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I – BIOGRAFIA DE CG JUNG
Crise Existencial:
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O contato com a Alquimia foi uma experiência decisiva, nela encontrou as bases
históricas que havia buscado inutilmente. De 1918 a 1926 lanço-se seriamente aos
estudos gnósticos. A tradição entre a gnose e o presente parecia a Jung rompida e,
durante muito tempo, não conseguia encontrar a ponte entre a gnose – ou o
neoplatonismo – e o presente. Só quando começou a compreender a alquimia pode
perceber que ela constitui um liame histórico com a gnose, e assim, através dela,
encontrar-se-ia restabelecida a continuidade entre o passado e o presente. A
Alquimia como filosofia da natureza, lançou uma ponte tanto para o passado, a
gnose, como para o futuro, a moderna psicologia do inconsciente.
A atividade científica de Jung possui como marco inicial seu trabalho ‘Estudos
Diagnóstico sobre as Associações’ [1903]; posteriormente vieram dois trabalhos
psiquiátricos: ‘Psicologia das Doenças Precoce’ [1907] e ‘O Conteúdo das Psicoses’
[1908]; Em 1912 surgiu o livro ‘Wandlungen und Symbole der Libido’ [Metamorfose e
Símbolo da Libido], que pôs fim a amizade que o ligava a Freud. Neste momento
começou a seguir seu próprio caminho, embora de maneira ainda tímida. Este livro
sofreu várias modificações durante suas redições, com acréscimo de figuras e
textos; em 1952 foi publicada a 4a edição ocorrendo, até mesmo, a mudança de
título, que no Brasil se encontra com a tradução ‘Símbolos da Transformação’. Nesta
edição a terminologia da psicanálise e da psiquiatria da época foi abandonada. O
tema foi exposto sob um aspecto mais pessoal, mais ponderado na forma de
expressão, mais reservado no julgamento, menos agressivo. Em compensação, usa
com mais firmeza os termos criados por ele mesmo [como arquétipo, animus-anima,
sombra, si-mesmo]; quanto a isto Jung justifica: "Há muito tempo eu sabia que este
livro, escrito há trinta e sete anos, necessitava de uma revisão. Mas os afazeres
profissionais e minha atividade científica não me deixavam tempo suficiente para
dedicar-me a esta tarefa tão desagradável quanto difícil. Idade e doença
desobrigaram-me finalmente de meus compromissos e me proporcionaram o lazer
necessário para analisar os erros de minha juventude. Nunca me senti feliz com este
livro, e muito menos satisfeito com ele: ele foi escrito, por assim dizer, em cima do
joelho, em meio à labuta do exercício da medicina, sem o tempo e os meios
disponíveis".
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REFERÊNCIAS.
É evidente que, nestas circunstâncias, tudo, por assim dizer, depende dos
pressupostos metodológicos e forçam amplamente o resultado. É verdade que o
objeto próprio da investigação concorre de certo modo, mas não se comporta como
se comportaria um ser autônomo deixado em sua situação natural e imperturbada.
Por isso, de há muito se reconheceu, justamente em psicologia experimental e,
sobretudo em psicopatologia, que uma determinada disposição de experiência não é
capaz de apreender imediatamente o processo psíquico, mas que entre este e a
experiência se interpõe um certo condicionamento psíquico que poderíamos chamar
de situação da experiência. Esta "situação" psíquica, em determinados casos pode
comprometer toda a experiência, assimilando não só a disposição experimental, mas
até mesmo a intenção que lhe deu origem. Por assimilação entendemos uma atitude
por parte do sujeito submetido à experiência e que interpreta erroneamente a
experiência, porque manifesta uma tendência, desde logo invencível, de considerar a
experiência, por ex., como um teste de inteligência ou uma tentativa de lançar um
olhar indiscreto por trás dos bastidores. Semelhante atitude encobre o processo que
a experiência se esforça por observar.
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Isto, porém, de modo nenhum quer dizer que o valor da experiência seja
colocado fundamentalmente em questão, mas que é apenas criticamente limitado.
No domínio dos processos psicofisiológicos como, por exemplo, o das percepções
sensoriais, prevalece o puro mecanismo reflexo, porque a intenção experimental é
manifestamente inofensiva, não se produzindo nenhuma assimilação, e, mesmo que
se produza, é ínfima, e por isto a experiência não é seriamente perturbada. Diferente
é o que se passa no domínio dos processos psíquicos complicados, onde a
disposição da experiência não conhece limitações das possibilidades definidas e
conhecidas. Aqui, onde estão ausentes as salvaguardas propiciadas por uma
determinação de fins específicos, emergem, em contrapartida, possibilidades
ilimitadas que, às vezes, dão origem, já desde início, a uma situação de experiência
que chamamos constelação. Este termo exprime o fato de que a situação exterior
desencadeia um processo psíquico que consiste na aglutinação e na atualização de
determinados conteúdos. A expressão "está constelado" indica que o indivíduo
adotou uma atitude preparatória e de expectativa, com base na qual reagirá de forma
inteiramente definida. A constelação é um processo automático que ninguém pode
deter por própria vontade. Esses conteúdos constelados são determinados
complexos que possuem energia específica própria. Quando a experiência em
questão é a de associações, os complexos em geral influenciam seu curso em alto
grau, provocando reações perturbadas, ou provocam, para as dissimular, um
determinado modo de reação que se pode notar, todavia, pelo fato de não mais
corresponderem ao sentido da palavra- estímulo. As pessoas cultas e dotadas de
vontade, quando submetidas à experiência, podem, graças à sua habilidade verbal e
motora, fechar-se para o sentido de uma palavra-estímulo com brevíssimos tempos
de reação, de modo a não serem afetadas por ele. Mas isto somente surte efeito
quando se trata de defender segredos pessoais de suma importância. A arte de um
Talleyrand, de usar palavras para dissimular idéias, é dada, porém, somente a
poucos. Pessoas inteligentes, e particularmente as mulheres, protegem-se, com
ajuda do que se chama predicados de valor, o que muitas vezes pode resultar em
um quadro bastante cômico. Predicados de valor são atributos afetivos, tais como
belo, bom, fiel, doce, amável, etc.
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ordem consciente não seriam de todo possíveis. De fato, um complexo ativo nos
coloca por algum tempo num estado de não-liberdade, de pensamentos obsessivos
e ações compulsivas para os quais, sob certas circunstâncias, o conceito jurídico de
imputabilidade limitada seria o único válido.
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Cum maximo salis grano, espero que ninguém me leve a mal essa
metaforização de um problema cientifico. Uma formulação dos fenômenos dos
complexos, por mais sóbria que seja, não consegue contornar o fato impressionante
de sua autonomia, e quanto mais profundamente ela penetra a natureza - quase
diria a biologia - dos complexos, tanto mais claramente ressalta seu caráter de alma
fragmentária. A psicologia onírica mostra-nos, com toda a clareza, que os complexos
aparecem em forma personificada, quando são reprimidos por uma consciência
inibidora, do mesmo modo como o folclore descreve os duendes que, de noite,
fazem barulheira pela casa. Observamos o mesmo fenômeno em certas psicoses
nas quais os complexos "falam alto" e aparecem como "vozes" que apresentam
características de pessoas.
Não é difícil ver que a concepção moderna corrente trata do problema como
se o complexo indubitavelmente fosse inventado ou "imaginado" pelo paciente e que,
por conseguinte, não existiria, se o doente não se empenhasse, de algum modo
deliberadamente, a lhe conferir vida. Está confirmado, pelo contrário, que os
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complexos possuem autonomia notável; que as dores sem fundamento orgânico, isto
é, consideradas imaginárias, causam-nos sofrimento, tanto quanto as verdadeiras, e
que a fobia de uma doença não revela a mínima tendência a desaparecer, ainda que
o próprio doente, o médico e, para completar, o uso da linguagem assegurem que
ela mais não é do que mera in1aginação.
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que acompanha qualquer observação psicológica é a de que ela, para ser válida,
pressupõe a equação pessoal do observador.
Por isto é que a teoria psicológica expressa, antes e acima de tudo, uma
situação psíquica criada pelo diálogo entre um determinado observador e certo
número de indivíduos observados. Como o diálogo se trava, em grande parte, no
plano das resistências dos complexos, a teoria traz necessariamente a marca
específica dos complexos: ela é chocante, no sentido mais geral da palavra, porque
atua, por sua vez, sobre os complexos do público. Por isto, todas as concepções da
psicologia moderna são, não apenas controversas, mas provocantes. Causam no
público violentas reações de adesão ou de repulsa, e, no domínio da discussão
científica, provocam debates emocionais, surtos de dogmatismos, suscetibilidades
pessoais, etc.
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AS TEORIAS DE C G JUNG
O ideal para o ser humano é ser flexível, capaz de adotar qualquer dessas atitudes
quando for apropriado, operar em equilíbrio entre as duas.
Os extrovertidos, por sua vez, se envolvem com o mundo externo das pessoas e das
coisas. Eles tendem a ser mais sociais e mais conscientes do que acontece à sua
volta. Necessitam se proteger para não serem dominados pelas exterioridades e, ao
contrário dos introvertidos, se alienarem de seus próprios processos internos.
Algumas vezes esses indivíduos são tão orientados para os outros que podem
acabar se apoiando quase exclusivamente nas idéias alheias, ao invés de
desenvolverem suas próprias opiniões.
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As Funções Psíquicas
O Pensamento
O Sentimento
A Sensação
A Intuição
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Arquétipos
Dentro do Inconsciente Coletivo existem, segundo Jung, estruturas psíquicas ou
Arquétipos. Tais Arquétipos são formas sem conteúdo próprio que servem para
organizar ou canalizar o material psicológico. Eles se parecem um pouco com leitos
de rio secos, cuja forma determina as características do rio, porém desde que a água
começa a fluir por eles. Particularmente comparo os Arquétipos à porta de uma
geladeira nova; existem formas sem conteúdo - em cima formas arredondadas (você
pode colocar ovos, se quiser ou tiver ovos), mais abaixo existe a forma sem
conteúdo para colocar refrigerantes, manteiga, queijo, etc., mas isso só acontecerá
se a vida ou o meio onde você existir lhe oferecer tais produtos. De qualquer
maneira as formas existem antecipadamente ao conteúdo. Arquetipicamente existe a
forma para colocar Deus, mas isso depende das circunstâncias existenciais, culturais
e pessoais.
indivíduo, mas também todas as figuras de mãe, figuras nutridoras. Isto inclui
mulheres em geral, imagens míticas de mulheres (tais como Vênus, Virgem Maria,
mãe Natureza) e símbolos de apoio e nutrição, tais como a Igreja e o Paraíso. O
Arquétipo materno inclui aspectos positivos e negativos, como a mãe ameaçadora,
dominadora ou sufocadora. Na Idade Média, por exemplo, este aspecto do Arquétipo
estava cristalizado na imagem da velha bruxa.
Jung escreveu que cada uma das principais estruturas da personalidade seriam
Arquétipos, incluindo o Ego, a Persona, a Sombra, a Anima (nos homens), o Animus
(nas mulheres) e o Self.
Símbolos
De acordo com Jung, o inconsciente se expressa primariamente através de
símbolos. Embora nenhum símbolo concreto possa representar de forma plena um
Arquétipo (que é uma forma sem conteúdo específico), quanto mais um símbolo se
harmonizar com o material inconsciente organizado ao redor de um Arquétipo, mais
ele evocará uma resposta intensa e emocionalmente carregada.
Jung se interessa nos símbolos naturais, que são produções espontâneas da psique
individual, mais do que em imagens ou esquemas deliberada-mente criados por um
artista. Além dos símbolos encontrados em sonhos ou fantasias de um indivíduo, há
também símbolos coletivos importantes, que são geralmente imagens religiosas, tais
como a cruz, a estrela de seis pontas de David e a roda da vida budista.
Imagens e termos simbólicos, via de regra, representam conceitos que nós não
podemos definir com clareza ou compreender plenamente. Para Jung, um signo
representa alguma outra coisa; um símbolo é alguma coisa em si mesma, uma coisa
dinâmica e viva. O símbolo representa a situação psíquica do indivíduo e ele é essa
situação num dado momento.
Aquilo a que nós chamamos de símbolo pode ser um termo, um nome ou até uma
imagem familiar na vida diária, embora possua conotações específicas além de seu
significado convencional e óbvio. Assim, uma palavra ou uma imagem é simbólica
quando implica alguma coisa além de seu significado manifesto e imediato. Esta
palavra ou esta imagem tem um aspecto inconsciente mais amplo que não é nunca
precisamente definido ou plenamente explicado.
Os Sonhos
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Jung abordou os sonhos como realidades vivas que precisam ser experimentadas e
observadas com cuidado para serem compreendidas. Ele tentou descobrir o
significado dos símbolos oníricos prestando atenção à forma e ao conteúdo do
sonho e, com relação à análise dos sonhos, Jung distanciou-se gradualmente da
maneira psicanalítica na livre associação.
Pelo fato do sonho lidar com símbolos, Jung achava que eles teriam mais de um
significado, não podendo haver um sistema simples ou mecânico para sua
interpretação. Qualquer tentativa de análise de um sonho precisa levar em conta as
atitudes, a experiência e a formação do sonhador. É uma aventura comum vivida
entre o analista e o analisando. O caráter das interpretações do analista é apenas
experimental, até que elas sejam aceitas e sentidas como válidas pelo analisando.
O Ego
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A Persona
Nossa Persona é a forma pela qual nos apresentamos ao mundo. É o caráter que
assumimos; através dela nós nos relacionamos com os outros. A Persona inclui
nossos papéis sociais, o tipo de roupa que escolhemos para usar e nosso estilo de
expressão pessoal. O termo Persona é derivado da palavra latina equivalente a
máscara, se refere às máscaras usadas pelos atores no drama grego para dar
significado aos papéis que estavam representando. As palavras "pessoa" e
"personalidade" também estão relacionadas a este termo.
A Persona tem aspectos tanto positivos quanto negativos. Uma Persona dominante
pode abafar o indivíduo e aqueles que se identificam com sua Persona tendem a se
ver apenas nos termos superficiais de seus papéis sociais e de sua fachada. Jung
chamou também a Persona de Arquétipo da conformidade. Entretanto, a Persona
não é totalmente negativa. Ela serve para proteger o Ego e a psique das diversas
forças e atitudes sociais que nos invadem. A Persona é também um instrumento
precioso para a comunicação. Nos dramas gregos, as máscaras dos atores,
audaciosamente desenhadas, informavam a toda a platéia, ainda que de forma um
pouco estereotipada, sobre o caractere as atitudes do papel que cada ator estava
representando. A Persona pode, com freqüência, desempenhar um papel importante
em nosso desenvolvimento positivo. À medida que começamos a agir de
determinada maneira, a desempenhar um papel, nosso Ego se altera gradualmente
nessa direção.
A Sombra
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A Sombra é mais perigosa quando não é reconhecida pelo seu portador. Neste caso,
o indivíduo tende a projetar suas qualidades indesejáveis em outros ou a deixar-se
dominar pela Sombra sem o perceber. Quanto mais o material da Sombra tornar-se
consciente, menos ele pode dominar. Entretanto, a Sombra é uma parte integral de
nossa natureza e nunca pode ser simplesmente eliminada. Uma pessoa sem
Sombra não é uma pessoa completa, mas uma caricatura bidimensional que rejeita a
mescla do bom e do mal e a ambivalência presentes em todos nós.
Cada porção reprimida da Sombra representa uma parte de nós mesmos. Nós nos
limitamos na mesma proporção que mantemos este material inconsciente.
O Self
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Segundo Jung, todo indivíduo possui uma tendência para a Individuação ou auto
desenvolvimento. Individuação significa tornar-se um ser único, homogêneo. na
medida em que por individualidade entendemos nossa singularidade mais íntima,
última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si
mesmo. Pode-se traduzir Individuação como tornar-se si mesmo, ou realização do si
mesmo.
Essa consciência ampliada não é mais aquele novelo egoísta de desejos, temores,
esperanças e ambições de caráter pessoal, que sempre deve ser compensado ou
corrigido por contra-tendências inconscientes; tornar-se-á uma função de relação
com o mundo de objetos, colocando o indivíduo numa comunhão incondicional,
obrigatória e indissolúvel com o mundo.
Como analista, Jung descobriu que aqueles que vinham a ele na primeira metade da
vida estavam relativamente desligados do processo interior de Individuação; seus
interesses primários centravam-se em realizações externas, no "emergir" como
indivíduos e na consecução dos objetivos do Ego. Analisandos mais velhos, que
haviam alcançado tais objetivos, de forma razoável, tendiam a desenvolver
propósitos diferentes, interesse maior pela integração do que pelas realizações,
busca de harmonia com a totalidade da psique.
De certo modo, tais dados são reais mas, em relação à individualidade essencial da
pessoa, representam algo de secundário, uma vez que resultam de um compromisso
no qual outros podem ter uma quota maior do que a do indivíduo em questão.
O terceiro passo é o confronto com a Anima ou Animus. Este Arquétipo deve ser
encarado como uma pessoa real, uma entidade com quem se pode comunicar e de
quem se pode aprender. Jung faria perguntas à sua Anima sobre a interpretação de
símbolos oníricos, tal como um analisando a consultar um analista. O indivíduo
também se conscientiza de que a Anima (ou o Animus) tem uma autonomia
considerável e de que há probabilidade dela influenciar ou até dominar aqueles que
a ignoram ou os que aceitam cegamente suas imagens e projeções como se fossem
deles mesmos.
Jung escreve que devemos ser aquilo que somos e precisamos descobrir nossa
própria individualidade, aquele centro da personalidade que é eqüidistante do
consciente e do inconsciente. Dizia que precisamos visar este ponto ideal em
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direção ao qual a natureza parece estar nos dirigindo. Só a partir deste ponto
podemos satisfazer nossas necessidades.
Obstáculos ao Crescimento
A Individuação nem sempre é uma tarefa fácil e agradável. O Ego precisa ser forte o
suficiente para suportar mudanças tremendas, para ser virado pelo avesso no
processo de Individuação.
Poderíamos dizer que todo o mundo está num processo de Individuação, no entanto,
as pessoas não o sabem, esta é a única diferença. A Individuação não é de modo
algum uma coisa rara ou um luxo de poucos, mas aqueles que sabem que passam
pelo processo são considerados afortunados. Desde que suficientemente
conscientes, eles tiram algum proveito de tal processo.
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Assim como em muitos mitos e contos de fadas, os maiores obstáculos estão mais
próximos do final. Quando o indivíduo lida com a Anima e o Animus, uma tremenda
energia é libertada. Esta energia pode ser usada para construir o Ego ao invés de
desenvolver o Self. Jung referiu-se a este fato como identificação com o Arquétipo
do Self, ou desenvolvimento da personalidade -mana (mana é uma palavra
malanésica que significa a energia ou o poder que emana das pessoas, objetos ou
seres sobrenaturais, energia esta que tem uma qualidade oculta ou mágica). O Ego
identifica-se com o Arquétipo do homem sábio ou mulher sábia aquele que sabe
tudo. A personalidade-mana é perigosa porque é excessivamente irreal. Indivíduos
parados neste estágio tentam ser ao mesmo tempo mais e menos do que na
realidade são. Eles tendem a acreditar que se tornaram perfeitos, santos ou até
divinos, mas, na verdade, menos, porque perderam o contato com sua humanidade
essencial e com o fato de que ninguém é plenamente sábio, infalível e sem defeitos.
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Referência
Ballone GJ - Carl Gustav Jung, in. PsiqWeb, internet, disponível em
http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2005
Aquilo a que chamamos símbolo é um termo, um nome ou mesmo uma imagem que
nos pode ser familiar na vida diária, embora possua conotações especiais para além
do seu significado evidente e convencional. Implica algo de vago, desconhecido ou
oculto para nós.
Assim, uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além
do seu significado manifesto e imediato. Esta palavra ou esta imagem tem um
aspecto mais amplo, que nunca é definido de uma única forma ou explicado
totalmente, nem podemos ter esperanças de a definir ou explicar. Quando a mente
explora um símbolo, é conduzida em direcção a ideias que estão fora do alcance da
nossa razão.
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Este segundo pensamento pode aparecer, por exemplo, sob a forma de um sonho.
O aspecto inconsciente de um acontecimento é-nos revelado, geralmente, através
de sonhos, onde se manifesta, não como um pensamento racional, mas como uma
imagem simbólica. Do ponto de vista histórico, foi o estudo dos sonhos que permitiu,
inicialmente, aos psicólogos, a investigação do aspecto inconsciente de ocorrências
psíquicas conscientes.
Aquele que nega a existência do inconsciente está, de facto, a admitir que, hoje em
dia, temos um conhecimento total da psique. É uma suposição evidentemente tão
falsa quanto a pretensão de que sabemos tudo a respeito do universo físico. A nossa
psique faz parte da natureza e o seu enigma é, igualmente, sem limites. Assim, não
podemos definir a psique nem a natureza. Podemos, simplesmente, constatar o que
acreditamos que elas sejam e descrever, da melhor maneira possível, como
funcionam. No entanto, fora das observações acumuladas em pesquisas médicas,
temos argumentos lógicos de bastante peso para rejeitarmos afirmações como “não
existe inconsciente”, etc. Aqueles que fazem este tipo de declaração estão a
expressar um velho misoneísmo – o medo do que é novo e desconhecido.
Podemos constatar agora uma outra razão para esta diferença: na nossa vida
civilizada, despojamos tanto as ideias da sua energia emocional que já não reagimos
a elas. Usamos estas ideias nos nossos discursos, reagimos convencionalmente
quando outros também as utilizam, mas elas não nos causam uma impressão
profunda. É necessário haver alguma coisa mais eficaz para que mudemos de
atitude ou de comportamento. E é isto que a linguagem do sonho faz: o seu
simbolismo tem tanta energia psíquica que somos obrigados a prestar-lhe atenção.
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A linguagem deste sonho é bastante simples para que possa ser entendida até por
um ignorante. A mulher, a princípio, recusou-se a admitir o sentido de um sonho que
vinha atingir tão directamente o seu amor-próprio. Mas acabou por compreender a
mensagem que lhe era enviada, e após algum tempo aceitou a piada que se auto-
infligira.
Estas mensagens do inconsciente têm uma importância bem maior do que se pensa.
Na nossa vida consciente, estamos expostos a todos os tipos de influência. As
pessoas estimulam- nos ou deprimem-nos, ocorrências da nossa vida profissional ou
social desviam a nossa atenção. Todas estas influências podem levar-nos para
caminhos opostos à nossa individualidade; e quer percebamos quer não o seu efeito,
a nossa consciência é perturbada e exposta, quase sem defesas, a estes incidentes.
Isto ocorre em especial com pessoas de atitude mental extrovertida, que dão muita
importância a objectos exteriores, ou com as que abrigam sentimentos de
inferioridade e de dúvida, envolvendo o mais íntimo da sua personalidade.
Quanto mais a consciência foi influenciada por estes preconceitos, erros, fantasias e
anseios infantis, mais se dilata a fenda já existente, até se chegar a uma dissociação
neurótica e a uma vida mais ou menos artificial, em tudo distanciada dos instintos
normais, da natureza e da verdade. A função geral dos sonhos é tentar restabelecer
a nossa balança psicológica, produzindo um material onírico que reconstitui, de
maneira subtil, o equilíbrio psíquico total.
As pessoas, é claro, tendem a pôr em dúvida esta função, já que os seus símbolos,
muitas vezes, passam despercebidos ou são incompreendidos. Na vida normal, a
compreensão dos sonhos é até, por vezes, considerada supérflua. De um modo
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Sonhei durante muitos anos com um mesmo motivo, no qual eu “descobria” uma
parte da minha casa que até então me era desconhecida. Algumas vezes, apareciam
os aposentos onde os meus pais, há muito falecidos, viviam e onde o meu pai, para
grande surpresa minha, montara um laboratório de estudo de anatomia comparada
dos peixes e onde a minha mãe dirigia um hotel para hóspedes fantasmas.
Habitualmente, esta ala desconhecida surgia como um edifício histórico, há muito
esquecido, mas de que eu era proprietário. Continha interessantes mobílias antigas
e, lá para o fim desta série de sonhos, descobri também uma velha biblioteca, com
livros que não conhecia.
Por fim, no último sonho, abri um dos livros e encontrei nele uma série de gravuras
simbólicas maravilhosas. Quando acordei, o meu coração pulsava de emoção.
Algum tempo antes de ter este último sonho, havia encomendado a um vendedor de
livros antigos uma colecção clássica de alquimistas medievais. Encontrara, numa
obra, uma citação que me parecia relacionada com a antiga alquimia bizantina e
queria verificar este facto. Algumas semanas depois de ter tido o sonho com o livro
que me era desconhecido, chegou um pacote do livreiro. Dentro, havia um volume
em pergaminho, datado do século dezasseis. Era ilustrado com fascinantes gravuras
simbólicas, que logo me lembraram as que vira no meu sonho.
Devo fazer notar, no entanto, que os símbolos não ocorrem apenas nos sonhos;
aparecem em todos os tipos de manifestações psíquicas. Existem pensamentos e
sentimentos simbólicos, situações e actos simbólicos. Parece mesmo que, muitas
vezes, objectos inanimados cooperam com o inconsciente, criando formas
simbólicas. Há numerosas histórias autênticas de relógios que param no momento
em que o seu dono morre, como aconteceu com o relógio de pêndulo do palácio de
Frederico, o Grande, em Sans Souci, que parou na hora da morte do rei.
Há muitos símbolos, no entanto, (e entre eles alguns de maior valor), cuja natureza e
origem não é individual mas sim colectiva. Sobretudo as imagens religiosas: o crente
atribui- lhes origem divina e considera-as revelações feitas ao homem. O céptico
garante que foram inventadas. Ambos estão errados. É verdade, como diz o céptico,
que símbolos e conceitos religiosos foram, durante séculos, objecto de uma
elaboração cuidadosa e consciente. É também certo, como julga o crente, que a sua
origem está tão soterrada nos mistérios do passado que parece não ter qualquer
procedência humana. Mas são, efectivamente, representações colectivas – que
procedem de sonhos primitivos e de fecundas fantasias.
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Devo fazer notar, no entanto, que os símbolos não ocorrem apenas nos sonhos;
aparecem em todos os tipos de manifestações psíquicas. Existem pensamentos e
sentimentos simbólicos, situações e actos simbólicos. Parece mesmo que, muitas
vezes, objectos inanimados cooperam com o inconsciente, criando formas
simbólicas. Há numerosas histórias autênticas de relógios que param no momento
em que o seu dono morre, como aconteceu com o relógio de pêndulo do palácio de
Frederico, o Grande, em Sans Souci, que parou na hora da morte do rei.
Há muitos símbolos, no entanto, (e entre eles alguns de maior valor), cuja natureza e
origem não é individual mas sim colectiva. Sobretudo as imagens religiosas: o crente
atribui- lhes origem divina e considera-as revelações feitas ao homem. O céptico
garante que foram inventadas. Ambos estão errados. É verdade, como diz o céptico,
que símbolos e conceitos religiosos foram, durante séculos, objecto de uma
elaboração cuidadosa e consciente. É também certo, como julga o crente, que a sua
origem está tão soterrada nos mistérios do passado que parece não ter qualquer
procedência humana. Mas são, efectivamente, representações colectivas – que
procedem de sonhos primitivos e de fecundas fantasias.
O homem moderno não entende o quanto o seu racionalismo (que lhe destruiu a
capacidade para reagir a ideias e símbolos numinosos) o deixou à mercê do
submundo psíquico. Libertou-se das superstições (ou pelo menos pensa tê-lo feito),
mas, neste processo, perdeu os seus valores espirituais numa escala positivamente
alarmante. As suas tradições morais e espirituais desintegraram-se e, por este
motivo, paga agora um preço elevado em termos de desorientação e dissociação
universais.
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Na minha opinião, a fé não exclui a reflexão (a arma mais forte do homem); mas,
desafortunadamente, numerosas pessoas religiosas parecem ter tamanho medo da
ciência (e, incidentalmente, da psicologia) que se conservam cegas a estas forças
psíquicas numinosas que regem, desde sempre, os destinos do homem.
Despojamos todas as coisas do seu mistério e da sua numinosidade; e nada mais é
sagrado.
As palavras tornam-se fúteis quando não se sabe o que representam. Isto aplica-se
especialmente à psicologia, onde se fala tanto de arquétipos como a anima e o
animus, o homem sábio, a Grande Mãe, etc. Pode-se saber tudo a respeito dos
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