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Fundamentos de

Agropecuária
Profª. Carla Saraiva Gonçalves
Prof. Diego Antonio França de Freitas
Prof. Lucas Massote de Melo Leite
Prof. Saulo Saturnino de Sousa

2018
Copyright © UNIASSELVI 2018

Elaboração:
Profª. Carla Saraiva Gonçalves
Prof. Diego Antonio França de Freitas
Prof. Lucas Massote de Melo Leite
Prof. Saulo Saturnino de Sousa

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

F866f

Freitas, Diego Antonio França de


Fundamentos de Agropecuária. / Diego Antonio França de Freitas
(Org.); Saulo Saturnino de Sousa; Lucas Massote de Melo Leite; Carla Saraiva
Gonçalves – Indaial: UNIASSELVI, 2018.

170 p.; il.

ISBN 978-85-515-0189-4

1.Agropecuária – Estudo e ensino – Brasil. I. Sousa, Saulo Saturnino de.


II. Leite, Lucas Massote de Melo. III. Gonçalves, Carla Saraiva. IV. Centro
Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 630.7

Impresso por:
Apresentação
Olá, caro acadêmico!

A disciplina Fundamentos da Agropecuária apresenta, neste livro


de estudos, os principais aspectos relacionados à administração de um
empreendimento agropecuário com vistas à responsabilidade ambiental,
à criação de um novo negócio, aos aspectos econômicos e financeiros
relacionados à empresa. Serão abordados temas fundamentais e de grande
importância para o administrador rural.

Sua principal importância se faz na ampliação do conhecimento do


administrador, apresentando a você temas que aparentemente pareçam
secundários, mas que compõem e afetam diretamente o dia a dia das
empresas.

Conhecer o impacto e ações a serem tomadas quanto à sustentabilidade,


se preparar de modo adequado para a fundação e consolidação de uma
empresa, bem como entender a dinâmica dos mercados e a forma de controle
por meio da contabilidade são os objetivos gerais desta disciplina.

Bons estudos!

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS................................... 1

TÓPICO 1 – ADMINISTRAÇÃO GERAL........................................................................................... 3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 BREVE HISTÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO................................................................................... 3
3 ADMINISTRAÇÃO COMO ATIVIDADE....................................................................................... 6
4 FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS DE UMA EMPRESA RURAL................................................. 9
4.1 PLANEJAR......................................................................................................................................... 11
4.2 ORGANIZAR.................................................................................................................................... 13
4.3 DIRIGIR.............................................................................................................................................. 14
4.4 CONTROLAR.................................................................................................................................... 16
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 18
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 20
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 21

TÓPICO 2 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO............................................................................... 23


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 23
2 ETAPAS DO PLANEJAMENTO......................................................................................................... 24
3 IDENTIFICANDO O NEGÓCIO DA EMPRESA........................................................................... 25
4 FAZENDO A ANÁLISE DO AMBIENTE......................................................................................... 27
5 OBJETIVOS E METAS.......................................................................................................................... 28
6 A AÇÃO ESTRATÉGICA..................................................................................................................... 29
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 30
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 33
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 34

TÓPICO 3 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS.................................................... 35


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 35
2 DEMANDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS........................................................................ 35
3 OFERTA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS.............................................................................. 39
4 O EQUILÍBRIO NO MERCADO AGROPECUÁRIO..................................................................... 42
4.1 ESTRUTURA DE MERCADO . ...................................................................................................... 44
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 48
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 49

UNIDADE 2 – SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA.................... 51

TÓPICO 1 – SUSTENTABILIDADE..................................................................................................... 53
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 53
2 CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE........................................................................................... 53
2.1 ASPECTOS GERAIS DA SUSTENTABILIDADE . ...................................................................... 54
2.2 SUSTENTABILIDADE EM UM AGRONEGÓCIO ..................................................................... 56
3 SUSTENTABILIDADE DO SOLO..................................................................................................... 58
3.1 OCUPAÇÃO DE TERRAS NO BRASIL ....................................................................................... 59

VII
3.2 CONSERVAÇÃO DO SOLO..........................................................................................................59
4 SUSTENTABILIDADE HÍDRICA.....................................................................................................60
RESUMO DO TÓPICO 1.......................................................................................................................63
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................64

TÓPICO 2 – EMPREENDEDORISMO................................................................................................65
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................65
2 O EMPREENDEDOR...........................................................................................................................66
2.1 PERFIL DO EMPREENDEDOR.....................................................................................................67
3 PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA EMPRESA RURAL...............................................................69
LEITURA COMPLEMENTAR...............................................................................................................73
RESUMO DO TÓPICO 2.......................................................................................................................76
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................77

TÓPICO 3 – ECONOMIA......................................................................................................................79
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................79
2 ECONOMIA COMO CIÊNCIA SOCIAL........................................................................................80
3 ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA......................................................................82
4 DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO...............................................................85
LEITURA COMPLEMENTAR...............................................................................................................89
RESUMO DO TÓPICO 3.......................................................................................................................92
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................93

TÓPICO 4 – CONTABILIDADE...........................................................................................................95
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................95
2 ELEMENTOS PATRIMONIAIS E INTRODUÇÃO AOS DEMONSTRATIVOS
CONTÁBEIS..........................................................................................................................................96
3 REALIZANDO O BALANÇO PATRIMONIAL.............................................................................99
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................101
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................104
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................105

UNIDADE 3 – ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL.........................................................107

TÓPICO 1 – ADMINISTRAÇÃO AGROPECUÁRIA.....................................................................109


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................109
2 ADMINISTRAÇÃO RURAL.............................................................................................................109
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................116
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................117

TÓPICO 2 – A EMPRESA RURAL......................................................................................................119


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................119
2 TIPOS DE EMPRESA RURAL..........................................................................................................119
3 ELABORAÇÕES DE PROJETOS E ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA...............122
4 CONTABILIDADE DE CUSTOS.....................................................................................................123
4.1 ANÁLISE DA LUCRATIVIDADE . .............................................................................................125
5 TEORIA DA PRODUÇÃO.................................................................................................................127
5.1 FUNÇÃO PRODUÇÃO ................................................................................................................128
5.2 ANÁLISE DE CURTO PRAZO . ..................................................................................................129
5.3 LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES ...........................................................................131
5.4 ANÁLISE DE LONGO PRAZO ...................................................................................................132
5.5 TEORIA DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO...................................................................................133

VIII
5.6 FUNÇÕES GERENCIAIS DE CUSTOS E EQUILÍBRIO DA EMPRESA RURAL.................136
5.7 CUSTOS DE PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO, MERCADO E O
MARKETING RURAL...................................................................................................................139
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................144
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................145

TÓPICO 3 – INVENTÁRIO..................................................................................................................147
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................147
2 INVENTÁRIO NO BRASIL...............................................................................................................147
3 ESTOCAGEM DE PRODUTOS........................................................................................................150
4 BOAS PRÁTICAS DE ARMAZENAMENTO................................................................................156
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................158
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................161
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................162
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................163

IX
X
UNIDADE 1

ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
AGROPECUÁRIAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• conhecer a história e o surgimento da administração;

• conhecer as principais habilidades e funções de um administrador rural;

• aprender o processo de planejamento estratégico;

• conhecer e planejar um empreendimento a partir da visão empreendedora;

• revisar os principais tópicos de economia e contabilidade.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudos está dividida em três tópicos. Ao longo de cada um
deles você encontrará sugestões e dicas que visam potencializar os temas
abordados, e ao final de cada um estão disponíveis resumos e autoatividades
para fixar os temas estudados.

TÓPICO 1 – ADMINISTRAÇÃO GERAL

TÓPICO 2 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

TÓPICO 3 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

ADMINISTRAÇÃO GERAL

1 INTRODUÇÃO
Olá, caro acadêmico! Nesta unidade, conheceremos um pouco da história
da administração, como ela surgiu e as principais atividades que a compõem.
Serão abordadas as principais atividades desenvolvidas pela administração e as
habilidades necessárias ao administrador.

Em seguida, iremos verificar as principais funções administrativas na


empresa rural. No tópico posterior, falaremos sobre o planejamento estratégico
das empresas e como utilizá-lo de forma prática em seu dia a dia.

Por fim, abordaremos sobre o empreendedorismo e sua importância para


a inovação no meio rural.

2 BREVE HISTÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO


Pare um pouco e pense: O que significa “administrar”?

Primeiramente, vamos ao sentido da palavra administrar. Ela surgiu


do latim e é composta de duas partes: ad, que significa direção ou tendência, e
minister, que significa subordinação ou obediência. Isto significa dizer que quem
administra é responsável ou tem a direção de uma determinada tarefa, com
recursos humanos e materiais subordinados a ele. De forma ampla, administrar
pode ser definida como uma ação que busca gerir, governar e alocar recursos
para a obtenção de um fim. Este conceito pode parecer amplo demais, mas é
utilizado por você todos os dias, mesmo sem saber.

Imagine-se em sua casa. Agora imagine que você convidou alguns amigos
para almoçar com você. Mesmo de forma intuitiva, algumas perguntas são
realizadas, como: O que irei cozinhar? Quais utensílios são necessários? O que
tenho em minha dispensa e o que necessito comprar? Isso tudo é administrar!
É planejar, organizar e realizar ações para conseguir reunir os amigos em um
simples, mas prazeroso almoço de domingo.

Alguns autores, como Maximiano (2012), afirmam que administrar é o


processo de tomar, realizar e alcançar ações que utilizam recursos para alcançar
objetivos. Chiavenato (2000) complementa que a administração é responsável por
fazer as coisas por meio de pessoas, de modo eficiente e eficaz.

3
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

E
IMPORTANT

“Administração é a arte de fazer coisas através de pessoas” (Mary Parker Follet).

Antes de pensarmos nas grandes empresas existentes atualmente, a


administração já se fazia presente há muitos séculos. Desde seus primórdios, a
humanidade adota práticas de administração. Há muitos séculos, por volta do
ano 5.000 a.C., surgiu na Suméria, atual Iraque, os primeiros indícios da arte e
do exercício de administrar, quando seus habitantes procuravam uma forma
para melhorar a resolução de seus problemas práticos. Posteriormente, os
egípcios construíram gigantescas estruturas graças ao planejamento, obtenção
e distribuição de seus recursos. Aproximadamente 500 a.C., a China encontrou
grande necessidade de adotar um sistema de governo para o império, levando
ao surgimento da Constituição de Chow e as Regras de Administração Pública
de Confúcio. Paralelamente, a história militar de alguns reinos, como a Roma
Antiga, apresenta traços de gerenciamento de recursos e pessoas, indicando o uso
maciço da administração.

Já na Idade Média, os senhores feudais utilizavam-se dos princípios


administrativos para gerenciar suas terras e seus exércitos. A Igreja Católica, que
teve forte atuação na Idade Média, pode ser considerada a organização formal
mais eficiente da civilização ocidental.

No final da Idade Média, um grande acontecimento faz com que a


administração se tornasse ainda mais importante. Após anos e anos de trabalho
artesanal, o avanço da ciência e o uso de máquinas levaram a uma grande
evolução no modo como os bens eram produzidos. Todas essas mudanças foram
denominadas Revolução Industrial.

A Revolução Industrial modificou o modo como as pessoas produziam


seus bens e como estas também os consumiam. Havia uma necessidade forte de
consumo, pois muitas pessoas tinham disponível capital para realizar compras.
Por consequência, esta grande demanda por produtos exigiu um grande esforço
na produção de bens.

4
TÓPICO 1 | ADMINISTRAÇÃO GERAL

E
IMPORTANT

A Revolução Industrial teve início na Inglaterra, entre 1760 e 1840. Ela se


constituiu de uma série de mudanças ocorridas na Europa, principalmente, a substituição do
trabalho artesanal pelo trabalho em grande escala, com a implantação do trabalho assalariado
e grande uso de máquinas na produção de bens. Outras duas revoluções industriais ainda
ocorreram. A segunda, entre 1760 a 1860, com a utilização da energia elétrica e dos motores
à explosão, utilizando os combustíveis fósseis. A terceira, já nos séculos XX e XXI, com os
avanços tecnológicos como o computador, celular e a engenharia elétrica.

Com o avanço da produção, por meio da Revolução Industrial as


manufaturas passaram a necessitar cada vez mais da administração. Esta se
tornou essencial, uma vez que era necessário um grande esforço para organizar
os recursos, funcionários e estrutura para a produção dos bens de maneira rápida,
contínua e em grande volume.

Mais recentemente, as produções em grande escala foram sendo


aprimoradas. Não era possível mais pensar somente em produzir, mas produzir
com qualidade, com responsabilidade e, principalmente, com foco no futuro,
visando ao bem-estar das pessoas e baixo impacto no meio ambiente.

Todas as atividades ocorridas, desde os primórdios da humanidade,


passando pelos grandes impérios, a Revolução Industrial até a mais recente
revolução tecnológica, demonstram a importância da administração.

A administração como ciência é bem recente, ela tem um pouco menos de


100 anos. No entanto, sua importância, como já falamos, foi e é fundamental para
a evolução da humanidade. Conforme afirma Chiavenato (2004), a administração
foi a responsável direta e indireta pelo espetacular aumento da riqueza ocorrido
no decorrer do século passado e pela incrível melhoria da qualidade de vida dos
povos, principalmente, dos países mais avançados.

Por ser tão recente nos dias de hoje, a Administração revela-se como uma
área do conhecimento humano repleta de complexidades e desafios, mas também
se traduz em grandes oportunidades. O profissional que utiliza a administração
como meio de vida pode atuar nos mais variados níveis de uma organização:
desde o nível hierárquico de supervisão elementar até o nível de dirigente máximo
da organização. “Pode atuar nas diversas especializações da Administração: seja
em Administração da Produção (de bens ou serviços prestados pela organização),
ou Administração Financeira, ou Administração de Recursos Humanos, ou
Administração Mercadológica, ou ainda a Administração Geral” (CHIAVENATO,
2004, p. 2). Tudo dependerá dos objetivos que se pretende alcançar.

5
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

De forma geral, a administração está perfeitamente adequada ao contexto


da administração rural. Técnicas e conhecimentos administrativos são utilizados
todos os dias em grandes fazendas, indústrias de processamento e até pequenos
empreendimentos e propriedades. Em um mercado altamente competitivo e
ávido por produtos de qualidade e preços acessíveis, a administração rural
é fundamental para se conseguir alcançar estes objetivos. Nesse contexto, o
responsável pela administração rural é ator principal, sendo ele o responsável
pelo bom andamento do negócio.

3 ADMINISTRAÇÃO COMO ATIVIDADE


Pense o seguinte: Existe um modo correto de administrar uma empresa?
As pessoas nascem com este talento ou é possível aprender a administrar?

Como já foi abordado no início deste tópico, a administração envolve três


fatores: Objetivos – aquilo que se deseja alcançar, conseguir; Recursos – aquilo
que podemos utilizar, como tempo, dinheiro, instalações, máquinas e até mesmo
pessoas, e; Decisões – que é o processo administrativo em si, definido por Fayol
(1990) como o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar.

FIGURA 1 – O PROCESSO ADMINISTRATIVO

FONTE: Adaptado de Fayol (1990)

Administrar é muito mais uma forma de pensar do que a simples


utilização de técnicas. É entender quais fatores a empresa ou organização dispõe
e utilizá-las da maneira mais efetiva possível. Dentro do contexto do agronegócio,
é entender quais recursos temos em uma propriedade, o que se necessita para
produzir mais e melhor e quais ações devem ser tomadas para que essa produção
ocorra de maneira eficiente e eficaz. Podemos definir que a administração, em vez
de se preocupar somente em ensinar a fazer certas coisas – o como – ensina que
coisas devem ser feitas em determinada situações – o porquê. Como evidenciado,
mesmo sendo um processo de pensamento, ou de planejamento, administrar é
também uma ação. Maximiano (2000, p. 26) afirma que “a administração é um
processo de tomar decisões e realizar ações”. Assim, é preciso entender o contexto
em que se encontra a organização, pois isso determinará como será realizada sua
administração.
6
TÓPICO 1 | ADMINISTRAÇÃO GERAL

Cada negócio ou empresa apresenta características diferentes. “Não há


duas propriedades ou empresas iguais, assim como não existem duas pessoas
idênticas. Cada organização tem seus objetivos, seu ramo de atividade, seus
dirigentes e seu pessoal, seus problemas internos e externos, seu mercado, sua
situação financeira, sua tecnologia, seus recursos básicos, sua ideologia e política
de negócios” (CHIAVENATO, 2004, p. 2).

NOTA

O que são empresas?

Empresa é uma associação de pessoas com um objetivo comum, que exploram um negócio que
produz bens ou serviços no intuito da obtenção de lucros. Neste universo, as empresas podem
atuar em diversos ramos, dentre eles, o agronegócio. Segundo o Estatuto da Terra, Lei nº 4.504/64,
Art. 4, § 4º “Empresa Rural é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que
explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico.
Suas atividades podem ser classificadas em agrícola, zootécnica e agroindustrial”.

FIGURA 2 – AUMENTO DE RENDA NA EMPRESA RURAL

FONTE: Disponível em: <http://ead.senargo.org.br/blog/


importancia-da-gestao-financeira-na-empresa-rural>. Acesso
em: 14 jul. 2018.

O sucesso de uma empresa, seja urbana ou rural, é determinado,


principalmente, pelo modo como atua o seu gestor, ou seja, seu modo de agir,
pensar e tomar decisões, o que chamamos de habilidades gerenciais. Como em
qualquer cargo de liderança, particularmente na administração, habilidades
básicas são necessárias para que sejam obtidos resultados e os objetivos
estabelecidos alcançados. Conforme Meyer Jr. (2003), tendo em mente que
administrar uma organização refere-se a uma mescla de processos, e que o trabalho
da administração tem profunda influência no desempenho das organizações, é
decisivo o conhecimento de habilidades gerenciais necessárias aos gestores. As
habilidades podem existir previamente, mas elas também podem ser adquiridas,
tanto pelo estudo quanto pela experiência do dia a dia.

Katz (1974) classifica as habilidades gerenciais em três tipos básicos,


denominados: técnicas, humanas e conceituais. Elas variam em função do nível
hierárquico do administrador na organização. Quanto maior o nível hierárquico,
maior será a necessidade de todas as habilidades ao administrador.

7
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

FIGURA 3 – NECESSIDADE DE HABILIDADES X NÍVEL HIERÁRQUICO

Necessidade
Habilidades
Conceituais

Habilidades
Gerenciais

Habilidades
Técnicas

Nível Hierárquico
FONTE: Lacombe e Heilborn (2003, p. 11)

A habilidade técnica compreende o entendimento, a proficiência em um


tipo específico ou particular de atividade, especialmente, envolvendo métodos,
processos, procedimentos ou técnicas. Desse modo, essa habilidade está ligada
à realização de tarefas e está intimamente posicionada junto à profissão do
indivíduo, como marceneiro, advogado, contador e outros. Muitos gestores
começam em uma determinada organização como operários ou técnicos, tendo
domínio sobre essas habilidades, que vão perdendo importância à medida que
sobem de nível, dando lugar a habilidades humanas e conceituais (PETERSON;
FLEET, 2004). Eles continuam a ter domínio sobre as habilidades técnicas, mas
precisam, aos poucos, desenvolver habilidades de gestão, que abrangem mais do
que somente o saber fazer.

A habilidade humana é definida por Katz (1974) como a capacidade


de trabalhar com outras pessoas e construir cooperativamente um esforço do
grupo que lidera. É entender como as pessoas se comportam e ajudá-las, no dia
a dia, a conseguirem o máximo de si. O gestor da empresa deve ter em mente
que o resultado que pretende alcançar para a organização depende, em máxima
instância, dos resultados individuais e coletivos de seus subordinados, ou seja, o
sucesso de um depende, antes de qualquer coisa, do sucesso de todos.

Por fim, em níveis hierárquicos mais elevados (diretores, supervisores


gerais), a habilidade conceitual é a mais necessária. Ela é importante, pois é o
que dá ao gerente a visão do todo, compreendendo a capacidade de síntese e
domínio sobre todas as áreas da organização. Katz (1974) define a habilidade
conceitual como a capacidade de enxergar a organização como um todo e ter
visão sistêmica. É com base nessa visão que a organização é dirigida, tendo um
impacto muito elevado as decisões tomadas pela alta gerência. A capacidade de
conhecer o ambiente em que se encontra a organização, bem como compreender
com clareza os pontos fortes e fracos são necessários nesta habilidade.

8
TÓPICO 1 | ADMINISTRAÇÃO GERAL

Para alcançar o sucesso, os administradores enfrentam a necessidade do


desenvolvimento das habilidades gerenciais, como as descritas nos parágrafos
anteriores. Em resumo, em todos os níveis hierárquicos, as três habilidades são
requeridas. No entanto, a utilização de cada uma será mais intensa, ou não, à
medida que se avalia o posicionamento do gestor na organização. Não se pode
também limitar todas as habilidades necessárias a apenas três tipos, no entanto,
todas as habilidades necessárias derivam ou estão inseridas nessas categorias.

Katz (1974) afirma que é possível notar que as habilidades por vezes
se sobrepõem, já que estão muito inter-relacionadas, sendo difícil determinar
onde uma termina e outra começa. De forma geral, as habilidades enunciadas
por Katz (1974) servem de base para o entendimento da atuação dos gestores
na organização, atuando como premissas para a ação de liderança. Elas não são
garantias de sucesso de uma organização, mas permitem adequar a atuação dos
gestores às diversas necessidades das organizações.

Até aqui, entendemos que a administração surgiu muito antes das


empresas modernas. Entendemos também que ela pode ser definida como uma
forma de pensar. Aprendemos que para ser um bom gestor é necessário ter e
buscar determinadas habilidades. No entanto, quais são as funções que ele exerce
dentro de uma organização?

4 FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS DE UMA EMPRESA RURAL


Como já vimos anteriormente, no final do século XIX e início do século
XX, em virtude da grande transformação ocorrida pela Revolução Industrial,
as indústrias se fortaleciam e alcançavam tamanhos infinitamente maiores
do que os simples ateliês. Cada uma dessas indústrias necessitava de pessoas
que comandassem e organizassem todo o seu funcionamento. Nesse cenário,
surgiram as primeiras teorias da administração e sobre a atuação do gestor nas
empresas. Fayol (1841-1925) foi o primeiro autor a classificar de forma sistemática
o trabalho do administrador e suas funções dentro das organizações. Segundo ele,
os gestores das empresas são responsáveis por cinco funções: prever, organizar,
comandar, coordenar e controlar (FAYOL, 1990).

Segundo Chiavenato (2004, p. 12), as funções são descritas como:


• Prever: visualizar o futuro e traçar o programa de ação.
• Organizar: constituir o duplo organismo material e social da
empresa.
• Comandar: dirigir e orientar o pessoal.
• Coordenar: ligar, unir, harmonizar todos os atos e esforços coletivos.
• Controlar: verificar que tudo ocorra de acordo com as regras
estabelecidas e as ordens dadas.

Com o tempo, os conceitos lançados por Fayol foram sendo adaptados.


Comandar e coordenar foram substituídos por liderar. Alguns autores, por
outro lado, substituem liderar por dirigir, já que envolve os elementos liderar e

9
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

executar. No entanto, esses conceitos estão presentes até hoje na administração


das empresas e são fundamentais para se entender a atuação do administrador.
Hoje em dia, eles são classificados em quatro funções básicas: Planejar, Organizar,
Dirigir e Controlar.

FIGURA 4 – AS QUATRO ETAPAS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO

FONTE: Adaptado de Chiavenato (2012)

As funções que exerce o gestor, no entanto, ocorrem de maneira conjunta


em uma organização. Não é possível apenas planejar ou comandar em momentos
distintos. Em virtude disso, quando consideradas de maneira integrada, as
funções administrativas formam o que denominamos processo administrativo.

O processo administrativo pode ser entendido como o conjunto de ações


que o administrador exerce em todas as áreas da empresa. Estas ações, por sinal,
são orientadas pelos objetivos que se pretende alcançar no curto, médio e longo
prazos, o que envolve planejamento e atitude empreendedora.

E
IMPORTANT

Objetivos são os resultados esperados para a empresa, como lucro, crescimento,


sobrevivência, segurança e prestígio. São os resultados específicos ou metas que se deseja
atingir.

As funções gerenciais, ainda que tenham sido estabelecidas em um


contexto industrial, são a base para a atuação de qualquer gestor, em qualquer
organização. Elas possibilitam ao administrador determinar como será o seu
trabalho na empresa e como avaliar o que está sendo realizado.

Veremos a seguir, cada uma dessas funções.

10
TÓPICO 1 | ADMINISTRAÇÃO GERAL

4.1 PLANEJAR
Planejar é o primeiro passo no processo de administrar. É ele que irá
desenhar o caminho que as pessoas na empresa deverão seguir para alcançar os
objetivos. É determinar onde a empresa se encontra hoje e onde ela pretende chegar.

“Planejar significa que os gestores pensam antecipadamente em seus


objetivos e ações, e que seus atos são baseados em algum método, plano ou
lógica, e não em palpites. São os planos que dão à organização seus objetivos e
que definem o melhor procedimento para alcançá-lo” (STONER, 1999, p. 5).

Ao elaborar o plano de ações, os administradores devem ter em mente as


metas, os recursos que serão necessários para alcançá-las, bem como a descrição
das tarefas que serão realizadas. Todo este processo é constituído de seis passos
básicos:

• Definir objetivos: é preciso primeiro definir os objetivos, o que se pretende


alcançar. Estabelecidos os objetivos, eles servirão de guia para o restante do
planejamento. Eles devem conter claramente onde se pretende chegar, o que se
espera daqui um, cinco, dez ou mais anos.
• Verificar qual a situação em relação aos objetivos: como ponto de partida é
necessário determinar qual é a situação da empresa atualmente em relação aos
objetivos estabelecidos. Isso se faz extremamente importante, pois é necessário
saber onde “eu estou agora”, para saber onde quero ir. É preciso primeiro se
localizar, para depois começar a caminhar.
• Desenvolver premissas quanto às condições futuras: esta etapa refere-se a
estabelecer, de forma clara, o cenário em que se encontra a organização se
ela tomar determinada ação. É analisar o que pode ajudar ou prejudicar o
progresso em direção aos objetivos.
• Analisar as alternativas de ação: determinados os objetivos e os possíveis
cenários que podem ocorrer, é preciso, em seguida, descrever quais ações serão
tomadas. É relacionar quais as ações disponíveis para se alcançar as metas.
• Escolher um curso de ação entre as várias alternativas: o penúltimo passo é
determinar, entre as várias ações possíveis, qual ou quais são mais adequadas
para se conseguir alcançar os objetivos. É tomar a decisão do que será feito,
escolhendo uma alternativa e abandonando as demais.
• Implementar o plano e avaliar os resultados: a última etapa é começar a agir.
Colocar as ações em prática e verificar, após um determinado tempo, se estas
ações estão levando aos objetivos que se pretendia. Nesta etapa, também se
determina se serão necessárias ações corretivas.

De forma simplificada, Chiavenato (2000) traz a elaboração dessas etapas


em forma de perguntas a serem respondidas:

11
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

FIGURA 5 – PERGUNTAS PARA A FORMULAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO


ADMINISTRATIVO

FONTE: Chiavenato (2000, p. 344)

Apesar de parecer algo extremamente técnico, o planejamento nem


sempre é realizado somente por administradores ou especialistas. A participação
de todas as pessoas envolvidas na organização enriquece o planejamento, pois
amplia o conhecimento da organização, uma vez que permite que todas as suas
áreas sejam exploradas. É vital, para o bom planejamento, conhecer o contexto
em que a organização está inserida, seu microambiente, sua missão e quais são
os seus objetivos.

Em uma empresa rural, o planejamento é crucial para o sucesso desta.


Fatores ambientais que interferem no manejo do solo, como a falta de chuvas ou o
aumento de um insumo, já constituem situações de grande estresse para a gestão
rural. O planejamento, por outro lado, contrabalanceia esses fatores, permitindo
previsibilidade e tomada de ações de forma antecipada, o que não elimina os
riscos, mas possibilita aos empreendimentos rurais se prepararem melhor às
adversidades.

O planejamento deve ser abrangente a toda organização, porém ele


é subdividido em níveis. Isso ocorre, pois é estabelecido um plano geral ou
estratégico, que é repassado aos níveis intermediários, os quais repassam seus
planos ao nível operacional.

Os níveis de planejamento são classificados em:

a) Planejamento estratégico

O planejamento estratégico se faz definindo os objetivos pretendidos para


a organização e a forma de se alcançar tais objetivos. Ele reflete a visão de longo
prazo da organização, busca estabelecer os produtos e serviços que a organização
pretende oferecer e os mercados e clientes a quem pretende atender.

12
TÓPICO 1 | ADMINISTRAÇÃO GERAL

b) Planejamento tático

Ele tem foco em unidades, departamentos ou áreas da organização.


Eles são elaborados visando alcançar o que foi estabelecido pelo planejamento
estratégico. Seu foco é voltado para os responsáveis intermediários nas empresas,
como gerentes ou supervisores.

c) Planejamento operacional

Este planejamento define os procedimentos e processos que serão adotados


no dia a dia da organização para se alcançar os objetivos do planejamento
estratégico e operacional. Ele abrange as atividades e os recursos necessários para
se obter os objetivos.

Embora o planejamento se refira ao futuro e ao que se pretende alcançar,


ele deve ser contínuo e permanente, sendo renovado à medida que a organização
avança no tempo. Ele também não deve ser estático. O fazer acontecer, ou a ação
do gestor, deve se sobrepor ao planejamento sempre que necessário. Conforme
afirma Maximiano (2000, p. 191), “o planejamento prepara a ação, mas não a
substitui”. A atitude de fazer a ação predominar sobre o planejamento evita a
síndrome da paralisia, que acontece quando o gestor se preocupa tanto em
planejar ou fazer previsões, que termina por não fazer nada.

Um dos fatores principais ao se fazer o planejamento é seu alcance no


tempo. Cada empresa, em seu ramo, pode determinar o alcance de datas e
prazos para obtenção dos resultados. Em média, as empresas elaboram seu plano
estratégico para 10 anos, seu plano tático para um ano e seu plano operacional
mensal ou trimestralmente. Ao término desses prazos, as empresas analisam e
revisam cada plano, levando sempre em consideração os seus objetivos.

4.2 ORGANIZAR
A segunda função administrativa nas empresas é denominada organizar.
Ela complementa e inicia o processo de implantação do plano da empresa
(SENAR, 2012), consistindo em buscar a melhor forma para colocar em prática o
que foi planejado. É a função que coloca em ordem os recursos físicos, financeiros
e humanos das empresas, prontos para serem utilizados.

Chiavenato (2000, p. 202) afirma que o processo de organizar consiste em


três etapas:
• Determinar as atividades específicas necessárias ao alcance dos
objetivos planejados (especialização).
• Agrupar as atividades em uma estrutura lógica (departamentalização).
• Designar as atividades às específicas posições e pessoas (cargos e
tarefas).

13
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

De forma simplificada, a organização se traduz por designar tarefas e


agrupá-las em departamentos, em delegar autoridade e distribuir os recursos
para toda a organização (DAFT, 2010).

Em uma empresa rural, esta função é responsável por preparar a produção,


organizar os recursos humanos, as finanças e a comercialização.

Ao se organizar a empresa rural, um dos principais tópicos se refere à


produção. Um levantamento detalhado de todos os itens que compõem a empresa
rural, também denominado inventário, proporciona ao administrador uma
visão ampla do que ele tem disponível. A organização destes recursos pode ser
realizada pela localização, em um mapa, por exemplo, das construções, culturas,
benfeitorias, áreas de pastagens (SENAR, 2012). A organização de galpões,
ordenando os implementos e máquinas de acordo com sua utilização, bem como
de utensílios e insumos, permite rápida utilização e otimiza o tempo necessário
para se realizar determinadas tarefas. A correta manutenção dos equipamentos e
construções, em tempo hábil, reduz significativamente o custo de manutenção e
aumenta consideravelmente a vida útil desses itens.

Um aspecto importante na organização se refere ao planejamento da


mão de obra. Estabelecer uma matriz de disponibilidade, descrita em detalhes
sobre as habilidades e competências de cada empregado permite direcionar o
serviço e evitar desgastes pessoais. Estar atento às normas de segurança, higiene
e legislação trabalhista também fazem parte do processo de organizar.

Como pode ser verificado, a função organizar antecede o agir das


empresas. Administradores que prezam por organizar suas empresas evitam
desperdícios e utilizam de forma potencial os recursos, tanto físicos quanto
humanos, alcançando de maneira mais ágil seus objetivos.

4.3 DIRIGIR
Após estabelecer o planejamento e organizar os recursos para a obtenção
dos resultados, a função direção entra em cena. Conforme afirma Chiavenato (2000,
p. 368), “dirigir significa interpretar os planos para as pessoas e dar as instruções
e orientação sobre como executá-los e garantir o alcance dos objetivos”. De forma
simplificada, é atribuir a cada pessoa, ou funcionário, suas responsabilidades.

Nesta função, o gestor é responsável por estabelecer as linhas de comando,


as funções de cada um e as tarefas que cada um executará em seu trabalho.
Uma das principais ferramentas administrativas da direção é a utilização de um
organograma. Ele permite aos gestores e aos funcionários da empresa verificar
de forma objetiva quem são os responsáveis por cada área, bem como de
permitir identificar quem são as pessoas abaixo e acima de cada cargo. Isso se faz
importante no sentido de organizar as linhas de comando, evitando atropelos e
desmandos, demonstrando também as atividades que competem a cada setor.

14
TÓPICO 1 | ADMINISTRAÇÃO GERAL

O organograma é uma representação gráfica da estrutura da empresa.


Ele especifica os órgãos, os níveis hierárquicos e as principais relações entre eles.
Sua finalidade principal é definir, de forma clara e objetiva, como a empresa está
organizada (LACOMBE; HEILBORN, 2003).

FIGURA 6 – EXEMPLO DE ORGANOGRAMA DE UMA EMPRESA RURAL

FONTE: Os autores

No entanto, esta função não trata somente de direcionar o trabalho, ela


também é denominada liderança. Liderar, no entanto, vai além, pois exige mais
do que somente direcionamento do trabalho.

Liderar é utilizar de influência, de forma positiva, para motivar os


empregados a alcançarem as metas da empresa (DAFT, 2010). Dessa forma, a
função dirigir é composta, também, por acompanhar os empregados em suas
atividades, por compartilhar cultura e valores, e por conhecer cada pessoa e a área
onde atua. É se comunicar de forma clara e objetiva, respeitando as características
de cada um e desenvolver nos empregados um forte desejo de participar de
forma ativa das atividades na organização. Também é motivar o funcionário,
demonstrando sua importância, capacidades e, principalmente, reconhecendo
seu trabalho.

15
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

NOTA

“Motivar é uma questão muito pessoal e nem sempre o salário é o principal


elemento motivador. Levar à motivação significa despertar o interesse e o entusiasmo da
pessoa para a execução do trabalho” (SENAR, 2012, p. 87).

4.4 CONTROLAR
A função controlar verifica se o que foi planejado e implantado está
sendo alcançado. Lacombe e Heilborn (2003) definem que controlar compreende
acompanhar ou medir determinada coisa, analisar e avaliar os resultados obtidos
com o que foi previsto e tomar as medidas corretivas cabíveis. Ela significa
monitorar as atividades da empresa, determinando se a organização está na
direção correta de suas metas, fazendo correções, caso seja necessário (DAFT,
2010). Controlar significa, portanto, comparar.

A comparação, requerida pelo controle, é realizada com base nos diferentes


planejamentos estabelecidos para a empresa. Ele é classificado conforme seu tipo,
baseado nos níveis estratégico, tático e operacional (CHIAVENATO, 2012).

O controle estratégico, ligado ao planejamento estratégico, controla o


desempenho e os resultados que a empresa obteve como um todo. Ele é composto
por balanço e relatórios financeiros, controle de lucros e perdas, e análise sobre
os investimentos realizados. Em uma empresa rural é importante ressaltar a área
financeira, analisando-se o fluxo de caixa e a variação do patrimônio líquido.

O controle tático é voltado para os níveis intermediários ou departamentos


de cada empresa. Em geral, ele é realizado anualmente, sendo composto por
controle orçamentário e contabilidade de custos. Ele avalia os diversos setores
e permite determinar quais áreas são mais lucrativas ou quais departamentos
exigem maior investimento.

O controle operacional é realizado no curto prazo, realizado muitas vezes


de maneira contínua na organização. Ele pode ser composto, em uma empresa
rural, pelo controle da quantidade produzida de determinado bem, bem como de
sua qualidade.

No entanto, em todos os tipos de controle são encontradas quatro etapas


fundamentais. Em um primeiro momento, devem-se determinar os padrões de
desempenho, em seguida, realizar medidas, interpretar e, por fim, tomar medidas
corretivas.

16
TÓPICO 1 | ADMINISTRAÇÃO GERAL

• Os padrões de desempenho são valores válidos, mensuráveis, compreensíveis


e realistas, que têm por objetivo servir de base para a medição do progresso ou
resultado desejado (LACOMBE; HEILBORN, 2003). Eles podem ser traduzidos
por medidas, como volume de produção, o custo unitário de algum produto,
bem como o nível de qualidade exigido. Eles são os termos, ou padrões que
serão avaliados.
• Medidas podem ser traduzidas como o registro do trabalho efetuado. Elas
são expressas em unidades e faz-se importante ressaltar que o registro dessas
unidades deve ser realizado de maneira contínua, à medida que o processo
ocorre, e não ao final.
• Interpretação dos resultados ocorre da comparação dos padrões estabelecidos
com o que de fato ocorreu ou o que foi alcançado.
• Ações corretivas são etapas do controle voltadas para o futuro. Ela se refere
a tomar ações, no tempo correto e de intensidade correta. Pequenos erros ou
distorções não podem ser tratados com mudanças radicais e desnecessárias.

Em suma, o controle deve ser realizado com bom senso, buscando sempre
avaliar as situações de forma particular. Ele não deve ser utilizado como forma
de penalizar determinados funcionários ou setores. Do mesmo modo, as ações a
serem tomadas devem direcionar a empresa ao centro de seus objetivos, porém
não devem engessar as atividades das empresas.

É possível, conforme afirma Chiavenato (2010), após estudar cada uma das
funções, determinar que o planejamento serve para definir os objetivos, traçar as
estratégias e caminhos. A organização elenca o potencial e capacidade de cada pessoa
na organização e traça um panorama geral dos recursos disponíveis, efetivando
a ação dos administradores. A direção ultrapassa o sentido de atribuição, mas
mostra os rumos e dinamiza as pessoas para que aproveitem os recursos da melhor
maneira possível e utilizem todo o seu potencial. Enfim, o controle possibilita que
todas as coisas funcionem da maneira correta e no tempo certo.

A atuação dos administradores na vida das pessoas não é recente. Desde


os primórdios é possível verificar a atuação de líderes e grandes gestores, porém,
apenas recentemente sua atuação foi evidenciada, especialmente, por meio da
descrição de suas habilidades e funções.

17
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

LEITURA COMPLEMENTAR

ADMINISTRAÇÃO RURAL: O AGRONEGÓCIO NO BRASIL

Fabrícia Araújo

A Administração Rural é um conjunto de atividades envolvidas que


se relacionam ao controle e gerenciamento dentro de um setor agrícola. O
administrador com foco no agronegócio tem tido um espaço grande no mercado
brasileiro

A Administração trata das atividades necessárias para a realização do


planejamento (estratégias), da supervisão e da coordenação de uma organização.
O mercado exige do administrador habilidades e competências que venham
agregar valor ao ambiente corporativo, como a capacidade de coordenar e
supervisionar equipes, ser organizado, ter espírito de liderança, entre outras.
Ele deve estar apto a desenvolver as quatro funções administrativas, que são:
planejar, organizar, dirigir e controlar.

A Administração Rural é considerada o ramo da Administração e é


definida como o conjunto de atividades que ajuda o produtor rural na tomada de
decisões relacionadas a sua unidade produtiva, tendo como objetivo chegar ao
melhor resultado econômico sem que a produtividade da terra seja prejudicada.

Segundo Heleno (2009, p. 22), “qualquer que seja o empreendimento, não


importando se produz flores, milho, hortaliças, pequenos animais ou derivados
de leite, exige-se hoje que princípios da administração sejam postos em prática”.

Dessa forma, o administrador rural deve desempenhar as funções


administrativas no ambiente rural e ter conhecimento dos fatores externos e
internos (preços dos produtos, disponibilidade e eficiência de mão de obra na
região, existência de mercado para o produto e o clima). A partir de culturas
como café, soja e cana-de-açúcar, houve a construção da economia. Com isso, as
espécies agrícolas passaram a atender não apenas ao mercado interno nacional,
mas também ao mercado externo, o que fez com que impulsionasse ainda mais a
economia do país.

O Agronegócio no Brasil é o setor de maior movimentação de bens do


país. Além disso, contribui para o crescimento de empregos diretos e indiretos.
De acordo com Heleno (2009, p. 24), “o Brasil é um país que vem se consolidando
no setor do agropecuário desde sua descoberta, graças ao que oferece, em termos
de riquezas naturais, aos empreendedores rurais”.

A extensão do país, suas riquezas naturais e o clima (tropical) são


responsáveis por favorecer o desenvolvimento agrícola. Hoje, o Brasil tem uma
grande tradição agrária, seu surgimento deu início desde sua colonização, e esse
legado tem se estendido com o passar dos séculos.
18
TÓPICO 1 | ADMINISTRAÇÃO GERAL

O termo agribusiness (significa agronegócio, em português) engloba toda


a atividade econômica envolvida com a produção, estocagem, transformação,
distribuição e comercialização de alimentos, fibras industriais, biomassa,
fertilizantes e defensivos (SEBRAE.com).

Em outras palavras, pode ser entendido como o conjunto de diversas


atividades produtivas relacionadas à agricultura e pecuária dentro de um ponto
de vista econômico. É um termo que faz com que ultrapassem as fronteiras da
propriedade rural, seja ela agrícola ou pecuária. Ele está articulado dentro dos
três setores de atividade econômica: primário, secundário e terciário, envolvendo
a participação de todos de forma direta ou indiretamente no processo até chegar
ao consumidor final. Hoje, o Brasil é considerado uma potência mundial no
aumento de exportações de produtos (alimentícios e energéticos) do agronegócio.

O processo administrativo é composto por quatro etapas, a saber:


planejamento, organização, direção e controle. No agronegócio, a presença das
quatro atividades não seria algo a ser considerado diferente. Pelo contrário, nesse
sistema produtivo existe uma necessidade maior do planejamento, muitas vezes
por conta da incerteza que existe nesse ambiente.

Com isso, pode-se entender que qualquer que seja a produção é importante
que se tenha uma atenção para essas quatro etapas. Embora hoje muitos produtores
tenham a noção da importância da aplicação da administração no meio rural, a
sua ausência ainda é um dos maiores entraves no cenário agrícola, pois a maior
parte dos esforços ainda é focada na produção em si. Isso vem diminuindo com o
passar dos anos, em decorrência das constantes mudanças que vêm ocorrendo no
ambiente econômico, existindo hoje a percepção de que a falta de administração
em relação ao que se produz no meio rural, pode gerar prejuízos irreversíveis.

FONTE: ARAÚJO, Fabrícia. Administração Rural: O agronegócio do Brasil. 2014. Disponível em:
<http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/administracao-rural-o-agronegocio-no-
brasil/81695/>. Acesso em: 14 jun. 2018.

19
RESUMO DO TÓPICO 1
Nesse tópico, você aprendeu que:

• Administrar é o processo de tomar, realizar e alcançar ações que utilizam


recursos para alcançar objetivos.

• A administração envolve três fatores: Objetivos – aquilo que se deseja alcançar,


conseguir; Recursos – aquilo que podemos utilizar, como tempo, dinheiro,
instalações, máquinas e até mesmo pessoas, e; Decisões – que é o processo
administrativo em si.

• Cada negócio ou empresa apresenta características diferentes. Não há duas


propriedades ou empresas iguais, assim como não existem duas pessoas
idênticas.

• A habilidade técnica compreende o entendimento, a proficiência em um tipo


específico ou particular de atividade.

• A habilidade humana é definida como a capacidade de trabalhar com outras


pessoas e construir cooperativamente um esforço do grupo que lidera.

• A habilidade conceitual é a capacidade de enxergar a organização como um


todo e ter visão sistêmica.

• As quatro funções básicas gerenciais são: planejar, organizar, dirigir e controlar.

• Objetivos são os resultados esperados para a empresa, como lucro, crescimento,


sobrevivência, segurança e prestígio. São os resultados específicos ou metas
que se deseja atingir.

• Planejar significa que os gestores pensam antecipadamente em seus objetivos


e ações, e que seus atos são baseados em algum método, plano ou lógica e não
em palpites.

• As funções exercidas pelo administrador são amplas e extravasam o


planejamento, organização, direção e controle, porém elas servem de guia às
ações e atitudes dos gestores.

20
AUTOATIVIDADE

1 Cite e descreva, resumidamente, as três habilidades necessárias ao


administrador rural.

2 Quais são as funções gerenciais presentes em uma empresa rural?

3 Quais são os três níveis de planejamento existentes na gestão das empresas?

21
22
UNIDADE 1
TÓPICO 2

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

1 INTRODUÇÃO
Imagine um grupo de pessoas à margem de um rio e este precisa acessar a
outra margem a fim de conseguir um caminho mais curto até a cidade.

FIGURA 7 – UMA PONTE A SER CONSTRUÍDA

FONTE: Disponível em: <https://pixnio.com/pt/paisagens/rio/rio-ceu-azul-


panorama-colina-paisagem-natureza-ceu-montanha-ao-ar-livre>. Acesso
em: 14 jul. 2018.

O grupo obviamente precisa de um acesso à outra margem, que de forma


mais eficiente é realizado por uma ponte. Para conseguir tal objetivo é necessário
que este grupo se organize e trabalhe em conjunto, objetivando a construção da
ponte. Mas, de onde virão os recursos? Quem será o responsável? Existe material
disponível? Estas perguntas fazem parte do planejamento estratégico para a
construção da ponte e da solução do problema de acesso dessas pessoas.

Desta forma, podemos definir que este grupo de pessoas tem uma meta, ou
seja, um estado futuro desejado. No entanto, precisam de um plano ou um roteiro
que especifica como os recursos serão alocados, a programação da construção e
as ações necessárias para se conseguir construir a ponte. Todo esse processo é
chamado de planejamento.

Em uma empresa, o planejamento estratégico é aquele que define o


rumo dela, ele compreende as ações que serão tomadas no futuro, levando em
consideração as condições da empresa e do mercado em que ela está inserida,
identificando em paralelo as oportunidades e ameaças, os pontos fortes e os
pontos fracos. É, em suma, mentalizar os objetivos que a empresa pretende
alcançar e determinar, em seu contexto interno e externo, as forças que atuam

23
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

contra e a favor de suas ações. Maximiano (2012) afirma que para uma empresa, a
estratégia é o caminho para garantir seu desempenho e sobrevivência, ela abrange
os objetivos da organização e os caminhos para chegar até eles.

2 ETAPAS DO PLANEJAMENTO
O planejamento estratégico se faz por meio de um processo. Este processo,
conforme determina Maximiano (2012), é uma série de análises e decisões
composta por:

• Análise da situação estratégica da organização – Onde estamos?
• Análise do ambiente – Quais são as ameaças e oportunidades do ambiente?
• Análise interna – Quais são os pontos fortes e fracos dos sistemas internos?
• Elaboração do plano estratégico da organização – Para onde devemos ir? O que
devemos fazer para chegar até lá?

Todas essas etapas ajudam a estabelecer as ações que os administradores


tomarão para alcançar suas metas. Elas devem ocorrer de maneira contínua,
ou seja, a todo o momento o administrador deve revisar estas etapas, pois cada
situação analisada é diferente do momento anterior.

FIGURA 8 – PROCESSO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

FONTE: Maximiano (2012, p. 103)

Realizar o planejamento estratégico exige, portanto, um processo dinâmico.


Em uma empresa rural, o planejamento estratégico é fundamental para o sucesso
do empreendimento e não se diferencia das empresas industriais urbanas. Bastos
(2006) identifica que planejar estrategicamente uma empresa implica em:

• possibilitar a identificação das oportunidades e ameaças que possam surgir no


meio ambiente;
• assegurar a necessária preparação às mudanças identificadas;
• melhorar a exploração dos pontos fortes, das oportunidades, neutralizar os
pontos fracos e as ameaças à empresa rural;
• visualizar os problemas internos, externos e as prioridades de solução.

24
TÓPICO 2 | PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

De forma geral, as empresas rurais, ao estabelecerem seu planejamento


estratégico, devem idealizá-lo contendo claramente: o negócio da empresa; sua
missão, sua visão; a análise do ambiente; seus objetivos e metas; e suas ações
estratégicas.

3 IDENTIFICANDO O NEGÓCIO DA EMPRESA


Identificar o negócio da empresa é determinar o seu âmbito de atuação.
Bastos (2006, p. 1) afirma que “na definição do negócio, o empresário rural
deve indicar que mercado atende, tipo de cliente atual ou em potencial, e não
se limitando apenas aos produtos que produz, a fim de não limitar a visão do
seu negócio, mas torná-la mais abrangente, visando à possibilidade de ampliação
de suas atividades afins”. Esta identificação é denominada visão ampliada de
negócio, pois abrange toda a organização rural.

O administrador rural deve, em um primeiro momento, definir quais são


as atividades básicas na propriedade. Ele deve fazer um levantamento geral do
imóvel, conhecer seu capital físico, financeiro, natural e humano. Com esses dados
em mãos, o produtor consegue ter uma visão global da empresa, pois conseguirá,
de forma clara, saber o que é possível ou não realizar dentro da organização.

QUADRO 1 – TIPOS DE CAPITAL

Tipos Exemplos
Capital físico Máquinas, construções, benfeitorias e equipamentos.
Dinheiro em caixa, contas a receber, produtos acabados, estoques de
Capital financeiro
insumo.
Capital natural Fertilidade do solo, recursos hídricos, florestas.
Capital humano Administradores, gerentes, inseminadores, cozinheiros, tratoristas.

FONTE: Adaptado de Senar (2012)

Realizado o diagnóstico e levantamento do que há disponível na


propriedade, o administrador deve, conforma afirma Maximiano (2012), definir
com clareza qual é a missão ou negócio da empresa.

E
IMPORTANT

Missão pode ser definida como a razão da existência da empresa. Ela deve definir,
de maneira ampla e explícita, o escopo básico do negócio da organização (DAFT, 2010).

25
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

Maximiano (2012) afirma que a missão esclarece o propósito ou razão


de ser da organização, ou sua utilidade para os clientes. A missão vai além de
descrever somente o produto ou serviço de uma empresa, ela deve ir além,
contendo aspirações e valores daquela empresa.

Exemplo:

Missão da empresa Mundo Verde:

Oferecer qualidade de vida, consumo responsável e sustentabilidade.

Bastos (2006) demonstra que, ao definir a missão da empresa rural, o


administrador deve buscar responder a algumas questões:

• O que a empresa rural deve fazer?


• Para quem a empresa rural deve fazer?
• Por que a empresa rural deve fazer?
• Como a empresa rural deve fazer?
• Onde a empresa rural deve fazer?

Não é necessário responder a todas, porém elas ajudam no processo de


formulação da missão da empresa rural. De forma intuitiva, muitos produtores já
têm em mente qual é sua missão. Ela só precisa ser definida e colocada em prática
por meio do planejamento estratégico.

O estabelecimento da missão permite dar um norte às atividades da


empresa em seu dia a dia, direcionando, em qualquer lugar, tempo ou situação,
a direção que deve ser seguida por seus administradores e funcionários.
Estabelecida a missão, é preciso buscar a visão da empresa.

A visão da empresa é enxergar como ela estará no futuro, o que a empresa


deseja alcançar. Ao determinar a visão, é necessário ter em mente como queremos
que essa seja vista e reconhecida (SEBRAE, s.d.).

Para facilitar este processo, o administrador deve buscar responder às


seguintes perguntas:

• O que queremos ser no futuro?


• Em que direção a empresa pretende seguir?
• Como a empresa deseja ser reconhecida no futuro?

Exemplo:

Visão da empresa Arcor:

Ser a empresa nº 1 de guloseimas e biscoitos da América Latina e consolidar a


participação no mercado internacional.

26
TÓPICO 2 | PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Conhecidos e estabelecidos o negócio da empresa, sua missão e visão, o


administrador rural deve conhecer o ambiente em que atuará.

4 FAZENDO A ANÁLISE DO AMBIENTE


Entender o ambiente em que se encontra a organização é fundamental,
pois permite identificar os diversos fatores que influenciam a gestão dos negócios.

Analisar o ambiente é determinar quais os fatores internos e externos


influenciam as atividades das empresas e quais as forças que auxiliam ou impedem
uma resposta adequada às ameaças. O ambiente das empresas é dividido em
ambiente interno e externo.

No ambiente interno, existem condições controladas pelo empresário que


favorecem o alcance de bons resultados (pontos fortes) e outras que dificultam
(pontos fracos). "No ambiente externo, de forma análoga, existem condições
favoráveis (oportunidades) e desfavoráveis (ameaças) nas quais o produtor não
exerce influência direta" (SENAR, 2012, p. 21).

Analisar o ambiente interno das empresas é verificar quais são suas


vantagens e desvantagens frente aos concorrentes. É conhecer de forma detalhada
o ambiente operacional da empresa, composto por fatores limitantes ou de
potencialidades, ou seja, é conhecer a fundo o que a empresa consegue ou não
realizar em termos financeiros, produtivos e administrativos.

NOTA

Pontos fortes são fatores internos que deixam a empresa em vantagem em


relação a seus concorrentes.

Pontos fracos são fatores internos que deixam a empresa em desvantagem em relação a seus
concorrentes.

No ambiente externo, por outro lado, são analisadas as oportunidades


e ameaças vivenciadas pela empresa. “Ele é composto por condições e fatores
externos que influenciam a empresa, no seu negócio, e no qual ela tem pouco ou
nenhum poder de influência” (BASTOS, 2006, p. 1).

27
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

E
IMPORTANT

Oportunidades são circunstâncias que o ambiente externo proporciona e que o


produtor pode aproveitar quando lhe convier.

“Ameaças são circunstâncias que o ambiente externo apresenta e que podem dificultar ou
inviabilizar as atividades da empresa rural” (SENAR, 2012, p. 23).

Ao contrário do ambiente interno, onde o administrador rural tem controle


sobre seus pontos fortes ou fracos, no ambiente externo não há qualquer controle
por parte dele. Novas leis, linhas de crédito, uma praga ou doença e alta no preço
de algum insumo podem ocorrer a qualquer momento, sem previsão ou controle.

QUADRO 2 – ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNO E EXTERNO

Ambiente Interno Ambiente Externo


Pontos fortes: Oportunidades:
Solo com alta fertilidade. Linhas de crédito com juros atrativos.
Mão de obra qualificada. Proximidade de centros consumidores.
Bom potencial genético do rebanho. Malha rodoviária em bom estado.
Disponibilidade de água. Treinamentos e cursos realizados.
Pontos fracos: Ameaças:
Baixo capital de giro. Instabilidades climáticas.
Áreas degradadas. Novas pragas e doenças.
Ausência de controles produtivos e financeiros. Grande oferta e pouca procura.
Pouco conhecimento em administração rural. Alto custo dos insumos.

FONTE: SENAR (2012, p. 24)

O administrador da empresa rural pode listar, como apresentados no


quadro, os diversos pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades. Esta visão
global da empresa garante previsão e possibilita planejamento das ações. De
forma geral, é interessante que o administrador fortaleça os pontos fortes e
aproveite as oportunidades. De modo distinto, deve-se eliminar pontos fracos e
estar atento às ameaças, suas causas e possíveis soluções para elas.

5 OBJETIVOS E METAS
Após ter estabelecido o negócio da empresa, seus valores, e ter conhecido
o ambiente em que atua, é possível ao administrador elaborar os objetivos que
pretende alcançar, ou seja, determinar quais resultados a empresa rural pretende
alcançar em um determinado período de tempo.

28
TÓPICO 2 | PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

E
IMPORTANT

Objetivos são resultados esperados a serem alcançados pela empresa.


Metas são definições específicas do que se pretende alcançar, de forma quantitativa e com
prazo determinado.

Bastos (2006) define que os objetivos e metas devem:

• Ser coerentes com os recursos e o ambiente da empresa.


• Ser viáveis e desafiadores.
• Ser desafiadores.
• Ser mensuráveis.
• Possuir prazos definidos.
• Ser em número reduzido.

“As metas existem para monitorar o progresso da empresa. Para cada meta
existe, normalmente, um plano operacional, que é o conjunto de ações necessárias
para atingi-la. Toda meta, ao ser definida, deve conter a unidade de medida e
onde pretende chegar” (SEBRAE, s.d., p. 4).

Um dos principais aspectos a serem considerados, ao se elaborar objetivos


e metas, é estabelecer o prazo para que ocorram. É necessário informar, no plano
estratégico, se as metas devem ser alcançadas em 1, 5, 10 ou mais anos. Isso
permitirá, no futuro, fazer o acompanhamento do que está ocorrendo com o que
foi planejado.

6 A AÇÃO ESTRATÉGICA
Definidos os objetivos, metas e prazos, o administrador rural deve
estabelecer tarefas que serão distribuídas aos setores e funcionários de modo a
estabelecer quais ações serão tomadas e como serão realizadas. Essa etapa do
processo é denominada ação estratégica. É definir como a empresa alcançará seus
resultados.

Um dos principais meios de se estabelecer a ação estratégica é realizar o


planejamento operacional. Ele consiste na programação das tarefas e operações
de rotina das empresas rurais. São ações contínuas e que ocorrem em todos os
setores da empresa.

Nesta etapa final, deverão ser planejados, baseados nos diversos itens
descritos anteriormente, a produção, a área econômico-financeira e o fluxo de
caixa. Deverão ainda ser analisados os resultados econômicos da empresa em
relação as suas diversas atividades.

29
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

LEITURA COMPLEMENTAR

VISÃO E AÇÃO ESTRATÉGICA

Cristian Menezes

A visão está na mente do administrador e a ação está nos resultados


concretos obtidos ao longo do tempo pelo seu trabalho. A gestão de negócios com
eficácia implica compatibilizar o conhecimento adquirido com as exigências do
mercado. Conhecimento e mercado dão origem e fundamentam o planejamento,
que se relacionará com: cenários – como referências, e realidade de futuro. Os
autores afirmam que não adianta ter estratégia sem possuir visão estratégica,
que por sua vez não existe sem pensamento estratégico. Há quatro elementos
essenciais para formação do planejamento estratégico: missão, cenários, objetivos
e metas. Toda estratégia visa à qualidade, pois não há qualidade sem estratégia.
A ação tem que ser dividida com seus colaboradores, cada meta tem seu titular
responsável e corresponsáveis envolvidos no seu cumprimento. A necessidade
destes colaboradores renovarem neste sentido é fundamental. As empresas
consideram alguns conceitos como: cultura organizacional, clima, filosofia,
políticas, gestores participativos, educadores. Para isso é muito importante a
figura do líder renovador que necessita reunir em seu perfil: visão estratégica,
capacidade integradora, sinergia de equipes e foco no cliente. Tudo isso sem
esquecer da missão da empresa que é sua razão de ser.

A estratégia dentro de uma empresa consiste em mudanças competitivas e


abordagens comercias que os gerentes executam para atingir o melhor desempenho
da empresa, a estratégia é planejamento do jogo em gerenciar para reforçar a
posição da organização no mercado. As estratégias gerenciais moldam a maneira de
condução dos negócios da empresa, além de proporcionar um meio de ligar as ações
que podem decidir uma determinada rota. Sem estratégia, um gerente não tem um
rumo previamente considerado para seguir, e nem um programa de ação unificado
para produzir os resultados desejados. Planejar o jogo gerencial com sucesso
envolve as principais funções e departamentos dentro da organização. O grande
desafio da implementação estratégica é moldar todas as decisões. Na realidade,
uma boa estratégia é uma boa execução da mesma, são os sinais mais confiáveis de
uma boa gerência, mas fica uma indagação de quem seria a responsabilidade pela
elaboração e implementação da estratégia da empresa.

A responsabilidade seria do diretor executivo, que é comparado com


um capitão de navio, pois ele tem o encargo maior de elaborar e implementar a
estratégia da empresa.

O título de diretor executivo carrega consigo o manto de principal


estabelecedor de estratégias e principal criador das mesmas para empresa como
um todo. O vice-presidente de produção, comercialização, finanças, recursos
humanos, entre outros departamentos funcionais, exercem importe influência na
implementação da estratégia.
30
TÓPICO 2 | PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Os gerentes têm um papel de colocar em prática as estratégias, é falha


idealizar que a responsabilidade é somente da alta gerência.

A elaboração e implantação consiste em cinco passos:

• Primeiro: decidir em que negócio a empresa precisa ser direcionada, fornecendo


orientação a longo prazo e estabelecendo uma missão clara a ser cumprida.
• Segundo: transformar a visão e a missão estratégica em objetivos de desempenho
que podem ser atingidos.
• Terceiro: elaborar estratégia para atingir os resultados desejados.
• Quarto: executar e implementar a estratégia escolhida, com eficiência e eficácia.
• Quinto: avaliar o desempenho, revisar os novos desenvolvimentos, ajustando
o rumo a longo prazo, experimentando novas ideias e oportunidades.

Em um mundo marcado pela incerteza, o planejamento torna-se


indispensável. Superar problemas, aproveitar oportunidades, prevenir ameaças
e navegar por tendências não é um caminho fácil. O certo, no entanto, é que a
empresa, a organização e as pessoas que traçam metas, se comprometem com
elas, criam uma visão do futuro, um conjunto de objetivos, crenças e valores
que orientam a ação em direção ao futuro, possuem mais chances de sucesso
que os outros que não programam suas ações. Assim, na empresa, o Plano de
Ação Estratégica é um documento que deve existir sinalizando a direção, as
intenções e as ações que devem ser executadas, tendo em vista o cenário presente,
as oportunidades e as ameaças para poder construir o cenário futuro desejado.
Toda empresa, por menor que seja, deve ter uma visão de futuro, um olhar para
frente onde deseja chegar, pois quem não sabe onde deseja ir, tende a ter muito
mais dificuldades na medida em que não planeja, não se antecipa aos problemas
nem visualiza as oportunidades. É incomum também que pessoas de sucesso
não tenham metas, que não façam seu planejamento estratégico pessoal. Quem
precisa alcançar um porto, deve antes de mais nada traçar os planos da viagem e
procurar verificar os riscos. Planejar estrategicamente é fazer isto a longo prazo.
Vejamos então alguns conceitos de planejamento:

Transformar a realidade em uma direção escolhida, organizar a própria


ação, implantar processo de intervenção sobre a realidade, agir racionalmente,
dar precisão à própria ação, explicar os fundamentos da ação do grupo, pôr em
ação as técnicas para racionalizar a ação.

Para desenvolver um planejamento com sucesso é necessária uma


racionalização do mesmo, ou seja, utilizá-lo como processo mental.

É um processo dinâmico, contínuo e complexo, desenvolvido antes,


durante e após a realização de intervenções sistematizadas e orientadas para
a consecução de resultados. Envolve operações mentais dentre as quais se
destacam: identificação, análise, previsão e decisão a respeito do que, por que,
como, quando, onde, (com) quem e para quem se quer promover, em relação a
uma dada realidade.

31
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

É necessário operar o planejamento a partir de uma estratégia. Planejar não


é apenas uma tarefa de planejadores, mas de todos os envolvidos no processo. Não
é mera declaração de intenções e sim o enunciado de objetivos reais e atingíveis.
Exige a ousadia de visualizar um futuro melhor, planejamento é instrumento de
gestão, processo técnico envolvendo diferentes momentos que interagem de forma
dinâmica no movimento contínuo de conhecimento da realidade, requerendo
permanente negociação. Também se relaciona ao detalhamento das atividades
necessárias à efetivação das decisões tomadas em planos, programas e projetos.

Analisando o tema, concluímos que visão e ação estratégica dentro


das organizações se fazem necessárias como ferramentas fundamentais para o
sucesso e crescimento das organizações, pois é impossível alcançar objetivos sem
planejamento e definição de metas, sejam elas de curto ou longo prazo. Podemos
observar ainda que para a eficácia da implantação da estratégia é fundamental o
comprometimento de toda equipe e é imprescindível ter profissionais qualificados
para planejar com eficiência e agir de forma estratégica.

“Uma visão sem ação é somente um sonho. Uma ação sem visão é somente
um passatempo. Uma visão com ação pode transformar o mundo”.
FONTE: MENEZES, Cristian. Visão e ação estratégica. 2008. Disponível em: <http://www.
administradores.com.br/artigos/carreira/visao-e-acao-estrategica/27061/>. Acesso em: 14 jun.
2018.

32
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Em uma empresa, o planejamento estratégico é aquele que define o rumo da


empresa, ele compreende as ações que serão tomadas no futuro, levando em
consideração as condições da empresa e do mercado em que ela está inserida,
identificando em paralelo as oportunidades e ameaças, os pontos fortes e
fracos.

• Ao estabelecerem seu planejamento estratégico, os administradores devem


idealizá-lo contendo claramente: o negócio da empresa; sua missão, sua visão;
a análise do ambiente; seus objetivos e metas; e suas ações estratégicas.

• Identificar o negócio da empresa é determinar o seu âmbito de atuação.

• Missão pode ser definida como a razão da existência da empresa.

• O ambiente das empresas é dividido em ambiente interno e externo.

• Pontos fortes são fatores internos que deixam a empresa em vantagem em


relação a seus concorrentes.

• Pontos fracos são fatores internos que deixam a empresa em desvantagem em


relação a seus concorrentes.

• Objetivos são resultados esperados a serem alcançados pela empresa.

• Metas são definições específicas do que se pretende alcançar, de forma


quantitativa e com prazo determinado.

33
AUTOATIVIDADE

1 O que é planejamento estratégico e qual sua principal utilização?

2 Defina o que é missão e escreva, com suas palavras, a missão de uma empresa
de plantio de soja.

3 O que é o ambiente interno e externo das empresas?

34
UNIDADE 1
TÓPICO 3

DEMANDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

1 INTRODUÇÃO
O setor agrícola brasileiro cresce exponencialmente ano a ano. Contudo,
as dinâmicas de mercado devem ser bem entendidas. A demanda interna por
alimentos e a necessidade de novas commodities faz com que haja uma disputa
entre os mercados interno e externo. Cada vez mais a produção tem de agregar
volume, bem como a qualidade.

O produtor se vê na obrigação de investir em tecnologia para conseguir


competir no mercado. Tecnologias de produção, colheita, transgenia, entre outros,
são a base da produção frente ao mercado competitivo em que se encontra. Têm-
se comprador, contudo este é cada vez mais exigente em qualidade agregada a
volume de produção. Assim exige-se uma melhor especialização da produção,
junto à mão de obra dos profissionais que compõem esse ramo de atividade.

2 DEMANDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS


A agropecuária envolve tanto as atividades de cultura da terra (agricultura)
quanto as de criação de animais (pecuária). Toda produção destinada à alimentação
humana e/ou animal, matéria-prima de fomento da indústria para produção
industrial, energética, borracha ou têxtil é oriunda desse setor da economia. A
agropecuária, além de atender ao consumo interno nacional, é responsável por
sustentar a economia. Em 2013, o agronegócio nacional exportou cerca de US$
100 bilhões, gerando um superávit de US$ 82 bilhões (BRASIL, 2014).

Tamanho crescimento da demanda possibilita, ano após ano, o aumento


produtivo desse setor. Investimentos por parte da iniciativa privada e incentivos
do governo são contínuos no que tange ao aumento da capacidade produtiva e
da armazenagem. O clima nacional favorece muito esse negócio no país, uma vez
que o clima que temos é mais favorável a tal produção, comparado a concorrentes
internacionais. Outros aspectos importantes são as grandes áreas de terras
cultiváveis e empresas agropecuárias renomadas no melhoramento de sementes
e plantas, como Embrapa, Emater, Senar, entre outras. Assim, a produção sendo
mais barata consegue-se barganhar mais mercado, oferecendo um preço melhor.
No que tange à infraestrutura logística, ainda estamos muito aquém do ideal.

35
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

NOTA

Para o ano de 2018, espera-se que o mercado de produtos agropecuários


obtenha maiores receitas, ainda que com menor produção nacional.

O mercado agropecuário cresce na mesma medida que exige profissionais cada vez mais
capacitados.

A agropecuária se baseia praticamente em firmas intensivas que


competem por menores preços e têm produtos padronizados (commodities).
O fator preponderante de competitividade do setor são os recursos naturais e a
tecnologia oferecida.

A transgenia é tendência atual de mercado. Tal técnica se baseia na


transmissão de genes desejados entre diferentes espécies de plantas. Seu uso
pode reduzir os custos de produção e aumentar a oferta por alimentos no
mundo. Entretanto, tal técnica representa dúvida tecnológica à saúde humana e à
fitossanidade que ainda necessitam ser estudados.

O principal obstáculo ao crescimento ainda maior do setor é a infraestrutura


logística e a falta de armazéns de estocagem dos produtos, mesmo assim o
setor resiste e contribui fortemente com a economia. O principal investimento
nesse setor é sempre na aquisição de terras e na melhoria da infraestrutura das
propriedades (pontes, armazéns, galpões etc.). Assim, a produção estará sempre
atrelada à área cultivada. Contudo, a capacidade produtiva da terra varia com
o nível de tecnologia usada (qualidade da semente, maquinário, irrigação etc.),
ação do clima e a possível ocorrência de pragas e doenças na área.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE –,


no ano de 2012, o Brasil possuía 69 milhões de hectares (ha) de área plantada
(aproximadamente) e aproximados 150 milhões (ha) operando em regime de
pastagem. As culturas mais importantes são a de soja (25 milhões de ha), de
milho (15 milhões de ha) e cana-de-açúcar (9,8 milhões de ha), o que representa,
aproximadamente, 79 milhões de ha das áreas cultivadas. Cada ha de cana
rendeu, aproximadamente, 73,9 toneladas; em soja, 2,6 toneladas, e em milho, 4,7
toneladas (SIDRA, 2014). Estavam alocadas por volta de 212 milhões de cabeças
de bovino e bubalino, 26 milhões de ovinos e caprinos e mais de 7 milhões de
equinos, asininos e muares nas áreas de pastagem. A pecuária também envolve
avicultura (mais de 1,2 bilhão de animais) e suinocultura (quase 39 milhões), que
por esses animais serem criados alojados em pequenos espaços, ocupam pequenas
áreas, comparados aos demais (SIDRA, 2014). Quase a totalidade do maquinário
utilizado na agropecuária é fabricado no país, apoiado pela Agência Especial de
Financiamento Industrial – FINAME. Os itens importados apresentam pouco
investimento se comparados aos demais, dentre eles se destacam o material

36
TÓPICO 3 | DEMANDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

genético de plantio e matrizes de animais. Entretanto, essa importação foi feita


outrora e o material genético somente é replicado no país.

Em 2012, o agrobusiness foi responsável por 22,5% do Produto Interno


Bruno nacional (CEPEA, 2013). O agronegócio brasileiro se baseia basicamente
em fornecimento de insumos, máquinas e equipamentos, produção agropecuária,
indústria de processamento secundário, transporte e comercialização de produtos
primários processados.

FIGURA 9 – MACROSSEGMENTOS DO AGRONEGÓCIO

INDÚSTRIA

INDÚSTRIA DE
PRODUÇÃO DISTRIBUIÇÃO
FORNECEDORES AGROINDÚSTRIA PROCESSAMENTO
AGOPECUÁRIA SECUNDÁRIO
E SERVIÇOS

Insumos Alimentos
Máquinas e Matérias-primas Matérias-primas
equipamentos industriais

FONTE: Sidonio et al. (2013, p. 335)

A produção no agronegócio no país é realizada basicamente por


brasileiros, contudo há grande presença de empresas estrangeiras no fornecimento
de insumos e na exportação de produtos agrícolas (tradings). Já nas indústrias
de processamento secundário, aparecem empresas nacionais e estrangeiras.
O insumo fertilizante é basicamente de origem estrangeira, e em 2013 atingiu
US$ 8,9 bilhões, sendo que tais importações responderam por cerca de 70% da
demanda nacional (SBA, 2014).

Um dos maiores desafios no adensamento da agropecuária nacional,


além da infraestrutura de transporte e armazenagem, é a estrutura tributária.
Enquanto o produtor primário exporta quase sem impostos, os exportadores
de industrializados não recuperam os impostos incluídos em seus produtos,
gerando favorecimento da exportação de produtos primários. Esse fato, junto
à preferência de importadores por produtos primários, demonstra a posição do
Brasil como exportador.

Em 2012, o CR4 (medida de concentração de mercado, mostra a participação


das maiores empresas no setor em relação ao mercado total, sendo um total de
quatro empresas) nacional foi de apenas 3,3% do valor bruto da produção, o que
é muito pouco. Como a maioria dos produtores trabalham junto a cooperativas

37
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

(Coamo, Cocamar, Cooxupé), tais dados indicam que o grau de concentração é


ainda menor (VALOR ECONÔMICO, 2013).

O setor responsável por produzir commodities de comercialização mundial


sofre influência direta da dinâmica comercial da bolsa de valores. Os preços no
mercado interno seguem oscilação de acordo com os preços internacionais, com
algumas diferenças pelo valor do frete e tarifas de importação. Assim, o crescimento
mundial da economia representa o crescimento do agronegócio, demandando
commodities e elevando preços. A importação de commodities é necessária para
a completa diversidade de produtos oferecidos ao mercado doméstico, ao que não
foi produzido internamente, principalmente, na entressafra. Na participação do
Brasil no mercado, destacam-se as importações de lácteos e trigo: déficit comercial
de US$ 2,1 bilhões em trigo e de US$ 491 milhões em lácteos, em 2013 (BRASIL,
2014). O trigo importado, desde 2005, oscila em relação ao que foi produzido na
safra, entre 55% a 75% do ofertado domesticamente, segundo Abitrigo (2014);
sendo Argentina e Uruguai os principais fornecedores, por acordos do Mercosul
(BRASIL, 2014).

Em lácteos, como o preço de produção no país é alto, importa-se cerca


de 5% de seu consumo desses produtos, também do Uruguai e Argentina, por
causa do Mercosul. Esse valor só não é maior por uma taxação feita pelo governo
brasileiro, limitando a 3,6 mil toneladas de lácteos por mês.

Esse setor da economia é altamente dependente de políticas


governamentais, tanto em tributos quanto em políticas públicas. Dentre todos
os incentivos do governo, destaca-se a oferta do crédito rural, favorecido para
custear, ajudar no investimento, na parte comercial dos produtos e garantia de
preços mínimos (Política de Garantia de Preços Mínimos – PGPM) e das políticas
de proteção à produção familiar. Em nível federal, além do PGPM tem-se ainda
o programa à aquisição de alimentos (Programa de Aquisição de Alimentos –
PAA) e o programa para alimentação escolar (Programa Nacional de Alimentação
Escolar – PNAE), que incentiva a compra de produtos oriundos da agricultura
familiar. Já em relação aos programas de crédito, o mais importante é o programa
de investimento em agricultura familiar (Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar – PRONAF).

A tecnologia mais relevante e utilizada na agricultura é a biotecnologia.


Tal área de pesquisa proporciona descobertas no melhoramento genético vegetal,
defensivos e fertilizantes agrícolas, produtos veterinários e outros organominerais.
O melhoramento genético busca aumentar a eficiência produtiva de animais e
vegetais através da seleção e da disseminação das características de interesse
econômico nesses organismos.

A transgenia permite a transmissão de genes desejados entre diferentes


espécies. Um grande pilar de tal técnica no Brasil é a Embrapa. Dos 32 transgênicos
registrados no Brasil em 2014, a Embrapa detinha exclusivamente o feijão, e
divide com empresas multinacionais todos os outros registrados (CTNBIO, 2014).

38
TÓPICO 3 | DEMANDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

3 OFERTA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS


Sandroni (2006, p. 429) menciona que oferta é a “quantidade de bens
ou serviços que se produz e se oferece no mercado, por determinado preço e
em determinado período de tempo”. O somatório das ofertas que as empresas
fazem individualmente representa a oferta de mercado (ARBAGE, 2006). Entre
os principais objetivos de uma empresa estão a geração de lucro, manutenção
de mercado e sobrevivência em longo prazo (KUPFER; HASENCLEVER, 2002).
Para alcançar tal objetivo, a empresa necessita oferecer um produto atrativo no
mercado, enfrentando restrições como orçamento e concorrência, por exemplo.
Existem algumas determinantes da oferta de uma empresa que são importantes
na determinação do perfil. A primeira é o preço. Quando o preço de um bem ou
serviço aumenta e as demais variáveis permanecem sem alteração, a quantidade
de rentabilidade desse bem aumenta. Tal fato corre, pois aumenta a lucratividade,
incentivando a empresa a aumentar sua oferta. Já se houver redução do preço, e
as demais variáveis não se alteram, a quantidade do lucro é reduzida. Baixo preço
representa baixa lucratividade. Consequentemente, as empresas tendem a reduzir
sua oferta (ARBAGE, 2006). Pode-se visualizar essa dinâmica na figura a seguir:

FIGURA 10 – CURVA DA OFERTA E MUDANÇA DA QUANTIDADE OFERTADA

Preço

p2 B

p1 A

q1 q2 Quantidade
FONTE: Waquil, Miele e Shultz (2010, p. 22)

Quando há aumento do preço de p1 para p2, a quantidade ofertada aumenta


de q1 para q. Assim, a quantidade ofertada deslocou-se do ponto A para o B.

Além de preços do bem ou serviço, algumas variáveis determinantes da


oferta de uma empresa, segundo Hall e Lieberman (2003) e Pinho e Vasconcellos
(2004), podem ser:

39
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

• preços dos insumos do processo de produção (matéria-prima, mão de obra,


energia elétrica, ...;
• lucratividade dos bens e serviços alternativos (que podem ser produzidos
com tecnologia e insumos semelhantes aos utilizados pela firma, ou seja, que
utilizam a mesma base tecnológica, carecendo apenas de pequenas adaptações);
• avanços tecnológicos que reduzem custos ou aumentam a produtividade; X
condições climáticas, no caso de produtos agrícolas;
• expectativas em relação ao futuro da disponibilidade dos insumos e fatores de
produção, de seus preços ou dos preços do bem ou serviço.

Como visto, os deslocamentos ao longo da curva da oferta (entre A e


B) ocorrem de acordo com a alteração do preço do bem ou serviço. Quando há
alteração das demais variáveis, a curva da oferta se desloca como um todo:

FIGURA 11 – MUDANÇA DA CURVA DE OFERTA QUE AUMENTA A


QUANTIDADE OFERTADA

Preço

p2=p1

O1
O2

q1 q2 Quantidade
FONTE: Waquil, Miele e Shultz (2010, p. 23)

Mesmo que não haja alteração do preço (p1=p2), há aumento da quantidade


ofertada (q1 para q2), porque a curva se deslocou toda para a direita (O1 para O2).
Segundo Waquil, Miele e Shultz (2010, p. 23), isso ocorre pelos seguintes fatores:
Redução do preço dos insumos e fatores de produção;
Redução da lucratividade dos bens e serviços alternativos;
Avanços tecnológicos e condições climáticas favoráveis;
Expectativa de redução no preço do bem ou serviço (antecipação da
venda a fim de obter preços melhores no presente).

40
TÓPICO 3 | DEMANDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

FIGURA 12 – MUDANÇA DA CURVA DE OFERTA QUE REDUZ A QUANTIDADE


OFERTADA

Preço

p2=p1

O1
O2

q1 q2 Quantidade

FONTE: Waquil, Miele e Shultz (2010, p. 23)

Mesmo que o preço não tenha alterado (p1=p2), há uma redução da


quantidade ofertada (q1 para q2), pois a curva se deslocou para a esquerda (O1
para O2). Segundo Waquil, Miele e Shultz (2010), isso ocorre pelos seguintes
fatores:

• aumento do preço dos insumos e fatores de produção;


• aumento da lucratividade dos bens e serviços alternativos;
• obsolescência tecnológica e condições climáticas desfavoráveis;
• expectativa de aumento no preço do bem ou serviço (retenção de estoques a
fim de obter preços melhores no futuro).

A quantidade que oferece o mercado refere-se à quantidade que as


empresas resolvem ofertar por determinado preço e em certas condições. Assim,
a oferta de mercado também depende da capacidade de produção. Diferente da
demanda, alterações na dinâmica das ofertas demandam tempo. Para produtos
agrícolas, a quantidade ofertada é dada a partir do momento que o produtor
resolver iniciar a atividade e da confirmação da produção frente às variáveis que
estão envolvidas no processo.

Assim é necessária a compreensão de um modelo dinâmico, em que os


preços durante a época de plantio irão determinar a oferta na colheita, a não ser
que haja algum problema na produção, ou que o produtor resolva estocar seus
produtos ou fazer importações do mesmo. Tal dinâmica não influenciará somente
na oferta, mas também no valor monetário a cada produto individualmente.

41
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

E
IMPORTANT

O que sempre vai reger o mercado de preços é a oferta e procura.

4 O EQUILÍBRIO NO MERCADO AGROPECUÁRIO


O mercado é o ponto de encontro entre oferta e procura (demanda) de bens,
em um gráfico. Desse ponto são definidas as ofertas e demandas. O mercado só é
entendido com precisão se forem levadas em conta as variáveis oferta e procura.

A oferta e demanda levará o gráfico a uma posição de equilíbrio, como


você pode observar a seguir:

FIGURA 13 – VARIAÇÃO DA OFERTA E DEMANDA À DETERMINAÇÃO DO


PREÇO

FONTE: Chelala (2009, p. 20)

Quando o gráfico apresenta um preço de R$ 20, conclui-se que há um


excesso de demanda em relação à oferta. Quando a demanda é maior que a oferta,
os preços são elevados. Já um aumento de preços causa retração no mercado e,
por consequência, aumento da demanda, até um ponto de equilíbrio com preço a
R$ 30 e quantidades da oferta e demanda iguais em 22.

Inversamente, se o preço estiver a R$ 40, mais empresas tenderão a ofertar


produtos em quantidade superior à que o mercado consegue consumir. Quando
a oferta é grande, o próprio mercado força a redução dos preços, elevando a
demanda e reduzindo a oferta até o ponto de equilíbrio (CHELALA, 2009). No
caso de tabelamento de preços abaixo do mercado, a elevação ou pressão tende a
ocasionar cobrança de ágio (valor a mais que é cobrado sobre um produto, podendo
ser juro ou lucro, dependendo da situação) ou uso paralelo de mercado (mercado

42
TÓPICO 3 | DEMANDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

negro). Na ocasião do plano cruzado, alguns produtos tiveram congelamento


de preços abaixo do nível de equilíbrio, assim ocorreram desabastecimentos e
cobrança de ágio, principalmente, na bovinocultura da época.

Quando o mercado estabelece um preço mínimo acima do nível de


equilíbrio do mercado, ocorrerá excesso de oferta, levando os ofertantes a
concordarem com preços abaixo do tabelado. Normalmente isso ocorre quando o
governo tenta proteger setores da economia, como os preços agrícolas. Assim, o
tabelar de preços deve ser bem feito para não gerar distorções no mercado.

O mercado é caracterizado pelo alto dinamismo e nunca pelo repouso. As


variações de ofertas e demandas são contínuas e, consequentemente, as curvas
oscilam positiva ou negativamente em todo o tempo.

O mercado é um sistema extremamente dinâmico, nunca estando em


repouso. Por isso são frequentes os deslocamentos das condições de oferta e de
demanda, provocando sempre alterações no equilíbrio.

Fazendo um estudo do açaí, por exemplo, supondo um preço de


equilíbrio de R$ 2,50 e demanda de 1000 litros, se houvesse queda na produção,
por qualquer motivo, a curva da oferta enfrentaria um deslocamento negativo.
Observe a figura a seguir:

FIGURA 14 – CURVAS DE OFERTA E PROCURA DE UM MERCADO

FONTE: Chelala (2009, p. 21)

Com a queda do preço, os produtores só pretendem ofertar 800 litros e a


demanda permanece inalterada. Assim, ocorrerá excesso da demanda, forçando
o mercado a uma busca de novo equilíbrio, que será um preço de R$ 3,00 e a
quantidade de 800 litros (CHELALA, 2009).

O mesmo pode ocorrer com a curva da demanda. Supomos que haja


suspeita de transmissão de chagas sugerida ao consumo de açaí. Tender-se-á a

43
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

uma retração do mercado consumidor. Assim, a curva da demanda se deslocará


negativamente para a esquerda, alterando novamente o equilíbrio de mercado.
Observe o mapa:

FIGURA 15 – FAIXA DA DEMANDA DESLOCANDO NEGATIVAMENTE

FONTE: Chelala (2009, p. 22)

Com a perda de “boa imagem” do açaí no mercado, menos consumidores


estariam dispostos a pagar R$ 3,00 por litro, e o consumo reduzirá de 800 para 400
litros. Tal situação conduzirá o preço para baixo, a R$ 2,00, por exemplo. Nesse
novo preço, a oferta e demanda se equilibrariam em 600 litros.

4.1 ESTRUTURA DE MERCADO


Como foi mencionada anteriormente, a interação entre oferta e demanda
irá determinar preços maiores ou menores. Estrutura de mercado refere-se às
características organizacionais de um mercado que determinam suas relações entre:

• vendedores no mercado;
• compradores no mercado;
• vendedores e compradores;
• vendedores estabelecidos e novos vendedores.

Existem características de mercado que englobam também a formação


de preços, sendo: grau de concentração de vendedores e compradores, grau de
diferenciação de produto, grau de dificuldade ou barreira de entrada.

• Grau de concentração de vendedores e compradores: concentração entre


vendedores e compradores. Classifica-se como uma indústria concentrada,
quando somente quatro empresas detêm 75% ou mais de toda a produção
de um serviço ou produto. Tal fato tem se tornado corriqueiro no Brasil,
principalmente, pela fusão de grandes empresas.

44
TÓPICO 3 | DEMANDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

• Grau de diferenciação de produto: seria a classificação que se dá a um produto


para determinar se ele é diferente ou homogêneo. A biotecnologia tem atuado
fortemente nessa diferenciação à barganha de mercado. Empresas globais como
Monsanto, Dow Elanco, Du Pont e Novartis têm investido muito e conseguido
dominar certos mercados. Um exemplo são as sementes de soja resistentes a
herbicidas ou que determinam maior produção.

Economicamente falando, tal diferenciação busca aumentar de forma


positiva a curva da demanda. Produtos agrícolas “in natura” são bastante
homogêneos, tornando difícil sua diferenciação. O produtor pode ou deve
trabalhar no processamento deste produto, para assim conseguir essa barganha
maior de mercado.

FIGURA 16 – CURVAS DE DEMANDA, PELA DIFERENCIAÇÃO DE PRODUTOS

P
Preço em R$/unidade

D (Produto Homogêneo)

D (Produto Diferenciado)

Quantidade por unidade de tempo Q

FONTE: Disponível em: <Materiais.tripod.com>. Acesso em: 14 jul. 2018.

Diferenciação de produtos é uma das estratégias mais eficazes em ganho de


mercado, principalmente, pela competição existente atualmente. A diferenciação
fixa marcas em embalagens e inovações. O mercado consumidor valoriza alguns
atributos, como ingredientes, método de preparação, propriedades organolépticas,
embalagem, cor, sabor, tipo de consumidor, ocasião, entre outros.

Quanto à diferenciação, os aspectos comerciais mais utilizados têm sido a


extensão da linha produtiva, a criação de marcas novas, a extensão de marcas, a
diferenciação efetiva (formulação, embalagem, posicionamento) etc.

A indústria americana é historicamente caracterizada como tendo alta


dinâmica. Entre 1980-1994, foram introduzidos mais de 40 mil novos produtos
no mercado. Tal dinamismo de produção e lançamento de novos produtos no
mercado e o disseminar dessas empresas para o Brasil, historicamente forçaram
e, ainda forçam, as empresas nacionais a procurarem diferenciação contínua a
não perder mercados consumidores.

• Grau de dificuldade ou barreiras para entrada no mercado: as condições


de entrada são situações que afetam a potencialidade de uma empresa rival

45
UNIDADE 1 | ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS AGROPECUÁRIAS

entrar no mercado. Barreiras em princípio são, por exemplo, preço mais


elevado ao que a empresa deveria cobrar. Entre as principais barreiras temos:
economia de escala (custos médios decrescem na medida em que se aumenta
a produção e a empresa cresce). Tal redução no custo tem possibilidades
crescentes de especialização e divisão de mão de obra, uso de tecnologia mais
eficiente, aquisição de insumos de menor valor. Um dos grandes problemas à
indústria no Brasil também é o registro de patentes. O processo, além de caro
é dispendioso, e isso fez com que o Brasil esteja atrasado em relação à geração
de diferenciações biotecnológicas.

Baseando-se nos elementos que norteiam o mercado, número de


empresas e diferenciação dos produtos, os mercados podem ser classificados em:
competitivo, pouco competitivo e sem competição. A figura a seguir demonstra
as alternativas do mercado levando em consideração a atividade da firma:

FIGURA 17 – ESTRUTURA BÁSICA DE MERCADOS

Concorrência Concorrência
Característica Monopólio Oligopólio
Perfeita Perfeita
Quanto ao
Só há uma
número de Muito grande. Pequeno. Grande.
empresa.
empresas
Homogêneo.
Pode ser
Quanto ao Não há Não há substitutos
homogêneo ou Diferenciado.
Produto quaisquer próximos.
diferenciado.
diferenças.
As empresas têm
grande poder para Embora
manter preços dificultado pela
Pouca margem
Quanto ao relativamente interdependência
Não há de manobra,
controle das elevados, entre as empresas,
possibilidades devido à
empresas sobretudo estas tendem a
de manobras existência de
sobre os quando não há formar cartéis
pelas empresas. substitutos
preços intervenções controlando
próximos.
restritivas no preços e cotas de
governo (leis produção.
antitrustes).
É intensa,
A empresa estabelecendo-
geralmente recorre É intensa, se através de
Quanto à
Não é possível a campanhas sobretudo quando diferenças físicas,
concorrência
nem seria eficaz. institucionais, para há diferenciação do embalagens
extrapreço
salvaguardar sua produto. e prestação
imagem. de serviços
complementares.
Quanto às
condições de Não há Barreiras de acesso Barreiras de acesso
Não há barreiras.
ingresso na barreiras. de novas empresas. de novas empresas.
indústria

FONTE: Silva e Luiz (2001, p. 26)

46
TÓPICO 3 | DEMANDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

E
IMPORTANT

A diferenciação de produtos é uma das estratégias mais eficazes em ganho de


mercado. Tal estratégia permite não só a manutenção salutar das finanças da empresa, mas
também a expansão dos negócios.

47
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A agropecuária envolve atividades da agricultura e pecuária, que incluem o


manejo do solo para a produção e a criação de animais. Essa atividade gera
milhões de empregos e renda no Brasil.

• O principal obstáculo ao crescimento da agropecuária no Brasil é a infraestrutura


logística e a falta de armazéns de estocagem dos produtos.

• Por produzir commodities, o setor agropecuário sofre a concorrência de vários


países e necessita investir grandes quantidades de recursos para uma produção
segura e economicamente viável.

• A interação entre oferta e demanda irá determinar preços maiores ou menores


no mercado. Assim, a estrutura de mercado refere-se às características
organizacionais que determinam as relações entre vendedores e compradores.

• Produtos podem ser diferenciados ou aprimorados visando ao ganho de


mercado e expansão dos negócios da empresa.

48
AUTOATIVIDADE

1 Descreva, resumidamente, como é o mercado de produtos agropecuários.

2 Como a relação entre oferta e demanda de produtos agropecuários pode


afetar o preço?

3 Caso ocorra uma grande seca ou inundação em uma região agrícola, ocorrerá
redução da produção. Qual a consequência para o preço do produto
produzido?

49
50
UNIDADE 2

SUSTENTABILIDADE,
EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• entender os principais conceitos relacionados à criação e desenvolvimento


de uma empresa, por meio do empreendedorismo;

• aprender e revisar conceitos básicos de economia e os principais fatores


econômicos que afetam o dia a dia das pessoas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudos está dividida em quatro tópicos. Ao longo de cada
um deles, você encontrará sugestões e dicas que visam potencializar os temas
abordados, e, ao final de cada um, estão disponíveis resumos e autoativida-
des para fixar os temas estudados.

TÓPICO 1 – SUSTENTABILIDADE

TÓPICO 2 – EMPREENDEDORISMO

TÓPICO 3 – ECONOMIA

TÓPICO 4 – CONTABILIDADE

51
52
UNIDADE 2
TÓPICO 1

SUSTENTABILIDADE

1 INTRODUÇÃO
Sustentabilidade é o gerir de uma atividade potencializando lucros sem
degradar o meio ambiente e sendo responsável na manutenção do equilíbrio do
meio ambiente para as gerações atuais e as futuras.

Algumas ações no agronegócio são ditas como responsáveis, tornando a


atividade sustentável. Pode-se citar alguns exemplos básicos, como: exploração da
flora de forma controlada, realizando replantio quando necessário; manutenção
de áreas vegetadas (reservas ambientais); exploração mineral de forma racional,
controlada e organizada; fazer uso de fontes renováveis e limpas; controle à
diminuição do desperdício de matéria-prima e também da água, entre outras.

A sustentabilidade permite e permitirá um ambiente em equilíbrio,


garantindo não só a sobrevivência humana no que tange ao aproveitamento
de recursos, mas também na qualidade de vida. Um ambiente com equilíbrio
permitirá também boas condições às gerações futuras.

2 CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE
Alguns aspectos relacionados à sustentabilidade são: conservação da
água, solo, recursos naturais, entre outros. Buainain (2005, p. 16) menciona que:
A noção de sustentabilidade incorpora uma clara dimensão social e
implica atender também às necessidades dos mais pobres de hoje,
outra dimensão ambiental abrangente, uma vez que busca garantir
que a satisfação das necessidades de hoje não pode comprometer o
meio ambiente e criar dificuldades para as gerações futuras. Nesse
sentido, a ideia de desenvolvimento sustentável carrega um forte
conteúdo ambiental e um apelo claro à preservação e à recuperação
dos ecossistemas e dos recursos naturais.

Além de não degradar o meio ambiente, a sustentabilidade abrange o uso


racional de recursos, qualidade de vida e outros (SILVA, 2012).

Savitz e Weber (2007) mencionam que a sustentabilidade é o gerir de certo


empreendimento à barganha de lucro à equipe societária. Um empreendimento
sustentável possui tal característica por potencializar a preservação dos recursos,
apoiar o associativismo, propiciando, assim, lucro (SEBRAE, 2009).

53
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

Existem três dimensões que são específicas ao ramo de atuação da


empresa: ambiental, social e econômica. Assim, além da preocupação econômica,
é importante que se respeite os aspectos ambientais e sociais para qualquer
atividade (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009).

A sustentabilidade, segundo Ehlers (1994), se resume no equilíbrio entre


o que é produzido e a manutenção do ambiente e recursos, bem como retorno ao
produtor.

Kamiyama (2011, p. 20) diz que:

Agricultura sustentável não constitui algum conjunto de práticas


especiais, mas sim um objetivo: alcançar um sistema produtivo de
alimento e fibras que: (a) aumente a produtividade dos recursos naturais
e dos sistemas agrícolas, permitindo que os produtores respondam aos
níveis de demanda engendrados pelo crescimento populacional e pelo
desenvolvimento econômico; (b) produza alimentos sadios, integrais e
nutritivos que permitam o bem-estar humano; (c) garanta uma renda
líquida suficiente para que os agricultores tenham um nível de vida
aceitável e possam investir no aumento da produtividade do solo, da
água e de outros recursos e (d) corresponda às normas e expectativas
da comunidade.

Agricultura sustentável é o manejo e a conservação da base de recursos


naturais, e a orientação da mudança tecnológica e institucional, de
maneira a assegurar a obtenção e a satisfação contínua das necessidades
humanas para as gerações presentes e futuras. Tal desenvolvimento
sustentável (na agricultura, na exploração florestal, na pesca) resulta
na conservação do solo, da água e dos recursos genéticos animais
e vegetais, além de não degradar o ambiente, ser tecnicamente
apropriado, economicamente viável e socialmente aceitável.

Existem diversas vertentes de pensamentos entre autores a respeito da


sustentabilidade. Assim, o conceito não aparece de forma fechada ou amarrada,
mas é importante entender os requisitos mínimos que uma empresa deve
considerar para ser sustentável.

2.1 ASPECTOS GERAIS DA SUSTENTABILIDADE


O meio em que vivemos, bem como o planeta e o lucro, são os pilares da
sustentabilidade. Elkington (2012) diz ser importante entender o que é capital
humano, intelectual, financeiro ou físico. Segundo o autor, ao longo do tempo, o
capital natural integrará o capital econômico.

Barbieri e Cajazeira (2009, p. 67) mencionam que


a sustentabilidade econômica possibilita a alocação e gestão eficiente
dos recursos produtivos, bem como um fluxo regular de investimentos
públicos e privados”. Elkington (2012) diz que o entendimento do
pilar econômico passa pelas pelos conceitos de capital físico, capital
financeiro, capital humano e capital intelectual. Elkington (2012)

54
TÓPICO 1 | SUSTENTABILIDADE

complementa que a longo prazo, outros conceitos, como capital social


e capital natural, serão integrados ao capital econômico.
A sustentabilidade social trata da consolidação de processos que
promovem a equidade na distribuição dos bens e da renda para
melhorar substancialmente os direitos e condições de amplas massas
da população e reduzir as distâncias entre os padrões de vida das
pessoas.

Empresas que atuam de forma sustentável consideram educação, saúde e


habilidades como forma de capital humano (ELKINGTON, 2012).

Considerando a sustentabilidade relacionada ao ambiente, podemos


chamá-la também de ecológica. Tal sustentabilidade são ações a evitar danos
ao meio ambiente frente a um processo produtivo. Pode-se citar a emissão de
poluentes, a preservação da biodiversidade etc. (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009).

Para Elkington (2012), os empresários precisam formular algumas


questões em seus negócios, como:
forma de avaliar o pilar ambiental da sustentabilidade. Quais formas
de capital natural são afetadas pelas nossas operações – e elas serão
afetadas pelas nossas atividades planejadas? Essas formas de capital
natural são sustentáveis e têm em vista essas e outras pressões? O
nível total de estresse está adequadamente entendido e tende a ser
sustentável? O “equilíbrio da natureza” ou a sua “teia da vida” serão
afetadas de forma significativa?

A sustentabilidade, segundo Araújo et al. (2006), possui três dimensões,


sendo importante a eficiência da empresa em todas elas. Como exemplo,
apresentamos o quadro a seguir:

55
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

QUADRO 1 – EXEMPLOS DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS EM CADA DIMENSÃO DA


SUSTENTABILIDADE

Dimensão Ações sustentáveis


Redução da emissão de gases nocivos, de efluentes líquidos e de resíduos
sólidos.
Consumo consciente dos recursos água e energia. Conformidade com as
normas ambientais.
Ambiental
Exigência de um posicionamento socioambiental dos fornecedores.
Uso racional dos materiais utilizados na produção. Investimentos da
biodiversidade.
Programa de reciclagem e preservação do meio ambiente.
Aumento ou estabilidade do faturamento.
Tributos pagos ao governo.
Folha de pagamento.
Econômica Maior produtividade.
Receita organizacional.
Investimentos.
Aumento das exportações (relacionamento com o mercado externo).
Desenvolvimento da comunidade/sociedade. Segurança do trabalho e
saúde ocupacional. Responsabilidade social.
Social Treinamento: cumprimento das práticas trabalhistas. Seguridade dos
diretos humanos.
Diversidade cultural.

FONTE: Araújo et al. (2006, p. 18)

As dimensões são complementares, sendo importante considerar as ações


em cada uma delas para considerar uma empresa sustentável.

2.2 SUSTENTABILIDADE EM UM AGRONEGÓCIO


Giordano (2005) menciona que o agronegócio é responsável por graves
problemas ambientais, sendo importante um cuidado na produção para que não
se degrade o meio ambiente.

O cultivo da terra, segundo Ehlers (1994), envolve dimensões sociais,


econômicas e ambientais. Essa percepção, em cada uma das dimensões, ganhou
força pela intensa degradação do meio ambiente. No quadro a seguir apresentam-
se práticas comuns e que não são sustentáveis em um agronegócio:

56
TÓPICO 1 | SUSTENTABILIDADE

QUADRO 2 – CAUSAS BÁSICAS DA INSUSTENTABILIDADE NO MEIO RURAL

Efeito Causa
A falta de práticas mais tradicionais e corriqueiras de
conservação do solo tem sido comum, principalmente
Degradação do solo em países em desenvolvimento, por falta de recursos,
assistência técnica, educação básica e tradição
conservacionista.
A disponibilidade de água tanto superficial quanto de
subsolo representará um dos maiores problemas do
terceiro milênio. Soma-se a isso a qualidade da água
disponível, muitas vezes contaminada com poluentes
Disponibilidade limitada de água
de origem humana (esgoto), animal (dejetos) e química
(de origem agrícola: fertilizantes, defensivos, fármacos
veterinários; de origem industrial: produtos químicos
em geral).
Destruição de biomas, desmatamento não planejado,
Esgotamento de outros
desertificação, poluição de mananciais, destruição e
recursos naturais
ameaça à biodiversidade.
Insustentabilidade econômica cada vez maior das
populações dos países pobres, incapacidade de produção
em escala, falta de educação básica, conhecimentos
técnicos e capitais para produzir em escala. Diminuição
Pobreza rural
em escala global do consumo de produtos tradicionais
como: arroz, feijão, farináceos, mandioca e milho nos
centros urbanos consumidores importantes, com queda
histórica nos preços desses produtos.
Forte pressão de demanda cada vez maior por produtos
Crescimento intenso da população proteicos, especialidades, alimentos funcionais com
maior valor agregado.
Com a incapacidade de sustentação das famílias
decorrentes da renda gerada pela receita da produção
rural, pelo desconforto de brutalidade do trabalho rural
sem implementos e máquinas e outros fatores, verifica-
Diminuição da força de
se uma transferência de populações rurais para as áreas
trabalho agrícola
urbanas. As cidades, por mais problemáticas que sejam,
diferentemente da agricultura, oferecem, durante 24
horas, oportunidade de serviços e ganhos para quem
nela estejam.

FONTE: Giordano (2005, p. 264)

Giordano (2005, p. 279) cita práticas adequadas a uma produção


sustentável:
Práticas de cultivo mínimo, plantio direto, bacias de infiltração de água
no solo, conservação de estradas rurais, planejamento da localização
de bueiros e desaguadouros em estradas rurais, recobrimento vegetal
de áreas desnudas, proteção vegetal de taludes, manutenção de
áreas florestais nativas, conservação e replantio de espécies vegetais
nativas, manutenção das áreas de preservação permanentes, proibição
da caça predatória e instituição de estação de caça e pesca onde for
possível, proibição e fiscalização rigorosa do corte de matas nativas,
manejo integrado de pragas, rotação de culturas, respeito aos

57
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

períodos de carência dos agroquímicos, dosagem correta e localizada


dos defensivos, uso de defensivos seletivos e menos agressivos ao
ambiente e ao homem, restituição de matéria orgânica ao solo (restos
de cultura, restilo, folhas e galhos triturados etc.) e resgate de práticas
de incorporação de compostos orgânicos, sistemas de coleta seletiva de
recipientes de defensivos, educação ambiental nas escolas primárias
rurais e urbanas.

Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável podem e devem caminhar


juntos, pois o desenvolvimento tem interesse coletivo, tanto em produção quanto
em manutenção de um meio ambiente equilibrado e agradável (SILVA, 2012).
Assim, busquemos sempre um crescimento econômico do empreendimento, sem
levar em consideração os aspectos legais, morais, sociais e ambientais.

NOTA

Uma produção sustentável leva em consideração os aspectos sociais, ambientais


e econômicos.

O sucesso do empreendimento não se fecha somente em geração de lucro, mas também


na manutenção de um meio ambiente equilibrado.

3 SUSTENTABILIDADE DO SOLO

E
IMPORTANT

Assim como qualquer outro elemento do meio ambiente, o solo é importantíssimo


à manutenção de uma dinâmica ambiental de forma organizada.

Malefícios ao solo representam diretamente problemas a outros elementos, não propiciando


a sustentabilidade de todo o ecossistema.

Há muitos anos se estuda solos agriculturáveis no Brasil. Na maioria dos


levantamentos já realizados, conclui-se que a ocupação e uso do solo está em
desacordo com a legislação vigente. É comum a ocupação de áreas não habitáveis
e que servem de reserva. O solo é um componente fundamental à vida na Terra. O
mesmo serve de substrato para plantas, tanto no crescimento vegetativo quanto na
dispersão da espécie (MAGALHÃES; CUNHA, 2006). A degradação do solo é um
dos principais problemas da humanidade no século XXI. Estudos da ciência do
solo mostram que o conhecimento das propriedades físicas, químicas e biológicas

58
TÓPICO 1 | SUSTENTABILIDADE

do solo é de fundamental importância não só na agricultura, mas também no


planejamento urbano. Ruellan (1988) enfatiza que o ser humano, muitas vezes,
não se lembra de que o solo é componente do ambiente, tendo papel protagonista
da vida na Terra.

3.1 OCUPAÇÃO DE TERRAS NO BRASIL


A ocupação do território nacional se baseava, na época da colonização,
basicamente, em extração de minerais e vegetação natural. Entretanto, ao tempo
que foram escasseando alguns recursos, foi iniciando-se uma busca constante por
novas terras para a produção agropecuária.

Llanillo (1989) descreveu que a principal mão de obra responsável pela


abertura de novas áreas, através da derrubada de mata, foram os índios; sendo
este o momento de maior lucro dos empreiteiros. Assim iniciou-se a exploração
intensiva do solo, principalmente, para exportação, degradando-o continuamente.
É de suma importância mencionar que tal exploração (buscando sempre novas
terras após a escassez de recursos) é corriqueira nos dias atuais. Fica claro,
portanto, que o uso inadequado do solo é uma causa de vários problemas sociais,
políticos, econômicos e ambientais no país, como o caso da concentração de
terras nas mãos de poucos e na migração do homem do campo para as cidades
(ANDRADE, 1974). Esse emigrar, do meio rural para as áreas urbanas, provocou
grandes problemas, como o surgimento de favelas, desemprego, concentração de
renda, subemprego, entre outros (MAGALHÃES; CUNHA, 2006).

Segundo Gabriel (2001), os estrangeiros que ocuparam nossas terras nos


passaram uma ideia de que nossos recursos naturais eram inesgotáveis. Contudo,
Corrêa (1998) menciona que a exploração contínua do solo sem se preocupar com
sua conservação, gerou diversos lucros imediatos, mas possibilitou a degradação
e o esgotamento de grande parte desse recurso.

3.2 CONSERVAÇÃO DO SOLO


A conservação de um solo nada mais é do que os métodos de uso e
manejo, com o intuito de guardar suas características naturais frente aos diversos
fatores ambientais e humanos que atuam sobre ele. Técnicas conservacionistas
vão além de evitar o assoreamento dos rios (causado pela erosão e carreamento
de partículas do solo).

A atividade agropecuária é responsável por grande parte dessa


degradação do solo. A atividade agrícola pode causar compactação de um solo ou
a desagregação em excesso, ou até mesmo alterações químicas, como salinização
e acidificação, que estão associadas intrinsicamente com a irrigação realizada de
forma incorreta.

59
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

A população tem consciência da necessidade de ar e de água para a nossa


sobrevivência, entretanto, poucos se conscientizaram de que a qualidade do solo
atua diretamente na qualidade de vida humana.

Quase a totalidade de plantas que geram alimentos, energia e fibra fazem


uso diretamente do solo para se sustentar e para barganhar recurso. Portanto,
a própria produtividade do solo é importante não só à produção, mas também
à sustentação da economia brasileira e de outros países. Tais razões justificam
investimento e legislações à preservação do solo agriculturável.

Dentre as funções do solo já mencionadas, podemos acrescentar que


ele atua na troca de gases atmosféricos, no filtro de ar e água, influenciando
diretamente no clima do planeta.

Dentre as diversas técnicas de conservação do solo, a que mais se destaca,


principalmente por se adequar a pequenas e grandes propriedades, é o plantio
direto na palha. Tal técnica propicia sequestro de carbono e contribui diretamente
na mitigação de emissão de gases de efeito estufa. Em adendo, o solo recicla
matéria orgânica disponibilizando nutrientes às plantas.

Novos estudos e desenvolvimento das técnicas já existentes são de suma


importância à manutenção de um meio ambiente equilibrado. Pesquisas em
plantio direto, reaproveitamento de produtos agrícolas, industriais e urbanos,
plantios em nível, uso racional da água, entre outros tender-se-á a um melhor uso
desse recurso esgotável e tão importante à vida na Terra.

4 SUSTENTABILIDADE HÍDRICA
A água é um elemento essencial à saúde e sobrevivência humana, sendo
tema de constantes discussões a respeito da crise ambiental. Assim, tal recurso
deve ser utilizado de forma racional e lúcida. Alves (2004, p. 22) afirma que
“a crise da água está inserida em um contexto maior que é a crise ambiental
mundial, sendo esta de caráter complexo e multidimensional e submetida a
vários posicionamentos de ordem moral, intelectual e ética”.

A discussão sobre a água é uma temática dispendiosa, uma vez que há


várias vertentes de pensamentos que emanam nas discussões. A questão é ampla
e lida com problemas de falta ou insuficiência de saneamento básico, crescimento
e aumento da população em grandes centros, pobreza, habitação em áreas
impróprias, disseminação de doenças, perda de solos férteis, falta de acesso à
água ao consumo próprio, entre outros (RIBEIRO, 2009).

Petrella (2002, p. 52) relata que a crise é grande e a qualquer momento irá
colapsar os sistemas de abastecimento de água. O autor acredita que as informações
a respeito da crise hídrica são repassadas de forma errônea à população, a partir
das realidades que seguem:

60
TÓPICO 1 | SUSTENTABILIDADE

a) A distribuição desigual dos recursos hídricos na superfície terrestre;


b) Todos os fatores relacionados ao desperdício e ao mau gerenciamento
dos recursos hídricos disponíveis;
c) O contexto cada vez mais alarmante de poluição e contaminação dos
recursos hídricos;
d) O crescimento populacional, especialmente, nos países
subdesenvolvidos.

A água para o consumo humano está distribuída sobre a superfície


terrestre. Existe uma diferenciação entre a substância água e o recurso hídrico. A
água como substância se encontra em todo o planeta, contudo, o recurso hídrico,
que é aproveitado pelo homem, é mais escasso (HIRATA, 2000).

Com relação à desertificação, o atlas do programa das nações unidas –


ONU – identifica seis divisões diferentes, segundo a disponibilidade de água,
desde hiperáridas a úmidas. Ásia e América do Sul, principalmente, apresentam
as maiores disponibilidades, e o centro da Ásia e África apresentam as menores
disponibilidades de água no mundo. Ribeiro (2009, p. 424) cita que:
No Amazonas, fluem 16% da água doce do planeta e apenas a bacia
do Congo-Zaire representa um terço das drenagens de todos os
rios africanos. As regiões semiáridas constituem 40% da superfície
continental e somam apenas 2% do escoamento hídrico superficial.
Nos 9 países mais ricos em água (Brasil, Rússia, Estados Unidos da
América, Canadá, China, Indonésia, Índia, Colômbia e Peru), estão
concentrados 60% do total de água doce do mundo, ou seja, um
volume superior a 26.800 km³/ano.

A má distribuição desse recurso é somada a outros fatores de igual


relevância, como o desperdício, extração não racional e o mau gerenciamento
de uso. Um melhor controle nos sistemas de abastecimento é um dos pilares do
pensamento do século XXI. Lemos, Salati e Salati (2006, p. 56) dizem que
a melhoria dos sistemas de distribuição de água em áreas urbanas,
com a redução das perdas e vazamentos, juntamente com a redução
dos desperdícios em residências, prédios públicos e estabelecimentos
comerciais, pode significar a recuperação de uma quantidade
considerável de água, capaz, em muitos casos, de adiar por vários
anos a necessidade de ampliação dos sistemas atuais.

A má gestão da água gera diversos problemas secundários, como a


salinização de solos, dificultando a produção vegetal pela diminuição da ação
do processo vegetativo. A diminuição da disponibilidade de água no solo afeta
diretamente a alimentação humana.

Os complexos industriais também têm sido responsabilizados


grandemente pela contaminação e poluição de recursos hídricos. Corpos hídricos
historicamente, e ainda hoje, recebem o despejo direto dos efluentes industriais e
domésticos. O fato é que cada vez menos o meio ambiente consegue ser resiliente
frente à tamanha poluição.

61
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

A poluição dos recursos hídricos cresce continuamente, principalmente,


em áreas costeiras. Ano após ano, o abastecimento dessas regiões é realizado por
água proveniente de áreas mais distantes. A oferta de água a todos é um dos
grandes desafios da sociedade atual.

O crescimento demográfico é outro fator importante em relação ao


aumento da poluição e diminuição de recurso hídrico a ser oferecido à população
(principalmente em países subdesenvolvidos). O aumento desse número de
pessoas habitando, cada vez mais, menores áreas, causa um impacto diário em
regime quase imensurável. Por volta dos anos de 1850, a população mundial
beirava 1,2 bilhão de pessoas, sendo que depois de 1950 atingiu quase o dobro
desse número; e no ano 2000 ultrapassou 6 bilhões de habitantes. No século
XX, a demanda de água aumentou em seis vezes, superando o crescimento
demográfico do período mencionado. Hirata (2000) diz que o crescimento da
demanda é proporcional à melhoria da renda das pessoas. Teixeira (2001, p. 424)
nos apresenta o exemplo a seguir:
Enquanto um volume de 80 litros/dia é considerado suficiente para
a manutenção de uma pessoa em bons níveis de saúde e higiene, a
população de Madagascar sobrevive com volume per capita de 5,4
litros/dia, e um cidadão norte-americano usa quantidades superiores
a 500 litros/dia, sobretudo devido ao desperdício.
A necessidade cada vez maior de água para a irrigação fez com que
desde 1960 tenha havido um aumento de consumo de água em mais
de 60%.

O crescimento demográfico atua diretamente também no aumento


do consumo de alimentos. O uso de irrigação, espécies melhoradas e
desenvolvimento de tecnologias em agrotóxicos e fertilizantes permitem hoje um
maior rendimento produtivo. Isso reforça a ideia da necessidade de uma melhor
gestão dos recursos. Decorre também disso a necessidade de discussão sobre o
modelo de desenvolvimento atual, padrões de consumo, padrão tecnológico e
distribuição da riqueza.

Assim, justifica-se a elaboração de análises de forma prospectiva sobre


os recursos hídricos, baseadas na capacidade de suporte, com análise a partir de
três vertentes: o balanço entre demanda e disponibilidade, as leis regentes e a
demografia.

62
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Sustentabilidade é um termo usado para definir ações e atividades humanas
que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer
o futuro das próximas gerações.

• A sustentabilidade, quando relacionada ao ambiente, é chamada de ecológica,


e são ações para evitar danos ao ambiente causados pelo processo produtivo.
Como exemplo, temos: redução de emissão de poluentes, preservação da
biodiversidade etc.

• A temática sustentabilidade precisa ser tratada com responsabilidade no


agronegócio, principalmente quando se trata do meio ambiente.

• Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável podem e devem caminhar


juntos, pois o desenvolvimento tem interesse coletivo, tanto em produção
quanto em manutenção de um meio ambiente equilibrado e agradável.

• Deve-se considerar a utilização do solo e da água de forma sustentável,


atendendo às necessidades do presente sem comprometer a utilização destes
bens pelas futuras gerações.

63
AUTOATIVIDADE

1 Escreva como um recurso ambiental pode ser utilizado de forma sustentável.


Cite exemplos.

2 Como deve ser a sustentabilidade no agronegócio?

3 No que consiste a sustentabilidade hídrica e qual sua importância?

64
UNIDADE 2 TÓPICO 2

EMPREENDEDORISMO

1 INTRODUÇÃO
O empreendedorismo pode ser definido como uma grande força
de inovação e crescimento econômico de um país. Pequenos negócios ou
empreendimentos são parte da dinâmica da economia, uma vez que promovem
mudanças sociais, oportunidades, renda e canais de inserção das inovações e
descobertas no dia a dia das pessoas. Mesmo em épocas de crise econômica, o
empreendedorismo se mostra fortalecido, especialmente, por proporcionar uma
saída viável à baixa oferta de empregos. Muitas das grandes empresas tiveram
seu início como pequenos negócios, na simples forma de sonhos e pensamentos
de seus idealizadores. O desconforto em simplesmente aceitar os fatos levou, e
ainda leva, as pessoas a buscarem a criação de seus próprios empreendimentos.
Em qualquer situação, no entanto, a figura central do início de um negócio é o seu
criador, o empreendedor.

O empreendedor, ou o que se envolve no empreendedorismo, é aquele


que decide começar um determinado empreendimento, negócio ou empresa.
Maximiano (2012) confirma esta ideia ao demonstrar que o empreendedorismo
está ligado a pessoas que conseguem mobilizar recursos para iniciar algum
empreendimento, não necessariamente financeiro. Esta mobilização envolve, de
maneira direta e indireta, o esforço contínuo do empreendedor, no sentido de
adquirir o máximo de recursos (financeiros, humanos, materiais) para o início de
seu negócio. A palavra empreendedor deriva da palavra emprendere, que significa
“resolver fazer uma tarefa complexa e trabalhosa” (HOUAISS; VILLAR, 2001). Tal
afirmação traduz o árduo trabalho e dedicação do empreendedor, o que traduz
de forma expressa o trabalho do idealizador de um negócio.

O sentido da palavra empreender vai além do maciço esforço para se iniciar


determinado negócio. Ela pode ser utilizada para definir as atividades de quem
se dedica à geração de riquezas, transformando conhecimento em produtos ou
serviços, gerando o próprio conhecimento ou inovando em áreas das empresas
como marketing, finanças, vendas (CASTRO, 2009). Desse modo, empreender ganha
um sentido amplo, abrangendo não somente a criação de empresas, mas também
inovações em pequenos trabalhos do dia a dia, em ações de um determinado setor
ou movimentos de mudanças no comportamento da sociedade.

No Brasil, o empreendedorismo, enquanto criação de novos negócios e


empresas, encontra-se em plena expansão. Segundo dados da pesquisa Global
Entrepreneurship Monitor, divulgada pelo Sebrae (2017), em 2017 o crescimento
de empreendimentos novos no Brasil chegou a 16%, elevando a taxa de

65
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

empreendedorismo do país a 36%. Isso significa dizer que a cada 100 brasileiros,
36 estavam conduzindo alguma atividade empreendedora, seja na criação ou
manutenção de algum negócio. Engrossando esse caldo, as pequenas empresas
representam 52% dos empregos gerados no país e mais de 20% do Produto
Interno Bruto. Todos os dados e referências mostram a importância da atividade
empreendedora no país e no mundo.

E
IMPORTANT

"Uma empresa é uma iniciativa que tem objetivo de fornecer produtos e


serviços para atender às necessidades de pessoas, ou de mercados, e obter lucro com isso"
(MAXIMIANO, 2006, p. 8).

Como pode ser verificado, o empreendedorismo é a parte responsável


pela criação de renda e riquezas para a sociedade, e pode contribuir, de forma
direta, na realização de planos e sonhos daqueles que se arriscam.

No item a seguir, abordaremos o perfil do empreendedor e a elaboração


do plano de negócios de uma empresa rural.

2 O EMPREENDEDOR
Como visto nos parágrafos anteriores, o empreendedor é aquela pessoa
que, assumindo o risco, assume também a liderança de determinada ideia, a fim
de concretizá-la na forma de um produto ou serviço. Mas será que existe algum
perfil ideal para um empreendedor? Como é o processo de empreender? Pode-se
iniciar uma empresa simplesmente ofertando um determinado produto?

Perguntas como estas devem ser respondidas objetivando a organização


dos ideais e ideias daquele que pretende abrir seu negócio. Ter um bom produto ou
ideia de serviço não é garantia de sucesso quando se trata de empreendedorismo.
O primeiro passo para se perseguir um sonho empreendedor é ter certeza de que
ele é viável e, em seguida, planejar exaustivamente os passos a seguir (DAFT, 2010).

E
IMPORTANT

Um empreendedor reconhece uma ideia viável para ser transformada em um


negócio de fabricação de produto ou uma prestação de serviço e a realiza, encontrando e
reunindo os recursos necessários – dinheiro, pessoas, maquinário e local – para iniciar o negócio.

66
TÓPICO 2 | EMPREENDEDORISMO

Para se empreender, portanto, são necessários três elementos básicos.


Primeiro, é necessário que a pessoa que deseja empreender tenha um perfil
adequado às diversas situações que surgem na abertura e implementação de um
negócio. Em segundo lugar, deve haver garantia de que a ideia de um produto
ou serviço seja viável e passiva de ser implementada. Por fim, deve haver um
planejamento minucioso de todas as etapas do processo empreendedor, desde a
abertura da empresa até sua estabilidade.

2.1 PERFIL DO EMPREENDEDOR


Por ser uma atividade altamente arriscada, é exigido do empreendedor
proatividade frente às adversidades e boa dose de ânimo para continuar buscando
seus objetivos. De forma geral, os empreendedores apresentam características
próprias, como sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de
identificar oportunidades.

Além destes fatores, o empreendedor por ter criatividade e alto nível de


energia, deve demonstrar imaginação e perseverança. Tais elementos, combinados
adequadamente, permitem que ele transforme uma mera ideia, por vezes até mal
estruturada, em algo concreto e bem-sucedido (CHIAVENATO, 2007).

Autores como Chiavenato (2007) e Maximiano (2012) enumeram quatro


características do perfil empreendedor:

QUADRO 3 – CARACTERÍSTICAS DO PERFIL EMPREENDEDOR

Característica Descrição
Em geral, a maioria das pessoas está adaptada ao seu modo de vida e
às atividades de rotina a que são submetidas. Elas se contentam com o
status que alcançaram e preferem muitas vezes não buscar ou passar por
Necessidade de mudanças. Por outro lado, o empreendedor não se conforma com seu
realização estado de forma permanente e imutável. Ele apresenta elevada necessidade
de realização, ou seja, de alcançar metas e objetivos que não são comuns
para a maioria das pessoas.
Ao se iniciar um negócio, o empreendedor corre uma série de riscos.
Correr riscos significa enfrentar a incerteza quanto ao sucesso ou não de
determinado investimento. Entre os principais riscos, podemos destacar
os riscos financeiros, em virtude do investimento do próprio dinheiro e do
Disposição para
abandono de empregos seguros e de carreiras definidas; riscos familiares
assumir riscos
ao envolver a família no negócio; e riscos psicológicos pela possibilidade
de fracassar em negócios arriscados. Mesmo tendo ciência dos riscos, o
empreendedor baliza suas ações, percorrendo caminhos que o permitem ter
determinado controle pessoal sobre o resultado, sendo diferente, portanto,
de jogar com a própria sorte.
Tal característica está ligada ao forte desejo de se alcançar objetivos. Estes,
porém, devem ser claros e bem definidos, mas também devem ser passíveis
de alcance. O empreendedor sabe muito bem o que deseja, e busca, por
Perseverança e
todos os meios, atingir suas metas. Ao enfrentarem situações adversas, eles
otimismo
se posicionam de maneira positiva frente à situação, buscando resolver os
problemas ao invés de contorná-los.

67
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

O empreendedor apresenta alto grau de criatividade, o que significa que


tal pessoa possui diferentes formas de ver determinada situação, ou seja,
Criatividade e
capacidade de idealizar e realizar coisas novas. Tal capacidade deve, no
capacidade de
entanto, ser combinada a outro elemento. Deve-se ter a capacidade de
implementação
implementar o que foi criado, propiciando de fato o empreender.

FONTE: Adaptado de Chiavenato (2007) e Maximiano (2012)

Somente as características não são garantia de sucesso do empreendedor.


Diversos fatores como disciplina, sensatez, altruísmo e confiança são fundamentais
no processo de empreender. Do mesmo modo, o conhecimento técnico a respeito
do produto ou serviço é necessário a todo momento. Não se vende o que não se
conhece. Cada empreendedor deve estar adaptado à necessidade de seu negócio.

Ao se depararem com a criação de um novo negócio, dois tipos


de empreendedores podem ser identificados: o empreendedor artesão e o
empreendedor oportunista.

a) O empreendedor artesão

O empreendedor artesão inicia seu negócio com um bom conhecimento


e habilidades técnicas e um pequeno conhecimento de como administrar uma
empresa. No meio rural, ele pode ser um técnico, que após anos plantando
algodão, resolve abrir sua própria tecelagem. Ele pode, por estar muito ligado
ao conhecimento técnico, ter problemas com fatores que fogem do dia a dia da
produção, como vendas, finanças e relações humanas. Chiavenato (2007) afirma
que este empreendedor deve buscar se qualificar e se preparar profissional e
culturalmente, caso contrário será sempre fornecedor de mão de obra.

b) O empreendedor oportunista

Por mais estranho que possa parecer esse termo, o empreendedor
oportunista nada tem a ver com o sentido negativo da palavra. Ele é “aquele
que tem educação técnica suplementada por estudo de assuntos mais amplos,
como administração, economia, legislação ou línguas. Procura sempre estudar e
aprender” (CHIAVENATO, 2007, p. 12). Ele alinha seus objetivos e anseios com
o conhecimento técnico que adquiriu, elevando o nível de seu empreendimento
e capacidade de sucesso. Ele, porém, deve ter cuidado ao lidar com o negócio,
pois pode simplesmente acabar por perder o entusiasmo e paixão presentes de
maneira tão intensa no empreendedor artesão.

Os estilos descritos anteriormente são opostos, mas complementares.


De um lado está o empreendedor artesão, que tem ideias elaboradas e conhece
o produto que pretende vender. Por outro lado, o empreendedor oportunista
tem boa instrução e se preparou de maneira antecipada para administrar bem o
negócio. O ideal é manter alinhados os dois perfis, prevalecendo o entusiasmo e
o conhecimento, gerando assim um negócio duradouro e seguro.

68
TÓPICO 2 | EMPREENDEDORISMO

3 PLANO DE NEGÓCIOS DE UMA EMPRESA RURAL


Como já verificamos, ser empreendedor é, antes de tudo, um desafio. Ele
deve ter habilidades, competência e muita força de vontade. Daft (2010) afirma
que uma vez que o empreendedor esteja firmemente consciente de sua nova ideia
de negócio, é crucial um planejamento cuidadoso para concretizar a fundação da
nova empresa. Todo esse planejamento é feito por meio do plano de negócios.
Ele é um documento que especifica os detalhes do negócio preparado por um
empreendedor, antes da abertura do novo negócio.

Todo esse planejamento é necessário para evitar ou diminuir o impacto de


erros que podem ocorrer em virtude de vários fatores.

Chiavenato (2007, p. 16) descreve os perigos mais comuns para os novos


negócios, que são:
• não identificar adequadamente qual será o novo negócio;
• não reconhecer apropriadamente qual será o tipo de cliente a ser
atendido;
• não saber escolher a forma legal de sociedade mais adequada;
• não planejar suficientemente bem as necessidades financeiras do
novo negócio;
• errar na escolha do local adequado para o novo negócio;
• não saber administrar o andamento das operações do novo negócio;
• não ter conhecimento sobre a produção de bens ou serviços com
padrão de qualidade e de custo;
• desconhecer o mercado e, principalmente, a concorrência;
• ter pouco domínio sobre o mercado fornecedor;
• não saber vender e promover os produtos/serviços;
• não saber tratar adequadamente o cliente.

Outros fatores não listados ainda podem ser encontrados, como políticas
governamentais, impostos não previstos, ou fatores pessoais, como doença ou
incapacidade do empreendedor.

O correto planejamento do negócio força o empreendedor a pensar de


forma cuidadosa e minuciosa nos fatores e nos problemas ligados ao início e
desenvolvimento do novo negócio.

Os planos de negócios podem variar, mas, de forma geral, eles têm em


comum algumas características. Segundo Daft (2010), ao elaborar um plano, você,
enquanto empreendedor, deve estar atento aos seguintes pontos:

• Demonstrar uma visão clara e estimulante que crie um ar de excitação.


• Fornecer projeções financeiras claras e realistas.
• Dar o perfil dos potenciais clientes e o alvo de mercado.
• Incluir informações detalhadas sobre a indústria e os seus concorrentes.
• Apresentar evidências de uma equipe de administração empreendedora eficaz.
• Prestar atenção para uma escrita bem formatada e clara.

69
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

• Manter o plano curto – não mais do que 50 páginas, indicando os itens por
tópicos.
• Destacar os riscos críticos que podem ameaçar o sucesso do negócio.
• Detalhar com clareza as origens e as aplicações dos fundos iniciais do negócio
e do capital de giro.

O plano de negócios deve ser abrangente o suficiente para que o


empreendedor tenha em mãos todas as informações que necessita para iniciar o
negócio. Ele não deve, no entanto, ser massivamente repetitivo e cansativo, pois
investidores interessados no negócio poderão ter acesso a ele e o terão como base
para definir se injetam ou não dinheiro naquele empreendimento.

Dornelas (2013, s.p.) apresenta de forma prática como é a criação de


um plano de negócios, descrevendo o passo a passo da criação, que muito se
assemelha ao planejamento estratégico que aprendemos no tópico anterior:

COMO MONTAR UM PLANO DE NEGÓCIO, SIMPLES E PRÁTICO

O processo empreendedor resume essas etapas de maneira a facilitar o


trabalho do empreendedor. Inicia-se com a ideia de negócio, que geralmente
é o ponto de partida para qualquer empreendimento. Em seguida, analisa-
se a oportunidade, ou seja, procura-se entender se a ideia que você teve tem
potencial de viabilidade econômica, tem clientes em potencial no mercado para
consumir um produto ou serviço decorrente dessa ideia. Com a oportunidade
identificada parte-se para o desenvolvimento do plano de negócios. O plano
de negócios concluído permitirá ao empreendedor identificar a quantidade
necessária de recursos e as fontes existentes para financiar o empreendimento.
Após estas etapas iniciais, parte-se para a gestão da empresa. Note que o
processo pode ser extremamente dinâmico e as etapas podem ser revistas
a qualquer momento, de forma interativa. O importante é o empreendedor
planejar o processo de estruturação do seu negócio desde a análise das ideias
iniciais para saber se são oportunidades, para então selecionar a melhor
oportunidade, desenvolver o plano de negócios e, assim, poder se dedicar à
gestão da empresa.

Percebe-se, pela análise do processo empreendedor, que o plano de


negócios pode e deve também ser utilizado após a constituição do negócio.
Desta forma, caberá ao empreendedor revisar e atualizar seu plano de negócios
periodicamente para garantir que a execução da estratégia de negócios ocorra
de maneira adequada.

O prazo para essa revisão pode variar, dependendo do tipo de negócio


e do mercado no qual a empresa atua. O empreendedor deve ter em mente
que o plano de negócios deve ser revisto assim que uma premissa importante
utilizada nas projeções de seu plano mudar. Premissas importantes podem ser:
variação na taxa de crescimento do mercado, entrada de novos concorrentes no

70
TÓPICO 2 | EMPREENDEDORISMO

mercado, mudança na legislação que afeta diretamente o seu negócio, revisão


de uma parceria estratégica, conquista ou perda de clientes importantes (que
representam percentual considerável do faturamento da empresa: 10, 20, 30%)
etc.

Não há regra rígida ou metodologia única para se desenvolver um plano


de negócios, mas um bom ponto de partida é você planejar as atividades que
deverão ser desenvolvidas, incluindo tarefas, responsáveis prazos e resultados
almejados. Isso facilitará a obtenção do seu plano de negócios dentro de um
prazo razoável, de forma que você possa controlar as atividades. Dificilmente
o plano de negócios será desenvolvido em uma única sequência de passos. É
provável que muitas interações ocorram, e que após algumas seções serem
concluídas, você julgue necessário revisá-las novamente quando algum tópico
que se aplica a mais de uma seção tenha sido alterado. É importante que se
tenha clareza do nível de detalhe que se busca para o plano e que se estabeleça
um prazo para concluí-lo, caso contrário, você nunca obterá uma versão final
para o seu plano de negócios.

Uma possível sequência para o desenvolvimento de um plano de


negócios é iniciada pela análise da oportunidade (seguindo o processo
empreendedor) e em seguida passa-se para uma rigorosa análise do mercado,
do público-alvo e dos concorrentes. A partir daí você poderá se dedicar a
definir: a) o seu modelo de negócio (o que vender, o que é o negócio, como
vender, para quem, a que preço, o plano de marketing...) e projeções iniciais
de receita; b) investimentos iniciais necessários; c) necessidade de recursos
humanos; d) projetar custos, despesas e receitas ao longo do tempo; e) fechar
o modelo de negócio cruzando necessidade de recursos com resultados; f)
criar os demonstrativos financeiros; g) fazer análises de viabilidade através de
índices de retorno sobre investimento, rentabilidade etc.; h) revisão completa
de todos os passos; i) concluir a redação do plano e fechamento do modelo.

Note que todos os passos indicados podem ser feitos sem você
necessariamente se dedicar, logo de início, à escrita completa do plano de
negócios. Os passos listados acima sugerem que você crie uma planilha
eletrônica com várias pastas interligadas. Assim, quando uma determinada
variável crítica do seu plano de negócios for alterada, todas as pastas que
dependerem desta variável serão automaticamente atualizadas. Exemplo: um
vendedor típico de determinado negócio no interior da Bahia pode visitar 20
clientes por mês e tem uma taxa efetiva de venda de um kit padrão de produtos
de cinco clientes diferentes ao mês. Assim, para cada vendedor contratado, você
terá em sua planilha, em média, cinco novas vendas/mês. Essa variável deveria
influenciar custos com compras de matéria-prima, divulgação, contratação
de pessoal, receita etc. Use esta mesma lógica para toda variável que julgar
relevante em seu plano de negócios e assim o seu trabalho ficará mais efetivo.

71
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

Depois que o negócio O Processo é cíclico.


entrar em operação, Várias ideais são
o empreendedor analisadas pelo
provavelmente terá novas 1. Ideia empreendedor antes
ideais, identificará novas de se definir quais
oportunidades e, assim, levam a oportunidades
precisará desenvolver novos com maior potencial
planos de negócios ou rever 5. Gerenciar 2. de retorno econômico.
o plano de negócios atual o negócio Oportunidade Após a análise da
para capitalizar sobre essas oportunidade, pode-se
oportunidades. rever o conceito ou a
ideia inicial.

Com o plano de negócios


concluído, o empreendedor 4. Quantificar
3. Plano de
saberá com clareza quais e obter
negócios
os recursos (funcionários, recursos Após selecionar
dinheiro, infraestrutura...) uma oportunidade o
precisará para implementar o empreendedor inicia o
negócio e onde poderá obtê-lo. desenvolvimento do plano
Com os recursos em mãos, de negócios. Durante
parte-se para a gestão da o desenvolvimento do
empresa. plano de negócios, o
empreendedor pode sentir
a necessidade de rever
o conceito, a ideia, ou a
oportunidade novamente.

FONTE: Dornelas (2013, s.p.). Disponível em: <http://s2.glbimg.com/PaBtNUeMkIUT4G


mN4hdNNXoYdaC17i_98lVTIIVdDBpIoz-HdGixxa_8qOZvMp3w/e.glbimg.com/og/ed/f/
original/2013/06/05/contexto_plano_de_negocio.jpg>. Acesso em: 29 jun. 2018.

Em uma empresa rural, o plano de negócios é elaborado do mesmo modo


que em empresas urbanas. Contudo, a empresa rural exige alguns cuidados mais
específicos, uma vez que é mais suscetível a sofrer influências externas, pelo
tipo de negócio que opera. Fatores como clima são imprevisíveis e influenciam
diretamente na produção de uma empresa rural. Dificuldade de acesso por vias
terrestres ou fechamentos de mercados externos são exemplos de fatores que
exigem um planejamento ainda mais cuidadoso do empreendedor rural.

72
TÓPICO 2 | EMPREENDEDORISMO

LEITURA COMPLEMENTAR

EMPREENDEDOR RURAL TRANSFORMA PRODUTORES EM


EMPRESÁRIOS

Ana Dalla Pria


Jorge dos Santos

Muitos agricultores estão cheios de projetos, mas não sabem transformá-


los em realidade. Para ajudar quem está nessa situação, o Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural criou o programa Empreendedor Rural.

A cidade de Bandeirantes, no norte do Paraná, tem 30 mil habitantes e é


famosa por sua universidade, que abriga uma das mais tradicionais faculdades
de agronomia do estado.

Toda quinta-feira, no fim da tarde, a pracinha do centro da cidade ganha


um movimento diferente. Enquanto o sol vai baixando, barracas vão subindo e
tomam conta da rua. Em pouco tempo, surge a Feira da Lua, repleta de comida
gostosa, bebida, peças de decoração.

Além de mão boa para a comida e para o artesanato, os feirantes têm mais
uma coisa em comum: são todos agricultores que fazem parte de um projeto do
Senar, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, que já ajudou milhares de
pequenos produtores do Paraná a se transformarem em empresários, o programa
Empreendedor Rural.

O Empreendedor Rural é um curso feito em três etapas, com duração de


um ano. Ele começou no Paraná em 2003 e já formou mais de 14 mil agricultores.

Quem faz o curso, geralmente, já tem uma ideia na cabeça, mas não sabe
como colocá-la em prática: “Eu quero aprender mais, para organizar o trabalho e
diversificar a produção”, afirma Alexandre da Silva, criador de abelhas.

Assim como Alexandre, muitos produtores de Ortigueira lidam com


abelhas. Todo mundo quer melhorar o negócio e conquistar novos mercados. O
Empreendedor Rural ajuda o agricultor a transformar essas ideias em projetos, de
um jeito bem profissional.

“Uma nova ideia surge a partir de um diagnóstico que o agricultor faz


na propriedade dele. É muito melhor ele perder tempo e lápis do que gastar seu
dinheiro e não ter o recurso retornando para o bolso”, como explica o agrônomo
Élcio Chagas, gerente técnico do Senar, no Paraná.

Ao longo do curso, com a ajuda dos instrutores, cada um vai descobrindo o


que sabe fazer melhor, o que é mais fácil vender na sua região, onde está e quanto

73
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

custa a tecnologia necessária para se começar um novo negócio ou melhorar a


atividade que o agricultor já desenvolve.

Tudo isso tem que ser colocado no papel na forma de um projeto. Foi
assim que surgiu a ideia da Feira da Lua, de Bandeirantes. O grupo fez o curso
em 2007 e já no ano seguinte, a ideia virou realidade, como conta Adriane Lima,
uma das fundadoras da feira.

“Comecei a verificar que as feiras das cidades vizinhas faziam sucesso com
a população de Bandeirantes, todos iam visitar. Aí comecei a ter a ideia de montar
a Feira da Lua, que se transformou em um ponto de encontro e de lazer”, diz.

Ruth Shinozaki é outra fundadora da Feira da Lua. Junto ao marido, Jorge,


e com o cunhado, Hélio, ela toca a propriedade da família. Aprendeu na prática
como uma boa ideia pode mudar a vida de todos.

Jorge é agrônomo. Durante anos só trabalhou com café, até que a crise no
setor fez com que ele fosse procurar uma vida melhor na terra de seus antepassados:
o Japão. O casal viveu por lá durante 13 anos, fez um pé-de-meia e na volta decidiu
vender parte da propriedade e aplicar o dinheiro na diversificação.

Hoje, além do café, eles trabalham com frango de corte e com a produção
de verduras em estufa. Ruth só deixa o trabalho na roça no dia da feira, quando vai
para a cozinha preparar os ingredientes usados na barraca de comida japonesa.

O pessoal da feira trabalha em grupo, mas muita gente que fez o


Empreendedor Rural decidiu investir num negócio individual.

Mesmo quem não tem terra nem recurso é capaz de desenvolver um


empreendimento agrícola de sucesso. Júlio César Farias, filho de um pequeno
agricultor, nasceu e cresceu na zona rural de Nova Fátima. Como a renda da
família era pouca, ele sempre trabalhou para os outros.

Em 1998, ele se formou técnico em agropecuária e começou a realizar seu


grande sonho. “Eu sempre tive vontade de desenvolver um negócio pra mim,
porque eu sempre pensei que se eu fosse um funcionário, eu seria eternamente
um funcionário”, conta Júlio César Farias, agricultor.

Em 2003, Júlio fez o curso do Empreendedor Rural. “A coisa mais


importante que eu vi lá foi o estudo de mercado. Produzir é fácil, o difícil é
comercializar”, diz.

Foi assim que surgiu a ideia de montar um viveiro para a produção de


mudas. Júlio não tinha recurso, nem terra, mas conseguiu arrendar área de um
amigo e começou a produzir. Primeiro, mudas de café e eucalipto, perto de 60 mil
unidades por ano.

74
TÓPICO 2 | EMPREENDEDORISMO

Com o conhecimento aprendido na escola agrícola e um bom projeto, o


negócio cresceu e muito. “Em torno de 60 mil mudas para um milhão, um milhão
e duzentas. Nós produzimos 13 variedades de café, 4 de eucalipto, 40 espécies de
árvores nativas, 25 espécies de mata ciliar e produz 4 tipos de palmeiras, plantas
ornamentais, frutíferas silvestres e outras exóticas”, revela.

Hoje, Júlio é dono do sítio onde fica o viveiro. São oito hectares de terra. Ele
tem dez funcionários e desenvolveu um jeito de trabalhar com venda garantida.
“Noventa por cento do que é produzido é vendido através de contrato, venda
antecipada, encomenda”, explica.

O Empreendedor Rural, que começou no Paraná, hoje funciona em


quase todo o Brasil. É uma ferramenta que pode ajudar muitos agricultores a
construírem histórias de vida com final feliz.

FONTE: PRIA, Ana Dalla; SANTOS, Jorge dos. Empreendedor Rural transforma produtores em
empresários. Globo Rural, 2011. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/agronegocios/
noticia/2011/02/empreendedor-rural-transforma-produtores-em-empresarios.html>. Acesso em:
16 jun. 2018.

75
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Empreendedorismo está ligado a pessoas que conseguem mobilizar recursos


para iniciar algum empreendimento, não necessariamente financeiro.

• Uma empresa é uma iniciativa que tem objetivo de fornecer produtos e serviços
para atender às necessidades de pessoas ou de mercados e obter lucro com
isso.

• São características do perfil empreendedor: necessidade de realização,


disposição para assumir riscos, perseverança e otimismo, criatividade e
capacidade de implementação.

• O empreendedor artesão inicia seu negócio com um bom conhecimento e


habilidades técnicas e um pequeno conhecimento de como administrar uma
empresa.

• O empreendedor oportunista tem educação técnica suplementada por estudo


de assuntos mais amplos, como administração, economia, legislação ou línguas.
Procura sempre estudar e aprender.

• Plano de negócios é um documento que especifica os detalhes do negócio


preparado por um empreendedor, antes da abertura do novo negócio.

76
AUTOATIVIDADE

1 Defina, com suas palavras, o que é uma empresa.

2 Quais características são necessárias a um empreendedor?

3 No que consiste um plano de negócios de um empreendimento?

77
78
UNIDADE 2 TÓPICO 3

ECONOMIA

1 INTRODUÇÃO
Pare para pensar em seu dia a dia, em uma simples ida ao mercado. Todos
os dias você se depara com situações que aparentemente são comuns, como
comprar um determinado produto, escolher entre qual mercado ir ou fazer uma
transação bancária em um caixa. Todos esses elementos fazem parte do cotidiano
comum à maioria das pessoas. Esse cotidiano, as relações de troca de mercadorias,
bens e serviços fazem parte dos saberes da economia.

A origem da palavra economia é de fato muito íntima a todos nós. Ela


vem do grego, da junção de duas palavras: oikos (casa) e nomos (norma, lei), e
pode ser compreendida como “administração da casa” (MENDES et al., 2007).
Na prática, isso quer dizer que a economia estuda o modo de administrar os
recursos com o objetivo de produzir bens e serviços e o modo de distribuí-los aos
membros da sociedade.

Mankiw (2001) afirma que os recursos precisam ser administrados, pois


de maneira geral, são escassos. Escassez, nesse sentido, significa que a sociedade
tem recursos limitados e, portanto, não consegue produzir no tempo e no volume
necessário os bens e serviços que as pessoas desejam ter.

E
IMPORTANT

Economia é o estudo da forma pela qual a sociedade administra seus recursos


escassos.

Isso significa que a economia busca, antes de tudo, criar equidade, ou seja,
uma justa distribuição da prosperidade econômica entre os membros de uma
sociedade. Mesmo interligada, a economia é setorizada, ou seja, existem diversas
economias dentro de uma economia global. Cada país e até mesmo regiões
apresentam diferentes administrações de recursos, e, por conseguinte, diferentes
economias.

79
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

Para o administrador rural, como para os demais administradores de


empresas, o estudo da economia permite entender o ambiente econômico em
que determinada empresa está inserida. É entender e poder analisar, dentro do
planejamento estratégico e no dia a dia das empresas, como o “dinheiro circula”.

2 ECONOMIA COMO CIÊNCIA SOCIAL


As pessoas, quando se organizam e buscam um bem comum, interagem
de forma positiva. Tal interação é denominada sociedade. Mankiw (2001) afirma
que em qualquer parte de mundo, devido à busca pelo estabelecimento da
sociedade, as pessoas estão interagindo umas com as outras. Diante desse fato,
quando se busca saber sobre economia, pretende-se, na verdade, entender como
são as relações entre as pessoas e como são tomadas as decisões dentro dessas
relações. Mendes et al. (2007, p. 15-16) demonstram que as escolhas feitas pelas
pessoas são norteadas por quatro princípios:

a) Primeiro: as pessoas precisam fazer escolhas, e essas escolhas não são de


graça. Elas precisam ser feitas tendo em vista que os recursos são escassos.
Não é possível atender a todas as necessidades de maneira ilimitada.
Portanto, a sociedade precisa fazer suas escolhas, assim como os indivíduos
no seu dia a dia.

b) Segundo: o custo real de alguma coisa é o que o indivíduo deve despender


para adquiri-lo, ou seja, o custo de um produto ou serviço é aquilo de que
tivermos de desistir para consegui-lo.

c) Terceiro: as pessoas são consideradas racionais e, por isso, elas pensam nos
pequenos ajustes incrementais de todas as suas decisões. Isso significa que
as pessoas e empresas podem melhorar seu processo de decisão pensando
na margem. Portanto, um tomador de decisão considerado racional deve
executar uma ação se, e somente se, o resultado dos benefícios marginais
for superior aos seus custos marginais.

d) Quarto: as pessoas reagem a estímulos. Como elas tomam suas decisões


levando em conta os benefícios e seus custos, qualquer alteração nessas
variáveis pode alterar o comportamento da sua decisão. Assim, qualquer
incentivo que ocorra pode alterar a conduta do tomador de decisões.

Em resumo, os quatro princípios podem ser definidos como:

80
TÓPICO 3 | ECONOMIA

FIGURA 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ECONOMIA

FONTE: Adaptado de Mankiw (2001)

Os quatro princípios, mesmo para aqueles que nunca obtiveram um estudo


formal de economia, regem a vida das pessoas e suas interações. Conseguimos
entender, dessa maneira, o que direciona as pessoas a tomarem decisões quando
estão interagindo. No entanto, como é a interação entre as pessoas?

Buscando explicar essa interação, Mankiw (2001) elabora mais três


princípios:

a) O comércio pode melhorar a situação de todos: o comércio permite que cada


pessoa se especialize nas atividades em que é mais apta, seja na agricultura,
na confecção de roupas ou na construção. Isso gera riqueza individual, mas
também concorrência e, por conseguinte, preços menores e ofertas diversas. É
uma relação de troca e de competição ao mesmo tempo.

b) Os mercados são uma das melhores formas de se organizar a atividade


econômica. Ele se autorregulamenta em alguns aspectos, fazendo a distribuição
de recursos disponíveis no sistema socioecológico. Isto significa dizer que o
trabalho de uma pessoa beneficia o trabalho de todas as outras, ampliando os
esforços individuais, levando à prosperidade econômica.

c) Os governos podem, às vezes, melhorar os resultados do mercado: dizer


que o governo pode melhorar os resultados de mercado não significa que
ele sempre o fará. Às vezes, as políticas públicas visam apenas atender aos
interesses dos politicamente poderosos. Outras vezes são elaboradas por
líderes bem-intencionados que não estão suficientemente informados.

Podemos concluir que a interação entre as pessoas se faz em níveis


pessoas e locais, alcançando níveis globais por meio de países e governos. Em
uma economia globalizada, como a que existe atualmente, essa interação entre
as pessoas e governos gera resultados que impactam diretamente na vida de
milhões de pessoas.

81
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

O padrão de vida das pessoas em um país depende de sua capacidade


de produzir bens e serviços. Para atingir padrões elevados de vida, os bens e
serviços devem ser disponibilizados de maneira igualitária. Esse processo para a
disponibilização de bens e serviços, que tem por objetivo atender às necessidades
de consumo de uma sociedade, é chamado de atividade econômica.

Devido à escassez dos recursos, os países deverão determinar o que será


ofertado a seus habitantes respondendo a três perguntas básicas:

QUADRO 4 – PROBLEMAS FUNDAMENTAIS DE ECONOMIA

Está ligado a escolha dos bens e serviços que serão produzidos, bem como
O que produzir?
a quantidade que será disponibilizada para os consumidores.
Está ligado ao modo ou ao método de como as pessoas e empresas
Como produzir?
produzem seus bens e serviços.
Trata-se da definição do público que irá consumir os bens e serviços,
Para quem produzir?
baseado em suas rendas.

FONTE: Adaptado de Mankiw (2001)

Responder a essas três perguntas é determinar o funcionamento do


sistema econômico, possibilitando satisfazer às necessidades da sociedade.

3 ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA


A atividade econômica, ou sistema econômico, é composta pelos bens
e serviços produzidos e comercializados em uma sociedade, pelos fatores de
produção utilizados pelas empresas e os agentes econômicos.

Bens podem ser definidos como tudo aquilo que possibilita satisfazer às
necessidades dos seres humanos. Esses bens são classificados em dois grupos:

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS

• Bens materiais: são de natureza material, podem ser estocados, tangíveis


(podem ser tocados), como roupas, alimentos, livros, TV etc.
• Serviços: não podem ser tocados (intangíveis). Ex.: serviço de um médico,
consultoria de um economista, serviços de um advogado (apenas para
citar alguns), e acabam no mesmo momento de produção. Não podem ser
estocados.

Os bens materiais classificam-se em:

• Bens de consumo: são aqueles diretamente usados para a satisfação das


necessidades humanas.

82
TÓPICO 3 | ECONOMIA

Os bens de consumo podem ser:

o Bens de consumo duráveis (como carros, móveis, eletrodomésticos).


o Bens de consumo não duráveis (tais como gasolina, alimentos, cigarro).

• Bens de capital: são bens de produção (ou os bens de produção são os bens
de capital), ou seja, bens de capital que permitem produzir outros bens, por
exemplo: equipamentos, computadores, edifícios, instalações etc.

Deve ser dito que tanto os bens de consumo quanto os bens de capital
são classificados como:

o bens finais: são bens acabados, pois já passaram por todas as etapas de
transformação possíveis;
o bens intermediários: são bens que ainda estão inacabados, que precisam ser
transformados para atingir a sua finalidade principal. Ex.: o aço, o vidro e a
borracha usados na produção de carros.

Os bens podem ser classificados, ainda, em:

• Bens públicos: são bens não exclusivos e não disputáveis. Referem-se ao


conjunto de bens fornecidos pelo setor público: transporte, segurança e
justiça.
• Bens privados: são bens exclusivos e disputáveis. São produzidos e
possuídos privadamente: TV, carro, computador etc.
FONTE: Mendes et al. (2007, p. 18-19)

FIGURA 2 – TIPOS DE BENS ECONÔMICOS

Bens Econômicos

Bens Materiais Bens Imateriais

Bens duráveis
Bens de Consumo
Bens não duráveis

Bens finais
Bens de Capital
Bens intermediários

FONTE: Senar (2015, p. 12)

83
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

Os fatores de produção, conforme afirma Senar (2015), são os recursos que


as empresas utilizam para a produção de bens e serviços. Eles são compostos por
capital, terra e trabalho.

• O capital vai além do sentido financeiro, ele é constituído por edificações,


fábricas, máquinas e equipamentos.
• A terra é composta por todos os recursos naturais, não necessariamente apenas
o solo. Florestas e recursos minerais são considerados fatores de produção.
• Trabalho se refere ao esforço físico e mental para a transformação dos insumos
em bens e serviços. Ele consiste na capacidade produtiva das empresas e
pessoas.

O último integrante do sistema são os agentes econômicos. Ele é composto


pelas famílias, as empresas e o governo.

Mais do que somente compor, estes integrantes atuam de forma direta na


economia, garantindo o funcionamento de todo o sistema econômico. Segundo o
Senar (2015, p. 14-15), suas principais funções podem ser descritas como:
• Famílias: devem consumir os bens e serviços que são produzidos
e, além disso, têm a função de oferecer os seus recursos produtivos
para as empresas que, na maior parte das vezes, consistem na força de
trabalho (mão de obra).
• Empresas: a função das empresas, ou unidades produtivas, é a de
produzir e comercializar os bens e serviços na sociedade. A produção
dos bens e serviços é originária da combinação dos fatores de produção
(capital, terra e trabalho). No meio rural, as propriedades agrícolas
são consideradas empresas, pois são unidades produtivas de bens
escassos desejados pela sociedade.
• Governo: no que se refere ao sistema econômico, as principais
funções do governo são fiscalizar a economia e prover a moeda, que
permite o funcionamento do sistema econômico. Dá-se o nome de
políticas públicas à ação do governo.

A atuação dos diversos membros do sistema econômico, atrelados aos


conceitos e definições de bens e serviços, compõem o que denominamos mercado.

“Mercado pode ser definido como local ou condições em que compradores


pretendem trocar dinheiro por bens e serviços estão em contato direto com os
vendedores desses mesmos bens e serviços” (MENDES et al., 2007, p. 26).

O mercado, portanto, é facilmente visualizado ao se pensar nas atividades


econômicas do cotidiano. Em razão da atuação dos diversos atores presentes
nesse mercado, eles podem ser classificados em:

• Concorrência perfeita: grande número de empresas que vendem para um


grande número de consumidores.
• Monopólio: uma empresa detém toda a oferta de um produto ou serviço, não
havendo nenhuma concorrência.

84
TÓPICO 3 | ECONOMIA

• Oligopólio: é muito similar ao monopólio. Neste caso, há um pequeno grupo


de empresas que detém toda a oferta de produtos ou serviço.

Conhecidos os principais temas relacionados à economia e os tipos de


atores presentes nela, bem como as relações entre eles, ou seja, o tipo de mercado,
a seguir abordaremos o comportamento do consumidor e das empresas frente à
demanda e oferta.

4 DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO


Ao se relacionarem, os consumidores e empresas atuam diretamente sobre
a oferta de bens e serviços. Em determinados setores, como já foi visto, pode
haver muitas pessoas à procura de um bem, mas poucas empresas produtoras.
Situações como esta são analisadas pela disponibilidade (oferta) e pela procura
(demanda) dos bens e serviços.

A demanda pode ser definida como a quantidade de certo bem ou serviço


que os consumidores desejam e que almejam adquirir em um determinado
momento, a um preço certo.

Oferta, por outro lado, é a quantidade de bens e serviços que as empresas


têm disponível para oferecer, em um determinado período de tempo e a um
determinado preço.

A quantidade disponível ofertada pelas empresas, e o desejo e


disponibilidade para compra dos consumidores determina a relação entre a oferta
e a demanda. Elas são baseadas em duas leis básicas, conforme Mendes et al. (2007):

• Pela Lei da Demanda (ou Lei da Procura), com tudo o mais mantido constante
(ceteris paribus), quando o preço de um bem aumenta, sua quantidade
demandada diminui, ou quando o preço diminui, a quantidade demandada
aumenta:

FIGURA 3 – CURVA DE DEMANDA

FONTE: Mendes et al. (2007, p. 54)

85
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

• Pela Lei da Oferta, com tudo o mais mantido constante (ceteris paribus), quando
o preço de um bem aumenta, sua quantidade ofertada aumenta, ou quando o
preço diminui, a quantidade ofertada diminui:

FIGURA 4 – CURVA DE OFERTA

FONTE: Mendes et al. (2007, p. 56)

Em resumo, a falta ou excesso de produtos e serviços afeta de forma direta


a demanda. Esta relação, no entanto, é refletida nos valores cobrados ou pagos
pelos atores no mercado.

Demandas elevadas, com baixa oferta, tendem a aumentar o valor de


determinado produto. Por outro lado, alta oferta, com pouca procura ou demanda,
tende a reduzir o valor de determinado item.

OFERTA X DEMANDA

A oferta e a demanda são os principais formadores de preços de produtos


agrícolas em mercados internos e externos. A oferta constitui todo o produto
colocado à disposição de um mercado em um determinado espaço de tempo.
Já a demanda é definida por todo o produto consumido neste período.

O balanço entre a oferta e a demanda no mercado internacional


proporciona, a cada safra, excedentes de produção ou falta do produto,
que aumentam ou diminuem os estoques mundiais, respectivamente, a fim
de suprir a quantidade demandada. Quando a produção é maior do que o
consumo, o excesso é estocado e os preços tendem a cair. Já na falta do produto,
os preços sobem.

Até a safra comercial de 2006/2007, os estoques mundiais de açúcar


mantiveram a tendência de queda devido a um consumo muito maior do
que a produção conseguia atender, atingindo o menor valor em nove anos.
A oferta de açúcar não conseguia superar a demanda, apesar de a produção
aumentar muito, ano após ano no mundo.  Além da demanda ter crescido

86
TÓPICO 3 | ECONOMIA

mais, a produção de açúcar perdeu espaço para o etanol, produto que ganhou
grande importância internacional. 

A Figura 1 a seguir mostra a evolução da produção e demanda


mundiais de açúcar, nas safras 2002/2003 a 2007/2008, de acordo com dados do
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA – sigla em inglês).

170000

165000

160000
mil toneladas

155000
Produção
150000 Demanda
145000

140000

135000
2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09

* estimativa.
** previsão.
Fig. 1. Produção x demanda mundial de açúcar – safras 2002/03 a 2008/09

Os preços internacionais do açúcar aumentaram na medida em que os


estoques se reduziam e atingiram seu mais elevado valor quando o estoque
se encontrou no mais baixo valor. A Figura 2 a seguir compara os estoques e
preços do açúcar em âmbito internacional, nas safras 2002/2003 a 2007/2008,
de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa) e do USDA.

50 450

45
400
milhões de toneladas

40
350
US$/ton

Estoque
35
Preço (US$/ton)
300
30

250
25

20 200
2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08

*estimativa estoques.
** previsão estoques, média de preços até junho de 2007.
 Fig. 2. Estoques mundiais x preços internacionais do açúcar – safras 2002/03 a 2007/08

87
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

Com preços atraentes, a produção de açúcar foi aumentada


expressivamente a partir da metade da safra 2006/2007, com a oferta superando
a demanda. Isto repôs os estoques de açúcar e ocasionou uma baixa nos preços
desde agosto de 2006.
FONTE: Vian (s.d.; s.p.)

Quando há uma boa oferta de produtos, que atende de modo regular


à demanda existente, esta, por sua vez, permanece constante, ocorre o que é
denominado ponto de equilíbrio:

FIGURA 5 – EQUILÍBRIO ENTRE OFERTA E DEMANDA

FONTE: Mendes et al. (2007, p. 58)

No ponto de equilíbrio, os preços se estabilizam. Mendes et al. (2007)


afirmam que o equilíbrio acontece quando há uma interseção entre as curvas de
demanda e oferta. Assim, no ponto onde não há aumento ou diminuição das
curvas que demonstram o comportamento da oferta e da demanda, ocorre o
equilíbrio entre o preço e a quantidade.

Entender o funcionamento básico da economia e conhecer seus diversos


atores proporciona ao administrador desenvolver estratégias que vão ao encontro
das necessidades dos clientes, tendo em mente os limites estabelecidos pelo próprio
mercado. Em um país com altíssima atividade agronômica, o Brasil apresenta em
sua economia influências diretas deste setor. Atualmente, o agronegócio tem a
expressiva participação de 22,15% do Produto Interno Bruto, ou seja, a soma de
todas as riquezas produzidas no Brasil.

88
TÓPICO 3 | ECONOMIA

LEITURA COMPLEMENTAR

OS PRINCÍPIOS DA ECONOMIA NO COTIDIANO DAS PESSOAS

Carlos Rafael

Os princípios básicos da Economia estão inerentes na vida dos agentes


econômicos, que servem de base para tomada das suas decisões, contribuindo
para o ciclo econômico.

A Economia está inerente na vida das pessoas. Em todos os seus afazeres,


ela se faz presente, seja na compra de uma passagem, ao fazer compras, trocar de
carro, adquirir uma casa, dentre outros bens ou serviços, fornecidos por pessoas
físicas, jurídicas ou até mesmo o governo, através da arrecadação de impostos
e prestação de serviços essenciais à sociedade, tais como educação, saúde,
transporte, salário-mínimo e assim por diante.

Para explicar isso, a Economia possui seus princípios que facilitam a análise
deste cenário. Inicialmente, pode-se dizer que as pessoas enfrentam escolhas,
ou tradeoffs (terminologia utilizada na Economia). Estes tradeoffs (escolhas) são
tomados a todo instante, pois as pessoas necessitam dar uma direção na sua
vida e ela é obtida com estas decisões, sempre pautadas em suas respectivas
oportunidades, como na compra de um carro, pagar a escola dos filhos ou ir à
faculdade. Estas escolhas são feitas porque os recursos disponíveis são escassos e
as necessidades são ilimitadas.

Com isso, pode-se chegar a seguinte pergunta: Tudo isso tem algum custo?
A resposta é sim. Quando se escolhe algo, outra coisa deixa de ser escolhida, ela é
preterida. Isto se chama custo de oportunidade: o custo de alguma coisa é aquilo
de que você desiste para obtê-la. Exemplificando, o custo de oportunidade que
um trabalhador tem ao fazer faculdade à noite: poderia estar com sua família,
descansando, tendo seu lazer etc.

Além disso, nessa tomada de decisão, as pessoas também precisam ser


racionais para se ter uma melhor margem dos ganhos. Por quê isso? Porque
através da margem se podem auferir os ganhos e benefícios que o acréscimo
de uma unidade de determinado bem traz. Analisando isso, seria o ganho, por
exemplo, que um estudante teria se passasse mais um ano na faculdade (também
se leva em conta os custos marginais).

Outro princípio que norteia a vida das pessoas é que elas respondem a
incentivos. Isto também serve para sua vida pessoal. No ambiente de trabalho, os
colaboradores têm duas obrigações, mas ao saberem que receberão um bônus
(incentivo) para cumprir tal meta, elas se estimulam mais. Se esforçam para alcançarem
seus objetivos. Elas veem incentivos como premiações pelas suas atividades. Outra
situação é quando os funcionários ganham por produtividade ou volume de vendas.

89
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

Assim, outro fator importante neste cenário dos trabalhadores/


consumidores é o comércio. Ele pode melhorar a situação de todos os agentes
envolvidos, haja vista que a circulação das mercadorias alimenta todo um
ciclo produtivo, que envolvem os consumidores, comerciantes, fornecedores e
industriais, com o intuito de sempre se chegar ao usuário final (clientes). Isto tem
relação com a renda das pessoas, os seus salários que são lançados no mercado,
gerando movimento em outros setores da economia.

Em se tratando de mercados, em geral, eles são uma boa forma de


organizar a atividade econômica. Este movimento já foi explicado por Adam
Smith, através da mão invisível que regula o mercado. O mercado se mobiliza
por causa da demanda. Enquanto se tem compradores, mesmo quando o preço
sobe, os produtos são vendidos, independentemente da quantidade, pois sempre
terá alguém que pagará para satisfazer sua necessidade. Isto é importante porque
pessoas deste seguimento que não têm condições de adquiri-lo, passarão a
adquirir outros bens, sejam eles substitutos ou complementares.

Entretanto, o mercado não é perfeito. Há imperfeições que o governo


regula, através das suas ações, pois com estas medidas ele pode, às vezes, melhorar
os resultados do cenário de mercado. Estas "falhas", em suma, podem ser em:
poder de mercado (relacionado ao "privilégio" de informações, que devem ser
combatidas pelo Estado) e as externalidades (que são impostas por indivíduos ou
empresas a quem não pertence ao mercado em questão).

Por conseguinte, há também princípios que norteiam a questão do


progresso econômico de uma nação, relacionado ao padrão de vida desta
sociedade. Diz-se que o padrão de vida de um país depende de sua capacidade
de produzir bens e serviços. Ora, quanto mais desenvolvido é um país, maior
será seu poder de gerar bens de consumo e serviços disponíveis para o mercado.
Isto está intrinsecamente ligado com o progresso tecnológico, sendo o motor
que impulsiona a qualidade de vida da sociedade em geral, nos mais diversos
setores. Podem-se citar os Estados Unidos, Japão, Canadá, Alemanha, Inglaterra,
os países do BRIC e outros.

Apesar da Economia Capitalista predominar em vários países, o governo


ainda tem papel muito importante na Economia. Uma das suas obrigações é o
estabelecimento da Política Monetária. Ela tem a ver com a padronização das
taxas de juros e também sobre a emissão de moeda, tendo relação direta com o
aumento ou diminuição dos preços, isto é, com a inflação. Portanto, os preços
sobem quando o governo emite moeda demais, haja vista com o aumento da
circulação da moeda, a sua valorização tende a diminuir, gerando inflação
e diminuindo o poder de compra de todos os trabalhadores, enfraquecendo a
economia e outras trazendo mais consequências sociais, tais como o desemprego.

Para finalizar, a sociedade enfrenta um tradeoff de curto prazo entre


inflação e desemprego, ou seja, se a inflação aumenta, o desemprego diminui e
vice-versa. Parece um pouco confuso, mas para facilitar a compreensão, veja o
que Rafael Vieira citou em seu sítio:

90
TÓPICO 3 | ECONOMIA

Se o número de pessoas desempregadas diminui, o mercado passa a


ter mais gente com dinheiro. Mais gente com dinheiro significa mais
compras e maior demanda por produtos e serviços. Maior demanda
implica maior preço. Agora do outro lado: Se os preços aumentam, os
lucros dos comerciantes aumentam (pelo menos no curto prazo). Com
aumento de lucros, a tendência é aumentar a produção. Para aumentar
a produção, precisa-se de mais mão de obra (VIEIRA; RAFAEL, 2010).

FONTE: RAFAEL, Carlos. Os princípios de economia no cotidiano das pessoas. 2012. Disponível
em: <http://www.administradores.com.br/producao-academica/os-principios-da-economia-no-
cotidiano-das-pessoas/4752/>. Acesso em: 16 jun. 2018.

91
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A economia estuda o modo de administrar os recursos com o objetivo de


produzir bens e serviços e o modo de distribuí-los aos membros da sociedade.

• O padrão de vida das pessoas em um país depende de sua capacidade de


produzir bens e serviços.

• Os mercados são, em geral, uma boa forma de organizar a atividade econômica.

• Os governos podem, às vezes, melhorar os resultados do mercado.

• A atividade econômica, ou sistema econômico, é composto pelos bens e serviços


produzidos e comercializados em uma sociedade, os fatores de produção
utilizados pelas empresas e os agentes econômicos.

• A demanda pode ser definida como a quantidade de certo bem ou serviço


que os consumidores desejam e que almejam adquirir em um determinado
momento, a um preço certo.

• Oferta, por outro lado, é a quantidade de bens e serviços que as empresas


têm disponível para oferecer, em um determinado período de tempo e a um
determinado preço.

92
AUTOATIVIDADE

1 Cite os quatro primeiros princípios da economia.

2 Quais são as três perguntas básicas em economia? O que elas buscam


responder?

3 Defina o que é a Lei da Oferta.

4 Defina o que é a Lei da Demanda.

5 Defina o que é ponto de equilíbrio.

93
94
UNIDADE 2
TÓPICO 4

CONTABILIDADE

1 INTRODUÇÃO
Conhecer um negócio a fundo, dominando toda a sua produção é, de
longe, a principal preocupação do gestor da empresa rural. Muitos produtores
e administradores imaginam ser possível desenvolver um negócio somente
oferecendo um ótimo produto ou serviço. No entanto, planejamento e o uso
de boas práticas de gestão são fundamentais para o sucesso de qualquer
empreendimento.

Pense em uma casa e nas diversas despesas que existem dentro dela. São
contas de água, luz, telefone, internet. Como seria se não houvesse, por parte
desses membros, a organização do pagamento destas contas? Seria possível
quitar todas elas em dia, sem pagar juros e multas? E como controlar o que entra
e sai de recursos?

Essas perguntas se referem ao uso da gestão das finanças e da contabilidade


em nosso dia a dia. Em uma empresa rural, a parte financeira é uma das mais
delicadas, pois trata do dinheiro disponível e da forma como ele será utilizado
(SENAR, 2012). Em um mundo de constantes mudanças, a gestão financeira das
empresas rurais é fundamental para seu sucesso. Mudanças na conjuntura política
ou no clima podem afetar profundamente a produção e comercialização dos bens.
É preciso planejar bem a saúde financeira da empresa para evitar surpresas que
possam surgir. É preciso conhecer de onde proveem os recursos e para onde eles
vão, ou seja, onde são utilizados.

Neste ínterim, a Contabilidade é uma área do conhecimento que possui


ferramentas que auxiliam o administrador rural a conhecer a atual situação
patrimonial da empresa e a tomar decisões financeiras.

E
IMPORTANT

A Contabilidade é uma ciência social voltada para o registro, a avaliação e o


controle dos eventos econômicos que afetam o patrimônio das entidades.

95
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

"O patrimônio engloba um conjunto de bens, direitos e obrigações,


enquanto que entidade se refere a qualquer tipo de pessoa, física ou jurídica, que
a Contabilidade estuda” (SENAR, 2015, p. 9).

2 ELEMENTOS PATRIMONIAIS E INTRODUÇÃO AOS


DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS
Para poder ter controle sobre as atividades financeiras da empresa,
a contabilidade estabelece padrões de como o dinheiro deve ser analisado e
apresentado. Todo o movimento financeiro é registrado para a contabilidade na
forma de relatórios contábeis.

Os relatórios contábeis, ou demonstrações contábeis, são compostos por


elementos denominados Ativos, Passivos e Patrimônio Líquido.

Os principais conceitos da contabilidade devem ser entendidos pelo


administrador rural. Seu entendimento começa pela identificação da fonte de
recursos, ou seja, de onde está investido o dinheiro na empresa. Em seguida, é
realizado o inventário, elencando os bens e recursos que a empresa dispõe. Com
os dados em mãos, o administrador pode elaborar o balanço patrimonial, ou seja,
os direitos de um lado e os deveres do outro.

DEFINIÇÃO DE PATRIMÔNIO, BENS, DIREITOS E OBRIGAÇÕES

O Patrimônio é um conjunto de bens. Esse conjunto de bens pode


pertencer a uma pessoa física ou jurídica.

Enquanto pessoas físicas possuem um conjunto de bens e consumo


(caneta, televisão, relógio etc.), as entidades, pessoas jurídicas de fins lucrativos
(empresas) ou de fins ideais (instituições), possuem outros tipos de bens
(mercadorias, máquinas, instalações etc.).

Considerando o Patrimônio de uma empresa, ele pode se apresentar de


três formas diferentes:

• Os bens da empresa, que estão em seu poder (computador, prédio, casa,


carro, dinheiro em sua mão, máquinas etc.).
• Os bens da empresa, em poder de terceiros, ou seja, os seus DIREITOS (uma
venda feita a prazo (é direito seu receber esse dinheiro, como esse dinheiro
ainda não está com você, ele não é um bem, e sim um direito, direito de
recebê-lo), o dinheiro no banco (ele não está com você) entre outros).
• Podemos entender que o que diferencia BENS de DIREITO é a posse, pois,
na verdade, tudo que está nos dois exemplos acima pode ser avaliado em
dinheiro, o que diferencia é se está ou não com você.

96
TÓPICO 4 | CONTABILIDADE

• Os bens de terceiros, em poder da empresa, – as suas OBRIGAÇÕES (é o


inverso de DIREITOS, ou seja, é algo avaliável em dinheiro que não lhe
pertence, mas está contigo).

Exemplo:

• COMPRA A PRAZO – seu fornecedor lhe vendeu mercadorias a prazo, é


um direito dele receber e uma OBRIGAÇÃO sua de pagar.
• UM EMPRÉSTIMO – é um direito do banco ou financeira e uma
OBRIGAÇÃO sua pagar.

Assim, definimos o Patrimônio como “o conjunto de bens, direitos e


obrigações, avaliável em moeda e pertencente a uma pessoa física ou jurídica”.

O Balanço Patrimonial é uma demonstração que evidencia todo o


patrimônio de uma entidade em um determinado momento, ou seja, ela vai
mostrar todos os BENS, DIREITOS E OBRIGAÇÕES numa certa data.

Primeiro, ela registra esses dados, depois processa os relatórios e


demonstrações. Uma das principais demonstrações é chamada de Balanço
Patrimonial.

Para ficar mais apresentável, ao invés de misturar tudo, ela preocupou-


se em deixar isso de uma maneira mais fácil de se entender.

O Patrimônio está dividido em duas partes: um positivo, chamado


ATIVO, e outro negativo, chamado PASSIVO.

No ATIVO, está o conjunto de BENS e DIREITOS e, no PASSIVO, suas


OBRIGAÇÕES ou DEVERES.

A diferença entre o Ativo (+) e o Passivo (-) denomina-se PATRIMÔNIO


LÍQUIDO, que aparece vinculado ao Passivo para que haja uma igualdade
entre este e o Ativo, que chamamos de Equação ou Equilíbrio Patrimonial.

No desenvolver das operações de uma empresa, quando efetua uma


transação (compra, vendas) ou qualquer outra operação, os elementos que
compõem o Patrimônio se modificam. Chamamos de Exercício Financeiro
operações que acontecem, fazendo com que a estrutura do Patrimônio se
modifique a cada operação realizada. Essa continuidade de operações do “dia
a dia” da empresa modifica a estrutura patrimonial. No último dia de cada
Exercício Financeiro, levantamos um Balanço que nos mostra a representação
do que existe de Bens, Direitos e Obrigações e qual resultado do exercício que
está sendo encerrado, que pode ser de dois tipos:

97
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

1º) Quando a Receita (+) for maior que a Despesa (-), o resultado final do
exercício será um Lucro.
2º) Quando a Despesa (-) for maior que a Receita (+), o resultado final do
exercício será um Prejuízo.
FONTE: Grupo Portal de Auditoria (2017, s.p.)

Conhecida a estrutura de capital da empresa, ou seu balanço patrimonial,


é preciso entender o quanto de dinheiro entra e sai da empresa rural todos os
meses. Esse acompanhamento é denominado fluxo de caixa.

O balanço patrimonial e o fluxo de caixa, que são dois demonstrativos


financeiros, são a base para a boa administração de uma empresa.

a) Ativos

Os ativos são o conjunto de bens e direitos controlados pela empresa.


Eles trazem benefícios, proporcionam ganho e por isso são chamados de itens
positivos do patrimônio (MARION, 2009). Eles constituem, portanto, os bens,
direitos e demais aplicações de recursos pertencentes à empresa, originados de
eventos já ocorridos. São exemplos de ativos: estoques de semente, insumos,
aplicações financeiras, máquinas.

b) Passivos

Os passivos são denominados obrigações exigíveis, ou seja, as dívidas


que serão cobradas da empresa, na data de seu vencimento. O passivo é também
denominado dívidas com terceiros ou capital de terceiros (MARION, 2009). Ele
é composto por obrigações, ou seja, compromissos que a empresa assume e que
deve quitar, no momento definido e certo. São exemplos de passivos: salários a
pagar, empréstimos, fornecedores e financiamentos.

E
IMPORTANT

O passivo exigível demonstra o endividamento da empresa ou suas obrigações,


seu crescimento sem controle é um dos principais motivos de concordata ou falência de
uma organização.

c) Patrimônio líquido

O patrimônio líquido é simplesmente a diferença entre o valor do ativo


menos o passivo. De forma ampla, o patrimônio líquido é todo o investimento
dos proprietários na empresa (MARION, 2009). Ele, porém, não engloba somente
98
TÓPICO 4 | CONTABILIDADE

o investimento inicial realizado pelos sócios, mas também os lucros gerados no


decorrer do tempo, que são reinvestidos na empresa.

FIGURA 6 – FÓRMULA BÁSICA DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

FONTE: Os autores

d) Balanço patrimonial
O balanço patrimonial demonstra de forma visual a distribuição do
ativo, passivo e patrimônio líquido na empresa. O balanço patrimonial
objetiva mostrar as situações financeira e patrimonial de uma entidade
em uma determinada data. Assim, representa uma posição estática
dessa situação (como se fosse tirada uma foto em determinado
momento) (SENAR, 2012, p. 25).

Marion (2009) demonstra que balanço origina da expressão equilíbrio ou


igualdade das partes (ativo e passivo). Ele é a junção do termo equilíbrio com o
termo patrimonial, ou seja, o conjunto de bens, direitos e obrigações da empresa.

3 REALIZANDO O BALANÇO PATRIMONIAL


Em sua forma simplificada, o balanço nada mais é do que uma tabela
contendo dois lados que demonstram a situação financeira da empresa (SENAR,
2015, p. 25).

FIGURA 7 – EXEMPLO DE BALANÇO PATRIMONIAL

FONTE: Senar (2015, p. 25)

99
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

Para realizar o balanço patrimonial, o administrador deve primeiro


fazer um levantamento de bens e direitos, bem como das obrigações ou deveres
assumidos que a empresa possui. Para isso é recomendada a realização de um
inventário, em geral é uma listagem, elaborada a cada ano, que agrupa itens de
características semelhantes.

E
IMPORTANT

No balanço patrimonial é conveniente que os itens sejam listados por ordem


decrescente de liquidez. Quanto mais fácil for vender um ativo sem precisar baixar seu preço,
maior será a liquidez desse item.

Para a elaboração do inventário, liste os itens em termos financeiros ou de


forma capitalizada. Assim, além de determinar o que existe na propriedade, itens
como terra e culturas poderão ser analisados na forma de dinheiro. Por exemplo:
uma plantação de eucalipto, mesmo estando na forma de floresta, ao ser vendida,
pode ser capitalizada. Assim, ao olhar para a plantação, o administrador deve ver
o quanto é possível obter, financeiramente, com aquele lote de madeiras.

Ao se preparar para fazer o balanço patrimonial:

1- Faça o inventário de terras, culturas, reservas e outros.


2- Faça o inventário das construções e benfeitorias.
3- Faça o inventário das máquinas, equipamentos e veículos.
4- Faça o inventário de animais de produção e de trabalho.
5- Faça o inventário dos produtos, insumos e materiais em estoque.
6- Faça o inventário de depósitos em bancos e aplicações financeiras.
7- Faça o inventário de financiamentos.
8- Faça o inventário das obrigações financeiras excluindo o financiamento.
9- Faça o resumo do inventário.

Ao finalizar o inventário, o administrador pode dar início à classificação


das contas, separando em ativo ou passivo. Ao final, deve-se inserir o patrimônio
líquido, ou seja, o investimento realizado na criação da empresa. Dessa forma
é possível realizar a diferença entre ativos e passivos, determinando também o
patrimônio líquido.

100
TÓPICO 4 | CONTABILIDADE

LEITURA COMPLEMENTAR

CONTABILIDADE: FATOR DE DESENVOLVIMENTO DO AGRONEGÓCIO

Patrícia Miranda

Introdução

Com a evolução da tecnologia e a busca por adquirir produtos de melhores


qualidades, o produtor rural necessita desenvolver cada vez mais técnicas,
tanto na área de produção como também no gerenciamento financeiro de sua
propriedade. Além disso, deve buscar um acompanhamento para suas atividades
e para a tomada de decisões, pois cada vez mais luta-se por mais espaço no
mercado e o aprimoramento dos produtos agrícolas.

A agricultura passou por uma crise na década de 1990, muita gente ficou
no meio do caminho e só sobreviveu quem adotou método de gestão profissional
no campo. Através desses acontecimentos, houve uma melhor exploração dos
seus recursos, com a finalidade de obter de forma ágil e segura o retorno do seu
investimento e adquirir maior rentabilidade dentro da atividade desenvolvida. E
associado a isso, agregou-se melhores produtos e serviços para os consumidores,
pois o mercado atual requer cada dia mais qualidade em seus produtos.

Desta forma, a contabilidade pode desempenhar um importante papel


como ferramenta gerencial, através de informações que permitam o planejamento,
o controle e a tomada de decisão, transformando as propriedades rurais em
empresas com capacidade para acompanhar a evolução do setor, principalmente
no que tange aos objetivos e atribuições da administração financeira, controle dos
custos, diversificação de culturas e comparação de resultados.

Atividade Rural

Antes de citarmos quais são as atividades consideradas rurais, é importante


conhecermos o que é uma empresa rural.

Segundo Marion (2002, p. 24), “empresas rurais são aquelas que exploram
a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais
e da transformação de determinados produtos agrícolas”.

Para Crepaldi (1998, p. 23), “é a unidade de produção em que são exercidas


atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação do gado ou culturas
florestais, com a finalidade de obtenção de renda”.

Ambos os conceitos de empresa rural abordam a exploração da terra e da


criação dos animais como fonte de renda. E, partindo desses conceitos, classificam
as atividades rurais em três grupos distintos:

101
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE, EMPREENDEDORISMO E ECONOMIA

1) Produção Vegetal - Atividade Agrícola.


2) Produção Animal - Atividade Zootécnica.
3) Indústrias Rurais - Atividade Agroindustrial.

Nem todas as atividades desenvolvidas no meio rural são consideradas


pela lei como sendo atividades rurais, é o caso da fabricação de bebidas alcoólicas
e o beneficiamento de arroz em máquinas industriais.

O atual cenário da Contabilidade Rural

Todas as atividades rurais, por menores que elas sejam, requerem


um controle eficiente, uma vez que os impactos das decisões administrativas
são fundamentais para uma boa gestão. Um fato real que acontece hoje na
maioria das propriedades rurais é que muitos dos serviços contábeis que são
importantes instrumentos gerenciais não são utilizados por seus administradores
ou proprietários. Muitas vezes, o produtor rural guarda em sua memória as
informações, não anota os acontecimentos que são de extrema importância para
a correta contabilização, de maneira que, com o passar do tempo, são esquecidos,
e não calculados na hora da comercialização dos produtos.

Na maioria das propriedades, os seus gestores não possuem condições


para discernir os resultados obtidos com suas culturas, os custos de cada plantio
desenvolvidos em sua propriedade, verificar quais seriam os mais rentáveis e onde
poderiam minimizar os custos de produção. Desta forma, deve ser realizado um
trabalho de maneira clara e objetiva, para haver aceitação e entendimento por parte
do agricultor, permitir que este perceba que esses recursos trarão para ele e sua
família uma comodidade e também poderão elevar o rendimento dos seus negócios.

A atividade rural seria melhor gerenciada se existisse o mesmo


desenvolvimento, como acontece com os outros setores, em se tratando de
informações contábeis, elaboradas e aplicadas no ramo da atividade rural.

Informações geradas pela Contabilidade

A contabilidade aplicada na atividade rural, pode demonstrar toda a vida


evolutiva da empresa. Por isso é imprescindível que também na agropecuária,
a contabilização dos fatos e sua estruturação sejam realizados com o perfeito
conhecimento, não apenas técnico, mas também de sua atividade operacional,
respeitando as peculiaridades da atividade.

É necessário elaborar informações contábeis que permitam ao empresário


rural conhecer melhor sua propriedade e suas atividades desenvolvidas,
destacando-se alguns pontos importantes, como: a) quais atividades produtivas
ele desenvolve; b) planejamento e controle das atividades exploradas; c) ter as
receitas e despesas evidenciadas para o desempenho do negócio; d) o potencial
de crescimento da propriedade e das atividades rurais; e) destacar o retorno dos
seus investimentos e, principalmente, saber qual o verdadeiro custo de produção.

102
TÓPICO 4 | CONTABILIDADE

Todas essas informações devem estar de forma clara e objetiva, com o


intuito de abastecer o empresário rural com as instruções corretas e capaz de
ajudá-lo no bom desempenho do agronegócio.

A Contabilidade para o desenvolvimento do Agronegócio

Com a concorrência acirrada, e a busca por melhores produtos, surge


a necessidade de uma contabilidade diferenciada para a atividade rural, que
desenvolva informações concretas para que o empresário rural consiga distinguir
em sua propriedade o real desempenho de seu negócio.

A contabilidade desenvolvida e aplicada no gerenciamento da propriedade


rural será uma ferramenta indispensável para todos os produtores rurais, até os
que não possuem estrutura suficiente para manter um controle de seus custos,
despesas e receitas em suas propriedades rurais. A contabilidade aplicada de
forma precisa e correta busca seu principal objetivo, que é desempenhar um
importante papel para as empresas rurais. E unindo o empresário rural com seus
conhecimentos práticos, e a contabilidade bem elaborada, irão desempenhar um
excelente trabalho junto à atividade rural desenvolvida pelo empresário. Tudo
isso faz com que o empresário rural obtenha melhores resultados em menos
tempo, adquirindo assim uma ótima rentabilidade para seus negócios.

O desenvolvimento gerencial contábil possibilitará um aumento dos


resultados econômicos, para Crepaldi (1998), “é voltado para melhor utilização dos
recursos econômicos da empresa, através de um adequado controle dos insumos
efetuado por um sistema de informação gerencial”, de maneira que os recursos
existentes e disponíveis da propriedade rural serão melhores aproveitados e
estarão em harmonia com as atividades desenvolvidas na unidade de produção,
estabelecendo metas e objetivos definidos e direcionando a tomada de decisões
em busca da rentabilidade desejada.

E assim como as demais empresas, as empresas rurais também devem ter


preocupações quando se trata de custos na produção, aumento da lucratividade,
planejamento, controle e retorno do capital investido. Neste sentido, Santos
(1996, p. 43) afirma que “a agricultura será tão mais próspera quanto maior for o
domínio que o homem venha a ter sobre o processo de produção, que se obterá na
medida do conhecimento acerca das técnicas de execução e gerência”.

Assim, as instruções contábeis devem estar sincronizadas com os recursos


disponíveis na propriedade rural, de maneira que o custo x benefício estejam
em evidência, para que o empresário rural possua condições de visualizar seu
desenvolvimento de hoje e do futuro.
FONTE: Disponível em: <http://www.paginarural.com.br/artigo/938/contabilidade-fator-de-
desenvolvimento-do-agronegocio>. Acesso em: 16 jun. 2018.

103
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

• A Contabilidade é uma área do conhecimento que possui ferramentas que


auxiliam o administrador rural a conhecer a atual situação patrimonial da
empresa e a tomar decisões financeiras.

• Os relatórios contábeis, ou demonstrações contábeis, são compostos por


elementos denominados Ativos, Passivos e Patrimônio Líquido.

• O patrimônio é um conjunto de bens.

• Os ativos são o conjunto de bens e direitos controlados pela empresa.

• Os passivos são denominados obrigações exigíveis, ou seja, as dívidas que


serão cobradas da empresa na data de seu vencimento.

• O patrimônio líquido é simplesmente a diferença entre o valor do ativo menos


o passivo.

• O balanço patrimonial demonstra de forma visual a distribuição do ativo,


passivo e patrimônio líquido na empresa.

104
AUTOATIVIDADE

1 O que são bens tangíveis?

2 Por que os passivos são também denominados dívidas com terceiros?

3 O que é liquidez de um item no inventário patrimonial?

105
106
UNIDADE 3

ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• entender como funciona um empreendimento rural em suas diversas ver-


tentes;

• conhecer ferramentas básicas que devem ser consideradas na gestão de


um negócio rural;

• compreender que a especialização de mão de obra e serviço é de funda-


mental importância para a empresa rural.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudos está dividida em três tópicos. Ao longo de cada um
deles você encontrará sugestões e dicas que visam potencializar os temas
abordados, e ao final de cada um estão disponíveis resumos e autoatividades
para fixar os temas estudados.

TÓPICO 1 – ADMINISTRAÇÃO AGROPECUÁRIA

TÓPICO 2 – A EMPRESA RURAL

TÓPICO 3 – INVENTÁRIO

107
108
UNIDADE 3
TÓPICO 1

ADMINISTRAÇÃO AGROPECUÁRIA

1 INTRODUÇÃO
Olá, prezado acadêmico! Após conhecer os princípios da agropecuária,
nesta unidade começaremos a estudar os princípios da administração de um
agronegócio. Inicialmente, faremos uma abordagem histórica de como era
feita tal administração; posteriormente, apresentaremos e demonstraremos a
importância do uso de ferramentas de contabilidade na gestão de um negócio. A
maior lucratividade de um empreendimento depende intimamente do aumento
de vendas e diminuição de custos. Nesta unidade, aprenderemos como funciona
essa dinâmica e onde se pode atuar para potencializar a eficiência produtiva do
seu negócio.

NOTA

Você sabia que uma melhor gestão do agronegócio, respeitando todos os


princípios da contabilidade, desde a compra de matéria-prima até a entrega ao consumidor
final, pode proporcionar maiores receitas?

Todo processo de planejamento, coordenação e supervisão de uma


organização é realizado por um gestor ou administrador, sendo esse processo
também, algumas vezes, realizado por uma equipe. O mercado é extremamente
exigente frente a esses profissionais, exigindo não só a formação técnica em
gestão, mas que possua também competências intrínsecas, como resiliência,
espírito de liderança, organização, capacidade de se fazer entendido e outras.
É de responsabilidade deste profissional a execução das quatro funções
administrativas, sendo elas: planejar, organizar, dirigir e controlar.

2 ADMINISTRAÇÃO RURAL
A administração rural é definida pelo conjunto de atividades e/ou ações
que ajudam o produtor a gerir seu empreendimento em sua totalidade. O resultado
de uma atividade de administração ou gestão de um empreendimento é sempre
eficiência produtiva, ou seja, ganho financeiro com utilização do mínimo recurso

109
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

possível. Um adendo que se faz à administração rural é que todo o processo deve
ser realizado afetando minimamente os recursos naturais existentes.

Qualquer empreendimento, seja ele urbano ou rural, e independente


do produto final a ser gerado, depende do uso de princípios da administração
(HELENO, 2009). Como um todo, o produtor rural deve realizar todo o processo
de gestão de seu empreendimento sem se desligar de questões gerais de mercado,
como preço de insumos, clima, necessidade de irrigação ou não, disponibilidade e
custo de mão de obra, mercado consumidor, entre outros. A partir do crescimento
da produtividade e do alcance de mercados externos, a agropecuária cresceu
muito no país. Hoje, tal setor é parte fundamental e básica na sustentação da
balança comercial.

No Brasil, o agronegócio é o setor de maior movimentação de bens do


país e gera diariamente diversos empregos diretos e indiretos. Heleno (2009)
menciona que o Brasil se consolida ano após ano no setor agropecuário, devido
principalmente à quantidade de recursos naturais já existentes e também à
melhoria e impulsionamento dos empreendimentos rurais, fato este dado pela
maior especialização dos administradores rurais.

O potencial agropecuário no Brasil surgiu logo na colonização do país.


Portugueses e espanhóis encontraram nas nossas terras grande quantidade de
minerais e recursos. Desde essa época destaca-se grandemente a extração de pau-
brasil, plantação de culturas como café, cana-de-açúcar e também a bovinocultura
de leite e carne, em pastoreio, principalmente em regiões planas dos pampas.

O agrobusiness (agronegócio, em português) trata de atividades econômicas


relacionadas ao meio rural, como a estocagem, distribuição, produção,
transformação e comercialização de alimentos, biomassa, fibras industriais,
defensivos e fertilizantes (SEBRAE, 2009).

FIGURA 1 – AGROBUSINESS E A GERAÇÃO DE RENDA

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/images/eaoDj6>. Acesso


em: 19 jul. 2018.

110
TÓPICO 1 | ADMINISTRAÇÃO AGROPECUÁRIA

FIGURA 2 – O GESTOR DO AGRONEGÓCIO

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/images/rriXVY>. Acesso em:


19 jul. 2018.

Para melhor entendimento, o agrobusiness seria o conjunto de atividades


de produção agropecuária levando-se em consideração o fator econômico;
ultrapassando assim a ideia arcaica de que o produtor rural está isolado da cidade
e de suas tecnologias. A produção rural tem de estar inserida nos três setores da
economia: primário, secundário e terciário. Assim, necessita do envolvimento de
cada um desses setores, de forma direta ou indireta, até que o produto acabado
chegue ao consumidor final.

Como visto anteriormente, o processo administrativo é composto


por quatro etapas, a saber: planejamento, organização, direção e controle. O
agronegócio exige maior planejamento, visto que está sujeito a diversas variáveis
que muitas vezes não são esperadas.

Embora já tenha sido disseminada no meio rural a ideia de que o gestor


precisa fazer uso das quatro etapas administrativas à melhoria do desempenho
do negócio, é notório o não investimento em tal temática. Assim, grande parte
dos recursos financeiros que são investidos no meio rural vão diretamente
para a produção. Torna-se importantíssimo não só a formação de profissionais
com alta especialização, mas também a divulgação de resultados financeiros à
demonstração de que um empreendimento administrativamente bem gerido
tender-se-á apresentar maior resultado financeiro.

O processo administrativo não se resume a planejar, executar e conter


gastos, ele representa uma gestão completa, em que todas as partes do processo
produtivo sejam respeitadas à diminuição de perdas e aumento da eficiência
produtiva. O maximizar de lucro e diminuição de custos é importante no processo.
Entretanto, o processo necessita de pessoas capacitadas e motivadas, sendo assim
necessário, um gestor capaz de realizar tal processo.

O administrador de um empreendimento rural, ainda que (normalmente)


trabalhando com pessoas de baixa escolaridade, deve entender que mesmo estando
no topo da cadeira hierárquica, ele é somente uma engrenagem do processo e que
cada colaborador tem sua importância na produção. O líder tem de mostrar a
todas as partes da engrenagem produtiva que há a necessidade da participação,
e que ainda o profissional de menor cargo hierárquico pode representar aumento
ou diminuição produtiva, a partir de seu trabalho. Todos devem participar das
111
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

decisões e o gestor deve ter esse “bom senso” de escutar as partes e formular a
melhor decisão frente a algum projeto ou processo.

No negócio rural, assim como em qualquer processo produtivo, buscam-


se os melhores insumos a fim de se ter o melhor resultado financeiro. Entretanto,
esse investimento grande em insumo não se repete na mão de obra. Na maioria
das vezes, o profissional que labora no campo possui baixa escolaridade e não
possui treinamentos para a atividade que executa. Desta forma, recomenda-se
ao gestor entender o processo e perceber o grau de exigência deste, para assim
capacitar seu colaborador na maximização da eficiência produtiva, respeitando
a saúde e a integridade do mesmo. Colaborador satisfeito trabalha melhor,
representa maior produção e é o resultado de uma gestão bem realizada.

O mundo atual passa por transformações constantes. A tecnologia e a


globalização dos processos e serviços crescem exponencialmente, exigindo de
todos os profissionais um maior entendimento e aperfeiçoamento produtivo, a
fim de que não “sejamos superados” pelas máquinas.

Máquinas tecnológicas representam maior produção e melhor qualidade


de produtos, principalmente em indústrias. Contudo, o aumentar da inserção
de máquinas em meio produtivo representa a saída de mão de obra humana,
agravando os índices de desemprego como vemos atualmente.

A atividade rural tem de ser levada a sério, com uma gestão bem-feita
e fazendo estudos de todos os índices de custos e receitas. As dinâmicas de
mercado, como oscilação de preços, dificultam tal estudo, mas o negócio rural
tem de estar preparado administrativamente para essas possíveis variáveis. Uma
doença do rebanho, um ataque de pragas em culturas, geadas, granizo, falta de
chuva e outros podem e devem afetar as previsões econômicas de um negócio,
assim toda atividade necessita de um estudo financeiro a curto e longo prazo
para sobreviver a tais variáveis.

Os princípios administrativos utilizados a atividades econômicas são


comuns a qualquer atividade. Entretanto, o agrobusiness tem estas particularidades
que devem ser levadas em conta no trabalho do gestor. A empresa tem de estar
preparada a essas possibilidades, de modo a não comprometer sua economia.
Assim, qual é a função do administrador? Como deve o administrador direcionar
os seus esforços? Em que o administrador difere do trabalhador?

Tais perguntas são comuns, contudo difíceis de serem respondidas. A


avaliação deve ser contínua de modo que o administrador se envolva com a
equipe, torne-se um líder respeitado e exemplar frente aos seus colaboradores.

A administração rural, assim como qualquer outra, envolve tomada de


decisão constante, a partir de estudo e aplicação de técnicas existentes a atingir
objetivos produtivos mesmo em um meio que possuem variáveis difíceis de
serem mensuradas, como as variáveis ambientais.

112
TÓPICO 1 | ADMINISTRAÇÃO AGROPECUÁRIA

FIGURA 3 – A GESTÃO DO NEGÓCIO

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/images/mDTK6V>. Acesso em: 19


jul. 2018.

O gestor, ou tomador de decisões, tem de estar altamente preparado e


capacitado para vivenciar e lidar com os problemas que podem ocorrer, utilizando
ou não técnicas administrativas. A alocação de recursos, por exemplo, é definida
como alocação de recursos escassos. Isso quer dizer que o administrador tem de
alcançar objetivos financeiros, fazendo uso de recursos limitados.

Outro ponto importante no trabalho do administrador é que os objetivos


podem ser únicos ou múltiplos. Na maioria dos casos, o objetivo é produção
e barganha de recursos financeiros fazendo uso de pouco recurso. Entretanto,
outros objetivos podem ser a própria sobrevivência do negócio, lazer, entre outros.

O administrador rural tem de estar atento e possuir conhecimento não


só do produto a ser gerado, mas também dos produtos secundários a este.
Tal profissional deixa de ser somente um produtor, para ser um estudioso de
mercado e se vê na possibilidade de alterar seu negócio, e se for economicamente
interessante e viável, o fará.

Os problemas da administração rural podem ser identificados a partir


de algumas questões principais, sendo: Quanto produzir? A produção está
diretamente ligada à eficiência produtiva, produto gerado – insumo despendido.
Assim, cálculos importantes a serem feitos são: quantidade e valor de fertilizantes
e defensivos, quantidade de água necessária para irrigação, quantidade de ração,
entre outros. A rentabilidade do negócio será determinada indiretamente pelo
nível ou valor gasto nos insumos.

Outra questão importante a ser levantada é: Como produzir? A produção


agropecuária pode ser realizada de diversas maneiras, utilizando mais ou menos
capital, mão de obra ou máquinas, entre outros. O administrador deve ser capaz de
identificar a adequada combinação de insumos a minimizar o custo de produção.

O que produzir? Esta é outra questão, não menos interessante. A empresa


produzirá somente grãos? Somente carne? Somente leite? A empresa produzirá

113
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

os dois recursos? O administrador tem de ser capaz de avaliar seus recursos (a


saber, o que poderá produzir) e se possível combinar atividades que maximizem
os resultados. A atividade do administrador rural defronta quase que diariamente
com essas três importantes perguntas; e sua análise é importantíssima ao sucesso
do negócio.

FIGURA 4 – A GESTÃO DO NEGÓCIO À TOMADA DE DECISÕES

AMBIENTE

EMPRESA
RURAL

TOMADA
Recursos Objetivos
DE DECISÃO

Funções Sistema de
Administrativas Informação

AMBIENTE

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/images/cwMNL4>. Acesso em: 19 jul.


2018.

Há, ainda, problemas econômicos que têm as características distintas,


como: objetivos e metas que devem ser alcançados. Quantidade limitada de
recursos a serem utilizados para a obtenção dos objetivos. Várias maneiras
alternativas de uso dos recursos na busca do alcance dos objetivos.

A administração rural é um caso bem particular de negócio, e seu estudo


deve considerar diferenças claras entre ela e uma empresa comum. Algumas
diferenças comuns são o tamanho, o tipo e os produtos gerados. Outras diferenças
são os serviços prestados, a relação de trabalho e a administração.

Holz (1994 apud REICHERT, 1998, p. 69) menciona que:

A Administração Rural é a ciência que ajuda o produtor a entender as


suas decisões. É onde estão as informações necessárias para os técnicos
ajudarem os produtores a tomar as decisões. E completa: A busca da
eficiência no setor agrícola faz da administração um fator de produção
capaz de fazer ou quebrar o negócio. Neste caso, a administração faz
o papel de cérebro enquanto que o trabalho faz o papel de músculo.
Pois na agricultura precisa-se de terra, capital, trabalho e cérebro para
ser bem-sucedido.

O conhecimento dos custos é essencial ao administrador na tomada de


decisões. Sua determinação ajuda não só na condução do processo como um todo,

114
TÓPICO 1 | ADMINISTRAÇÃO AGROPECUÁRIA

mas também no cálculo da rentabilidade do negócio. O levantamento dos custos


posiciona o empresário no mercado, ajudando-o a estudar e praticar o melhor
preço rentável à barganha de mercado e recurso. Os cálculos de custos podem
ajudar também na fixação de preços mínimos, no cálculo das necessidades de
crédito, entre outros.

A determinação de custos, mesmo sendo importantíssima ao negócio,


é cercada de grande dificuldade e subjetividade. Alguns itens como vida útil
dos bens, desvalorização, preço real dos bens e produtos são cercados de muita
incerteza e erros. Outro problema é a finalidade da avaliação e itens avaliados,
tornando um cálculo mais ou menos preciso, de acordo com o que foi feito.

No dicionário básico do gestor deve constar: receita, custo, despesas,


fatores de produção, depreciação, juros, apropriação dos custos. Receita é o
resultado das vendas dos produtos gerados na atividade rural. Custo é a soma
de todos os insumos utilizados na produção. Despesas é a soma dos gastos
referentes ao custo familiar. Fatores de produção são responsáveis pelo aumento
ou diminuição da produção. Depreciação é a desvalorização dos bens utilizados
no processo em um certo período. Juros é o valor que se paga ao sistema
financeiro por um possível dinheiro retirado como empréstimo para manutenção
da atividade. Apropriação dos custos ocorre sempre quando houver mais de
uma atividade para um determinado bem.

A atividade agrícola possui quatro fatores-chave de produção: terra, trabalho,


capital e negócios. Terra: pedaço de terra onde é realizada a atividade econômica.
Trabalho: atividade realizada, sendo ela manual ou mecanizada. Capital: recursos
financeiros disponíveis ao produtor para a realização da atividade. Negócios ou
empresário: pessoa que coloca seus recursos financeiros e infraestrutura para
instalação ou manutenção da atividade, buscando barganhar lucro.

Os custos agrícolas são distintos, como: sementes, herbicidas, animais e


os alimentos destes, inseticidas, fertilizantes, mão de obra contratada, instalações
e edifícios, máquinas e equipamentos etc. A partir disso, o objetivo da gestão é
encontrar um limiar entre maior produção fazendo uso da menor quantidade de
recursos possíveis. O sucesso da atividade do gestor depende da quantidade e
qualidade de técnicas que ele possui e sabe fazer uso. Ferramentas como softwares
contábeis, por exemplo, são altamente úteis na facilitação desse trabalho. Assim,
o objetivo principal da gestão de custos é a obtenção de custos para o melhor
planejamento produtivo.

115
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• A gestão do agronegócio exige não só ferramentas adequadas, mas também


um profissional especializado e treinado para lidar com as diferentes variáveis
que surgirão no processo.

• Uma boa gestão exige escolha e tomada de decisão continuamente, e o gestor


deve entender o processo, ter o feeling do mercado e de estratégias de seus
concorrentes.

• Perguntas como: Quanto? Como? E o quê produzir? Podem auxiliar em uma


boa tomada de decisão, o que incidirá diretamente no sucesso do negócio.

116
AUTOATIVIDADE

1 De acordo com o texto, a administração rural pode ser compreendida como:

a) ( ) O conjunto de atividades financeiras e econômicas, somente, que


ajudam o produtor a gerir seu empreendimento.
b) ( ) As regras de produção, levando-se em consideração os aspectos
humanos.
c) ( ) O conjunto de atividades ou ações que ajudam o produtor a gerir seu
empreendimento em sua totalidade.
d) ( ) A análise das pressões externas, como controle governamental e ações
financeiras.

2 Relacione as sentenças de acordo com os itens a seguir:

(A) Terra
(B) Capital
(C) Trabalho
(D) Negócios

a) ( ) São os recursos financeiros disponíveis ao produtor para a realização da


atividade.
b) ( ) É a atividade realizada, sendo ela manual ou mecanizada.
c) ( ) É o pedaço onde é realizada a atividade econômica.
d) ( ) É a pessoa que coloca seus recursos financeiros e a infraestrutura para
instalação ou manutenção da atividade, buscando barganhar lucro.

3 “Conjunto de atividades de produção agropecuária levando-se em


consideração o fator econômico; ultrapassando a ideia arcaica de que o
produtor rural está isolado da cidade e de suas tecnologias”. Tal afirmativa
se refere à/ao:

a) ( ) Agronegócio.
b) ( ) Controle de produção.
c) ( ) Administração fazendária.
d) ( ) Gestão de recursos humanos.

4 Complete a frase:

“O ________ administrativo não se resume a planejar, ________ e conter


gastos, ele representa uma gestão completa, em que todas as partes do processo
________ sejam respeitadas à diminuição de perdas e aumento da ________
produtiva”.

117
a) ( ) valor, aumentar, produtivo, abrangência.
b) ( ) processo, aumentar, administrativo, eficiência.
c) ( ) valor, executar, produtivo, proposta.
d) ( ) processo, executar, produtivo, eficiência.

5 Conforme a administração rural, “Receita” pode ser definida como:

a) ( ) O resultado das vendas dos produtos gerados da atividade rural.


b) ( ) O resultado do balanço patrimonial da empresa rural.
c) ( ) A somatória dos valores monetários constantes nas aplicações
financeiras.
d) ( ) O resultado das vendas dos insumos da atividade rural.

118
UNIDADE 3
TÓPICO 2

A EMPRESA RURAL

1 INTRODUÇÃO
Podemos definir uma empresa rural como uma atividade que faz uso
econômico/financeiro direto do solo, cultivando a terra ou criando animais à
produção agrícola (MARION, 2012). Essas empresas classificam-se em: atividades
agrícolas, atividades agroindustriais e atividades zootécnicas.

FIGURA 5 – ESQUEMA DA CLASSIFICAÇÃO DAS EMPRESAS

FONTE: Os autores

2 TIPOS DE EMPRESA RURAL


As empresas rurais podem ser separadas em latifúndios, empresa
capitalista, empresa agrossilvipastoril, empresa familiar, unidade camponesa.

Latifúndios são caracterizados por apresentarem baixo capital na


exploração e grande quantidade de capital circulante. Participam fortemente do
mercado e priorizam um tipo de produto específico, sem variar sua produção.

119
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

FIGURA 6 – PRODUÇÃO AGRÍCOLA EM LARGA ESCALA

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/images/ApDe3X>. Acesso em: 19 jul.


2018.

A empresa capitalista possui grande quantidade de capital de exploração


e alta comercialização. Busca persistentemente o lucro.

FIGURA 7 – TECNOLOGIA NO AGRONEGÓCIO

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/images/A6nEzk>. Acesso em: 19 jul.


2018.

Empresas agrossilvipastoris possuem caráter especializado ou com


poucas linhas de exploração, principalmente com animais e plantas. Podem ser
de subsistência ou ter caráter comercial explorando algum produto específico e
sua produção visa sempre ao mercado.

120
TÓPICO 2 | A EMPRESA RURAL

FIGURA 8 – SISTEMAS AGROSSILVIPASTORIS

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/images/1Lj1pX>. Acesso em: 19 jul. 2018.

Empresa familiar possui grande quantidade de capital de exploração


e, quase sempre, faz uso de recursos financeiros do estado para alavancar sua
produção. Possui alto grau de comercialização e produção especializada.

FIGURA 9 – PRODUÇÃO CAMPONESA

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/images/P7fgtg>. Acesso em: 19


jul. 2018.

Na unidade camponesa, encontra-se um baixo nível de capital de


exploração. Produção estritamente familiar e comercialização são baixas. O que é
produzido é utilizado para a subsistência da família.

FIGURA 10 – PRODUÇÃO NO CAMPO

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/images/viDoXX>. Acesso em: 19 jul. 2018.

121
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

NOTA

Independentemente do tamanho do seu negócio é importante ter uma gestão


capaz de minimizar custos e aumentar receitas.

3 ELABORAÇÕES DE PROJETOS E ANÁLISE DE VIABILIDADE


ECONÔMICA
Com a necessidade constante por maior produção devido, principalmente,
à demanda gerada pelo aumento populacional, o produtor rural cada vez mais
se vê na obrigação de usar ferramentas tecnológicas não só na produção em si,
mas também na gestão de seu empreendimento. Ainda não tendo tanto recurso
disponível quanto um grande produtor, o produtor em pequena escala tem
importância crucial no cenário de produção de alimentos. Para Vilhena e Antunes
(2010, p. 2), atividade rural é:
a exploração das atividades agrícolas, pecuárias, a extração e a
exploração vegetal e animal, a exploração da apicultura, avicultura,
suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras de pequenos animais;
a transformação de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam
alteradas a composição e as características do produto in natura,
realizada pelo próprio agricultor ou criador, que são aqueles que
exploram a capacidade produtiva do solo, através do cultivo da terra,
da criação de animais e da transformação de determinados produtos
agrícolas, ou seja, o produtor rural, que é a pessoa física, também
chamada de pessoa natural.

A contabilidade em negócios, ainda que bastante difundida em meio


urbano, mostra-se muito aquém no meio rural. Isso se deve não só à desinformaçãvo
por parte dos produtores, mas também à mentalidade conservadora que impera
nos dias atuais. É muito comum ouvir por parte do produtor: “Deu certo até hoje,
para que vou mudar? ”, “Essas novas ferramentas só servem para tirar dinheiro
da gente”. Como qualquer outra atividade econômica, a empresa rural precisa
de planejamento e gestão para tornar eficiente seu processo. Conhecimentos
administrativos são indispensáveis para isso. Crepaldi (2012) também menciona
que o empresário rural é o profissional que exerce atividade econômica em meio
não urbano, para produção e/ou circulação de serviços e bens.

A contabilidade rural pode ajudar o produtor na tomada de decisões,


podendo evidentemente ser usada como ferramenta de gestão do processo
produtivo à melhoria dos resultados econômicos (FORNALSKI; STURM, 2017).

Consta no Estatuto da Terra, Lei n° 4.504/64:


Empresa rural é o empreendimento de pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, que explore economicamente e racionalmente

122
TÓPICO 2 | A EMPRESA RURAL

imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico... vetado...


da região em que se situe e que explore área mínima agricultável do
imóvel segundo padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder
Executivo. Para esse fim, equipara-se as áreas cultivadas, as pastagens,
as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias
(BRASIL, 1964, s,p.).

Os princípios da contabilidade se aplicam às empresas rurais, bem como


comunicados técnicos e normas brasileiras de contabilidade, editados pelo
Conselho Federal de Contabilidade (RODRIGUES et al., 2015). Assim, de acordo
com a Instrução Normativa SRF n° 83/2001:
Art. 6° A receita bruta da atividade rural, decorrente da comercialização
dos produtos, deve ser comprovada por documentos usualmente
utilizados nessas atividades, tais como Nota Fiscal de Produtor, Nota
Fiscal de Entrada, Nota Promissória Rural vinculada à Nota Fiscal
de Produtor, e demais documentos oficialmente reconhecidos pelas
fiscalizações estaduais (BRASIL, 2001, s.p.).

Ainda, a Instrução Normativa SRF n° 83/2001 descreve a forma de apuração


do resultado: “Art. 22 O resultado da exploração da atividade rural exercida pelas
pessoas físicas é apurado mediante escrituração do Livro Caixa, abrangendo as
receitas, as despesas de custeio os investimentos e demais valores que integram a
atividade” (BRASIL, 2001, s.p.).

De maneira geral, a “contabilidade é uma ciência, uma disciplina, um


ramo de conhecimento humano, uma profissão que tem por objeto o estudo dos
fenômenos patrimoniais” (CREPALDI, 2012).

Nada mais é que um método que registra os movimentos financeiros


da empresa. Dentro da contabilidade, encontra-se o controle e planejamento. O
controle é basicamente a organização, em que se analisa o planejado, a execução
e os resultados alcançados. Já o planejamento são ações e modos para alcance dos
resultados.

4 CONTABILIDADE DE CUSTOS
Contabilizar os custos é importantíssimo para qualquer negócio. Para
Crepaldi (2012), a contabilidade tem como função apresentar dados ligeiros e
precisos para a tomada de decisões. Ela trata da análise de gastos na operação
(CREPALDI, 2010).

Segundo Leone (2008), a contabilidade é similar a uma central que processa


informações, que as armazena, interpreta e gera resultados gerenciais. Após a
Revolução Industrial, a contabilidade proporcionou uma análise de resultados
operacionais. Uma tarefa importante, também com o aparecimento das indústrias,
era a de avaliar os estoques (FORNALSKI; STURM, 2017). A partir dessa análise
dos estoques e dos custos de produção, os gestores conseguiram mensurar
monetariamente os próprios estoques e o resultado da operação (CREPALDI, 2010).

123
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

Na tomada de decisões, o papel da contabilidade é também o de alimentar


informações de valores que geram consequência em curto e longo prazo, como na
administração de preços (MARTINS, 2009).

Para Crepaldi (2010), “gasto é o sacrifício financeiro que a entidade arca


para obter um produto ou serviço qualquer, sacrifício esse representado por
entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro)”.

O gasto será considerado quando houver o reconhecimento da dívida ou


dedução do ativo dado em pagamento (CREPALDI, 2010). O desembolso será,
portanto, o pagamento realizado para adquirir o bem ou serviço. É a saída de
capital financeiro da empresa ou entrega de ativos, podendo ocorrer no gasto com
pagamento à vista ou depois no pagamento a prazo. Um exemplo de desembolso
seria o pagamento de uma fatura. Martins (2009) menciona que o custo é um
gasto do processo de geração de produto ou serviço. Como exemplo de custo,
seria o valor dependido para adquirir matéria-prima e a mão de obra utilizada
na produção.

Despesas são gastos não vinculados à atividade econômica, provocando


possivelmente redução do patrimônio (CREPALDI, 2010). Martins (2009)
menciona que investimentos são esforços realizados na aquisição de bens ou
serviços e que aparecem nos ativos das empresas. As perdas, segundo Crepaldi
(2010), são recursos gastos de formas anormais e não intencionais. Já as despesas
surgem pela própria necessidade da empresa em funcionar. Assim, as despesas
são classificadas de acordo com cada setor da empresa, sendo classificadas em
administrativas, comerciais, finanças e tributárias.

As despesas administrativas estão relacionadas, como o próprio nome


diz, à administração do negócio. A despesa comercial surge da necessidade de
vender o produto ou realizar o marketing deste. As de finanças ocorrem pela falta
de capital de giro, obrigando a empresa a procurar empréstimo de terceiros. Já as
tributárias estão relacionadas às despesas com impostos (CREPALDI, 2010).

Os custos podem ser classificados como indiretos e diretos, quando


estão relacionados aos produtos gerados. Quanto ao nível de produção, podem
ser classificados como fixos, variáveis, semiváriaveis ou fixos. Segundo Crepaldi
(2010), os custos diretos estão relacionados diretamente ao produto, bastando uma
mensuração (hora máquina, força consumida, quilos, litros etc). Já os custos indiretos
precisam de rateio para serem incorporados aos produtos. Custos fixos não variam,
independentemente da produção, já os variáveis se relacionam, variando de acordo
com o produzido. Os custos semivariáveis ou semifixos são custos que variam com
o produzido e o vendido, mas não proporcionalmente; até um ponto são fixos e
depois de um determinado ponto são variáveis (CREPALDI, 2010).

124
TÓPICO 2 | A EMPRESA RURAL

Os custos também podem ser classificados como elimináveis ou evitáveis,


que são os que podem ser eliminados a curto prazo, caso encerrem as atividades da
empresa. Como exemplo tem-se: salário, água, luz etc. E também podem ser não
elimináveis, que não podem ser eliminados em curto prazo, como depreciações e
impostos (BORNIA, 2009).

O somatório de tudo o que foi gasto em recursos para a produção nos dá


os custos de transformação, exceto custos com matéria prima e/ou embalagens
(MARTINS, 2009). Já os custos que não representam consumo no processo são os
custos de oportunidade, eles representam basicamente o que a empresa deixou
de conquistar por ter escolhido um investimento ao invés ter escolhido outro
(BORNIA, 2009).

Materiais diretos são materiais que se identificam aos produtos. Exemplo:


matéria-prima, embalagem, materiais auxiliares, parafuso, prego etc. A mão de
obra direta se relaciona aos trabalhadores que estão intimamente relacionados à
produção.

4.1 ANÁLISE DA LUCRATIVIDADE


Rentabilidade e lucratividade são conceitos que comumente são, de
maneira equivocada, classificados como similares. A empresa pode ser lucrativa,
mas não rentável. Um produto com preço bem definido ganha competitividade
gerando, potencialmente, lucro.

Padoveze e Benedicto (2010) dizem que “a palavra lucratividade ou


margem é, normalmente, utilizada para mostrar a relação percentual entre os
diversos tipos de margem de lucro em relação às vendas. Busca medir, em cada
venda, o quanto se obtém, em média, de lucro”.

A palavra rentabilidade, que vem do conceito de renda, é uma relação


do valor do lucro obtido com o valor do investimento realizado. É importante a
análise da rentabilidade para a identificação da condição de uma empresa. Auxilia
na análise de risco e o quão esta é competitiva frente aos seus concorrentes.

Segundo Groppelli e Nikbakht (2006), a análise da rentabilidade pode ser


classificada conforme a figura a seguir:

125
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

FIGURA 11 – CLASSIFICAÇÃO DA ANÁLISE DA RENTABILIDADE

Classificação Fórmula

Margem de Lucro Vendas - Custos dos Produtos Vendidos


Bruto Margem de Lucro Bruto =
Vendas

Margem de Lucro LAJIR


Operacional Margem de Lucro Operacional =
Vendas

Margem de Lucro Lucro Líquido do Exercício


Líquido Margem de Lucro Líquido =
Vendas
FONTE: Groppelli e Nikbakht (2006, p. 364)

A margem de lucro bruto, para Gitman (2010), estima o percentual da


unidade monetária de venda que permanece após dedução do valor dos bens
vendidos. Quanto maior a margem de lucro bruto, melhor. Já Groppelli e Nikbakht
(2006) acreditam que as margens de lucro bruto mostram se a administração foi
eficiente no uso de mão de obra e recursos.

A margem de lucro operacional, para Gitman (2010, p. 58):


Mede a porcentagem de cada unidade monetária de vendas
remanescente após a dedução de todos os custos e despesas exceto
juros, imposto de renda e dividendos de ações preferenciais.
Representa o ‘lucro puro’ obtido sobre cada dólar de vendas. Os lucros
operacionais são ditos puros porque medem apenas o lucro sobre as
operações e desconsideram juros, impostos e dividendos de ações
preferenciais. É preferível uma margem de lucro operacional elevada.

O índice de margem de lucro indica o quanto de lucro, antes de juros e


impostos, foi gerado por unidade monetária. Se os lucros são altos, é sinal de
vendas maiores que custos operacionais. A partir desta análise, os gestores traçam
baixa ou alta margem de lucro para a determinação da eficiência produtiva

A margem de lucro líquido, para Gitman (2010, p. 58):


Mede a porcentagem de cada unidade monetária de vendas
remanescente após a dedução de todos os custos e despesas, inclusive
juros, impostos e dividendos de ações preferenciais. Quanto mais
elevada a margem de lucro líquido de uma empresa, melhor. [...] Ela
é uma medida frequentemente associada ao sucesso de uma empresa
em relação ao lucro obtido com as vendas.

A margem de lucro mede o percentual de valor de venda que sobra após


pagamento de custos e despesas, contabilizando juros, impostos de renda e
dividendos.

Groppelli e Nikbakht (2006) mencionam que a margem de lucro líquida


é resultante de todas as fases de um negócio. Assim, para os autores, quanto

126
TÓPICO 2 | A EMPRESA RURAL

mais baixos os níveis de despesa, maior será a margem de lucro líquido,


independentemente das vendas.

Ao se analisar a contabilidade rural, é preciso entender de custos, guardar


comprovantes de pagamento e realizar análises de rentabilidade e lucratividade
para saber a real situação da empresa, e saber se ela está sendo eficiente em gerar
lucro ou se está gerando prejuízo. Após esta análise, o gestor poderá propor
melhorias no processo e aumentar a lucratividade e/ou findar os prejuízos.

ATENCAO

Lucro = eficiência produtiva. Diminua seus custos (sem perder qualidade e


volume de produção), melhore a imagem do seu produto (marketing) e aumente as vendas!!!

5 TEORIA DA PRODUÇÃO
E
IMPORTANT

Administração e contabilidade caminham juntas ao sucesso do empreendimento.

A Teoria dos Custos de Produção e a Teoria da Produção constituem o


que chamamos de Teoria da Oferta da Firma Individual. No passado, tais temas
eram usados na Teoria Econômica, contudo, com o passar do tempo, foram
incorporados à contabilidade e consequentemente à administração.

Os princípios dessas teorias são de suma importância para realizar a


análise de preços, emprego de fatores e alocação de seus usos na economia. Essas
teorias desempenham dois papéis principais:

• servem de base na análise de relações entre produção e custo;


• servem de apoio na análise da procura da empresa em relação aos seus fatores
de produção que são utilizados no processo.

A Teoria da Produção lida basicamente com as quantidades de produto


gerado/produzido para comercialização (outputs) e dos recursos que foram
utilizados na produção (inputs). As perguntas que fizemos nos tópicos anteriores
são aplicáveis aqui para explicar a Teoria da Produção. O Que produzir? Como
produzir? Quanto produzir?

127
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

Os economistas têm respondido tais questões com os conceitos da “Teoria


da Produção”, a qual descreve os requisitos para que haja maximização de lucros.
Na primeira questão: O que produzir?, ela faz relação de uma atividade com
outra, “produto-produto”. A segunda questão: Como produzir?, relaciona-se
com o método a ser empregado, qual maquinaria, fazendo uma relação “fator-
fator”. Já a terceira questão: Quanto produzir?, relaciona o fator com o produto,
“fator-produto”. Trata do nível ou quantidade a ser utilizada de determinado
fator para a produção de determinado produto (SANTOS, 2006).

Produção nada mais é que o transformar da matéria-prima adquirida para


a venda no mercado. Produção não se refere somente a bens físicos palpáveis,
mas também a serviços.

Na produção, diferentes insumos são combinados à obtenção do produto


final; a forma dessa combinação é chamada de métodos de produção. Estes
podem ser intensivos em capital, uso da terra, mão de obra etc.

Se a partir dos insumos (inputs) for produzido um produto (output), têm-


se um processo simples de produção. Se forem produzidos mais produtos, têm-se
uma produção múltipla.

O processo é escolhido pela sua eficiência. Tal eficiência pode ser mensurada
no aspecto técnico ou econômico. Um método é eficiente tecnicamente quando
comparado a outros utiliza quantidade menor de insumos que os demais, na
produção de cada unidade. Já a eficiência econômica está relacionada à quantidade
menor de recursos monetários utilizados. Têm-se eficiência econômica se, ao
findar o processo, utilizar-se menor recurso financeiro que nos demais.

5.1 FUNÇÃO PRODUÇÃO


O proprietário do empreendimento, ao se perguntar o que, como e quanto
produzir, e decidir por um produto com base no mercado, irá variar a quantidade
de recursos para assim variar o volume final produzido. A qualidade física do
produto, a partir da quantidade física dos fatores de produção em um tempo
mensurado, é demonstrada pela função produção.

A função produção admite que a produção seja a mais eficiente na


combinação dos fatores de produção e, consequentemente, obtendo a maior
quantidade de produtos. A função produção pode ser demonstrada da seguinte
forma:

128
TÓPICO 2 | A EMPRESA RURAL

q = f(x1,x2,x3, ..., xn)


em que:
q é a quantidade de bem ou serviço produzido em determinado tempo;
x1, x2, x3, ..., xn, quantidades utilizadas dos fatores de produção;
f indica que q se altera a partir do aumento ou diminuição da quantidade de
insumos.

Didaticamente, pode-se considerar a função de duas variáveis:


q = f (N,K)
em que:
N = a quantidade de mão de obra;
K = a quantidade de capital despendido.

Tais condições se aplicam quando se supõe que as variáveis (q, N, K) são


levadas em conta por um certo tempo (produção diária, produção quinzenal,
produção mensal etc.). Supondo, também, um nível tecnológico já oferecido.

• Fatores Variáveis de Produção e Fatores Fixos – Curtos e Longos Prazos

Fatores de produção variáveis são as variações do volume de produção.


Assim, por exemplo, se aumentar a produção, necessitam-se mais trabalhadores
e matéria-prima para produzir.

Fatores de produção fixos não modificam quando há variações nos


produtos. Por exemplo, o layout e instalações da empresa, estes só são alterados
em longo prazo.

Na análise microeconômica, consideram-se as relações a seguir entre


quantidade produzida e utilizada: quando fatores são considerados fixos e
variáveis (função de produção), faz-se a identificação do que a teoria denomina
como de curto prazo. Neste período, no mínimo um fator de produção se manterá
fixo. Assim, o curto prazo de uma mineradora é maior que a de uma lanchonete,
uma vez que, para se alterar o layout de uma mineradora, demanda mais tempo
que de uma lanchonete.

Quando a totalidade dos fatores presentes na função produção forem


variáveis, conclui-se uma situação de longo prazo.

A seguir, abordaremos análises da Teoria da Produção para os prazos


mencionados anteriormente (longo e curto):

5.2 ANÁLISE DE CURTO PRAZO


Apresentamos uma função simples com apenas dois fatores (um variável
e outro fixo):

129
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

q = f(N, K)
em que:
q = quantidade produzida;
N = mão de obra (fator que varia na produção);
K = capital (fator que não varia na produção).

Para este caso em questão, para que se possa variar a quantidade produzida,
deverá se variar o fator mão de obra. Assim, a expressão pode ser descrita da
seguinte maneira:

q = f(N)

• Conceitos de produtividade média, produtividade marginal e produto total

A quantidade do produto obtido da utilização do fator variável, fixando a


quantidade dos demais fatores, é chamada de produto total.

O resultado da divisão entre a quantidade produzida pela quantidade


demandada na produção é chamado de produtividade média do fator. Temos
então:

Produtividade média da mão de obra:


Pmen = quantidade gerada do produto/quantidade demandada de
trabalhadores.
Produtividade média do capital:
Pmek = quantidade do produto/número de máquinas.
A relação do produto total e da quantidade utilizada de certo fator é
chamada de produto marginal do fator.
Produtividade marginal da mão de obra:
Pmgn = variação do produto/acréscimo demandado de 1 de mão de obra
Produtividade marginal do capital:
Pmgk = variação do produto/acréscimo demandado de 1 (uma) unidade
da variável fator capital.

Na agricultura, pode-se também definir a produtividade do fator terra


(total da área cultivada). Temos então:
Produtividade média da terra:
Pmet = quantidade produzida/área cultivada.
Produtividade marginal da terra:
Pmgt = variação do produto/acréscimo de uma unidade de área cultivada.

130
TÓPICO 2 | A EMPRESA RURAL

FIGURA 12 – FORMATO TÍPICO DAS CURVAS DA FUNÇÃO DE


PRODUÇÃO, DE PRODUTIVIDADE MÉDIA E DE PRODUTIVIDADE
MARGINAL

FONTE: Disponível em: <http://www.wikiwand.com/pt/Teoria_da_


firma>. Acesso em: 19 jul. 2018.

5.3 LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES


Um dos principais conceitos entre os economistas, e que está inserido na
Teoria da Produção, é o princípio ou Lei dos Rendimentos Decrescentes.

Tal lei pode ser calculada elevando-se a totalidade do fator variável sem
mudar o valor/quantidade dos demais. A produção, no início, aumentará a taxas
crescentes; posteriormente, após certa quantidade utilizada do fator variável,
continuará crescendo, mas a taxas decrescentes (com menos acréscimos);
ainda aumentando o fator variável, a produção terá um pico total máximo e,
posteriormente, irá decrescer.

Por exemplo, se considerarmos dois fatores: terra (fixo) e mão de obra


(variável), verifica-se que ao combinarmos as variáveis e mantido o fator terra
constante em uma lavoura de tomate, o aumento da produção dependerá
exclusivamente do aumento de mão de obra. Assim, a cultura do tomate
responderá em produção crescente até chegar a um pico máximo e decrescer.
O aumento da mão de obra, com o fator terra fixo, representará o aumento da
produção até um limiar máximo. A partir daí, a produção decrescerá. Tal lei é
também chamada de Lei das Proporções Variáveis.

A Lei dos Rendimentos Decrescentes é um fenômeno de prazo curto, com


ao menos um insumo fixo. Pensando em uma empresa individual, é difícil pensar
que um empresário permita que seu produto marginal chegue a ser negativo.
Antes disso, ele investe em alterações na empresa, como: aumento do maquinário,
aumento do espaço físico etc.

131
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

5.4 ANÁLISE DE LONGO PRAZO


A análise de longo prazo é a extensão de tempo em que todos os fatores
são variáveis. Assim, se considerarmos a variação de todos os fatores, caracteriza-
se portanto, uma análise de maior amplitude ou de longo prazo.

Se considerarmos a participação de apenas dois fatores, a função produção


será:

q = f(N,K)

Se supormos que cada um dos fatores de produção é variável, inclusive


o porte da empresa, inicia-se o que chamamos de deseconomia ou economias de
escala.

• Rendimentos de Escala ou Economias de Escala

Tais rendimentos demonstram o crescimento da empresa. É uma resposta


em produção em relação ao que foi utilizado de um ou mais fatores de produção.
Estes podem ser:

Rendimentos de escala crescentes (economias de escala): estão presentes


quando a variação da produção final é proporcional ao recurso utilizado. Exemplo:
se aumentar o uso de um ou mais fatores em 10%, o produto pode crescer 20%.
Conclui-se, portanto, que a produtividade dos fatores aumentou.

As causas de rendimentos de escala crescentes podem ser:

a) especialização do trabalho na empresa, quando há crescimento;


b) a não possibilidade de divisão de fatores de produção (aumento de maquinário
em uma mineradora representa, diretamente, crescimento da produção).

Rendimentos de escala constantes ocorrem quando o que foi gerado é


proporcional ao que foi utilizado em fatores de produção: se aumentar em 10%
os fatores, há aumento de 10% no produto.

Rendimentos de escala decrescentes (ou deseconomias de escala):


aparecem quando o produto varia em quantidade proporcionalmente menor à
variação na utilização dos fatores. Por exemplo, se houver aumento de fatores de
produção em 10% e o produto crescer somente 5%. Assim, houve uma queda na
produção.

Tal fato ocorre porque o gerenciamento e/ou administração não podem ser
aumentados, ou seja, pode haver uma descentralização de decisões que propicie
baixa produção, ainda que seja com investimento em ampliação.

132
TÓPICO 2 | A EMPRESA RURAL

5.5 TEORIA DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO

ATENCAO

Todo negócio tem custo e é impossível a eliminação dele. O importante é uma


gestão bem elaborada afim da diminuição deste. Receitas iguais – custo menor = LUCRO.

Custos é a soma do valor monetário de todos os insumos utilizados na


produção de um produto a ser comercializado. Ao realizar o levantamento de
custos, deve-se calcular todas as despesas do negócio como: despesas gerais,
despesas fixas e variáveis, diretas e indiretas, despesas com máquinas e mão de
obra, entre outras.

No cálculo de custos de uma empresa, leva-se em conta, principalmente,


três elementos-base: materiais, mão de obra e gastos de fabricação.

Em uma análise contábil, materiais são as matérias-primas. Mão de


obra compreende os gastos com todos os envolvidos no processo de fabricação,
somando salários e impostos. Já os gastos gerais compreendem o restante de
gastos necessários à produção.

Segundo Cunha e Oliveira (2012), alguns conceitos básicos sobre custos


podem ser classificados em diretos e indiretos. Os custos diretos, também
denominado custo primário, estão ligados a elementos diretos da produção. Eles
estão envolvidos diretamente com o produto, não incidindo ICMS e IPI. Os cursos
indiretos, ao contrário, não estão ligados diretamente ao produto, mas cooperam
para a sua produção. Os custos ou despesas fixas são aqueles que, mesmo
alterando-se a quantidade de bens produzidos, seu valor não se altera. Eles não
aumentam ou diminuem em favor da produção, sendo também denominados
custos estruturais, sendo exemplos: aluguéis de equipamentos e instalações;
salário da administração.

Os custos e despesas variáveis, ao contrário, aumentam ou diminuem


à medida que variamos a produção. Seus valores estão ligados diretamente
e proporcionalmente ao volume produzido ou volume de vendas em um
determinado período. Alguns exemplos são: matérias-primas; comissões de
vendas; insumos produtivos, como água e energia (CUNHA; OLIVEIRA, 2012).

Em tal sistema, o gerar riqueza está na comercialização e não na produção.

A figura a seguir mostra um gráfico comparativo entre custo fixo e custo


variável. Percebe-se que custo fixo não é alterado pela produção, o que o diferencia
do variável, que cresce com o volume de produção:

133
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

FIGURA 13 – COMPARATIVO ENTRE CUSTO FIXO E VARIÁVEL


Custo Total $
$ 1500
Custo Variável

$ 1000

Custo Fixo
$ 500

Unidades Produzidas
1000 2000 3000
FONTE: Bornia (2001, p. 42)

O custo médio é a divisão do custo final pela quantidade produzida,


podendo ser entendido como custo unitário de produção. O custo total, assim
como o médio, pode ser repartido em custo fixo médio e custo variável médio.

O custo marginal é o acréscimo de custo quando produz uma unidade


adicional do bem. Estudos comprovam que na maioria das atividades, o custo
marginal é decrescente em baixas produções, mas com o aumentar da produção
ele cresce. Este comportamento do custo marginal está associado à Lei das
Produtividades Marginais Decrescentes, segundo a qual, aumentos contínuos da
produção representam acréscimos cada vez menores de produção.

Métodos de custeio são utilizados para se encontrar o custo unitário de


um produto, iniciando dos indiretos ou diretos. Custos diretos é a apropriação de
custos variáveis diretos e indiretos. Assim, custos fixos têm o mesmo tratamento
que despesa, pois aconteceram no período, ainda que o produto tenha sido
comercializado ou não. É o método utilizado para tomada de decisões, contudo
não respeita princípios contábeis, uma vez que nas despesas estão presentes os
custos fixos.

Custos indiretos são os custos que não podem incidir diretamente ao


produto, centro de custo ou departamento no momento da produção. Determinam-
se parcelas de custos a cada tipo de bem por meio de rateios. Há necessidade de
se usar critérios de rateio para assim atribuir ao produto custeado. Exemplos:
materiais indiretos, mão de obra indireta (não estão relacionados diretamente à
produção), outros custos indiretos (depreciação, seguros, manutenção).

Dutra (2009) menciona que antes dos custos serem classificados quanto a
sua apuração, ou quanto objeto de custeio, os estudos e análises realizados nas
empresas levavam em consideração resultados gerais, globais, em que não existia
a possibilidade de avaliar o produto mais ou menos vantajoso ou até mesmo o

134
TÓPICO 2 | A EMPRESA RURAL

órgão mais ou menos eficiente na empresa. Conclusões eram obtidas de forma


muito generalizada, devido à falta de mais informações sobre a produção e os
custos dos produtos.

O autor complementa salientando que o custo indireto está presente e é


comum a vários produtos de uma empresa, sem que se separe a parcela referente
a cada tipo de produto no momento de produção. Portanto, custos indiretos
precisam ser distribuídos necessitando ainda de critérios de rateio. E a distribuição
tem de ser coerente com a natureza do custo rateado.

Custos e possíveis critérios de rateio que podem ser utilizados:

FIGURA 14 – CUSTOS E CRITÉRIOS DE RATEIO EM UMA EMPRESA

FONTE: Disponível em: <https://pt.slideshare.net/trincaferroboi/74455494-custos>.


Acesso em: 19 jul. 2018.

A escolha dos critérios depende da parte organizacional da empresa,


bem como de seus aspectos produtivos. Exemplo: As máquinas são exclusivas?
Consegue-se separar o consumo de energia elétrica? A produção dos diferentes
produtos é realizada em área separada?

Cada empresa deve julgar critérios adequados para sua operação.


Conforme Dutra (2009): Classificar os custos quanto à apuração depende de
um bom conhecimento sobre o processo produtivo da empresa e, sobretudo, de
bom senso. Afinal, um custo direto em um processo pode ser indireto em outro,
ou vice-versa. Um custo também pode estar relacionado a dois, três ou mais
produtos, sendo então compreendido como custo indireto e sendo necessário o
rateio, mas o mesmo custo pode envolver produtos elaborados em um mesmo
departamento, e, sendo assim, classificado por centro de custo, representaria um
custo direto.

135
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

Cunha e Oliveira (2012, p. 10) mencionam que:


Os centros de custos são setores ou áreas da empresa que executam
atividades homogêneas permitindo a apuração setorizada dos gastos
dessa atividade. Os centros de custos são classificados em produtivos
(diretos) ou não produtivos (indiretos) relacionando à produção.
Centros de custos não produtivos são os setores administrativos e
comerciais. A identificação e o tratamento a ser dado ao respectivo
gasto levam em consideração as necessidades posteriores de análise
do ponto de vista gerencial e de controle. A classificação dos centros
de custos deve ser consistente com a estrutura da organização. Esta
classificação deve ser definida especificamente de acordo com as
condições, peculiaridades e conveniências de cada empresa, devendo
refletir uma decisão conjunta entre o responsável pelo custo e a
administração.

Departamentalização é a divisão de uma empresa em setores/


departamentos e o ato de debitar todos os gastos nele incorridos. Para custos
indiretos, cada setor recebe um código definindo seu centro de custo.

Objetivos da departamentalização:

a) Melhor controle dos custos: fracionado o custo a cada setor do empreendimento.


b) Determinação mais precisa do custo dos produtos: diminui a arbitrariedade do
rateio tornando a determinação dos custos mais precisa.

Há basicamente dois motivos para esta maior precisão:

1) Alguns custos, embora indiretos em relação aos produtos, são facilmente


identificados em relação aos departamentos.
2) Nem todos os produtos passam por todos os departamentos e, caso passem, o
fazem em proporções diferentes.

5.6 FUNÇÕES GERENCIAIS DE CUSTOS E EQUILÍBRIO DA


EMPRESA RURAL
A atividade rural passou por uma grave crise que se arrasta por muito
tempo até os dias atuais. Tal fato se deve ao aumento dos custos de produção,
queda de safra, ataque de novas pragas às lavouras, juros e carga tributária
elevada, sem contar a variação do dólar.

Com todos os problemas mencionados, os resultados de produção estão


sempre aquém do esperado, fazendo com que o produtor sempre acumule dívidas.
Marion e Santos (1996) mencionam que o planejamento alerta o produtor quanto
às mudanças na economia, hábito de consumo, clima, entre outros. A gestão dos
custos e de todo processo, nada mais é que o controle econômico-financeiro da
empresa (HALL et al., 2008).

136
TÓPICO 2 | A EMPRESA RURAL

Segundo Gonçalves (2007), o planejamento parte de grandes objetivos que


a organização almeja atingir. O objetivo do planejamento estratégico é estabelecer
táticas que guiarão o gestor no desenvolvimento do negócio. Para Oliveira, Perez
Jr. e Silva (2004), a partir de uma coordenação bem planejada e um sistema de
administração eficiente é plenamente plausível o alcance dos objetivos.

A contabilidade é um instrumento de controle da atividade. Para este


acompanhamento, todas as ocorrências devem ser registradas, seja no processo
de produção e/ou na administração. Para Crepaldi (2010), a contabilidade
tem finalidade do planejamento, pois trata de fornecer informações do
empreendimento, como: condições de expandir-se, sobre necessidades de reduzir
custos, necessidade de alavancar novos recursos, entre outras. Portanto a ajuda
no controle e tomada de decisões é que se baseia a contabilidade.

No que diz respeito ao controle, a principal missão é fornecer dados


para melhor gestão de todo o processo, comparando a dados anteriores que
possibilitarão tomadas de decisões futuras.

Já em relação à decisão, seu papel consiste na apresentação de dados a


curto e longo prazos em consequência de cortes, preços de venda etc. (MARTINS,
2003).

Atualmente, a gestão contábil de custo é importantíssima em virtude


das alterações recorrentes no setor produtivo devido à presença de tecnologias.
Ferramentas gerenciais só alcançam seus objetivos quando o produtor entende
que elas atuam na melhoria contínua do empreendimento.

A mensuração de custos tem sempre como campo ou interesse principal


o fornecimento de informações sobre movimentação de produtos e serviços,
orientando o gestor na melhoria contínua do processo.

Entretanto, é difícil a separação entre custos e despesas nas propriedades


rurais. Sabemos que custos estão intrínsecos ao processo produtivo e as despesas
são relativas à administração (todo consumo para realização da receita). No meio
rural, o espaço entre produção e venda é bem diferente de outras atividades,
tornando complicado separar as duas variáveis. Através de dados de custos tem-
se informações especiais e consegue-se fazer um melhor planejamento de custos
e receitas. A gestão estratégica de custos prioriza a utilização de informações
de custos para uso na gestão estratégica. Ela proporciona algumas vantagens,
como um poderoso instrumento para tomada de decisão; foco nos esforços de
melhorias; aprimoramento na capacidade da empresa de criar e agregar valores
(PEREZ JR.; OLIVEIRA; COSTA, 1999).

Segundo Martins (2003, p. 298-299):

A estrutura da gestão de custos é constituída por uma série de princípios


reunidos em três grandes grupos: princípios de custos, princípios de
mensuração de desempenho e princípios de investimentos.

137
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

Princípios de custos: devem ser apropriados diretamente aos objetos


que se pretende custear, estabelecer centros de custos com base em
grupos homogêneos de atividades.
Princípios de mensuração de desempenho: devem ser de natureza
financeira, as mensurações de desempenho devem ser consistentes
com os objetivos da empresa.
Princípios de gestão de investimentos: a decisão de investimento
deve ser tomada com suporte de múltiplos critérios, a gestão de
investimento deve dar suporte para atendimento do custo meta.

Os produtores rurais não devem limitar-se a tomar decisões baseadas


em informações locais e regionais, pois encontrarão uma ineficácia na gestão de
custos. São inúmeros os métodos de custeio, como custeio direto, custeio por
absorção, custeio ABC etc.

O custeio por absorção se baseia na obtenção de custos variáveis e fixos


da produção, em determinado tempo. Entretanto, é prudente a separação entre
despesas e custos.

Segundo Martins (2003, p. 37):


Custeio por absorção é o método derivado da aplicação dos princípios
geralmente aceitos, nascido da situação histórica mencionada. Consiste
na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados,
e só os de produção; todos os gastos relativos ao esforço de produção
são distribuídos para todos os produtos ou serviços feitos.

Custos diretos variáveis estão intrinsicamente ligados à produção


(CREPALDI, 2010). Como exemplo, temos os insumos que podem oscilar de valor
dependendo da época do ano. Tal conceito não é base legal para avaliação de
estoques, e sim base administrativa.

Santos, Schmidt e Pinheiro (2006, p. 66) delimitam as características do


custeio variável:
a) apropria aos produtos somente os custos e despesas variáveis
ocasionados pelos mesmos para serem produzidos ou comercializados;
b) apura somente o custo variável dos produtos (materiais diretos,
mão de obra direta e demais custos indiretos de fabricação variáveis),
mercadorias e serviços;
c) o custeio variável apura uma margem de contribuição dos produtos,
mercadorias ou serviços.

Segundo Padoveze (2000), a vantagem do uso do custeio variável é que


os dados do custo-volume-lucro são facilmente obtidos, proporcionando uma
análise setorial do desempenho levando ao planejamento da tomada de decisão
e dos lucros.

O Custeio ABC (Activity Based Costing), segundo Martins (2003, p. 87), “é


uma metodologia de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções
provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos”.

138
TÓPICO 2 | A EMPRESA RURAL

Tal sistema tem em seus princípios fundamentais a busca da causa, ou


seja, procura rastrear o agente causador do custo. Perez Jr., Oliveira e Costa (1999)
apontam algumas vantagens, como: o rateio só é feito se não for possível atribuir
custo a uma atividade; há a identificação de custos desnecessários. Primeiramente,
atribui-se custo à atividade e, posteriormente, repassa-se tal custo aos produtos.
Para Leone (2008), o objetivo principal do sistema é a identificação e atribuição de
gastos indiretos ao bem ou serviço prestado, permitindo maior controle destes.

E
IMPORTANT

Faça uso de tecnologias de gestão. Aprimore seus conhecimentos. Invista em


gestão. Potencialize seus lucros.

5.7 CUSTOS DE PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO,


MERCADO E O MARKETING RURAL

ATENCAO

Conheça o mercado do negócio em que irá atuar. Saber o quê e quando produzir
é importantíssimo para o sucesso da atividade, além de auxiliar na gestão!!!

Entre os aspectos mais importantes para a aceitabilidade de produto no


mercado e ganho de espaço é a própria “qualidade do produto”. Campos (1992)
menciona que a preferência do consumidor é a maior qualidade do produto. Já
Deming (1990) refere-se à qualidade como algo subjetivo, podendo ser definida só
por quem avalia. Tais considerações fazem entender, logicamente, que o produto
que tem a preferência do consumidor terá qualidade superior aos demais. Para
mensurar a qualidade do produto, devemos avaliar a característica físico-química
e a ótica que as pessoas fazem dele (ORSOLIN, 2006).

A qualidade de qualquer produto se resume a uma cadeia de diferentes


etapas que devem ser entendidas pelo empresário rural. A visão de Bonilla (1994)
introduz cinco dimensões de aceitabilidade do produto, sendo elas: qualidade
intrínseca, custo, atendimento, segurança e moral. Quando a agroindústria não
entende uma dessas dimensões, provavelmente, estará deixando de satisfazer ao
consumidor e consequentemente reduzindo a qualidade do produto.

139
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

Nesse contexto, as agroindústrias, por exemplo, estão em déficit na


competência de compreender e dominar as etapas produtivas, além da capacitação
da gestão dessas etapas, que se resumem na área de produção, gerenciamento
e comercialização (ORSOLIN, 2006). Empresas que não cumprem requisitos ou
normas e regulamentações de padrões microbiológicos, já limitam a possibilidade
de oferecer produto de qualidade.

A maioria das agroindústrias rurais necessita de ajustes, então entra o papel


do gestor do agronegócio. O fato de o produto estar sendo produzido fora dos padrões
normativos, já o desfavorece no mercado, pois o registro atribui confiabilidade do
consumidor e também a fala deste dificulta o acesso a novos mercados.

Toda empresa rural deve estar preparada para atender às normas de


segurança alimentar, uma vez que uma simples certificação é observada pelo
consumidor e favorece a venda. Tais certificações são resultados de análises físico-
químicas (por parte dos órgãos certificadores), dos produtos e de cumprimento
de um agrupamento de normas, que garantem pós-certificação e segurança
alimentar ao consumidor.

A partir disso, vê-se que a maioria das agroindústrias não possuem tais
análises. Geralmente, os produtos são comercializados a granel em embalagens
simples (sacos plásticos, papel etc.), com pouca ou nenhuma informação. O
retrato dessa realidade é a não consolidação do produto no mercado.

Agroindústrias que possuem infraestrutura mais desenvolvida, em


que o volume de produção é maior e a visão de negócio é ampliada, constata-
se um maior investimento a essas adequações exigidas. A busca é contínua por
produção e por um produto de alta aceitabilidade no mercado, com qualidade,
sanidade e preço. Assim, agregar valor a sua produção e com qualidade, significa
ofertar produtos necessários ao mercado. A qualidade do produto é o fator
preponderante na gestão da comercialização.

A qualificação profissional, além da qualidade e desempenho das pessoas,


determina o sucesso da empresa (DRUCKER, 2001). Taís características são as
vantagens efetivas que possuem.

Produtos agroindustriais exigem investimento em instalações, tecnologia


e mão de obra capacitada para atuar com eficiência no processo. Souza et al.
(1992) mencionam que a qualidade da mão de obra é medida pela qualificação e
habilidade do trabalhador na execução da tarefa determinada.

A gestão de pessoas tem como objetivo principal transformar forças


e conhecimento em produtividade (DRUCKER, 2001). É notória a falta de
qualificação de profissionais envolvidos com a agroindustrialização. Tal
deficiência desse setor se deve à baixa escolaridade, falta de experiência e
treinamentos, entre outros fatores. Orsolin (2006, p. 10) encontrou respaldo em
depoimentos de produtores:

140
TÓPICO 2 | A EMPRESA RURAL

A capacitação para a atividade é muito importante, podendo ser


considerada o fator principal. Inclusive, deveria anteceder o processo
de decisão e instalação das agroindústrias, porque se instala a
agroindústria sem saber como funciona e, então, depois é que surgem
os problemas, pois muda a realidade das coisas, a maneira de trabalhar,
o contato com o comércio, o relacionamento interno e externo etc., por
isso a capacitação é muito importante.

A partir disso, conclui-se que os trabalhadores rurais iniciam atividades


agroindustriais conhecendo pouco ou nada do trabalho. As deficiências também
são encontradas nos órgãos de assistência técnica e pesquisa, em prestar o serviço
à diminuição das carências, principalmente, nas áreas de gestão e comercial. O
amadorismo é comum no gerenciamento das atividades, e conforme depoimento
de outro proprietário de agroindústria, segundo Orsolin (2006, p. 10): “quando
comecei com a agroindústria, não sabia nada sobre a atividade. Então, quando
começamos a produzir é que começaram também a aparecer às dificuldades...”.

Nesse contexto, atualmente, a preocupação é maior no aspecto da


qualificação de mão de obra para a produção. Contudo, no aspecto do
gerenciamento e comercialização, pouco ou quase nada vem sendo feito. É
importante salientar que essa demora na qualificação pode e deve comprometer
todo o negócio. Portanto é chegada a hora da especialização e profissionalização
das agroindústrias, pois em um mundo capitalista e globalizado, a diferença
entre lucro e prejuízo, sucesso ou fracasso de uma organização estão em uma
minúscula margem, não admitindo falhas.

A função de comercialização é essencial a uma agroindústria, pois todas


as ações desta devem estar voltadas para o mercado. É importante também saber
quem é o consumidor, suas características, onde estão e o que costumam comprar,
para assim definir seu negócio. É importante também saber onde produzir,
qual a logística de distribuição e postos de venda. É nesse aspecto que surge a
função do gerar de infraestrutura à comercialização do produto, que garantirá
possivelmente sua venda. Vieira (1998) menciona que o valor tecnológico inserido
no produto final só se dá após ele ser comercializado. Sua eficiência é mensurada
na capacidade do produto atender ao mercado consumidor em fluxo contínuo e
com qualidade (COBRA, 1990).

Não bastasse tamanha complexidade do processo, poucas empresas


rurais se preocupam em estabelecer uma infraestrutura de comercialização. O
fato de não trabalharem com contratos de venda futura é mais um problema na
comercialização. O sistema dessas empresas funciona basicamente em produzir
para depois tentar a venda. O que é um grande problema, pois o produto fica
estocado e grande quantidade de recurso financeiro fica “retido” nos produtos.

Uma alternativa para venda é a elaboração de rede de contatos. Contudo,


para essa formação há a necessidade de uma base comercial, que tenha contato
com o consumidor, bem consolidada. Períodos de safra proporcionam variações
grandes nos preços de produtos oferecidos aos consumidores; justificando assim

141
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

um comercial forte, que faz uso de tecnologias avançadas. Uma alternativa para
sofrer menos com quedas de preços ou oscilações de mercado é o associativismo,
seja por grupos informais, cooperativas ou associações. O associativismo mostra-
se, atualmente, eficiente no que tange ao alcance de objetivos comuns. Entretanto,
a baixa conscientização associativista quase impossibilita o surgimento de novas
associações e fortalecimento do produto do empresário rural.

Vários fatores influenciam na comercialização da agroindústria e estão


atrelados à cadeia produtiva. No entanto, tais fatores servem de ferramenta de
análise na tomada de decisão na hora do investimento. Havendo tais situações,
influenciam positivamente, já na ausência atuam negativamente na gestão da
comercialização e, consequentemente, no resultado global da agroindústria. A
relação desses gargalos é composta por sete aspectos, como apresentaremos na
sequência.

O primeiro aspecto é a ‘adequação da infraestrutura de produção’.


Adequação significa cumprimento de normas e diretrizes de entidades
fiscalizadoras, tanto de certificação quanto de vigilância sanitária. Para esta
adequação, o empreendimento também deve ter registro jurídico e estar cumprindo
as normas ambientais. A ausência do registro restringe a comercialização.
Adequação da infraestrutura significa também ajustar o que se tem de recurso ao
que se espera de resultados, evitando gastos desnecessários.

A qualificação profissional é o segundo aspecto para a atividade


agroindustrial. Conhecer todo o processo, desde a matéria-prima, produção até a
última parte do processo, que é a venda, é de suma importância para o gestor. Tal
capacitação deve ser adquirida antes mesmo do investimento iniciar, pois uma
vez concretizado o empreendimento, já se inicia a composição dos custos que
independem do funcionamento.

A qualidade subjetiva e objetiva do produto é o terceiro aspecto. Todo


produto que barganha mercado tem de ter em sua composição o maior número de
atributos de qualidade ao atendimento do mercado consumidor. Assim, o registro
é o primeiro indicativo de qualidade, pois para sua obtenção são necessárias
diversas adequações, segundo normas e diretrizes regimentares impostas pelo
estado ou federação.

O quarto aspecto é o conhecer do mercado. Saber o que e quando produzir


é importantíssimo ao sucesso da atividade, além de auxiliar na gestão. Conhecer
locais de comercialização, exigência de consumidores, qualidade, apresentação,
preço e outros é requisito fundamental ao estabelecimento e manutenção do
negócio.

O quinto aspecto trata dos mecanismos de comercialização. A escolha


deve ser pela eficiência destes em função das características das transações. O uso
dessas ferramentas facilita as transações no mercado.

142
TÓPICO 2 | A EMPRESA RURAL

O sexto aspecto são os meios de transportes. Assim como a produção, a


entrega do produto é importantíssima. O empresário deve dispor de ferramentas
de entrega rápida e de qualidade, possibilitando a regularidade no abastecimento.
Por isso, dispor de infraestrutura logística de entrega, pode e deve decidir sobre
uma possível venda.

O sétimo aspecto é o meio de comunicação. Possuir meios de comunicação


rápidos é de suma importância no processo. Um problema que ocorre em
empresas rurais é que, algumas vezes, tem produto estocado à venda, contudo
não tem para quem vender. Por outro lado, existe quem queira comprar, mas não
sabe onde comprar, ou não conhece a empresa, ou não tem o contato dela. Se a
empresa dispuser de boa comunicação, terá melhor possibilitado a disseminação
do seu produto no mercado.

Seguem dez dicas para melhorar o escoamento da produção agrícola:


10 Dicas para melhorar o
escoamento da produção
FIGURA 15 – MELHORIA NO ESCOAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS
agrícola
1. Conheça o custo necessário para 4. Planeje, execute e controle a 8. Adéque-se ao mercado
produzir e assim construirá melhor o produção, movimentação e o (Demanda)
preço final do seu produto. armazenamento da produção agrícola.

Economia Rural: Reduzir os custos com as Logística: Preocupe-se com o tempo, o caminho e o Marketing: Produzir de acordo com as sua realidade
operações, administrar os bens, o tempo e dinheiro processamento adequado do produto. Isso evita mais sempre de olho nas tendências de mercado. A
auxiliam numa melhor formação do preço final. desperdiçar recursos e perder dinheiro. demanda determina a forma com que produzimos,
então, vale a pena sempre tentar, inovar nos
processos agrícolas.
Proibida a veiculação deste material.

2. Considere os programas do 5. Estética e qualidade do seu


governo voltados para a agricultura. produto agrícola.
9. E-commerce

Políticas Públicas: O Programa de Aquisição de Marketing: Comercializar produtos selecionados


Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de aumentam a qualidade do produtor no mercado. São Tecnologia e Inovação: Novas formas de
Alimentação Escolar (PNAE) são exemplos de passos como estes que fazem a diferença. comercialização são o futuro e este futuro é AGORA!
programas de fortalecimento da agricultura familiar e
A rapidez, comodidade e controle de qualidade que o
segurança alimentar.
e-commerce promove é incrível, embora demande
6. Marketing Agrícola
maior interação com o novo, pode significar um
retorno interessante.
3. Seja um exemplo e use isso ao
seu favor.
Marketing: Investir em estética é acima de tudo um 10. Novas tecnologias para o
diferencial. Uma embalagem personalizada e ter a agronegócio
Legislação agrária e ambiental: O licenciamento sua marca própria são um novo caminho para novos
ambiental permite trabalhar com práticas que clientes, não deixando de agradar aos antigos.
apresentam algum risco de impacto ambiental, você Tecnologia e Inovação: A tecnologia é pensada e
garante segurança para o meio ambiente e ainda usa para nos auxiliar em tudo, e na agricultura não é
isso para conquistar novos consumidores. diferente. Conheça os programas, aparelhos,
7. Agregue valor! satélites, computadores, celulares e tudo que venha
para contribuir com os processos agrícolas.

Marketing: Repense a apresentação do seu produto.


O mercado está pronto para consumir os produtos de
antes com a praticidade do agora!

FONTE: Disponível em: <http://www.senarpb.com.br/wp-content/uploads/2017/07/cartilha.


pdf>. Acesso em: 19 jul. 2018.

E
IMPORTANT

O capitalismo e a globalização exigem capacitação profissional constante. Uma


boa gestão é feita por profissional capacitado e aperfeiçoado.
Uma boa imagem do produto no mercado possibilita o alcance de novos mercados
consumidores.

143
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• O gerenciamento de um negócio rural não é simples, demandando alta


capacitação e treinamento.

• A gestão de custos e receitas potencializa os lucros.

• Lucro = eficiência produtiva. Assim, deve-se reduzir os custos, manter a


qualidade e volume de produção, melhorar a imagem do produto (marketing)
e aumentar as vendas.

• O empresário rural deve fazer uso de todas as ferramentas tecnológicas e


contábeis, disponíveis e que se mostram eficazes à gestão do seu negócio e ao
crescimento da sua marca no mercado.

144
AUTOATIVIDADE

1 Quanto ao custo direto e indireto, associe corretamente os conceitos:

a) Custo direto
b) Custo indireto

( ) São custos que não participam fisicamente, nem diretamente ao produto,


eles cooperam para que ocorra a produção do mesmo.
( ) Também conhecido como custo primário, representa os elementos diretos
da produção, aplicados diretamente ao produto, sem ICMS e IPI.

2 Conforme a administração rural, “produção” pode ser definida como:

a) ( ) A transformação e ampliação dos insumos para uso interno.


b) ( ) O processo de compra de insumos para a venda no mercado.
c) ( ) A transformação da matéria-prima adquirida para a venda no mercado.
d) ( ) A revenda da matéria-prima, sem alterações, para a venda no mercado.

3 Complete as lacunas:

A margem de ______ mede o percentual de valor de ______ que sobra após


pagamento de ______ e ______ , contabilizando juros, impostos de renda e
dividendos.

a) ( ) lucro, venda, custos, despesas.


b) ( ) rentabilidade, venda, custos, fornecedores.
c) ( ) lucro, receita, funcionários, fornecedores.
d) ( ) receita, venda, funcionários, insumos.

4 As empresas rurais podem ser classificadas em:

a) ( ) Capital aberto, misto e semi-misto.


b) ( ) Latifúndios, pequena empresa, média empresa, empresa familiar,
unidade camponesa.
c) ( ) Pequena e média empresa.
d) ( ) Latifúndios, empresa capitalista, empresa agrossilvipastoril, empresa
familiar, unidade camponesa.

5 A gestão de pessoas tem por objetivo principal:

a) ( ) Transformar o ser humano em um funcionário eficiente.


b) ( ) Compreender os principais fatores que afetam a produtividade humana.
c) ( ) Transformar forças e conhecimento humano em produtividade.
d) ( ) Adequar os produtos às necessidades pessoais.

145
146
UNIDADE 3
TÓPICO 3

INVENTÁRIO

1 INTRODUÇÃO
O inventário nada mais é que uma lista de materiais e bens em estoque
na empresa ou em outro local, mas que pertence à empresa. De todo o material
listado no inventário da empresa, podem estar presentes a matéria-prima, o
próprio local de execução da atividade ou produto pronto à comercialização etc.

A palavra inventário vem do latin inventarium, que era um termo romano


utilizado para um documento que listava todos os produtos à disposição em
armazéns.

Para se ter um bom inventário, deve-se ser minucioso para com todos os
detalhes e materiais presentes na atividade. Além do nome e quantidade de cada
item no inventário, é importante que haja também uma descrição detalhada de
cada um deles.

2 INVENTÁRIO NO BRASIL
Cada nação tem manuais, regras e práticas à produção de um inventário.
Para o Brasil, quem rege tal demanda é o Conselho Federal de Contabilidade.
Este conselho determina todos os padrões através das Normas Brasileiras de
Contabilidade.

As empresas são tributadas a partir do seu lucro real, e a partir disso


é necessária a produção de um documento chamado Livro de Registro de
Inventário. Tal documento é obrigatório às empresas e tem como objetivo levantar
e documentar todas as mercadorias presentes em estoque para a realização do
balanço da empresa.

Toda vez que houver alguma incorporação, cisão (divisão da empresa em


duas ou mais unidades), fusão (união com outra empresa ou falência) há, segundo
as normas, a importância e necessidade de se atualizar o Livro de Registro do
Inventário (Decreto nº 3000/99, art. 530).

A seguir, apresenta-se um exemplo de tabelas para levantamento e/ou


inventário:

147
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

Documento: Inventário

Objetivo: Fazer o levantamento dos bens de capital que compõem a


infraestrutura da propriedade.

MATERIAIS E/OU RECURSOS UTILIZADOS


ITEM DENOMINAÇÃO QUANT.
1 Lápis 1
2 Q,uadro-resumo variável

Procedimento

A–TERRA NUA
ITENS INICIO DO ANO FINAL DO ANO
Área Valor Valor Área Valor Valor
(ha) unitário total (ha) unitário total

TOTAL

B–CULTURAS PERMANENTES
ITENS INICIO DO ANO FINAL DO ANO
Número Valor Valor Número Valor Valor
(pés) unitário total (pés) unitário total

TOTAL

C–BENFEfTORIAS E MELHORAMENTOS
ITENS INICIO DO ANO FINAL DO ANO

V a lo r
unitário Valor Duração no início do Valor da VaJor
Depreciação
Quant (estado total adicional Quant ano menos reforma total
(Cz$)
atual) (CzS) (anos) depreciação (Cz$) (Cz$)
(CzS)

TOTAL

148
TÓPICO 3 | INVENTÁRIO

D–MÁQUINAS, VEÍCULOS E EQUIPAMENTOS


ITENS INICIO DO ANO FINAL DO ANO

V a lo r
Valor total
unitário Valor Duração Valor da VaJor
Depreciação no início do
Quant (estado total adicional Quant reforma total
(Cz$) ano menos
atual) (CzS) (anos) (Cz$) (Cz$)
depreciação
(CzS)

TOTAL

E–ANIMAIS DE TRABALHO E DE PRODUÇÃO


INÍCIO DO ANO FINAL DO ANO

ITENS Quant. Valor Valor


Valor Valor unitário
Unitário Quant. Total
Total (Cz$)
(Cz$) (Cz$)

TOTAL

F–PRODUTOS E MATERIAIS EM ESTOQUE


INÍCIO DO ANO FINAL DO ANO
ITENS Valor Valor
Quant. Valor Total Quant. Valor Total
Unitário Unitário

TOTAL

RESUMO DO INVENTÁRIO
VALOR TOTAL VALOR
ITENS
Início do ano Final do ano MÉDIO

A – Terra nua
B – Culturas permanentes
C – Benfeitorias e melhoramentos
D – Máquinas, veículos e equipamentos
E – Animais de trabalho e de produção
F – Produtos e materiais em estoque
TOTAL

Variação do inventário
Acréscimo:
Decréscimo:

149
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

Observações:

Não há forma exata para se avaliar os bens de capital. A duração adicional


e vida útil destes bens são valores e números aproximados que devem ser
dados intuitivamente, utilizando-se da prática e do bom senso.

No caso da terra, recomenda-se avaliá-la de acordo com a capacidade


produtiva, e não especulativamente, considerando apenas a terra nua.
Os valores unitários, no início e final do ano, serão iguais, salvo se forem
realizados, durante o ano, trabalhos como terraceamento, adubação verde, ou
outras formas de recuperação, cujo custo, no fim do ano, deve ser incorporado
ao valor inicial.

As culturas permanentes devem ser avaliadas de acordo com a


produtividade.

Benfeitorias e melhoramentos, máquinas, veículos e equipamentos terão


seus valores de acordo com os preços de mercado no início do ano agrícola.
No fim do ano, esses valores serão decrescidos da depreciação. No caso de
reformas em algum desses bens, durante o ano, a despesa correspondente será
acrescida a eles no fim do ano e a duração adicional será alterada no início do
ano seguinte.

Animais serão inventariados segundo um valor médio por cabeça.

Os produtos e materiais em estoque devem ser inventariados em sua


situação no primeiro e no último dia do ano, considerando-se sempre os
preços do dia.
FONTE: Disponível em: <http://dominiopublico.mec.gov.br/download/texto/me002931.pdf>.
Acesso em: 19 jul. 2018.

E
IMPORTANT

É importante inventariar todas as áreas da empresa sempre que surgirem


suspeitas de fraude ou o findar de ciclos produtivos. O inventário deve ocorrer pelo menos
uma vez ao ano.

3 ESTOCAGEM DE PRODUTOS
Dentre as ferramentas mais eficientes de gestão do agronegócio, destaca-se
a estocagem ou armazenagem de produtos. A estocagem permite ao empresário
ter certo produto na época em que o mercado mais demanda pelo mesmo,

150
TÓPICO 3 | INVENTÁRIO

possibilitando assim aumento nos preços e maior facilidade de negociação e


ganho de recursos.

A estocagem e distribuição de produtos é um dos setores mais difíceis de


serem geridos pelo produtor rural, pois além de espaço físico, o produtor tem que
fazer toda uma programação da logística de entrega também do produto.

Frente a esses problemas, ainda se encontra a precariedade das rodovias


nacionais e poucas ferrovias e hidrovias disponíveis, dificultando assim a
distribuição. Assim, a estocagem é um dos setores pós-colheita ou pós-produção
que merece o máximo cuidado do gestor.

Em um passado não muito recente, as técnicas eram pouco disseminadas


no mercado e seu uso se aplicava a somente alguns setores da economia. Contudo,
hoje existem diversas alternativas que possibilitam ao produtor melhor gestão de
sua produção e, consequentemente, lucro.

Fabricantes nacionais têm projetos modulares até para pequenas áreas,


a partir de 50 ha. Os silos metálicos presentes no mercado variam com preço de
R$ 140 mil para 1.800 sacas de capacidade, até cerca de R$ 328 mil para 5.100
sacas, aproximadamente (CAMARGO, s.d., s.p.). Armazenagem de produtos
agropecuários tem sido temática importante em cursos e treinamentos do Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural-SENAR.

O Governo Federal criou, em 2017, o Programa de Construção e Ampliação


de Armazéns (PCA), com baixas taxas de juros para o financiamento de armazéns.
O plano estabelece 4% de juros ao ano com prazo de 15 anos de reembolso do
financiamento, três anos de carência e podendo ser contemplado até a totalidade
do empreendimento.

O armazenamento compreende manter produtos e ingredientes em um


ambiente protegendo sua integridade e qualidade. Tanto os produtos acabados
quanto a matéria-prima devem ser armazenados de modo a impedir contaminação
e dano à embalagem e ao produto (MACHADO, 2000).

É recomendada uma inspeção contínua dos armazéns e produtos à


verificação da boa qualidade do armazenamento. É comum o uso de checklist
para a orientação dos procedimentos, averiguação de não conformidades, para
que se atue com medidas mitigadoras. Segue um exemplo de checklist:

151
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

FIGURA 16 – EXEMPLO DE CHECKLIST

152
TÓPICO 3 | INVENTÁRIO

153
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

FONTE: Disponível em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/


doc42-2000_000gc3pwvir02wx5ok01dx9lc7w0my81.pdf>. Acesso em: 19 jul.
2018.

154
TÓPICO 3 | INVENTÁRIO

No armazenamento sob congelamento, os alimentos são mantidos a 0


ᵒC ou menos. Quanto menor a temperatura, menor a ação química e biológica.
Além de impedir a ação microbiológica, o congelamento aumentará a quantidade
de substâncias dissolvidas na água não congelada. A atividade enzimática
permanece, mas em velocidade baixa.

FIGURA 17 – ARMAZENAMENTO SOB CONGELAMENTO

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/images/N2NWV5>. Acesso


em: 19 jul. 2018.

No armazenamento sob refrigeração, a temperatura é usada como


conservação temporária até que seja aplicado outro método. Esse tempo de
armazenamento é bem menor que o sob congelamento e faz uso de temperaturas
entre 0 ᵒC e 10 ᵒC, como recomenda o fabricante.

FIGURA 18 – ARMAZENAMENTO SOB REFRIGERAÇÃO

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/images/8bGHcz>. Acesso em:


19 jul. 2018.

155
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

Para os alimentos que não necessitarem de uma condição específica


de temperatura de armazenamento, devem ser analisadas as especificações e
recomendações publicadas.

4 BOAS PRÁTICAS DE ARMAZENAMENTO


Áreas externas precisam estar sempre livres de materiais em desuso,
como sucatas e entulhos. As áreas externas à edificação devem ser calçadas junto
às paredes de pelo menos 1 m. Passeios próximos às calçadas ou paredes devem
ser limpas periodicamente. Se houver gramíneas, deve-se aparar mensalmente.
Áreas externas ao empreendimento precisam ser iluminadas por lâmpadas de
vapor de sódio à menor proliferação de insetos. O local de armazenagem deve
permitir o fácil acesso e condições boas de temperatura e iluminação, para
veículos ou pessoas a carregar ou descarregar materiais.

O local de armazenamento deve ser ventilado, fresco e iluminado. As áreas


devem ser limpas, livres de sujeiras e desinfetadas para evitar insetos, roedores,
morcegos e pássaros. Produtos não utilizados devem ser depositados em área
externa ao armazém, preferencialmente sendo uma área fechada. Internamente
ao armazém, os ralos devem ser sifonados e tapados. Não pode haver vazamentos
nos tetos. O piso precisa ser construído em nível superior à rua para que a água
escoe de dentro para fora; necessita-se ter resistência à abrasão e precisam sempre
estar sem infiltrações e secos, assim como as paredes. Lâmpadas internas devem
ter proteção plástica contra estouros. Deve-se evitar fiações expostas e vidros
quebrados. As áreas de convivência e higiene devem ser separadas das áreas
de estocagem de produtos. Não é indicada a presença de aberturas entre teto e
paredes, para que não entrem insetos e animais. As janelas devem possuir telas
removíveis para facilitar sua limpeza e higienização. As malhas devem ser de
1 mm com claraboias ou outro material de vidro que não possibilite quebra e
contaminação de produtos ou materiais. As portas de entrada devem ser mantidas
fechadas, com abertura máxima de 1 cm do piso. O armazenamento de materiais
deve respeitar as recomendações do fabricante.

Na recepção de produtos, deve haver uma minuciosa inspeção conforme


padrões estabelecidos pelo empreendimento. Os procedimentos precisam seguir
uma rotina de identificação do material, indicando em qual ponto se encontra
a inspeção, ou seja, aguardo análise/aprovado/reprovado. Essa demarcação
deve ser realizada na recepção. Todas as recomendações de temperatura de
armazenamento, prazo de validade, entre outros, devem ser respeitados pelo
comprador. Produtos em desacordo não deverão ser utilizados ou vendidos. É
importantíssimo o uso do sistema onde o produto que vence primeiro, também
saia primeiro. As embalagens de produtos utilizados devem ser destinadas ao
setor de inutilização. Todos os produtos devem ser identificados e protegidos
contra contaminação.

Alimentos que precisam passar de uma embalagem a outra devem


ser acondicionados de forma que fiquem protegidos e higienizados. Deve-se
156
TÓPICO 3 | INVENTÁRIO

etiquetar o alimento na nova embalagem. Todo o armazenamento de material


não pode permitir insolação direta. Tudo deve ser manuseado com cuidado,
sem oferecer pesos excessivos, evitando danos. É proibida a entrada de caixa de
madeira em áreas de produção e estocagem. Não deve haver caixas de papelão
em áreas de congelamento ou refrigeração. Alimentos ou matéria-prima não
devem ter contato direto com o piso. Prateleiras de armazenamento devem ter
afastamento mínimo de 20 cm do piso e 60 cm do forro. Recomenda-se estabelecer
um afastamento de 50 cm entre paletes de acondicionamento e paredes a evitar
contaminações e possibilitar a higienização. Mantê-los com 30 cm de afastamento
entre si e 20 cm do piso. Materiais não úteis ao processo devem ser retirados da
área de armazenamento.

Quaisquer anormalidades devem ser comunicadas aos gestores. Deverá


haver a inspeção de material suspeito, e constada anormalidade, deve haver a
destruição e descarte. Produtos a serem reprocessados, devem ser estocados
em local específico e não no mesmo local do produto acabado. Assim como
os produtos de devolução, estes devem estar alocados em locais diferentes
dos demais. Produtos de higienização e desinfecção devem ser identificados e
alocados em local específico, fora da área de armazenamento.

O local de armazenamento de resfriados e congelados deve possuir


equipamentos adequados para as condições de temperatura e umidade
exigidas. Deve-se haver instrumentos de controle e registro das condições de
armazenamento. São necessárias checagens contínuas dessas condições. A
ventilação deve ser suficiente para atingir a temperatura desejada. Os produtos
devem ser alocados de modo a não impedir a circulação de ar. Em câmaras
frias deve haver programas de limpeza, desde o descongelamento até a limpeza
propriamente dita. Os colaboradores devem possuir e portar roupa adequada à
atividade. As portas devem ser providas de cortinas de ar ou plásticas.

A estocagem de pesticidas, defensivos e outras substâncias que podem


causar perigo à saúde humana, deve ser feita com cuidado e de modo que haja
rotulação em cada uma das embalagens, mostrando sua toxidade. A estocagem
deve ser feita em sala fechada ou cabine específica, sendo que o uso deve ser
feito somente por pessoa treinada e autorizada. Recipientes que são usados
para atividades com substâncias perigosas não devem ser usados em qualquer
outro setor.

O lixo deve ser armazenado de modo a não contaminar a água e alimentos.


Cuidados são necessários para não ocorrer a proliferação de pragas e roedores.
O lixo deve ser recolhido de acordo com o que é gerado na atividade, contudo,
no mínimo uma vez ao dia, é recomendada a retirada. Após a retirada do lixo,
todo material utilizado deve ser limpo e desinfetado. A área de depósito precisa
necessariamente estar limpa e também desinfetada, também deve ser planejada
de modo que não haja o acesso, por pragas, às sobras do processo, evitando a
contaminação do piso, solo ou água adjacente ao empreendimento.

157
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

E
IMPORTANT

A boa estocagem possibilita à empresa ter o produto disponível quando o


mercado procura. Menor oferta e maior demanda possibilita exigência de maiores preços,
potencializando os lucros.

LEITURA COMPLEMENTAR

AGRICULTURA FAMILIAR, DESAFIOS E OPORTUNIDADES RUMO À


INOVAÇÃO

Daniela Bittencourt

Estima-se que cerca de 70% da comida que chega às mesas das nossas
casas é proveniente da agricultura familiar. Essa modalidade de agricultura tem
relação direta com a segurança alimentar e nutricional da população brasileira.
Além disso, impulsiona economias locais e contribui para o desenvolvimento
rural sustentável ao estabelecer uma relação íntima e vínculos duradouros da
família com seu ambiente de moradia e produção.

No Brasil, de acordo com o último Censo Agropecuário do IBGE, de 2006,


84,4% dos estabelecimentos rurais são de base familiar e ocupam 74,4% da mão
de obra que está no campo. Apesar disso, propriedades familiares compreendem
apenas 24,3% de toda a área rural do país.

O tamanho limitado compromete a viabilidade financeira desses


estabelecimentos, uma vez que a escala de produção se torna um problema
estrutural para esse agricultor. Estudos indicam que, em média, o valor bruto de
produção mensal por propriedade familiar é de 0,46 salário mínimo, o que coloca
grande parte dos produtores em situação de extrema pobreza. No Nordeste, por
exemplo, 72% dos produtores não geram lucro suficiente no estabelecimento para
elevar a mão de obra familiar acima da linha de pobreza. Inevitavelmente, essa
realidade tem reflexo danoso na sustentabilidade dos estabelecimentos rurais
familiares.

A inovação pode criar condições para a manutenção da viabilidade


econômica das propriedades familiares e sua capacidade de se reproduzir como
unidade social familiar, além de poder contribuir para a modernização do setor.
Essa modernização passa pela capacitação, pelo uso de insumos adequados, de
máquinas e equipamentos apropriados ao segmento e às condições dos agricultores
familiares, como forma de permitir sustentabilidade e ganhos significativos de
produtividade.

158
TÓPICO 3 | INVENTÁRIO

É necessário desmistificar a crença de que o agricultor familiar busca,


basicamente, a subsistência e, além disso, quebrar as barreiras que impactam
sua transformação em empreendedor rural. Agricultores devem estar atentos ao
modo como tomam suas decisões e devem identificar estratégias para organizar
seu processo produtivo, com o intuito de agregar valor a seus produtos e
maximizar a inserção nos mercados. Sob essa ótica, torna-se também importante
criar estratégias que viabilizem diferentes formas de associação dos pequenos
produtores, a fim de melhorar sua capacidade de negociar compras de insumos,
bem como encontrar mercados mais estáveis para seus produtos.

Na região Sul do país, por exemplo, onde existe uma agricultura familiar
mais organizada, o setor gasta muito mais em insumos comprados, dispõe de
mais capital e produz mais. Nessa região, de acordo com dados do último Censo
(IBGE, 2006), a agricultura familiar consegue obter valor bruto da produção
agrícola superior ao da agricultura não familiar, R$ 1.613,94/ha contra R$792,78/
ha, respectivamente.

O agricultor encontra, cada vez mais, um consumidor mais exigente sobre


a decisão de compra. Agora, em sua avaliação, esse consumidor considera um
conjunto de fatores como preço e qualidade, origem, procedência, sustentabilidade,
relação com o meio ambiente, com os colaboradores e comunidades participantes
do processo. Assim, diferentes oportunidades se apresentam para o pequeno
produtor. Uma delas é a exploração da biodiversidade em associação com
indústrias. A biodiversidade é matéria-prima essencial para a bioindústria, e
o Brasil conta com a maior diversidade biológica no planeta, com produtos
e ativos potenciais que despertam interesse do mercado global, podendo-se
citar a borracha, o cacau, a castanha-do-brasil, e inúmeros outros. Por isso, o
país concentra possibilidades concretas para os agricultores familiares que, ao
mesmo tempo em que são produtores de alimentos e outros produtos agrícolas,
desempenham a função de conservadores da biodiversidade.

Outras possibilidades de acesso dos agricultores familiares a diferentes


mercados abrangem nichos alternativos de comercialização, que demandam
produtos com maior valor agregado. Dentre elas estão os produtos tradicionais, que
atendem crescente demanda por produtos artesanais (slow food) ou pelos aspectos
éticos (fair trade), étnicos ou mesmo relacionados apenas com a sustentabilidade. A
ampliação da presença da agricultura familiar fortalece movimentos vinculados à
qualificação de produtos com indicação geográfica — aqueles com denominação
de origem ou indicação de procedência —, contribuindo para o desenvolvimento
do turismo rural relacionado à gastronomia. Muito comum na União Europeia,
produtos com denominação de origem são alternativa para dinamizar atividades
agrícolas tradicionais, principalmente as desenvolvidas em minifúndios ou
regiões rurais fragilizadas economicamente.

Para viabilizar o aproveitamento dessas e de outras oportunidades é


necessário estimular a profissionalização e o empreendedorismo do agricultor
familiar. Além disso, é importante garantir uma rede de suporte e de estímulo aos

159
UNIDADE 3 | ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA RURAL

agricultores para que possam se sentir confortáveis e seguros no tocante à adoção


de novas tecnologias, bem como na adoção de processos de gerenciamento de sua
propriedade.

Agricultores familiares bem-sucedidos contribuem não apenas para


o fortalecimento do desenvolvimento regional, mas também para a fixação do
homem no campo, conferindo maior segurança, qualidade e oferta de alimentos,
medidas que, em síntese, ampliam a sustentabilidade agrícola.

FONTE: BITTENCOURT, Daniela. Agricultura familiar, desafios e oportunidades


rumo à inovação. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, 2018.
Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/31505030/
artigo---agricultura-familiar-desafios-e-oportunidades-rumo-a-inovacao>. Acesso em:
20 jul. 2018.

160
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Toda empresa deve inventariar seus produtos, a fim de melhorar a gestão de


entrada e saída destes.

• O controle de estoque é essencial, pois evita perdas e aumenta a segurança


daquilo que é armazenado e guardado.

• As técnicas de armazenamento são importantíssimas não só no aumento da


vida útil de um produto, mas também possibilita ao empresário oferecer seu
produto no mercado, quando este tem alta demanda.

161
AUTOATIVIDADE

1 Inventário pode ser definido como:

a) ( ) Uma lista de produtos finalizados, aptos a serem vendidos pela empresa.


b) ( ) Uma lista de materiais e bens em estoque em outro local, fora do
domínio da empresa.
c) ( ) Uma lista de materiais e bens em estoque na empresa ou em outro local,
pertencentes à empresa.
d) ( ) Uma lista de produtos a serem recebidos e armazenados na empresa ou
em outro local.

2 Conforme o texto-base, o inventário deve ocorrer:

a) ( ) Ao findar de ciclos produtivos, com intervalo máximo de 1 ano.


b) ( ) Sempre que se iniciar um novo ciclo.
c) ( ) Ao findar de ciclos produtivos, com intervalo máximo de 5 anos.
d) ( ) Ao iniciar um ciclo produtivo, com intervalo mínimo de 1 ano.

3 Complete a frase:

“Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,  o _________


compreende manter _________ e ingredientes em um ambiente protegendo
sua _________ e _________” (MACHADO, 2000).

a) ( ) armazenamento, insumos, embalagem, qualidade.


b) ( ) consumo, produtos, integridade, embalagem.
c) ( ) armazenamento, estoques, integridade, qualidade.
d) ( ) armazenamento, produtos, integridade, qualidade.

4 No armazenamento sob congelamento, os alimentos são mantidos a 0 ᵒC ou


menos. Assim, podemos definir que:

a) ( ) Quanto menor a temperatura, menor a ação química e biológica.


b) ( ) Quanto maior a temperatura, menor a ação química e biológica.
c) ( ) Quanto mais estável a temperatura, menor a ação química e biológica.
d) ( ) Quanto menor a temperatura, maior a ação química e biológica.

5 É um documento obrigatório às empresas e tem como objetivo levantar e


documentar todas as mercadorias presentes em estoque para a realização
do balanço da empresa. Este é o:

a) ( ) Livro de Registro de Inventário.


b) ( ) Livro de Registro de Bens Imóveis.
c) ( ) Livro de Bens a Produzir.
d) ( ) Livro de Registro de Recursos Imobilizados.
162
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