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O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
DE PRODUTOS EM PEQUENA
EMPRESA: UM ESTUDO DE CASO
Igor Meirelles Gomes (IFES)
igor_meirelles@hotmail.com
Rafaela Lira Santos Regio (IFES)
rafaela_silent03@hotmail.com
Patricia de Aquino Lannes (IFES)
pat_akino@hotmail.com
1. Introdução
O atual ambiente de negócios, caracterizado pelo alto índice de inovação tecnológica,
diminuição do ciclo de vida dos produtos e presença de empresas multinacionais na disputa
por mercados locais, incita as empresas a terem mais preocupação com o processo de
desenvolvimento de novos produtos (PDP).
A pequena empresa, de acordo com Motta et al (2007), não pode se excluir desse contexto,
apesar de apresentar dificuldades inerentes ao seu porte. Deve, portanto, buscar
constantemente a implementação de melhorias na área de desenvolvimento de novos produtos
e estruturação do PDP, conforme sua estratégia de negócios.
Porém, segundo Rieg e Alves Filho (2003), a maioria das empresas que fazem pesquisa básica
e aplicada e possuem estruturado o processo de desenvolvimento de produtos, essencial para
aplicação constante de melhorias, são de grande porte. Os mesmos autores afirmam que isso
ocorre porque empresas menores, em geral, não possuem condições para manter esse tipo de
unidade organizacional, tendo que desenvolver esquemas alternativos para assegurar um
adequado ritmo de inovação.
Assim, este artigo tem, portanto, o objetivo de descrever e analisar o processo de
desenvolvimento de produtos em uma empresa de pequeno porte do setor de bebidas
localizada no Espírito Santo, visando dar suporte para sua estruturação e para implementação
de melhorias em seus processos, levando em consideração as restrições da empresa inerentes
ao seu porte.
Este trabalho se justifica pelo fato de haver poucas informações na literatura acerca da
estruturação do PDP em pequenas empresas. Há, portanto, a necessidade de desenvolvimento
de mais trabalhos na área, visando fornecer subsídios para a ação dos gestores que atuam
nesse tipo de empresa.
Os métodos de desenvolvimento de produtos adotados pela empresa foram estudados através
de entrevistas realizadas em visitas técnicas à empresa, visando a obtenção de dados
qualitativos e quantitativos. Para tanto, organizou-se um roteiro semi-estruturado com
questões relativas ao problema de pesquisa.
No que se refere à metodologia, quanto aos fins, a pesquisa se caracteriza como aplicada que,
de acordo com Vergara (2007), é fundamentalmente motivada pela necessidade de resolver
problemas concretos, tendo, portando, finalidade prática. Quanto aos meios, trata-se de um
estudo de caso.
Assim, o trabalho está dividido em quatro itens além da presente discussão. No item 2 e 3
apresenta-se o referencial teórico, que contém conceitos do PDP, recomendações de melhores
práticas e aspectos do PDP referentes à pequena empresa. Já no item 4, apresenta-se a análise
e discussão dos resultados da entrevista, bem como sugestões de melhorias para a
organização. Finalmente, no item 5 apresenta-se as conclusões do trabalho.
2. A importância do processo de desenvolvimento de novos produtos e suas melhores
práticas
Para sobreviver à crescente competitividade e ao lançamento de novas tecnologias, a inovação
tem se tornado fator vital para o sucesso das empresas. Assim, torna-se necessário introduzir
continuamente novos produtos, para impedir que corporações mais agressivas abocanhem
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XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
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Quadr
o 1 - Fases do ciclo de vida do produto e suas características. Fonte: Adaptado de Kotler e Keller (2006)
Os mesmos autores afirmam que na fase declínio a empresa deve parar de investir em
distribuição, propaganda e desenvolvimento e começar a discutir qual o melhor momento de
retirar o produto do mercado ou reposicioná-lo em outro nicho.
Ainda que as empresas apresentem diferenças como: características, tipos de produtos,
aplicação de tecnologia e capacidade de projeto, de acordo com Zhang e Ma (2011) o PDP
apresenta procedimentos semelhantes: inicia-se com a geração de ideias, em seguida escolhe-
se a melhor ideia para formar o conceito do novo produto, posteriormente desenvolve-se e
testa-se o produto que será lançado, para por fim, comercializá-lo.
Quanto ao projeto do produto a ser desenvolvido, segundo a definição de Rozenfeld et al.
(2006), pode-se fazer a seguinte classificação:
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Quadr
o 2 - Classificação de projetos. Fonte: Adaptado de Rozenfeld et al. (2006)
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Percebeu-se também que na empresa há desvalorização de técnicas de gestão, seja pela não
implantação ou por desconhecimento das mesmas. Então, ferramentas como o QFD são
aplicáveis.
A implementação dessa ferramenta, juntamente com a já implantada vigilância tecnológica
em universidades que produzem pesquisas em áreas correlacionadas, dariam maior suporte
para a empresa na elaboração de suas estratégias.
Considerando todas as variáveis envolvidas, além das ferramentas anteriormente citadas,
podem ser utilizados indicadores. A vantagem de tal prática é que os indicadores podem ser
tanto quantitativos, quanto qualitativos, traduzindo em números e gráficos de desempenho os
conceitos de eficiência e eficácia da empresa. Exemplos de indicadores recomendáveis são:
número de pedidos entregues no prazo, atraso médio de entrega em dias, participação de
novos produtos no faturamento da empresa entre outros.
O investimento a ser empregado na construção desses indicadores não é alto, pois existem
muitas pesquisas disponíveis a respeito desse assunto, entretanto, existe a necessidade de
coleta de dados e a disponibilização de um profissional com conhecimentos em estatística.
Assim, utilizando-se adequadamente as ferramentas e práticas aqui recomendadas e
formalizando seus processos, a empresa obterá um PDP melhor estruturado, eficiente e eficaz.
5. Conclusão
De uma forma geral, pode-se afirmar que os problemas enfrentados pela empresa estudada,
característicos de seu porte pequeno, foram de encontro com o que postulam os autores
citados no trabalho. A escassez de recursos, a falta de formalização e desvalorização da
aplicação formal de técnicas de administração afetam diretamente o PDP.
Recomenda-se a formalização dos processos da empresa, aplicação das técnicas menos
dispendiosas de administração (tais como utilização de indicadores para avaliação do
desempenho dos produtos, árvore do produto, para estruturação e documentação formal dos
mesmos etc) e realização de pesquisas de mercado.
Afinal, como foi mencionado anteriormente, pesquisas modestas, baseadas em fontes
secundárias, ou métodos alternativos de coleta de dados, podem suprir as necessidades da
empresa.
Ressalta-se a importância da estruturação de seus processos, posto que a empresa possui
projetos de expansão para outro estado. A formalização, nesse caso, mais do que importante, é
essencial para que a organização mantenha sua identidade.
Para as próximas pesquisas realizadas nessa área, recomenda-se estudos que gerem
adaptações nos modelos de referência de PDP presentes na literatura de acordo com as
necessidades da pequena empresa, de uma forma geral.
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