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PSICANÁLISE CLÍNICA

MÓDULO 3 - Neurologia

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AULA 01 - Introdução à Neurologia

O Sistema Nervoso
Vamos iniciar agora o estudo do Sistema Nervoso - sua estrutura, seu
funcionamento normal, seu distúrbios e os medicamentos usados para tratá-
los.

O que caracteriza a evolução dos animais na escala biológica é o grau de


organização de suas estruturas e funções vitais.

QUANTO MAIS EVOLUÍDO, MAIS ORGANIZADO


Este é um princípio válido para muitas coisas - países, instituições e seres
vivos.

Mas no caso dos seres vivos, a palavra "ORGANIZAÇÃO" tem um sentido


especial. Quando dizemos que determinados seres vivos são mais
"ORGANIZADOS", isto significa que eles possuem órgãos específicos para
funções específicas e que esses órgãos ocupam posições bem definidas, e de
certa forma estratégicas, em seu corpo.

Tudo isto é para dizer que o sistema nervoso da espécie humana é o que a
diferencia fundamentalmente dos outros animais, pois representa o mais alto
nível de "ORGANIZAÇÃO" da escala animal.

NOSSO SISTEMA NERVOSO É O MAIS EVOLUÍDO E POR ISSO NOS PERMITE


UMA SÉRIE DE FUNÇÕES QUE SÃO EXCLUSIVAS DA ESPÉCIE HUMANA.
Antes de passarmos ao estudo de nosso sistema nervoso, vamos ver alguns
fatos curiosos e interessantes.

Em todos os animais, o sistema nervoso é um conjunto de estruturas que


permitem sua ligação com o meio ambiente e com outros animais.

Cada espécie tem uma parte do sistema nervoso mais desenvolvida de acordo
com suas necessidades de sobrevivência. Os cães tem o olfato extremamente
desenvolvido e por isso são capazes de "pressentir" a chegada do dono
quando ele ainda está bem distante. Os gatos têm reflexos de estiramento dos
músculos que lhes permitem saltar de grandes alturas e cair de pé no chão. Os
pássaros têm um perfeito senso de orientação, que lhes permite voar grandes
distâncias e voltar com precisão ao seu local de origem. Os felinos selvagens
têm a visão muito desenvolvida e também são capazes de correr muito
velozmente. Os exemplos são inúmeros...

No caso do homem, o sistema nervoso desenvolveu-se e organizou-se tanto


que sua função não é apenas a sobrevivência.

NOSSO SISTEMA NERVOSO NOS PERMITE TER UMA VIDA INTERIOR


CRIATIVA E UM RELACIONAMENTO PROFUNDO E EMOTIVO COM NOSSOS
SEMELHANTES.
Nesse ponto, seria bom que você refletisse um pouco sobre tudo o que foi dito
até agora. Vamos começar a estudar nosso sistema nervoso da forma mais

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simples e objetiva possível, mas para que você possa compreender sua
complexa estrutura, suas funções e distúrbios dessas funções, você deve usar
o seu sistema nervoso da maneira mais proveitosa, ou seja, PENSANDO.

A unidade fundamental do sistema Nervoso (SN) é a célula nervosa ou


neurônio.

O NEURÓNIO É UMA CÉLULA CARACTERÍSTICA DO SISTEMA NERVOSO.


Algumas particularidades distinguem o neurônio das demais células do corpo
humano:

1. Os neurônios não se reproduzem. Quando nascemos, já temos todos os


neurônios que vamos utilizar durante a nossa vida (cerca de dez bilhões de
células). À medida em que envelhecemos, nossos neurônios vão morrendo e
não são substituídos.

2. Os neurônios são células especializadas em conduzir impulsos. Para tanto,


possuem prolongamentos chamados dentritos e axônios, que quando
aglomerados formam as fibras nervosas. Esses prolongamentos partem do
corpo celular do neurônio.

3. Para facilitar a passagem do impulso elétrico ao longo desses


prolongamentos; eles são revestidos pela bainha de mielina, espécie de
envoltório constituído basicamente de lipídios que isola a fibra nervosa dos
tecidos vizinhos evitando a dispersão do impulso.

4. Na extremidade dos axônios existem substâncias chamadas


neurotransmissores. Quando o impulso elétrico chega a este ponto ele provoca
a liberação desses mediadores químicos que estimulam a célula seguinte e
dão continuidade ao processo de transmissão de impulsos.

O tipo de mediador químico varia de acordo com o local do SN onde se


processa a transmissão do impulso. Os mais importantes são:

• acetilcolina
• dopamina
• adrenalina
• noradrenalina
• serotonina
• ácido gama-aminobutírico, (GABA)

AULA 02 - Anatomia do Sistema Nervoso

O Sistema Nervoso é formado por um EIXO - Sistema Nervoso Central - do


qual partem prolongamentos que chegam a todas as partes do corpo.

COMPONENTES DO SNC:

Medula espinhal

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Encéfalo

- Bulbo

- Ponte

- Cerebelo

- Cérebro

Em nosso estudo vamos abordar cada um dos componentes do SNC, sua


estrutura e suas funções.

a) Medula Espinhal: A medula é uma estrutura longa e estreita que desce


como um prolongamento do cérebro, ficando protegida pelo canal vertebral.
Este canal é formado pela superposição dos orifícios das vértebras.

A medula é formada por células nervosas, (neurônios) e fibras nervosas


(nervos). Ela recebe estímulos periféricos e leva esses estímulos até o
encéfalo. Ao mesmo tempo recebe estímulos do encéfalo e os transmite à
periferia.

Exemplo: Você encosta a mão, sem querer, no cigarro aceso, de um amigo. Os


nervos da mão captam dois estímulos: a sensação de calor e a sensação
de dor. Estes estímulos produzem impulsos elétricos que vão caminhando
pelos nervos até a medula, um reflexo, ou seja, uma reação instintiva, de tirar a
mão rapidamente. Isto ocorre por que o impulso elétrico chegou a um neurônio
da medula e este "respondeu" enviando de volta um impulso para o nervo da
mão. O impulso elétrico vindo da mão prossegue caminhando pela medula até
chegar, ao cérebro e aí você SENTE DOR, ACHA DESAGRADÁVEL, E
PENSA: "Que droga! Encostei-se em um cigarro!".

“A MEDULA TEM DUAS FUNÇÕES BÁSICAS: TRANSPORTAR IMPULSOS


ELÉTRICOS E COMANDAR ATOS REFLEXOS”.
b) Encéfalo: É a porção do Sistema Nervoso Central que se localiza no interior
do crânio (caixa óssea que forma a cabeça). É constituído por 3 estruturas
básicas:

- tronco cerebral, que compreende, de baixo para cima, o bulbo, a ponte e os


pedúnculos cerebrais.

- Cerebelo

- Cérebro

c) Bulbo - é uma estrutura muito importante. Fica localizado mais ou menos na


altura da nuca e recebe tocas as fibras que chegam da medula e que partem

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de outras áreas do encéfalo em direção à periferia. Mas além das fibras
nervosas, o bulbo tem vários grupos de neurônios que controlam a respiração,
os batimentos cardíacos, o sono e certos reflexos como tosse, deglutição e
vômito.

“O BULBO É BASICAMENTE UM CENTRO DE CONTROLE DE NOSSAS


FUNÇÕES VITAIS INVOLUNTÁRIAS”.

É também no bulbo que se originam vários pares de nervos cranianos -


hipoglosso, espinhal, vago, glosso faríngeo, auditivo e trigêmeo.

d) Ponte - é uma estrutura formada por fibras nervosas que atravessam de um


lado para outro do tronco cerebral e ligam este ao cerebelo.

Na ponte localizam-se também vários núcleos de nervos cranianos: trigêmeo,


motor ocular externo, facial e auditivo.

“NA PONTE ESTÁ LOCALIZADO O IV° VENTRÍCULO, CAVIDADE


CONTENDO LÍQUOR QUE SE COMUNICA COM O CANAL MEDULAR”.

e) Pedúnculos cerebrais - são aglomerados de fibras nervosas que ligam o


tronco cerebral ao cérebro. Em meio a essas fibras estão localizados os
núcleos de dois nervos cranianos: motor ocular comum e troclear.

No quadro seguinte você tem um resumo da origem e das funções dos 12


pares de nervos cranianos. São assim chamados porque, em sua maioria,
inervam estruturas situadas na cabeça ou próximo a ela.

g) Formação reticular - é uma rede de fibras entremeadas de grupos de


neurônios que se estende da porção final da medula até a região central do
encéfalo, passando pelo bulbo e pela ponte.

“A FORMAÇÃO RETICULAR ENVIA IMPULSOS INIBIDORES OU


FACILITADORES A DIVERSAS ÁREAS DO ENCÉFALO,
PROMOVENDO SUA INTEGRAÇÃO”.

Por exemplo, a formação reticular coordena o funcionamento dos nervos


cranianos de modo que você possa, quase simultaneamente, mastigar,
secretar saliva, deglutir e respirar.

É responsável também pelo controle do ciclo vigília/sono. Quando estamos


acordados, a formação reticular está enviado ao cérebro vários estímulos
de alerta. O sono começa quando a formação reticular “desliga” o cérebro,
enviando estímulos inibidores. Na fase de sono paradoxal, o cérebro volta a
receber estímulos facilitadores que produzem os sonhos, mas os circuitos que
o “despertam” ainda estão bloqueados.

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AULA 03 - Anatomia do Sistema Nervoso (2)

...continuação

h) Cerebelo - órgão situado na parte de trás da cabeça, um pouco abaixo do


cérebro. Suas funções são, principalmente, garantir o equilíbrio e a
coordenação dos movimentos. Está intimamente ligado ao cérebro e ao tronco
cerebral, por fibras de integração.

O cerebelo está conectado também com as vias de controle dos movimentos


involuntários, como veremos mais adiante. Além disso, mantém estreita
correlação com o nervo vestibulococlear que capta as sensações de
movimento através do labirinto do ouvido.

i) Cérebro - a porção mais superior do SNC.

“TODOS OS NOSSOS ATOS E SENSAÇÕES CONSCIENTES DEPENDEM


DO CÉREBRO”.

No cérebro, os neurônios estão dispostos da seguinte maneira: os corpos


celulares ocupam a parte mais externa do cérebro, como se fosse uma "casca",
daí o nome de CÓRTEX CEREBRAL. A reunião dos corpos celulares da Á
córtex uma coloração acinzentada, e por isso ela é chamada substância
cinzenta.

- Os prolongamentos ocupam a parte mais interna, formando a substância


branca que tem esta tonalidade devido ao acúmulo de mielina.

Através das fibras nervosas que vêm da periferia, os diversos estímulos do


ambiente são comunicados ao cérebro. Cada tipo de estímulo é levado a uma
determinada área do córtex cerebral e esta área responde ou envia impulsos a
outra área para que ela comande uma resposta. Na periferia, essa resposta se
traduz por um movimento, uma palavra ou outra atitude qualquer.

Vejamos um exemplo que ilustra muito bem o funcionamento do cérebro.

Situação: Você vai atravessando uma rua. Vê um carro vindo rapidamente em


sua direção. Recua para a calçada.

Para que uma seqüência de fatos tão simples aconteça, seu cérebro deve estar
em perfeitas condições. Quando você vê o carro, o olho é o órgão receptor, os
estímulos que ele recebe são encaminhados pelo nervo óptico até o cérebro,
mais especificamente até o lobo occipital, onde a imagem é reconhecida como
um carro. Esta informação, ou seja, "há um carro vindo em minha direção", é
transmitida a diversas partes do cérebro, particularmente o lobo frontal
(responsável pelo raciocínio), e o sistema límbico (região localizada no centro
do cérebro e responsável por várias sensações como por exemplo o medo,
ansiedade e também pela memória). A informação é processada nestas áreas
simultaneamente, e comparada na memória a outras experiências anteriores.
Assim você conclui que: “carros atropelam pessoas e portanto, se um carro se
aproxima, você deve recuar”.

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Para que você consiga recuar, é preciso que seu cérebro mande uma ordem a
suas pernas, através da medula e dos nervos periféricos. Suas pemas são o
órgão efetor, ou seja, o que efetua o movimento.

É claro que tudo se passa em milionésimos de segundos, senão você já teria


sido atropelado!

“NÃO SE ESQUEÇA QUE TODO ESSE MOVIMENTO DA INFORMAÇÃO NO


CÉREBRO É FEITO ATRAVÉS DE IMPULSOS ELÉTRICOS QUE
PROVOCAM LIBERAÇÃO DE MEDIADORES QUÍMICOS. DEVIDO À
CONSTANTE INTEGRAÇÃO DAS DIVERSAS ÁREAS CEREBRAIS, ÁS
VEZES PRECISAMOS DEIXAR ALGUMAS EM REPOUSO PARA QUE
OUTRAS POSSAM FUNCIONAR”.

Mas nosso cérebro não funciona apenas a partir de estímulos externos. Muitas
áreas trabalham espontaneamente, sendo estimuladas por nossos próprios
pensamentos.

Vários mediadores químicos estabelecem ligações entre os neurônios do


córtex cerebral e de outras áreas do encéfalo. Alguns desses mediadores tem
função ESTIMULADORA ou FACILITADORA, como é o caso da acetilcolina,
outros, como o GABA (ácido gama-aminobutírico), têm efeito INIBIDOR.

“DO EQUILÍBRIO ENTRE ESSES DOIS TIPOS DE EFEITOS RESULTAM


MOVIMENTOS BEM COORDENADOS, BOA ARTICULAÇÃO DAS
PALAVRAS, GESTOS ADEQUADOS À EXPRESSÃO DE IDÉIAS”.

É claro que, como vivemos em sociedade, e nosso mundo é riquíssimo em


estímulos e sensações, quase tudo o que pensamos tem origem nas
informações de diversos tipos que nos chegam do exterior.

Vamos ver agora a localização e a função das principais estruturas cerebrais.

j) Hemisférios Cerebrais - o cérebro é dividido em 2 hemisférios: direito e


esquerdo. Esses hemisférios são idênticos em termos de estruturas, onde
cada um é responsável pelo comando de um lado do corpo, no que diz
respeito a movimentos e sensação. Como as fibras que partem do
cérebro ou que chegam a ele cruzam-se no bulbo.
“O HEMISFÉRIO DIREITO COMANDA O LADO ESQUERDO DO CORPO E O
HEMISFÉRIO ESQUERDO COMANDA O LADO DIREITO”.

Em quase todas as pessoas existe um hemisfério dominante, geralmente o


ESQUERDO. Por isso a maioria das pessoas é DESTRA, isto é, escreve com a
mão direita. Nos canhotos, o hemisfério dominante é o direito.

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l) Lobos Cerebrais - Cada hemisfério pode ser dividido em vários lobos,
que são áreas com funções diferenciadas:
Lobo occipital responsável pela visão e pela associação de idéias. Localiza-se
na parte mais superior do cérebro:

Lobo temporal - localizado na direção das orelhas, é responsável pela audição


e pela fala.

Lobo parietal - localizado bem no centro da cabeça; sua função é receber as


sensações de forma, dor, temperatura, paladar e comandar os movimentos do
corpo.

Lobo frontal - como o próprio nome indica, localiza-se à frente no cérebro, no


local que corresponde à testa. Suas funções são as mais evoluídas - raciocínio,
humor, comportamento, movimentos voluntários finos e complicados,
integração da fala com o pensamento.

É interessante notar que na espécie humana o lobo frontal é bem mais


desenvolvido que nos outros animais.

AULA 04 - Anatomia do Sistema Nervoso (3)

...continuação

m) Ventrículos Cerebrais - dentro de cada hemisfério cerebral existe uma


cavidade cheia de líquido. Essas cavidades (ventrículos cerebrais) comunicam-
se com outros ventrículos existentes ao nível da ponte e do bulbo e estes se
comunicam em série com o canal raquiano, situado no centro da medula
espinhal. Todo esse sistema de canais e cavidades é preenchido pelo
LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO (LCR) ou LÍQUOR.

Este líquor pode ser retirado para exame através de punção lombar ou punção-
ventricular.

n) Estruturas Centro-Encefálicas - agrupamentos de neurônios que se


localizam na parte central do encéfalo, escondidos pelos hemisférios cerebrais.
As mais importantes são tálamo, núcleos da base, hipotálamo e sistema
límbico.

Essas estruturas são fundamentais para nossa integração com o ambiente,


para nossa sobrevivência individual e para a reprodução da espécie humana.

a) Tálamo: o tálamo é uma estrutura de forma oval, localizada bem no centro


dos hemisférios cerebrais. Funciona como uma espécie de filtro - todas as
fibras que chegam ao encéfalo trazendo informações da periferia têm que
passar pelo tálamo antes de chegarem ao córtex cerebral, que é a parte mais
externa dos hemisférios. Por isso se diz que o tálamo é a porta de entrada de
todas as sensações conscientes.

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b) Núcleos da Base: são grupos de neurônios localizados em tomo do tálamo.
Sua principal função é o controle de certos movimentos involuntários como
gesticular durante uma conversa, expressar sentimentos através da mímica
facial, andar de forma equilibrada. Nesses núcleos existe grande quantidade de
um mediador químico - a DOPAMINA - responsável pela boa coordenação
desses movimentos de que falamos.

c) Hipotálamo: lembrando que HIPO significa “abaixo de”, é fácil deduzir que o
hipotálamo é uma área situada logo abaixo do tálamo. O hipotálamo é urna
estrutura nervosa de grande importância. Contém vários núcleos de neurônios
que controlam as sensações de sede, fome, calor e frio. Além disso, é um
importante centro de controle de nossas glândulas. Este controle é feito da
seguinte maneira:

1º. O hipotálamo produz substâncias que estimulam a hipófise;

2º. Estimulada, a hipófise produz substâncias que estimulam as glândulas


periféricas - tireóide, ovários, testículos, supra renais.

3º. Estimuladas pela hipófise, as glândulas secretam seus hormônios.

Além de estimular a hipófise a produzir o hormônio de crescimento, o


hipotálamo produz também seus próprios hormônios, que são a OCITOCINA
(contrai a musculatura uterina e da glândula mamária) e a VASOPRESSINA
(hormônio anti-diurético que promove retenção de água).

Vemos assim que o hipotálamo promove uma verdadeira integração do sistema


nervoso com diversas funções vegetativas do nosso organismo.

d) Sistema Límbico: os sentimentos e as emoções são, na maior parte das


vezes provocadas pela visão, audição ou pelo odor de certos seres e de certos
objetos. As emoções desencadeiam por sua vez manifestações mais ou menos
vivas, que têm sempre dois aspectos: motor e vegetativo, tais como o medo, a
alegria, a cólera, o desejo, etc. Quando temos uma emoção forte, nossa
freqüência cardíaca aumenta, nossos olhos se enchem de lágrimas, ficamos
pálidos e mais tarde, ruborizados. Quem regula estes fenômenos é o SISTEMA
LÍMBICO, localizado na parte interna dos hemisférios cerebrais. Ele funciona
em conjunto com uma parte do lobo frontal para que nossas emoções e
expressões afetivas mantenham-se dentro dos limites considerados “normais”.

o) Vias Nervosas - agrupamentos de fibras que chegam ao SNC ou partem


dele em direção à periferia.

a) Vias Nervosas Ascendentes: são as que trazem impulsos ao SNC. Podem


ser de três tipos:

• Externo-receptivas: recebem e transportam sensações da pele, como, por


exemplo, o tato, a dor, o calor, o frio.
• Próprio-receptivas: captam estímulos originados nos músculos, tendões,
ligamentos.

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• Íntero-receptivas: trazem ao SNC informações originadas nos órgãos internos
e nos vasos sangüíneos.
Algumas dessas vias trazem as informações até a medula ou o bulbo, de onde
partem respostas para os órgãos efetores. Neste caso, tudo se processa de
forma inconsciente. Mas muitas vias aferentes chegam até o cérebro, tornando
a sensação consciente e gerando uma resposta também consciente.

b) Vias Nervosas Descendentes: são os grupos de fibras que partem do SNC


para órgãos periféricos, também são de três tipos:

Via piramidal: parte do córtex cerebral e desce pela medula levando á periferia
comandos motores voluntários, isto é, comanda os movimentos que realizamos
CONSCIENTEMENTE, de acordo com nossa VONTADE.

Via extrapiramidal: parte também do córtex cerebral e de várias estruturas do


encéfalo. Desce pela medula e leva aos músculos da periferia os impulsos
necessários aos movimentos AUTOMÁTICOS ou SEMI-VOLUNTÁRIOS. As
principais estruturas que dão origens às fibras extrapiramidais são: córtex
cerebral; núcleos da base; formação reticular; cerebelo; e bulbo. A via
extrapiramidal é responsável por movimentos como balançar os braços durante
a marcha, gesticular, alterar a expressão facial.

c) Vias vegetativas: partem das estruturas centro-encefálicas, como por


exemplo o sistema límbico e o hipotálamo, e levam impulsos até os órgãos
internos.

AULA 05 - Sistema Nervoso Autônomo - SNA

Existe um conjunto de neurônios que controlam todas nossas funções


vegetativas, isto é, aquelas sobre as quais nossa consciência não tem qualquer
domínio. É o caso, por exemplo, do funcionamento do coração e dos vasos
sangüíneos.

É o Sistema Nervoso Autônomo que controla a freqüência dos batimentos


cardíacos, modificando-a de acordo com as circunstâncias. É também este
sistema que envia os impulsos necessários à contração e dilatação das
artérias.

Os neurônios do SNA ficam agrupados em vários pares gânglios localizados de


cada lado da medula espinhal e também protegidos pela coluna vertebral.
Desses gânglios partem os nervos autônomos. A comunicação entre esses
nervos e os órgãos onde eles terminam é feita através de mediadores químicos
- adrenalina/noradrenalina e acetilcolina.

De acordo com o tipo de efeito que exercem sobre os órgãos, as fibras do SNA
dividem-se em SIMPÁTICAS E PARASSIMPÁTICAS.

Sistema Simpático: tem como mediadores químicos a adrenalina e a


noradrenalina.

Exemplos de efeitos do simpático:

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• aceleração (aumento da freqüência) dos batimentos cardíacos

• dilatação da pupila

• dilatação dos brônquios

• diminuição da motilidade intestinal

Sistema Parassimpático: o mediador químico é a acetilcolina.

Exemplos de efeitos do parassimpático:

• vasodilatação

• contração da vesícula biliar

• aumento da secreção salivar

• aumento da produção de muco nas vias respiratórias

AULA 06 - Proteção do Sistema Nervoso Central

Como já vimos nesse módulo, o SNC é extremamente importante. Ele controla


toda nossa vida consciente e inconsciente. Mas o Sistema Nervoso é também
extremamente vulnerável às agressões. Por que?

1º Porque cada parte do SNC realiza uma função. Se uma parte for lesada, a
função estará comprometida.

2º Porque os neurônios não se regeneram. Assim uma lesão do SN é


irreversível.

Por isso, a natureza preocupou-se em proteger adequadamente o Sistema


Nervoso Central. Esta proteção é dada por membranas chamadas meninges,
que formam uma espécie de carapaça em torno do encéfalo e da medula
espinhal.

As meninges protegem não somente as estruturas nervosas como também os


vasos sanguíneos que correm em sua superfície. São três as meninges:

DURA-MÁTER: rígida, situada mais externamente, colada á superfície interna


dos ossos do crânio e do canal Vertebral.

ARACNÓIDE: intermediária.

PIA-MÁTER: mais fina, colada à superfície do cérebro, do cerebelo, da ponte,


do bulbo e da medula espinhal.

O espaço entre a aracnóide e a pia-máter é preenchido por líquido


cefalorraquidiano (líquor). O líquor é produzido nos ventrículos cerebrais, e
preenche todas as cavidades do encéfalo e o canal central da medula. Através
de orifícios situados próximo ao bulbo ele passa para o espaço sub-aracnóide
(espaço entre a aracnóide e a pia-máter).

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Vemos assim que o SNC na verdade é todo cercado de líquor por dentro e por
fora, o que amortece os traumas vindos do exterior. Por isso é comum uma
criança cair, bater a cabeça no chão com força e não sofrer nada de sério. A
pancada é transmitida ao cérebro com muito menos intensidade devido ao
“colchão” líquido que o cerca. Somente quando o traumatismo é muito violento
que o líquor não consegue contê-lo e as estruturas internas são lesadas - é o
TCE (traumatismo crânio-encefálico).

Mas as meninges não dão apenas proteção mecânica ao sistema nervoso.


Tanto elas quanto líquor protegem o SNC das invasões por microorganismos.
Quando uma bactéria, por exemplo, se aproxima do SNC, as meninges ficam
inflamadas e o líquor é infectado, mas o germe não consegue chegar aos
órgãos do SN. É o caso, por exemplo, das meningites.

Como já dissemos o LCR (líquor cefalorraquidiano) é produzido nos ventrículos


cerebrais e formado por pequenas estruturas que retiram água e algumas
substâncias do sangue. O líquor normal tem aspecto de "água-de-rocha" -
incolor, bem límpido e cristalino. Além da água ele contém: proteínas, glicose,
sódio, cloro, potássio, cálcio, uréia e poucas células.

O exame do líquor é um importante recurso para o diagnóstico das doenças do


sistema nervoso central. As alterações do líquor traduzem as alterações do
SNC ou de suas meninges. Exemplos:

LCR purulento, contendo muitas células de defesa = meningite

LCR com sangue = hemorragia em algumas áreas do SNC

E como podemos obter o LCR para examiná-lo? Através da punção lombar.


Neste procedimento, uma agulha longa é inserida entre duas vértebras na
parte mais inferior da coluna - região lombar. A ponta da agulha alcança o
espaço subaracnóide, de onde pode então ser extraído o líquor. Não pode ser
atingida a medula e por isso a punção lombar deve ser bem baixa, em local
onde já não existe medula, mas somente fibras nervosas soltas.

Obs.: A punção lombar também serve para introduzir no líquor medicamentos,


como por exemplo, anestésicos (é o que se faz na RAQUIANESTESIA).

Barreira Hemato-Encefálica - Esta barreira não é uma estrutura única, mas


um conjunto de elementos - parede vascular, substância intercelular e células -
que protegem o neurônio de substâncias tóxicas eventualmente trazidas pelo
sangue. Ao mesmo tempo, esses elementos facilitam a entrada de
determinadas substâncias que são essenciais para o cérebro.

Exemplo: certos antibióticos não devem ser utilizados no tratamento de


infecções do SNC, pois não atravessam a barreira hemato-encefálica, como é
o caso de algumas cefalosporinas de 1ª geração.

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AULA 07 - Doenças do Sistema Nervoso Central

Nesta parte de nosso estudo vamos abordar diversas patologias que envolvem
o SNC. Para facilitar, vamos dividir as doenças do SNC em dois grandes
grupos:

Doenças Orgânicas: são aquelas em que se pode comprovar, através de


exames complementares ou cirurgia, a existência de uma lesão no SNC.

Doenças Psíquicas: são aquelas em que não se consegue demonstrar uma


lesão do SNC, embora possam estar relacionadas a alterações químicas.

Muitos médicos, principalmente psiquiatras, não consideram as doenças


psíquicas como patologias do SNC. Acham que essas doenças são interações
anômalas entre o homem e seu ambiente social.

Doenças Orgânicas do Sistema Nervoso Central - são muitas as doenças que


atingem o SNC. Antes de abordar estas doenças é importante recordar alguns
conceitos fundamentais.

"SEJA QUAL FOR A DOENÇA QUE ACOMETE O SNC, OS SINTOMAS SERÃO


SEMPRE DISTÚRBIOS MOTORES, SENSITIVOS, SENSORIAIS E/OU
ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA”.

Esses sintomas podem ser de três tipos: aumento: (“hiper”); diminuição:


(“hipo”); ou desvio: (“para”).

Vamos explicar melhor e dar alguns exemplos ilustrativos:

• A epilepsia é uma doença que pode se manifestar por distúrbios motores -


convulsões. As convulsões são crises de hipermotilidade.
• A poliomielite é uma doença viral que determina lesão da medula. Essas
lesões se traduzem por uma paralisia, ou seja, um distúrbio motor no qual há
uma diminuição importante da motilidade.
• Um tumor do lobo occipital do cérebro causa distúrbios visuais (sensoriais)
geralmente caracterizados por perda ou diminuição da visão.
• Os problemas vasculares cerebrais (hemorragias, tromboses) podem causar
distúrbios motores e sensitivos - diminuição da sensibilidade na mão ou no
braço (hipoestesia) ou sensações anormais como formigamento e dormência
(parestesias).
• Os traumatismos crânio-encefálicos (TCE) causam perda da consciência - o
paciente entra em coma.

AULA 08 - Epilepsia

É uma doença que se caracteriza por convulsões recorrentes, isto é, que se


repetem de tempos em tempos. O intervalo entre as crises convulsivas é
variável de um paciente para outro e depende também do tratamento com
drogas antiepilépticas.

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"CONVULSÕES SAO DISTÚRBIOS MOTORES, SENSORIAIS, PSÍQUICOS
OU DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO, CAUSADOS POR DESCARGAS
ELETRICAS EXCESSIVAS E SÚBITAS DE UM GRUPO DE NEURÔNIOS
CEREBRAIS".

Esse grupo de neurônios que “dispara” de modo anormal é o FOCO


EPILÉTICO. Um foco epilético pode se formar no cérebro após um traumatismo
grave, devido à presença de um tumor ou a partir de condições em que há falta
de oxigênio no cérebro. Mas a forma mais comum é a epilepsia idiopática, isto
é, sem causa aparente. Esta é geralmente hereditária. Mas a convulsão
também pode ocorrer isoladamente, em caso de febre alta ou distúrbio
circulatório cerebral. Neste caso o paciente não pode ser chamado epilético.

Tipos de epilepsia - Na epilepsia, o foco pode transmitir o impulso anormal a


todo o cérebro ou apenas algumas áreas dele. Assim, a epilepsia é classificada
em focal quando só uma ou algumas áreas do cérebro transmitem descargas
anômalas, e generalizada quando toda a córtex cerebral está comprometida.

a - Epilepsia focal: as manifestações da epilepsia focal variam de acordo com a


área do cérebro comprometida. Podem ser: distúrbios da audição, alucinações
visuais, distúrbios psíquicos/emocionais, vertigens, distúrbios motores,
parestesias.

b - Epilepsia generalizada: é o tipo mais freqüente. A epilepsia generalizada


manifesta-se na maioria dos casos, por convulsões do tipo grande mal. A
convulsão do tipo grande mal clássico começa com uma contratura de todos os
músculos. Em seguida o paciente perde a consciência, cai ao chão e apresenta
abalos nos braços e nas pernas.

Durante a convulsão generalizada é comum o paciente urinar, evacuar, salivar


muito e morder a língua. Terminada a crise, o paciente dorme algum tempo.
Quando acorda, não se lembra de nada e costuma apresentar dor de cabeça e
tonteiras, que podem durar vários dias.

Outra forma de epilepsia generalizada é a AUSÊNCIA ou PEQUENO MAL.


Nesse caso, o paciente perde a consciência por alguns instantes, parecendo
“desligar-se” do ambiente, mas não caí no chão nem apresenta distúrbios
motores.

É mais freqüente em crianças de 6-14 anos e pode levar a problemas de


aprendizagem porque as crises de ausência às vezes acontecem mais de 100
vezes por dia.

Outros tipos de epilepsia generalizada são:

• Crises mioclônicas - movimentos anormais dos músculos sem perda de


consciência associada.

• Crise de atonia - o paciente cai ao chão subitamente, perde a consciência,


mas apresenta poucos movimentos anormais.

• Espasmos infantis - ocorrem em crianças recém-nascidas e até o final do 1º


ano de vida. São espasmos musculares envolvendo todo o corpo e geralmente

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deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
associados a lesões do sistema nervoso provocadas pelo parto ou condições
adversas no período imediatamente após o nascimento (hipóxia neonatal).

Crises convulsivas prolongadas que se repetem sem intervalo. Quando essas


convulsões são do tipo "grande mal" podem até levar o paciente à morte por
parada respiratória

Bases Bioquímicas da Epilepsia - recordando o que foi estudado sobre


transmissão do impulso elétrico entre os neurônios. Quando o impulso elétrico
chega à extremidade de um axônio ele provoca a liberação de mediadores
químicos. Estas substâncias agem sobre o neurônio seguinte, havendo então
duas possibilidades:

- mediador excitatório: o impulso continua

- mediador inibitório: o impulso é interrompido

“O FUNCIONAMENTO HARMÔNICO DE NOSSO SISTEMA NERVOSO


DEPENDE DO EQUILIBRIO ENTRE INIBIÇÃO E EXCITÃÇAO”.

Na epilepsia, o que ocorre, aparentemente, é uma falta do neurotransmissor


inibitório GABA (ácido gama-aminobutírico) nas terminações dos neurônios do
córtex cerebral. Faltando a influência inibitória, predominam os estímulos
excitatórios, que dão origem às descargas motoras e sensitivas da epilepsia.

Eletroencefalograma (EEG) - exame de avaliação da atividade elétrica


cerebral. Consiste em colocar, sobre o couro cabeludo, vários pares de
eletrodos (pólos positivos e negativos) que captam os impulsos elétricos
transmitidos entre os neurônios. Esses eletrodos estão conectados a uma
agulha que imprime em papel adequado, um traçado correspondente às ondas
de impulsos elétricos.

“ENTRE UMA CRISE EPILÉTICA E OUTRA, O TRAÇADO DO EEG PODE


SER NORMAL”.

Tratamento das crises epiléticas - baseia-se fundamentalmente no uso de


drogas antiepiléticas. O principal objetivo do tratamento e abolir as crises
convulsivas sem afetar a atividade intelectual do paciente.

A maioria das drogas antiepiléticas age potencializando o efeito dos


mediadores INIBITÓRIOS e evitando assim que a descarga elétrica anormal
originada no foco epilético seja transmitida aos neurônios vizinhos.

Principais Drogas Antiepiléticas:

• Difenil-hidantoína - é eficaz em todas as formas de epilepsia, com exceção


das crises de ausência. Exerce atividade antiepilética sem efeito sedativo. Em
doses elevadas pode provocar excitação.

• Fenobarbital - é um dos antiepiléticos mais utilizados, sendo indicado


sobretudo para tratamento de convulsões do tipo “grande mal”. Seu principal
problema é a sedação, sobretudo no início do tratamento.

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deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
• Primidona - é composto semelhante ao fenobarbital eficaz em várias formas
de epilepsia, exceto nos casos de ausência. É usada geralmente em
associação a outros anticonvulsivantes. Já foi muito utilizada no passado, hoje
está em 2º plano no tratamento da epilepsia.

• Carbamazepina - é uma droga muito utilizada no tratamento de todas as


formas da epilepsia exceto nos casos de ausência. Pode causar vertigens e
distúrbios visuais, e quando administrada por tempo prolongado pode causar
bloqueio da formação de células sanguíneas (anemia aplástica).

• Etosuximida - especifica para tratamento das crises de ausência. Tem vários


efeitos tóxicos, incluindo distúrbios gastrointestinais, tonteira, cefaléia, agitação,
alterações do sangue e da pele.

• Ácido valpróico - é eficaz em vários tipos de convulsão, mas particularmente


nas crises de ausência e mioclônicas. Não causa sedação. Agride a mucosa
gástrica e por se costuma ser apresentado sob a forma de sai (valproato de
sódio), em drágeas entéricas. Em raros casos pode provocar uma hepatite
fulminante.

• Benzodiazepínicos - podem ser utilizados em várias formas de epilepsia,


isoladamente ou associados a outros medicamentos.

O CLONAZEPAM e o CLORAZEPATO são frequentemente usados em


tratamento de manutenção. O DIAZEPAM é empregado por via venosa nos
casos de estado de mal epilético. O NITRAZEPAM parece ser útil no caso de
espasmos infantis (um tipo de convulsão mioclônica).

AULA 09 - Acidente Vascular Cerebral - AVC

Déficit neurológico focal, não convulsivo e repentino devido a um processo


patológico vascular, i.e., qualquer lesão ou alteração da permeabilidade da
parede vascular, como: obstrução do lúmen por trombo ou êmbolo, ruptura do
vaso e aumento da viscosidade ou alterações nas características do sangue.
As doenças cerebro-vasculares podem ser classificadas em: Trombose;
Embolia; Hemorragia

Trombose ou infarto aterotrombótico - A maioria das doenças cérebro-


vasculares pode ser atribuída a arteriosderose e hipertensão arterial. A
degeneração ou hemorragia intramural de um vaso arterosclorético pode
destruir o endotélio, ocorrendo acúmulo de restos celulares e fibras sobre a
área lesada e lançando êmbolos para a luz arterial. Em alguns casos as
partículas trombóticas formam-se e rompem-se repetidamente, tornando-se
assim, uma fonte de embolia cerebral de uma artéria para outra. As doenças
predisponíveis mais frequentes de trombose cerebral são: arteriosclerose
cerebral, hipertensão arterial, diabetes miellitus e sífilis. Em cerca de 75% dos
pacientes, as principais manifestações de AVC, como paralisias ou outros
déficits, são precedidos por sinais menos significativos, ou por um ou mais
ataques transitórios de disfunção neurológica focal. As principais
manifestações clínicas desenvolvem-Se de várias formas. A hipertensão
arterial está presente na maioria dos pacientes com infarto aterotrombótico. A
consciência pode não se alterar. Pode evoluir em minutos ou horas.

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Ataques Isquêmicos Transitórios de origem cerebral (AIT) - Os AIT’s
causados pela arteriosclerose da carótida são um previsor não só do infarto
cerebral, como também do infarto do miocárdio. Cerca de 2/3 de todos os
pacientes com AIT são homens e/ou hipertensos. Podem ocorrer nos adultos
mais jovens devido à enxaqueca. Os AIT’s podem durar alguns segundos, ou
até 12 a 24 horas; a maioria durante 2 a 15 minutos. Entre os episódios
isquêmicos o exame neurológico pode ser completamente normal. O quadro
clínico depende da área isquemiada: pode haver diplopia, afasia, tonteira,
vertigens, visão escurecida, cegueira, sonolência, surdez. Tratamento da fase
aguda - revascularização cirúrgica, medidas para recuperar a Circulação e
interromper o processo patológico (tratar a hipertensão arterial, corrigir a
anemia, tratar o edema cerebral, agentes anticoagulantes e antiplaquetános).
Na trombose cerebral, o desenlace é determinado em grande parte pela
localização e extensão do enfarto, bem como das condições gerais do
paciente. Quanto mais demorado o início do tratamento, pior o prognóstico.
Embolia ou Infarto embólico - Na maioria dos casos de embolia cerebral, o
material embólico consiste num fragmento que se desprendeu de um trombo
intracardíaco. A embolia devido à gordura, células tumorais ou ar é rara e
dificilmente entra no diagnóstico diferencial do AVC. A embolia cerebral é,
essencialmente, manifestação de doença cardíaca, e quase 75% dos êmbolos
cardiogênicos alojam-se no cérebro. A causa comum é a fibrilação atrial
crônica devido a cardiopatia aterosclerótica ou reumática. Dentre todos os
AVC’s, aqueles devidos a embolia cerebral desenvolvem-se rapidamente,
como um raio no céu azul. Em geral, o quadro clínica completo evolui em
alguns segundos ou um minuto. O quadro neurológico dependerá da artéria
envolvida e do local da obstrução. É importante enfatizar que o êmbolo,
durante sua passagem por uma artéria, pode produzir déficit neurológico grave,
porém apenas temporário; os sinais e sintomas desaparecem á medida que o
êmbolo se fragmenta.

As fases de tratamento são as mesmas do infarto aterotrombótico. A profilaxia


da embolia cerebral tem importância fundamental, O uso prolongado de
anticoagulantes tem sido eficaz na profilaxia da embolia nos casos de fibrilação
atrial, infarto do miocárdio e prótese valvular.

Hemorragia intracraniana - É a terceira causa mais freqüente de AVC. Os


tipos mais frequentes de hemorragia intracraniana são:

• Hemorragia intracerebral (hipertensiva) primária


• Ruptura de aneurisma sacular e malformações vasculares
• Hemorragia associada a distúrbios hematológicos
Nas hemorragias volumosas, os pacientes entram quase que imediatamente
em estupor e com hemiplegia e seu estado deteriora-se nitidamente com o
transcorrer das horas. Pode ocorrer cefaIéia intensa e grave, vômitos e
convulsões focais. O prognóstico imediato é sombrio: cerca de 30 a 35% dos
pacientes morrem de um a 30 dias. Pode ocorrer hemorragia gastrointestinal
de origem neurogênica. Nos pacientes que sobrevivem, i. e, naqueles com
hemorragias menores pode haver recuperação surpreendentemente
satisfatória da função porque, ao contrário do infarto, a hemorragia empurra o
parênquima cerebral para o lado, em vez de destruí-lo. O tratamento clínico

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geral do paciente comatoso com hemorragia intracerebral é o mesmo que para
os pacientes com infarto isquêmico ou embólico. A remoção cirúrgica do
coágulo na fase aguda seja por drenagem ou por aspiração, pode salvar a vida
de algumas pessoas. Depois que o paciente estiver em coma profundo, com
pupilas fixas e dilatadas, nada pode ser feito para ajudá-lo.

Diagnóstico das Lesões Cerebrovasculares


Tomografia computadorizada: revela e localiza com exatidão a hemorragias
pequenas, infartos hemorrágicos, sangramento subaracnóide, coágulos os
aneurismas, regiões de necrose por infarto, malformações arteriovenosas e
deformações ventriculares. Ressonância magnética nuclear: além de rev&aras
lesões visualizadas na TC, também revela áreas sem irrigação e alterações de
necrose isquêmica e faz estudo angiográfico. Arteriografia: revela estenoses e
obstruções de vasos mais calibrosos, assim como aneurismas, malformações
vasculares e doenças raras dos vasos sanguíneos.

AULA 10 - Traumatismos Cranioencefálicos

O traumatismo cranioericefálico (TCE) é a causa mais freqüente de morte entre


os 2 e 42 anos de idade e tem uma mortalidade entre 5 e 50%; em quase 50%
dos pacientes politraumatizados há TCE associado. Aproximadamente 60%
das mortes ocorrem dentro das primeiras 24 horas de trauma.

Como conceito, é qualquer agressão que acarreta lesão anatômica ou


comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges ou encéfalo.

Nos TCEs ocorrem dois tipos de fenômenos biomecânicos: de impacto ou


inerciais. Consideramos como traumatismo por impacto quando uma certa
quantidade de energia é aplicada sobre uma área relativamente pequena,
sendo então a lesão dependente da intensidade e do local do impacto.

Quanto aos fatores inerciais, devemos considerar que o cérebro sofre, em


condições de mudança abrupta de movimento (aceleração e desaceleração),
absorção de parte desta energia cinética, principalmente nas interfaces entre
estruturas de diferentes pesos específicos, levando assim à lesão tecidual.

Lesões primárias: fraturas, contusões, lacerações a substância cinzenta e


lesão axonal difusa.

Lesões secundárias: hematomas intracranianos, hipertensão intracraniana e


lesão cerebral isquêmica.

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Seqüelas dos Traumatismos Cranioencefálicos
Déficits neurológicos: melhores avaliados quando o estado de consciência do
traumatizado melhora.

Alterações psíquicas: uma deterioração intelectual algumas vezes uma


verdadeira demência, associada a atrofia cerebral pode constituir-se ao longo
de um traumatismo craniano que tenha determinado lesões de concussão e de
contusão cerebral, e freqüentemente coma prolongado.

Epilepsia pós-traumática: tem início nos dois anos que se seguem ao TCE, na
maioria dos casos depois de um tempo de latência, que é raramente inferior a 3
meses. Por outro lado, o risco de epilepsia é pequeno nos

Síndrome subjetiva dos traumatizados de crânio: cefaléias, vertigens,


modificações do psiquismo e alterações do sono. Uma estrutura neurótica
favorece o desenvolvimento de uma síndrome subjetiva pós-traumática, que
ocorre em indivíduos ansiosos, depressivos, obsessivos ou psicorígidos. E a
expressão de um verdadeiro estado depressivo pós-traumático. A volta da
atividade psíquica e intelectual deve ser gradativa.

AULA 11 - Infecções do Sistema Nervoso Central

A maioria das infecções do SNC só chega até as meninges - são as


meningites. Em alguns casos, o agente infeccioso chega a causar uma reação
inflamatória entre os neurônios do córtex cerebral, é a encefalite.

Na prática, é difícil identificar o limite entre estas duas patologias e a maioria


dos casos são rotulados como meningoencefalites.

Você se recorda das informações que recebeu sobre as meninges? Pois bem,
elas são membranas resistentes destinadas a proteger o SNC. Elas são muito
resistentes às invasões por microorganismos. Para que ocorra uma meningite,
é necessária a associação de pelo menos dois fatores: 1) Um germe invasivo e
com tropismo pelas meninges. Exemplo: meningococo; 2) Uma queda da
resistência do hospedeiro. Por exemplo: crianças desnutridas, recém nascidas,
pacientes idosos.

As meningites geralmente se originam de infecções das vias aéreas superiores


(nariz, garganta) e do ouvido médio (otite média aguda). O germe é levado pela
corrente sanguínea até as meninges, devido à proximidade destas áreas com a
base do cérebro. Este é ocaso da meningite meningocácica, por exemplo.

Em outros casos, a meningite faz parte de um quadro de infecção generalizada


- sepsis - em geral outros germes gram negativos é a que ocorre em pacientes
debilitados, recém-nascidos, idosos.

O quadro clássico da meningite é a chamada síndrome de irritação meníngea,


que se compõe de: vômitos, rigidez de nuca (não se consegue movimentar a
cabeça do paciente), irritabilidade, e às vezes, confusão mental. Além disso,
existem os sintomas gerais de uma infecção grave - febre ou queda da

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temperatura (hipotermia), comprometimento do estado geral, recusa alimentar,
etc.

É fundamental confirmar o diagnóstico de meningite. A punção lombar é o


melhor recurso diagnostico nos casos suspeitos de meningite. Ela permite
identificar o germe causador da meningite e acompanhar os resultados do
tratamento.

A meningite bacteriana é uma emergência médica. O tratamento deve ser


instituído imediatamente, com antibióticos potentes, em doses adequadas, por
via parenteral. A escolha do antibiótico depende do germe identificado no
líquor. Quando não se consegue esta identificação, geralmente se utiliza de
dois antibióticos, um para gram-positivos e outro para gram-negativos, ambos
de amplo espectro, mas nunca se aguarda o resultado laboratorial para iniciar o
tratamento de uma meningite.

Importante: As meningites virais - meningites assépticas - dispensam


tratamento antibiótico.

Meningites e Encefalites Virais - Vírus podem ser acometer as meninges com


relativa freqüência, desencadeando quadros infecciosos qualitativamente
semelhantes, porém menos intensos do que aqueles verificados nas
meningites bacterianas. A via de chegada ao SNC é, na maioria das vezes, por
disseminação hematogênica a partir de processos sistêmicos.

O tratamento das meningites virais é sintomático. A síndrome de meningite viral


pode estar associada a sintomas e sinais de envolvimento do cérebro, tronco
cerebral ou cerebelo como convulsões, distúrbios psíquicos, alterações do
estado de consciência, hemiparesia ou ataxias. Esta associação caracteriza a
encefalite viral.

As encefalites virais podem evoluir de forma grave. A encefalite herpética


merece destaque pela freqüência e pela possibilidade de tratamento específico
com Aciclovir. Em casos não tratados a mortandade é muito alta e ocorrem
seqüelas graves, em que predomina o déficit de memória de fixação.

Outra forma de encefalite ocorre na raiva. Alguns dias após a instalação do


quadro clinico de viroses da infância como sarampo e rubéola podem surgir
encefalites ou encefalomielites denominadas pós-infecciosas. Os vírus podem
ser responsáveis por processos infecciosos crônicos do SNC.

Provocada pelo Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK). O BK


atinge o sistema nervoso por disseminação hematogênica, na maioria das
vezes a partir do complexo primário pulmonar, ou como um evento terminal de
uma tuberculose miliar.

A meningite tuberculosa é uma meningite granulomatosa. A infiltração


predomina sobre as meninges da base do cérebro. O espessamento meníngeo
evoluindo para fibrose tende a bloquear vias de circulação da LCR, causando
hidrocefalia. Ocorrem focos de necrose no parênquima cerebral devido a
oclusão das artérias inflamadas.

Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos
deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
As manifestações iniciais geralmente são cefaléia (mais da metade dos casos),
letargia, confusão e febre associada à rigidez na nuca (75%) e sinais de
irritação meníngea (Kernig e Brudzinski). Em crianças pequenas e lactentes, os
sinais habituais são apatia, hiperirritabilidade, vômitos e convulsões; é possível
que a rigidez na nuca não seja acentuada ou mesmo esteja ausente.

Caso a doença não seja tratada, a evolução é caracterizada por confusão,


torpor e coma cada vez mais profundo, associados à paralisia dos nervos
cranianos, anormalidades das pupilas, deficiências neurológicas, elevação da
pressão intracraniana e postura de descerebração, e um desfecho
invariavelmente fatal, quatro a oito semanas após o aparecimento do quadro.

O diagnóstico da meningoencefalite tuberculosa é feito pela punção lombar


para avaliação do LCR com estudo citológico, glicorraquia e proteinorraquia,
pesquisa de bacilos de tuberculose no esfregaço do LCR corado pelo método
de Ziehl-Neelsen; o crescimento em meio de cultura ocorre em três a quatro
semanas.

Outros métodos diagnósticos (TC e RMN) poderão ser necessários em


pacientes que desenvolvem hipertensão intracraniana, hidrocefalia ou
deficiência neurológicas focais.

O tratamento da neurotuberculose baseia-se na utilização das mesmas drogas


usadas para o tratamento da tuberculose em outras áreas do organismo, por
tempo mais prolongado. Consiste na administração de uma associação de
medicamentos - isoniazida (INH), rifampicina (RMP) e um terceiro
medicamento, que pode ser o etambutol (EMB), etionamida (ETA) ou
pirazinamida (PZA). Esses medicamentos precisam ser administrados durante
um período prolongado, 18 a 24 meses (embora seja desnecessário
administrar todos os três medicamentos, durante todo o período).
Corticosteróides podem ser de grande auxilio terapêutico, sobretudo quando há
sinais de acometimento das meninges da base do crânio. Devem ser usados
por períodos curtos e sempre na vigência de esquema tríplice.

A mortalidade varia de 10 a 30%, dependendo do estágio de evolução à época


da introdução do tratamento. Cerca de 20 a 30% dos pacientes que sobrevivem
apresentam seqüelas neurológicas tais como alterações mentais, motoras,
visuais e da movimentação ocular, além de convulsões e surdez.

Processos Infecciosos Crônicos


Neurossífilis - é provocada pelo Treponema Pallidum, bactéria que invade o
SNC em período variável de 3 a 18 meses após a infecção inicial, geralmente
por contato sexual. O evento inicial na infecção neurossifilítica é a meningite,
que ocorre em cerca de 25% de todos os casos de sífilis. Em geral, a meningite
é assintomática e só pode ser descoberta pela punção lombar. Essa meningite
pode persistir em estado assintomático e, finalmente, após um período de
anos, causar lesão parenquimatosa. Pode se apresentar sob várias formas
clínicas: Sífilis meníngea; sífilis meningovascular; Neurossífilisparética

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(demência paralítica); Neurossifilistabética (tatesdorsalis); Atrofia óptica
sifilítica; Sífilis espinhal; Surdez nervosa sifilítica.

O diagnóstico é feito pela avaliação do LCR, que apresenta aumento do


número de células, geralmente abaixo de 50 leucócitos por mm3,
proteinorraquia aumentada entre 46 e 200 mg/dl. Faz-se pesquisa de
anticorpos treponômicos e não treponômicos (VDRL).

O tratamento tem como medicamento de eleição a Penicilina em qualquer das


formas clínicas. Recomenda-se o uso de Penicilina G cristalina, por via
intravenosa.

Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) - trata-se de doença causada


pelos vírus da imunodeficiência humana (HIV), transmitida pelo sangue e pelo
contato sexual. A característica principal da doença é uma depressão profunda
da imunidade celular, com grande vulnerabilidade para o desenvolvimento de
infecções oportunísticas e determinados tipos de tumores. Suas características
epidemiológicas, sua morbidade e o fato de ser inexoravelmente fatal conferem
a esta doença lugar de destaque no panorama médico deste século.

Todas as partes do SNC (meninges, cérebro e medula espinhal), nervos, raízes


periféricas e músculos podem ser envolvidos durante a evolução da infecção
pelo HIV. Este envolvimento pode resultar da infecção primária pelo vírus ou
das infecções oportunísticas devidas à imunodepressão ou ambas.

O comprometimento do sistema nervoso em casos avançados de AIDS é


observado em cerca de 85% dos pacientes submetidos a exame
anatomopatológico. Cerca de 10% dos pacientes com AIDS procuram
atendimento com manifestações iniciais neurológicas.

Quadros clínicos agudos e típicos com febre e cefaléia e sinais meninges


ocorrem mais frequentemente durante a soroconversão, podendo constituir-se
em primeira manifestação da doença. O comprometimento do SNC pela ação
direta do HIV já é bem estabelecido, mas várias denominações diferentes ainda
são utilizadas: “complexo AIDS-demência”, “encefalite subaguda” e
“encefalopatia da AIDS”. Os sintomas iniciais são inespecíficos como
esquecimento, dificuldade de concentração e lentidão de raciocínio e distúrbios
psiquiátricos como delírios e alucinações.

Os testes mais utilizados são: ensaio imunoenzimático (ELISA) e imunoblotting,


ambos muito sensíveis e específicos. São de grande auxilio no diagnóstico e
no controle da evolução da doença: determinação dos níveis de linfócitos CD4
circulantes e a relação CD4/CD8, baixos nas fases de atividade da AIDS. O
principal exame para o diagnóstico de acometimento do SN pelo HIV é o
exame do LCR, cujas principais alterações são: presença de anticorpos anti-
HIV, aumento de gamaglobulinas, aumento de proteínas totais, aumento do
número de células. Em cerca de 5% dos casos o exame do LCR é normal. ATC
de crânio e ressonância nuclear magnética podem auxiliar no diagnóstico
morfológico de patologias associadas.

O tratamento de pacientes com AIDS é complexo e exige frequente


envolvimento de equipe multidisciplinar. A principal droga anti-HIV em uso é o

Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos
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AZT (azidotimidina ou zidovudina). O tratamento de infecções oportunísticas
deve ser instituído o mais precocemente possível e não difere daquele referido
para os pacientes sem AIDS.

Abscesso Cerebral - coleção supurada que se desenvolve no seio de


parênquima cerebral. Qualquer dos germes piogênicos pode se responsável
por um abscesso cerebral, mas o estreptococo, o estafilococo e o pneumococo
são os mais freqüentemente encontrados. Podem ser pós-traumáticos, pós-
infecção otorrinolaringológicas (otites, sinusites, ou abscessos metásticos,
abscesso pulmonar, bronquiectasias, endocardite bacteriana). Ocorrem
predominantemente sinais de hipertensão intracraniana: a cefaléia é constante,
geralmente localizada; as alterações de consciência são freqüentes e
precoces; o edema de papua existe na metade dos casos. Podem ocorrer
manifestações epiléticas.

O tratamento é realizado da mesma forma que com as meningites purulentas.


A observação clínica determinará se há indicação cirúrgica: punção ou
exérese, uma vez constituída a cápsula. A antibioticoterapia continuará por um
mês após a intervenção. Apesar do progresso do tratamento médico-cirúrgico,
o prognóstico do abscesso permanece grave: mortalidade de 20 a 30%;
seqüelas graves (hemiplegia-afasia) em 30% dos sobreviventes; epilepsia na
metade dos casos.

AULA 12 - Doenças Metabólicas - O Alcoolismo

O Alcoolismo é uma doença crônica e também um distúrbio do comportamento,


sendo caracterizado por repetido ou continuados episódios de intoxicação, a
ponto de interferir com a eficiência do indivíduo no emprego, no lar ou na
comunidade. Os critérios farmacológicos que incluem o alcoolismo nas
condições toxicologia são:

Tolerância: necessidade de ingestão de quantidades progressivamente


maiores de álcool para obtenção de feitos prévios de doses menores.

Dependência física: desenvolvimento dos sintomas e sinais distintivos quando


de sua suspensão após um período de intoxicação crônica.

O mecanismo pelo qual o álcool produz seus efeitos varia grandemente de um


grupo de doença para outro.

a - Intoxicação alcoólica: O álcool pode ser detectado no sangue 5 minutos


após a ingestão. A concentração sérica máxima é alcançada em 30 a 90
minutos. Uma pessoa de 70 quilogramas metaboliza 7 a 10 gramas de álcool
por hora e, portanto, 1 grama por quilograma de peso por hora. O ritmo do
metabolismo do álcool é modificado pela dieta sendo menor nos pacientes mal
nutridos e aumentando após um período de ingestão contínua. Em pessoa não
habituada, concentração sanguínea de 30 mg/dl produz leve euforia, de 50
mg/dl causa leve descoordenação, de 100 mg/dl estupor e de 400 mg/dl causa
anestesia profunda e pode ser fatal. Alcoolemia acima de 500 mg/dl é fatal em
cerca de 50% dos casos. Cerca de 25% dos casos de todos os comas
causados por intoxicação exógena são devidos ao alcoolismo.

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b - Intoxicação patológica ou intoxicação idiossincrásica pelo álcool: Este termo
é utilizado para designar a situação em que o individuo, mesmo após a
ingestão de pequena quantidade de álcool, tem um acesso de fúria com
comportamento agressivo e destrutivo, que depois determina um sono
profundo e ao despertar o individuo não tem lembrança do ocorrido. Exige o
uso de contenção física e de drogas (fenobarbital sódico, diazepam ou
haloperidol).

c - Blackout: Este termo se aplica a episódio de amnésia que acompanha graus


severos de intoxicação alcoólica, mesmo quando o nível de consciência não foi
severamente alterado naquela ocasião. A natureza e significado desses
episódios não são claros. Admite-se, amplamente, que a ocorrência de
Blackout constitui um indicador precoce e sério do desenvolvimento de
dependência do álcool.

d - Síndrome de Abstinência: A síndromes de abstinência incluem tremores,


alucinações, convulsões, confusão mental e delirium tremens. Todos estes
quadros ocorrem somente após um período de absoluta ou relativa abstinência
de álcool.

Abstinência leve: caracteriza-se por tremores, irritabilidade, anorexia, náuseas


e, ocasionalmente, alucinações. Estes sintomas habitualmente aparecem nas
primeiras horas após o último drinque ou depois de acentuada redução do
aporte alcoólico, resolvendo-se em 48 horas. O tremor é a manifestação mais
comum de abstinência alcoólica. O indivíduo apresenta irritabilidade, náuseas e
vômitos, taquicardia, anorexia e insônia, e pode, ás vezes ficar agressivo. Em
sintomatologia geralmente melhora em poucos dias, mas a agitação pode
permanecer por várias semanas. Alucinações verdadeiras podem ocorrer.

Convulsão: quando após um período de intoxicação crônica, o indivíduo pára


de beber, há uma tendência marcante para o desenvolvimento de crises
convulsivas. Pode ocorrer somente uma cri se convulsiva, mas ocasionalmente
o paciente pode entrar em estado de mal epiléptico. Em muitos casos as
convulsões não requerem o uso de anticonvulsivantes, pois são autolimitadas.

Delirium tremens: é a mais dramática e grave de todas as manifestações de


abstinência alcoólica. Iniciada por tremor, insônia e episódios confuso-oniricos,
o quadro de delirium tremens constitui-se em dois a três dias, associando
alterações psíquicas e neurológicas a uma síndrome geral. Na maioria dos
casos o delirium tremens tem curta duração, cessando abruptamente após
alguns dias, O processo pode durar dias ou até 4 ou 5 semanas. Em 5 a 15%
dos casos, o delirium tremens termina fatalmente por hipertermia maligna,
colapso circulatório ou complicações infecciosas. No tratamento deve-se
monitorar sinais vitais, tratar a hipertermia, corrigir os distúrbios
hidroeletrolíticos, administrar tiamina e glicose. Devem ser utilizados sedativos
para o controle da agitação.

AULA 13 - Doenças Degenerativas do Sistema Nervoso Central

Doença de Parkinson - Descrita em 1817, por james Parkinson, como


“paralisia agitante”, a doença de Parkinson atinge, só nos EUA, cerca de

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5.000.000 de pessoas. Sua incidência mantém-se constante há mais de 20
anos.

A maioria (+ de 90%) dos pacientes desenvolve os sintomas da doença após


os 55 anos.

Você deve lembrar-se que no início deste módulo falamos no SISTEMA


EXTRAPIRAMIDAL. Trata-se de vários agrupamentos de neurônios e feixes de
fibras nervosas responsáveis pelo controle de nossos movimentos
involuntários. Na verdade, o sistema extrapiramidal permite uma coordenação
de movimentos que dá um certo "colorido" a tudo o que fazemos. Enquanto
andamos, balançamos os braços. Se não o fizermos, vamos ficar parecidos
com robôs. Quando estamos conversando com alguém, gesticulamos —
algumas pessoas mais, outras menos. Estes gestos tornam mais significativas
nossas palavras. Nossos músculos da face acompanham nossas emoções e
nossas palavras - é a mímica facial, que nos dá expressões de alegria, tristeza,
preocupação, etc. Para que todos estes movimentos aconteçam, e necessário
um equilíbrio no sistema extrapiramidal entre impulsos excitatórios e inibitórios.
Este equilíbrio é obtido pela atuação conjunta de dois mediadores químicos -
DOPAMINA e ACETILCOLINA.

A DOPANINA tem efeito INIBITÓRIO e a ACETILCOLINA tem efeito


EXCITATÓRIO.

Na doença de Parkinson, há uma falta de dopamina no sistema extrapiramidal.


A falta de DOPAMINA é particularmente evidente nos locais onde os neurônios
encontram-se agrupados em maior número - NÚCLEOS DA BASE e
SUBSTANCIA NEGRA ou locusníger. Portanto o que acontece na doença de
Parkinson é um DESEQUILIBRIO de mediadores químicos. Lembrando que na
falta de dopamina, predominam os efeitos da acetilcolina (efeitos colinérgicos).

O quadro clássico da doença de Parkinson é composto de:

- TREMOR DE REPOUSO

• atinge principalmente as extremidades

• desaparece com os movimentos voluntários

- BRADICINESIA

• perda dos movimentos naturais associados à linguagem e à marcha

• dificuldade em iniciar os movimentos voluntários

• perda da mímica facial (olhar parado, face inexpressiva)

- RIGIDEZ MUSCULAR

• resistência dos músculos à movimentação

- DISTÚRBIO DA POSTURA (mais tardio)

• o tronco fica inclinado para frente

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Além desses, existem outros sintomas associados:

• excesso de secreção salivar, lacrimal, sebácea e sudorípara

• distúrbios da fala e da escrita

• distúrbios psíquicos, como depressão leve, variações de humor

Obs.: Cerca de 30% dos pacientes com doença de Parkinson apresenta um


quadro de demência associada.

Considerando-se que o único problema do doente parkinsoniano é a falta de


DOPAMINA no SNC, bastaria administrar esta substância para resolver o
defeito bioquímico. Entretanto, quando administrada por via sistêmica, a
DOPAMINA não atravessa a barreira hematoencefálica. Utiliza-se então a
levodopa, precursora da dopamina que consegue atravessar esta barreira.

No cérebro, a LEVODOPA é transformada em DOPAMINA pela enzima


DESCARBOXILASE. Mas esta enzima existe também em diversos órgãos
periféricos. Portanto, se a LEVODOPA for administrada isoladamente, ela será
transformada em DOPAMINA na periferia e não chegará ao SNC. O ideal,
portanto, e administrar a levodopa associada a um inibidor periférico da
decarboxilase. Só desta forma pode-se garantir a penetração da levodopa no
cérebro.

As drogas que bloqueiam os efeitos da ACETILCOLINA (anticolinérgicos)


também podem ser usadas no tratamento da doença de Parkinson, isolada ou
em associação à levodopa. Atualmente, o principal anticolinérgico utilizado na
doença de Parkinson é o cloridrato de biperideno (AKINETON). Os
anticolinérgicos melhoram principalmente o tremor, mas podem causar
retenção urinária, constipação e distúrbios visuais.

Obs.: A doença de Parkinson é caracterizada por uma deficiência de


DOPAMINA no cérebro, de causa desconhecida, ligada provavelmente a
processos degenerativos dos neurônios. Mas diversos medicamentos podem
ter como efeito secundário de seu uso prolongado uma SINDROME
PARKINSONIANA, pois bloqueiam os efeitos da DOPAMINA nos núcleos da
base. Isto ocorre principalmente com os medicamentos antipsicóticos.

Demência - síndrome resultante da deterioração da atividade mental


suficientemente intensa para comprometer a capacidade profissional e alterar o
relacionamento social do indivíduo. Independe de redução do nível de
consciência e é secundária a distúrbio orgânico do sistema nervoso central.

A síndrome demencial caracteriza-se por distúrbios de memória associados a


comprometimentos de raciocínio lógico, da orientação especial, da afetividade,
da linguagem, da habilidade construtiva e de outras funções Cognitivas, A
deterioração intelectual de natureza demencial é definitiva e irreversível, o que
a diferencia da dissolução reversível das funções superiores de natureza
confusional.

Em algumas das mais freqüentes formas de demência existem lesões difusas


que afetam principalmente as áreas de associação do córtex cerebral,

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interferindo assim em inúmeros sistemas funcionais importantes envolvidos nas
atividades cognitivas. Entretanto, lesões focais do SNC também podem
condicionar demência.

A demência afeta principalmente indivíduos de idade superior a 60 anos. Até


recentemente, era relativamente rara em adultos jovens, mas sua freqüência
tem aumentado devido à ocorrência de demência na síndrome da
imunodeficiência adquirida (AIDS).

Diagnóstico diferencial: Retardo mental; Distúrbio de linguagem ou de


memória; Doenças psiquiátricas (esquizofrenia, surtos psicóticos, episódios de
mania e histeria).

Além do tratamento específico aplicável às demências reversíveis, existem


aspectos básicos com cuidados com o estado geral, correção dos distúrbios
clínicos associados, adaptação do ambiente às condições do paciente e
estímulo às funções menos comprometidas. Fisioterapia, terapia ocupacional e
psicoterapia podem ser úteis em casos particulares.

AULA 14 - Cefaléia

O termo cefaléia aplica-se a todo processo doloroso reterido no seguimento


cefálico, o qual pode originar-se em qualquer das estruturas faciais ou
cranianas. Podem ser classificadas em:

a - Primárias

• Enxaquecas (Comum, Clássica, Acompanhada, Complicada)

• Cefaléia de contração muscular

• Cefaléia combinada (tenso vascular)

• Cefaléia em salvas

• Cefaléias de origem intracraniana (Processos expansivos, Irritação meníngea,


Hipertensão intracraniana aguda ou crônica)

b - Secundárias

• Locais (Nervos cranianos, Artrite temporal, Referidas)

• Sistêmicas (Tóxicas, Metabólicas)

Enxaqueca é uma das formas mais comuns de cefaléia. É um distúrbio familiar


caracterizado por crise recorrentes de cefaléia muito variáveis em intensidade,
freqüência e duração. As crises são comumente unilaterais e geralmente
associadas com anorexia, náuseas e vômitos. A cefaléia da enxaqueca é
caracteristicamente pulsátil. A enxaqueca ocorre freqüentemente na infância
abaixo de 15 anos de idade. O tratamento da enxaqueca inclui medicamentos
profiláticos tomados diariamente para reduzir a freqüência e intensidade dos
episódios, como o propanolol, a fenitoína e a ciproheptadina; e medicamentos

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sintomáticos tomados durante os episódios para reduzir sua intensidade e
duração como analgésicos (aspirina, acetaminofem, propoxifeno, codeína,
mepiridina), ergotamina, tranqüilizantes.

A cefaléia tensional é geralmente é bilateral, quase sempre com predominância


occipitonucal, temporal ou frontal, ou com extensão difusa á parte superior do
crânio. A dor é descrita como surda e contínua, ou em aperto, ou pressão, ou
sensação de que a cabeça está inchada. A incidência da cefaIéia tensional na
prática neurológica provavelmente é tão grande quanto aquela da enxaqueca.

Video-Aulas sobre Cefaléia, dada pelo Prof. Tarso Adoni, da FMUSP:

Part 1- https://www.youtube.com/watch?v=jSGACUY9xzE
Parte 2- https://www.youtube.com/watch?v=IyjmyD2RcKE
Parte 3- https://www.youtube.com/watch?v=4pfiHMuUeik
AULA 15 - Hidrocefalia

A Hidrocefalia é o acúmulo de líquido cefalorraquidiano (LCR) nas cavidades


ventriculares, devido a uma perturbação da hidrodinâmica do mesmo. O líquor
(LCR) é ultrafiltrado do plasma, produzido pelo plexo coróide (99%); circula nos
ventrículos, depois vai para o espaço subaracnóide e é drenado pelas veias
através de granulações aracnóides. O acúmulo acontece por aumento na
produção (tumor no plexo coróide), obstáculo na circulação no sistema
ventricular e/ou bloqueio na reabsorção.

As causas podem ser:

a - Adquiridas:

• Infecção (Meningite bacteriana, Meningite tuberculosa)

• Traumatismos cranioencefálicos e hemorragia intracraniana

• Acidente vascular encefálico

• Processos expansivos (Tumores, Neurocisticercose)

b - Congênitas:

• Obstrução do aqueduto de Sylvius

• Cisto de Dandy Walker

• Malformação de Arnold Chiari

O quadro clínico apresenta aumento do perímetro cefálico, além de:

- Tendência dos olhos a virarem para baixo de tal modo que as escleras são
visíveis entre as pálpebras superiores e a íris (sinal do poente).

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- Adelgaçamento do couro cabeludo e proeminência das veias do couro
cabeludo.

- Separação das suturas cranianas.

- Som de vaso rachado à percussão do crânio.

- Síndrome de hipertensão intracraniana (protusão de fontanela anterior,


cefaléia, vômitos em jato e edema de papua).

O tratamento é cirúrgico. Derivações com válvulas e/ ou remoção da lesão


obstrutiva (tumor, cisto ou aneurisma) uma derivação é um tubo de polietileno,
com ou sem válvula, que contorna a obstrução e desvia o LCR para outros
locais de absorção.

AULA 16 - Sono

Reguladores do Sono

a) O Ritmo Circadiano:Todos nós temos um ciclo de atividades quotidianas:


dormimos e acordamos em determinadas heras. Nos sentimos cheios de
energia, temos fome, ou estamos cansados e necessitamos dormir, segundo
um padrão bem definido. Temos, na realidade um "relógio interno" que nos
indica a hora de comer, dormir, trabalhar, descansar, etc.

Isto ocorre 24 horas por dia, e por isto denominamos Ciclo Circadiano (Circa =
ao redor, Dian = um dia).

Graças a este ritmo diário, o organismo ajusta os seus mecanismos internos


para obedecer ao ciclo de atividades diárias. Durante este ciclo ocorrem
numerosas mudanças fisiológicas, correspondentes ao nível de atividade. Por
exemplo, a temperatura corporal oscila entre 36°C pela manhã, 36.5°C ao
meio-dia e caindo ao anoitecer.

As secreções digestivas aumentam pela manhã, à hora do almoço, do jantar e


reduzem-se ao mínimo durante à noite.

É lógico que este ciclo diário sofre variações individuais, havendo pessoas que
são mais ativas durante a manhã e outras à noite. A idade também influi no
ciclo, pois os recém-nascidos e crianças pequenas dormem mais do que os de
idade avançada.

Qualquer mudança do ciclo Circadiano implica numa adaptação lenta e


gradual. Assim explica-se as dificuldades que têm as pessoas que passam a
trabalhar em turnos, de noite e de dia, ou que fazem viagens para países com
fusos horários diferentes dos nossos.

Suponha um viajante que vá, por exemplo, a Paris (4 horas a mais em relação
ao Brasil). Veja o que ocorre caso ele obedeça ao horário do novo local.

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RIO DE JANEIRO PARIS
Atividade / Local
(horário habitual) (correspondente)

Acordar 6 horas 2 horas

Desjejum 8 horas 4 horas

Almoço 13 horas 9 horas

Lanche 16 horas 12 horas

Jantar 20 horas 16 horas

Dormir 23 horas 19 horas

Agora imagine se for no Japão, com 12 horas de diferença de fuso...

O ciclo circadiano não é hereditário, ele é adquirido através de um longo


processo de adaptação do organismo aos hábitos locais.

b) O Ciclo Sono: a vigília deve-se a um antagonismo funcional entre


determinadas áreas do cérebro que regulam o sono e vigília, segundo um
padrão específico. Existe, pois, uma regulação recíproca de ambos os
sistemas, altemando-se o tônus funcional das estruturas cerebrais do sono com
o da vigília. A formação reticular, grupo de células nervosas localizadas no
tronco cerebral, é o principal centro de controle destas funções.

No processo do sono intervêm modificações fisiológicas bem definidas. As


modificações mais interessantes que se registram são as relacionadas com:
ondas cerebrais, movimentos oculares e tônus muscular.

- Ondas cerebrais: para medir a atividade cerebral utiliza-se o


Eletroencefalógrafo, cujo registro é chamado eletroencefalograma (EEG). O
EEG detecta, na superfície do couro cabeludo, as modificações elétricas
produzidas pela atividade das células cerebrais subjacentes. Foram
identificados seis ritmos do EEG: 1. Ondas alfa; 2. Ondas beta; 3. Ondas teta;
4. Ondas delta; 5. Com plexos K; e 6. Fusos. Sendo:

• baixa amplitude = 15-30 ciclos por segundo


• baixíssima amplitude = 4-7 ciclos por segundo
• alta amplitude = 8-14 ciclos por segundo
• altíssima amplitude = 0,5-3 ciclos por segundo
- Movimentos oculares: o registro dos movimentos oculares é importante para
diferenciar os dois tipos básicos de sono e estado de vigília: 1. movimentos
rápidos dos olhos (REM = RapidEyeMovement); 2. ausência de movimentos
rápidos dos olhos (NREM); 3. diversos tipos de movimentos (vigília)

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- Tônus muscular: são determinados com o eletromiógrafo. Durante o sono
REM, os músculos estão muito relaxados (hipotonia), durante a fase NREM
estão relaxados, e no estado de vigília estão tensos.

c) Estágios do Sono: Combinando diversos dados, os investigadores


identificaram duas etapas principais de sono: sono REM e sono NREM.

- O Sono REM: estágio ativo do sono. Durante esta fase as ondas cerebrais
refletem no registro um estado de alerta, em que aumenta o metabolismo,
pressão arterial, freqüência cardíaca, respiratória e o consumo de oxigênio.

Os movimentos oculares rápidos desta fase são, provavelmente, a resposta à


salvas repentinas de descargas elétricas cerebrais em uma zona especifica do
cérebro. As contrações faciais são devidas à excitação geral do sistema
nervoso.

Um aspecto característico da fase REM é a aparente contradição entre a alta


atividade das funções cerebrais que se acompanha de movimentos oculares e
a paralisia da musculatura corporal. Apesar dos registros do EEG
assemelharem-se ao estado de vigília, o individuo encontra-se em sono
profundo, sendo difícil de ser despertado. Esta contradição levou muitos a
denominar esta fase do SONO PARADOXAL.

- O Sono NREM: caracteriza-se por repouso ocular e certo grau de repouso


muscular. O sono NREM é dividido em quatro estágios:

Estágio 1: Ocorre rotação ocular lenta de um lado para outro com pouca
variação na tensão muscular.

Estágio 2: Poucas variações do EEG, diminuição do tônus muscular e parada


dos movimentos oculares.

Estágio 3 e 4: Predomínio das ondas delta no EEG. É a fase do sono profundo


ou sono de ondas lentas.

Uma vez conciliado o sono, o adulto normal entra consecutivamente nos


estágios 1, 2, 3 e 4, retornando aos estágios 2 e 3 e caindo por último na fase
REM. Durante uma noite de sono, o adulto normal repete entre quatro a seis
vezes este ciclo, configurando-se assim, o padrão de sono noturno. Com a
idade, varia o tempo que cada pessoa necessita dormir. À medida que a
pessoa vai envelhecendo, reduz-se o número de horas de sono necessárias, a
qual ocorre às custas dos estágios 3 e 4 do sono NREM.

• Recém-nascido – 16 a 18 horas diárias


• Crianças – 10 a 12 horas diárias
• Adultos – 6 a 8 horas diárias
• Idosos – 5 a 7 horas diárias
Funções do Sono: o sono tem funções reparadoras. O tecido animal necessita
de reparação e manutenção, processos estes dependentes da síntese
bioquímica. Qualquer desvio, para mais ou menos, do sono, é acompanhado
de redução da capacidade de rendimento.

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O sono proporciona uma grande capacidade de recuperação energética para
os processos vitais. Assim, cada tipo de sono serve para um tipo de
regeneração especifica: o sono REM para o cérebro e o sono NREM para o
resto do organismo.

AULA 17 - Distúrbios do Sono

É difícil encontrar um processo patológico, tanto psíquico como somático, que


não afete o sono, daí ser difícil fazer uma lista dos transtornos do sono.

a - Transtornos segundo o padrão do sono: os transtornos classificados


segundo a fração do processo do sono perturbada podem dividir-se em três
grupos.

1. O indivíduo dorme insuficientemente, como o caso da insânia, em que pode


ter problemas para conciliar o sono, desperta cedo demais, ou várias vezes no
decorrer da noite, ou apresenta uma combinação das alterações citadas.

2. O indivíduo dorme o tempo normal, mas seu padrão de sono está alterado.
Isto ocorre geralmente quando há mudanças na bioquímica cerebral, por
exemplo, na esquizofrenia e, na maior parte das vezes por efeito aditivo de
drogas. Em ambos os casos há modificação no percentual de sono REM com
relação ao sono total.

3. O indivíduo tem alterado o seu ciclo sono-vigília, por viagens, trabalho por
turnos, etc. Nestes casos, está alterado o ciclo circadiano e o indivíduo tem que
passar por uma fase de adaptação. Durante este período pode dormir menos e
superficialmente.

b - Transtornos segundo sua origem: podem ser classificados em três grupos:

1. Transtornos produzidos por alterações do processo sônico por si: a este


grupo pertence todas as disfunções devidas à patologia do sono denominadas,
geralmente, de dissônias.

2. Transtornos por processos somáticos, ou seja, por fatores físicos que


perturbam o sono, por exemplo, dispnéia, dor, etc.

3. Transtornos por afecções psiquiátricas como PND, etc.

Dissônias: Podem ser de três tipos: parassônias, excesso de sono e falta de


sono.

a) Parassônias: Disfunções relacionadas com as etapas do sono ou


despertares parciais. Podem ser observadas na infância, e, amiúde, não
requerem tratamento. Nos adultos são, sem dúvida, sintomas de patologia
psiquiátrica. Dentro deste grupo, as principais alterações são:

• Enurese - (micção involuntária noturna). A causa mais comum é uma


incapacidade da bexiga para reter a urina (enurese primária), que desaparece
espontaneamente com o crescimento da criança. Alguns casos de enurese são

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de origem emocional ou orgânica (infecções, diabete, transtornos urológicos)
requerendo tratamento específico.

• Sonambulismo - A criança anda dormindo, durante o estágio 4. Não está


sonhando como muita gente crê. E necessário proteger a criança para não se
machucar.

• Terror noturno - (no adulto pavor noturno ou incubo). É uma reação repentina
de terror, aparecendo uma hora após conciliar o sono. Difere dos pesadelos
por não ser uma atividade onírica.

b) Excesso de Sono: A este grupo pertencem os transtornos que se


caracterizam por sono excessivo, acima das necessidades normais.

• Narcolepsia - Acessos irresistíveis de sono de curta duração e acompanhado


de cataplegia - paralisia sônica - e alucinações. O padrão de sono dos
narcolépticos inicia-se com a fase REM. Este transtorno se deve a anomalias
fisiológicas.

• Hipersônia - Sono excessivo sem sintomas adicionais. É um mecanismo de


defesa pelo qual o indivíduo se fecha ao mundo exterior que é incômodo
demais para viver.

c) Falta de Sono (Insônias) - É o mais freqüente transtorno do sono. Estudos


demonstraram que 1/3 dos problemas mais comuns compreendem algum tipo
de insônia. Há três grupos de fatores que contribuem para a insônia.

• Circunstâncias Patológicas

A insônia pode ser conseqüência do estado de saúde do indivíduo. Qualquer


enfermidade pode afetar o sono de duas maneiras: todos os problemas de
saúde têm um componente emocional gerador de ansiedade, e o que é mais
importante, podem causar dor ou mal estar. A insônia também pode ser gerada
por variações ambientais, como luz, local estranho, ruídos, tensões emocionais
transitórias, etc. Neste grupo se inclui a insônia devida à interrupção brusca da
medicação hipnótica.

As causas mais frequentes de insônia por problemas de saúde são:

• Dor/mal estar: fraturas, queimaduras, afecções cardíacas, úlcera péptica,


artrite, reumatismos.
• Drogas: anfetaminas, suspensão da medicação.
• Degeneração tecidual: arteriosclerose, senilidade.
• Transtornos neuropsiquiátricos: traumatismo craniano, psicoses, doença de
Parkinson, depressão, etc..
Estes transtornos afetam a continuidade do sono, O paciente desperta
constantemente ao longo da noite, de modo que tem um sono interrompido e
superficial.

Tensão - Ansiedade e Depressão

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Muitas pessoas são incapazes de enfrentar as tensões e insegurança da vida
moderna e reagem canalizando seu estresse por saídas fIsiológicas:
intranqüilidade, hiperatividade, apreensão, idéias obsessivas, etc.. Este estado
se reflete em dificuldades para dormir e amiúde, por repetidas interrupções do
sono com pensamentos preocupantes e sono marcado pela ansiedade. o
insone ansioso cai em um círculo vicioso, pois tente conscientemente dormir e
este esforço estimula o SNC (sistema de vigília), com o que se intensifica a
insônia.

Grande parte dos transtornos do sono se deve à depressão. A insônia por


depressão caracteriza-se pelo despertar demasiado cedo pela manhã. Os
pacientes deprimidos interiorizam os seus problemas e tem propensão a
recusar o fato de que têm algum problema emocional. Não se dão conta dos
problemas verdadeiramente importantes da sua vida. Não exteriorizam seus
sentimentos durante o dia e, por isto os elaboram durante a noite.

Os insones depressivos têm tendência a reprimir seus sentimentos em geral, e


os de agressividade e hostilidade em particular. Temem perder o controle ou a
ser controlados, ou seja, têm medo de dormir (perder o controle) e tomar
medicamentos (serem controlados). Recusam a psicoterapia porque negam a
existência de conflitos emocionais. Por último, em alguns pacientes coexistem
a ansiedade e a depressão. Essas pessoas têm problemas para conciliar o
sono e acordam demasiado cedo, encurtando o tempo total de sono.

AULA 03 - A Psicologia

A palavra "psicologia" deriva de Psychê, figura mitológica grega que significa


"alma". Segundo Platão, a psiquê é a vida mental, interna do ser humano.

Antes da palavra "psicologia", foi usado o termo "pneumatologia", do grego


"pneumaton" (vapor, respiração, espírito), para designar a parte da filosofia que
tratava da "essência e natureza da alma". O primeiro, entretanto, que usou o
termo foi provavelmente Melanchton, em 1550. Glöckel (ou Gocklenius),
professor de lógica em Marburgol, empregou-a também como título de uma
obra sua sobre perfeição moral, em 1590. Seu aluno Cassman utilizou o
mesmo termo em seus escritos, compreendendo, porém, a psicologia como
parte da antropologia.

De certa forma, podemos dizer que a palavra "psicologia" remonta realmente a


Christian Wolft, discípulo de Leibniz, autor de uma psicologia empírica e uma
racional.

Ela foi definitivamente adotada por Kant, que, na classificação das disciplinas
empíricas sobre a natureza, requer sua exclusão definitiva da metafísica.

Definindo a Psicologia

Até pouco tempo atrás não existia um acordo sobre o objeto e, portanto, sobre
a definição da psicologia. Ela já foi o estudo da "alma", depois da "consciência",

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mais tarde da "mente" e hoje é tida como o estudo e a ciência do
"comportamento", e ainda é tida por alguns como o estudo das "inter e
intracomunicações".

A Psicologia foi, aos poucos, ocupando um lugar de destaque entre os fatores


que influenciam o modo de pensar do homem ocidental. Penetrou na indústria,
na organização de comunidades e até no campo das relações
internacionais.

Estamos, sem dúvida, em uma nova era: a era das ciências sociais, e a
Psicologia, assim como suas congêneres, apesar de todas as criticas que lhe
são feitas, tem conseguido grandes avanços na busca de uma nova
compreensão da vida e desenvolvimento humano e novas maneiras de ajudar
as pessoas na direção de maior realização pessoal.

Como viver adequadamente neste mundo cada vez mais complexo,


alcançando maior satisfação e plenitude, parece ser o objetivo maior da nova
psicologia. A tarefa da psicologia, como uma ciência social, deve ser a de nos
oferecer uma explicação mais clara e o mais completa possível sobre a
natureza dos seres humanos. E, se queremos atingir este objetivo, não
podemos nos esquecer nunca de que os problemas do ser humano não se
prestam sempre a serem estudados por um sistema fechado de pensamento,
como os problemas das ciências físicas.

Mas o que tem a Psicologia estudado? De um modo geral, podemos dizer que
ela tem se preocupado com: 1) o desenvolvimento, incluindo a maturação e a
hereditariedade; 2) os órgãos do sentido; 3) o sistema nervoso, músculos e
glândulas endócrinas; 4) a aprendizagem; 5) a percepção; 6) a motivação; 7) a
emoção.

Com que finalidade? Geralmente, tentando compreender: a linguagem, o


pensamento e a resolução de problemas; a inteligência, inclusive sua medida;
a personalidade; o comportamento patológico e o comportamento de pessoas
em grupo.

A psicologia procura utilizar este conhecimento para nos ajudar na


compreensão de nós mesmos, na compreensão de pessoas com distúrbios de
comportamento, assim como melhorar as técnicas de aprendizagem e
resolução de problemas, as relações humanas e a eficiência no trabalho.

A psicologia é, sem dúvida, a nossa principal esperança de clarificar as


aspirações do homem e de descobrir os meios de realizá-las.

O Desenvolvimento da Psicologia

Desde 1879, quando Wundt fundou em Leipzig o primeiro laboratório de


psicologia, pensando torná-la uma ciência experimental, desenvolvida dentro
dos mais rigorosos métodos fisicalistas, ela, a Psicologia, tem percorrido um
longo caminho, sendo que, até hoje, muitos não a aceitam como uma
verdadeira ciência.

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Desde então, pesquisas têm se desenvolvido aqui e ali, e, principalmente;
teorias têm sido elaboradas.

Já entre os gregos, que se preocupavam principalmente em explicar o


universo, notamos uma linha de pesquisa voltada para aquilo que chamam de
espírito ou alma, ou os fenômenos provocados pela contraparte imaterial do
homem.

Pitágoras, Empédocles, Anaxágoras, Demócrito de Abdera, Diógenes de


Apolônia, Hipócrates, os sofistas, Sócrates, Platão e Aristóteles foram os
principais a tratar desta sorte de fenômenos.

Com o cristianismo, o estudo da alma tomou um rumo um pouco diverso, pois


as preocupações estavam localizadas no pós-morte, no seu destino, e não
propriamente nos fenômenos psíquicos. Assim mesmo, Santo Agostinho e
Santo Tomás de Aquino se destacam como estudiosos que não deixaram de
contribuir, de certa forma, para que a psicologia prosseguisse seu caminho.

A Renascença, com sua atenção voltada para o homem, o "aqui e o agora", foi
uma época decisiva, que preparou para os estudos de ordem mais científica
que viriam a desenvolver-se nos séculos posteriores.

O rompimento com a autoridade, a revelação e o estudo voltado para a


pesquisa foram atitudes novas que prepararam o caminho para o método
científico. Nesta época destacam-se, especialmente para o estudo da
psicologia educacional, Juan Luis Vives, Huarte de San Juan e Erasmo de
Roterdam.

Do século XVII em diante, os estudos psicológicos, se assim podemos dizer,


tomam impulso com o racionalismo, o iluminismo e o empirismo. Também o
desenvolvimento das ciências físicas e biológicas, que ocorreu a partir de
então, foi fator fundamental para a evolução da psicologia.

Podemos considerar o associacionismo, movimento que congregava


principalmente os empiristas ingleses, como o grande corte que separa a fase
puramente filosófica da psicologia de outra de caráter mais científico.

Hartley, Hobbes, Berkeley, Condillac, James Mill, John Stuart Mill, Thomas
Brown, Alexander Bain foram nomes de expressão nesta fase tão importante.

Outros pesquisadores e educadores que aparecem após o associacionismo


também deram a sua relevante contribuição para que, pouco a pouco, a
psicologia tomasse o seu rumo e se delineasse como ciência independente da
Filosofia. Podemos citar alguns deles: Pestalozzi, Galton, Spencer, Darwin,
Gall, Weber, Fechner e tantos outros.

Após o feito de Wundt em Leipzig, seus alunos se espalharam pela Europa e,


principalmente, pelos Estados Unidos, continuando os estudos do mestre e
introduzindo uma era de fermentação, discussão e dogmatismo, chamada a
Era das Escolas.

Os principais movimentos que se destacam neste período são: o


estruturalismo, o funcionalismo, o behaviorismo, o gestaltismo e a psicanálise.

Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos
deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
Assim, entramos no século XX, com os pesquisadores formando grupos
fechados e radicais em seus posicionamentos, que não passavam de meras
hipóteses, mas que dirigiam os estudos dos cientistas posteriores.

A Psicologia Hoje

Depois de uma fase de "ismos" (Estruturalismo, Humanismo, etc.), em que a


psicologia era endeusada e tida como a ciência salvadora da humanidade,
entramos em uma era em que ela passou a ser duramente criticada, por
múltiplos motivos.

Em primeiro lugar, divergências profundas, dentro da própria área, vêm


impedindo que ela se torne um corpo de conhecimentos organizado, em que as
prioridades estejam esboçadas.

Em segundo lugar, ela não foi capaz de promover uma real melhoria na
qualidade de vida das pessoas.

Em terceiro lugar, de uma certa forma, ela tem servido à desse dominante,
pois, estabelecendo parâmetros ao redor dos valores dos grupos que têm o
poder, reforça o fenômeno da passagem dos padrões de cima para baixo,
dentro da hierarquia hegemônica das classes.

O homem se posiciona dentro do universo como um elemento inserido em uma


teia complexa de fenômenos, e a sua natureza e a sua essência só poderão
ser verdadeiramente compreendidas se não se perder de vista este ponto de
partida.

De qualquer forma, parece que estamos vivendo, atualmente, uma fase de


amadurecimento, e, pouco a pouco, a psicologia vai encontrando seu
verdadeiro caminho.

Talvez, daqui por diante, redirecionando-se e recolocando o homem sua vida e


sua essência como o centro de seus objetivos, a psicologia possa, de uma
maneira mais concreta, prestar seus serviços à humanidade.

A psicologia, pois, engatinha e encontra-se numa encruzilhada. Ou escolhemos


um sistema fechado para orientar nossas pesquisas ou optamos por um
sistema aberto.

Em um sistema fechado de pensamento, o importante sobre as pessoas não é


sua essência, mas "seu funcionamento", como ela age e como consegue
melhor desempenho, maior eficiência.

Já em um sistema aberto, a pessoa e sua auto-realização são o centro de


preocupação. A pessoa é vista dentro de uma totalidade, considerando toda a
teia física, social, psicológica, econômica, política, histórica, cósmica, etc., que
formam o próprio tecido da vida que vivemos neste mundo. Esta é uma visão
holística do homem.

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deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
As teorias psicanalíticas seriam uma espécie de segunda força. Estão entre os
dois sistemas e, sem dúvida, abriram o caminho para o segundo.

Nos últimos anos, esta nova abordagem da natureza humana (humanista),


inclusive fortemente influenciada por teorias orientais, tem se tornado cada vez
mais importante.

Parece que, além da nossa disposição biológica inata para o crescimento e o


desenvolvimento, cada indivíduo possui uma tendência para o desenvolvimento
psicológico. Isto foi descrito por vários psicólogos como uma tendência à auto-
realização, um impulso para a autocompreensão, uma necessidade de
aprimorar sua consciência e competência - tudo isso a fim de obter mais alegria
e satisfação da vida.

AULA 04 - A Emoção

A emoção é uma forma de comportamento na qual as respostas viscerais


condicionadas têm um papel preponderante. Diferente da motivação, a emoção
nem sempre tem um objetivo definido. Freqüentemente, ela consiste em uma
reação difusa e desorganizada a algum estímulo interno ou externo.

O comportamento emocional é determinado por um complexo jogo de


predisposições hereditárias e condicionamentos.

As reações emocionais tendem a durar mais do que outras reações porque os


músculos viscerais lisos, uma vez estimulados, são lentos em relaxar. Esta
persistência pode estabelecer um estado emocional de longa duração, que
continua depois que os estímulos já desapareceram. Este estado é chamado
de humor. Embora este estado emocional seja persistente, não é tão intenso
como a própria emoção. Já o temperamento é uma reação emocional
constante, costumeira, que caracteriza uma pessoa.

As emoções básicas são: prazer, tristeza, raiva e medo. Entretanto, todas elas
têm uma enorme escala de variação. Por exemplo, o prazer pode variar da
satisfação ao êxtase, sendo que nesta escala estão incluídos o amor, a alegria,
etc.. A tristeza pode variar do desapontamento ao desespero; o medo, da
timidez ao terror; a raiva, do descontentamento ao ódio.

O desenvolvimento emocional é influenciado pela hereditariedade e pela


aprendizagem. A constituição individual é um fator determinante na
sensibilidade do sistema nervoso autônomo, no grau da resposta visceral e no
padrão de difusão das reações viscerais. A maturação é importantíssima,
também, neste ponto, pois antes que certas respostas emocionais possam
aparecer, os órgãos do sentido devem estar maduros ao ponto em que possam
perceber claramente os estímulos. Também os processos cerebrais devem
estar maduros antes que possam experimentar certas nuances da emoção.

Os estímulos externos que causam as reações emocionais, o significado que


damos a essas reações e a maneira pela qual nós as expressamos são
resultado da aprendizagem.

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deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
Trabalho realizado por alunos de Psicologia a respeito de Emoções:

Videos: https://www.youtube.com/watch?v=kcdEKv8GQGk

AULA 05 - A Percepção

O homem ordena e dá significado às experiências que recebe através dos


órgãos dos sentidos. A percepção é um processo organizacional, seletivo e
interpretativo. É organizacional porque tendemos a perceber estímulos em
padrões significativos mais do que como entidades separadas, sem relação. As
propriedades externas dos próprios estímulos e os estados internos do
perceptor contribuem para tal organização. É um processo seletivo, uma vez
que percebemos, por causa de fatores externos e internos, somente alguns dos
muitos estímulos em nosso ambiente. E a percepção é um processo
interpretativo, pois são dados aos estímulos percebidos significado e valor.

A aprendizagem depende da percepção, pois esta haverá de guiar aquela,


desde que respondemos aos estímulos tais quais os percebemos. Entretanto,
também a percepção será influenciada por nossas aprendizagens anteriores.
Assim, interpretaremos os estímulos de acordo com experiências já passadas,
nossas crenças, atitudes, expectativas, etc.

Os psicólogos gestaltistas descobriram que a percepção é organizada de


acordo com os seguintes princípios:

- Figura-fundo: reconhecemos espécies de estímulos como figuras sobre um


fundo. Por exemplo, uma música determinada (figura) é reconhecida sobre um
fundo de outros sons. Algumas espécies de figuras-fundo são reversíveis, tanto
podem aparecer ora como figura, ora como fundo.

- Contorno: a percepção da figura-fundo depende do modo como o indivíduo


percebe as curvas ou contornos que separam um objeto de seu fundo. O
contorno dá limite à forma.

- Agrupamento: tendemos a perceber como um grupo objetos que são


semelhantes, estão próximos, arranjados simétrica e continuamente.

- Fechamento: tendemos a perceber um objeto como completo, mesmo quando


partes dele estão faltando.

Estudos motivacionais indicam que objetos-estímulos muito valorizados ou


muito necessitados aparecerão maiores ao perceptor do que realmente o são.
Um indivíduo pode ser motivado a perceber aqueles aspectos de uma situação
que lhe darão aprovação social e evitar aqueles outros que são socialmente um
tabu.

AULA 06 - A Motivação

As necessidades produzem motivos que impelem o indivíduo à ação. Embora


alguns motivos sejam inatos e outros adquiridos, a maneira pela qual
respondemos a todos eles é modificada pela aprendizagem e influenciada pela
cultura na qual vivemos.

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O termo motivação é, pois, genérico e designa as necessidades, metas ou
desejos que provocam a ação de um organismo.

O processo de motivação consiste no estágio motivacional, no qual o indivíduo


é ativado a fim de satisfazer uma necessidade; o estágio comportamental, no
qual a resposta é dada; e o estágio de redução da necessidade, no qual a
resposta satisfaz.

Os aspectos ativadores e direcionais dos motivos afetam a aprendizagem, pois


o motivo é condição para que a aprendizagem se estabeleça, e quanto maior o
motivo (acima de um nível ótimo), mais respostas o organismo dará e mais ele
aprenderá sobre seu ambiente.

Assim, pois, a motivação vai desde os estados de ativação difusos, carentes de


direção, até expressões específicas de energia, dirigida a objetivos. Embora
usemos, com certa freqüência, os termos "necessidade" ou "função" para
designar toda a gama de forças motivadoras que afetam a conduta, certo
número de teóricos prefere reservar o termo motivo para aqueles casos nos
quais a atividade não somente se provoca, mas também é dirigida para um
objetivo.

Há muitas classes de necessidades e de motivos que podem influir na conduta.


Falando em termos mais concretos, há necessidades inatas, ou seja, primárias,
como se costuma chamá-las, e secundárias ou adquiridas.

Entre as primeiras, figura toda uma variedade de necessidades biológicas


(comida, água, calor, oxigênio, evitar a dor, etc.) que o organismo tem que
satisfazer para que sobreviva.

Uma necessidade se entende como um estado fisiológico interno do organismo


e não um conjunto de respostas. É verdade que a natureza, às vezes, ajuda
nisto ao proporcionar ao organismo uma resposta adequada à determinada
necessidade. Assim, por exemplo, a resposta de sucção se provoca
caracteristicamente quando se coloca um dedo na boca da criança. Sem
dúvida, a criança aprende a mamar com mais eficácia à medida que vai
praticando, e, mais tarde, aprende a beber de um copo e a comer com uma
colher. Embora as necessidades, às vezes, levem a criança a buscar
satisfação, tem-se que observar que, geralmente, o organismo deve aprender a
resposta mais adequada para a satisfação da necessidade.

Mas a maioria das respostas dos seres humanos não é provocada por
necessidades, ou carências básicas, mas por necessidades adquiridas, mais
apropriadamente designadas por "motivos". Os motivos são desejos adquiridos
de alguns objetivos. As crianças aprendem os motivos de poder, de
qualificação, de dinheiro, de aprovação, etc. Estes desejos, ou motivos,
fomentam a aprendizagem de determinadas condutas. As diferenças que se
observam entre crianças pelo que toca à força e ao aparecimento de diversos
motivos são, em parte, o resultado das diferenças nos sistemas de valores dos
pais e dos amigos, e, por conseguinte, da conduta que recompensam.

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Ao falar sobre motivação, não podemos deixar de fazer referência ao incentivo,
que nada mais é que um reforço que adquiriu propriedades motivacionais,
mesmo na ausência da necessidade.

AULA 07 - A Aprendizagem

O processo de aprendizagem é básico na formação da pessoa humana. O


homem tem uma capacidade ilimitada de aprender e aprende de várias formas:
ensaio e erro, condicionamento, imitação, insight e raciocínio. Só dizemos que
realmente ele aprendeu quando há uma mudança em seu comportamento,
como resultado da experiência.

A aprendizagem depende de vários fatores, como a inteligência, motivação,


maturação, percepção, etc. As experiências têm revelado que a rapidez com
que aprendemos uma determinada habilidade ou fragmento de algum material,
a quantidade do que lembramos e a duração de tempo de tal retenção depende
muitíssimo da maneira pela qual a habilidade e os dados são aprendidos e
praticados (as técnicas), quanto significado tem para o aprendiz (motivação), e
se ele recebe ou não feedback (retorno, conhecimento dos resultados) de seu
progresso. Evidentemente, não podemos esquecer também o próprio potencial
do indivíduo e do seu estado orgânico e emocional.

Como aumentar a eficiência da aprendizagem?

a) O feedback que informa ao aprendiz sobre seu progresso melhora a


aprendizagem porque o toma capaz de ajustar sua performance e pode agir
como uma forma de reforço positivo. Tal feedback pode ser diretamente
observável pelo aprendiz, como na maioria dos esportes, ou pode ocorrer na
forma de informação de segunda mão. Experiências de feedback retardado
sugerem que a aprendizagem motora é mais dependente de um conhecimento
imediato de resultados do que a aprendizagem verbal.

b) O ajuste da prática é um importante fator a considerar quando se discutem


os métodos mais eficientes de estudo. A prática distribuída é geralmente
superior à prática maciça na aprendizagem motora, na aprendizagem verbal
seriada e na de pares associados, quando as respostas são tão semelhantes
que podem interferir com cada outra. Também na prática distribuída, a
extensão dos períodos de repouso são igualmente considerações importantes.

c) Se a aprendizagem global ou por partes é mais efetiva, depende do tipo de


tarefa, do indivíduo envolvido e da extensão do material a ser dominado.
Material altamente significativo geralmente é mais bem aprendido por períodos
distribuídos de prática de aprendizagem global. Se o material é longo,
entretanto, ele deveria ser repartido em partes menores significativas. A
memorização automática de tarefas simples e daquelas que não têm
significado particular para o aprendiz é mais bem adquirida pelo método
parcial. A aprendizagem parcial é também recomendada na aquisição de
habilidades motoras e tarefas que constituem graus variados de dificuldade.
Nestes casos, cada parte pode requerer uma quantidade de tempo diferente
para ser dominada. A principal desvantagem do método parcial é que desde
que todas as partes são aprendidas, toma um tempo extra juntá-las em um
todo. Também a lembrança de uma parte pode interferir em uma outra. No

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estudo de assuntos escolares, a aprendizagem global é recomendada para a
visão geral inicial do tema, com aprendizagem parcial para áreas de
complexidade particular e integração dessas áreas em um todo como uma
etapa final.

d) Três fatores adicionais que influenciam a razão de aprendizagem são: a


significação, a quantidade do material e a espécie do material. Nós todos
aprendemos mais depressa quando estamos mais interessados ou envolvidos
no assunto em questão. Itens vividos ou distintos são aprendidos mais
rapidamente porque estão menos sujeitos a interferência.

As experiências aprendidas podem transferir-se de modo tal que a


aprendizagem passada influencie a presente. Assim, o que aprendemos em
uma situação pode afetar outra situação. Esta transferência de treino é
bastante importante para a aprendizagem.

É, provavelmente, responsável pela nossa habilidade de reconhecer objetos,


perceber relações e conceituar as experiências que encontramos pela vida. A
enorme capacidade humana para o conhecimento pode bem depender do
princípio da transferência. Um indivíduo não poderia aprender tudo o que
aprende se um eficiente método de transferência não lhe permitisse progredir
com sucesso de situação para situação, construindo sobre o que ele já
conhece.

Dizemos que a transferência positiva ocorreu quando a aprendizagem de uma


tarefa toma uma segunda mais fácil de ser aprendida. A transferência positiva
ocorre usualmente quando as respostas requeridas das duas tarefas são
semelhantes. Quando duas tarefas requerem a mesma resposta similar aos
estímulos, mesmo que os estímulos sejam diferentes, a transferência positiva
ocorre. A generalização do estímulo está envolvida.

Quanto mais semelhantes forem as respostas requeridas, mais fortes serão os


efeitos da transferência positiva.

Para predizer a direção da transferência (se positiva ou negativa) na situação


de aprendizagem, devemos ser capazes de isolar os elementos e julgar se são
os estímulos ou as respostas que se assemelham. Para a transferência
positiva, como dissemos, as respostas devem ser similares. Na transferência
negativa, os estímulos são similares, mas as respostas não o são. A
transferência ocorre quando estímulos similares requerem respostas diferentes.

A prévia associação entre estimulo e resposta interferirá com a aprendizagem


da nova resposta.

Outra questão importante com relação à aprendizagem é o aspecto quantitativo


da memória ou retenção, que é: medida comparando-se o que é lembrado com
o que foi originalmente aprendido. Os três métodos mais importantes de se
medir a retenção são: a evocação, o reconhecimento e a reaprendizagem. A
evocação compreende a lembrança sem ajuda de pistas extras; é a medida
menos sensitiva, pois o sujeito deve reproduzir a aprendizagem original. O
reconhecimento é mais fácil e é freqüentemente uma medida mais sensitiva de
retenção do que a evocação. A reaprendizagem pode ser medida facilmente

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pelo método de economia, comparando-se o número original de tentativas
necessárias para aprender uma tarefa com aquelas requeridas para reaprendê-
las.

O material bem aprendido é mais bem lembrado. A aprendizagem intensa e a


distribuição da prática, que permite tempo para as associações específicas se
desenvolverem, melhoram a retenção.

Faz-se uma distinção entre memória a curto prazo e a longo prazo. Acreditam
alguns que a memória a curto prazo é acumulada na forma de um traço de
memória – um caminho hipotético no sistema nervoso, através do qual a
informação é carregada. Esse traço aparece para desaparecer rapidamente, a
menos que a informação seja usada imediatamente ou substituída por um
acúmulo a longo prazo.

No estudo do esquecimento, uma ênfase considerável é dada às fontes de


interferência que podem enfraquecer a memória do aprendiz com relação ao
que aprendeu. A inibição retroativa ocorre quando a atividade interferente
acontece depois da atividade aprendida. A inibição retroativa ocorre quando um
indivíduo é incapaz de lembrar alguma coisa que aprendeu, na qual esteve
engajado previamente a esta nova situação de aprendizagem, porque uma
outra atividade está causando interferência.

A questão da aprendizagem foi mais bem estudada pelos behavioristas ou


comportamentistas.

AULA 08 - A Maturação

Maturação e aprendizagem estão intimamente ligadas. É praticamente


impossível isolar a influência de um fator sobre o outro. Maturação significa o
desenvolvimento do organismo como função do tempo ou idade. É o estágio de
desenvolvimento estrutural necessário para o aparecimento de determinado
comportamento. Uma função não pode se estabelecer sem que antes sua
estrutura correspondente esteja completa. A maturação, pois, abrange todas as
transformações neurofisiológicas e bioquímicas que se dão no organismo.

O nível de desenvolvimento apresentado por um indivíduo, em qualquer


momento, resulta da maturação de suas potencialidades inatas e de todas as
suas modificações através da pressão de influências ambientais (processo de
aprendizagem). Assim, é impossível separar ou determinar a influência de um e
de outro, pois, desde o momento da concepção, o organismo passa a sofrer
influências ambientais e é obrigado, constantemente, a adaptar-se a novas
situações. Assim, a formação de um indivíduo depende não apenas da direção
apontada pelos gens, mas também das possibilidades e pressões
apresentadas pelos fatores ambientais.

É difícil afirmar que no ser humano exista algum comportamento que seja
apenas fruto da maturação (a não ser os processos orgânicos), pois, desde
que uma estrutura se estabelece, imediatamente; o desempenho de sua função
é treinado dentro de circunstâncias ambientais. Mesmo fatores como a
sexualidade, cuja manifestação completa se ligaria à maturação, são
modificados pela aprendizagem ambiental.
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Assim, comportamentos como o voar dos pássaros ou o nadar dos peixes
praticamente não são encontrados no ser humano.

É importante lembrar, concluindo, que uma aprendizagem determinada não


pode se dar sem que a maturação necessária tenha ocorrido antes. Assim,
uma criança de sete anos, que ainda está na fase de operações concretas, e,
portanto não conseguiu ainda determinado nível de maturação, não pode
aprender logaritmos ou equação de segundo grau, que exigem um tipo de
pensamento que somente será desenvolvido na fase posterior.

As pesquisas (como as de Gesell) têm demonstrado que o treino, sem a


maturação requerida para a função, de pouco ou nada vale.

AULA 09 - A Personalidade

A maneira de conceituar personalidade depende basicamente do tipo de


abordagem a ser feita. Assim, ela poderá ser vista como uma variável
interventora, como estímulo, como respostas, etc., dependendo de nosso
posicionamento teórico.

Entretanto, procurando simplificar, podemos dizer que ela consiste em todas as


características organizadas que definem um indivíduo. Estamos incluindo neste
conceito todas as percepções, motivações, traços, hábitos, condicionamentos,
valores, padrões de comportamento, o temperamento, as crenças e
expectativas do sujeito.

Parece-nos bastante conveniente lembrar o conceito de Allport: “A


personalidade é a organização dinâmica, dentro do indivíduo, dos sistemas
psicofísicos que determinam seus ajustamentos únicos ao ambiente”. Esta sua
definição nos mostra aspectos importantes da personalidade: é um processo
de ajustamento, governado pelos nossos sistemas psicofísicos, é organizada,
dinâmica e única e, como é interna, é algo abstrato, que não pode ser
diretamente observável.

A personalidade é, antes de tudo, um resultado da interação entre


hereditariedade e ambiente. Um fornece ao outro tanto potencialidades como
limites. E é da relação dialética entre ambos que surge a personalidade.

Mas o que nos fornece, realmente, a hereditariedade e o que nos fornece o


ambiente? A hereditariedade haverá de nos fornecer alguns comportamentos
não aprendidos, como os reflexos e os impulsos; a constituição de nosso físico,
que implica, principalmente, as nossas diferenças no sistema nervoso (número
de neurônios, limiares de resposta) e no sistema endócrino, os dois
importantes sistemas integradores de nossas respostas; o temperamento e as
potencialidades próprias da espécie humana, como a capacidade de aprender
e as capacidades intelectivas de um modo geral. Já o ambiente nos fornecerá
os estímulos e os modelos. Assim, dentro de um Contexto social haverá de
emergir a personalidade individual.

Quando o indivíduo nasce, é apenas um organismo biológico que encontra


uma cultura já desenvolvida e bastante complexa, dentro da qual deverá
integrar-se. Ele não dispõe de mecanismos inatos de respostas que o
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preparem para a sobrevivência – assim como os animais têm os instintos – em
seu meio, que é, fundamentalmente, um meio social. Assim, deverá adquirir um
repertório de respostas mediante a aprendizagem ambiental. E é através dessa
aprendizagem que ele vai desenvolver hábitos, atitudes, percepção,
motivações, traços, valores, filosofia de vida, crenças, expectativas, padrões de
comportamento que determinarão não só a sua vida no grupo social (isto é,
suas respostas externas), mas, inclusive, sua própria vida psíquica.

Assim, a aprendizagem se coloca como um dos fatores básicos para o


desenvolvimento da personalidade. E, conseqüentemente, todos os outros
princípios ligados a ela tomam relevância, como a homeostase, a motivação, a
percepção e a maturação.

Evidentemente, em principio, agimos em busca de homeostase: ela é, portanto,


a base de todos os nossos comportamentos e, pois, o motor da personalidade.
Ela proporciona um vínculo entre os níveis mais simples e os mais complexos
da individualidade. Por isso, psicanalistas, behavioristas efenomenologistas a
mencionam como compatível com suas teorias da personalidade.

A motivação é a própria busca da homeostase, um comportamento já dirigido


para determinado objetivo que possa restaurar o equilíbrio perdido. Embora
existam as motivações naturais e inerentes à nossa própria natureza, esse é
um processo que sofre influências e se modifica com a vida social.

A maturação, condição puramente orgânica, coloca-se como necessária


(prontidão do organismo) para que as aquisições comportamentais se façam.

A percepção determina a resposta. Aliás, a formação da personalidade é um


processo de aprendizagem para perceber como atrativos ou ameaçantes os
objetos, pessoas e situações. Considera-se, geralmente, a personalidade como
um termo que identifica um processo organizado, que inclui sistemas de
percepção e de respostas determinantes da forma única de perceber de um
indivíduo específico. Posto que a percepção determina a resposta, afirmamos
que o processo de desenvolvimento da personalidade é, em grande parte, uma
questão de aprendizagem perceptual. A homeostase influi sobre a percepção
ao fazer com que o indivíduo chegue a identificar certos; signos como sinais de
objetos que restauram um equilíbrio valioso (com valência positiva) e a outros
como sinais de perturbações iminentes do equilíbrio (com valência negativa).

AULA 10 - Conflito e Ajustamento

Já deixamos bem claro que o processo de desenvolvimento da personalidade é


um processo de ajustamento. Todos nós devemos atender a uma série de
necessidades internas e, ao mesmo tempo, às imposições e limitações do
ambiente, tanto social como físico. Assim, em suma, o objetivo de todo o nosso
comportamento é a aquisição de um repertório de respostas que nos permitam
harmonizar
desenvolveras duas tendências.
padrões Desenvolver personalidade
de será,ajustamento.
em suma,

O conflito será, portanto, uma constante em nossa vida. E sempre que


encontramos a resposta que solucione um conflito, novo conflito aparecerá.

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Embora constitua, junto com a ansiedade, um dos principais fatores em
qualquer forma de desvio de personalidade, o conflito é, entretanto, um
componente significativo da personalidade normal.

É lógico que, havendo duas classes de valências (o objeto positivo e o objeto


negativo), o indivíduo pode encontrar três tipos de situações conflitantes:

• a escolha entre duas valências positivas (conflito de acercamento-


acercamento);
• a escolha entre duas valências negativas (conflito de afastamento-
afastamento);
• a escolha entre uma valência positiva e uma valência negativa (acercamento-
afastamento).
Freud também distinguia três tipos de conflitos: entre o indivíduo e o meio;
entre o ego e o id e entre o ego e o superego.

A resolução dos conflitos consiste, exatamente, nas formas de ajustamento. O


êxito nesta resolução leva o indivíduo ao conforto, à satisfação e à eficiência, e
o seu malogro ao sofrimento e à doença mental.

Existem formas consideradas normais e desejáveis de se resolver o conflito,


como o ataque direto à realidade, a substituição do objetivo, a compensação,
etc., assim como formas perigosas, tais quais os mecanismos de defesa.
Freqüentemente, alguns obstáculos interferem na resolução dos conflitos,
como o fracasso em reconhecer suas formas básicas subjacentes
(inconscientes) e a própria tensão, irritabilidade, nervosismo, agressividade e
protesto que costumam acompanhá-los.

À medida que a criança se desenvolve, encontra frustrações e ameaças que


tendem a produzir agressão, ansiedade e tensão. Os conflitos entre as
valências positivas e negativas elevam o nível da tensão e causam alterações
fisiológicas difusas, assim como interferência com os processos psicológicos.

A intensidade da tensão é, em grande parte, função das intensidades das


valências positivas e negativas. Pode-se descarregar, temporariamente, a
tensão psicológica mediante catarse, mas esta não resolve o conflito. Os
conflitos podem ser aliviados mediante defesa perceptual (negar-se a perceber
toda a situação conflitante ou parte dela), por racionalização, projeção, etc.
Entretanto, as soluções, a largo prazo, dependem de se encontrarem formas
socialmente aceitáveis, evitando as valências negativas ou substituindo a
valência positiva por outra menos ativadora de ansiedade.

AULA 11 - A Inteligência

Embora saibamos, evidentemente, que a inteligência seja uma condição para a


aprendizagem, principalmente para formas mais elevadas de aprendizagem,
pouca concordância existe sobre a definição do que seja realmente
inteligência.

Comumente, ela é tida como envolvendo capacidades tais como "a descoberta

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de relações", "lidar eficientemente com o ambiente", "solucionar problemas",
"analisar, prever, julgar, deduzir". Gates define-a como "um composto ou
organização de capacidades para aprender, para apreender, com vivacidade e
precisão, fatos amplos e sutis, especialmente os abstratos, para exercer
controle mental e apresentar flexibilidade e invenção, ao procurar solução para
problemas".

O desenvolvimento mental se caracteriza por alguns aspectos do crescimento


intelectual - aumento no uso da linguagem e de outros símbolos, na
capacidade para lembrar, concentrar-se e raciocinar.

O crescimento mental tende a ser relativamente constante nos primeiros treze


anos de vida; depois, permanece estático, e eventualmente atinge o ápice
talvez por volta dos vinte e cinco anos; finalmente passa por um declínio
gradual. É impossível decidir em que idade o crescimento mental atinge o
ápice, pois a experiência é inseparável da inteligência, uma vez que a
inteligência só pode ser medida indiretamente, através de tarefas que exigem
comportamento inteligente.

O aspecto teórico da natureza da inteligência não é mais claro que o problema


prático de sua mensuração. Embora o problema tenha sido muito estudado,
obteve-se acordo relativamente pequeno. Os testes existem e estão aí para
indicar o QI (quociente intelectual), que é a expressão do desempenho do
indivíduo. Sua validade, porém, é bastante contestada.

Com relação também ao papel da hereditariedade e do ambiente na produção


da inteligência e na determinação das diferenças observadas no QI das
pessoas, muitas pesquisas têm sido feitas e muita polêmica tem-se criado.

Pensamos que a posição mais equilibrada é a seguinte: a hereditariedade


fornece-nos um potencial, que será trabalhado pelo ambiente, sendo o QI já o
resultado da interação entre ambos. Assim, o desempenho intelectual real de
uma pessoa jamais poderá ser medido em termos de apenas um fator, pois,
desde o momento da concepção, o potencial genético passou a ser modificado
pelas condições ambientais.

AULA 12 - Testes Psicológicos

Os psicólogos usam as técnicas de medida para uma coleção sistematizada de


dados sobre as características de padrões comportamentais dos indivíduos e
dos grupos. A estatística ajuda na descrição, análise e compreensão dos
dados, com uma maior precisão e objetividade do que se poderia obter de
alguma outra forma. Capacita também aos psicólogos poderem comunicar
suas descobertas de uma maneira entendida pelos cientistas sociais de todo o
mundo.

Os testes psicológicos são usados para obter amostras do comportamento


presente ou de atributos específicos dos indivíduos para diagnóstico, predição

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ou pesquisa. Eles são divididos em três grandes categorias: testes de aptidão,
testes de inteligência e testes de personalidade. O método estatístico é
empregado em todas as três categorias para analisar e interpretar os
resultados.

AULA 14 - Desenvolvimento

Desenvolvimento compreende todas as transformações que sofre um


organismo, desde o momento em que é concebido até a morte, no sentido de
progresso e aquisição de capacidade mais amplos. Há uma ligeira diferença
entre desenvolvimento e crescimento. O primeiro engloba o segundo, cujo
sentido é mais restrito, compreendendo, principalmente, o aumento da massa
corporal.

Dentro do processo de desenvolvimento, temos fatores bastante relevantes,


tais como a maturação, a aprendizagem, a hereditariedade e o ambiente.

É importante lembrar também que o desenvolvimento não se faz de maneira


desordenada ou aleatória. Há princípios que lhe regem a seqüência, assim
como um plano diretor que determina a sua direção. Além disso, os padrões de
comportamento do organismo se modificam com a maturidade, e, tanto o ritmo
como o padrão de crescimento, podem ser modificados por forças externas.

As grandes fases do desenvolvimento são: a fase pré-natal e a pós-natal.

A primeira tem um período não-viável que vai até os 7 meses, e um período


viável, após os 7 meses. O ser em desenvolvimento é, então, chamado de ovo
até 15 dias, de embrião de 15 dias a 2 meses, e de feto daí por diante.

Já a fase pós-natal subdivide-se em infância (primeira infância, de 0 a 3 anos;


segunda infância, de 3 a 7 anos; terceira infância, de 7 a 12 anos) e
adolescência, de 11/12 anos a 18/19 para as meninas, de 13/14 a 20/21 para
os meninos.

É claro que o desenvolvimento, como dissemos a princípio, só termina com a


morte. Existem, pois, outras fases, como a juventude, a maturidade e a velhice.
Entretanto, como ele se dá, de maneira mais intensa, nos primeiros anos, a
preocupação maior da psicologia é com esta fase, o que não quer dizer que as
outras sejam deixadas de lado.

MATERIAL COMPLEMENTAR

Vídeo-Aulas sobre AVC (AVE), do Prof. Tarso Adoni (FMUSP):

Parte 1 - https://www.youtube.com/watch?v=zr6z_ar0Yoc

Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos
deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
Parte 2- https://www.youtube.com/watch?v=eYzUuopGEDs
Parte 3- https://www.youtube.com/watch?v=dpDL3Tqn2U4
Parte 4 - https://www.youtube.com/watch?v=FXhiF8CFOHg

Vídeo-Aula: "Sigmund Freud - A Invenção da Psicanálise" (1997)


- Documentário exibido pelo canal de televisão GNT. O documentário mostra
muito material fotográfico e vídeos raros como o de Jung descrevendo seu
primeiro encontro com Freud e relato de Ernest Jones, como também as
últimas imagens de Freud em seu apartamento em Viena, pouco antes do
exílio em Londres, feitas por Marie-Bonaparte, neta de Napoleão Bonaparte.
Traz ainda a única gravação em áudio da voz de Freud em entrevista à BBC de
Londres em 07 de dezembro de 1938. Mostra, detalhadamente, a trajetória da
psicanálise, desde seu nascimento até as direções tomadas no período após a
morte de Freud, associando-a aos fatos históricos de cada época. Todo o filme
é comentado por Elisabeth Roudinesco e Peter Gay, biógrafo de Freud.

https://www.youtube.com/watch?v=Yz96qUO4QRQ

Vídeo-Aula: "Freud e a Psicanálise" (2013)


- Ney Branco, Doutor em Filosofia, assume a tarefa de falar sobre Freud, sua
vida, seus estudos, procurando discutir e apresentar as razões que levam a
psicanálise a se manter em um dos cumes da nossa cultura. Como o criador da
psicanálise se manteve e ainda se mantém tão em evidência, tão próximo de
tantas disciplinas e pessoas ao longo dos séculos XX e XXI? Para responder
essas perguntas se auxilia de dois pensadores importantes deste século,
Michael Foucault e Anthony Gilddens.

https://www.youtube.com/watch?v=EkISRTIPKJo

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