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Cadeia Produtiva de

Culturas Perenes
Profª Rachel Soares Ramos

2018
Copyright © UNIASSELVI 2018

Elaboração:
Profª Rachel Soares Ramos

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

630.81
R175cRamos, Rachel Soares
Cadeia produtiva de culturas perenes / Rachel Soares Ramos. Indaial:
UNIASSELVI, 2018.

210 p. : il.

ISBN 978-85-515-0144-3

1.Agricultura - Brasil.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

Impresso por:
Apresentação
A agricultura, com usos de insumos, máquinas e cultivares superiores
tem resultado em produtividades nunca antes vistas.

O sistema agrícola, ao mesmo tempo que produz alimentos para a


população mundial, tem trazido enormes prejuízos para o meio ambiente,
como o aquecimento global.

Devido à produção desenfreada, a temperatura média da superfície


da Terra vem aumentando nos últimos 150 anos, e as possíveis causas são o
aumento de gases do efeito estufa e o desmatamento das florestas.

As mudanças ambientais têm sido observadas em diversos locais,


como a diminuição da cobertura de gelo, o aumento do nível do mar
e as alterações dos padrões climáticos, e tem despertado a atenção de
ambientalistas, governos e sociedade civil, pois essas mudanças podem
influenciar as atividades agrícolas e também os ecossistemas, em que várias
espécies podem desaparecem sem serem conhecidas e estudadas.

Atualmente, pode-se dizer que o melhoramento de plantas é o principal


motor para a produção de alimento, energia, fibras e condições de vida para
a sociedade. Com a rápida evolução da tecnologia, os conhecimentos em
genética, estatística, biologia e, mais recentemente, com a biologia molecular,
temos observado a grande responsabilidade que o melhoramento de plantas
tem na vida de todos.

Passamos da redescoberta das Leis de Mendel à evolução das “ômicas”


em um período relativamente curto, em que ainda não conseguimos enxergar
a abrangência e os impactos, sejam positivos ou negativos na nossa vida.

A evolução da Ciência, em particular do melhoramento de plantas,


tem um papel crucial para o desenvolvimento sustentável do planeta e do
bem-estar de todos os povos. Depende de nós fazermos bom uso dessa
ferramenta valiosa.

Vemos, no momento atual, uma evolução na forma de pensar das


pessoas. Atividades agrícolas errôneas que eram praticadas em outros tempos
não são mais aceitas, portanto, temos que buscar alternativas para reduzir a
poluição ambiental e, ao mesmo tempo, produzir alimentos saudáveis, com
alta produtividade e rentabilidade.

III
O cafeeiro, atualmente, é o principal produto agrícola na balança
comercial brasileira. A cultura tem papel de destaque tanto na grande
quanto na pequena propriedade, contribuindo de forma relevante na
renda de diversas famílias e cidades do interior do país. Neste sentido, a
pesquisa e a extensão são fundamentais para aumentar a produtividade e a
sustentabilidade das lavouras pelo país afora.

Assim também é a cultura do eucalipto, que apresenta crescimento


rápido e é uma alternativa para a produção de madeira e inúmeros produtos,
como celulose, carvão, lenha, painéis, postes, dormentes, mourões, serrados,
móveis, embalagens e outros.

O eucalipto, além de ser um ótimo produto para o setor madeireiro,


pode ser alternativa para reflorestamentos e para uso em sistemas de
consórcio com outras culturas ou animais.

Atualmente, a preocupação com a sustentabilidade das florestas


nativas tem incentivado empresas e agricultores a buscarem outras espécies
florestais, capazes de suprir a demanda por produtos florestais.

As frutas têm um apelo nutritivo muito grande, pois além de


inúmeras vitaminas, minerais, elas podem ser consumidas de variadas
formas, in natura, sucos, licores, doces, compotas, o que as torna versáteis e
com elevada apreciação pela maioria da população mundial.

As práticas agrícolas voltadas para uma ação mais sustentável, sem


contaminação alimentar devido ao uso de agrotóxicos e que possa levar
desenvolvimento para as comunidades rurais, têm despertado o interesse
da sociedade.

As culturas descritas são perenes e permanecerão no campo por


vários anos, o que torna um importante fator de proteção dos solos. No
entanto, algumas práticas podem contribuir para a degradação dos solos,
processos erosivos e perda de nutrientes e de matéria orgânica, que acarreta
na poluição das águas e em última análise do meio ambiente.

Diante disso, é de suma importância as pesquisas, estudos e


conhecimento técnico das práticas de manejo das espécies de importância
agrícola, o que evitará prejuízos, tanto para a sociedade como para o meio
ambiente. Práticas agrícolas adequadas, manejo apropriado do solo e
sistemas de produção que beneficiem o ambiente contribuem para tornar a
agricultura aliada da qualidade de vida da população.

Bons Estudos

Profª Rachel Soares Ramos

IV
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA........................................................... 1

TÓPICO 1 – CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA............................................................... 3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 BREVE HISTÓRICO DA AGRICULTURA MUNDIAL................................................................ 4
3 BREVE HISTÓRICO DA AGRICULTURA BRASILEIRA............................................................ 6
3.1 MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA............................................................ 8
3.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA.............. 9
4 AGRICULTURA FAMILIAR E AGRICULTURA PATRONAL.................................................... 10
4.1 AGRICULTURA FAMILIAR .......................................................................................................... 10
4.2 AGRICULTURA PATRONAL......................................................................................................... 12
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 18

TÓPICO 2 – MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS........................................................ 19


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 19
2 REPRODUÇÃO DAS ESPÉCIES CULTIVADAS............................................................................ 20
2.1 REPRODUÇÃO SEXUADA............................................................................................................ 20
2.2 REPRODUÇÃO ASSEXUADA....................................................................................................... 20
3 BANCOS DE GERMOPLASMA......................................................................................................... 21
4 APLICAÇÃO DA GENÉTICA NO MELHORAMENTO DE PLANTAS.................................... 25
5 MÉTODOS DE MELHORAMENTO................................................................................................. 26
5.1 SELEÇÃO MASSAL......................................................................................................................... 27
5.2 SELEÇÃO MASSAL ESTRATIFICADA........................................................................................ 27
5.3 SELEÇÃO COM TESTE DE PROGÊNIES..................................................................................... 28
5.3.1 Etapas da avaliação e seleção das progênies....................................................................... 28
5.4 SELEÇÃO RECORRENTE............................................................................................................... 29
5.5 RETROCRUZAMENTO.................................................................................................................. 30
5.6 MÉTODO DESCENDENTE DE UMA ÚNICA SEMENTE (SSD)............................................. 31
6 MELHORAMENTO DE ESPÉCIES PROPAGADAS ASSEXUADAMENTE............................ 32
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 35
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 36

TÓPICO 3 – BIOTECNOLOGIA VEGETAL....................................................................................... 37


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 37
2 MARCADORES MOLECULARES..................................................................................................... 37
2.1 MARCADORES FENOTÍPICOS..................................................................................................... 37
2.2 MARCADORES BIOQUÍMICOS.................................................................................................... 38
2.3 MARCADORES GENÉTICOS........................................................................................................ 38
2.4 MAPEAMENTO GENÉTICO DE LOCOS CONTROLADOS DE
CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS (QTLs).......................................................................... 40
3 CULTURA DE TECIDOS..................................................................................................................... 41
3.1 MICROPROPAGAÇÃO................................................................................................................... 41
3.2 EMBRIOGÊNESE SOMÁTICA....................................................................................................... 43

VII
3.2.1 Aspectos morfológicos............................................................................................................ 43
3.2.2. Etapas da embriogênese somática........................................................................................ 44
3.2.3 Reguladores de crescimento.................................................................................................. 45
4 TRANSFORMAÇÃO GENÉTICA .................................................................................................... 45
4.1 PLANTAS TRANSGÊNICAS.......................................................................................................... 46
4.2. POTENCIAL DE APLICAÇÃO DA TRANSFORMAÇÃO GENÉTICA DE
PLANTAS....................................................................................................................................... 46
4.2.1 Melhoramento genético.......................................................................................................... 46
4.2.2 Produção de metabolitos secundários.................................................................................. 47
4.2.3 Pesquisa básica......................................................................................................................... 47
4.3 GENES MARCADORES ................................................................................................................. 47
4.3.1 Genes marcadores de seleção................................................................................................. 48
4.3.2 Genes repórteres...................................................................................................................... 49
4.3.3 Etapas da transformação........................................................................................................ 49
4.3.3.1 Identificação, clonagem e isolamento do gene........................................................ 50
4.3.3.2 Métodos de transformação ....................................................................................... 50
4.3.3.2.1 Transformação mediada por Agrobacterium............................................. 50
4.3.3.2.2 Biobalística..................................................................................................... 52
4.3.3.2.3 Eletroporação................................................................................................ 53
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 54
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 61
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 63

UNIDADE 2 – PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES..................................... 65

TÓPICO 1 – A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.).................................................................. 67


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 67
2 CULTIVARES ........................................................................................................................................ 68
2.1 CAFÉ CONILON.............................................................................................................................. 68
2.1.1 Principais cultivares de café conilon..................................................................................... 69
2.1.2 Principais cultivares de Coffea Canephora . ........................................................................... 70
2.2 CAFÉ ARÁBICA............................................................................................................................... 70
3 EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS E SAZONALIDADE DA PRODUÇÃO ....................... 72
3.1 SAZONALIDADE DE PRODUÇÃO DO CAFÉ ARÁBICA....................................................... 73
4 SISTEMA DE PLANTIO CONVENCIONAL.................................................................................. 74
5 IMPLANTAÇÃO DA LAVOURA ...................................................................................................... 74
5.1 ADUBAÇÃO DO CAFEEIRO ........................................................................................................ 75
5.2 MANEJO DE PRAGAS DO CAFEEIRO........................................................................................ 76
5.3 MANEJO DE DOENÇAS DO CAFEEIRO.................................................................................... 77
5.4 MANEJO DE PLANTAS DANINHAS DO CAFEEIRO.............................................................. 77
6 PRODUÇÃO DE MUDAS................................................................................................................... 78
7 SISTEMA DE IRRIGAÇÃO NA CULTURA DO CAFEEIRO....................................................... 79
8 MANEJO CULTURAL: PODA DO CAFEEIRO............................................................................... 80
8.1 TIPOS DE PODAS............................................................................................................................. 81
8.1.1 Recepa....................................................................................................................................... 81
8.1.2 Decote........................................................................................................................................ 81
8.1.3 Esqueletamento........................................................................................................................ 81
8.1.4 Capação..................................................................................................................................... 82
8.1.5 Desponte................................................................................................................................... 82
8.1.6 Poda no café robusta (C. canephora)....................................................................................... 82
9 COLHEITA, PÓS-COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO DO CAFÉ........................................... 83
10 SISTEMAS DE CULTIVO: SISTEMA AGROFLORESTAIS...................................................... 85

VIII
10.1 EXEMPLO DE SAFS EM CAFEEIROS........................................................................................ 87
11 SISTEMAS DE CULTIVO: PLANTIO DO CAFÉ ORGÂNICO............................................... 87
11.1 SISTEMAS DE CULTIVO: PLANTIO DO CAFÉ ORGÂNICO.............................................. 89
11.2 CONVERSÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO CONVENCIONAL PARA O
SISTEMA ORGÂNICO DO CAFÉ.............................................................................................. 89
11.3 ADUBAÇÃO ORGÂNICA UTILIZADA NA LAVOURA DE CAFÉ.................................... 90
11.4 CONTROLE DE PRAGAS NO SISTEMA ORGÂNICO......................................................... 90
11.5 CONTROLE DE DOENÇAS NO SISTEMA ORGÂNICO...................................................... 91
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 92
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 99
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 101

TÓPICO 2 – A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.).................................................... 103


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 103
2 PRINCIPAIS ESPÉCIES DO GÊNERO EUCALYPTUS CULTIVADAS NO BRASIL............ 103
3 SISTEMA DE PLANTIO CONVENCIONAL................................................................................ 105
3.1 PRODUÇÃO DE SEMENTES....................................................................................................... 105
3.2 PRODUÇÃO DE MUDAS............................................................................................................. 106
3.3 ESPAÇAMENTO E DENSIDADE DE PLANTIO...................................................................... 107
3.4 PREPARO DO SOLO...................................................................................................................... 107
3.5 CALAGEM E ADUBAÇÃO DO EUCALIPTO........................................................................... 107
4 IMPLANTAÇÃO.................................................................................................................................. 107
4.1 TRATOS CULTURAIS.................................................................................................................... 109
4.2 EXPLORAÇÃO............................................................................................................................... 110
5 SISTEMAS AGROFLORESTAIS...................................................................................................... 112
6 MANEJO CULTURAL – FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS QUE AFETAM
A PRODUTIVIDADE......................................................................................................................... 113
6.1 PRAGAS DO EUCALIPTAL......................................................................................................... 113
6.2 OUTRAS PRAGAS......................................................................................................................... 115
6.3 PRINCIPAIS DOENÇAS NA CULTURA DO EUCALIPTO.................................................... 116
6.4 MANEJO DE PLANTAS DANINHAS........................................................................................ 117
7 COLHEITA E PÓS-COLHEITA......................................................................................................... 117
8 FOMENTO FLORESTAL.................................................................................................................... 118
9 CUSTO DE PRODUÇÃO E VIABILIDADE ECONÔMICA...................................................... 120
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 121
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 128
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 130

UNIDADE 3 – PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES................................... 131

TÓPICO 1 – A CULTURA DA BANANEIRA (Musa spp.)............................................................. 133


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 133
2 CULTIVARES....................................................................................................................................... 133
2.1 SISTEMA DE CULTIVO................................................................................................................ 135
2.2 IMPLANTAÇÃO DE CULTURAS............................................................................................... 135
2.3 ESCOLHA DA ÁREA.................................................................................................................... 135
2.4 ÉPOCA DE PLANTIO . ................................................................................................................. 135
2.5 VARIEDADES E ESPAÇAMENTO ............................................................................................. 136
2.6 PREPARO DA ÁREA .................................................................................................................... 136
2.7 CALAGEM E ADUBAÇÃO.......................................................................................................... 137
2.8 MUDAS E PLANTIO...................................................................................................................... 137
3 MANEJO CULTURAL........................................................................................................................ 138

IX
3.1 MANEJO DE PRAGAS NA CULTURA DA BANANEIRA..................................................... 139
3.2 MANEJO DE DOENÇAS NA CULTURA DA BANANEIRA.................................................. 140
3.3 MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA BANANEIRA........................... 141
4 CICLO DA CULTURA........................................................................................................................ 141
5 MANEJO DA IRRIGAÇÃO............................................................................................................... 142
5.1 IRRIGAÇÃO POR SULCOS.......................................................................................................... 142
5.2 IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO CONVENCIONAL SUB-COPA............................................. 143
5.3 MICROASPERSÃO......................................................................................................................... 144
6 COLHEITA E PÓS-COLHEITA......................................................................................................... 145
7 CUSTO DE PRODUÇÃO .................................................................................................................. 145
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 148
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 150

TÓPICO 2 – A CULTURA DA MACIEIRA (Malus spp.)................................................................ 151


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 151
2 CULTIVARES ...................................................................................................................................... 151
3 SISTEMA DE CULTIVO ................................................................................................................... 155
3.1 IMPLANTAÇÃO DE CULTURAS............................................................................................... 155
3.1.1 Característica da área ........................................................................................................... 155
3.1.2 Preparo da área...................................................................................................................... 156
3.1.3 Adubação ............................................................................................................................... 156
3.2 SISTEMA DE CONDUÇÃO, DENSIDADE DE PLANTIO E ESPAÇAMENTO................... 156
3.3 PODAS ............................................................................................................................................ 156
3.3.1 Poda de formação.................................................................................................................. 157
3.3.2 Poda de frutificação (Poda seca ou Poda de inverno)...................................................... 158
3.3.3 Poda verde (Poda no verão)................................................................................................. 158
3.4 PROPAGAÇÃO DA MACIEIRA.................................................................................................. 159
3.5 PRODUÇÃO DE PORTA-ENXERTOS PARA MACIEIRA ..................................................... 159
3.5.1 Produção de mudas por dupla enxertia............................................................................. 160
3.5.1.1 Propagação do porta-enxerto.................................................................................. 160
3.5.1.2 Preparo dos garfos e enxertia de mesa da cultivar copa no filtro...................... 161
3.5.1.3 Enxertia do filtro no porta-enxerto a campo......................................................... 161
3.5.1.4 Condução da muda, arranquio e frigorificação.................................................... 161
4 MANEJO CULTURAL........................................................................................................................ 161
4.1 MANEJO DE PRAGAS DA MACIEIRA .................................................................................... 162
4.2 MANEJO DE DOENÇAS DA MACIEIRA . ............................................................................... 162
4.3 CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA MACIEIRA . ................................................... 162
5 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS ........................................................................................................... 162
5.1 CICLO DA CULTURA .................................................................................................................. 163
6 COLHEITA E PÓS-COLHEITA......................................................................................................... 164
7 CUSTO DE PRODUÇÃO .................................................................................................................. 164
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................168
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................170

TÓPICO 3 – CULTURA DO CITROS (Citrus spp.).........................................................................171


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................171
2 CULTIVARES ......................................................................................................................................172
2.1 PORTA-ENXERTOS.......................................................................................................................174
3 SISTEMA DE CULTIVO E IMPLANTAÇÃO DE CULTURA ...................................................175
3.1 MERCADOS ...................................................................................................................................176
3.2 A ESCOLHA DA ÁREA ...............................................................................................................176
3.3 PREPARO DA ÁREA ....................................................................................................................176

X
3.4 ESPAÇAMENTO E PLANTIO . ...................................................................................................176
3.5 EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS.......................................................................................... 177
3.6 PRODUÇÃO DE MUDAS............................................................................................................. 178
3.6.1 Tipos de mudas...................................................................................................................... 178
3.6.2 Plantas matrizes..................................................................................................................... 179
4 MANEJO CULTURAL ....................................................................................................................... 180
4.1 MANEJO DA PODA NOS CITROS............................................................................................. 180
4.2 PODA DE FORMAÇÃO E CONDUÇÃO................................................................................... 180
4.3 PODA DE LIMPEZA...................................................................................................................... 180
4.4 PODA DE REDUÇÃO DE COPA................................................................................................. 181
4.5 PODA DE REJUVENESCIMENTO.............................................................................................. 181
4.6 MANEJO DE DOENÇAS DOS CITROS...................................................................................... 181
4.7 MANEJO DE PLANTAS DANINHAS DOS CITROS .............................................................. 183
4.8 MANEJO DE PRAGAS DOS CITROS ........................................................................................ 183
5 COLHEITA E PÓS-COLHEITA......................................................................................................... 183
6 COMERCIALIZAÇÃO....................................................................................................................... 184
7 CUSTO DE PRODUÇÃO E VIABILIDADE ECONÔMICA...................................................... 184
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 187
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 190
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 192
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 193

XI
XII
UNIDADE 1

CONCEITOS GERAIS DE
AGRICULTURA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de:

• identificar a importância socioeconômica da agricultura;

• entender os primórdios da agricultura e a evolução da agricultura moder-


na no Brasil;

• refletir sobre a importância do melhoramento de plantas;

• identificar os principais métodos de seleção de plantas;

• compreender as bases da biotecnologia vegetal e a sua evolução.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

TÓPICO 2 – MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS

TÓPICO 3 – BIOTECNOLOGIA VEGETAL

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

1 INTRODUÇÃO
Pode-se dizer que a agricultura passou por milênios de evoluções isoladas,
que culminaram com grande diversidade de sistemas fundiários em todo o
planeta. O cultivo agrícola não surgiu como um passe de mágica, em que o homem,
de caçador e coletor, passa a ser agricultor. As diferentes populações humanas
domesticaram certas espécies por razões, fins e usos diversos (OLIVEIRA JR., 1989).

A análise da dinâmica dos sistemas agrários das diferentes partes do mundo


e em diferentes épocas permite captar o movimento geral de transformações no
tempo e de diferenciação no espaço agrícola (MAZOYER; ROUDART, 2010).

Admite-se que as primeiras semeaduras aconteceram de forma acidental,


próximas às moradias, em lugares de debulhas e de preparo culinário dos cereais
nativos, e assim, os primeiros agricultores souberam reconhecer e preservar
as linhagens de plantas e de animais que lhes traziam vantagens (MAZOYER;
ROUDART, 2010).

Assim, o extrativismo deu lugar, paulatinamente, à Revolução Agrícola,
em que o homem passou de caçador-pescador-extrativista a criador de animais e
agricultor. Essa revolução teve consequências importantes, por exemplo, o aumento
da população mundial, o que modificou a relação com a terra. E o sistema de cultivo
fundamentou-se na derrubada/queimada das florestas (FLANNERY, 1973).

Durante séculos os agricultores evoluíram a forma de cultivar a terra,


modificando as relações de acordo com o local, a época e o clima.

Entre os séculos XIV e XIX ocorreu a primeira revolução agrícola dos


tempos modernos, com produção em larga escala de diversos produtos, como
cana-de-açúcar, algodão, café e outros.

A segunda revolução agrícola iniciou-se no século XX, em que os sistemas


motorizados, mecanizados, com uso de insumos e fertilizantes, dominaram a
produção agrícola.

Atualmente, vemos a evolução tecnológica na produção agrícola, no


entanto, diversos problemas e dificuldades têm surgido dessa evolução. Cabe a
nós resolvermos esses problemas e promover a evolução real na agricultura e nas
relações do homem com a terra.

3
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

2 BREVE HISTÓRICO DA AGRICULTURA MUNDIAL


A agricultura iniciou-se no período neolítico, há 10.000 anos. Anteriormente
a esse período o homem retirava da natureza os alimentos necessários para sua
sobrevivência. Estes se baseavam na caça, pesca e coleta de frutos, raízes, grãos e
outros produtos (OLIVEIRA JR., 1989).

A atividade agrícola surge a partir do momento em que uma determinada


sociedade consegue reunir condições suficientes para tirar proveito das
potencialidades do ambiente. De acordo com Oliveira Jr. (1989), diversos fatores
contribuíram para a emergência da agricultura, dentre eles destacam-se:

• O modelo de consumo alimentar: A alimentação ainda era proveniente da caça,


pesca e da coleta; e os cereais começaram a ser componentes da dieta alimentar.
• O sedentarismo: O sedentarismo se desenvolveu em regiões e locais onde as
condições do meio ambiente foram favoráveis ao desenvolvimento de plantas
e animais.
• Criação de animais: O sedentarismo possibilitou a criação de animais. A caça
era ainda a principal forma de alimentação.
• Uso de instrumentos: Os instrumentos foram se adaptando à necessidade de
coleta de cereais, a cerâmica possibilitou a utilização de potes (de cerâmica)
para armazenar os alimentos.
• Surgimento de outras formas de organização social: Anteriormente, a
organização social era baseada em bandos, nesse período surge a organização
social da família.

A agricultura iniciou-se em diversas regiões do mundo, desde a América


Central até a China. É interessante destacar que a agricultura se desenvolveu em
épocas diferentes nas diversas regiões e que a atividade agrícola evoluiu com a
sociedade humana (HARLAN, 1992).

No Oriente Médio, que atualmente compreende a Europa, África e o Oeste


da Ásia, a agricultura surgiu há aproximadamente 10.000 anos. Nestas regiões,
cultivava-se cereais, como trigo e cevada, leguminosas, a exemplo de lentilha,
ervilha; e fava e o linho, para a produção de tecidos. Bovinos, ovinos, caprinos e
galinhas eram os animais criados nessas regiões. Na Europa Ocidental, cultivou-
se aveia e centeio; e na África, o sorgo.

A agricultura surgiu na América Central há aproximadamente 5.000 a


6.000 anos. As principais plantas cultivadas foram o milho, o feijão e o algodão. E
os animais criados foram porcos e javalis. Na Amazônia cultivou-se mandioca e
no Peru cultivou-se batata.

Na China, a agricultura surgiu há aproximadamente 5.000 anos. Os


principais produtos cultivados foram o arroz e a soja.

4
TÓPICO 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

No Brasil, existem evidências, por meio de gravuras rupestres, objetos de


pedras e materiais acumulados, de que os primeiros habitantes do Planalto Central
viveram há aproximadamente 10 mil anos. Viviam em grupos e sobreviviam da
caça, pesca e coleta de frutos, e mais tarde começaram a cultivar.

Registros demonstram que no Brasil a agricultura teve início há quatro mil


anos, com cultivos de milho, mandioca, batata-doce, abóboras, amendoim, feijão
e outras plantas. Diversas plantas foram utilizadas como alimento, remédios e
matéria-prima.

Os indígenas do Brasil viviam, inicialmente, do extrativismo; e mais


tarde, povos como os tupis desenvolveram técnicas de cultivo e se tornaram
agricultores. Os tupis adaptaram as plantações às condições naturais, utilizaram-
se das encostas mais drenadas para algumas lavouras e solos mais ricos para
lavouras mais exigentes. As hortas eram cultivadas próximas às aldeias, onde
cultivavam feijão, milho, batata-doce e outras espécies vegetais.

Em 1926, o engenheiro agrônomo Vavilov (1926) pesquisou a origem de


diversas espécies. Em seu trabalho, ele quantificou e verificou a distribuição das
espécies e seus parentais silvestres em vários locais do mundo. O autor identificou
oito centros de origem de várias plantas cultivadas, sendo assim divididos:

1 – Chinês
2 – Indiano
2a – Indo-Malaio
3 – Asiático Central
4 – Oriente Próximo
5 – Mediterrâneo
6 – Abissínio ou Etíope
7 – Mexicano do Sul e Centro-Americano
8 – Sul-Americano
8a – Chiloé
8b – Brasil e Paraguai

A área total desses centros equivale a um quadragésimo da Terra, e


aproximadamente 640 espécies são originárias do Velho Mundo, enquanto pelo
menos 100 espécies foram originadas no Novo Mundo (BORÉM; MIRANDA, 2009).

Vavilov (1926) demonstrou que no interior do centro de origem de uma


espécie caracteriza-se o acúmulo de alelos dominantes e que na região periférica
ocorre o acúmulo de alelos recessivos. Ele também identificou centros primários,
onde se encontra a maior diversidade de espécies, e centros secundários, em que
as espécies surgiram de tipos que migraram do centro primário, e muitas espécies
foram identificadas em diferentes centros, e quando isso ocorre as espécies em
cada centro são distintas. É interessante notar que esses centros estão separados
por desertos, montanhas e mares. Por exemplo, o México é o centro primário do
milho e a China o centro secundário.

5
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

Harlan (1971) cita que as espécies atuais sofreram grandes modificações


durante o período de pós-domesticação, e isso acarretou em aumento da distância
genética entre si e seus parentes silvestres. Assim, para o autor, o termo centro
de diversidade é mais apropriado, pois as plantas cultivadas originaram-se de
maneira difusa e gradativa no tempo e no espaço.

QUADRO 1 – ALGUMAS ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SEUS RESPECTIVOS


CENTROS DE ORIGEM

Agronômicas Olerícolas Fruteiras e outras


Espécie Centro Espécie Centro Espécie Centro
Amendoim Brasil/Paraguai Couve Ásia Menor Banana Etiópia
Mediterrâneo
Milho América Central Cenoura Ásia Central Castanha- Amazônia
Ásia Menor do-pará
Arroz África Sudeste Alho Ásia Coco Sudeste
Asiático Mediterrâneo Asiático
Trigo Etiópia Alface Mediterrâneo Limão Índia
Ásia Menor
Mandioca Brasil/Paraguai Batata Andes Abacaxi América
Central
Aveia Ásia Menor Tomate Andes Café Etiópia
Mediterrâneo América
Central

FONTE: Borém e Miranda (2009, p. 53-54)

De acordo com um estudo conduzido pela Academia Americana de


Ciências, das 3.000 espécies utilizáveis, apenas 20 a 30 delas constituem a base
agrícola da humanidade (BORÉM; MIRANDA, 2009).

3 BREVE HISTÓRICO DA AGRICULTURA BRASILEIRA


Antes da chegada dos portugueses no Brasil, a agricultura já era conhecida
pelos nativos. Estes cultivavam mandioca, amendoim, tabaco, batata-doce e o
milho. Também realizavam o extrativismo de plantas como o babaçu e pequi,
além de coletar frutas, como jabuticabas, caju, cajá, dentre outras frutas nativas
(BARBOSA, 2011).

A agricultura brasileira, para a comercialização, iniciou-se efetivamente


com a cultura da cana-de-açúcar, a partir de 1530. Segundo Barbosa (2011), a
produção açucareira tinha como objetivo a ocupação efetiva pelo povoamento e a
colonização da costa brasileira e, além disso, o açúcar era a mercadoria de maior
valor mundial, o que traria benefícios financeiros à Colônia.

6
TÓPICO 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

Além do plantio da cana-de-açúcar, na colônia também se produzia


tabaco e algodão. O sistema de plantio da cana-de-açúcar foi baseado na
escravidão, no entanto, algumas camadas de pequenos e médios produtores
conseguem implantar uma agricultura diversificada, para a subsistência, com
plantio de mandioca, na bacia amazônica, a batata-doce, na região central e o
milho (LINHARES, 1995).

No período da mineração, na região Centro-Sul do país, a criação de gado


teve destaque, principalmente devido à distância do litoral e a necessidade de
transporte de carga, que era realizado em mulas, cavalos e gado.

A economia mineira foi diversificada, não sendo exclusivamente a extração


do ouro. Além da agricultura, a pecuária também se desenvolveu na região
mineradora (CARRARA, 2000). A criação de gado muar foi destaque nesse período.

O adensamento populacional da região propiciou o desenvolvimento de


atividades econômicas diferentes e complementares à atividade extrativa, como
criação de gado, além da produção de mandioca, algodão, açúcar, carne de porco
e outros gêneros (LAMAS, 2008).

Nesse período, os três centros econômicos do Brasil se interligavam por


meio da atividade pecuária. No Maranhão, a produção do arroz intensificou-se,
aproveitando-se da guerra de independência dos Estados Unidos. O restante da
colônia sofria profunda crise econômica.

No início do século XIX ocorre o declínio do ouro e a decadência da região


mineira.

O turbulento período na Europa fez com que a Corte portuguesa viesse


para o Brasil. Após a Independência do Brasil, a Inglaterra já dominava o comércio
e pressionava o governo brasileiro para acabar com o tráfico de escravos.

Em meio a essas dificuldades, o café começou a surgir como nova fonte de


riqueza para o Brasil.

O café foi um dos produtos agrícolas plantados em larga escala,


essencialmente para a exportação, no início do século XIX. A economia cafeeira
iniciou-se com o trabalho escravo, com o estabelecimento de infraestrutura e
tecnologia agrícola com baixo custo de produção, em relação ao sistema açucareiro.

Na economia cafeeira, no final do século XIX, inicia-se o trabalho


assalariado e se estabelece uma infraestrutura e tecnologia agrícola. A abundância
de mão de obra, advinda da região mineradora, além da proximidade ao porto,
contribuíram para a implantação dos cafezais.

Diversos fatores contribuíram para o início da modificação da economia


brasileira no final do século XIX, dentre eles, o aumento da importância relativa

7
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

do trabalho assalariado, a gestação do mercado interno e o controle da oferta


mundial do café. A renda gerada pelo café permitiu remunerar os proprietários,
os assalariados e o governo.

A expansão da cafeicultura aumentou a massa de assalariados e o início


de um mercado interno no Brasil. Devido à crise do café, ocorre a redução de
importação de mercadorias, fato que contribui para o início de uma incipiente
produção industrial.

Nos anos de 1930, no governo de Getúlio Vargas, o modelo agrário-


exportador foi substituído pelo modelo nacional-desenvolvimentista, quando se
inicia o período de industrialização no Brasil.

3.1 MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA


A modernização da agricultura no Brasil pode ser definida como a busca
da produção através de técnicas modernas que visam maior produtividade da
terra e do trabalho (SILVA, 2007).

A modernização da agricultura no Brasil ocorreu a partir do processo de


industrialização do país, impulsionado pela política econômica do governo nas
décadas de 50 e 70, quando houve uma grande transformação (ALVES; CONTINI;
HAINZELIN, 2005). A partir da década de 60 intensificou-se o uso de máquinas,
adubos e defensivos agrícolas (AGRA; SANTOS, 2001). Dessa forma, de acordo
com Silva (1996), o que marca a segunda metade do século XX no Brasil é a
extensão das condições de produção industrial à agricultura, a industrialização
da agricultura. No entanto, o autor destaca que a transformação não se realizou
de maneira homogênea e completa ao longo da cadeia produtiva agrícola nos
vários setores da agricultura ou nas diversas regiões do país. O processo no Brasil
é singular, pois ele se desenvolve de forma desigual, o que reforça as tendências
de desequilíbrios regionais existentes no país (SILVA, 1981).

De acordo com Campos (2011), o Estado assumiu papel fundamental,


em que direciona a política para a expansão concentrada, diferindo produtos
e regiões, liberação de crédito agrícola e subsídios à produção e consumo de
insumos e tecnologia moderna, ampliação do capital estatal e particular, estimula
a instalação da agroindústria e instala infraestrutura física e institucional para a
entrada do capital no setor agrícola.

Até o início do século XX a produção agrícola brasileira era centrada em


complexos rurais, com baixo suporte tecnológico e pouco interesse no mercado
interno (SILVA; BOTELHO, 2014).

Ao mesmo tempo em que os investimentos na modernização da


agricultura coincidem com o período de aumento da população urbana no país e
com o crescimento da procura por produtos agrícolas, ocorre uma das principais
consequências da modernização da agricultura: o êxodo rural, que de acordo
8
TÓPICO 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

com Campos (2011) foi devido a vários fatores, como a introdução de máquinas
agrícolas, o uso intensivo de insumos, a substituição de culturas e a expansão da
pecuária, atrelado ao pacote tecnológico, com número reduzido de mão de obra.
Silva e Botelho (2014) citam que a transformação da agricultura em atividade
industrial foi possível devido ao progresso tecnológico.

Outros fatores contribuíram para a modernização da agricultura, dentre


eles a disponibilidade de crédito, a abertura de novos mercados externos, o
crescimento da demanda internacional e do próprio mercado interno. Além disso,
a consolidação do parque industrial, a internacionalização do pacote tecnológico
da Revolução Verde, a melhoria dos preços internacionais para os produtos
agrícolas foram as variáveis que impulsionaram a mudança do modo produtivo
rural (SILVA; BOTELHO, 2014).

3.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MODERNIZAÇÃO DA


AGRICULTURA
Vantagens da modernização da agricultura

• Aumento do poder de compra da população.


• Deslocamento do centro de poder para as cidades.
• Aumento da extensão rural entre 1950 e 1970.
• Forte investimento em pesquisa e educação em ciências agrárias.
• Em 1973 foi criada a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
e vários cursos de pós-graduação.

Desvantagens da modernização da agricultura brasileira

• Êxodo rural. A população urbana passou de 31,2% para 44,7% de 1940 a 1960.
Em 1980 a população urbana era de 67,6% e em 2000 passou para 81,2%.
• Exclusão de grande parte dos agricultores. Os pequenos agricultores, a maioria
localizados no Nordeste, obtêm baixa renda da propriedade rural, têm baixo
rendimento agrícola, principalmente devido à dificuldade em obter crédito.
• Muitos agricultores ficaram à margem do processo tecnológico. Estes
agricultores têm baixa renda e consequentemente baixo poder de crédito, o
que inviabiliza a modernização da agricultura e os ganhos em produtividade,
para atender aos grandes mercados consumidores.

O pacote tecnológico pode ser entendido como a transformação do


campo, no sentido de introdução de novas variedades e novas técnicas de
cultivo. A Revolução Verde introduziu novos fatores de produção, que tivessem a
capacidade de elevar a produtividade dos fatores conhecidos como tradicionais,
como terra e trabalho (SCHULTZ, 1964). No entanto, a introdução dos novos
fatores ocorreu de forma generalizada e uniforme, embora, no início, se admitisse
que a base da tecnologia preconizada deveria se desenvolver em cada país de
acordo com suas peculiaridades. A ideia inicial seria que ocorresse a substituição

9
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

dos fatores escassos e mais caros, por outros mais abundantes e mais baratos,
e assim, haveria aumento da produtividade. Essa transformação se deu com
a Revolução Verde, em que grandes empresas transnacionais participam da
transformação dos sistemas de cultivo e dos sistemas criatórios e ocorre também
a transição do trabalho livre, no sistema de colonato, para o trabalho assalariado
(SUZUKI, 2007).

Portanto, a tecnologia idealizada para transformar a agricultura tradicional


acabou se generalizando, sem levar em conta as características das diferentes
regiões do planeta.

No caso do Brasil, o pacote tecnológico privilegiou as inovações biológicas,


que elevaram a produtividade da terra, e as inovações mecânicas, que elevaram a
produtividade do trabalho (CARMO, 2008).

Nesta transformação, incluiu-se o uso de máquinas, equipamentos,


fertilizantes, agrotóxicos, sementes e matrizes de plantas melhoradas. No Brasil,
a adoção desse pacote permitiu a implantação em larga escala de sistemas de
monoculturas, com o emprego intensivo de fertilizantes e de agrotóxicos, e a
abertura de um imenso mercado de máquinas, sementes e insumos agrícolas
(AGUIAR; MONTEIRO, 2005).

4 AGRICULTURA FAMILIAR E AGRICULTURA PATRONAL


A partir de políticas públicas implantadas pelo Governo Federal, em 1995, a
agricultura foi separada em duas vertentes, os agricultores familiares e o agricultor
patronal. Esta separação permitiu a operacionalização de políticas públicas, como o
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

4.1 AGRICULTURA FAMILIAR


De acordo com a Lei n° 11.326/2006, o agricultor familiar é aquele que
pratica atividades no meio rural, possui área de até quatro módulos fiscais, utiliza
mão de obra da própria família, e além disso, a renda familiar é vinculada ao
próprio estabelecimento e o responsável pelo gerenciamento do estabelecimento
ou empreendimento é a própria família.

A agricultura familiar não emprega trabalhadores permanentes e pode


empregar até cinco trabalhadores temporários. Silvicultores, aquicultores
extrativistas, pescadores, indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária
são considerados agricultores familiares.

Conforme o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA, 2018), o


que caracteriza a agricultura familiar é a gestão compartilhada pela família e a
principal fonte geradora de renda é a atividade produtiva agropecuária.

10
TÓPICO 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

O agricultor tem uma relação particular com a terra, que além de ser seu
local de trabalho é também sua moradia. Neste local, a diversidade produtiva é
outra característica marcante.

Segundo dados do Censo Agropecuário de 2006, 84,4% do total dos


estabelecimentos agropecuários brasileiros são familiares. Dos 4,4 milhões de
estabelecimentos, a metade se localiza na Região Nordeste.

Os agricultores familiares constituem a base econômica de 90% dos


municípios brasileiros com até 20 mil habitantes. Absorve 40% da população
economicamente ativa do país, ademais, a agricultura familiar é responsável
por 50% dos alimentos da cesta básica brasileira, sendo importante instrumento
de controle da inflação (MDA, 2018). Conforme a metodologia de avaliação do
CEPEA, o PIB do Agronegócio em 2017 participou com 21,6% do PIB brasileiro.
A agricultura familiar participou com aproximadamente 33% do PIB do
Agronegócio.

A agricultura familiar possui grande importância econômica vinculada


ao abastecimento do mercado interno e ao controle da inflação dos alimentos
consumidos pelos brasileiros. A produção se concentra nas culturas de amendoim,
batata, cebola, fumo, mandioca, sisal, tomate, uvas, suínos e frango. Além da maior
parte do cacau, café e leite. Pelo menos 87% da mandioca, 70% do feijão, 46% do
milho, 38% do café, 34% do arroz e 59% do rebanho suíno são provenientes da
agricultura familiar, o que reforça a importância e relevância desses agricultores
no contexto econômico nacional.

A importância da agricultura familiar pode ainda ser contextualizada


quando se comparam a participação dos segmentos familiar e patronal no
agronegócio nacional. A agricultura familiar contribui com cerca de 10% do PIB
nacional, e participou em torno de 32% do PIB do agronegócio, ou seja, cerca de um
terço do agronegócio nacional esteve na dependência da produção agropecuária
familiar (CARMO, 2008).

Segundo dados do MDA (2008), o PIB da agricultura familiar tem


aumentado em relação ao crescimento dos PIBs de outros setores. Em 2003, o PIB
das cadeias produtivas da agricultura familiar cresceu 13,4 bilhões de reais (cerca
de 9%), enquanto o PIB nacional cresceu 0,5% e o PIB das cadeias produtivas da
agricultura patronal cresceu 5,13%.

É interessante notar que a característica da agricultura familiar é fortemente


regional, e reflete a estrutura fundiária das unidades da federação. Os estados
do Sul do país são os que possuem mais estabelecimentos familiares. A região
Sudeste, especialmente São Paulo, apresenta o menor indicador do agronegócio
familiar, devido à maior agressividade do capitalismo no campo (CARMO, 2008).

11
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

QUADRO 2 – COMPARAÇÃO ENTRE A AGRICULTURA PATRONAL E A AGRICULTURA FAMILIAR

Modelo Patronal Modelo Familiar


Separação entre gestão e trabalho Trabalho e gestão intimamente relacionados
Organização organizada Direção do processo produtivo assegurada
diretamente pelos proprietários
Ênfase na especialização Ênfase na diversificação
Ênfase em práticas agrícolas padronizáveis Ênfase na durabilidade dos recursos e na
qualidade de vida
Predomínio de trabalho assalariado Trabalho assalariado complementar
Tecnologias dirigidas à eliminação das Decisões imediatas, adequadas ao alto grau de
decisões de momento (pouca flexibilidade) imprevisibilidade do processo produtivo
Área média (ha)=600 Área média (ha)=50
Área ocupada (milhões ha) = 240 Área ocupada (milhões ha) = 108
Número de estabelecimentos (milhões) = 0,5 Número de estabelecimentos (milhões) = 4,1
Participação na área total = 68% Participação na área total = 30%

FONTE: Adaptado de FAO (1994) e MDA/Pronaf (BRASIL, 1994)

4.2 AGRICULTURA PATRONAL


A agricultora patronal é aquela que emprega trabalhadores permanentes
ou temporários. É o chamado agronegócio, em que a produção está voltada para
alta produtividade, pesados investimentos em maquinário, insumos agrícolas,
fertilizantes e pesticidas. Na agricultura patronal ocorre a total separação da
gestão e do trabalho, o qual está concentrado em culturas voltadas à exportação,
dentro de uma visão mais empresarial do negócio.

O agronegócio é um importante setor econômico no Brasil e vivenciou


nos últimos anos as mudanças ocorridas na forma de se gerenciar as empresas
e as estratégias, o que contribui para melhorar o gerenciamento das empresas
e ampliar as vantagens competitivas ou consolidar suas posições de mercado
(ARIEIRA; FUSCO, 2010).

O agronegócio tem quatro componentes principais: o insumo, o próprio


setor, o processamento, a distribuição e os serviços.

No Brasil, cerca de 33% do PIB está ligado às atividades do agronegócio,


com ações na fabricação de insumos, produção de produtos agrossilvipastoris ou
no processamento industrial dos produtos (WAACK; MACHADO FILHO, 1999).
A produção agropecuária em 2017 foi de R$ 533,5 bilhões, 1.6% maior em relação
a 2016 (525 bilhões).

12
TÓPICO 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

A agricultura e a pecuária são de fundamental importância para o


crescimento das exportações e a entrada de dólares na economia, contribuindo
para a blindagem da relação quanto às pressões especulativas externas. O
agronegócio brasileiro é uma área estratégica para políticas de desenvolvimento.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra


2016/2017 chegou a 238 milhões, com um aumento de 51,3 milhões de toneladas.
A elevação se deve ao aumento da área e às boas produtividades médias da safra
atual, que não sofreu com a influência das condições climáticas do ano passado.
A previsão é de aumento de 3% na área total em relação à safra anterior, podendo
chegar a 60,1 milhões de hectares. O algodão teve um aumento de 73,56%, a
produção da cana-de-açúcar aumentou 30,6%, enquanto o milho teve um aumento
de 14,2% em relação ao ano de 2016. Para a soja, a expectativa é de aumento de
15,4% na produção, devendo atingir 110,2 milhões de toneladas, com aumento de
14,7 milhões de toneladas em relação à safra anterior e ampliação de 1,4% na área,
que deve chegar a 33,7 milhões de hectares.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra de


grãos em 2017 foi maior que em 2016, e teve expansão de 25,1%.

Diversos atores estão envolvidos no agronegócio, dentre os fornecedores


de insumos, os agricultores, processadores, comerciantes e os consumidores.

• Fornecedores de insumos: são as empresas que têm por finalidade ofertar


produtos tais como: sementes, calcário, adubos, herbicidas, fungicidas,
máquinas, implementos agrícolas e tecnologias.
• Agricultores: referem-se aos agentes cuja função é proceder ao uso da terra
para produção agrícola, como madeira, cerais e oleaginosas.
• Processadores: são as agroindústrias que podem pré-beneficiar, beneficiar e
transformar os produtos in natura.
• Pré-beneficiamento: o pré-beneficiamento consiste na limpeza, secagem e
armazenamento dos grãos.
• Beneficiamento: as plantas são padronizadas e empacotadas. Ex.: arroz,
amendoim, feijão, milho.
• Transformação: as plantas são processadas para transformar em um produto
acabado. Ex.: óleo de soja, cereal matinal, polvilho, farinhas, álcool, açúcar.

13
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

FIGURA 1 – CADEIA PRODUTIVA DO AGRONEGÓCIO

Propriedade Indústria de
Pré-Beneficiamento Beneficiamento Transformação

Insumos
Mercado Externo
Mercado Interno
Tecnologia

FONTE: Adaptado de Silva (2007)

• Comerciantes: são os grandes atacadistas que distribuem os produtos e


abastecem as redes de supermercados, postos de vendas e mercados no exterior.
• Consumidores: é o ponto final da comercialização, constituído por grupos de
consumidores, este mercado pode ser doméstico ou externo, localizado no país
ou em outras nações.

FIGURA 2 – CADEIA PRODUTIVA DO AGRONEGÓCIO DESTACANDO OS ATORES DENTRO E


FORA DA PORTEIRA

Fornecedores Processadores Comerciantes


Agricultores Atacadistas e
de Insumos Agroindústrias Varejistas

Mercado
Consumidor

FONTE: Adaptado de Silva (2007)

Atualmente, os principais fatores que explicam o desempenho positivo


do agronegócio no Brasil são a queda dos estoques de grãos, o incremento da
demanda de países em desenvolvimento. Ocorreu uma alteração do destino das
exportações agropecuárias brasileiras, com aumento da importância da China
como destino dos produtos do Brasil. Os Estados Unidos também são destaque
como destino das exportações brasileiras.

14
TÓPICO 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

DICAS

Acesse os links, neles você encontrará leituras que contribuirão com o


conhecimento.
<http://www.vermelho.org.br/coluna.php?idcolunatexto=2941&idcoluna=26>;
<http://www.mda.gov.br/sitemda/o-impacto-da-agricultura-familiar-na-economia-
brasileira>;
<http://www.mda.gov.br/sitemda/secretaria/safseaf/apresenta%C3%A7%C3%A3o>;
<http://www.mcagroflorestal.com.br/blog-detalhe.php?codigo=113>;
<http://www.mda.gov.br/>;
<http://www.eng2016.agb.org.br/resources/anais/7/1467682542ARQUIVOENG-
ENCONTRO1.pdf>;
<https://www.scotconsultoria.com.br/noticias/artigos/28162/>.

15
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A agricultura surgiu a partir do momento em que o homem sentiu a necessidade


de tirar proveito das potencialidades do ambiente.

• A atividade agrícola iniciou-se em diversas partes do mundo em diferentes


épocas.

• O engenheiro agrônomo Vavilov identificou oito centros de origem de várias


espécies cultivadas: Chinês, Indiano, Asiático Central, Oriente Próximo,
Mediterrâneo, Etíope, Mexicano do Sul, Sul-americano, Chiloé e Brasil e
Paraguai.

• Antes da chegada dos portugueses ao Brasil, os nativos já cultivavam mandioca,


amendoim, batata-doce, frutas e outras espécies.

• Desde a colonização, o Brasil foi um território voltado para a agricultura de


exportação, e vários ciclos de diversas culturas, como a cana-de-açúcar, o café,
o cacau, a borracha, e outros produtos. A agricultura de subsistência também
era praticada.

• A modernização da agricultura brasileira se deu a partir do processo de


industrialização do país.

• A modernização ocorreu a partir de incentivos e políticas públicas voltadas


para o uso de máquinas, corretivos agrícolas, fertilizantes, defensivos.

• A modernização da agricultura contribuiu para aumentar o poder de compra


da população, aumentar o poder para as cidades, aumentar a extensão rural
e aumentar os investimentos em pesquisa e educação agrária. No entanto,
gerou diversos problemas, como o êxodo rural e a exclusão dos agricultores do
processo.

• A Revolução Verde introduziu os fatores de produção como variedades


superiores e novas técnicas de cultivo, no entanto, estas inovações foram
utilizadas de maneira generalizada em todos os países, não sendo respeitadas
as peculiaridades de cada região.

• Para fins de distribuição de políticas públicas do Governo Federal, a agricultura


brasileira é dividida em agricultura patronal e agricultura familiar.

16
• De acordo com a Lei n° 11.326/2006, o agricultor familiar é aquele que pratica
atividades no meio rural, possui área de até quatro módulos fiscais, utiliza
mão de obra da própria família e a renda familiar é vinculada ao próprio
estabelecimento.

• A agricultura patronal é aquela que emprega trabalhadores permanentes. É


o chamado agronegócio, a produção está voltada para o mercado e utiliza
insumos agrícolas, fertilizantes e defensivos, visando a alta produtividade.

17
AUTOATIVIDADE

1 Analise as afirmativas:

I- Os principais centros de origem de várias espécies cultivadas são o Chinês,


Indiano, Asiático Central, Oriente Próximo, Mediterrâneo, Etíope, Mexicano
do Sul, Sul-americano, Chiloé e Brasil e Paraguai.
II- Vavilov identificou centros primários e centros secundários, sendo os
primeiros os que têm maior diversidade de espécies.
III- Os ciclos agrícolas econômicos no Brasil iniciaram com o plantio de café, no
século XV, sendo utilizada mão de obra escrava, na região Nordeste do país.
IV- A modernização da agricultura no Brasil ocorreu a partir do processo de
ruralização do país, impulsionado pelas medidas políticas econômicas do
governo.
V- Diversos fatores contribuíram para a modernização da agricultura, dentre
eles, destacam-se: disponibilidade de crédito, abertura de novos mercados, o
crescimento da demanda internacional e o mercado interno.

Com base nas afirmativas acima, é válido afirmar que:


a) ( ) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) ( ) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) ( ) Somente as afirmativas I, II e V são corretas.
d) ( ) Somente as afirmativas II e V são corretas.

18
UNIDADE 1
TÓPICO 2

MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS

1 INTRODUÇÃO
O melhoramento de plantas é a arte e a ciência de melhorar geneticamente
plantas para o benefício da humanidade (BORÉM; MIRANDA, 2009). Como
ciência, depende do conhecimento de diversas áreas, como Genética, Estatística,
Agronomia, Fitopatologia, Entomologia e outras. Além disso, depende da
habilidade, intuição e experiência do melhorista (BORÉM et al., 2002).

O melhoramento de plantas engloba os avanços na ciência com as questões


ambientais e sociais e obtém produtos que trazem benefícios ambientais, como
a despoluição de solo, melhora da qualidade da água e do ar. O melhoramento
de plantas é a forma ecologicamente responsável de se aumentar a produção
de alimentos. Com o aumento do potencial produtivo das espécies cultivadas
diminui-se a necessidade de inclusão de novas áreas para o cultivo (BORÉM;
MIRANDA, 2009).

De forma primitiva e rudimentar, o melhoramento de plantas teve início


há cerca de 12.000 anos, juntamente à agricultura, quando o homem selecionou
plantas adequadas às suas necessidades. Os primeiros melhoristas eram
agricultores que observavam as plantações e, ao perceberem uma planta atípica
no campo, colhiam-na para obtenção de sementes, realizando as seleções.

A variabilidade genética é fundamental para que ocorra a evolução das


espécies. É também nas populações com variabilidade genética que se procede a
seleção de plantas com características de interesse agronômico.

O melhoramento genético visa obter genótipos superiores, no entanto, a


expressão das características depende do ambiente onde a planta for cultivada.
Os principais objetivos do melhoramento são:

• Aumentar a produtividade.
• Aumentar a qualidade ou a quantidade de proteínas, óleos, vitaminas, minerais.
• Melhorar a qualidade pós-colheita.
• Obter cultivares resistentes às doenças e às pragas.
• Aumentar a tolerância às condições adversas de clima ou solo.
• Criar novos produtos com alto valor agregado.
• Produzir alimentos seguros, energia renovável e biofábricas.
• Introduzir caracteres exóticos para produção de biofármacos, resistência a
herbicidas e outros produtos.

19
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

O melhorista pode ter algumas dificuldades para a condução do


programa de melhoramento, dentre eles: recursos financeiros escassos, falta de
áreas ou campos experimentais, mudança nas normas e nos requerimentos para
lançamento de novas cultivares e obter cultivares com diferencial mercadológico
em relação às outras empresas e que sejam amplamente plantadas.

2 REPRODUÇÃO DAS ESPÉCIES CULTIVADAS


O modo de reprodução dos vegetais interfere diretamente no melhoramento
e no desenvolvimento do cultivar. O modo de reprodução vai determinar
a estratégia e os métodos adotados no processo de obtenção de cultivares e a
maneira como as plantas com genótipos superiores serão produzidas. Os vegetais
podem propagar-se sexuadamente, por sementes, ou assexuadamente, por meio
da multiplicação de partes vegetativas (ARAÚJO; BRUCKNER, 2008).

2.1 REPRODUÇÃO SEXUADA


A reprodução por sementes é a principal forma de reprodução das plantas
superiores. A fertilização ocorre a partir da fusão dos núcleos dos gametas
femininos e masculino.

A constituição genética dos indivíduos gerados pela reprodução sexual


depende dos alelos presentes em cada um dos gametas que se unem para formar o
indivíduo. A combinação dos alelos que estão distribuídos ao longo dos diversos
cromossomos propicia a grande diversidade genética entre os indivíduos
das populações, assim, a propagação sexuada é considerada um importante
mecanismo de adaptação da espécie.

As espécies podem ser classificadas em autógamas, alógamas e autógamas


com frequente alogamia. As plantas autógamas são aquelas que se reproduzem por
autofecundação. A consequência genética deste tipo de reprodução, após várias
gerações, é a homozigose, isso significa que os descendentes não diferem entre si.

A ocorrência de autofecundação depende de vários fatores. O fenômeno de


cleistogamia ocorre quando a autopolinização ocorre antes da abertura das flores.

Por outro lado, as espécies alógamas reproduzem-se por fecundação


cruzada. Assim, os descendentes são distintos entre si e diferem dos pais que os
originaram, devido à segregação genética (BRUCKNER; JUNIOR, 2008).

2.2 REPRODUÇÃO ASSEXUADA


Algumas espécies cultivadas são perpetuadas por propagação vegetativa,
devido à baixa produção de sementes, manifestação de variabilidade genética
indesejável, devido à alta heterozigose, que poderia ser perdida com a segregação.

20
TÓPICO 2 | MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS

A propagação assexuada pode ocorrer por diversas estruturas da planta,


dentre elas: bulbos, tubérculos, rizomas, folhas e caules. Planta originada de uma
mesma planta por reprodução assexuada constitui um clone, portanto, plantas do
mesmo clone são idênticas entre si e à planta que lhe deu origem.

QUADRO 3 – ALGUNS EXEMPLOS DE ESPÉCIES PROPAGADAS VIA PROPAGAÇÃO VEGETATIVA

Abacaxi Banana Cana-de-açúcar Framboesa


Alfafa Batata-doce Capim-napier Morango
Amora-preta Batata Laranja Mandioca

FONTE: A autora

A reprodução assexuada pode facilitar o trabalho do melhorista, pois um


genótipo superior pode ser perpetuado e mantida sua identidade genética.

A propagação assexuada envolve mecanismos de divisão, diferenciação


celular e fundamentam-se na aptidão de alguns órgãos vegetativos de originar
um indivíduo completo do ponto de vista morfológico e funcional (BANDINI,
1992). A diferenciação das células para formar um novo indivíduo ocorre, pois,
as plantas têm uma propriedade chamada totipotência celular. As células contêm
as informações genéticas e estão aptas para reproduzir a planta inteira. Dessa
forma, as células meristemáticas são programadas para se diferenciarem e formar
tecidos, ou seja, caule, folhas, raízes, flores e os órgãos reprodutivos.

Vantagens da propagação assexuada

• Propagação de genótipos superiores.


• Produção precoce.
• Uniformidade das plantas.
• Resistência a fatores bióticos e abióticos.

Desvantagens da propagação assexuada

• A uniformidade pode levar ao aumento do risco das cultivares se tornarem


suscetíveis aos patógenos.
• Envelhecimento dos clones. O acúmulo de vírus pode causar a perda do vigor
e da produtividade.
• Mutações e modificações genéticas.

3 BANCOS DE GERMOPLASMA
A maioria das espécies cultivadas em determinada nação não são nativas. O
intercâmbio de espécies entre países e centros de pesquisa contribui para aumentar
a diversidade e variabilidade das espécies cultivadas.

21
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

Os bancos de germoplasma desenvolvem diversas atividades, dentre


eles o levantamento, aquisição, exploração e coleção de materiais vegetais. Além
disso, promovem a manutenção, multiplicação e rejuvenescimento. É realizada
a caracterização, avaliação, documentação, distribuição e intercâmbio do maior
número possível de amostras do germoplasma dentro das limitações físico-
econômicas. O curador do banco de germoplasma deve estabelecer prioridades
com relação à coleta, em função do grau de importância, da diversidade e do risco
de extinção de acessos.

Banco de germoplasma é uma coleção viva de todo o patrimônio genético


de uma espécie. A conservação pode ser in situ e ex situ.

Na conservação ex situ, a amostra de determinada espécie é conservada em


condições artificiais. As sementes são um exemplo, em que são armazenadas em
baixa temperatura e umidade. A viabilidade das sementes pode ser preservada
por décadas. As sementes ortodoxas adaptam-se bem ao armazenamento e
quanto mais baixa a umidade e a temperatura, maior é a longevidade. Novas
formas de conservações ex situ têm sido utilizadas, como a conservação in vitro e
criopreservação em condições de ultrabaixa temperatura (-196 °C).

A conservação in situ pode ser definida como aquela em que a população


é mantida no seu ambiente natural. É utilizada na conservação de populações
naturais de parentes silvestres de espécies cultivadas, principalmente para espécies
florestais. Diversos fatores afetam a manutenção das populações in situ, dentre eles:
as condições de regeneração, o sistema reprodutivo e a capacidade de geração de
híbridos naturais, populações de polinizadores, pragas, ação antrópica, tamanho
da população, degradação ambiental, políticas públicas, extrativismo e outras
(PÁDUA; FERREIRA, 2008).

A conservação de germoplasma in vitro é recomendada para espécies


de propagação vegetativa e aquelas de sementes recalcitrantes, no entanto, o
estabelecimento e a manutenção de culturas in vitro não podem ser considerados um
sistema de conservação, pois podem incorrer em riscos, que podem ser minimizados
pelo retardamento do crescimento da cultura. Várias estratégias têm sido utilizadas,
como a redução da temperatura de incubação das culturas e aplicações de retardantes
osmóticos e hormonais no meio nutritivo (WHITERS, 1993).

O crescimento lento pode ser limitado, devido ao fato de não ser muito
seguro para sistemas de células não organizadas e calos, além disso, as condições
não são consideradas suficientemente estáveis para a conservação de germoplasma
a longo prazo, mesmo para a conservação de explantes de parte aérea (IBPGR, 1983).

A regeneração de plantas a partir de células somáticas, gaméticas ou


meristemáticas é uma alternativa atrativa na preservação de germoplasmas.

Vantagens da preservação de germoplasma in vitro

22
TÓPICO 2 | MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS

• O espaço necessário para a manutenção do grande número de acessos pode ser


reduzido.
• Os acessos ficam livres de pragas e doenças.
• Não tem necessidade de se realizar podas e tratos culturais nas plantas.
• Pode-se produzir grande número de plantas.
• A quarentena é desnecessária quando se realiza o intercâmbio internacional de
germoplasma.

Desvantagens da preservação de germoplasma in vitro

• Pode ocorrer variação somaclonal. A variação somaclonal acontece entre


indivíduos regenerados via cultura de tecidos. Pode ser fisiológica, epigenética
ou genética, como resultado do processo de cultivo in vitro.
• A conservação de germoplasma in vitro pode ocorrer via congelamento e em
câmaras frias.
• No congelamento, também chamado de criopreservação, o material é mantido
na temperatura de nitrogênio líquido, aproximadamente 196 °C, em que os
processos metabólicos, como respiração e atividade enzimática das células,
permanecem completamente inativos.
• Os protocolos de criopreservação envolvem uma sequência de tratamentos
destinados a prevenir ou minimizar danos e ajudar a sua recuperação.
• Em baixas temperaturas (1 a 9 °C) o envelhecimento do material é reduzido,
mas não ocorre o total bloqueio das atividades fisiológicas do material, assim,
o material deve ser repicado periodicamente.
• Os bancos de germoplasma devem possuir duas coleções, a coleção base, que
será preservada a longo prazo; e a coleção ativa, preservada a médio prazo.
• A coleção ativa é conhecida como coleção núcleo e deve possuir reduzido
número de acessos, geralmente inferior a 2.000 e devem ter características bem
detalhadas.
• A coleção núcleo deve ser representativa da coleção base, incluindo ampla
variabilidade genética, e sua função é constituir-se na primeira fonte de
variabilidade para os programas de melhoramento, de onde sairá a maioria
dos acessos distribuídos pelo banco de germoplasma.
• A coleção base deve conter o maior número possível de acessos e deve ser utilizada
quando a coleção ativa não apresentar acessos com características desejadas.
• Para que a diversidade genética disponível nos bancos de germoplasma seja
utilizada, é necessário que os acessos sejam caracterizados e documentados
de forma que o melhorista identifique os acessos úteis para o programa de
melhoramento.

Foi proposta por Harlan (1975) a divisão do germoplasma de uma espécie
em três grupos gênicos:

• Primário: Inclui as espécies cultivadas e as silvestres que apresentam


características potencialmente úteis e podem ser transferidas imediatamente
para um programa de desenvolvimento de cultivares. Recomenda-se que essas
espécies se intercruzem facilmente, produzindo progênies viáveis.

23
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

• Secundário: Incluem as espécies silvestres que podem doar genes às espécies


cultivadas, mas com ressalvas, pois os cruzamentos interespecíficos podem
resultar em híbridos raquíticos, em que o emparelhamento cromossômico
durante a meiose é anormal e os híbridos tendem a ser estéreis.
• Terciário: Abrange os acessos geneticamente mais distantes da espécie de
interesse. A transferência de características de espécies deste grupo para as
espécies cultivadas requer técnicas especiais, como o resgate de embriões em
meio de cultura. Caso obtenha o híbrido, este será estéril e técnicas de enxertia
ou cultura de tecidos serão necessárias para a obtenção de plantas desejáveis.

Para o desenvolvimento de cultivares, o melhorista utiliza como genitores


cultivares e linhagens adaptadas à região a que se destinam. Alguns melhoristas
preferem cruzamentos de cultivar adaptados ou de cultivares superiores, o
que garante maior probabilidade de adaptação e maior número de caracteres
agronômicos satisfatórios.

Caso a variabilidade não seja satisfatória, o melhorista utiliza genótipos


exóticos ou acessos provenientes de bancos de germoplasma, preferindo os grupos
gênicos primários.

As espécies silvestres não são recomendadas, pois frequentemente


apresentam características que as cultivares comerciais não devem possuir, como
deiscência de vagem, acamamento, dormência de sementes ou sementes pequenas.
O desenvolvimento de uma cultivar a partir de tipos silvestres envolve vários ciclos
de seleção ou a utilização de retrocruzamentos.

Os grupos gênicos secundário e terciário são considerados fontes de


genes para o desenvolvimento direto de novas cultivares, mas somente se as
características desejáveis não estiverem presentes nos grupos gênicos primários.
Portanto, o melhorista que desejar utilizar os genes presentes nesses grupos deve
verificar a viabilidade da aplicação de recursos e tempo na transferência gênica e
da eliminação das características indesejáveis.

É importante ressaltar que a baixa diversidade genética entre os genitores


utilizados em cruzamentos reduz a variabilidade genética dos caracteres
quantitativos. Portanto, o progresso genético do melhoramento com as
características selecionadas pode ser limitado. O máximo de produtividade de
uma espécie é difícil de ser avaliado, pois os incrementos de produtividade não
ocorrem em taxa constante.

Deve-se frisar que os programas de melhoramento que enfatizam várias


características, além da produção de grãos, podem criar um máximo não real,
devido às restrições impostas a outras características.

24
TÓPICO 2 | MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS

FIGURA 3 – GERENCIAMENTO DE BANCOS DE GERMOPLASMA

Banco de
germoplasma

Aquisição

Coleção Linhagens
Expedição
Nacional melhoradas

Multiplicação

Quarentena

Casa de
vegetação

Campo

Multiplicação/
Caracterização
Campo

Rejuvenecimento
Conservação

Testes de Coleção Base/


Coleção Ativa variabilidade Preservação

Banco de Distribuição
Dados semestes/catálogo

Programa de
Outros bancos
Melhoramento

FONTE: Adaptado de Borém e Miranda (2009)

4 APLICAÇÃO DA GENÉTICA NO MELHORAMENTO DE


PLANTAS
A genética é a ciência que estuda as diferenças e semelhanças entre os
indivíduos de uma população (PIRES; RESENDE, 2011).

Para que o melhoramento genético de uma espécie ocorra deve-se analisar


o fenótipo e o genótipo. Esses dois conceitos são muito importantes para o
melhoramento. O fenótipo é definido como o que se pode observar no indivíduo,
por exemplo, a cor da flor do feijão, a altura e outras características. O genótipo é
o material hereditário, que os parentais transferem para seus descendentes.

Para que se realize o estudo da herança de uma característica, deve-


se conhecer o nível de controle genético, isto é, se a característica é herdável,
determinada por genes e que são transmitidos dos pais para os filhos.
25
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

Os caracteres são classificados em quantitativos e qualitativos. Os


caracteres qualitativos são controlados por poucos genes. Estes não são
influenciados pelo ambiente e permitem o agrupamento em classes, além disso,
têm distribuição discreta, portanto, obedecem aos princípios da probabilidade e
segregam conforme as Leis de Mendel (PIRES; RESENDE, 2011).

Pais: Aa (verm.) x Aa (verm.)



F1: AA Aa aa
Fenótipo 3:1 (AA=1 verm., Aa=2 verm.): aa=1 branco

Os caracteres quantitativos estão associados às características de alto


valor agregado e têm controle poligênico, ou seja, vários genes estão envolvidos
na característica.

As populações naturais têm variabilidade, devido aos efeitos genéticos e


ambientais na expressão de quaisquer características dos indivíduos. Para obter
as estimativas precisas desses efeitos o melhorista lança mão de diversos métodos
estatísticos e quantitativos.

As estratégias eficientes de melhoramento dependem do conhecimento


do controle genético dos caracteres a serem melhorados. A herdabilidade é um
dos parâmetros genéticos de fundamental importância para o melhoramento.

A herdabilidade é a proporção relativa das influências genéticas e ambientais


na manifestação fenotípica dos caracteres e indica o grau de facilidade ou dificuldade
para melhorar algum caractere. Se os caracteres têm baixa herdabilidade, deve-
se proceder a métodos de seleção mais elaborados. Características com alto
valor de herdabilidade têm alto controle genético, enquanto caracteres de baixa
herdabilidade são altamente influenciados pelo meio ambiente.

5 MÉTODOS DE MELHORAMENTO
Uma das premissas no programa de melhoramento de plantas é a
execução de um planejamento. A partir da análise da demanda do produto pelo
consumidor, a aceitação do produtor e o interesse da indústria devem definir os
objetivos em curto, médio e longo prazo. Além disso, o melhorista deve conduzir
experimentos preliminares e conhecer a planta, seu modo de reprodução, o tipo
de fecundação, conhecer a herança das características, a influência do ambiente
na expressão gênica e outras informações importantes.

Ainda no planejamento, devem ser escolhidos os locais para avaliação dos


genótipos desenvolvidos. A região de avaliação deve ser representativa do local
ao qual a cultivar se destina. A interação genótipo x ambiente deve ser avaliada
em diversas localidades e por mais de um ano. Se o número de linhagens ou
híbridos for grande, pode-se escolher uma ou duas localidades apenas. Depois de

26
TÓPICO 2 | MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS

eliminar os genótipos inferiores, deve-se aumentar o número de locais para teste.


A partir do segundo ano de avaliação, deve-se avaliar em três ou quatro locais.
Nas avaliações finais, recomenda-se de cinco a sete locais.

5.1 SELEÇÃO MASSAL


A seleção massal consiste em selecionar indivíduos fenotipicamente
superiores, que são colhidos e intercruzados ao acaso, servindo de genitores da
próxima geração. O custo é baixo em relação aos métodos mais sofisticados, que
empregam a seleção baseada em testes de progênies (HANSCHE, 1983).

A seleção massal explora a variabilidade que existe na população, com


objetivo de aumentar a frequência de alelos favoráveis. Esta seleção é eficiente
apenas em situações em que a população é heterogênea, constituída de misturas
de linhas puras (espécies autógamas) ou indivíduos heterozigóticos, em espécies
alógamas (BORÉM, 2001).

A seleção massal é recomendada para plantas de ciclo curto. Plantas de


ciclo longo, como fruteiras, recomenda-se utilizar métodos de melhoramento que
proporcionem maior ganho de seleção. No entanto, para fruteiras pouco melhoradas,
propagadas por sementes, a seleção massal é interessante no primeiro ciclo.

FIGURA 4 – SELEÇÃO MASSAL. OS INDIVÍDUOS SUPERIORES (A) SÃO


SELECIONADOS PARA RECOMBINAÇÃO (B) E OS INDIVÍDUOS INFERIORES
DESCARTADOS

A
FONTE: Bruckner e Junior (2008)

5.2 SELEÇÃO MASSAL ESTRATIFICADA


Na seleção massal ocorre o problema de falta de controle ambiental. Dessa
forma, foi proposto por Gardner (1961) a seleção massal estratificada. Nesse
método, o campo é subdividido em pequenas áreas e a seleção é realizada nessas
áreas. Dessa maneira, reduz a variância ambiental.

27
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

5.3 SELEÇÃO COM TESTE DE PROGÊNIES


O teste de progênie é o teste do valor de um genótipo com base no
comportamento de sua descendência (BORÉM, 2001). O teste é baseado na
capacidade da planta em gerar descendentes superiores. O teste de progênies
torna a seleção mais eficiente, quando comparado com o desempenho do
indivíduo. Neste caso, a avaliação é realizada sobre dois indivíduos, o genitor e a
progênie (FALCONER, 1989).

5.3.1 Etapas da avaliação e seleção das progênies


1. Inicialmente é feita a seleção de plantas quanto a caracteres de alta herdabilidade
e que sejam de avaliação fácil e de baixo custo.
2. Realiza-se avaliações mais detalhadas, em poucos genótipos.
3. São realizados ensaios com repetição e compara-se os melhores genótipos com
cultivares de referência, em vários locais.
4. O melhor genótipo é escolhido como nova cultivar. Este é propagado
vegetativamente, dependendo da espécie.

FIGURA 5 – ESQUEMA DAS ETAPAS DA SELEÇÃO COM TESTES DE PROGÊNIES

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

Ensaios Comparativos

VARIEDADE

FONTE: Bruckner e Junior (2008)

28
TÓPICO 2 | MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS

5.4 SELEÇÃO RECORRENTE


A seleção recorrente é um método que se delineia para concentrar a
frequência de alelos desejáveis. Realiza-se a seleção, em cada geração, entre os
descendentes produzidos por recombinação de indivíduos selecionados na
geração anterior (ALLARD, 1971).

Na seleção recorrente obtêm-se as progênies, realiza-se a avaliação e o


intercruzamento das melhores. Além disso, as progênies podem ser obtidas por
polinização livre, cruzamentos controlados ou autofecundação.

De acordo com Borém (2001), os métodos de seleção recorrente são mais


apropriados para programas de melhoramento de longo prazo e para caracteres
quantitativos. Nesse método ocorre a repetição dos mesmos procedimentos após
cada ciclo contínuo e assim desloca-se a média por meio dos ciclos de seleção.

O método de seleção recorrente pode ser intrapopulacional ou


interpopulacional:

• Intrapopulacional: Quando a seleção é conduzida para melhorar uma


população.
• Interpopulacional: Quando a seleção recorrente é utilizada para melhorar duas
populações, uma em função da outra. Ex.: Fruteiras propagadas vegetativamente
são altamente heterozigotas, assim, a seleção recorrente interpopulacional pode
ser útil para obtenção de híbridos com alta heterose. Após a seleção estes híbridos
podem ser propagados vegetativamente (BRUCKNER; JUNIOR, 2008).

Na seleção recorrente pode-se utilizar progênies de meio-irmãos, irmãos


completos ou provenientes de autofecundações.

As progênies de meio-irmãos são produzidas por polinização aberta. A


característica dessas progênies é que elas têm um dos pais em comum. Cada
progênie de meio-irmãos é adquirida de um ou poucos frutos, coletados de uma
mesma planta. A seleção em progênies de meio-irmãos pode ser utilizada em
espécies alógamas.

A seleção recorrente em progênies de irmãos completos ou irmãos


germanos ocorre quando as progênies são obtidas por cruzamentos controlados
entre dois genitores.

As progênies de irmãos completos são facilmente obtidas em espécies que


produzem flores isoladas e grande quantidade de frutos. Ex.: maracujazeiro.

29
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

FIGURA 6 – SELEÇÃO RECORRENTE COM OS CICLOS DE SELEÇÃO. CICLO


0: POPULAÇÃO INICIAL

FONTE: Adaptado de Borém (2001)

5.5 RETROCRUZAMENTO
No método de retrocruzamento ocorrem vários cruzamentos de progênie
de duas cultivares. A cultivar que participa apenas do cruzamento inicial, por
exemplo, a cultivar B, é o genitor doador ou não recorrente. A cultivar utilizada
nos cruzamentos repetidos, por exemplo, a cultivar A, é o genitor recorrente.

O método do retrocruzamento tem por objetivo recuperar o genótipo do


genitor recorrente, que é transferido para o genitor doador.

No método ocorre a seleção de duas cultivares, sendo uma delas, em


geral, adaptada e produtiva, mas apresenta alguma característica indesejável. O
cruzamento entre as duas cultivares é realizado e o híbrido F1 é retrocruzado com
o genitor recorrente em sucessivas gerações.

Após os ciclos de retrocruzamentos, as progênies serão heterozigotas para


os alelos em transferência, mas não homozigotas para os outros alelos. Assim,
uma geração de autofecundação, após o último retrocruzamento, produzirá uma
progênie homozigótica para todos os genes em transferência, originando uma nova
versão da cultivar utilizada como genitor recorrente. A característica indesejável é
substituída pela característica do genitor doador. Ex.: quando um novo patógeno
infecta uma cultivar superior e coloca em risco a utilização dessa cultivar, pode-se
realizar o método de retrocruzamentos, em que é incorporada à cultivar a resistência
à nova raça fisiológica do patógeno. Dessa forma, melhora a cultivar já existente e
não desenvolve uma nova cultivar (BORÉM; MIRANDA, 2009).

30
TÓPICO 2 | MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS

O número de cruzamentos depende do grau de recuperação desejado


do genitor recorrente, do mérito agrícola do genitor doador, da intensidade de
seleção das características do genitor recorrente durante o programa e da ligação
gênica entre os genes em transferência (BORÉM; MIRANDA, 2009).

Caso sejam utilizados genitores doadores com baixo mérito agrícola, como
acessos de bancos de germoplasma ou tipos silvestres, deve-se realizar vários
retrocruzamentos. No entanto, se forem utilizadas cultivares agronomicamente
superiores, como genitores doadores, o número de retrocruzamentos será menor,
pois não há a necessidade de recuperação integral do genitor recorrente (BORÉM;
MIRANDA, 2009).

FIGURA 7 – ESQUEMA DO MÉTODO DO RETROCRUZAMENTO


Genitor recorrente Genitor doador

Geração % recorrente

F1 50

RC1 75

RC2 87,5

RC3 93,75

RC4 96,875

FONTE: Adaptado de Borém e Miranda (2009)

5.6 MÉTODO DESCENDENTE DE UMA ÚNICA SEMENTE (SSD)


A proposta desse método é maximizar o número de linhagens em
homozigose descendentes de diferentes indivíduos da geração F2. Este
procedimento garante que cada linhagem homozigótica na população final
corresponderá a uma planta F2. No entanto, isso não significa que todas as plantas
F2 estarão representadas na população final. O tamanho da população é reduzido
a cada geração, em virtude da incapacidade de germinação das sementes e de
algumas plantas não completarem o ciclo (GOULDEN, 1939).

O método consiste em avançar as gerações segregantes até um nível


de homozigose que seja satisfatório, e tomando uma única semente de cada
indivíduo de uma geração para estabelecer a geração subsequente. Sugere-se
semear duas a três sementes em covas individuais, para assegurar a germinação.

31
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

Após a emergência, uma única planta é preservada e as demais são desbastadas.


Este procedimento é repetido nas gerações seguintes até o nível de homozigose
que se deseja.

A característica mais importante do SSD é a redução do tempo requerido


para obter linhagens homozigóticas. Neste método o processo de avaliação e
seleção de genótipos só se inicia após a obtenção das linhagens em homozigose,
assim, pode-se conduzir tantas gerações quantas forem necessárias por anos.

Nesse método, ocorre a separação da fase de aumento da homozigose da


fase de seleção. Assim, as populações segregantes não precisam ser conduzidas
em ambiente similar ao qual a futura cultivar será plantada. O método pode ser
implantado e adapta-se bem em casa de vegetação ou viveiros em qualquer região
e épocas típicas de cultivo da espécie, permitindo mais de uma geração por ano
(BORÉM; MIRANDA, 2009).

Vantagens do método SSD

• Fornece a máxima variância genética entre linhagens na população final.


• Atinge rapidamente o nível desejado de homozigose.
• Método de fácil condução.
• Não precisa de registro de genealogia.
• Pode ser conduzido fora da região de adaptação.
• Requer pouca área e mão de obra.

Desvantagens do método SSD

• Apresenta pequena oportunidade de seleção nas gerações precoces.


• O método não se beneficia da seleção natural quando esta é favorável.

6 MELHORAMENTO DE ESPÉCIES PROPAGADAS


ASSEXUADAMENTE
Diversas espécies de importância econômica são propagadas
assexuadamente, dentre elas destacam-se a cana-de-açúcar, batata, batata-doce,
mandioca e várias fruteiras, plantas ornamentais e forrageiras.

Algumas espécies se reproduzem exclusivamente por propagação


vegetativa, como a bananeira, e muitas apresentam alternativamente a reprodução
sexual.

Diversas espécies que se reproduzem assexuadamente, como batata,


alfafa e morango são poliploides e apresentam segregação complexa, mesmo
para caracteres pouco influenciados pelo ambiente.

32
TÓPICO 2 | MELHORAMENTO GENÉTICO DE PLANTAS

As técnicas de cultura de tecidos têm contribuído para que muitas espécies


propagadas assexuadamente possam ser exploradas como espécies anuais,
uma vez que a produção de propágulos clonais pode ser atingida e de maneira
uniforme, permitindo a renovação das lavouras anualmente.

A maioria das espécies de propagação clonal é alógama e, portanto,


apresenta elevada heterozigose e acentuada perda de vigor com a endogamia. A
estratégia de melhoramento dessas espécies é realizar o cruzamento entre dois
clones superiores e avaliar a geração F1 segregante. Caso um único indivíduo
superior seja identificado na população segregante, este pode ser multiplicado
assexuadamente, avaliado em testes comparativos e distribuído como novo clone.
Dessa forma, o melhoramento dessa espécie será menos trabalhoso e mais rápido
em relação às espécies propagadas sexuadamente (BORÉM; MIRANDA, 2009).

O melhoramento das espécies consiste em obter uma população


segregante por hibridação entre genitores selecionados ou mesmo por
autofecundação e seleção de indivíduos superiores. Como o genoma é fixado por
meio da propagação clonal, a seleção pode ser conduzida durante alguns anos
e em diferentes ambientes, sem a descaracterização genômica dos indivíduos
selecionados (BORÉM; MIRANDA, 2009).

Durante a seleção dos clones superiores as avaliações devem ser realizadas


à semelhança daquelas feitas no melhoramento de espécies de propagação sexual,
envolvendo unidades experimentais com vários indivíduos, com repetições e
outras exigências estatísticas.

É interessante notar que a diferença entre o melhoramento das espécies


de propagação clonal e das autógamas é que o potencial genético dos clones em
avaliação é fixado desde a sua obtenção, enquanto no caso das linhagens, seu
potencial genético muda a cada geração, com o aumento da homozigose. Nas
autógamas, a avaliação de características quantitativas só ocorre quando as
linhagens atingem elevado grau de homozigose, o que ocorre em F4 ou F5.

Na primeira geração, após o cruzamento, a seleção normalmente é realizada


com base na avaliação de plantas individuais. A seleção deve ser conduzida para
caracteres de alta herdabilidade. Nas gerações seguintes, quando o número
de indivíduos que constitui cada clone é maior, a seleção é também praticada
para caracteres com menor herdabilidade. Nesta fase, os clones inferiores serão
descartados, permitindo ao melhorista concentrar os recursos físicos e humanos
em uma avaliação mais criteriosa.

33
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

FIGURA 8 – ESQUEMA DO DESENVOLVIMENTO DE CULTIVARES CLONAIS


AXB

Seleção de clones com base na avaliação de


F1 plantas individuais

Seleção com base nas fileiras

Seleção com base em parcelas repetidas

Seleção com base em parcelas repetidas (2° ano)

Lançamento do novo clone

FONTE: Adaptado Borém e Miranda (2009)

Desvantagens da propagação vegetativa

• O plantio de estruturas de reprodução pode ser muito caro, por exemplo, o


plantio de tubérculos de batata é muito mais caro que a semeadura de milho
ou soja, pois demanda mais mão de obra e equipamentos mais sofisticados.
• A propagação clonal pode disseminar pragas e doenças. A reprodução via
semente pode minimizar a transmissão de muitos vírus e fungos sistêmicos.
• A longevidade de lavouras de espécies perenes, propagadas assexuadamente,
tende a ser menor que daquelas propagadas via sementes.
• As cultivares de propagação clonal sofrem degenerescência, devido ao acúmulo
de patógenos sistêmicos.

DICAS

Leia: RESENDE, M. D. V. de; BARBOSA, M. H. P. Melhoramento Genético de


Plantas de Propagação Assexuada. Colombo: Embrapa. 2005, 130p.

34
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O melhoramento de plantas é a arte e a ciência de melhorar geneticamente as


plantas para o benefício da humanidade.

• Esta ciência engloba áreas como genética, estatística, agronomia, fitopatologia,


entomologia e outras.

• A variabilidade genética é de fundamental importância para a evolução das


espécies.

• O melhoramento genético visa obter genótipos superiores.

• Os objetivos do melhoramento são: aumentar a produtividade, aumentar


a qualidade dos alimentos, obter cultivares resistentes às doenças e pragas.
Aumentar a tolerância às condições adversas de clima e solo, dentre outros.

• A reprodução das espécies cultivadas é dividida em reprodução sexuada, por


meio de sementes, e reprodução assexuada, por meio de estruturas da planta,
como bulbos, tubérculos, rizomas, folhas e caules.

• Os bancos de germoplasma são locais onde está armazenada a coleção viva de


todo patrimônio genético de uma espécie.

• Para realizar o melhoramento de uma espécie deve-se analisar o genótipo e o


fenótipo.

• O fenótipo é definido como as características externas do indivíduo, enquanto


o genótipo é o material hereditário, que passa dos pais para os filhos.

• Existem diversos métodos de melhoramento, dentre eles a seleção massal,


a seleção massal estratificada, a seleção com teste de progênie, a seleção
recorrente e o retrocruzamento.

• Todos os métodos de melhoramento partem da premissa de que seja realizado


um planejamento antes da execução do trabalho e cruzamentos.

• Antes do início dos cruzamentos devem ser definidos os locais para avaliação
dos genótipos, a região a ser avaliada e a interação genótipo x ambiente.

35
AUTOATIVIDADE

1 Analise as afirmativas:

I- Para ocorrer a evolução das espécies a variabilidade genética nas populações


é fundamental.
II- O melhoramento genético de plantas tem como objetivos principais o
aumento da produtividade, melhoria da qualidade dos alimentos, aumento
da quantidade de proteínas, óleos, vitaminas e minerais dos alimentos e
produção de remédios.
III- Para iniciar um programa de melhoramento genético vegetal, o melhorista
precisa apenas de duas plantas contrastantes, não é necessário um planejamento
prévio.
IV- A seleção massal explora a variabilidade existente na população, e visa
reduzir o número de alelos favoráveis. A seleção é eficiente em situações em
que a população é heterogênea, com misturas puras de espécies autógamas ou
indivíduos heterozigóticos em espécies alógamas.
V- Os marcadores moleculares são marcas ou alterações que são observáveis,
herdáveis e que diferenciem dois ou mais indivíduos. Os marcadores fenotípicos
observam as características fenotípicas herdáveis mono e oligogênicas e as
informações desses marcadores são correlacionadas com as características de
interesse.

Com base nas afirmativas acima é válido afirmar que:


a) ( ) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) ( ) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) ( ) Somente as afirmativas I, II e V são corretas.
d) ( ) Somente as afirmativas II e V são corretas.

36
UNIDADE 1
TÓPICO 3

BIOTECNOLOGIA VEGETAL

1 INTRODUÇÃO
A biotecnologia pode ser definida como a manipulação de microrganismos,
plantas e animais com o objetivo de obter processos e produtos de interesse.

A biotecnologia pode ser dividida em tradicional, que abrange diversas


técnicas, como a cultura de tecidos, a fixação biológica de nitrogênio, controle
biológico de pragas; e a biotecnologia moderna, que engloba as técnicas de
transformação genética, os marcadores moleculares, a genômica e a manipulação
do material genético.

Todas estas técnicas formam propostas com potencial para melhorar o


entendimento da biologia da espécie e obter informações diretas do genótipo dos
indivíduos (PIRES; RESENDE, 2011).

2 MARCADORES MOLECULARES
Marcadores moleculares são quaisquer alterações que podem ser
observadas, que sejam herdáveis e que diferenciem dois ou mais indivíduos.
Estes marcadores podem ser fenotípicos, bioquímicos ou genéticos.

O desenvolvimento e a aplicação de técnicas de marcadores moleculares


conduziram a grandes transformações na biologia molecular e no melhoramento
genético.

Os principais marcadores moleculares podem ser utilizados em


programas de melhoramento e serem divididos em dois grupos, de acordo com a
metodologia utilizada: hibridização ou amplificação de DNA.

2.1 MARCADORES FENOTÍPICOS


Foram os primeiros marcadores utilizados. As características fenotípicas
herdáveis mono e oligogênicas são observadas e as informações desses marcadores
são correlacionadas com as características de interesse.

37
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

2.2 MARCADORES BIOQUÍMICOS


Estes marcadores identificam hormônios, enzimas, anticorpos ou
quaisquer outras substâncias também herdáveis e diferentes em dois ou mais
indivíduos. Os principais marcadores bioquímicos são as isoenzimas, em que são
medidas e observadas diferenças nas formas moleculares de uma mesma enzima.
Nos últimos anos, esses tipos de marcadores foram largamente substituídos por
marcadores genéticos ou marcadores de DNA.

2.3 MARCADORES GENÉTICOS


Estes marcadores são caracterizados pela presença de polimorfismo e pela
natureza do marcador. Marcadores não polimórficos não são considerados em
análises genéticas. Nesses marcadores, uma sequência de DNA, que é idêntica em
todos os indivíduos analisados, não gera informações que permitam diferenciar
geneticamente os indivíduos.

Um dos critérios utilizados na seleção de marcadores genéticos é a


presença de polimorfismo na população em que estes são utilizados.

Algumas características dos marcadores têm implicação na escolha do uso


do programa de melhoramento, dentre elas a consistência e tempo para obtenção
de resultados, nível de polimorfismo, custo e facilidade de uso (MILACH, 1999).

Além disso, de acordo com Faleiro (2007), para realizar a análise dos
marcadores moleculares o primeiro passo é a codificação dos fragmentos
moleculares. Estes podem ser dados binários, como no caso dos marcadores
dominantes ou dados de coincidência alélica, como nos marcadores codominantes.
Segue a descrição destes marcadores:

• Marcadores dominantes: marcadores que não são capazes de distinguir o


genótipo homozigoto dominante (AA) do genótipo heterozigoto (Aa). Geram
informações binárias, em que uma marca codifica os genótipos A e a outra
marca os genótipos aa.
• Codominantes: permitem a diferenciação dos heterozigotos em três classes
distintas (AA, Aa e aa) e distinguem diferentes alelos em uma população (A1,
A2, A3,...An).
• Multialélicos: genótipos oriundos de suas possíveis combinações.
• Bialélico: um marcador codominante é capaz de distinguir apenas dois alelos.

Dentre os marcadores identificados por hibridização destacam-se:


Polimorfismo de sítio de restrição (RFLP) e os minissatélites. Os marcadores
revelados por amplificação ou em reação em cadeia da polimerase (PCR) são:
Random Amplified Polymorphic DNA (RAPD), Sequence Tagged Sites (SCAR),
microssatélites e o Amplified Fragmente Length Polymorphism (AFLP).

38
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA VEGETAL

Polimorfismo de sítio de restrição (RFLP): Estes marcadores fazem parte


da primeira geração. Seu uso baseia-se na presença de variabilidade nas sequências
de nucleotídeos do DNA genômico. Após a digestão do DNA, por enzimas de
restrição, são gerados numerosos fragmentos, com tamanhos variados, os quais são
hibridizados com uma sonda de DNA, com o objetivo de identificar os fragmentos
homólogos. As mutações nos locais de restrição e/ou deleções/inserções de um
fragmento de DNA na região reconhecida pela sonda são responsáveis pelo
polimorfismo detectado (CARRER; BARBOSA; RAMIRO, 2010).

Random Amplified Polymorphic (RAPD): O polimorfismo detectado


por marcadores RAPD é gerado por mutações ou por rearranjos (inserções ou
deleções) entre os dois sítios ou o próprio sítio de hibridização dos dois primers. As
diferenças em apenas um par de bases (mutações de ponto) podem ser suficientes
para inibir a amplificação. O marcador RAPD é revelado pela amplificação de
lócus cromossômico, usando-se primers, que são os iniciadores, compostos por
sequências curtas de oligonucleotídeos. A reação de amplificação acontece
quando os primers são submetidos a temperaturas de 37 a 42 °C. Os primers se
hibridizam com sequências genômicas que lhes são complementares. Para que
a amplificação aconteça devem existir no genoma dois sítios complementares ao
primer, localizados em direções opostas e distantes entre si (LOPES et al., 2002).

Vantagens dos marcadores moleculares RAPD

• São fáceis de manipular.


• Baixo custo.

Desvantagens dos marcadores moleculares RAPD

• Os resultados são pouco consistentes.


• Deve-se ter cuidados extras com a quantidade e qualidade do DNA e a
concentração dos íons de magnésio, que influencia a reprodutibilidade dos
experimentos, e da enzima taq polimerase.

Amplified Fragmente Length Polymorphism (AFLP): É a análise conjunta


da presença de polimorfismo nos locais de restrição enzimática e na hibridização
de primers não específicos (VOS et al., 1995).

O marcador de AFLP utiliza simultaneamente enzimas de restrição para


clivagem do DNA e amplificação por PCR. A identificação do polimorfismo
acontece quando a enzima de restrição e os primes se combinam (CARRER;
BARBOSA; RAMIRO, 2010).

A técnica de AFLP baseia-se na amplificação, via PCR, de um subconjunto


de fragmentos gerados a partir da digestão do DNA genômico, como combinações
de enzimas de restrição (CARRER; BARBOSA; RAMIRO, 2010).

39
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

Algumas enzimas de restrição deixam, após a clivagem do DNA,


extremidades coesivas de sequência conhecida. Dessa forma, pode-se construir
sequências de nucleotídeos de fita dupla que se ligam às extremidades dos
fragmentos de restrição, os adaptadores. Conhecendo-se a sequência dos
adaptadores e do sítio de restrição, pode-se construir iniciadores específicos a
essas sequências para a pré-amplificação dos fragmentos de restrição (CARRER;
BARBOSA; RAMIRO, 2010).

Microssatélites

Os microssatélites ou marcadores SSR (Sequências Simples Repetidas) são


sequências do genoma que variam de 1 a 6 pb e que se repetem várias vezes. As
sequências são amplificadas através de uma reação de PCR e usam primers que
flanqueiam a região microssatélite. O resultado é observado em gel de agarose,
poliacrilamida ou por eletroforese capilar.

Vantagens

• É codominante e antialélico.
• É uma técnica com análise robusta.
• É transferível, assim, é muito utilizado para testes de paternidade e análise
forense em humanos.

Desvantagens

• Não é possível genotipar grande número de marcadores em um grande número


de indivíduos.

2.4 MAPEAMENTO GENÉTICO DE LOCOS CONTROLADOS


DE CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS (QTLs)
Os marcadores moleculares também podem ser utilizados nos Mapas
Genéticos de Locos Controlados de Características Quantitativas (QTLs). Os QTLs
são locos controladores de características quantitativas (PASQUAL et al., 2008),
esta modalidade é muito utilizada em programas de melhoramento genético, em
que, a partir da genotipagem de vários marcadores em uma ou várias famílias
de indivíduos segregantes (indivíduos polimórficos que apresentam relação de
parentesco), é possível observar a taxa de recombinação entre os marcadores e
posicioná-los em grupos de ligação (PIRES et al., 2011).

Os mapas genéticos são considerados uma das mais importantes aplicações


dos marcadores moleculares, tanto na análise genética de espécies, quanto no
melhoramento de plantas.

40
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA VEGETAL

Os mapas genéticos possibilitam cobertura e análise completa de genomas,


decomposição de características genéticas complexas nos seus componentes
mendelianos, localização das regiões que controlam caracteres de importância,
quantificação do efeito dessas regiões na característica estudada e canalização
de toda a informação para serem usados nos programas de melhoramento
(FERREIRA; GRATTAPAGLIA, 1998).

A maioria dos caracteres herdáveis de importância econômica é resultado da


ação conjunta de vários genes. Essas características são conhecidas como poligênicas,
quantitativas ou herança complexa. No entanto, nessas características poligênicas
existem poucas informações a respeito do número, posição cromossômica,
magnitude do efeito e as interações dos locos que controlam a sua expressão.

Exemplos de estudos em QTLs

Em fruteiras, alguns trabalhos têm sido desenvolvidos para elaborar


mapas genéticos, mapear QTLs e estudar a associação destes com expressões na
planta, controlados por vários genes (PASQUAL et al., 2008). Foram desenvolvidos
mapas de ligação genética visando à obtenção de QTLs associados à resistência e à
tristeza dos citros (CRISTOFANI; MACHADO; GRATTAPAGLIA, 1999). Alguns
QTLs ligados às características mecânicas, como variação genética na textura de
frutos de maçã, também já foram testados (KING et al., 2001).

3 CULTURA DE TECIDOS
Dentre as técnicas biotecnológicas, a propagação de plantas in vitro tem
atraído a atenção do setor agrícola.

A Cultura de Tecidos Vegetais (CT) consiste no cultivo asséptico in vitro


de qualquer parte de uma planta em um meio nutritivo. O laboratório é um
ambiente asséptico, livre de qualquer contaminante.

3.1 MICROPROPAGAÇÃO
Aplicações da cultura de tecidos (CT):

• Conservação de germoplasma in vitro.


• Aceleração dos programas de melhoramento, pela multiplicação de clones
superiores, visando à produção de mudas.
• Rejuvenescimento de clones selecionados na fase adulta.
• Potencial de obtenção de sementes sintéticas.
• Potencial de introgressão de genes de interesse para espécies-alvo por meio da
polinização in vitro.
• Cultura de embriões.
• Fusão de protoplasto.
• Limpeza clonal.

41
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

A organização do laboratório de CT depende da finalidade, recursos


financeiros disponíveis, estrutura física e número de funcionários. O meio de
cultura tem a função de fornecer substâncias essenciais para o crescimento e
desenvolvimento in vitro. Constituem-se de água, macro e micronutrientes,
carboidratos, vitaminas, reguladores de crescimento, agentes solidificantes.

A micropropagação mediante a proliferação de gemas axilares


(organogênese) tem sido o processo mais utilizado e com respostas satisfatórias
na propagação in vitro de diversas espécies. A propagação in vitro vem sendo
empregada na propagação de genótipos superiores de difícil enraizamento.

A técnica consiste no isolamento in vitro de órgãos meristemáticos pré-


formados, como gemas axilares ou meristemas apicais, aos quais são fornecidos
nutrientes e reguladores de crescimento, dando origem a uma nova planta.

O estabelecimento do cultivo in vitro inicia-se com a seleção dos


explantes mais adequados e termina com a obtenção de uma cultura livre de
contaminantes e adaptada às condições in vitro. Essa fase é a mais crítica para
diversas espécies, pois algumas matrizes podem estar no estágio avançado de
desenvolvimento, o qual não respondem aos tratamentos. Além disso, alguns
explantes podem apresentar recalcitrância, o que impede o desenvolvimento in
vitro. A contaminação externa ou interna do material vegetal também constitui
problema no estabelecimento in vitro.

Após obter as condições desejadas no estabelecimento, a próxima etapa é


a multiplicação. O objetivo é obter altas taxas de multiplicação com o mínimo de
variação, livres de contaminação e com partes aéreas vigorosas.

A fase de enraizamento/aclimatização caracteriza-se pela indução de raízes


adventícias nas gemas alongadas, e a obtenção de plântulas para o transplante
em condições ex vitro é uma etapa crítica, pois as plântulas enraizadas passam por
uma situação de reduzido fluxo transpiratório, devido à baixa intensidade de luz
e à elevada taxa de umidade para um ambiente que demanda um incremento na
taxa de transpiração, ficando suscetíveis ao estresse hídrico. As plântulas passam
de uma condição heterotrófica para autotrófica.

As várias técnicas da cultura de tecidos têm elevada aplicabilidade


no melhoramento genético. Entretanto, existem algumas dificuldades:
alto investimento em instalações e treinamento de pessoal, necessidade de
desenvolvimento de protocolos diferenciados para espécies ou clones, culturas
recalcitrantes, contaminações. Em Eucalyptus a CT tem sido utilizada no
rejuvenescimento de clones de difícil propagação vegetativa por estaquia.

A morfogênese e o desenvolvimento de células e tecidos das plantas


podem se iniciar pelas vias organogênicas ou embriogênicas (BAKOS et al., 2000).

42
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA VEGETAL

3.2 EMBRIOGÊNESE SOMÁTICA


A embriogênese somática é uma técnica de cultura de tecidos em que
células somáticas se desenvolvem em estruturas semelhantes a embriões zigóticos.
Ocorre uma sequência ordenada de estágios embriogênicos, sem, contudo, a
fusão de gametas (GUERRA; TORRES; TEIXEIRA, 1999; JIMENEZ, 2001).

3.2.1 Aspectos morfológicos


Os embriões somáticos e zigóticos são diferentes em alguns aspectos:
os embriões somáticos se desenvolvem livres de correlações físicas, fisiológicas
e genéticas com os tecidos maternos, ao contrário do que ocorre durante o
desenvolvimento de um embrião zigótico e os embriões somáticos podem
apresentar desenvolvimento anormal, sendo que uma particularidade dos
embriões somáticos é a presença de um sistema vascular fechado, sem conexão
vascular com os tecidos do explante inicial (GUERRA; TORRES; TEIXEIRA, 1999).

A embriogênese somática tem se mostrado importante para a


micropropagação de plantas elite em larga escala. Tem contribuído para os estudos
básicos relacionados com a fisiologia do embrião e para produção de plantas
transgênicas e de sementes sintéticas (SCHULTHEIS; CHÉE; CANTLIFFE, 1990).

As técnicas de micropropagação e regeneração in vitro têm sido utilizadas


para a propagação comercial de várias espécies. O desenvolvimento de sistemas
automatizados, como os biorreatores, tem contribuído para a propagação em
larga escala e na redução dos custos (WANG et al., 1998).

A embriogênese somática se diferencia da micropropagação, via ápices


caulinares e da organogênese, pois nos embriões somáticos observa-se a presença
de um sistema vascular fechado e independente do explante que lhe deu origem
(GUERRA; TORRES; TEIXEIRA, 1999). Os ápices ou as gemas adventícias
são estruturas unipolares, com conexão vascular com o tecido do explante
(HACCIUS,1978).

O processo de embriogênese somática pode ser dividido em quatro fases


distintas: a indução, multiplicação, maturação e germinação (WEBER; BORISJUK;
WOBUS, 1997).

As células somáticas, em sua maioria, não são embriogênicas e a fase da


indução é requerida para a aquisição da competência embriogênica (DODEMAN;
DUCREUX; KREIS, 1997).

43
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

3.2.2. Etapas da embriogênese somática


As etapas iniciais da embriogênese somática são consideradas críticas,
pois nesta fase são estabelecidas a polaridade, a camada protodérmica e os demais
meristemas (BOZHKOV; FILONOVA; NOVA, 2002). Além disso, a frequência de
indução depende das condições de cultivo e dos tecidos utilizados (CHEN et al.,
1988); do genótipo, do estágio de desenvolvimento do explante, e também dos
níveis hormonais endógenos no explante (JIMENEZ, 2001).

A maturação é a fase em que o embrião sofre várias mudanças morfológicas


e bioquímicas, ocorrendo a redução do conteúdo de água e a acumulação de
reservas nos embriões somáticos. A germinação é paralisada e o embrião adquire
a tolerância à dessecação. É nesta fase que os tecidos ou as células induzidas
expressam as suas competências, diferenciando-se em embriões somáticos
(AMMIRATO, 1986).

O ABA (Ácido Abscísico) é o regulador mais utilizado na fase de maturação.


Este regulador de crescimento contribui diretamente na prevenção da germinação
e na tolerância à dessecação. A sua adição ao meio melhora a formação e maturação
dos embriões somáticos (GUERRA; TORRES; TEIXEIRA, 1999).

Os carboidratos também aparecem como fator determinante na capacidade


de indução de embriogênese somática. Kochba et al. (1982) verificaram que a
embriogênese somática é um processo crítico na regeneração de plantas e por
essa razão deveria ser otimizada especialmente em relação à fonte de carbono
adicionada ao meio de cultura.

A conversão em plantas é a fase final do processo de embriogênese somática.


Após a maturação os embriões são transferidos para meio de cultura com baixa
concentração de auxinas ou desprovidos desses reguladores (AHLOOWALIA;
MARETZKI, 1983). Também podem ser acrescentadas citocininas ou GA3 ao meio
de cultura, para conversão dos embriões em plântulas.

A embriogênese somática é caracterizada por dois padrões básicos


de diferenciação, a direta e a indireta. Na embriogênese direta os embriões se
originam diretamente dos explantes iniciais, sem passar pelos estágios de calos,
requerendo somente reguladores de crescimento ou condições favoráveis para
o início da divisão celular e posterior expressão embriogênica (WILLIAMS;
MAHESWARAN, 1986).

Na embriogênese indireta é necessária a predeterminação das células


diferenciadas, com a proliferação dos calos e o posterior desenvolvimento do
estado embriogênico (WILLIAMS; MAHESWARAN, 1986). De acordo com
Gattapaglia e Machado (1998), a grande maioria dos sistemas de embriogênese
somática ocorre pelo modo indireto.

44
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA VEGETAL

3.2.3 Reguladores de crescimento


As auxinas e as citocininas são os reguladores de crescimento envolvidos
no processo de divisão celular e de diferenciação dos tecidos vegetais (FEHÉR;
PASTERNAK; DUDITS, 2003). Em várias espécies, o explante é cultivado em meio
com alta concentração de auxinas até a formação de agregados embriogênicos,
e posteriormente, para a formação dos embriões, é feita a transferência desses
agregados para meio suplementado com baixa concentração da auxina ou
desprovido desta (GUERRA; TORRES; TEIXEIRA, 1999).

Diversas auxinas têm sido utilizadas para a indução. Dentre elas destacam-
se o 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético), Dicamba (ácido 3,6-dicloroanísico),
ANA (ácido naftalenoacético), Picloram (ácido 4-amino-3,5,6-tricloropicolínico),
CPA (ácido 2,4,5-clorofenoxiacético). Estas substâncias desempenham papel
importante na fase de indução, pois são eficientes na expressão da desdiferenciação
e rediferenciação das células dos explantes e, por essa razão, têm sido utilizadas
para a indução de várias espécies vegetais (FEHÉR; PASTERNAK; DUDITS, 2003).

4 TRANSFORMAÇÃO GENÉTICA
A transformação genética de plantas consiste na inserção de um gene,
previamente caracterizado quanto à sua sequência nucleotídica, em células
vegetais embriogênicas ou meristemáticas e a subsequente regeneração de plantas
adultas e férteis. A transformação genética via A. tumefaciens tem sido o principal
vetor de transgene para as espécies florestais, como eucalipto e coníferas. Resulta
em um padrão menos fragmentado de inserção gênica, o que facilita os estudos
de herança e análise das relações gene-genótipo.

A transformação genética mediada por aceleração de partículas ou


biobalística tem sido utilizada para a geração de uma ampla variedade de plantas
transgênicas. Vantagens: genótipo-independência do método e a variedade de
tecidos-alvos que podem ser utilizados nos eventos iniciais de transformação.

Aplicações da transformação genética no melhoramento genético


vegetal

• Isolamento e inserção de genes que permitem modificar as rotas metabólicas


da biossíntese da celulose e hemicelulose, e outras moléculas.
• Aumento da biomassa em menor espaço de tempo.
• Resistência a estresses abióticos e bióticos.
• Tolerância às intempéries climáticas, como seca e frio.
• Solos ácidos ou salinos.
• Resistência a insetos.
• Resistência a herbicidas.

45
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

4.1 PLANTAS TRANSGÊNICAS


A transformação genética consiste na introdução e integração de DNA exógeno
em células. Este processo independe dos limites impostos pela incompatibilidade
sexual, e origina as chamadas plantas transgênicas (PASQUAL et al., 2008).

Plantas transgênicas são aquelas que apresentam genes diferentes do


genoma original e que são obtidas por técnicas de engenharia genética (TORRES
et al., 2000).

A obtenção de plantas transgênicas é uma nova ferramenta a ser


explorada no melhoramento de plantas e também pode ser utilizada em estudos
de desenvolvimento e crescimento vegetal, metabolismo, bioquímica, regulação
e expressão de genes (ANDRADE, 2003).

A transformação oferece a oportunidade de introdução de genes animal,


de microrganismos ou de origem vegetal em cultivares elite, o que permite
quebrar barreiras interespecíficas e reduzir o efeito das ligações gênicas e o tempo
de obtenção de novas cultivares (ANDRADE, 2003).

Anteriormente à engenharia genética, a seleção de recombinações só


ocorria ao acaso, entre blocos gênicos dos cromossomos dos genitores. O resultado
desse processo pode demorar muito tempo, até que a característica desejada se
manifeste e esta possa ser passada para as plantas (ANDRADE, 2003).

A técnica de transformação genética baseia-se na tecnologia do DNA


recombinante, que permite identificar e inserir no genoma de determinado
organismo um ou mais genes responsáveis por características particulares
(COSTA et al., 2016).

4.2. POTENCIAL DE APLICAÇÃO DA TRANSFORMAÇÃO


GENÉTICA DE PLANTAS
A transformação de plantas é uma ferramenta em potencial para diversas
áreas da Ciência. Sendo utilizada de forma racional, poderemos usufrui das suas
vantagens e proporcionar qualidade de vida para a sociedade. A transformação
pode ser utilizada no melhoramento genético, para produção de metabólitos
secundários, pesquisas básicas e em outras áreas.

4.2.1 Melhoramento genético


As técnicas de transformação despertam grande interesse no melhoramento
genético de plantas, por possibilitar a geração de novas cultivares ou genótipos
que podem ser inseridos nos programas de melhoramento convencionais
(BRASILEIRO; DUSI, 1999).

46
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA VEGETAL

A transformação genética de plantas voltadas para o melhoramento


tem algumas vantagens com relação ao melhoramento convencional, pois a
transferência de genes de espécies selvagens para as espécies cultivadas é limitada
pela incompatibilidade sexual, presente em algumas espécies. No entanto,
na transformação genética é possível a transferência de genes de organismos
geneticamente distanciados, por exemplo, a transferência de um gene de uma
bactéria para uma planta.

Outra vantagem da transformação genética em relação ao melhoramento


convencional é que com a transferência de genes desejáveis, outros genes indesejáveis
e deletérios são transferidos, e ocorre a recombinação de todo o genoma. Portanto,
na transformação genética, apenas o gene de interesse é transferido.

Além disso, a transformação genética permite encurtar a seleção e


lançamento de novas variedades, como no caso de fruteiras e eucalipto, em que os
programas de melhoramento genético podem durar anos. Esse processo ocorre,
pois, é possível modificar apenas uma característica em uma só etapa.

4.2.2 Produção de metabolitos secundários


Os metabolitos secundários podem ser obtidos de duas formas, com o uso
de cultura de órgãos transgênicos para a produção de metabolitos específicos ou
com a transferência e expressão de genes manipulados artificialmente. Alguns
genes codificam enzimas que atuam em pontos das vias biossintéticas e que
podem ser transferidos e integrados às plantas medicinais, com o objetivo de
aumentar a produção de determinado metabolito.

4.2.3 Pesquisa básica


A transformação genética pode contribuir para o estudo da função e
regulação da expressão gênica. Os estudos da função do gene podem ser realizados
por meio de plantas mutadas, sequências antissenso, superexpressão, expressão
ectópica e outras. Também podem ser estudados os fatores que influenciam a
regulação da expressão gênica. As fusões gênicas podem simplificar a análise dos
processos de iniciação da transcrição ou tradução, processamento e degradação
do mRNA ou da proteína.

4.3 GENES MARCADORES


Na transformação genética vegetal ocorre a transferência de um gene
específico para a planta e também a transferência de outros elementos que estão
relacionados à eficácia da expressão recombinante desse gene, à identificação e
à seleção das plantas transformadas. Os genes marcadores são responsáveis pela
síntese de fatores que permitem a identificação ou seleção das células transformadas.
Estas podem ser os genes marcadores de seleção e os genes repórteres.

47
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

4.3.1 Genes marcadores de seleção


Os genes marcadores de seleção codificam para uma proteína com
atividade enzimática ou para algum produto que irá conferir às células
transformadas da planta resistência a algum substrato, permitindo distinguir
células transformadas e não transformadas. São originários de plantas, bactérias
ou insetos (BRASILEIRO; DUSI, 1999).

Nas plantas, os genes podem ser expressos sob controle de sequências


regulatórias de plantas ou que nela se expressem. Um gene marcador requer um
promotor que se expresse em plantas, a região codante do gene ou de seleção e
sequências de terminação apropriadas para plantas. Os genes de Agrobacterium
são exemplos de genes com essas características (BRASILEIRO; DUSI, 1999).

Os genes marcadores de seleção são introduzidos no genoma das


plantas juntamente ao gene de interesse, por meio da transformação genética. É
importante salientar que esses genes devem conservar a estabilidade na célula
vegetal (BRASILEIRO; DUSI, 1999).

A finalidade do gene marcador de seleção é que somente as células


transformadas cresçam. É recomendável que se use genes marcadores de seleção
que sejam capazes de se expressar em todos os tecidos, em grande número de
espécies vegetais hospedeiras, pois essa expressão deve ser facilmente distinguida
de qualquer atividade endógena na planta e, caso ocorra o evento da transformação,
as células transformadas que contêm e expressam o gene marcador, quando em
contato com o substrato correspondente, crescerão normalmente, e as que não
foram transformadas não vão se desenvolver (BRASILEIRO; DUSI, 1999).

O gene marcador pode ser o próprio gene de interesse, que conferirá a


característica desejada à planta. Os agentes de seleção, antibióticos ou herbicidas
são utilizados apenas nas etapas iniciais de transformação, quando é realizada a
seleção de células ou plantas transgênicas (SAWAHEL, 1994). Os principais genes
marcadores que conferem à planta resistência a algum antibiótico são:

• Gene neo: é o mais utilizado em transformação de plantas.


• Gene hpt: confere resistência ao antibiótico higromicina. Este gene é muito
utilizado em monocotiledôneas.
• Gene csr1: os genes mutados codificam para uma forma alterada da enzima
sintase do ácido acetohidroxil (AHAS). Esses herbicidas inibem a enzima AHAS
endógena na planta, que é essencial à biossíntese de aminoácidos ramificados,
levando à morte da planta. As plantas transgênicas contendo um dos genes
mutados crs1 produzem uma enzima AHAS alterada, não reconhecida pelos
herbicidas, tornando a planta resistente a esses produtos (BRASILEIRO et al.,
1992).
• Gene aroA: é um gene selecionado para resistência ao herbicida glifosato.
• Gene bar: pode ser utilizado na obtenção de plantas transgênicas resistentes a
formulações comerciais do herbicida PPT.

48
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA VEGETAL

4.3.2 Genes repórteres


Genes repórteres são aqueles que codificam para uma proteína de
atividade enzimática, em que o produto é identificável e mensurável, que mostra
a que célula, tecido ou organismos foram transformados (COSTA et al., 2016).
Estes genes permitem acompanhar a expressão de um gene ou estudar sua
regulação (BRASILEIRO et al., 1992). Existem vários tipos de genes repórteres, os
mais utilizados são o gene luc, gene uidA ou GUS e o gene gfp.

• Gene luc: este gene codifica para a luciferase de Photinus pyralis (vagalume) e
tem sido utilizado como gene repórter em plantas (OW et al., 1986). A luciferase
catalisa a reação de oxidação da luciferina, na presença de ATP, com produção
de luz verde-amarela, cujo pico de emissão está a 560 nm e pode ser realizado
por meio de autorradiografia. Esse teste é considerado sensível.
• Gene uidA ou GUS: este gene foi isolado de Escherichia coli. O gene codifica
para a β-glucuronidase (GUS), uma hidrolase que catalisa a clivagem de vários
β-glucuronídios disponíveis no mercado, como substratos espectrofotométricos,
fluorimétricos e histoquímicos (LACORTE, 1998).

Vantagens: É um gene de baixo custo para análise in vivo, além disso,


é um marcador simples e muito versátil para detectar a atividade enzimática e
tornou-se o método mais eficiente para avaliar a expressão de genes em ensaios
de transformação gênica. É possível analisar a atividade do GUS pelo método
histoquímico e pode-se facilitar a atividade de sua localização em células e tecidos
intactos (JEFFERSON, 1987).

• Gene gfp: a GFP pode ser ligada a proteínas de interesse, formando proteínas
de fusão (CHEN et al., 2002), sem que ocorra alteração nas suas propriedades
fluorescentes ou na função biológica (KAIN et al., 1995). A atividade do gene
pode ser monitorada in vivo e assim as proteínas fluorescentes são utilizadas
para determinar a localização e a dinâmica de proteínas e para avaliar a
capacidade de expressão de diferentes promotores.

Desvantagem: A técnica é limitada porque os ensaios histoquímicos e


fluorimétricos são destrutivos e não recuperam o material in vivo (NALEWAY, 1992).

4.3.3 Etapas da transformação


As etapas da transformação iniciam-se com a identificação do gene de
interesse, o seu isolamento e clonagem, ocorre a introdução deste gene em células
ou tecidos vegetais, após a introdução as células transformadas são selecionadas
in vitro, as plantas transgênicas são regeneradas e procede-se as análises
moleculares, avaliação em casa de vegetação.

49
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

4.3.3.1 Identificação, clonagem e isolamento do gene


A identificação e a localização de genes de interesse são as etapas mais
difíceis para obter a transformação. Os genes relacionados às características
importantes, como aumento de produtividade, resistência a estresses abióticos,
qualidade nutricional, ainda não foram totalmente elucidados (ANDRADE, 2003).
O isolamento e clonagem de um gene de interesse ocorre quando a fase aberta de
leitura, que codifica uma proteína de interesse, é obtida por meio de amplificação
por PCR, utilizando oligonucleotídeos específicos para o gene (HOOYKAAS;
BEIJERSBERGEN, 1994).

Antes da amplificação dos vetores é necessária uma série de modificações


do gene, antes que seja utilizado algum método de transformação. As enzimas de
restrição cortam o DNA em vários fragmentos e unem as partes para gerar novas
moléculas – os DNA recombinantes. A enzima de restrição é específica, pois o DNA
é cortado numa sequência de bases específicas e reconhece o sítio de corte do DNA.
O gene obtido contém uma sequência promotora, que é o gene de interesse, uma
sequência terminadora e um gene marcador de seleção. A sequência promotora
é que faz a correta expressão do gene, e as enzimas responsáveis pela transcrição
do gene reconhecem essa região e se acoplam a ela para que o processo aconteça.
A sequência terminadora finaliza o processo de transcrição do gene. A seleção das
células transformadas é realizada por meio de um marcador de seleção.

QUADRO 4 – CONSTRUÇÃO DE UM GENE PARA TRANSFORMAÇÃO GENÉTICA

FONTE: Adaptado de Andrade (2003)

4.3.3.2 Métodos de transformação


Existem vários métodos de transformação, no entanto, a escolha do
melhor método vai depender da espécie a ser transformada, do tipo de explante
utilizado (célula, tecido, protoplastos), da capacidade de regeneração do explante
e da disponibilidade de materiais. Dentre os principais métodos, destacam-
se a transformação mediada por Agrobacterium, biobalística e eletroporação
(ANDRADE, 2003).

4.3.3.2.1 Transformação mediada por Agrobacterium


A transformação indireta é realizada por meio de um vetor, a Agrobacterium
tumenfaciens, que faz a intermediação do processo. Várias características de
interesse socioeconômico já foram introduzidas em diferentes espécies vegetais por
transformação genética via Agrobaterium tumefaciens (BRASILEIRO; ARAGÃO, 2010).

Agrobaterium tumefaciens é uma bactéria de solo, gram-negativa, pertence à


família Rhizobiaceae, que infecta células vegetais lesionadas. O processo se dá pela

50
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA VEGETAL

transferência de um fragmento de DNA, que se integra no genoma das células


hospedeiras (LEE et al.,1995). A partir desse momento o DNA é chamado de T-DNA
e contém os genes envolvidos na produção de reguladores de crescimento e opinas.

A bactéria Agrobacterium é um vetor natural, que possibilita a transferência de


genes de interesse biotecnológico para as células vegetais. Nesta bactéria, na região-T,
somente os 23pb de suas extremidades são necessários ao processo de transferência
e de integração da fita-T no genoma da planta infectada (HOEKEMA et al., 1983).
Dessa forma, os genes presentes na região-T podem ser eliminados e substituídos por
genes de interesse, com sinalização para expressar e regular os genes em plantas, sem
afetar o processo de transferência (BRASILEIRO; ARAGÃO, 2010).

O plasmídeo também apresenta a região de virulência (região vir) que contém


operon correguladores, responsáveis pelo controle dos processos de separação
da região-T do plasmídeo Ti (do inglês, "tumor inducing", indutor de tumor), seu
transporte e integração no genoma das células vegetais (STACHEL et al., 1985).

O sistema Agrobacterium requer que se conservem as extremidades direita


e esquerda da região-T e a região vir, e que se vremova os oncogenes. Esse processo
é necessário para que outra nova sequência de DNA possa ser inserida entre as
extremidades da região-T e pode ser transferida e integrada no genoma vegetal,
sem afetar a regeneração da célula transformada (BRASILEIRO; ARAGÃO, 2009).

Quando se obtém a linhagem desarmada de Agrobacterium, procede-se à


clonagem na região-T dos genes que serão transferidos para a planta. No entanto,
o plasmídeo tem quase 200 kb, o que dificulta a manipulação. Dessa forma, o
sistema binário é utilizado. Este sistema dos genes presentes na região vir do
plasmídeo Ti funciona in trans, para processar e transferir a região-T (HOEKEMA
et al., 1983). Assim, a região-T, que contém os genes de interesse entre suas
extremidades, deverá ser clonada em fragmentos menores (entre 10 e 30 kb).
Estes fragmentos são chamados vetores binários e podem ser replicados em E.
coli e em Agrobacterium (BRASILEIRO; CARNEIRO, 1998).

FIGURA 9 – TRANSFORMAÇÃO GÊNICA VIA AGROBACTERIUM TUMEFACIENS

Cocultivo de
Cortes de discos foliares discos foliares com
bactérias

Regeneração
Regeneração de planta de brotos com
transgênica transgene, em meio
de seleção

FONTE: A autora

51
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

Vantagens da transformação mediada por Agrobacterium

• Alta eficiência na transformação


• Baixo custo operacional
• Protocolos simples

4.3.3.2.2 Biobalística
O método de biobalística, ou aceleração de partículas, consiste na
aceleração de partículas com 0,2 a 3 µm de diâmetro, que atravessam a parede
celular e a membrana plasmática da planta, de forma não letal, carreando
substâncias, como DNA, RNA ou proteínas para o interior da célula (SANFORD,
1988). Estas substâncias são dissociadas e integradas ao genoma do receptor
(RECH; ARAGÃO, 1998). Este método tem sido mais utilizado para introduzir
moléculas de DNA nas formas circulares ou linear.

Para algumas espécies o sistema de transformação via Agrobacterium ainda


não é eficiente, sendo a biobalística uma ferramenta que pode ser empregada. Além
disso, com o objetivo de aumentar a eficiência de transformação, a inoculação de
Agrobacterium pode ser utilizada com a biobalística, em que os microferimentos
contribuem para aumentar a área de infecção (BRASILEIRO et al., 1992).

Diversas espécies de plantas, importantes economicamente, já


foram transformadas com a técnica de biobalística, entre monocotiledôneas,
dicotiledôneas e gimnospermas (ARAGÃO; CAMPOS, 2007).

Vários explantes podem ser utilizados na transformação por biobalística.


Dentre eles destacam-se os embriões somáticos, hipocótilos, cotilédones, discos
foliares, calos, suspensões celulares, folhas ou caules (ANDRADE, 2003).

O explante bombardeado é selecionado utilizando um gene repórter que


pode ser facilmente detectado. Deve ser salientado que, às vezes, são obtidas
quimeras dos genes introduzidos, devido ao bombardeamento randômico de um
pequeno número de células (SANFORD, 1990).

Vantagens da biobalística

• Método de transformação simples.


• Rápido, que permite a transferência de genes para numerosas células e tecidos.
• Com apenas um aparelho é possível realizar todos os bombardeamentos.
• Envolve pouca manipulação das células em cultura.
• O método pode ser utilizado para muitos explantes.

Desvantagens da biobalística

• Obtenção de quimeras em bombardeamentos randômicos.


• A integração de cópias múltiplas fortemente ligadas, que podem estar
52
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA VEGETAL

fragmentadas com os genes e vetores em diferentes posições no genoma. Essa


situação pode alterar ou silenciar a expressão dos genes exógenos.

4.3.3.2.3 Eletroporação
A eletroporação é uma técnica que consiste em empregar campos elétricos
de intensidade controlada e curto espaço de tempo a uma mistura de DNA e
protoplastos (BRASILEIRO; DUSI, 1999). Assim, aumenta-se a permeabilidade
da membrana, o que possibilita a entrada do gene exógeno (LINSEY; JONES,
1990). Caso o choque não for muito intenso, o fenômeno pode se reverter e a
membrana retorna ao seu estado inicial, sendo que os protoplastos contendo o
DNA permanecem viáveis.

Vantagens

• Pode-se introduzir moléculas de vários tamanhos em protoplastos ou células


intactas, como DNA e RNA.
• Pode-se extrair metabolitos secundários de suspensões celulares (POTRYKUS,
1990).

Desvantagens

• A obtenção de protoplastos é difícil.


• A regeneração do material transformado pode fracassar.
• O tampão de transferência pode afetar a eficiência da transferência do gene e a
sobrevivência do protoplasto.
• A parede celular é uma barreira a moléculas maiores que 5 kb.

DICAS

Acesse os links indicados, neles você encontrará leituras que contribuirão com
o aprendizado.
<http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,transgenico-e-seguro--dizem-
cientistas-dos-estados-unidos,10000051955>;
<http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1065090-5603,00-PLANTA+TRANSGENICA+
PODE+PRODUZIR+SUBSTANCIA+CONTRA+O+HIV+DIZ+ESTUDO.html>;
<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/02/130207transgenicoslistatp.shtml>;
<http://www.uel.br/pessoal/rogerio/genetica/textos/plantastransgenicas.PDF>;
<http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/openaccess/9788521211150/18.pdf>.

53
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

LEITURA COMPLEMENTAR

O Melhoramento de Plantas na Virada do Milênio

RESUMO: A transição da fase de coleta e caça para a agricultura ocorreu há


cerca de dez mil anos independentemente e em vários locais no mundo. Naquela
época, iniciou-se a domesticação da maioria das espécies cultivadas, dando
início às atividades agrícolas. Os melhoristas foram responsáveis pelo fenomenal
progresso genético de um vasto número de espécies. Incluem-se os híbridos,
a introgressão de genes de ancestrais silvestres e a própria Revolução Verde
iniciada com os cereais na década de 60. As novas variedades desenvolvidas pelo
melhoramento genético, associadas ao uso de tecnologia adequada (fertilizantes,
preparo do solo etc.), permitiram que importadores de alimentos se tornassem
exportadores. A despeito das contribuições, melhoramento genético e do
ambiente, as perspectivas de contribuição no futuro são ainda maiores. Na virada
do milênio o melhoramento no mundo globalizado enfrenta novos desafios, tendo
a sua disposição novas tecnologias. Acredita-se que ele deva continuar evoluindo
em direção a progressos genéticos mais previsíveis de forma gradativa, com o
uso da biotecnologia. A parceira estabelecida entre melhoristas e biotecnologistas
resultará em benefícios para a sociedade. Atualmente, variedades desenvolvidas
via biotecnologia estão sendo cultivadas em grandes áreas em diversos países.
Todavia, alguns possíveis impactos negativos da biotecnologia têm sido
considerados, a exemplo da vulnerabilidade biotecnológica interespecífica,
passível de ocorrer quando, por exemplo, um gene da resistência a uma
praga fosse introduzido em várias espécies simultaneamente, resultando na
possibilidade de uma suscetibilidade endêmica na eventualidade de quebra desta
resistência. A corrida da biotecnologia certamente criará novas perspectivas para
o melhorista, mas, eventualmente, poderá estabelecer platôs de rendimentos com
as restrições impostas pela piramidação de genes para as características criadas
via biotecnologia, resultando no que se denomina de arresto gênico.

INTRODUÇÃO

O melhoramento de plantas nasceu com o início da agricultura. Na verdade,


é difícil precisar se foi a agricultura que incentivou a prática do melhoramento
de plantas pelos primeiros agricultores ou vice-versa. Provavelmente, ambos
evoluíram paralelamente na direção de aumentos na qualidade e na produtividade
das culturas domesticadas pelo homem. Assim, dos primórdios da agricultura
até hoje, o melhoramento passou por muitas modificações no exercício da sua
prática, mas poucas mudanças foram observadas, nos últimos 50 anos, em seus
princípios fundamentais de geração de variabilidade.

No momento que se fazem reflexões, na virada do milênio, surgem muitas


indagações a respeito de como e para onde continuará evoluindo o melhoramento
de plantas. O certo é que o século XX presenciou grandes avanços na prática
do melhoramento, como a automatização de plantio, a colheita de experimentos

54
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA VEGETAL

com maquinaria especializada; a informatização da maioria dos programas de


melhoramento no mundo e a rapidez no processamento e divulgação de dados.
Também os conhecimentos de genética, estatística, bioquímica e fisiologia
associados às práticas da genética quantitativa, da mutagênese, da cultura
de células e tecidos e, mais recentemente, da biologia molecular, representam
auxílios para o melhoramento de plantas. Todos esses avanços no conhecimento
ocorridos no final deste milênio geraram grande expectativa a respeito do que
está por vir no próximo milênio.

Apesar de ser tarefa árdua e na maioria das vezes impossível, à predição


dos avanços da ciência, cabe analisar os fatos e refletir sobre o futuro do
melhoramento de plantas. Neste contexto, o objetivo principal deste artigo é o
de revisar a trajetória do melhoramento de plantas até o presente, abordando em
perspectiva panorâmica sua evolução em direção à virada do milênio.

A Revolução Agrícola

A atividade agrícola, conforme documentada pela história e por registros


arqueológicos, tem sido inseparável da evolução e da atividade da sociedade
humana (HARLAN, 1992). Acredita-se que o homem tenha surgido há pelo
menos dois milhões de anos. Pouco é conhecido, contudo, a respeito da dieta
dos primeiros ancestrais, mas é geralmente aceito que os nossos antepassados
mais recentes eram caçadores e também coletavam frutas, nozes, raízes e grãos
como fonte de alimentos. Assim, a atividade agrícola não se tornou usual, para
produção de alimentos, até há cerca de 10.000 anos.

A agricultura se originou da domesticação de plantas e animais e começou


em vários locais, simultaneamente, promovendo mudança notável na maneira como
o homem obtinha seu alimento. O extrativismo passou gradativamente a dar lugar
à agricultura, transição hoje conhecida como Revolução Agrícola (FLANNERY,
1973). O homem domesticou, na sua existência, somente cerca de cem a duzentas,
de milhares de espécies vegetais. Destas, menos de 15 atualmente suprem a maior
parte da dieta humana (CONWAY; BARBIER, 1990). Estas 15 espécies podem ser
agrupadas nas seguintes classes: (a) Cereais: arroz, trigo, milho, sorgo e cevada; (b)
Raízes e caules: beterraba, cana-de-açúcar, batata, mandioca e inhame; (c) Legumes:
feijão, soja e amendoim; e (d) Frutas: citros e banana.

Para identificar os possíveis pontos geográficos onde a agricultura


começou, o engenheiro-agrônomo russo Nicolai Ivanovich Vavilov identificou
regiões onde as espécies vegetais localizavam-se com maior diversidade e
encontrou oito regiões geograficamente isoladas, que denominou centros de
origem: 1. Chinês; 2. Indiano; 2a. Indo-malaio; 3. Ásiático Central; 4. Oriental
Próximo; 5. Mediterrânico; 6. Ábissínio; 7. Mexicano do Sul e Centro-Americano;
8. Sul-Americano; 8a. Chiloé; e 8b. Brasileiro-paraguaio.

Como sugerido anteriormente, o homem passou de caçador-pescador-


extrativista para criador de animais e agricultor, o que caracterizou a Revolução

55
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

Agrícola. A emergência da agricultura, que é a fundação sobre a qual as


civilizações atuais se apoiam, teve várias consequências importantes. Primeiro,
ela resultou em aumento da população mundial, provavelmente pela facilidade
de o homem obter seu próprio alimento, mudando a relação homem-terra.
Estimativas sugerem que na pré-história seriam necessários 250 ha de terra para
alimentar um homem por ano. Atualmente, essa relação é de 1 ha por pessoa por
ano. A agricultura também modificou a estratificação social, formando a classe
dos proprietários de terra. Finalmente, aumentou o impacto do homem sobre a
natureza, pela substituição dos ecossistemas naturais pela produção agrícola.

O Melhoramento de Plantas

A composição genética atual das diversas culturas é o resultado da


domesticação e melhoramento que elas foram submetidas durante os séculos. No
entanto, pergunta-se: quando o melhoramento de plantas teve seu início? O milho
e outras culturas mostram detalhes que atestam que ele começou na mais remota
antiguidade e, indubitavelmente, não era um trabalho cientificamente dirigido. O
melhoramento executado pelo homem primitivo resultava da simples procura de
tipos mais adequados para satisfazer a suas necessidades. O milho constitui um
caso típico. Originário do Novo Mundo, onde foi domesticado pelos índios, há
milhares de anos, espalhou-se pelas Américas, a partir do México (seu provável
centro de origem), e, quando aqui aportaram, os europeus encontraram centenas
e centenas de variedades conservadas pelas várias tribos indígenas (GALIANT,
1992). O germoplasma legado pelos índios e por outros povos da antiguidade
começou a passar pelo processo dirigido de melhoramento, principalmente
a partir do século XIX. Porém, desprovidos dos conhecimentos científicos
necessários para um trabalho consciente, os melhoristas dessa época eram apenas
pessoas práticas que tinham habilidade de selecionar, dentre muitas outras, as
plantas que apresentavam diferenças e que podiam ser de interesse econômico.
Nessa época, o melhoramento de plantas era apenas uma arte.

Após a redescoberta das leis de Mendel, e com o avanço de outros ramos


científicos, o melhoramento de plantas passou a possibilitar aos melhoristas a
criação de novos tipos de plantas, pela modificação dirigida dos caracteres
hereditários. Hoje, rendimentos da ordem de 23,9 t/ha de milho (WITTER, 1975)
e 7,4 t/ha de soja (CHOU et al., 1977) já foram alcançados. É verdade que tais
rendimentos somente foram possíveis com a ajuda do melhoramento do ambiente
para as plantas, por intermédio de adubação, irrigação, controle de pragas,
doenças e plantas daninhas e outras práticas agrícolas. É igualmente verdade
que somente essas práticas, sem o auxílio dos progressos no melhoramento de
plantas não permitiriam aqueles elevados rendimentos.

Para alcançar seus objetivos os melhoristas têm contado com o auxílio


de algumas ferramentas valiosas. Dois dos principais fatores da evolução, a
recombinação e a seleção, têm sido intensivamente utilizados pelos melhoristas com
o emprego de métodos refinados desenvolvidos na primeira metade deste século.
As mutações, o terceiro grande fator da evolução, são instrumentos adicionais,
capazes de auxiliar os métodos convencionais de melhoramento para o aumento
56
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA VEGETAL

da variabilidade genética das espécies. A esterilidade masculina também tem sido


empregada, pois facilita e barateia o trabalho de cruzamentos para a criação de
híbridos de culturas alógamas e, no caso de autógamas, abre perspectivas para o
uso prático da heterose, por intermédio de variedades híbridas (DUVICK, 1986).
O uso dos sistemas de incompatibilidade nas plantas, para a criação de variedades
híbridas, e os cruzamentos interespecíficos, para a aquisição de novos genes,
também têm sido efetivos em algumas espécies. Já nos últimos anos surgiu nova e
altamente promissora ferramenta, a biologia molecular.

Os Avanços Durante o Século XX

O Século XX foi marcado por grandes descobertas ou desenvolvimentos


que tiveram profundo impacto na maneira de se fazer o melhoramento de plantas.
Antes de tudo houve a redescoberta das leis de Mendel, no início do século. Por
volta de 1910 aconteceu a descoberta da heterose. A década de 20 foi marcada
pelo desenvolvimento dos métodos clássicos de melhoramento. Na década de 30
a euforia foi em função da descoberta da mutagênese e da utilização dos métodos
estatísticos. Na década seguinte, de 40, ocorreram os grandes avanços na genética
quantitativa. Na década de 50 a fisiologia, na de 60 a bioquímica, na de 70 a
cultura de tecidos e na de 80 a biologia molecular (BORÉM, 1998). Todavia, com
base na experiência acumulada em 45 anos de melhoramento de milho, Duvick
(1986) relata que os maiores avanços que presenciou no melhoramento de plantas
foram: a implementação do uso de maquinaria e computadores nos programas de
melhoramento; a prática de duas ou mais gerações ao ano, diminuindo o tempo
para a obtenção de novas variedades; e o aumento na rapidez da comunicação
entre melhoristas ao redor do mundo, por meio do fax e do correio eletrônico.
As contribuições do melhoramento de plantas, fundamentado em conhecimentos
científicos, têm permitido produções que atendam à demanda mundial de
alimentos (WOLF, 1986). A Revolução Verde certamente foi uma das maiores
demonstrações do impacto econômico e social que o melhoramento de plantas
pode ter no mundo. Nesse caso, a introdução de genes para baixa estatura em
trigo e, mais adiante, em outros cereais, como arroz, possibilitou um incremento
significativo na adaptação e produtividade dessas espécies. Também possibilitou
o uso maior de fertilizantes nitrogenados, gerando o emprego de pacotes
tecnológicos, mesmo em países de terceiro mundo, com aumento significativo na
produção mundial de alimentos (BORLAUG, 1968; BORLAUG, 1969).

Os avanços continuaram, pois a velocidade da evolução da ciência é enorme.


Por exemplo, a estrutura da hélice dupla do DNA foi elucidada em 1953. Vinte
anos mais tarde, em 1973, a descoberta das enzimas de restrição abriu as portas da
biologia molecular aos cientistas. A primeira planta transgênica, na qual um gene
de bactéria foi inserido de forma estável no genoma vegetal, foi produzida em 1983.
Naquela ocasião, previsões futurísticas da contribuição da biotecnologia foram
ensaiadas na mídia, tanto por leigos quanto pelos próprios cientistas, criando alta
expectativa de suas aplicações. A euforia era a tônica no meio científico. Inúmeras
empresas, de grande a pequeno porte, foram criadas, atraídas pelo entusiasmo
prevalecente na época e a maioria delas fechou as portas (BORÉM, 1998).

57
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

A maioria das previsões na área da biotecnologia não se concretizou dentro


do cronograma estabelecido e o ceticismo com a área fez muitos colocarem os pés
no chão. Atualmente, os resultados de muitas das previsões feitas, inicialmente, já
estão comprovadamente documentados. Acredita-se que, embora com certo acaso,
os benefícios da biotecnologia terão impacto na grande maioria dos programas de
melhoramento. Novas empresas nessa área estão abrindo as portas para um mercado
altamente promissor. Com os pés no chão e com a sociedade manifestando certa
resistência a alguns dos produtos obtidos, a partir de processos biotecnológicos,
pode-se dizer que a biotecnologia está saindo da sua infância.

O primeiro produto transgênico comercializado no mundo foi o tomate Flavr-


Savr, lançado em 1996, nos EUA, e modificado por técnicas do DNA recombinante
pela Calgene Co., para retardar o seu amadurecimento pós-colheita. Vários outros
exemplos já estão no mercado, como a variedade de algodão `Ingard', lançada em
outubro de 1996 na Austrália. `Ingard' é portadora do gene Bt da bactéria Bacillus
thuringienses, que confere resistência às lagartas da família dos Lepidópteros. Nos
EUA existem, até a presente data, cerca de 15 produtos geneticamente modificados
sendo comercializados, como a soja `Roundup Ready', resistente ao herbicida
glifosate, vários híbridos de milho portadores do gene Bt, algumas variedades
de tomate resistentes a insetos e herbicidas, clones de batata resistentes a vírus e
variedades de canola com melhor qualidade de óleo (KUBICEK, 1997).

Em questionário respondido por 32 melhoristas do setor público e 23 do


setor privado, responsáveis por mais de vinte diferentes culturas, em diversos
países, a importância atual dos marcadores moleculares no desenvolvimento de
variedades foi considerada pequena, mas grande para o futuro próximo. Neste
mesmo levantamento a maioria dos melhoristas informaram acreditar que as
principais aplicações dos marcadores moleculares seriam: introgressão de fatores
monogênicos, assistida por marcadores, transferência de QTLs e transgenes,
assistida por marcadores e seleção de progenitores (LEE, 1995). Conforme
também relatado por Lee (1995), as principais limitações atuais para a utilização
dos marcadores moleculares no desenvolvimento de cultivares seriam: o custo da
tecnologia, a interação genótipo x marcador e a dificuldade operacional da técnica.

Segundo Jones e Cassells (1995), na década de 90 as pesquisas em


genética nas universidades da Europa e América do Norte têm sido direcionadas
predominantemente para a biologia molecular e a transformação gênica. Em
decorrência, o número de universidades nos países desenvolvidos que oferecem
treinamento em níveis de graduação e pós-graduação em genética e melhoramento
clássicos tem declinado, com sérias consequências para a sociedade.

Com a marcante redução dos recursos públicos disponíveis para


patrocínio de todos os tipos de pesquisas, alocar mais recursos em biotecnologia
pode significar sacrifício do melhoramento de plantas convencional. Este é um
problema praticamente insolúvel, mas espera-se que os órgãos financiadores de
pesquisa encontrem o melhor balanço possível de investimento no melhoramento
de plantas atual e no futuro. Seria contraprodutivo sacrificar os profícuos

58
TÓPICO 3 | BIOTECNOLOGIA VEGETAL

programas de melhoramento em favor da biotecnologia, que é considerada


uma ferramenta de auxílio ao melhoramento. Durante os primeiros anos da
biotecnologia cientistas, em diversos fóruns, se envolveram em discussões
que culminaram com a conclusão de que a biotecnologia não substituiria o
melhoramento convencional. Biotecnólogos e melhoristas, hoje, se entendem
mais facilmente. Gradualmente, também os órgãos administrativos e legislativos
estão passando a ter esta mesma perspectiva.

Os Benefícios e Riscos da Biotecnologia

Especula-se que haja a necessidade de uma nova Revolução Verde para


aumentar a produção de alimentos no mundo. Logo surge a pergunta: será que a
biotecnologia poderá levar o melhoramento de plantas a uma nova Revolução Verde?
Acredita-se que já existem algumas evidências que apontam ser esse fato possível.

Tudo indica que o número de variedades transgênicas de várias espécies,


a serem lançadas comercialmente nos próximos anos, irá aumentar de forma
substancial. Variedades resistentes a herbicidas já estão entre o grupo de produtos
predominantes para a maioria das espécies, seguidas de resistência a insetos,
entre outros. A entrada, em maior escala, das plantas transgênicas no mercado
gerará, à semelhança da primeira revolução verde, novos pacotes tecnológicos
(com uso de herbicidas e outros insumos) e possibilitará a prática da agricultura
em grandes extensões. As contribuições da biotecnologia para a agricultura já
se fazem sentir em vários países onde variedades transgênicas vem ocupando
grandes áreas de plantio com diferentes espécies. Será que tal prática conduzirá
a agricultura a riscos?

No caso da Revolução Verde, o risco devido a transferência de genes foi


pequeno, provavelmente pela natureza da característica em questão, genes para
estatura da planta. A situação com variedades de algodão, milho, soja, dentre
outras, portadoras do gene Bt (Bacillus thuringienses), que confere resistência
a alguns Lepidópteros (JAMES; KRATTIGER, 1996), pode ser diferente. A
transformação de diferentes espécies vegetais com o mesmo gene de resistência,
isto é, clonado da mesma estirpe de Bacillus thuringienses, poderá resultar em
um risco endêmico, caso o inseto supere a resistência conferida pelo gene Bt,
fenômeno denominado de vulnerabilidade biotecnológica interespecífica.

Eventualmente, a melhoramento poderá encontrar platôs de rendimentos


com as restrições impostas pela piramidação (MILACH; CRUZ, 1997) de genes
disponibilizados pela biotecnologia ou existentes no germoplasma, resultando
no que é denominado de arresto gênico. Por outro lado, a biotecnologia criará
novas perspectivas ainda não imaginadas pelo melhorista, o que possibilitará
superar os limites hoje existentes. As plantas transgênicas serão apenas parte da
contribuição que a biotecnologia promete dar ao melhoramento de plantas. Em
artigo recente, Tanksley e Mccouch (1997) discutem a importância do uso dos
recursos genéticos existentes em bancos de germoplasma e presentes, muitas
vezes, em espécies silvestres. Os autores apontam que a possibilidade de se

59
UNIDADE 1 | CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

acessar a variabilidade genética no DNA, com o uso de marcadores moleculares,


irá revolucionar a forma como esta variabilidade será explorada em programas
de melhoramento de plantas no futuro. Somente o uso correto da biotecnologia
como auxiliar ao melhoramento, permitirá que os riscos sejam minimizados e os
benefícios maximizados.

CONCLUSÃO

O surgimento de diversas técnicas complementares ao melhoramento


de plantas no Século XX trouxe várias lições. A primeira delas foi que nenhuma
tecnologia por si só pode substituir a prática do melhoramento de plantas.
Isso decorre de vários fatores. Novas tecnologias podem auxiliar na criação de
variabilidade e/ou seleção de genótipos superiores, mas a avaliação a campo
de materiais superiores ainda é uma etapa fundamental enquanto a agricultura
for praticada como tem sido feito até hoje. Outra lição é de que o emprego de
qualquer nova tecnologia raramente é de uso indiscriminado para todas as
espécies vegetais, assim, enquanto as mutações induzidas, ainda hoje, têm
grande impacto no melhoramento de espécies vegetativas, como as plantas
ornamentais, certamente tiveram um impacto aquém do esperado para os cereais.
Certamente, o mesmo se aplicará para o uso da biotecnologia no dia a dia, que
poderá ter e já está tendo impacto no melhoramento de diversas espécies, mas
provavelmente será inviável para outras. Acredita-se que a expectativa gerada
em torno do uso de novas técnicas e o impulso de aplicá-las indiscriminadamente
a qualquer espécie vegetal têm sido os fatores principais do desapontamento e
posterior ceticismo dos melhoristas. Talvez uma alternativa para a questão de
investir ou não em uma nova tecnologia seja perguntar-se primeiro como esta
pode auxiliar na solução daqueles problemas enfrentados pelo melhorista e se o
fará diferentemente das metodologias clássicas do melhoramento. Além disso, se
a relação custo x benefício favorece o uso da tecnologia em questão. A expectativa
é de que o melhoramento de plantas, nas primeiras décadas do próximo milênio,
continuará evoluindo, mas as mudanças não acontecerão de forma tão drástica.
A fonte de genes mais utilizada no desenvolvimento varietal continuará sendo
o germoplasma núcleo das espécies cultivadas. Os principais métodos para
o desenvolvimento de novas variedades também serão aqueles que utilizam a
hibridação. A mais onerosa etapa no desenvolvimento varietal continuará a ser a
das avaliações de campo para as características quantitativas e a necessidade do
trabalho em equipe multidisciplinar tornar-se-á mais evidente. A biotecnologia
será gradativamente incorporada à rotina do melhoramento, como instrumento
para desenvolver novas variedades, tornando o melhoramento genético mais
preciso. Dois dos seus objetivos: serão diminuir o tempo para obtenção de novas
variedades e expandir o conjunto gênico disponível para cada programa de
melhoramento. Em que espécies ela terá maior impacto e como o seu emprego
se justificará no dia a dia do melhoramento serão perguntas a serem respondidas
com o próprio tempo.
FONTE: BORÉM, A.; MILACH, S. K. O Melhoramento de Plantas na Virada do Milênio. Revista
Biotecnologia, Ciência e Desenvolvimento. n. 7, p. 68-72, 1999.

60
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A biotecnologia é definida como a manipulação de microrganismos, plantas e


animais com o objetivo de obter processos e produtos de interesse.

• A biotecnologia é dividida em tradicional, que engloba as técnicas de cultura


de tecidos, fixação biológica de nitrogênio, controle biológico de pragas, e a
biotecnologia moderna, relacionada às técnicas de transformação genética,
marcadores moleculares, genômicas e a manipulação do material genético.

• Os marcadores moleculares são alterações que podem ser observadas, que


sejam herdáveis e que diferenciem dois ou mais indivíduos.

• Existem os marcadores fenotípicos, genéticos e os marcadores bioquímicos.

• Os marcadores moleculares utilizados como mapa genético de locos


controlados de características quantitativas (QTLs) são locos controladores de
características quantitativas.

• A cultura de tecidos consiste no cultivo asséptico in vitro de qualquer parte de


uma planta em um meio nutritivo.

• A micropropagação é o processo mais utilizado e com respostas mais


satisfatórias na propagação in vitro de diversas espécies.

• A embriogênese somática é uma técnica de cultura de tecidos, em que células


somáticas formam estruturas semelhantes a embriões zigóticos.

• A embriogênese se diferencia da micropropagação, pois nos embriões


somáticos observa-se a presença de um sistema fechado, em que os embriões
são independentes do explante que lhe deu origem.

• A transformação genética de plantas consiste na inserção de um gene de um


organismo em outro organismo diferente.

• As plantas transgênicas são aquelas que apresentam genes diferentes do


genoma original e que são obtidas por técnicas de engenharia genética.

• A transformação genética de plantas pode ser utilizada no melhoramento


genético, na produção de metabolitos secundários e na pesquisa básica.

61
• Os genes marcadores são responsáveis pela síntese de fatores que permitem a
identificação ou seleção das células transformadas.

• Os genes repórteres são aqueles que codificam uma proteína de atividade


enzimática.

• A transformação é mediada por Agrobacterium, por meio da biobalística e por


eletroporação.

62
AUTOATIVIDADE

1 Em que se baseia a técnica da cultura de tecidos? Cite três exemplos em que


a técnica pode ser empregada.

2 Explique a diferença entre a embriogênese somática e a micropropagação.

3 Quais são as áreas em que a transformação genética de plantas pode ser


aplicada? Descreva uma aplicação.

4 Cite as vantagens e desvantagens do método de transformação de plantas


por biobalística.

63
64
UNIDADE 2

PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS


CULTURAS PERENES

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de:

• identificar as várias espécies e clones do gênero Coffea e do gênero Eu-


calyptus;

• entender os sistemas de produção do cafeeiro e do eucalipto;

• identificar as principais estratégias de manejo de pragas, doenças e plantas


daninhas do cafeeiro e do eucalipto;

• compreender os principias tipos de manejo cultural na condução do café e


do eucalipto.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

TÓPICO 2 – A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.)

65
66
UNIDADE 2
TÓPICO 1

A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

1 INTRODUÇÃO
O cafeeiro pertence à família Rubiaceae e ao gênero Coffea. Este gênero
tem 104 espécies. Destas, duas espécies têm importância comercial, Coffea arabica
e Coffea canéfora (SAKIYMA, 2015).

A espécie C. arabica é originária do sudoeste da Etiópia, sudeste do Sudão e


norte do Quênia, numa faixa de altitude de 1000 a 2000 m. Atualmente, distribui-se
em regiões de altitudes mais elevadas e temperaturas mais amenas, entre 18 e 21
°C, no continente americano e na África (MENDES; GUIMARÃES; SOUZA, s.d.).

O café arábica é uma planta perene, alotetraploide e autógama por


cleistogamia. É um arbusto com raiz pivotante e ramo dimórfico de crescimento
contínuo. As folhas são inteiras, coriáceas, curtas e persistentes. A inflorescência
aparece em ramos laterais novos. As flores são completas, hermafroditas
e autocompatíveis. O fruto é do tipo drupa, com duas sementes chatas. A
semente possui um endosperma verdadeiro e um embrião com dois cotilédones
(SAKIYMA, 2015).

A espécie C. canéfora é uma espécie perene, de porte arbustivo e caule


lenhoso, com folhas maiores e de coloração verde menos intenso em relação à C.
arabica. As flores são brancas e em grande número nas inflorescências e na axila
foliar. É uma espécie alógama, de fecundação cruzada, e altamente heterozigota,
diploide, 2n=22 cromossomos, com populações com alta variabilidade (FONSECA
et al., 2015).

Possui ampla distribuição geográfica, originou-se das florestas tropicais


úmidas, a baixas altitudes, nas regiões da Guiné, Uganda e Angola. É uma espécie
rústica, que tolera doença e é adaptada às regiões tropicais, baixas altitudes e
altas temperaturas (FERRÃO et al., 2007).

A espécie C. canéfora é dividida em dois grupos: o café robusta e o café


conilon. O café robusta apresenta hábito de crescimento ereto, caule de maior
diâmetro, pouco ramificado. As folhas e frutos são grandes, com maturação tardia,
vigorosas e maior produtividade, além disso, a bebida tem melhor qualidade
e é mais resistente a doenças (CHARRIER; BERTHAUD, 1988). O café conilon
tem crescimento arbustivo, caule ramificado, folhas alongadas e florescimento
precoce, além de ter maior potencial de produção e resistência à seca. No entanto,
tem maior suscetibilidade a doenças em relação ao robusta (NUNES et al., 2004).

67
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

2 CULTIVARES
Por meio do melhoramento do cafeeiro, a cafeicultura tem tido grande
desenvolvimento agronômico e tecnológico. A obtenção de cultivares portadores
de elevado potencial produtivo é uma das características desejadas.

A escolha das cultivares de cafeeiro deve basear-se nos resultados


regionais, o potencial produtivo do material genético e outras características de
interesse, como qualidade de bebida, vigor vegetativo, porte e arquitetura das
plantas, resistência a pragas, cor de frutos maduros, diâmetro da copa, tamanho
dos grãos, época e uniformidade de maturação dos frutos, além de tolerância a
estresses abióticos e outras características (SAKIYAMA, 2015).

2.1 CAFÉ CONILON


O café conilon é uma planta alógama, de fecundação cruzada, não
apresenta autofecundação, devido ao fenômeno da autoincompatibilidade
gametofítica na espécie.

As populações naturais e as formadas a partir de sementes caracterizam-


se pela elevada heterozigose, portanto, grande variabilidade entre as plantas de
populações naturais. Com isso, as lavouras propagadas via sementes têm grande
heterogeneidade, com relação à arquitetura das plantas, ao formato e tamanho
dos grãos, à época e uniformidade de maturação dos frutos, à suscetibilidade a
pragas e doenças, à tolerância às variáveis climáticas, ao vigor e à capacidade de
produção (FERRÃO et al., 2007).

As cultivares de café conilon podem ser propagadas por sementes ou


podem ser clonadas.

• Cultivares propagadas por sementes: as cultivares propagadas por sementes


caracterizam-se por serem mais rústicas e de grande heterogeneidade com
relação à arquitetura da parte aérea, formato e tamanho dos grãos, época de
uniformidade de maturação dos frutos, vigor e capacidade produtiva. Têm
maior estabilidade de produção e são recomendadas para cultivos em regiões
sujeitas a estresses.
• Cultivares clonais: as cultivares clonais são aqueles clones que se destacam pelas
características desejadas. São realizadas avaliações fenotípicas, genotípicas e
biométricas e selecionadas as plantas matrizes superiores, que posteriormente
serão clonadas, multiplicadas e agrupadas para formar uma nova cultivar.
Diversos critérios são utilizados para a seleção, como potencial e estabilidade
de produção, carga pendente, tolerância ao estresse hídrico, resistência às
principais pragas e doenças, ciclo, porte, arquitetura da planta, uniformidade
de maturação dos frutos, tamanho e tipo de grãos.

Existem diversas cultivares de cafeeiro disponíveis para o plantio.


Veremos apenas algumas.
68
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

2.1.1 Principais cultivares de café conilon


As cultivares abaixo descritas foram desenvolvidas pelo programa de
melhoramento genético do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e
Extensão Rural (Incaper).

Cultivar Centenária ES 8132

É uma cultivar clonal, lançada em 2013 pelo Instituto Capixaba de Pesquisa,


Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Constitui um agrupamento de
nove clones compatíveis entre si, de maturação tardia, sendo que a colheita
acontece em julho. A produtividade média é de 82, 36 sacas beneficiadas/ha.

Cultivar ES 8122 – Jequitibá

Também é uma cultivar clonal, lançada em 2013 pelo Instituto Capixaba


de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Constitui um
agrupamento de nove clones compatíveis entre si, de maturação tardia. A colheita
acontece em junho, é uma cultivar intermediária. A produtividade média é de 88,
75 sacas beneficiadas/ha. A produtividade dessa cultivar é superior à média das
cultivares Emcapa 8121 e Vitoria Incaper.

Cultivar Diamante ES8112

É uma cultivar clonal, lançada em 2013 pelo Instituto Capixaba de


Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). É constituída de nove
clones compatíveis entre si. Tem maturação precoce e uniforme e a colheita
acontece em maio. A produtividade média é de 80, 73 sacas beneficiadas/ha.

As cultivares Diamante ES8112, ES8122 – Jequitibá e Centenária ES8132


apresentam produtividade superior a 120 sacas beneficiadas/ha, caso os plantios
sejam irrigados e tenham alta tecnologia de produção, podem chegar a 120
sacas beneficiadas/ha. Essas cultivares apresentam estabilidade de produção,
porte médio, alto vigor vegetativo, baixa porcentagem de grãos chochos e
moca, uniformidade de maturação dos frutos, grãos grandes, tolerância à seca e
moderada resistência à ferrugem.

Cultivar Emcapa 8151 – Robusta tropical

É uma cultivar propagada por sementes, oriunda da recombinação de


53 clones elites do programa de melhoramento do Incaper. Foi lançada em 2000
pelo Incaper.

As principais características são: elevada produtividade, ampla base


genética, rusticidade, elevado vigor vegetativo, arquitetura adequada para o
manejo e poda. A maturação dos frutos ocorre em maio e junho. Adapta-se a
diferentes regiões do Espírito Santo.

69
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

Esta cultivar é recomendada aos pequenos produtores que dispõem de


menores recursos financeiros para adquirirem as mudas e são menos tecnificados.
Esses produtores podem utilizar as sementes da própria lavoura, sem origem
genética comprovada. A cultivar robusta tropical apresenta maior estabilidade
na produção, pela sua ampla base genética e pelo menor custo de implantação da
lavoura, devido ao menor custo das mudas.

2.1.2 Principais cultivares de Coffea Canephora


As cultivares abaixo descritas foram desenvolvidas pelo programa de
melhoramento genético do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

Cultivar Apoatã IAC 2258

É uma cultivar porta-enxerto desenvolvida pelo Instituto Agronômico de


Campinas (IAC). É oriunda da introdução de sementes da planta matriz 2258 do
CATIE, da Costa Rica.

As plantas são resistentes a M. incógnita e M. exígua. As plantas desse porta-


enxerto caracterizam-se por serem multicaules, vigorosas e sistema radicular
extenso. Apresentam elevada resistência à ferrugem e aos nematoides M. exígua
(SALGADO et al., 2005) e M. incógnita e M. paranaenses (SARA et al., 2006).

Recomenda-se esta cultivar para plantios nas regiões centro-oeste e noroeste


de São Paulo. Pode ser usada como porta-enxerto de cultivares de café arábica.

2.2 CAFÉ ARÁBICA


Bourbon Vermelho

É uma cultivar originária das Ilhas de Reunião e foi introduzida no Brasil


em 1859. Naquela época, era mais produtiva que a cultivar Típica. Tem como
características: porte alto, excelente qualidade de bebida, frutos de coloração
vermelha e maturação uniforme e precoce. No entanto, a planta é suscetível à
ferrugem e apresenta baixo vigor.

Mundo Novo

Várias linhagens desse germoplasma foram selecionadas e apontadas no


Registro Nacional de Cultivares (RNC) pelo IAC, por exemplo, Mundo Novo IAC
376-4, IAC379-19 e outros. Esse grupo de cultivares foi resultado do cruzamento
natural entre as cultivares Sumatra e Bourbon Vermelho.

As características das cultivares de Mundo novo são: Elevado potencial


produtivo, alto vigor vegetativo dos cafeeiros, porte alto e frutos de coloração
vermelha. Entretanto, as plantas são suscetíveis à ferrugem e nematoides.

70
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

Icatu Vermelho

Estas cultivares foram obtidas da hibridação artificial interespecífica


entre um cafeeiro de Coffea canefora tetraploide, com o número de cromossomos
duplicado artificialmente, e uma planta de Bourbon Vermelho de C. arabica.
Apresenta resistência horizontal à maioria das raças fisiológicas do agente causal
da ferrugem. Algumas cultivares de Icatu têm resistência aos nematoides das
galhas e ao agente causal da antracnose dos frutos, o fungo C. kahawar. Apresentam
porte alto, diâmetro de copa grande, internódios longos e intenso enfolhamento.
A maturação dos frutos varia de precoce a tardia.

As principais cultivares de Icatu Vermelho registradas pelo IAC no RNC


são: Icatu Vermelho IAC 2941, IAC2945 e vários outras.

Catuaí Vermelho

Apresentam elevado potencial produtivo, ampla capacidade de adaptação


às regiões cafeeiras, alto vigor vegetativo e porte reduzido dos cafeeiros. São
suscetíveis à ferrugem e nematoides. O sistema radicular é bem desenvolvido,
as folhas adultas têm coloração verde-escura brilhante e as folhas novas são
verde-claras. As cultivares de Catuaí Vermelho registradas no RNC são: Catuaí
Vermelho IAC 15, IAC 24, IAC 44 e vários outras.

AC 125 RN

Cultivar do grupo Sarchimor, originada da planta IAC 1669-13. É


caracterizada pelo porte baixo, internódios curtos, folhas novas, de coloração
verde, frutos graúdos, vermelhos e de maturação muito precoce. É uma cultivar
com boa qualidade de bebida. É resistente à ferrugem e a duas raças do nematoide
M. exígua. Exige nutrição adequada e é sensível à seca. Recomenda-se a cultivar
para plantios adensados e para regiões de altitude elevada, em áreas irrigadas.

IAPAR 59

Esta cultivar foi lançada pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).


Tem como característica a resistência duradoura ao fungo H. vastatrix. As folhas
adultas são verde-escuras, de formato mais largo e curtas, com bordas foliares
pouco onduladas. Os frutos são vermelhos, de formato arredondado, com
maturação precoce e uniforme. Os grãos são graúdos, curtos e largos. É indicada
para cultivos adensados e superadensados, devido ao porte e à resistência à
ferrugem. É recomendada para regiões frias e chuvosas. As plantas são exigentes
em água no solo em regiões de baixa altitude e temperaturas médias acima de 21
°C. A cultivar é resistente ao nematoide M. exígua.

71
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

IAPAR 107

Esta cultivar é resultado do cruzamento entre IAPAR 59 e Mundo Novo


IAC 376-4. Apresenta baixo porte, resistência completa e durável à ferrugem e
vigor produtivo.

É recomendada para regiões de solos com textura argilosa e textura média,


com temperatura média anual entre 19 °C e 22 °C. Tem maturação semiprecoce e
mais uniforme, frutos de coloração vermelha e formato oblongo e grãos graúdos.
As plantas têm arquitetura compacta e porte médio.

Araponga MG1

A cultivar Araponga MG1 foi desenvolvida pela EPAMIG. É uma cultivar


derivada da hibridação artificial entre Catuaí Amarelo IAC86 e o híbrido de Timor
UFV 446-08. É resistente à ferrugem. Apresenta porte baixo e copa cônica. Os
internódios são curtos, com ramificações secundárias abundantes. A maturação
dos frutos é intermediária e são avermelhados quando maduros. As folhas
novas têm coloração esverdeada. Apresenta elevado vigor vegetativo, adequada
arquitetura de plantas e alto potencial produtivo.

3 EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS E SAZONALIDADE DA


PRODUÇÃO
As condições climáticas para o desenvolvimento da planta de cafeeiro
dependem das espécies que se pretende cultivar. A espécie Coffea arabica exige
temperaturas médias anuais de 18 a 22 °C. A espécie Coffea canefora se desenvolve
bem em temperaturas médias anuais de 22 a 26 °C (ANDRADE; SANTOS, 2004).

QUADRO 5 – TEMPERATURAS MÉDIAS ANUAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DO CAFÉ


ARÁBICA E CAFÉ CONILON NO BRASIL

Temperatura média anual para o pleno desenvolvimento do cafeeiro (°C)


Regiões Café arábica Café Conilon
Regiões aptas 18 a 22 22 a 26
Regiões marginais 22 a 23 21 a 22
Regiões inaptas <18 e >23 <21
FONTE: Adaptado de Andrade et al. (2004)

A precipitação anual entre 1.200 e 1.800 mm, com boa distribuição ao


longo do ano, é considerada apta ao cultivo do café arábica (Quadro 6).

Para o café arábica, as regiões podem ser classificadas de acordo com a


deficiência hídrica em aptas, marginais e inaptas.
72
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

• Regiões aptas: a deficiência anual de precipitação é inferior a 150 mm.


• Regiões marginais: a deficiência anual de precipitação está entre 150 e 200 mm.
• Regiões inaptas: a deficiência anual de precipitação é inferior a 200 mm.

QUADRO 6 – TEMPERATURAS MÉDIAS ANUAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DO CAFÉ


ARÁBICA E CAFÉ CONILON NO BRASIL

Limites de déficit hídrico para o pleno desenvolvimento do cafeeiro (mm)


Regiões Café arábica Café Conilon
Regiões aptas <100 <200
Regiões marginais 100-200 200-400
Regiões inaptas >200 >400
FONTE: Adaptado de Andrade et al. (2004)

Com relação à altitude, o café pode ser cultivado entre 400 e 1.200 m. O
café conilon é cultivado em regiões baixas, abaixo dos 500 metros de altitude
(FERRÃO et al., 2007). No entanto, altitudes abaixo de 400 m e temperaturas
elevadas e longos períodos de seca podem reduzir a produtividade da lavoura.
Em regiões com altitudes acima de 1.000 m podem ocorrer ventos frios, que
podem prejudicar as plantações. Estes problemas podem ser minimizados com o
plantio de quebra-ventos, sistemas de consórcio, arborização do cafezal e outros
sistemas de proteção.

3.1 SAZONALIDADE DE PRODUÇÃO DO CAFÉ ARÁBICA


O café arábica tem o ciclo fenológico de dois anos, sendo que no primeiro
ano ocorre a formação dos ramos plagiotrópicos e no segundo ano ocorre
a formação dos frutos. No primeiro ano ocorre a formação de novos ramos
vegetativos, com gemas axilares nos nós no período chuvoso, em que os dias são
mais longos. As gemas vegetativas axilares são induzidas por fotoperiodismo em
gemas reprodutivas, no período de dias curtos. As gemas florais amadurecem e
entram em dormência, devido ao déficit hídrico. Assim, ocorre a antese, após as
chuvas. No segundo ano acontece a floração e formação dos chumbinhos e da
expansão, granação e maturação dos frutos (SAKIYMA, 2015).

Dessa forma, o café tem como característica a bienalidade de produção,


em que a alta e baixa produção de grãos se alternam ao longo dos anos.

Esta característica da produção é devido à competição interna por água


e nutrientes que ocorre na planta, pois esta se encontra na fase reprodutiva e
vegetativa ao mesmo tempo.

Os frutos são drenos fortes, em relação aos ramos novos, pois o


desenvolvimento dos ramos e dos frutos ocorre no período chuvoso. Portanto,
73
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

ocorre a competição por minerais e amido. A competição se torna crítica em


regiões onde ocorrem períodos secos e chuvosos definidos.

A alta produção de grãos é acompanhada de baixa taxa de crescimento


da planta, o que compromete a produção no ano seguinte. Dessa forma, haverá
elevada taxa de crescimento da planta e condições para alta produção de grãos
no próximo ano.

4 SISTEMA DE PLANTIO CONVENCIONAL


Em áreas em que não se utiliza irrigação, o plantio das mudas deve ocorrer
no início das chuvas, geralmente no mês de outubro.

As mudas que serão utilizadas para a implantação do cafezal devem estar


dentro do padrão de qualidade estabelecido pelo MAPA.

O terreno deve ser preparado antecipadamente, corrigido e adubado de


acordo com a análise de solo, e o solo deve estar com umidade adequada para o
plantio. Os dias nublados são os mais recomendados para o plantio.

Caso o produtor disponha de irrigação, o plantio pode ser realizado em


qualquer época do ano. No entanto, deve-se realizar o plantio em dias nublados
e com temperaturas amenas.

As mudas devem ser transplantadas para a cova ou sulco e


acomodadas ao solo, evitando que o solo fique destorroado, o que prejudica o
desenvolvimento radicular das mudas. As mudas devem ser protegidas do sol e
do vento. Recomenda-se o uso de palha e folhas secas. Esta proteção favorece o
desenvolvimento inicial das plantas.

Caso haja plantas mortas, defeituosas, com baixo vigor, pode-se realizar o
plantio para substituí-las, 30 dias após o plantio.

Caso seja feito o plantio de cultivares de origem clonal, deve-se plantar


cada clone numa linha, para permitir a adequada polinização e fertilização. Se
for realizado o plantio de cultivares provenientes de sementes, a distribuição das
mudas no campo é aleatória (FERRÃO et al., 2007).

5 IMPLANTAÇÃO DA LAVOURA
No planejamento da implantação da lavoura de café deve-se verificar
o espaçamento de plantio que será utilizado. O número de plantas por hectare
influencia na produtividade e nos custos de produção. Alguns fatores devem
ser considerados ao decidir sobre o espaçamento. São eles: tamanho da lavoura,
mão de obra disponível, topografia do terreno, solo, clima, cultivar e sistema de
cultivo que será utilizado.

74
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

No Brasil, é usual a prática de adensamento das lavouras de café. Os


espaçamentos são reduzidos, o que leva a maiores quantidades de plantas por
hectare. Nas lavouras adensadas realiza-se o plantio de 5 a 10 mil plantas por
hectare, em espaçamentos de 2,5 x 0,7 m; 2,0 x 0,7 m ou 2,0 x 1,0 m.

O plantio adensado possibilita o uso mais eficiente da área e melhora as


características do solo. É recomendado para pequenas propriedades, com mão de
obra disponível, em regiões de relevo acidentado, solos degradados.

No entanto, o adensamento tem algumas desvantagens, como a


dificuldade para manejar a cultura, dificulta as operações mecanizadas, requer
podas para promover os tratos culturais e favorece a ocorrência de ferrugem e
broca. Cultivares resistentes às doenças e de porte baixo devem ser utilizadas
no plantio adensado.

Outros fatores também devem ser observados antes da implantação da


lavoura. As práticas conservacionistas devem ser adotadas. A seleção das glebas
de acordo com a capacidade de uso, preparo do solo em curvas de nível, calagem
e adubações devem ser realizados.

As práticas vegetativas também devem ser executadas, como


reflorestamento de topos de morro e grotas, áreas sujeitas à erosão devem
ter cobertura vegetal permanente, deve-se implantar cordões de contorno
e culturas em faixas, além disso, os mananciais devem ser protegidos com
vegetação.

As práticas edáficas e vegetativas são completadas com as práticas


mecânicas de conservação do solo, dentre elas a distribuição racional de vias de
tráfego, sulcos, terraceamento e bacias de contenção de água (MOURA et al., 2007).

No preparo do solo deve-se fazer a limpeza da área e as curvas de nível.


Posteriormente, realiza-se a abertura dos sulcos, a calagem e a adubação. Os
sulcos são feitos de acordo com o espaçamento, com 30 a 40 cm de profundidade.

5.1 ADUBAÇÃO DO CAFEEIRO


A análise de solo deve ser realizada antes da implantação da lavoura.
Devem ser retiradas amostras das camadas de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm.

A necessidade de calagem pode ser determinada pelo critério da saturação


por bases (V = 60%) ou utilizando as porcentagens de cálcio e magnésio e a
saturação por Al3+, considerando, Ca + Mg (X) = 3,5 e a saturação por Al3+ tolerada
pelo cafeeiro (mt)=25% (MOURA et al., 2007).

A aplicação de nitrogênio e potássio pode ser parcelada em duas ou


três aplicações, em intervalos de duas ou três aplicações, em períodos de 30
a 45 dias. Durante a fase de formação do cafezal, no segundo e terceiro anos,
75
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

são realizadas as recomendações de N e K, de acordo com a análise do solo. As


doses podem ser parceladas em três ou quatro aplicações em intervalos de 30 a
45 dias, no período chuvoso.

A adubação de produção é determinada em função da produtividade da


lavoura e da análise do solo.

5.2 MANEJO DE PRAGAS DO CAFEEIRO


Os insetos apresentam comportamentos influenciados pelo clima, pela
disponibilidade de alimentos e sua interação com os agentes, com os inimigos
naturais, e pela presença de agente de controle biológico.

As pragas podem ocorrer sistematicamente e/ou de forma esporádica


nos cultivos, sendo chamadas de pragas-chave ou esporádicas, respectivamente
(MARTINS et al., 2013) O controle pode ser realizado com o uso de produtos
químicos, visando à redução da praga, ou de forma preventiva, de modo a evitar
possíveis danos. Além disso, o manejo integrado de pragas pode ser empregado
como um manejo de menor impacto ambiental e utiliza-se do monitoramento
das populações de pragas e os níveis de infestação (FORNAZIER; MARTINS;
PRATISSOLI, 2014).

As principais pragas da cultura do cafeeiro são a broca-do-café


(Hypothenemus hampeie) e o bicho-mineiro (Leucoptera coffeella).

O Bicho-mineiro (Leucoptera coffeella): na fase larval, a lagarta se


alimenta das folhas do cafeeiro, fazendo galerias ou minas nas folhas, onde se
aloja e se desenvolve. O ataque das pragas reduz a área foliar e provoca intenso
desfolhamento.

As práticas culturais também são recomendadas, como a utilização de


quebra-ventos e a arborização. Espécies como seringueiras, macadâmia, cajueiro e
bananeira são recomendadas. Vespas predadoras como Proctonectarina sylveirae e
parasitoides como Colastes litifer podem controlar as lagartas e causar mortalidade
nas fases de ovo, larva e pupa.

Broca-dos-frutos (Hypothenemus hampei): a broca-dos-frutos é causada


por um besouro preto, que ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estágio de
maturação. A fêmea perfura os frutos e faz a ovoposição. As larvas destroem a
semente ao se alimentarem.

O controle cultural é o método mais indicado. Deve-se iniciar a colheita


nos talhões mais infestados e retirar todos os frutos. Deve-se retirar os frutos
caídos no chão.

O parasitoide Cephalonomia stephanoderis é utilizado no controle da broca-


do-café (BENASSI, 1996).
76
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

5.3 MANEJO DE DOENÇAS DO CAFEEIRO


O cafeeiro é atacado por várias doenças, desde a fase de viveiro até o
campo. Devido à incidência de doenças, ocorre a redução da produtividade e
da qualidade do café, além do aumento dos custos de produção. A ferrugem é o
principal problema fitossanitário do cafeeiro e os prejuízos na produção podem
atingir cerca de 20 a 30%, chegando até 60%, caso medidas de controle não sejam
tomadas (MOURA et al., 2007).

Ferrugem (Hemileia vastatrix): Lavouras implantadas em locais com


altitudes de 500 a 900 m e sob temperaturas elevadas (22 a 26 °C), além de elevada
precipitação, são propícias ao aparecimento da ferrugem. Além disso, ventos
fortes, granizo, frio intenso e espaçamentos reduzidos contribuem para aumentar
a incidência da doença.

Os sintomas são manchas amareladas na face superior das folhas, com


erupções esporulantes alaranjadas na face inferior (uredosporos do fungo). O
desfolhamento vai depender das condições ambientais. A doença é causada por
um fungo da classe basidiomicetos.

O controle é realizado com o plantio de cultivares resistentes, como Icatu,


Catuaí (Catuai x Icatu) e Catimor (Catuaí Vermelho x Híbrido de Timor) e o
Conilon.

O controle preventivo pode ser realizado quando a incidência da doença


é de 5% de folhas com pústulas. Recomenda-se utilizar também a Calda Viçosa.

5.4 MANEJO DE PLANTAS DANINHAS DO CAFEEIRO


As plantas daninhas competem por água e nutrientes e interferem no
desenvolvimento das mudas, principalmente na fase de formação do cafezal
(MOURA et al., 2007).

Existem diversos métodos de manejo das plantas daninhas, como o


manual, mecânico, semimecânico, ou a capina química. Algumas técnicas de
manejo integradas têm sido utilizadas, o que protege o solo contra erosão e
mantém a umidade. A capina nas fileiras, aplicação de herbicidas nas ruas, capina
nas fileiras e roçagem nas ruas, capinas nas fileiras e uso de grade ou enxada
rotativa em pequena profundidade nas ruas são alguns exemplos de estratégias
de manejo integrado utilizado no cafezal (ROCHA, 2007).

Nas lavouras em produção, o período de maior competição entre o cafeeiro


e as plantas daninhas estende-se de outubro a abril, período de frutificação e
florescimento. Nesta fase é interessante que a lavoura fique mantida limpa. No
entanto, do ponto de vista do solo, este fica exposto à incidência de chuvas, o que
pode provocar a erosão do solo (MOURA et al., 2007). Assim, o sistema de manejo
mais comum é a roçada básica entre linhas de plantio, realizada com roçadeira
77
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

acoplada em tratores de pequeno porte ou roçadeiras costais motorizadas. Caso


necessário, utiliza-se a capina química, mantendo a rua sempre com vegetação
baixa e sob controle.

O uso de herbicidas pós-emergentes é uma prática comum entre os


cafeicultores, devido à sua eficiência e à viabilidade econômica. O material
vegetal cobre o solo, aumentando o teor de matéria orgânica, protegendo o solo
contra erosão e mantendo sua umidade (FERRÃO et al., 2012).

6 PRODUÇÃO DE MUDAS
Um dos fatores mais importantes para obter sucesso nas lavouras de café
é a produção de mudas sadias e bem desenvolvidas.

O substrato utilizado deve ter água e ar em proporções adequadas, ser


livre de patógenos, de baixo custo e que resista às alterações físicas e químicas.
Recomenda-se utilizar 700 L de terra peneirada, 300 L de esterco de curral curtido
e peneirado, 3 a 5 Kg de superfosfato simples, 0,5 a 1 Kg de cloreto de potássio
(TOMAZ; MARTINS; RODRIGUES, 2015).

As sementes devem ser compradas de produtores credenciados pelos


órgãos fiscalizadores. As sementes devem ser originadas de frutos maduros
(cerejas) de plantas vigorosas e sadias.

Recomenda-se a instalação do viveiro em local bem drenado, ensolarado,


protegido dos ventos e livre de plantas invasoras, como tiririca e grama-seda,
além disso, deve ter fácil acesso a água de boa qualidade, ter facilidade de acesso
e distante de lavouras de café.

O viveiro pode ser construído de alvenaria, bambu ou eucalipto, depende


da finalidade, do tipo de viveiro e das condições financeiras do produtor. A
área vai depender do número de mudas a serem produzidas, do espaço que
será ocupado pelos recipientes (muda de meio ou um ano) e das áreas de acesso
necessárias ao manuseio dos canteiros. Deve-se incluir a área dos caminhos e de
possíveis ampliações futuras (MOURA et al., 2007).

Dependendo da época do ano do plantio, as mudas são de meio ano


ou de um ano. As mudas de meio ano são melhores para o plantio e de melhor
adaptação no campo. Estas são semeadas em maio até setembro e as mudas estão
prontas para o plantio de novembro a março, aos seis meses de idade, com três a
quatro pares de folhas definitivas.

Moura et al. (2007) recomendam alguns cuidados no manejo do viveiro,


dentre eles:

• As regas devem ser periódicas. Nos primeiros dias são diárias e posteriormente
mais espaçadas.
78
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

• Após a germinação das sementes (aproximadamente 60 dias após germinação),


deve-se retirar a palhada que cobre os saquinhos.
• Deve-se eliminar uma planta, no estádio de “orelha de onça”, e manter apenas
a plântula mais vigorosa.
• As plantas daninhas devem ser retiradas dos saquinhos, para evitar a
proliferação.
• Recomenda-se a aplicação de N, após o surgimento do terceiro par de folhas,
caso observe deficiência do nutriente.
• Recomenda-se o controle de pragas, doenças e plantas daninhas ainda no viveiro.

7 SISTEMA DE IRRIGAÇÃO NA CULTURA DO CAFEEIRO


Nos últimos anos, tem se observado a expansão da irrigação na cafeicultura
na maioria das regiões produtoras.

A irrigação do cafeeiro tem como objetivos o aumento da produtividade


e a melhoria na classificação por peneiras, rendimento e qualidade de bebida
(KARASAWA; FARIA; GUIMARÃES, 2002).

A irrigação na cultura do café possibilitou a incorporação de novas


áreas, antes não recomendadas para o plantio. A irrigação tem permitido o
desenvolvimento da cafeicultura em regiões onde ocorre déficit hídrico nas fases
entre o abotoamento floral e a granação (REIS; SOUZA; VENZON, 2015).

Existem vários sistemas de irrigação disponíveis para a cultura do café,


como os sistemas de aspersão convencional, convencional fixa, e do tipo malha,
pivô central e o gotejamento. A escolha vai depender de vários fatores, dentre eles
destacamos: o tipo de solo, topografia do terreno, tamanho da área, clima, tipos de
manejo da cultura, custos e capacidade financeira do produtor (MANTOVANI;
VICENTE, 2015).

Os principais métodos para o manejo da irrigação utilizam o solo e o clima


como referência.

A definição da lâmina de água a ser aplicada é calculada por meio de


dados climáticos, medidos em estações climatológicas ou em evaporímetro, como
o Tanque classe A.

Deve-se conhecer a evapotranspiração da cultura (ETc), estimada por


meio da evapotranspiração de referência (ETo).

ETc = Kt.Kc.ECA,
Em que:
ETc = Evapotranspiração da cultura
Kt = Coeficiente de tanque
Kc = Coeficiente da cultura
ECA = Evapotranspiração de água do Tanque Classe A (mm/dia).
79
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

No caso do cafeeiro, condições de umidade relativa entre 40% e 70% e ventos


moderados, Kt vale 0,7. O Kc é determinado de acordo com as condições locais
(Quadro 3). O cafeeiro apresenta várias fases e de acordo com a fase tem-se o Kc.

I- Plantio (120 dias)


II- Desenvolvimento (120 dias)
III- Desenvolvimento (125 dias)
IV- Segundo ano (180 dias)
V- Segundo ano (185 dias)
VI- Terceiro ano (185 dias)
VII- Terceiro ano (185 dias)
VIII- Cafeeiro adulto.

A quantidade de água a ser aplicada é o somatório das ETc de acordo


com a frequência de irrigação (turno de rega), descontada a lâmina de chuva e
dividindo o valor pela uniformidade de aplicação de água do sistema de irrigação.
O tempo de irrigação depende da lâmina de água que o sistema pode aplicar. A
frequência de irrigação depende da capacidade de armazenamento de água no
solo (MOURA et al., 2007).

QUADRO 7 – COEFICIENTE DE CULTURA (KC) PARA O CAFEEIRO

Fases de desenvolvimento do
I II II IV V VI VII VIII
cafeeiro
Kc 0,45 0,5 0,55 0,6 0,67 0,75 0,82 0,9
FONTE: Adaptado de Moura et al. (2007)

8 MANEJO CULTURAL: PODA DO CAFEEIRO


A poda é uma prática que contribui para a eliminação de ramos velhos,
que não produzem mais, e acelera a renovação dos ramos pouco produtivos.

Deve-se tomar alguns cuidados ao realizar as podas, dentre elas, a escolha


correta das brotações mais vigorosas deve ser mantida, deve-se também optar
pelas brotações inseridas abaixo e que estejam no sentido da linha de plantio. As
podas têm vários objetivos, dentre eles destacam-se:

• Corrigir o fechamento dos cafezais. Devido ao fechamento das árvores, a


iluminação é insuficiente e o trânsito de máquinas torna-se difícil devido aos
ramos que caem ou se encontram nas entrelinhas, o que justifica as podas.
• Recuperar plantas pouco vigorosas e produtivas.
• Reduzir a distância dos ramos aos troncos.
• Aumentar a área foliar das plantas, em lavouras depauperadas.
• Aumentar a circulação dos fotoassimilados.
• Aumentar a produção e o rendimento das plantas.

80
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

8.1 TIPOS DE PODAS


Existem diversas formas de se fazer a poda no cafeeiro, dentre elas, a poda
baixa ou recepa, poda alta ou decote, esqueletamento, decote herbáceo ou capação.

8.1.1 Recepa
A recepa é uma poda drástica, pois remove totalmente a copa do cafeeiro,
deixam-se aproximadamente 30 cm de tronco. A vantagem deste tipo de poda é
que a recepa baixa renova a lavoura (MOURA et al., 2007).

Desvantagens

• Causam desequilíbrios no sistema radicular. Até 80% das raízes absorventes


das plantas podem morrer.
• A recomposição da planta é lenta e assim ocorre perda de material vegetal e
dos investimentos realizados.
• A recepa causa o superbrotamento e gera trabalho da rebrota.
• As podas devem ser realizadas no período seco, assim, caso ocorra atraso do
início das chuvas, pode ocorrer a morte das raízes.

8.1.2 Decote
O decote é caracterizado por ser uma poda alta, de altura variável. Com isso
elimina-se a parte superior da planta. Recomenda-se essa poda para cafezais com
início de fechamento, onde não ocorreu a perda da saia; plantas depauperadas,
com ataque de pragas e doenças; lavouras com plantas altas e com ramos pouco
ramificados e para problemas de cinturamento. Nesse tipo de poda não ocorre
perda significativa da produção (MARTINEZ; TOMAZ; SAKIYAMA, 2007).

Vantagens

• Renovar a lavoura.
• É uma poda mais simples e menos onerosa em comparação à recepa.
• Facilita a colheita manual e mecânica.
• Facilita os tratos culturais e fitossanitários.

8.1.3 Esqueletamento
O esqueletamento é um tipo de decote, com 1,6 a 2 m de altura e um
corte dos ramos laterais, de maneira que os ramos plagiotrópicos fiquem a 20
cm no topo da planta e 50 cm em sua base. A planta fica com formato cônico.
É considerada uma poda drástica e causa a morte de mais de 80% do sistema
radicular. Esta poda não é recomendada para plantas que perderam muitos
ramos laterais (MOURA et al., 2007).

81
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

Vantagens

• Recompõe rapidamente a planta.


• Aumenta o crescimento.
• Produção de ramos laterais.

Desvantagens

• Estimula o desenvolvimento de ramos ladrões na haste ortotrópica.


• Os ramos ortotrópicos devem ser eliminados para não ocorrer o fechamento
rápido e excessivo da planta e da fileira.

8.1.4 Capação
Nesta poda elimina-se apenas as gemas terminais dos ramos verticais,
quando o cafeeiro atinge 1,8 a 2,9 m de altura. Vários ramos ladrões se formam
na ponta da haste ortotrópica, o que restaura o crescimento da planta. Neste caso,
recomenda-se fazer um novo corte 10 a 20 cm do corte anterior, no ano seguinte
(MARTINEZ; TOMAZ; SAKIYAMA, 2007).

Vantagens

• Planta com tamanho fixo, pois a planta não tem a gema terminal dos ramos
ortotrópicos.
• A colheita mecanizada é facilitada.

Desvantagens

• A ausência da gema apical pode provocar problemas fisiológicos na base da


planta.

8.1.5 Desponte
O desponte consiste na restauração do crescimento dos ramos laterais,
numa altura de 120 cm. O desponte estimula a formação de ramos laterais
secundários e terciários. Elimina-se porções dos ramos produtivos, deixando
aproximadamente 30 cm no topo e 100 cm na base do cafeeiro (MARTINEZ;
TOMAZ; SAKIYAMA, 2007).

8.1.6 Poda no café robusta (C. canephora)


O café robusta (C. canephora) e o café arábica (C. arabica) apresentam
diferenças em relação ao hábito de crescimento. O café robusta forma hastes
ortotrópicas na base do tronco, que se abrem lateralmente, dobrando-se para as
ruas na lavoura. O C. canephora pode apresentar a seca-dos-ponteiros e a perda

82
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

de ramos plagiotrópicos primários, com rápida perda da saia quando ocorre


supercarga e manejo inadequado.

Para a formação e condução da planta, recomenda-se o livre crescimento


até a terceira ou quarta safra. Após esse período, deve-se realizar podas de
produção. Esta poda caracteriza-se por uma recepa parcial do cafeeiro, e deve ser
realizada nas hastes ortotrópicas que frutificaram e estão debilitadas. Esta poda
deve ser realizada após a colheita e antes da floração.

Recomenda-se cortar entre 20 e 50 cm e acima do ramo de espera, que é


aquele que produzirá no ano seguinte.

Pode-se aproveitar a poda para realizar uma limpeza no cafeeiro,


eliminando-se os ramos ladrões estiolados e frágeis.

9 COLHEITA, PÓS-COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO DO


CAFÉ
A cafeicultura é uma cultura que exige grande quantidade de mão de obra
e recursos financeiros. As operações que mais oneram a produção são a colheita e
pós-colheita (TEIXEIRA et al., 2015).

O atributo qualidade é uma das maiores preocupações em vários segmentos


produtivos no Brasil. No caso do café, quanto maior a qualidade, maior o valor
do produto no mercado. Portanto, propriedades como aparência, densidade,
tamanho, forma, qualidades sanitárias e tipo de bebidas são valorizadas (SILVA;
MORELI; VERDIN FILHO, 2015).

A colheita é uma operação de extrema importância, alguns cuidados


devem ser tomados antes de iniciar as operações. Os equipamentos, estrutura de
colheita, processamento e armazenamento devem ser limpos e reparos devem ser
realizados.

A colheita é realizada quando a maioria dos frutos estiverem maduros,


com 5% a 20% de grãos verdes. Deve-se atentar ao fato de que os grãos colhidos
não devem ser misturados com os grãos varrição, ou seja, aqueles caídos no chão
antes do início da colheita.

A pré-limpeza consiste na remoção de impurezas, como folhas, ramos e


torrões. Estes materiais podem ficar na lavoura, como matéria orgânica, e isso
também evita a contaminação das unidades de processamento.

O lavador/separador elimina as impurezas e separa os frutos secos dos


verdes e cerejas por diferença de peso.

83
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

São utilizados dois tipos de secagem: em terreiros e/ou secadores


mecânicos. A secagem em terreiros é o método mais utilizado pelos produtores,
no entanto, devido à baixa taxa de secagem, a possibilidade de contaminação
por patógenos e a ocorrência de condições climáticas adversas no momento da
colheita afetam a qualidade do produto. Dessa forma, daremos ênfase à secagem
mecânica, discutindo alguns pontos importantes.

Antes de utilizar o secador mecânico, deve-se realizar a pré-secagem do


café no terreiro, por até três dias.

Deve-se formar lotes homogêneos, operar o secador à plena carga, usar


fornalha a lenha de fogo indireto ou de carvão de forno direto e não permitir que
a temperatura de secagem da massa ultrapasse 45 °C.

Deve-se evitar temperaturas acima de 30 °C caso tenha alta porcentagem de


frutos verdes e também temperaturas acima de 40 °C, no caso de cereja descascado.
Lembrando sempre que a secagem mais lenta favorece a uniformização do
produto.

A secagem excessiva provoca perda de peso e quebra dos grãos no


beneficiamento, portanto, não se deve secar o café abaixo do teor de água
recomendado, que é de 11% a 12%.

O café deve ser armazenado em coco ou pergaminho e permanecer na tulha


por, no mínimo, 30 dias. A tulha pode ser construída de madeira, ou alvenaria,
em locais ensolarados, ventilados e bem drenados. Esta deve ser limpa, seca, com
pouca luminosidade e com divisórias para possibilitar a separação dos lotes. O café
beneficiado deve ser colocado em sacaria de juta (MOURA et al., 2007).

No Brasil, apenas 1/3 do café produzido é consumido internamente. O país


apresenta posição de destaque como maior exportador mundial de café. Mais
de 70% do consumo de café ocorre em países não produtores, o que o torna a
commodity de maior expressão no comércio internacional.

O Estado de Minas Gerais é o maior produtor de café arábica no Brasil,


sendo responsável por metade da produção total brasileira e por mais de 70% da
produção nacional de café arábica. As oscilações da produção são influenciadas
pelo comportamento bianual das produções em Minas Gerais e São Paulo.

O Estado do Espírito Santo é o segundo maior produtor de café,


destacando-se o café do tipo robusta, que apresentou produção de 12 milhões de
sacas anuais.

Os Estados Unidos são o principal importador de café do mundo, com


média de 23 milhões de sacas por ano. A Alemanha e Europa estão em segundo
em importação de café.

84
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

A venda do café na década de 1920 representava 70% das exportações


brasileiras e atualmente representa apenas 2% da receita cambial (RUFINO, 2006).

A qualidade do café influencia de maneira considerável a sua remuneração,


portanto, a classificação para a comercialização é muito importante.

A qualidade do café brasileiro tem duas fases, a classificação pela bebida


e a classificação por tipos e/ou defeitos. A qualidade da bebida é conhecida pela
prova da xícara, pela qual o provador avalia as características de gosto e aroma
do café.

A classificação da bebida tem os seguintes objetivos: conhecer a qualidade


do café a ser comercializado e definir as ligas e blends, que valorizam alguns lotes
de café.

De acordo com a classificação oficial, o café brasileiro apresenta sete


escalas de bebida, dentre elas:

• Mole: Tem sabor agradável, suave e adocicado.


• Estritamente mole: Apresenta todos os requisitos de aroma e sabor da bebida
mole, porém de forma mais acentuada.
• Apenas mole: Tem sabor suave, mas a qualidade é inferior à dos anteriores,
com leve adstringência ou aspereza de paladar.
• Dura: Apresenta gosto acre, adstringente e áspero.
• Riada: Tem leve sabor de iodofórmio.
• Rio: Tem cheiro e gosto acentuado de iodofórmio.
• Rio zona, macaco: Bebida com características desagradáveis, mais acentuadas
que a bebida rio.

10 SISTEMAS DE CULTIVO: SISTEMA AGROFLORESTAIS


Os sistemas agroflorestais (SAFs) têm sido empregados nas lavouras de
café, principalmente para o café conilon, no Estado do Espírito Santo. Os sistemas
agroflorestais são caracterizados pelo plantio de culturas, sejam anuais, florestais,
intercaladas com a cultura do café. Esta associação é comum de ser encontrada
em pequenas e médias propriedades, em que visa o uso mais racional do solo no
período de formação do cafezal e contribui para o produtor gerar uma fonte extra
de renda.

De acordo com Montagnini (1992), os SAFs são definidos como formas de


uso e manejo dos recursos naturais, nos quais espécies perenes (árvores, arbustos,
palmáceas) podem ser utilizadas em associação com cultivos agrícolas ou animais
no mesmo espaço, de forma simultânea ou em sequência temporal.

Os SAFs apresentam diversas vantagens, no entanto, também inúmeras


desvantagens, que podem ser de ordem biótica, edáfica, ecofisiológica e econômica.

85
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

Estes aspectos devem ser equalizados pelo produtor, sob a supervisão de um


técnico agrícola ou engenheiro agrônomo.

Dentre as vantagens destacam-se:

• Redução de mão de obra para retiradas de plantas daninhas. O sombreamento


reduz a propagação de plantas daninhas agressivas, o que diminui a competição
com o café.
• Reduz a incidência de mancha-olho-de-rã (Cercospora coffeicola), Phoma e bicho-
mineiro (Leucoptera coffella).
• Reduz as populações de nematoides (Meloidogyne e Pratylenchus spp.), devido
ao alto nível de matéria orgânica no solo.
• Aumento da biodiversidade, como pássaros, artrópodes, mamíferos e outras
espécies.
• A adição de material como folhas, além de aumentar a capacidade de infiltração
do solo e reduzir as perdas por erosão.
• Melhora a fertilidade do solo, aumenta a capacidade de reciclagem dos
nutrientes, reduz a perda de nutrientes, que serão melhor aproveitados, e
reduz o uso de fertilizantes.
• Reduz a incidência de sol na copa do cafezal, devido ao sombreamento. Além
disso, as árvores ajudam na redução dos extremos de temperatura do ar e do
solo, reduzem a velocidade do vento e mantêm a umidade do ar e do solo.
• A diversificação da lavoura, em pequenas propriedades, contribui para que
o produtor tenha renda extra durante o período de baixos preços do café, por
exemplo, o plantio de fruteiras ou espécies florestais pode ser utilizado para
produção de carvão vegetal.

Desvantagens dos SAFs

• A diversificação pode dificultar a mecanização.


• Pode aumentar a incidência da broca-do-café (Hypothenemus hampei) e da
ferrugem (Hemileia vastatrix).
• Algumas espécies utilizadas para sombreamento podem ser hospedeiras
para nematoides, como o Ingá spp. (ZAMORA; SOTO, 1976). Portanto, deve-
se escolher corretamente as espécies que serão utilizadas para sombrear os
cafeeiros.
• Nematoides mais agressivos, como M. paranaenses e M. incógnita, podem causar
danos, devido à matéria orgânica e ao sombreamento.
• A produção pode reduzir devido ao sombreamento, pois pode ocorrer menor
assimilação do carbono pela planta, devido à menor incidência de luz.
• O sombreamento pode estimular a emissão de gemas vegetativas em detrimento
das gemas florais e pode reduzir o número de nós por ramos.
• Custos com mudas e implantação das espécies de sombreamento podem ser
uma desvantagem, do ponto de vista de retorno financeiro.

86
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

10.1 EXEMPLO DE SAFS EM CAFEEIROS


Várias pesquisas voltadas para o cultivo de cafeeiro consorciado com
espécies que podem sombrear o cafezal têm sido estudadas. O comportamento
do cafeeiro sob sombreamento é muito variável, devido a diversos fatores,
como clima, solo, cultivar do cafeeiro utilizado, espécie que será consorciada,
espaçamento e arranjo das espécies, grau de sombreamento e sistema de manejo
adotado (LUNS et al., 2013).

Os consórcios café e cedro australiano (Cedrela fissillis), café e teca (Tectona


grandis) e café consorciado com nim (Azadirachata indica) contribuíram para
aumentar a fertilidade, a qualidade e estrutura do solo, além de melhorar a
dinâmica da matéria orgânica do solo. Com relação à qualidade socioambiental,
Pilon et al. (2013) observaram melhora na qualidade ambiental das propriedades
rurais, segurança alimentar social dos produtores e melhoria das condições de
trabalho. A diversidade de produtos disponíveis na propriedade contribui para a
segurança econômica do produtor.

Outra sugestão seria o uso de grevílea (Gevilea robusta). Esta espécie possui
sistema radicular profundo e pode contribuir para o aumento da disponibilidade
hídrica em regiões com longos períodos de estiagem (MATSUMOTO; VIANA, 2004).

Diante das considerações acima, percebe-se que os SAFs são boa alternativa
para o produtor rural. O consórcio deve ser corretamente planejado, com a escolha
e manejo adequado das espécies para arborização. A avaliação das espécies, a
densidade de plantio, o tipo de solo, o regime térmico e hídrico da região e outras
variáveis devem ser consideradas para realizar a arborização dos cafeeiros.

11 SISTEMAS DE CULTIVO: PLANTIO DO CAFÉ ORGÂNICO


A agricultura orgânica é definida como um modelo de agricultura em
que se propõe o cultivo da terra para produção de alimentos sadios, sem o uso
de produtos químicos tóxicos à saúde humana e dos animais, sem contaminar
a água, o solo e o ar. Dessa forma, a agricultura orgânica é o sistema de manejo
sustentável da unidade de produção com enfoque sistêmico, que privilegia a
preservação ambiental, a agrobiodiversidade e os ciclos biogeoquímicos e a
qualidade de vida animal e humana (RICCI; NEVES, 2004).

A produção mundial de produtos orgânicos tem crescido 20% ao ano. O


mercado mundial de produtos orgânicos subiu de US$ 10 bilhões em 1997 para
US$ 23 bilhões em 2002 (YUSSEFI; WILLER, 2002).

A cafeicultura orgânica apresenta menor produtividade e menor


rentabilidade de capital em relação à cafeicultura convencional, no entanto, tem o
mesmo custo/benefício. A cafeicultura apresenta maiores médias de receita bruta
e líquida, mesmo com custo de produção maior, pois o preço de venda é maior,
portanto, compensador (CAIXETA; TEIXEIRA; SINGULANO FILHO, 2009).
87
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

De acordo com Yussefi e Willer (2003), a agricultura orgânica fundamenta-


se em quatro princípios básicos de agroecologia e conservação dos recursos
naturais. São eles: o respeito à natureza, diversificação de culturas, o solo como
organismo vivo e a independência dos sistemas de produção.

O respeito à natureza conceitua a dependência que o agricultor tem em


relação aos recursos não renováveis. Desse modo, o produtor deve priorizar a
ciclagem de resíduos orgânicos na propriedade.

A diversificação das culturas propicia a variedade dos inimigos naturais


e dificulta o ataque de pragas. A biodiversidade é fundamental para alcançar a
sustentabilidade do sistema.

O solo é um componente indispensável para qualquer sistema agrícola.


Dessa forma, deve ser considerado um sistema dinâmico, vivo, que precisa
ser cuidado. O solo deve ser manejado com o objetivo de fornecer nutrientes e
matéria orgânica para as plantas.

A independência dos sistemas de produção diz respeito aos insumos,


como fertilizantes e defensivos, que não podem ser utilizados. Estes devem ser
substituídos por práticas que privilegiem a sustentabilidade do sistema agrícola.

FIGURA 10 – SISTEMA AGRÍCOLA INTEGRANDO OS SISTEMAS DE AGROECOLOGIA E


CONSERVAÇÃO DOS SOLOS

FONTE: A autora

88
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

11.1 SISTEMAS DE CULTIVO: PLANTIO DO CAFÉ ORGÂNICO


No plantio convencional do cafeeiro é comum a utilização de plantios
adensados ou superadensados, com 10 mil plantas ou mais por hectare. No entanto,
o adensamento impede a diversidade de espécies no cafezal. O adensamento das
lavouras inviabiliza o uso de adubos verdes após o segundo ano de cultivo e de
outras culturas consorciadas de porte baixo. Portanto, sugere-se espaçamentos
menos adensados e o plantio de adubos verdes, assim como o consórcio com
outras culturas de porte baixo.

11.2 CONVERSÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO


CONVENCIONAL PARA O SISTEMA ORGÂNICO DO CAFÉ
A conversão do sistema de produção convencional para o sistema orgânico
inicia-se com a conscientização do produtor, principalmente em relação aos
conceitos, princípios e normas da agricultura orgânica. O produtor deve estar
consciente das implicações que o novo sistema acarretará no manejo da cultura, na
propriedade, na venda e na mão de obra que será utilizada (AZEVEDO et al., 2002).

Para a conversão, primeiramente o produtor deve procurar uma empresa


que faça um trabalho de certificação do produto. O produtor deve apresentar
um projeto de conversão, e assim, a conversão será realizada de acordo com um
planejamento anual (AZEVEDO et al., 2002).

A transição é o período de tempo que transcorre do início da conversão de


uma área até o recebimento do selo orgânico. A duração do período de conversão
pode ser de um a cinco anos, o que depende das condições iniciais do sistema, se
tem resíduos de pesticidas, perda de solo, carência de diversidade.

O tempo mínimo para a conversão das unidades de produção de culturas


perenes para o sistema orgânico é de 18 meses. Para sistemas degradados ou
com aporte de insumos e defensivos o tempo mínimo é de 36 meses, pois esse é o
tempo mínimo em que os resíduos de defensivos são degradados no solo (LÓPEZ
DE LEON; MENDOZA DÍAZ, 1999).

Os fertilizantes químicos são substituídos pelos orgânicos, portanto,


conversão ocorre por etapas. A propriedade é dividida em talhões uniformes,
com condições de solo, topografia e exposição solar uniformes e a conversão vai
ocorrendo de 20% a 25% da área.

A substituição é feita da seguinte maneira: No primeiro ano o primeiro


talhão receberá duas coberturas com a formulação química e a terceira deve ser
substituída pelo adubo orgânico, em quantidade correspondente à cobertura
química que seria utilizada. Os outros talhões continuam recebendo as coberturas
de NPK. No ano seguinte este procedimento será repetido no segundo talhão,
e assim por diante. O primeiro talhão receberá uma cobertura com nitrogênio

89
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

(N) e duas com adubo orgânico. No terceiro ano, as três aplicações de cobertura
serão de adubo orgânico. Dessa forma, no quinto ano, este talho poderá receber
o certificado de orgânico, considerando que todos os outros critérios foram
atendidos (GUIMARAES et al., 2002).

11.3 ADUBAÇÃO ORGÂNICA UTILIZADA NA LAVOURA DE


CAFÉ
Os materiais orgânicos com baixa relação C:V (<25) quando adicionados ao
solo sofrem mineralização e fornecem N ao cafeeiro. Materiais orgânicos com alta
relação C:N (>25) causam imobilização do N no solo, reduzindo os teores disponíveis
(GUIMARAES et al., 2002). A mistura de materiais com diferentes relações C:N
contribui para plena disponibilidade de nutrientes no solo. O plantio de espécies
utilizadas como adubo verde e a adição de adubos orgânicos são uma alternativa
viável. Diversos produtos podem ser utilizados como adubo orgânico, dentre eles
estercos, camas de aviário, palhas, restos vegetais e compostos. Os resíduos de
indústrias também podem ser utilizados, como tortas oleaginosas, borra de café,
bagaço de frutas, resíduos das usinas de açúcar e álcool (torta de filtro, vinhaça e
bagaço de cana) e resíduos de beneficiamento de produtos agrícolas.

11.4 CONTROLE DE PRAGAS NO SISTEMA ORGÂNICO


Diversos artrópodes atacam o cafeeiro, dentre eles o bicho-mineiro, ácaros,
broca-dos-frutos, cigarras. Vamos citar o controle das pragas mais importantes do
cafeeiro, como o bicho-mineiro e da broca-dos-frutos.

Bicho-mineiro (Leucoptera coffeella): Na fase larval a lagarta se


alimenta das folhas do cafeeiro, fazendo galerias ou minas nas folhas, onde se
aloja e se desenvolve. O ataque de pragas reduz a área foliar e provoca intenso
desfolhamento.

O controle do bicho-mineiro é realizado com pulverizações foliares


com calda sulfocálcica (2,5%) na época mais seca do ano (PENTEADO, 1999).
As armadilhas com feromônios e controle com extratos vegetais, como o nim
(solução aquosa 20% a 40%), também é recomendado (MARTINEZ; MENEGUIM;
MENEGUIM 2001). As práticas culturais também são recomendadas, como
a utilização de quebra-ventos e a arborização. Espécies como seringueiras,
macadâmia, cajueiro e bananeira são recomendadas. Vespas predadoras como
Proctonectarina sylveirae e parasitoides como Colastes litifer podem controlar as
lagartas e causar mortalidade nas fases de ovo, larva e pupa.

Broca-dos-frutos (Hypothenemus hampei): A broca-dos-frutos é causada


por um besouro preto, que ataca os frutos do cafeeiro em qualquer estágio de
maturação. A fêmea perfura os frutos e faz a ovoposição. As larvas destroem a
semente ao se alimentarem.

90
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

O controle cultural é o método mais indicado. Deve-se iniciar a colheita


nos talhões mais infestados e retirar todos os frutos. Deve-se retirar os frutos
caídos no chão.

O parasitoide Cephalonomia stephanoderis é utilizado no controle da broca


do café (BENASSI, 1996).

As armadilhas de etanol e óleo de café atraem as fêmeas adultas e podem


ser utilizadas para o controle da broca (REIS; SOUZA; VENZON, 2002).

11.5 CONTROLE DE DOENÇAS NO SISTEMA ORGÂNICO


Os cafeeiros estão sujeitos à incidência de várias doenças. A ocorrência e os
prejuízos que essas doenças podem causar dependem dos fatores que atuam no
sistema cafeeiro-patógeno-ambiente, que são variáveis entre regiões, ou mesmo
dentro de uma região. As práticas culturais contribuem para reduzir os danos
causados pelas doenças. Além disso, faz parte do manejo dessas doenças o uso de
produtos como caldas, cúpricos, preparados biodinâmicos e outros (CARVALHO;
CUNHA; CHALFOUN, 2002).

Ferrugem (Hemileia vastatrix): Lavouras implantadas em locais com


altitudes de 500 a 900 m e sob temperaturas elevadas (22 a 26 °C), além de elevada
precipitação, são propícias ao aparecimento da ferrugem. Além disso, ventos
fortes, granizo, frio intenso e espaçamentos reduzidos contribuem para aumentar
a incidência da doença.

Os sintomas são manchas amareladas na face superior das folhas, com


erupções esporulantes alaranjadas na face inferior (uredosporos do fungo). O
desfolhamento vai depender das condições ambientais. A doença é causada por
um fungo da classe basidiomicetos.

O controle é realizado com o plantio de cultivares resistentes, como Icatu,


Catuaí (Catuai x Icatu) e Catimor (Catuaí Vermelho x Híbrido de Timor) e o
Conilon.

O controle preventivo pode ser realizado quando a incidência da doença é


de 5% de folhas com pústulas. Utiliza-se Calda Viçosa. Os biofertilizantes também
podem ser utilizados.

As adubações equilibradas, desbrotas e podas contribuem para manter o


cafezal livre dessa doença.

91
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

DICAS

Acesse os links, neles você encontrará leituras que contribuirão com o


conhecimento.
<https://incaper.es.gov.br/cafeicultura-conilon>;
<https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/1884138/novas-cultivares-de-cafe-
conilon-sao-multiplicadas-no-espirito-santo>;
<http://www.consorciopesquisacafe.com.br/>;
<https://agrosoft.org.br/2018/01/22/adubacao-organomineral-na-cafeicultura/?utm_source
=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+agrosoft+%28Agrosoft%29>;
<https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-tecnologicas/-/produto-servico/37/sistema-
organico-de-producao-de-cafe>.

LEITURA COMPLEMENTAR

[...]

MÉTODOS DE MELHORAMENTO DO CAFEEIRO ARÁBICA

Os principais métodos são:

• Introdução.
• Seleção de Plantas Individuais Seguida de Teste de Progênie.
• Método Genealógico.
• Retrocruzamento.

O método de seleção recorrente recíproca e o método SSD (Single Seed


Descent) também podem ser aplicados nesta cultura.

CULTIVARES DE COFFEA ARABICA E SUAS CARACTERÍSTICAS

O ciclo fenológico do café arábica pode variar em função da região de


cultivo. As condições climáticas, especialmente a temperatura, podem inferir
diretamente na época e na uniformidade de maturação dos frutos. Por exemplo,
em regiões mais altas e frias, a maturação dos frutos tende a ser mais tardia, e
em regiões mais quentes, é acelerada. O sistema de cultivo, como os plantios
adensados, também pode retardar a maturação dos frutos. Por isso, cultivares
tardias devem ser evitadas em regiões frias, pois podem atrasar demasiadamente
a colheita. As mais precoces, por outro lado, devem ser evitadas nas áreas mais
quentes, a fim de evitar que a maturação dos grãos seja muito rápida, contribuindo
para a maior incidência de grãos mal granados e defeituosos. Nos plantios mais
adensados, deve-se optar por cultivares de maturação mais precoce.

92
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

Mundo Novo

Origem: IAC, resultante do cruzamento entre Sumatra e Bourbon Vermelho.


É uma cultivar de porte alto, vigoroso, com boa produtividade; suscetível à
ferrugem e à cercóspora; os frutos são vermelhos com sementes de tamanho médio
(peneira 17); indicada para espaçamentos largos, regiões e solos melhores ou para
áreas sujeitas a geadas e onde se pratica o controle químico da ferrugem; algumas
linhagens indicadas: IAC 376/4, IAC 388/17, IAC 515/20, IAC 379/19 e IAC 464/12.

Acaiá

Origem: IAC - cruzamento entre Sumatra e Bourbon Vermelho. É uma


cultivar de vigor e porte alto, com arquitetura cônica com menor diâmetro de saia;
brotação terminal bronze, baixa tolerância à ferrugem, à seca e à deficiência de
zinco e magnésio; maturação média e precoce com frutos vermelhos e sementes
graúdas; boa produtividade; indicada para espaçamentos menores, regiões e solos
melhores ou para áreas sujeitas a geadas e onde se pratica o controle químico da
ferrugem; Linhagens indicadas: IAC 474/19, IAC 474/4, IAC 474/19-10, e MG 1474
(Acaiá Cerrado).

Catuaí Vermelho

Origem: IAC - cruzamento entre Mundo Novo e Caturra; as linhagens


apresentam-se bem vigorosas com porte baixo e arquitetura compacta, o que
permite maior densidade de plantio; frutos de coloração vermelha e sementes
com tamanho médio (peneira 16-17); boa produtividade e ampla capacidade
de adaptação na maioria das regiões de plantio de café arábica; possui menor
tolerância à deficiência de boro; são susceptíveis à ferrugem; algumas linhagens
indicadas: IAC 15, IAC 44, IAC 51, IAC 81, IAC 99 e IAC 144.

Catuaí Amarelo

Origem: IAC - cruzamento entre Mundo Novo e Caturra; as plantas


possuem porte baixo e arquitetura compacta com brotação terminal verde; as
linhagens são vigorosas, produtivas e apresentam altura média de 2,0 a 2,3 m;
os internódios da haste principal e dos ramos laterais são curtos; possuem frutos
amarelos com sementes de tamanho médio com maturação média; possuem
menor tolerância à deficiência de boro; é susceptível à ferrugem; linhagens
indicadas: IAC 32, IAC 39, IAC 62, IAC 66, IAC 74 e IAC 86.

Icatu Vermelho

Origem: IAC – obtida de uma hibridação interespecífica entre um cafeeiro


tetraploide de C. canephora e uma planta da variedade Bourbon Vermelho
de C. arabica; trata-se de um material de porte alto, muito vigoroso e de boa
capacidade de rebrota quando submetido à poda; os frutos são vermelhos de
maturação média e ficam mais fortemente aderidos às árvores, característica

93
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

herdada do café Robusta; devido a sua origem interespecífica do C. canephora


pode ser recomendada também para regiões baixas, mais quentes, porém com
água suficiente; indicado para espaçamentos mais largos; possui boa tolerância
a ferrugem; linhagens indicadas: IAC 2941, IAC 2942, IAC 4040, IAC 4041, IAC
4043, IAC 4045, IAC 4046, IAC 4228.

Icatu Amarelo

Origem: IAC – obtida após cruzamento natural de plantas da variedade Icatu


Vermelho com Bourbon Amarelo ou Mundo Novo Amarelo; trata-se de um material
de porte alto, muito vigoroso e de boa capacidade de rebrota quando submetido à
poda; os frutos são amarelos de maturação média; devido a sua origem interespecífica
do C. canephora pode ser recomendada também para regiões baixas, mais quentes,
porém com água suficiente; indicado para espaçamentos mais largos; possui boa
tolerância a ferrugem; linhagens indicadas: IAC 2907, IAC2944, IAC 3686.

Catucaí Amarelo

Origem: IBC/PROCAFÉ – cruzamento entre Icatu e Catuaí; a planta é


de porte baixo a médio com arquitetura compacta; plantas cônicas com menor
diâmetro de saia; apresenta bom vigor; os frutos são amarelos com sementes
médias a grande; maturação precoce; boa produtividade; apresenta resistência a
ferrugem; linhagens indicadas: 2SL, 3SM, Multilínea F5.

Catucaí Vermelho

Origem: IBC/PROCAFÉ – cruzamento entre Icatu e Catuaí; a planta é de


porte baixo a médio com arquitetura compacta; plantas com menor diâmetro de
saia e cônicas; as plantas são vigorosas; os frutos são vermelhos com sementes
médias a grande; maturação precoce a média; apresenta boa produtividade;
resistente à ferrugem; linhagens indicadas: 19/8, 20/15, 24/137, 36/6, Multilínea F5.

Bourbon Amarelo

Origem: IAC - mutação de Bourbon Vermelho ou cruzamento entre


Bourbon Vermelho e Amarelo de Botucatu; o porte das plantas é alto com
arquitetura aberta e menor diâmetro de saia; as plantas são muito susceptíveis
a ferrugem e cercosporiose. Uma das características principais da variedade
Bourbon Amarelo refere-se à precocidade de maturação de seus frutos, que pode
variar de 20 a 30 dias, em relação ao Mundo Novo de acordo com a região; os
frutos são amarelos e sementes de tamanho médio e boa bebida; produtividade
média; indicado para regiões frias, de difícil maturação e para produtores de cafés
especiais; linhagens indicadas: IAC J10, IAC J19, IAC J20, IAC J 22 e IAC J 24.

94
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

Rubi

Origem: EPAMIG - cruzamento entre Catuaí Vermelho e Mundo Novo; a


cultivar Rubi apresenta porte baixo, com altura dos cafeeiros pouco superiores a 2
m e diâmetro médio de copa; possui boa produtividade e elevado vigor; os frutos
são de coloração vermelha; a maturação é precoce, sendo intermediária ao Catuaí
e o Mundo Novo; é susceptível à ferrugem; linhagem indicada: MG 1192.

Topázio

Origem: EPAMIG - retrocruzamento do cultivar Catuaí Amarelo com


Mundo Novo; possui elevado vigor; porte baixo e suscetibilidade à ferrugem;
maturação dos frutos é intermediária entre Catuaí e Mundo Novo; frutos maduros
de cor amarela; produtividade boa; brotação terminal bronze; indicada para
plantios adensados; a principal característica desse cultivar é a uniformidade de
maturação dos frutos, fator que se deve a melhor regularidade no florescimento;
linhagem indicada: MG 1190.

Obatã IAC 1669-20

Origem: IAC – cruzamento entre Sarchimor e Catuaí Vermelho; as plantas


são de porte baixo com arquitetura compacta; os frutos são de coloração vermelha
com maturação tardia; apresenta produtividade boa; elevada resistência ao
agente da ferrugem e é indicada preferencialmente para plantios adensados ou
em renque; não é indicada para regiões com déficit hídrico.

Oeiras MG 6851

Origem: EPAMIG/UFV - cruzamento entre Caturra Vermelho e Híbrido


de Timor CIFC 2570; a cultivar Oeiras possui porte baixo com arquitetura cônica
com menor diâmetro de saia; apresenta bom vigor, sem depauperamento precoce
ou seca de ramos produtivos; cor das folhas novas bronze-clara; os frutos são
vermelhos com maturação (média) uniforme e intermediária entre Catuaí e
Mundo Novo; a característica de destaque desta cultivar é sua resistência à
ferrugem; indicada preferencialmente para sistemas de plantio adensados, visto
que a incidência da ferrugem em sistemas adensados é mais severa que em
espaçamentos mais largos.

Paraíso MG H 419-1

Origem: EPAMIG/UFV - cruzamento entre Catuaí Amarelo IAC 30 e


Híbrido de Timor CIFC 2570; os cafeeiros são de porte baixo, com arquitetura
compacta e formato cônico, ligeiramente afilado; brotação terminal verde;
resistente à ferrugem; os frutos são amarelos com sementes graúdas; maturação
tardia; boa produtividade; indicado para as mesmas condições do Catuaí, com
prioridade para condições de difícil controle de ferrugem.

95
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

IAPAR 59

Origem: IAPAR – cruzamento entre a cultivar Villa Sarchi (CIFC 971/10) e


Híbrido de Timor (CIFC 832/2); a planta é de porte pequeno e arquitetura compacta
ideal para o plantio em espaçamentos adensados; os frutos são vermelhos com
maturação precoce; tem como principal característica a resistência à ferrugem do
cafeeiro e ao nematoide M. exigua; a produtividade é boa e é indicada para regiões
de clima ameno e com boa nutrição.

Palma 1 e Palma 2

Origem: IBC/PROCAFÉ – cruzamento entre Catimor e Catuaí; as plantas


são vigorosas, de porte baixo com arquitetura compacta e cônica no Palma 1 e
menor diâmetro de saia no Palma 2; os frutos são vermelhos com maturação
tardia; são resistentes à ferrugem e tolerantes à seca; indicada para qualquer
região, especialmente para áreas mais sujeitas à seca e quentes; a Palma 2 se
adapta bem a plantios adensados.

Pau Brasil MG1

Origem: UFV/EPAMIG – cruzamento entre Catuaí Vermelho IAC 141


e Híbrido de Timor (UFV 442-34); as plantas são vigorosas com porte baixo,
arquitetura cônica e com internódios curtos e ramificações secundárias abundantes;
os frutos são vermelhos com maturação média; possui produtividade semelhante
ao do Catuaí 15 e 144; resistentes às raças predominantes de ferrugem.

Outras cultivares potenciais

Catiguá MG1 e MG2; Sacramento MG1; Sabiá médio, precoce e tardio;


Siriema 842; Ibairi IAC 4761; Icatu Precoce IAC 3282; IPR 97, 98, 99, 100, 101, 103,
107, 108; Laurina IAC 870; Tupi IAC 1669-33. A relação completa dos cultivares
de cafés registrados pode ser acessada no site: <http:/www.agricultura.gov.br/
images/MAPA/cultivares/snpc_59.htm>.

MELHORAMENTO DE C. CANEPHORA

A forma natural de reprodução da espécie leva à formação de lavouras


muito heterogêneas, com plantas expressando características muito distintas
quanto à arquitetura, vigor, época e uniformidade de maturação de frutos,
tamanho e peso de grãos, suscetibilidade a pragas e doenças e, especialmente,
potencial produtivo (VOSSEN, 1985; CARVALHO et al., 1991). Estes fatores têm
se constituído em importantes obstáculos ao crescimento da produtividade e da
qualidade final do produto obtido (FONSECA, 1995).

Dessa forma, os primeiros trabalhos de melhoramento genético com


a espécie, realizados a partir de 1985 pela EMCAPA, hoje INCAPER (Instituto
Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), tinham como
principais objetivos: seleção de genótipos com alta produtividade e estabilidade
96
TÓPICO 1 | A CULTURA DO CAFEEIRO (Coffea spp.)

de produção, uniformidade de maturação de frutos e diferentes épocas de


maturação, frutos de maior tamanho, porte baixo e adequado para adensamento,
tolerância às principais doenças e à seca, menor teor de cafeína, maior teor de
sólidos solúveis, entre outros (FERRÃO, 1999).

Posteriormente, considerando o déficit hídrico acentuado existente


na maior parte da principal região produtora estadual, bem como buscando
encontrar meios capazes de permitir a obtenção de produtividades elevadas e
com baixo custo de produção por parte dos pequenos produtores, predominantes
no Estado, procedeu-se à seleção, entre os clones mais promissores do programa,
daqueles com características de tolerância à seca.

CULTIVARES DE COFFEA CANEPHORA E SUAS CARACTERÍSTICAS

‘Emcapa 8111’

Variedade clonal formada pelo agrupamento de 14 clones compatíveis


entre si, com características comuns, distinguindo-se, contudo, das demais por
apresentar maturação precoce dos frutos, cuja colheita se dá normalmente até
o mês de maio. Apresentou nas primeiras quatro colheitas uma produtividade
média de 58 Sc.benef./ha, (e peneira média 14.

‘Emcapa 8121’

Variedade clonal formada pelo agrupamento de 15 clones compatíveis


entre si, com características comuns, distinguindo-se, porém, das demais por
apresentar maturação intermediária dos frutos, cuja colheita se dá normalmente
no mês de junho. Apresentou nas primeiras quatro colheitas uma produtividade
média de 60 Sc.benef./ha e peneira média 15.

‘Emcapa 8131’

Variedade clonal formada pelo agrupamento de 14 clones compatíveis


entre si, com características comuns, distinguindo-se, contudo, das demais por
apresentar maturação tardia dos frutos, cuja colheita se dá normalmente nos
meses de julho/agosto. Apresentou nas primeiras quatro primeiras colheitas uma
produtividade média de 60 sc.benef./ha e peneira média 14.

Em relação às lavouras tradicionais, a utilização dessas cultivares vem


proporcionando colheitas mais produtivas, uniformes e de ciclo diferenciado,
além de produções significativas a partir da primeira colheita, realizada em torno
de 24 meses após o plantio.

‘Emcapa 8141 - Robustão Capixaba’

Variedade clonal formada pelo agrupamento de 10 clones tolerantes à


seca, compatíveis entre si. Os clones componentes dessa variedade se destacaram
em condições de estresse hídrico, avaliados nos dois ambientes estudados,
97
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

no período de 1994 a 1998, sobressaindo tanto em produtividade quanto nos


demais parâmetros fisiológicos considerados. A produtividade média das quatro
primeiras colheitas foi de 54,0 Sc.benef./ha.

Embora se caracterize como tolerante à seca, a variedade EMCAPA 8141 –


Robustão Capixaba – mostrou-se altamente responsiva à suplementação de água,
alcançando nessas condições produtividade média de até 112,5 sc.benef./ha,
nas quatro primeiras colheitas. As principais características agronômicas dessa
cultivar são: alto vigor vegetativo, arquitetura e porte de plantas favoráveis ao
adensamento, maturação dos frutos entre maio e junho, tolerância às principais
doenças, baixo índice de desfolhamento em condições de estresse hídrico, peneira
média dos frutos superior a 14 e tolerância à seca.

‘Emcaper 8151 – Robusta Tropical’

Variedade propagada por semente obtida através da recombinação, em


campo de polinização aberta, de 53 clones-elites do programa de melhoramento
do INCAPER. A produtividade média dessa variedade nas quatro primeiras
colheitas é de 50,30 Sc/ha. Em função de sua rusticidade e estabilidade de
produção, é recomendada, preferencialmente, para produtores de base familiar,
com menores possibilidade de adoção de tecnologias, incluindo dificuldades
econômicas para aquisição de mudas clonais que têm custo mais elevado.

‘Conilon Vitória – Incaper 8142’

Variedade clonal lançada em maio de 2004, constituída pelo agrupamento


de treze clones. Para compor esta variedade, foram selecionados os clones que
apresentavam simultaneamente um conjunto de características de interesse, com
ênfase para altas produtividades e estabilidade de produção, tolerância à seca e
resistência à ferrugem.

A produtividade média de oito colheitas em condições não irrigadas


é de 70,4 Sc bebef./ha, cerca de 21% superior à média das demais variedades
melhoradas do Incaper.

Em função dos clones que compõem a variedade apresentarem diferentes


épocas de maturação, o plantio dos clones deve ser em linha.

As variedades clonais melhoradas têm atingido produtividade superiores a


120 Sc benef./ha, em diferentes propriedades agrícolas do estado do Espírito Santo,
quando cultivadas seguindo corretamente as tecnologias geradas pelas pesquisas.
FONTE: Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/273630551/APOSTILACAFEFIT441>.
Acesso em: 24 fev. 2018.

98
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O cafeeiro pertence à família Rubiaceae e ao gênero Coffea.

• Coffea arabica e Coffea canéfora são as duas espécies de importância comercial.

• O café arábica tem origem no sudoeste da Etiópia, Sudão e norte do Quênia; e


o café conilon na região da Guiné, Uganda e Angola.

• O café conilon pode ser dividido em dois grupos: café robusta e café conilon.

• As cultivares de café podem ser propagadas por sementes ou via propagação


clonal.

• Existem diversas cultivares de cafeeiro disponíveis para plantio, que podem


ser plantadas de acordo com a região, o clima, tolerância a fatores abióticos e
bióticos e finalidade do produto final.

• O plantio das mudas deve ocorrer no mês de outubro, caso não tenha irrigação.

• As mudas para a implantação do cafezal devem ser sadias e livres de patógenos,


de acordo com o padrão de qualidade do MAPA.

• O terreno para implantação da lavoura deve ser preparado previamente,


corrigido e adubado de acordo com a análise de solo.

• O espaçamento deve ser definido antes do plantio, e depende do tamanho da


lavoura, mão de obra disponível, topografia do terreno, solo, cultivar e sistema
de plantio que será utilizado.

• As plantas daninhas interferem no desenvolvimento das mudas, pois competem


por água e nutrientes.

• As técnicas de manejo integrado são recomendadas, pois protegem o solo e


mantêm a umidade do solo.

• A capina nas fileiras, aplicação de herbicidas nas ruas, capina nas fileiras e
roçagem nas ruas, capinas nas fileiras e uso de grade ou enxada rotativa em
pequena profundidade nas ruas são utilizadas para evitar que as plantas
daninhas se desenvolvam no cafezal.

• A muda é um dos fatores de produção mais importantes.

99
• Vários cuidados devem ser tomados com as mudas no viveiro, como: evitar
pragas, doenças e plantas daninhas na área, aplicação de fertilizantes, retirada
de mudas em excesso e sistema de irrigação.

• A irrigação melhora a classificação por peneiras do café, além de aumentar a


produtividade, o rendimento e a qualidade da bebida.

• A poda é uma prática importante no cafezal, pois contribui para eliminar ramos
velhos e acelerar a renovação de ramos pouco produtivos.

• As podas podem ser de seis tipos: recepa, decote, esqueletamento, desponte e


catação.

• A colheita é uma das operações mais importantes, sendo que os equipamentos,


toda a estrutura de colheita, processamento e armazenamento devem ser
limpos antes de iniciar a colheita.

• Os sistemas agroflorestais são uma alternativa para o plantio do café em


pequenas áreas.

• Os SAFs são caracterizados pelo plantio de culturas anuais, florestais, fruteiras


com o café.

• O café orgânico tem ganhado espaço no mercado mundial, pois cresce o


interesse por alimentos mais saudáveis, livres de agrotóxicos.

• A cafeicultura orgânica apresenta menor produtividade e menor rentabilidade


em relação à cafeicultura convencional, entretanto, o custo/benefício é o mesmo.

100
AUTOATIVIDADE

1 Com base nas afirmativas abaixo, assinale a alternativa correta:

I- O café arábica é uma planta anual, alelotetraploide e autógama. É originário


da Etiópia, Sudão e Quênia. O café conilon é originário das regiões da Guiné,
Uganda e Angola. É uma espécie perene, com porte arbustivo e caule lenhoso.
II- O cafeeiro apresenta a característica de bienalidade, em que ocorre
alternância de produção de grãos. Tem-se um ano de alta produção e outro
ano de baixa produção.
III- No planejamento do espaçamento do cafezal leva-se em conta somente a
produção que se deseja alcançar.
IV- O decote é uma poda drástica e remove totalmente a copa do cafeeiro. A
planta fica com 30 cm de altura.
V- Os principais objetivos da poda são: recuperar as plantas com pouco
vigor e pouco produtivas; reduzir a distância dos ramos em relação aos
troncos, aumentar a circulação dos fotoassimilados, aumentar a produção e o
rendimento das plantas.

Com base nas afirmativas acima é válido dizer que:


a) ( ) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) ( ) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) ( ) Somente as afirmativas I, II e V são corretas.
d) ( ) Somente as afirmativas II e V são corretas.

101
102
UNIDADE 2 TÓPICO 2

A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.)

1 INTRODUÇÃO
O gênero Eucalyptus tem quase 730 espécies, por isso se adapta a vários
ambientes.

O eucalipto é considerado produto muito importante para economia


de mais de cem países, envolvendo, atualmente, uma área plantada no mundo
superior a vinte e cinco milhões de hectares. No Brasil, a planta é considerada
estratégica, pois é a matéria-prima mais utilizada para a quase totalidade de certos
produtos, como celulose, carvão, lenha, painéis, postes, dormentes, mourões,
serrados, móveis, embalagens etc. Os híbridos “urograndis” (Eucalyptus urophylla
x E. grandis) envolvem a maior área plantada. As espécies mais utilizadas nos
plantios são E. urophylla, E. grandis, E. camaldulensis, E. cloeziana, E. dunnii e E.
citriodora (SILVA, 2011).

De acordo com Silva (2011), o gênero Eucalyptus é o potencialmente mais


apropriado para as condições brasileiras, em função das suas inúmeras vantagens.
Dentre elas, destacam-se:

• Rápido crescimento volumétrico e potencialidade para produzir árvores com


boa forma.
• Características silviculturais desejáveis, como bom rendimento, boa forma,
facilidade para trabalho em programas de manejo e melhoramento genético,
tratos culturais, desbastes, desramas.
• Elevada quantidade de sementes e facilidade de propagação vegetativa,
principalmente por estacas, formando clones.
• Adequação aos mais diferentes usos industriais, devido ao elevado número de
espécies.
• É possível substituir, com semelhante desempenho, as madeiras de florestas
nativas pelo eucalipto, reduzindo assim a pressão sobre as florestas nativas.

2 PRINCIPAIS ESPÉCIES DO GÊNERO EUCALYPTUS


CULTIVADAS NO BRASIL
A escolha da espécie de eucalipto deve suprir o consumo de madeira, tanto
em escala industrial como para pequenos consumidores. Algumas características
determinam a escolha, como rápido crescimento, características silviculturais
desejáveis, adaptação a diversos solos e clima, facilidade de propagação e a
utilização para diversos fins (ANGELI, 2004).

103
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

A seguir uma breve descrição das espécies de eucalipto.

Eucalyptus camaldulensis

É uma espécie muito importante, pois pode ser utilizada em terrenos


baixos, encharcados e inundáveis. Também é recomendada para solos salinos
e regiões semiáridas. A madeira é avermelhada e tem densidade que varia
de elevada a média. A madeira é utilizada na fabricação de celulose, serraria,
dormentes e carvão.

A árvore é caracterizada por ser tortuosa, com madeira densa e com cerne
diferenciado, além de ter boa rebrota.

Eucalyptus citriodora

A espécie é resistente à deficiência hídrica e tem boa regeneração de


brotações das cepas. É recomendada para plantios em altitudes inferiores a 1.600
m, tendo como fator limitante a suscetibilidade a geadas.

A principal limitação da espécie é a suscetibilidade a geadas, e em


solos pobres pode apresentar bifurcações devido a deficiências nutricionais,
principalmente boro.

Eucalyptus cloeziana

A madeira desta espécie é clara, de alta densidade, durável e com ampla


utilização. É recomendada para utilização em serrarias, postes, escoras, estruturas,
dormentes.

Tem como limitações a suscetibilidade a geadas e baixa adaptabilidade a


regiões com deficiência hídrica. Apresenta baixa capacidade de regeneração por
brotação. O crescimento da árvore é lento.

Eucalyptus dunnii

Tem como vantagens a alta resistência a geadas, sendo recomendada para


a região Sul do Brasil. Apresenta bom crescimento inicial e boa uniformidade das
árvores. A madeira é muito semelhante à do E. grandis e pode ser utilizada para
fabricação de celulose e papel.

Eucalyptus grandis

O E. grandis é uma das espécies mais plantadas no Brasil. É caracterizado


por ter porte alto, podendo atingir 75 m de altura. A planta adulta pode atingir
120 a 180 cm de diâmetro, fuste retilíneo, livre de ramos até 2/3 da altura total, com
copa ampla. É a principal matéria-prima para produção de celulose e papel.

104
TÓPICO 2 | A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.)

No Brasil, a espécie encontra condições ideais para o desenvolvimento


desde o Rio Grande do Sul até São Paulo e Minas Gerais. O desenvolvimento é
mais pronunciado em regiões subtropicais.

Eucalyptus saligna

A espécie é indicada para produção de celulose de fibra curta. A


madeira pode ser utilizada para fabricação de laminados, móveis, estruturas,
caixotaria, postes, escoras, mourões, celulose e carvão. A vantagem dessa espécie
é a tolerância ao fogo, alta capacidade de regeneração por rebrotadas cepas. É
suscetível a geadas severas. O corte das árvores é realizado de sete a oito anos,
com densidade básica da madeira em torno de 0,5 t.m-3.

Eucalyptus urophylla

A espécie E. urophylla e seus híbridos, E. urophylla x E. grandis e E. urophylla


x E. saligna, são as principais fontes de matéria-prima para a indústria nacional de
celulose. O desenvolvimento, altura e diâmetro são ideais, sendo a densidade de
madeira intermediária. Apresenta resistência ao cancro-do-eucalipto.

3 SISTEMA DE PLANTIO CONVENCIONAL


O uso de madeira advindas de plantações florestais é essencial para
a preservação dos fragmentos remanescentes de florestas e conservação da
biodiversidade (FONSECA et al., 2013). De acordo com o autor, o sucesso
do investimento na cultura de eucalipto requer atenção para alguns pontos
importantes, como: a escolha do material genético (espécie ou clone) mais
adequado ao local de cultivo (solo e clima) e à finalidade de uso da madeira;
preparo mínimo da área para possibilitar o bom pagamento das mudas; combate
às formigas cortadeiras e outras pragas; controle de plantas daninhas; adubações,
tratos culturais, como desrama e desbaste; condução da brotação e colheita.

3.1 PRODUÇÃO DE SEMENTES


A origem e a qualidade das sementes são fundamentais para o sucesso de
um programa de reflorestamento.

A produção de sementes de eucalipto se inicia a partir do quarto ano


de idade. A germinação das sementes recém-colhidas é próxima de 80% e sua
viabilidade pode reduzir até 10% ao ano, mesmo armazenadas em câmaras secas
e com umidade relativa do ar controlada.

A espécie E. grandis pode produzir até 1 milhão de sementes/kg,


dependendo do tamanho das sementes.

105
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

3.2 PRODUÇÃO DE MUDAS


Uma das maiores preocupações que se deve ter para iniciar um plantio
comercial é a procedência do material genético que será utilizado. Sementes, estacas
e miniestacas devem originar-se de matrizes com alta produtividade, resistentes às
doenças e que se adaptam às condições ambientais do local de plantio.

Na maioria das regiões do Brasil em que se planta eucalipto utilizam-


se mudas clonais. Estas mudas apresentam inúmeras vantagens em relação às
mudas produzidas com semente, dentre elas:

• Uniformidade em relação às características silviculturais e tecnológicas.


• Adapta-se em condições ambientais adversas.
• Máximo ganho em produtividade.

As mudas podem ser produzidas por meio de sementes ou de material


vegetativo, como estacas. Algumas recomendações são necessárias, como tomar
cuidado quanto à procedência do material genético. Estas mudas devem ser
adquiridas de empresas e instituições idôneas e já conhecidas no mercado. As
mudas podem ser adquiridas por doação ou programa de fomento, através de
programa de órgãos governamentais, como IEF ou empresas de reflorestamento.
O produtor também pode produzir sua muda.

A muda deve apresentar altura entre 20 a 30 cm, haste rígida, aparência


madura e rustificada com sistema radicular bem formado. É importante que as
mudas estejam disponíveis para o plantio no início das chuvas (SILVA; CASTRO,
2014).

A idade das mudas nos viveiros é de extrema importância. A idade no


viveiro não deve ser superior a quatro meses, contando-se a partir da semeadura
ou estaqueamento até a expedição para plantio. Mudas com idade superior a
180 dias devem ser descartadas, pois as raízes enovelam e reduzem a produção.
As mudas devem ser produzidas em viveiros próximos aos locais de plantio,
evitando-se custos adicionais e possíveis danos no transporte (SILVA, 2011).

Antes da compra das mudas é necessário exigir o certificado fitossanitário


de produção de mudas. Uma vez comprada a quantidade necessária de mudas
dos viveiros credenciados, numa área pequena da propriedade, as mudas são
colocadas geralmente em locais frescos e perto da água, que serve como berçário e
aclimatação das mudas antes de serem plantadas. Assim, as mudas permanecem
neste local por alguns dias até o término do preparo do solo que receberá as mudas.

Um viveiro florestal deve sempre visar à produção de mudas sadias e


vigorosas para posterior utilização em plantios. As mudas devem apresentar:

• Sistema radicular desenvolvido.


• Raiz principal sem defeitos.

106
TÓPICO 2 | A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.)

• Parte aérea bem formada.


• Caule ereto e não bifurcado.
• Ramos laterais uniformemente distribuídos.
• Folhas com coloração e formação normais.
• Ser livre de doenças.

3.3 ESPAÇAMENTO E DENSIDADE DE PLANTIO


O espaçamento de plantio é variável de acordo com o uso principal da
floresta. As empresas de produção de celulose utilizam o espaçamento de 3 x 3
m. Este espaçamento confere uniformidade nas características do eucaliptal. Este
espaçamento corresponde a 1.111 árvores/ha.

Para florestas voltadas para a produção de carvão são recomendados


espaçamentos reduzidos, 2 x 2 m, em que cada árvore apresenta menor volume, mas
a quantidade de madeira produzida por hectare será maior, de 2.500 mudas/ha.

3.4 PREPARO DO SOLO


O solo é fator fundamental para o crescimento e produtividade do
eucaliptal. Caso o solo esteja compactado, deve romper a camada compactada com
subsolador, visando maior eficiência no aproveitamento da água e nutrientes por
parte do sistema radicular da planta e melhorar a drenagem. O preparo reduzido
tem sido adotado, realizando a subsolagem e gradagem apenas na linha de plantio.

3.5 CALAGEM E ADUBAÇÃO DO EUCALIPTO


As espécies de eucalipto toleram solos de baixa fertilidade, acidez elevada
e regime hídrico irregular, no entanto, a produtividade pode aumentar caso sejam
realizadas adubações adequadas.

4 IMPLANTAÇÃO
Na etapa de implantação, diversas atividades devem ser realizadas antes
do plantio para o sucesso do empreendimento. Dentre eles: o combate às formigas,
verificar áreas para armazenamento das mudas, verificar a qualidade das mudas,
preparo do terreno, a adubação, o espaçamento, métodos de plantio e o replantio.

a. Combate às formigas

O combate às formigas cortadeiras deve ser realizado três meses antes da


limpeza e coveamento. Deve-se localizar os formigueiros e aplicar as iscas, ao
lado da isca de arregamento, próxima à entrada do olheiro de carregamento ativo
(FONSECA et al., 2014).

107
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

As espécies mais comuns são as dos gêneros Atta e Acromyrmex,


geralmente combatidas com iscas granuladas distribuídas nos caminhos e
olheiros.

b. Preparo do terreno

O preparo do terreno para plantio tem o objetivo de propiciar as


melhores condições ambientais para o crescimento e desenvolvimento das
plantas (SILVA, 2011).

Geralmente, as operações são realizadas na seguinte ordem:

• Construção de estradas e aceiros.


• Desmatamento e aproveitamento da madeira.
• Enleiramento ou encoivaramento.
• Desenleiramento.
• Combate à formiga.
• Revolvimento do solo.
• Sulcamento e/ou coveamento.

As técnicas de cultivo mínimo e plantio consorciado são práticas


recomendadas aos produtores a fim de diminuir os custos de produção e os
danos ambientais.

c. Adubação

A adubação de plantio visa principalmente o fornecimento de fósforo,


cobre e zinco. As doses de Fósforo (P) recomendadas estão em função da
disponibilidade deste nutriente, sendo que este é fortemente adsorvido pelos
solos em função do teor de argila.

d. Plantio

É necessária a adoção de um conjunto de medidas silviculturais, por


exemplo, a época do plantio (primavera ou início do verão, conforme a espécie),
preparo do solo, adubação (fertilização mineral em doses apropriadas) e tratos
culturais destinados a favorecer o crescimento inicial das plantas em campo
(WILCKEN et al., 2008).

O cultivo mínimo, muito difundido e utilizado atualmente no setor


florestal, é bastante indicado ao produtor. Deve-se levar em conta todas as variáveis
edafoclimáticas, como solo, clima e topografia para realizar o cultivo mínimo.

e. Plantio

O plantio pode ser manual, semimecanizado e mecanizado. Nas áreas


planas e de topografia mais acessível pode-se utilizar o sistema semimecanizado.

108
TÓPICO 2 | A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.)

Esta operação consiste em retirar as mudas dos tubetes, transportá-las e fixar as


mudas nas covas. Muitas empresas já dispõem de plantadeiras adaptadas, que
fazem a distribuição das mudas de forma totalmente mecanizada (SILVA, 2011).

f. Replantio

O replantio deve ser realizado num período de 30 dias após o plantio,


quando ocorre muitas falhas. Caso a falha exceda 5%, deve-se utilizar o replantio
e fazer a reposição das mudas, mantendo a população original (SILVA, 2011).

4.1 TRATOS CULTURAIS


Os tratos culturais são práticas que devem ser executadas após o plantio
das mudas. São importantes para a manutenção dos plantios.

a. Limpeza da área

A limpeza é realizada até que as plantas atinjam um porte suficiente


para dominar a vegetação invasora e geralmente é feita através de três métodos
principais:

• Limpeza manual: através das capinas nas entrelinhas ou de coroamento e por


roçadas nas entrelinhas.
• Limpeza mecanizada: utilização de grades, enxadas rotativas e roçadeiras nas
entrelinhas.
• Limpeza química: utilização de herbicidas e dirigida nas entrelinhas.

b. Poda ou Desrama

Esta operação visa melhorar a qualidade da madeira pela obtenção de


toras desprovidas de nós. O controle do crescimento dos galhos, bem como sua
eliminação, são uma prática aplicada às principais espécies madeireiras. De
acordo com Simões (1989), existem dois tipos de desrama:

• Desrama natural: é eficiente em floresta de eucalipto, sendo que nenhuma


medida especial deve ser tomada a fim de promovê-la. O processo mais simples
consiste em desenvolver e manter um estoque inicial denso, o que, além de
manter os galhos inferiores pequenos, causa-lhes também a morte.
• Desrama artificial: o objetivo desta prática é a produção de madeira limpa ou
isenta de nós em rotação mais curta que a exigida com desrama natural. A
desrama artificial pode ser feita também para prevenir os nós soltos, produzindo
desta forma madeira com nós firmes. Este esforço pode não oferecer recompensas
muito valiosas, porém envolve um período de espera menor.

109
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

c. Desbaste

Os desbastes são cortes parciais realizados em povoamentos imaturos,


com o objetivo de estimular o crescimento das árvores remanescentes e aumentar
a produção da madeira utilizável. Nesta operação, removem-se as árvores
excedentes, para que se possa concentrar o potencial produtivo do povoamento
num número limitado de árvores selecionadas.

Nos desbastes, as vantagens em consequência da competição devem


ser, pelo menos em parte, preservadas. Assim, num programa de desbaste,
para rotações relativamente longas, o número de árvores deve ser reduzido
gradativamente, porém a uma taxa substancialmente mais rápida do que seria
em condições naturais. De acordo com Simões (1989), a seleção das árvores a
serem desbastadas é caracterizada da seguinte forma:

• Posição relativa e condições de copa (dominantes).


• Estado de sanidade e vigor das árvores.
• Características de forma e qualidade do tronco.

O principal efeito favorável do desbaste é estimular o crescimento em


diâmetro das árvores remanescentes.

A variação no diâmetro das árvores induzidas pelos desbastes é muito


ampla. Desbastes leves podem não causar efeito algum sobre o crescimento,
embora seja possível, em razão dos desbastes pesados, conseguir uma produção
constituída de árvores com o dobro do diâmetro que, durante o mesmo tempo,
elas teriam sem desbastes.

d. Métodos de desbaste

• Desbaste sistemático: Aplicados em povoamentos altamente uniformes, em


que as árvores ainda não se diferenciaram em classes de copas. Aplicam-se em
povoamentos jovens não desbastados anteriormente. É mais simples e mais
barato. Permite mecanizar a retirada das árvores.
• Desbaste seletivo: Implica na escolha de indivíduos segundo algumas
características, previamente estabelecidas, variadas de acordo com o propósito
a que se destina a produção. As árvores removidas são sempre as inferiores,
dominadas ou defeituosas. Este método é mais complicado, porém permite melhor
resultado na produção e na qualidade da madeira grossa (SIMÕES, 1989).

4.2 EXPLORAÇÃO
A exploração é a fase em que o eucalipto iniciará o seu retorno financeiro,
pois é quando há o corte da madeira para o fim a que se destina. O site Ambiente
Florestal (2000-2017) descreve as principais etapas que devem ser conduzidas na
etapa de exploração:

110
TÓPICO 2 | A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.)

a. Idade de corte

A condução dos talhões de eucalipto geralmente é realizada para corte


aos sete, 14 e 21 anos. São três ciclos de corte para uma mesma muda original. De
acordo com a região e o tipo de solo, o ciclo de corte poderá ser menor (a cada
cinco ou seis anos). Tudo está ligado ao objetivo da plantação de eucalipto (lenha,
carvão, celulose, mourões, poste, madeira de construção ou serraria).

b. Limpeza da área para corte

Quando o povoamento de eucalipto de um talhão atinge a idade para o


primeiro corte deve-se efetuar a limpeza do local. A eliminação do mato ralo e da
capoeira existentes na área do eucalipto facilita os trabalhos de corte e retirada
de madeira. Depois da limpeza da área, mas antes de efetuar o corte das árvores,
deve-se proceder uma vistoria para controle das formigas, pois estas são muito
danosas e impedem a rebrota das cepas de eucalipto.

c. Época de corte

A capacidade de rebrota das cepas de eucalipto varia conforme a época.


Geralmente, a sobrevivência dos brotos é maior quando se cortam as árvores na
época chuvosa (primavera).

d. Altura de Corte

A altura de corte em relação ao terreno define a percentagem de


sobrevivência das brotações. Deve-se cortar bem próximo do solo, deixando o
mínimo de madeira na cepa da árvore. O corte deverá ser chanfrado ou em bisel.
As espécies com boa brotação devem ser cortadas a uma altura média de 5 cm
acima do solo. As espécies com baixa capacidade de rebrota deverão ser cortadas
a uma altura de 10 a 15 cm da superfície do solo. Poderá ser feito a machado ou
com motosserra.

e. Diâmetro das cepas

O vigor das brotações do eucalipto está ligado ao diâmetro das cepas. O


número de brotos aumenta à medida que o diâmetro das cepas aumenta.

f. Manejo da Brotação da cepa

Consiste em limpar ao redor das cepas de eucalipto, retirando-se a


galhada, folhas, cascas, evitando o abafamento da brotação. Deve-se evitar que
a madeira cortada seja empilhada sobre as cepas. A entrada de caminhão para
retirada da madeira pode prejudicar as brotações. Não deve ser utilizado o fogo
para limpeza da área, pois este é inimigo das brotações do eucalipto.

111
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

g. Gradagens

O eucalipto é exigente em solo bem preparado. Por isso, nas áreas de


eucalipto em brotação devem ser realizadas gradagens entre as ruas de cepas.
O uso da grade de discos elimina as ervas daninhas e poda as raízes das cepas,
aumentando-lhes o vigor.

h. Desbrota das cepas

Quando os brotos apresentarem de 2,5 a 3 m de altura, ou seja, após 10 a


12 meses do corte das árvores, efetua-se a desbrota.

Isso deve ser feito no período quente e chuvoso, para garantir o crescimento
da brotação. Conforme o tamanho da cepa, deixa-se a seguinte quantidade de
brotos:

• Cepas menores que 8 cm: apenas um broto.


• Cepas maiores que 8 cm: de dois a três brotos.

i. Adubação para brotação

Na véspera do corte das árvores aplica-se de 100 a 150 gramas de


fertilizantes por cepa, da fórmula 10:30:10. A aplicação é feita nas entrelinhas do
eucalipto, em sulco ou a lanço, para que a cepa emita melhores brotações.

5 SISTEMAS AGROFLORESTAIS
O sistema agrossilvipastoril consiste no uso integrado e simultâneo da
terra para fins de produção florestal, agrícola e pecuária. Assim, numa mesma
área é possível o cultivo de árvores, em consórcio com culturas agrícolas ou com
a pecuária.

O sistema agrossilvipastoril apresenta grandes vantagens em relação


aos sistemas convencionais de uso da terra, pois permite maior diversidade e
sustentabilidade.

O esquema de plantio pode ser realizado da seguinte maneira: no primeiro


ano planta-se eucalipto com uma cultura anual, como arroz, milho, feijão,
amendoim, mamona, mandioca, soja ou outra cultura de interesse. As mudas de
eucalipto são plantadas no espaçamento de 6 a 10 m entre as linhas e de 1,5 a
3,0 m entre plantas na linha. Antes da colheita da cultura anual é realizada a
semeadura do capim e após 24 a 30 meses, quando o eucalipto já atingiu cerca de
8 m de altura, pode-se introduzir o gado na área. Caso o espaçamento seja de 10
x 1,5 m, aos três anos realiza-se um desbaste, o que elimina uma planta na linha.
A madeira pode ser empregada para mourões, construção civil, celulose, carvão
e outras finalidades. O restante das árvores pode ser conduzido até os 10-12 anos
para produção de madeira de serraria (FONSECA et al., 2014).
112
TÓPICO 2 | A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.)

Os sistemas agrossilvipastoris têm diversas vantagens, do ponto de vista


ecológico e agronômico. Do ponto de vista ecológico, o uso do solo para o plantio
de duas espécies permite melhor utilização de água e nutrientes.

O investimento é rentável, sendo que o retorno ocorre de forma rápida e


possibilita ao agricultor a obtenção de renda até que a floresta cresça e produza para
madeira. A eficiência pode ser observada no aspecto agronômico, com a melhoria
das condições de solo; econômicos, com a diversificação da produção; ecológicos,
com melhoria da biodiversidade, hidrologia e microclima, e dos benefícios sociais,
com mais empregos e renda ao produtor e sua família (SILVA; CASTRO, 2014).

6 MANEJO CULTURAL – FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS


QUE AFETAM A PRODUTIVIDADE
Os fatores bióticos e abióticos podem prejudicar sobremaneira a cultura
do eucalipto. Os insetos e pragas devem ser combatidos para evitar os prejuízos
financeiros e insucesso no empreendimento florestal.

6.1 PRAGAS DO EUCALIPTAL


As principais pragas na cultura do eucalipto são descritas a seguir.

1. Formigas cortadeiras

Saúva (Atta spp.) e Quenquéns (Acromyrmex spp., Sericomyrmex spp.,


Mycocepurus spp., Trachymyrmex spp.).

Estes insetos danificam o eucalipto no viveiro e no campo. O custo com


o controle desta praga corresponde a 5% do custo total de implantação ou 30%
do investimento total da cultura ao final do terceiro corte. As saúvas ocorrem
em todo o Brasil. Nos reflorestamentos, as espécies mais importantes são: Atta
sexdens rubropilosa (saúva-limão) e Atta laevigata (saúva-cabeça-de-vidro).

Esses insetos constroem seus ninhos subterrâneos, interligados por


galerias, e usam substrato vegetal para o desenvolvimento de seu fungo, do qual se
alimentam. As quenquéns também possuem importância econômica nas fases de
viveiro e campo. O gênero Acromyrmex possui as espécies que apresentam maior
importância na cultura do eucalipto. Seus ninhos também são subterrâneos, mas
menores que os das saúvas (SILVEIRA et al., 2011). Geralmente, são constituídos
por uma câmara (panela) de pequena profundidade e de difícil localização.

Para o controle de formigas cortadeiras, o método mais eficiente é a aplicação


de produto químico tóxico utilizado diretamente nos ninhos, nas formulações
pó, líquido ou líquidos nebulizáveis, ou na forma de iscas granuladas, aplicadas
nas proximidades das colônias. O emprego de iscas granuladas, principalmente

113
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

através de porta-iscas (PI) e microporta-iscas (MIPIs) é considerado eficiente,


prático e econômico. Oferecem maior segurança ao operador, dispensam mão de
obra e equipamentos especializados e permitem o tratamento de formigueiros em
locais de difícil acesso (LOECK; NAKANO, 1984).

As porta-iscas podem ser aplicadas de forma sistemática, em função das


características de infestação da área, variando entre 40 e 80 porta-iscas de 20 g/ha
e de forma localizada em formigueiros grandes (LARANJEIRO, 1994).

2. Cupins

Kalotermitidae, Rhinotermitidae e Termitidae

Os danos causados pelos cupins em florestas plantadas ocorrem desde o


plantio até a colheita e trazem consideráveis prejuízos.

De acordo com Berti et al. (1993), as principais espécies que atacam o


Eucalyptus, no Brasil, pertencem às famílias Kalotermitidae, Rhinotermitidae e
Termitidae. Na região Neotropical, as espécies de Eucalyptus apresentam elevada
mortalidade nos estádios iniciais do estabelecimento no campo, além de danos
em árvores vivas e em cepas, devido ao ataque de cupins. As espécies mais
susceptíveis são: E. tereticornis, E. grandis, E. citriodora e E. robusta.

O controle dos cupins pode ser realizado de três maneiras:

a. Aplicação de inseticidas nas covas em pré-plantio. Utilizar inseticidas que


tenham como princípios ativos os seguintes componentes: Aldrin, Heptacloro
ou Teflutrina. Utilizar aproximadamente 10 g do produto por cova.
b. Tratamento do substrato. Utilizar inseticidas que tenham longo período
residual e com os seguintes princípios ativos: Fipronil ou Bifentrina.
c. Imersão das mudas em uma solução contendo o inseticida.

3. Lagartas desfolhadoras

Thyrinteina arnobia e Glena spp. (Lepidoptera; Geometridae)


Euselasia (Lepidoptera: Riodinidae)

Várias espécies de lagartas desfolhadoras atacam os povoamentos de


eucalipto, sendo a Thyrinteina arnobia a principal praga. O dano causado pela T.
arnobia e demais lagartas na cultura do eucalipto é o desfolhamento da planta,
podendo, em caso de ataques sucessivos, paralisar o seu crescimento (SANTOS;
ZANUNCIO; ZANUNCIO, 1996).

Ocorrem em toda a América do Sul e parte da América Central. No Brasil,


os estados que já apresentaram ataque por estas pragas foram: Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Goiás, Distrito
Federal, Amazonas e Pernambuco.

114
TÓPICO 2 | A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.)

De acordo com Santos, Zanuncio e Zanuncio (1996), as fêmeas apresentam-


se com asas de coloração branca e pontuações negras bem esparsas; possuem
antenas filiformes e envergadura média de 48,6 mm. Os machos são menores e
apresentam coloração castanha variável nas asas anteriores, antenas bipectinadas
e envergadura média de 35 mm. Os ovos são verde-acinzentados e escurecem
progressivamente até a coloração preta, quando as lagartas estão prestes a eclodir.
As lagartas apresentam seis estádios com duração média de 26,8 dias, chegando a
medir 50 mm de comprimento no final desta fase. Para empupar, a lagarta elabora
um casulo rudimentar, cujos fios de seda são presos em uma ou mais folhas do
eucalipto ou da vegetação rasteira. Esta fase dura 9,3 dias.

O controle desta praga florestal pode ser feito utilizando inimigos naturais,
Deopalpus sp. (Diptera, Tachinidae).

4. Besouro amarelo

Costalimaita ferruginea vulgata (Coleoptera: Crysomelidae)

Os adultos alimentam-se das folhas, deixando-as perfuradas ou


rendilhadas. Os ataques são mais severos em áreas próximas a canaviais, em razão
das larvas se desenvolverem em raízes de gramíneas (SANTOS; ZANUNCIO;
ZANUNCIO, 1996).

Conhecidos por “vaquinha” e “besouro-amarelo dos eucaliptos”, estes


insetos ocorrem nos estados de Rio Grande do Norte, Pará, Maranhão, Bahia,
Goiás, São Paulo e Paraná. Em Minas Gerais, são frequentes em regiões de
cerrados, danificando plantios jovens, devido à migração dos adultos das plantas
nativas. As larvas desenvolvem-se no solo e os adultos são besouros de coloração
parda-amarelada brilhante, pequenos, com medida em torno de 5-6 mm de
comprimento, alimentando-se das folhas de eucalipto (SANTOS; ZANUNCIO;
ZANUNCIO, 1996).

Não há referência específica sobre o controle desta espécie, porém, pode-


se pulverizar as plantas com inseticidas fosforados.

6.2 OUTRAS PRAGAS


O ataque de pulgões e tripes tem aumentado consideravelmente nos
plantios de eucalipto nos últimos anos. No entanto, ainda não se sabe quais são
as perdas econômicas causadas por esses insetos. Os surtos de pulgões e tripes
também têm sido bastante comuns nos viveiros de mudas, principalmente em
plantas muito tenras (consequência da aplicação de altas doses de N).

115
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

6.3 PRINCIPAIS DOENÇAS NA CULTURA DO EUCALIPTO


As principais doenças que ocorrem nas mudas de eucalipto são as
podridões (Cylindrocladium spp. e Botrytis sp.), a mela (Rhizoctonia sp.), o oídio
(Oidium sp.), a mancha de Hainesia, as manchas bacterianas e a ferrugem (Puccinia
psidii). No campo, as doenças mais recorrentes são a ferrugem, a mancha-de-
cylindrocladium (Cylindrocladium spp.), a mancha-de-rhizoctonia (Rhizoctonia
sp.), as manchas bacterianas, a mancha-de-phaeophleospora (Phaeophleospora
epicoccoides), mancha-de-coniella, murcha, podridão-branca e os cancros causados
por diversos organismos, cuja predominância varia de acordo com a espécie e as
condições climáticas (COELHO; SILVA, 2007).

1. Ferrugem - Puccinia psidii

A ferrugem é uma doença que atualmente está causando sérios problemas


em plantios jovens, viveiros e jardins clonais de Eucalyptus, sendo que fotoperíodo,
temperatura e umidade são fatores condicionantes para a ocorrência da doença. A
maior importância econômica da ferrugem está relacionada a plantios de campo,
enquanto em viveiros é mais facilmente controlada com o uso de fungicidas
(SILVEIRA et al., 2011).

Sintomas

A ferrugem só ataca plantas jovens, com menos de dois anos de idade,


sempre em órgãos tenros (primórdios foliares com seus pecíolos, terminais de
galhos e haste principal), seja no viveiro ou no campo. Especialmente nos rebentos
foliares, os indícios de ataque são minúsculas pontuações na parte inferior da
folha, levemente salientes, de coloração verde-clara ou vermelho-amarelada.
Após um ou dois dias essas pontuações já são pústulas de uredosporos amarelos.
A partir daí as pústulas aumentam de tamanho e caracterizam-se pela intensa e
típica esporulação uredospórica do patógeno, de coloração amarelo-gema de ovo,
que aparece nos órgãos atacados. Os tecidos tenros (brotações, pecíolos) ficam
encarquilhados e totalmente tomados pela esporulação. Esses sintomas começam
a desaparecer após duas semanas, aproximadamente (SILVEIRA et al., 2011).

Controle

No campo, o uso de fungicidas para o controle de Puccinia psidii não é


economicamente viável. A melhor forma de controle é a seleção de materiais
genéticos resistentes. Em viveiros e jardins clonais, o controle de ataques intensos
utilizando fungicidas é eficiente, sendo recomendado o uso de mancozeb,
oxicloreto de cobre, triadimenol, diniconazole ou triforine.

2. Cancro

O cancro do eucalipto é uma das doenças mais importantes de ocorrência


no campo, causado por várias espécies de fungos, como Cryphonectria cubensis,

116
TÓPICO 2 | A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.)

Valsa ceratosperma fase sexuada, Cytospora spp. fase assexuada e Botryosphaeria


ribis. O cancro de Cryphonectria cubensis foi considerado como a principal doença
que afetou a cultura do eucalipto no Brasil na década de 70. Trata-se de uma
doença de ampla distribuição geográfica, ocorrendo em regiões tropicais do
continente americano (KRUGNER, 1980).

Sintomas

Essa doença é caracterizada pela morte dos tecidos da casca, decorrente


da ação de vários agentes abióticos e bióticos. Contudo, as condições climáticas
parecem ter uma participação maior na manifestação deste tipo de problema,
com ligação entre a incidência de certos cancros e as condições adversas ao
desenvolvimento da planta (SILVEIRA et al., 2011).

Controle

O controle mais recomendado para os cancros causados por Botryosphaeria


ribis e Cryphonectria cubensis seria a utilização de espécies, procedências, progênies
ou clones mais resistentes a estes patógenos. A nutrição das árvores também afeta
o desenvolvimento do cancro. Silveira et al. (1996) descrevem o efeito do boro
sobre a agressividade dos fungos Botryosphaeria ribis e Lasiodiplodia theobromae e
verificaram que a deficiência de boro aumentava a agressividade desses fungos.

6.4 MANEJO DE PLANTAS DANINHAS


As espécies de eucalipto apresentam rápido crescimento. No entanto, no
primeiro ano de plantio deve-se realizar o controle de plantas daninhas com o
objetivo de garantir a formação de estande uniforme.

Atualmente, tem-se utilizado na cultura do eucalipto a cobertura morta


no solo como forma de evitar a germinação de sementes do banco de sementes do
solo e manter a umidade do solo.

Para a cultura do eucalipto não existem herbicidas registrados, portanto,


recomenda-se fazer o controle nas entrelinhas e realizar a capina em faixas ou
coroa ao redor das mudas.

7 COLHEITA E PÓS-COLHEITA
A colheita do eucalipto depende do objetivo final da madeira e do
espaçamento de plantio. Quanto menor o espaçamento, mais cedo o eucalipto
deve ser cortado, para não reduzir a produtividade.

Em plantios com espaçamentos de 2 x 2 m, para produção de lenha,


recomenda-se o corte com cinco anos de idade.

117
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

Espaçamentos de 3 x 2 m ou 3 x 3 m, que são utilizados para postes,


processo e/ou celulose, o corte ocorre no sétimo ano.

Madeiras utilizadas para serraria, com espaçamento de 3 x 4 m, o corte é


a partir do décimo ano.

Caso o objetivo seja múltiplos usos da madeira, o espaçamento será


menor, 2 x 2 m, e são realizados desbastes aos quatro e sete anos, o que possibilita
a retirada da madeira para carvão e postes e também para serraria (COELHO;
SILVA, 2007).

De acordo com Silva e Castro (2014), para usos em serrarias, laminação,


construção civil, postes e dormentes, o manejo requer tratos culturais
diferenciados, como a desrama e desbastes, a colheita final da madeira acontece
apenas a partir de 15 anos. Para evitar ou minimizar rachaduras nas toras, alguns
cuidados operacionais devem ser observados, dentre eles destacam-se:

• O anelamento deve ser realizado com a árvore em pé, utilizando o corte de 1/3
do raio ao longo de toda a seção circular da árvore, o que corresponde à região
do alburno, na altura de 20 cm acima da seção de corte.
• Recomenda-se realizar o direcionamento da queda das árvores, evitando que
umas caiam sobre as outras.
• Deve-se evitar choques e pancadas, oriundos de operações mecanizadas de
arraste, empilhamento, carga e descarga.
• O fornecimento de toras longas, no comprimento múltiplo das necessidades
dos processadores de madeira, o que evita o ressecamento e rachaduras nos
topos das toras.
• Deve-se realizar o anelamento nas duas extremidades da tora, antes do
desdobro.
• Recomenda-se reduzir, ao máximo, o tempo entre a derrubada e o desdobro.
• Para postes e dormentes, utilizar conectores metálicos, pressionando as
extremidades para evitar as rachaduras.
• É interessante aplicar impermeabilizantes nos topos das toras, como uma
mistura de breu e parafina, o que evita o ressecamento excessivo das
extremidades.
• Deve-se utilizar equipamentos que reduzam a velocidade de queda da árvore.

8 FOMENTO FLORESTAL
O fomento florestal é um programa que estimula o reflorestamento em
pequenas e médias propriedades rurais. Neste programa existem dois atores
principais: a empresa florestal, que garante o suprimento de madeira, sem
a necessidade de maiores investimentos na aquisição da terra, e o produtor
rural, que pela diversificação de sua propriedade pode aproveitar melhor sua
propriedade, utilizar melhor a mão de obra durante o ano, e assim aumentar a
renda da propriedade.

118
TÓPICO 2 | A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.)

O fomento florestal é caracterizado por várias ações, que envolvem


produtores rurais, empresas, poder público e outros agentes, que têm como
objetivo a produção de florestas econômicas de baixo custo – uma coordenação,
um incentivo à produção de madeira por meio do fornecimento de mudas,
assistência técnica e insumos a produtores cadastrados. Os próprios produtores
executam seus projetos, utilizando a mão de obra disponível e suas terras.

O fomento contempla os mais diversos segmentos da produção


agrossilvipastoril, podendo ser de iniciativa pública, privada ou integrada, de
estímulo a cultivos diversos (FONSECA et al., 2013).

O programa de fomento florestal executado pelo Instituto Estadual de


Florestas (IEF) fornece mudas e insumos e atende aos produtores, por meio da
assistência técnica. O IEF incentiva três modalidades de programas de fomento
florestal: Florestas de proteção, fomento social e reposição florestal (IEF, 2018).

As empresas florestais também têm apoiado o fomento florestal, pois


é uma alternativa para o fornecimento de matéria-prima e, ademais, permite
desconcentrar os plantios.

Neste programa, a empresa fornece as mudas de qualidade, insumos e


assistência técnica durante todo o ciclo da cultura, bem como garante o preço
de mercado e a preferência na compra da madeira. O produtor deve realizar a
implantação, manutenção da floresta, a colheita e o transporte da madeira até
a indústria.

Os programas de fomento florestal têm diversos objetivos. Os órgãos


públicos têm interesse no fomento, pois existe a necessidade de implantar
florestas artificiais, para suprir as necessidades de consumo de madeira. Além
disso, o fomento florestal cria oferta de matéria-prima pelo produtor rural, ou
seja, é uma fonte de renda para o agricultor. Esta prática contribui para o uso de
terras ociosas, com espécies arbóreas, como descreve IEF (2018).

a. Fomento de florestas de proteção: Esta modalidade tem objetivo de recuperação


das matas ciliares, áreas de recarga e áreas degradadas. Assim, é possível a
conservação do solo, da água e da fauna.
b. Fomento social: o IEF fornece mudas aos produtores interessados no plantio de
espécies madeireiras e que serão utilizadas na propriedade.
c. Fomento para reposição florestal: é um conjunto de ações que visa estabelecer
o contínuo abastecimento de matéria-prima florestal aos diversos segmentos
consumidores. É obrigatória a recomposição do volume explorado, mediante o
plantio de espécies florestais adequadas ao consumo.

119
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

9 CUSTO DE PRODUÇÃO E VIABILIDADE ECONÔMICA


Os custos de produção e implantação do eucaliptal dependem de vários
fatores. Quanto maior a tecnologia aplicada, que visa maiores produtividades,
maiores serão os custos. Diversos fatores envolvidos, como qualidade das mudas,
controle de plantas daninhas, inimigos naturais, uso de fertilizantes e as práticas
silviculturais de manutenção e condução da floresta estão relacionados aos custos
(SILVA; CASTRO, 2014).

QUADRO 8 – CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO DE UM HECTARE DE EUCALIPTO, UTILIZANDO


MUDAS CLONADAS, EM ESPAÇAMENTO 3 x 3 m (Dados set. 2011)

Atividades Unidade Quantidade Custo unitário Custo total


Limpeza da área d/H 8 30 240,00
Marcação da cova d/H 2,5 30 75,00
Coveamento d/H 9 30 270,00
Calagem e adubação d/H 2 30 60,00
Plantio e replantio d/H 7 30 210,00
Combate a formigas d/H 5 30 150,00
Capina química e manual d/H 8 30 240,00
Material d/H
Mudas (plantio e replantio) un 1.425 0,40 570,00
Adubo NPK (6-30-6) Kg 180 2,05 369,00
Adubo NPK cobertura Kg 286 2,05 586,00
Micronutrientes Kg 42 2,10 88,20
Formicida Kg 25 8 200,00
TOTAL 3.058,20
FONTE: Silva (2011)

DICAS

Acesse os links, neles você encontrará leituras que contribuirão com o


conhecimento.
FONSECA, S. M. et al. Cultura do Eucalipto em Áreas Montanhosas. Viçosa: SIF, 2013.

PAIVA, Haroldo Nogueira de; JACOVINE, Laércio Antônio Gonçalves; TRINDADE, Celso.
Cultivo de Eucalipto. Viçosa: Aprenda Fácil, 2011.

120
TÓPICO 2 | A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.)

LEITURA COMPLEMENTAR

Silvicultura do Eucalipto (Eucalyptus spp.)


Produção de mudas, Plantio, Tratos culturais, Tratos silviculturais,
Exploração, Manejo da brotação

O eucalipto é uma planta originária da Austrália, onde existem mais de 600


espécies. A partir do início deste século, o eucalipto teve seu plantio intensificado
no Brasil, sendo usado durante algum tempo nas ferrovias, como dormentes e
lenha para as marias-fumaças e mais tarde como poste para eletrificação das linhas.

No final dos anos 20, as siderúrgicas mineiras começaram a aproveitar a


madeira do eucalipto, transformando-o em carvão vegetal utilizado no processo
de fabricação de ferro-gusa. A partir daí novas aplicações foram desenvolvidas.
Hoje, encontra-se muito disseminado, desde o nível do mar até 2.000 metros de
altitude, em solos extremamente pobres, em solos ricos, secos e alagados.

Atualmente, do eucalipto, tudo se aproveita. Das folhas, extraem-se óleos


essenciais empregados em produtos de limpeza e alimentícios, em perfumes e
até em remédios. A casca oferece tanino, usado no curtimento do couro. O tronco
fornece madeira para sarrafos, lambris, ripas, vigas, postes, varas, esteios para
minas, mastros para barco, tábuas para embalagens e móveis. Sua fibra é utilizada
como matéria-prima para a fabricação de papel e celulose.

Produção de Mudas

A produção de mudas pode ser de duas maneiras: sexuada (com o uso de


sementes) ou assexuada (por propagação vegetativa).

Quando sexuada, deve-se considerar a disponibilidade de semente e de


recipiente. A semente pode ser obtida de árvores existentes na região ou compradas
em locais especializados, e os recipientes devem ser sacos plásticos, apropriados
ou comuns, previamente furados. Para a implantação de reflorestamento de
eucalipto é muito importante a escolha da espécie que se adapte ao local e aos
objetivos pretendidos, como por exemplo: Para lenha e carvão: espécies que deem
grande quantidade de lenha em prazo curto (E. grandis, E. urophylla, E. torilliana).
Para papel e celulose: espécies que apresentem cerne branco e macio (E grandis,
E saligna, E urophylla). Para postes, moirões, dormentes e estacas: espécies com
cerne duro (para resistir ao tempo), (E citriodora, E robusta, E globulus). Para
serrarias: espécies de madeira firme, em que não ocorram rachaduras (E dunnii,
E viminalis, E grandis).

Plantio

É necessária a adoção de um conjunto de medidas silviculturais, como, por


exemplo, a época do plantio (primavera ou início do verão, conforme a espécie),

121
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

preparo do solo, adubação (fertilização mineral em doses apropriadas) e tratos


culturais destinados a favorecer o crescimento inicial das plantas em campo.

Tomando-se como exemplo o preparo para fins de cultivo de eucalipto,


este tem apresentado uma ampla evolução nos últimos anos, passando desde
o preparo mais esmerado até o cultivo mínimo, muito difundido e utilizado
atualmente no setor florestal. Logicamente que, quando se generaliza o uso do
equipamento ou o grau de mecanização sem se levar em conta todas as variáveis
e peculiaridades de cada solo, clima e topografia, a probabilidade de dispêndio
de dinheiro sem necessidade e a degradação do solo são praticamente inevitáveis.

As espécies de Eucalyptus são altamente sensíveis à competição de ervas


daninhas (até aproximadamente de 1 a 1 ano e meio) e também ao ataque de
formigas (normalmente não suportam três ataques consecutivos).

Preparo do terreno

O preparo do terreno está relacionado com as características da área


onde será realizado o plantio. O preparo do solo para o plantio deve ser feito
de maneira a propiciar maior disponibilidade de água para a cultura, visto que
o regime hídrico do solo é um fator essencial para o crescimento da maioria das
espécies de eucalipo.

Geralmente as operações são realizadas na seguinte ordem:

• construção de estradas e aceiros desmatamento e aproveitamento da madeira


enleiramento ou encoivaramento;
• queima das leiras desenleiramento combate à formiga revolvimento do solo;
• sulcamento e/ou coveamento.

As técnicas de cultivo mínimo e plantio consorciado têm sido adotadas


por muitas empresas a fim de diminuir os danos ambientais.

Espaçamento

Visando à produção de madeira para laminação, serraria e fina para papel


e celulose, geralmente são utilizados os espaçamentos de 3,0 x 2,5 (1.333 árvores/
ha) ou 3,0 x 2,0 (1.666 árvores/ha).

Com o advento dos plantios clonais, as empresas de celulose passaram


a adotar espaçamentos mais largos (como o de 3 m x 3 m), que suprem o maior
espaço aos genótipos idênticos.

Na mecanização e nas atividades de colheita, o aumento do espaçamento


torna-se uma necessidade visando condições mais adequadas à produção de
indivíduos com maiores dimensões, que levam a uma maior produtividade dos
equipamentos.

122
TÓPICO 2 | A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.)

Métodos de Plantio

O plantio pode ser realizado através de dois métodos:

• Plantio manual: consiste inicialmente de balisamento e alinhamento, abertura


de covas, distribuição de mudas e plantio propriamente dito.
• Plantio mecanizado: consiste de um trator que transporta as mudas e abre
a cova com um disco sulcador enquanto um operário distribui as mudas.
Ao mesmo tempo, duas rodas convergentes fecham o sulco. As mudas mal
plantadas são arrumadas por um operário que segue a máquina, sendo este
processo utilizado para mudas de raiz nua.

Tratos Culturais

Limpeza

A limpeza é realizada até que as plantas atinjam um porte suficiente para


dominar a vegetação invasora e geralmente são feitas através de três métodos
principais:

• Limpeza manual: através das capinas nas entrelinhas ou de coroamento e por


roçadas na entrelinha.
• Limpeza mecanizada: utilização de grades, enxadas rotativas e roçadeiras.
• Limpeza química: utilização de herbicidas.

Combate às formigas

A prevenção ao ataque das formigas cortadeiras deve ser realizada


constantemente, através da vigilância e do combate na fase de preparo do solo,
na qual a localização e o próprio combate são facilitados.

As espécies mais comuns na região Sul são as dos gêneros Atta e


Acromyrmex, geralmente combatidas com iscas granuladas distribuídas nos
caminhos e olheiros.

Replantio

O replantio deverá ser realizado num período de 30 dias após o plantio,


quando a sobrevivência deste é inferior a 90%.

Tratos Silviculturais

Poda ou Desrama

Esta operação visa melhorar a qualidade da madeira pela obtenção de


toras desprovidas de nós. O controle do crescimento dos galhos, bem como sua
eliminação, é uma prática aplicada às principais espécies de madeira. Os nós de

123
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

galhos vivos causam menores prejuízos que os deixados por galhos mortos. Estes
constituem sérios defeitos na madeira serrada.

Ocasionalmente, as árvores também são podadas para prevenir a


ocorrência de incêndios florestais e para favorecer acesso aos povoamentos,
durante as operações de desbastes, inventário e combate à formiga.

• Desrama natural: é bastante eficiente em floresta de eucalipto, sendo que


nenhuma medida especial deve ser tomada a fim de promovê-la. O processo
mais simples consiste em desenvolver e manter um estoque inicial denso,
o que, além de manter os galhos inferiores pequenos, causa-lhes também a
morte.
• Desrama artificial: o objetivo mais tradicional desta prática é a produção de
madeira limpa ou isenta de nós em rotação mais curta que a exigida com
desrama natural. A desrama artificial pode ser feita também para prevenir
os nós soltos, produzindo desta forma madeira com nós firmes. Este esforço
pode não oferecer recompensas muito valiosas, porém envolve um período de
espera menor.

Desbaste

Os desbastes são cortes parciais realizados em povoamentos imaturos,


com o objetivo de estimular o crescimento das árvores remanescentes e aumentar
a produção da madeira utilizável. Nesta operação, removem-se as árvores
excedentes, para que se possa concentrar o potencial produtivo do povoamento
num número limitado de árvores selecionadas.

Para determinar a intervenção, é preciso conhecer-se o incremento médio


anual e corrente da floresta. Quando o incremento do ano passar a ser menor que o
médio até a idade correspondente à última medição, tendendo, portanto, a baixar
a média geral da produção da floresta, este seria o ano para a sua intervenção.
Esta análise é possível mediante a realização de inventários contínuos.

Nos desbastes, as vantagens em consequência da competição devem


ser, pelo menos em parte, preservadas. Assim, num programa de desbaste,
para rotações relativamente longas, o número de árvores deve ser reduzido
gradativamente, porém a uma taxa substancialmente mais rápida do que seria
em condições naturais.

A seleção das árvores a serem desbastadas é caracterizada da seguinte


forma:

• Posição relativa e condições de copa (dominantes).


• Estado de sanidade e vigor das árvores.
• Características de forma e qualidade do tronco.

124
TÓPICO 2 | A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.)

O principal efeito favorável do desbaste é estimular o crescimento em


diâmetro das árvores remanescentes.

A variação no diâmetro das árvores induzidas pelos desbastes é muito


ampla. Desbastes leves podem não causar efeito algum sobre o crescimento,
embora seja possível, em razão dos desbastes pesados, conseguir uma produção
constituída de árvores com o dobro do diâmetro que, durante o mesmo tempo,
elas teriam sem desbastes.

Os desbastes também tendem a desacelerar a desrama natural e a estimular


o crescimento dos galhos. A única vantagem disso é que os galhos permanecem
vivos por mais tempo e, desse modo, reduz-se o número de nós soltos na madeira.

Métodos de desbaste

• Desbaste sistemático: Aplicados em povoamentos altamente uniformes, onde


as árvores ainda não se diferenciaram em classes de copas. Aplicam-se em
povoamentos jovens não desbastados anteriormente. É mais simples e mais
barato. Permite mecanizar a retirada das árvores.
• Desbaste seletivo: Implica na escolha de indivíduos segundo algumas
características, previamente estabelecidas, variadas de acordo com o propósito
a que se destina a produção. As árvores removidas são sempre as inferiores,
dominadas ou defeituosas. Este método é mais complicado, porém permite
melhor resultado na produção e na qualidade da madeira grossa.

Exploração

Idade de corte

A condução dos talhões de eucalipto geralmente é realizada para corte


aos 7, 14 e 21 anos. São três ciclos de corte para uma mesma muda original. De
acordo com a região e o tipo de solo, o ciclo de corte poderá ser menor (a cada 5
ou 6 anos). Tudo está ligado ao objetivo da plantação de eucalipto (lenha, carvão,
celulose, mourões, poste, madeira de construção ou serraria).

Limpeza da área para corte

Quando o povoamento de eucalipto de um talhão atinge a idade para o


primeiro corte, deve-se efetuar a limpeza do local. A eliminação do mato ralo e da
capoeira existentes na área do eucalipto facilita os trabalhos de corte e retirada de
madeira. Depois da limpeza da área, mas antes de se efetuar o corte das árvores,
deve-se proceder uma vistoria para controle das formigas, pois estas são muito
danosas e impedem a rebrota das cepas de eucalipto.

Capacidade de rebrota das cepas de eucalipto

125
UNIDADE 2 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

A rebrota do eucalipto é variável conforme a espécie. As espécies E. saligna,


E. urophylla, E. citriodora apresentam boa rebrota; já as espécies E. grandis e E.
pilularis apresentam má brotação.

Época de corte

A capacidade de rebrota das cepas de eucalipto varia conforme a época.


Geralmente, a sobrevivência dos brotos é maior quando se cortam as árvores na
época chuvosa (primavera).

Altura de Corte

A altura de corte em relação ao terreno define a percentagem de


sobrevivência das brotações. Deve-se cortar bem próximo do solo, deixando-se o
mínimo de madeira na cepa da árvore. O corte deverá ser chanfrado ou em bisel.
As espécies com boa brotação devem ser cortadas a uma altura média de 5 cm
acima do solo. As espécies com baixa capacidade de rebrota deverão ser cortadas
a uma altura de 10 a 15 cm da superfície do solo. Poderá ser feito a machado ou
com motosserra.

Diâmetro das cepas

O vigor das brotações do eucalipto está ligado com o diâmetro das cepas.
O número de brotos aumenta à medida que o diâmetro das cepas aumenta.

Manejo da Brotação

Limpeza das Cepas

Consiste em limpar-se ao redor das cepas de eucalipto, retirando-se a


galhada, folhas, cascas, evitando o abafamento da brotação. Deve-se evitar que
a madeira cortada seja empilhada sobre as cepas. A entrada de caminhão para
retirada da madeira pode prejudicar as brotações. Não deve ser utilizado o fogo
para limpeza da área, pois este é inimigo das brotações do eucalipto.

Gradagens

O eucalipto é exigente em solo bem preparado. Por isso, nas áreas de


eucalipto em brotação devem ser realizadas gradagens entre as ruas de cepas.
O uso da grade de discos elimina as ervas daninhas e poda as raízes das cepas,
aumentando-lhes o vigor.

Desbrota das cepas

Quando os brotos apresentarem de 2,5 a 3 m de altura, ou seja, após 10 a


12 meses do corte das árvores, efetua-se a desbrota.

126
TÓPICO 2 | A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp.)

Isso deve ser feito no período quente e chuvoso, para garantir o crescimento
da brotação. Conforme o tamanho da cepa, deixa-se a seguinte quantidade de brotos:

• Cepas menores que 8 cm: apenas um broto.


• Cepas maiores que 8 cm: de 2 a 3 brotos.
• Adubação para brotação.

Na véspera do corte das árvores, aplica-se de 100 a 150 gramas de


fertilizantes por cepa, da fórmula 10:30:10. A aplicação é feita nas entrelinhas do
eucalipto, em sulco ou a lanço. As cepas têm melhor brotação.

Interplantio

Consiste no plantio de mudas ao lado do tronco de eucalipto que não


tenha brotação. Por isso, de 2 a 3 meses após o corte das árvores, efetua-se um
levantamento das cepas não brotadas. Identifica-se os locais para o plantio.

Plantam-se mudas bem desenvolvidas com 6 a 8 meses de idade,


especialmente produzidas no viveiro. Deve-se abrir covas bem grandes, durante
a estação chuvosa, ao lado das cepas mortas. O ideal é efetuar adubação de cova,
a base de 150 gramas da fórmula 10:30:10.
FONTE: Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/florestal/silvicultura/
silvicultura_do_eucalipto_%28eucalyptus_spp.%29.html>. Acesso em: 24 fev. 2018.

127
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O eucalipto se adapta bem a diversas regiões.

• O gênero Eucalyptus abrange aproximadamente 730 espécies.

• Algumas espécies são utilizadas no Brasil em plantios comerciais, dentre


elas: E. grandis, E. saligna, E. urophylla, E. viminalis, híbridos de E. grandis x E.
urophylla.

• A produção de sementes de eucalipto inicia-se a partir do quarto ano de idade.


A origem e a qualidade das sementes são fundamentais para o sucesso do
reflorestamento.

• No plantio comercial do eucalipto utilizam-se mudas clonais, pois têm maior


uniformidade, adaptam-se bem em condições ambientais adversas e têm
máximo ganho em produtividade.

• O espaçamento de plantio vai depender do uso principal da floresta. Para a


produção de carvão pode-se utilizar espaçamentos de 2 x 2 m.

• Antes da implantação do projeto também devem ser observados alguns


aspectos, como o combate às formigas, a área para armazenamento das mudas,
a qualidade das mudas, o preparo do terreno, adubação, plantio, espaçamento,
plantio e replantio.

• Para os tratos culturais, deve-se atentar à limpeza da área, à poda ou desrama,


ao desbaste e aos métodos de desbaste.

• Na exploração, deve-se observar a idade de corte, a limpeza da área para corte,


a época de corte, a altura que será cortada a árvore, o diâmetro das cepas, o
manejo da brotação da cepa, as gradagens, a desbrota das cepas e a adubação
para as brotações.

• As principais pragas que atacam o eucalipto são: as formigas cortadeiras,


cupins, as lagartas desfolhadoras, o besouro amarelo, pulgão e tripes.

• As principais doenças que infestam a cultura do eucalipto são: a ferrugem, o


cancro e outras enfermidades.

• O sistema agroflorestal é interessante do ponto de vista econômico e ambiental.

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• Consiste em usar de forma simultânea a terra para fins de produção florestal,
agrícola e pecuária.

• O fomento florestal tem sido uma alternativa interessante para as empresas e


os produtores. Os produtores têm incentivos para o plantio do eucalipto nas
suas terras. Para as empresas é uma forma de desconcentrar os plantios e obter
material para a indústria.

• Existem três modalidades de fomento florestal: o fomento social, fomento para


reposição florestal e o fomento para o plantio de florestas para proteção.

129
AUTOATIVIDADE

1 Quais são as práticas silviculturais empregadas para o plantio do eucalipto


na implantação, nos tratos culturais e exploração da cultura? Descreva duas
práticas de cada etapa.

2 Com base nas afirmativas abaixo, assinale a alternativa correta:

I- As espécies E. urophylla e seus híbridos, E. urophylla x E. grandis e E. urophylla


x E. saligna, são as principais fontes de matéria-prima para a indústria brasileira
de celulose. A altura e diâmetro são considerados ideais, além disso, a espécie
apresenta resistência ao cancro-do-eucalipto.
II- O viveiro florestal deve fornecer mudas de qualidade, sadias e vigorosas. As
plantas devem apresentar sistema radicular desenvolvido, raiz principal sem
defeitos, parte aérea bem formada, caule ereto e ser livres de doenças.
III- Nos plantios de eucalipto pode-se utilizar mudas malformadas, com
sistema radicular pouco desenvolvido, quebradiço, com aspecto necrosado.
Além disso, o caule pode ter bifurcações.
IV- A desrama é uma operação que visa melhorar a qualidade da madeira,
pois estas estarão desprovidas de nós. Pode-se utilizar a desrama natural e a
desrama artificial.
V- O fomento florestal é utilizado pelas universidades para estudos da fauna e
flora existentes na área de plantio da espécie florestal.

Com base nas afirmativas acima é válido dizer que:


a) ( ) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) ( ) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) ( ) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
d) ( ) Somente as afirmativas II e V são corretas.

130
UNIDADE 3

PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS


CULTURAS PERENES

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• identificar as variedades de banana, maçã e citros;

• entender os sistemas de produção da bananeira, da macieira e dos citros;

• identificar as principais estratégias de manejo de pragas, doenças e plantas


daninhas das culturas da bananeira, macieira e citros;

• compreender os principias tipos de manejo cultural na condução das cul-


turas de banana, maçã e citros.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – A CULTURA DA BANANEIRA (Musa spp.)

TÓPICO 2 – A CULTURA DA MACIEIRA (Malus spp.)

TÓPICO 3 – A CULTURA DO CITRUS (Citrus spp.)

131
132
UNIDADE 3
TÓPICO 1

A CULTURA DA BANANEIRA (Musa spp.)

1 INTRODUÇÃO
A banana (Musa spp.) pertence à família musácea e tem como provável
centro de origem a Ásia. É uma fruta amplamente consumida em todo o mundo
devido ao alto valor nutricional e energético, principalmente por ser rica em
carboidratos, vitaminas, minerais e água (BORGES; SOUZA, 2004).

A banana pode ser consumida de diversas formas, desde a forma


crua, in natura, ou empregada em receitas em que esta é cozida, assada, frita
ou transformada em sobremesas, todavia, também é possível encontrar a fruta
processada, como em doces, compotas, farinhas e bebidas (ESPM/SEBRAE, 2008).

No Brasil, a banana é um dos frutos de grande aceitação e expressivo


consumo. No país, a produção advém de pequenos, médios e grandes cultivos
com nível tecnológico diversificado, abrangendo desde cultivos altamente
tecnificados até cultivos com pouco emprego de técnicas avançadas de cultivo
(BB/IICA, 2007).

2 CULTIVARES
Podem ser encontradas diversas cultivares de banana no mercado, porém,
para iniciar um plantio comercial da bananeira deve-se levar em consideração
alguns critérios para escolha correta da variedade, fatores como preferência do
mercado consumidor, porte da planta, boa adaptação ao local de cultivo, tolerância
a pragas, doenças e fatores abióticos, assim como seu tempo de prateleira devem
sempre ser observados, a fim de se obter sucesso na atividade (MARINHO, 2013).

Para melhor entendimento das classificações das variedades de banana


é necessário saber que a grande maioria das variedades comerciais existentes
descende do cruzamento entre duas espécies, Musa acuminata e M. balbisiana, ou
da mutação de uma dessas. Esses cruzamentos e mutações geraram cultivares
diploides, triploides e tetraploides, ou seja, cultivares com dois, três ou quatro
conjuntos básicos de cromossomos da espécie, todavia, essas cultivares não
diferem somente quanto ao número de genomas, mas também na sua constituição,
pois cada cultivar pode contar com a contribuição diferente de cada uma das
espécies que lhe deram origem (SILVA, 2000).

133
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

A contribuição diferenciada das espécies Musa acuminata e M. balbisiana


no genoma das cultivares levou à formação de grupos, chamados de grupos
genômicos, em que a contribuição da espécie Musa acuminata é representada
pela letra A e a da espécie M. balbisiana representada pela letra B, podendo
assim compreender que cada uma das cultivares possui um ou mais conjuntos
genômicos de cada uma das espécies primárias.

Para a classificação das variedades de banana também é comum a


separação delas em subgrupos, sendo as variedades de cada subgrupo originadas
da mutação genética de um só clone.

Segundo Rampazzo (2014), podemos dividir as principais variedades de


bananeira nos grupos e subgrupos.

QUADRO 9 – GRUPOS E SUBGRUPOS DAS VARIEDADES DE BANANEIRA

Constituição
Grupo Subgrupo Variedade
genômica
Diploide Acuminata ------ AA Ouro
Caipira e
Triploide Acuminata ------ AA
São Tomé
Nanica
Nanicão
Triploide Acuminata Cavendish AAA Williams
Naine
Grande
Tap Maeo
Triploide Híbrido 2A 1B ------ AAB Maçã
Mysore
Prata
Prata Anã
Triploide Híbrido 2A 1B Prata AAB
Branca
Pacovan
Terra
Triploide Híbrido 2A 1B Terra AAB
Terrinha
Figo cinza
Triploide Híbrido 1A 2B Figo ABB
Figo vermelho
Bucanero
Tetraploide Acuminata ------ AAAA FHIA-17
FHIA-18
Pioneira
Platina
Tetraploide Híbrido ------ AAAB Conquista
Ouro-da-Mata Maravilha
Princesa
*A = genoma Acuminata e B = genoma de Balbisiana.

134
TÓPICO 1 | A CULTURA DA BANANEIRA (Musa spp.)

Cada uma das cultivares acima citadas tem particularidades relacionadas


à resistência a doenças e pragas, altura de planta, tamanho e qualidade de fruto,
que serão itens abordados nos subtópicos subsequentes.

2.1 SISTEMA DE CULTIVO


O cultivo da bananeira, na maioria dos casos, ocorre de maneira
convencional, onde atividades de preparo do solo devem ser realizadas de forma
adequada para o melhor desenvolvimento da cultura e assim gerar um bom
retorno econômico. Segundo Souza e Borges (2004), a cultura da bananeira não
se caracteriza como uma planta que causa alta degradação e erosão do solo, mas
atividades conservativas de cobertura do solo proporcionam um menor risco de
perda de nutrientes pela enxurrada e uma maior ciclagem desses nutrientes, o
que aumenta as chances de sucesso no cultivo.

2.2 IMPLANTAÇÃO DE CULTURAS


O planejamento das atividades para o estabelecimento do bananal é de
extrema importância, pois este pode evitar diversos problemas subsequentes.
Alguns critérios devem ser adotados visando o melhor estabelecimento das
plantas e a correção de possíveis entraves que podem limitar a produção.

Os principais fatores que devem ser levados em conta no planejamento de


implantação de novas áreas são a escolha da área, época de plantio, variedade,
espaçamento, preparo da área, aquisição ou produção de mudas sadias e plantio
(ALVES; LIMA, 2000).

2.3 ESCOLHA DA ÁREA


Recomenda-se a escolha de áreas com relevo levemente ondulado e de
declividade em torno de 8%. Para que seja facilitado o manejo do bananal e
diminua o risco de erosão, devem ser evitadas áreas com lençóis freáticos com
menos de um metro de profundidade ou que possuam regiões extremamente
compactadas ou rochosas acima de 75 cm de profundidade, buscando-se evitar
o mau desenvolvimento do sistema radicular das plantas. Diante disso, deve-se
sempre dar preferência a solos de boa constituição física e química e que possuam
boa drenagem e aeração (BORGES; SOUZA, 2004).

2.4 ÉPOCA DE PLANTIO


Para evitar o encharcamento do solo, que pode levar ao apodrecimento
das mudas, o plantio deve ser feito no final da época chuvosa, em que as chuvas
ocorrem com menor frequência, entretanto, se a distribuição é regular e o solo
possui boa capacidade de drenagem, pode ser realizado durante todo ano. Outro

135
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

fator determinante é o uso da irrigação, pois tendo a disponibilidade de água na


área, o plantio pode ser efetuado quando se deseja, podendo assim planejar a
colheita dos frutos em época de maior valorização deles (ALVES; LIMA, 2000).

2.5 VARIEDADES E ESPAÇAMENTO


Como visto anteriormente, o Brasil dispõe de muitas variedades que
podem ser utilizadas, sendo que cada uma delas possui características distintas
de porte, ciclo e aparência de frutos. Deve-se sempre proceder a uma pesquisa
de mercado para o qual esses frutos vão ser destinados, estudando a capacidade
de absorção dos frutos produzidos. Um dos fatores importantes é a preferência
do mercado consumidor, pois produzir variedade de alta aceitação pode ser o
caminho para o sucesso do empreendimento.

Em relação ao espaçamento, cada variedade possui uma necessidade


distinta de espaço para o seu bom desenvolvimento, o arranjo das plantas na área
também influencia o espaço que cada planta ocupará (Quadro 9). A fertilidade do
solo, destino da produção e nível tecnológico também são fatores que interferem
no espaçamento e arranjo do bananal. Segundo Lima e Alves (2004), nos campos
produtores de banana no Brasil uma planta pode ocupar de 2 a 27 m2, sendo os
espaçamentos mais comuns exemplificados a seguir.

QUADRO 10 – ESPAÇAMENTO NO PLANTIO DE BANANA DE ACORDO COM A VARIEDADE

Porte Variedades Espaçamentos


Variedades de porte baixo Nanica, Nanicão, Grande 2,0 m x 2,0 m
a médio e Naine. 2,0 m x 2,5 m
Variedades de porte 3,0 m x 2,0 m
Maçã, Terrinha e Figo.
semialto 3,0 m x 2,5 m
3,0 m x 3,0 m
Variedades de porte alto Terra, Prata e Pacovan.
3,0 m x 3,5 m
FONTE: Lima e Alves (2004)

2.6 PREPARO DA ÁREA


As ações de preparo do solo visam estabelecer condições físicas e químicas
mínimas para o bom desenvolvimento das mudas para que se obtenha o bom
desenvolvimento delas, levando-as a uma produção satisfatória.

As principais ações de preparo do solo para o estabelecimento do bananal


são a gradagem, escarificação, sulcamento ou coveamento, correção da acidez e
adubação, sendo que as quatro primeiras objetivam a melhoria das características
físicas e o recebimento das mudas, ao passo que a correção da acidez e adubação
objetivam a melhoria química do solo (RAMPAZZO, 2014).

136
TÓPICO 1 | A CULTURA DA BANANEIRA (Musa spp.)

2.7 CALAGEM E ADUBAÇÃO


A correção da acidez é feita com uso de calcário dolomítico ou calcário
cálcico, caso a relação Ca/Mg esteja próxima de 1. A calagem é indicada para
elevar o pH até 6 a 6,5. Recomenda-se que seja realizada a análise de solo, com a
finalidade de verificar a necessidade de calagem e calcular os níveis de adubação.
A recomendação é que a calagem seja feita pelo menos 30 dias antes do plantio. Em
relação à adubação da bananeira, se faz necessária uma análise de solo para que
os teores dos nutrientes sejam adequados para o bom desenvolvimento inicial das
mudas, pois a bananeira é cultura de rápido desenvolvimento, demandando assim
quantidades adequadas de nutrientes (BORGES; SOUZA; OLIVEIRA, 2009).

A análise de solo deve ser realizada antes da aração, se a área for preparada
apenas com aração profunda, ou após a gradagem final, se for feita a subsolagem
(PEREIRA et al., 2007).

Na implantação do bananal, a amostragem deve ser feita em duas


profundidades, de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm.

Caso o bananal esteja em produção, deve-se realizar a análise a cada três


ou quatro anos, pois os adubos nitrogenados, como sulfato de amônio e a ureia,
acidificam o solo.

A adubação fosfatada pode ser realizada com o uso da metade da dose


indicada de P2O5 na forma de fosfato natural, e a outra metade na forma solúvel
em água.

Na adubação de implantação, sugere-se o uso de adubo orgânico na cova


ou no sulco, no momento do plantio das mudas, juntamente com os adubos
fosfatados e potássicos.

2.8 MUDAS E PLANTIO


Para que não ocorra a contaminação da área com novas pragas e doenças
é importante que as mudas sejam de alta qualidade e sanidade, sendo importante
ter conhecimento da origem e certificação das mudas que serão utilizadas no
estabelecimento, renovação e manutenção do bananal. Quando estas mudas
são produzidas na propriedade deve-se ter cuidado para que não ocorra a
transferência de patógenos para outras áreas da propriedade.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 2018) indica


produtores credenciados que seguem protocolos elaborados pela instituição que
garantem a qualidade das mudas. Na bananicultura são utilizados diversos tipos
de mudas, podem ser utilizadas mudas do tipo chifrinho ou filhote, que possuem
até 1 kg de peso, tipo chifre que pesam até 2 kg, mudas altas que podem chegar até
5 kg, pedaços de rizoma que têm em média 800 g, mas desde a década de 1980 tem
se utilizado também mudas micropropagadas, pois estas possuem boa qualidade
e são livres de patógenos (LIMA; ALVES, 2004; MARTINS; FURLANETO, 2008).
137
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

Para o plantio são geralmente utilizados sulcos ou covas, nos fundos


destes deposita-se terra e adubos, posteriormente é depositada a muda e, por fim,
procede-se o fechamento, indica-se que ocorra uma cobertura da muda de 10 a 20
cm, é importante que se pressione bem a terra para que a muda fique bem fixada
e não ocorra o seu tombamento (LIMA; ALVES, 2004).

3 MANEJO CULTURAL
Buscando sempre diminuir a interferência de agentes bióticos na produção,
lança-se mão de algumas estratégias que culminem na formação de um ambiente
mais favorável ao desenvolvimento das plantas. Na cultura da bananeira
podemos destacar as seguintes ações: capina, desbaste, desfolha, escoramento,
ensacamento de cachos e controle de pragas e doenças.

Lima, Alves e Silveira (2012) indicam que as práticas devem ser realizadas
da seguinte maneira:

Capina – pode ser feita de forma manual ou mecanizada, em grandes


áreas mecanizadas recomenda-se o uso de grades até o segundo mês de plantio e
posteriormente deve-se adotar outros métodos, como o uso de enxadas rotativas
ou herbicidas seletivos.
Desbaste – essa ação visa à redução do número de rebentos ou brotações,
geralmente são mantidas duas brotações, chamadas de filho e neto, além da
planta-mãe. Esse processo deve ser feito quando os rebentos possuírem tamanho
superior a 20 cm, para que possa ser feita a escolha do melhor broto, buscando
manter a orientação do bananal e a vida útil deste.
Desfolha – a retirada de folhas tem papel fundamental no controle do
crescimento da planta, combate a pragas e doenças, além de proporcionar um
maior arejamento das plantas e melhorar a luminosidade no interior do bananal.
Nessa ação eliminam-se as folhas secas, mortas, com pecíolo quebrado ou aquelas
que possuam algum sintoma de doença.
Escoramento – para evitar o tombamento ou quebra do pseudocaule
procede-se o escoramento da planta com varas de bambu e fios de polipropileno,
este processo é importante devido à possível perda dos frutos se a planta vir a
tombar, portanto, deve ser feito de maneira correta para evitar prejuízos causados
pela perda da produção, as principais causas dos tombamentos são os ventos
fortes e a presença de nematoides na área.
Ensacamento dos frutos – esta ação é amplamente utilizada e traz inúmeros
benefícios ao produto de interesse, observou-se ganho de peso dos frutos e melhor
desenvolvimento, outra grande vantagem da utilização deste método é a proteção
do cacho nas baixas temperaturas e dos ataques de pragas e doenças.
Controle de pragas e doenças – como todas as culturas, a bananeira
possui algumas pragas e doenças que podem trazer grandes prejuízos. O combate
desses possíveis agentes causadores deve ser feito com ações integradas, como o
controle preventivo, cultural, mecânico, químico e o uso de variedades tolerantes
ou resistentes às principais pragas e doenças.

138
TÓPICO 1 | A CULTURA DA BANANEIRA (Musa spp.)

3.1 MANEJO DE PRAGAS NA CULTURA DA BANANEIRA


A broca-do-rizoma ou moleque-da-bananeira (Cosmopolites sordidus) é a
praga mais severa que ataca a cultura e encontra-se distribuída, praticamente, em
todas as regiões onde se cultiva a bananeira. O adulto é um besouro-negro, de 9 a
13 mm de comprimento e 3 a 5 mm de largura. As fêmeas colocam seus ovos na
parte externa do rizoma, próximo ao solo. As larvas são responsáveis pelos danos
causados nos rizomas (galerias). Devido ao ataque, a planta apresenta aspecto
raquítico, mais suscetível ao tombamento, com folhas amareladas e produz cachos
com menor número de frutos e de tamanho reduzido (PEREIRA et al., 2007).

Os tripés (Palleucothrips musae) são considerados pragas limitantes, pois


depreciam as frutas.

Medidas de controle de pragas na cultura da bananeira

a. Utilização de mudas livres de infestação


A principal forma de evitar a disseminação da broca é utilizando mudas
sadias. As mudas devem ser provenientes de cultivos in vitro, adquiridas de
laboratórios de cultura de tecidos, que produzem mudas isentas de pragas e
doenças (PEREIRA et al., 2007).

Os plantios também podem ser realizados com mudas de rizoma.


Essas mudas são provenientes de plantios estabelecidos, portanto, devem ser
tomados cuidados. Os rizomas devem ser descortinados, para retirar os ovos e
larvas. Mudas com alta quantidade de galerias devem ser descartadas. Em áreas
altamente infestadas próximas a bananais atacados pelo inseto o tratamento das
mudas por imersão em calda de inseticida protege a planta no estágio inicial de
desenvolvimento. Recomenda-se a aplicação de inseticida granulado diretamente
na cova de plantio, na fase de estabelecimento do bananal (MESQUITA, 2003).

b. Utilização de iscas
As iscas atraem os insetos, pois exercem atração ou substâncias voláteis
presentes no rizoma e pseudocaule. Após a coleta do cacho, o pseudocaule pode
ser empregado para obtenção de iscas tipo queijo e tipo telha (MESQUITA, 2003).

c. Variedades resistentes
A resistência de plantas a insetos é considerada a estratégia mais segura
e durável para o controle de C. sordidus. Alguns genótipos têm certa resistência
à infestação, e apresentam diferenças quanto ao desenvolvimento, sobrevivência
e atratividade para a ovoposição (MESQUITA, 2003). Um dos mecanismos de
resistência em genótipos diploides de bananeira pode ser a dureza do rizoma.
Cultivares como terra, d´angola, nanica e nanicão requerem maior intensidade de
manejo com relação a essa praga.

d. Controle biológico
O controle da broca-da-bananeira pode ser realizado com a distribuição
do fungo Beauveria bassiana, um parasita natural da broca-da-bananeira. Iscas têm
139
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

sido utilizadas para aplicação desse fungo em campo, fazendo-se uma suspensão
do inóculo e distribuindo por meio de pulverizações sobre a superfície cortada
das iscas.

Além desse inimigo natural, os besouros histerídeos Omalodes foveola e


Hololepta quadridentata foram alimentando-se de larvas de C. sordidus, sendo que
também podem ser utilizados em programa de controle biológico.

e. Controle químico
As práticas de controle químico devem ser utilizadas com outras práticas
de manejo. A imersão das mudas em calda inseticida, a aplicação de inseticida
na cova de plantio e a utilização de inseticidas nas iscas de pseudocaule são
práticas que podem ser adotadas. Para o controle específico da broca recomenda-
se a distribuição do defensivo localizado próximo à touceira, circundando
completamente as plantas, que deverão ser protegidas, cobrindo uma faixa de
10-15 cm de largura.

3.2 MANEJO DE DOENÇAS NA CULTURA DA BANANEIRA


A bananeira é atacada por grande número de doenças, causadas por
fungos, bactérias, vírus e nematoides. O baixo nível tecnológico brasileiro dos
bananais contribui para a ocorrência de muitos problemas fitossanitários. Além
disso, as condições climáticas são favoráveis na maioria das regiões produtoras.

As doenças mais importantes e de ampla distribuição no Brasil são a


sigatoka-amarela (mal-de-sigatoka) e o mal-do-panamá. Nas regiões Norte,
Centro-Oeste, São Paulo e Sul de Minas Gerais há registros de outra doença, a
sigatoka-negra, doença mais destrutiva que a sigatoka-amarela. A sigatoka-negra
é a doença mais destrutiva da bananeira. Essa doença tem sido responsável
por mais de 50% das perdas nas produções e elevação dos custos de produção
(PEREIRA et al., 2007).

A antracnose (Colletotricum musae) é a doença dos frutos mais importantes


na cultura da bananeira. O fungo ataca o fungo e o pedicelo no campo e em pós-
colheita, causa manchas profundas na casca, atingindo até a polpa, o que deprecia
o fruto para comercialização (PEREIRA et al., 2007).

Os nematoides também são parasitas importantes da cultura da bananeira.


Os gêneros mais encontrados parasitando a planta são Meloidogyne, Pratylenchus,
Helicotylenchus e a espécie Radopholus similis (PEREIRA et al., 2007).

Rampazzo (2014) exemplifica algumas cultivares e suas particularidades


relacionadas às pragas e doenças que podem ocorrer na bananicultura.

140
TÓPICO 1 | A CULTURA DA BANANEIRA (Musa spp.)

QUADRO 11 – DOENÇAS QUE ATACAM A CULTURA DA BANANEIRA

Sigatoka- Sigatoka- Mal-do-


Subgrupo Broca Nematoide
amarela negra Panamá
FHA 21 Resistente Resistente Resistente Susceptível Tolerante
Média Baixa
Pacovan Resistente Resistente Tolerante
tolerância tolerância
Cavendish
Baixa Baixa
Nanicão IAC Resistente Tolerante Resistente
tolerância tolerância
2001
Mysoure Resistente Resistente Resistente Tolerante Tolerante
Média Baixa
Prata Resistente Resistente Tolerante
tolerante Tolerante
Baixa Média
Figo Resistente Resistente Resistente
tolerância Tolerância
Média Média
Ouro Suscetível Tolerante Resistente
Tolerância Tolerância
Preciosa,
Média
Maravilha e Resistente Resistente Tolerante ------
tolerante
Tropical.

3.3 MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA


BANANEIRA
O controle de plantas daninhas deve ser realizado rotineiramente,
principalmente no primeiro ano de cultivo, pois a bananeira tem um sistema
radicular superficial e frágil, e, por isso, muito prejudicada pela concorrência com
as invasoras por água, nutrientes e luz, além de efeitos alelopáticos, com liberação
de substâncias fitotóxicas à bananeira, que prejudicam seu desenvolvimento.
Práticas como o uso de espaçamentos mais reduzidos permite o controle das
plantas daninhas. O controle também pode ser realizado com capinas manuais
e roçadeiras mecânicas ou manuais. Caso as áreas de plantio sejam maiores, as
entrelinhas podem ser limpas com grades de disco ou roçadeiras acopladas a
tratores, até o segundo ano de plantio. O controle com herbicidas seletivos também
é recomendado, no entanto, os herbicidas pré-emergentes residuais, como o diuron,
podem ser utilizados. Se as plantas daninhas atingirem altura acima de 20 a 30 cm,
os pós-emergência também podem ser usados (PEREIRA et al., 2007)

4 CICLO DA CULTURA
O ciclo de cultivo da bananeira pode variar de 200 a aproximadamente 430
dias, esse tempo depende da variedade, luminosidade, temperatura e altitude. A
luminosidade tem influência direta no desenvolvimento da planta. Dentro do

141
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

grupo Cavendish, por exemplo, o ciclo da planta pode variar de 8,5 a 14 meses,
dependendo se a planta recebe uma boa incidência de luz ou é cultivada sob
sombreamento (LIMA; ALVES; SILVEIRA, 2012).

A temperatura ideal para o desenvolvimento da grande maioria das


cultivares comerciais encontra-se em torno de 28 °C, mas a faixa de tolerância
está entre 15 e 35 °C, fora desses limites de temperatura as plantas podem sofrer
distúrbios fisiológicos ou terem grandes perdas metabólicas que inviabilizam a
produção. Em relação à altitude, a bananeira pode ser cultivada de 0 a 1000 m
acima do mar, mas este fator também tem grande influência no desenvolvimento
das plantas (LIMA; ALVES; SILVEIRA, 2012).

5 MANEJO DA IRRIGAÇÃO
A irrigação é de suma importância para a bananicultura, pois a cultura da
bananeira requer água em grande quantidade e disponível no solo, distribuído
ao longo do ciclo. Caso ocorram desbalanços na aplicação de água, podem
ocorrer desequilíbrios nutricionais, o que acarreta redução do desenvolvimento
e da produção (PEREIRA et al., 2007). Precipitações entre 100 e 180 mm/mês é
considerado suficiente (COSTA; MAENO; ALBUQUERQUE, 1999).

De acordo com Doorenbos e Kassam (1994), a fase de estabelecimento e


o início de desenvolvimento vegetativo determinam o potencial de crescimento
e frutificação, portanto, é essencial o suprimento adequado de água e nutrientes.

Apesar da bananeira ser formada por 85% de água, a planta não suporta
lençol freático alto e solo encharcado. Essas condições causam prejuízos diretos
com relação à produção da cultura. O uso da cobertura morta contribui para
manter a umidade do solo.

O manejo da irrigação é um fator de grande importância para obter


sucesso na atividade agrícola, pois visa maximizar a eficiência do uso da água,
expondo a planta a determinadas quantidades de água no solo, suficientes para
suas atividades fisiológicas.

A cultura da bananeira pode ser irrigada por diferentes processos, dentre


eles destacam-se a irrigação por aspersão, por superfície e irrigação localizada.

5.1 IRRIGAÇÃO POR SULCOS


A irrigação por sulcos consiste em conduzir a água por meio de sulcos
abertos paralelamente às fileiras de plantio, durante o tempo necessário para
ocorrer a sua infiltração ao longo do sulco. Este processo molha o perfil do solo
ocupado pelas raízes (PEREIRA et al., 2007).

142
TÓPICO 1 | A CULTURA DA BANANEIRA (Musa spp.)

Podem ser utilizados um ou dois sulcos, em que a fileira de plantio


constitui o sulco de irrigação, ou podem ser abertos dois sulcos equidistantes
30 cm da fileira de plantio. A distância vai depender da textura do solo. Caso a
topografia do terreno seja propícia, a água é conduzida por ação da gravidade,
o que dispensa o uso de bombas, reduzindo o custo de investimento inicial do
empreendimento.

Vantagens

• Baixo custo de implantação.


• Pode ser empregado em várias culturas e solos.
• O vento não interfere na sua operação.
• Não interfere nos tratos culturais.
• A operação pode ser automatizada.

Desvantagens

• Baixa uniformidade de distribuição da água infiltrada ao longo do sulco, pois


pode ocorrer interrupção desses canais por restos culturais.
• Baixo controle da lâmina de água aplicada.
• Falta de estrutura de canais e comportas para distribuição da água nas parcelas.
• Necessidade de utilização de mais mão de obra.
• Necessidade de sistematização do terreno.
• Dificuldade na adubação de cobertura, pois a água arrasta parte do adubo, o
que acarreta em perdas.
• Devem ser adotadas medidas de controle da erosão.

5.2 IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO CONVENCIONAL SUB-


COPA
Neste sistema a água é aplicada no solo na forma de chuva artificial, por
meio do fracionamento (com aspersor) de um jato de água em grande quantidade de
gotas. O aspersor fica posicionado em ângulo menor em relação ao solo, para que os
jatos não alcancem grandes alturas e molhem somente até as folhas da bananeira. O
espaçamento entre as tubulações (linhas laterais) varia de 12 a 24 m, de acordo com o
raio de alcance do aspersor. Geralmente, entre duas linhas laterais consecutivas são
contidas de três a oito fileiras de bananeiras, causando, assim, a interceptação dos
jatos de água, molhando o solo uniformemente (PEREIRA et al., 2007).

Vantagens

• Adapta-se a terrenos com declividade mais acentuada e superfícies menos


uniformes.
• Distribuição de água mais uniforme.
• Interfere pouco com as práticas agrícolas.
• Os acessórios facilitam a rápida desmontagem do equipamento.

143
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

Desvantagens

• Pode causar compactação no solo, pois deve-se mudar de posição as linhas


laterais, assim, o trânsito de pessoas dentro das áreas com solo úmido é grande.
• Redução da infiltração da água nesses locais, o que gera problemas de acúmulo
de água na superfície do solo.
• Pode aumentar a disseminação de doenças e danos nas folhas e brotações.

5.3 MICROASPERSÃO
Nesse sistema, a água é aplicada em pequenos jatos na superfície do solo,
próximo das plantas, em pequena intensidade e com grande frequência (PEREIRA
et al., 2007). A água é disponibilizada às raízes de forma localizada, isto é, onde
ela é realmente necessária para o bom desenvolvimento da bananeira (COSTA;
MAENO; ALBUQUERQUE, 1999).

Vantagens

• Controle da lâmina d’água.


• Completa automação do sistema.
• Permite irrigar em horários em que a tarifa de energia elétrica é reduzida.

FIGURA 11 – DISTRIBUIÇÃO DOS MICROASPERSORES NA CULTURA DA BANANEIRA


IRRIGADA POR MICROASPERSÃO
Área molhada

Bananeira

Microaspersor

FONTE: Adaptado de Costa, Maeno e Albuquerque (1999)

O sistema de microaspersão é constituído por estações de bombeamento,


cabeçal de controle (filtros principais, injeção de fertilizantes, medição, proteção
de comando e controle), linha principal de distribuição, válvula de controle,
linhas de derivação de água, linhas laterais e aspersores.
144
TÓPICO 1 | A CULTURA DA BANANEIRA (Musa spp.)

FIGURA 12 – COMPONENTES DE UM SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR MICROASPERSÃO


Válvula de controle

Cabeçal de x x x
Moto Bomba Linha principal
controle x x
x

Linha lateral

Linha de derivação

FONTE: Adaptado de Costa, Maeno e Albuquerque (1999)

6 COLHEITA E PÓS-COLHEITA
A colheita dos frutos é feita de forma manual devido à necessidade de se
retirar o cacho das plantas, o ponto de colheita da banana segue critérios empíricos
que têm influência do ciclo da cultura, variedade utilizada e também o mercado
ao qual se destinam os frutos. A distância que esses frutos devem percorrer até
os consumidores também deve ser estudada para que se tenha o maior tempo de
prateleira. Para que seja evitado o contato dos frutos com o solo, se faz necessário
que a colheita seja feita em dupla para as variedades de porte alto, pois um fica
responsável pelo corte do cacho e outro garante que os frutos não toquem o chão,
entretanto, quando a variedade é de porte médio ou baixo, a colheita pode ser
feita por apenas um operador (MEDINA; ALVES, 2000).

As atividades de pós-colheita dos frutos possuem importância significativa


na cultura da banana, procedimento como a confecção de buquês (separação do
cacho em porções menores), imersão destes em tanques para o estancamento do
látex, classificação dos frutos quanto ao tamanho, variedade, grau de maturação e
número de defeitos também devem ser feitas antes que o produto seja transportado.
Para o transporte devem ser utilizadas caixas plásticas higienizadas, para garantir
um maior tempo de prateleira dos frutos, estes podem ser mantidos em câmaras
refrigeradas, onde devem ser acondicionados à temperatura de 13 a 15 °C e com
umidade de 90% (MEDINA; PERREIRA, 2012).

7 CUSTO DE PRODUÇÃO
Os preços dos insumos necessários e o custo da mão de obra na
bananicultura têm influência direta nos custos de produção, além de outros
fatores, como disponibilidade de irrigação, nível tecnológico e produtividade
esperada, que devem ser levados em conta para que os custos de produção
possam ser reais.

145
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

Pena (2015) indica os principais custos durante os três anos de cultivo de


banana prata anã em área irrigada, com produtividade média esperada de 30 t/
ha, sendo as plantas cultivadas em espaçamento de 4,0 x 2,0 x 2,0 m no Estado de
Sergipe, como demonstra o quadro a seguir.

QUADRO 12 – CUSTO DE PRODUÇÃO DE BANANA PRATA ANÃ NO ESTADO DE SERGIPE

Quantidade Quantidade Quantidade


Especificação Unidade
Ano 1 Ano 2 Ano 3
I. INSUMOS
Mudas (+ 10 %) Uma 1833 0 0
Esterco de Curral m 3
21 0 0
Calcário* T 2 0 0
Ureia Kg 333 250 200
Sulfato de amônia Kg 508 375 300
Superfosfato
Kg 417 208 208
simples*
Cloreto de
Kg 750 625 417
potássio*
FTE BR 12 Kg 83 83 83
Sulfato de
Kg 217 217 217
magnésio
Análise de
Uma 1 1 1
nematoides
Furadan 50G** Kg 4 12 12
Óleo mineral L 167 167 167
Tilt (25 %) L 4 4 4
Detergente
L 0 8 8
concentrado neutro
II PREPARO DO SOLO E PLANTIO
Roçagem inicial h/tr 1,5 0 0
Subsolagem h/tr 3,5 0 0
Aração h/tr 3 0 0
Calagem h/tr 2,5 0 0
Gradagem (02) h/tr 2,5 0 0
Sulcamento h/tr 2,5 0 0
Adubação de
D/H 5 0 0
fundação

146
TÓPICO 1 | A CULTURA DA BANANEIRA (Musa spp.)

Seleção e
tratamentos de D/H 4 0 0
mudas
Plantio D/H 17 0 0
III - TRATOS CULTURAIS E FITOSSANITÁRIOS
Capinas D/H 90 60 40
Análise foliar Uma 1 1 1
Adubação D/H 7 7 7
Desbaste D/H 7 10 12
Desfolha D/H 4 4 4
Retirada do coração D/H 8 8 8
Tratamento
D/H 0 8 8
fitossanitário
IV IRRIGAÇÃO
Irrigação Ano *** *** ***
V COLHEITA
Colheita D/H 0 58 67

FONTE: Pena (2015)

DICAS

Como indicação de leitura sugerimos o seguinte material:


BORGES, A. L. et al. A cultura da banana. Brasília: Embrapa, 2006.
Não deixe de ler.

147
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• A banana (Musa spp.) é uma fruta consumida em todo o mundo, devido ao


seu alto valor nutricional e energético, sendo rica em carboidratos, vitaminas,
minerais e água.

• Antes de iniciar o plantio de um pomar de bananeira, o produtor deve levar


em consideração a escolha correta da variedade, preferência do mercado
consumidor, porte da planta, boa adaptação ao local de cultivo, tolerância a
pragas, doenças e fatores abióticos e tempo de prateleira.

• A maioria das variedades comerciais de banana é originada do cruzamento


entre duas espécies, Musa acuminata e M. babisiana.

• A bananeira não é uma cultura que cause degradação do solo, no entanto,


atividades que conservam a cobertura do solo e menor risco de perda de
nutrientes são recomendadas.

• Os principais fatores que devem ser levados em consideração na implantação


do bananal são: a época de plantio, escolha da área, variedades, espaçamento,
preparo da área e aquisição ou produção de mudas sadias.

• A calagem deve ser feita após a realização da análise de solo. A correção da


acidez é recomendada para elevar o pH até 6 a 6,5.

• Na implantação do bananal a amostragem deve ser feita em duas profundidades,


de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm.

• As mudas que serão utilizadas na área devem ser isentas de doenças e pragas,
além de exigir alta qualidade.

• Na bananicultura podem ser utilizadas mudas do tipo chifrinho (até 1 kg),


tipo chifre (até 2 kg), mudas altas (até 5 kg), pedaços dos rizomas e mudas
micropropagadas, via cultura de tecidos.

• A capina, desbaste, desfolha, escoramento de cachos e controle de pragas e


doenças são práticas que contribuem para um ambiente mais favorável ao
desenvolvimento da bananeira.

• As principais doenças da bananeira são sigatoka-amarela, sigatoka-negra,


mal-do-panamá, moko ou murcha-bacteriana e antracnose.

148
• As principais pragas da bananeira são a broca-do-rizoma.

• Algumas medidas são importantes para o controle de pragas na cultura da


bananeira, como a utilização de mudas livres de infestação, uso de iscas,
variedades resistentes, controle biológico e controle químico.

• As plantas daninhas são prejudiciais, pois concorrem com a cultura por água.

• O controle das plantas daninhas pode ser feito por meio de capinas manuais,
roçadeiras mecânicas ou manuais, além de aplicações de herbicidas.

• A bananeira tem um ciclo que varia de 200 a 430 dias, dependendo da variedade,
luminosidade, temperatura e altitude.

• A temperatura ideal para o desenvolvimento das cultivares comerciais é de 28


°C, mas a planta tolera temperaturas de 15 a 35 °C.

• A irrigação é muito importante para a cultura da bananeira, pois a planta


requer grande quantidade de água em todo o ciclo.

• A cultura da bananeira pode ser irrigada por diferentes métodos, dentre eles a
irrigação por aspersão, por superfície e irrigação localizada.

• A colheita dos frutos é feita de forma manual.

• A colheita influencia diretamente a aparência e conservação pós-colheita.

• O custo de produção está relacionado aos preços dos insumos, custo com mão
de obra, irrigação, nível tecnológico e produtividade.

149
AUTOATIVIDADE

1 Com base nas afirmativas abaixo, assinale a alternativa correta:

I- As principais espécies de bananeira utilizadas para cruzamentos comerciais


são Musa acuminata e M. balbisiana.
II- As variedades de bananas podem ser diploides, triploides ou tetraploides,
de acordo com a contribuição genética de cada espécie, sendo a espécie M.
acuminata representada pela letra A e a espécie M. balbisiana representada pela
letra B.
III- O desbaste tem o objetivo de reduzir o número de folhas, combater pragas
e doenças e proporcionar o arejamento das plantas.
IV- O ensacamento dos frutos é uma medida amplamente utilizada e tem
inúmeros benefícios aos frutos da bananeira, pois estes apresentam ganho de
peso e melhor desenvolvimento dos frutos. Além disso, o método protege o
cacho contra baixas temperaturas e ataque de pragas e doenças.
V- A irrigação é o método caro e não tem sido utilizada nas grandes plantações
de banana. A bananicultura tem se desenvolvido bem somente com as
precipitações pluviais, que contribuem com mais de 70% da necessidade de
água da planta.

Com base nas afirmativas acima é válido dizer que:

a) ( ) Somente as afirmativas I e IV são corretas.


b) ( ) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) ( ) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
d) ( ) Somente as afirmativas II e V são corretas.

150
UNIDADE 3
TÓPICO 2

A CULTURA DA MACIEIRA (Malus spp.)

1 INTRODUÇÃO
A origem da macieira ainda é um critério muito discutido pelos
pesquisadores, porém a hipótese mais aceita é que ela se originou na Ásia Central,
pertencente à família rosacea, considerada uma importante família na fruticultura
temperada. A macieira tem como nome científico Malus domestica e acredita-se
que a fruta já era consumida há pelo menos 2000 anos (FIORAVANÇO, 2013;
FIORAVANÇO; SILVEIRA, 2013).

O cultivo comercial da macieira no Brasil teve início na década de 1970,


e a partir dessa data a cultura obteve notável crescimento devido aos incentivos
fiscais, que possibilitaram o desenvolvimento de pesquisas, técnicas de cultivo,
treinamento dos produtores e a abertura de novas áreas de cultivo, principalmente
na região Sul do país, onde puderam ser vistos os principais avanços e qualidade
da produção de maçã (VALDEBENITO-SANHUEZA, 2003).

A maçã é considerada um fruto de grande aceitação pelos consumidores


devido a suas características de cor, aroma e sabor. Do ponto de vista nutricional, o
fruto é caracterizado como alimento funcional por ser uma fruta rica em vitaminas,
carboidratos complexos, sais minerais e compostos fenólicos que podem auxiliar
na prevenção e tratamento de diversas doenças (MIGUEL JR., 2011).

2 CULTIVARES
A macieira necessita de polinização cruzada para que haja a produção de
frutos, por isso demanda a escolha de cultivares para a produção de frutos, mas
também variedades polinizadoras, que fornecerão a quantidade de pólen para as
variedades produtoras.

No cultivo brasileiro, cerca de 90% dos produtores utilizam as cultivares


dos grupos Gala e Fuji, entretanto, cultivares como Eva, Granny Smith, Golden
Delicious, Anna, Condessa, Catarina e Brasil também são cultivadas no território
nacional. As cultivares hoje utilizadas variam principalmente quanto à demanda
de frio para quebra de dormência, cor dos frutos, resistência a doenças e
capacidade de armazenamento (SEBRAE, 2016).

A macieira necessita de interplantio com cultivares polinizadoras para que


ocorra boa frutificação. Por exemplo, para a cultivar ‘Eva’ podem ser utilizadas
‘Condessa’, ‘Princesa’ ou ‘IAPAR 32-80-89’.
151
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

‘Eva’ (IAPAR – 75)

É uma cultivar proveniente do cruzamento entre as cultivares ‘Anna’ e


‘Gala’ e foi desenvolvida pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). As plantas
apresentam vigor moderado a baixo e seus ramos são de crescimento semiereto e
compacto. A maturação dos frutos se inicia na segunda quinzena de novembro e se
estende até o término da primeira quinzena de janeiro, em regiões de inverno ameno.

A produção média dessa cultivar é de 156 frutos, com produtividade


próxima a 31 t/ha no segundo ano produtivo. A polpa é firme e moderadamente
ácida (0,6 g de ácido málico em 100 g de polpa) e 15% de sólidos solúveis. Os
frutos podem ser armazenados por até quatro meses à temperatura de 0 °C.

A planta é pouco exigente em frio, necessita de 200 a 350 horas de frio.

‘Julieta’ (IPR Julieta)

É uma cultivar mais precoce que a ‘Eva’. Pode ser polinizadora da cultivar
‘Eva’ e também se adapta a condições de inverno ameno. A maturação dos frutos
em regiões de inverno ameno se inicia em novembro e vai até a primeira quinzena
de janeiro, por isso tem a vantagem de entrar no mercado entre os meses de
novembro e janeiro.

Os frutos têm características como: tamanho médio, bom aspecto


comercial, boa coloração, além disso, têm sabor levemente acidulado. Podem
produzir até 35 t/ha, quando bem manejados. Os frutos podem ser armazenados
por 30 a 45 dias em câmara fria.

A cultivar Julieta é resistente à mancha foliar da macieira e a oídios,


sarna e ácaros. A exigência de frio está entre 200 e 300 horas. O enfolhamento é
satisfatório, com bom equilíbrio entre folhas e frutos quando a necessidade de
frio é satisfatória e a superação artificial da dormência é adequada.

‘Princesa’

Cultivar originária da hibridação entre o clone ‘NJ 56’ e a cultivar ‘Anna’.


É uma cultivar precoce, semivigorosa, de copa semiaberta e frutifica em esporões
e gemas laterais de ramos do ano. É uma cultivar muito produtiva e que demanda
atenção no raleio de frutos, principalmente nos primeiros anos pós-plantio.

A produtividade é de 29 t/ha, no segundo ano produtivo, com produção


média de 95 frutos, de 145 g. A maturação acontece da segunda quinzena de
novembro até o final de janeiro, em regiões de inverno ameno.

É uma cultivar suscetível ao oídio. Regiões com 25 a 450 horas de frio são
ideais ao cultivo dessa cultivar. O enfolhamento é satisfatório, com bom equilíbrio
entre folhas e frutos quando a necessidade de frio é satisfatória e a superação
artificial da dormência é adequada.
152
TÓPICO 2 | A CULTURA DA MACIEIRA (Malus spp.)

‘Baronesa’

É uma cultivar indicada para regiões mais frias, com maior altitude. É
originária do cruzamento entre as cultivares ‘fuji’ e ‘princesa’. As plantas são
vigorosas, com hábito de crescimento fechado, o que requer forte arqueamento
de ramos para a formação adequada da copa, melhoria da produção e coloração
das frutas. Condições de pelo menos 500 horas/frio são necessárias para um bom
florescimento e frutificação. Adapta-se a regiões de inverno ameno e úmido, em
locais com maiores altitudes.

Em regiões de inverno mais ameno, a maturação se inicia na segunda


quinzena de dezembro até a segunda quinzena de fevereiro.

Produz, em média, 138 frutos, com produtividade de 39 t/ha. Os frutos


são arredondados, de tamanho médio a grande e possuem epiderme vermelha
opaca, com estrias leves. Pode ser armazenada por seis a oito meses em atmosfera
controlada. É resistente à mancha foliar de glomerella, e moderadamente
resistente à sarna e ao oídio e suscetível à podridão amarga.

‘Rainha’ (IAC 8-31)

Esta cultivar também é recomendada somente para regiões mais frias, com
maiores altitudes. É uma cultivar lançada pelo IAC e foi obtida por hibridação cruzada
entre as cultivares ‘Golden Delicious’ e ‘Valinhense’. As plantas são semivigorosas e
produtivas, porém apresentam queda de frutificação na pré-colheita.

A maturação dos frutos em regiões de inverno ameno se inicia na segunda


quinzena de dezembro até o término de janeiro. A planta produz até 73 frutos, com
produtividade de 20 t/ha. A polpa é macia e moderadamente ácida, com 0,6 g de
ácido málico em 100 g de polpa, com aproximadamente 12% de sólidos solúveis.

A cultivar é suscetível à sarna, ao oídio e à podridão amarga. Tem excelente


adaptação a regiões de inverno ameno, no entanto, quando cultivada em áreas
abaixo de 1.300 metros de altitude necessita de tratamento químico para indução
da florada. O enfolhamento é moderadamente satisfatório, com poucos frutos
fixados na planta em relação às demais cultivares recomendadas para regiões
subtropicais. Porém, essa menor frutificação é compensada para produção de
frutas de elevado calibre.

‘Condessa’

É uma cultivar obtida do cruzamento entre a cultivar ‘gala’ e uma seleção


local de baixa exigência em frio. Apresenta vigor mediano, com ramos de crescimento
semiabertos. O arqueamento é interessante, pois contribui para a insolação interna
da copa e da coloração dos frutos. É altamente produtiva e requer raleio intenso da
frutificação. Esta cultivar tem uma característica que é a exigência em interpolinização,
sendo recomendado maior número de polinizadoras que o normal.

153
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

A maturação dos frutos se estende até a primeira quinzena de janeiro, em


regiões de inverno ameno. A produtividade é de 13 t/ha, com 53 frutos de 120 g,
a polpa é macia e moderadamente ácida, com 0,3 g de ácido málico em 100 g de
polpa e aproximadamente 13% de sólidos solúveis.

A cultivar é suscetível à mancha foliar de glomerella. Adapta-se a locais de


maiores altitudes, em regiões subtropicais e tropicais. A necessidade de frio vai
de 300 a 500 horas. O enfolhamento é elevado quando é satisfeita a necessidade
em frio e quando é adotada uma adequada superação artificial da dormência.

Denardi et al. (2013) caracterizam as principais variedades quanto à


exigência de frio hibernal (número de horas a ≤ 7 °C para o florescimento) da
seguinte forma:

QUADRO 13 – EXIGÊNCIA DE FRIO HIBERNAL DA MACIEIRA

Exigência de acúmulo de frio hibernal Variedades


Eva
Condessa
Baixa exigência (inferior a 450h) Castel Gala
Princesa e
Julieta
Baronesa
Fred Hough
Média exigência (entre 450 a 700h) Imperatriz
Monalisa
Joaquina
Grupo gala (Royal Gala, Imperial Gala,
Maxi Gala)
Baigent
Daiane
Alta exigência (acima de 700h)
Cripps Pink
Granny Smith
Grupo Fuji (Fuji Suprema, Fuji Mishima,
Fuji Precoce)

Em relação aos demais atributos físicos e organolépticos, podemos


caracterizar as principais variedades de macieira de acordo com o quadro a seguir.

154
TÓPICO 2 | A CULTURA DA MACIEIRA (Malus spp.)

QUADRO 14 – ATRIBUTOS DAS PRINCIPAIS VARIEDADES DE MACIEIRA

Demais características
Variedade Cor da casca
importantes

Doces, suculentos e mais


Fuji, Fuji Suprema e Kiku Casca avermelhada
resistentes ao armazenamento
Gala, imperial gala, royal Frutos colhidos em janeiro e
Casca avermelhada
gala galaxy fevereiro
Catarina e Joaquina Casca avermelhada Resistentes à sarna

Golden Delicius Casca amarela Acidez e doçura equilibradas


Maior acidez e boa conservação
Granny Smith Casca verde
no frio
FONTE: SEBRAE NACIONAL (2016) e EMBRAPA (2013)

3 SISTEMA DE CULTIVO
Um sistema bem difundido no Brasil é o sistema de produção integrada de
macieira (PIM), que se tornou vantajoso principalmente para produtores com até
25 ha, pois, seguindo o sistema de produção integrada, o agricultor pode ganhar
maior competitividade no mercado. Aproximadamente 60% dos produtores
da região Sul já aderiram a esse sistema de produção. O sistema possibilita a
certificação dos frutos, garante a rastreabilidade dos produtos, levando assim a
uma maior aceitação do mercado. Além do PIM, outros meios de certificação de
maçã também são utilizados no Brasil, o que garante maior competitividade e
produtos de melhor qualidade no mercado (PETRI et al., 2011).

3.1 IMPLANTAÇÃO DE CULTURAS


A implantação da cultura é uma das fases mais importantes, pois a
macieira é uma cultura perene, e ficará no campo por muito anos. Portanto, deve-
se planejar a implantação corretamente, para evitar problemas futuros no pomar.

3.1.1 Característica da área


Para o bom desenvolvimento das raízes é muito importante que as áreas
escolhidas possuam solos profundos e bem drenados. Recomenda-se evitar solos
com alto nível de compactação e muito argilosos e solos que tenham menos de 50
cm de profundidade, para que o sistema radicular não seja limitado e impeça o
bom desenvolvimento e sustentação das plantas (EMBRAPA, 1994).

155
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

3.1.2 Preparo da área


Para a implantação de novas áreas é recomendável que sejam plantadas
leguminosas pelo menos um ano antes da implantação das mudas de macieira,
para que estas possam ser utilizadas como cobertura do solo. As atividades básicas
de preparo do solo são a subsolagem, que deve ser feita a pelo menos 60 cm,
lavração, gradagem, limpeza da área para a retirada de troncos e resto de vegetação
e aplicação de calcário para a correção do solo (RUFATO; PAULA, 2013).

3.1.3 Adubação
Assim como em outros cultivos agrícolas, na macieira é recomendado
que seja feita a análise de solo para que os níveis de nutrientes necessários sejam
ajustados. Para a cultura da macieira procede-se a adubação de pré-plantio,
crescimento e manutenção ou produção. Na adubação de crescimento é visado
o bom desenvolvimento da parte vegetativa das plantas. Como essa adubação é
feita durante os primeiros três anos das plantas, ela tem os teores de fertilizantes
alterados por diversos fatores de desenvolvimento da planta. A adubação de
produção busca o bom desenvolvimento dos frutos e de parte aérea das plantas,
e também é nivelada pelas análises de solo, sintomas de deficiência das plantas,
tratos culturais e desenvolvimento vegetativo (NAVA et al., 2003).

3.2 SISTEMA DE CONDUÇÃO, DENSIDADE DE PLANTIO E


ESPAÇAMENTO
No início do cultivo da macieira as plantas eram conduzidas no formato de
taças, em que se desenvolviam mais de um ramo central, atualmente o sistema de
condução mais utilizado é o de líder central, nesse sistema as plantas são conduzidas
de forma piramidal, onde no centro se encontra apenas uma pernada vertical, são
selecionados quatro ramos horizontais no primeiro andar e os andares subsequentes
se localizam à distância de 40 a 60 cm do que está abaixo (PERREIRA; PETRI, 2003).

Com a mudança do sistema de condução pode-se também aumentar a


densidade das plantas. No sistema de taça eram cultivadas de 500 a 800 plantas
por hectare, nos modelos atuais usa-se um espaçamento de 3,5 a 4,5 x 0,8 a 1,5, que
permitiu que o número de plantas por hectare pudesse chegar até 3.500 plantas/
ha. Essa mudança levou a um grande aumento na produtividade por hectare das
áreas produtoras (PETRI et al., 2011).

3.3 PODAS
A poda tem o objetivo de intervir na condução, pois a macieira cresce
com ramificações e folhagens densas, o que causa pouca penetração de ar e luz
no interior da copa. Para a cultura da macieira podemos destacar as podas de
formação, a poda de frutificação ou poda seca, ou ainda conhecida como poda de
inverno, e a poda verde.
156
TÓPICO 2 | A CULTURA DA MACIEIRA (Malus spp.)

A macieira produz em ramos especializados, que se formam após um ou


dois anos, geralmente curtos, conhecidos como esporões, dardos, lamburdas,
bolsas, brindilas, brindilas coroadas, chifonas e ramalhetes. Os demais ramos
produzem brotos e folhas (PIO; NETO; ALVARENGA, 2014).

3.3.1 Poda de formação


A poda de formação tem como objetivo a condução da planta a uma
arquitetura desejada, para que esta possa desenvolver-se no espaço destinado a ela
com o melhor aproveitamento possível (EMBRAPA, 1994). Além de proporcionar
adequada inserção e distribuição dos ramos, otimiza o manejo e repara danos e
deformações. A arquitetura deve ser aquela que propicie aeração e aproveitamento
da radiação solar no interior da copa, deixando a planta pronta para a boa produção.

Essa poda é realizada nos primeiros anos de implantação do pomar


e tem início na primavera, após o plantio, com o desponte do ramo principal,
para estimular as brotações laterais. Caso o porta-enxerto seja vigoroso para a
condução do líder central, deve-se realizar o desponte acima de 1,2 m do nível
do solo. No entanto, se o porta-enxerto for menos vigoroso, o desponte é feito em
altura menor. Ficaram cinco a seis ramos laterais inseridos no tronco, sendo que a
primeira gema abaixo do corte dará continuidade ao líder. Os ramos laterais são
arqueados para a posição horizontal, com 8 a 10 cm de comprimento, o que evita
competição desses ramos com os ramos que dão continuidade ao líder e estimula
a brotação de ramos produtivos (BRUCKNER; WAGNER JR., 2007).

No primeiro ano, elimina-se os ramos mal posicionados ou com ângulos


de inserção inadequados. Deve-se deixar quatro a cinco ramos laterais, bem
distribuídos (BRUCKNER; WAGNER JR., 2007).

No segundo ano, os ramos secundários são podados e retirados pelo menos


um terço do seu comprimento, e a segunda gema da extremidade é mantida na
parte inferior do ramo. Um ramo mais vigoroso brota da primeira gema que é
eliminada. Um ramo mais horizontal e menos vigoroso brota, o qual é mantido.
O procedimento de eliminação do líder central estimula a formação e crescimento
de ramos laterais, por isso é recomendado para plantas com baixo vigor. Nos
anos posteriores, segundo e terceiro anos, é realizada a abertura de ramos novos,
com ângulos de inserção de 60 a 75° em relação ao líder central. O líder central é
despontado em 10 cm mais curto que o comprimento deixado no ano anterior, e
os ramos laterais do segundo andar permanecem à segunda gema da extremidade
voltada à parte inferior do ramo (BRUCKNER; WAGNER JR., 2007).

No terceiro ano em diante não é feito o desponte do líder central. Os


espaços livres na planta são ocupados com as ramificações oriundas do desponte
(PIO; NETO; ALVARENGA, 2014). No terceiro ano, a planta inicia a primeira
produção (BRUCKNER; WAGNER JR., 2007).

157
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

3.3.2 Poda de frutificação (Poda seca ou Poda de


inverno)
A poda de frutificação, por sua vez, busca a renovação de ramos frutíferos,
para isso se procede a escolha, raleio e encurtamento de ramos (EMBRAPA, 1994).
A poda é realizada no inverno, no período de dormência das plantas.

Esta poda é realizada anualmente para manter o equilíbrio entre produção


(ramos frutíferos) e renovação vegetativa. A intensidade da poda varia de acordo
com o vigor da planta, o qual, quanto maior o vigor da planta, menor será o
encurtamento dos ramos. Neste caso, serão eliminados os ramos ladrões, mal
posicionados, doentes e secos (BRUCKNER; WAGNER JR., 2007). Os ramos do
último crescimento vegetativo devem ser reduzidos a uma ou duas gemas, no
máximo. Quanto aos ramos muito alongados, deve-se removê-los. Nessa poda,
recomenda-se conservar os ramos de mais de dois anos, em que se inserem as
brindilas, dardos e esporões, que são as estruturas de frutificação da macieira.

Na poda de frutificação recomenda-se a renovação dos ramos laterais


que foram arqueados, e também a retirada dos ramos de crescimento vertical
(ladrões), os ramos quebrados, doentes e os ramos em excesso na planta,
buscando-se o equilíbrio vegetativo e produtivo e também a manutenção da
arquitetura da planta. Recomenda-se remover os ramos laterais que possuem
metade do diâmetro do líder central. Este procedimento é necessário, pois pode
ocorrer a perda da dominância do líder central e da estrutura de condução da
macieira (PIO; NETO; ALVARENGA, 2014).

3.3.3 Poda verde (Poda no verão)


A poda verde objetiva a redução de galhos nas plantas muito vigorosas,
melhorando a entrada de luz dentro das plantas, além de delimitar o espaço de
cada uma delas (EMBRAPA, 1994). Além disso, tem a finalidade de balancear o
crescimento vegetativo da planta e estimular a formação de novos ramos.

Na poda de verão, elimina-se o excesso de ramos, aqueles localizados no


interior da copa e que favorecem o sombreamento da futura frutificação e, por isso,
reduzem a eficiência dos tratamentos fitossanitários. Para os ramos arqueados,
deve-se despontá-los, mantendo 40 a 60 cm do comprimento original, o que vai
depender do espaçamento e do vigor da planta. Essa poda é realizada após a
colheita das frutas, no final de dezembro até a segunda quinzena de janeiro. Não
há necessidade de proceder à poda verde todos os anos. Assim, as plantas que não
sofreram a poda verde entraram em produção e sairão da dormência primeiro em
relação às plantas que sofreram a poda (PIO; NETO; ALVARENGA, 2014).

158
TÓPICO 2 | A CULTURA DA MACIEIRA (Malus spp.)

3.4 PROPAGAÇÃO DA MACIEIRA


A propagação da macieira, por meio de sementes, é utilizada somente
para o melhoramento genético. As sementes necessitam de um período de
estratificação a 5 °C por 60-75 dias para germinarem satisfatoriamente.

A propagação comercial da macieira ocorre por meio da propagação


vegetativa do porta-enxerto e, posteriormente, a enxertia de cultivar copa.
A obtenção do porta-enxerto é feita via mergulhia de cepa, em que a planta a
ser formada é destacada da planta-mãe após ter formado seu próprio sistema
radicular (DRIESSEN; SOUZA FILHO, 1986). Tem como princípio de que por
meio do revestimento parcial ou total do ramo são proporcionadas condições
de umidade, aeração e ausência de luz, as quais favorecem a emissão de raízes.
Os hormônios endógenos e os carboidratos acumulam-se nos tecidos, devido ao
encurvamento do ramo. De acordo com Fachinello et al. (1995), esta técnica tem
proporcionado maiores percentuais de enraizamento.

A propagação por estaquia também pode ser utilizada, porém tem a


desvantagem do baixo percentual de enraizamento da maioria dos porta-enxertos
utilizados atualmente, o que demanda tratamentos acondicionantes, como o
anelamento e o estrangulamento de ramos e a aplicação de reguladores vegetais.

O método mais utilizado para a propagação das cultivares copas de


macieira é a enxertia. O enxerto é um fragmento da cultivar copa, contendo uma
ou mais gemas responsáveis pela formação da parte aérea da planta, que será
unida ao porta-enxerto, o qual é o responsável pela formação do sistema radicular
da planta. Deve-se salientar que o sucesso da enxertia depende do bom contato
das regiões cambiais do enxerto e do porta-enxerto.

3.5 PRODUÇÃO DE PORTA-ENXERTOS PARA MACIEIRA


O porta-enxerto da macieira tem algumas funções, como: assegurar bom
desempenho agronômico e produtivo da cultivar copa, ter resistência genética a
enfermidades de solo, por exemplo, ao pulgão lanífero (Erisoma lanifegerum, Hausm.),
à podridão do colo, causada pelo fungo Phytophora spp. e à podridão de roselínea
(Rosellinia necatrix Prill, anamorph. Dematophora necatrix Harting). Além disso, o porta-
enxerto deve propiciar redução do porte da planta. Esta característica é interessante
nos pomares, pois facilita o manejo da copa, como a poda e o arqueamento de
ramos, e também o manejo dos frutos, como as pulverizações, aplicações foliares de
fertilizantes, raleio e a colheita. Infelizmente, não existe um porta-enxerto que reúna
todas as características agronômicas desejadas na macieira. Dessa forma, na cultura,
geralmente são utilizadas as combinações de dois cultivares porta-enxertos, também
chamados de interenxerto (PIO; NETO; ALVARENGA, 2014).

Os porta-enxertos ‘M-7’ e ‘Marubakaido’ têm apresentado melhor


desempenho agronômico nas regiões subtropicais e tropicais do Brasil. O filtro,
ou interenxerto ‘M-9’, também tem sido o mais recomendado. O ‘M-7’ é um porta-
159
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

enxerto semianão, utilizado em pomares de média densidade. Se propagado por


mergulhia de cepa pode produzir até 50 perfilhos/m2. A desvantagem desse porta-
enxerto é o rebrotamento no colo da planta, a alta suscetibilidade ao pulgão lanígero
e a moderada resistência à podridão do colo (PIO; NETO; ALVARENGA, 2014).

Quando ocorre a combinação do porta-enxerto e do interenxerto, pode-


se conciliar, na mesma planta, as vantagens dos porta-enxertos vigorosos, como
forte sistema radicular, bom ancoramento das plantas, equilíbrio natural entre
a frutificação e o crescimento vegetativo e a longevidade das plantas; com as
características dos porta-enxertos anões utilizados como filtro, como o pequeno
vigor, a alta precocidade, a alta produtividade e a boa qualidade de fruto (PIO;
NETO; ALVARENGA, 2014).

A combinação do porta-enxerto ‘Maruba’/filtro ‘M-9’ tem como vantagens: a


resistência à podridão do colo, ao pulgão lanígero e o alto vigor do sistema radicular
do ‘Maruba’; e a resistência à podridão do colo e o nanismo proporcionado pelo
‘M-9’. O ‘M-9’ não suporta solos com temperaturas elevadas na camada superficial
e é altamente suscetível ao pulgão lanígero, o que é compensado pelo ‘Maruba’. O
‘Maruba’ tem a vantagem de ser propagado por estacas dormentes, pois as estacas
coletadas no período de dormência possuem facilidade em enraizar e emitir raízes
abundantes (PIO; NETO; ALVARENGA, 2014).

3.5.1 Produção de mudas por dupla enxertia


A propagação por dupla enxertia consiste na enxertia simultânea de um
garfo da cultivar copa em um ramo da cultivar interenxerto e, posteriormente, do
garfo do interenxerto na cultivar porta-enxerto. As enxertias copa/filtro e filtro
enxertado com a copa/porta-enxerto são realizadas simultaneamente. Com essa
técnica é possível promover a antecipação do sistema de produção de mudas de
macieira interenxertadas e também no caso de produção de mudas tipo raiz nua.
Para a produção de mudas de macieira, deve-se observar as seguintes etapas:
propagação do porta-enxerto, preparo dos garfos e enxertia de mesa da cultivar
copa no filtro, enxertia do filtro no porta-enxerto a campo, condução da muda,
arranquio e frigorificação.

3.5.1.1 Propagação do porta-enxerto


As estacas do ‘Maruba’ são coletadas de plantas matrizes que estão no
campo. O período recomendado é no inverno, quando as plantas estão dormentes.
As plantas matrizes têm a finalidade de fornecer materiais propagativos, visando
à multiplicação do ‘Maruba’. As plantas são mantidas em espaçamentos reduzidos
e recebem podas drásticas todo ano, no período de dormência. As estacas têm
25 cm de comprimento e são enterradas no solo, em linhas e distantes umas
das outras a 10 cm. A irrigação deve ser frequente nas primeiras semanas, para
estimular o enraizamento. Após um ano do plantio deve-se realizar o raleio das
brotações e reduzir as selecionadas a 10 cm de altura do solo.

160
TÓPICO 2 | A CULTURA DA MACIEIRA (Malus spp.)

3.5.1.2 Preparo dos garfos e enxertia de mesa da cultivar


copa no filtro
Neste processo, os garfos do filtro ‘M-9’ e das cultivares são coletados
de plantas matrizes localizadas a campo. Os garfos são retirados no período de
dormência. Os garfos do filtro ‘M-9’ são padronizados em 25 cm de comprimento
e da cultivar copa com duas a três gemas. A garfagem é realizada pelo tipo “inglês
complicado”. Após a junção dos cortes, é realizado o amarrio com fita plástica e
os propágulos são armazenados em câmara fria (temperatura de 1 °C e 90% de
umidade relativa), por até 24 horas.

3.5.1.3 Enxertia do filtro no porta-enxerto a campo


No campo, a combinação copa/filtro ‘M-9’ é enxertado no porta-enxerto
‘Maruba” pelo método de garfagem tipo “inglês complicado”. Após a junção
dos cortes, é realizado o amarrio com fita plástica. Deve-se irrigar os enxertos
periodicamente.

3.5.1.4 Condução da muda, arranquio e frigorificação


Após 60 dias da enxertia, quando já ocorreu a cicatrização dos enxertos,
as mudas são conduzidas em haste única. Assim, deve-se realizar a desbrota,
selecionando apenas uma brotação da cultivar copa. Recomenda-se realizar
adubações e desbrotas periódicas e pulverizações.

O arranquio das mudas é realizado em maio. Deve-se realizar a toalete do


sistema radicular, o que reduz a densidade de raízes. As mudas são armazenadas
em câmara fria (temperatura de 1 °C e 90% de umidade relativa), por até 60 dias.
A frigorificação tem o objetivo de conservar as mudas e fornecer frio suficiente
para as gemas laterais brotarem após o plantio.

A combinação do porta-enxerto ‘Maruba’/filtro ‘M-9’ resulta na formação


de um engrossamento no ponto de enxertia. Esse engrossamento é conhecido
como burrknots e pode ser estimulado pela alta temperatura e sombreamento
do tronco. Essa situação pode ser evitada enterrando totalmente o porta-enxerto
‘Maruba’ e parte do filtro ‘M-9’. Este procedimento também contribui para reduzir
o perfilhamento do ‘Maruba’, o que reduz gastos com a retirada das brotações do
porta-enxerto. O porta-enxerto anão ‘M-9’ pode formar esse engrossamento.

4 MANEJO CULTURAL
Dentro das ações de manejo na cultura da macieira é necessário manter o
controle efetivo de doenças, pragas e plantas daninhas na área a fim de que não
se tenha prejuízos na atividade agrícola.

161
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

4.1 MANEJO DE PRAGAS DA MACIEIRA


A opinião dos consumidores tem mudado quando se trata da compra de
alimentos, principalmente quanto ao uso de agroquímicos em excesso na produção
agrícola. Diante disso, torna-se real e exigível, pela maioria dos consumidores, a
adoção de práticas que levem a um menor uso de defensivos agrícolas, por isso o
manejo integrado de pragas tem crescido e é considerado obrigatório a todos os
produtores integrados de maçã no Brasil.

As principais pragas da macieira são a mosca das frutas, lagarta enroladeira,


ácaro vermelho europeu, grafolita, pulgão e cochonilha. Segundo Kovaleski et
al. (2003), ações de monitoramento identificam e quantificam as pragas na área
somente quando o número alcança o nível crítico, em que são utilizados defensivos
agrícolas, porém são priorizados outros métodos de controle de pragas, como o
uso de feromônios, retirada de hospedeiros alternativos, destruição de material
vegetal que funcione como inóculo, raleio de frutos, adubação equilibrada e
podas, a fim de manter as áreas livres ou com níveis insignificantes de pragas.

4.2 MANEJO DE DOENÇAS DA MACIEIRA


O controle preventivo também tem sido a primeira forma utilizada para
a manutenção das áreas livres de doenças, a maioria das ações visa sempre
retardar ou impedir a entrada dos patógenos causadores das moléstias que
atingem a macieira. A retirada de restos culturais após a poda e a incorporação
destes nas entrelinhas, a destruição de fontes de inóculos e o monitoramento das
condições climáticas têm sido utilizados para planejar o controle químico quando
é necessário. Dentre as principais doenças da cultura encontram-se a sarna da
macieira, oídio, ferrugem da macieira, e o controle químico deve ser feito de
forma programada e quando necessário (KOVALESKI et al., 2003).

4.3 CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA MACIEIRA


Para o controle das plantas daninhas dentro do pomar podem ser adotados
métodos mecânicos através do uso de implementos agrícolas, como a roçadeira nas
entrelinhas, aliada com capinas manuais nas linhas de plantio, porém essa atividade
deve ser feita de forma correta, para que não cause danos ao tronco e às raízes das
plantas. O controle químico também pode ser utilizado, para que este seja feito de
forma correta recomenda-se que seja observado o produto ideal e nas concentrações
de uso estabelecidas pelos fabricantes ou técnico responsável (EMBRAPA 1994).

5 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
A temperatura ideal durante o período vegetativo é de 15 a 20 °C, com
média diária no verão não superior a 25 °C. As cultivares de macieira necessitam,
geralmente, de 100 a 2.000 UF. As cultivares ‘Ana’, ‘Rainha’ e ‘Brasil’ são plantadas

162
TÓPICO 2 | A CULTURA DA MACIEIRA (Malus spp.)

no Sudeste do Brasil e têm exigências de 400 – 500 UF (BRUCKNER; WAGNER


JR., 2007). as principais cultivares plantadas no Brasil, ‘Gala’, ‘Fugi’ e ‘Golden
Delicious’, necessitam de 900-1000 horas de frio para que o processo de quebra
de dormência seja alcançado satisfatoriamente (MOTA; ALVES, 1990). No Estado
de Santa Catarina, as regiões preferenciais para o cultivo da macieira são aquelas
com temperatura média anual entre 18 e 20 °C, com um total de 500 a 700 horas
de frio abaixo de 7.2 °C (EMPASC/ACARESC, 1991).

5.1 CICLO DA CULTURA


É uma fruteira de clima temperado, portanto, alterna um período
de crescimento vegetativo com um de repouso durante o ano (BRUCKNER;
WAGNER JR., 2007). A macieira, assim como outras fruteiras temperadas, possui
um período de dormência, em que o desenvolvimento é desacelerado, ocorre uma
remobilização dos nutrientes e as folhas caem. Esse repouso ocorre no inverno e é
conhecido como endodormência. A planta entra em endodormência pela ação da
temperatura e fotoperíodo decrescente, que antecedem o inverno e estimulam a
produção de inibidores de crescimento pelas folhas. Para sair da endodormência,
deve-se ter certa quantidade de frio, a temperatura para que os inibidores de
crescimento acumulados sejam degradados deve ser abaixo de 7.2 °C, dos meses
de maio a setembro.

O outro período do ciclo de vida da macieira é denominado de vegetativo,


neste ciclo a planta se desenvolve e produz frutos.

A Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM) indica o estágio


de desenvolvimento mês a mês das variedades Fuji e Gala, conforme representado
no quadro a seguir.

QUADRO 15 – ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO DAS MACIEIRAS VARIEDADES GALA E FUJI

Mês Estágio de desenvolvimento


Ciclo vegetativo
Outubro Ocorre a floração das plantas e polinização
Novembro Início da frutificação
Dezembro Desenvolvimento dos frutos
Janeiro Alto vigor das plantas e desenvolvimento dos frutos
Fevereiro a maio Frutos chegam ao ponto de colheita
Ciclo de dormência
Junho Início da queda das folhas
Julho e agosto Queda total das folhas
Setembro Início das brotações e floradas

163
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

6 COLHEITA E PÓS-COLHEITA
A colheita da maçã é feita de forma manual e requer colhedores que tenham
treinamento e destreza para que não ocorram danos aos frutos. Para a colheita
são utilizadas sacolas plásticas de fundo falso que possibilitam a deposição dos
frutos nos bins (grandes caixas armazenadoras com capacidade média de 350 kg
de frutos). É de extrema importância que todos os materiais utilizados na colheita
sejam previamente higienizados para evitar riscos de contaminação e perdas de
qualidade dos frutos. Para a retirada dos frutos da área e o seu transporte até
as unidades de beneficiamento é recomendado que as entrelinhas e corredores
não possuam buracos e sejam nivelados para que não ocorram danos à carga
transportada, para assim garantir a integridade dos frutos. A carga deve possuir
cobertura que possibilite ventilação e deve ser transportada em baixa velocidade
(ANTONIOLI; ALVES, 2013).

Os cuidados de pós-colheita dos frutos devem ser iniciados no campo, é


necessário que seja feita uma pré-seleção para a retirada de frutos inaptos para
o consumo. Na cultura da macieira é comum que os frutos sejam armazenados
para que não haja sazonalidade de frutos no mercado, por isso as unidades
de armazenamento de frutos são muito comuns no cultivo da macieira,
principalmente entre produtores integrados.

Nas unidades de armazenamento são feitas algumas atividades de pós-


colheita. Na chegada dos frutos estes sofrem um pré-resfriamento, para retirada
da temperatura do campo, posteriormente esses são separados entre frutos
para consumo imediato e os que serão armazenados, após esse processo ocorre
a classificação, embalagem ou armazenamento. Para assegurar a qualidade do
produto são realizados teste de firmeza, produção de etileno e teste de aroma e sabor.
Quando os frutos ficarem armazenados os testes são realizados periodicamente, a
fim de se manter os padrões de qualidade (GIRARDI; BENDER, 2003).

7 CUSTO DE PRODUÇÃO
Na tabela a seguir são descritos os custos de produção da macieira. A
etapa de produção teve como base um cultivo por agricultores familiares, ou seja,
até 25 ha, na região de Antônio Prado-RS, em 2017.

164
TÓPICO 2 | A CULTURA DA MACIEIRA (Malus spp.)

TABELA 1 – CUSTOS DE PRODUÇÃO DA MACIEIRA NA REGIÃO DE ANTÔNIO PRADO-RS, EM


2017

CUSTO DE PRODUÇÃO ESTIMADO


MAÇÃ - AGRICULTURA FAMILIAR
Produtividade Média: 40.000 kg/ha
A PREÇOS 1º mar.
DISCRIMINAÇÃO PARTICIPAÇÃO
DE: 2017
  R$/ha R$/18 kg (%)
I- DESPESAS DE CUSTEIO DA
LAVOURA
1- Operação com avião 0.00 0.00 0.00%
2- Operação com máquinas próprias 4.093.88 1.84 11.62%
3- Aluguel de máquinas/serviços 0.00 0.00 0.00%
4- Operação com animais próprios 0.00 0.00 0.00%
5- Operação com animais alugados 0.00 0.00 0.00%
6- Mão de obra temporária 12.914.44 5.80 36.64%
7- Mão de obra fixa 46.86 0.02 0.13%
8- Sementes 0.00 0.00 0.00%
9- Fertilizantes 264.52 0.11 0.75%
10- Agrotóxicos 6.849.25 3.07 19.43%
11- Despesas administrativas 738.27 0.33 2.09%
12- Outros itens 440.00 0.20 1.25%
TOTAL DAS DESPESAS DE CUSTEIO
25.347.22 11.37 71.92%
DA LAVOURA (A)
II- DESPESAS PÓS-COLHEITA
1- Seguro agrícola 506.94 0.23 1.44%
2- Assistência técnica 506.94 0.23 1.44%
3- Transporte externo 727.27 0.33 2.06%
4- Armazenagem 0.00 0.00 0.00%
5- CESSR 920.00 0.41 2.61%
6- Impostos 0.00 0.00 0.00%
7- Taxas 0.00 0.00 0.00%
8- Outros 0.00 0.00 0.00%
Total das Despesas Pós-Colheita (B) 2.661.15 1.20 7.55%

165
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

III- DESPESAS FINANCEIRAS


1- Juros 210.92 0.09 0.60%
Total das Despesas Financeiras (C) 210.92 0.09 0.60%
CUSTO VARIÁVEL (A+B+C = D) 28.219.29 12.66 80.06%
IV- DEPRECIAÇÕES
1- Depreciação de benfeitorias/
263.26 0.12 0.75%
instalações
2- Depreciação de implementos 783.56 0.35 2.22%
3- Depreciação de máquinas 328.32 0.15 0.93%
4- Depreciação de animais 4.431.78 1.99 12.57%
Total de Depreciações (E) 5.806.92 2.61 16.48%
V- OUTROS CUSTOS FIXOS
1- Manutenção periódica de benfeitorias/
1.116.67 0.50 3.17%
instalações
2- Encargos sociais 15.48 0.01 0.04%
3- Seguro do capital fixo 87.35 0.04 0.25%
Total de Outros Custos Fixos (F) 1.219.50 0.55 3.46%
Custo Fixo (E+F = G) 7.026.42 3.16 19.94%
CUSTO OPERACIONAL (D+G = H) 35.245.70 15.82 100.00%

GESTÃO DA PROPRIEDADE
13.699.57 6.15 100.00%
FAMILIAR
1- Serviços de gerenciamento da
46.86 0.02 0.34%
propriedade
2- Despesas administrativas 738.27 0.33 5.39%
3- Mão de obra familiar 12.914.44 5.80 94.27%
4- Operação com animais próprios 0.00 0.00 0.00%
FONTE: CONAB (s.d., s.p.)

A macieira é uma cultura de grande importância para o Brasil. A cultura é


exemplo de sucesso na fruticultura brasileira, pois o Brasil passou de importador
para exportador da fruta (BRUCKNER; WAGNER JR., 2007). As pesquisas para
desenvolver variedades adaptadas ao clima tropical aliado ao interesse do
produtor contribuíram para superar produtores tradicionais da fruta.

166
TÓPICO 2 | A CULTURA DA MACIEIRA (Malus spp.)

DICAS

Leia os materiais indicados, eles contribuirão com seu aprendizado.


MELLO, L. M. R. Produção e mercado da maçã brasileira – Panorama 2005. Circular Técnica,
Bento Gonçalves - RS. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/
doc/541865/1/cir064.pdf>. Acesso em: 13 fev. 2018.
FIORAVANÇO, J. C.; LAZZAROTTO, J. J. A cultura da macieira no Brasil: reflexões sobre
produção, mercado e fatores determinantes da competitividade futura. Informações
Econômicas, SP, v. 42, n. 4, 2012. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/
publicacoes/ie/2012/tec4-4-12.pdf>. Acesso em: 13 fev. 2018.
Manual de Segurança e Qualidade para a Cultura da Maçã. Brasília: EMBRAPA/SEDE, 2004.
81p. (Qualidade e Segurança dos Alimentos). Projeto PAS Campo. Convênio CNI/SENAI/
SEBRAE/EMBRAPA.

167
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• A macieira (Malus domestica) é uma fruta de grande aceitação pelos


consumidores, devido às suas características de cor, aroma e sabor. Além disso,
seu alto valor nutricional, sendo rica em carboidratos, vitaminas, sais minerais
e compostos fenólicos, auxilia na prevenção e tratamento de diversas doenças.

• A macieira necessita de polinização cruzada para produção de frutos. As


principais cultivares plantadas no Brasil são: Eva, Granny Smith, Golden
Delicious, Anna, Condessa, Catarina, Julieta, Baronesa, Rainha e Brasil.

• O que caracteriza as cultivares são a exigência de frio de cada cultivar, que


pode ser de 200 a 2000 horas de frio.

• A macieira é conduzida no formato de líder central, em que as plantas têm


formato de pirâmide, e no centro se encontra apenas uma pernada vertical, são
selecionados os ramos horizontais no primeiro andar e os andares subsequentes
se localizam 40 a 60 cm acima.

• As podas têm o objetivo de interferir na condução da planta, pois a macieira


cresce com ramificações e muitas folhas, o que impede a penetração da luz e a
aeração no interior da copa.

• A macieira forma ramos especializados, que são conhecidos como esporões,


dardos, lamburdas, bolsas, brindilas, brindilas coroadas, chifonas e ramalhetes.

• A poda de formação visa à condução da planta a uma arquitetura desejada:


proporcionar adequada inserção e distribuição dos ramos, otimizar o manejo e
reparar danos e deformações.

• A poda de frutificação, ou poda seca ou poda de inverno, tem o objetivo de


renovar os ramos frutíferos, assim, procede-se ao raleio, escolha e encurtamento
dos ramos.

• A poda verde, ou poda de verão, busca reduzir os galhos nas plantas muito
vigorosas, melhorando assim a entrada de luz no interior das plantações, e
delimitar o espaço ocupado por cada uma delas. Além disso, tem a finalidade
de balancear o crescimento vegetativo da planta e estimular a formação de
novos ramos.

• A propagação da macieira ocorre por meio da propagação vegetativa do porta-


enxerto e enxertia da cultivar copa.

168
• O porta-enxerto deve ter como características o desempenho agronômico,
produtivo da cultivar copa, ter resistência genética à enfermidade do solo,
como pulgão lanígero, podridão do colo, podridão roselínea e à Phytophora.

• Os principais porta-enxertos utilizados são o ‘M-7’ e o ‘Marubakaido’ e o


interenxerto é o ‘M-9’.

• O ‘M-7’ é um porta-enxerto semianão, e pode produzir até 50 perfilhos/m2. Tem


a desvantagem de ser altamente suscetível ao pulgão lanígero, tem moderada
resistência à podridão do colo e tem alta porcentagem de rebrotamento do colo.

• A combinação do porta-enxerto ‘Maruba’/filtro ‘M-9’ resulta na resistência à


podridão do colo, ao pulgão lanígero e o alto vigor do sistema vascular do
‘Maruba’ e a resistência à podridão do colo e o nanismo do ‘M-9’.

• Algumas medidas são importantes para o controle de pragas na cultura da


macieira, como a utilização de métodos de controle, uso de feromônios, retirada
de hospedeiros alternativos, destruição de material vegetal, raleio dos frutos,
adubação equilibrada e podas, além do controle biológico e controle químico.

• As principais doenças da macieira são a sarna da macieira, oídio e ferrugem.

• O controle das plantas daninhas pode ser feito por meio de capinas manuais,
roçadeiras mecânicas ou manuais, além de aplicações de herbicidas.

• A macieira tem um ciclo que varia de acordo com as horas de frio para a quebra
da dormência, e depende da variedade, luminosidade, temperatura e altitude.

• A temperatura ideal para o desenvolvimento das cultivares comerciais é


de 25 °C no verão, mas no período vegetativo, no inverno, a planta tolera
temperaturas de 15 a 20 °C.

• A macieira é uma fruteira de clima temperado, portanto, alterna um período


de crescimento vegetativo com um período de repouso durante o ano.

• A dormência caracteriza-se como o período de repouso, em que o


desenvolvimento é desacelerado e ocorre uma remobilização dos nutrientes e
as folhas caem.

• No período vegetativo a planta se desenvolve e produz frutos.

• A colheita dos frutos é feita de forma manual e os colhedores devem ter muito
cuidado para que não ocorram danos aos frutos.

• Na pós-colheita os frutos são selecionados e armazenados.

• O custo de produção está relacionado aos preços dos insumos, custo com mão
de obra, irrigação, nível tecnológico e produtividade.
169
AUTOATIVIDADE

1 Com base nas afirmativas abaixo, assinale a alternativa correta:

I- As principais cultivares de maçã cultivadas no Brasil são Gala e Fuji e as


cultivares Eva, Granny Smith, Golden Delicious, Anna, Condessa, Catarina e
Brasil são plantadas, dependendo da demanda de frio.
II- O principal sistema de condução da macieira é o do tipo líder central, em
que as plantas são conduzidas de forma piramidal, em que o centro se encontra
a apenas uma pernada vertical.
III- A poda de formação visa à renovação dos ramos frutíferos, assim, é
realizada no inverno, no período de dormência das plantas. Procede-se ao
raleio e encurtamento dos ramos.
IV- A poda da macieira tem o objetivo de reduzir o número de folhas e
ramificações, o que contribui para a penetração de ar e luz no interior da copa.v
V- Os principais porta-enxertos utilizados na cultura da macieira são “M-7’,
‘Maruba’ e ‘M-9’.

Com base nas afirmativas acima é válido dizer que:


a) ( ) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) ( ) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) ( ) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
d) ( ) Somente as afirmativas II e V são corretas.

170
UNIDADE 3
TÓPICO 3

CULTURA DO CITROS (Citrus spp.)

1 INTRODUÇÃO
A cultura do citros possui uma enorme importância no mercado
agropecuário brasileiro, seus números de produção, consumo e exportação são
bastante expressivos e devido à enorme cadeia envolvida para que esta atividade
funcione e continue crescendo, são realizadas inúmeras pesquisas para, a cada dia,
adaptar as técnicas de produção com a finalidade de aumento na rentabilidade
da atividade.

A citricultura é fundamentada pelo cultivo de várias espécies do gênero


Citrus, Fortunella e Poncirus, as principais espécies cultivadas são as laranjas,
limões, limas ácidas e doces, tangerinas, toranjas e laranjas azedas. As plantas
possuem porte médio, por volta de quatro metros, e têm origem nas áreas
tropicais da Ásia, sua disseminação pela Europa aconteceu na época das Cruzadas
e chegaram ao Brasil por meio dos portugueses (MATOS JR. et al., 2005).

A maioria das espécies de citros de interesse econômico produzidas no


Brasil são pertencentes à família Rutaceae e cada uma possui suas particularidades.
São originárias de diferentes países, como pode ser observado no quadro a seguir.

QUADRO 16 – ESPÉCIES DE CITROS PRODUZIDAS NO BRASIL

Nome popular Nome científico País de origem


Ásia (Indochina, Sul da
Laranja Citrus sinensis L. Osbeck
China)
Lima Citrus limettioides Tanaka Nordeste da Índia

Lima ácida ou limão Citrus aurantifolia Swingle Índia

Limão Citrus limon L. Burmann f. Golfo de Oman ou Itália

Barbados (Índias
Pomelo Citrus paradisi Macfadyen
Ocidentais)
Ásia (Indochina e Sul da
Tangerina Citrus reticulata Blanco
China)
FONTE: EMBRAPA (1994)

171
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

O consumo dos frutos advindos da citricultura ocorre na forma in natura


ou na forma de bebidas processadas. O Brasil é considerado um gigante dentro
do mercado produtor, pois fornece cerca de 34% das laranjas consumidas no
mundo e mais da metade do suco concentrado, conceituando assim o país como
um grande exportador tanto do fruto quanto do suco concentrado (NEVES;
TROMBIN, 2017).

2 CULTIVARES
Segundo Matos Jr. et al. (2005), as variedades copas diferem quanto ao
tempo de maturação dos frutos após o florescimento e esse período pode variar de
seis a 16 meses. Assim, as variedades podem ser classificadas em precoces, meia-
estação e tardias. O mesmo autor também exemplifica e caracteriza as principais
variedades de acordo com o Quadro 18.

A produção de frutos cítricos pode ocorrer durante todo o ano, desde


que se realize o plantio simultâneo de cultivares que possuem diferentes épocas
de maturação dos frutos. A escolha de cultivares depende da época de colheita,
da adaptação da cultivar às condições climáticas da região, do uso da fruta, se
para suco ou consumo in natura, ou das exigências do mercado (SIQUEIRA;
SALOMÃO; JESUS JR., 2007).

QUADRO 17 – CULTIVARES DE CITROS, DESTINO PRINCIPAL DOS FRUTOS E ÉPOCAS DE


COLHEITA

Cultivar Destino dos frutos Época de colheita


Laranjas
Lima, Piralima, Serra d’água, Mesa Março-junho
Campista
Hamlin Indústria e mesa Abril-junho
Bahia, baianinha Mesa Abril-junho
Westin, Rubi Indústria e mesa Maio-julho
Lima-tardia Mesa Agosto-setembro
Pera Indústria e mesa Agosto-setembro
Natal, Valência Indústria e mesa Agosto-setembro
Folha-murcha Indústria e mesa

Tangerinas
Cravo Mesa Março-junho
Rio Mesa Abril-junho

172
TÓPICO 3 | CULTURA DO CITROS (Citrus spp.)

Poncã Mesa Maio-julho


Murcote Indústria e mesa Julho-agosto

Limas ácidas e limões


Galego Mesa Dezembro-abril
Tahiti Indústria e mesa Janeiro-abril
Siciliano Indústria e mesa Dezembro-janeiro
FONTE: Adaptado de Siqueira, Salomão e Jesus Jr. (2007)

QUADRO 18 – MATURAÇÃO DOS FRUTOS DE CITROS DE ACORDO COM AS VARIEDADES

Variedade Tempo de maturação Características da variedade

Laranjas
Possui umbigo no fruto
Frutos sem sementes
Laranja Bahia e Casca amarela
Precoce
Baianinha Polpa suculenta
Sabor ácido e adocicado
Alto teor de vitamina C
Casca fina amarela esverdeada
Laranja Lima e
Precoce Sem acidez
Piralima
Sabor doce e suculento
Fruto pequeno de casca fina e cor
amarelada
Precoce à meia-
Laranja Hamlin Baixo teor de suco, poucos açúcares e
estação
ligeiramente ácido
Alta produtividade
Frutos esféricos
Casca pouco espessa
Westin e Rubi Meia-estação
Cor laranja intensa
Suco saboroso
Fruto mais alongado
Casca lisa, fina e amarela
Laranja Pera Meia-estação
Polpa suculenta
Sabor adocicado e levemente ácido
Frutos ovalados
Laranjas Valência,
Casca ligeiramente grossa
Natal e Folha Tardias
Suco de coloração amarelo forte e
Murcha
adocicado
Tangerinas e Mexericas

173
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

Frutos saborosos, aromáticos


Tangerina Cravo Precoce Casca de coloração alaranjado intensa,
tamanho médio
Frutos medianos
Muito aromáticos
Mexerica-do-Rio Precoce Casca fina e lisa
Fáceis de descascar e paladar bastante
agradável
Frutos grandes e fáceis de descascar
Tangerina Ponkan Meia-estação Gomos se separam facilmente
Paladar bastante agradável
Limas ácidas e Limões
Ano todo Conhecido como limão
Lima ácida Tahiti Fruto ligeiramente ovalado
Casca verde intenso
Não apresenta sementes
Ano todo Frutos pequenos e arredondados
Lima ácida Galego
Casca fina e levemente amarela
Possui muitas sementes
Fruto ovalado e grande
Limão Siciliano Casca grossa e amarela, muito
aromático e de acidez agradável
FONTE: Adaptado de Siqueira, Salomão e Jesus Jr. (2007)

Além das variedades copa é comum, no cultivo de citros, o emprego


de mudas enxertadas sobre porta-enxertos que possuem resistência à seca,
estabilidade a diferentes solos, resistência a pragas e doenças, assim, o estudo da
compatibilidade entre variedades copa e porta-enxertos definiu combinações que
levam a uma melhor produção dos frutos.

2.1 PORTA-ENXERTOS
A escolha correta do porta-enxerto é de extrema importância para o sucesso
da citricultura, pois a combinação do porta-enxerto com a copa é a condição para
que uma série de características da planta, como resistência à praga, doenças e à
seca, adaptação a solos arenosos ou argilosos, além do porte da planta, qualidade
dos frutos e produtividade.

O porta-enxerto mais utilizado no Brasil é o limoeiro ‘Cravo’, conhecido


como limão ‘Rosa’, ‘Capeta’ ou ‘Limpa Tacho’. As principais características desse
porta-enxerto são: a precocidade, rusticidade, vigor e tolerância à tristeza (causada
pelo vírus da tristeza dos citros) e à seca. No entanto, devido à suscetibilidade
à morte súbita dos citros, seu uso tem sido evitado. Os porta-enxertos mais

174
TÓPICO 3 | CULTURA DO CITROS (Citrus spp.)

utilizados na citricultura são Limoeiro Cravo, Citrumelo Swingle, Tangerina


Cleópatra, Limoeiro Rugoso da Flórida FM e Tangerinas Sunki, Swatow e Oneco
(SOBRINHO; PASSOS; SOARES FILHO, 2005). A alternativa tem sido a utilização
de tangerinas ‘Cleopatra’ e ‘Sunki’, o ‘Trifoliata’ (Pocirus trifoliata) e o citrumeleiro
‘Swingle’ (quadro a seguir). Todavia, esses porta-enxertos não são tolerantes à
seca, necessitando assim de irrigação.

É de extrema importância evitar a monocitricultura nas áreas produtores,


ou seja, é indicado o uso de mais de uma variedade copa, assim como o porta-
enxerto para que se evite riscos de transmissão de doenças dentro da área
(SOBRINHO; PASSOS; SOARES FILHO, 2005).

QUADRO 19 – PRINCIPAIS PORTA-ENXERTOS DE CITROS E SUAS CARACTERÍSTICAS

Porta-enxerto
Características Limão- Limão Tangerina Tangerina Citrumelo
Trifoliata
cravo Volkameriano Sunki Cleópatra Swingle

Vigor no
Alto Alto Médio Médio Baixo Médio
viveiro

Resistência à
Média Média Baixa Média Alta Alta
gomose

Resistência à
Alta Alta Média Média Baixa Baixa
seca

Início de
Precoce Precoce Médio Médio Precoce Médio
produção

Produção Boa Boa Boa Boa Boa Boa

Qualidade dos
Média Média Boa Boa Ótima Boa
frutos

Tamanho das
Médio Médio Grande Grande Pequeno Grande
plantas

Declínio Suscetível Suscetível Tolerante Tolerante Suscetível Tolerante

Morte-súbita Suscetível Suscetível Tolerante Tolerante Suscetível Tolerante

FONTE: Adaptado de Siqueira, Salomão e Jesus Jr. (2007)

3 SISTEMA DE CULTIVO E IMPLANTAÇÃO DE CULTURA


O Brasil possui grandes áreas produtoras de citros com nível tecnológico
avançado e estratégias de preparo e manutenção das áreas bem estruturadas.

Para a implantação do pomar de citros é importante que alguns critérios


sejam observados para que se possa obter êxito na atividade. A pesquisa de mercado
para o qual se destinará a produção, escolha da área, variedades, nível tecnológico
e histórico de patógenos na região devem ser detalhadamente estudados, além das
condições edafoclimáticas da região, a produção de mudas e o manejo das podas.
175
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

3.1 MERCADOS
É importante observar o destino da produção, se este será para o mercado
local, regional ou o mercado externo, pois a forma de apresentação do produto
também deve ser pensada. Dentro do estudo de mercado é importante decidir
qual variedade será utilizada, onde serão adquiridas e produzidas as mudas e
se o produto tem boa aceitação dentro do mercado de interesse (SOBRINHO;
PASSOS; SOARES FILHO, 2005).

3.2 A ESCOLHA DA ÁREA


Para o bom desenvolvimento das plantas se faz necessário que os solos
possuam textura média, de boa drenagem e pelo menos 1,2 m de profundidade,
para que não ocorram prejuízos ao desenvolvimento das raízes e posteriormente
à sustentação das plantas. Solos argilosos com declividade superior a 15% e
arenosos com declividade acima de 18% devem ser evitados por apresentarem
riscos de erosão, solos sujeitos ao encharcamento também não são recomendados,
pois as raízes de citros não toleram encharcamento, mesmo que por pouco tempo
(SOUZA; SOUZA; CARVALHO, 2005).

3.3 PREPARO DA ÁREA


Souza, Souza e Carvalho (2005) indicam que a manutenção da estrutura e
conservação dos solos deve ser feita com o mínimo de atividades possíveis, tendo
em vista apenas aquelas que são necessárias, para que se possa causar o mínimo
de danos à área. Segundo os mesmos autores, as seguintes atividades devem ser
feitas no preparo da área para o cultivo de citros:

• Análise de solo nas profundidades de 0-20 cm e de 20-40 cm.


• Roçagem e aplicação de calcário antes do período chuvoso.
• Aração profunda.
• Subsolagem e escarificação quando os solos mostrarem sinais de compactação.
• Preparo das covas.
• Adubação de plantio.

3.4 ESPAÇAMENTO E PLANTIO


Antes do plantio, caso seja necessário, deve-se realizar as operações de
desmatamento, destoca, limpeza do terreno e início do controle de formigas
cortadeiras, como saúvas e quenquéns. A aração e as gradagens são realizadas
posteriormente. Recomenda-se a construção de terraços e plantio em nível em
terrenos com declividade superior a 5%. A análise de solo deve ser realizada
para verificar a acidez do solo e proceder à correção. Recomenda-se utilizar
calcário dolomítico, que deve ser distribuído a lanço no terreno, sendo metade
antes da aração e metade antes da gradagem. O cultivo de plantas anuais, como

176
TÓPICO 3 | CULTURA DO CITROS (Citrus spp.)

leguminosas, por pelo menos dois anos antes do plantio dos citros, melhora as
características químicas, físicas e biológicas do solo (SIQUEIRA; SALOMÃO;
JESUS JR., 2007).

A escolha da época de plantio depende de vários fatores, dentre eles as


condições climáticas, a possibilidade de irrigação e a disponibilidade de mudas. O
plantio deve ser realizado no início das chuvas, preferencialmente em dias de pouco
sol. Se houver a possibilidade de irrigação, o plantio pode ser programado com
mais antecedência. As mudas podem ser de haste única ou de formação completa,
já possuindo as pernadas, se a escolhida for a do primeiro tipo, deve ser conduzida
a formação desejada. No momento do plantio deve-se colocar 200 g de superfosfato
simples e 1 kg de calcário, caso haja indicação pela análise de solo. A muda deve
ficar a 5 cm do solo e recomenda-se que seja feita uma bacia em torno dela, onde são
depositados 20 L de água e cobertura vegetal (MATOS JR. et al., 2005).

O espaçamento para os citros deve ser baseado com as cultivares que


serão utilizadas, a fertilidade do solo, o clima, a mecanização, o porta-enxerto
e o uso de irrigação. O adensamento tem sido recomendado, principalmente na
linha de plantio. Este deve ser planejado, para deixar espaço para o tráfego de
máquinas e veículos, pois pode dificultar ou impedir a mecanização. Caso seja
feito o adensamento, deve-se realizar podas laterais e de topo para reduzir a
dimensão da planta. Os espaçamentos recomendados para laranjeiras são 7 x 3 m
ou 7,5 x 4 m; para tangerinas, o espaçamento recomendado é de 6,5 x 3 m ou 7 x
3 m; para lima-ácida ‘Tahiti’ é 8 x 4 m ou 7 x 3,5 m; e para limões verdadeiros 8,5
x 4 m ou 7,5 x 4 m (SIQUEIRA; SALOMÃO; JESUS JR., 2007).

A abertura das covas pode ser manual ou mecanizada. Caso a abertura seja
manual, deve-se separar a terra da camada superficial da terra do fundo da cova,
pois esta é mais rica em nutrientes e será utilizada para preencher novamente a
cova, juntamente com adubos, esterco e calcário. As dimensões das covas variam
de acordo com as características do solo e podem ser entre 30 e 60 cm (SIQUEIRA;
SALOMÃO; JESUS JR., 2007).

Caso o produtor tenha trato mecânico acoplado ao trator, pode ser


utilizado para a abertura mecanizada das covas. O sulcador também pode ser
utilizado para abertura de covas com 50 cm de profundidade.

3.5 EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS


As regiões mais apropriadas para o cultivo de citros no Brasil são o Sudeste e
o Sul, pois o clima favorece o desenvolvimento das plantas, a produção e a qualidade
dos frutos. Os citros podem ser plantados em vários tipos de solos, com diferentes
características químicas e físicas, assim, adaptam-se bem a solos com textura arenosa a
argilosa, mas as plantas se adaptam melhor a solos de textura média, solos profundos,
bem drenados e aerados (SIQUEIRA; SALOMÃO; JESUS JR., 2007).

177
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

A precipitação anual de 900 a 1.500 mm é suficiente para o cultivo dos


citros. No entanto, a irrigação, mesmo em locais com precipitação pluvial nessa
faixa, propicia maior produtividade e qualidade de frutos, reduz perdas por
veranicos em épocas críticas para o desenvolvimento da planta, no florescimento
e frutificação, antecipa o florescimento e reduz o ciclo florescimento-colheita.
A antecipação do florescimento é recomendável, pois evita que a planta fique
exposta a doenças fúngicas, que ocorrem no período das chuvas (SIQUEIRA;
SALOMÃO; JESUS JR., 2007).

A faixa ótima para crescimento dos citros é de 23 a 32 °C. O crescimento


vegetativo das plantas ocorre de 13 a 40 °C. A coloração alaranjada da casca
de laranjas e tangerinas é intensificada por baixas temperaturas na época do
amadurecimento. Recomenda-se o cultivo de laranjas e tangerinas, para consumo
in natura, em regiões com temperaturas no inverno inferiores a 13 °C, o que
garante um produto de qualidade no mercado. Regiões tropicais são semiáridas
para serem recomendadas para o plantio da lima-ácida ‘Tahiti’, caso o produtor
tenha condições de ter irrigação, pode produzir no período de entressafra
(SIQUEIRA; SALOMÃO; JESUS JR., 2007).

3.6 PRODUÇÃO DE MUDAS


A qualidade das mudas é um dos fatores mais importantes para a obtenção
de pomares produtivos e com qualidade. As mudas devem ser adquiridas de
viveiristas responsáveis, credenciados em órgãos oficiais e com bom conhecimento
técnico da cultura (SIQUEIRA; SALOMÃO; JESUS JR., 2007).

3.6.1 Tipos de mudas


A qualidade das mudas é um dos fatores mais importantes para a obtenção
de pomares produtivos e com qualidade (SIQUEIRA; SALOMÃO; JESUS JR., 2007).

Atualmente, no Brasil, as mudas de frutas cítricas são produzidas por dois


sistemas: a produção certificada em ambiente protegido e a produção tradicional
a céu aberto.

No sistema de mudas a céu aberto, as mudas podem ser produzidas


diretamente no solo ou em recipientes. Caso sejam produzidas no solo, não há
necessidade de preparar e manipular substratos. Alguns tratos culturais podem
ser mecanizados, com redução da mão de obra, e permitem a produção de mudas
mais rústicas e mais baratas que as mudas produzidas em ambiente protegido.
No entanto, as plantas estão sujeitas ao ataque de pragas e doenças, as áreas para
produção devem ser maiores, e não têm garantias de sanidade do material vegetal.

No sistema de produção de mudas em ambiente protegido é possível


obter plantas sadias, não requer preparo do solo, a remoção das mudas do solo
e a remoção de embalagens de mudas. As mudas provenientes de ambiente

178
TÓPICO 3 | CULTURA DO CITROS (Citrus spp.)

protegido têm outras vantagens, como: o ciclo de produção é mais curto, devido
ao melhor controle dos tratos culturais e substrato, além disso, as mudas podem
ir para o campo antes da formação dos ramos primários, as pernadas (SIQUEIRA;
SALOMÃO, 2017).

A Instrução Normativa (IN) n° 48, do Ministério da Agricultura, Pecuária


e Abastecimento, de 24 de setembro de 2013, estabeleceu Normas de Produção e
Comercialização de Material de Propagação de Citros – Citrus spp, Fortunella spp
e seus híbridos. Além disso, estabeleceu padrões de identidade e de qualidade,
com validade em todo o território nacional. De acordo com o documento, a partir
de quatro anos após a publicação da IN, as mudas deverão ser produzidas em
duas categorias: Muda Certificada e Muda. Além disso, a muda de citros só
poderá ser produzida em substrato que não contenha solo.

As mudas certificadas, planta básica, planta matriz, borbulheira e


muda devem ser acondicionadas em ambiente protegido, com as seguintes
características: revestido por tela de malha nas dimensões mínimas de 87
centésimos de milímetro por 30 centésimos de milímetro, tanto na cobertura
quanto nas laterais, possuir antecâmara na entrada, com dimensão mínima de 4
m2, contendo pedilúvio interno e dispositivo para lavagem das mãos com sabão
ou detergente.

3.6.2 Plantas matrizes


As plantas de citros candidatas a plantas básicas ou candidatas a plantas
matrizes devem ser avaliadas no campo para teste e as características agronômicas
que são de interesse do produtor e dos consumidores (produção, qualidade dos
frutos, época de produção, porte da planta, adaptação ambiental, resistência a
pragas, entre outros atributos).

Após a avaliação, as mudas devem ser multiplicadas e testadas para


verificar a presença de patógenos sistêmicos em seus tecidos, por meio da
indexação. Caso detecte patógenos, as plantas passam por um processo de
limpeza, usando técnicas como termoterapia ou microenxertia e são mantidas em
ambientes isentos de insetos. Após a avaliação agronômica, indexação e limpeza,
caso as plantas apresentem presença de viroses, são chamadas de “plantas
básicas” (SIQUEIRA; SALOMÃO, 2017).

A partir das borbulhas das plantas básicas selecionadas formam-se blocos


de plantas. Esses blocos devem ser mantidos em áreas com o mínimo risco
fitossanitário, isolados de pomares comerciais. As plantas matrizes são aquelas
em que se planta três ou mais mudas de cada cultivar diretamente no solo ou
em recipientes, usando espaçamento normal indicado para a cultivar. As plantas
matrizes fornecem borbulhas para as borbulheiras, que têm o objetivo de ampliar
o número de borbulhas produzidas pelas matrizes. Esse procedimento é realizado
para manter poucas plantas matrizes no telado e assim reduzir os custos. A

179
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

quantidade de plantas matrizes não é suficiente para produzir borbulhas para


todos os viveiristas. Dessa forma, as borbulheiras têm a finalidade de multiplicar a
quantidade de borbulhas e distribuir aos viveiristas, que vão utilizar as borbulhas
na produção comercial de mudas de citros (SIQUEIRA; SALOMÃO, 2017).

4 MANEJO CULTURAL
O manejo cultural é considerado práticas importantes após a implantação
do pomar. Estas práticas são recomendadas para evitar a instalação de doenças,
pragas, plantas daninhas e outros agentes bióticos e abióticos que possam
prejudicar o pomar de citros.

4.1 MANEJO DA PODA NOS CITROS


Na citricultura, o enfolhamento das plantas contribui para a alta
produtividade, no entanto, o excesso pode prejudicar a qualidade dos frutos e
também a produtividade. A poda contribui para aumentar a interceptação da luz
do Sol e a produção das plantas. Os tipos de podas utilizados na cultura dos citros
são as podas de formação e condução, a poda de limpeza, a poda de redução de
copa e a poda de rejuvenescimento (SIQUEIRA; SALOMÃO, 2017).

4.2 PODA DE FORMAÇÃO E CONDUÇÃO


A poda de formação favorece o crescimento das plantas e permite
que a produção inicie mais cedo e a produtividade seja maior. A definição da
arquitetura de sustentação da planta inicia-se na fase de mudas, com três a cinco
ramos maduros ou se for em haste única, dessa forma, deve-se selecionar os ramos
mais vigorosos para evitar tombamento e quebra. Esses ramos devem ser bem
conduzidos para garantir máximo aproveitamento da radiação solar incidente,
suportar toda a parte aérea, incluindo os frutos e os ventos fortes (SIQUEIRA;
SALOMÃO, 2017).

4.3 PODA DE LIMPEZA


Esta poda visa melhorar a qualidade dos frutos, minimizar a alternância
de produção, controlar o crescimento vegetativo, estimular a formação de novos
ramos frutíferos, além de aumentar a luminosidade e o arejamento no interior da
copa. A poda de limpeza consiste em remover os ramos secos, doentes, quebrados,
danificados por pragas ou mal situados na copa. Os ramos excessivamente
vigorosos ou improdutivos e as brotações que surgem no porta-enxerto também
devem ser removidos. Os ramos mal situados e improdutivos também devem ser
retirados, pois contribuem para o enfraquecimento da planta, podendo reduzir
a produção, seja por serem drenos doentes, devido ao vigor, ou por sombrear os
ramos com potencial produtivo.

180
TÓPICO 3 | CULTURA DO CITROS (Citrus spp.)

Algumas plantas têm a copa muito fechada e ocorre pouca entrada de luz
solar, e assim a produção ocorre somente nos ramos externos. Essa situação, além
de reduzir a produção das plantas, cria condições para o desenvolvimento de
doenças e pragas. Recomenda-se que a poda de limpeza seja realizada no inverno,
no entanto, pode ser feita em qualquer época do ano, caso as plantas tenham ramos
muito danificados por doenças e pragas (SIQUEIRA; SALOMÃO, 2017).

4.4 PODA DE REDUÇÃO DE COPA


Esta poda tem como objetivo reduzir a altura e o diâmetro da copa,
adequando-a ao espaçamento disponível. A poda de topo visa reduzir a altura
das plantas e consiste em remover os ramos localizados na parte superior das
árvores. Na poda lateral reduz-se o diâmetro das plantas nas entrelinhas, de modo
a prevenir ou reduzir a sobreposição das copas e assim maximizar a radiação solar.
As plantas com porte mais baixo reduzem os custos de produção e também facilitam
a operação de colheita, a retirada dos frutos do pomar e, além disso, diminuem os
custos com o manejo fitossanitário, pois desse modo se reduz as pulverizações.

4.5 PODA DE REJUVENESCIMENTO


A poda de rejuvenescimento visa recuperar plantas velhas, com baixa
produção ou que foram atacadas por pragas ou doenças ou danificadas por ventos.
Quando a planta é podada, emite novos ramos produtivos. O rejuvenescimento
tem a vantagem de ter custos menores e menor intervalo de tempo de produção
em relação à implantação de novos pomares. No entanto, deve-se avaliar as
condições fitossanitárias das plantas a serem podadas, pois a planta deve ter
condições de recuperação.

4.6 MANEJO DE DOENÇAS DOS CITROS


A citricultura demanda inúmeros cuidados com o manejo de doenças,
pois as plantas são afetadas por moléstias causadas por fungos, bactérias, vírus
e por agentes ainda não identificados. Azevedo (2003) conceitua e caracteriza
as principais doenças, seus causadores e meios de controle, demonstrados no
quadro a seguir.

181
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

QUADRO 20 – CARACTERIZAÇÃO DAS PRINCIPAIS DOENÇAS DOS CITROS, AGENTE


CAUSADOR E PRINCIPAIS SINTOMAS

Doença Agente causador Principais sintomas


Causadas por fungos
Rhizoctonia solani,
Pythium aphanidermatum, Apodrecimento das sementes; plantas com
Estiolamento
Phytophthora citrophthora, apodrecimento do colo tombam.
P. nicotianae var. parasitica ou
Fusarium spp
Lesões deprimidas escuras nas mudas
Gomose P. parasitica e P. citrophthora. Exsudação de goma
Escurecimento dos tecidos
Lesões nas forquilhas dos ramos principais
Folhas da copa com aspecto amarelado
Rubelose Corticium salmonicolor
Fendilhamentos e descamações após morte
da casca e dos ramos.
Mancha marrom ou mancha dura, centro
Pinta preta
Guignardia citricarpa deprimido contendo pequenas pontuações
pretas
Causadas por bactérias
Cancro cítrico Lesões nas folhas, frutos e ramos e posterior
Xhantomonas axonopodis pv. citri 
queda destes
Clorose
Frutos pequenos, duros, com acidez excessiva
variegada dos Xilella fastidiosa
e pouco suco
citros - CVC
Causadas por vírus, viroides e causas desconhecidas
Vírus localizado, transmitido
Manchas arredondadas, centro marrom ou
Leprose pelo ácaro vermelho (Brevipalpus
com presença de necrose
phoenicis)
Vírus transmitido por pulgão Nanismo
Tristeza
(Toxoptera citricidus) Hipertrofia foliar
Sorose Descascamento das áreas próximas à
Complexo de vírus
forquilha
Exocorte Descascamento dos tecidos superficiais
Viroides
seguidos de um acentuado nanismo
Declínio Definhamento acentuado com paralisação
Desconhecido
do crescimento; murchamento das folhas.

As medidas de controle na cultura dos citros se baseiam no manejo


integrado de doenças onde são utilizados métodos mecânicos, químicos, físicos,
legislativos e métodos preventivos.

182
TÓPICO 3 | CULTURA DO CITROS (Citrus spp.)

4.7 MANEJO DE PLANTAS DANINHAS DOS CITROS


No manejo de plantas daninhas na citricultura recomenda-se as capinas
manuais ou aplicação de herbicidas, com orientação técnica. O controle de
plantas daninhas deve ser feito na linha de plantio, em faixas contínuas ou em
coroa, na largura da projeção da copa das plantas. Nas entrelinhas, recomenda-
se a utilização de roçadeira para controlar a altura das plantas (SIQUEIRA;
SALOMÃO; JESUS JR., 2007).

4.8 MANEJO DE PRAGAS DOS CITROS


As pragas dos citros podem ser subdivididas em dois grupos, as pragas
principais e as secundárias. As principais são aquelas encontradas todos os
anos em plantios comerciais e que podem causar grandes prejuízos. Nessa
classe encontra-se o ácaro da ferrugem, larva minadora e as cochonilhas branca,
farinhenta e de escamas. As pragas secundárias são aquelas que podem atacar
as plantas em situações oportunas, pode-se citar as moscas-da-fruta, moscas
brancas, pulgão preto e outras cochonilhas. As formas de controle são baseadas
no número de insetos e inimigos naturais dentro da área, dessa forma, quando o
nível crítico é alcançado são tomadas as decisões de controle (AZEVEDO, 2003).

5 COLHEITA E PÓS-COLHEITA
Para os citros não existe a fase de amadurecimento dos frutos após a
colheita. O controle do amadurecimento dos frutos deve ser feito baseado na
acidez, ou seja, na porcentagem de ácido cítrico anidro, na porcentagem de suco,
nos sólidos solúveis totais (brix) e no índice de maturação, que é a relação dos
sólidos solúveis totais e a acidez (SIQUEIRA; SALOMÃO; JESUS JR., 2007).

No caso da laranja para consumo in natura, a recomendação é que os teores


mínimos de suco sejam de 35 a 45%, brix entre 9 e 10% e índice de maturação de
no mínimo 10. No caso de cultivares de laranjas que apresentam baixa acidez, no
da ‘Lima’, ‘Piralima’, ‘Serra d’água e ‘Lima Verde’ o ponto de colheita baseia-se
nos teores de suco. As tangerinas devem ter teores mínimos de suco entre 35 e
40%, brix entre 9 e 10,5% e índice de maturação acima de 8,5 até 10. Os teores
mínimos de suco da lima ácida Tahiti devem ser de 40%, enquanto o brix deve
ser de 6,5% e a casca deve ser verde e superfície sem rugosidade (SIQUEIRA;
SALOMÃO; JESUS JR., 2007).

A colheita dos citros é feita de forma manual, por meio de torção manual do
pedúnculo ou com o uso de tesouras de pontas curtas, todos os materiais usados
na colheita devem estar limpos e higienizados, para armazenamento geralmente
são usadas caixas plásticas que também devem passar por procedimentos de
limpeza e assepsia. Não é indicada a colheita no início do dia, pois os frutos
ainda podem estar muito turgidos. Os frutos que possuírem defeitos, cortes e
sintomas de doenças devem ser descartados e não transportados para as áreas de
beneficiamento (PEREIRA, 2005).
183
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

Nas áreas de beneficiamento e pós-colheitas os frutos são classificados


quanto à corda da casca por meio da escala visual, o diâmetro dos frutos e a
porcentagem de danos. Outras ações também são feitas nessa etapa, uma delas
é o desverdecimento, em que os frutos são expostos a etileno para que ocorra
a degradação da clorofila e as cascas dos frutos fiquem amarelas. Além do
desverdecimento dos frutos, os processos de lavagem, exposição a fungicidas,
secagem e acondicionamento também são realizados na área de pós-colheita. O
acondicionamento dos frutos deve ser feito em câmaras frias com 90% de umidade
com temperatura de 15 a 18 °C. O uso de ceras nos citros também é uma atividade
comum que objetiva uma melhor aparência dos frutos (PEREIRA, 2005).

6 COMERCIALIZAÇÃO
Na comercialização dos citros, os frutos são classificados de acordo com
a cultivar, o tamanho, a coloração e a presença de defeitos, como podridões e
tipos e categorias de manchas na casca. Recomenda-se o uso de embalagens
que não causem danos aos frutos e as dimensões devem permitir a paletização.
As embalagens recomendadas podem ser as retornáveis, de madeira ou
descartáveis, de papelão ondulado. As embalagens retornáveis devem ser
limpas e desinfetadas a cada uso, e a descartável deve ser reciclável ou permitir a
incineração. A rotulagem das embalagens deve ser em locais de fácil visualização,
com o nome do produtor, endereço, município, número de registro no MAPA,
número de inscrição do produtor ou CNPJ, grupo/variedade, classe ou calibre,
tipo ou categoria, utilidade culinária, peso líquido e data da embalagem.

7 CUSTO DE PRODUÇÃO E VIABILIDADE ECONÔMICA


Os custos de produção dos citros dependem dos custos com insumos,
mão de obra, maquinários, fertilizantes e outros fatores. Na tabela a seguir são
demonstrados os principais custos de produção de um pomar, variedade de
laranja pera Rio Doce, no município de Santa Salete-SP, safra de 2017.

TABELA 2 – CUSTOS DE PRODUÇÃO DE UM POMAR DE CITROS, VARIEDADE DE LARANJA


PERA, NO MUNICÍPIO DE SANTA SALETE-SP, SAFRA 2017

CUSTO DE PRODUÇÃO ESTIMADO - AGRICULTURA FAMILIAR

CITROS (Laranja Pera Rio Doce)


Produtividade Média: 38.842 kg/ha

  PREÇOS Março 17
DISCRIMINAÇÃO PARTICIPAÇÃO (%)
  R$/ha R$/40,8 kg

I- DESPESAS DE CUSTEIO DA LAVOURA


1- Operação com avião - - 0.0%

184
TÓPICO 3 | CULTURA DO CITROS (Citrus spp.)

2- Operação com máquinas próprias - - 0.0%


3- Aluguel de máquinas/serviços 931.00 0.98 7.4%
4- Operação com animais próprios - - 0.0%
5- Operação com animais alugados - - 0.0%
6- Mão de obra temporária 4.409.25 4.64 34.9%
7- Mão de obra fixa 112.44 0.12 0.9%
8- Sementes - - 0.0%
9- Fertilizantes 1.034.00 1.09 8.2%
10- Agrotóxicos 1.635.54 1.71 12.9%
11- Despesas administrativas 243.67 0.26 1.9%
12- Outros itens - - 0.0%
TOTAL DAS DESPESAS DE CUSTEIO DA
8.365.90 8.80 66.2%
LAVOURA (A)
II- DESPESAS PÓS-COLHEITA
1- Seguro agrícola - - 0.0%
2- Assistência técnica - - 0.0%
3- Transporte externo 1.428.00 1.50 11.3%
4- Armazenagem - - 0.0%
5- CESSR 437.92 0.46 3.5%
6- Impostos - - 0.0%
7- Taxas 76.16 0.08 0.6%
8- Outros - - 0.0%
Total das Despesas Pós-Colheita (B) 1.942.08 2.04 15.4%
III- DESPESAS FINANCEIRAS
1- Juros 638.16 0.67 5.0%
Total das Despesas Financeiras (C) 638.16 0.67 5.0%
CUSTO VARIÁVEL (A+B+C = D) 10.946.14 11.51 86.6%
IV- DEPRECIAÇÕES
1- Depreciação de benfeitorias/instalações 188.00 0.20 1.5%
2- Depreciação de implementos - - 0.0%
3- Depreciação de máquinas - - 0.0%
4- Depreciação do Pomar 889.71 0.93 7.0%
Total de Depreciações (E) 1.077.71 1.13 8.5%
V- OUTROS CUSTOS FIXOS

185
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

1- Manutenção periódica de máquinas/


0.41 - 0.0%
implementos
2- Encargos sociais - - 0.0%
3- Seguro do capital fixo 6.19 0.01 0.0%
Total de Outros Custos Fixos (F) 6.60 0.01 0.1%
Custo Fixo (E+F = G) 1.084.32 1.14 8.6%
CUSTO OPERACIONAL (D+G = H) 12.030.46 12.65 95.1%
VI- RENDA DE FATORES
1- Remuneração esperada sobre capital fixo 49.50 0.05 0.4%
2- Remuneração Esperada do Pomar 26.69 0.03 0.2%
3- Terra 540.00 0.57 4.3%
Total de Renda de Fatores (I) 616.19 0.65 4.9%
CUSTO TOTAL H+I = J) 12.646.65 13.30 100.0%

FONTE: CONAB (s.d., s.p.)

As frutas cítricas são produzidas em todo o mundo, devido, principalmente,


ao seu sabor, valor nutritivo e as várias formas de consumo. O mercado da fruta
é um dos maiores. Por isso, o produtor deve ficar atento às formas de reduzir
custos, não deixando de lado a preservação do meio ambiente e as condições de
qualidade dos frutos.

DICAS

Como indicação de leitura sugerimos o seguinte material:


SIQUEIRA, D. L.; SALOMÃO, L. C. C. Citros do plantio à colheita. Viçosa: UFV, 2017, 278p.

186
TÓPICO 3 | CULTURA DO CITROS (Citrus spp.)

LEITURA COMPLEMENTAR

PRODUÇÃO E MERCADO DA MAÇA BRASILEIRA – PANORAMA 2005

Introdução

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, perdendo apenas para


a China e a Índia, liderando o mercado mundial e o principal exportador mundial.

A maçã é uma das frutas mais cultivadas do mundo, com mais de 7.500
espécies e variedades. É cultivada em todos os continentes, com maior concentração
na Ásia (60% da área cultivada). Tão antiga quanto a humanidade, é uma das
frutas mais completas sob o ponto de vista nutricional. Possui componentes
antioxidantes, vitaminas e sais minerais que reduzem riscos de doenças
cardiovasculares, retardam o envelhecimento e previnem algumas doenças.

O cultivo comercial da macieira no Brasil é recente e se estabeleceu


através de grandes empresas atraídas por incentivos de políticas públicas. Em
1969, o Governo Federal incluiu a macieira na Lei de Incentivos Fiscais para
Reflorestamento, com o objetivo de diminuir a dependência externa do país. A
partir de então o cultivo da macieira despertou interesse de empresários. Grandes
empresas instalaram pomares e montaram toda a infraestrutura de câmaras
frigoríficas, transporte a frio e estrutura de comercialização.

Produção Nacional

A produção se concentra na região Sul, que é responsável por 98% da


produção nacional. Em 1974 atingia apenas 1,53 mil t, passando a produzir, em
1990, 351 mil t da fruta. No ano 2005 foram produzidas 843.919 t de maçã, sendo
504.994 t provenientes do Estado de Santa Catarina, 296.775 t do Rio Grande do
Sul, 40.275 do Paraná e 1.875 de São Paulo. Segundo Aquino e Benites (2004), a
produção acima de um milhão de toneladas afeta o limite de absorção de maçã
pelo mercado interno (650 mil t), refletindo negativamente nos preços da fruta,
a não ser que seja aumentada a proporção da fruta com qualidade viável para
exportação. Cabe destacar, no entanto, que em 2005 o câmbio não foi favorável
às exportações e houve uma grande oferta mundial com queda nos preços em
dólar, fazendo com que muitas empresas planejassem reduzir sua participação no
mercado internacional em 2006.

[...]

A área plantada de macieira no país em 2005 foi de 35.327 ha. Enquanto a


área aumentou 45,18% de 1990 a 2005, a produção teve um acréscimo de 140,41%.
A melhoria da produtividade se deu através da reconversão de pomares com porta
enxertos adequados, escolha de locais mais adequados e cultivares mais rentáveis
e com maior potencial para a exportação.

187
UNIDADE 3 | PRODUÇÃO DAS PRINCIPAIS CULTURAS PERENES

O Estado de Santa Catarina é o maior produtor do país com área plantada


de 18.428 ha e produção de 504.994 t, em 2005. O Rio Grande do Sul, segundo
maior produtor, possui área de 14.959 ha. Esses estados são responsáveis por 95%
da produção nacional.

A maior parte da produção provém de duas cultivares: Gala e Fuji e suas


mutações clonais. A cultivar gala é a primeira a ser colhida – fevereiro – com 55%
da produção total; a fuji, cuja colheita se dá em abril, é a mais resistente para
frigoconservação, participando com 40% da produção; os 5% restantes são das
cultivares, Golden Delicious, Cripps Pink, Baigent, Eva, Braeburn, entre outras.

Cerca de 80% do total de maçã produzida é destinada ao consumo in


natura, que é comercializada especialmente via Ceasas, Ceagesp e grandes
supermercados. A maçã destinada à agroindústria é de qualidade inferior e não
apresenta condições de ser comercializada para o mercado da fruta in natura, a não
ser quando o mercado da fruta in natura está saturado. Os produtos processados
de maçã são: suco concentrado, cidra, vinagre, polpa, chá e doce.

O cultivo da maçã é realizado por mais de 2.300 produtores, no entanto


a maior parte da produção de maçã provém de grandes empresas, que cultivam
extensas áreas, com avançado nível de integração vertical nas estruturas de
classificação, de câmaras frias e de comercialização.

[...]

A capacidade de armazenamento gira em torno de 615 mil t, equivalente


a 70% da produção nacional, o que é adequado. Desta capacidade, 44% possui
tecnologia convencional e 56% em atmosfera controlada. A armazenagem de parte
da produção é indispensável, pois na época da colheita há um aumento excessivo
de oferta da maçã no mercado interno, com queda nos preços, especialmente de
fevereiro a abril.

Parte dos pequenos e médios produtores associam-se às grandes empresas


atuando sob contrato, beneficiando-se da infraestrutura dessas empresas, e parte
estão organizados em associações ou cooperativas e apresentam infraestrutura
para armazenagem, classificação e embalagem. No entanto, ainda existem
pequenos produtores que encontram grandes dificuldades de competitividade
e que, por falta de estrutura, vendem a produção de forma individual aos
intermediários, diretamente no pomar, a preços bem abaixo do mercado.

O processo de comercialização da maçã brasileira é realizado por produtores,


por intermediários e pela agroindústria. É comercializada, principalmente pelas
grandes redes de supermercados e pelas centrais de abastecimento, acessíveis
basicamente pelas grandes empresas produtoras e/ou classificadoras.

Os preços nacionais e internacionais da maçã têm decrescido em


decorrência do aumento de produtividade. Estes preços variam de acordo com

188
TÓPICO 3 | CULTURA DO CITROS (Citrus spp.)

o volume produzido, época de comercialização, qualidade e variedades. Em


2004, considerando os nove primeiros meses do ano, a maçã Fuji e Gala foram
comercializadas no Ceagesp a um preço médio de R$ 1,75 o quilo, 13,15%
inferiores ao mesmo período do ano 2003, a preços correntes. Em 2005, o preço
médio praticado neste período foi de 2,08, 18,86% superiores ao mesmo período
de 2005.

BALANÇO COMERCIAL

Até a década de 70, o Brasil importava praticamente toda a maçã


consumida. O aumento da produção da fruta permitiu ao Brasil substituir
gradativamente as importações na década de 80 e início da década de 90,
tornando-se autossuficiente. O Brasil passou de tradicionalmente importador
para exportador, com saldo positivo no comércio internacional de maçã de U$ 55
milhões em 2004 e U$ 16 milhões em 2005. Houve, em 2005, importação de 67 mil t
de maçã contra 42 mil em 2004. As exportações brasileiras que haviam aumentado
em mais de 100% em 2004, em relação ao ano anterior, em 2005 foram reduzidas
em 35,09%. Foram exportadas 153 mil t da fruta em 2004, situando-se em 99 mil
t em 2005. O aumento das importações e redução das exportações foi motivada
pela redução na quantidade produzida no Rio Grande do Sul, decorrente de
condições climáticas desfavoráveis, da redução do preço internacional da maçã
em dólar e da valorização do real.

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

São requisitos obrigatórios para a exportação os aspectos relativos à


produção de frutas mais saudáveis, o calibre, a coloração e a rastreabilidade. O
uso racional dos agroquímicos é indispensável neste processo.

A maçã brasileira, por ser uma fruta de sabor diferenciado da importada,


mudou os hábitos do consumidor brasileiro, resultando no aumento do consumo,
cerca de 5 kg per capita. A maçã, assim como outras frutas, é sensível à variação
de renda. Para muitos brasileiros é ainda considerada uma fruta cara, resultando
no consumo ainda baixo (3,5 kg), quando comparado a outros países, como da
Alemanha (39,6 kg), Áustria (54,5 kg), Portugal (33,4 kg), Eslovenia (44,1 kg) e
Países Baixos (35,2 kg), segundo dados da FAO de 2003.

Com a implementação da Produção Integrada de Maçã, o Brasil atingiu


um novo patamar de produção com foco na melhoria da qualidade, na segurança
alimentar e na conservação ambiental, atendendo às exigências de um consumidor
mais consciente.

FONTE: Disponível em: <http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/541865>.


Acesso em: 5 fev. 2018.

189
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Os citros (Citrus spp.) apresentam grande importância no mercado agrícola do


Brasil, sendo um produto de exportação e com uma cadeia muito expressiva.

• Os gêneros Citrus, Fortunella e Poncirus são os mais representativos na


citricultura.

• As principais espécies de citros cultivadas são as laranjas, limões, limas ácidas


e doces, tangerinas, toranjas e laranjas azedas.

• Os frutos podem ser consumidos in natura ou na forma de bebidas processadas.

• As cultivares podem ser classificadas em precoces, meia-estação e tardias.

• A escolha dos frutos cítricos depende da época de colheita, adaptação da


cultivar à região, uso da fruta e das exigências do mercado.

• O porta-enxerto é a parte da planta que contribui para a resistência à seca,


estabilidade a diferentes solos e resistência a pragas e doenças.

• O principal porta-enxerto utilizado no Brasil é o limoeiro ‘Cravo’, pois tem


como vantagens a precocidade, rusticidade, vigor e tolerância à tristeza dos
citros, além de ser resistente à seca.

• Atualmente, o limoeiro ‘Cravo’ está sendo substituído por outros porta-


enxertos, pois este é suscetível à morte súbita dos citros.

• Os porta-enxertos que têm sido utilizados são as tangerinas ‘Cleopatra’ e


‘Sunki’, o ‘Trifoliata (Pocirus trifoliata) e o citrumeleiro ‘Swingle’. No entanto,
esses porta-enxertos não são tolerantes à seca.

• A implantação de pomares de citros requer alguns critérios para obter sucesso,


dentre eles a pesquisa de mercado, a escolha da área, a escolha das variedades,
nível tecnológico, histórico da área, condições edafoclimáticas e a produção de
mudas.

• A precipitação ideal para o plantio de citros é de 900 a 1.500 mm. E temperatura


ótima varia de 23 a 32 °C.

• No Brasil, as mudas cítricas são produzidas por dois sistemas: produção


certificada em ambiente protegido e produção tradicional a céu aberto.

190
• A poda de formação favorece o crescimento das plantas e permite que a
produção inicie mais cedo e que a produtividade seja maior.

• A poda de limpeza visa melhorar a qualidade dos frutos, minimizar a


alternância de produção, controlar o crescimento vegetativo, estimular a
formação de novos ramos frutíferos, além de aumentar a luminosidade e o
arejamento no interior da copa.

• A poda de redução da copa tem o objetivo de reduzir a altura e o diâmetro da copa,


adequando-a ao espaçamento adequado. A poda de topo visa reduzir a altura das
plantas e consiste em remover os ramos localizados na parte superior das árvores.
Na poda lateral reduz-se o diâmetro das plantas nas entrelinhas, de modo a
prevenir ou reduzir a sobreposição das copas e assim maximizar a radiação solar.

• A poda de rejuvenescimento visa recuperar plantas velhas, com baixa produção


ou que foram atacadas por pragas ou doenças ou danificadas por ventos.

• As plantas de citros são atacadas por várias doenças, dentre elas: a gomose,
rubelose, pinta preta, cancro cítrico, clorose, leproses, tristeza, sorose, exocorte
e declínio.

• As plantas daninhas são prejudiciais, pois concorrem com a cultura por água.

• O controle das plantas daninhas pode ser realizado por meio de capinas
manuais, roçadeiras mecânicas ou manuais, além de aplicações de herbicidas.

• O controle de plantas daninhas deve ser feito na linha de plantio, em faixas


contínuas ou em coroa, na largura da projeção da copa das plantas. Nas entrelinhas
recomenda-se a utilização de roçadeira para controlar a altura das plantas.

• As principais pragas dos citros são ácaro da ferrugem, larva minadora e as


cochonilhas branca, farinhenta e de escamas, moscas-da-fruta, moscas brancas,
pulgão preto e outras cochonilhas.

• O controle do amadurecimento dos frutos é baseado na acidez, porcentagem de


ácido cítrico anidro, na porcentagem de suco, nos sólidos solúveis totais (brix) e
no índice de maturação, que é a relação dos sólidos solúveis totais e a acidez.

• Para a laranja para consumo in natura a recomendação é que os teores mínimos


de suco sejam de 35 a 45%, brix entre 9 e 10% e índice de maturação de no
mínimo 10.

• No beneficiamento, os frutos são classificados quanto à corda da casca por


meio da escala visual, o diâmetro dos frutos e a porcentagem de danos.

• A classificação dos frutos é feita de acordo com a cultivar, o tamanho, a coloração


e a presença de defeitos, como podridões, tipos e categorias de manchas na casca.

191
AUTOATIVIDADE

1 Com base nas afirmativas abaixo, assinale a alternativa correta:

I- As principais espécies de citros plantadas no Brasil são as laranjas, limões,


limas ácidas e doces, tangerinas, toranjas e laranjas azedas.
II- As laranjas Bahia e Baianinha se diferem das outras laranjas, pois a produção
é precoce, e pode ser facilmente identificada, pois possui umbigo no fruto, são
frutos sem semente, a casca é amarelada, com polpa suculenta e sabor ácido e
adocicado, além do alto teor de vitamina C.
III- Os frutos cítricos devem ser consumidos somente na forma de sucos e
bebidas processadas, pois as frutas têm sabor amargo e pouco adocicado.
IV- O porta-enxerto mais utilizado no Brasil é o limoeiro ‘Cravo’, devido aos
atributos de precocidade, rusticidade, vigor, resistência à seca, resistência às
principais doenças dos cítricos, como tristeza dos citros. No entanto, seu uso
tem sido evitado, pois é suscetível à morte súbita dos citros.
V- A poda de formação favorece a qualidade dos frutos, minimiza a alternância
de produção, além de controlar o crescimento vegetativo, estimular a formação
de novos ramos e aumentar a incidência de radiação solar no interior da copa.

Com base nas afirmativas acima é válido dizer que:


a) ( ) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) ( ) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) ( ) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
d) ( ) Somente as afirmativas II e V são corretas.

192
REFERÊNCIAS
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