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• De acordo com o que expomos até agora, temos que, no início do século XX, a Psicologia via-se como
o estudo dos processos mentais, inconscientes (Psicanálise) ou conscientes, tidos como pequenas uni-
dades e componentes (estruturalismo).
3.2· OBEHAVIORISMO
Para Watson, a Psicologia era o estudo de comportamentos observáveis, men-
suráveis, nada mais. Para ele, uma criança nada mais era do que uma tábua rasa sobre
a qual suas experiências poderiam escrever praticamente qualquer coisa.
B. F. Skinner, assim como Watson, acreditava que os psicólogos deveriam estu-
dar apenas o comportamento obser vável e mensurável. Ele também estava interessa-
do em alterar o compor tamento por meio do condicionamento e em descobrir as leis
do comportamento durante esse processo. Sua contribuição ao behaviorismo foi adi-
cionar um novo elemento ao reper tório behaviorista: o reforço.
Skinner dava recompensas às cobaias de seus experimentos por se comportarem
da maneira que ele desejava. Dessa forma, fazia de qualquer animal um agente ativo
em seu próprio condicionamento.
O behaviorismo dominou a Psicologia acadêmica dos Estados Unidos até os anos
1960, quando ocorreu 0 que se chamou "revolução cognitiva", momento em que começou
a Perder influência. Entretanto, as pesquisas sobre percepção, personalidade, desenvol-
. tros tópicos que os behavioristas i
. . essoa1s e ou . &nora
vimento infantil, relações mteiP~ ·a.rn capazes de explicar. ~"ctl l
ue eles nao el
levantavam questões q
179
. mo a economia, a política, o Direito
~ particular, co ,a
borda 0 homem de uma 1orroa . . trabalha com o estudo da subjetividade
a . , ue a Psicologia .
história, a sociologia etc. - e q k Odair Furtado e Maria de Lourdes T. Tei-
frmamAnaBoc , -
Assim, conforme a I . h 0 roem em todas as suas expressoes, as Vi-
/ . · da Psicologia é o · )
xeiraa a matena-pnma . . , ·s (como os nossos sentrmentos , as sin.
, to) e as InVlSIVei
síveis (como o comportamen ) genéricas (porque somos todos assim).
0 que somos e as . . .
guiares (porque somos _ h no estão sintetizadas na subJetividade.
ressoes do uma
sendo que todas essas exp d definida como uma "(...) síntese singular
. 'd d - éinataepo eser
A subjetlvt a e nao . t indo conforme vamos nos desenvolvendo
d m de nós vai cons ruuL
e individual que ca a u . . e cultural· é uma síntese que nos identi-
• • A cias da vida soc1a1 , .
e vivenciando as expenen . la de outro lado na medida em que os
d . r única e que nos Igua , ' . . .
fica, de um la o por se ' . . dos no campo comum da obJetiVIdade
elementos que a constituem são expenencia
social" · 1 ·
. . 'd d social depende claramente da adaptação socla , ou se]a, que
A responsabih a e _ b · t · ·dade possam fazer
os sujeitos em sua individualidade, na expressao de sua su ~e IVl 1 ~. .d d d .
arte e contribuir com a vida em sociedade. A adaptação de uma co e IVI a e e. m-
P
. rmpr
divíduos que formam a sociedade torna-se, assim, · escindível para que ela exista
e se desenvolva.
3 BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEffiA, Maria de Lourdes Trassi.
uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. São
4 FOUCAULT, Michel. História da loucura. 7. ed. São
0 louco ora visto como ~encto Lun saber esot-é nco
• sobre Oli hnrrw1111 f• llllllHido um
cnber
" cós1n lco que rlWI'Iu vC'rdades secretas. Nessa época, n 1Oucura !li.Ali Inpl!llVIli~IIIII'ILI1
'•
., Huslio, dl'sn•grnmento de. conduLa• desvio mo ra1• pms
C'"' - o 1ouco 1omn o c rro ('!Jino
1
verdod<'. n nwiR l'll como r<"ohdadc. Nesse último sentido, a lou<'urn passarlua ser vifit.U
C(llOO oposiç!\o h nv.k\o, esta cn•endida como instância da vcrclucl~> e da 1\Jnmlhladf'
Na ldnde M~cltn 1' 1111 Renascimento, eram raros o~ C'ltsos de mt,rnnçl\fJ 1\c Jouc·os
rOl 1\0SJlilliS 1'• qu;u~clo ot·orraa. rt>ct•hiam o mt:>smo tratanwnto dlspens:ulo nos d~>muls
dOt'Jltcs, c·orn li;lllftrtas, purgn<;Ot's, Vl'ntosus e banhos.
':1 ,:; 1()(';t Cl:issw.a - st~ulos XVII e X\111-, os critérioo pam dP[Inir nloucum mn-
1
d.'l u!ío l'r:\11\ m6<hr.os - l l dc•signaç:\o de louco não dl'f*Odia dt• liTnfl c.:i(·nr.la nll'lli<:a l·:ssa
d!!~n:t~o:io t"n• Jl nhufda à pcrcE'pçào que instituições, como a igrE'jlt, n Jll!>llça e a rumilia,
unllàlll elo individuo, c os rntérios referiam-se à transgrt:ssllo da Jr-i r. damorahclade.
No fínul do :;~culo X\' li, foi criado em Paris o Hosp1Wl (lpmJ. Nesse hospital,
Ílllt'i<>li·SC ·a gr.mde intC'rnaçào". A população internada Pra hcH•rugl·nPn, embora
pudl>sst• srr a~:trupada t•rn quatro grandes categorias:
, os devassos (doentes venéreos);
11
b. f>S fl!ilicPtrml (profanadores);
c. os lihcrtinos; c
d. os IOIICOS
o llospital Geral não era uma instituição médica, mas o.ssislPnc:lnl. Nào havia
tratumPnto. Os loucos não eram vistos como doentes e, por isso, integravam um con-
junto composto por todos os segregados da sociedade.
....
iitddiopip:t
uwn-lkai-
Nesse período, buscava-se construir um conhecimento méllico sobre a loucu-
ra; contudo, a rnr.dicína da época não conseguia abarcar a complexidade de mani-
a nonnA ação ·· · · era moral e social; isto é, sua função estava voI\ a d a para
. da Pstqumtna
lllecJfcal·alll.açao do 1ouco, agora concebido corno capaz de se recuperar. 1ntc1a-se
· · a
•zação.
A cura da doença mental -o estatuto da loucura- m·orr~rla a !la
IIO\'O
uma liberdade vigiada e no isolamento. Estava preparado 0 caminho fJllr-d.o lillr~~
to ela Psiquiatria. '
.
O smtoma . -
apota·se c 1c m 511 ••1 origem orgânica. Existem mapas . cerebrais frut
localizam em cada área cerebral funções sensoriais, motoras•. élfetJvas, de int~
Seguindo essa abordagem <.lu doença, os quadros palológtcos são exaustiva~
dPscntos no sentido de quais dist urbios podem apresentar A doença mental é simpll:s. ou a'
mcute nmn doença orgânica, ch1 cl tratarln com medicamentos<' produtos Quinücos. dc>fit
dO q
• Ao lado da med1cação, devemos lembrar que a1nda são usados os eletrochoques, os choques tr.:i.: Nes!
nJCOS e, em casos mais graves. o internamento psiQuiátrico, para uma administração controlada;;
Sl\'li de med1camenros.
---.~============~pe~~~~~===~=·=·====~·~~~~·~~~-~l___j
das condt - mínimas de aut~~'""'Of\r.:vAiV
1 1
f'V\J
(Con11nuaçlo)
Esquizofrenia
caracteriza-se pelo afasta
Pl'otessodeceniJamenlo=~Wiidade. O incllvkbJ entra em
progressiVamente, entregue às 10. ro seu I1U'Clo inl.erkr,IIC3l'Ól
rêncla ou desagregação do ~Óilf~'ls fantasias Manllesla ~rcoe:
..Os~ dulfrlos são acentuados e~t ~ 10
m.1 ..... • ~~~ açOes e da e!e:Mdade
tomau,~ A
....mental da esQUI2tllrenla é SeJ ·"' carattetl$tica fun.
A abordagem
. psicologica encara a doença tnE'ntnl como<''"'"""""' - da
~'""' .,....IZaçao
personahdade.
A doença instala-se nu personalidade e leva a uma altl'raçao de sua ~strlllura
ou a 11111 desvio progressivo em seu desenvolvimento. Dessa fonm1, as doenças mentais
definem-se n partir dtl grau de perturbação da personalidade, Isto é, elo grau Llt> de!!vio
do que é consíclf!rado como comportamento padráo Olt t•omo personalidade normnl.
Nesse caso·
a. psicoses: sao consideradas como distúrbios da personalidade total, em·ol-
vendo o aspecto afetivo, de pensamento, de percepção de si e. do mundo;
b. neuroS(>S: r~>ferem-se a distúrbios de aspectos da p~>rsonulidade, permane·
cendo fntegms à capacidade de pensamento, de estabelecer relações afetivas,
mas a relação com o mundo é alterada.
Tanto a Psicologia quanto a Psiquiatria supõem um critério de normalidade,
embora se diferencit'm quanto à concepção da doença mental c de suas causas.
maques!JO~
exisf.el1l as
• As relaçõés entre o•roonat• eo'patológiro" gernram uma d'.scussáo k)yJa que repercute até na atualldéól
)SalivadaS..,
af()tic8Se Determinadas áreas do C'onheciroento cientifico estatwlecem padrões de com-
tloxJXe portamento ou de runcionanlf'nto do organismo sadio ou da personalidade adaptada
Esses padrões ou nor nuts referem-se a médias est attslicas do que se de\'e esperar do
organismo ou da pC'rsonalidadc, enquanto funcionamento e expressão.
O conceito ctc normal c> patológico, no entanto, pode ser relativizado. É fato que,
da perspectiva cultural, o qne em uma sociedade e considnado normal, adequado,
accit.o ou mesmo valorizado, em outra sociedade ou em o11tl'o momento hist.órico pode
ser considerado anormal, c!C'sviant.e ou patológico. Os unt ropólogos t.êm cont.rihutdo
enormemente para esclarecer essa questão da relat ividade cull~trnl do concC'ilo c dos
fPnõmenos normal e patológico.
' Segundo Michel Foucault "a doença só tem realidade e valor de doença no interior de uma cul·
tura que a reconhec-e como tal"
183
1
9-•
DADE DO SUJEITO DE DIREITO r
.. o DA PERSONALI . (
6· ACONSTITUI ÇA t talidade relativamente estável e
r
tida como a o PreVi
Personalidade pode ser t mentais que caracterizam a pessoa na ,,;d.
. ·se compor a •t a 1
sível dos traços emocionai . 11·
dições normais. . . b. t
cotidiana, sob con - . utável. Em condições anormaiS, ou SeJa~ so lntenso e ~
Ela, no entanto, nao é un. de eventos traumáticos, as caractensticas da Per.
(
prolongado estresse e sob o efeltO
~
sonalidade podem ser alteradas. . se porque o aumento da violência cotidiana e C•
~ ganha grande mteres ~
Esse fenomeno alh f miliar no trânsito etc. - vem disseminando
nflit seia no âmbito do trab o, a ' / . . 'fi· . (
...
dos co os - " ~ efeitos físicos e ps1qmcos s1gn1 catiVos.
. dade contemporanea, com
o estresse na socre . . d .da humana temos que os inctivíduos sofriam
Se pensai·mos nos pnmórdios
d
a Vl '
N sas ocasiões ou matavam ou morriam. Em d.
r
184
a. Tran~torno de personalidade paranoide: 0 indivíduo sempre interpreta de
man~u·a er~ada ou distorce as ações das outras pessoas, demonstrando des-
confiança Sistemática e excessiva. o comportamento é generalizado. Toma
medidas de segurança acintosas, inoportunas e ofensivas.
b. Transtorno de personalidade dependente: o indivíduo torna-se incapaz de
tomar, sozinho, decisões de alguma importância. Torna-se alvo fácil de pes-
soas inescrupulosas. Pode incorrer em sérios prejuízos porque não consegue
decidir ou encontrar quem o faça.
c. Transtorno de personalidade esquizoide: a pessoa isola-se, busca atividades
solitárias e introspectivas. Não retribui as mínimas manifestações de afeto.
Seu comportamento apresenta tendência a um contato frio e distante para
com os demais.
d. Transtorno de personalidade de evitação: a pessoa se isola, porém, sofre por
desejar o relacionamento afetivo, sem saber como conquistá-lo. O retraimento
social, marca importante desse tipo de transtorno, vem acompanhado pelo
medo de críticas, rejeição ou desaprovação.
e. Transtorno de personalidade emocionalmente instável: o indivíduo oscila
entre comportamentos extremamente opostos. Seus relacionamentos podem
ser intensos, porém, são instáveis. Ocorrem acessos de violência, e a falta de
controle dos impulsos pode ser marcante.
f. Transtorno de personalidade histriônica: manifesta-se no uso da sedução,
na busca de atenção excessiva, na expressão das emoções de modo exa-
gerado e inadequado. Procura satisfação imediata, tem acessos de raiva e
sente-se desconfortável quando não é o centro das atenções. Os relacio-
namentos interpessoais não são gratificantes, apesar de serem intensos.
É comum a presença de transtornos de ansiedade, depressão e conduta
suicida, habitualmente sem risco de perder a vida, além de alcoolismo e
abuso de outras substâncias psicoativas.
Transtorno de personalidade antissocial: também denominado psicopatia,
sociopatia, transtorno de caráter, transtorno dissociai, dentre outros. A
ciência não chegou a conclusões definitivas a respeito de suas origens, de-
senvolvimento e tratamento. Os psicopatas, que são os indivíduos acometidos
dessa espécie de transtorno, manifestam crueldade fortuita. Apresentam um
padrão de comportamento invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos
outros. A psicologia forense o denomina transtorno de conduta. A reduzida
tolerância à frustração, nesses indivíduos, conduz à violência fácil e gratuita;
os mecanismos de defesa inconscientes de eleição são a racionalização e a
projeção, indicando outrem ou a própria sociedade como unicamente culpada
e responsável por seus atos. Não aprende com a punição. Importante ressaltar
que é a conduta reiterada, a habitualidade e outros aspectos de personalidade
que indicam a presença do transtorno, e não a violência do crime.
IMPUTABILIDADE, SEMI-IMPUTABILIDADE
1· INCAPACIDADE RELATIVA EPLENA.
EINIMPUTABILIDADE · d , 't·
·dade está relaciona a a pra 1ca de atos
- ·vil a capac1
Nos termos da legislaçao Cl , . " . e administrar patrimônio.
contrair matnmomo
da vida civil, por exemp1o, taça- 0 de acordo com a sua exposição
t ua regu1amei1
. .
o Código Civil fundamen a~ . d p .cologia' distinguindo as enfermidades
'd" da Psiqmatn a e a sl ' , . .
de motivos, em subs1 lOS te" determinando aquela a Incapacidade
ou retardamento mental da "fraqueza da men ,
absoluta e esta a relativa.
Vejamos a letra da lei:
"t se deveres na ordem civil.
Art. 1o Toda pessoa é capaz de d Irei o
o
De acordo com os dispositivos legais acima referidos, temos que, com exceção
do inciso I, que diz respeito a uma norma de critério objetivo- a idade-, os demais
incisos contêm aspectos de relevante interesse, no que diz respeito à interseção entre
Direito e Psicologia.
Os indivíduos enquadrados nas referidas disposições legais necessitam de re-
presentação, para que seja suprida a incapacidade legal absoluta.
De acordo com o art. 4° do Código Civil vigente, são incapazes relativamente a
certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de
dezoito anos; II- os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência
mental, tenham o discernimento reduzido; III- os excepcionais, sem desenvolvimen-
to mental completo; IV- os pródigos.
Assim, a incapacidade relativa refere-se a situações próximas da normalidade
I
necessitando o indivíduo de assistência, por ter sua capacidade de discernimento re-
duzida, mas não abolida.
De acordo com o art. 1.767 do Código Civil vigente, estão sujeitos à curatela:
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvol-
vimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
• A med1da. desegurança tem natureza preventiva e é aplicada por prazo indeterminado, baseando-se
na característica de periculosidade do sujeito.
188
O trauma ocasiona:
- perda ou redução do sentimento de autoeficácia·
modificação da autopercepç-ao, sentrmentos
. '
de mutilação .
de ódio do própno
corpo, de contaminação; '
transformação
. . da percepção do mundo, com redução drástica das perspec-
tivas e necess1dades básicas·
'
adoção de comportamento de fuga , de ev1·taça-0 , de agress1v1· 'dade;
alteração profunda de caracte rí st'1cas de personahdade
. ·
em geral reduzmdo
a interação social; '
- desenvolvimento de diversos transtornos mentais, como a ansiedade e a
depressão, dentre outros sintomas.
DE PENSAMENTO E DE PERCEPÇÃO
8.4 · TRANSTORNOS s de pensamento e de percepção é a
1"1 d aos transtorno .
A principal doença ga a _ . delírios que são pensamentos mapro-
. . . . tomas sao os ,
esquizofrenia. Os prmc1pals sm f que tomam conta do pensamento do
· í · juízos a1sos -
priados incorretos, 1mposs vels, uma identidade. Nao podem serra-
' . p d ser uma crença,
indivíduo e o dommam. 0 em . . como verdade incontestável, apesar
0 · d · ,d 0 Vlvenc1a-os
111
cionalmente corrigidos. lVl u "das por terceiros. Ocorrem, também
- , · d falsidade trazl '
de comprovaçoes log1cas e sua ' _ Re+erem-se a falsas impressões de
- d · t' bio de percepçao. .L'
alucinações, que sao um lS ~: . _ t t gosto e olfato). A percepção ocorre
qualquer um dos sentidos (v1sao, audiçao, a 0 •
sem a presença do estímulo.
9.1· JULGAMENTO
Ojulgamento é o método tradicional de solução de conflitos. O Poder Judiciário
decide, fundamentado na apreciação dos fatos e na aplicação do Direito, em sentença
que vincula as partes. O juiz representa o poder de decisão. As partes encontram nele
a autoridade suprema. Ele é o responsável pelos resultados. O certo ou o errado, o
justo ou o injusto não pertence às partes, mas fica a critério do julgador. O mesmo se
aplica quando há a figura do corpo de jurados (no tribunal do júri) ou, ainda, a figura
do perito e do assistente técnico. Dessa forma, o Judiciário, com o apoio da lei, repre-
senta o conjunto de valores e crenças que justificam os resultados e que indicam o
caminho socialmente compartilhado.
Os métodos extrajudiciais de solução de conflitos são a arbitragem, a negociação,
a conciliação e a mediação. Cada um desses métodos possui metodologia específica e
aplica-se a determinadas situações.
9.2· ARBITRAGEM
· 1 ass1·rn como o julgamento. Nela a decisão cabe a um
É um m étod o a d versana ,
terceiro , ·b't lhido pelas partes. O método aplica-se quando há "cláusula
, 0 ai 1 ro, esco . .
comp. · . - omisso arbitral firmado pelos mteressados.
I om1ssóna", ou entao compr
~!3Jundca
Ao contrário do que ocorre no julgamento, em que um juiz indicado r
t t d E epres
an e o stado decide a lide, na arbitragem as partes escolhem quem será 0 á :l\-
ou quem serão os árbitros. Assim, temos que a decisão cabe a alguém de confia:bltro
ambas as partes J. á que 0 escolheram tendo em vista, além da idoneidade 0 co çha ele
' ' n ec·1
mento que tem sobre o objeto do litígio. '
9.3· NEGOCIAÇÃO
Muito utilizada para situações que envolvem bens materiais. As perdas e ganhos
de cada parte são avaliadas para se chegar a um objetivo claramente definido.
Cumpre ressaltar que a negociação está presente na conciliação e na mediação, corno
urna de suas fases. Ela pode ocorrer também durante o processo de arbitragem ou mesrno
durante o processo judicial, com a participação de promotores, advogados, árbitros etc.
• Esgotada a possibilidade de solução pelas partes, o judiciário deve decidir, usando como instrumento
oconhecimento oriundo da prática interdisciplinar.
~~JurídiCa
ç~v
·
Também é importante salientar que, no caso da perícia psicológica, há a e . ~óo ·ve
gência de uma apresentação formal dos laudos, que devem obe.decer ao rigor étic:- clvG~Ó
~f(lí'
técnico, apresentando, além do diagnóstico, possíveis prognósticos. e
. . .
Na prática clímca, os prontuános dos pac ientes podem conter inform
· ações óíÓ~
. . . ó ·ca do terapeuta. ce ·ó~
d1versas, orgamzadas de acordo com a lmha te n tO!l
. . . , . .
aspectos psicológicos envolvidos no conflito.
rJ~ ~
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou te!(\c
. . · ·to segundo disposto no art. 421
científico o JUiz será assistido por per1 ' · tel1d
Art. 436. ~juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua
convicção com outros elementos ou fatos provados nos ~utos. detE
Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício ou a requenmento da ~a~te, cri~
a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficien- aliJl
temente esclarecida. pei1
tod
Além do perito, podem atuar no processo os assistentes técnicos, designados
pelas partes ou pela promotoria. Isso tendo em vista a efetivação do princípio do con-
traditório, em que as partes têm ampla possibilidade de apresentar todos os meios da:
legítimos de defesa no processo. su:
Com a separação, o divórcio ou a ruptura da união estável, o pátrio poder será tÓ1
exercido pelo pai e pela mãe. Caso haja divergências quanto a esse exercício, o judi- tr:
ciário poderá ser acionado (arts. 1.630 e 1.638 do Código Civil vigente).
Os pais têm amplo poder sobre seus filhos, podendo educá-los nos moldes de CE
PsiCOJogb3 Jurid ca
11· PSICOLOGIA E DIREITO PENAL
Desde o surgimento da criminologia, com Cesare Lombroso e 0 Tr
tropológico experimental do homem delinquente, no século XIX e a cttC!Qo ~
. . ' crenç li.
o comportamento criminoso tinha origem no ataVIsmo, mmtos foram adeq1
. . .· . . osent ~
teonas e hipóteses acerca do cri me, da pessoa do CI LJ.lUiloso, da vit1ma e das .oqur,
.. tá . IUOtJv ,
para os atos criminosos, de acordo com as 1atXas e n as, caracteristicas ét . ~
· · · lllca9
racterfsticas psicológicas e comportament.a1s, rrucross1stemas sociais •ta.
. · al p õ ut· ' &ruPos
atuação, escolaridade, especialidade pro f tsston •. 0 ç_ es po Jcas, religiosas et 11..
Muitas são as hipóteses a respeito da mot1vaçao para a delinquênct c.
a. Dent
outras, destacam-se: l'l!
a. A predisposição genética, que marca a relação entre fatores genéticos ec
portamento criminoso. Existem estatísticas que apontam para o fato d Ort. psiCO
a probabilidade de haver condenados a delitos graves é maior dentre a e~ tiC3- C
200
manipulada pa ra manifestá-los d
formas, a f"d
1 ed'Igm'dade deles. e forma distorctda,
. comprometendo, de ambas as
O depoimento do doente
mental é outro L •
ressaltar, nesse contexto, que existe . ema tmporLante e polêmico. Cumpre
· · do d oen t e mental. Este co
nttiVO m vá nas grad açoes
- de comprometimento cog-
.. . • m compromel'
de emtttr relatos ftdedignos que Lmento leve ou até médlo é passível
. . ' Poc1em ser levad . ' processo
judictal. os em constderaçllo no
A confissão consiste na exp ostç
. à o voluntária à ·
tada com as provas presentes nos t pumção. Ela é sempre confron-
au os. O questio
principalmente, às causas que leva . . , · namento que surge diz respeito,
m o mdiv1duo a con~ . .
mujtas vezes, à penalização. essar um crune e a se antec1par,
Muitas são as razões que levam 0 . .
ato delituoso. Dentre elas se desta . mdlV~duo a assumir a própria culpa por um
nfi _ cam. 0 senttmento de culpa, a expectativa de que
com a co ~ds~o, ~ua pena será suavizada, ou mesmo uma antecipação tendo em vis~
ta que a .ev1, enc1a dos fatos vai levá-1o de qualquer forma à condenação.
' Existem
também mumeras
. razões que· levam
· à f a1sa con fis sao:
- proteger um parente ou uma
pessoa afetlvamente próxima, a tortura-física ou psicológica- sofrida pelo sujeito etc.
alcance.
p assim que sen.a mms. a d equado falar em estado de "equilíbrio" dos
ensamos,
três aspectos apontados' pela própna
. d efmiÇ
' . ão da OMS: 0 estado físico, o mental e o
16· CONCLUSÃO
De acordo com o que afirmamos na introdução do presente capítulo, a nossa
função no correr do presente texto se circunscreveu a apontar os principais temas
que tocam o elo entre Psicologia e Direito no Brasil, na atualidade. Certo é que muitos
outros temas poderiam ter sido alocados no nosso contexto, já que a psicologia jurídi-
ca configura disciplina que vem se tornando cada vez mais importante e que vem cada
vez mais ocupando espaço junto ao Direito no contexto das demandas da nossa tão
complexa sociedade.
Cumpre ressaltar que, apesar da abordagem sucinta dos temas, não pecamos
por omissão, tanto na abordagem de temas que notoriamente envolvem o vínculo en-
tre Psicologia e Direito e que assumem uma nova roupagem a cada dia: no direito de
205
. tema acerca da prectotni.
família com as novas formas de LUÚào homoafeLJva, com0 0 xi"em vigilân .
' . . ntais que e e. cta e
nância na sociedade moderna de famflias monopare • r dar de forma adequact
constante atualização por parte de juristas e psicólogos para 1 a
com esses temas. . Direito com
Também as novas necessidades de incursão da Psicologia no o na
ciedade •e a rrúd'
avaliação da verdade em jufzo e as relações do judiciário com a 80 la
foram abordadas.
17· REFER~NCIAS
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ATKINSON, Rita L . et ai. Introdução à psicologia. 13. ed. São Paulo: Artmed,.2002.· .
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CARPIGIANI, Berenice (Org.). LugaTes da psicologia. São Paulo: Vetor Editora, 2008.
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