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Não que não tenha livros bons (os citados Georges Canguilhem, Frederick e Jung são
Livros como:
. história da psicologia moderna (Schultz) – porque sim, é importante e essencial e ajuda o futuro
. princípios básicos de análise do comportamento (Moreira) – e não tem nada a ver com você ser
behaviorista ou não, é um livro tão básico quanto estudar os livros de Freud ou Jung; às vezes a pessoa é
de uma ou duas abordagens e exclui todo o resto como se não fosse nada
Bom, para iniciantes, além do já citado “história da psicologia moderna (Schultz)”, é bom
começar com “processos psicológicos básicos”, pois esta é a base da psicologia. Da mesma
maneira que “as 4 operações básicas estão para a matemática”, “os processos psicológicos
No entanto, normalmente conteúdos de processos psicológicos estão em livros com títulos como
. introdução a psicologia geral (David Myers), é livro grosso com muita informação
. ou ainda “psicologia geral” (Elaine Maria Braghirolli), um pouco mais básico, mas muito bom para
iniciar, ela dá uma rápida visão do básico e a partir dele saberá se orientar para os próximos com o
uma bíblia de 800 páginas. Mas caso queira começar por algo mais simplificado tem o “psicologia e
Fugiria, no começo, de livros, muitas vezes bonitinhos ou até indicações de faculdade como:
. “o livro da psicologia”, capa vermelha, é um livro muito bonito e traça uma linha
temporal. É um livro bonito de estante, mas de estudo é muito fraco para quem pretende se
tornar um psicólogo. É mais para mostrar para quem gosta de psicologia, mas não pretende
ser um profissional, pois o livro é bonito e todo ilustrado, mas as informações são rasas.
. outro que não recomendo no começo é o famoso “psicologias” da Ana Bock, nos cursos
de psicologia é vendido a ideia (em muitos, não todos) de que esse é um livro de
introdução à psicologia, mas não é verdadeiro isso. Ele de fato é um livro introdutório, mas
introdutório a psicologia socio-histórica. Então, se você tiver interesse nessa área socio-
história, é um livro bom para começar, mas se o interesse é a base da psicologia e não um
Sobre a enrolação ou falação, infelizmente é uma realidade do curso. No meu tempo também foi assim. E
muito provavelmente, segundo seu relato e de outros, parece que não mudou muito. Ao me formar, eu não
Minha solução como recém-formado foi fazer um voluntário no último lugar onde fiz estágio
obrigatório do curso (isto é, fiz estágio, não me senti preparado, conversei com minha
orientadora do estágio, que era psicóloga, e pedi para continuar lá como voluntário). A ideia era
continuar trabalhando e ganhar mais experiências, competências e habilidades que não adquiri
No seu caso, procure um estágio voluntário, de preferência algo que você já sinta interesse e vá
para aprender, aprender mesmo, pra valer. Tente manter esse estágio voluntário nesse ou em
outros locais (pode mudar para adquirir novas experiências) até o fim do seu curso. Acredite
vale mais fazer um estágio/voluntário num hospital e aprendendo como é que o psicólogo
hospitalar realmente trabalha do que fazer um curso extra (ou especialidade) em psicologia
Digo isso, porque infelizmente, muitos alunos de psicologia, às vezes, tem pensamentos imaturos e
não valorizam as experiências de estágio e fazem só para conseguir horas de curso. Em outros
casos, o próprio curso não oferece suporte a estágios e o aluno mesmo que interessado não tem
Na psicanálise:
Sem dúvida deve ter mais, mas sendo bem sincero, psicanálise tem mesmo que se aprofundar nos
fundamentos, então se quiser entrar na linha lacaniana, eu acho bem legal “fundamentos da técnica
psicanalítica: uma abordagem lacaniana para iniciantes” (Bruce Fink). Mas devem ter outros de
outras linhas psicanalíticas, ai vai do seu interesse por alguma abordagem em especial.
Já no comportamentalismo:
. princípios básicos de análise do comportamento (se já não o conhece), não tem como fugir
deste, é realmente bom para iniciantes e ele começa justamente com o básico. Embora ele tenha
sido uma apostila originalmente, às vezes ele pode ser um pouco prolixo, uma dica é fazer um
fichamento só com as partes das definições dos termos usados e exemplos de como são usados
. Tem um outro, mais leve, mais teórico, mas mais direto: comportamento humano, análise,
compreensão e aplicação.
Uma coisa bem legal sobre aprender a respeito de comportamentalismo (behaviorismo), é procurar livros
sobre aprendizagem, pois a aprendizagem diz muito sobre como funciona o nosso comportamento.
Tem um bem simples que é “neurociência e educação: como o cérebro aprende”. O livro é
mais focado na aprendizagem e como a nossa mente aprende. Claro que você pode procurar outros
Um livro especial, que merece o olhar de todo psicólogo e estudante é “o corpo fala: a
embora podemos ver diversas associações e outras nem tantas assim. Mas é possível aprender
técnicas psicoterapêuticas
Acaso, no entanto, tivesse interesse em livros sobre especificamente técnicas psicoterapêuticas, talvez
Acredito que assim não atropela os conteúdos e quando chegar lá se sentirá mais preparada
aprofundar. Infelizmente, livros específicos dessa temática são mais salgados. Mas em
livros de psicologia geral, mais em conta, costumam, digamos, fazer a introdução nesses
temas.
fundamental e ajuda a entender esta área que é muito ampla. Então, começar por ele é
ótimo.
Mas caso queira algo mais avançado ou profundo, tem o “psicologia social” do Aroldo
Rodrigues também (que pode ser visto como complemento), e o também chamado de
Personalidade
Sobre personalidade, os livros entitulados “teorias da personalidade” são todos profundos ao mesmo
tempo que são prolixos (o que não significa que o conteúdo não seja bom, pelo contrário, são bons). Os
autores são Susan Cloninger, Jess Feist, Calvin, e Duane e Sydney Schultz.
Dependentes químicos
Bom, para dependentes químicos, tem um livro chamado “dependência química” (Wagner Cunha). É
interessante por dois motivos: o primeiro, é que o autor está relatando sua experiência pessoal com
drogas; e segundo, é que o autor é psicólogo. Então, ele aborda dúvidas sobre cura (que é um tema muito
delicado na psicologia – apesar de muitos psicólogos falarem sobre o tema como se fosse um gripe e que
logo vai passar, sabemos que não funciona assim). E claro, ele está se referindo a cura do dependente
químico, os tipos de tratamentos que existem, os mais adequados, etc. E a questão importante sobre: o
dependente precisa ter vontade, é preciso criar essa vontade para que se consiga ter resultado.
Mas se quiser no estilo “passo a passo”, um dos mais conhecidos se chama “o caminho dos 12 passos”
(John Burns). O livro é bem mais direto e o autor vai falando sobre os 12 passos do tratamento até a
recuperação.
E se quiser algo mais técnico e profissional (não sei se depois o seu interesse indica se queres estudar
psicologia só por curiosidade ou se realmente pretende tentar se formar na área). Em todo caso, o livro é
e Ronaldo Laranjeira). Apesar de ser um livro cognitivo-comportamental, não quero dizer que estou
induzindo a essa escola especificamente. Mas é fato que tratamentos cognitivo-comportamentais são
O livro aborda os trantornos psiquiátricos desses pacientes (o uso das substâncias), fala da aplicação, o
que é eficaz, o que não é, o alcance da terapia, a abstinência (em diversos tipos de drogas, desde o tabaco,
álcool, etc.). É um livro realmente para o profissional ou quem pretende se tornar um, já que o foco é
cuidados que precisa ter com ele (a questão da vulnerabilidade, carência, atenção, afeto – coisas
E só por curiosidade, há um livro bem popular sobre caráter, se chama “mente, caráter e personalidade”
(Ellen White). É um livro na verdade cristão e fala desses conceitos sob essa ótica. Estou mencionando
Mas caso queira algo, digamos, mais neutro em relação a isso, o livro da editora paulus “temperamento,
caráter, personalidade”, é um livro mais psicanalítico que faz a diferenciação desses três termos-títulos.
E se quiser algo realmente profundo, acho que até já mencionei ele acima, tem o “teorias da
personalidade” (James Fadiman e Robert Frager). Uma bíblia abordando o tema sob a ótica das
principais teorias e estudos sobre. Não é de fácil leitura, não por ser complexo (na verdade é um
bocadinho), mas por ser maçante. Há capítulos, devemos reconhecer, serem bem prolixos, como abordar
sobre os autores para então entrar na teoria que eles criaram, isto torna a leitura curiosa, mas cansativa.
psicanálise
Bom, eu não sou psicanalista e nunca utilizei as técnicas da psicanálise em meus atendimentos. Seria
muito pretensioso que eu diga algo assim. Mas converso com outros colegas de profissão e a tendência
. As maiores críticas sobre a psicanálise vem de estudiosos que não necessariamente atuam com a
psicanálise, mas existe toda aquela argumentação de que não há cientificidade na psicanálise e por
reconhecem aspectos ultrapassados na clássica, mas não naquelas que eles mesmo simpatizam.
. Há ainda um terceiro grupo, dos que começaram apaixonados pela psicanálise, mas ao longo do
Ainda penso que a psicoterapia em si é uma ferramenta que ajuda a estabelecer um relacionamento com o
paciente. Esse relacionamento por si só já causa algum efeito ao paciente (que pode ser tanto positivo
como negativo), não há dúvidas quanto a isso. Considerando isso, as técnicas ou métodos psicanalíticos
podem ser duvidosos para quem não simpatiza com a mesma, mas não significa que não resultam em
algum efeito para o paciente. O que passa a estar em jogo não é se tem algum efeito ou não, mas a
O que sabemos é que o método é geralmente longo e que há diversos casos em que não é indicado (o que
é comum em todas as abordagens, algumas servindo mais para casos X e outras para Y), uma vez que, em
contrapartida, outras abordagens, além de serem mais indicadas, costumam apresentar resultados mais
rápidos e duradouros (haverá psicanalistas que defendem que são sim duradouros, mas até esse exato
momento desconheço trabalhos cientificos que mostrem esses resultados duradouros – há muitos trabalhos
textuais e aprovados por faculdades e universidades, mas o método científico não está presente ou é falho,
ou ainda incompleto).
O que penso sobre é que a psicanálise carece de estudos científicos para se estabelecer na atualidade e,
permanentes, enquanto outras abordagens, estuda-se os clássicos, mas reconhecem em que ponto ele
parou e novos autores surgem apresentando novos pontos de vista. Não há muito disso na psicanálise
(veja que a maioria dos livros psicanalíticos são sempre revisões de Freud, Jung, etc., algo como “o que
Freud quis dizer com isso?”, “entenda o que são os arquétipos” e dificilmente vemos algo diferente disso –
enquanto que livros ou estudos de novos autores que não sejam reproduções do que Freud já disse ou são
ignorados por não conseguirem sobrepor a sombra do seu criador ou são irrelevantes a ponto de serem
ignorados). Sendo que muitos psicanalistas atuais reconhecidos são exatamente os mesmos que
perpetuam Freud e outros clássicos psicanalistas. Não há nada de errado você citar um autor clássico, de
qualquer abordagem, mas quando você só consegue citar os clássicos e não apresenta nada muito atual, é
algo que precisa ser observado.
Então, a psicanálise é sim de grande contribuição, mas está estacionada faz muitas décadas (na verdade já
se passou um século). Ela atrai muitos estudantes iniciantes antes mesmo de entenderem o que é e como
funciona o método científico, esses estudante já sabem e conhecem todos os trabalhos de Freud e se
apaixonam por ele e pelos seus trabalhos. Muito disso vem de influência de professores de faculdades,
que também são apaixonados por psicanálise e fazem questão de perpetuar esse seguimento.
Considero ainda que o psicólogo lê pouco e muito mal, a maioria não sabe determinar com precisão o
método científico e nem reconhecer a existência ou ausência dele num artigo (a maioria considera que:
“isso é um artigo científico, logo é científico”, mas são incapazes de perceber ou entender se o artigo
A verdade é que nossa psicologia está pautada no que o conselho determina e vemos mais
“bandeiras” sendo erguidas do que trabalhos científicos (até os trabalhos científicos aprovados em
faculdades, tem como pano de fundo defender bandeiras sociais). Note, não acho errado que, como
indivíduo, seja a favor desta ou daquela bandeira, todos temos direitos livres de ser a favor ou
contra ao que quisermos, mas não é papel da psicologia ser ativista, o papel da psicologia é ser
ciência. A psicologia no Brasil é, hoje (desde o início deste século), uma psicologia sócio-histórica
que tem como objetivo principal lutar pelas bandeiras determinadas pelo conselho. Isto é tão
verdadeiro que em faculdades o livro para iniciantes costuma ser “psicologias” da Ana Bock, um
Sobre abordagens é um tema que não era para ser difícil, mas infelizmente se tornou delicado.
Eu penso que primeiro o estudante ou formado deve se encaminhar para uma abordagem que ele queira
dominar. Depois, partir para outras abordagens e perspectivas se for do interesse do estudante.
formados que diz “não existe uma abordagem certa ou errada”. Eu particularmente discordo disso, uma
vez que uma abordagem não funcione ou apresente resultados pífios, logo ela é a abordagem errada,
O que costuma ocorrer, é que muitas vezes o atendimento do profissional foi muito bom, muito empático,
muito atencioso e todos esses pontos fez a pessoa se sentir muito bem. O psicólogo logo conclui que a
abordagem dele funciona, mas na verdade foi o seu comportamento que proporcionou o sentimento de
bem-estar. Uma coisa que, infelizmente, muitos psicólogos ignoram: a qualidade do atendimento. Nós
sabemos que na psicoterapia o rapport é um fator essencial, independente da abordagem praticada. Nada
adianta, por exemplo, você ser de comportamental e a pessoa não se sentir a vontade com você. É
possível ter um erro de percepção e achar que é a abordagem que não funciona.
Mas, sim, aprender outras abordagens, pode mesmo abrir suas opções e possibilidades.
Sobre usar um pouco de cada, não é bem assim. Deve-se ter o domínio de duas ou mais (se for do
interesse). Usar as técnicas de cada abordagem vai depender do resultado que elas conseguem extrair,
sempre considerando a melhora ou adesão da pessoa (afinal, não há motivos de insistir em uma técnica,
por melhor que digam que seja, se estamos vendo que não está dando resultado).
No entanto, geralmente o uso de outra abordagem além inicial é mais quando já se sabe que determinada
abordagem não tem bons resultados para casos X, e que outra abordagem é reconhecida como mais
É importante verificar, antes de sair estudando as centenas de abordagens, qual é a sua demanda. Isso
ajuda a evitar aprender conhecimento morto (que não vai te servir para nada).
Lembrando que estou falando somente de abordagens psicológicas, outras abordagens que costumam ser
adotadas por psicólogos e que não são psicológicas, não entrou no tema da minha resposta (creio ser um
psicologia positiva
Livros:
Livros de psicologia positiva podem ser bem suspeitos mesmo, visto que o mais famoso deles é
positiva). A sensação de estar lendo um livro de autoajuda e não um livro de psicologia é bem grande,
uma vez que o público alvo do livro não são psicólogos. E nada contra livros de autoajuda, acredito que
eles podem ser bastante úteis se bem utilizados, mas definitivamente autoajuda não é psicologia.
No entanto, eu não recomendo se prender muito em autores. Isso ajuda a olhar coisas diferentes do
popular.
Livros de psicologia positiva, creio que é sempre bom focar em livros que tentam abordar de forma mais
científica (e não de “oba-oba é ciência da felicidade”, etc.), e voltados para psicólogos, assim, evita
alimentar conceitos falsos disfarçados de ciência. Então, focar em livros mais práticos pode ser mais
interessante. A psicologia positiva não é nova, mas a explosão dela, principalmente no Brasil, é bem
no seu trabalho. Acho que este pode ajudar um pouco mais sobre como funciona na prática.
. psicologia positiva – uma abordagem científica e práticas das qualidades humanas (Snyder C. R.)
Aqui é colocado a psicologia positiva como promoção de saúde, o que é comum na maioria dos livros
desse tema. Mas no livro ele faz uma revisão bibliográfica que ajuda a compreender os princípios da
O livro faz uma explanação da parte teórica logo no começo, mas também fala da prática e os processos e
mecanismos de mudanças segundo a psicologia positiva. Uma coisa bem legal no livro é que ele traz
sessões de psicoterapia positiva, assim podes ter uma noção de como é a aplicação.
Seguindo a linha da indicação anterior. Aborda diversas temáticas em situações como depressão,