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Cadeia de Volor de batata-

doce na zona sul de


Moçambique
Engenharia Agronômica
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS)
10 pag.

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MELHORAR A NOSSA SAÚDE: BATATA-DOCE, A RAINHA DA
VITAMINA "A"
Por: Edilton Matimbe, Egas Monteiro Manjate, Ercília Eugénio Manguengue, Faizal Camal Damão,
Hélio Paulo Mutombene, Ninaldo Artur Nhantumbo

1. INTRODUÇÃO

1.1. Historial

A batata-doce (Ipomoea batatas), uma planta originária da


América tropical. É uma raiz amilácea de uma trepadeira da família Convolvolaceae, descoberta há
pelo menos 5000 anos. A maioria das suas raízes tem uma forma alongada ligeiramente pontiaguda,
com tamanhos, sornas e cores muito variáveis. Dependendo da variedade, a casca pode ser branca,
amarela, vermelha, violeta (roxa) ou castanha, e a polpa pode ser branca, amarela, laranja ou violeta
(roxa). Existe uma grande variação de sabores e texturas entre as diferentes variedades de batata-
doce (Stathers et al,2012).

Actualmente a batata-doce é cultivada em muitas regiões tropicais e temperadas, entre as latitudes


40oN e 40oS (Hahn, 1997; IITA, 1982) e desde o nível médio das águas do mar até 3.000 metros de
altitude (Woolfe, 1992). A planta exige uma temperatura média superior a 24oC, alta luminosidade e
humidade suficiente no solo para um bom crescimento (Andrade, et al 2011).

Em África, a batata-doce foi trazida no século XVI pelos mercadores de escravos. É considerada
importante fonte de alimento, porque constitui uma cultura base para a população. Além de ter
excelente aceitação pelo seu sabor, pode-se aproveitar a planta na sua totalidade consumindo-se as
cascas, tubérculos cozidos e utilizando as folhas para preparação tradicional do ‘caril’. A batata-doce
é apropriada para fazer face à insegurança alimentar e nutricional que os países têm enfrentado
devido às secas e cheias (INIA, 1990).

Por norma, para a produção de um hectare são necessários 33.000 ramas de 20 a 30 centímetros. Os
tubérculos podem ser colhidos entre 3 e 8 meses depois do plantio; algumas das variedades mais
precoces atingem a maturidade 3 meses depois do plantio, outras variedades, normalmente atingem
a maturidade a partir de 4,5 a 5 meses após o plantio.

Os tubérculos da batata-doce podem ser colhidos por um período de muitos meses, quer em partes
(i.e. tirando alguns tubérculos de cada planta e deixando outros que se continuarão a desenvolver)
ou, colhendo em diferentes parcelas do campo ou colhendo diferentes variedades em diferentes
momenttos (Stathers et al; 2012).

1.2. Situação actual em Moçambique


A batata-doce já é amplamente cultivada em todas as regiões do país (sul, centro e norte) (Minde e
Jumbe, 1997, citado por Mader, 2001). Ela desempenha um papel importante na segurança
alimentar, com um nível de produção variável entre duas a sete toneladas por hectare.

Desde o ano 2000 que se tem verificado rendimentos que variam de 12 a 15 toneladas por hectare,
por ano, devido à introdução de novas variedades que são estáveis e mais produtivas. Aliado a este

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aumento, estão as campanhas de sensibilização sobre os benefícios da batata-doce, em particular
para a de polpa alaranjada.

Tabela 1: Produção da Batata-doce de 2002-2012


Produção (toneladas)
Província
2002 2003 2005 2006 2007 2008 2012
Niassa 88.763 56.122 27.915 74.534 49.420 56.194 32.942
Cabo Delgado 44.741 20.923 8.668 11.971 24.973 12.974 7.811
Nampula 42.527 30.840 26.918 25.985 36.307 11.355 38.371
Zambézia 297.004 236.375 185.535 255.543 251.535 170.159 315.280
Tete 156.076 125.979 59.963 81.792 119.716 78.835 46.039
Manica 104.841 74.963 63.308 62.603 81.513 28.731 59.471
Sofala 110.034 113.885 71.526 59.990 60.280 92.644 105.042
Inhambane 60.105 25.399 15.257 23.325 40.704 25.530 12.796
Gaza 133.596 103.667 103.192 161.450 109.676 89.163 77.737
Maputo 46.759 42.829 31.585 28.080 35.616 32.311 48.980
Total 1.084.447 830.985 593.870 785.278 809.742 597.901 744.472
Fonte: CIP 2014

Visando alcançar a segurança alimentar, foram distribuídas em Moçambique, de forma massiva,


ramas de batata-doce a partir de 1992 (final da guerra civil), como forma de fornecer aos agregados
familiares uma fonte de proteína e de vegetais fácil de cultivar (Minde & Jumbe 1997 citado por
MADER, 2001).

Após as cheias de 2000 que provocaram muitos danos em Moçambique, a população foi incentivada
pelo Ministério da Agricultura a cultivar certas culturas alimentares para subsistência, incluindo a
batata-doce. Foi neste âmbito, que propagou-se a produção da batata-doce no país, sobretudo na
zona sul.

Nos últimos cinco anos, a produção da batata-doce progrediu e regrediu (como ilustra a tabela 1)
devido à falta do material vegetal, perda do vigor produtivo das variedades, introdução de novas
variedades antes de se ter conhecimento sobre as condições climáticas óptimas para cada
variedade. Outro factor que levou à variação da produção, foi a escassez de chuvas.

1.3. Métodos de conservação de batata-doce


A técnica mais utilizada para conservar batata-doce é a de deixar as raízes na machamba,
consumindo-as à medida que vão sendo necessárias. A limitação desta prática, é que cada variedade
varia em função do seu tempo de maturação (Andrade, et al 2011).

Vantagens do armazenamento após a colheita


De acordo com a mesma fonte, algumas vantagens identificadas foram:

 O período de consumo de raízes frescas, ou raízes secas em casca, é prolongado tanto


para as pessoas, como para os animais;
 A pressão sobre o uso de mão-de-obra intensiva para colher, vender e/ou processar as
raízes durante o tempo de grande abundância, é reduzida;
 O melhor preço pode ser obtido se a batata-doce for vendida na época de menor
abundância;

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 A machamba estará disponível para cultivarem-se outras culturas;
 A qualidade (sabor) das raízes é maior e assim, mais clientes procuram a batata-doce.

Desvantagens do armazenamento após a colheita

• Sem métodos adequados de armazenamento, os tubérculos são frequentemente


danificados pelos gorgulhos e podridão;
• O peso total da raiz diminui com o tempo devido à evapotranspiração e à conversão do
amido em açúcar mais solúvel;
• As raízes trazem agarrado o solo do campo para casa; e
• Quando infestado por gorgulho ou podridão as raízes cheiram mal.

1.4. Práticas tradicionais de armazenamento


De acordo com Andrade, et al (2011), em muitos países africanos, as raízes da batata-doce são
tradicionalmente armazenadas de três formas:

1. Frescas, sem tratamento, e cobertas num lugar escuro dentro de casa. Dependendo da sua
condição inicial e temperatura, as raízes podem aguentar entre 2 a 6 semanas, mas o nível
de infestação pelo gorgulho e ratos é frequentemente muito alto.
2. Frescas, com as raízes colocadas nos buracos, e alternando as raízes com camadas de
cinza (prática do Malawi). As raízes são postas nos buracos imediatamente após a
colheita ou, alternativamente, 1 dia após a cura ao sol directo.
3. Em pedaços, secos: depois de serem cortados em pedaços finos e secos directamente ao
sol durante alguns dias. Para consumir é necessário reidratar os pedaços secos.

1.5. Justificativa e problematização do estudo


Na África Austral e Oriental, cerca de 3 milhões de crianças menores de 5 anos de idade sofrem de
“olho seco” ou Xerophthalmia, que causa a cegueira. Devido à falta de vitamina "A" na dieta
alimentar, muitas das crianças afectadas morrem poucos meses depois de se tornarem cegas. Na
África Sub-sahariana, 43 milhões de crianças menores de 5 anos são deficientes em vitamina "A".
Se forem introduzidas na dieta alimentar, as variedades de batata-doce de polpa amarelada e
alaranjada que são ricas em beta-caroteno podem eliminar a deficiência de vitamina "A" nas
crianças e adultos. Dada a grande diversidade de cultivo e comercialização da batata-doce, esta é
também usada como ração de animais e produtos animais. Em alguns países, tais como
Moçambique, a batata-doce é consumida desde as suas folhas, até ao próprio produto para a
alimentação (Stathers et al;2012).
A batata-doce de polpa alaranjada pelo seu alto valor nutricional (vitamina "A"), é fortemente
recomendada pelos profissionais da saúde para gestantes e crianças, pois, a vitamina "A" assegura
uma visão saudável e fortalece o sistema imunitário.

Com esta pesquisa, pretende-se saber como é que a interação entre os intervenientes da cadeia de
valor da batata-doce pode melhorar o seu funcionamento e aumentar os níveis de renda, bem como
intensificar a produção da batata-doce de polpa alaranjada.

1.6. Objectivos

Geral
• Estudar o funcionamento da cadeia de valor da batata-doce no sul de Moçambique,
particularmente nas províncias de Gaza e Maputo.

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Específicos
• Demostrar a importância nutricional da batata-doce de polpa alaranjada;
• Identificar os intervenientes da cadeia de valor da batata-doce;
• Descrever o papel de cada interveniente na cadeia de valor da batata-doce;
• Calcular as margens financeiras de cada interveniente da cadeia de valor da batata-doce; e
• Identificar oportunidades de negócio na cadeia de valor da batata-doce.

2. METODOLOGIA
Para a realização do trabalho referente à cadeia de valor da batata-doce, privilegiou-se a seguinte
metodologia:
• A natureza da pesquisa é classificada como uma pesquisa aplicada, pois visa compreender a
situação actual e, com base nos conhecimentos adquiridos, propor soluções de problemas
específicos existentes na cadeia de valor.
• Os objectivos do trabalho classificam-se em pesquisa descritiva pois visa descrever as
características de cada interveniente da cadeia de valor da batata-doce. A pesquisa
bibliográfica (livros e manuais publicados) auxiliou o trabalho.
• A abordagem do problema classifica-se parcialmente em qualitativa, pois visa descrever o
funcionamento da cadeia de valor na zona sul do país. Parcialmente é quantitativa, pois
foram feitas análises estatísticas das informações colhidas no campo por meio de
questionários dirigidos a 47 intervenientes (nove produtores, quatro grossistas, catorze
retalhistas e vinte consumidores) e entrevistas dirigidas a instituições governamentais
(SDAE1, CIP2, DPA3) em Gaza e Maputo. O inquérito aos consumidores foi conduzido nos
distritos de Chibuto, Bilene, e Maputo (mercado do Zimpeto). A interação com os
intervenientes da cadeia de valor ajudou a perceber a situação real, bem como as
dificuldades enfrentadas pela cadeia.

3. CADEIA DE VALOR DA BATATA-DOCE


A batata-doce, desde o seu plantio até ao seu consumo, passa por várias etapas caracterizadas por
intervenientes que actuam na cadeia de valor. Cada interveniente contribui de forma significativa na
produção, comercialização e consumo.

A figura 1 mostra de forma detalhada as principais funções e as funções de suporte que interagem
na cadeia de valor, conforme demonstrado pela pesquisa feita nas províncias de Gaza e Maputo.

1
Serviços Distritais de Actividades Económicas.

2
Centro Internacional de La Papa.
3
Direcção Provincial de Agricultura

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Funções de suporte Funções Principais

Fornecedor CIP

de ramas vizinhos

Bancos Pequenos
Financiadores de
FDD
Produtor
crédito

IIAM Agentes de
CIP pesquisa Grossista

Transportadores

Retalhista
Motobombas, Equipamento

Consumidor
final

Figura 1. Mapeamento da cadeia de valor da batata-doce.

Fonte: O presente estudo, 2014

De acordo com a figura 1, o produtor adquire as ramas do fornecedor (CIP, IIAM4 e produtores
vizinhos). Após a produção vende ao grossista, retalhista e ao consumidor final. O grossista por sua
vez, adquire a batata-doce do produtor, e revende-a ao retalhista e consumidor final. O retalhista
adquire a batata do produtor e do grossista, e revende-a ao consumidor final. Por fim, o consumidor
final adquire a batata-doce do produtor, grossista e do retalhista.

Esta ligação dos intervenientes é importante visto facilitar o escoamento do produto e a influencia
na produtividade. Desta forma, nota-se que a cadeia de valor apresenta distorções desde o
produtor, até ao consumidor final, pois o consumidor adquire a batata do retalhista, grossista e do
produtor, o retalhista e o grossista adquirem do produtor, e isto pode interferir na comercialização.

4
Instituto de Investigação Agrária de Moçambique

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3.1. Actores principais

Fornecedores de ramas
Nas províncias de Gaza e Maputo, os agricultores adquirem as ramas dos produtores vizinhos e do
CIP a custo zero. O CIP fornece ramas a nível nacional através dos DVM5, que por sua vez distribuem-
nas aos pequenos agricultores.

Esta instituição enfrenta algumas dificuldades na multiplicação das ramas, como é o caso de algumas
pragas e doenças que atacam as folhas da batata-doce, e a existência de roedores que atacam o
tubérculo.

Produtor

Foram inquiridos produtores das províncias de Gaza e Maputo,


tendo o maior número sido constituído por mulheres (cerca de 67%) e os restantes (33%)
constituídos por homens. Estes produtores produzem em pequena escala possuindo áreas cultivadas
que variam de 0,15 a 2 hectares. As ramas, são adquiridas nos DVM e passam de agricultor para
agricultor.

Das diversas variedades disponíveis, as cultivadas são: Irene, Bela, Cecília, Tio Joe, Melina, Sumaia,
Lurdes e Délvia, sendo esta última a mais produtiva nas províncias de Gaza e Maputo.

O rendimento médio é de 15 a 25 toneladas por hectare. Dependendo da variedade pode-se colher


a rama a partir do segundo mês, e o tubérculo no terceiro e quarto mês depois do plantio. A batata-
doce é uma cultura anual e mais abundante nos meses de Janeiro e Fevereiro devido ao período
chuvoso (Outubro-Janeiro).

Para a produção, os agricultores das duas províncias afirmam não usarem fertilizantes a não ser
alguns fitofármacos para o combate de pragas. A batata-doce, é atacada muitas vezes por pragas
como: Anticarsia gemmatalis (lagartas, como a lagarta enroladora Coccinella septempunctata
(joaninha), Milipede (maria-café), roedores (como toupeira ou rato do campo), Tropidacris grandis
(gafanhoto gigante, localmente chamado por banzala) e Plutella xylostella (a traça-da-couve). Outras
pragas incluem o gorgulho, o pulgão da batata-doce, a traça/borboleta da batata-doce (Acraea
acerata), o nemátodo-da-galha, os afídeos, a mosca-branca e os ácaros.

As principais doenças da batata-doce são:

• Doenças de origem bacteriana: caule bacteriano (Erwinia Chrysanthemi), Alternária, Putrefacção


suave (Rhizopus Stolonifer, Mucor sp);
• As viroses da batata-doce: cor de nervura mais clara, mosaico, tecido verde-escuro ou verde-
claro, amarelecimento das folhas, pigmentação anormal e necroses foliares.

5
Multiplicador descentralizado (representates do CIP a nivel distrital).

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No processo de produção, os agricultores enfrentam dificuldades relacionadas com a irrigação,
existência de pragas e doenças, inundações nas épocas chuvosas e insuficiência de ramas, o que leva
os agricultores a misturarem diversas variedades no mesmo campo agrícola.

Grossista
No mercado da batata-doce a nível da zona sul do país, regista-se um número reduzido de grossistas
devido à escassez do produto. Estes, para além de venderem a batata-doce vendem outros
produtos. Dos entrevistados, os que sempre desempenham papel de grossista são quatro sendo
todas elas mulheres, com uma idade que varia entre os 31 e os 62 anos de idade. Estes grossistas
afirmam adquirir o produto no distrito de Manhiça e na localidade de Bobole (distrito de
Marracuene).

Das províncias escaladas, apenas Maputo é que possui grossistas. Estes adquirirem a batata-doce a
um preço que varia entre 300,00 MT a 400,00 MT por saco incorrendo num custo de 50,00 Mt para
transporte e 5,00 MT de taxas diárias do mercado. O saco de 50 kg é comercializado pelo grossista a
um preço que varia de 450,00 MT a 600,00 MT dependendo do tamanho, variedade da batata-doce
e também da procura.

Retalhista

Foram entrevistados vendedores do sexo feminino nas províncias de


Gaza e Maputo. A batata-doce vendida pode ser adquirida directamente do produtor, bem como
dos grossistas que estão no mercado local; os preços variam de 450,00 MT a 600,00 MT dependendo
do local de aquisição e do tamanho, pagando uma taxa municipal de 5,00 MT por dia.

A batata-doce é vendida em pequenos montes a um preço que varia de 10,00 MT a 50,00 MT, com
um peso entre de 2 a 3 kg. Este preço depende da variedade, tamanho, qualidade e época de
produção. Num saco de 50 kg, a receita prevista varia de 650 a 700,00 MT dependendo da época.

No que tange às dificuldades na comercialização da batata-doce, as vendedoras reclamam pela falta


de transporte do produto. Para além de problemas de transporte, têm enfrentado dificuldades na
conservação da batata-doce pois, no período de menor procura, há muito excedente e o método
usado só conserva a batata-doce por um período de duas semanas. Devido à falta de conhecimento
de outros métodos de conservação, as vendedoras tem maiores desperdícios durante a venda da
batata-doce.

As condições de comercialização não são apropriadas pois é dada pouca importância a este produto
nos mercados, uma vez que as pessoas que o vendem por vezes encontram-se em locais sujos. Estas
situações foram verificadas no mercado grossista do Zimpeto em Maputo onde o lixo é depositado
em locais impróprios.

Consumidor final
Os consumidores afirmam que a batata-doce é nutritiva e contém vitaminas essências para o
organismo. Eles consomem todas as variedades, mas a que mais procuram é a batata-doce de polpa
alaranjada por possuir maiores teores de vitamina “A”.

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A maior parte dos consumidores inquiridos afirma comprar frequentemente a batata-doce de
tamanho relativamente grande a um preço de 50,00 MT, com um peso de 3kg por montinho, ou a 30
MT o montinho contendo batata-doce de tamanho médio, com um peso de 2,5 kg e 10,00 Mt a
20,00 Mt de tamanho pequeno com 2 kg de peso.

A batata-doce é comprada por indivíduos de ambos os sexos, e que consideram como acessível o
preço praticado pelos retalhistas; a qualidade é considerada boa. A batata-doce é consumida cozida,
por todas as faixas etárias e ambos os sexos.

A época quente (Outubro-Março) é considerada a de maior abundância dos tubérculos em


Moçambique. O tubérculo pode ser encontrado no mercado durante todo o ano sem grandes
restrições. Em épocas de escassez, os consumidores recorrem à mandioca e pão como substitutos da
batata-doce.

3.2. Funções de suporte

Agentes de pesquisa
O Centro Internacional da Batata, em parceria com o Instituto de Investigação Agrária de
Moçambique (IIAM), faz pesquisas de novas variedades de batata-doce com ensaios em Chimoio,
Lichinga e Angónia. Um estudo feito em 2008, visava melhorar as variedades. Após o término do
processo de melhoramento, foi feita a disseminação ou propagação. O CIP investiga o teor
nutricional da batata-doce quando sujeita a diferentes fertilizantes e a diferentes técnicas de plantio.

Transportadores
Os grossistas, têm transportado batata-doce em grandes quantidades do produtor para o mercado,
onde é cobrado um preço mínimo de 50,00 MT por saco; o mesmo preço é praticado pelos
vendedores a retalho.

Tabela 2: Apresentação dos custos e receitas

Receitas
Custos Retorno Margem Valor Percentagem
Actor da Cadeia (preço de
Variáveis bruto Bruta acrescentado do valor
venda)

V. Acrescido/
(C/B) x P.Venda–P.
A B C=B-A preço a retalho
100 Compra
X 100

Produtor (saco) 305,00 MT 400,00 MT 95,00MT 23,75% 100,00 MT 14,8%

Grossista (saco) 405 MT 525 MT 120 MT 22,9 % 175,00 MT 25,9 %

Retalhista (saco) 530 MT 675 MT 145 MT 21,4 % 150,00 MT 22,2 %


Fonte: Grupo da presente pesquisa, 2014

4. OPORTUNIDADES
No estudo referente à cadeia de valor da batata-doce foram identificadas as seguintes
oportunidades para alguns intervenientes ou áreas da cadeia:

Produtor: existem oportunidades para os produtores de grande escala na área de produção da


batata-doce nas províncias de Gaza e Maputo, uma vez que os que existem só produzem em

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pequena escala e para subsistência. Um dos aspectos cruciais para se produzir a batata-doce, é que
para o início das actividades de produção não se incorrem muitos custos pois as ramas são
oferecidas pelos multiplicadores distritais.

Processamento: a batata-doce é um tubérculo que pode ser usado para confeccionar diversos
produtos, como é o caso de biscoitos, bolos, sumos, apas e outros. Verifica-se assim uma boa
oportunidade na área de processamento da batata-doce para a produção de diversos produtos.

Grossista: Após uma análise profunda da cadeia de valor da batata-doce, constatou-se que existem
poucos grossistas a actuarem no mercado. Assim, surge a possibilidade de entrada de novos
grossistas no mesmo.

Transporte: analisando o processo de escoamento dos produtos agricolas desde o local de


produção, até ao local de comercialização, verificou-se que não há transporte para os produtos
agrícolas, e isto proporciona uma oportunidade facilitada para a entrada de transportadores para os
mercados.

5. CONCLUSÕES
A batata-doce, principalmente da polpa alaranjada, tem uma extrema importância no que se refere
à nutrição humana, uma vez que é rica em vitamina "A". Este aspecto é pouco conhecido pela maior
parte da população rural devido à falta de informação sobre o valor nutritivo do produto.

Durante a pesquisa, foram identificados como actores principais da cadeia de valor da batata-doce,
os produtores, os grossistas, os retalhistas e os consumidores.

Para além de existirem agentes de distribuição gratuita principalmente das variedades de batata-
doce de polpa alaranjada, a transferência da rama é feita de agricultor para agricultor, sendo este o
principal meio de propagação ou de aquisição do material. Os produtores entrevistados ocupam
áreas que variam de 0,15 a 2 hectares e a produção é destinada ao consumo e à venda.

As inundações, as seca, os problemas de irrigação e a existência de pragas e doenças, constituem um


dos principais problemas que afectam a produção e produtividade da batata-doce.

No que se refere à comercialização, os vendedores a grosso, assim como os vendedores a retalho,


têm tido dificuldades no transporte para a venda da batata-doce uma vez que nos mercados de
oferta há falta de higiene, facto que leva os compradores a não adquirirem batata-doce com
frequência.

Como limitações encaradas podem destacar-se a insuficiência de dados referentes aos custos de
cada interveniente, facto que dificultou o cálculo da margem financeira do produtor durante a
pesquisa. Não foi possível obter todos os dados referentes aos custos incorridos pelo produtor, facto
que dificultou o cálculo das suas margens financeiras.

6. RECOMENDAÇÕES
Aos produtores: devem evitar a mistura de variedades durante a produção de modo a que tenham
maior controle das suas culturas.

Ao Ministério das Obras Públicas e Habitação: devem melhorar as vias de acesso para o
escoamento da batata-doce e circulação dos diferentes intervenientes.

Aos Serviços Distritais de Actividades Económicas: devem fazer o acompanhamento aos produtores
de batata-doce através dos serviços de extensão.

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Aos consumidores: devem escutar as informações contidas nas propagandas feitas pelos órgãos de
comunicação social, sobre o valor nutricional da batata-doce.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Andrade, A., low, J., Naico, A., Ricardo, J., Sandramo, A e Zano, f. (2012). Manual sobre o Cultivo
da Batata-doce: Aspectos sobre produção da batata-doce em Moçambique. Maputo-
Moçambique.

2. GIL, A. C. (2006), Técnicas de Investigação m ciências Sociais.. 5ª ed. Editora Atlas S.A

3. INIA-Instituto Nacional de Investigação Agronómica. (1990). Mandioca e Batata-doce: O milagre


de multiplicação rápida. Maputo-Moçambique. PP 4

4. MADER: Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural. (2001). Extensão Rural –


Moçambique. Revista 4.

5. STATHERS, T. LOW, J. MWANGA, R., CAREY, T., DAVID, S., GIBSON, R. NAMANDA, S. MCEWAN,
M., BECHOFF, A., MALINGA, J., KATCHER, H., BLANKENSHIP, J. ANDRADE, M., AGILY, S e ABIDIN,
E (2012). Everything you Ever wanted to know about sweetpotato: Reaching Agents of ToT
Manual. International Pototoe Cester. Nairobi, Kenya. Pp293+vii.

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