação dos * Mulheres com SOP geralmente apresentam deficiência,
independente de obesidade.
hormônios sexuais, melhora da sensibilidade a
insulina e do perfil lipídico. G) Vitamina B12:
* Dosagens sugeridas: 500mcg a 1 mg de metilcobalamina/dia.
(SHURRAB, ARRAFA, 2020).
Alimentos/ suplementos na prática clínica:
* Necessidade de avaliação laboratorial: níveis ótimos acima de

A) Chá de hortelã: 500pg/mL.

* Dosagem sugerida: 150 ml, 2x/dia por 30 dias. * Hipovitaminose devido ao uso de hipoglicemiantes orais, e.g.,
metformina
* Possível melhora nos níveis de hirsutismo (GRANT, 2010).
* Possíveis colaterais: acne

B) Sesamum indicum (Gergelim): H) Magnésio + Vitamina E:


* Dosagem sugerida: 60 g/dia no café da manhã. * Dosagens sugeridas: 250mg/dia de óxido de magnésio + 400
* Possível melhora significativa na ciclicidade menstrual (JAZANI UI/da de vitamina E por 12 semanas (SHOKRPOUR et al, 2018).
et al, 2018). * Necessidade de avaliação laboratorial: níveis ótimos de
* Obs. Dosagem sugerida pelo estudo se mostra muito alta na magnésio sérico: 2-2,2 mg/dL.
prática. * Possível melhora nos efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes
* Pode ser interessante fracionar ou dosagem menor em causados pela SOP.
combinação com outros compostos. * Possível melhora do hirsutismo (sem alterações nos níveis
hormonais).
C) Cinnamomum verum (canela em pó):
* Dosagem sugerida: 1,5 g/dia. I) Zinco
* Possível melhora significativa na ciclicidade menstrual (JAZANI * Dosagem sugerida: 15 mg de zinco quelado (ALICJA et al, 2016).
et al, 2018). * Necessidade de avaliação laboratorial: níveis ótimos acima de
90 mcg/dL.
D) Ômega 3: * Possível melhora na acne vulgaris.
* Dosagens sugeridas: 2g/dia por 6 meses (KHANI et al, 2017).
* Possível melhora no perfil lipídico (LDL, HDL e Triglicerídeos). J) Myo-inositol:
Não houve melhora na glicemia em jejum, no número e * Dosagens sugeridas: 2-4g/dia myo-inositol (FRUZZETI et al,
tamanho de folículos ovarianos, no volume de sangramento e na 2017; FACCHINETTI et al, 2019).
pontuação de hirsutismo. * Possível melhora da acne e hirsutismo.
* Efeitos possivelmente comparáveis a metformina (1,5-2g/dia),
E) Berberine: porém sem efeitos gastrointestinais.
* Dosagens sugeridas: 300 a 500mg/dia (XIE L et al, 2019).
* Não se mostrou eficaz na combinação com metformina K) Picolinato de Cromo:
(500mg/dia). * Dosagem sugerida: 200mcg/dia (JAMILIAN et al, 2015)
* Eficaz na combinação com acetato de ciproterona. * Possível melhora nos biomarcadores insulínicos e tendência a
melhora no perfil lipídico.
(continua...)

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Conclusão O SUMÁRIO

Muitas mulheres em idade reprodutiva têm sido


diagnosticadas com SOP. Temos uma forte
associação com os padrões dietéticos e estilo de
vida. A medida primária de tratamento é a mudança
do estilo de vida, com melhoras no padrão
alimentar e prática regular de exercícios físicos.
Não existe um padrão alimentar específico para o
tratamento, porém, a inclusão de um padrão
dietético com baixas quantidades de carboidrato de
baixo índice glicêmico, fibras, alimentos
antioxidantes e anti-inflamatórios, ajuste nas
refeições de acordo com ritimicidade do ciclo sono
vigília, estão associados, na maioria dos casos, no
controle insulinêmico, androgênico e consequente
melhora de alguns dos sintomas.

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O SUMÁRIO

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O SUMÁRIO

A ssim como já aconteceu com o glúten, o ovo e a


gordura animal, nos últimos anos, a lactose se
É verdade que a intolerância à lactose é prevalente,
por diversos fatores. Muitos indivíduos estão tendo
tornou um vilão da alimentação. Produtos sem sintomas correlacionados com a intolerância à
lactose têm se tornado cada vez mais populares lactose (ou confundindo os sintomas) e excluindo,
entre as pessoas, e ganharam espaço nas por conta própria, alimentos do dia a dia sem a real
prateleiras dos supermercados. Mas será que é necessidade. Um diagnóstico correto é o primeiro
realmente necessário retirar a lactose da passo para uma abordagem e manejo nutricional
alimentação? adequados. É necessário saber o que é a lactose,
como ela é constituída e por que ela pode ocasionar
Infelizmente, ainda prevalece a ideia errada de que
certos sintomas em determinados organismos.
a lactose, presente nos derivados do leite, pode
fazer mal à saúde. Um conceito sem qualquer
embasamento científico, já que a busca por uma A lactose é um carboidrato presente no leite e seus
alimentação mais saudável não implica retirar da derivados, da classe dos dissacarídeos, ou seja,
alimentação qualquer tipo de alimento ou composta por duas moléculas de monossacarídeos
nutriente. (glicose + galactose) que constituem a maior parte

É verdade que a intolerância à lactose é prevalente, dos carboidratos presentes no leite e seus

por diversos fatores. Muitos indivíduos estão tendo derivados. (1)(2).

sintomas correlacionados com a intolerância à Quando ingerimos um alimento que contém


lactose (ou confundindo os sintomas) e excluindo, lactose, nosso organismo deve hidrolisar, ou seja,
por conta própria, alimentos do dia a dia sem a real quebrar esse dissacarídeo em glicose e galactose
necessidade. Um diagnóstico correto é o primeiro para ser absorvido pelo intestino delgado. A
passo para uma abordagem e manejo nutricional hidrólise é feita pela enzima lactase (3). Em
adequados. É necessário saber o que é a lactose, indivíduos que possuem deficiência dessa enzima, a
como ela é constituída e por que ela pode ocasionar lactose não será hidrolisada. Essa alteração
certos sintomas em determinados organismos. determina um aumento de carga osmótica no
intestino delgado e a fermentação da lactose pela
flora bacteriana no intestino grosso, causa uma alta
produção de ácidos graxos de cadeia curta e gases
(dióxido de carbono, hidrogênio e metano) pela
microbiota intestinal (4).

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Essa fermentação ocasiona os diversos sintomas A intolerância primária pode acontecer em


que acometem os indivíduos com essa deficiência, qualquer idade, até a vida adulta, e é provocada pela
podendo provocar problemas gastrointestinais, baixa na concentração da enzima lactase no
desconfortos abdominais e outros sintomas (3). organismo humano; tende a ter característica
Vale ressaltar que a intolerância à lactose é genética. Já a intolerância secundária ocorre
diferente da alergia à proteína do leite. A alergia é devido à presença de lesões ou doenças intestinais,
mediada por uma reação imunológica adversa às sendo transitória e reversível. Quando o epitélio
proteínas do leite, que se manifesta após a ingestão intestinal se recupera, a atividade da enzima lactase
de uma porção, por menor que seja, de leite ou reaparece, sem alterações (3)(8).
derivados (5). Já a intolerância é uma reação não Má-absorção da lactose
imunológica que inclui mecanismos metabólicos,
É definida como uma causa na falha do processo de
tóxicos, farmacológicos e até mesmo indefinidos.
digestão e/ou absorção de lactose no intestino
Muitas vezes a intolerância pode ser confundida
delgado. A principal causa é a não persistência
com a alergia, por isso, o diagnóstico deve ser feito
primária (genética) da enzima. A probabilidade de a
com cautela, de acordo com sinais, sintomas e
má-absorção de lactose gerar quadro de
exames bioquímicos (6).
intolerância depende de múltiplos fatores, como:
Estudos atuais mostram que aproximadamente quantidade de lactose ingerida, velocidade do
70% da população adulta em todo o mundo têm trânsito intestinal, expressão de lactase na borda
alguma deficiência na expressão da enzima lactase, em escova, história de doenças do trato
o que ocasiona diversos sintomas gastrointestinais. gastrointestinal (exemplo: doença de Crohn,
Contudo, na maior parte dos casos, essa situação síndrome do intestino irritável), histórico de
pode ocorrer por duas razões: predisposição cirurgias no trato gastrointestinal, transtornos de
genética ou presença de outros distúrbios ansiedade e composição da microbiota intestinal
gastrointestinais que ocasionam a deficiência da (9).
lactase (7).
Diagnóstico
Classificação
Existem diversas maneiras para se fazer o
A intolerância à lactose pode ser classificada em
diagnóstico da intolerância à lactose.
três tipos: congênita, primária e secundária. A
Primeiramente, iniciamos com abordagens de
intolerância congênita é provocada pela ausência
sinais e sintomas, para entender melhor o que o
completa da lactase ao longo de toda a vida de um
individuo possui e quais suas queixas.
indivíduo, sendo detectada desde o nascimento da
Posteriormente, exames são solicitados para
criança.
comprovar o diagnóstico.
EDITORA PLENITUDE 71
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Os testes mais utilizados no Brasil são o teste de Dietoterapia – Manejo nutricional


tolerância à lactose e o teste do hidrogênio Os pacientes com intolerância à lactose,
expirado com lactose. O teste do hidrogênio normalmente são instruídos a excluírem de sua
expirado com lactose possui um princípio de dieta todos os produtos que contenham leite ou
aumento do H2 expirado após desafio com lactose. derivados para reduzir a manifestação dos
São avaliados os sintomas que o indivíduo sintomas. Entretanto, essa recomendação não é a
apresenta e o custo do exame pode ser um pouco melhor opção, pois a maior parte dos pacientes
elevado. Já o teste de tolerância à lactose possui ainda pode tolerar uma dose pequena de lactose
como princípio o aumento de glicose plasmática diariamente, e esse limiar de tolerância ainda pode
após o desafio com lactose. São observados os aumentar um pouco, se a lactose for consumida
possíveis sintomas após o teste e seu custo é mais junto com outros nutrientes. Esse é um assunto
baixo (9). muito importante, pois a total exclusão de leite e
derivados da dieta pode ocasionar deficiência de
Sintomas
micronutrientes (7).
Os sintomas de intolerância à lactose geralmente
Dessa forma, recomenda-se que o manejo
não ocorrem até que haja menos que 50% de
nutricional para casos de intolerância à lactose seja
atividade da enzima lactase. A ingestão regular de
evitar o consumo de produtos que contenham alta
alimentos contendo lactose também pode gerar
quantidade de lactose ou realizar a ingestão da
um efeito. Embora a expressão da lactase não seja
enzima lactase. Pode-se ainda consumir alimentos
regulada positivamente pela ingestão de lactose, a
que tenham quantidade de lactose reduzida pela
tolerância pode ser induzida pela adaptação da
fermentação, como iogurte ou coalhada, ou até
flora intestinal. Além disso, a maioria das pessoas
mesmo excluídas por processos industriais, como
com intolerância primária, consegue tolerar
os alimentos industrializados sem lactose (3).
pequenas quantidades de lactose (menos de
12g/dia), especialmente quando combinada com Alguns estudos apontam que a tolerância à lactose

outros alimentos e distribuída ao longo do dia (2). pode ser melhorada pela manipulação da
microbiota intestinal, através da ingestão de
No geral, os sintomas mais reconhecidos pelos
prebióticos. De maneira individualizada e
indivíduos são gastrointestinais, náusea, cólica,
acompanhada por um profissional, os prebióticos
flatulência, diarreia, inchaço, dor abdominal, dentre
pode auxiliar em uma melhora na composição
outros. Normalmente, esses sintomas se iniciam
bacteriana e alívio dos sintomas (10).
por volta de 30 minutos até 2 horas após o
consumo de algum alimento contendo lactose (3).

EDITORA PLENITUDE 72
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O manejo nutricional se faz necessário uma vez que


indivíduos intolerantes possuem um consumo
menor de cálcio, em comparação com indivíduos
tolerantes a lactose, e, a partir de estudos
observacionais, foi constatado que a exclusão de
lácteos estava associada a problemas de saúde
óssea, aumento da pressão arterial e aumento do
risco de diabetes (8).

No caso da intolerância à lactose secundária, por


exemplo, a primeira intervenção seria o tratamento
e correção da flora intestinal, ocasionada em
decorrência de alguma doença. Após essa correção,
o distúrbio transitório da enzima lactase tende a ser
corrigido. Já a intolerância primária requer
cuidados maiores, pois, de fato, o indivíduo terá
esse transtorno ao longo da vida, sendo necessário
um acompanhamento nutricional mais rígido, para
evitar sintomas e deficiências nutricionais.
Normalmente, uma pequena quantidade de lactose
ainda pode ser aceita pelos indivíduos, mas a
reintrodução alimentar e o tratamento nutricional
devem ser supervisionados (11).

Estudos também apontam a suplementação da


enzima lactase, em alguns casos, na forma de
comprimidos, para melhora da digestão da lactose
e redução da produção de H2 (os gases formados
no intestino após a fermentação), ainda que os
efeitos de diminuição dos sintomas em geral não
apresentem alta relevância. Outra abordagem que
também pode ser indicada é a formulação de
probióticos, como Lactobacillus spp.,
Bifidobacterium longum ou Bifidobacterium
animalis, que produzem a enzima lactase no
intestino e auxiliam a digestão. Uma revisão
sistemática recente, com a aplicação dessa
formulação em indivíduos intolerantes, apresentou
resultados positivos, no entanto, não se mostrou
superior ao conjunto do tratamento dietético, junto
com uma dieta balanceada e acompanhamento
profissional (10).
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Para atender as necessidades dietéticas desses


indivíduos, atualmente a indústria de alimentos
oferece uma grande variedade de produtos isentos
de lactose ou com a própria enzima lactase. Além
disso, a hidrólise da lactose também é bastante
revisada por algumas indústrias como uma opção.
Hoje, já podemos ter fácil acesso a alimentos sem
lactose, ou reduzidos em lactose, como leite,
queijos, iogurtes e outros produtos fermentados.
Contudo, é imprescindível que esses produtos
tenham uma boa rotulagem nutricional, e o
entendimento dos próprios indivíduos para que
possam escolher a melhor opção entre tantas
disponíveis nas prateleiras dos supermercados (3)
(8).

Conclusão
Vimos que estratégias nutricionais são essenciais
para indivíduos com intolerância à lactose, bem
como o correto manejo nutricional, visando
redução da carga de lactose, tempo de
esvaziamento gástrico e/ou tempo de trânsito
intestinal, o aumento da atividade láctica e a
compensação da flora intestinal através das
formulações para uma maior tolerância. Todas as
alternativas devem ser acompanhadas por um
profissional, para o correto manejo clínico,
permitindo assim que o indivíduo consiga ter uma
vida melhor, mais saudável e cobrindo todas as
recomendações diárias de micronutrientes para
evitar possíveis deficiências.

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Afetiva

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A s práticas alimentares são reflexo da história


cultural e social de um indivíduo, e correspondem a
Comida é muito mais que alimento. O ato de comer
não nutre apenas nosso corpo, mas nossas
procedimentos desde a escolha e preparação, até o memórias, sentimentos e vivências. Certeau (2000)
consumo do alimento. No comportamento sinaliza que o ato de se alimentar está muito além
alimentar de uma pessoa, não há somente a busca de manter um corpo biológico. Comemos para
pela satisfação das necessidades fisiológicas, mas nutrir as nossas relações com as pessoas e com o
também pelas necessidades psicológicas, sociais e mundo, as referências no tempo e no espaço. A
culturais. Além disso, a conduta alimentar engloba comida é capaz de ser lida como um canal de afeto
também aspectos biológicos, cognitivos, ou como uma barreira social. É preciso, então,
situacionais e afetivos, que correspondem às analisá-la como uma gramática de relações para
atitudes e sentimentos que se tem em relação à que possamos decodificar as suas regras. Altoé et al
alimentação. Neles estão inseridos os motivos (2019) afirmam que “come-se com todo o corpo,
pessoais relacionados aos valores sociais, culturais, inclusive com o coração”, e isso evidencia que a
religiosos e outros significados atribuídos ao comida pode ser lida também como um indicador
alimento. de laços afetivos.

A comida é uma maneira de criar e expressar as Tal aspecto simbólico está intimamente
relações entre os indivíduos. Quando o alimento é relacionado ao potencial do alimento em despertar
consumido em uma refeição coletiva, fica evidente memórias afetivas, como os pratos típicos de
a relação dos indivíduos entre si e com o mundo família, que evocam emoções, remetendo a lugares
exterior, estabelecida por todo o curso da vida. e pessoas queridas. Atrelada aos sentidos, uma
Diversos momentos da nossa existência são refeição desperta sensações gustativas, olfativas e
marcados pela presença de alimentos, e o visuais, mas, para além dos cinco sentidos, uma
componente afetivo orienta a escala de receita tem potencial de fazer aflorar sabores
preferências e símbolos alimentares, como a esquecidos e trazer à tona lembranças carregadas
comida de ocasiões especiais, na demonstração de de sentimentos. O sabor é um disparador de
afeto, no presentear pessoas com alimentos, nos memórias que muitas vezes funciona como uma
ritos de passagem, como batizados, aniversários, forma de matar saudades de casa, das pessoas, da
casamentos, formaturas. infância ou de outros tempos mais felizes. Essa
dimensão afetiva está presente especialmente em
pratos considerados marcantes na vida de um
indivíduo (Calvo, 1982).
EDITORA PLENITUDE 76
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Quando usamos a expressão “alimento para alma”, As comidas e as memórias são interligadas numa
não é apenas metaforicamente que a invocamos. complexa associação de ideias e emoções,
Comemos para suprir necessidades nutricionais, conscientes ou inconscientes, capazes de
mas também para atender demandas afetivas. A transportar o indivíduo para um momento, um
afetividade tem lugar importante na alimentação de lugar, uma casa, uma cozinha e/ou para todo um
todas as pessoas. Mia couto, escritor contexto afetivo-relacional. Não é por acaso que o
moçambicano, nos lembra que “cozinhar não é gosto e o cheiro são privilegiados na capacidade de
serviço, é um modo de amar os outros” (2009, p. nos transportarem ao passado: o paladar e o olfato
126). Nessa fala, o autor nos aponta o quão são os sentidos com ligação direta ao hipocampo,
carregado de afetividade está o ato de preparar o parte do cérebro que constitui o substrato
alimento e também de apreciá-lo, pois trata-se do neuroquímico da memória.
outro sentir-se amado também. Entre vários aspetos passíveis de serem abordados
Mintz (2001) diz que os hábitos alimentares podem no âmbito da dimensão psicológica e afetiva da
mudar de acordo com o nosso crescimento, mas escolha alimentar, destaca-se, ainda, a função do
que a memória do aprendizado alimentar prazer que a comida pode ter na vida dos
permanece em nossa consciência por toda a vida. indivíduos. As escolhas alimentares desempenham
Esse simbolismo é vinculado à comida na medida um papel importante para o bem-estar dos
em que o alimento atua como elemento indivíduos em geral e, em particular, para
fundamental para a conexão do indivíduo com suas populações cujas vulnerabilidades reduzem as suas
memórias afetivas, e elas implicam lembranças fontes de prazer e satisfação, fazendo com que as
capazes de fazer surgir emoções. Além da comida, pessoas depositem imensa importância na comida,
outros fatores podem desencadear essas transformando-a em uma fonte ainda maior de
lembranças, como cheiros, sons e lugares. Tudo o prazer.
que nos estimule sensorialmente, gerando uma Entre vários aspetos passíveis de serem abordados
percepção involuntária de um momento no âmbito da dimensão psicológica e afetiva da
importante da vida, guarda esse potencial. Não é escolha alimentar, destaca-se, ainda, a função do
preciso se forçar a lembrar da situação. A memória prazer que a comida pode ter na vida dos
involuntária intervém e tenta fazer a sensação indivíduos.
antiga “se superpor, se acoplar à sensação atual”
(Deleuze, 1987, p. 20).

EDITORA PLENITUDE 77
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As escolhas alimentares desempenham um papel O SUMÁRIO

importante para o bem-estar dos indivíduos em


geral e, em particular, para populações cujas
vulnerabilidades reduzem as suas fontes de prazer
e satisfação, fazendo com que as pessoas
depositem imensa importância na comida,
transformando-a em uma fonte ainda maior de
prazer.

É importante que o nutricionista esteja atento à


integralidade do atendimento, vigilante aos hábitos
alimentares, mas, principalmente, ao
comportamento do indivíduo em relação à comida.
É indispensável questionar o que ele espera, até que
ponto está disposto a ter sua rotina alimentar
modificada, e até onde podemos interferir nessa
rotina, estabelecendo uma relação consensual
entre nutricionista e paciente. Nenhuma
intervenção ao nível das escolhas alimentares pode
estimular mudanças sem dar espaço e tempo para
compreender, previamente e desejavelmente,
através de um trabalho colaborativo, quais funções
para além das básicas, aquela alimentação cumpre
na vida afetiva, relacional e emocional do indivíduo.
Por isso, um acompanhamento individualizado e
que considere a idiossincrasia do paciente faz total
diferença no atendimento e acolhimento
nutricional.

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H oje em dia, é muito fácil encontrar em mercados


e casas de produtos naturais suplementos que
Com sua ampla gama de efeitos ela é capaz de
regular o ritmo biológico, mostrando seus
auxiliam na regulação do sono, porém, poucos benefícios também na imunidade, reprodução,
buscam tratar a causa dessa insônia, e acabam por digestão, função do sistema nervoso central (3),
tomar o que receitaram para a amiga, ou o que atividades antioxidantes e antitumorais, apresentar
funcionou com o vizinho, sem ao menos saber se é efeitos antienvelhecimento e anti-inflamatórios,
cientificamente comprovado. Mas será que todos realizar atividades anticâncer, com relatos de que
esses suplementos trazem os benefícios ela ainda seria capaz de exibir efeitos
esperados? O queridinho do momento tem sido a neuroprotetores, além de facilitar o controle de
melatonina e muitos garantem sua eficácia. doenças crônicas, como as cardiovasculares, o
diabetes e a obesidade (2).
Produzida pela glândula pineal, a melatonina é um
hormônio circadiano produzido a noite, regulado Como todo e qualquer suplemento ou

pelo ciclo claro/escuro, e sua síntese ocorre a medicamento, a melatonina deve ser prescrita por

partir do aminoácido essencial triptofano e um profissional capacitado, pois, em alguns casos,

derivado da serotonina, tendo como principal ela pode ser perigosa ou exigir uma atenção maior

função a promoção do sono e controle do ritmo (3). Os pacientes suscetíveis à depressão podem ser

circadiano em humanos (1). um dos grupos que não se beneficiariam com o uso
dessa substância, já que alguns estudos sugerem
Por muito tempo acreditou-se que a melatonina
que a melatonina poderia induzir ou aprofundá-la
era um hormônio exclusivo da glândula pineal dos
(3). Devemos também nos atentar aos casos de
animais, mas, com o passar dos anos, foi possível
pacientes com risco cardiovascular, pois eles
identificar a melatonina em insetos, fungos e
podem desenvolver uma vasoconstrição e elevação
bactérias e até em plantas comestíveis. Vários
dos níveis de pressão arterial (3). Já seus benefícios
estudos relatam que o consumo de alimentos ricos
são cientificamente comprovados para promover o
em melatonina é capaz de aumentar
sono, reduzir a insônia e as manifestações clínicas
significativamente a concentração de melatonina
do jet lag (dissincronose) (3).
sérica, passando a ser considerado nutracêutico (2).

EDITORA PLENITUDE 80
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Como a melatonina pode influenciar os atletas? Existem vários alimentos que contêm melatonina,
O sono inadequado pode afetar negativamente o porém, a sua concentração nos alimentos varia
organismo, comprometendo o metabolismo dos muito, de espécie para espécie, podendo também
carboidratos, o apetite, a ingestão de energia e a ser distribuída de forma desigual em um animal ou
síntese de proteínas, gerando assim um impacto planta por causa das diferentes características
desfavorável no estado nutricional, metabólico e dinâmicas biofísicas nos órgãos (7). O que também
endócrino de um atleta, como também seu pode influenciar no teor de melatonina é o
desempenho e recuperação (4, 5). Com o ciclo de ambiente onde as plantas são cultivadas, incluindo
carboidratos afetado, ocorre uma diminuição nos temperatura, duração da exposição a luz solar,
estoques de glicogênio pelo fígado e músculo, processo de amadurecimento e tratamento
afetando a reserva de energia que seria utilizada agroquímico (7).
durante o exercício físico (6). A privação do sono As fontes dietéticas de melatonina, de origem
mostrou ainda um aumento do hormônio de animal, podem ser encontradas em ovos e peixes,
estresse circulante, além de aumentar o sendo detectada também no leite materno e nos
catabolismo e reduzir o anabolismo, impactando na leites fornecidos por outros animais (7, 8). Nos
taxa de reparo muscular, por isso o sono é visto cereais foi constatado no trigo, cevada e aveia, mas,
como fundamental na recuperação pós-exercício segundo um estudo, no pão encontramos
ou na redução da fadiga. (5). concentrações mais altas no miolo do que na crosta
Antes de iniciar o uso de suplementos para a (9, 10). Nas frutas podemos perceber altas taxas nas
melhora do sono devemos, primeiramente, uvas (11), cerejas (12) e morangos (13). No grupo dos
melhorar a alimentação desses atletas, pois existem vegetais o tomate (13) e o pimentão (7) seriam os
estratégias nutricionais capazes de atuar nos mais benéficos, podendo ser encontrada também
neurotransmissores que impactam positivamente o nos cogumelos (7). Já nas leguminosas e sementes
sono (5, 7). Além dos alimentos ricos em podemos observar altas doses de melatonina na
melatonina, devemos nos atentar ao consumo de mostarda branca e preta (7). O processo de
alimentos ricos em triptofano, pois eles aumentam germinação de leguminosas também se mostrou
a síntese de serotonina que, por sua vez, é eficaz nos aumentos dos seus níveis de melatonina.
convertida em melatonina (4). O triptofano tem sua Um estudo mostrou que sementes de soja
fonte dietética encontrada no leite, peru, frango, germinadas tiveram um aumento de 400%, em
peixe, ovos, semente de abóbora, feijão, amendoim, relação às sojas cruas (14, 15).
queijo e vegetais de folhas verdes (4).

EDITORA PLENITUDE 81
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Nas sementes de feijão foi observado um aumento Foi realizado um estudo com cerejas azedas, que
11 vezes maior do que nas sementes cruas (14, 15). As apresentaram em sua composição uma variedade
oleaginosas apresentaram teores de melatonina, e de compostos fenólicos, com propriedades
as que se sobressaíram foram as nozes e o pistache antioxidantes e anti-inflamatórias (4). Outro estudo
(16). recente mostrou que a administração de duas
Alguns estudos mostram que uma alimentação porções de 30ml no dia foi capaz de aumentar os
adequada, com atenção especial para os alimentos níveis de melatonina circulante, melhorando o
que contêm vitaminas do complexo B e magnésio tempo e a qualidade do sono em adultos saudáveis,
podem ser um fator chave para o aumento da aumentando o tempo na cama desses pacientes,
concentração de melatonina nos níveis sanguíneos bem como a duração total do sono, melhoria da
(4). A vitamina B12 auxilia na secreção de eficiência do sono total e redução significativa do
melatonina, enquanto a B6 está envolvida na cochilo diurno (12).
síntese de serotonina a partir do triptofano. A Já outro estudo avaliou que a suplementação com
niacina (B3) pode ser sintetizada endogenamente a suco de cereja em atletas de maratona, após o
partir do triptofano, através da via da quinurenina, exercício, pode ajudar na sua recuperação, tendo
sendo necessário consumir uma quantidade uma evolução mais rápida da força de extensão
suficiente de niacina para inibir a atividade de 2,3- isométrica do joelho basal, podendo diminuir a
dioxigenase, o que provocará um efeito poupador resposta ao dano muscular secundário. Esse estudo
de triptofano, aumentando sua disponibilidade para avaliou também a capacidade antioxidante dessa
síntese de serotonina e melatonina (4). O folato (B9) suplementação, já que nos grupos que
e a piridoxina (B6) participam da conversão de suplementaram com suco de cereja azedo manteve
triptofano em serotonina (4). essa atividade elevada em 24 horas pós corrida, o
Estudos relatam que o magnésio aumentaria a que não aconteceu com o grupo de intervenção (4,
secreção de melatonina, promovendo o início do 17, 18, 19).
sono, atuando como um antagonista do GABA, que Na recuperação, os atletas podem sofrer com dor
é um neurotransmissor inibitório do sistema muscular de início tardio, que leva à redução da
nervoso central, reduzindo a atividade dos qualidade do sono. A suplementação do suco de
neurônios em várias regiões do cérebro (4). O cereja azeda, nas dosagens de 30ml, duas vezes ao
magnésio tem sua função também na produção da dia, por 7 dias, se mostrou benéfica nas atividades
enzima N-acetiltransferase que converte 5-HT em de sprint intermitente, sendo capaz de reduzir a
N-acetil-5-hidroxitriptamina, podendo ser queda pós-exercício no desempenho funcional (19).
convertida em melatonina (4).

EDITORA PLENITUDE 82
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Pesquisadores sugerem que isso pode ser benéfico Sugere-se que o conteúdo de serotonina pode
durante os períodos de treinamento de pré- contribuir para melhora do sono, enquanto as altas
temporada, e nos casos de treinamento duplo, concentrações de antioxidantes podem suprimir a
onde os atletas são obrigados a produzir expressão de radicais livres e citocinas
desempenhos múltiplos em curto espaço de tempo inflamatórias (4). O alto teor de folato no kiwi
(4, 19). Nesse contexto, foi sugerido que a também contribui para a melhora do sono. Mesmo
melatonina pode ser sintetizada na mitocôndria, que o consumo de folato seja facilmente
tornando-a, juntamente com seus metabólitos, encontrado na dieta, ele acaba sendo destruído
disponível para proteger o músculo contra o muitas vezes pelo cozimento ou processamento, o
estresse oxidativo, aumentando também os efeitos que não ocorre com o kiwi, já que normalmente é
protetores da glutationa, vitamina C e trolox (que é consumido em sua forma crua (4).
um análogo solúvel em água da vitamina E), através Conclusão
da regeneração por processo de transferência de
Podemos concluir que um profissional de saúde
elétrons (4).
capacitado pode levar seu paciente a ter uma
Existem relatos que o kiwi contém uma gama de alimentação balanceada, sem a necessidade de
nutrientes capaz de beneficiar o sono, a saúde e a suplementação de melatonina. Se houver
recuperação, já que apresenta uma capacidade comprometimento do paciente com a dieta e o
antioxidante, conteúdo enzimático, polifenólico e cuidado com a forma de preparo dos alimentos, ele
fitoquímico (4). Os nutrientes presentes neles poderá atingir os valores recomendados de
incluem serotonina, vitamina C, vitamina E, triptofano, vitaminas do complexo B, e o magnésio,
vitamina K, vitamina B9, antocianinas, carotenóides, minimizando as perdas nutricionais. O profissional
betacaroteno, luteína, potássio, cobre e fibras (4). pode ajustar também a higiene do sono,
Com esse composto de nutrientes, foi sugerido que maximizando sua qualidade e a quantidade,
ele pode atuar sinergicamente, afetando vários alertando para a importância de evitar ambientes
processos fisiológicos e metabólicos, como muito claros, uso de celular, televisão, aparelhos
melhora da saúde do trato gastrointestinal e função eletrônicos luminosos, atividades excessivas
intestinal (4). Um estudo foi capaz de demonstrar próximo ao horário de deitar, e bebidas que
que o consumo de dois kiwis, uma hora antes de contenham cafeína, cola, refrigerante e guaraná,
dormir, por quatro semanas, melhorou após às 17 horas.
significativamente a duração total do sono e a
eficiência do sono (4).

EDITORA PLENITUDE 83
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O SUMÁRIO

Em casos específicos a suplementação se faz


necessária, como em atletas que sofrem de jet lag,
mudam de fuso horário em função de longas
viagens, alterando o seu ritmo biológico. Nessas
situações, a suplementação mostra-se interessante
porque o tempo de adaptação pode ser mais
demorado do que a permanência do atleta no local
da competição. As doses de segurança variam de
0,5mg a 5mg, dependendo do grau de transtorno
do sono (3).

EDITORA PLENITUDE 84
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Empreendedorismo
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Pensamento de segunda ordem e decisões


reversíveis ou irreversíveis.
Existem algumas formas e modelos mentais nos quais me baseio na hora de uma decisão
importante .

O que é pensamento de primeira e segunda ordem?

O pensamento de primeiro nível concentra-se em resolver um problema imediato, com


pouca ou nenhuma consideração das consequências potenciais. Ele é simples e
superficial, e qualquer um pode fazê-lo.

Já algumas decisões, são mais complexas e necessitam de uma melhor análise. Para tal,
usamos o pensamento de segunda ordem.

Quando você olha além do imediato e do óbvio, toma decisões melhores que lhe darão
uma chance muito maior de um resultado positivo a longo prazo.

Se você decide algo rápido e errado, pode gerar ainda mais problemas .

Se antecipar a problemas , ou tentar visualizar antecipadamente as consequências de


uma atitude, são habilidades de pessoas diferenciadas.

Nossas decisões são afetadas pelo nosso modelo mental , pela nossa forma de pensar,
então quanto mais modelos mentais você tiver, melhor. Para tal, se faz de extrema
importância conviver com pessoas de pensamentos diferentes.

O pensamento de segunda ordem exige algumas características:

* Pergunte muito
* Envolva terceiros
* Pense a longo prazo
* Pense na cascata de reações
* Pense como as coisas envolvidas interagem
* Não descarte opções rapidamente
* Pratique essa forma de concluir as coisas

Outro modelo que uso bastante, é o de decisões reversíveis ou irreversíveis. Ele é bem
simples de entender: se uma decisão é reversível, você pode pensar um pouco menos,
porém se ela é irreversível, exige mais tempo e reflexão para tomada de decisão.

Outra questão importante na tomada de decisão, é não fazer nada em extremos de


sentimentos. Decidir coisas muito feliz , muito triste ou com muita raiva, com certeza não é
algo bom.

Quanto mais modelos mentais você tiver, mais ferramentas poderá usar na tomada de
decisões. Tente aprender e observar pessoas de visões diferentes , e tire sua própria
conclusão.

Com o tempo, você vai saber discernir fatos importantes e relevantes, e tomar as
melhores decisões . Muitas vezes estamos diante de pontos de inflexão, que podem definir
sua vida, positivamente ou negativamente.

Preste atenção!

EDITORA PLENITUDE 85
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aprendem com suas experiências, pessoas estúpidas já tem todas as
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