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Desenvolvimentismo, conflito e conciliação de
interesses na política de construção de hidrelétricas
na Amazônia brasileira
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capa_1884.pdf 1 14/10/2013 11:31:05
1884
DESENVOLVIMENTISMO, CONFLITO
E CONCILIAÇÃO DE INTERESSES
NA POLÍTICA DE CONSTRUÇÃO
DE HIDRELÉTRICAS NA
AMAZÔNIA BRASILEIRA
9 771415 476001
1884
TEXTO PARA DISCUSSÃO
Rio de Janeiro, outubro de 2013
* Doutoranda do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (IPol/UnB) e bolsista
do Programa de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional (PNPD) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Chefe de Gabinete
Sergei Suarez Dillon Soares
Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoria
URL: http://www.ipea.gov.br JEL: O38; O54.
SINOPSE
ABSTRACT
APRESENTAÇÃO..........................................................................................................7
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................7
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................41
REFERÊNCIAS............................................................................................................45
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR................................................................................47
APÊNDICE.................................................................................................................49
i. The versions in English of the abstracts of this series have not been edited by Ipea’s editorial department.
As versões em língua inglesa das sinopses (abstracts) desta coleção não são objeto de revisão pelo Editorial do Ipea.
APRESENTAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, tem-se observado, no Brasil, a retomada de diversos projetos ligados
à infraestrutura – como a construção de rodovias e de hidrelétricas – com o objetivo de
estimular o desenvolvimento econômico. A retomada desses projetos é acompanhada
da emergência de uma postura estatal de forte indutor do desenvolvimento econômico
(Pires e Gomide, 2012a). Esse padrão de atuação estatal não é inédito na história
brasileira, uma vez que essa postura foi adotada no passado, principalmente durante
a ditadura militar. Entretanto, esse novo ativismo estatal tem ocorrido em um novo
contexto político de consolidação da democracia brasileira. Dessa forma, paralelamente
1. A pesquisa é coordenada por Alexandre A. Gomide e Roberto R. C. Pires, Técnicos de Planejamento e Pesquisa da
Diretoria de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia (Diest)/Ipea.
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2. Por questões comparativas, a capacidade instalada da matriz de energia elétrica do Brasil alcançou, em agosto de 2011,
115 mil MW. Fonte: <http://www.brasil.gov.br/sobre/economia/energia/setor-eletrico/sistema-interligado-nacional/print>.
3. De acordo com dados do PNE 2030, em 2006, 77,1% da energia elétrica do país eram provenientes de hidrelétricas.
4. Além de Belo Monte, podem-se citar as hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira.
6. De acordo com dados do PNE 2030, 91% do potencial hidrelétrico da região Norte ainda não foi aproveitado.
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A coalizão de bloqueio, por sua vez, é formada por uma rede de atores nacionais e
internacionais, representantes do governo e da sociedade civil.7 Dentre os atores estatais,
especial ênfase deve ser dada ao Ministério Público (MP), que interferiu diversas vezes
no processo para garantir a sustentabilidade ambiental de Belo Monte e a participação
de todos os atores afetados por ela. Em relação aos atores da sociedade civil, o ISA,
grupos indígenas e movimentos locais – como o MXVPS e o MMTACC – têm tido
um papel de destaque no processo de negociação. Os participantes desse grupo são
motivados pelo medo das consequências sociais e ambientais da construção da usina,
além de serem contra o modelo de desenvolvimento para a Amazônia defendido pela
coalizão de defesa (Hochstetler, 2010; Fearnside, 2006, 2011).
7. Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB); o Movimento pelo Desenvolvimento da Rodovia Transamazônica pelo
Xingu (MPDTX); International Rivers Network (IRN); Living Rivers Coalition; Instituto Socioambiental (ISA); Friends of the
Earth-Brazilian Amazônia (FOE-AP), Greenpeace; Conservation International (CI); Movimento Xingu Vivo para Sempre
(MXVPS); Movimento das Mulheres Trabalhadoras de Altamira do Campo e da Cidade (MMTACC) etc.
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8. Este termo tem sido usado pelo CNPE para se referir ao projeto de Belo Monte.
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Por outro lado, a fase do setor ambiental é caracterizada pela sinergia entre atores
estatais – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan), entre outros – e grupos da sociedade civil, principalmente
a partir da realização de audiências públicas. Todavia, quando a fase do setor ambiental
é iniciada, o processo decisório já se encontra em uma fase bastante avançada: as
principais características da usina já foram definidas e o projeto já foi aprovado pelo
Congresso Nacional.
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O Brasil é o país que construiu o maior número de barragens na América Latina, durante
o século XX (Khangram, 2004), e o terceiro maior produtor de energia de fonte hidráulica
no mundo (PNE 2030). A decisão de construir barragens para a geração de energia elétrica
aparece como um dos componentes centrais da estratégia de desenvolvimento do país
adotado a partir da década de 1930. Nesse período, o governo Vargas iniciou um modelo
desenvolvimentista caracterizado pela liderança estatal, pela intensiva utilização de recursos
naturais para a execução de projetos econômicos e pelas decisões centralizadas na tecnocracia
estatal. Tal modelo foi consolidado com o ideal militar de “Brasil Grande”, traduzido em
diversos projetos ligados ao desenvolvimento econômico liderado pelo Estado, como a
Transamazônica, o Projeto Carajás e a usina hidrelétrica de Itaipu (Khangram, 2004).
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O grande enfoque dado para a Amazônia pela política energética do país era
justificado pelo fato de a construção de usinas na região ter um custo social e econômico
mais baixo, já que existe grande disponibilidade de terra, a população da região é
escassa, o nível de atividade econômica é baixo e os solos são pouco férteis. Além disso,
a intenção do governo de atrair indústrias eletrometalúrgicas para o leste da Amazônia
foi essencial para a decisão de construir hidrelétricas na região, uma vez que as usinas
supririam essas indústrias com eletricidade (Monosowski, 1990; Barrow, 1988).
9. De acordo com o Plano Nacional de Energia Elétrica (PNEE) 2010, uma usina de médio porte produz até 300 MW de energia.
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A defesa oficial da construção de Belo Monte pelo governo teve início com
o lançamento do PNEE 1987-2010, que destacou o rio Xingu como de extrema
importância para o setor energético brasileiro e apontou a usina de Kararaô como a
melhor opção para integrar as usinas do rio Xingu ao Sistema Interligado Brasileiro.
O plano previa a construção de Kararaô até o ano 2000 e de Babaquara até 2005
(Fearnside, 2006). A partir desse momento, Belo Monte passou a ser considerada como
essencial por vários planos energéticos e de desenvolvimento elaborados pelo governo,
como o Avança Brasil e o Plano de Aceleração de Crescimento (PAC).12
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Além desse argumento, o governo afirma que a opção pela retomada de Belo
Monte se justifica pelo fato de o país ter assumido compromisso, em 2009, de reduzir
as emissões de dióxido de carbono (CO2) entre 36,1% e 39% até 2020. Nesse intuito,
“a UHE Hidrelétrica de Belo Monte ajudará a manter a matriz energética do Brasil
como uma das mais limpas de todos os países industrializados, com 46% da energia
provenientes de fontes renováveis”15 (Brasil, 2011, p. 24, 30).
13. De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2019, esse aumento deve ocorrer em um período de
dez anos.
14. Tanto o cálculo da capacidade instalada total como da capacidade média de produção de energia se referem à produção
energética no período de um ano.
15. Entretanto, especialistas alertam que as hidrelétricas possuem forte impacto ambiental. Além das alterações negativas
na flora, na fauna e no microclima da região, estudos mostram que a decomposição da floresta alagada gera um processo
de intensa emissão de gases que contribuem para o aquecimento global (Fearnside, 2009).
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Dessa forma, o projeto foi aprimorado: a área de inundação de 1.225 km² foi reduzida
para 516 km², dos quais 228 km² (44%) já constituem o próprio rio; não haverá inundação
de terras indígenas, ao contrário do que se previa na década de 1980, já que parte das terras
indígenas Paquiçamba e Arara da Volta Grande do Xingu seria atingida.16
16. Entretanto, ativistas sociais e pesquisadores ambientais entrevistados afirmam que mesmo assim haverá impacto direto
nas terras indígenas que se localizam na Volta Grande do Xingu, já que o desvio do rio provocará secas.
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As legislações responsáveis por essa reforma são: a Lei no 6.938, de 1981, que
criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente; a Lei no 7.347, de 1985, conhecida
com a Lei da Ação Civil Pública; a Constituição de 1988 (CF/1988), que dedicou um
capítulo para o meio ambiente; diversas resoluções do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama) e a Lei no 7.804, de 1989, que operacionalizam os Estudos de
Impacto Ambiental (EIAs) para projetos com grande impacto ambiental (Hochstetler
e Keck, 2007; Costa, 2010).
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A partir da Lei nº 7.347, de 1985, o ministério pôde iniciar ações civis públicas
sem necessidade de provocação. Além das ações civis públicas, o órgão conta com
outros mecanismos para interferir em processos decisórios: ações penais; organização
de audiências públicas; recomendações e Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)
(Costa, 2010).
17. Os seguintes atores podem propor ação civil pública: Defensoria Pública, União; estados; Distrito Federal e municípios;
autarquias; empresas estatais; sociedade de economia mista; qualquer associação que exista há pelo menos um ano e que
tenha como um dos seus objetivos a proteção do meio ambiente, do consumidor, da ordem econômica, do mercado livre,
dos valores históricos, turísticos e artísticos (Hochstetler e Keck, 2007; Costa, 2010).
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18. Entretanto, como será detalhado mais adiante, tal convenção ainda não foi regulamentada.
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criou uma série de restrições e condicionantes para que esses empreendimentos sejam
aprovados. Assim, a reforma da legislação ambiental fez surgir um arranjo muito mais
democrático ao criar diversas possibilidades de interferência dos atores sociais afetados
por grandes obras: por meio de audiências públicas e de oitivas das comunidades
indígenas, a partir da provocação do MP etc. Além disso, o licenciamento ambiental
deve considerar os interesses de atores diferentes por meio da manifestação de vários
órgãos durante o processo – Iphan, Funai, órgãos ambientais de nível local etc.
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QUADRO 1
Acontecimento Fase Órgão Ano
Estudos de aproveitamento hidrelétrico da bacia do rio Xingu Setor elétrico Eletrobras/Eletronorte 1975
Conclusão dos estudos de inventário Setor elétrico Eletrobras/Eletronorte 1980
Aprovação dos estudos de inventário do rio Xingu Setor elétrico Dnaee 1988
Autorização para que a Eletronorte realizasse estudos de viabilidade para a AHE Belo Monte Setor elétrico MME 1988
Conclusão dos primeiros estudos de viabilidade Setor elétrico Eletrobras/Eletronorte 1989
Revisão dos primeiros estudos da usina: alterações no projeto da usina Setor elétrico Dnaee, Eletrobras/Eletronorte 1994
Conclusão dos estudos de viabilidade técnico-econômica e ambiental Setor elétrico Eletrobras/Eletronorte 2000
Congresso Nacional aprova projeto de Belo Monte Setor legislativo Congresso Nacional 2005
Abertura do processo de licenciamento ambiental Setor ambiental Ibama 2006
Belo Monte é elevado a empreendimento prioritário para implantação e licitação Setor elétrico CNPE 2008
Conclusão dos estudos de impacto ambiental pela Eletrobras e realização de audiências
públicas Setor ambiental Ibama 2009
Concessão de licença prévia (LP) Setor ambiental Ibama 2010
Aprovação dos estudos de viabilidade da UHE Belo Monte Setor elétrico Aneel 2010
Publicação da data do leilão de outorga Setor elétrico MME 2010
Leilão de outorga Setor elétrico Aneel 2010
Concessão de licença de instalação (LI) Setor ambiental Ibama 2011
Elaboração da autora.
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do MME – a Lei no 10.683/2003 – compete a ele atuar nas áreas de geologia, recursos
minerais e energéticos; aproveitamento da energia hidráulica; mineração e metalurgia;
e petróleo, combustível, energia elétrica e nuclear.
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No mesmo decreto, o conselho afirma que Belo Monte será a única usina
construída no rio Xingu. Essa declaração tem sido interpretada por ativistas sociais
entrevistados como uma forma de o governo ganhar maior aceitabilidade tanto na
sociedade como nas agências estatais que têm criticado o processo da usina, já que
especialistas afirmam que a viabilidade energética da usina depende do barramento de
outros pontos do Xingu (Fearnside, 2006).
Esse setor é conhecido tradicionalmente por suas decisões insuladas, com baixa
participação da sociedade. A única previsão de participação da sociedade civil no
planejamento energético nacional ocorre por meio de consulta pública virtual no momento
de elaboração dos planos nacionais de energia. Essas audiências são consideradas por
representantes do ISA como de baixa efetividade, uma vez que não há nenhum tipo
de devolutiva e sistematização das propostas por parte do setor elétrico. A participação
da sociedade civil no CNPE, como visto, é limitada a dois representantes com
conhecimentos técnicos. Assim, há pouco espaço para a participação da sociedade na
fase do setor elétrico.
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Uma ressalva deve ser feita aqui: como visto, o setor aprovou alterações
importantes no projeto da usina, em 1994. As entrevistas a movimentos contrários
à usina reconhecem que a grande mobilização nacional e internacional ocorrida na
década de 1980, momento em que o projeto foi suspenso, fez com que o setor elétrico,
na retomada do projeto, diminuísse seus impactos sociais e ambientais a fim de
aumentar sua aceitabilidade. Entretanto, não houve uma negociação direta por meio
de canais formais. Essa influência ocorreu de forma difusa a partir de mobilizações
diversas – passeatas, denúncias na mídia, palestras – e não contou com a participação
de outras agências estatais.
Não é pura e simplesmente ouvir para matar a curiosidade, ou para ter-se uma informação
relevante. Não. É ouvir para condicionar a decisão. O legislador não pode tomar decisão sem conhecer,
neste caso, os efeitos dessa decisão. Ele é obrigado a ouvir. Não é apenas uma recomendação. É,
na verdade, um condicionamento para o exercício de legislar. Se elas (comunidades indígenas)
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demonstrarem que será tão violento o impacto (da mineração ou da construção de hidrelétrica),
será tão agressivo que pode significar a morte de pessoas ou a morte da cultura, cria-se um
obstáculo intransponível à concessão da autorização.
O Sr. LUIZ OTÁVIO (PMDB-PA) ... A única observação que quero acrescentar no meu aparte é a
seguinte: estou na Casa há mais de sete anos, e há projetos que estão aqui desde que cheguei e
não saem das comissões, não andam. São projetos de vários para não dizer de todos os senadores.
E esse projeto, por incrível que pareça, foi apresentado no dia 8 de julho, na semana passada. Faz
quatro dias que esse projeto foi aprovado na Câmara e vamos aprová-lo aqui no Senado hoje. Eu
nunca vi isso! Manifesto apenas minha admiração... Eu queria encaminhar desde a oportunidade
que tive de encaminhar a urgência, mas queria saber o motivo de tanta urgência. Isso não bate!...
Essa história de que Belo Monte vai resolver o problema do apagão... Essa obra é para dez anos,
como disse o Presidente José Sarney, ou para quinze ou vinte anos. Então, o motivo não é o apagão.
Por causa da não ocorrência das oitivas, o licenciamento ambiental de Belo Monte
foi suspenso em 2006 pelo Judiciário em resposta à ação civil pública de autoria do MPF
(Processo no 2006.39.03.000711-8). Em parte como consequência dessa polêmica em
torno das oitivas, em setembro de 2009, foram realizadas audiências públicas em doze21
comunidades indígenas. Essas “oitivas” foram lideradas pela Funai e contaram com a
presença do Ibama, da Eletronorte e da Leme Engenharia (empresa responsável pela
elaboração do EIA-Rima). O objetivo principal das reuniões foi a apresentação das
linhas gerais do parecer da Funai sobre o componente indígena do EIA do projeto da
usina de Belo Monte (Ibama/DILIC, 2009).
21. Aldeia Paquiçamba; Terra Indígena Juruna do km 17; Aldeia Bacajá; Aldeia Apyterewa; Aldeia Ipixuna Araweté; Aldeia
Pakajá; Aldeia Jurnati Araweté; Aldeia Koatinemo Asurini; Aldeia Kararaô dos Kaipó-Kararaô; Aldeia Arara do Laranjal;
Aldeia Cachoeira Seca; Terra Indígena Arara da Volta Grande do Xingu.
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Essas “oitivas” têm sido bastante criticadas pelo MP, pela sociedade civil
organizada e por comunidades indígenas. O MP tem reafirmado sua posição de que
essas reuniões não podem ser consideradas como oitivas,22 pois a própria Funai, ao
abrir os encontros, declarou que as reuniões teriam um caráter apenas informativo.
A opinião do representante da Associação dos Índios Moradores de Altamira (Aima)
também é de que as oitivas não ocorreram:
A gente nunca aceitou essa questão das oitivas. Na verdade, a FUNAI, na pessoa do presidente, ele
atropelou essa questão da oitiva indígena. Nunca aceitamos esse fato [...] A FUNAI se aproveitou
de reuniões, de apresentações nas aldeias em relação a Belo Monte e transformou isso em oitivas
indígenas. Então pra nós nunca teve oitivas indígenas porque na constituição diz que as lideranças
indígenas afetadas pelo projeto têm que ser ouvida pelo Congresso Nacional. Se aceita o projeto ou
não e quais são suas questões e isso não foi feito de nenhuma forma (Aima, 19 de junho de 2012).
22. Por causa dessa polêmica, o termo oitivas é utilizado, nesta subseção, entre aspas.
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(...) uma vez que o processo de licenciamento ambiental é aberto ao escrutínio público (algo
estabelecido no auge dos esforços de democratização, durante a transição) e, portanto, tem se
tornado virtualmente como o único cenário que exige um debate público sobre decisões econômicas
e até mesmo sobre projetos estatais. Como resultado, as decisões individuais de licenciamento se
tornam cruciais para o surgimento de grandes conflitos sociais que deveriam ter sido resolvidos de
outras formas, mas não são (...) (tradução livre).
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Para que esses empreendimentos sejam executados, uma das questões que têm sido o principal alvo
do governo é a flexibilização da legislação ambiental. Então houve um desmonte do Ibama desde os
problemas que ocorreram com o licenciamento ambiental das hidrelétricas do Rio Madeira (...) Então,
no processo de licenciamento, por exemplo, tem sido muito comum, quando os servidores do Ibama
se posicionam como contrários, como aconteceu no Rio Madeira, como aconteceu também agora
com Belo Monte, [eles] simplesmente são retirados. Se tiverem cargo de chefia, saem, são afastados
das suas funções, são deslocados pra outras áreas (21 de novembro de 2012).
23. O termo “braço jurídico” foi usado pelo procurador do MPF de Belém, entrevistado em 22 de novembro de 2012.
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Nos anos seguintes, diversas outras ações civis públicas foram movidas pelo
MP: em 2007, com o objetivo de suspender a elaboração dos estudos ambientais até a
finalização do Termo de Referência (TR) pelo Ibama; outras duas ações, uma em 2007,
cuja finalidade era responsabilizar agentes públicos federais e gestores da Eletrobras
que, a pretexto de programar estudos para subsidiarem o exame de viabilidade e de
impacto ambiental do empreendimento, se associaram com entes privados sem a
observância do necessário procedimento licitatório; outra, em 2009, com o objetivo de
anular o Despacho no 2.756 de 25 de julho de 2008 da Aneel, que aprovou o Inventário
24. Um dos argumentos do MP é que, quando o bem a ser tutelado – no caso potenciais de energia hidráulica – é de
gerência da União, cabe ao Ibama realizar o licenciamento ambiental.
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Como pode ser observado, o MP teve uma atuação bastante intensa no processo
decisório de Belo Monte, cumprindo seu papel de guarda da legalidade e protetor de
interesses difusos e das comunidades indígenas. Entretanto, a atuação do órgão foi
prejudicada por três fatores. A ação do MP teve início em momento tardio: a primeira
ação data de 2001 e a atuação constante começou a partir de 2006. Ou seja, o órgão
só agiu durante a fase de licenciamento ambiental, o que é um fator limitante para sua
atuação, dada a importância da fase referente à elaboração do projeto pelo setor elétrico.
O seguinte trecho de um procurador do MPF de Belém expressa esse problema:
Uma das reflexões que a gente faz depois de mais de dez anos de processo de Belo Monte é que
com todas essas ações judiciais nós já chegamos tarde. Porque nós chegamos quando começa o
licenciamento ambiental. A reflexão que a gente tem hoje, a culpa que a gente faz, é que a gente
tinha que chegar antes disso (22 de novembro de 2012).
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O terceiro fator é a lentidão do julgamento das ações propostas pelo MP, já que
até o momento apenas as duas primeiras ações foram julgadas até a última instância.25
Como a maioria das ações pede o cancelamento de decisões que permitem a construção
da usina e diante do fato de que a construção de Belo Monte já foi iniciada, mesmo se
no futuro ocorrer uma decisão favorável ao MP, ela não terá efeito porque a obra já foi
iniciada. O MPF tem pedido urgência no julgamento desses processos, o que fez com
que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) selecionasse algumas das ações relacionadas
a Belo Monte como prioritárias para serem julgadas.
As audiências públicas
Em novembro de 2009, ocorreram quatro audiências públicas, presididas pelo Ibama,
nos municípios de Brasil Novo, Vitória do Xingu, Altamira e Belém. Essas audiências
ocorreram no âmbito do processo de licenciamento ambiental, tendo o objetivo de
apresentar e discutir o EIA-Rima26 do projeto de Belo Monte, como previsto pelo
Conama (1987). A realização dessas audiências apresentaram diversas falhas que
limitaram a efetividade desse instrumento participativo como mecanismo de solução
de conflito, de aumento da legitimidade de projetos do governo e de conciliação de
interesses. As entrevistas com diversos atores da sociedade civil que participaram das
25. Nesses casos, o SFT é que toma a última decisão, já que se refere a questões constitucionais.
26. A Resolução no 1 (Conama, 1986) estabelece que “dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e
respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do
IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente”. Dentre essas atividades
estão as “(...) obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de
10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos
d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques”. Além disso, “(...) dependerá de elaboração de
estudo de impacto ambiental e respectivo RIMA, a serem submetidos à aprovação do IBAMA, o licenciamento de atividades
que, por lei, seja de competência federal”.
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audiências revelam a opinião deles em relação a esses eventos: suas demandas não
foram consideradas e as audiências não tiveram um impacto significativo no processo
decisório de Belo Monte.
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27. O MP demandava que ocorressem audiências nas seguintes localidades: Travessão Cenec; Travessão km 45 Cobra-
Choca; Assurini; Travessão do km 27; TI Arara da Volta Grande do Xingu; TI Paquiçamba; MMCC-TA - movimentos das
mulheres; Vitória do Xingu; Santo Antônio; Ressaca; Ilha da Fazenda; Arroz Cru; São Pedro; Porto de Moz; Belo Monte;
Resex do Xingu; Agrovila Leonardo da Vinci.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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28. Entretanto, é importante ressaltar que muitas dessas condicionantes não foram cumpridas.
29. Entretanto, esses avanços devem ser analisados com cuidado. Principalmente no que diz respeito às comunidades
indígenas afetadas, há diversas críticas de que o Estado brasileiro tem sido omisso; a Funai não possui capacidade para
coordenar as negociações que envolvem indígenas; a Norte Energia tem privilegiado a negociação direta com lideranças
indígenas (o que dá margem para a cooptação dessas lideranças) em detrimento da implementação de projetos que
foquem em comunidades indígenas (para mais detalhes, ver Vieira, 2013).
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
EDITORIAL
Coordenação
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Editoração eletrônica
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Projeto Gráfico
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