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B IB U O T E C A U N IVE R SIT Á R IA j
! PROF R O G ER PATT1 j
como mais e m elhor do que um empirismo com posto, lite
rariam ente codificado p a ra fins de ensinam ento. D e fato,
de muitos trabalhos de psicologia, se tem a im pressão de
que misturam a um a filosofia sem rigor um a ética sem exi
gência e um a m edicina sem controle (Canguilhem , 1972:
104-105). ■
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1994: 15-16). Apesar das críticas de Canguilhem e de outros
àutóres, entre os quais Jacques Lacan, a proposta de Lagache
teve am pla repercussão ria França do pós-guerra.
Em dezem bro de 1980, num a conferência intitulada Le
ceroeau et la pensêe, Canguilhem voltou a criticar a. Psicologia,
desta vez por reduzir o pensam ento ao funcionam ento cere
bral. A firm ando que a Filosofia nada tem a esperar dos servi
ços da Psicologia, conclam ou os filósofos das novas gerações a
resistirem à “calam idade” psicológica. D iante de críticas tão
duras, Roudinesco observou que, nesta conferência, C angui
lhem não havia se preocupado em distinguir as querelas e discor-
dâncias internas à própria Psicologia, fazendo um a crítica em
bloco a saberes m uito diferenciados (Roudinesco, 1993). Com o
o próprio Canguilhem havia dito na conferência de 1956, não
há unidade na Psicologia.3 U.
M esm o assim, e ainda se perguntando se não haveria-:
um a certa obstinação por parte de Canguilhem em dem olir os c:
alicerces nos quais se fundam entam a Psicologia, Roudinesco-^
presta um a hom enagem “a um dos m aiores filósofos do nosso
tem po”, reconhecendo a pertinência e a atualidade de suas crí
ticas, principalm ente porque, segundo a autora, um a a lia n ç a '
vitoriosa entre o organicismo biológico e genético, a ciência da
m ente e a tecnologia estaria ganhando terreno, em tódos os
cam pos do saber.
(...) até o ponto de fazer em ergir u m a nova ilusão cientifi-
cista segundo a qual a intervenção cada vez mais ativa da
ciência no cérebro h um ano p erm itirá conduzir o hom em
à im o rta lid a d e , ou seja, à cu ra d a condição h u m a n a
(Roudinesco, 1993: 144).
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por Louis Althusser entre ciência desenvolvida e ciência em
constituição. N a ciência desenvolvida o objeto e o m étodo são
hom ogêneos e se engendram reciprocam ente, o que não acon
tece com as ciências em desenvolvimento, como a Psicologia.
-Uma-coisa-é-a-tr-a-nsformaçâ© -pr-odutor-a-do-obj eto-cientifico,
outra, a reprodução m etódica deste objeto, que só pode acon
tecer, rigorosam ente falando, se uma. transform ação produtora
deste objeto já foi realizada. Quanto, à função dos instrum en
tos, ela não é a m esm a em cada um destes tempos da ciência.
Exem plificando esta diferença, lembra-nos H erbert a transfor
m ação que a balança sofreu após o advento da Física moderna.
F o ra de seu papel técnico-com ercial, ela servia para inter
rog ar toda a superfície do real empírico', pesava-se o san
gue, a urina, a lã, o a r atmosférico etc... e os resultados
forneciam a “realização do real” sob diversas formas bio
lógicas, m etereológicas etc...
Esta vagabundagem do instrum ento foi detida pelo m o
m ento galileano, que lhe designou, no interior da ciência
nascente, u m a função nova, definida pela teoria científica
m esm a. ' ,
Isto nos designa o duplo desprezo que não deve ser come
tido: declarar científico todo uso dos instrum entos, esque
cer o papel dos instrum entos na prática científica (Herbert,
1 9 7 2 : 31).
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de vista de um a certa leitura epistemológicaj no caso aqui as
de Canguilhem e T hom as H erbert, não se trata de negar à
Psicologia, Jurídica ou não, um a existência de fato c um a qual
quer eficácia. Trata-se, então, de. saber como e porque este
cam po se constituiu, quais os seus procedim entos e de que
natureza é a sua eficácia. Não devemos nos esquecer que as
análises Genealógicas perm itiram a Foucault identificar as p rá
ticas jurídicas, ou judiciárias/com o das mais im portantes na
emergência das formas modernas de subjetividade, e que a partir
do século XIX, mais do que punir, buscar-se-á a reform a psi
cológica e a correção m oral dos indivíduos (Foucault, 1979).
Este segundo conjunto de questões diz respeito, então, a tudo
aquilo que faz com que a Psicologia Jurídica exista como p rá
tica em um a sociedade como a nossa, independentem ente de
seu estatuto epistemológico. Corno nos ensinou R oberto M a
chado, as análises arqueológicas e genealógicas não se norteiam
pelos mesmos princípios que a história epistemológica (M acha
do, 1982). -
No cáso específico da atuação dos psicólogos em V aras
de Família, de acordo com a pesquisa de Brito já m encionada,
e para continuar utilizando o mesmo fio condutor, constatou-
se o predom ínio das atividades de perícia nos casos de separa
ções litigiosas, onde havia disputa .pela .guarda dos filhos.
Sabemos que a perícia tem sido um dos procedim entos
mais utilizados na área jurídica, tendo por objetivo fornecer
subsídios p ara a tom ada de um a decisão, dentro do que impõe
a'lei. Em.algumas áreas da justiça a perícia pode ser solicitada
para averiguação de periculosidade, das condições de discerni
mento ou sanida.de mental das partes em litígio ou em julgamento.
Em bora não possamos rigorosamente dizer de que se
trata quando nos referimos, como psicólogos, a categorias como
estas, pelo rrienos do ponto de vista de uma. ideologia jurídica,
algo da ordem do objeto está apontado. No caso de V aras de
Família, não se trata, pelo menos em princípio, de exam inar
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algum a periculosidadc, algum a ausência ou prejuízo da capa
cidade cie discernim ento ou sanidade mental. Com o pano de
fundo temos o casal em dissolução e em disputa pela guarda
dos filhos, cada um instruído no processo por seus respectivos
advogados. Sabemos que muitas das alegações p a ra a guarda
dos filhos tem sido im putações de infidelidade, desvios de con
duta, uso dc drogas, doenças ou mesmo a de possuir o outro
cônjuge m enor renda, trabalhar fora de casa ou não trabalhar,
ou ainda possuir m enor escolaridade.
É sobre tais alegações, motivo da disputa, que trabalha«
rá o juiz, form ulando quesitos a serem investigados pelo perito,
que de certa form a com provará ou não as alegações, form u
lando um a verdade sobre os sujeitos.
C om o resultado da perícia um a das partes tenderá a ser
apontada como aquela que reúne as melhores condições para-^
a guarda dos filhos, já que tanto o pedido do juiz como a lógi-
ca do processo se dirige e mesmo impõe esta direção. Enganamo-
nos todos ao acreditar que a verdade vem à luz e que se faz .
justiça nesse processo. O resultado parece ser, inevitavelmente,
a fabricação dc um dos cônjuges como não-idôneo, m oralmente
condenável ou, pelo menos, tem porariam ente m enos habilitado. -
N ão se trata, evidentem ente, de lançar aqui um a dú v id a'
generalizada sobre os diversos tipos de perícia e seus usos p e la '
Justiça; tam bém não se trata de negar o sofrim ento ou levantar
suspeitas sobre a sinceridade com que os genitores form ulam
suas queixas, em bora, aqui e aü, os advogados orientem a dire
ção e a form ulação das alegações, conhecedores que são dos
juizes e das regras, e em bora, vez ou outra, as partes estejam
igualm ente preocupadas com os filhos e o patrim ônio.
Podem os não saber como resolver problem as tão difícil
como este,4 podem os m esm o adm itir que em certos casos e em
frente aos pais?” é a questão m ais difícil e central, segun do Pierre L egendre
(1992), q u e todos os sistem as institucionais do planeta devem resolver histó
rica, p olítica e ju rid icam en te, pois é ai que o princípio da vida está ancora
do. O u seja: co m o ordenar o p od er genealógico? Q u a l a relação entre o
D ireito e a vida?
5 A C o n v en çã o internacional dos D ireitos da C riança, dc 1989, dispõe sobre
o direito da criança ser ed u cad a por pai e m ãe. A este respeito ver: Brito,
1999.
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cologia com o Direito não diz respeito apenas ao bo.m ou m au
uso da técnica, à habilidade ou não do perito.
(...) deve-se reco n h ecer que o psicólogo contem porâneo é,
n a m aioria das vezes, um p rático profissional cuja “ciên-
------- ;------- eia—é-totalm ente-inspirada nas “leis” da adaptação a um
m eio sociotécnico - e não a u m m eio natural - o que con
fere sem pre a estas operações de "m edida” um a significa
ção de apreciação e um alcance de perícia. (Canguilhem ,
1972: 121) ■
P a ra C anguilhem , ao buscar objetividade, a Psicologia
transform ou-se em instrum entalista, esquecendo-se de se situar
em relação às circunstâncias nas quais se constituiu.
E m b o ra esta observação de Canguilhem se refira apenas
à Psicologia, ela pode ser estendida a outras áreas. Ao discor
rer sobre a m odernidade, José Am érico Pessanha afirm a ser
um a de suas características a opção p o r um certo tipo de ra
zão, ou conhecim ento científico, de natureza operante ou ins
trum ental, capaz de dom inar e m odificar o meio físico. M enos
m al, talvez, se este tipo de racionalidade tivesse se lim itado
apenas a certos usos e a certos propósitos, e não tivesse a p re
tensão de se constituir com o único m odo legítimo e verdadeiro
de leitura do m undo.
(...) q u an d o o O cidente, através de D escartes e de Bacon,
fez a escolha p o r u m a form a de cientificidade e deixou de
lado tudo que fosse dotado de algum a am bivalência, dei
xou de lado tam bém as cham adas idéias obscuras. Com
isso tam bém deixou de lado tudo o que n a condição h u
m an a é ligada ao corpo, ao tem po, à história e à concretude
(Pessanha, 1993: 26). ■ ‘
N ão se tra ta de negar validade ao m odelo das Ciências
da N atureza ou à M atem ática, m as apenas de reconhecer que
as Ciências H um anas e Sociais não podem se reduzir ao dis
curso coagente da razão abstrata, pretendendo a produção de
verdades a-históricas e universais. O fecham ento da razão a
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dem aos vários setores da vida pessoal e social, levando Gastei
a fazer à Psiquiatria pergunta similar à feita por Canguilhem à .
Psicologia: “Sem dúvida nâo é possível estabelecer limite p ara
essé progresso. M as seria o m ínim o ousar perg u n tar ‘quem te
fez re i? a quem te faz sujeito-submisso” (Gastei, 1978: 20).
Assim com o p a ra o louco ie p a ra o prisioneiro, será n e
cessário encontrar um a nova form a de adm inistrar os conflitos
familiares e tám bém um a nova form a de assistência. No A nti
go Regim e, em troca de seu grande poder, o chefe de família
devia zelar p a ra que nenhum de seus m em bros perturbasse a
ordem pública. Este m ecanism o de controle se tornará insufici
ente e inadequado em função do aum ento crescente do núm e
ro de pessoas “desgarradas” ou que “escapavam ” ao controle
das famílias com o os pobres, os vagabundos, os viciosos e a
infancia abandonada, levando os novos filantropos a um a crí
tica feroz do arbítrio fam iliar e dos procedim entos da antiga
caridade. Estes filantropos lutavam por um a nova racionalidade
n a assistência e principalm ente p a ra que a ajuda dada à fam í
lia favorecesse sua prom oção e não sua dependência. Neste
contexto, m ultiplicaram -se as leis sobre o abandono, maus tra
tos, trabalho e m ortalidade infantil, surgindo novos profissio
nais dedicadas ao cam po social: os cham ados “técnicos” ou
“trabalhadores sociais”. A partir;de então, p a ra com preender
m os o que Jacques D onzelot cham a de “complexo tutelar”,
torna-se necessário entender as form as de agenciam ento entre
as suas principais instâncias: o judiciário, o psiquiátrico e o
educacional (D on 2 elot, 1980).
M as todas estas práticas riao incidem, como nos ensina
M ichel Foucault, sobre u n iv ersa l como “doente m ental”, “de
linqüente”, “carente” que lhes seriam exteriores, senão que esses
“universais” ou “essências”, são iaquilo m esm o que se produz
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nestas práticas. Recusar estas categorias como sendo “natureza
h u m an a” significa, ao mesmo tempo, reconhecer, nas práticas
sociais concretas, a formação de um campo de experiência onde
processos de subjetivação/objetivação têm lugar. Significa tam
bém reconhecer o papel que trabalhadores sociais, técnicos e
peritos desem penham neste cam po de poder-saber.
Dos conflitos e do
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larem a m inoridade do louco e A L ettue-de-Cachet “não era uma lei ou um de
creto, mas uma ordem do rei que concernia a
o seu isolam ento corno m edida uma pessoa, individualmente, obrigaudo-a a fa
terapêutica necessária ao con zer alguma coisa. Podia-se até mesmo obrigar
trole de sua pcriculosidade, os alguém a sc casar peia leltre-de-cacheí. Na maioria
das vezes, porém, cia era um instrumento de pu
alienistas ofereceram um a jus nição. Podia-se exilar alguém pela lellre-de-cachet,
privá-lo de alguma função, prendê-lo etc. Ela cra
tificativa m édica à sua repres um dos grandes instrumentos dc poder da mo
são. narquia absoluta” francesa (Foucault, 1979: 76).
M as não eram os loucos Por outro lado, ainda segundo Fouçault, as Uures-
de-cachet eram solicitações diversas dos próprios
os únicos que colocavam pro súditos: maridos ultrajados, pais de família des
blemas de governo, após a abo contentes com o comportamento de um de seus
membros, seja por vadiagem, bebedeira, prosti-'
lição das lettres de cachety um a ve 2
que estas serviam tarito p a ra sancionar as condutas considera
das imorais como as consideradas perigosas. No entanto, antes
de se colocar como fator indispensável ao funcionam ento do
aparelho judiciário e de estender-se em direção a outros gru
pos, a M edicina necessitou primeiro legitimar-se como um poder
face à Justiça. Em relação ao prisioneiro, por exem plo, a atu
ação m édica se dará inicialm ente visando à execução da pena,
e só mais tarde se dedicará à avaliação da responsabilidade do
criminoso (Castel, 1978: 38).
Neste m om ento posterior, ao desfazer-se a rígida sepa
ração entre o norm al e o patológico sobre a qual repousavam
as in tern açõ es dos alienados, d esfazim ento in iciad o pelas
teorizações dè Esquirol sobre as m onom anias6 e as de M orei
sobre as degenerescências,7 as atividades de perícia se esten-
ü D e acordo com a m áxim a dos prim eiros alienistas d e que “n ão existe lou
cura sem delírio” , surge a dificuldade de se caracterizar a alienação m ental,
para efeitos de dcsresponsabílização jurídica,, n os casos em q u e nao se o b
servam a presença de delírios nos indivíduos q u e com eteram crim c ou infra
ção penal. Em contraposição às m anias, Esquirol postulou ás m on om an ias,
ou loucura sem delírio, am pliando a n oção de alien ação m ental. A m o n o
m ania é co m o um delírio parcial, que não subverte inteiram en te a faculda
de da razão o.u do enten d im en to (V er G astei, 1978:_164^165).._____________ -
7 C om M orei am pliam -se as possibilidades de in terven ção da m ed icin a na
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municípios, a promessa de um a vida m elhor p a ra todos ainda
não se concretizou. C ontinua a prática de atribuir a determ i
nados grupos, particularm ente os jovens pobres das periferias
urbanas, características negativas como perigoso, m arginal, in
frator, deficiente, preguiçoso, como se tais atributos constituís
sem a sua própria natureza. A R eform a Psiquiátrica, por outro
lado, em bora avance, se vê, às voltas com a difícil questão da
inclusão social dos ex-pacientes, álém de divergências internas
ao próprio movimento.
Com o profissionais que atuam no campo social, os psi
cólogos têm sido chamados, cada vez mais, a refletirem sobre o
papel estratégico que desem p en h am nestes processos de
objetivação/subjetivação, a próblem atizarem as dem andas que
lhes são feitas e a colocarem em análise a sua condição de
especialista.
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Algumas das características destas internações tem sido:
1) a com pulsoriedade;' não se podendo recusar a internação
sob pena de desacato à autoridade; 2) o predom ínio dc q u a
dros não psicóticos; 3) a estipulação de prazos para a internação,
a despeito do que pensa a equipe m édica que recebeu a crian
ça ou o adolescente; 4) a caracterização do tratam ento como
pena, no caso de adolescentes em conflito com a lei; 5) as cri
anças e adolescentes apresentando-se fortemente medicados com
psicofármacos, no ato da internação; .6) presença de escolta
durante o período da internação; 7) tem po médio- de internação
superior aos dos demais internos admitidos por outros procedi
mentos; 8) desconhecim ento, pela equipe técnica, dos proces
sos judiciais referentes aos adolescentes em conflito com a lei.
D adas estas especificidades, o adolescente internado por
esta via judicial tende a não ser considerado paciente “legíti
m o” pela equipe médica, pois esta não pode opinar sobre a
indicação de internação nem sobre a alta, sentindo-se acuada
entre o Código de Ética M édica e o Penal. Estabelece-se então
um a distinção entre “nossos” adolescentes (da equipe) e adoles
centes do “ju iz” , sendo estes considerados desobedientes, sem
limites e agressivos. Além do mais, éxiste o m edo de que as
crianças e adolescentes do “ju iz” possam trazer “riscos” p a ra
as outras. A alternativa de separar essas duas clientelas em pátios
ou alas distintas do hospital equivaleria a instituir, na prática,
um a espécie dc m anicôm io judiciário p ara crianças e adoles
centes.
Procedendo a um detalham ento m aior da clientela, Bentes
constatou que do total de crianças e adolescentes encam inha
dos ju d ic ia lm e n te , 60% n ã o fo ram diagnosticados com o
“psicóticos”; 42, 9% dos que receberam diagnóstico de “dis
túrbios do com portam ento” eram adolescentes em conflito com
a lei, encam inhados p o r juizes da C om arca da Capital; e que a
m aior m édia de tem po de internação (55, 6 dias) foi em decor
rência dc encam inham entos feitos por juizes do interior do
Estado. O utros diagnósticos neste grupo foram dependência
de drogas, epilepsia, distúrbios de emoções na infancia e ado
lescência, transtorno da personalidade.-
D a entrevista realizada p o r Bentes com um dos juizes,
— onde-buscou-esolareeim entossobre-osencam inham entos-judi---------
ciais, destaco alguns trechos, indicativos do conflito aqui anali-
. , sado:
As M edidas Socioeducativas são impositivas não só para o
.menino com o tam bém p a ra o local cm que ele vai cum pri-
la. (...) Esta é um a questão essencial (..,) se a M edida médica
for um a P ena, que nós cham am os de M edida Socioeduca-
tiva, ela se to rn a imposiriva p a ra todo mundo: p a ra o Juiz,
p a ra a família, p a ra o M inistério Público, p ara a Defesa,
' p a ra o m édico, p a ra o próprio garoto, p ara a equipe técni
ca do H ospital, enfim ... A gente sabe, p o r exemplo,
que p a ra tra ta r de drogas a O M S, o C onselho'(...) dizem
que tem de ter a adesão voluntária da parte, m as no caso
de adolescente em conflito, com a Lei, é um a M edida, é
contra a vontade de todo , m undo, contra esta- P o rta ria ,"
contra a C onvenção, contra a recom endação, contra a fa
mília, co n tra o técnico. A m edida não é, vamos dizer as
sim, um a coisa voltada p ara 'a Proteção; é um a Pena (Bentes,
1 9 9 9 : 1 2 8 -1 3 8 ).
30
De 1990 para cá, a im putabilidade está em 12 anos. Q uando
as pessoas dizem assim: - “Eu sou a favor de reduzir (a
im putabilidade) p a ra 16 anos” - n a verdade, não estão
reduzindo e sim aum entando de. 12 para 16 (Bentes, 1999:
136-137).
31
criança encón tra-se fora da escola, por exemplo, o C T a enca
m inha a um a das escolas da região què, muitas vezes, alega
não poder receber a criança por falta de vaga, o m esm o po
dendo acontecer com o sistema de saúde ou com os abrigos.
Mas nem sempre os conflitos se devem à precariedade
das condições do atendim ento. A escola pode não querer m a
tricular a criança, não p o r falta áe vaga, mas porque ela é vista
como “da ru a”, “infratora” ou :‘deficiente”, fugindo do padrão
de norm alidade desejado. Neste caso, a escola alega que não é
sua função óu que não tem os meios para lidar com aquela
criança. O u seja, não crê que o “problem a’5 da criança pode
ou deve ser enfrentado pedagogicamente, preferindo encaminhá-
la ao juiz, ao Conselho T utelar ou ao sistema de saúde, resul
tando muitas vezes no que M aria Aparecida Affonso Moysés
cham ou de “medicalização da aprendizagem ”, ao estudar cri
anças que só não aprendiam na escola. (Moysés, 2001)
Configura-se assim, no campo social, um a situação m ui
tas. vezes complexa e confusa, onde pobreza, abandono e vio
lência’ se m isturam à ausência ou precariedade dás políticas
públicas, às desconfianças, medos, omissões e acusações m útu
as. Não é, certam ente, o m elhor dos mundos.
32
no a n o de 1999, do total dc 11.256 adolescentes que cum pri
ram m edidas no D epartam ento de Açõés Socioeducativas da
Secretaria de Estado e Justiça do R io de Jan eiro (DEGASE),
■40, 6% eram internações provisórias; 26, 07% m edidas de semi-
liberdade; 14, 8% internáções com sentença judicial e 9, 71%
liberdade assistida, totalizando 91, 18% dos casos —o que sig
nifica que menos dc 10% receberam m edidas mais brandas,
tam bém previstas na Legislação e consideradas m ais adequa
das ao adolescente, como a m edida1:de prestação dc serviço à
com unidade, por exemplo. Além do DEGASE, muitos adoles
centes cum prem m edidas em Program as oferecidos pela pró
pria Justiça da Infância e Juventude.
E m bora o Rio dc Jan eiro respondesse por 12, 98% do
total de adolescentes privados de liberdade cm todo o país em
3 0 /0 6 /1 9 9 7 , vindo logo abaixo de São Paulo com 44, 87%£*
respondia, no ehtanto, pelo m aior percentual de adolescentes
internados por infrações relacionadas à Lei de Entorpecentes:-
42, 07% (Volpi, 1998: 68-83). P ara termos um a idéia do que*
estes núm eros significam, o Relatório do Ju iz de M enores Saul
de G usm ão, de 1941, m ostra um crescim ento de 127 atos
infracionais em 1924 p a ra 248 em 1941 no Rio de Janeiro'/
sendo que n enhum a criança ou adolescente foi acusado dc
envolvimento com drogas. As infrações apontadas são delitos
de sangue, de furto, roubo e sexuais (Cruz Neto et al., 2001:
58).
No livro Delinqüência juvenil na Guanabara são apresentadas
estatísticas do Juizado de M e n o re s/R J do período 1960 a 1971
(Cavalieri et al., 1973). Nestes registros, verifica-se o início das
apreensões p o r drogas, em bora os núm eros sejam de m agnitu
de múito. inferior aos atuais: 14 em 1960, do total de 666 atos
infracionais e 192 em 1971, do total de 1.253 atos infracionais.
Esclarece o Juiz de M enores Alyrio Cavallieri, em seu livro
D ireito do M enor, que estes núm eros se referem ao uso e não
à venda de drogas, pois, em suas palavras “raram ente o m enor
33
é tr a f ic a n te ” (C a v a llie ri, 1976: 137). N e ste p e río d o a té o a n o
d e 1 9 9 5 , os m a io re s p e rc e n tu a is d e a to s in fra c io n a is são re la ti
v o s a o p a tr im ô n io : 2 .0 1 6 casos em 2 .6 2 4 n o a n o d e 1991, sen
d o d ro g a s a p e n a s 2 0 4 d e ste total.
_______ Esta_situação_diferenciada-para-o-Rio-de Janeiro-foi-ob—
je to de estudos e de intensos, debates realizados nas universida
des, n a C o m issã o de D ireito s H u m a n o s da A ssem bléia
Legislativa e no Conselho Estadual de Defesa da C riança e do
A dolescente, ocasiões em que se indagavam sobre os motivos
que estariam propiciando esta situação:
M u d o u a realidade e aum entou a crim inalidade ou a m u
d a n ç a é apenas o resultado de um a filosofia mais repressora
e policialesca? O u seria fruto de aum ento de operosidade
d a Ju stiça, do M inistério Público e da Polícia? (Relatório:
s/d ).
36
•V:. :vT
37
V II — C o o p erar p á ra a obtenção de inform ações necessárias à ava
liação inicial e seqüencial de seu caso.
V III — O s pais ou responsáveis deverão com parecer às audiências
no Ju izad o e às sessões de tratam ento recom endadas.
IX - C om p arecer e d em onstrar desem penho satisfatório n a esco
la, estágios profissionalizantes e laborativos. '
X - A gir de acordo com as norm as específicas da unidade de
tratam en to p a ra a qual foi feito o encam inham ento” .
38
responsável por grande parte do contingente dos hospitais psi
quiátricos, manicômios judiciários, internatos^e prisões? N ao se
tra ta aqui de negar o sofrim ento de pessoas e de famílias
destruídas pela dependência quím ica -e pelo uso abusivo de
drogas. N o entanto, trata-se de perguntar, como faz Luiz Eduar
do Soares: Por.que circunscrever o uso,de drogas ao cam po da
ilegalidade? Baseado em quais critérios certas drogas são con
sideradas lícitas e outras ilícitas? Por que difundir a idéia de
que ingerir substâncias psicoativas significa consumí-las em
excesso? (Soares, 1993).
P erguntado se achava possível ou mesmo desejável a
existência de um a .-cultura sem limites e repressões, Foucault
respondeu que o im portante não era a existência de restrições
e sim a possibilidade oferecida, às pessoas a quem afeta, de
modificá-las (Foucault, 2000b: 26).
A juiza M aria Lúcia K aram , contrária aos procedim en
tos da Justiça Terapêutica, advoga a s.ua inconstitucionalidade.
D ada a im portância da argum entação p ara o tem a tratado,
perm ita o leitor um a longa citação.
E m bora reconhecendo a ausência de culpabilidade e, as
sim, a inexistência de crime nas condutas daqueles que sc
revelam inim putáveis, o ordenam ento jurídico-penal b ra
sileiro, paradoxalm ente, insiste em alcançá-los, ao im por,
com o conseqüência d a realização d a conduta penalm ente
ilícita, as cham adas m edidas de segurança, com base em
- u m a alegada “periculosidade” atribuída a seus inculpáveis
autores.
Aqui, indevidam ente, se ab re: o espaço para manifestação
d a aliança entre o direito penal e a psiquiatria, responsável
' ■ p o r trágicas páginas d a história do sistema penal.(...)
N a realidade, as m edidas de segurança para inimputáveis,
consistindo, com o prevêem as m encionadas regras dos ar
tigos 96 a 99 do Código Penal e do artigo 29 da Lei 6.368/
76, n a sujeição obrigatória e p o r tem po indeterm inado a
tratam ento m édico (am bulatorial oú m ediante internação),
não passam de formas m al disfarçadas de pena, sua in
39
compatibilidade com a Constituição Federal, por manifes
ta vulncraçâo do princípio da culpabilidade é,. conseqüen
tem ente, p o r m anifesta vulneração d a p ró p ria n o rm a
constitucional, que aponta a dignidade d a pessoa hum ana
como um dos fundam entos da República Federativa do
Brasil, decerto, havendo de ser afirmada.
M as, este inconstitucional tratam ento obrigatório j á vem
sendo aplicado até mesmò p ara aqueles que têm íntegra
sua capacidade psíquica, nas tentativas,' diretam ente veicu
ladas pelos Estados U nidos da América,- de transportar,
para o Brasil, as cham adas drug court, que, aqui, se preten
de sejam adotadas, com a tradução literal de “ tribunais de
drogas” , ou sob a denom inação de “justiça terapêutica” ,
esta últim a explicitando a retom ada daquela' nefasta alian
ça entre o direito penal e a psiquiatria. (...)
Assim, estende-sc o tratam ento médico a imputáveis, o que
já contraria as próprias leis penais ordinárias vigentes. As
sim, amplia-se o alcance do sistema penal, com a imposi
ção de verdadeiras penas, negociadas ao preço d a quebra
de diversas garantias do réu, derivadas da cláusula funda
m ental do devido processo legal, constitucionalm ente con
sagrado. (...)
Esta im portação das drug court chega, ainda, ao âm bito dos
juizados da infancia e juventude. Ali tam bém , pretende-se
violar a liberdade individual, a intim idade e a vida privada
de adolescentes, através da imposição de um tratam ento
médico obrigatório, sem que sequer seja externado trans
torno mental que, teoricamente, o pudesse aconselhar. (...).
(K aram , 2002: 210-224).
40
d o so b a m e s m a lóg ica, o q u e ju s tific a a discussão n a c io n a l,
s e g u n d o o R e la tó rio -d e s te G T .
A J T faz parte de um a política nacional de com bate às
drogas, adotada pela SENAD - Secretaria N acional Anti-
drogas, cm p arceria com a E m baixada A m ericana, país
que exporta este m odelo. A SENAD, ao mesmo tem po que
ap ó ia in iciàtivas de re d u ç ã o de danos (ao p re m ia r a
REDUC), incentiva iniciativas do .tipo d a JT (Relatório, CRP:
s/d).
O G T in d ic a u m a p o siç ã o “ c o n tr á ria ao m o d e lo d a J T e
a in s e rç ã o d o p sicó lo g o b a s e a d o n o s seg u in tes e le m e n to s in ic i
ais” , e n tr e os q u ais: a q u e b r a d o sigilo p rofissio n al, j á q u e d ev e
o p sic ó lo g o p r o d u z ir p r o v a q u e d e p õ e c o n tra o p r ó p r io su jeito ;
q u e b r a d o s d ire ito s in d iv id u a is m ín im o s, p o sto q u e o su je ito
q u e o p ta p e la J T te m d e a b r ir m ã o d o d ire ito d è d efesa , te n d o
d e se c o n fe ssa r c u lp a d o , m e s m o q u e u s u á rio e v e n tu a l; p o r e n
te n d e r q u e h á u m a d ife re n ç a e n tr e u su á rio e v e n tu a l e d e p e n
d e n te e p o r r e a f ir m a r o c a r á t e r v o lu n tá rio d o tr a ta m e n to ,
c o n d iç ã o f u n d a m e n ta l p a r a su a eficácia; ta m b é m p o r e n te n
d e r, c o m o j á foi d ito , ser n e c e s s á ria u m a a m p la discu ssão so b re
a q u e s tã o d a s d ro g a s n o B rasil.
Em 2002, pelas Portarias 336 e 189 do M inistério da
Saúde, foram criados, dentro dos parâm etros da R eform a Psi
quiátrica, os C entros de A tenção Psicossocial para atendim en
to de crianças e adolescentes (CAPSi) e para portadores de
transtornos em decorrência do uso e dependência de substân
cias psicoativas (CAPSad), trazendo esperança de que novas
m odalidades de assistência em saúde m ental possam ter lugar.
41
bém a sua inutilidade em relação a um a suposta regeneração
dos prisioneiros, e, no entanto, as nossas sociedades não que
rem dela a b rir m ão. Sabem os tam bém , pelo menos enquanto
a prisão não se p ro p u n h a a regenerar ou tratar, que a prisão
nào-deveria-sérnadaalém -do^que"a'sim ples'privação_d e iib e r-
dade, m as não é o que acontece. É a este excesso, ao que ex
cede a pena, que Foucault cham ou o penitenciário. O aparelho
penitenciário, local de cum prim ento da pena, é tam bém lugar
de um a “curiosa substituição”:
(...) das m ãos da justiça ele recebe um condenado; m as
aquilo sobre que ele deve ser aplicado, não é a infração, é
claro, nem m esm o exatam ente o infrator, mas um objeto
um p o uco diferente e definido por variáveis que pelo m e
nos no início não foram ■levadas em conta n a sentença,
pois só era m pertinentes ’p a ra um a tecnologia corretiva.
Esse outro personagem que o aparelho penitenciário colo-
« ca no lu g ar do infrator condenado, é o delinqüente.
O d elinqüente se distingue do infrator pelo fato de não ser
tanto seu ato quanto sua vida o que mais o caracteriza (...)
O castigo legal se refere a um ato; a técnica punitiva a
u m a vida (..,) Por trás do.infrator a quem o inquérito dos
fatos p ode atribuir a responsabilidade de um delito, reve
la-se o c a rá te r delinqüente cuja lenta form ação transparece
n a investigação biográfica: A introdução do “biográfico” é
im p o rtan te n a história da penàlidade (Foucault, 1977.: 223-
224).
43
an ti-sociais, que se concretizam e agravam progressivamente,
sob a influência geral do am biente. Existem, n a criança, os
cham ados ‘sinais de alarm e’ de tais predisposições e ten
dências ao crim e, sinais que p o d em ser .de n a tu re z a
morfológica, funcional ou psíquica. Especialmente sobre
estes últimos é que devem estar vigilantes todas as mães,
sabiclo que as crianças perversas, rebeldes, violentas, im
pulsivas, indiferentes e desatentas são principalm ente as que
precisam recebcr cuidados especiais para não se. tornarem ,
afinal, elementos perigosos para a sociedade (Corrêa, 1982:
60-61).
45
quase sem pre com o critério de que o adolescente está recupe
rado ou ressocializado.
P a ra concluir, gostaria de dizer que um fator comum
que une os estudos acim a é a busca de alternativas p a ra a atu-
açâo_profissional3_na-esperança~de-quc-a-Psieoiogia-possa-ser—
exercida de um a ou tra form a, além de trazer à luz o enorm e
sofrim ento causado pelo encarceram ento de adolescentes. ^
R etom em os então, de um Outro m odo, a pergunta “Q ue
é a Psicologia?”, possibilitada aqui pelas lem branças de Bastos
(2002): : : í
N u m a de suas belíssimas aülas ele se dirigiu a alguns alu
nos do curso de psicologia e perguntou: O que vem a
ser a psicologia?” “P ara que ela serve?” A nte a nossa con
fusão, perplexidade e dem ora, Cláudio U lpiano nos disse:
D epende das forças que se apoderam 'dela!; Coloquem- ■
suas forças em b atalh a p a ra produzirem um a psicologia
afirm ativa.” 10
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