Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Grupo:
Introdução
Algumas pesquisas ( Fernandes, 1991; Dantas, 1992; Snydres, 1993; Freire, 1994; Codo
e Gazzotti, 1999, entre outros) vêm contribuindo para a discussão da importância da
afetividade na constituição do sujeito e na construção do conhecimento. Essas
pesquisas têm como pressupostos teóricos as teorias de Wallon e Vygotsky, e, em linhas
gerais, buscam identificar a presença de aspectos afetivos na relação professor-aluno e
as possíveis influências destes no processo ensino-aprendizagem.
Henri Wallon nasceu na França em 1879. Antes de chegar à psicologia passou pela
filosofia e medicina e ao longo de sua carreira foi cada vez mais explícita a aproximação
com a educação.
Em 1902, com 23 anos, formou-se em filosofia pela Escola Normal Superior, cursou
também medicina, formando-se em 1908.
Viveu num período marcado por instabilidade social e turbulência política: as duas
guerras mundiais (1914-18 e 1939-45), o avanço do fascismo no período entre guerras,
as revoluções socialistas e as guerras para libertação das colônias na África atingiram
boa parte da Europa e, em especial, a França.
Em 1914, atuou como médico do exército francês, permanecendo vários meses no front
de combate. O contato com lesões cerebrais de ex-combatentes fez com que revisse
posições neurológicas que havia desenvolvido no trabalho com crianças deficientes. Até
1931, atuou como médico de instituições psiquiátricas. Paralelamente à atuação de
médico e psiquiatra, consolida-se seu interesse pela psicologia da criança.
Em 1931, viaja para Moscou e é convidado para integrar o Círculo da Rússia Nova,
grupo formado por intelectuais que se reuniam com o objetivo de aprofundar o estudo do
materialismo dialético e de examinar as possibilidades oferecidas por este referencial
aos vários campos da ciência.
Os Vygotskys tinham uma boa condição financeira, os filhos foram educados em casa
com tutores particulares. Lev Vygotsky, portanto, cresceu em ambiente extremamente
favorável, tanto cultural e financeiramente, o que possibilitou o acesso aos livros (tinha
na sua a sua disposição uma boa biblioteca) e a uma educação de boa qualidade,
quanto afetivamente favorável para sua formação intelectual.
Nos primeiros anos de universidade, Vygotsky manteve seu interesse anterior pela
literatura e arte. Quando adolescente, começou a estudar Hamlet de Shakespeare e
havia escrito vários rascunhos de uma análise da peça (valorizava o aspecto
"sobrenatural" e os motivos subjetivos ocultos da obra).
Conclui seus estudos em 1917 e neste mesmo ano voltou para a cidade de Gomel,
onde, depois da Revolução, teve permissão para lecionar nas escolas estaduais.
Lecionou no Colégio Pedagógico de Gomel, no qual ele montou um pequeno laboratório
psicológico e realizou suas primeiras experiências e deu suas primeiras palestras sobre
assuntos relacionados à educação. O período que viveu em Gomel marca a origem do
pensamento psicológico de Vygotsky.
Engelmann (1978) fez uma revisão terminológica quanto às variações dos termos,
conceitos relacionados à emoção. Tinha a intenção de corrigir o caráter vago e a
inadequação de seus usos, incluindo as próprias teorias psicológicas. Chegou à
conclusão que a maioria dos que investigaram a respeito dos fenômenos afetivos
reconhecem a necessidade de estabelecer distinções entre eles, mas não há
concordância a respeito de tal diferenciação. Segundo o autor, os primeiros vocábulos a
serem usados em obras teóricas referentes ao fenômeno em questão são precursores
da palavra portuguesa "paixão". Inicialmente carregavam um significado ligado a dor,
sofrimento e depois sofreram algumas transformações semânticas, atribuídas
principalmente à variação de idiomas e destituíram o caráter negativo do termo,
agregando ao seu significado não só o estado de medo, cólera e vergonha, como
também de calma e amor.
Apesar das dificuldades de conceituação, Pino (mimeo) tem destacado com clareza que
tais fenômenos referem-se às experiências subjetivas, que revelam a forma como cada
sujeito "é afetado pelos acontecimentos da vida ou, melhor, pelo sentido que tais
acontecimentos têm para ele". Defende, portanto, que tais fenômenos revelam como
cada acontecimento reflete no intimo de cada sujeito.
Os fenômenos afetivos estão ligados com a qualidade das interações entre os sujeitos,
enquanto experiências vivenciadas, estas que vão conferir aos objetos culturais um
sentido afetivo.
Já a afetividade constitui uma concepção mais ampla, envolvendo uma gama maior de
manifestações, englobando sentimentos (origem psicológica) e emoções (origem
biológica). A afetividade corresponde a um período mais tardio na evolução da criança,
quando surgem os elementos simbólicos. Segundo Wallon, é com o aparecimento
destes que ocorre a transformação das emoções em sentimentos.
4.Teoria de Vygotsky
Alguns estudiosos da obra de Vygotsky consideram que a teoria das emoções é a parte
mais pobre de suas reflexões, isso porque ele escreveu apenas um manuscrito dedicado
a ela, entre 31 a 33, e que ficou incompleto. O que ocorre é que a teoria das emoções é
uma parte de sua obra pouco explorada pelos seus estudiosos, influenciados, talvez,
pelo racionalismo.
Vygotsky enfatizou a relação entre afeto e cognição. No inicio da década de 30, voltou
sua atenção para o estudo das emoções na tentativa de combater a visão dualista da
época.
No final do século XIX e início do XX, as idéias de Darwin eram amplamente difundidas
e os estudos referentes às emoções recebiam uma forte marca naturalista: "as paixões
terrenas do homem, suas inclinações egoístas, suas emoções, relacionadas com as
preocupações concernentes ao seu próprio corpo são, na verdade, de origem animal"
(Vygotsky).
Vygotsky faz uma crítica às abordagens puramente ancoradas nos processos corporais,
pois esta ignora as qualidades superiores das emoções (característica exclusivamente
humana) e também não considera as transformações qualitativas que ocorrem ao longo
do desenvolvimento. As contribuições do autor permitem reconhecer e compreender o
processo de internalização ("Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem
duas vezes: primeiro, no nível social, e, depois no nível individual; primeiro entre
pessoas (interpsicológica), e, depois, no interior da criança (intrapsicológica)" (Vygotsky,
1994, p. 75)) também das emoções e sentimentos, pois pressupõe que são as práticas
sócio-culturais que determinam os conhecimentos e sentimentos apropriados pela
criança.
Vygotsky defende que as emoções não deixam de existir, mas evoluem para o universo
do simbólico, entrelaçando-se com os processos cognitivos. O autor assume o seu
caráter social e tem uma abordagem de desenvolvimento, demonstrando que as
manifestações emocionais, portanto de caráter orgânico, vão ganhando complexidade,
passando a atuar no universo do simbólico. Dessa maneira, ampliam-se as formas de
manifestações, constituindo os fenômenos afetivos. Da mesma forma, defende a íntima
relação que há entre o ambiente cultural/social e os processos afetivos e cognitivos,
além de afirmarem que ambos inter-relacionam-se e influenciam-se mutuamente". (Leite,
Tassoni).
Para Vygotsky (1934), o fato central da psicologia é o fato da ação mediada. Nós
pensamos, sentimos e nos emocionamos com base em conceitos, o que significa
possuir um determinado sistema já preparado , uma determinada forma de pensar e de
se emocionar que predetermina o conteúdo final e que nos foi apresentada pelo meio
que nos rodeia. O que pode ser chamado de emocionalidade cultural, modos de reagir
que fazem parte de práticas sociais e são criadoras de relações, que podem ser
definidas como modos aceitáveis de comportar-se em relação às afecções do corpo.
Com uma maior divulgação das idéias de Vygotsky, vem se configurando uma visão
essencialmente social para o processo de aprendizagem. Numa perspectiva histórico-
cultural, o enfoque está nas relações sociais. É através da interação com os outros que
a criança incorpora os instrumentos culturais.
Vygotsky afirma que não se pode separar o afetivo do cognitivo, e que um dos grandes
problemas da psicologia tradicional é a ruptura entre o intelecto e o afeto, uma vez que o
pensamento vem do que ele chama de esfera de motivação, que corresponde às
necessidades, interesses, afetos, emoção, etc. Nesta esfera, encontra-se a razão do
pensamento e, assim, uma compreensão detalhada do pensamento humano só é
possível através da compreensão da base afetivo-volitiva.
5.Teoria de Wallon
Wallon tem como principal objetivo "decifrar o homem", descobrir como um bebê, em
sua inexperiência, se torna um adulto. Preocupava-se com o problema da passagem, da
transitoriedade. Com a inquietação proveniente dessa idéia, concede um importante
papel à emoção e sobre ela criou um estudo psicogenético que tem um lugar primordial
em toda sua teoria.
Wallon foi médico do Exército francês durante a Primeira Guerra Mundial, e nesse
período pôde aprimorar as pesquisas que vinha desenvolvendo. A Guerra permitiu
verificar dois efeitos inversos do medo, o ictus e o raptus. Wallon defende que o
materialismo dialético permite o entendimento da formação e transformação das coisas,
pois para ele existe uma relação mútua entre o homem e o meio, no aspecto biológico e
também no aspecto social (psicologia como ciência da natureza e também ciência do
homem). Essa atitude dialética é, primeiramente, uma atitude frente ao mundo, um modo
de abordar as coisas, tanto mais pela totalidade que pela fragmentação.
Quando Wallon inicia seus estudos, a Europa estava tomada por duas idéias na
psicologia infantil: a da sexualidade infantil (Freud) e a obra de Piaget tratando do
desenvolvimento cognitivo. O trabalho de Wallon ultrapassa essa dicotomia, de modo
que mostra novos panoramas para a psicologia da criança, ao examiná-la através de um
método que permite compreendê-la em seu todo.
Wallon defendia que os professores deveriam conhecer bem seus alunos para uma
educação eficaz, que fosse capaz de formar pessoas de caráter e bem orientadas
profissionalmente. Mostrava também preocupação com a articulação entre teoria e
prática. Segundo Wallon, é a emoção que estabelece a ligação entre a vida orgânica e a
vida psíquica.
Em sua origem, a emoção e a inteligência constituem dois pólos opostos. São opostas,
mas se conjecturam para desenvolver o indivíduo. Ou seja, nosso comportamento é
interposto por estados de tranqüilidade e de crises emotivas. A Pedagogia e a Psicologia
têm entre si uma relação de reciprocidade: a Pedagogia se apóia na Psicologia e esta
recebe da primeira os objetos de pesquisa, além da prática de seus resultados.
5)De seis a onze anos: Etapa categorial ou escolar – predomínio do cognitivo. A criança,
agora, se conhece como uma personalidade polivalente.
A afetividade não deve ser confundida com sentimento, paixão, nem emoção. Na
verdade, a afetividade inclui as três dimensões, que são manifestações diferentes de
afetividade, além de serem diferentes entre si. Por exemplo, emoção e sentimento não
se confundem: a primeira é manifestação de um estado subjetivo com componentes
fortemente orgânicos, mais precisamente tônicos. O sentimento é psicológico, portanto,
revela um estado mais permanente, enquanto a emoção, por ser mais orgânica, é
efêmera. Podemos dizer, então, que, enquanto a cólera é uma emoção, o ódio é um
sentimento. Exemplos de emoções: cólera, medo, tristeza, alegria, timidez. Assim, então,
a afetividade, tendo um sentido amplo, evolui ao longo da psicogênese, pois inclui as
conquistas realizadas no plano da inteligência (Almeida, 1999).
Sobre sentimentos, pode-se falar da paixão, como exemplo. Ela só surge quando a
criança tem autocontrole. Com os sentimentos, a representação torna-se moderadora ou
estimuladora da atividade psíquica.
Para falar de emoção também podemos dar o exemplo de bebê, que, para comer,
enquanto não tiver aptidão articulatória suficiente para alcançar objetos como a
mamadeira, ficará subordinado, por muito tempo, à "ressonância afetiva", uma
linguagem capaz de dar impulso à sua relação de comunicação com a mãe, e, assim,
saciar suas necessidades.
"O desenvolvimento psíquico da criança é marcado pelo meio social, pelas relações que
se estabelecem entre os indivíduos. A vida psíquica é resultado das influências do meio
humano. Wallon (1968) observa que são as emoções, especificamente, que unem a
criança ao meio social; são elas que ampliam os laços que se antecipam á interação e
ao raciocínio" (Almeida, 1999). Mas também é importante lembrar que a relação
interindividual é anterior à relação da criança com o mundo físico.
Estudando a natureza das emoções, Wallon chegou a uma teoria que foi denominada
teoria encefálica, que diz que as reações emocionais aparecem dependendo do
temperamento e hábitos das outras pessoas, e elas, as reações, são controladas por um
órgão no sistema nervoso central.
Sobre o aspecto social da emoção, Wallon também aborda o riso na criança, que
depende de impressões tanto orgânicas quanto morais. O riso é uma reação emocional
primitiva, e mais tarde torna-se uma tonalidade psíquica. A emoção tem um papel, então,
de sobrevivência no início (quando a criança não consegue se alimentar sozinha, por
exemplo), e depois mais ligado ao social.
"A emoção permite a passagem da vida orgânica para vida psíquica" (Almeida, 1999). A
emoção na criança tem manifestações externas (choro, riso, lágrimas, palidez,
expressão facial, tremor) e internas (alterações viscerais ou vasculares, aceleração do
pulso, salivação, umidade da pele).
Com o exemplo da criança que, ao cair, só chora sua dor diante de testemunhas, Wallon
observa que o efeito da emoção é provocar identidade de reações e comunhão de
sensibilidade entre todos.
Wallon (1968) sempre lembra que a emoção pode causar danos no uso da inteligência,
que "cede aos seus caprichos" e prejudica qualquer atividade do indivíduo. E o desafio é
manter o equilíbrio entre razão e emoção. Mas Wallon também diz que a emoção não é
totalmente prejudicial à inteligência, já que esta apreende as conquistas do plano
emocional e vice-versa. A emoção é extremamente importante para a evolução do
sujeito, já que ela gera muitos conflitos e estes são essenciais para a evolução do ser
humano, também porque exige serenidade. Muitas vezes, o esforço para abaixar um
surto emotivo pode proporcionar benefícios para a qualidade das produções intelectuais.
Wallon fala que a representação é uma importante arma contra os efeitos da emoção. "A
representação é um instrumento de que dispomos para romper um estado emocional a
que estamos submetidos. A dissolução ocorre exatamente pela transformação da
emoção num objeto de atividade mental" (Almeida, 1999). Ou seja, a inteligência é
estimulada pela emoção, que exige raciocínio; e a emoção precisa da inteligência para
que possa ser superada.
Sobre a representação, Wallon (1986) também diz o seguinte: "Para a formação de uma
representação concorrem, sem dúvida, vários fatores que impedem que ela seja
considerada como simples resultado de uma atitude –mas ela não é igualmente a
simples réplica de impressões recebidas pelos sentidos. Concorrem ainda, entre outros
fatores, noções e técnicas, como a linguagem, que supõem um certo estágio de
civilização e, antes de mais nada, a vida social... É primeiramente por meio de suas
próprias atitudes que a criança toma consciência das realidades externas. E o próprio
adulto deve, com freqüência, insistir sobre uma atitude para obrigar-se a realizar
mentalmente uma situação. É deste modo que se torna possível tomar plena
consciência dela e, ao mesmo tempo, aliás, de si mesmo. Neste gênero de imagens
entra, sem dúvida, uma forte dose de afetividade. Mas é isto que lhes permitiu afirmar-se
na vida psíquica e acrescentar seu circuito aos dos simples automatismos".
Em sala de aula, muitos professores vêem o movimento dos alunos em aula como
desatenção e indisciplina. Com a preocupação de extinguir o que pode ameaçar a
aprendizagem em sala de aula, ignora-se completamente um importante atributo do
movimento: sua capacidade de representar a emoções. De acordo com Wallon (1971),
os movimentos, como expressões de natureza afetiva, podem gerar emoções e ser
resultado delas. Como salientado pelo autor, a alegria, ao se produzir na criança,
desencadeia uma grande excitação motora; a criança, ao ficar dividida entre o
movimento de realização da atividade e os movimentos de entusiasmo, geralmente
entrega-se a este último. Os professores devem ficar atentos aos movimentos das
crianças, pois estes podem ser indicadores de estados emocionais que devem ser
levados em conta no contexto de sala de aula.
O professor deve ficar atento tanto ao excesso de movimento quanto à falta deste,
sendo que o excesso pode ser alegria, ou seja, a liberação do tônus. Já a falta de
movimento pode ser medo, que se revela pela contração muscular e pela ausência de
movimentos.
O indivíduo que se encontra sob efeito da emoção sofre uma perda de percepção das
coisas ao seu redor, por isso, por exemplo, não consegue se descrever quando
contagiado emocionalmente: não consegue perceber o quanto fica com o rosto
vermelho, ou o quanto fala alto, por exemplo. A emoção também compromete as
atividades cognitivas, tanto quanto atinge o aluno, que não consegue raciocinar, quanto
quando atinge a professora que não consegue mais dar aula direito. Sem contar que
crises emotivas dos alunos em aula podem provocar crises nos outros alunos também.
Para reduzir a emotividade dos alunos, uma boa saída é usar a dramatização, o
desenho e o relato oral, já que ativar a ação do córtex é um mecanismo eficiente contra
a emoção. "A teoria walloniana aponta que uma forma de ficar imune ao contágio da
emoção é não se tornar seu espectador. Ignorar sua dramatização é uma forma de fazê-
la sucumbir à razão; a emoção para sobreviver necessita de espectadores, de
cúmplices" (Almeida, 1999). Saber interpretar as emoções é um pré-requisito para
administrá-las. O professor que se deixa levar pelas crises emotivas em sala de aula
tem, além do desgaste mental já citado, um desgaste físico também.
Um ambiente afetivamente equilibrado proporciona à criança estabilidade emocional.
Existe uma relação de dependência entre o orgânico e o social que fazem referência ao
processo de amadurecimento das habilidades humanas. Estas interferências atuam na
atividade psíquica, que é também fonte das emoções.
Toda a evolução mental das crianças é marcada por conflitos: vencer obstáculos,
resolver problemas, fazer escolhas. A escola proporciona à criança essa preparação
para o mundo, criando relações sociais e ajudando a resolver problemas; são situações
e experiências imprescindíveis para a formação do indivíduo como pessoa. Além do
aspecto interpessoal, a escola também atua no aspecto cultural.
A escola não deve eliminar o espaço das emoções em seu ambiente. O professor deve
permitir que a emoção se manifeste a fim de compreender seu funcionamento e não se
deixar levar por ela, o que causaria problemas na evolução emocional da criança. "É a
emoção que estabelece o vínculo entre o eu e mundo humano; ela é o instrumento, o elo
que proporciona o laço que une a vida orgânica à vida psíquica" (Almeida, 1999).
A emoção e a afetividade intelectual têm uma relação antagônica: quanto mais aumenta
o efeito da emoção sobre a criança, mais ficam prejudicadas suas atividades cognitivas.
Os professores devem procurar trabalhar o lado afetivo dos alunos a fim de que resulte
numa facilitação de aprendizagem, devem articular os fatores afetivos e intelectuais, que
são inseparáveis e estão sempre presentes nas atividades pedagógicas.
6.Entrevista
• PERGUNTAS
Essas perguntas foram feitas a 28 alunos das variadas séries entre a 7ª série e o 3º
colegial. Não foram feitas todas as perguntas para o mesmo aluno e nem foram
realizadas nas mesmas ordens. Este foi apenas um roteiro seguido durante as
entrevistas, baseado no seguinte esquema:
• Como o professor trabalha com as dúvidas dos alunos (se primeiro os alunos lêem
a teoria e depois a aula é só para tirar as dúvidas).
2. Organização da sala:
• Arranjo do espaço físico da sala de aula, concebido e adotado pelo professor (se
as carteiras ficam em círculos, ou se os alunos sentam em grupos. Se isso é bom
ou ruim).
3. Aulas Expositivas:
4. Outras Atividades:
5. Material adotado:
6. Exercícios:
7. Instrumento de Avaliação:
• O professor utiliza provas ou trabalhos como avaliação. Qual é o melhor? Eles são
coerentes ao conteúdo dado em sala de aula?
• Dá para notar que o professor gosta do que ensina? Isso contagia os alunos? Faz
com que eles se interessem mais pela matéria?
• Qual a importância do prazer do professor pela aula que ministra para os alunos?
• ASPECTOS DO COMPORTAMENTO DO PROFESSOR
• Os alunos passaram a gostar mais da matéria ou estudar mais depois que tiveram
aula com um professor que gostaram ou se identificaram mais?
Contudo, as respostas que obtivemos, não foram muito variadas. Poucas foram as
berrantes diferenças. Estaremos colocando aqui 26 respostas, porém foram
feitas mais de 28 perguntas aos 28 alunos entrevistados, como vimos acima. Junto a
resposta, estaremos colocando também a idade do aluno e a série a que ele pertence.
• RESPOSTAS
Qual a disciplina que você mais gosta? Qual o professor que você mais gosta?
A disciplina que ele ministra é a mesma daquela que você mais gosta?
1. 15 anos. 7ª série.
2. 17 anos. 3º colegial.
"O professor que eu mais gosto é o Carlão. Ele é muito bom. A matéria que eu
mais gosto é história e é ele mesmo que dá. Ele tem uma boa relação com os
alunos, ele conversa bem, ele interage muito com os alunos na sala de aula.
Apesar dele ser um pouco rígido, muita gente gosta dele."
3. 17 anos. 2º colegial.
"O Carlão é o professor de história. Gosto muito dele e da matéria também. O
professor é muito criativo daí fica divertido aprender. Ele fala sobre assuntos
atuais, dá até gosto de estudar. Eu já gostava de história, mas não tanto como eu
gosto agora, agora fica melhor, mais gostoso, dá até prazer de estudar."
4. 15 anos. 8ª série.
" Gosto muito de educação física. Mas o professor que mais gosto é o Carlão de
história. Antes eu odiava história porque tem que ficar lendo e eu não gosto muito,
mas agora eu gosto um pouco mais de história. ... o professor Carlão é muito bom,
me fez ler e gostar do que estou lendo ... O professor Carlão gosta do que ensina.
5. 16 anos. 2º colegial.
" Gosto muito de português, agora nem tanto acho que "tô" preferindo história. O
professor é mais divertido e interessante."
6) 13 anos. 7ª série.
"Gosto do Carlão porque ele é muito legal, é bravo "né" mais é legal. Ele sabe
ensinar e brincar. Fala sobre tudo o que acontece hoje e antes também. Deixa a
classe em círculo, ás vezes faz grupos pequenos para conversarmos sobre
determinados temas."
7) 15 anos. 1º colegial.
"Gosto de assuntos polêmicos pois não parece que a gente tá estudante e sim
conversando. Falo minha opinião e ouço as dos outros. Às vezes sai umas brigas
mas são saudáveis. O professor Carlão na maioria das vezes deixa a gente em
círculo na classe."
6. 15 anos. 1º colegial.
"Gosto muito do professor de história porque ele sabe o que tá ensinando. É muito
criativo também e sabe envolver os alunos nas discussões, antes eu não gostava
muito da professora de história porque a gente tinha que ficar decorando as datas
e não aprendia nada, no dia seguinte esquecia ..."
7. 18 anos. 3º colegial.
Qual a disciplina que você menos gosta? Por que você menos gosta desta
disciplina?
8) 15 anos. 1º colegial.
9) 15 anos.1º colegial.
"Nossa odeio química! A professora mais ainda, ela é muito chata e o pior nem
sabe direito a matéria só copia do livro as coisas que estão escrito lá. Aí todo
mundo vai mal e ela diz que é a gente o problema."
"Ter uma boa relação com o professor é, "tipo assim", ser amigo dele, conversar
com coisas não só da aula, brincar e aprender também né? Faz parte ..."
"Sim, nem dá gosto de vir para aula de segunda e quarta porque eu enrolo o tempo
inteiro. O professor é tão chato que nem gosto mais da matéria que nem era tão
chata antes para mim."
"Eu gosto muito de português mas a professora é muito chata. Aprendo o que ela
passa mas acho que ela poderia dar muito mais coisa para gente. Aprendo sim
mas não por causa da professora."
Existe uma professor que você não gosta porém consegue aprender o
conteúdo passado com facilidade?
" A de química. Ela é muito antipática e não demonstra nem que sabe a matéria.
Consigo entender a matéria mais porque tô fazendo cursinho junto com a escola
por que se não acho que nem saberia nada, porque vejo os meus amigos de
classes perdidos em química."
"Vou prestar química. Não gosto da professora de química daqui do "Culto", mas
quando eu estudava no Lancaster, a minha professora de química era um doce e
eu passei a gostar de química por causa dela"
7. Conclusões
1. Para onde ir – a escolha dos objetivos de ensino: nunca foi uma questão técnica, é
uma decisão que sempre reflete valores, crenças e determinadas concepções de
quem decide.
Como destaca Oliveira (1992), o processo pelo qual as crianças vão se apropriando dos
objetos culturais ocorre a partir das experiências vividas entre as pessoas à sua volta;
essa "passagem do nível interpsicológico [entre as pessoas] para o nível intrapsicológico
[no interior do próprio sujeito] envolve, assim, relações interpessoais densas, mediadas
simbolicamente, e não trocas mecânicas limitadas a um patamar meramente
intelectual"(p. 80).
Referências Bibliográficas: