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FACULDADE DE DIREITO
Adão Avelino
Os sofistas não eram filósofos, pois não tinham amor pela sabedoria nem respeito pela
verdade.
Defendiam qualquer ideia, tentando corromper o espírito dos jovens, pois faziam do
erro e da mentira como ensinamentos verdadeiros.
Não questionavam sobre o sentido da vida, sobre os valores pelos quais os homens
devem lutar e de como o homem pode aprimorar o seu carácter.
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Não os instruía o para o valor da arte de bem viver. A diferença entre Sócrates e os
sofistas era pelo facto de que os sofistas aceitam a validade das opiniões e das
percepções sensoriais e trabalhavam com elas para produzir argumentos de persuasão.
O seu maior e exímio representante foi o filósofo grego Sócrates que começa a pensar
sobre o ser humano. São também referenciados dois grandes vultos da história do
pensamento que merecem destaque: Platão e Aristóteles.
Sócrates (c. 469-399 a.C.) nasceu em Atenas, a metrópole da cultura grega, em meados
do século V a.C. É também considerado o pai do racionalismo ocidental.
A FILOSOFIA SOCRÁTICA
A VERDADE EM SÓCRATES
A verdade é na sua causa essendi algo absoluto. É a realidade e não muda, não é “flatus
vocis”, nem depende da opinião das pessoas. A verdade é a verdade e continua sendo a
verdade, mesmo quando ninguém acredita que é a verdade. A verdade é
incomensurável preenche e engloba toda a realidade.
A Bíblia diz que a verdade existe e pode ser conhecida. Não está fora do alcance do
homem. O que devemos fazer é procurar a verdade como diz o apóstulo S. João, no
capíutlo 8:32: Se permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus
discípulos. «E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará».
Para Santo Agostinho, a verdade é a Palavra revelada por Deus. Por sua vez, o homem é
plenamente capaz de possuir a verdade pela razão (anima, animus, spiritus).
A segunda maneira é a aquisição das verdades contingentes, que se dá por meio dos
sentidos. À apreensão das verdades eternas e necessárias, Agostinho chama Sabedoria
(sapientia), e a das verdades contingentes, chama ciência (scientia). Para as verdades
que cosntituem a sabedoria, é necessária a iluminação da alma e da inteligência; para
as verdades contingentes, é necessária uma iluminação do próprio mundo contingente
para que o homem possa vê-lo através dos sentidos.
Sócrates defendia que a melhor forma de viver para o homem é buscar de maneira
permanente e contínua o desenvolvimento de si próprio, ao invés de ir em busca de
bens materiais e prazeres efêmeros. Durante as suas caminhadas persuadia homens de
todas as idades a não se preocuparem tanto com a perfeição do corpo, priorizando
acima de tudo a perfeição da alma.
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O “gnōthi seauton – Conhece-te a ti mesmo” é o lema em que Sócrates cifra toda a sua
vida de sábio. O perfeito conhecimento do homem é o objectivo de todas as suas
especulações e a moral, o centro para o qual convergem todas as partes da filosofia.
Uma das características do ser humano é a busca permanente pela verdade, é o desejo
de comprovar a veracidade dos factos e de distinguir o verdadeiro do falso e que
frequentemente nos coloca dúvidas no que nos foi ensinado.
A busca pela verdade surge logo na infância e ao longo da vida, estamos sempre
questionando as verdades estabelecidas pela sociedade e a filosofia tem na investigação
da verdade o seu maior valor.
Assim, "a verdade" pode significar o que é real ou possivelmente real dentro de um
sistema de valores. Esta qualificação implica o imaginário, a realidade e a ficção,
questões centrais tanto em antropologia cultural, artes, filosofia e a própria razão.
Verdade é aquilo que está de acordo com os factos e observações; respostas lógicas
resultante do exame de todos os factos e dados; uma conclusão baseada na evidência,
não influenciada pelo desejo, autoridade ou preconceitos; um facto inevitável, sem
importar como se chegou a ele.
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Verdade significa aquilo que está intimamente ligado a tudo que é sincero, que é
verdadeiro. A verdade é a ausência da mentira.
Verdade é também a afirmação do que é correcto, do que é seguramente o certo e o
que está conforme dentro da realidade apresentada.
A verdade é muitas vezes desacreditada e o cepticismo é a descrença ou incredulidade
da verdade. Aquele indivíduo que tem predisposição constante para duvidar da verdade
é chamado de céptico.
Quando pessoas ou grupos tentam provar que se interessam por assuntos, mas na
verdade não gostam, ou não entendem, são chamados de pseudo, ou seja que não são
verdadeiros. Ex: pseudocatólico, pseudo-intelectual, pseudo-canônico etc.
Uma verdade pode ser demonstrada sem ser reconhecida como verdadeira, por não ser
muito clara. Diz-se que é um postulado, pois precisa ainda de comprovações para se
chegar a real verdade.
Para a corrente filosófica conhecida como relativismo a verdade é relativa, ou seja, não
existe uma verdade absoluta que se aplique no plano geral. Assim, a verdade pode se
aplicar para algumas pessoas e para outras não, pois depende da perspectiva e contexto
de cada um.
A verdade absoluta é aquela que é verdade todo o tempo e em todos os lugares. O que
é verdade para uma pessoa é verdade para todas as pessoas. Ex: Todos precisam de ar
para respirar. As pessoas não podem viver ao mesmo tempo no passado e no futuro.
Para os filósofos René Descartes e Immanuel Kant, a verdade enquanto palavra pode
ser definida. “A verdade é a correspondência do que está no pensamento com o que
existe no mundo, nas coisas. É a adequação do intelecto, do inteligido e das coisas”,
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A SABEDORIA SOCRÁTICA
Sócrates dizia que, antes de cada um de nós querer conhecer a Natureza e antes de
querer persuadir os outros, cada um de nós deveria, primeiro e antes de tudo,
conhecer-se a si mesmo.
Sócrates lança o desafio ao ser humano no sentido deste se voltar para si mesmo. Como
diria mais tarde o pensador romano Cícero, coube ao grego "trazer a filosofia do céu
para a terra" e concentrá-la no homem e na sua alma (em grego, a psiquê).
A Sabedoria está em saber que nada sabe, enquanto os homens em geral estão
impregnados de preconceitos e noções incorrectas, e não se dão conta disso. O
reconhecimento da própria ignorância é o primeiro para a Sabedoria, pois, assim,
podemos nos livrar dos preconceitos e abrir caminho para a verdade.
A sabedoria tem a ver com a humildade intelectual e não com a quantidade de saber.
Por isso Sócrates diz: “Só sei que nada sei, mas nisso supero todos os outros que nem
isso sabem”.
Sócrates não descobrindo em si mesmo espécie alguma de sabedoria, onde quer que
estivesse, interrogava os seus interlocutores a respeito de coisas que, por hipótese,
deveriam saber.
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Na maior parte das vezes, Sócrates ao interrogar os seus interlocutores percebia que
eles não sabiam o que julgavam saber, e o que é mais grave, não sabiam que não sabem.
Assim Sócrates se achava o mais sábios porque pelo menos sabia que nada sabia, ao
passo que as outras pessoas pensavam que sabiam.
Para Sócrates o mais importante para o homem deve ser aquilo que ele faz, não o que
ele sabe. A sabedoria modifica o ser e purifica a alma de forma que os seus objectivos
fiquem mais fáceis de serem atingidos, ou seja, o que há de comum entre todas as
virtudes é a sabedoria, que, segundo Sócrates, é o poder da alma sobre o corpo, a
temperança ou o domínio de si mesmo.
Sócrates chega a estas conclusões: o homem é a sua alma. E por alma ele entendia a
consciência, a personalidade intelectual e moral.
Alma
A alma é a consciência e a personalidade intelectual e moral,
sobretudo razão e conhecimento.
O corpo é o instrumento da alma
Virtude
A virt ude d a a l m a ( o u s e j a , Liberdade
aquilo que a torna perfeita) é a É a libertação da parte racional
(= verdadeiro homem) Vício
ciência e o conhecimento.
em relação a parte passional. Vício é ignorância por isso:
Manifesta-se como:
Corresponde à liberdade interior § Ninguém peca voluntariamente
(pecado = erro);
§ As diversas virtudes são
reconduzíveis à unidade (= ciência
Não-Violência do bem e do mal) e, também, o
A razão se impõe pela convicção e vício (ignorância do bem e do mal)
Auto-domínio não pela força.
Domínio da razão sobre
as paixões. Fonte: O homem e sua Alma (REALE; ANTISERI, 2007, p. 108).
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Para fazer o Bem, basta, portanto, conhecê-lo. Todos os homens procuram a felicidade,
quer dizer, o Bem, e o vício não passa de ignorância, pois ninguém pode fazer o mal
voluntariamente.
Como já ficou registado em linhas anteriores, Sócrates defende que a Filosofia vem de
dentro para fora e a sua função é despertar o conhecimento, ou seja, o Auto-
conhecimento, pois a verdade está dentro de cada um.
Para conhecer a si mesmo é preciso conhecer o outro. A alma do outro é como se fosse
o espelho da própria alma.
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Ter consciência da condição humana, não tentar ser mais do que é para os homens
serem, não tentar ser Deus, não ser arrogante, devendo os limites do homem serem
respeitados para que se viva bem, ou seja, a consciência da seriedade e gravidade dos
problemas, que impede toda presunção de fácil saber e se afirma como consciência
inicial da própria ignorância.
O BEM SOCRÁTICO
O Bem (do termo latino bene) é a qualidade de excelência ética atribuída a acções que
estejam relacionadas a sentimentos de aprovação e dever.
Embora todas as linguagens possuam uma palavra expressando bem no sentido de “ter
a qualidade certa ou desejável” ( ρετή - areté) e mal no sentido de “indesejável”, a
noção de “bem e mal” num sentido moral ou religioso absoluto não é antigo, surge das
noções de purificação e impureza. Os significados básicos de “ruim, covarde” e de “bom,
bravo, capaz” e os seus significados absolutos surgem somente por volta de 400 a.C.,
com a filosofia pré-socrática, sobretudo, com Demócrito.
Para Sócrates, o Bem se refere também ao bem jurídico, pois, o bem jurídico é aquele
que está protegido pelo Estado e confere ao cidadão o direito de posse.
Daí, não se deve confundir o interesse social como um bem jurídico se ele não gozar da
protecção da lei.
A filosofia socrática considera o bem como algo que implica reverência pela vida, pela
continuidade, pela felicidade ou pelo desenvolvimento humano, enquanto o mal é
considerado como o recipiente dos contrários e que anula a possibilidade ao homem de
ser feliz.
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A UTILIDADE SOCRÁTICA
A DIALÉCTICA SOCRÁTICA
Sócrates diz que nascemos com a concepção de verdade dentro de nós, mas
precisamos externizar a verdade, para isso, deve-se fazer o uso da dialéctica.
Dialéctica é uma palavra com origem no termo em grego dialektiké e significa a arte
do diálogo, a arte de debater, de persuadir ou raciocinar.
Para ele, a grande confusão reinante no mundo humano — e que levava os sofistas a
concluir que “não há certezas, apenas convenções” — baseava-se no facto de que os
homens, mesmo os mais tidos como sábios, não raciocinavam com o devido cuidado
sobre si mesmos, sobre as suas opiniões, sobre os seus valores e acções, e tomam
como óbvio coisas que deveriam sempre ser questionadas até se chegar a um
entendimento completo.
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A dialéctica também é uma maneira de filosofar. O seu conceito foi debatido ao longo
de décadas por diversos filósofos, como Sócrates, Platão, Aristóteles, Hegel, Marx, Kant,
Schopenhauer e outros. Dialéctica é o poder de argumentação.
À semelhança de Sócrates, o filósofo alemão Hegel, define a dialéctica como sendo a lei
que determina e estabelece a auto-manifestação da ideia absoluta. Para Hegel, a
dialéctica é responsável pelo movimento em que: uma ideia sai de si própria (tese);
para ser uma outra coisa (antítese); depois regressa à sua identidade, se tornando mais
concreta (síntese).
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Apesar disso, Hegel também afirma que a dialéctica não é apenas um método, mas
consiste no sistema filosófico em si. Segundo o filósofo, não é possível separar o
método do objecto, porque o método é o objecto em movimento.
O método socrático, que tem como princípio construir o conhecimento em vez da mera
transmissão de ideias, é uma das melhores formas de ensino já concebidas.
A MAIÊUTICA SOCRÁTICA
Sócrates divide o método dialéctico em duas partes: ironia e maiêutica. Sócrates dizia
que o seu método dialéctico era como o “parto das ideias”, ou a “arte de trazer à luz”
ao surgimento de novos conhecimentos, através de longas conversas com interlocutores
de todas as classes sociais.
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Sócrates fazia perguntas sobre as ideias, sobre os valores nos quais os gregos
acreditavam e que julgavam conhecer, buscando respostas sobre a origem das coisas e
sobre a essência da vida humana.
A primeira elimina os falsos saberes. É a fase do seu método dialéctico, que ficou
conhecida como ironia ou refutação. O objectivo não era de constranger o interlocutor,
mas sim, purificar o seu pensamento e orientá-lo a desfazer as suas ilusões e os seus
preconceitos, visando apenas à busca racional pela verdade essencial.
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A maiêutica presume uma convicção de Sócrates, que admite que a verdade está no
próprio homem, mas que ele jamais pode atingi-la, porque além de estar desprovido de
métodos adequados, está envolvido por ideias falaciosas e preconceitosas.
Somente o homem que se afasta das ideias falaciosas e preconceitosas, dos vícios e seja
capaz de pôr fim a todos os empecilhos que norteiam a sua vida etsá “provavelmente”
preparado para alcançar o conhecimento verdadeiro.
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Sócrates o identifica como virtude, que é o oposto do vício, que está directamente
ligado à ignorância. Ou seja, ele afirma que ninguém erra voluntariamente ou faz o mal
porque tem vontade de fazê-lo, e sim por estar envolto, preso à ignorância.
Seguindo essa linha de raciocínio moral socrática, todo o homem que faz o bem para si,
para os outros, para a cidade e para a humanidade é virtuoso. Para Sócrates, ser
virtuoso é conhecer as causas e a finalidade das suas próprias acções, possibilitando
uma vida moral e virtuosa rumo à ideia de Bem.
Este processo é orientado por um grande mestre, Sócrates, que pouco ou nada sabia de
determinados assuntos, e que assumia publicamente como sendo um ente de ‘Douta
Ignorância’.
A ironia socrática baseia-se numa espécie de instigação primária para delimitar um
conceito, contradizendo-o e refutando-o.
Sócrates não tinha intenção de constranger o seu interlocutor, mas sim clarificar o seu
pensamento, desfazendo ilusões e ideias pré-concebidas. Não tinha o intuito de
ridicularizar, mas de fazer brotar o conhecimento.
Mas para que isso fosse possível era necessário que o interlocutor, o público-alvo, os
discípulos abandonassem os seus pré-conceitos e a relatividade das opiniões alheias
que eram generalizadas e passassem então para um estádio de pensamento pessoal e
independente, isto é, um modo de ver, agir, pensar e reflectir por si mesmos com
espírito crítico e reflexivo.
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Esse exercício ficou conhecido como maiêutica, que significa a arte de “parir”, “dar à luz”
intelectual, neste caso mais propriamente “gerar/parir ideias”, procura da verdade no
interior do ser humano.
Assim, ironia e maiêutica constituíam, por excelência, as principais formas de actuação
do método dialéctico de Sócrates, desfazendo equívocos e desvendando subtilezas que
permitiam a introspecção e a reflexão interna, proporcionando a criação de juízos cada
vez mais fundamentados no "logos" ou razão.
A Maiêutica foi elaborada por Sócrates no século IV a.C. Através desta linha filosófica
ele procura dentro do Homem a verdade. É famosa sua frase “Conhece-te a ti mesmo”,
que dá início à jornada interior da Humanidade, na busca do caminho que conduz à
prática das virtudes morais. Através de questões simples, inseridas dentro de um
contexto determinado, a Maiêutica dá à luz ideias complicadas.
Deste diálogo nascia um novo conhecimento, a sabedoria. Um exemplo comum deste
método é o conhecido diálogo platónico ‘Mênon’ – nele Sócrates orienta um escravo
sem instrução a adquirir tal conhecimento que ele se torna capaz de elaborar diversos
teoremas de geometria.
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LEGALIDADE SOCRÁTICA
Quando se fala de legalidade se refere à presença de um sistema de leis que deve ser
cumprido e que apresenta a aprovação de determinadas acções, actos ou circunstâncias,
em contrapartida, desaprovam a outras que afectam as normas estabelecidas e vigentes.
A lei é uma regra ou norma que deve ser aplicada por uma autoridade competente e
que deve ser respeitada sem exceções pelas pessoas que habitam ou convivem numa
comunidade. Esta lei exige ou então desaprova algo que está em perfeita sintonia com a
justiça e com o bem comum de todos.
O princípio de legalidade surgiu nas sociedades mais antigas que começaram a colocar
por escrito as leis que antes eram somente orais e que era resultado dos costumes e
tradições (leis habituais). Ao colocar as leis por escrito, proporciona verdadeira
identidade para que não haja nenhum tipo de interpretação contrária e estabelece a
submissão de todos e de cada indivíduo na sua existência.
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Como vimos atrás, aquilo que colocou Sócrates em destaque foi o seu método, e não
tanto as suas doutrinas. Sócrates baseava-se na argumentação, insistindo que só se
descobre a verdade pelo uso da razão.
O seu legado reside sobretudo na sua convicção inabalável de que mesmo as questões
mais abstractas admitem uma análise racional. O que é a Justiça? Será que a alma é
imortal? Poderá alguma vez ser certo maltratar alguém? Será possível saber o que é
certo fazer e, ainda assim, proceder de outro modo?
Sócrates pensava que estes problemas não eram meras questões de opinião. Existem
respostas verdadeiras para eles, que podemos descobrir se pensarmos de uma forma
suficientemente profunda.
Diante disso, Sócrates pondera que é necessário que o magistrado analise e verifique a
rectidão da lei, examine quais razões podem ser aduzidas num determinado caso para,
só depois, saber qual é de facto a acção justa a ser aplicada, entendendo por justiça
certa harmonia não do corpo, mas da alma, já que o mais importante para o homem
não é o mero viver, mas “o bem viver”.
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As leis argumentam que, caso sejam violadas, a cidade estará em risco, pois, como é
sabido, a cidade não pode subsistir sem leis. O incumprimento da lei bem como a não
administração da lei constitui uma ruptura, um rompimento dos “pactos e acordos” que
ligam o homem à cidade. O que as leis sugerem, portanto, é que o cidadão lhes deve a
mesma obediência que um escravo deve ao seu senhor.
Obviamente, que a obediência socrática não pode ser vista como uma obediência cega,
mas deve ser entendida como aquela percepção, fortemente difundida no pensamento
clássico, de que, uma vez extirpada a lei, resta apenas o arbitrário, que rapidamente se
transmuta em violência.
A escravidão às leis, ou, em termos modernos, o respeito à legalidade, é valor basilar,
sem o qual não pode existir liberdade. Se a liberdade é igual, ela precisa de uma medida,
de um cânon que a fixe com paridade para todos.
O incumprimento das normas e o desrespeito à legalidade expõem à cidade a desordem
e, de certo modo, o acordo que liga o homem à cidade se esvanece e a política ou o
governo se degenera em opressão.
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Por isso Sócrates assevera que não devemos nos preocupar com a opinião da massa
ignorante que de leis e de outras questões jurídicas nada entendem, mas, sobretudo
preocuparmo-nos com a verdade. Ao contrário do que a multidão pensa, não se deve
retribuir o mal com o mal. Sendo assim, a desobediência às leis seria uma nova forma
de injustiça, consistiria em pagar um mal com outro.
A melhor maneira de saber sobre a verdade das leis, nada melhor do que ouvir as
próprias leis. Sócrates imagina, na sequência, o que estas leis diriam se pudessem
ganhar vida!... É a passagem final do diálogo do Críton de Platão, conhecida como
“prosopopeia das leis” – ou seja, dar uma dimensão humana aos elementos inanimados,
dar sentido humano a algo que não tem vida, personificá-lo.
Na Apologia Sócrates diz que há, para ele, imperativos mais elevados que as ordens do
tribunal ou as leis da cidade. Segundo, Sócrates devemos obedecer sem reservas às
decisões judiciais.
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O Sócrates estava convicto que caso aceitasse a fuga ele estaria a «destruir» as Leis.
Segundo ele, nenhuma cidade pode subsistir sem leis, sobretudo, quando as sentenças
dos tribunais são desrespeitadas por simples particulares. Sócrates tinha consciência
que apesar da sua condenação ser injusta e apelarem a sua morte, ele não tinha
motivos de queixa contra a cidade.
Sócrates é filho e servo das leis e, portanto, não pode responder à injustiça com outra
injustiça; como não o devem fazer os filhos e servos frente aos pais e aos amos, pois
também os cidadãos não são iguais às leis e à pátria. A pátria é ainda mais venerável
que os pais e antepassados; desobedecer às leis é incompatível com a excelência
pessoal que ele próprio sempre apregoou; desde que entra na plena posse dos seus
direitos civis, o cidadão tem o dever de «persuadir ou obedecer», isto é, fazer ouvir a
sua «voz» ou «sair» da cidade, levando consigo os seus bens e partir para uma colónia
ou outro lugar.
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A cidade parece reclamar muito e deixar pouco espaço aos cidadãos, que não devem
sequer resistir à injustiça, mas, segundo algumas interpretações, o Críton não é mais
que uma lição de lealdade à constituição ateniense (democrática), a mais importante
lição de Sócrates – afirma Karl Popper – é a lição da sua morte: «Se fico posso colocar
para além de toda a dúvida a minha lealdade ao Estado com as suas leis democráticas e
provar que nunca fui seu inimigo». Assim diz Sócrates: «Não há melhor prova da minha
lealdade que a minha vontade de morrer pelo Estado».
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A legalidade para Sócrates é uma noção muito rica e essencial para administração da
justiça e para a regência das instuições jurídicas. Isso significa que podemos encontrar
uma norma que segue o princípio da legalidade, mas que no âmbito político ou até
mesmo jurídico não atende as expectativas da sociedade.
Assim, aconteceu com o julgamento de Sócrates, pois, como tenho dito tudo quanto se
sabe, sobre a sua morte “não foi por causa da pérfida acusação de violação às leis, mas
por culpa da ira, do egoísmo e da avareza dos homens”. Os homens de Atenas a quem
Sócrates tentou tanto mostrar os seus ensinamentos e a sua lealdade foram os mesmos
que o condenaram, pois em nenhum momento Sócrates atentou contra a sua pátria,
contra as leis ou contra os deuses.
De facto, para Sócrates a Corte dos Magistrados não só deviam se ocupar do controlo
da legitimidade das normas como também o controlo da legalidade.
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Na Idade Média, a Magna Carta britânica de 1215, na sua cláusula 48, garantia que
“Ninguém poderá ser detido, preso ou despojado de seus bens, costumes e liberdades,
senão em virtude de julgamento por seus pares segundo as leis (justas) do país”.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, diz: “A lei não deve
estabelecer senão penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser
castigado senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada anteriormente ao
delito e legalmente aplicada”.
Segundo Sócrates, rebelar-se contra as leis, nesse sentido, equivale a aceitar que, na
ausência do parâmetro comum, qualquer homem, por pior que seja, pode ocupar o seu
lugar, impondo os seus próprios padrões contra a liberdade de todos, como dizia
Hobbes, o homem passa a ser então “lobo do próprio homem” – (Lupus est homo
homini lupus) uma expressão latina que foi criada por Plauto (254 –184 a.C.) na sua
obra Asinaria, mais tarde sendo popularizada por Thomas Hobbes, filósofo inglês do
século XVII, na sua obra Do Cidadão.
Para Sócrates, não ter a lei como mestre, como bússola, assim, não significa estar livre
de amarras, mas consentir com a possibilidade de ser subjugado pelos piores mestres,
como foi o caso do próprio Sócrates perante o tribunal dos Trinta.
Logo, não podemos passar ao largo da legalidade, mesmo que com “boas intenções”.
Essa postura e verticalidade de Sócrates diante da legalidade é, com certeza, uma lição
importantíssima para a nossa época, que não raro vê as leis como obstáculos à
realização da “justiça” tal como a plebe ignara a compreende.
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§ A cidadania deve ser parceira e partícipe do Estado na realização § A Lei determina a existência do Estado;
do Bem Social e da Paz Perpétua; § A Lei define e protege os direitos do Homem;
§ A cidadania deve ser para o Homem o palco do exercício da § A Lei administra e operacionaliza a Justiça (eficiência e eficácia);
Vertical
democracia, da coisa pública e dos valores morais e cívicos; § A Lei orienta e cobra da Cidadania as suas obrigações
§ A cidadania deve ser o primeiro instrumento e a primeira
advogada da aplicação e realização da Justiça;
§ A cidadania não pode subverter ou anular os princípios
estruturantes e fundamentais da Lei.
Por fim, o bom cidadão é aquele age e escolhe viver a favor da lei ao longo de toda a
sua vida; é aquele que respeita e cumpre com as leis referentes à justiça, ao casamento,
à alimentação, à educação bem como de outras normas que regulam os “pactos” e os
“acordos” estabelecidos pela cidade.
Para Sócrates, a virtude é a maior forma de se almejar algo que o ser humano tem.
Quanto mais se quer a virtude – que é o objectivo final da vida – mais o homem vai ter
uma vida boa, estando bem consigo mesmo e com os amigos, exercendo os seus
talentos e capacidades totais.
A MORAL SOCRÁTICA
É por via dessa elevada forma de conhecimento que alma humana conhece à felicidade,
à justiça. O homem feliz é o que sabe o que é a felicidade. O homem justo é o que sabe
o que é a justiça.
A racionalidade impele o homem a buscar as respostas sobre a origem da essência
humana, sobre verdade, o bem, a justiça, a beleza, virtudes adquiridas por meio do
ensinamento, do reconhecimento de que se tem muito a aprender em torno da
problemática vida.
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A MORAL SOCRÁTICA
A sua famosa frase “só sei que não sei de nada” é o ponto de partida de toda a sua
metodologia filosófica, daí que, cada um é sábio nas coisas que sabe e mal nas que
ignora – filósofo, Henri Bergson.
O homem é o seu consciente. É essa consciência que o distingue dos outros animais. O
homem é o seu intelecto, os seus conceitos éticos, a sua linguagem, a sua personalidade
racional e moral, no fundo, o homem é aquilo que pensa.
A ética socrática tem por referência máxima buscar o Bem. É o Bem que torna possível a
vida, a boa vida. É o Bem que orienta a conduta de maneira prática do homem no uso
adequado da razão e do conhecimento como forma de explicar e compreender a
virtude e a bondade.
Assim como diz o filósofo Henri Bergson (in Cursos Sobre a Filosofia Grega, Editora:
Matins Fontes, São Paulo, 2005), a moral de Sócrates é uma ciência, a virtude é o
objecto de ensino e, portanto, a virtude é o conhecimento, o raciocínio. Cada um é
sábio nas coisas que sabe e mal nas que ignora.
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A MORAL SOCRÁTICA
O homem não pode depender apenas da natureza, porque ela, embora nos
predisponha ao bem, não nos fornece uma regra. É preciso então que a reflexão se
acrescente.
A moral provém do latim “mores” e significa hábitos ou costumes. Por outro lado, a
ética resulta do grego “ethos” e significa maneira de proceder, de se comportar,
costume, carácter. Tomas Nagel (1999), Peter Singer (2004), James Rachels (2004)
defendem que estes dois conceitos designam a mesma coisa (de facto, o fio que os
separa, aparentemente, é bastante ténue). No entanto, Adella Cortina, na sua obra Ética
Mínima (Editorial Tecnos, Madrid, 2006), apresenta a possibilidade de separação destes
dois conceitos distintos de reflexão filosófica.
No que respeita às acções humanas orientadas por normas morais apresenta-se como
sendo do foro da moral, no que concerne ao conjunto de normas e juízos morais
vigentes numa determinada sociedade é tutelada pela competência da ética enquanto
reflexão de primeiro nível sobre a moral.
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A MORAL SOCRÁTICA
A MORAL SOCRÁTICA
Por último, a terceira - a metaética, distingue-se das outras duas não só por ser mais
abstracta, mas também por não possuir um carácter normativo/descritivo. Nesta área, o
objectivo não é saber o que devemos fazer ou valorizar, isto é, não é defender
determinados juízos morais, mas sim discutir o que querem dizer os nossos juízos
morais e como podemos avaliá-los, procurando descobrir a origem, a natureza e o
significado dos princípios éticos.
A MORTE DE SÓCRATES
PERÍODO SOCRÁTICO
O LEGADO DE SÓCRATES
Sócrates não deixou obra escrita, mas o seu nome, o seu conhecimento e o seu exemplo
se eternizou de forma eficiente em quatro as fontes básicas:
A primeira fonte é o filósofo Platão, seu discípulo, em cujos Diálogos o mestre figura
sempre como personagem central;
A quarta e última fonte é Aristóteles, discípulo de Platão, e que nasceu 15 anos após a
morte de Sócrates.
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Adão Avelino
PERÍODO SOCRÁTICO
PLATÃO
Platão (428 a.C.-347 a.C.) foi filosofo grego, nasceu em Atenas, foi discípulo de Sócrates,
estudou Literatura, Gramática, Matemática, Geometria, Música, Pintura, Poesia e
Ginástica. É considerado um dos principais pensadores de sua época, preocupado,
sobretudo, com os problemas do conhecimento do mundo e das virtudes humanas.
Para além de outros escritos, Platão escreveu dois grandes tratados -"A República", "As
Leis".
A filosofia de Platão reúne diversas abordagens:
PERÍODO SOCRÁTICO
A Teoria das Ideias ou Teoria das Formas é a proposição desenvolvida por Platão que
mais se destaca nos seus vários pensamentos relacionados com a sua filosofia.
Para Platão, existem dois mundos, ou seja, a realidade estava dividida em duas partes:
ü O mundo sensível (mundo material), mediados pelas formas autónomas que
encontramos na natureza e percebido pelos nossos cinco sentidos.
PERÍODO SOCRÁTICO
Platão na sua filosofia apresenta a dualidade entre a alma e o corpo. Para esse filosófo,
o ser humano é imortal e é essencialmente alma.
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PERÍODO SOCRÁTICO
Platão na sua filosofia apresenta a dualidade entre a alma e o corpo. Para esse filosófo,
o ser humano é imortal e é essencialmente alma.
A alma pertence ao mundo inteligível que só é apreendido pelo intelecto e nunca pelo
mundo sensível que só é apreendido sobre os nossos sentidos.
PERÍODO SOCRÁTICO
Só harmonizando essas três partes e conduzindo a nossa vida com a elevação da alma
ao mundo das ideias, através da contemplação das ideias perfeitas, é possível alcançar a
felicidade e a ideia suprema do bem.
PERÍODO SOCRÁTICO
PLATÃO – A POLÍTICA
A sociedade livre, justa e unida é aquela que anseia no seu pensamento o constante
contemplar do bem comum, do feminismo e da fraternidade universal do homem, da
distribuição equitativa da riqueza, do amor livre e dos padrões da moralidade pública
em que a virtude reina na soberania.
Por isso mesmo, Platão caracterizou as actividades essenciais da Pólis em três principais
instâncias:
ü A Administração da Pólis
ü A Defesa da cidade
ü A Educação e a Produção de materiais e alimentos
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PERÍODO SOCRÁTICO
PLATÃO – A EDUCAÇÃO
Então nesse contexto o ideal educativo grego aparece como paideia, formação geral que
tem por tarefa construir o homem como homem e como cidadão.
Surge então a Paideia como um processo de educação na sua forma verdadeira forma
natural e genuinamente da cultura humana na Grécia antiga.
O objectivo da Paideia não era só a de ensinar ofícios, mas sobretudo, formar, preparar
e treinar o homem e o cidadão para a liberdade e para a nobreza.
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PERÍODO SOCRÁTICO
PLATÃO – A EDUCAÇÃO
Platão define a Paideia como “(…) a essência de toda a verdadeira educação que dá ao
homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e que o ensina a mandar e
a obedecer, tendo a justiça como fundamento” .
O conceito de Paideia em toda a sua abrangência não designa unicamente a técnica
própria para preparar a criança para a vida adulta.
A ampliação do conceito fez com que ele passasse também a designar o resultado do
processo educativo que se prolonga por toda vida, muito para além do que se aprende
nos anos escolares.
Para Platão, a Paideia é “o sonho de uma vida harmónica, fraterna, que dominasse para
sempre o caos da realidade”.
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PERÍODO SOCRÁTICO
PLATÃO – A EDUCAÇÃO
PERÍODO SOCRÁTICO
PLATÃO – A POLÍTICA
A Política para Platão era considerada como uma das mais nobres actividades dentro da
Pólis.
Daí a política platónica assumir uma estrutura humanista e reflectir em grande medida
sobre as preocupações do homem, a necessidade de uma sociedade justa, a
organização do Estado e da vida dos cidadãos.
O mundo grego no século IV a. C. foi marcado por uma estrutura de cidades-Estado
dispersas pelo território helénico e com várias correntes de pensamento que se
vislumbravam na degeneração da cultura grega e no caos da realidade.
É assim que surge Platão como o primeiro dos gregos a escrever a primeira obra
sistematizada de ciência política do Ocidente, denominada “A República”.
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PERÍODO SOCRÁTICO
PLATÃO – A POLÍTICA
Na sua obra “A República”, reflecte sobre a construção do bem para todos os do homem,
dos governantes e dos cidadãos, a cidadania e a participação moral e cívica de acordo
com as necessidades do Estado, a apresentação e a classificação das formas de governo
e de todas as outras as actividades básicas realizadas na pólis.
A sociedade livre, justa e unida é aquela que anseia no seu pensamento o constante
contemplar do bem comum, do feminismo e da fraternidade universal do homem, da
distribuição equitativa da riqueza, do amor livre e dos padrões da moralidade pública
em que a virtude reina na soberania.
Por isso mesmo, Platão caracterizou as actividades essenciais da Pólis em três principais
instâncias:
ü A Administração da Pólis
ü A Defesa da cidade
ü A Educação e a Produção de materiais e alimentos
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PERÍODO SOCRÁTICO
PERÍODO SOCRÁTICO
A Monarquia é o governo em que apenas uma pessoa exerce o poder. Essa pessoa seria
o Rei-Filósofo.
O filósofo é alguém cuja alma aspire as mais ilustres virtudes daí poder ser indicado
para governar.
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PERÍODO SOCRÁTICO
Por isso mesmo, nem as mulheres, nem os escravos e nem os estrangeiros podiam
tomar parte da coisa pública.
PERÍODO SOCRÁTICO
PERÍODO SOCRÁTICO
Em síntese, para Platão, existe uma ordem classificatória das Formas de Governo: a
mais ilustre delas é a aristocracia seguida da timocracia, a oligarquia, a democracia, a
demagogia e, por último, a mais vil, é a tirania.
PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES
PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES
ARISTÓTELES - METAFÍSICA
PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES - METAFÍSICA
PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A METAFÍSICA
Além disso, Aristóteles sugere as quatro causas para a existência das coisas:
ü Causa material - indica do que é feita a coisa;
ü Causa formal - indica qual a forma da coisa;
ü Causa eficiente - indica o que dá origem à coisa;
ü Causa final - indica qual a função da coisa.
ARISTÓTELES – A ÉTICA
PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A ÉTICA
Só o ser humano é capaz de perceber a relação de causa e efeito das suas acções e
orientá-las para o bem, porque só ele, tem a razão e a capacidade de agir, de deliberar
e fazer escolhas
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PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A ÉTICA
Por exemplo, tudo quanto se sabe, até hoje, os seres humanos não podem deliberar
sobre as leis da natureza, sobre as estações do ano, sobre a duração do dia e da noite.
Tudo isso são condições necessárias, são leis da natureza (não há possibilidade de
escolha).
A ética opera no campo do possível, tudo aquilo que não é uma determinação da
natureza, mas depende das deliberações, escolhas e da ação humana.
PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A JUSTIÇA
Para Aristóteles, a Justiça é a virtude da "Equidade", que tem por objecto ordenar e
dirigir a convivência humana segundo o critério dessa "Equidade".
Existem quatro categorias de justiça. Todas são indispensáveis à vida dentro de qualquer
sociedade:
Justiça comutativa. É a que deve existir entre homens, entre cidadãos e
governantes, entre colegas de trabalho, entre familiares, entre alunos e
professores, entre empregados e patrões, exigindo que cada pessoa dê a outra o
que lhe é devido.
PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A JUSTIÇA
Justiça Legal. A Justiça legal regula as relações sociais entre cidadãos livres e iguais,
determinando que o justo meio da acção virtuosa é o tratamento igual pelo
principio da isonomia.
O dinheiro recolhido da cobrança dos impostos, por exemplo, é deve ser racionalmente
empregue na construção de estradas, hospitais, escolas, pontes, em Serviços
Públicos tais como: Serviços de Emergências Médicas, Serviços de Protecção Civil e
Bombeiros, Serviços de Correios e Telégrafos, Serviços de Vigilância Pública, Esquadras
de Polícia, Lares de Acolhimento e de Protecção da Terceira Idade, etc.
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PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A JUSTIÇA
A justiça é o principio basilar de um pacto que objectiva manter a ordem social através
da preservação dos direitos na sua forma positivista ou na sua aplicação a casos
litigiosos.
A legislação prescreve todos os actos de bondade e Justiça como regra e proibe todos
os actos que vão de encontro a esse preceito.
Cumprir a lei nada mais é do que praticar todos os actos virtuosos, individualmente e
colectivamente.
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PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A JUSTIÇA
A Justiça é, portanto, uma virtude completa, não em sentido absoluto, mas nas nossas
relações com os outros.
PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A JUSTIÇA
Quem dirige, quem administra, quem governa deve repartir com equidade, distribuir
com justiça, os bens e os encargos públicos entre os membros da comunidade nos
termos da norma da cooperação social.
É responsabilidade dos governantes promover o bem-estar e a paz social de todos os
cidadãos, tendo como fundamento último, a justiça distributiva.
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PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A JUSTIÇA
PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A JUSTIÇA
PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A JUSTIÇA
Para Aristóteles, existem seis formas de governo diferentes. Em primeiro lugar, aqueles
governam e que trabalham em favor do bem comum. Essas são as formas puras de
governo: a Monarquia, a Aristocracia e a Democracia.
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PERÍODO SOCRÁTICO
PERÍODO SOCRÁTICO
Um Poucos Muitos
Para Aristóteles, a forma de governo é o modo como o poder político é distribuído entre
as pessoas que fazem parte de uma sociedade.
Os diferentes tipos de formas de governo são classificados de acordo com dois critérios:
v o número de pessoas que possuem poder político e;
v a finalidade para a qual usam esse poder.
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PERÍODO SOCRÁTICO
Era um homem bem instruído, talhado ética e moralmente, com determinadas posses,
que o permitisse ter ócio suficiente para se dedicar aos estudos e à política.
Assim a cidade, a sociedade, a Pólis que esse homem aristotélico habitaria seria a
melhor possível e provavelmente a mais justa.
A República, cidade, a sociedade, a Pólis teria a sua constituição como sendo um reflexo
desse tipo de homem ética e racionalmente bem estruturado, sendo, portanto, uma
construção natural já que é da essência do homem viver em comunidade, ou seja, ser
um animal político. Por isso, Ele até nos compara com as abelhas que são entes
gregárias por natureza.
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PERÍODO SOCRÁTICO
A ligação entre ética e política é evidente, na medida em que a questão do bom governo,
do regime justo, da cidade boa, depende da virtude do bom governante e da
participação.
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ARISTÓTELES – A EDUCAÇÃO
PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A EDUCAÇÃO
Aristóteles acreditava que a educação não deveria ser de um ideal utópico de vida,
sabendo da imperfeição humana que amarra o próprio homem.
A educação deve ser feita com base em um conjunto de exercício da virtude e das
acções virtuosas na sociedade e em segundo plano na preparação da artes e das
técnicas necessárias a realização dos bens materiais.
PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A EDUCAÇÃO
Para o filósofo Aristóteles, a forma de se educar uma criança seria através da repetição.
Uma criança estaria a ser bem educada apreendendo e repetindo os gestos de virtude
demonstrados pelos os seus preceptores. Daí, a necessidade de as crianças terem uma
boa instrução.
Mas, como seria de facto essa boa instrução, essa boa educação para Aristóteles?
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PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A EDUCAÇÃO
PERÍODO SOCRÁTICO
ARISTÓTELES – A EDUCAÇÃO
Entretanto, no Livro Ética a Nicómaco, Aristóteles pensa em uma educação que também
pode ser ministrada pelo ensino privado.
O seu único receio sobre a educação privada assentava na possibilidade de cada um
poder ensinar o que quisesse para os seus alunos, podendo mesmo pôr em causa, a
consistência da doutrina do Estado.
Já na Educação pública o processo aprendizagem seria mais coeso para com os ideais do
Estado. Os cidadãos estariam mais unidos e mais comprometidos com o Estado,
defendo não os seus interesses pessoais, mas acima de tudo, os interesses da Pólis.
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A cultura grega mesclada a elementos orientais deu origem à Cultura Helenística, numa
referência ao nome como os gregos chamavam a si mesmos – Helenos.
A sua arquitectura impressiona pela riqueza e pelo porte, como o altar de Zeus em
Pérgamo (180 a.C.), que foi reconstituído e encontra-se no Museu de Berlim.
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O termo “Estoicismo” surge da palavra grega “stoá”, que significa pórtico, locais de
ensinamentos filosóficos. Defendiam a paz de espírito e consideravam a auto-suficiência
como o seu maior objectivo.
Foi fundada pelo filósofo grego Zênon de Cítion (333 a.C.- 263 a.C.), e vigorou durante
séculos (até III d. C.) tanto na Grécia, quanto em Roma.
O Epicurismo foi uma doutrina filosófica criada pelo filósofo grego Epicuro (341-271
a.C.), o "profeta do prazer e da amizade".
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A filosofia epicurista foi divulgada pelos seus seguidores, dentre eles, se destaca
Lucrécio, o grande poeta latino (98-55 a.C.).
Na Física, a principal característica do Epicurismo é o Atomismo. Na Moral, a
identificação do bem soberano como prazer, que há de ser encontrado na prática da
virtude e na cultura do espírito.
A doutrina de Epicuro substitui o bem pelo prazer e o mal pela dor. A felicidade
consiste em assegurar-se com o máximo de prazer e o mínimo de dores, por meio da
saúde do corpo e do espírito.
Os homens obedecem as regras sociais apenas por ser-lhes vantajoso. Assim a origem e
a existência do Estado estão baseadas directamente no interesse individual.
De modo geral, Epicuro não atribuía grande importância nem a vida política nem à vida
social. Considerava o Estado como uma mera conveniência e aconselhava o homem
bem avisado e preparado a que não participasse da vida pública.
Por isso, devem “cultivar o seu jardim”, estudar filosofia e gozar da convivência dos
seus poucos amigos, de mesmo temperamento.
Epicuro, nasceu na ilha de Samos, Grécia, em (341 a.C.-271 a.C.), estudou filosofia, foi
aluno de Pânfilo, seguidor das ideias de Platão, foi um filósofo grego, viveu no período
denominado Helenístico.
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Epicuro utilizou-se da Teoria Atômica de Demócrito para justificar que o átomo era o
elemento formador de todas as coisas e poderia formar outros corpos, mesmo com a
morte física
Epicuro deu origem a filosofia epicurista, baseada no prazer da amizade. Epicuro não
acreditava na imortalidade. A vida, dizia ele, era uma tragédia. Não somos filhos de
Deus, vivemos e morremos por acaso e depois da morte não há outra vida.
Epicuro dizia que era um dever do homem tornar a vida presente a melhor possível. E a
melhor espécie de vida era a vida de prazer – não de prazer turbulento, mas de prazer
refinado.
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Cultivar a felicidade da vida simples. Aprender a gozar do pouco que tendes e evitar os
excitamentos de ambicionar mais.
Desenvolver o talento de adquirir amigos. Não podeis ser mais felizes do que partilhar
vossa felicidade com vossos amigos.
A corrente Filosófica do Cinismo teve origem com Antístenes (445-365 a.C.), um dos
discípulos de Sócrates. A partir dos ensinamentos de Sócrates, Antístenes assumiu que
a virtude é o que fundamenta a existência humana, e não o prazer.
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Antístenes dedicou a sua vida a demonstrar que o valor da existência humana não
pode ser medido através da propriedade, mas do desenvolvimento pleno da sua
humanidade.
Para Antístenes, a busca pelo prazer afasta os indivíduos da verdadeira felicidade, e por
isso mesmo, escolheu viver uma vida ascética, sem luxo nem bens.
O termo Cinismo tem origem no grego kynismós, que significa "como um cão" e reflecte
a forma de vida dos adeptos dessa filosofia.
O Cinismo é uma corrente filosófica que pregava o total desprezo pelos bens materiais e
pelo prazer.
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Para os Cínicos, a filosofia moral não poderia estar separada do modo de vida dos
filósofos. Eles deveriam ser exemplos daquilo que afirmam. Viver a existência humana
de acordo com a virtude fora de qualquer prazer, luxúria, riqueza e bens materiais. O
filósofo cínico é aquela pessoa que não deve apegar-se às convenções sociais para não
deixar-se corromper. Nisso reside a sua superioridade.
Os Cínicos foram conhecidos como aqueles que vivem como cães ou como os filósofos
"caninos". Eram reconhecidos pela sua falta de apego material, pela sua falta de pudor,
pela sua fidelidade à filosofia e pelo seu comportamento feroz com aqueles de quem
não gostam.
Por isso, os filósofos cínicos eram também identificados por possuírem apenas um
manto dobrado como vestimenta, um bastão para auxiliar nas caminhadas e uma sacola
para carregar algum donativo.
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A Escola Cínica se diferencia de outras escolas da filosofia grega por não possuir um
ambiente de aulas onde mestres e discípulos transmitem o conhecimento. Ela se dá
pela imitação de uns pelos outros e pela adesão ao estilo de vida cínico.
A filosofia e o modo de vida de Diógenes era admirado por diversas pessoas na Grécia
antiga, dentre elas, o Imperador Alexandre, o Grande.
Alexandre foi até Diógenes e perguntou o que ele queria. Sem hesitar Diógenes
respondeu: “Senhor, apenas não tire de mim o que não pode me dar”.
Diz-se que o Imperador Alexandre, o Grande teria respondido: “Sim, podes sair da
frente do meu sol”. Impressionado com o desprezo do filósofo, o conquistador
comentou: “Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes”.
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Diógenes por repudiar o prazer e os bens, vivia uma vida de total negação de posses
para atingir a plenitude por meio do conhecimento. Sobreviveu durante muito tempo
em função da ofertas de alimentos, muito parecido com o modo de vida de um
mendigo.
O filósofo escreveu uma obra intitulada “A República” em que ele critica a valores da
sociedade grega. Faleceu em 327 a.C., na cidade grega de Corinto. Em sua lápide foi
escrita a seguinte frase:
“O próprio bronze envelhece com o tempo, mas tua gloria, Diógenes, nem toda a
eternidade destruirá; pois apenas tu ensinaste aos mortais a lição da autossuficiência na
vida e a maneira más fácil de viver”
Crates era conhecido como "o abridor de portas" por visitar os seus amigos sem ser
anunciado. Entrava na casa das famílias e costumava a ajudar a resolver as desavenças
familiares.
Oriundo de uma família rica, abdicou de seus bens para se dedicar ao Cinismo. Era
casado com uma outra filósofa cínica, Hipárquia.
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