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ENCONTRO ABC² PSI Julho/23

resumo com referências citadas e acrescentadas

Convidado: Neemyas dos Santos - Mestre em Psicologia (UFMA) @neemyaspsi


Tema: Cristo, o Senhor da Psicologia - parte 2
(baseado no artigo de Eric L. Johnson)
https://www.cristaosnaciencia.org.br/cristo-o-senhor-da-psicologia/

Neemyas começou contando que este artigo foi o primeiro texto do Johnson que ele leu. O
artigo é de 1997 e explica que a obra do autor já avançou.

Ele, Aender Borba e outros colegas fizeram um grupo de estudos do livro do Johnson de
2007: “Fundamentos para o Cuidado da Alma”
https://www.amazon.com.br/dp/8580380960?ref_=cm_sw_r_ud_dp_CE0SS61NQ2AB6X3A
NRP6
Esta obra pode ajudar os leitores brasileiros a ampliar horizontes para além dos problemas
que encontramos na Psicologia brasileira. Nos EUA e na Europa, o cenário é bastante
diverso.
Haveria muitos outros autores por onde começar a ampliar esse debate, mas o Johnson é
uma ótima opção, pois tem essa visão ampla.

A próxima obra de Eric L. Johnson, de 2017, e que também já tem tradução em português é
“Aconselhamento Cristão - recursos terapêuticos da fé cristã” https://a.co/d/3RqowB6
Neste livro, ele vai consolidando os temas, condensando tudo que tem escrito desde o
artigo de 1997, onde ele já lançou apenas as sementes de toda essa obra desenvolvida ao
longo de 20 anos.

Atualmente, Eric Johnson tem desenvolvido formações em nível acadêmico na Houston


Christian University Eric Johnson | Houston Christian University (hc.edu)

A intenção do convidado foi trazer a mentalidade do Johnson, um panorama da obra dele e


que tem muito a ver com o nome do artigo.

A essência é o conceito de Reino - do Velho ao Novo Testamento - e a relação desse Reino


com a Psicologia. Ou seja, onde essa ciência se localiza neste Reino.

Faz pensar sobre o fazer Psicologia, a partir de quem é o psi e a quem ele pertence e
serve, já que sempre estaremos a serviço de algo ou alguém - conforme apresentado pelo
filósofo Georges Canguilhem em seu texto “o que é psicologia” (que estudaremos no mês
de agosto). Georges Canguilhem - O Que é a Psicologia.pdf

É um desafio ler e absorver a mentalidade do Johnson a partir do artigo apresentado e o


objetivo do Neemyas foi ampliar a visão.

Sobre o autor Eric L. Johnson Eric L. Johnson.pdf


Sua história de vida o conduziu a relacionar-se com a Psicologia de todos os pontos de
vista até se tornar, ele mesmo, um psicólogo em desenvolvimento, que é o que ele é hoje.
Psychology & Christianity: Five Views
https://a.co/d/16sl24s
“Psicologia e Cristianismo: 5 perspectivas” é uma obra de Johnson ainda não traduzida,
mas que o Neemyas fez um resumo e entregou para o grupo:
Um esboço das cinco perspectivas cristãs em psicologia - Neemyas dos Santos.pdf

Poderíamos dizer, também, que seus artigos versam sobre o Desenvolvimento Adulto
(amadurecimento pessoal / teorias do desenvolvimento / pensamento pós formal).

No Brasil, há um frenesi em relação às abordagens da Psicologia, que exige adesão como


se fosse uma conversão. Isso é um problema porque sobrepõe o campo. Nos EUA e
Europa, a psicologia se organiza muito mais pelos campos de pesquisa e atuação do que
pelas abordagens clínicas.

O Johnson é um proponente de uma PSICOLOGIA CRISTÃ.

Dentro do espectro de propostas entre o Aconselhamento e o extremo oposto


(apresentados em Five Views), Johnson migrou por todos eles e tem a virtude de dialogar
com todas essas tradições, com uma visão meta sistêmica que coloca em ordem e tece
uma perspectiva nova, articulada entre , focada no Reino e na visão da necessidade
doxológica (de adoração) do ser humano. Para ele, o ser humano é doxológico,
semiodiscursivo e dialógico/trialógico (relacional, canônico e psicológico).
A Doxological Necessity: The Use of Biblical, Philosophical, and Empirical Knowledge to
Construct a Comprehensive Christian Psychological and Therapeutic Science - Eric L.
Johnson, 2021

Sua visão é convergente, conciliatória e fiel, sem apagar nada, criticando pontos quando
necessário e, talvez, sua obra seja a primeira em que todos esses autores “conversaram”.
Atualmente, sua proposta (com outros autores como Robert C. Roberts e P. J. Watson) é
uma visão stricto sensu. Eles reconhecem que todas as cinco perspectivas/visões estão
cooperando para o Reino.
Master of Arts in Christian Psychology (MACP)
Master of Arts in Christian Psychological Studies (MACPS)

Os pontos consolidados na obra, segundo Neemyas:

● Ponto de partida: problemas atuais (no contexto americano do Johnson) naturalismo


e neopositivismo na Psi (no Brasil, nossos problemas seriam mais o diálogo com o
Historicismo e o Materialismo dentro da Psicologia).
● Alinhamento da graça criadora (comum) e a graça redentora (que regula a graça
comum). Ou seja, aplicando essa doutrina ao pensamento humano, mesmo
pensadores não cristãos podem ter visto e recebido graciosamente de Deus alguma
verdade sobre o funcionamento dos seres humanos. Nem tudo o que a Psicologia
moderna produziu, deve ser descartado. Ao mesmo tempo, a revelação por meio
da graça redentora deve balizar a forma como analisamos e lemos toda a realidade.
A Palavra de Deus permanece superior.
● A Psicologia Cristã NÃO deve se contentar em ser de segunda mão, apenas
utilizando o que outros já pesquisaram, registraram, produziram. Precisamos
produzir com originalidade, fazer ciência, unindo uma comunidade intelectual
em torno de pesquisa séria, partindo do reconhecimento da Bíblia como fonte do
que é a alma humana, pois uma correta visão sobre a natureza humana é
fundamental. É justamente o lugar autoritativo da Palavra de Deus que tem
segregado as perspectivas. Neemyas lembrou que Merleau-Ponty diz que, por
mais que falemos várias línguas, há sempre uma na qual você habita. É sua
língua materna. Ou seja, um cristão na psicologia ainda deve ter o temor do Senhor
e a Bíblia como sua língua base/materna.
● Para Johnson, não é possível uma única psicologia (torre de Babel?). Como a
própria Ana Bock já apresentava em seu clássico, o que temos são “psicologias”. Ele
acredita que defender essa pluralidade dentro do campo da psicologia é o
caminho para criar espaço para uma Psicologia Cristã. No Brasil, estamos mais
distantes de chegar a esse lugar, justamente porque o argumento “psicologia é uma
ciência” é usado para impedir o pluralismo e lutar contra ideias cristãs.

Depois disso, tivemos um momento de perguntas:

1) Como ver o homem pecador na Psicologia Cristã?


Com a noção de Reino. Não se focar apenas em cristãos, mas abençoando também os
rebeldes contra Deus. Orientar-nos como cristãos na Psicologia prestando um serviço no
Reino. Obviamente, um paciente não cristão não aceitará que o seu problema seja
chamado de pecado.

2) Como atuar na clínica convivendo num mundo plural?


Temos à disposição tanto as ferramentas clínicas da graça comum (não cristãs) quanto as
práticas da graça redentora (oração, jejum, etc). Nosso campo é mais amplo e não
reduzido! Com pacientes ateus, alguns deles não fariam sentido usar.
Alguns terapeutas e psicólogos cristãos, como o próprio Johnson, vão chegando próximo da
Psicologia Transformacional (John Coe and Todd Hall).

Observações do Bruno: Falta muita pesquisa para os Psicólogos cristãos. Ex. Mindfullness,
que é reconhecido e válido, mas sua origem é budista, o que não a invalida, pois é
inclusive comprovada cientificamente. Quantas práticas cristãs são válidas, funcionam,
mas não têm comprovação científica simplesmente porque ninguém tomou tempo para
validar com método científico?

O pluralismo da Psicologia deveria ser mais claro. Se articularmos esta ideia, podemos usar
como argumento para o espaço da Psicologia Cristã. Precisamos de espaço para expor
nossos pressupostos como pessoas e profissionais, quer sejam cristãos, budistas,
seculares, etc. Os pacientes também deveriam poder escolher! Deveriam poder escolher
terapeutas com os mesmos pressupostos que eles, para que pudessem ser melhor
acolhidos em suas demandas. É um direito. Estamos falando de um “pluralismo de
princípios”, que não é ausente de problemas, mas que é um caminho para a Verdade
permanecer tendo espaço na esfera pública das ideias, num mundo plural.

3) A visão do Johnson tem base na catolicidade… (não consegui copiar toda a pergunta 🙂)?
Ser um cristão na psicologia é abandonar reducionismos. A nossa base é ser relacional, e
esta é a base para olharmos para o outro.

Bavinck faz uma boa análise de cada pensador e, a partir do Cristianismo, seria a forma de
analisar cada abordagem.
Porém, para conseguir ter esse olhar crítico de cada pensador da Psicologia, é preciso
saber muito do próprio Cristianismo/Teologia e, também, da Psicologia e
pensamento original dos autores da área.
Identidade e fé definidos antes. Citando Michael Horton (vídeo) “uma geração de
psicólogos cristãos que têm conhecimento bíblico de nível de escola dominical”.

https://a.co/d/6dNBxTj Johnson recomenda o diálogo de Jones e Butman com cada


abordagem como exemplo de diálogo.
(Modern Psychotherapies: A Comprehensive Christian Appraisal)

A árvore da cura é uma obra que trabalha com as pontes de cada abordagem (sugestão de
livro em Português) https://a.co/d/0WQkvRq

No último capítulo do “Fundamentos para o Cuidado da Alma”, sobre a promoção da Cristo


semelhança, o autor faz um esquema em pesquisa / modelo transteórico
● Transdiagnóstico são perspectivas novas para ter maior cuidado com o ser
humano.
● Bruno propôs pensarmos mais sobre a realidade em que estamos imersos
em nosso campo no Br = historicismo
● William James (variedade das experiencias religiosas) e Jung (inconsciente
coletivo) definem espiritualidade nos termos deles e não a partir do
cristianismo.
● Vygotsky é uma releitura da Psicologia da época dele pela perspectiva
marxista - era o ponto de partida, a “língua” onde ele habitava.

● Cada sistema de pensamento tem uma visão normativa de quem é o Ser


Humano e qual o problema com o ser humano (ideia de psicopatologia,
por ex) e de qual a solução para ele (normatividade, ideia de saúde).
● O Cristianismo tem a sua normatividade e nossa prática terapêutica e
pesquisa científica (como cristãos) deveria estar mostrando o quão saudável
é esta normatividade. Pesquisar, discutir e registrar. Cremos que viver para a
glória de Deus também conduz à uma vida mais saudável integralmente.

Verdade Absoluta (Nancy Pearcey) https://t.me/tfskuecxsh/45181

● No Ocidente secular, a liberdade e a felicidade são normativas. São os


ideais da nossa cultura. Por isso, negá-las é considerado um problema.

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