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PSICANÁLISE CLÍNICA

2 - Teoria Psicanalítica l

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AULA 01 - Introdução à Teoria Psicanalítica
Há algo fundamental que precisa ser assimilado logo de inicio em Teoria
Psicanalítica: Psicanálise é Arte. Nela influem componentes subjetivos como
acuidade mental, universalidade de conhecimentos, graus de sensibilidade,
rapidez de raciocínio e outros elementos não mensuráreis, mas que fazem
grandes diferenças nos resultados que se deseja alcançar.

É de extrema importância que aquele que venha exercer a Psicanálise, a


exerça com paixão e obtenha plena satisfação no seu exercício. O Psicanalista
é e deve ser um profissional apaixonado pelo ser humano. Somente os
verdadeiramente sensíveis à alma humana obterão resultados. Aqui estaremos
dando entrada neste fascinante mundo da Psicanálise.

AULA 02 - Noções Básicas e Diferenças


A Psicanálise foi criada pelo Austríaco Sigmund Freud (Sigismund Schlomo Freud /
1856-1939), que por volta da passagem do século, em Viena, começou a expor suas
teorias do inconsciente. As grandes controvérsias sobre os métodos e teorias de
Freud não obscurecem o fato de que ele muito contribuiu para a nossa melhor
compreensão dos processos mentais.

Suas técnicas de exploração do subconsciente e o seu conceito dinâmico do


psiquismo servem de base à maioria dos tratamentos de psiconeuroses e deram
grande prestigio a reeducação como um meio de restabelecer a saúde mental.

Diferenças
1. Psicanálise e Psiquiatria
A Psicanálise, como alguns pensam, não é uma sub-especialidade da Psiquiatria.
Também não é uma especialização médica. São ciências afins, porém,
completamente definidas, cuidando de partes do psiquismo que não se confundem.
Fundamentalmente, os objetivos e perspectivas são diferentes.

Os problemas da mente podem ser divididos em dois tipos básicos: estruturais e não
estruturais; Falando nos estruturais, vamos observar que podem ser subdivididos em
psicogênicos e neurológicos.

- Os problemas Estruturais competem à Psiquiatria. Estrutural é toda enfermidade que


lesiona, ou seja, toda enfermidade que de certo modo lesou a estrutura da psiquê. A
lesão pode ser funcional, degenerativa ou abrasiva; Neste âmbito, encontramos todas
as psicoses, transtornos, oligofrenias, surtos, etc. Todas essas enfermidades têm uma
"lesão" que as determina, embora lesão aí não signifique qualquer coisa anatômica.
Situamos também as neuropatias, cujo Sistema Nervoso, nas áreas central e
periféricas, também apresenta lesão, saturação ou stress; O conceito de estrutural
varia quando nos referimos às Neuropatias, porque aí pensamos em estrutura como
organismo, sem nos preocuparmos com o afetamento do psiquismo, que está
presente em todo problema estrutural / psicogênico;

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- Os problemas Não Estruturais competem à Psicanálise. O Não Estrutural é toda
enfermidade do psiquismo em que não pode ser encontrada lesão. Assim, toda
neurose é não estrutural, porque faz parte do material assimilado. Toda neurose é
resultado de nossas experiências, vivências, traumas, recalques e estão, sobretudo,
relacionados com a fixação da libido;

2. Psicanálise e Neurologia
A Neurologia cuida e estuda o Sistema Nervoso. Sistema nervoso não é mente, mas
interfere consideravelmente. A palavra neurose é uma impropriedade hoje, tanto que
se tem preferência por psico-neurose. Quando surgiu, pensavam que se tratava de
afecção do sistema nervoso, daí o nome. O estudo da neurologia é sumamente
importante para a psicanálise, com bagagem de informação e capacitação do
psicanalista para entender o todo do complicado ser humano, mas no fundo, não tem
nenhuma relação do objeto ou conteúdo.

3. Psicanálise e Psicologia
A Psicologia é a ciência que trata da mente, dos fenômenos e atividades mentais. É a
ciência do comportamento animal e humano em suas relações com o meio físico e
social. Já a psicanálise é uma arte. É arte que visa a decifrar os enigmas presentes na
mente como resultado da história do indivíduo. E para isso, se utiliza de método
próprio. Freud fez uma distinção muito interessante. Ele diz que há dois tipos de arte,
uma arte baseada no pôr e uma arte baseada no tirar. Por exemplo: em um quadro
com arte baseada no pôr, você tem uma tela, vai lá e põe a tinta. Já a escultura é
baseada no tirar. Psicanálise é tirar. Há situações em que a pessoa pede que a gente
aconselhe, ela está confusa, e o aconselhamento de alguma maneira dá alguma coisa
a ela. Mas na maioria das vezes, o que acontece com as pessoas é que elas estão
atravancadas, o problema delas não é falta, mas excesso de coisas. Elas são como a
casa cheia de entulhos de móvel velho, empoeirado, sala fechada, aquela confusão.
Então a psicanálise se propõe não a por mais coisa lá dentro, mas esvaziar.

AULA 03 - A Psicologia
A palavra "psicologia" deriva de Psychê, figura mitológica grega que significa
"alma". Segundo Platão, a psiquê é a vida mental, interna do ser humano.

Antes da palavra "psicologia", foi usado o termo "pneumatologia", do grego


"pneumaton" (vapor, respiração, espírito), para designar a parte da filosofia que
tratava da "essência e natureza da alma". O primeiro, entretanto, que usou o
termo foi provavelmente Melanchton, em 1550. Glöckel (ou Gocklenius),
professor de lógica em Marburgol, empregou-a também como título de uma
obra sua sobre perfeição moral, em 1590. Seu aluno Cassman utilizou o
mesmo termo em seus escritos, compreendendo, porém, a psicologia como
parte da antropologia.

De certa forma, podemos dizer que a palavra "psicologia" remonta realmente a


Christian Wolft, discípulo de Leibniz, autor de uma psicologia empírica e uma
racional.

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Ela foi definitivamente adotada por Kant, que, na classificação das disciplinas
empíricas sobre a natureza, requer sua exclusão definitiva da metafísica.

Definindo a Psicologia
Até pouco tempo atrás não existia um acordo sobre o objeto e, portanto, sobre
a definição da psicologia. Ela já foi o estudo da "alma", depois da "consciência",
mais tarde da "mente" e hoje é tida como o estudo e a ciência do
"comportamento", e ainda é tida por alguns como o estudo das "inter e
intracomunicações".

A Psicologia foi, aos poucos, ocupando um lugar de destaque entre os fatores


que influenciam o modo de pensar do homem ocidental. Penetrou na indústria,
na organização de comunidades e até no campo das relações
internacionais.

Estamos, sem dúvida, em uma nova era: a era das ciências sociais, e a
Psicologia, assim como suas congêneres, apesar de todas as criticas que lhe
são feitas, tem conseguido grandes avanços na busca de uma nova
compreensão da vida e desenvolvimento humano e novas maneiras de ajudar
as pessoas na direção de maior realização pessoal.

Como viver adequadamente neste mundo cada vez mais complexo,


alcançando maior satisfação e plenitude, parece ser o objetivo maior da nova
psicologia. A tarefa da psicologia, como uma ciência social, deve ser a de nos
oferecer uma explicação mais clara e o mais completa possível sobre a
natureza dos seres humanos. E, se queremos atingir este objetivo, não
podemos nos esquecer nunca de que os problemas do ser humano não se
prestam sempre a serem estudados por um sistema fechado de pensamento,
como os problemas das ciências físicas.

Mas o que tem a Psicologia estudado? De um modo geral, podemos dizer que
ela tem se preocupado com: 1) o desenvolvimento, incluindo a maturação e a
hereditariedade; 2) os órgãos do sentido; 3) o sistema nervoso, músculos e
glândulas endócrinas; 4) a aprendizagem; 5) a percepção; 6) a motivação; 7) a
emoção.

Com que finalidade? Geralmente, tentando compreender: a linguagem, o


pensamento e a resolução de problemas; a inteligência, inclusive sua medida;
a personalidade; o comportamento patológico e o comportamento de pessoas
em grupo.

A psicologia procura utilizar este conhecimento para nos ajudar na


compreensão de nós mesmos, na compreensão de pessoas com distúrbios de
comportamento, assim como melhorar as técnicas de aprendizagem e
resolução de problemas, as relações humanas e a eficiência no trabalho.

A psicologia é, sem dúvida, a nossa principal esperança de clarificar as


aspirações do homem e de descobrir os meios de realizá-las.

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O Desenvolvimento da Psicologia
Desde 1879, quando Wundt fundou em Leipzig o primeiro laboratório de
psicologia, pensando torná-la uma ciência experimental, desenvolvida dentro
dos mais rigorosos métodos fisicalistas, ela, a Psicologia, tem percorrido um
longo caminho, sendo que, até hoje, muitos não a aceitam como uma
verdadeira ciência.

Desde então, pesquisas têm se desenvolvido aqui e ali, e, principalmente;


teorias têm sido elaboradas.

Já entre os gregos, que se preocupavam principalmente em explicar o


universo, notamos uma linha de pesquisa voltada para aquilo que chamam de
espírito ou alma, ou os fenômenos provocados pela contraparte imaterial do
homem.

Pitágoras, Empédocles, Anaxágoras, Demócrito de Abdera, Diógenes de


Apolônia, Hipócrates, os sofistas, Sócrates, Platão e Aristóteles foram os
principais a tratar desta sorte de fenômenos.

Com o cristianismo, o estudo da alma tomou um rumo um pouco diverso, pois


as preocupações estavam localizadas no pós-morte, no seu destino, e não
propriamente nos fenômenos psíquicos. Assim mesmo, Santo Agostinho e
Santo Tomás de Aquino se destacam como estudiosos que não deixaram de
contribuir, de certa forma, para que a psicologia prosseguisse seu caminho.

A Renascença, com sua atenção voltada para o homem, o "aqui e o agora", foi
uma época decisiva, que preparou para os estudos de ordem mais científica
que viriam a desenvolver-se nos séculos posteriores.

O rompimento com a autoridade, a revelação e o estudo voltado para a


pesquisa foram atitudes novas que prepararam o caminho para o método
científico. Nesta época destacam-se, especialmente para o estudo da
psicologia educacional, Juan Luis Vives, Huarte de San Juan e Erasmo de
Roterdam.

Do século XVII em diante, os estudos psicológicos, se assim podemos dizer,


tomam impulso com o racionalismo, o iluminismo e o empirismo. Também o
desenvolvimento das ciências físicas e biológicas, que ocorreu a partir de
então, foi fator fundamental para a evolução da psicologia.

Podemos considerar o associacionismo, movimento que congregava


principalmente os empiristas ingleses, como o grande corte que separa a fase
puramente filosófica da psicologia de outra de caráter mais científico.

Hartley, Hobbes, Berkeley, Condillac, James Mill, John Stuart Mill, Thomas
Brown, Alexander Bain foram nomes de expressão nesta fase tão importante.

Outros pesquisadores e educadores que aparecem após o associacionismo


também deram a sua relevante contribuição para que, pouco a pouco, a

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psicologia tomasse o seu rumo e se delineasse como ciência independente da
Filosofia. Podemos citar alguns deles: Pestalozzi, Galton, Spencer, Darwin,
Gall, Weber, Fechner e tantos outros.

Após o feito de Wundt em Leipzig, seus alunos se espalharam pela Europa e,


principalmente, pelos Estados Unidos, continuando os estudos do mestre e
introduzindo uma era de fermentação, discussão e dogmatismo, chamada a
Era das Escolas.

Os principais movimentos que se destacam neste período são: o


estruturalismo, o funcionalismo, o behaviorismo, o gestaltismo e a psicanálise.

Assim, entramos no século XX, com os pesquisadores formando grupos


fechados e radicais em seus posicionamentos, que não passavam de meras
hipóteses, mas que dirigiam os estudos dos cientistas posteriores.

A Psicologia Hoje
Depois de uma fase de "ismos" (Estruturalismo, Humanismo, etc.), em que a
psicologia era endeusada e tida como a ciência salvadora da humanidade,
entramos em uma era em que ela passou a ser duramente criticada, por
múltiplos motivos.

Em primeiro lugar, divergências profundas, dentro da própria área, vêm


impedindo que ela se torne um corpo de conhecimentos organizado, em que as
prioridades estejam esboçadas.

Em segundo lugar, ela não foi capaz de promover uma real melhoria na
qualidade de vida das pessoas.

Em terceiro lugar, de uma certa forma, ela tem servido à desse dominante,
pois, estabelecendo parâmetros ao redor dos valores dos grupos que têm o
poder, reforça o fenômeno da passagem dos padrões de cima para baixo,
dentro da hierarquia hegemônica das classes.

O homem se posiciona dentro do universo como um elemento inserido em uma


teia complexa de fenômenos, e a sua natureza e a sua essência só poderão
ser verdadeiramente compreendidas se não se perder de vista este ponto de
partida.

De qualquer forma, parece que estamos vivendo, atualmente, uma fase de


amadurecimento, e, pouco a pouco, a psicologia vai encontrando seu
verdadeiro caminho.

Talvez, daqui por diante, redirecionando-se e recolocando o homem sua vida e


sua essência como o centro de seus objetivos, a psicologia possa, de uma
maneira mais concreta, prestar seus serviços à humanidade.

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A psicologia, pois, engatinha e encontra-se numa encruzilhada. Ou escolhemos
um sistema fechado para orientar nossas pesquisas ou optamos por um
sistema aberto.

Em um sistema fechado de pensamento, o importante sobre as pessoas não é


sua essência, mas "seu funcionamento", como ela age e como consegue
melhor desempenho, maior eficiência.

Já em um sistema aberto, a pessoa e sua auto-realização são o centro de


preocupação. A pessoa é vista dentro de uma totalidade, considerando toda a
teia física, social, psicológica, econômica, política, histórica, cósmica, etc., que
formam o próprio tecido da vida que vivemos neste mundo. Esta é uma visão
holística do homem.

As teorias psicanalíticas seriam uma espécie de segunda força. Estão entre os


dois sistemas e, sem dúvida, abriram o caminho para o segundo.

Nos últimos anos, esta nova abordagem da natureza humana (humanista),


inclusive fortemente influenciada por teorias orientais, tem se tornado cada vez
mais importante.

Parece que, além da nossa disposição biológica inata para o crescimento e o


desenvolvimento, cada indivíduo possui uma tendência para o desenvolvimento
psicológico. Isto foi descrito por vários psicólogos como uma tendência à auto-
realização, um impulso para a autocompreensão, uma necessidade de
aprimorar sua consciência e competência - tudo isso a fim de obter mais alegria
e satisfação da vida.

AULA 04 - A Emoção
A emoção é uma forma de comportamento na qual as respostas viscerais
condicionadas têm um papel preponderante. Diferente da motivação, a emoção
nem sempre tem um objetivo definido. Freqüentemente, ela consiste em uma
reação difusa e desorganizada a algum estímulo interno ou externo.

O comportamento emocional é determinado por um complexo jogo de


predisposições hereditárias e condicionamentos.

As reações emocionais tendem a durar mais do que outras reações porque os


músculos viscerais lisos, uma vez estimulados, são lentos em relaxar. Esta
persistência pode estabelecer um estado emocional de longa duração, que
continua depois que os estímulos já desapareceram. Este estado é chamado
de humor. Embora este estado emocional seja persistente, não é tão intenso
como a própria emoção. Já o temperamento é uma reação emocional
constante, costumeira, que caracteriza uma pessoa.

As emoções básicas são: prazer, tristeza, raiva e medo. Entretanto, todas elas
têm uma enorme escala de variação. Por exemplo, o prazer pode variar da
satisfação ao êxtase, sendo que nesta escala estão incluídos o amor, a alegria,
etc.. A tristeza pode variar do desapontamento ao desespero; o medo, da
timidez ao terror; a raiva, do descontentamento ao ódio.

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O desenvolvimento emocional é influenciado pela hereditariedade e pela
aprendizagem. A constituição individual é um fator determinante na
sensibilidade do sistema nervoso autônomo, no grau da resposta visceral e no
padrão de difusão das reações viscerais. A maturação é importantíssima,
também, neste ponto, pois antes que certas respostas emocionais possam
aparecer, os órgãos do sentido devem estar maduros ao ponto em que possam
perceber claramente os estímulos. Também os processos cerebrais devem
estar maduros antes que possam experimentar certas nuances da emoção.

Os estímulos externos que causam as reações emocionais, o significado que


damos a essas reações e a maneira pela qual nós as expressamos são
resultado da aprendizagem.

Trabalho realizado por alunos de Psicologia a respeito de Emoções:


Videos: https://www.youtube.com/watch?v=kcdEKv8GQGk

AULA 05 - A Percepção
O homem ordena e dá significado às experiências que recebe através dos
órgãos dos sentidos. A percepção é um processo organizacional, seletivo e
interpretativo. É organizacional porque tendemos a perceber estímulos em
padrões significativos mais do que como entidades separadas, sem relação. As
propriedades externas dos próprios estímulos e os estados internos do
perceptor contribuem para tal organização. É um processo seletivo, uma vez
que percebemos, por causa de fatores externos e internos, somente alguns dos
muitos estímulos em nosso ambiente. E a percepção é um processo
interpretativo, pois são dados aos estímulos percebidos significado e valor.

A aprendizagem depende da percepção, pois esta haverá de guiar aquela,


desde que respondemos aos estímulos tais quais os percebemos. Entretanto,
também a percepção será influenciada por nossas aprendizagens anteriores.
Assim, interpretaremos os estímulos de acordo com experiências já passadas,
nossas crenças, atitudes, expectativas, etc.

Os psicólogos gestaltistas descobriram que a percepção é organizada de


acordo com os seguintes princípios:

- Figura-fundo: reconhecemos espécies de estímulos como figuras sobre um


fundo. Por exemplo, uma música determinada (figura) é reconhecida sobre um
fundo de outros sons. Algumas espécies de figuras-fundo são reversíveis, tanto
podem aparecer ora como figura, ora como fundo.

- Contorno: a percepção da figura-fundo depende do modo como o indivíduo


percebe as curvas ou contornos que separam um objeto de seu fundo. O
contorno dá limite à forma.

- Agrupamento: tendemos a perceber como um grupo objetos que são


semelhantes, estão próximos, arranjados simétrica e continuamente.

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- Fechamento: tendemos a perceber um objeto como completo, mesmo quando
partes dele estão faltando.

Estudos motivacionais indicam que objetos-estímulos muito valorizados ou


muito necessitados aparecerão maiores ao perceptor do que realmente o são.
Um indivíduo pode ser motivado a perceber aqueles aspectos de uma situação
que lhe darão aprovação social e evitar aqueles outros que são socialmente um
tabu.

AULA 06 - A Motivação
As necessidades produzem motivos que impelem o indivíduo à ação. Embora
alguns motivos sejam inatos e outros adquiridos, a maneira pela qual
respondemos a todos eles é modificada pela aprendizagem e influenciada pela
cultura na qual vivemos.

O termo motivação é, pois, genérico e designa as necessidades, metas ou


desejos que provocam a ação de um organismo.

O processo de motivação consiste no estágio motivacional, no qual o indivíduo


é ativado a fim de satisfazer uma necessidade; o estágio comportamental, no
qual a resposta é dada; e o estágio de redução da necessidade, no qual a
resposta satisfaz.

Os aspectos ativadores e direcionais dos motivos afetam a aprendizagem, pois


o motivo é condição para que a aprendizagem se estabeleça, e quanto maior o
motivo (acima de um nível ótimo), mais respostas o organismo dará e mais ele
aprenderá sobre seu ambiente.

Assim, pois, a motivação vai desde os estados de ativação difusos, carentes de


direção, até expressões específicas de energia, dirigida a objetivos. Embora
usemos, com certa freqüência, os termos "necessidade" ou "função" para
designar toda a gama de forças motivadoras que afetam a conduta, certo
número de teóricos prefere reservar o termo motivo para aqueles casos nos
quais a atividade não somente se provoca, mas também é dirigida para um
objetivo.

Há muitas classes de necessidades e de motivos que podem influir na conduta.


Falando em termos mais concretos, há necessidades inatas, ou seja, primárias,
como se costuma chamá-las, e secundárias ou adquiridas.

Entre as primeiras, figura toda uma variedade de necessidades biológicas


(comida, água, calor, oxigênio, evitar a dor, etc.) que o organismo tem que
satisfazer para que sobreviva.

Uma necessidade se entende como um estado fisiológico interno do organismo


e não um conjunto de respostas. É verdade que a natureza, às vezes, ajuda
nisto ao proporcionar ao organismo uma resposta adequada à determinada
necessidade. Assim, por exemplo, a resposta de sucção se provoca
caracteristicamente quando se coloca um dedo na boca da criança. Sem
dúvida, a criança aprende a mamar com mais eficácia à medida que vai

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praticando, e, mais tarde, aprende a beber de um copo e a comer com uma
colher. Embora as necessidades, às vezes, levem a criança a buscar
satisfação, tem-se que observar que, geralmente, o organismo deve aprender a
resposta mais adequada para a satisfação da necessidade.

Mas a maioria das respostas dos seres humanos não é provocada por
necessidades, ou carências básicas, mas por necessidades adquiridas, mais
apropriadamente designadas por "motivos". Os motivos são desejos adquiridos
de alguns objetivos. As crianças aprendem os motivos de poder, de
qualificação, de dinheiro, de aprovação, etc. Estes desejos, ou motivos,
fomentam a aprendizagem de determinadas condutas. As diferenças que se
observam entre crianças pelo que toca à força e ao aparecimento de diversos
motivos são, em parte, o resultado das diferenças nos sistemas de valores dos
pais e dos amigos, e, por conseguinte, da conduta que recompensam.

Ao falar sobre motivação, não podemos deixar de fazer referência ao incentivo,


que nada mais é que um reforço que adquiriu propriedades motivacionais,
mesmo na ausência da necessidade.

AULA 07 - A Aprendizagem
O processo de aprendizagem é básico na formação da pessoa humana. O
homem tem uma capacidade ilimitada de aprender e aprende de várias formas:
ensaio e erro, condicionamento, imitação, insight e raciocínio. Só dizemos que
realmente ele aprendeu quando há uma mudança em seu comportamento,
como resultado da experiência.

A aprendizagem depende de vários fatores, como a inteligência, motivação,


maturação, percepção, etc. As experiências têm revelado que a rapidez com
que aprendemos uma determinada habilidade ou fragmento de algum material,
a quantidade do que lembramos e a duração de tempo de tal retenção depende
muitíssimo da maneira pela qual a habilidade e os dados são aprendidos e
praticados (as técnicas), quanto significado tem para o aprendiz (motivação), e
se ele recebe ou não feedback (retorno, conhecimento dos resultados) de seu
progresso. Evidentemente, não podemos esquecer também o próprio potencial
do indivíduo e do seu estado orgânico e emocional.

Como aumentar a eficiência da aprendizagem?

a) O feedback que informa ao aprendiz sobre seu progresso melhora a


aprendizagem porque o toma capaz de ajustar sua performance e pode agir
como uma forma de reforço positivo. Tal feedback pode ser diretamente
observável pelo aprendiz, como na maioria dos esportes, ou pode ocorrer na
forma de informação de segunda mão. Experiências de feedback retardado
sugerem que a aprendizagem motora é mais dependente de um conhecimento
imediato de resultados do que a aprendizagem verbal.

b) O ajuste da prática é um importante fator a considerar quando se discutem


os métodos mais eficientes de estudo. A prática distribuída é geralmente
superior à prática maciça na aprendizagem motora, na aprendizagem verbal
seriada e na de pares associados, quando as respostas são tão semelhantes

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que podem interferir com cada outra. Também na prática distribuída, a
extensão dos períodos de repouso são igualmente considerações importantes.

c) Se a aprendizagem global ou por partes é mais efetiva, depende do tipo de


tarefa, do indivíduo envolvido e da extensão do material a ser dominado.
Material altamente significativo geralmente é mais bem aprendido por períodos
distribuídos de prática de aprendizagem global. Se o material é longo,
entretanto, ele deveria ser repartido em partes menores significativas. A
memorização automática de tarefas simples e daquelas que não têm
significado particular para o aprendiz é mais bem adquirida pelo método
parcial. A aprendizagem parcial é também recomendada na aquisição de
habilidades motoras e tarefas que constituem graus variados de dificuldade.
Nestes casos, cada parte pode requerer uma quantidade de tempo diferente
para ser dominada. A principal desvantagem do método parcial é que desde
que todas as partes são aprendidas, toma um tempo extra juntá-las em um
todo. Também a lembrança de uma parte pode interferir em uma outra. No
estudo de assuntos escolares, a aprendizagem global é recomendada para a
visão geral inicial do tema, com aprendizagem parcial para áreas de
complexidade particular e integração dessas áreas em um todo como uma
etapa final.

d) Três fatores adicionais que influenciam a razão de aprendizagem são: a


significação, a quantidade do material e a espécie do material. Nós todos
aprendemos mais depressa quando estamos mais interessados ou envolvidos
no assunto em questão. Itens vividos ou distintos são aprendidos mais
rapidamente porque estão menos sujeitos a interferência.

As experiências aprendidas podem transferir-se de modo tal que a


aprendizagem passada influencie a presente. Assim, o que aprendemos em
uma situação pode afetar outra situação. Esta transferência de treino é
bastante importante para a aprendizagem.

É, provavelmente, responsável pela nossa habilidade de reconhecer objetos,


perceber relações e conceituar as experiências que encontramos pela vida. A
enorme capacidade humana para o conhecimento pode bem depender do
princípio da transferência. Um indivíduo não poderia aprender tudo o que
aprende se um eficiente método de transferência não lhe permitisse progredir
com sucesso de situação para situação, construindo sobre o que ele já
conhece.

Dizemos que a transferência positiva ocorreu quando a aprendizagem de uma


tarefa toma uma segunda mais fácil de ser aprendida. A transferência positiva
ocorre usualmente quando as respostas requeridas das duas tarefas são
semelhantes. Quando duas tarefas requerem a mesma resposta similar aos
estímulos, mesmo que os estímulos sejam diferentes, a transferência positiva
ocorre. A generalização do estímulo está envolvida.

Quanto mais semelhantes forem as respostas requeridas, mais fortes serão os


efeitos da transferência positiva.

Para predizer a direção da transferência (se positiva ou negativa) na situação


de aprendizagem, devemos ser capazes de isolar os elementos e julgar se são

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os estímulos ou as respostas que se assemelham. Para a transferência
positiva, como dissemos, as respostas devem ser similares. Na transferência
negativa, os estímulos são similares, mas as respostas não o são. A
transferência ocorre quando estímulos similares requerem respostas diferentes.

A prévia associação entre estimulo e resposta interferirá com a aprendizagem


da nova resposta.

Outra questão importante com relação à aprendizagem é o aspecto quantitativo


da memória ou retenção, que é: medida comparando-se o que é lembrado com
o que foi originalmente aprendido. Os três métodos mais importantes de se
medir a retenção são: a evocação, o reconhecimento e a reaprendizagem. A
evocação compreende a lembrança sem ajuda de pistas extras; é a medida
menos sensitiva, pois o sujeito deve reproduzir a aprendizagem original. O
reconhecimento é mais fácil e é freqüentemente uma medida mais sensitiva de
retenção do que a evocação. A reaprendizagem pode ser medida facilmente
pelo método de economia, comparando-se o número original de tentativas
necessárias para aprender uma tarefa com aquelas requeridas para reaprendê-
las.

O material bem aprendido é mais bem lembrado. A aprendizagem intensa e a


distribuição da prática, que permite tempo para as associações específicas se
desenvolverem, melhoram a retenção.

Faz-se uma distinção entre memória a curto prazo e a longo prazo. Acreditam
alguns que a memória a curto prazo é acumulada na forma de um traço de
memória – um caminho hipotético no sistema nervoso, através do qual a
informação é carregada. Esse traço aparece para desaparecer rapidamente, a
menos que a informação seja usada imediatamente ou substituída por um
acúmulo a longo prazo.

No estudo do esquecimento, uma ênfase considerável é dada às fontes de


interferência que podem enfraquecer a memória do aprendiz com relação ao
que aprendeu. A inibição retroativa ocorre quando a atividade interferente
acontece depois da atividade aprendida. A inibição retroativa ocorre quando um
indivíduo é incapaz de lembrar alguma coisa que aprendeu, na qual esteve
engajado previamente a esta nova situação de aprendizagem, porque uma
outra atividade está causando interferência.

A questão da aprendizagem foi mais bem estudada pelos behavioristas ou


comportamentistas.

AULA 08 - A Maturação
Maturação e aprendizagem estão intimamente ligadas. É praticamente
impossível isolar a influência de um fator sobre o outro. Maturação significa o
desenvolvimento do organismo como função do tempo ou idade. É o estágio de
desenvolvimento estrutural necessário para o aparecimento de determinado
comportamento. Uma função não pode se estabelecer sem que antes sua
estrutura correspondente esteja completa. A maturação, pois, abrange todas as
transformações neurofisiológicas e bioquímicas que se dão no organismo.

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O nível de desenvolvimento apresentado por um indivíduo, em qualquer
momento, resulta da maturação de suas potencialidades inatas e de todas as
suas modificações através da pressão de influências ambientais (processo de
aprendizagem). Assim, é impossível separar ou determinar a influência de um e
de outro, pois, desde o momento da concepção, o organismo passa a sofrer
influências ambientais e é obrigado, constantemente, a adaptar-se a novas
situações. Assim, a formação de um indivíduo depende não apenas da direção
apontada pelos gens, mas também das possibilidades e pressões
apresentadas pelos fatores ambientais.

É difícil afirmar que no ser humano exista algum comportamento que seja
apenas fruto da maturação (a não ser os processos orgânicos), pois, desde
que uma estrutura se estabelece, imediatamente; o desempenho de sua função
é treinado dentro de circunstâncias ambientais. Mesmo fatores como a
sexualidade, cuja manifestação completa se ligaria à maturação, são
modificados pela aprendizagem ambiental.

Assim, comportamentos como o voar dos pássaros ou o nadar dos peixes


praticamente não são encontrados no ser humano.

É importante lembrar, concluindo, que uma aprendizagem determinada não


pode se dar sem que a maturação necessária tenha ocorrido antes. Assim,
uma criança de sete anos, que ainda está na fase de operações concretas, e,
portanto não conseguiu ainda determinado nível de maturação, não pode
aprender logaritmos ou equação de segundo grau, que exigem um tipo de
pensamento que somente será desenvolvido na fase posterior.

As pesquisas (como as de Gesell) têm demonstrado que o treino, sem a


maturação requerida para a função, de pouco ou nada vale.

AULA 09 - A Personalidade
A maneira de conceituar personalidade depende basicamente do tipo de
abordagem a ser feita. Assim, ela poderá ser vista como uma variável
interventora, como estímulo, como respostas, etc., dependendo de nosso
posicionamento teórico.

Entretanto, procurando simplificar, podemos dizer que ela consiste em todas as


características organizadas que definem um indivíduo. Estamos incluindo neste
conceito todas as percepções, motivações, traços, hábitos, condicionamentos,
valores, padrões de comportamento, o temperamento, as crenças e
expectativas do sujeito.

Parece-nos bastante conveniente lembrar o conceito de Allport: “A


personalidade é a organização dinâmica, dentro do indivíduo, dos sistemas
psicofísicos que determinam seus ajustamentos únicos ao ambiente”. Esta sua
definição nos mostra aspectos importantes da personalidade: é um processo
de ajustamento, governado pelos nossos sistemas psicofísicos, é organizada,
dinâmica e única e, como é interna, é algo abstrato, que não pode ser
diretamente observável.

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deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
A personalidade é, antes de tudo, um resultado da interação entre
hereditariedade e ambiente. Um fornece ao outro tanto potencialidades como
limites. E é da relação dialética entre ambos que surge a personalidade.

Mas o que nos fornece, realmente, a hereditariedade e o que nos fornece o


ambiente? A hereditariedade haverá de nos fornecer alguns comportamentos
não aprendidos, como os reflexos e os impulsos; a constituição de nosso físico,
que implica, principalmente, as nossas diferenças no sistema nervoso (número
de neurônios, limiares de resposta) e no sistema endócrino, os dois
importantes sistemas integradores de nossas respostas; o temperamento e as
potencialidades próprias da espécie humana, como a capacidade de aprender
e as capacidades intelectivas de um modo geral. Já o ambiente nos fornecerá
os estímulos e os modelos. Assim, dentro de um Contexto social haverá de
emergir a personalidade individual.

Quando o indivíduo nasce, é apenas um organismo biológico que encontra


uma cultura já desenvolvida e bastante complexa, dentro da qual deverá
integrar-se. Ele não dispõe de mecanismos inatos de respostas que o
preparem para a sobrevivência – assim como os animais têm os instintos – em
seu meio, que é, fundamentalmente, um meio social. Assim, deverá adquirir um
repertório de respostas mediante a aprendizagem ambiental. E é através dessa
aprendizagem que ele vai desenvolver hábitos, atitudes, percepção,
motivações, traços, valores, filosofia de vida, crenças, expectativas, padrões de
comportamento que determinarão não só a sua vida no grupo social (isto é,
suas respostas externas), mas, inclusive, sua própria vida psíquica.

Assim, a aprendizagem se coloca como um dos fatores básicos para o


desenvolvimento da personalidade. E, conseqüentemente, todos os outros
princípios ligados a ela tomam relevância, como a homeostase, a motivação, a
percepção e a maturação.

Evidentemente, em principio, agimos em busca de homeostase: ela é, portanto,


a base de todos os nossos comportamentos e, pois, o motor da personalidade.
Ela proporciona um vínculo entre os níveis mais simples e os mais complexos
da individualidade. Por isso, psicanalistas, behavioristas efenomenologistas a
mencionam como compatível com suas teorias da personalidade.

A motivação é a própria busca da homeostase, um comportamento já dirigido


para determinado objetivo que possa restaurar o equilíbrio perdido. Embora
existam as motivações naturais e inerentes à nossa própria natureza, esse é
um processo que sofre influências e se modifica com a vida social.

A maturação, condição puramente orgânica, coloca-se como necessária


(prontidão do organismo) para que as aquisições comportamentais se façam.

A percepção determina a resposta. Aliás, a formação da personalidade é um


processo de aprendizagem para perceber como atrativos ou ameaçantes os
objetos, pessoas e situações. Considera-se, geralmente, a personalidade como
um termo que identifica um processo organizado, que inclui sistemas de
percepção e de respostas determinantes da forma única de perceber de um
indivíduo específico. Posto que a percepção determina a resposta, afirmamos
que o processo de desenvolvimento da personalidade é, em grande parte, uma

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questão de aprendizagem perceptual. A homeostase influi sobre a percepção
ao fazer com que o indivíduo chegue a identificar certos; signos como sinais de
objetos que restauram um equilíbrio valioso (com valência positiva) e a outros
como sinais de perturbações iminentes do equilíbrio (com valência negativa).

AULA 10 - Conflito e Ajustamento


Já deixamos bem claro que o processo de desenvolvimento da personalidade é um processo de
ajustamento. Todos nós devemos atender a uma série de necessidades internas e, ao mesmo tempo, às
imposições e limitações do ambiente, tanto social como físico. Assim, em suma, o objetivo de todo o
nosso comportamento é a aquisição de um repertório de respostas que nos permitam harmonizar as duas
tendências. Desenvolver personalidade será, em suma, desenvolver padrões de ajustamento.

O conflito será, portanto, uma constante em nossa vida. E sempre que encontramos a resposta que
solucione um conflito, novo conflito aparecerá. Embora constitua, junto com a ansiedade, um dos
principais fatores em qualquer forma de desvio de personalidade, o conflito é, entretanto, um componente
significativo da personalidade normal.

É lógico que, havendo duas classes de valências (o objeto positivo e o objeto negativo), o indivíduo pode
encontrar três tipos de situações conflitantes:

• a escolha entre duas valências positivas (conflito de acercamento-acercamento);


• a escolha entre duas valências negativas (conflito de afastamento-afastamento);
• a escolha entre uma valência positiva e uma valência negativa (acercamento-afastamento).
Freud também distinguia três tipos de conflitos: entre o indivíduo e o meio; entre o ego e o id e entre o
ego e o superego.

A resolução dos conflitos consiste, exatamente, nas formas de ajustamento. O êxito nesta resolução leva
o indivíduo ao conforto, à satisfação e à eficiência, e o seu malogro ao sofrimento e à doença mental.

Existem formas consideradas normais e desejáveis de se resolver o conflito, como o ataque direto à
realidade, a substituição do objetivo, a compensação, etc., assim como formas perigosas, tais quais os
mecanismos de defesa. Freqüentemente, alguns obstáculos interferem na resolução dos conflitos, como o
fracasso em reconhecer suas formas básicas subjacentes (inconscientes) e a própria tensão,
irritabilidade, nervosismo, agressividade e protesto que costumam acompanhá-los.

À medida que a criança se desenvolve, encontra frustrações e ameaças que tendem a produzir agressão,
ansiedade e tensão. Os conflitos entre as valências positivas e negativas elevam o nível da tensão e
causam alterações fisiológicas difusas, assim como interferência com os processos psicológicos.

A intensidade da tensão é, em grande parte, função das intensidades das valências positivas e negativas.
Pode-se descarregar, temporariamente, a tensão psicológica mediante catarse, mas esta não resolve o
conflito. Os conflitos podem ser aliviados mediante defesa perceptual (negar-se a perceber toda a
situação conflitante ou parte dela), por racionalização, projeção, etc. Entretanto, as soluções, a largo
prazo, dependem de se encontrarem formas socialmente aceitáveis, evitando as valências negativas ou
substituindo a valência positiva por outra menos ativadora de ansiedade.

AULA 11 - A Inteligência
Embora saibamos, evidentemente, que a inteligência seja uma condição para a aprendizagem,
principalmente para formas mais elevadas de aprendizagem, pouca concordância existe sobre a definição
do que seja realmente inteligência.

Comumente, ela é tida como envolvendo capacidades tais como "a descoberta de relações", "lidar
eficientemente com o ambiente", "solucionar problemas", "analisar, prever, julgar, deduzir". Gates define-a

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como "um composto ou organização de capacidades para aprender, para apreender, com vivacidade e
precisão, fatos amplos e sutis, especialmente os abstratos, para exercer controle mental e apresentar
flexibilidade e invenção, ao procurar solução para problemas".

O desenvolvimento mental se caracteriza por alguns aspectos do crescimento intelectual - aumento no


uso da linguagem e de outros símbolos, na capacidade para lembrar, concentrar-se e raciocinar.

O crescimento mental tende a ser relativamente constante nos primeiros treze anos de vida; depois,
permanece estático, e eventualmente atinge o ápice talvez por volta dos vinte e cinco anos; finalmente
passa por um declínio gradual. É impossível decidir em que idade o crescimento mental atinge o ápice,
pois a experiência é inseparável da inteligência, uma vez que a inteligência só pode ser medida
indiretamente, através de tarefas que exigem comportamento inteligente.

O aspecto teórico da natureza da inteligência não é mais claro que o problema prático de sua
mensuração. Embora o problema tenha sido muito estudado, obteve-se acordo relativamente pequeno.
Os testes existem e estão aí para indicar o QI (quociente intelectual), que é a expressão do desempenho
do indivíduo. Sua validade, porém, é bastante contestada.

Com relação também ao papel da hereditariedade e do ambiente na produção da inteligência e na


determinação das diferenças observadas no QI das pessoas, muitas pesquisas têm sido feitas e muita
polêmica tem-se criado.

Pensamos que a posição mais equilibrada é a seguinte: a hereditariedade fornece-nos um potencial, que
será trabalhado pelo ambiente, sendo o QI já o resultado da interação entre ambos. Assim, o
desempenho intelectual real de uma pessoa jamais poderá ser medido em termos de apenas um fator,
pois, desde o momento da concepção, o potencial genético passou a ser modificado pelas condições
ambientais.

AULA 12 - Testes Psicológicos


Os psicólogos usam as técnicas de medida para uma coleção sistematizada de dados sobre as
características de padrões comportamentais dos indivíduos e dos grupos. A estatística ajuda na
descrição, análise e compreensão dos dados, com uma maior precisão e objetividade do que se poderia
obter de alguma outra forma. Capacita também aos psicólogos poderem comunicar suas descobertas de
uma maneira entendida pelos cientistas sociais de todo o mundo.

Os testes psicológicos são usados para obter amostras do comportamento presente ou de atributos
específicos dos indivíduos para diagnóstico, predição ou pesquisa. Eles são divididos em três grandes
categorias: testes de aptidão, testes de inteligência e testes de personalidade. O método estatístico é
empregado em todas as três categorias para analisar e interpretar os resultados.

AULA 13 - Psicopatologia
A fronteira entre o normal e o anormal é extremamente tênue. E, além disso, o conceito de normalidade e
anormalidade é bastante relativo. Entretanto, de um modo geral, aceita-se como anormalidade uma
condição que impede o indivíduo de funcionar efetivamente em sua sociedade.

Os psicólogos pensam que ajustamentos pobres aos estímulos são evidências exteriores de possíveis
anormalidades. Todos nós exibimos, ocasionalmente, estes comportamentos.

O homem tem sempre que encarar a frustração em algum nível de sua vida. E, muitas vezes, ele usa
mecanismos de defesa para conseguir lidar com a frustração.

É uma maneira de se proteger da realidade, às vezes por demais dolorosa. Todos nós lançamos mão
desses mecanismos. Eles só são classificados como patológicos quando se tomam modos prioritários de
ajustamento e provocam uma perda de contato com a realidade.

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Os mecanismos de defesa, geralmente, podem ser classificados como: repressão fantasia, regressão,
racionalização, projeção, sublimação, formação de reação, compensação, etc.

Para fins didáticos e de diagnóstico, o comportamento patológico costuma ser dividido em três grandes
categorias: as neuroses, as psicoses e as sociopatias.

O termo neurose não se refere a patologias sérias. É apenas um termo usado para, se referir a maus
ajustamentos que são usualmente caracterizados por tentativas de se escapar da ansiedade ou de lidar
com ela usando-se, de maneira exagerada, os mecanismos de defesa.

Costuma-se descrever quatro categorias gerais de neurose: a neurose de angústia, as obsessões e


compulsões, as fobias e a histeria.

O neurótico procura toda forma de lidar com o ambiente, enquanto o psicótico não está interessado nisso,
buscando, antes, adaptar o mundo a si mesmo. Nisto talvez esteja a diferença capital entre a neurose e a
psicose.

Louis P. Thorpe, Barney Katz e Robert Lewis mostram as diferenças capitais entre os dois tipos de
comportamento.

Paciente Neurótico

• está em contato com a realidade, mas algumas vezes é incapaz de fazê-lo;


• não apresenta mudanças significativas na personalidade;
• os sintomas podem ser graves, mas o paciente não tem alucinações, nem delírios;
• é orientado para o ambiente;
• freqüentemente compreende a natureza e as implicações de seu comportamento;
• a psicoterapia e modificação do comportamento são o tratamento prescrito;
• raramente requer internamento.
Paciente Psicótico

• perde o contato com a realidade;


• pode apresentar mudanças marcantes na personalidade;
• pode apresentar alucinações e delírios;
• pode ser desorientado quanto ao tempo, lugar e pessoas;
• freqüentemente não compreende a natureza de seu próprio comportamento;
• drogas e terapias médicas são requeridas ao lado da psicoterapia;
• usualmente requer internamento.
As psicoses costumam ser classificadas em duas categorias: a esquizofrenia (processo esquizofrênico ou
esquizofrenia reativa) e a psicose maníaco-depressiva.

As sociopatias são desordens comportamentais dirigidas contra o sistema social em que o indivíduo deve
funcionar. São psicopatias (em que há quebra da consciência moral) o alcoolismo e o vício das drogas.

É bom lembrar que existem também as desordens comportamentais advindas de dano ao sistema
nervoso central, como a psicose senil, a psicose alcóolica, etc.

Existem ainda as desordens psicossomáticas, que diferem da conversão somática, comum na histeria.
Aqui, o dano orgânico é real, devido à tensão ou stress prolongados. As desordens psicossomáticas mais
comuns são as úlceras, certas formas de pressão alta, enxaquecas, asma e alergias.

AULA 14 - Desenvolvimento

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Desenvolvimento compreende todas as transformações que sofre um organismo, desde o momento em
que é concebido até a morte, no sentido de progresso e aquisição de capacidade mais amplos. Há uma
ligeira diferença entre desenvolvimento e crescimento. O primeiro engloba o segundo, cujo sentido é mais
restrito, compreendendo, principalmente, o aumento da massa corporal.

Dentro do processo de desenvolvimento, temos fatores bastante relevantes, tais como a maturação, a
aprendizagem, a hereditariedade e o ambiente.

É importante lembrar também que o desenvolvimento não se faz de maneira desordenada ou aleatória.
Há princípios que lhe regem a seqüência, assim como um plano diretor que determina a sua direção.
Além disso, os padrões de comportamento do organismo se modificam com a maturidade, e, tanto o ritmo
como o padrão de crescimento, podem ser modificados por forças externas.

As grandes fases do desenvolvimento são: a fase pré-natal e a pós-natal.

A primeira tem um período não-viável que vai até os 7 meses, e um período viável, após os 7 meses. O
ser em desenvolvimento é, então, chamado de ovo até 15 dias, de embrião de 15 dias a 2 meses, e de
feto daí por diante.

Já a fase pós-natal subdivide-se em infância (primeira infância, de 0 a 3 anos; segunda infância, de 3 a 7


anos; terceira infância, de 7 a 12 anos) e adolescência, de 11/12 anos a 18/19 para as meninas, de 13/14
a 20/21 para os meninos.

É claro que o desenvolvimento, como dissemos a princípio, só termina com a morte. Existem, pois, outras
fases, como a juventude, a maturidade e a velhice. Entretanto, como ele se dá, de maneira mais intensa,
nos primeiros anos, a preocupação maior da psicologia é com esta fase, o que não quer dizer que as
outras sejam deixadas de lado.

AULA 15 - A Teoria Psicanalítica


Entendemos que o homem é um ser complexo e que para uma análise aproximada de sua real situação
devemos lançar mão de todas as alternativas que a ciência nos proporciona, a fim de chegarmos a um
diagnóstico que venha a ajudar na cura ou na correção de suas dificuldades.

Segundo a doutrina freudiana, tal como a ponta de um iceberg, as manifestações do caráter de um


indivíduo, suas reações, sua postura diante de conflitos, sua interpretação a respeito de certas situações
sexuais, são sinalizações de algo que está mais profundo, no seu inconsciente. Esta pesquisa que
estamos apresentando procura analisar, dentre outros assuntos, alguns desvios na sexualidade e no
desenvolvimento da personalidade.

Procuramos fazer uma pesquisa bem fundamentada e admitimos que estamos dando os primeiros passos
neste imenso universo que é o homem com seus complexos, virtudes, desafios e necessidades a serem
satisfeitas.

Naturalmente, não nos é possível fazer uma abordagem pormenorizada de todos os assuntos propostos,
o que seria edificante e oportuno, mas, requereria muito tempo, e talvez anos de pesquisa. Mas
acreditamos que estaremos atendendo a nossa própria expectativa, bem como a de nosso Instituto.

Teoria do Desenvolvimento Psicossexual (Estrutural)


Freud rejeita a denominação de "pan-sexualismo" como qualificativa de seus sistema. E reclama que,
abusando de palavras bonitas e retumbantes, se tenha chegado ao extremo de falar do pan-sexualismo
da psicanálise e fazer-lhe a extravagante acusação de que "tudo" poderia explicar pela sexualidade.

Não se pode afirmar categoricamente que Freud tenha defendido que toda a motivação ou todo o
dinamismo humano tem como base à sexualidade no sentido comum do termo. Por outro lado, é um fato
que um dinamismo construtivo (eros) da personalidade está situado na perspectiva da libido e que os três
setores separados por Freud na estrutura da personalidade humana, bem como o conjunto de sua

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atividade psíquica construtiva, tem origem na energia da libido, isto é, na energia do instinto sexual. A
seguir procuraremos explanar o assunto de uma forma mais compreensiva, distinguindo bem as funções
do Id, Ego e Superego.

ID
A base mais profunda do psiquismo é constituída por aquilo que Freud chama de Id. O Id compreende, no
domínio psíquico, tudo aquilo que é transmitido, tudo aquilo que é trazido ao nascer e que é fixado na
constituição corporal; logo, antes de tudo, os instintos que se enraízam no organismo corporal. Estes
instintos, que se originam do organismo corporal, são, por um lado, o instinto de morte que é de natureza
destrutiva e, por outro lado, o Eros, ou libido, que constitui no homem a única força construtiva. O fundo
do psiquismo, ou Id, nada mais é, na concepção de Freud, que a fonte inconsciente e inogarnizada da
libido; compreende os impulsos e desejos que não são aceitos na vida consciente, ou que daí foram
expulsos, isto é, recalcados. Há um consenso de que este zona do psiquismo, segundo Josaph Nuttin, "é
evidente e universalmente reconhecida que é de natureza libidinosa".

EGO
Freud apresenta-nos o ego - que compreende, principalmente, as funções de conhecimento consciente -
como simples parte do Id. O conhecimento e a atividade consciente do Ego constituem simplesmente o
"tampão" entre o instinto cego e a realidade exterior. Sem este "tampão" o Id, no seu impulso para
satisfação, chocar-se-ia contra o real. Eis a razão pela qual a vida constrói o Ego consciente para o
contato com o mundo exterior.

O Ego vigia o acesso do instinto à conduta: intercala, como uma superinstância, a atividade do
pensamento entre a necessidade e a ação. Assim, a realidade constitui a lei suprema do Ego consciente
(princípio de realidade). Esta lei não é mais a do prazer, como era a do Id, como diz Freud, do qual o Ego
é originalmente uma parte.

Em resumo, o princípio da realidade é um produto do processo de aprendizagem. Sua aquisição e fixação


dependem do seguinte: o indivíduo, em primeiro lugar, experimenta que somente o contato com o mundo
externo pode fazer cessar a estimulação ou o desprazer em certas circunstâncias (por exemplo quando
sente fome); em segundo lugar, o indivíduo experimenta que uma satisfação imediata e direta, muitas
vezes, conduz a resultados penosos (por exemplo: punição pelos pais) de tal maneira que é "menos
desagradável" protelar a satisfação de certos impulsos.

As concepções de Freud relativas às funções humanas de conhecimento são um exemplo muito típico do
modo superficial pelo qual ele se desembaraça de certas atividades conscientes essenciais da vida
psíquica. Freud reduziu de maneira inconcebível a função do julgamento à 1ibido e ao instinto de
destruição. Entretanto, é perfeitamente conhecido o papel muito importante desempenhado por esta
função, cuja natureza específica e complexa foi analisada e examinado de modo tão profundo pelos
filósofos mais eminentes.

No seu estudo dobre negação, Freud escreve: "O estudo do julgamento leva-nos talvez, pela primeira
vez, à consideração do nascimento de uma função intelectual a partir do jogo de impulsos instintivos
primários. O julgamento é o útil desenvolvimento ulterior da admissão primitiva no Ego ou na expulsão
fora do Ego, que se realizam na base do princípio do prazer. A polaridade no julgamento parece
corresponder à oposição entre dois grupos de instintos que admitimos. A afirmação, como sucedânea da
união, pertence ao Eros; a negação, que é uma conseqüência da expulsão, pertence ao instinto de
destruição".

É certo que fatores dinâmicos, como o amor e o ódio, exercem uma forte influência sobre a função de
julgamento e sobre o conjunto da vida cognitiva do homem. É com razão que Freud ressaltou este fato.
No entanto, causa admiração verificar que Freud continua a basear-se nesta influência de fatores
dinâmicos numa ou noutra atividade, ao pretender que a própria atividade, como tal, apenas seria a
manifestação deste dinamismo, quer dizer, da libido.

O texto de Freud que foi citado acima fala, com efeito, do nascimento de uma função intelectual (o
julgamento) a partir do jogo dos impulsos instintivos primários. Assim, o Ego é considerado como uma
"parte" evoluída do Id, sem energia própria; e suas atividades até as mais complexas, tais como o

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julgamento, "nascem" da libido.

A concepção do Ego, tal como nós expomos, sofreu uma evolução importante no curso dos últimos anos.
Tanto em terapêutica como no mesmo sistema psicanalítico, o Ego tomou um lugar cada vez mais
importante. Esta fase da evolução do sistema começou em 1920, mas foi preparada por uma das mais
importantes contribuições de Ferenczi, que data de 1913, os trabalhos de Franz Alexander e, sobretudo,
os de Anna Freud contribuíram também com uma boa parte. Atualmente pode-se dizer que é o Ego e não
mais o Id que está no centro das teorias psicanalíticas. As concepções sobre ansiedade e sobre os
"mecanismos de defesa" sofreram também a influência destas variações.

SUPEREGO
Terceiro setor da personalidade humana, isto é, o Superego, assim como as atividades humanas
superiores morais e culturais, nasceria e evoluiria do complexo de Édipo. Assim, a libido seria igualmente
responsável pela gênese dos níveis chamados "superiores" do psiquismo humano. Dada a importância
desta parte da doutrina de Freud, a seguir relacionamos alguns trechos característicos:

"Pode-se admitir", diz-nos Freud, "que o resultado mais geral da fase sexual dominada pelo complexo de
Édipo é um depósito no Ego do fato da identificação da criança com os pais... Este Ego transformado
conserva aí um lugar particular; situa-se em relação ao resto do Ego como Ego-ideal ou superego".

Este texto mostra, em poucas palavras, a origem sexual do superego, que constitui por sua vez a fonte
das realizações culturais superiores do homem. Com efeito, Freud apresenta o Superego como um
resultado do complexo de Édipo e não apela para nenhum outro dinamismo, a não ser a libido para
explicar sua gênese. Quanto ao conteúdo do Superego, compreendemos as formas sociais, tais como se
encontram encarnadas na imagem do pai. Veremos onde elas recebem seu objeto.

A propósito da atividade superior e cultural, Freud começa por considerar tudo o que pertence ao domínio
do mito, da poesia e da arte, como "satisfação sucedânea daqueles desejos recalcados que, desde a
infância, vivem na alma de todos". O psiquiatra vienense prossegue nos seguintes termos: "Então surgiu a
idéia de que uma terceira parte muito importante da atividade psíquica, isto é, a que originou as grandes
instituições da religião, do direito, da moral e de todas as formas da vida pública, tem como objeto, no
fundo, permitir ao indivíduo superar seu complexo de Édipo e transferir sua libido das ligações infantis
para 1igações sociais que no final das contas são as únicas tidas como desejáveis".

O psicanalista inglês Ernest Jones, fiel intérprete de Freud, exprime esse pensamento de modo mais
claro, ainda ao dizer: "A troca do fim originariamente sexual pelo fim social secundário não é tanto uma
sublimação de um pelo outro, mas uma derivação ou um desvio da energia sexual primitiva numa nova
direção".

AULA 16 - O Desenvolvimento da
Personalidade
Uma explicação interessante do desenvolvimento foi apresentada por Sigmund Freud afirmou que o
comportamento orientado pelo impulso sexual, que ele chamou de libido, palavra latina, feminina, que
significa prazer.

Esse impulso sexual já se manifesta no bebê - como pode ser provado pela observação direta de crianças
e pela análise clínica de crianças e adultos, bem como pela similaridade das manifestações do impulso
sexual entre elas e o adulto: beijos, carícias, olhares e, exibições etc. Em 1905, em seu livro "Três
ensaios sobre a sexualidade, Freud descreveu a seqüência típica das manifestações do impulso sexual,
distinguido cinco fases: oral, anal, fálica, de latência e genital. A transição de uma fase a outra é muito
gradual; as fases se superpõem e sua duração varia de um indivíduo para o outro.

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Fase oral
Esta fase é localizada de zero a dezoito meses, portanto, no primeiro ano de vida, aproximadamente, os
lábios, a boca e a 1íngua são os principais órgãos de prazer e satisfação da criança: seus desejos e
satisfações são orais. Essa afirmação baseia-se na análise clínica de criança de mais idade e de adulto; é
possível observar no dia-a-dia a importância, para crianças dessa idade e mesmo mais velhas, dos atos
de sugar, de pôr coisas na boca e de morder, como fontes de prazer.

Se as necessidades foram satisfeitas, a pessoa crescerá de maneira psicologicamente saudável; se não o


forem, seu ego será imperfeito. Por exemplo, se as necessidades orais forem frustradas durante esse
período, por desmame prematuro, por afastamento rigoroso de todos os objetos para sugar (incluindo o
polegar), o ego poderá ser incapaz de superar os desejos orais frustrados. Alguns psicanalistas atribuem
o alcoolismo, por exemplo, a frustração na fase oral.

Fase anal
Esta fase está compreendida entre dezoito e três anos de idade, pois se localiza no período em que a
criança está sendo ensinada a controlar as fezes e a urina, sua atenção se focaliza no funcionamento
anal. Por isso, a região anal torna-se o centro de experiências frustradoras e compensadoras.

Os pais aprovam e recompensam a criança por uma defecação no local e no momento adequados, mas
procuram desestimular a mesma atividade em circunstâncias inadequadas. Sensações de prazer e
desprazer associam-se tanto com a expulsão como com a retenção das fezes e esses processos
fisiológicos, bem como as fezes em si, são os objetos mais intensos da criança. Esta é a chamada fase
anal. Se, durante este segundo estágio, sobrevieram muitas frustrações, devidas a um treino
excessivamente severo de controle dos esfíncteres, o ego poderá ser prejudicado em seu
desenvolvimento.

Psicanalistas atribuem a avareza, a exagerada preocupação com a limpeza e a meticulosidade (no


adulto) as frustrações ocorridas na fase anal. Esses traços constituem a chamada personalidade anal. A
avareza ou sovinice, isto é, o prazer no acumulo e guarda de bens, poderia ter-se originado do prazer que
a criança experimentou em reter as fezes.

A exagerada preocupação com a limpeza e a ordem (tanto no plano material quanto no mental) tem sido
relacionada com exigências excessivas de limpeza que os pais fazem às crianças nessa idade.

Fase Fálica
Está compreendida entre os três e sete anos, quando o papel principal começa a ser assumido pelos
órgãos genitais e, em regra, é por eles mantido até a vida adulta. Essa fase do desenvolvimento sexual
recebeu o nome de fálica (falo=pênis), pois o pênis é o principal objeto de interesse para a criança de
ambos os sexos.

Nesta fase, merecem menção algumas manifestações do impulso sexual. Uma delas é o interesse pelas
diferenças anatômicas entre os sexos. A criança deseja ver os genitais das outras, bem como mostrar os
seus. Sua curiosidade e exibicionismo naturalmente incluem outras partes do corpo bem como outras
funções orgânicas.

Durante esse período, a criança se interessa também pelo papel que o pai desempenha na procriação,
pelas atividades sexuais dos pais, pela origem dos bebês - temas freqüentes de suas fantasias. Nesse
sentido, as admoestações excessivas e punitivas sobre os interesses e atividades sexuais teriam efeito
negativo na posterior identificação sexual.

De acordo com a concepção freudiana, impotência sexual, frigidez, exibicionismo e homossexualidade


são considerados deficiências do derivadas do período fálico.

É ainda nessa fase que aparecem o Complexo de Édipo e o Complexo de Castração. Os psicanalistas
chamam de Complexo de Édipo a atração da criança pelo progenitor do sexo oposto, que ocorre
aproximadamente dos 3 aos 5 anos (o jovem príncipe Édipo, personagem título da tragédia grega Édipo
rei, de Sófocles, assassina o pai e casa-se com a mãe).

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Nesse período configura-se o fenômeno da identificação com o progenitor do mesmo sexo. Os
psicanalistas explicam os fatos do período fálico da seguinte maneira: a criança ama o progenitor do sexo
oposto; percebendo, porém, que este tem uma afeição especial pelo progenitor do mesmo sexo que ela
procura assemelhar-se a este último, identificar-se com ele para também merecer o amor do progenitor do
sexo oposto.

Uma menina, portanto, gosta muito de seu pai e percebe que este tem especial afeição para com sua
mãe. Então, para merecer o amor do pai procura identificar-se com a mãe, imitando-a (usando sapato de
salto alto, batom, ocupando-se das tarefas maternas, etc.). Esta menina, vivendo num lar harmonioso,
tornar-se-á bem feminina. Transpondo, porém, a mesma situação para um lar em que o marido deprecie a
esposa, a filha deste casal - que ama o pai e quer sua afeição - não procurará identificar-se com a mãe, a
quem não julga bom modelo. Para evitar parecer-se com ela, poderá tornar-se uma personalidade com
características masculinas.

A mesma situação se repetirá, analogamente, com o menino: num lar normal, harmonioso, o menino
procurará imitar o pai, para merecer a afeição da mãe, a quem muito ama. Tonar-se-á bem masculino.
Todavia, num lar em que haja desavenças, em que a esposa deprecie e ridicularize o marido, o menino,
desejando o amor da mãe, não procurará imitar o pai. Para evitar o modelo masculino, poderá tornar-se
uma personalidade com características femininas.

É neste período que cada um assumirá sua identificação sexual toda a vida. Segundo Freud, o complexo
de Édipo é reprimido no menino e convertido em angústia de castração. Na imaginação infantil, o pai,
inicialmente amado, passa a ser temido, pois o menino receia que, por ciúme, seu genitor queira
realmente tirar-lhes os órgãos sexuais. No final desta fase, sobrevem a repressão da hostilidade para com
o pai e do amor de mãe. Freud, porém, não explicou o desenvolvimento das meninas tão explicitamente
quanto o dos meninos.

Todos nós sofremos uma amnésia infantil, isto é, comumente esquecemos, à medida que crescemos, os
interesses sexuais de nossa infância. É mais exato dizer que as lembranças de tais interesses são
energicamente reprimidas, não aflorando ao nível da consciência.

Tanto nos meninos quanto nas meninas, outra conseqüência do período edipiano é o desenvolvimento da
consciência moral ou do superego. Ao identificar-se com os pais, a criança adquire seus padrões, seus
valores. Ela aceita, como regras de ação, fazer o que os pais aprovam e excitar o que eles condenam.
Quando a criança transgride essas regras ou normas, uma "voz interior" condena-a e a faz sentir-se
culpada. A obediência aos padrões morais dos pais alivia seu modo de perder o amor deles, a mais séria
das ameaças.

A fase fálica apresenta grande tensão e muitas dificuldades para a criança. Sua solução é importante
para o desenvolvimento normal, e os desvios em sua resolução estão atrás de quase todas as
dificuldades neuróticas dos adultos de nossa cultura. Para Freud e seus adeptos, aspectos extremamente
significativos de nosso desenvolvimento pessoal e emocional são determinados durante os primeiros sete
anos de nossa vida. Práticas inadequadas de educação das crianças resultarão em prejuízo para o seu
ajustamento quando adultos.

A personalidade adulta é grandemente afetada pelas experiências emocionais da infância ou, em outras
palavras, pela qualidade da interação entre a criança e os adultos significativos para ela.

AULA 17 - Anomalias da Sexualidade


No campo do estudo da personalidade podemos perceber que há certos comportamentos que são
considerados anormais e, até mesmo, agressivos, ficando, portanto, à margem de procedimentos
considerados normais. A seguir procuraremos estudar alguns destes comportamentos.

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deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
Fetichismo
O comportamento sexual com sua co-participação fica prejudicado quando ocorre o fetichismo. Acontece
dentro do fetiche que, a dignidade sexual não é concebida ao companheiro, mas a um incidente fortuito
ou um detalhe completamente incidental. O fetichismo, dentre suas características, mostra a luta de um
parceiro em mostrar-se superior ao outro, levando-se a uma forte dependência de coisas incidentais e a
menos dependência do participante, gerando debilidade no outro sexo.

Há uma forte relação entre o fetichismo e as demais perversões sexuais, neuroses e inclinações
criminosas.

Exibicionismo
Esta perversão é bastante encontrada em nossos dias e não menos séria que a anterior. Sua forma
passiva se observa na contemplação (voyeur) que representa, de certa forma, uma grande expressão de
desânimo. O exibicionismo demonstra uma forma de luta contra a sociedade. Tem algo se relacionar com
o próprio sadismo porque chega a aterrorizar uns e a desagradar a outros quando estes são
contempladores desta perversão.

Há, nesta perversão uma exposição proposital, por vezes, do próprio corpo, numa tentativa de
escandalizar e numa demonstração explicita de que algo não vai bem na esfera sexual.

Exibicionismo verbal
Da mesma forma que o exibicionismo visual que expõe o corpo para observação ou que tenha prazer em
observar corpos dos outros até mesmo em situação de relação sexual, o exibicionismo verbal manifesta-
se em pessoas que chamam a atenção de outros para si mesmas, quer usando palavras fora do contexto,
quer destacando, pretensamente, sua cultura por meio de palavras de difícil entendimento para os
circunstantes. Esta anomalia não é percebida tão comumente como a acima citada, embora possua os
mesmos efeitos sobre a própria pessoa.

Necrofilia
Necrofilia é uma das perversões mais terríveis dentro das anomalias da sexualidade. Estranhamente, pois
uma análise poderá definir a causa, o indivíduo tem compulsão incontrolável de ter relações sexuais com
cadáveres. Existe esta atração irresistível principalmente com mulheres de morte recente. O indivíduo não
consegue conter seu impulso, e não leva em conta a idade do cadáver.

Masoquismo
Infligir punição aos outros chamamos de sadismo. O termo, na verdade, não é aplicado, a menos que o
comportamento seja extremo ou que o reforço obtido seja maior do que maioria das pessoas espera. A
resposta oposta, de ser positivamente forçado, através de autopunição ou por receber punição, é
denominada masoquismo.

Sadismo
Em linguagem comum, a conotação de sadismo oscila entre, por um lado, casos meramente
caracterizados por uma atitude ativa ou violenta para com o objeto sexual e, por outro lado, casos em que
a satisfação é inteiramente condicionada à humilhação e aos maus tratos do objeto. Estritamente falando,
somente este último caso extremo merece ser descrito como uma perversão. O sadismo e o masoquismo
ocupam uma posição especial entre as perversões, uma vez que o contraste entre a atividade e a
passividade que jaz por trás deles se situa entre as características universais da vida sexual.

Mas a característica mais notável desta perversão é que suas formas ativa e passiva habitualmente
ocorrem juntas no mesmo indivíduo. Uma pessoa que sente prazer em produzir dor em outrem numa
relação sexual é também capaz de gozar como um prazer qualquer dor que ele mesmo possa sofrer das
relações sexuais. Um sádico é sempre ao mesmo tempo um masoquista, embora o aspecto ativo ou
passivo da perversão possa ser o que mais fortemente se desenvolveu nele a representar sua vida sexual
predominante.

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Sadomasoquismo
No item anterior procuramos definir com detalhes a questão solicitada, visto que geralmente o sádico é
também um masoquista, visto que estas duas perversões são duas faces da mesma moeda que
merecem o mesmo cuidado e tratamento.

lnfantilismo
O infantilismo pode ser percebido dentro deste quadro de anomalias, como situações que são muito
comuns hoje. O elemento tem preferência por relação sexual com pessoas de menos idade, muitas vezes
verdadeiras crianças, como tem noticiado os jornais, Elas conquistam a confiança da criança, e, na
maioria das vezes são parentes que abusam sexualmente de menores.

Gerontofilismo
Aqui percebemos o outro extremo da anomalia, comparando com o infantilismo. Desta feita o indivíduo
tem uma atração obsessiva por anciães, pessoas de idade mais avançada que a sua própria.

Ninfomania
É um verdadeiro descontrole sexual quando a paixão intensa, descontrolada toma conta do intelecto e
das emoções da pessoa que chega, em caso de mulheres, a ter relações tão intensas e incontáveis, que
a vagina chega a sangrar, ainda que não encontre prazer no final de tudo. Não há satisfação sexual
plena. Quanto mais vezes ocorre o ato sexual, menos satisfeita está a pessoa.

Narcisismo
Narciso é um personagem grego que passavas os dias admirando sua própria imagem nas límpidas
águas do rio. Ele se auto-admirava. O narcísico, depois de tantos anos, é aquela pessoa que tem tanta
admiração por sua própria imagem que seu impulso sexual não ultrapassa as fronteiras de seu próprio
corpo. Ele não transfere, não divide. Ele se completa a si mesmo.

Homossexualismo
Não existe base fisiopatológica (tal como uma variação endócrina) que seja bastante poderosa para
obrigar o indivíduo a buscar o estímulo e satisfação com alguém do mesmo sexo. A crença nas forças
compulsivas como base para homossexualidade, em seu caráter inato, em sua inalterabilidade, podem
facilmente ser desmascaradas como uma superfície científica.

Um argumento contra a idéia do homossexualismo não compulsiva e a freqüente ocorrência da


homossexualidade não compulsiva, isto é, de experiências homossexuais ocasionais na infância, em
pessoas internas, em viagens, como é o caso de marinheiros ou na vida militar, ou em cárceres. Há
alguns autores que consideram a homossexualidade não compulsiva, quase como uma manifestação
normal da vida de todo indivíduo. A compreensão da homossexualidade não deve obter-se, portanto, do
ato sexual em si mesmo, mas como a compreensão total da personalidade. Quando observamos a
insuficiência das relações sexuais, continuamos vendo, não obstante, que o homossexual não vive do
mesmo modo que qualquer outra pessoa que se sente acuada em relação á vida.

A homossexualidade é a intenção abordada da compreensão, de pessoas que tem sentimento de


inferioridade evidente e corresponde, em sua perturbada atividade social. É uma subversão contra as
exigências sociais e se propõe um triunfo fictício fundado em conceitos subjetivos. À parte das
manifestações sexuais, o homossexual, mulher ou homem, aponta para um fim fictício de superioridade
por um emprego de um artifício, ou vício ou um gesto de rebeldia. Esta rebeldia se origina em uma
posição beligerante, hostil, da criança na família. De um modo oposto, a sociedade rejeita
espontaneamente a homossexualidade.

Deve-se opor também à corrente que interpreta a homossexualidade como se fosse um crime. O
homossexual tem sido desviado do bom caminho por uma debilidade humana em seu pensar. Sua
argumentação se vê apoiada em grande parte de superstições científicas e não deve ser castigado por
ato de necessidade interna, que nascem de uma situação que até agora tem sido mal julgada pela
ciência. Em outros casos como em outros tipos de enfermidade, tem que haver uma terapêutica

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convulsiva.

O amor lésbico pode ser o resultado do protesto masculino, cujas formas; é ia paixão por representar o
papel masculino. Neste caso a homossexualidade feminina deve ser entendida como um complexo de
superioridade baseado em um complexo de inferioridade.

Pedofilia
Eis uma das mais tremendas anomalias. Aquele que pratica a pedofilia mantém uma atração irresistível e
incontrolável por crianças. Chega mesmo a matá-las após a relação, violentando-a selvagemente.

Pedolatria
A pedolatria não deixa de ser um fetiche. O indivíduo tem atração por pés femininos, e imagina-os
anatomaticamente perfeitos, e isto se torna de suma importância para seu prazer sexual e sua própria
ereção.

Masturbação
Este processo manifesta-se nas diferentes fases do desenvolvimento humano. Apresenta-se
espontaneamente, ou na fase do desenvolvimento interno. As chupetas perdem para a criança sua força
atrativa quando, sob a influência do meio, a necessidade de chupar é "liquidada" pela tendência mais
poderosa de não mais ser considerada um bebê. A primeira necessidade não é recalcada, mas sua
satisfação, por certas formas apropriadas de conduta, leva gradualmente a resultados menos agradáveis
e é por isso que ela perde sua potencialidade dinâmica.

Complexo de Édipo
Durante o período fálico, emerge o complexo de Édipo. O menino desenvolve forte afeição por sua mãe,
com o desejo inconsciente de ter relações com ela. Associado a isso aparece ansiedade de castração ou
medo de que o pai venha criar obstáculos para a satisfação do seu desejo. Converte-se, então, em rival
do pai, no que se refere à afeição da mãe, e odeia-o. Para a menina, a afeição é pelo pai, num desejo
inconsciente de ter um filho com ele. Ela acredita que sua mãe lhe negou o órgão masculino e sente-se
castrada. A inveja que tem desse objeto perdido é chamada de inveja do pênis. Vindo a perceber a
impossibilidade do seu desejo o menino começa a decepcionar-se com a sua mãe, reprime seu complexo
de Édipo, identifica-se com o pai e o seu problema está resolvido. Situação semelhante ocorre com a
menina. Há, contudo, uma diferença básica. Na menina, a inveja do pênis ocasiona o complexo de Édipo,
enquanto que o seu correlato (a ansiedade de castração) no menino ajuda a resolver o complexo.

Durante o período de latência, as energias sexuais são geralmente reprimidas, e com o começo da
puberdade e do período genital os desejos sexuais são outra vez despertados; o indivíduo começa a
orientar suas energias para outros membros do sexo oposto. Aqui a necessidade sexual pode ser
eventualmente dirigida para a consecução de sua própria finalidade, a reprodução.

Cleptomania
A cleptomania é um dos desvios da personalidade que tem se tornado mais comum em nossos dias. O
indivíduo procura tomar posse de algo que não lhe pertence, de forma furtiva e dissimulada. Isto ocorre,
muitas vezes, em famílias abastardas que não teria nenhum motivo para que um de seus membros
agisse desta maneira. É um processo de difícil tratamento, mas que alguns métodos tem sido colocados
em prática com relativo sucesso.

Compulsão
A resposta de esquiva opera também no comportamento obsessivo e compulsivo como a esquiva é
reforçada, ela continua. Compulsões e obsessões diferem entre si somente nas características
observáveis da resposta. As obsessões são atos mais implícitos, enquanto as compulsões envolvem
graus de atividade aberta. Ambas implicam uma repetição contínua de algumas que parecem ser, na
maioria dos casos, desnecessárias e absurdas. Uma compulsão pode ser simplesmente uma repetição
persistente de algum ato simples ou de uma série de movimentos rituais. Em linguagem comum, as
obsessões são descritas freqüentemente como "idéias persistentes que nos passam pela cabeça" ou uma

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recorrência constante de "maus pensamentos que não conseguimos eliminar na mente".

Como exemplo de compulsão tomemos o caso do lavador de mãos compulsivo. A pessoa lava mais e
mais as mãos, além dos limites normais de limpeza. O ato é repetido tão freqüentemente que as mãos
adquirem feridas e ficam em carne viva. O uso persistente de um sabão forte e o esfregar vigoroso
resultam em uma condição dolorosa. A resposta contínua até a ponto em que resulta em maiores
conseqüências aversivas.

Para essa resposta persistir como o faz, deve haver algum tipo de reforço, prestes a aparecer. Esses
reforços foram interpretados tradicionalmente como envolvendo uma redução da ansiedade (Fenichel,
White, Cameron e Dollard e Miller). Indubitavelmente, a compulsão como resposta de esquiva é reforçada
pela redução da ansiedade. Enquanto a pessoa lava as mãos desempenha atos rituais, realiza atos
aparentemente mágicos, ou se torna excessivamente ordenada, ela relata se sente melhor. Da mesma
forma que nos outros tipos de resposta de esquiva, o reforço vem da eliminação do estímulo aversivo,
bem como a redução da ansiedade gerada pelas circunstâncias que rodeiam o ato.

AULA 18 - Psicopatologia Aplicada a


Psicanálise
Neurose
Também conhecida como psiconeurose ou distúrbio neurótico, é um termo que refere-se a qualquer
desequilíbrio mental que causa angústia e ansiedade, porém ao contrário da psicose e algumas outras
desordens mentais, não impede ou afeta o pensamento racional. Neurose é particularmente associada ao
campo da psicanálise.

História e uso do termo neurose


Para diferenciar entre neurótico e neurose : "neurótico", ou afetado pela neurose, é o termo que descreve
a pessoa com depressão ou ansiedade, falta de emoções, pouca auto-confiança, e/ou instabilidade
emocional. O termo neurose foi cunhado em 1769 pelo médico escocês William Cullen para referir a
"desordens do sentido e ação". Para ele, a neurose descreve várias desordens nervosas e sintomas que
não poderiam ser explicados psicologicamente. Neurose deriva da palavra grega neuron (nervo) com o
sufixo osis (doença ou condição anormal). Entretanto, o termo neurose foi mais influenciado por Sigmund
Freud e Carl Jung mais de um século depois. Freud entendia a neurose como o resultado de um conflito
entre o Ego e o Id, ou seja, entre aquilo que o indivíduo é (ou foi) de fato, com aquilo que ele desejaria
prazerosamente ser (ou ter sido), ao passo que a psicose seria o desfecho análogo de um distúrbio entre
o Ego e o Mundo. Hoje em dia o termo neurose não é mais comum entre médicos. O DSM-III ("Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Disorders") eliminou a categoria neurose. Isso segue a tendência de dar
descrições de comportamento conhecidas ao invés de termos que referem-se a mecanismos psicológicos
ocultos devido a dificuldades no diagnóstico.

Neurose e a Psicanálise
Como doença a neurose representa uma variedade de condições psiquiátricas, nas quais a angústia
emocional ou conflito inconsciente são expressados através de várias perturbações que podem ser
físicas, fisiológicas e/ou mentais. O sintoma definitivo é ansiedade. Tendências neuróticas são comuns e
podem se manifestar como depressão, ansiedade aguda ou crônica, tendências obsessivas-compulsivas,
fobias e até desordens de personalidade. Neurose não deve ser confundida com psicose, a qual refere-se
à perda de contato com a realidade. O termo conota uma doença ou desordem real, porém sob sua
definição geral, a neurose é uma experiência humana normal. Segundo a psicanálise, a maioria das
pessoas é afetada pela neurose de alguma forma. Um problema psicológico desenvolve quando a
neurose começa a interferir com o funcionamento normal do indivíduo, causando ansiedade. De acordo
com a teoria da psicanálise, neurose pode ter raízes nos mecanismos de defesa do ego, porém os 2
conceitos não são sinônimos. Mecanismos de defesa são uma forma normal de desenvolver e manter um
sentido consistente de si mesmo (ego), enquanto somente aqueles com pensamentos e comportamentos
que produzem dificuldades para viver devem ser classificados como tendo neurose.

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Efeitos e sintomas da neurose
Há muitas formas específicas diferentes de neurose: piromania, desordem obsessiva-compulsiva,
neurose ansiosa, histeria (na qual a ansiedade pode ser descarregada través de sintoma físico), e
grandes variedades de fobias.

AULA 19 - Sonhos
Freud fez algumas observações em sua magnífica obra “A interpretação dos sonhos” sobre a relação
existente entre os pensamentos reais que tem prosseguimento no sono (os restos diurnos) e os desejo
inconsciente que forma o sonho. Citaremos na integra, visto que nada temos a acrescentar, e a análise
deste sonho prova que os fatos são como se supõe. Há toda uma classe de sonhos cuja instigação
provém principalmente ou mesmo exclusivamente dos resíduos da vida durante o dia; e creio que mesmo
um desejo que aconteça conosco algo grandioso, como, por exemplo, ser um grande psicanalista, poderia
fazer com que em tenha um sono tranqüilo à noite. A preocupação por si só não poderia criar um sonho.
A força motivadora que o sonho exige poderia ser fornecida por um desejo.

A posição pode ser explicada por analogia. Um pensamento durante o dia pode desempenhar o papel de
empresário em relação ao sonho, mas o empresário que, como dizem, é o dono da idéia e da incitava de
realizá-la, nada pode fazer sem capital; é preciso que um capitalista que arque com as despesas, e o
capitalista que fornece a despesa psíquica no sonho é invariável e indiscutivelmente, não importa quais
tenham sido os pensamentos do dia anterior, um desejo inconsciente.

Quem aprendeu a avaliar a frágil contextura das estruturas que consistem o sonho não se surpreenderá
ao descobrir que o desejo de alguém que sonha que seu pai pudesse substituir o que o homem que a
tentava evocara em sua lembrança não apenas um conjunto desordenado de material de sua infância,
mas precisamente o material que está mais intimamente ligado à supressão de sua tentação. Pois, se o
indivíduo nesta situação se sentir incapaz de ceder ao amor que sente por outro, se afinal ele reprime
este amor em vez de render-se a ele, não há um fator sobre o qual sua decisão possa depender mais
diretamente do que seu gozo sexual prematuro e suas conseqüências - fato de urinar na cama, o catarro,
e sua aversão, como sintomas.

Freud, em seu complexo trabalho, chama a atenção para o fato de que a análise de um sonho abre
caminho para certos detalhes dos fatos patogenicamente atuantes que, de outro modo, se tem mostrado
inacessíveis à lembrança ou, pelo menos, á reprodução. A recordação do fato de urinar na cama durante
a infância, como vimos, quando já reprimida faz com que o paciente transfira sua atenção para detalhes
de outra circunstância análoga.

MATERIAL COMPLEMENTAR
Vídeo-Aula: "Sigmund Freud - A Invenção da Psicanálise" (1997)

- Documentário exibido pelo canal de televisão GNT. O documentário mostra muito material fotográfico e
vídeos raros como o de Jung descrevendo seu primeiro encontro com Freud e relato de Ernest Jones,
como também as últimas imagens de Freud em seu apartamento em Viena, pouco antes do exílio em
Londres, feitas por Marie-Bonaparte, neta de Napoleão Bonaparte. Traz ainda a única gravação em áudio
da voz de Freud em entrevista à BBC de Londres em 07 de dezembro de 1938. Mostra, detalhadamente,
a trajetória da psicanálise, desde seu nascimento até as direções tomadas no período após a morte de
Freud, associando-a aos fatos históricos de cada época. Todo o filme é comentado por Elisabeth
Roudinesco e Peter Gay, biógrafo de Freud.

https://www.youtube.com/watch?v=Yz96qUO4QRQ

Vídeo-Aula: "Freud e a Psicanálise" (2013)

- Ney Branco, Doutor em Filosofia, assume a tarefa de falar sobre Freud, sua vida, seus estudos,
procurando discutir e apresentar as razões que levam a psicanálise a se manter em um dos cumes da
nossa cultura. Como o criador da psicanálise se manteve e ainda se mantém tão em evidência, tão

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próximo de tantas disciplinas e pessoas ao longo dos séculos XX e XXI? Para responder essas perguntas
se auxilia de dois pensadores importantes deste século, Michael Foucault e Anthony Gilddens.

https://www.youtube.com/watch?v=EkISRTIPKJo

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