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2· OS PRIMÓRDIOS DA PSICOLOGIA

A origem etimológica da palavra "Psicologia'' comporta dois termos de Orin.


-'6ell\'
Psique alma, mente, espirito ~
Logos razão, lógica ou estudo ~
~
Etimologicamente, podemos conceber a Psicologia como "o estudo da rn
· a Ps1co
Ou SeJa, · 1og1a ·~ · que est uda a menteente~·
· pode ser tida como o ramo da c1enc1a
fenômenos a ela associados. e Os
No entanto, o conceito de Psicologia comporta inúmeras definições, de acord
com a postura teórica de quem a define. Essa disciplina é formada por um &rando
mosaico de linhas teóricas, desde aquelas que valorizam o enfoque das ciências bi:
lógicas, e sua expressão no comportamento, até aquelas chamadas de psicodinârnicas
que privilegiam o enfoque do "mundo interno" do indivíduo. ,
Partindo de uma divisão meramente didática, temos que, para a primeira ver-
tente da Psicologia acima referida, a Psicologia consiste "no estudo científico do
comportamento e dos processos mentais".
A segunda vertente das linhas teóricas em Psicologia tem como expoente má-
ximo a Psicanálise, que é um "termo criado por Sigmund Freud para nomear um mé-
todo particular de psicoterapia pautado na exploração do inconsciente". Ela configu-
ra, ao mesmo tempo, um método psicoterápico e um sistema de pensamento.
Tomando como base a definição da Psicologia baseada na ciência biológica, a
fim de a ela contrapor uma definição de Psicanálise, podemos defini-la como o estudo
dos processos mentais, especialmente os inconscientes, que se expressam nas mais
diversas formas de comportamento.
O surgimento da Psicologia como ciência se deu em laboratório, em meio a expe-
rimentações envolvendo o funcionamento mental dito "normal". No entanto, a preocu-
pação com o funcionamento mental "anormal" assumiu importância para a Psicologia
já no seu início como ciência, ou seja, no final do século XIX e início do século XX.
Até meados do século XIX, na fase chamada pré-científica da Psicologia, não
havia qualquer forma de assistência específica aos doentes mentais. os chamados
"loucos" moravam nas ruas ou eram encarcerados em prisões como os presos comuns
ou em celas especiais das Santas Casas de Misericórdia.
Foi somente no final do século XX que começou a ser aplicado 0 método cien-
tífico às questões que intrigaram os filósofos durante muitos anos, e só então a Psico-
. t rnou uma disciplina formal e científica, separada da Filosofia
~~~o . . .
A Psicologia nasceu, assun, no século XIX, mais especificamente em 1879, ano
Wundt fundou o primeiro laboratório de Psicologia na Universidade de
emque Wilhe1m
.'7i" na Alemanha. Wundt desenvolveu a concepção do paralelismo psicofísico. De
LeiP-o• ~ ~
ncepção, os 1enomenos ment a1s
·
correspondem aos fenôme ga"'_
acordo com essa Co nos or
Formação humanística em dreto
171
nicos. Cria o método chamado
. . introspecciOrusmo
. . d
tador perguntava ao SUJeito especialm t . ' e acordo com o qual o experimen-
, . ' en e tremado
que o estnnulo sensonal p erfazia em . . para a autoobservação os caminhos
seu mtenor. '

3· A EVOLUÇÃO DA PSICOLOGIA COMO CI~NCIA


3.1· A PSICANÁLISE
No final do século XIX e iníc1·0 do s é cu1o XX m · .
da publicação da Interpretação dos S h ' ais precisamente em 1900 - ano
on os- o neu 1 ·
Freud, revolucionou o status quo da p . . ' ro ogista austríaco, Sigmund
s1co1ogm até ent- c · .
base em suas exp eriências clínica . ao. n ou a Psicanálise, com
s, por mew de pacientes histéricas
Freud sustentava ' em oposição aos seus antecessores · h
não são tão racion ais quanto· . , que os seres umanos
1magmam e que h d ·
te para Wundt, é uma grande ilusão o c ama o livre arbítrio, tão importan-
_ . . · Na verdade, segundo Freud, somos motivados
. puldsoes mconsc1entes que não estã0 d1Sporuve1s
por · , . na dimensão
. racional e cons-
Ciente e nossa mente.

• De acordo com o que expomos até agora, temos que, no início do século XX, a Psicologia via-se como
o estudo dos processos mentais, inconscientes (Psicanálise) ou conscientes, tidos como pequenas uni-
dades e componentes (estruturalismo).

Entretanto, no início da década de 1920, uma nova geração de psicólogos se


rebelou contra essa abordagem. Quem liderou essa nova postura foi 0 psicólogo norte-
-americano John B. Watson.

3.2· OBEHAVIORISMO
Para Watson, a Psicologia era o estudo de comportamentos observáveis, men-
suráveis, nada mais. Para ele, uma criança nada mais era do que uma tábua rasa sobre
a qual suas experiências poderiam escrever praticamente qualquer coisa.
B. F. Skinner, assim como Watson, acreditava que os psicólogos deveriam estu-
dar apenas o comportamento obser vável e mensurável. Ele também estava interessa-
do em alterar o compor tamento por meio do condicionamento e em descobrir as leis
do comportamento durante esse processo. Sua contribuição ao behaviorismo foi adi-
cionar um novo elemento ao reper tório behaviorista: o reforço.
Skinner dava recompensas às cobaias de seus experimentos por se comportarem
da maneira que ele desejava. Dessa forma, fazia de qualquer animal um agente ativo
em seu próprio condicionamento.
O behaviorismo dominou a Psicologia acadêmica dos Estados Unidos até os anos
1960, quando ocorreu 0 que se chamou "revolução cognitiva", momento em que começou
a Perder influência. Entretanto, as pesquisas sobre percepção, personalidade, desenvol-
. tros tópicos que os behavioristas i
. . essoa1s e ou . &nora
vimento infantil, relações mteiP~ ·a.rn capazes de explicar. ~"ctl l
ue eles nao el
levantavam questões q

3.3· A GESTALT mo em Antropologia, em Linguística ern l.t


t 1, áreas co ' ~~eu
Pesquisas em ou as ~ ' meçavam a lançar novas luzes nos trabal.h to.
biologia e Ciência da Computaçao, co os tea.
lizados sobre a mente. er 0 behaviorismo não como uma teoria abran
0s
psicólogos
. passavam acorno uma das peças de um quebra-cabeça. Ele&ente
v
ou um paradigma, mas apenas h s co.
ro da "caixa-preta", que é a mente umana, e a colocar ma·
meçaram a olhar dent .
o seres conscientes, percept1vos . aprendi ts
e a1ertas
ênfase nos seres humanos Com zes
ativos, e não receptores passivos das experiências humanas.
A Psicologia da Gestalt começou a aparecer na Alemanha em torno da primeira
década do século XX. Gestalt é uma palavra alemã que significa "forma" ou "confi.
guração" e foi usada para referir-se à abordagem criada por Max Werheimer e seus
colegas Kurt Kafka e Wolfgang Koeler. Os psicólogos da Gestalt tinham como foco de
estudo a percepção e acreditavam que as experiências perceptivas dependiam dos
padrões formados pelos estímulos e da organização da experiência.
O que realmente vemos está relacionado com o pano de fundo contra o qual
aparece um objeto, bem como com outros aspectos do padrão geral de estimulação.
5·HOI
• Para os psicólogos adeptos dessa linha teórica (Gestalt), o todo é diferente da
soma das partes, uma vez que o todo depende dos relacionamentos entre as partes.
gaçõe

4· A PSICOLOGIA JURÍDICA velqt


A Psicologia Jurídica encontra diversas formas acolhidas pela doutrina. Assim, dord
pode-se falar em2: corne
dest
Psicologia do Direito tem por objetivo explicar a essência do fenômeno J·urídico ou seja, a
fundamentação PSICO
· 1og1ca
• • . .
do D1re1to ' • •
uma vez que essa disc1phna estâ
repleta de conteúdos psicológicos. ' --
Psicologia no Direito estuda a estrutura das normas JUndicas
. , enquanto estímulos vetores
das condutas humanas.
Psicologia para 0 Direito apontando-se 0 pap 1 d . . -:-:-
lado d M d' . e a Psicologia como ciência auxiliar ao D1re1to ao
a e 1c1na Leoa! · Antropolog1a,
. Sociologia
. etc. ---
A Psicologia Jurídica pod . .
conteu' dos tendentes a contr'b e .ser defiruda
1 urr na elab
· como: o ramo da Psicologia portador de
- de normas jurídicas socialmente
oraçao
2 TRINDADE, Jorge. Manual de . .
PSMolog~a
Alegre: Livraria do Ad vogado, 2007, ta:
p. 25. jurtdi ca Para operadores do direito. 4. ed. porto
178
uau•a.::>· assim como promover a efetivação dessas normas ao colaborar com a
u.t.G.....
Q .v do sistema de aplicação das normas jurídicas.
A Psicologia Jurídica surgiu atrelada à Psiquiatria. Estendeu, no entanto, sua
e sua prática para além de seu foco de origem, ou seja, para além do estudo da
Partindo da avaliação das chamadas condutas ditas anormais, ela alcançou
das condutas ditas normais.
É, especialmente, a partir dessa segunda abrangência que podemos situar os
is ramos do Direilo na seara de Psicologia Jurídica: a Psicologia ligada ao Direi-
·1, ao Direito do Trabalho, ao Direito Administrativo, ao Direito da Criança e do
·--··"""•"', dentre outras.
Na atualidade, vislumbramos novas abordagens em Psicologia no que diz res-
a esse "novo" objeto- as condutas ditas normais-, que vêm sendo muito valori-
. Como exemplo desse novo enfoque, podemos situar:
a. a Psicologia do Testemunho, pelas quais se investiga a fidedignidade do
relato do sujeito no processo em audiência forense;
b. os mecanismos autocompositivos, como a conciliação, a arbitragem e a
mediação e a relação do magistrado com os meios de comunicação, por
exemplo, as atitudes cabíveis ao magistrado diante do assédio da mídia em
um processo de grande repercussão social, dentre outros.

HOMEM, SOCIEDADE E DIREITO


Pensamos ser impossível conceber o indivíduo como sujeito de direitos e obri-
sem pensar na sociedade como mediadora da relação entre homem e Direito.
E abordar essa relação a partir da perspectiva da Psicologia torna imprescindí-
que nos debrucemos sobre conceitos, como o de subjetividade - objeto diferencia-
da Psicologia das demais ciências -vinculado à responsabilidade social, assim
abordar o Direito como produção social e sua relação com as diferentes formas
subjetividade.
É necessário, ainda, abordarmos as diferentes formas de expressão da subjeti-
: as chamadas neurótica, psicótica e perversa e suas conexões com a normati-
formal - a lei.
Também o desvelamento do conceito de autonomia da vontade em contraposi-
ao conceito de doença mental torna-se necessário. A divergência entre saúde
mental e transtorno mental são, igualmente, imprescindíveis para que se possa com-
preender a formação da personalidade e seus transtornos.

5.l PSICOLOGIA ESUBJETIVIDADE


A Psicologia aborda seu objeto de diferentes enfoques, como a partir do compor-
tamento, do funcionamento do inconsciente, da consciência etc. Mas o que diferencia a
Psicologia dos demais ramos das ciências humanas -já que cada uma dessas ciências

179
. mo a economia, a política, o Direito
~ particular, co ,a
borda 0 homem de uma 1orroa . . trabalha com o estudo da subjetividade
a . , ue a Psicologia .
história, a sociologia etc. - e q k Odair Furtado e Maria de Lourdes T. Tei-
frmamAnaBoc , -
Assim, conforme a I . h 0 roem em todas as suas expressoes, as Vi-
/ . · da Psicologia é o · )
xeiraa a matena-pnma . . , ·s (como os nossos sentrmentos , as sin.
, to) e as InVlSIVei
síveis (como o comportamen ) genéricas (porque somos todos assim).
0 que somos e as . . .
guiares (porque somos _ h no estão sintetizadas na subJetividade.
ressoes do uma
sendo que todas essas exp d definida como uma "(...) síntese singular
. 'd d - éinataepo eser
A subjetlvt a e nao . t indo conforme vamos nos desenvolvendo
d m de nós vai cons ruuL
e individual que ca a u . . e cultural· é uma síntese que nos identi-
• • A cias da vida soc1a1 , .
e vivenciando as expenen . la de outro lado na medida em que os
d . r única e que nos Igua , ' . . .
fica, de um la o por se ' . . dos no campo comum da obJetiVIdade
elementos que a constituem são expenencia
social" · 1 ·
. . 'd d social depende claramente da adaptação socla , ou se]a, que
A responsabih a e _ b · t · ·dade possam fazer
os sujeitos em sua individualidade, na expressao de sua su ~e IVl 1 ~. .d d d .
arte e contribuir com a vida em sociedade. A adaptação de uma co e IVI a e e. m-
P
. rmpr
divíduos que formam a sociedade torna-se, assim, · escindível para que ela exista
e se desenvolva.

5.2 · PSICOLOGIA EORGANIZAÇÃO SOCIAL


A relação entre a Psicologia e a organização social está, entre outras, em de-
tectar a relação entre a subjetividade adaptada e aquela que não se adapta ao con-
texto social.
Nesse sentido, é importante lembrar que, embora o sofrimento psíquico possa
levar à desadaptação social e esta possa determinar uma ordem de distúrbio psíquico,
não se pode sempre estabelecer uma relação de causa e efeito entre ambos.
Dessa forma, torna-se questionável a utilização exclusiva de critérios de ade-
quação social para a avaliação psicológica do indivíduo enquanto normal ou doente.

5.3· FOUCAULT EA HISTÓRIA DA LOUCURA


Seguindo essa linha de pensamento, temos em Michel Foucault4 uma importan-
te contribuição para a compreensão da constituição histórica do conceito de doença
mental.
Sua pesquisa baseou-se em documentos encontrados em arquivos de prisões,
hospitais e hospícios. Na periodização histórica que utiliza, o autor inicia seu trabalho
pelo Renascimento - século XVI- período no qual o louco vivia solto, errante, expul-
so das cidades, entregue aos peregrinos e navegantes.

3 BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEffiA, Maria de Lourdes Trassi.
uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. São
4 FOUCAULT, Michel. História da loucura. 7. ed. São
0 louco ora visto como ~encto Lun saber esot-é nco
• sobre Oli hnrrw1111 f• llllllHido um
cnber
" cós1n lco que rlWI'Iu vC'rdades secretas. Nessa época, n 1Oucura !li.Ali Inpl!llVIli~IIIII'ILI1
'•
., Huslio, dl'sn•grnmento de. conduLa• desvio mo ra1• pms
C'"' - o 1ouco 1omn o c rro ('!Jino
1
verdod<'. n nwiR l'll como r<"ohdadc. Nesse último sentido, a lou<'urn passarlua ser vifit.U
C(llOO oposiç!\o h nv.k\o, esta cn•endida como instância da vcrclucl~> e da 1\Jnmlhladf'
Na ldnde M~cltn 1' 1111 Renascimento, eram raros o~ C'ltsos de mt,rnnçl\fJ 1\c Jouc·os
rOl 1\0SJlilliS 1'• qu;u~clo ot·orraa. rt>ct•hiam o mt:>smo tratanwnto dlspens:ulo nos d~>muls
dOt'Jltcs, c·orn li;lllftrtas, purgn<;Ot's, Vl'ntosus e banhos.
':1 ,:; 1()(';t Cl:issw.a - st~ulos XVII e X\111-, os critérioo pam dP[Inir nloucum mn-
1
d.'l u!ío l'r:\11\ m6<hr.os - l l dc•signaç:\o de louco não dl'f*Odia dt• liTnfl c.:i(·nr.la nll'lli<:a l·:ssa
d!!~n:t~o:io t"n• Jl nhufda à pcrcE'pçào que instituições, como a igrE'jlt, n Jll!>llça e a rumilia,
unllàlll elo individuo, c os rntérios referiam-se à transgrt:ssllo da Jr-i r. damorahclade.
No fínul do :;~culo X\' li, foi criado em Paris o Hosp1Wl (lpmJ. Nesse hospital,
Ílllt'i<>li·SC ·a gr.mde intC'rnaçào". A população internada Pra hcH•rugl·nPn, embora
pudl>sst• srr a~:trupada t•rn quatro grandes categorias:
, os devassos (doentes venéreos);
11
b. f>S fl!ilicPtrml (profanadores);
c. os lihcrtinos; c
d. os IOIICOS
o llospital Geral não era uma instituição médica, mas o.ssislPnc:lnl. Nào havia
tratumPnto. Os loucos não eram vistos como doentes e, por isso, integravam um con-
junto composto por todos os segregados da sociedade.

:O~pa • ocntérlo da exclusão baseava-se na madequação do louco à vida SOCial.

....
iitddiopip:t

uwn-lkai-
Nesse período, buscava-se construir um conhecimento méllico sobre a loucu-
ra; contudo, a rnr.dicína da época não conseguia abarcar a complexidade de mani-

riill•- festações da loucura.


Na s<.>.gundíl metade do sécuJo X\111, iniciaram-se as r eflexões médicas e filo-
sóficas que situavam a loucura como algo que ocorria no interior do próprio homem,
como a perda da natureza própria do homem, ou seja, alienaçào.
Criou-se, então, a primeira instituição destinada exclusivamente à reclusão dos
IQuc;os: asilo. A mentalidade da época considerava injusto para com os demais presos
a tonvivênclu com os loucos. Os métodos terapêuticos utilizados nos asilos, segundo
l~oucaull, eram sobre: a religião, o medo, a culpa, o Lrabalho, a vigilância, o julgamento.

• omédico passou aassumir o papel de autoridade máxima.

a nonnA ação ·· · · era moral e social; isto é, sua função estava voI\ a d a para
. da Pstqumtna
lllecJfcal·alll.açao do 1ouco, agora concebido corno capaz de se recuperar. 1ntc1a-se
· · a
•zação.
A cura da doença mental -o estatuto da loucura- m·orr~rla a !la
IIO\'O
uma liberdade vigiada e no isolamento. Estava preparado 0 caminho fJllr-d.o lillr~~
to ela Psiquiatria. '

5.4· ONORMAL E OPATOLÓGICO PARA A PSIQUIATRIA E PARA A PSICOLOGIA


A Pslqtúatria clássi<':t <'UIINidt•w us .sj n 1omn.~ corno RlnuJ de• urn, diswru 11:~<Jtq
l.,

nico. Assim, a doença mt•IH ai t\ lllllil t•specu'!


1 • ele ciocnça c·Prl'lm\1 Ruu ori8ern "·
t'IHfóA<'na, vem de dentro dn !ll'f.lllllfllmo, 0 5e re feri' u ri 11-(1111\f\ 1C'IHiu ri I.! nutur ~~~
e?-'~ ar,~
teuuka ou distúrbio fi~;u,l(lgko ('l'l'<'hrul .
Falu-se. mesmo na CJilllltic•n da loucura, e inúmeras pesc!uJsus tWsse SPfltÍI'l(, en.
c•m :mdmuPnto. Nt>ssa 'abonlagt>m, a 1~11m d'IS túrbioouanomalladaestrutura. . -...o
0 u fu1 ~
. . do comporlamento•da aft'tl\'lclaclt•, do rensa!nAr.._
uam~~uo cereLraJ )e\'a~HiisiUrhJos ~--.."0~ 1.

.
O smtoma . -
apota·se c 1c m 511 ••1 origem orgânica. Existem mapas . cerebrais frut
localizam em cada área cerebral funções sensoriais, motoras•. élfetJvas, de int~
Seguindo essa abordagem <.lu doença, os quadros palológtcos são exaustiva~
dPscntos no sentido de quais dist urbios podem apresentar A doença mental é simpll:s. ou a'
mcute nmn doença orgânica, ch1 cl tratarln com medicamentos<' produtos Quinücos. dc>fit
dO q
• Ao lado da med1cação, devemos lembrar que a1nda são usados os eletrochoques, os choques tr.:i.: Nes!
nJCOS e, em casos mais graves. o internamento psiQuiátrico, para uma administração controlada;;
Sl\'li de med1camenros.

Nllo é possível discutir a questão da normalidade e ela patologia sem retomar


as contribuições de Freud para a Questão.
Para a Psicanálise, o que dist i11gue o normal do anormal é llnta questão de grau,
e não de natureza, isto é, nos indivíduos normais e nos Ullot'mais cxlsLem as mesmas em
estruturas de personalidade c de C'Ollletldos, que, se mais ou me110S alivadas, são res·
ponsá\'eis pelos distúrbios no indivíduo. Essas são as estruturas neuróticas e psicóticas •
f'reud tomou a terminologia da Psiquiatria clássica do sé<:ulo XIX e definiu os
quadros clínicos da seguinte forma:
PC
Neurose E!
os sintomas são expressão simbólica de um conflito psíquico que tem OI
suas rafzes na história Infantil do 1ndivfduo. opsiquismo encontra-se
-;;Ps:;l=c-=o-=-=
se------~llg!!.!:ad~o.!:!.à realidade, ea personalidade é ada_Etada'::..·----:-.;:-
caracteriza-se por um delírio mais ou menos sistematizado, articuladO
sobre um o~ vários temas. Não existe deterioração da capacidade lllle-
J~J. AQw se 1ncluem os delirios de perseguição e de gra00el4 A
~ l~clta osujeito, na medida em Que inviabiiJza oplenO~­
~de atMdade laboral e. por vezes, impede aconstrução de~
afetivos d~ra~ros - a constituição de famma - tendo em vista as

---.~============~pe~~~~~===~=·=·====~·~~~~·~~~-~l___j
das condt - mínimas de aut~~'""'Of\r.:vAiV
1 1
f'V\J
(Con11nuaçlo)
Esquizofrenia
caracteriza-se pelo afasta
Pl'otessodeceniJamenlo=~Wiidade. O incllvkbJ entra em
progressiVamente, entregue às 10. ro seu I1U'Clo inl.erkr,IIC3l'Ól
rêncla ou desagregação do ~Óilf~'ls fantasias Manllesla ~rcoe:
..Os~ dulfrlos são acentuados e~t ~ 10
m.1 ..... • ~~~ açOes e da e!e:Mdade
tomau,~ A
....mental da esQUI2tllrenla é SeJ ·"' carattetl$tica fun.

....---- uma deterioração Intelectual e atu:QU.ldro I'Jiogrcss~vo. ~ leva a


Amania e a melancolia ou caracteriza-se pela oscilação entre 0 estado
psicose manlaco-depresslva nia) e estados depressivos (melancot~a). Na~=eutooa (ma .
pode se negar ao contato com o outro Mil se , o lndMduo
não se preocupa com cuidados ~ls ~..!~tom o oouo,
soai) e pode mesmo, em casos maiS aves, ~O:~ oe:r

A abordagem
. psicologica encara a doença tnE'ntnl como<''"'"""""' - da
~'""' .,....IZaçao
personahdade.
A doença instala-se nu personalidade e leva a uma altl'raçao de sua ~strlllura
ou a 11111 desvio progressivo em seu desenvolvimento. Dessa fonm1, as doenças mentais
definem-se n partir dtl grau de perturbação da personalidade, Isto é, elo grau Llt> de!!vio
do que é consíclf!rado como comportamento padráo Olt t•omo personalidade normnl.
Nesse caso·
a. psicoses: sao consideradas como distúrbios da personalidade total, em·ol-
vendo o aspecto afetivo, de pensamento, de percepção de si e. do mundo;
b. neuroS(>S: r~>ferem-se a distúrbios de aspectos da p~>rsonulidade, permane·
cendo fntegms à capacidade de pensamento, de estabelecer relações afetivas,
mas a relação com o mundo é alterada.
Tanto a Psicologia quanto a Psiquiatria supõem um critério de normalidade,
embora se diferencit'm quanto à concepção da doença mental c de suas causas.
maques!JO~
exisf.el1l as
• As relaçõés entre o•roonat• eo'patológiro" gernram uma d'.scussáo k)yJa que repercute até na atualldéól
)SalivadaS..,
af()tic8Se Determinadas áreas do C'onheciroento cientifico estatwlecem padrões de com-
tloxJXe portamento ou de runcionanlf'nto do organismo sadio ou da personalidade adaptada
Esses padrões ou nor nuts referem-se a médias est attslicas do que se de\'e esperar do
organismo ou da pC'rsonalidadc, enquanto funcionamento e expressão.
O conceito ctc normal c> patológico, no entanto, pode ser relativizado. É fato que,
da perspectiva cultural, o qne em uma sociedade e considnado normal, adequado,
accit.o ou mesmo valorizado, em outra sociedade ou em o11tl'o momento hist.órico pode
ser considerado anormal, c!C'sviant.e ou patológico. Os unt ropólogos t.êm cont.rihutdo
enormemente para esclarecer essa questão da relat ividade cull~trnl do concC'ilo c dos
fPnõmenos normal e patológico.

' Segundo Michel Foucault "a doença só tem realidade e valor de doença no interior de uma cul·
tura que a reconhec-e como tal"
183
1
9-•
DADE DO SUJEITO DE DIREITO r
.. o DA PERSONALI . (
6· ACONSTITUI ÇA t talidade relativamente estável e
r
tida como a o PreVi
Personalidade pode ser t mentais que caracterizam a pessoa na ,,;d.
. ·se compor a •t a 1
sível dos traços emocionai . 11·
dições normais. . . b. t
cotidiana, sob con - . utável. Em condições anormaiS, ou SeJa~ so lntenso e ~
Ela, no entanto, nao é un. de eventos traumáticos, as caractensticas da Per.
(
prolongado estresse e sob o efeltO
~
sonalidade podem ser alteradas. . se porque o aumento da violência cotidiana e C•
~ ganha grande mteres ~
Esse fenomeno alh f miliar no trânsito etc. - vem disseminando
nflit seia no âmbito do trab o, a ' / . . 'fi· . (
...
dos co os - " ~ efeitos físicos e ps1qmcos s1gn1 catiVos.
. dade contemporanea, com
o estresse na socre . . d .da humana temos que os inctivíduos sofriam
Se pensai·mos nos pnmórdios
d
a Vl '
N sas ocasiões ou matavam ou morriam. Em d.
r

a fugir dos preda ores. es '


estresse par d . m continuidade à sua vida de caça
seguida viviam um período sem estresse e ava '
pesca, descanso, alimentação etc. _
Na atualidade, as situações de estresse vivenciadas pelo homem sao qu~se
ininterruptas: no trabalho, em casa, no trânsito, fazendo compras etc. Des~a maneira, e.
o psiquismo sente-se sobrecarregado, o que gera as doenças psíquicas, asslffi como as
somatizações.

6.1· OS TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE f, I

Os chamados "transtornos de personalidade" nada mais são que padrões de


comportamento profundamente arraigados que se manifestam como respostas infle-
xíveis a uma ampla série de situações pessoais e sociais.
De acordo com Fiorelli e Mangini5 , a inflexibilidade não está associada a uma
doença cerebral ou a algum transtorno mental, ela está relacionada a uma matriz
comportamental e compromete o funcionamento, social ou ocupacional, de modo
significativo, além de vir acompanhada de sofrimento subjetivo.
A palavra-chave é comprometimento. Esse repercute negativamente no físico
e na psique do indivíduo.
g,
Na situação de transtorno, uma ou mais características da personalidade do
indivíduo predominam ostensivamente: a pessoa perde a capacidade de adaptação
exigida pelas circunstâncias da seara individual, do trabalho e da vida social, inde-
pendentemente da situação vivenciada.
Ocorre o que se pode chamar de "perda da flexibilidade situacional". A pessoa
perde o seu repertório adaptativo aprendido no correr de sua vida, para atender às
suas necessidades pessoais e sociais.
De acordo com o critério da Classificação Internacional de Doenças, temos os
seguintes transtornos de personalidade:

FIORELLI, José Osmir; MANGINI, Rosana Cathya Ragazzoni.


Atlas, 2009.

184
a. Tran~torno de personalidade paranoide: 0 indivíduo sempre interpreta de
man~u·a er~ada ou distorce as ações das outras pessoas, demonstrando des-
confiança Sistemática e excessiva. o comportamento é generalizado. Toma
medidas de segurança acintosas, inoportunas e ofensivas.
b. Transtorno de personalidade dependente: o indivíduo torna-se incapaz de
tomar, sozinho, decisões de alguma importância. Torna-se alvo fácil de pes-
soas inescrupulosas. Pode incorrer em sérios prejuízos porque não consegue
decidir ou encontrar quem o faça.
c. Transtorno de personalidade esquizoide: a pessoa isola-se, busca atividades
solitárias e introspectivas. Não retribui as mínimas manifestações de afeto.
Seu comportamento apresenta tendência a um contato frio e distante para
com os demais.
d. Transtorno de personalidade de evitação: a pessoa se isola, porém, sofre por
desejar o relacionamento afetivo, sem saber como conquistá-lo. O retraimento
social, marca importante desse tipo de transtorno, vem acompanhado pelo
medo de críticas, rejeição ou desaprovação.
e. Transtorno de personalidade emocionalmente instável: o indivíduo oscila
entre comportamentos extremamente opostos. Seus relacionamentos podem
ser intensos, porém, são instáveis. Ocorrem acessos de violência, e a falta de
controle dos impulsos pode ser marcante.
f. Transtorno de personalidade histriônica: manifesta-se no uso da sedução,
na busca de atenção excessiva, na expressão das emoções de modo exa-
gerado e inadequado. Procura satisfação imediata, tem acessos de raiva e
sente-se desconfortável quando não é o centro das atenções. Os relacio-
namentos interpessoais não são gratificantes, apesar de serem intensos.
É comum a presença de transtornos de ansiedade, depressão e conduta
suicida, habitualmente sem risco de perder a vida, além de alcoolismo e
abuso de outras substâncias psicoativas.
Transtorno de personalidade antissocial: também denominado psicopatia,
sociopatia, transtorno de caráter, transtorno dissociai, dentre outros. A
ciência não chegou a conclusões definitivas a respeito de suas origens, de-
senvolvimento e tratamento. Os psicopatas, que são os indivíduos acometidos
dessa espécie de transtorno, manifestam crueldade fortuita. Apresentam um
padrão de comportamento invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos
outros. A psicologia forense o denomina transtorno de conduta. A reduzida
tolerância à frustração, nesses indivíduos, conduz à violência fácil e gratuita;
os mecanismos de defesa inconscientes de eleição são a racionalização e a
projeção, indicando outrem ou a própria sociedade como unicamente culpada
e responsável por seus atos. Não aprende com a punição. Importante ressaltar
que é a conduta reiterada, a habitualidade e outros aspectos de personalidade
que indicam a presença do transtorno, e não a violência do crime.
IMPUTABILIDADE, SEMI-IMPUTABILIDADE
1· INCAPACIDADE RELATIVA EPLENA.
EINIMPUTABILIDADE · d , 't·
·dade está relaciona a a pra 1ca de atos
- ·vil a capac1
Nos termos da legislaçao Cl , . " . e administrar patrimônio.
contrair matnmomo
da vida civil, por exemp1o, taça- 0 de acordo com a sua exposição
t ua regu1amei1
. .
o Código Civil fundamen a~ . d p .cologia' distinguindo as enfermidades
'd" da Psiqmatn a e a sl ' , . .
de motivos, em subs1 lOS te" determinando aquela a Incapacidade
ou retardamento mental da "fraqueza da men ,
absoluta e esta a relativa.
Vejamos a letra da lei:
"t se deveres na ordem civil.
Art. 1o Toda pessoa é capaz de d Irei o
o

(. ..) · d rcer pessoalmente os atos


Art. 3° São absolutamente mcapazes e exe
da vida civil:
I - os menores de 16 anos; , . . .
.,.. ·a mental não tiverem o necessano discerm-
II - os que, por defi c1enc1 ,
mento para a prática desses atos; . . 5eja:
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem expnm1r sua rne!l
vontade. are:

De acordo com os dispositivos legais acima referidos, temos que, com exceção
do inciso I, que diz respeito a uma norma de critério objetivo- a idade-, os demais
incisos contêm aspectos de relevante interesse, no que diz respeito à interseção entre
Direito e Psicologia.
Os indivíduos enquadrados nas referidas disposições legais necessitam de re-
presentação, para que seja suprida a incapacidade legal absoluta.
De acordo com o art. 4° do Código Civil vigente, são incapazes relativamente a
certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de
dezoito anos; II- os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência
mental, tenham o discernimento reduzido; III- os excepcionais, sem desenvolvimen-
to mental completo; IV- os pródigos.
Assim, a incapacidade relativa refere-se a situações próximas da normalidade
I
necessitando o indivíduo de assistência, por ter sua capacidade de discernimento re-
duzida, mas não abolida.
De acordo com o art. 1.767 do Código Civil vigente, estão sujeitos à curatela:

I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem 0


necessário discernimento para os atos da vida civil;
II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a
sua vontade;
III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos.
I
IV- os excepcionais sem completo desenvolvimento mental;
V - os pródigos.
186
Formação humamsuca em
Em conformidade_ com 0 exposto, temos .
irnportante para a relaçao entre Dire·t . que
1 0 e Ps1colog·
o tema da mterdição torna-se
- ·
daS caractenst1cas pessoais na resp t' la, tendo em vista as implicações
. .
da vida c1vll. ec lva configuraçao- d a capacidade para os atos

No processo de interdição ' 0 J.tnz


. d everá inte11
·· ·
corn disposição do Código de Processo Civil: ogar o mterditando, de acordo

Art. 1.181. O interditando s á 1.


perante o J'uiz que ex ~r c tado para, em dia designado, comparecer
'
de sua vida negócios
0
bammará' m· t e:rogando-o minuciosamente acerca
' estad ., ens e do mats que lhe parecer necessáno
ajuizar do seu . para
0 mental, reduzidas a auto as perguntas e respostas.

Nos casos relacionados à matéria . .


co como perito do juizo ou . t civil: é comum a atuação do psicólogo jurídi-
~
assls ente técmco das art -
guarda de menores, regulamenta ão d . . es em açoes que envolvem
. t ç e VISitas, adoçao, separação conjugal perda do
poder f am,ili~r, en re outras (em geral na área de família) . '
. O Cod1go . Penal legisla
_ a respeito da imputab'lid
1 a de ou m1mputabilidade,
. . .. ou
e
seJa, da capacidade ou nao de responsabilizaça-0 d · di 'dm v1 uos portadores de sofn-
·
mento ~ental em face do cometimento de crimes tipificados. Assim dispõe a lei penal
a respeito do assunto:

Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvol-
vimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

De acordo com a interpretação do artigo supracitado, temos que a imputabili-


dade penal implica no entendimento por parte da pessoa, no sentido de que saiba que
a ação praticada foi ilícita, ou seja, contrário à ordem jurídica. Também é necessário
que ela possa agir de acordo com esse entendimento, compreensão esta que pode
estar prejudicada em razão de psicopatologias ou de deficiências cognitivas.
Cumpre chamar atenção para o fato de que as leis são elaboradas tendo como
Paradigma chamado homem médio, ou seja, respeitando os padrões de comporta-
0
mento de determinada comunidade, no contexto cultural ou local e temporal. Inim-
Putável seria aquele homem que está fora do padrão médio da população que vive em
determinado local em determinada época.
't à essoas portadoras de problemas mentais, devem-se
No
avaliar se que di z , . o s >ntensidade
respe1 p do t ranstorno, para que se possa aferir a
mpre a esp ecte e a w d n
Possibilidade ou não de sua responsabilização pelo ato e 1 uoso.
·g de Processo Penal vigente, art. 149, quando hou\1
De acordo com o Cód1 0 á d r · er
. t 1do acusado 0 juiz ordenar , e o 1c1o ou a requer-
d 'vida sobre a integndade men a ' l-
u . . , ··o Público do defensor, do curador, do ascendente, descendente
mento do Mimsten d' eia este submetido a exame médico-legal. '
irmão ou cônjuge do acusa o, que s ~ . ., . .
.. to psíquico que praticarem illcltos penais caberá
Aos portadores de sofi lffien .. . . ,
_ d d' t , bio psíquico imped1t1vo de d1scerrumento sobre 0 ato
havendo constataçao e IS ur
. - em função desse entendimento, em lugar da pena, medida
praticado, a determmaçao,
de segurança na modalidade de internação ou tratamento.

• A med1da. desegurança tem natureza preventiva e é aplicada por prazo indeterminado, baseando-se
na característica de periculosidade do sujeito.

Para a detecção de cessação de periculosidade e consequente retorno do indi-


víduo ao convívio social, não há prazo estipulado pelo judiciário, mas devem ser rea-
lizadas avaliações psíquicas periódicas, que indiquem a possibilidade de desinternação
do sujeito, ainda que gradual e progressiva. Deve-se cuidar, porém, que medidas de
segurança não se transformem em prisão perpétua, nem sejam interrompidas preco-
cemente, pondo, assim, em risco a sociedade e o próprio indivíduo.

8· OS TRANSTORNOS PSÍQUICOS E A LEI


Existe grande número de transtornos psíquicos que podem levar o indivíduo a
delinquir. Apontaremos os que mais se destacam como causa do cometimento de ilícitos.

8.1· TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO


Dentre os transtornos psiquiátricos mais comuns, temos o transtorno obsessi-
vo-compulsivo.
Obsessão: é a persistência patológica de um pensamento ou sentimento irre-
sistível, sempre associado à ansiedade, que não pode ser eliminado da consciência
pelo esforço lógico. Compulsão: é o comportamento ritualístico de repetir procedi-
mentos estereotipados, com o objetivo de prevenir um evento improvável. Ocorre da
seguinte forma: psiquismo desloca a imagem do evento traumático para um ritual p or
ele criado, na forma de mecanismo de defesa. O indivíduo reconhece que o pensamen-
to é prejudicial, mas não consegue afastá-lo, porque ele é involuntário, mesmo que p or
vezes seja repugnante ou doloroso.

8.2 · TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO


No que diz respeito ao transtorno de estresse pós-traumático, temos que 0
sofrimento psíquico se instala logo após o trauma.

188
O trauma ocasiona:
- perda ou redução do sentimento de autoeficácia·
modificação da autopercepç-ao, sentrmentos
. '
de mutilação .
de ódio do própno
corpo, de contaminação; '
transformação
. . da percepção do mundo, com redução drástica das perspec-
tivas e necess1dades básicas·
'
adoção de comportamento de fuga , de ev1·taça-0 , de agress1v1· 'dade;
alteração profunda de caracte rí st'1cas de personahdade
. ·
em geral reduzmdo
a interação social; '
- desenvolvimento de diversos transtornos mentais, como a ansiedade e a
depressão, dentre outros sintomas.

8.3· TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS


Quando ocorre perda total ou completa da integração normal entre memórias
do passado, consciência de identidade e sensações imediatas e controle dos movimen-
tos corporais. Presume-se o comprometimento da capacidade de exercer controle
consciente e seletivo, sendo muito difícil avaliar a extensão de quanto a perda de
funções pode estar sob controle voluntário.
Na psicose puerperal ou pós-parto, desencadeada pelo parto, temos situação
semelhante àquela das psicoses Cestado mental em que o indivíduo perde o contato
com a realidade) de curta duração. Trata-se de uma síndrome clínica caracterizada
por delírios e depressão graves: alguns pensamentos sobre a vontade de ferir o bebê
recém-nascido não são incomuns e representam um perigo real. De acordo com esta-
tísticas, ocorre de 1 a 2 casos em cada 1.000 partos.
A depressão apresenta como sintomas a falta de prazer pelas atividades, a visão
de mundo distorcida e negativa sem que o motivo desencadeante desse estado seja
perceptível. Apresenta contínua tristeza e infelicidade, queixa-se de insônia, tem
humor comprometido, os movimentos tornam-se lentos e o discurso torna-se limitado.
O estresse, profundo e prolongado, e eventos traumáticos podem desencadear estados
depressivos como uma possível reação defensiva do psiquismo para lidar com o que
lhe seria insuportável. É importante distinguir a depressão da ciclotimia, que é uma
instabilidade persistente do humor (alternância de períodos de depressão e elação),
que, em geral, foge à atenção médica. Também é importante distinguir a depressão
da distimia. Esta configura uma depressão crônica do humor, que não compromete o
funcionamento nem a adaptação social do indivíduo.
A drogadição gera importantes distúrbios psíquicos. De acordo com a Organiza-
ção Mundial da Saúde, uma pessoa é dependente de uma droga quando o seu uso tor-
na.se mais importante do que qualquer outro comportamento considerado prioritário.
Ern outras palavras, a droga passa a controlar a pessoa. As mais consumidas são o álcool
. onsável por acidentes de trânsito
, 0 inc1pal resp . - .. •urna
b 0 Sendo que o álcool e pr " . e mentais (alteraçoes cogrut1vas).
e o ta ac · - es orgarucas .
qu e influencia todas as funço ' . mportamento do alcoohsta contérn um
vez rópno co . . .,,a
Importante salientar que 0 P ·tas vezes, de mane1ra VIolenta quanu
. . d e comporta, mui o
influência social. O lndlVÍ uo s
· . da censura.
o álcool rompe a barreira

DE PENSAMENTO E DE PERCEPÇÃO
8.4 · TRANSTORNOS s de pensamento e de percepção é a
1"1 d aos transtorno .
A principal doença ga a _ . delírios que são pensamentos mapro-
. . . . tomas sao os ,
esquizofrenia. Os prmc1pals sm f que tomam conta do pensamento do
· í · juízos a1sos -
priados incorretos, 1mposs vels, uma identidade. Nao podem serra-
' . p d ser uma crença,
indivíduo e o dommam. 0 em . . como verdade incontestável, apesar
0 · d · ,d 0 Vlvenc1a-os
111
cionalmente corrigidos. lVl u "das por terceiros. Ocorrem, também
- , · d falsidade trazl '
de comprovaçoes log1cas e sua ' _ Re+erem-se a falsas impressões de
- d · t' bio de percepçao. .L'
alucinações, que sao um lS ~: . _ t t gosto e olfato). A percepção ocorre
qualquer um dos sentidos (v1sao, audiçao, a 0 •
sem a presença do estímulo.

8.5 · TRANSTORNO FACT[CIO


rne1
·
Consiste no comportamento de mventar · t ornas, repetida e consistentemen-
sm out
te. o indivíduo chega ao autoflagelo, por meio de cortes ou abrasões, assim com~ a
roé
injetar substâncias tóxicas, na tentativa de produzir sinais correspondentes aos sm-
tomas. Seu objetivo é aparentar e assumir o papel de doente.
9.1
8.6. TRANSTORNOS DE PREFERÊNCIA SEXUAL (PARAFILIAS)
Eram chamados antigamente de perversão sexual. Consistem em fantasias, de
anseios sexuais ou comportamentos recorrentes, intensos e sexualmente excitantes qt
envolvendo objetos não humanos ou situações incomuns. a
Os comportamentos relacionados a esse transtorno que possuem relevância ju
para a psicologia jurídica são os seguintes: incesto- ocorrência de relações sexuais a1
entre parentes sanguíneos próximos; sadomasoquismo- o indivíduo procura ativida-
d
des sexuais que envolvem servidão ou provocam dor ou humilhação. No masoquismo,
ele é objeto da estimulação; no sadismo, ele executa. s
(

8.?. TRANSTORNOS MENTAIS ORGÂNICOS


Um exemplo é a demência, que decorre de doença cerebral usualm t ... .
. ,. . ' en e cronl-
ca ou progressiva, destacando-se suas consequenc1as para as funções mentai
riores. Os efeitos da demência são significativos sobre o funcionamento inteles supe-
a interferência nas atividades do cotidiano. ctual e
Também a alucinose e o transtorno delirante orgânico são importantes
tornos mentais orgânicos. Alucinações são percepções que o cérebro desenv trans-
o1ve sern
190 Formação
os estímulos ambientais correspondent .
ue podem ou não ser provocado es, e os ~elínos são perturbações no pensamen-
to q orgânica deve ser avaliada. s por alucmações. Em ambos os casos, a causah-
ctade
.

Conforme afirmamos anteriorm t .


mental e característica do pensament:: ~·a esqUlz~frenia é uma distorção funda-
ado ou embotado. São corou ~ percepçao, acompanhada de afeto ina-
dequoutros tipos como alucina -ns os delínos
..
de contr0 l . fl ê . . .
e, m u nc1a ou pass1v1dade
e de ' çoes aud1t1vas e de outra d 1·
. delirantes a questão c t.1 s mo a Idades. Já, nos trans-
tol no5 ' 1
en a é a presença de delíri ·
estar relacionados com conflitos com . , os persistentes, que podem
_ . • 0 cmmes, por exemplo. O afeto, a fala e o com-
portamento
. sao normais, excetuando-se as açoes- d'1retamente relac10nadas
. com o
delíno.

9· PSICOLOGIA E MÉTODO DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS


A solução de conflitos requer métodos adequados à sua natureza às caracte-
rísticas dos envolvidos, às experiências pessoais dos envolvidos além de' outros fato-
res que se combinam para indicar o caminho adequado. Existe~ várias maneiras de
buscar a solução.
Importante salientar que cada um dos métodos elencados afeta, psicologica-
mente, os participantes: julgadores, advogados, partes envolvidas, testemunhas e
outros interessados. A psicologia jurídica se preocupa, preponderantemente, com os
métodos que influenciam as percepções das partes.

9.1· JULGAMENTO
Ojulgamento é o método tradicional de solução de conflitos. O Poder Judiciário
decide, fundamentado na apreciação dos fatos e na aplicação do Direito, em sentença
que vincula as partes. O juiz representa o poder de decisão. As partes encontram nele
a autoridade suprema. Ele é o responsável pelos resultados. O certo ou o errado, o
justo ou o injusto não pertence às partes, mas fica a critério do julgador. O mesmo se
aplica quando há a figura do corpo de jurados (no tribunal do júri) ou, ainda, a figura
do perito e do assistente técnico. Dessa forma, o Judiciário, com o apoio da lei, repre-
senta o conjunto de valores e crenças que justificam os resultados e que indicam o
caminho socialmente compartilhado.
Os métodos extrajudiciais de solução de conflitos são a arbitragem, a negociação,
a conciliação e a mediação. Cada um desses métodos possui metodologia específica e
aplica-se a determinadas situações.

9.2· ARBITRAGEM
· 1 ass1·rn como o julgamento. Nela a decisão cabe a um
É um m étod o a d versana ,
terceiro , ·b't lhido pelas partes. O método aplica-se quando há "cláusula
, 0 ai 1 ro, esco . .
comp. · . - omisso arbitral firmado pelos mteressados.
I om1ssóna", ou entao compr

~!3Jundca
Ao contrário do que ocorre no julgamento, em que um juiz indicado r
t t d E epres
an e o stado decide a lide, na arbitragem as partes escolhem quem será 0 á :l\-
ou quem serão os árbitros. Assim, temos que a decisão cabe a alguém de confia:bltro
ambas as partes J. á que 0 escolheram tendo em vista, além da idoneidade 0 co çha ele
' ' n ec·1
mento que tem sobre o objeto do litígio. '

9.3· NEGOCIAÇÃO
Muito utilizada para situações que envolvem bens materiais. As perdas e ganhos
de cada parte são avaliadas para se chegar a um objetivo claramente definido.
Cumpre ressaltar que a negociação está presente na conciliação e na mediação, corno
urna de suas fases. Ela pode ocorrer também durante o processo de arbitragem ou mesrno
durante o processo judicial, com a participação de promotores, advogados, árbitros etc.

9.4· CONCILIAÇÃO EMEDIAÇÃO


Configuram métodos cooperativos de tratamento de conflitos. O objetivo da
conciliação é colocar fim à questão trazida pelas partes. O conciliador envolve-se na •
busca de soluções, interfere e questiona os litigantes. Ele, no entanto, não tem poder o
de decisão. Esta cabe diretamente às partes. Importante apontar que, na conciliação,
não há interesse em buscar ou identificar razões ocultas que levaram ao conflito e
outras questões pessoais dos envolvidos. Como exemplo, podemos citar um acidente
que gerou somente danos materiais. O que interessa, nesse caso, é identificar quem
vai pagar os danos causados e como o pagamento será feito. Ao conciliador cabe mos-
trar as vantagens de um acordo para evitar outros tipos de prejuízo, em decorrência
da demora, da probabilidade dos resultados etc.
Na mediação, um terceiro atua tendo em vista a solução do conflito: o mediador.
Atua por meio do chamado realinhamento das divergências entre as partes, denomi-
nadas mediandas. Para isso, o mediador explora o conflito, com o intuito de identificar
os interesses que se encontram por trás das divergências entre as partes, realizando
o chamado realinhamento das divergências entre as partes. o mediador procura
ide~t~icar os interesses que estão atualizados nas queixas manifestas, ou seja, nas
pos1çoes de cada parte. O mediador não decide, não sugere soluções mas trabalha
para que os mediandos as encontrem e com elas se comprometam. Ne~se tipo de mé-
ftodod de solução de conflitos, reconhecer a perspectiva do outro, s ob re o conflito, é
un amental, e o_ mediador deve se empenhar para que isso aconteça. Deve haver
postura cooperativa de ambas as partes. Existem várias técmcas· que podem ser em-
pregadas para alcançar esse fim.

1D- PSICOLOGIA, DIREITO CIVIL E DIREITO DA INFANCIA E ADOLESCÊNCIA


A parte do Direito Civil que mais ocupa a Psicologi· a é o dir ·t d
. . d
drre1to . ei o e farru1i O
. a cnança e do adolescente encontra-se 1·n t'1mamente ligado
· ao d · · a.
míha. Daí a quase necessidade de tratarmos de amb rreito de fa-
os em um mesmo capítulo.
192
No âmbito do direito de família, os temas mais relacionados à Psicologia são:
a. a perícia psicológica e a assistência técnica·,
b. a formação e 0 rompimento dos vínculos familiares, como casamento e divórcio;
c. o reconhecimento de filhos;
d. a interdição e as sucessões;
e. aadoção.
A Psicologia se ocupa, então, na compreensão da personalidade dos atores
envolvidos, no desenvolvimento da dinâmica familiar e social, tendo em vista os novos
arranjos familiares, como nas famílias monoparentais ou homoafetivas.
Apesar das mudanças, a família continua a ser importante, sobretudo pelo papel
que exerce como formador da subjetividade dos novos membros, ou seja, dos filhos.
No seio da família emergem os conflitos que não conseguem ser solucionados na es-
fera individual. É da relação familiar que surgem conflitos e disputas, como separações,
divórcios, violência doméstica, guarda de filhos, dentre outras.

• Esgotada a possibilidade de solução pelas partes, o judiciário deve decidir, usando como instrumento
oconhecimento oriundo da prática interdisciplinar.

No direito de família, um caso pode até servir de referência para a solução de


outro similar, no entanto, essa referência deve ser relativizada, tendo em vista que as
emoções subjacentes a cada relação devem ser compreendidas como únicas, tendo em
vista a especificidade de cada pessoa envolvida no conflito.
A relação entre Direito e Psicologia torna-se bastante clara, quando estamos
diante de um caso concreto envolvendo a guarda de filhos e a adoção. Em ambos os
casos, torna-se imprescindível averiguar acerca da dinâmica familiar, acerca das in-
terações entre os membros da família, a distribuição de papéis entre eles etc.
A análise psicológica realizada pelo processo de psicodiagnóstico (que inclui
entrevistas, leitura dos autos, observações e aplicação de testes psicológicos) tem por
objetivo apontar elementos que auxiliem o juiz em sua decisão.
É importante ressaltar que, diferentemente do psicodiagnóstico clínico, a pe-
rícia psicológica tem por objetivo específico auxiliar o juiz na formulação de sua con-
Vicção, as partes são convocadas a participar da perícia; ao contrário do que ocorre
com o psicodiagnóstico clínico, no qual a procura é espontânea. As partes envolvidas
devem se submeter ao processo diagnóstico até o final, não podendo interromper 0
Processo, como ocorre na clínica.
O foco da perícia, na maioria das vezes, centra-se na averiguação das verdades e
na Percepção das simulações. o sigilo tem outra conotação: ao contrário do que
na clínica, em que o acesso às informações é apenas das partes, as
Via Perícia passam a fazer parte de um processo que pode auxiliar em

~~JurídiCa
ç~v
·
Também é importante salientar que, no caso da perícia psicológica, há a e . ~óo ·ve
gência de uma apresentação formal dos laudos, que devem obe.decer ao rigor étic:- clvG~Ó
~f(lí'
técnico, apresentando, além do diagnóstico, possíveis prognósticos. e
. . .
Na prática clímca, os prontuános dos pac ientes podem conter inform
· ações óíÓ~
. . . ó ·ca do terapeuta. ce ·ó~
d1versas, orgamzadas de acordo com a lmha te n tO!l

. . . , . .
aspectos psicológicos envolvidos no conflito.

O tema da perícia está presente em vános spo


·
• A perfc1a tem o objetivo ult1mo de supnr a falta do JU 1z, re
!ativamente ao conhecimento técnico 8 b

sitivos do Código de Processo Cina.


· di
·•u.
o re
I de tJíl
d0tl3
~--o d
ç~

rJ~ ~
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou te!(\c
. . · ·to segundo disposto no art. 421
científico o JUiz será assistido por per1 ' · tel1d
Art. 436. ~juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua
convicção com outros elementos ou fatos provados nos ~utos. detE
Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício ou a requenmento da ~a~te, cri~
a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficien- aliJl
temente esclarecida. pei1
tod
Além do perito, podem atuar no processo os assistentes técnicos, designados
pelas partes ou pela promotoria. Isso tendo em vista a efetivação do princípio do con-
traditório, em que as partes têm ampla possibilidade de apresentar todos os meios da:
legítimos de defesa no processo. su:
Com a separação, o divórcio ou a ruptura da união estável, o pátrio poder será tÓ1
exercido pelo pai e pela mãe. Caso haja divergências quanto a esse exercício, o judi- tr:
ciário poderá ser acionado (arts. 1.630 e 1.638 do Código Civil vigente).
Os pais têm amplo poder sobre seus filhos, podendo educá-los nos moldes de CE

sua tradição familiar específica. Têm também o direito de representá-los e assisti-los N


no exercício dos atos da vida civil. Além disso, os genitores que constituem nova fa- p
mília continuam exercendo o pátrio poder relativamente aos filhos da antiga união li
sem a interferência do novo companheiro. No entanto, esse poder não é ilimitado. '
De acordo com o Código Civil, art. 1.637, se o pai ou a mãe abu d
' ' sar e sua au-
toridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filh
. . requerendo a1gum parent e, ou o M'1ms
ao JUlZ, . téno
. P úblico adotar a m d'd os, cabe
' e 1 a que lhe
pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres até suspe d
familiar, quando convenha. ' n endo 0 poder
Assim, de acordo com o art. 1.638 do Código Civil, perderá Por ato . . .
poder familiar o pai ou a mãe que: I- castigar imoderadamente 0 filh . JUd~clal o
· o, 11 - de1x 0
filho em abandono; UI - praticar atos contrários à moral e aos bons co t ar
incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente. s umes; IV -
Percebe-se importante papel da psicologia jurídica também no que d.
12
à adoção. O próprio ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente _ escl respeito
arece que a
194 Formaçao
- humanistica .
em dreto
-
ão atribui a condição de filho ao adotad .
adoÇ cessórios desligando d o com os mesmos direitos e deveres, m-
cJusive su t '. . . -o e qualquer vínculo com pais e parentes salvo os
irnpedirnentos ma nmoma1s (art. 41). ,
No que diz respeito ao procediment d d -
. de estágio de convivência com a ~ e a oçao, a lei ressalva que ela será pre-
cedida . . . . cnança ou adolescente pelo prazo que a au-
to ridade jud1c1ána f1xar, observadas as peculiaridad es d o caso 'cart. 46).
O estági_o de convivência poderá ser dispensado se o adotando não tiver mais
de um ano de 1dade, ou se, qualquer
. que seia
~
sua idade , J.á est'1ver na companhia d o
adotante durant~ tempo suficiente para se poder avaliar a conveniência da constitui-
ção do vínculo (§ l o do art. 46). Alerta, ainda, que a adoção é irrevogável (art. 48).
O acompanhamento psicológico é fundamental durante o processo de adoção.
Na atualidade, chamam atenção as novas configurações familiares. Como exemplo,
temos os casos de adoção por homossexuais e os conflitos que esse novo arranjo gera,
tendo em vista a formação da personalidade da criança.
A Constituição reforça a importância da proteção à criança e ao adolescente, ao
determinar que: art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao res-
peito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de
toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Também o Código Penal estabelece tipo penal para aquele que violar os direitos
das crianças e adolescentes: art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob
sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou cus-
tódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina.
Quando o vínculo conjugal é desfeito e sobrevieram filhos do casamento, é ne-
cessário decidir-se relativamente à guarda e aos cuidados futuros com os filhos menores.
No entanto, nem sempre essa mudança na vida da criança se dá de forma pacífica por
parte dos pais. A separação pode se tornar um grande problema para a criança ou ado-
lescente, de acordo com a postura adotada pelos país nesse processo.
A alienação parenta! é uma das principais síndromes que fere, na atualidade, os
direitos da criança e do adolescente. Ela consiste na postura adotada por um dos pais,
no sentido de colocar a criança contra o outro genitor, com quem a criança, em princípio,
mantém intenso vinculo afetivo e de dependência. Assim, a alienação parenta! é tanto
mais intensa e passível de gerar danos psíquicos quanto mais jovem for a criança. As
consequências para 0 desenvolvimento da criança ou do adolescente podem ser catas-
tróficas, nesses casos. A criança pode vir a apresentar vários sintomas, como depressão,
incapacidade de adaptar-se aos ambientes sociais, transtornos de id~nti~ade e de imagem,
tendência ao isolamento, além do uso de drogas, álcool e até o smcfdio.
Quando 0 psicólogo perito perceber a possibilidade de instalação da alienação
Parenta!, deve esc arecer às partes acerca dos prejuízos que pode sofrer o adolescente,
1
assiJ:n com ·ctade de certo equilíbrio entre elas, tendo em vista mini-
. o apontar a necess1 .
lllizar os d · ser sofridos pela cnança ou adolescente.
anos que possam vrr a

PsiCOJogb3 Jurid ca
11· PSICOLOGIA E DIREITO PENAL
Desde o surgimento da criminologia, com Cesare Lombroso e 0 Tr
tropológico experimental do homem delinquente, no século XIX e a cttC!Qo ~
. . ' crenç li.
o comportamento criminoso tinha origem no ataVIsmo, mmtos foram adeq1
. . .· . . osent ~
teonas e hipóteses acerca do cri me, da pessoa do CI LJ.lUiloso, da vit1ma e das .oqur,
.. tá . IUOtJv ,
para os atos criminosos, de acordo com as 1atXas e n as, caracteristicas ét . ~
· · · lllca9
racterfsticas psicológicas e comportament.a1s, rrucross1stemas sociais •ta.
. · al p õ ut· ' &ruPos
atuação, escolaridade, especialidade pro f tsston •. 0 ç_ es po Jcas, religiosas et 11..
Muitas são as hipóteses a respeito da mot1vaçao para a delinquênct c.
a. Dent
outras, destacam-se: l'l!
a. A predisposição genética, que marca a relação entre fatores genéticos ec
portamento criminoso. Existem estatísticas que apontam para o fato d Ort. psiCO
a probabilidade de haver condenados a delitos graves é maior dentre a e~ tiC3- C

cujos pais também já delinquiram. No entanto, existem importantes ob: vol1.11


a essa hipótese, no sentido de que as pesso.a s com problemas mentais POdeJn
escolher determinado modelo de conduta madequada com maior facilidade· pess
essas pessoas se expõem mais; portanto, é maior a possibilidade de cometere~ de f<
mais crimes; esses indivíduos são, muitas vezes, tratados de certa forma qUe
pode funcionar como estímulos para a prática de atos delituosos. -qt
b . A geografia d o crime. O local favorece a prática do crime. Ocorrem mais do c
qu~
crimes em bailes, festas Taves, boates, bares, ou seja, em locais onde o sexoI
a droga e a violência compõem um coquetel propício ao delito. A geografia era
do crime abrange todas as classes sociais, culturais e econômicas. pe1
c . A família. É no seio da família que se instalam os valores, os costumes, os ex'
modelos de conduta, os fundamentos, enfim, os comportamentos da pessoa,
que refletirão no futuro na postura do indivíduo perante a sociedade e, con· lit
sequentemente, na prática ou não de atos delituosos.
pr
n<
d . A escola. Também a escola, assim como os colegas e professores, é aponta·
dl
da como fonte de influência de valores e condutas para a criança. Aescola
h
é o segundo ambiente da criança, depois da família. Assim, se as relações
familiares apontam para um modelo com o qual a criança não se identifica,
a escola, com seus novos modelos, possibilidade de convivia com pessoas da
mesma faixa etária e dinâmica diferenciada daquela vivida pela criança~
casa, pode levar à adoção de novos modelos de conduta, bem como à adoçao
de con dutas antissociais ali p r esentes.
~·o
e · A a dl
0 escenc1a. adolescente seria, em decorrência do momento dtran·
e
. - á . ageJIS
SlÇao que est VIvendo, mais vulnerável à prática de crimes: as mens
que induzem à violência operam sobre e le de forma diferenciada, qu~ se
opo ' · d d nceJtos
r a socle a e e aos pais, visan do construir os seus próprios co de
e modelos, além de se sentir poder oso em sit uações de grupo, 0 que po
levá-lo à prática de crimes.

196 ern d'~


Formação tunafl!SL::a
E importante ressaltar no pr
' esente context0 . ct·
muitas vezes, usados como slnôn Lmo • a tferenciação entre dois Lermos
. 1 . . . . s, mas que aprese11t· . '
na Ps1co og1a. agresstVlclacle e vLolênc· A . am concetluação diferenciada
l . . ta. agresstvidacte é . . . .
humano. E a t1az em s1 um componente ad . consLitULiva do ps1qwsmo
. A. • d . cl' aptüllvo ' de deresa mato
.
11 sobrevwe~1Cia o m IV(duo. A agress· 'ct• e importante para
lV I adc é ineret1t L
g arante a possibilidade de sobrevivênc· c a odo ser humano, é ela que
ta, assim como a d' .
bates da vida. Já a violência aparece co, lspos1ção para vencer os em-
1.10 uma esp6cie de i . d
seja acontece quando a pessoa não c011 . . t esvto a agressividade, ou
• segu1u dtrecionar · · ·
vidades produtivas o que aponta pa. d sua agress1v1dade para aLI·
' Ja a esestabillzação d .
ão impulsividade exagerada e ba· , , . os mecan1smos ele conten-
Ç ' . . 0 1
lxa " era neta a frustrações.
N~ que diz res~etto às modalidades de delitos, outra interface entre Direito e
Psicologta dá-se relattvamente à intencionalid d d
• . a e o ato. Este pode ser culposo- prá-
tica de ato voluntano, sendo o resultado involuntá · d
. . no - e oloso- em que ocorre ato
voluntáno com resultado mtencional.
No
. delito
. doloso,. há vontade consciente·, no entanto, as mo tí'vaçõ es que 1evam a
pessoa a prática do delito são relevantes, no sentido de agregar elementos para ilustrar
de forma precisa a expressão da vontade do stúeito.
O delito culposo pode se apresentar de três formas: por meio da imprudência
-quando o agente se excede na prática de determinado ato, como, por exemplo, quan-
do dirige em velocidade acin1a da permitida em determinada rua-, da negligência-
quando o agente faz menos do que devia, ou se omite da prática de uma ação pela qual
era responsável, corno no caso de uma mãe que deixa o bebê sozinho por um longo
período de tempo - e da imperícia - que consiste na ação ou omissão do sujeito no
exercício de sua profissão, que o leva à conduta delituosa.
Também a modalidade denominada delinquência ocasional diz respeito a de-
lito praticado por agente até então socialmente ajustado e temente à lei, que somente
praticou o ato iUcito mediante estímulo ou solicitação externa. O referido sujeito,
normalmente, apresenta uma personalidade que se ajusta aos padrões de normalida-
de de conduta no âmbito do seu cfrculo social. Como exemplo, podemos citar um
homicídio con:etido como resposta a uma forte emoção. Sendo que sua repetição
· · t p 1·ovável tendo em vista as características do momento
t orna-se, estattst1camen e, •
tm'

da consumação do ato criminoso. _


A • st'cóti'ca consiste na prática delitiva em funçao de um trans-
A d elinquenc1a p · · f ·
. diversas psicopatologtas - esqUizo rema,
torno mental. Nesse sentidO, temos que tamento delitivo Elas
. - d levar o individuo a um compor .
PSICose, depressao etc. - po em . d . d' ensável que 0 quadro psico-
. . peciahstas, sen o m 1sp
PO dem ser diagnosticadas por es _ d nseio ao crime. O que torna a
t po da açao que eu e •
Patológico seja dominante ao em . d de é a possibilidade de que o ato
d ,. . . blema para a saCie a
elmquêncJa psicót1ca um pro d de referências que se possa vincular
delituoso se repita, já que nao - existe ttm qua ro
ntrolar 0 momento e lugar em que a
ao comportamento delituoso e, dessa forro~·- c.o
• a de ato ilícito.
doença possa se expressa r na fiOI m
197
. ·dade e a necessidade da interv
Tendo em vista a avaliação da pencu1osl . _ d . t. . ençà()
. sua expostçao e mo 1vos, assun se
profissional, o Código Penal brasile.tro, em " d'd d Posj.
1
ciona, relativamente ao papel da medida de segurança: a dme ~ .e segurança, de
• • L ficará reserva a aos munputáveis 1
caráter meramente preventivo e asststencta • . · ss0,
. .
em resumo significa: culpabihctade - pena, P. ericulosidade- medida de
. seguranç a(. ..)
duas espécies de medida de segurança cansag ra 0 projeto: . a detent1va e a restr1·t·IVa.
A detentiva consiste na internação em hospital de custódia e tratamento PS~quiátrico,
fixando-se o prazo nú nimo de internação entre um e três anos (. ..) a restntJva consis.
te na sttieição do agente a tratamento ambulatorial cu_mprin~o-lhe comparecer ao
h ospital nos dias que U1e forem deter minados pelo médJco, a fl~ de ser submetido à
modalidade t.erapêutica prescrita". Cumpre ressaltar que a medida de segurança res-
tritiva é herança do movimento de desinstitucionalização, da desinternação progres-
siva e da luta an timanicomial (vide Lei n. 10.216 de 2001) .
Na delinquência neurótica, a conduta criminosa é tida como manifestação dos
conflitos internos do sujeito. Ele atuallza em sua ação antissocial os seus conflitos
psíquicos. É o que se chama de delinquência sintomática. Nesse sentido, é importan-
te diferenciar os padrões desenvolvidos por uma pessoa de personalidade neurótica
daquele portador de personalidade dita delinquente. Na neurose, o conflito é interno,
já na personalidade delinquente, pelo menos aparentemente, não existe nenhum con-
flito interno. Na neurose, a agressividade é voltada para o próprio indivíduo, enquanto,
na personalidade delinquente, a agressividade é voltada para o social. Na neurose, o
sujeito tem gratificação por meio de suas próprias fantasias e sublimações, já a perso-
nalidade delinquente necessita aliviar suas tensões internas por meio de ações crimi-
nosas. Na personalidade neurótica, o sujeito consegue reconhecer seus próprios erros,
enquanto, na personalidade delinquente , os erros são projetados no mundo externo.
A personalidade neurótica apresenta um superego desenvolvido, enquanto, na perso-
nalidade delinquente, essa estrutura psíquica, que representa a lei, é desestruturada.
Os comportamentos do neurótico são, normalmente, socialmente ajustados, ao con-
trário do portador de personalidade delinquent.e, que desconsidera as normas social-
mente compartilhadas.
Na delinquência profilática, o sujeito acredita que está realizando um ato justo,
não sente remorsos. Como no caso da prática de eutanásia. As questões envolvendo a
delinquência, chamada profilática, são complexas e devem ser analisadas em conso-
nância com os valores compartilhados em determinada sociedade e em um espaço
temporal específico.

12· PSICOLOGIA E DIREITO DO TRABALHO


Muitos são os distúrbios psíquicos que o mundo do trabalho causa: 0 assédio
moral, sexual, dentre outros. Mas a principal doença que se generalizou no mundo do
trabalho foi a chamada síndrome de burnout ou de exaurimento.
Trata-se de um conjunto de sintomas que acomete a pessoa que trabalha sob
intensa pressão psicológica. Com um grau elevado de cobranças do patrão ou dos

198 Furm·1çâo n mr st'C1 em dr ·o


colegas de Lrabalho - pressão exte
. . . . rna- ou em d .
elo ps1qwsmo do SUJeito - pressões . l ecorrênc1a das exigências impostas
P 01 ernas Dela d
saço constante, dores pelo corpo h1 · ecorrem sintomas físicos - can-
. f . 'd , pertensão úlceras 1 't
unpotênc•a ou ng1 ez- e emocionais_ ' • pa Pl ações, insônia e ainda
como desmot" ã d _ .
É importante ressaltar que •vaç o, epressao, ansiedade etc.
essa Sú1drome est· .
ballladores do alto escalão burocrático p . ava originalmente ligada aos tra-
. · ostenonnente ·.,
essa sfndrome atmge Lodos os trabalh d • venucou-se que, na verdade,
· a ores que e e t
ressão, como enfe1·meiros de CT! b . x cu am seu trabalho sob forte
P • ombe1ros profess éd' .
urgência, policiais, controladores de voa etc. ' ores, m 1cos de serv1ços de
Dar o fato de a síndrome de b
de Século". urnout atender pelo nome de "Síndrome do Fim

13· A PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO


O tema da .Psicologia
. do teslemu nho vem se tornando cada vez mais importan-
te na seara do D1re1to. A Resolução n · 75, de 2009, do conse Iho Nactona
· 1 de Just1ça
·
(C~J~ exige que, n~s concursos para a magistratura, seja averiguado o processo psi-
co!ogiCO e a obtençao da verdade judicial, assim como o comportamento das partes e
testemunhas. Nesse sentido, temos que a averiguação da verdade, as distorções, en-
volvendo a recuperação de informações a respeito de fatos passados desagradáveis e
significativos no âmbito de um processo não são raros.
Além dos motivos conscientes, temos o fato de que o psiquismo adota mecanis-
mos de defesa para evitar a repetição de sofrimentos anteriores. Adicione-se que os
efeitos do tempo e de acontecimentos traumáticos exercem um efeito diferenciado
sobre a memória das pessoas. Também a influência de substâncias psicoativas- como
álcool e outras drogas afins- pode alterar a memória dos fatos.
Existem limites ligados à percepção, relacionados a mecanismos fisiológicos.
Como exemplo, podemos citar o idoso, que pode sofrer redução da capacidade visual e
auditiva, ou ainda crianças, que podem não haver aprendido a discriminar detalhes
específicos e não os percebem como importantes em determinado contexto.
Cada pessoa percebe determinado acontecimento tendo como parâmetro suas
próprias experiências, assim como conserva esses acontecimentos na memória e tem
capacidade de evocá-los de formas específicas, também com base em seus mecanismos
subjetivos de funcionamento. Essa forma própria manifesta-se no teor de seu relato.
Nesse sentido, é importante diferenciar as modalidades de relato, tendo em
vista a maior ou menor pressão que 0 psiquismo sofre, quando nos deparamos com
uma ou outra modalidade de exposição dos fatos:
a. No relato esp ontâneo ou informal, a pessoa não sofre pressão de outrem
para relatar 0 acontecido. Se, por um lado, isso é positivo, tendo em vista
. . a·o sofre um sobrepeso relativamente à n ecessidade de
que O pSIQUlSffiO 11
fidedignidade de um relato "exigido"; por outro lado, pode levar à própria
. . -o, à r·'"
1mprec•sa ~'ta de obietividade e à exposição de crenças e preconceito
• . . d s
do depoente, que se !lUSo· •uram ao conteúdo pnnc1pa1 o re1ato.
b. No relato por interrogatório, contudo, limita a adção do deplote ntAe, no sentido
de que as pergunt as que lhe são feitas é que con . uzem
. ore a o. ssi.m•lllUí'to
do que ele sabe e reputa importa nte não é colet1vtzado, além de ele ser obri.
gado a lembrar de aspectos do fato que lhe parecem su?ér~uos ou mesmo
traumáticos. O problema maior res ulta na forma como o md•vfduo preenche
as lacw1as relativas ao fator surpresa do interrogatório: com confabulações,
preconceitos, interpretações do fato etc. Além de qu~, alg~mastestemunhas,
tendo em vista as suas experiências e percurso de VJda, v•sualizam aspectos
dos acontecimentos que não são percebidos por outras- nesse sentido, vide
o filme Doze homens e uma sentença.
Outro aspecto importante, relativamente à obtenção da verdade judicial, diz res-
peito ao depoimento e à tendência afetiva dos depoentes. A referida tendência, estando-
-se diante de uma situação que importe significativa carga afetiva, pode levar mesmo à
total ciP.tnrpaç:io e consequente invalidação do ciP.poimento. Isso ocorre, muitas VC:iiP.s,
quando o depoente se identifica com a vítima, tem antipatia pela outra parte ou insere
seus valores morais e falsas crenças, de forma acrítica e absoluta, em seu depoimento.
Oumpre também, no presente contexto, abordar algumas particularidades do
testemunho de crianças. A abordagem verbal de crianças em um processo é bastante
complexa. Dentre as barreiras para a consecução da verdade no processo, por meio [mpc
da fala de crianças, está a da linguagem: é necessário emitir termos e expressões !iifcialme
compreensíveis para o vocabulário da criança na fase específica do desenvolvimento
mlll.íSSa,
cognitivo em que esta se encontra; é necessário, também, compreender a linguagem
~çriameJ
que ela utiliza e, principalmente, é necessário preservar sua integridade psíquica, não
submetendo-a a situações que possam comprometer o seu bem-estar, bem como as u r.01
futuras etapas do seu desenvolvimento psíquico. Para isso, está-se instalando, no !lmlffile
âmbito do judiciário, uma estrutma adequada, inclusive utilizando-se recursos audio- llilL'aS,(
visuais, para a oitiva de crianças em processo denominada "depoimento sem danos": alltJss
nesse procedimento, elas são ouvidas em uma sala separada. As perguntas feitas à
criança são dirigidas ao psicólogo que as remete à criança na forma e com o conteúdo
adaptados a ela.
A preocupação com o depoimento de crianças torna-se mais relevante, quanto
maior for sua proximidade com o fato ou ato delituoso, assim como relativamente à
proporcionalidade ou magnitude do ato ou fato ilícito.
Outro fator relevante a ser levado em consideração diz respeito à credibilidade
do testemunho da criança, tendo em vista o seu nível de matm idade psíquica e de
compromet.iment.o com a verdade dos fatos - a criança não presta compromisso de
dizer a verdade em juízo, pela sua própria condição de incapaz, como ocorre com
pessoas plenamente capazes para os atos da vida civil.
A crian ça é tanto imaginativa (cria estórias) como sugestion ável (pode ser
influenciada pelas estórias de outros), podendo tanto manipular os fatos como ser

200
manipulada pa ra manifestá-los d
formas, a f"d
1 ed'Igm'dade deles. e forma distorctda,
. comprometendo, de ambas as
O depoimento do doente
mental é outro L •
ressaltar, nesse contexto, que existe . ema tmporLante e polêmico. Cumpre
· · do d oen t e mental. Este co
nttiVO m vá nas grad açoes
- de comprometimento cog-
.. . • m compromel'
de emtttr relatos ftdedignos que Lmento leve ou até médlo é passível
. . ' Poc1em ser levad . ' processo
judictal. os em constderaçllo no
A confissão consiste na exp ostç
. à o voluntária à ·
tada com as provas presentes nos t pumção. Ela é sempre confron-
au os. O questio
principalmente, às causas que leva . . , · namento que surge diz respeito,
m o mdiv1duo a con~ . .
mujtas vezes, à penalização. essar um crune e a se antec1par,
Muitas são as razões que levam 0 . .
ato delituoso. Dentre elas se desta . mdlV~duo a assumir a própria culpa por um
nfi _ cam. 0 senttmento de culpa, a expectativa de que
com a co ~ds~o, ~ua pena será suavizada, ou mesmo uma antecipação tendo em vis~
ta que a .ev1, enc1a dos fatos vai levá-1o de qualquer forma à condenação.
' Existem
também mumeras
. razões que· levam
· à f a1sa con fis sao:
- proteger um parente ou uma
pessoa afetlvamente próxima, a tortura-física ou psicológica- sofrida pelo sujeito etc.

14· RELAÇÃO ENTRE JUSTIÇA, SOCIEDADE E MIDJA


Importante tema para a Psicologia que diz respeito à relação entre a justiça,
especialmente na figura do magistrado, com a sociedade e a mídia. A comunicação
em massa, na atualidade, compreende situações interativas, nas quais não existe
propriamente a possibilidade dos receptores de responder as mensagens enviadas pelo
emissor. Dessa forma, os meio de comunicação de massa (especialmente a televisão,
e a internet) são dotados de imensa capacidade de manipular a opinião pública, as
posturas, os comportamentos, as maneiras de agir e de pensar de um mundo globali-
zado. E isso de forma imediata, difusa e generalizada.
Essas mensagens não são somente informativas, elas vêm carregadas de inten-
so conteúdo emocional e ideológico, direcionando a opinião pública ao sabor de suas
argumentações e imagens. Esse fato leva a inúmeros questionamentos acerca da
chamada indústria da consciência. Há que se ressaltar que a comunicação não se dá
· t de ~orma expressa ou manifesta - , ela também se dá
somente na esfera consc1en e -
· na~ 0 manifesto ou latente. E essa segunda espécie de
!' .
. .
na esfera mconsc1ente - ou. seJa, · ode · deixar o receptor confuso e prop1c1
. .ar mter-
.
comunicação é a mais pengosa, pms P ue não correspondem à verdade dos fatos, em
q
pretações das mais diversas ord ens, e
grande parte das vezes. · d'1c1·ár·10 for se
· . do ou algum representante d o JU
Dessa forma, quando 0 magJstia . de comunicação de massa, deve utilizar
05
expressar publicamen te • perante os mel údo de sua fala de forma clara e objetiva
- t aduzam o conte ,
termos e expressoes que r _ distorcidas ou ambíguas.
evitando a possibilidade de interpretaçoes
201
..
MUNITÁRIA EDIREITO
15· PSICOLOGIA CO . ....· e Direito se torna cada vez tnais at
. 1 · Comurutc.uta Uat
A relação entre Pstco ogta . oncebido isoladamente, fora do arnbient
. . 'd não pode ser c . . e
ar mos que o mdivi uo , mos de Diretto InternaciOnal Püblic
se pens global Cem .er . oe
social, seja este local ou mesmo d Hdade humanitária).
Privado especialmente em sua mo _a d' L da Saúde (OMS), o t ermo "saúde" é
' . açao Mun ta .
De acordo com a Orgaruz tar físico mental e social". Assim se
" d d completo bem-es ' . . '
definido como o esta o e , d de forma simphsta e madequada, corno
de conceber a sau e
por um lado não se po tionamos se não houve um exagero na
" r outro lado ques
"a ausência de doença • po
. r . - ao deterrru·nar que 0 estado de saúde é alcançado
formulação da refenda de Imçao, . ntal e social, comple tude esta de difícil
por me1o. do "completo" bem-estar físiCO, me

alcance.
p assim que sen.a mms. a d equado falar em estado de "equilíbrio" dos
ensamos,
três aspectos apontados' pela própna
. d efmiÇ
' . ão da OMS: 0 estado físico, o mental e o

social. ) a vez determina ser a saúde


A nossa Constituição Federal (art. 196 • por su .' . .. .. .
d d E t do
"direito de todos e ever o s a · " Sendo que 0 referido dire1Lo deve
. ser
d dgarantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do nsco e oença~ e
outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoçao,
proteção e recuperação".
Ao incluir expressamente o bem-estar mental e social como elementos da de-
finição de saúde, ao lado do bem-estar físico, a OMS amplia a abrangência do termo
saúde tendo em vista contemplar de forma mais adequada a proteção da pessoa hu-
mana que, para ser considerada saudável, necessita habitar um corpo são - na pers-
pectiva física e mental - e estar inserida em um ambiente social igualmente são, ou
seja, em um ambiente que atenda às suas necessidades básicas, tendo em vista a
promoção da saúde.
Em face do cüreito à saúde e da psicologia comunitária é necessário tecermos
algumas considerações introdutórias.
Quando abordamos a "história da psicologia", temos que o seu principal objet o
de estudo é a subjetividade. Afirma-se, também, que o que diferencia as linhas teóri-
cas dentro da nossa disciplina é a forma de abordagem do fenômeno subjetivo, que
pode se dar a partir da abordagem do homem isoladamente- psicanáli'se co ·t
, mpor
mentalismo, cognitivismo, entre outros - ou pode se dar a partir da abordagem do a-
homem em seu contexto histórico, ou seja, por meio da psicologia social.
A "recuperação'' da saúde, mais especificamente da chamada "sau'de
apontada pelo Texto Constitucional , em seu art. 196, dá-se, na maioria das v mental"'
rne10 . 1agia
. d a chama d a "pstco . c líni'ca", ou seja,
. por me10
. d a ab o r d agem individualiz
ezes, Por
d as pessoas, rneUJante
, J: .
apmo .
ps1co . - que mw.tas vezes ocorre conjuntam
lóglCo ada
t
ratamento ps1qrna . dos t rans t ornos rncntaiS.
. "tnco . No que wz
.~, respeito
. à "protno
ente
_ ao
Çao" e
202 FormaçãJ human1sllca Grn d r
10
à "proteção" da saúde, nas perspect' ..
cuperaçao- "
, ant en.ormente abordadalvas mental" e"socml . ", que compõem com a "re-
da Cons"'' •t UlÇao
. - d c 1988, a psicologia, asl trêsb esferas d a saúde apontadas pelo arl. 196
meio da chamada "psicologia social c am érn oferece importante contribuição por
omunitária" '
Nessa seara, cumpre ressalta ·
. r que a abordagem I ,
da, ou seJa, na pers pectiva da saútle ct· 'd' r a saude de rorma fragmenta-
Jvt tela em aspe 't f( .
presente contex to, dá-se na Lentativ , c. os saco, mental e social, no
., a Lanto ele confer·. 11 I .,. ,
mento - .ra que estamos seguindo d' . egt nrudarlc ao nosso pensa-
tretnzes e d' · · .
abordam o assu nto - como na tenta•. d IVtsoes legaas e institucionais que
Ltva e proporciona 1 't
elucidativa da proteção jurfclica d ,d r ao e1 or uma visão clara e
. . a sau e mental pelo viés ela psicologia
O que diferenc1a a psicologia soe·131 . ·
abordagem da sub;etividade u·, 'd elas demais correntes em psicologia é a
" .sen a em uma I ti .d d
ou internacional. Ela não aborda . . co e Vl a c, seja ela na esfera nacional
_ d cada mdJVfduo per si, mas sim o vislumbra na di-
mensao . o grupo a q~e ele pertence em um aspecto local, regional ou mesmo nas
relações
. , mternac10na1s
. entre os grupos. p ara a PSICOlogia
. social, "o fenômeno psico-
lógico e smmltanean:ente ~ubjetivo e cultural" (Vygotsk-y apud Bock eL ai., 2009, p.
72). Acrescentamos
. • a refenda afirmação que 0 •'rena·"' meno sub'~e t'IVO passa a ser, cada
vez mrus, um fenomeno psicológico simultaneamente subjetivo cultural e trans ou
intercultural. '
De acordo com a psicologia sócio-histórica, a forma como pensamos, sentimos,
desejamos e significamos as experiências é construída no contexto cultural em que
vivemos, além daquele trans ou intercultural ao qual nos referimos acima.
Partindo da concepção da psicologia social, para que um indivíduo seja consi-
derado saudável, da perspectiva mental, é imprescindível que seja "sujeito ativo" na
construção de sua vida, conforme aponlado acima. A saúde na perspectiva social
também exige uma postura ativa do sujeito. E isso, se não for pelo fato da necessidade
de conscientização de que o Estado é formado por indivíduos, e que não se trata de
instância autônoma e independente da vontade humana, que seja pelo falo da neces-
sidade de conscientização de que os resultados da ação do "Estado provedor" não
apontam para a satisfação daqueles que necessitam ser providos em termos de condi-
ções mínimas de saúde: o resultado "saúde na perspectiva social'', para que seja im-
plementado, passa pela necessidade de inserção dos indivíduos no processo para ob-
tenção de saúde.
A comunidade é um importante espaço de inserção da psicologia social. De
acordo com Bock Furtado e Teixeira (2009), as polfticas públicas são um campo de
rand t 'b ~ - d ·colog1·a social Elas se referem a direitos sociais de um
g es con n wçoes a ps1 · _ . .
agt· t - liti'cas para guiar a construçao da v1da coletiva, em que
upamen o 11umano, sao po . .
. ti·vo na construção de sua históna. Para os autores
O ser humano é tido como ser a , . . , .
·t d . rte das constr..uções pol2ttcas da vtda publ?.ca
CJ a os (2009, p. 89), "a mawr pa · . . .
. d · ·ros que são na ma10na das vezes, vtsLos e conce-
d.d
esconstdera a presença e suJe? árias Poucos • são os esforços de compreensão da
bt os nas políticas como meros usu ·
203
r . . mantêm com um serviço, por exemplo, o serviço de
relação que os sujeitos soc1rus
transporte ou de saúde" (grifo nosso). . _ ..
. . .tá . é um movimento de aprmnmaçao do cotidiano da
A psicologia comum na d d s
. · t.t
pessoas principalmente nos batrros e ms I Ul ·ções populares :
on e a gran e paree1a
' . .
da população vive, orgamza-se e cna seus can ais de expressao.
. . . .
. em 1965, nos Es"' ados Unidos• como uma diSCiplina destmada a tra-
Eia surgm
balhar com a saúde mental das populações exclufdas. Para Montero (l98Z), a psicolo-
gia social comunitária é a área da psicologia cujo objeto é 0 estudo dos fatores Psicos-
.
sociais que pernutem desenvolver, foment ar. e manter o controle
. e o poder .que 0 s
indivfduos podem exercer sobre seu ambiente individual e social, tendo em Vlsta so-
lucionar problemas que os afetam e instalar mudanças no seu ambiente e na estrutu-
ra sociaL
Os princípios básicos dessa disciplina são a união entre teoria e prática; a trans-
formação social, como meta, e 0 poder e controle dentro da comunidade; a conscien-
tização e socialização; autogestão e participação.
A "autogestão" é o conceito-chave da psicologia comunitária. Ela significa o
poder rl e produção e controle das mudanças no ambiente imediato dos indivíduos que
compõem uma coletividade específica. Cabe ao psicólogo funcionar como um facilita-
dor, assessor ou agente externo na construção do grupo, como, por exemplo, ajudando
a detectar o líder do grupo e a treiná-lo para o trabalho em sua comunidade. A auto-
gestão somente é possfvel se houver empenho e organização para tanto: a participação
ativa dos sujeitos que compõem o grupo; capacitação dos agentes interventores; as-
sistência técnica; respaldo financeiro; apoio; coordenação e compromisso interinsti-
tucional.
Não se pode esquecer, no entanto, dos elementos obstacuiarizadores presentes
na maioria dos processos de autogestão. Os referidos elementos são compostos por
agentes internos, tais como a "desesperança aprendida", a "submissão e falta de ini-
ciativa" igualmente aprendidas, as relações pessoais conflitivas, a incapacidade de
planejru· a curto prazo e as condições socioeconômicas adversas. Compõem rol dos
0
elementos obstacularizadores externos o "paternalismo", a imposição e 0 preconceito,
o etnocentrismo, entre outros.
A autogestão refere-se ao poder de decisão de um grupo no conte·x to .
comuru-
tário e à organização de grupos que se tornem conscientes e aptos a exercer
umau-
tocontrole de situações de vida por meio de atividades cooperativas e trans~orm d
. a oras
(Freitas, 2010). A autogestão, na prát1ca de uma comunidade específica, necessit
inicialmente, de um levantamento das necessidades vividas pelo grupo, relativame a~
te a condições de saúde, saneamento básico etc. Depois, é necessário que se ,,.., 1·c· n
._., Ieum
processo de conscientização com os grupos populares para que eles assumam.
gressivarnente o papel de sujeitos de sua própria história, conscientes dos dete~~~
nantes sociopolíticos de sua situação, que se posicionem de forma ativa, na busca de
soluções para os problemas a serem enfrentados.

204 Formação human .,tJca i;'ITJ d r :o


Nesse sentido,
. torna-se imprescindfvel a busca do d esenvo1vunento
· da consciên-
·
cia crítica, da.étiCa da_solidariedade
. e de práticas coop t" .
era 1vas ou mesmo autogestio-
nárias, a partu _da analise dos. problemas coticlianos da comum·ctad e. A autogestao
- éo
ápice das rela?oes democráticas em que há participação de todos. Entretanto, lem-
brando que é •mportante a escolha de lfderes, con•o ~, rme a
firmamos antenormente
.
cada membro ~eve ser considerado ente-chave para o processo de instituição da auto~
gestão e soluçao dos problemas a serem enfrentados de forma ativa pela comunidade.
A ps.icologia comunitária é portadora de uma visão pragmática da psicologia
tendo em . v1sta a_abordagem de situações.socta1s
· · concretas e suas respect1vas
. soluções'
por meiO da açao daqueles que estão sofrendo os problemas "na pele". Ela atribui
ênfase à qualidade de vida das comunidades como objeto do saber psicológico. Enfoca,
principalmente, as questões interpessoais da comunidade, em lugar da preocupação
tradicional, também importante, da psicologia, ou seja, a preocupação com o inclivfduo
e suas questões intrapsíquicas.
A psicologia comunitária aparece como resultado da luta pelos Direitos Huma-
nos e contra a violência em suas diferentes facetas e expressões. Daí a importância de
apontarmos o viés (incipiente em termos doutrinários) , da Psicologia Comunitária e
seu vínculo com o direito no âmbito internacional (especialmente por meio das Im;ti-
tuições e Cortes Internacionais de Direitos Humanos).
Ela confere suporte à participação junto às propostas de políticas afirmativas
e às diferentes formas e cenários de realização das práticas e intervenções comunitá-
rias, tendo em vista a proteção e promoção da saúde mental e social e, consequente-
mente, de uma vida digna, conforme determina a Organização Mundial de Saúde e a
nossa Constituição Federal.
A saúde deve ser, então, entendida como componente da qualidade de vida. Ela
é um "bem comum", um bem e um direito social. Cada um e todos devem ter assegu-
rados o exercício e a prática desse direito, a partir da aplicação e utilização da rique-
za disponfvel em nosso país, dos conhecimentos e tecnologias desenvolvidos no âm-
bito interno e internacional pela "sociedade mundial".

16· CONCLUSÃO
De acordo com o que afirmamos na introdução do presente capítulo, a nossa
função no correr do presente texto se circunscreveu a apontar os principais temas
que tocam o elo entre Psicologia e Direito no Brasil, na atualidade. Certo é que muitos
outros temas poderiam ter sido alocados no nosso contexto, já que a psicologia jurídi-
ca configura disciplina que vem se tornando cada vez mais importante e que vem cada
vez mais ocupando espaço junto ao Direito no contexto das demandas da nossa tão
complexa sociedade.
Cumpre ressaltar que, apesar da abordagem sucinta dos temas, não pecamos
por omissão, tanto na abordagem de temas que notoriamente envolvem o vínculo en-
tre Psicologia e Direito e que assumem uma nova roupagem a cada dia: no direito de

205
. tema acerca da prectotni.
família com as novas formas de LUÚào homoafeLJva, com0 0 xi"em vigilân .
' . . ntais que e e. cta e
nância na sociedade moderna de famflias monopare • r dar de forma adequact
constante atualização por parte de juristas e psicólogos para 1 a
com esses temas. . Direito com
Também as novas necessidades de incursão da Psicologia no o na
ciedade •e a rrúd'
avaliação da verdade em jufzo e as relações do judiciário com a 80 la
foram abordadas.

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