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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE DIREITO
Adão Avelino

POSTULADOS SOBRE A FILOSOFIA GREGA


PERÍODO SOCRÁTICO

Período Socrático (séculos V a IV a.C.) – Fase Antropológica-metafísica: é também


chamado de período clássico, nesse momento surge a democracia na Grécia Antiga.
Sofista significa sábio. Porém, devido ao seu carácter vaidoso e presunçoso em relação
ao objeto do conhecimento, passaram a ser conhecidos como verdadeiros impostores e
comerciantes do conhecimento.
Os Sofistas ensinavam a arte da oratória, a arte da persuasão. Ensinavam de modo a
defender a opinião por meio de argumentos.
Eram mestres na arte da argumentação. Como professores vendiam os ensinamentos
práticos da filosofia com pouca base dogmática.

Os mais conhecidos sofistas foram Protágoras e Górgias. Protágoras afirma que “O


homem é a medida de todas as coisas”, as coisas são como nos parecem ser, como se
mostram a nossa percepção sensorial e não temos nenhum outro critério para decidir
essa questão.
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PERÍODO SOCRÁTICO

Sócrates é considerado o patrono da Filosofia e opositor ferrenho dos sofistas.

Os sofistas não eram filósofos, pois não tinham amor pela sabedoria nem respeito pela
verdade.

Defendiam qualquer ideia, tentando corromper o espírito dos jovens, pois faziam do
erro e da mentira como ensinamentos verdadeiros.

Para Sócrates aos sofistas faltava-lhes a visão interna e integrada da realidade.

Não questionavam sobre o sentido da vida, sobre os valores pelos quais os homens
devem lutar e de como o homem pode aprimorar o seu carácter.
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PERÍODO SOCRÁTICO

Os sofistas ensinavam os jovens a serem ambicioso e apenas a lutarem para triunfar na


política. Não os ensinava a oratória e o raciocínio inteligente.

Não os instruía o para o valor da arte de bem viver. A diferença entre Sócrates e os
sofistas era pelo facto de que os sofistas aceitam a validade das opiniões e das
percepções sensoriais e trabalhavam com elas para produzir argumentos de persuasão.

Sócrates considerava as opiniões e as percepções sensoriais, ou imagens das coisas,


como fonte de erro, mentira e falsidade, formas imperfeitas do conhecimento que
nunca alcançam a verdade plena da realidade.

Os sofistas foram também criticados principalmente por Platão. Platão considerava-os


como artistas manipuladores de raciocínios. Todavia, os Sofistas contribuíram para
desenvolvimento da linguagem na tradição cultural grega.
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PERÍODO SOCRÁTICO

Período Socrático (séculos V a IV a.C.) – Fase Antropológica-metafísica: é também


chamado de período clássico, nesse momento surge a democracia na Grécia Antiga.

O seu maior e exímio representante foi o filósofo grego Sócrates que começa a pensar
sobre o ser humano. São também referenciados dois grandes vultos da história do
pensamento que merecem destaque: Platão e Aristóteles.

Sócrates (c. 469-399 a.C.) nasceu em Atenas, a metrópole da cultura grega, em meados
do século V a.C. É também considerado o pai do racionalismo ocidental.

A FILOSOFIA SOCRÁTICA

A filosofia de Sócrates tem como tese fundamental o logos – “o conhecimento” – não é


mais uma narrativa de carácter poético e mítico. Logos é a explicação fundamentada na
razão.
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PERÍODO SOCRÁTICO

É um discurso racional. O carácter crítico de Sócrates – assenta no conhecimento lógico


racional da verdade.
Porém, na sua época, as verdades não eram apresentadas como verdades absolutas, de
forma dogmática, mas passiveis de serem discutidas, discordadas, criticadas.

O objecto fundamental da filosofia é filosofar. É, sobretudo, uma atitude, um pensar


permanente contínuo. É um conhecimento instituinte, no sentido de que questiona o
saber instituído.

Preocupada com a verdade das coisas, a filosofia estuda o que é a verdade na


profundidade do seu autêntico conceito. Para a filosofia, estudar a verdade e buscar a
verdade é ir ao encontro de tudo quanto existe, do que é real, do que é correcto, porém,
procura no azafama das coisas identificar e descurtinar o seu oposto, o seu contrário, a
mentira.
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A VERDADE EM SÓCRATES

A verdade é na sua causa essendi algo absoluto. É a realidade e não muda, não é “flatus
vocis”, nem depende da opinião das pessoas. A verdade é a verdade e continua sendo a
verdade, mesmo quando ninguém acredita que é a verdade. A verdade é
incomensurável preenche e engloba toda a realidade.
A Bíblia diz que a verdade existe e pode ser conhecida. Não está fora do alcance do
homem. O que devemos fazer é procurar a verdade como diz o apóstulo S. João, no
capíutlo 8:32: Se permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus
discípulos. «E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará».

Para Santo Agostinho, a verdade é a Palavra revelada por Deus. Por sua vez, o homem é
plenamente capaz de possuir a verdade pela razão (anima, animus, spiritus).

O homem, então, é capaz de apreender a verdade (veritas) e de ser verdadeiro (verum),


ao passo que o resto da criação possui somente essa última faculdade.
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PERÍODO SOCRÁTICO

A apreensão da verdade pelo homem pode dar-se de duas maneiras. A primeira é a


apreensão intelectual das verdades eternas e princípios primeiros, o que acontece por
meio da iluminação divina.

A segunda maneira é a aquisição das verdades contingentes, que se dá por meio dos
sentidos. À apreensão das verdades eternas e necessárias, Agostinho chama Sabedoria
(sapientia), e a das verdades contingentes, chama ciência (scientia). Para as verdades
que cosntituem a sabedoria, é necessária a iluminação da alma e da inteligência; para
as verdades contingentes, é necessária uma iluminação do próprio mundo contingente
para que o homem possa vê-lo através dos sentidos.

Sócrates defendia que a melhor forma de viver para o homem é buscar de maneira
permanente e contínua o desenvolvimento de si próprio, ao invés de ir em busca de
bens materiais e prazeres efêmeros. Durante as suas caminhadas persuadia homens de
todas as idades a não se preocuparem tanto com a perfeição do corpo, priorizando
acima de tudo a perfeição da alma.
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No contexto do reconhecimento das verdades universais, para ele, antes de ir em busca


de qualquer verdade os homens necessitam de uma autoanálise – “gnōthi seauton –
Conhece-te a ti mesmo” – a fim de reconhecer a sua própria ignorância.

O “gnōthi seauton – Conhece-te a ti mesmo” é o lema em que Sócrates cifra toda a sua
vida de sábio. O perfeito conhecimento do homem é o objectivo de todas as suas
especulações e a moral, o centro para o qual convergem todas as partes da filosofia.

Sócrates é considerado assim o pai da filosofia ocidental, a referência da antropologia


filosófica que marca a preocupação com a organização da humanidade e com os
problemas morais dos indivíduos.

O filósofo ateniense acreditava e propagava o pensamento de que a verdade, adquirida


através da razão, era que tinha real importância. É pela busca da verdade que o homem
deveria guiar o seu pensamento, para que através dessa busca, adquirisse e
desenvolvesse virtudes como a beleza, a bondade e a justiça.
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PERÍODO SOCRÁTICO

Uma das características do ser humano é a busca permanente pela verdade, é o desejo
de comprovar a veracidade dos factos e de distinguir o verdadeiro do falso e que
frequentemente nos coloca dúvidas no que nos foi ensinado.
A busca pela verdade surge logo na infância e ao longo da vida, estamos sempre
questionando as verdades estabelecidas pela sociedade e a filosofia tem na investigação
da verdade o seu maior valor.
Assim, "a verdade" pode significar o que é real ou possivelmente real dentro de um
sistema de valores. Esta qualificação implica o imaginário, a realidade e a ficção,
questões centrais tanto em antropologia cultural, artes, filosofia e a própria razão.

Verdade é aquilo que está de acordo com os factos e observações; respostas lógicas
resultante do exame de todos os factos e dados; uma conclusão baseada na evidência,
não influenciada pelo desejo, autoridade ou preconceitos; um facto inevitável, sem
importar como se chegou a ele.
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Verdade significa aquilo que está intimamente ligado a tudo que é sincero, que é
verdadeiro. A verdade é a ausência da mentira.
Verdade é também a afirmação do que é correcto, do que é seguramente o certo e o
que está conforme dentro da realidade apresentada.
A verdade é muitas vezes desacreditada e o cepticismo é a descrença ou incredulidade
da verdade. Aquele indivíduo que tem predisposição constante para duvidar da verdade
é chamado de céptico.
Quando pessoas ou grupos tentam provar que se interessam por assuntos, mas na
verdade não gostam, ou não entendem, são chamados de pseudo, ou seja que não são
verdadeiros. Ex: pseudocatólico, pseudo-intelectual, pseudo-canônico etc.

A verdade dos factos exerce grande importância no julgamento da acções humanas.


Quando uma verdade deixa dúvidas, é imprescindível verificar a sua veracidade, que
podem ou não incriminar um indivíduo.
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PERÍODO SOCRÁTICO

Uma verdade pode ser demonstrada sem ser reconhecida como verdadeira, por não ser
muito clara. Diz-se que é um postulado, pois precisa ainda de comprovações para se
chegar a real verdade.

Para a corrente filosófica conhecida como relativismo a verdade é relativa, ou seja, não
existe uma verdade absoluta que se aplique no plano geral. Assim, a verdade pode se
aplicar para algumas pessoas e para outras não, pois depende da perspectiva e contexto
de cada um.

A verdade absoluta é aquela que é verdade todo o tempo e em todos os lugares. O que
é verdade para uma pessoa é verdade para todas as pessoas. Ex: Todos precisam de ar
para respirar. As pessoas não podem viver ao mesmo tempo no passado e no futuro.

Para os filósofos René Descartes e Immanuel Kant, a verdade enquanto palavra pode
ser definida. “A verdade é a correspondência do que está no pensamento com o que
existe no mundo, nas coisas. É a adequação do intelecto, do inteligido e das coisas”,
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A SABEDORIA SOCRÁTICA

Como vimos anteriormente, Sócrates faz da Filosofia um campo de permanente


investigação das questões humanas, deixando de se preocupar apenas com as questões
da natureza e das suas transformações.

Sócrates dizia que, antes de cada um de nós querer conhecer a Natureza e antes de
querer persuadir os outros, cada um de nós deveria, primeiro e antes de tudo,
conhecer-se a si mesmo.

Sócrates lança o desafio ao ser humano no sentido deste se voltar para si mesmo. Como
diria mais tarde o pensador romano Cícero, coube ao grego "trazer a filosofia do céu
para a terra" e concentrá-la no homem e na sua alma (em grego, a psiquê).

A preocupação de Sócrates era levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à


sabedoria e à prática do bem. A verdadeira sabedoria esta no interior da alma humana,
e não fora dela.
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PERÍODO SOCRÁTICO

A Sabedoria está em saber que nada sabe, enquanto os homens em geral estão
impregnados de preconceitos e noções incorrectas, e não se dão conta disso. O
reconhecimento da própria ignorância é o primeiro para a Sabedoria, pois, assim,
podemos nos livrar dos preconceitos e abrir caminho para a verdade.

A sabedoria tem a ver com a humildade intelectual e não com a quantidade de saber.
Por isso Sócrates diz: “Só sei que nada sei, mas nisso supero todos os outros que nem
isso sabem”.

O ignorante é arrogante porque pensa que sabe tudo e sobre tudo.

Sócrates não descobrindo em si mesmo espécie alguma de sabedoria, onde quer que
estivesse, interrogava os seus interlocutores a respeito de coisas que, por hipótese,
deveriam saber.
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Na maior parte das vezes, Sócrates ao interrogar os seus interlocutores percebia que
eles não sabiam o que julgavam saber, e o que é mais grave, não sabiam que não sabem.
Assim Sócrates se achava o mais sábios porque pelo menos sabia que nada sabia, ao
passo que as outras pessoas pensavam que sabiam.

Para Sócrates o mais importante para o homem deve ser aquilo que ele faz, não o que
ele sabe. A sabedoria modifica o ser e purifica a alma de forma que os seus objectivos
fiquem mais fáceis de serem atingidos, ou seja, o que há de comum entre todas as
virtudes é a sabedoria, que, segundo Sócrates, é o poder da alma sobre o corpo, a
temperança ou o domínio de si mesmo.

Assim, a sabedoria humana de que Sócrates se diz mestre consiste na busca de


justificação filosófica (isto é, de um fundamento) da vida moral. Este fundamento
consiste na própria natureza ou essência do homem.
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PERÍODO SOCRÁTICO

Sócrates chega a estas conclusões: o homem é a sua alma. E por alma ele entendia a
consciência, a personalidade intelectual e moral.
Alma
A alma é a consciência e a personalidade intelectual e moral,
sobretudo razão e conhecimento.
O corpo é o instrumento da alma

Virtude
A virt ude d a a l m a ( o u s e j a , Liberdade
aquilo que a torna perfeita) é a É a libertação da parte racional
(= verdadeiro homem) Vício
ciência e o conhecimento.
em relação a parte passional. Vício é ignorância por isso:
Manifesta-se como:
Corresponde à liberdade interior § Ninguém peca voluntariamente
(pecado = erro);
§ As diversas virtudes são
reconduzíveis à unidade (= ciência
Não-Violência do bem e do mal) e, também, o
A razão se impõe pela convicção e vício (ignorância do bem e do mal)
Auto-domínio não pela força.
Domínio da razão sobre
as paixões. Fonte: O homem e sua Alma (REALE; ANTISERI, 2007, p. 108).
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Permitindo o domínio do corpo, a temperança permite que a alma realize as actividades


que lhe são próprias, chegando a ciência do Bem.

Para fazer o Bem, basta, portanto, conhecê-lo. Todos os homens procuram a felicidade,
quer dizer, o Bem, e o vício não passa de ignorância, pois ninguém pode fazer o mal
voluntariamente.

Como já ficou registado em linhas anteriores, Sócrates defende que a Filosofia vem de
dentro para fora e a sua função é despertar o conhecimento, ou seja, o Auto-
conhecimento, pois a verdade está dentro de cada um.

Para conhecer a si mesmo é preciso conhecer o outro. A alma do outro é como se fosse
o espelho da própria alma.
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“Conhecer a si mesmo” – é uma advertência ao homem para que reconheça os limites


da natureza humana.

Ter consciência da condição humana, não tentar ser mais do que é para os homens
serem, não tentar ser Deus, não ser arrogante, devendo os limites do homem serem
respeitados para que se viva bem, ou seja, a consciência da seriedade e gravidade dos
problemas, que impede toda presunção de fácil saber e se afirma como consciência
inicial da própria ignorância.

Segundo Sócrates, o conhecimento interior é uma busca incansável do conhecimento de


tudo quanto permanece oculto, isto é, as coisas divinas eternas, aquelas a que o
homem nem sabe que podem ser ou existir. Por outras palavras, é necessário conhecer
o mundo para conhecer a si mesmo.
A sabedoria plena só se alcança através do auto-conhecimento, é o caminho de
libertação da alma.
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O BEM SOCRÁTICO

O Bem (do termo latino bene) é a qualidade de excelência ética atribuída a acções que
estejam relacionadas a sentimentos de aprovação e dever.
Embora todas as linguagens possuam uma palavra expressando bem no sentido de “ter
a qualidade certa ou desejável” ( ρετή - areté) e mal no sentido de “indesejável”, a
noção de “bem e mal” num sentido moral ou religioso absoluto não é antigo, surge das
noções de purificação e impureza. Os significados básicos de “ruim, covarde” e de “bom,
bravo, capaz” e os seus significados absolutos surgem somente por volta de 400 a.C.,
com a filosofia pré-socrática, sobretudo, com Demócrito.

A moralidade no seu sentido absoluto solidifica-se nos Diálogos de Platão, com a


proposta da teoria da Ideia do Bem, juntamente com a emergência do pensamento
monoteísta (principalmente em Eutifro, o qual pondera o conceito de piedade «τ
σιον», como um absoluto moral).
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PERÍODO SOCRÁTICO

Entretanto, o conceito de Ideia é, posteriormente, desenvolvida na Antiguidade tardia,


no neoplatonismo, pelo gnosticismo e pelos Padres da Igreja.

Para Sócrates, o Bem se refere também ao bem jurídico, pois, o bem jurídico é aquele
que está protegido pelo Estado e confere ao cidadão o direito de posse.

Daí, não se deve confundir o interesse social como um bem jurídico se ele não gozar da
protecção da lei.

A filosofia socrática considera o bem como algo que implica reverência pela vida, pela
continuidade, pela felicidade ou pelo desenvolvimento humano, enquanto o mal é
considerado como o recipiente dos contrários e que anula a possibilidade ao homem de
ser feliz.
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A UTILIDADE SOCRÁTICA

Do latim utilĭtas, a utilidade é o interesse, proveito ou fruto que se obtém de algo. O


termo também permite fazer referência à qualidade de útil (que pode servir ou que se
pode aproveitar de alguma forma). Algo útil serve para satisfazer uma necessidade.
A utilidade é o que torna útil, que proporciona certo valor para atender às necessidades
de uma pessoa.
Na filosofia de Sócrates, a palavra utilidade também pode indicar um serviço ou uma
pessoa que é útil. Uma pessoa útil é aquela que presta serventia com benefícios para a
cidade. Assim, uma coisa que não tem utilidade é algo obsoleto ou estragado, cuja
utilização não traz mais nenhum benefício.

Na nossa cultura e na nossa vida sociológica prática, costumamos considerar que


alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática, muito visível
de utilidade duradoura e que contribua para a edificação da vida social e moral do
homem bem como para a produção da riqueza material.
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A DIALÉCTICA SOCRÁTICA

Sócrates diz que nascemos com a concepção de verdade dentro de nós, mas
precisamos externizar a verdade, para isso, deve-se fazer o uso da dialéctica.

Dialéctica é uma palavra com origem no termo em grego dialektiké e significa a arte
do diálogo, a arte de debater, de persuadir ou raciocinar.

A Dialéctica é um debate onde há ideias diferentes, onde um posicionamento é


defendido e contradito logo depois. Para os gregos, dialéctica era separar factos, dividir
as ideias para poder debatê-las com mais clareza.

Pretende-se chegar à verdade através da contraposição e reconciliação de contradições.


A dialéctica propõe um método de pensamento que é baseado nas contradições entre
a unidade e a multiplicidade; o singular e o universal; entre o movimento e a
imobilidade.
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A Dialéctica Socrática é o exercício de contrapor todo aquele argumento que se


apresenta contrário.
A dialéctica socrática apresenta três elementos. Tese (Afirmação), Antítese (oposição) e
Síntese (resultado do raciocínio).
No exercício da dialéctica Sócrates pedia inicialmente ao seu interlocutor que
discorresse sobre um assunto qualquer como a justiça, a coragem, a liberdade, ou, por
exemplo, a escolha de uma profissão. Em seguida, a partir dos pensamentos mal
formulados e expressos, Sócrates ia demolindo, desconstruíndo os argumentos um a
um, de modo que o seu oponente ficava frequentemente sem respostas.

Para ele, a grande confusão reinante no mundo humano — e que levava os sofistas a
concluir que “não há certezas, apenas convenções” — baseava-se no facto de que os
homens, mesmo os mais tidos como sábios, não raciocinavam com o devido cuidado
sobre si mesmos, sobre as suas opiniões, sobre os seus valores e acções, e tomam
como óbvio coisas que deveriam sempre ser questionadas até se chegar a um
entendimento completo.
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A dialéctica também é uma maneira de filosofar. O seu conceito foi debatido ao longo
de décadas por diversos filósofos, como Sócrates, Platão, Aristóteles, Hegel, Marx, Kant,
Schopenhauer e outros. Dialéctica é o poder de argumentação.

Para Platão, a dialéctica é o movimento do espírito, é sinónimo de filosofia, é um


método eficaz para aproximar as ideias individuais às ideias universais. Platão disse que
dialéctica é a arte e técnica de questionar e responder algo.

Para Aristóteles, dialéctica é um processo racional, é a probabilidade lógica das coisas,


algo que é aceitável por todos, ou pelo menos, pela maioria.

À semelhança de Sócrates, o filósofo alemão Hegel, define a dialéctica como sendo a lei
que determina e estabelece a auto-manifestação da ideia absoluta. Para Hegel, a
dialéctica é responsável pelo movimento em que: uma ideia sai de si própria (tese);
para ser uma outra coisa (antítese); depois regressa à sua identidade, se tornando mais
concreta (síntese).
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Apesar disso, Hegel também afirma que a dialéctica não é apenas um método, mas
consiste no sistema filosófico em si. Segundo o filósofo, não é possível separar o
método do objecto, porque o método é o objecto em movimento.

Segundo Marx e Engels, a dialéctica é o pensamento e a realidade em simultâneo, ou


seja, a realidade é compreendida através das suas contradições.
Para a dialéctica marxista, o mundo só pode ser compreendido num todo, a partir de
um pensamento dialéctico que considere as contradições existentes.
Marx e Engels mudaram o conceito de Hegel, e introduziram um novo conceito, a
dialéctica materialista. Segundo a teoria, os movimentos históricos ocorrem de acordo
com as condições materiais da vida, os modos de produção e a luta de classes.

Para Kant a dialéctica é, na verdade, uma lógica de aparências, pois se baseia em


princípios subjectivos.
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O filósofo alemão Arthur Schopenhauer cria a dialéctica erística um sistema filosófico


que difere da dialéctica de Marx e de Hegel.
Schopenhauer apresenta numa obra sua não concluída mas publicada em 1831 por um
amigo seu, 38 (trinta e oito) estratégias de como se deve ganhar uma discussão. Nesta
obra descreve a dialéctica como sendo “A Arte de Ter Razão" ou de "Como Vencer um
Debate Sem Ter Razão”.

O método socrático, que tem como princípio construir o conhecimento em vez da mera
transmissão de ideias, é uma das melhores formas de ensino já concebidas.
A MAIÊUTICA SOCRÁTICA

Sócrates divide o método dialéctico em duas partes: ironia e maiêutica. Sócrates dizia
que o seu método dialéctico era como o “parto das ideias”, ou a “arte de trazer à luz”
ao surgimento de novos conhecimentos, através de longas conversas com interlocutores
de todas as classes sociais.
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Sócrates fazia perguntas sobre as ideias, sobre os valores nos quais os gregos
acreditavam e que julgavam conhecer, buscando respostas sobre a origem das coisas e
sobre a essência da vida humana.

Habituado a caminhar pelas ruas da cidade, a sua principal preocupação estava em


suscitar questões e propor diálogos. Sócrates parava os seus interlocutores, e começava
a indagá-los. As perguntas estavam baseadas em diversos temas, como por exemplo, “O
que é justiça?”, “O que é a verdade?” e “O que é o bem?”. A partir dos questionamentos,
era iniciada uma discussão acerca do tema.

A primeira elimina os falsos saberes. É a fase do seu método dialéctico, que ficou
conhecida como ironia ou refutação. O objectivo não era de constranger o interlocutor,
mas sim, purificar o seu pensamento e orientá-lo a desfazer as suas ilusões e os seus
preconceitos, visando apenas à busca racional pela verdade essencial.
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A segunda trata-se de um convite para a “busca” do conhecimento. É a fase do seu


método dialéctico (discussão lógica) ficou conhecida como maiêutica, que é a técnica
de trazer à luz, também chamada de “parir as ideias”. Por meio dela, o filósofo sempre
solicitava vários exemplos específicos do que estava sendo discutido.

Nesse momento o conceito era reconstruído, e o próprio interlocutor era capaz de ir


dando forma às ideias para chegar ao conceito verdadeiro, através de aproximações
sucessivas.

A maiêutica presume uma convicção de Sócrates, que admite que a verdade está no
próprio homem, mas que ele jamais pode atingi-la, porque além de estar desprovido de
métodos adequados, está envolvido por ideias falaciosas e preconceitosas.

Somente o homem que se afasta das ideias falaciosas e preconceitosas, dos vícios e seja
capaz de pôr fim a todos os empecilhos que norteiam a sua vida etsá “provavelmente”
preparado para alcançar o conhecimento verdadeiro.
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PERÍODO SOCRÁTICO

Sócrates o identifica como virtude, que é o oposto do vício, que está directamente
ligado à ignorância. Ou seja, ele afirma que ninguém erra voluntariamente ou faz o mal
porque tem vontade de fazê-lo, e sim por estar envolto, preso à ignorância.

Seguindo essa linha de raciocínio moral socrática, todo o homem que faz o bem para si,
para os outros, para a cidade e para a humanidade é virtuoso. Para Sócrates, ser
virtuoso é conhecer as causas e a finalidade das suas próprias acções, possibilitando
uma vida moral e virtuosa rumo à ideia de Bem.

A dialógica Socrática apresenta uma forma privilegiada de diálogo. A maiêutica


apresenta-se como a “arte” de dialogar, onde Sócrates se pauta pela premissa “só sei
que nada sei”, com a finalidade última, levar através do diálogo os seus discípulos a
aprenderem a construir por si próprios o seu conhecimento.

Este processo dialógico baseia-se na pergunta/resposta, partindo da ironia aqui


entendida, como um esmiuçar e limar de arestas até à iluminação ou luz, ou seja, à
construção e produção de conhecimento, de um conhecimento a aberto para com a
verdade de forma a afastar-se da ‘cracia ignorância’.
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PERÍODO SOCRÁTICO

Este processo é orientado por um grande mestre, Sócrates, que pouco ou nada sabia de
determinados assuntos, e que assumia publicamente como sendo um ente de ‘Douta
Ignorância’.
A ironia socrática baseia-se numa espécie de instigação primária para delimitar um
conceito, contradizendo-o e refutando-o.

Sócrates não tinha intenção de constranger o seu interlocutor, mas sim clarificar o seu
pensamento, desfazendo ilusões e ideias pré-concebidas. Não tinha o intuito de
ridicularizar, mas de fazer brotar o conhecimento.

Mas para que isso fosse possível era necessário que o interlocutor, o público-alvo, os
discípulos abandonassem os seus pré-conceitos e a relatividade das opiniões alheias
que eram generalizadas e passassem então para um estádio de pensamento pessoal e
independente, isto é, um modo de ver, agir, pensar e reflectir por si mesmos com
espírito crítico e reflexivo.
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PERÍODO SOCRÁTICO

Esse exercício ficou conhecido como maiêutica, que significa a arte de “parir”, “dar à luz”
intelectual, neste caso mais propriamente “gerar/parir ideias”, procura da verdade no
interior do ser humano.
Assim, ironia e maiêutica constituíam, por excelência, as principais formas de actuação
do método dialéctico de Sócrates, desfazendo equívocos e desvendando subtilezas que
permitiam a introspecção e a reflexão interna, proporcionando a criação de juízos cada
vez mais fundamentados no "logos" ou razão.
A Maiêutica foi elaborada por Sócrates no século IV a.C. Através desta linha filosófica
ele procura dentro do Homem a verdade. É famosa sua frase “Conhece-te a ti mesmo”,
que dá início à jornada interior da Humanidade, na busca do caminho que conduz à
prática das virtudes morais. Através de questões simples, inseridas dentro de um
contexto determinado, a Maiêutica dá à luz ideias complicadas.
Deste diálogo nascia um novo conhecimento, a sabedoria. Um exemplo comum deste
método é o conhecido diálogo platónico ‘Mênon’ – nele Sócrates orienta um escravo
sem instrução a adquirir tal conhecimento que ele se torna capaz de elaborar diversos
teoremas de geometria.
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POSTULADOS SOBRE A FILOSOFIA GREGA


PERÍODO SOCRÁTICO

Na ciência moderna a maiêutica socrática também ganhou importância e vitalidade.


O conceito de 5W e 2H (O que é? Por quem? Quando? Por que? Onde? Quanto? e
Como?), também conhecido por “5 Porquês” é uma técnica para encontrar a causa raiz
de um determinado defeito ou problema.
É uma técnica de análise que parte da premissa O que?
que ap ó s p e rgu ntar 5 vezes o p o rq u e u m Quanto? Quem?
p ro b l e m a q u e e stá a co nte c e n d o, s e m p re
relacionado a causa anterior, procura determinar
a origem, a causa, a situação e os factos de um
determinado fenómeno ou atividade. Como? Por que?
Esse método é uma construção e uma
reconstrução da Maiêutica Socrática. O método
socrático se divide em duas partes: a primeira
conhecida como ironia e a segunda, conhecida Quando? Onde?
como Maiêutica.
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PERÍODO SOCRÁTICO

LEGALIDADE SOCRÁTICA

Quando se fala de legalidade se refere à presença de um sistema de leis que deve ser
cumprido e que apresenta a aprovação de determinadas acções, actos ou circunstâncias,
em contrapartida, desaprovam a outras que afectam as normas estabelecidas e vigentes.

A lei é uma regra ou norma que deve ser aplicada por uma autoridade competente e
que deve ser respeitada sem exceções pelas pessoas que habitam ou convivem numa
comunidade. Esta lei exige ou então desaprova algo que está em perfeita sintonia com a
justiça e com o bem comum de todos.

O princípio de legalidade surgiu nas sociedades mais antigas que começaram a colocar
por escrito as leis que antes eram somente orais e que era resultado dos costumes e
tradições (leis habituais). Ao colocar as leis por escrito, proporciona verdadeira
identidade para que não haja nenhum tipo de interpretação contrária e estabelece a
submissão de todos e de cada indivíduo na sua existência.
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PERÍODO SOCRÁTICO

Como vimos atrás, aquilo que colocou Sócrates em destaque foi o seu método, e não
tanto as suas doutrinas. Sócrates baseava-se na argumentação, insistindo que só se
descobre a verdade pelo uso da razão.
O seu legado reside sobretudo na sua convicção inabalável de que mesmo as questões
mais abstractas admitem uma análise racional. O que é a Justiça? Será que a alma é
imortal? Poderá alguma vez ser certo maltratar alguém? Será possível saber o que é
certo fazer e, ainda assim, proceder de outro modo?
Sócrates pensava que estes problemas não eram meras questões de opinião. Existem
respostas verdadeiras para eles, que podemos descobrir se pensarmos de uma forma
suficientemente profunda.
Diante disso, Sócrates pondera que é necessário que o magistrado analise e verifique a
rectidão da lei, examine quais razões podem ser aduzidas num determinado caso para,
só depois, saber qual é de facto a acção justa a ser aplicada, entendendo por justiça
certa harmonia não do corpo, mas da alma, já que o mais importante para o homem
não é o mero viver, mas “o bem viver”.
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PERÍODO SOCRÁTICO

As leis argumentam que, caso sejam violadas, a cidade estará em risco, pois, como é
sabido, a cidade não pode subsistir sem leis. O incumprimento da lei bem como a não
administração da lei constitui uma ruptura, um rompimento dos “pactos e acordos” que
ligam o homem à cidade. O que as leis sugerem, portanto, é que o cidadão lhes deve a
mesma obediência que um escravo deve ao seu senhor.
Obviamente, que a obediência socrática não pode ser vista como uma obediência cega,
mas deve ser entendida como aquela percepção, fortemente difundida no pensamento
clássico, de que, uma vez extirpada a lei, resta apenas o arbitrário, que rapidamente se
transmuta em violência.
A escravidão às leis, ou, em termos modernos, o respeito à legalidade, é valor basilar,
sem o qual não pode existir liberdade. Se a liberdade é igual, ela precisa de uma medida,
de um cânon que a fixe com paridade para todos.
O incumprimento das normas e o desrespeito à legalidade expõem à cidade a desordem
e, de certo modo, o acordo que liga o homem à cidade se esvanece e a política ou o
governo se degenera em opressão.
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PERÍODO SOCRÁTICO

Por isso Sócrates assevera que não devemos nos preocupar com a opinião da massa
ignorante que de leis e de outras questões jurídicas nada entendem, mas, sobretudo
preocuparmo-nos com a verdade. Ao contrário do que a multidão pensa, não se deve
retribuir o mal com o mal. Sendo assim, a desobediência às leis seria uma nova forma
de injustiça, consistiria em pagar um mal com outro.

A melhor maneira de saber sobre a verdade das leis, nada melhor do que ouvir as
próprias leis. Sócrates imagina, na sequência, o que estas leis diriam se pudessem
ganhar vida!... É a passagem final do diálogo do Críton de Platão, conhecida como
“prosopopeia das leis” – ou seja, dar uma dimensão humana aos elementos inanimados,
dar sentido humano a algo que não tem vida, personificá-lo.

Na Apologia Sócrates diz que há, para ele, imperativos mais elevados que as ordens do
tribunal ou as leis da cidade. Segundo, Sócrates devemos obedecer sem reservas às
decisões judiciais.
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PERÍODO SOCRÁTICO

O Sócrates estava convicto que caso aceitasse a fuga ele estaria a «destruir» as Leis.
Segundo ele, nenhuma cidade pode subsistir sem leis, sobretudo, quando as sentenças
dos tribunais são desrespeitadas por simples particulares. Sócrates tinha consciência
que apesar da sua condenação ser injusta e apelarem a sua morte, ele não tinha
motivos de queixa contra a cidade.

Sócrates é filho e servo das leis e, portanto, não pode responder à injustiça com outra
injustiça; como não o devem fazer os filhos e servos frente aos pais e aos amos, pois
também os cidadãos não são iguais às leis e à pátria. A pátria é ainda mais venerável
que os pais e antepassados; desobedecer às leis é incompatível com a excelência
pessoal que ele próprio sempre apregoou; desde que entra na plena posse dos seus
direitos civis, o cidadão tem o dever de «persuadir ou obedecer», isto é, fazer ouvir a
sua «voz» ou «sair» da cidade, levando consigo os seus bens e partir para uma colónia
ou outro lugar.
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PERÍODO SOCRÁTICO

O ateniense tem não só a liberdade do cidadão de falar livremente (parresia) ou de


exprimir a sua opinião na assembleia (isegoria), mas também a liberdade do
consumidor de «votar com os pés» porque a cidade não é tirânica e a sua autoridade se
baseia no consentimento ou na convenção com os seus habitantes; em compensação,
àqueles que desejam ficar a lei pede obediência sem reservas, mesmo que isso
signifique espancamento, grilhões ou a convocatória para a guerra, isto é, a cidade pode
pedir-lhe «o supremo sacrifício», sem que o cidadão deserte do seu posto.

A cidade parece reclamar muito e deixar pouco espaço aos cidadãos, que não devem
sequer resistir à injustiça, mas, segundo algumas interpretações, o Críton não é mais
que uma lição de lealdade à constituição ateniense (democrática), a mais importante
lição de Sócrates – afirma Karl Popper – é a lição da sua morte: «Se fico posso colocar
para além de toda a dúvida a minha lealdade ao Estado com as suas leis democráticas e
provar que nunca fui seu inimigo». Assim diz Sócrates: «Não há melhor prova da minha
lealdade que a minha vontade de morrer pelo Estado».
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PERÍODO SOCRÁTICO

A legalidade para Sócrates é uma noção muito rica e essencial para administração da
justiça e para a regência das instuições jurídicas. Isso significa que podemos encontrar
uma norma que segue o princípio da legalidade, mas que no âmbito político ou até
mesmo jurídico não atende as expectativas da sociedade.
Assim, aconteceu com o julgamento de Sócrates, pois, como tenho dito tudo quanto se
sabe, sobre a sua morte “não foi por causa da pérfida acusação de violação às leis, mas
por culpa da ira, do egoísmo e da avareza dos homens”. Os homens de Atenas a quem
Sócrates tentou tanto mostrar os seus ensinamentos e a sua lealdade foram os mesmos
que o condenaram, pois em nenhum momento Sócrates atentou contra a sua pátria,
contra as leis ou contra os deuses.

De facto, para Sócrates a Corte dos Magistrados não só deviam se ocupar do controlo
da legitimidade das normas como também o controlo da legalidade.
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PERÍODO SOCRÁTICO

Na Idade Média, a Magna Carta britânica de 1215, na sua cláusula 48, garantia que
“Ninguém poderá ser detido, preso ou despojado de seus bens, costumes e liberdades,
senão em virtude de julgamento por seus pares segundo as leis (justas) do país”.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, diz: “A lei não deve
estabelecer senão penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser
castigado senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada anteriormente ao
delito e legalmente aplicada”.

Ou ainda, a definição consagrada do princípio da legalidade dada por Paul Johann


Anselm Ritter von Feuerbach, e que faz parte do Código Penal da Baviera de 1813:
“Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege poenali” – “não há crime, tampouco pena,
sem prévia definição legal”.
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POSTULADOS SOBRE A FILOSOFIA GREGA


PERÍODO SOCRÁTICO

Segundo Sócrates, rebelar-se contra as leis, nesse sentido, equivale a aceitar que, na
ausência do parâmetro comum, qualquer homem, por pior que seja, pode ocupar o seu
lugar, impondo os seus próprios padrões contra a liberdade de todos, como dizia
Hobbes, o homem passa a ser então “lobo do próprio homem” – (Lupus est homo
homini lupus) uma expressão latina que foi criada por Plauto (254 –184 a.C.) na sua
obra Asinaria, mais tarde sendo popularizada por Thomas Hobbes, filósofo inglês do
século XVII, na sua obra Do Cidadão.

Para Sócrates, não ter a lei como mestre, como bússola, assim, não significa estar livre
de amarras, mas consentir com a possibilidade de ser subjugado pelos piores mestres,
como foi o caso do próprio Sócrates perante o tribunal dos Trinta.

Logo, não podemos passar ao largo da legalidade, mesmo que com “boas intenções”.
Essa postura e verticalidade de Sócrates diante da legalidade é, com certeza, uma lição
importantíssima para a nossa época, que não raro vê as leis como obstáculos à
realização da “justiça” tal como a plebe ignara a compreende.
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PERÍODO SOCRÁTICO
LEI

§ A cidadania deve ser parceira e partícipe do Estado na realização § A Lei determina a existência do Estado;
do Bem Social e da Paz Perpétua; § A Lei define e protege os direitos do Homem;
§ A cidadania deve ser para o Homem o palco do exercício da § A Lei administra e operacionaliza a Justiça (eficiência e eficácia);

Vertical
democracia, da coisa pública e dos valores morais e cívicos; § A Lei orienta e cobra da Cidadania as suas obrigações
§ A cidadania deve ser o primeiro instrumento e a primeira
advogada da aplicação e realização da Justiça;
§ A cidadania não pode subverter ou anular os princípios
estruturantes e fundamentais da Lei.

CIDADANIA Horizontal HOMEM Horizontal ESTADO

§ O homem deve respeitar, cumprir e fazer cumprir a Lei;


§ O homem de assegurar e proteger a soberania do Estado de toda e qualquer ameaça;
§ O homem deve agir e viver a Justiça segundo o princípio da legalidade e da equidade;
§ O homem deve participar e tomar decisões sobre a Cidadania segundo as regras do Bem
Comum e da Justiça Social.
§ A justiça deve conferir ao Homem igualdade e direitos segundo
§ O Estado deve assegurar, observar e tornar possível a realização da
os critérios da jurisprudência;
Lei;
§ A justiça para com a Lei deve ser um exercício permanente e
Vertical

§ O Estado deve assegurar e garantir a manutenção e a realização do


constante;
Homem;
§ A justiça deve orientar o Estado no cumprimento das liberdades
§ O Estado deve respeitar, cumprir e aplicar a Justiça:
fundamentais, da participação política, da distribuição dos bens e
§ O Estado deve assegurar e promover os direitos de Cidadania.
da riqueza – e assegurar a felicidade das pessoas;
§ A justiça deve ser perceptora da Cidadania e deve merecer de
todos consenso, consentimento e assentimento; Nota: Esquema conbido por Adão Avelino
JUSTIÇA
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PERÍODO SOCRÁTICO

Por fim, o bom cidadão é aquele age e escolhe viver a favor da lei ao longo de toda a
sua vida; é aquele que respeita e cumpre com as leis referentes à justiça, ao casamento,
à alimentação, à educação bem como de outras normas que regulam os “pactos” e os
“acordos” estabelecidos pela cidade.

Para Sócrates, a virtude é a maior forma de se almejar algo que o ser humano tem.
Quanto mais se quer a virtude – que é o objectivo final da vida – mais o homem vai ter
uma vida boa, estando bem consigo mesmo e com os amigos, exercendo os seus
talentos e capacidades totais.

Em outras palavras, o homem vive em virtude da ética, da justiça e da autonomia do


seu pensamento.
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PERÍODO SOCRÁTICO

A MORAL SOCRÁTICA

A Moral socrática é considerada a parte mais importante do pensar do homem para


viver bem e o único meio de alcançar a felicidade por via da prática da virtude e da
moral.
Para Sócrates, o homem deve ser bom, deve ser conscientemente racional, deve ser
responsável, deve ser verdadeiro e justo. Os conceitos éticos devem informar a
personalidade racional e moral do homem, sobretudo, aquilo que o seu intelecto pensa.

É por via dessa elevada forma de conhecimento que alma humana conhece à felicidade,
à justiça. O homem feliz é o que sabe o que é a felicidade. O homem justo é o que sabe
o que é a justiça.
A racionalidade impele o homem a buscar as respostas sobre a origem da essência
humana, sobre verdade, o bem, a justiça, a beleza, virtudes adquiridas por meio do
ensinamento, do reconhecimento de que se tem muito a aprender em torno da
problemática vida.
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PERÍODO SOCRÁTICO

A MORAL SOCRÁTICA

A sua famosa frase “só sei que não sei de nada” é o ponto de partida de toda a sua
metodologia filosófica, daí que, cada um é sábio nas coisas que sabe e mal nas que
ignora – filósofo, Henri Bergson.
O homem é o seu consciente. É essa consciência que o distingue dos outros animais. O
homem é o seu intelecto, os seus conceitos éticos, a sua linguagem, a sua personalidade
racional e moral, no fundo, o homem é aquilo que pensa.
A ética socrática tem por referência máxima buscar o Bem. É o Bem que torna possível a
vida, a boa vida. É o Bem que orienta a conduta de maneira prática do homem no uso
adequado da razão e do conhecimento como forma de explicar e compreender a
virtude e a bondade.
Assim como diz o filósofo Henri Bergson (in Cursos Sobre a Filosofia Grega, Editora:
Matins Fontes, São Paulo, 2005), a moral de Sócrates é uma ciência, a virtude é o
objecto de ensino e, portanto, a virtude é o conhecimento, o raciocínio. Cada um é
sábio nas coisas que sabe e mal nas que ignora.
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PERÍODO SOCRÁTICO

A MORAL SOCRÁTICA

O homem não pode depender apenas da natureza, porque ela, embora nos
predisponha ao bem, não nos fornece uma regra. É preciso então que a reflexão se
acrescente.
A moral provém do latim “mores” e significa hábitos ou costumes. Por outro lado, a
ética resulta do grego “ethos” e significa maneira de proceder, de se comportar,
costume, carácter. Tomas Nagel (1999), Peter Singer (2004), James Rachels (2004)
defendem que estes dois conceitos designam a mesma coisa (de facto, o fio que os
separa, aparentemente, é bastante ténue). No entanto, Adella Cortina, na sua obra Ética
Mínima (Editorial Tecnos, Madrid, 2006), apresenta a possibilidade de separação destes
dois conceitos distintos de reflexão filosófica.
No que respeita às acções humanas orientadas por normas morais apresenta-se como
sendo do foro da moral, no que concerne ao conjunto de normas e juízos morais
vigentes numa determinada sociedade é tutelada pela competência da ética enquanto
reflexão de primeiro nível sobre a moral.
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PERÍODO SOCRÁTICO

A MORAL SOCRÁTICA

No fundo, a moral prende-se com o conjunto de normas instituídas numa sociedade e


as atitudes bem como os comportamentos que o sujeito tem perante essas mesmas
normas.
A ética relaciona-se com a reflexão que o sujeito faz acerca do conjunto das mesmas,
vigentes numa determinada sociedade. A ética se propõem reflectir e compreender a
moral com vista à fundamentação última do agir humano.
Dentro desta perspectiva acima indicada, Adella Cortina apresenta três dimensões de
ética: a ética normativa, a ética aplicada e a metaética.

A primeira - a ética normativa, procura encontrar os princípios morais fundamentais que


orientam a conduta humana, aqueles que permitem distinguir as acções correctas das
incorrectas (bem/mal), questionando, ainda, as regras e os princípios a adoptar para se
saber distinguir o certo do errado.
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POSTULADOS SOBRE A FILOSOFIA GREGA


PERÍODO SOCRÁTICO

A MORAL SOCRÁTICA

A segunda - a ética aplicada, analisa casos particulares como: a eutanásia, a guerra


nuclear, o aborto, o tratamento às minorias étnicas entre outros na tentativa de indicar
soluções para esses problemas.

Por último, a terceira - a metaética, distingue-se das outras duas não só por ser mais
abstracta, mas também por não possuir um carácter normativo/descritivo. Nesta área, o
objectivo não é saber o que devemos fazer ou valorizar, isto é, não é defender
determinados juízos morais, mas sim discutir o que querem dizer os nossos juízos
morais e como podemos avaliá-los, procurando descobrir a origem, a natureza e o
significado dos princípios éticos.

Com o estratagema de cariz prático/reflexivo e dialógico, Sócrates pretende despertar


as consciências dos discípulos não só para a distinção entre o bem e o mal, o certo e o
errado, como também o esclarecimento do que é a moral e a ética, por conseguinte
como se constrói a consciência moral e “civíca” na vida dos homens e da pólis.
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PERÍODO SOCRÁTICO

A MORTE DE SÓCRATES

Os sofistas e alguns membros da elite anteniense incomodados com a argúcia e


estrutura do seu pensamento acusaram-no de desordeiro, subversivo e de ameaça para
o Estado ao submeter os seus velhos e sagrados valores à crítica do pensamento.
Essa acusação de desrespeito aos deuses, de corrupção da juventude e de violar as leis,
foi levado perante o Tribunal da Assembleia Ateniense tendo sido condenado a morte e
a obrigado a beber cicuta.
O que queria Sócrates ao não fugir da prisão, era de não ser chamado de traidor ou de
trazer para sua família essa desonra vergonhosa, a qual ele repugnava. Podia até não
concordar com certas leis de Atenas, dessa forma poderia até escolher morar noutra
cidade, porém, contra tudo e todos, preferiu ficar e aguardar pacientemente a sua
morte, respeitando dessa forma a Lei ateniense e aceitar sem persuadir a decisão dos
magistrados. A sua maior convicção era sem dúvida a obediência e respeito à legalidade,
pois, obedecer e respeitar a Lei, é assumir o bem, a virtude, a beleza e conferir paz à
cidade.
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PERÍODO SOCRÁTICO

O LEGADO DE SÓCRATES

Sócrates não deixou obra escrita, mas o seu nome, o seu conhecimento e o seu exemplo
se eternizou de forma eficiente em quatro as fontes básicas:
A primeira fonte é o filósofo Platão, seu discípulo, em cujos Diálogos o mestre figura
sempre como personagem central;

A segunda fonte é o historiador Xenofonte, amigo e frequentador assíduo das reuniões


que Sócrates participava;

A terceira fonte é o dramaturgo Aristófanes que cita Sócrates como personagem em


algumas das suas comédias, mas sempre o ridiculariza;

A quarta e última fonte é Aristóteles, discípulo de Platão, e que nasceu 15 anos após a
morte de Sócrates.
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PERÍODO SOCRÁTICO

PLATÃO

Platão (428 a.C.-347 a.C.) foi filosofo grego, nasceu em Atenas, foi discípulo de Sócrates,
estudou Literatura, Gramática, Matemática, Geometria, Música, Pintura, Poesia e
Ginástica. É considerado um dos principais pensadores de sua época, preocupado,
sobretudo, com os problemas do conhecimento do mundo e das virtudes humanas.

Para além de outros escritos, Platão escreveu dois grandes tratados -"A República", "As
Leis".
A filosofia de Platão reúne diversas abordagens:

ü Metafísica, retórica, ética, estética, lógica, política, dialéctica e da dualidade


(corpo e alma).
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POSTULADOS SOBRE A FILOSOFIA GREGA

PERÍODO SOCRÁTICO

PLATÃO – TEORIA DAS IDEIAS

A Teoria das Ideias ou Teoria das Formas é a proposição desenvolvida por Platão que
mais se destaca nos seus vários pensamentos relacionados com a sua filosofia.

Para Platão, existem dois mundos, ou seja, a realidade estava dividida em duas partes:
ü O mundo sensível (mundo material), mediados pelas formas autónomas que
encontramos na natureza e percebido pelos nossos cinco sentidos.

ü O mundo das ideias (realidade inteligível) denominado de “mundo ideal”, ou


seja, a ideia que se aproxima da ideia de perfeição de algo.

Para Platão, somente é possível encontrar a felicidade plena, a verdade suprema e


absoluta a partir do mundo das ideias, onde pode ser localizada a essência das coisas.
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POSTULADOS SOBRE A FILOSOFIA GREGA

PERÍODO SOCRÁTICO

PLATÃO – TEORIA DAS IDEIAS

Tudo quanto no percebemos no mundo sensível ou material é enganoso, ilusório e


instável.
Só podemos atingir a felicidade plena, ou seja, o sumo bem, se o nosso intelecto for ao
encontro do conhecimento supremo da realidade, isto é, se formos ao encontro do
mundo das ideias, que correspondente à ideia de bem.
Platão considera que através do conhecimento é possível transcender do mundo
material ao mundo das ideais e contemplar as ideias perfeitas, alcançando assim, a
felicidade.

PLATÃO – TEORIA DAS ALMAS

Platão na sua filosofia apresenta a dualidade entre a alma e o corpo. Para esse filosófo,
o ser humano é imortal e é essencialmente alma.
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POSTULADOS SOBRE A FILOSOFIA GREGA

PERÍODO SOCRÁTICO

PLATÃO – TEORIA DAS ALMAS

Platão na sua filosofia apresenta a dualidade entre a alma e o corpo. Para esse filosófo,
o ser humano é imortal e é essencialmente alma.

A alma pertence ao mundo inteligível que só é apreendido pelo intelecto e nunca pelo
mundo sensível que só é apreendido sobre os nossos sentidos.

A alma estava dividida em três partes:


Alma Concupiscente: está localizada no ventre. A alma concupiscente está
relacionada com os desejos carnais.
Alma Irascível: está localizada no peito. A alma irascível está relacionada com as
paixões.
Alma Racional: está localizada na cabeça. A alma racional está relacionada com o
conhecimento.
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POSTULADOS SOBRE A FILOSOFIA GREGA

PERÍODO SOCRÁTICO

PLATÃO – TEORIA DAS ALMAS

Só harmonizando essas três partes e conduzindo a nossa vida com a elevação da alma
ao mundo das ideias, através da contemplação das ideias perfeitas, é possível alcançar a
felicidade e a ideia suprema do bem.

O homem virtuoso é aquele em que cada parte da


alma realiza na medida justa (sem falta nem excesso) a
função que lhe cabe, sob a regência da parte racional. Cabe,
portanto, à parte racional dominar as outras duas. O
domínio da razão sobre a concupiscência resulta na
virtude da temperança (moderação);
o domínio da razão sobre a cólera produz a
virtude da coragem ou da prudência.
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PERÍODO SOCRÁTICO

PLATÃO – A POLÍTICA

A sociedade livre, justa e unida é aquela que anseia no seu pensamento o constante
contemplar do bem comum, do feminismo e da fraternidade universal do homem, da
distribuição equitativa da riqueza, do amor livre e dos padrões da moralidade pública
em que a virtude reina na soberania.

Por isso mesmo, Platão caracterizou as actividades essenciais da Pólis em três principais
instâncias:
ü A Administração da Pólis
ü A Defesa da cidade
ü A Educação e a Produção de materiais e alimentos
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PERÍODO SOCRÁTICO

PLATÃO – A EDUCAÇÃO

A antiga Educação grega, estava baseada na ginástica, na música e na gramática e era


vista como incompleta.
Com a evolução da própria cultura gerga se impunha a construção de uma nova
abordagem diferenciada e contextualizada sobre a formação do homem na sua mais
pura e harmónica estrutura racional, bem como na sua ideal e total estrutura social.

Então nesse contexto o ideal educativo grego aparece como paideia, formação geral que
tem por tarefa construir o homem como homem e como cidadão.

Surge então a Paideia como um processo de educação na sua forma verdadeira forma
natural e genuinamente da cultura humana na Grécia antiga.
O objectivo da Paideia não era só a de ensinar ofícios, mas sobretudo, formar, preparar
e treinar o homem e o cidadão para a liberdade e para a nobreza.
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PERÍODO SOCRÁTICO

PLATÃO – A EDUCAÇÃO

Platão define a Paideia como “(…) a essência de toda a verdadeira educação que dá ao
homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e que o ensina a mandar e
a obedecer, tendo a justiça como fundamento” .
O conceito de Paideia em toda a sua abrangência não designa unicamente a técnica
própria para preparar a criança para a vida adulta.

A ampliação do conceito fez com que ele passasse também a designar o resultado do
processo educativo que se prolonga por toda vida, muito para além do que se aprende
nos anos escolares.

Para Platão, a Paideia é “o sonho de uma vida harmónica, fraterna, que dominasse para
sempre o caos da realidade”.
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POSTULADOS SOBRE A FILOSOFIA GREGA

PERÍODO SOCRÁTICO

PLATÃO – A EDUCAÇÃO

Segundo Platão, a prosperidade da Pólis se pautava na


sua capacidade de educar as pessoas para que essas
aprendam virtudes e assim trabalhem juntas na
construção de um bem comum.

“Deve-se começar a formação muito


cedo, pois não se deve passar a vida
a aprender, mas a fazer” — Comênio

Se tivermos uma educação na qual o conhecimento


verdadeiro seja a passagem para formação de cidadãos
dispostos para a construção de uma cidade perfeita, as
formas de governos por ele descritas seriam bem-
sucedidas.
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POSTULADOS SOBRE A FILOSOFIA GREGA

PERÍODO SOCRÁTICO

PLATÃO – A POLÍTICA

A Política para Platão era considerada como uma das mais nobres actividades dentro da
Pólis.
Daí a política platónica assumir uma estrutura humanista e reflectir em grande medida
sobre as preocupações do homem, a necessidade de uma sociedade justa, a
organização do Estado e da vida dos cidadãos.
O mundo grego no século IV a. C. foi marcado por uma estrutura de cidades-Estado
dispersas pelo território helénico e com várias correntes de pensamento que se
vislumbravam na degeneração da cultura grega e no caos da realidade.

Essa fragmentação política e social levaram os filósofos a procurar estabelecer uma


ideia sobre as formas de governo que fossem as mais adequadas.

É assim que surge Platão como o primeiro dos gregos a escrever a primeira obra
sistematizada de ciência política do Ocidente, denominada “A República”.
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PERÍODO SOCRÁTICO

PLATÃO – A POLÍTICA

Na sua obra “A República”, reflecte sobre a construção do bem para todos os do homem,
dos governantes e dos cidadãos, a cidadania e a participação moral e cívica de acordo
com as necessidades do Estado, a apresentação e a classificação das formas de governo
e de todas as outras as actividades básicas realizadas na pólis.
A sociedade livre, justa e unida é aquela que anseia no seu pensamento o constante
contemplar do bem comum, do feminismo e da fraternidade universal do homem, da
distribuição equitativa da riqueza, do amor livre e dos padrões da moralidade pública
em que a virtude reina na soberania.
Por isso mesmo, Platão caracterizou as actividades essenciais da Pólis em três principais
instâncias:
ü A Administração da Pólis
ü A Defesa da cidade
ü A Educação e a Produção de materiais e alimentos
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PERÍODO SOCRÁTICO

PLATÃO – AS FORMAS DE GOVERNO

O problema social, a sua organização, os seus mecanismos – e, com ele, os problemas


políticos – a relativos à origem e à função do Estado, à sua organização, à sua melhor
forma de administração, ao seu fim específico, à natureza da acção política e das suas
relações com a acção moral – ocuparam os filósofos gregos a perceber o quanto era
necessário a emergência de alteração do discurso político corrosivo que existia e
valorizar o pensamento racional para do discurso político e filosófico.

Entre essas ideias, pode-se destacar:


I) – A Democracia racional, defendida por Demócrito;
II) – A Oligarquia comercial, defendida por Sócrates;
III) – A Aristocracia rural, defendida por Heráclito;
IV) – O Governo de filósofos, defendido por Platão.
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PERÍODO SOCRÁTICO

PLATÃO – AS FORMAS DE GOVERNO

Todavia, os dirigentes das cidades deveriam ser filósofos detentores do conhecimento


verdadeiro, os seus atributos precisariam ser diferenciados como ser moralmente bons
e honestamente justos.
Deveriam ser cidadãos comprometidos com os seus deveres e de acordo com assuas
respectivas virtudes, para administração da Pólis.

Platão propõem três formas de governo: a Monarquia, a Aristocracia e a Democracia.

A Monarquia é o governo em que apenas uma pessoa exerce o poder. Essa pessoa seria
o Rei-Filósofo.
O filósofo é alguém cuja alma aspire as mais ilustres virtudes daí poder ser indicado
para governar.
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PERÍODO SOCRÁTICO

PLATÃO – AS FORMAS DE GOVERNO

A Aristocracia é o governo composto por um grupo de pessoas escolhidas segundo as


suas competências, as suas virtudes, a boa educação moral e devoção os interesses do
povo a fim de construir e edificar o bem comum.
A Democracia é governo de muitos. Porém, nem todas as pessoas eram autorizadas a
falar e a votar na assembleia, este privilégio era concedido apenas aos cidadãos.

Por isso mesmo, nem as mulheres, nem os escravos e nem os estrangeiros podiam
tomar parte da coisa pública.

Mesmo para os cidadãos atenienses só teriam espaço e possibilidade de participação na


administração da cidade, caso tivessem mais de vinte anos e se fossem proprietários de
terras.
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PLATÃO – A DEGENERAÇÃO POLÍTICA

Cada um desses três governos é passível de degeneração.


A Monarquia pode se tornar numa tirania. Num governo em que o monarca é
extremamente repressor e utiliza os seus poderes para benefício próprio de maneira tal
que a sua vontade é imposta acima da vontade do povo.
A Aristocracia pode se transformar em oligarquia. Num governo em que uma pequena
elite detém o poder e o usa para benefício próprio em detrimento de zelar pelo bem
colectivo. É como se os políticos governassem para favorecer a eles mesmos e aos seus
Familiares.
A Democracia pode degenera numa demagogia. Por conta desta degeneração, o povo
não consegue agir de maneira colectiva sendo propícia a geração de conflitos e,
naturalmente, dando lugar a desordem e ao caos social.
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PLATÃO – A DEGENERAÇÃO POLÍTICA

Em síntese, para Platão, existe uma ordem classificatória das Formas de Governo: a
mais ilustre delas é a aristocracia seguida da timocracia, a oligarquia, a democracia, a
demagogia e, por último, a mais vil, é a tirania.

FORMA DE GOVERNO CARACTERÍSTICA VIRTUDE DEGENERAÇÃO

MONARQUIA Governo de um só Unidade Tirania

ARISTOCRACIA Governo dos melhores Qualidade Oligarquia

DEMOCRACIA Governo de muitos Liberdade Demagogia


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ARISTÓTELES

Aristóteles, de origem aristocrática, nasceu em Estagira no ano de 384 a.C. e morreu em


Atenas no ano de 322 a.C., frequentou a Academia de Platão e causou uma grande
admiração pelo seu comportamento requintado e pela sua inteligência.

Filósofo dedicado e de requintado sucesso, estudou Geometria, Física, Química,


Botânica, Astronomia, Matemática e foi também a pedido do Rei Filipe II preceptor de
Alexandre Magno na corte da Macedónia durante quatro anos.
Aristóteles afirmava que só existe um mundo aquele que conhecemos e que captamos
através dos sentidos e do nosso intelecto.
Aristóteles cria o conceito de substância ao afirmar que não existe a ideia de um
objecto sem o próprio o objecto.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES

Entretanto, é possível superar a ideia abstracta e conhecer o objecto através de


características como o material, a forma, a origem e a finalidade desse mesmo objecto.
Refere-se também, que todos os objectos da Natureza estão em constante movimento,
classificando deste modo, os três tipos fundamentais de movimento: nascimento,
destruição e transformação.
A filosofia de Aristóteles abrange matérias relacionadas com a natureza de Deus
(Metafísica), do homem (Ética) e do Estado (Política).

ARISTÓTELES - METAFÍSICA

A Metafísica é a filosofia primeira e se ocupa da investigação "do ser enquanto ser".


Para Aristóteles, Deus não é o Criador, mas o motor do universo. Deus não pode ser
resultado de alguma acção, não pode ser escravo de senhor algum.
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ARISTÓTELES - METAFÍSICA

A Metafísica é a filosofia primeira e se ocupa da investigação "do ser enquanto ser".


Para Aristóteles, Deus não é o Criador, mas o motor do universo. Deus não pode ser
resultado de alguma acção, não pode ser escravo de senhor algum.
A fonte de toda a acção, é o senhor de todos os senhores, é o instigador de todo o
pensamento, é o primeiro e o último Motor do Mundo, é Deus na sua intensa unidade e
indivisibilidade.
Para sustentação desta tese Aristóteles apresenta os seguintes princípios:
ü Identidade - Uma proposição é sempre ela mesma;
ü Não contradição - Uma proposição somente pode ser falsa ou verdadeira e não
ambas;
ü Terceiro excluído - Não existe terceira hipótese para uma proposição: apenas
falsa e verdadeira.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – A METAFÍSICA

Além disso, Aristóteles sugere as quatro causas para a existência das coisas:
ü Causa material - indica do que é feita a coisa;
ü Causa formal - indica qual a forma da coisa;
ü Causa eficiente - indica o que dá origem à coisa;
ü Causa final - indica qual a função da coisa.

ARISTÓTELES – A ÉTICA

Para Aristóteles tudo tende ao bem. O bem é o fim de todas as coisas.


Existem duas formas de alcançar o bem. Uma através de actividades práticas, onde se
incluem ética e política, outra através de actividades produtivas, onde se incluem artes
e técnicas.
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ARISTÓTELES – A ÉTICA

A Felicidade (eudaimonia) é o único objectivo do homem. E se para ser feliz, é preciso


fazer o bem ao outro. O homem é um ser social e, mais precisamente, um ser político.
Com efeito, cabe ao Estado “garantir o bem-estar e a felicidade dos seus governados”.
A busca pela felicidade é uma finalidade natural de todos os seres humanos. A
felicidade é um fim em si mesma, (ser feliz é o objectivo da própria felicidade) os seres
humanos buscam a boa-vida, a vida justa e a vida feliz.
Para isso, é necessário buscar o justo-meio, a prudência e o conhecimento prático
capaz de conduzir o indivíduo no caminho virtuoso para o bem e para a felicidade.

Só o ser humano é capaz de perceber a relação de causa e efeito das suas acções e
orientá-las para o bem, porque só ele, tem a razão e a capacidade de agir, de deliberar
e fazer escolhas
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – A ÉTICA

Por exemplo, tudo quanto se sabe, até hoje, os seres humanos não podem deliberar
sobre as leis da natureza, sobre as estações do ano, sobre a duração do dia e da noite.
Tudo isso são condições necessárias, são leis da natureza (não há possibilidade de
escolha).

A ética opera no campo do possível, tudo aquilo que não é uma determinação da
natureza, mas depende das deliberações, escolhas e da ação humana.

Para isso, é necessário buscar o justo-meio, a prudência e o conhecimento prático


capaz de conduzir o indivíduo para o caminho da virtude, para o caminho do bem.

A virtude é o "bem agir" baseado na capacidade humana de deliberar, escolher e agir.


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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – A JUSTIÇA

Para Aristóteles, a Justiça é a virtude da "Equidade", que tem por objecto ordenar e
dirigir a convivência humana segundo o critério dessa "Equidade".
Existem quatro categorias de justiça. Todas são indispensáveis à vida dentro de qualquer
sociedade:
Justiça comutativa. É a que deve existir entre homens, entre cidadãos e
governantes, entre colegas de trabalho, entre familiares, entre alunos e
professores, entre empregados e patrões, exigindo que cada pessoa dê a outra o
que lhe é devido.

A sua função é dar desigualmente aos desiguais para torná-los iguais.


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ARISTÓTELES – A JUSTIÇA

Justiça Legal. A Justiça legal regula as relações sociais entre cidadãos livres e iguais,
determinando que o justo meio da acção virtuosa é o tratamento igual pelo
principio da isonomia.

A “justiça” o respeito pela lei e o respeito à igualdade. É o nosso dever, enquanto


cidadão, de cooperar com os governantes, para que eles possam promover os bens
públicos e trabalharem pelo bem comum.

O dinheiro recolhido da cobrança dos impostos, por exemplo, é deve ser racionalmente
empregue na construção de estradas, hospitais, escolas, pontes, em Serviços
Públicos tais como: Serviços de Emergências Médicas, Serviços de Protecção Civil e
Bombeiros, Serviços de Correios e Telégrafos, Serviços de Vigilância Pública, Esquadras
de Polícia, Lares de Acolhimento e de Protecção da Terceira Idade, etc.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – A JUSTIÇA

A justiça é o principio basilar de um pacto que objectiva manter a ordem social através
da preservação dos direitos na sua forma positivista ou na sua aplicação a casos
litigiosos.

A Justiça legal é a virtude completa, pois determina o cumprimento das leis e o


respeito à igualdade entre todos os cidadãos. Ela é uma "virtude inteira", assim como a
justiça é o "vício inteiro".

A legislação prescreve todos os actos de bondade e Justiça como regra e proibe todos
os actos que vão de encontro a esse preceito.

Cumprir a lei nada mais é do que praticar todos os actos virtuosos, individualmente e
colectivamente.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – A JUSTIÇA

A Justiça é, portanto, uma virtude completa, não em sentido absoluto, mas nas nossas
relações com os outros.

“O homem justo é aquele que se conforma à lei e respeita a


igualdade; injusto é aquele que contraria a lei e a igualdade"

É por isso que muitas vezes a Justiça é considerada como “a


virtude mais perfeita e nem a estrela vespertina e nem a estrela
matutina são mais admiradas que ela"
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – A JUSTIÇA

A Justiça Distributiva como critério de progressão geométrica é explicada na Ética a


Nicómaco, como aquela que se aplica na repartição das honras e dos bens da
comunidade, segundo a noção de que cada um perceba o proveito adequado aos seus
méritos.

Justiça Distributiva. Atinge fundamentalmente a capacidade de gestão e de


administração de quem dirige e governa o erário público.

Quem dirige, quem administra, quem governa deve repartir com equidade, distribuir
com justiça, os bens e os encargos públicos entre os membros da comunidade nos
termos da norma da cooperação social.
É responsabilidade dos governantes promover o bem-estar e a paz social de todos os
cidadãos, tendo como fundamento último, a justiça distributiva.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – A JUSTIÇA

O principio é o da igualdade proporcional – o proporcional é um meio termo – por isso,


o justo é o proporcional e o injusto é o que quebra a proporcionalidade.
Na Ética Nicómaco, Aristóteles considera que "o homem mais perfeito não é
aquele que exerce a sua virtude somente para si mesmo, mas aquele que a
pratica também, em relação aos outros, e isso é uma obra difícil"
Podemos observar claramente que a Justiça distributiva nos nossos dias, é entendida
como o princípio geral das igualdades das relações jurídicas e da justa repartição de
bens.
Um exemplo disto é a forma como os vários dispositivos constitucionais versam sobre
os direitos e garantias de protecção das pessoas e dos cidadãos: "todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se a todos a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – A JUSTIÇA

Justiça social. É um dever de consciência moral e de cidadania activa e


participativa no poder político e que abrange todos os membros da comunidade.

Em caso de calamidade pública, por exemplo, devemos socorrer de alguma forma as


vítimas. Devemos acudir e encontrar soluções pontuáis para àqueles que estejam
acometidos com a fome e com a falta de alimentos, que estejam abraços com a seca ou
enchentes, que estejam ao relento por falta de moradias, ou até mesmo, a possibilidade
de encontrar soluções para àquelas pessoas que estejam cercadas pelo analfabetismo.

É competência de toda a sociedade, pontualmente, resolver em conjunto, de forma


unida e solidária àquelas pessoas que estejam envolvidas em sofrimento ou em
dificuldades por várias razões adversas.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – A JUSTIÇA

Ao apresentar as formas de governo e os diferentes regimes políticos, Aristóteles se


interessa pela qualidade das instituições políticas (administração da justiça, assembleias,
tribunais, forma da colecta de impostos e tributos, distribuição da riqueza, organização
do exército, educação e formação integral do cidadão, etc.).

A qualidade justa da cidade depende das virtudes das instituições.

Uma das questões fundamentais do pensamento político de Aristóteles é saber qual a


melhor forma de governo e como esse governo deve ser organizado.

Para Aristóteles, existem seis formas de governo diferentes. Em primeiro lugar, aqueles
governam e que trabalham em favor do bem comum. Essas são as formas puras de
governo: a Monarquia, a Aristocracia e a Democracia.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – AS FORMAS DE GOVERNO E O REGIME POLÍTICO

O primeiro é o governo de uma só pessoa. O segundo é o governo de poucas pessoas –


dos “melhores” – , no sentido de moralmente e intelectualmente superiores à média da
população. O Terceiro é o governo de muitas pessoas – o governo do povo.
Existem também as formas corruptas de governo, que são aquelas que administram e
governam em benefício do interesse próprio.
A Monarquia quando corrompida se torna em Tirania, na qual uma pessoa se apodera
do governo para benefício e uso exclusivamente pessoal.
A Aristocracia quando corrompida se transforma numa Oligarquia, na qual algumas
famílias ou os mais ricos tomam o poder para vantagem própria.
A Democracia quando corrompida se converte em Demagogia, na qual os mais pobres
usam e abusam o governo em favor dos seus interesses.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – AS FORMAS DE GOVERNO E O REGIME POLÍTICO

Um Poucos Muitos

Forma Pura Monarquia Aristocracia Democracia

Forma Corrompida Tirania Oligarquia Demagogia

Para Aristóteles, a forma de governo é o modo como o poder político é distribuído entre
as pessoas que fazem parte de uma sociedade.
Os diferentes tipos de formas de governo são classificados de acordo com dois critérios:
v o número de pessoas que possuem poder político e;
v a finalidade para a qual usam esse poder.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – AS FORMAS DE GOVERNO E O REGIME POLÍTICO

Aristóteles elaborou um projecto político de governo que fosse viável, e desenvolveu


uma política prática para o homem comum. Porém, esse homem comum não era um
homem qualquer.

Era um homem bem instruído, talhado ética e moralmente, com determinadas posses,
que o permitisse ter ócio suficiente para se dedicar aos estudos e à política.

Assim a cidade, a sociedade, a Pólis que esse homem aristotélico habitaria seria a
melhor possível e provavelmente a mais justa.

A República, cidade, a sociedade, a Pólis teria a sua constituição como sendo um reflexo
desse tipo de homem ética e racionalmente bem estruturado, sendo, portanto, uma
construção natural já que é da essência do homem viver em comunidade, ou seja, ser
um animal político. Por isso, Ele até nos compara com as abelhas que são entes
gregárias por natureza.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – AS FORMAS DE GOVERNO E O REGIME POLÍTICO

“A pólis é uma criação natural, e o homem é, por natureza, um animal social, e um


homem que por natureza, e não por mero acidente, não fizesse parte de pólis alguma,
seria desprezível ou estaria acima da humanidade, e se poderia compará-lo a uma peça
isolada do jogo de gamão. Agora é evidente que o homem, muito mais que a abelha ou
outro animal gregário, é um animal social.”

A ligação entre ética e política é evidente, na medida em que a questão do bom governo,
do regime justo, da cidade boa, depende da virtude do bom governante e da
participação.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – A EDUCAÇÃO

Não existe nenhum escrito de Aristóteles de forma directa sobre educação.


Normalmente, faz-se uma interpretação da Ética a Nicómaco, onde explicita o carácter
da sua ética que – em síntese – seria o bem agir perante a sociedade e praticar actos
virtuosos para com o Estado e os seus concidadãos.

A educação pensada sobre a óptica aristotélica é aquela na qual os homens são


treinados para o exercício da virtude e para a aplicação da ética na sociedade.

O homem seria naturalmente um ser político, nascido, portanto, para a vida em


sociedade.
Aristóteles tinha uma visão diferente não só de Platão mas como também de Isócrates.
O primeiro, porque defendia uma educação embasada num ideal de BEM SUPREMO
para a vida e o segundo, pelo ensino da retórica como elemento indispensável para a
vida.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – A EDUCAÇÃO

Aristóteles acreditava que a educação não deveria ser de um ideal utópico de vida,
sabendo da imperfeição humana que amarra o próprio homem.

A educação deve ser feita com base em um conjunto de exercício da virtude e das
acções virtuosas na sociedade e em segundo plano na preparação da artes e das
técnicas necessárias a realização dos bens materiais.

O exercício da virtude não se daria sem uma instrução,


a natureza humana não teria a capacidade de agir
deliberadamente para com os actos virtuosos, seria
preciso uma instrução para agir de modo virtuoso na
sociedade.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – A EDUCAÇÃO

Para Aristóteles, a educação deveria ser uma responsabilidade e um direito do Estado


permitindo uma educação pública voltada para todos.
Ao mesmo tempo, defende que a educação deveria ter os seus fundamentos no
alicerce da família como parte complementar do Estado e, por esta razão, deveria ser
também supervisionada pelo Estado a fim de se poder garantir a sua qualidade e com o
intuito de melhor preparar a criança para vida na Pólis.

Para o filósofo Aristóteles, a forma de se educar uma criança seria através da repetição.
Uma criança estaria a ser bem educada apreendendo e repetindo os gestos de virtude
demonstrados pelos os seus preceptores. Daí, a necessidade de as crianças terem uma
boa instrução.

Mas, como seria de facto essa boa instrução, essa boa educação para Aristóteles?
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – A EDUCAÇÃO

Aristóteles toma como referência positiva a educação na Cidade-Estado de Esparta.


Ao nascer, todas as crianças eram apresentadas para uma comissão de avaliadores que
decidiam se esta deveria ou não continuar a viver. Se não fosse forte, perfeita e
saudável a criança não tinha direito à vida. Era sacrificada em benefício da pátria.

Se fosse forte e perfeita, sem nenhum


indício de doença, seria mantida com a
família até idade de sete anos, quando
então o Estado se apropriava dela e lhe
garantia educava até os vinte anos, sob a
autoridade de um magistrado responsável
por sua formação física, moral e cívica.
Era uma educação austera, dura, que tinha como objetivo o ensino da obediência às leis
e o servir à Pátria.
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PERÍODO SOCRÁTICO

ARISTÓTELES – A EDUCAÇÃO

A educação é um instrumento pelo qual o homem se realiza no sentido político


A educação do homem no sentido da sua realização política deve ter como fundamento
os preceitos, as normas instituídas pelo Estado, e por isso mesmo, a educação deve ser
ministrada pelo Estado,

Entretanto, no Livro Ética a Nicómaco, Aristóteles pensa em uma educação que também
pode ser ministrada pelo ensino privado.
O seu único receio sobre a educação privada assentava na possibilidade de cada um
poder ensinar o que quisesse para os seus alunos, podendo mesmo pôr em causa, a
consistência da doutrina do Estado.
Já na Educação pública o processo aprendizagem seria mais coeso para com os ideais do
Estado. Os cidadãos estariam mais unidos e mais comprometidos com o Estado,
defendo não os seus interesses pessoais, mas acima de tudo, os interesses da Pólis.
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PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO - ENQUADRAMENTO

A civilização helenística foi o resultado da fusão de diversas sociedades, principalmente


grega, persa e egípcia.

A cultura grega mesclada a elementos orientais deu origem à Cultura Helenística, numa
referência ao nome como os gregos chamavam a si mesmos – Helenos.

Os Helenos desenvolveram a pintura e a escultura, onde retratavam com perfeição a


natureza e o movimento dos corpos. Um exemplo é a escultura de mármore,
"Laocoonte e seus filhos".

A sua arquitectura impressiona pela riqueza e pelo porte, como o altar de Zeus em
Pérgamo (180 a.C.), que foi reconstituído e encontra-se no Museu de Berlim.
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POSTULADOS SOBRE A FILOSOFIA GREGA

PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO - ENQUADRAMENTO

No Oriente Médio, os principais centros de cultura helenística foram Alexandria (no


Egipto), Pérgamo (Ásia Menor) e a ilha de Rodes, no mar Egeu, com os seus grandes
palácios de mármore, ruas amplas, escolas, bibliotecas, teatros, academias, museus e
até um Instituto de Pesquisas.
O PERÍODO HELENÍSTICO - CORRENTE DE PENSAMENTO ESTÓICO

O pensamento filosófico helenístico era dominado por duas correntes:

v O Estoicismo: que acentuava a firmeza do espírito, a indiferença à dor, a


submissão à ordem natural das coisas e a independência em relação aos bens
materiais;
v O Cinismo: que tinha total desprezo aos bens materiais e ao prazer;
v O Epicurismo: que aconselhava a busca do prazer.
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POSTULADOS SOBRE A FILOSOFIA GREGA


PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO – ORIGEM DO TERMO E FUNDAÇÃO DA ESCOLA ESTÓICA

O termo “Estoicismo” surge da palavra grega “stoá”, que significa pórtico, locais de
ensinamentos filosóficos. Defendiam a paz de espírito e consideravam a auto-suficiência
como o seu maior objectivo.

O Estoicismo ou Escola Estóica é uma doutrina filosófica fundamentada nas leis da


natureza, que surgiu na Grécia no século IV a.C. (por volta do ano 300), durante o
período denominado helenístico (III e II a.C.).

Foi fundada pelo filósofo grego Zênon de Cítion (333 a.C.- 263 a.C.), e vigorou durante
séculos (até III d. C.) tanto na Grécia, quanto em Roma.

A "virtude" é considerada suficiente para atingir a felicidade. A Escola Estóica


influenciou o desenvolvimento do Cristianismo.
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POSTULADOS SOBRE A FILOSOFIA GREGA


PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO – DIVISÃO OU FASES DO ESTOICISMO

O estoicismo está dividido em três períodos ou fases, a saber:


v Estoicismo Antigo (stoá antiga): período mais focado na doutrina ética. Os
maiores representantes do período foram os filósofos Zênon de Cítion, Cleantes
de Assos e Crisipo de Soli.
v Estoicismo Helenístico Romano (stoá média): período mais eclético, donde se
destacaram os filósofos Panécio de Rodes, Posidônio de Apameia e Cícero.
v Estoicismo Imperial Romano (stoá nova): de cunho mais religioso, sendo os
seus principais representantes os filósofos Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio.
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POSTULADOS SOBRE A FILOSOFIA GREGA


PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO – PRINCIPAIS FILÓSOFOS

Alguns dos principais representantes do estoicismo:


Cleantes de Assos (330 a. C.-230 a. C.)
Discípulo do fundador da Escola Estóica Zênon, Cleantes nasceu em Assos, actual
Turquia, sendo a sua principal obra “Hino a Zeus”. Importante no desenvolvimento do
estoicismo e da introdução do conceito do materialismo na Escola Estóica.
Crisipo de Solis (280 a.C.-208 a.C.)
É um dos maiores representantes do estoicismo. Nascido em Solis, foi discípulo de
Cleante de Assos e teve um papel importante na disseminação e sistematização dos
conceitos estóicos.
Epicteto (55-135)
Filósofo grego nascido na cidade de Hierapólis, actual Turquia. Viveu grande parte da
sua vida como um escravo romano e da sua obra destacam-se: “Manual de Epicteto” e
“Discursos”, editadas pelo seu discípulo Arriano de Nicomedia (86-175).
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FACULDADE DE DIREITO
Adão Avelino

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PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO – PRINCIPAIS FILÓSOFOS

Alguns dos principais representantes do estoicismo:


Sêneca (4 a.C-65)
Filósofo, orador, poeta e político, Lúcio Aneu Sêneca nasceu na cidade de Córdoba,
actual Espanha, sendo considerado um dos mais importantes intelectuais do Império
Romano. Importante representante da terceira fase estóica (nova), Sêneca focou-se nos
conceitos sobre a ética, física e lógica para o desenvolvimento da Escola Estóica. Das
suas obras destacam-se os Diálogos, Cartas e Tragédias.

Marco Aurélio (121-180)


Imperador e filósofo romano, nascido em Roma foi um dos representantes da terceira
fase estóica (Imperial Romana). Os seus estudos estiveram baseados principalmente nos
temas religiosos, em detrimento dos temas científicos.
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PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO - BREVE CONCLUSÃO

O Estoicismo, baseado numa ética rigorosa de acordo com a leis da natureza,


assegurava que o universo era governado por uma razão universal divina (Logos Divino).
Para os estóicos, a felicidade era encontrada na dominação do homem ante as suas
paixões (considerada um vício da alma) em detrimento da razão. Em outros termos, os
estóicos cultivavam, sobretudo, a perfeição moral e intelectual inspirada no conceito de
“Apathea”, que significa a indiferença em relação a tudo que é externo ao ser.

O PERÍODO HELENÍSTICO - ORIGEM DO TERMO E FUNDAÇÃO DA ESCOLA EPICURISTA

O Epicurismo foi uma doutrina filosófica criada pelo filósofo grego Epicuro (341-271
a.C.), o "profeta do prazer e da amizade".
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PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO - ORIGEM DO TERMO E FUNDAÇÃO DA ESCOLA EPICURISTA

A filosofia epicurista foi divulgada pelos seus seguidores, dentre eles, se destaca
Lucrécio, o grande poeta latino (98-55 a.C.).
Na Física, a principal característica do Epicurismo é o Atomismo. Na Moral, a
identificação do bem soberano como prazer, que há de ser encontrado na prática da
virtude e na cultura do espírito.

A doutrina de Epicuro substitui o bem pelo prazer e o mal pela dor. A felicidade
consiste em assegurar-se com o máximo de prazer e o mínimo de dores, por meio da
saúde do corpo e do espírito.

Para os epicuristas, todas as Sociedades complexas estabelecem certas regras


necessárias, com vista a manutenção da segurança e da ordem.
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PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO - ORIGEM DO TERMO E FUNDAÇÃO DA ESCOLA EPICURISTA

Os homens obedecem as regras sociais apenas por ser-lhes vantajoso. Assim a origem e
a existência do Estado estão baseadas directamente no interesse individual.
De modo geral, Epicuro não atribuía grande importância nem a vida política nem à vida
social. Considerava o Estado como uma mera conveniência e aconselhava o homem
bem avisado e preparado a que não participasse da vida pública.

Por isso, devem “cultivar o seu jardim”, estudar filosofia e gozar da convivência dos
seus poucos amigos, de mesmo temperamento.

O PERÍODO HELENÍSTICO - PRINCIPAIS FILÓSOFOS

Epicuro, nasceu na ilha de Samos, Grécia, em (341 a.C.-271 a.C.), estudou filosofia, foi
aluno de Pânfilo, seguidor das ideias de Platão, foi um filósofo grego, viveu no período
denominado Helenístico.
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PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO - PRINCIPAIS FILÓSOFOS

Considerado o "Profeta do Prazer" e o "Apóstolo da Amizade", Epicuro foi o primeiro a


sugerir o que viria a ser a teoria darwiniana das espécies, ao apresentar um esboço,
extraordinariamente moderno, da evolução, 2.300 anos antes de Darwin.

Epicuro utilizou-se da Teoria Atômica de Demócrito para justificar que o átomo era o
elemento formador de todas as coisas e poderia formar outros corpos, mesmo com a
morte física

Epicuro deu origem a filosofia epicurista, baseada no prazer da amizade. Epicuro não
acreditava na imortalidade. A vida, dizia ele, era uma tragédia. Não somos filhos de
Deus, vivemos e morremos por acaso e depois da morte não há outra vida.

Epicuro dizia que era um dever do homem tornar a vida presente a melhor possível. E a
melhor espécie de vida era a vida de prazer – não de prazer turbulento, mas de prazer
refinado.
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O PERÍODO HELENÍSTICO - PRINCIPAIS FILÓSOFOS

Cultivar a felicidade da vida simples. Aprender a gozar do pouco que tendes e evitar os
excitamentos de ambicionar mais.
Desenvolver o talento de adquirir amigos. Não podeis ser mais felizes do que partilhar
vossa felicidade com vossos amigos.

O PERÍODO HELENÍSTICO - ORIGEM E FUNDAÇÃO DA ESCOLA CÍNICA

A corrente Filosófica do Cinismo teve origem com Antístenes (445-365 a.C.), um dos
discípulos de Sócrates. A partir dos ensinamentos de Sócrates, Antístenes assumiu que
a virtude é o que fundamenta a existência humana, e não o prazer.
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PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO - ORIGEM E FUNDAÇÃO DA ESCOLA CÍNICA

Antístenes dedicou a sua vida a demonstrar que o valor da existência humana não
pode ser medido através da propriedade, mas do desenvolvimento pleno da sua
humanidade.

Para Antístenes, a busca pelo prazer afasta os indivíduos da verdadeira felicidade, e por
isso mesmo, escolheu viver uma vida ascética, sem luxo nem bens.

O termo Cinismo tem origem no grego kynismós, que significa "como um cão" e reflecte
a forma de vida dos adeptos dessa filosofia.

O Cinismo é uma corrente filosófica que pregava o total desprezo pelos bens materiais e
pelo prazer.
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PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO - ORIGEM E FUNDAÇÃO DA ESCOLA CÍNICA

Para os Cínicos, a filosofia moral não poderia estar separada do modo de vida dos
filósofos. Eles deveriam ser exemplos daquilo que afirmam. Viver a existência humana
de acordo com a virtude fora de qualquer prazer, luxúria, riqueza e bens materiais. O
filósofo cínico é aquela pessoa que não deve apegar-se às convenções sociais para não
deixar-se corromper. Nisso reside a sua superioridade.

Os Cínicos foram conhecidos como aqueles que vivem como cães ou como os filósofos
"caninos". Eram reconhecidos pela sua falta de apego material, pela sua falta de pudor,
pela sua fidelidade à filosofia e pelo seu comportamento feroz com aqueles de quem
não gostam.

Por isso, os filósofos cínicos eram também identificados por possuírem apenas um
manto dobrado como vestimenta, um bastão para auxiliar nas caminhadas e uma sacola
para carregar algum donativo.
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PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO - PRINCIPAIS FILÓSOFOS

Antístenes (445-365 a.C)


Antístenes foi o fundador do pensamento cínico. Suas obras tinham como tema central
a ética, a natureza e a lógica.

A Escola Cínica se diferencia de outras escolas da filosofia grega por não possuir um
ambiente de aulas onde mestres e discípulos transmitem o conhecimento. Ela se dá
pela imitação de uns pelos outros e pela adesão ao estilo de vida cínico.

Não havia entre os cínicos qualquer texto ou estrutura organizacional que os


identificassem como uma escola de pensamento. Havia apenas um modo de vida
exemplar.
“A riqueza e a pobreza das pessoas encontram-
se não em seus bens imóveis, mas em seus
corações”.
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PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO - PRINCIPAIS FILÓSOFOS

Diógenes Sínope (412-323 a.C.) - O símbolo da simplicidade.


Nascido na cidade de Sínope (actual Turquia). Diógenes era filho de um fabricante de
moedas. Foi discípulo de Antístenes e o mais conhecido entre os cínicos.

A filosofia e o modo de vida de Diógenes era admirado por diversas pessoas na Grécia
antiga, dentre elas, o Imperador Alexandre, o Grande.
Alexandre foi até Diógenes e perguntou o que ele queria. Sem hesitar Diógenes
respondeu: “Senhor, apenas não tire de mim o que não pode me dar”.

Diz-se que o Imperador Alexandre, o Grande teria respondido: “Sim, podes sair da
frente do meu sol”. Impressionado com o desprezo do filósofo, o conquistador
comentou: “Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes”.
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PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA

O PERÍODO HELENÍSTICO - PRINCIPAIS FILÓSOFOS

Diógenes por repudiar o prazer e os bens, vivia uma vida de total negação de posses
para atingir a plenitude por meio do conhecimento. Sobreviveu durante muito tempo
em função da ofertas de alimentos, muito parecido com o modo de vida de um
mendigo.
O filósofo escreveu uma obra intitulada “A República” em que ele critica a valores da
sociedade grega. Faleceu em 327 a.C., na cidade grega de Corinto. Em sua lápide foi
escrita a seguinte frase:
“O próprio bronze envelhece com o tempo, mas tua gloria, Diógenes, nem toda a
eternidade destruirá; pois apenas tu ensinaste aos mortais a lição da autossuficiência na
vida e a maneira más fácil de viver”

“A sabedoria serve de freio à juventude, de


consolação à velhice, de riqueza aos pobres e de
ornamento aos ricos”.
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O PERÍODO HELENÍSTICO - PRINCIPAIS FILÓSOFOS

Crates de Tebas (365-285 a.C.)


Crates foi discípulo de Diógenes, possuía uma deficiência física que o fazia mancar de
uma perna.

Crates era conhecido como "o abridor de portas" por visitar os seus amigos sem ser
anunciado. Entrava na casa das famílias e costumava a ajudar a resolver as desavenças
familiares.

Oriundo de uma família rica, abdicou de seus bens para se dedicar ao Cinismo. Era
casado com uma outra filósofa cínica, Hipárquia.
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